750-Texto Do Artigo-1838-2087-10-20111116
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instituições e as forças políticas não podem ser apreendidas somente a partir da discussão do
território. A dimensão econômica não se limita somente à questão da região.
Enfim, para se compreender as diferentes dimensões analíticas da geografia é
fundamental que se aborde as categorias de forma articulada, avaliando e utilizando aquelas que
mais se adéquam para a compreensão de cada realidade de pesquisa. Aliás, as dimensões de análise
se referem a fenômenos e processos que se articulam entre si.
Neste contexto, salientamos a importância do espaço para a Geografia. Compreende-se
que, no contexto da articulação das escalas geográficas, a relação entre sociedade e natureza acaba
abarcando, direta ou indiretamente, explícita ou implicitamente, as dimensões econômicas,
culturais, políticas, naturais e sociais. Dessa forma, o espaço constitui-se em categoria analítica
fundamental, principalmente considerando a perspectiva já apontada por Santos (2006), como um
conjunto indissociável de objetos e ações, como um acúmulo desigual de tempos.
Referências:
CARLOS, A. F. A. O espaço urbano: novos escritos sobre a cidade. São Paulo: Contexto, 2004.
CASTRO, I. E. de C.; GOMES, P. C. da C.; CORRÊA, R. L. (org.) Geografia: conceitos e temas.
Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1995.
CORRÊA, R. L. Espaço: um conceito-chave da Geografia. In: CASTRO, I. E. de C.; GOMES, P. C.
da C.; CORRÊA, R. L. (org.) Geografia: conceitos e temas. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1995.
DAMIANI, A. O lugar e a produção do cotidiano. In: CARLOS, A. F. A. (org.) Novos caminhos
da geografia. São Paulo: Contexto, 2002.
HAESBAERT, R. O mito da desterritorialização. Do “fim dos territórios” à multiterritorialidade.
Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2004.
LENCIONI, S. Região e geografia. São Paulo: Edusp, 1999.
MORAES, A. C. R. Geografia, pequena história crítica. São Paulo: Hucitec, 1981.
MOREIRA, R. Geografia: teoria e crítica – o saber posto em questão. Petrópolis: Vozes, 1982.
SANTOS, M. A natureza do espaço. Técnica e Tempo. Razão e Emoção. 4ª ed. São Paulo: Edusp,
2006.
SANTOS, M. Metamorfoses do espaço habitado. São Paulo: Hucitec, 1993.
SAQUET, M. Abordagens e concepções de território. São Paulo: Expressão Popular, 2007.
SPOSITO, E. S. Geografia e filosofia: contribuições para o ensino do pensamento geográfico. São
Paulo: Ed.Unesp, 2004.
Revista Formação, n.15 volume 1 – p. 193-196
O processo de urbanização nos dias atuais vem apresentando dimensões cada vez
maiores em todo o mundo. Informações da Organização das Nações Unidas – ONU apontam que
aproximadamente 50% da população mundial vivem em áreas urbanas.
Além disso, cabe ressaltar que diante das transformações recentes, principalmente no
contexto da globalização e do aumento das possibilidades de circulação, a dinâmica urbana torna-se
cada vez mais complexa. Verifica-se atualmente a configuração de formas urbanas cada vez mais
dispersas, apresentando, contraditoriamente, tendências à concentração e à dispersão que se
manifestam concomitantemente.
Milton Santos (1980 e 1982) destacou que os países do terceiro mundo, passaram por
uma urbanização acelerada e caótica. Nestes países, a urbanização se intensificou em tempos
recentes, ocorrendo de forma acelerada, gerando sérios problemas sociais e ambientais.
Porém, tais problemas não são exclusivos dos países em questão, uma vez que países
industriais centrais também apresentam sérios problemas em seus espaços urbanos.
As desigualdades decorrentes do modo capitalista de produção estão explícitas em
várias cidades de diferentes países.
É neste contexto dos problemas existentes nas cidades que são realizadas várias
discussões e estudos sobre exclusão, segregação, fragmentação e outros processos que expressam as
desigualdades presentes em nossas cidades. A disparidade na distribuição da renda, o acesso à
moradia e aos serviços públicos de saúde, transportes, educação etc. são fundamentais para a
compreensão dessas desigualdades.
Neste contexto, várias pesquisas são realizadas no âmbito da geografia urbana. Muitas
pessoas encontram-se excluídas do acesso a serviços públicos básicos. Muitas pesquisas (como as
realizadas no contexto do Centro de Estudos e Mapeamento da Exclusão Social para Políticas
Públicas - CEMESPP, por exemplo) buscam abordar a temática, na perspectiva da exclusão social,
levando em consideração as diferentes dimensões e variáveis como renda, educação, saúde,
saneamento básico, entre outros.
E neste ponto é importante lembrar que as áreas periféricas não são necessariamente
as mais excluídas. A periferia, na atualidade, ganha novos conteúdos diante das novas formas de
moradia de alto padrão, por exemplo.
Sobre este tema, vale ressaltar o caso da segregação socioespacial. Vários estudos
(como aqueles realizados por Sobarzo (1999), Sposito (2006) e Caldeira (2000)) chamam atenção
para estas novas formas de moradia, como é o caso dos loteamentos e condomínios fechados de alto
padrão. Aqueles indivíduos com maior poder aquisitivo passam a viver “dentro dos muros” que
cercam estas áreas residenciais.
Essa busca pela segurança e status, presente não só nas grandes metrópoles, mas
também em cidades de menor porte, passam a acarretar também novas práticas socioespaciais.
Para além da segregação, alguns indivíduos passam a se apropriar do espaço urbano de
forma cada vez mais fragmentada. O uso de espaços de forma seletiva e fragmentada acaba negando
e escondendo as desigualdades, as diferenças, as relações sociais e espaciais.
É neste contexto que as cidades passam a apresentar características específicas. De
acordo com cada grupo social, o espaço urbano passa a ser apropriado de formas diferenciadas,
evidenciando assim processos como a segregação e a fragmentação.
Revista Formação, n.15 volume 1 – p. 193-196
Referências: