2018 - Espaços Geográficos, Interdisciplinaridade e Uso Da Análise Multicritério
2018 - Espaços Geográficos, Interdisciplinaridade e Uso Da Análise Multicritério
2018 - Espaços Geográficos, Interdisciplinaridade e Uso Da Análise Multicritério
RESUMO
Em vários olhares da geografia identificamos a facilidade que esta ciência tem em atuar
no campo interdisciplinar. A compreensão integral do espaço possibilita a priorização e
realização de ações interdisciplinares voltadas ao desenvolvimento social. Como
necessitamos de ferramentas de análise e uma delas é a análise multicritério, o estudo
foca no espaço geográfico e no desenvolvimento social sob a perspectiva da
sustentabilidade. O objetivo do texto é discutir de forma interdisciplinar a metodologia
multicritério na análise de espaços geográficos. O trabalho buscou descrever
características de uma avaliação integrada e destacar algumas ferramentas possíveis
com a aplicação multicritério na análise de espaços geográficos. Para isso partimos de
textos e conceitos do que é um espaço geográfico e sua relação com o desenvolvimento
sustentável. Ferramentas foram buscadas para seleção daquelas que levassem em conta
as características do espaço e da sustentabilidade. O texto vislumbra assim uma
idealização da análise multicritério utilizada na análise de espaços geográficos.
Palavras-chave: Análise multicritério, desenvolvimento social, geografia,
interdisciplinaridade.
ABSTRACT
In several views of the geography we have identified the facility that this science has in
acting in the interdisciplinary field. Comprehensive understanding of space enables the
prioritization and implementation of interdisciplinary actions aimed at social
development. As we need tools and one of them is the multicriteria analysis, the study
focuses on geographic space and social development from the perspective of
sustainability. The objective is to discuss in an interdisciplinary way the multicriteria
methodology in the analysis of geographical spaces. The work sought to describe the
characteristics of an integrated evaluation and highlight some possible tools with the
multicriteria application in the analysis of geographic spaces. For this we start with texts
and concepts of what is a geographic space and its relationship with sustainable
development. Tools were searched in the field of study, to select those that took into
account the characteristics of space and sustainability. The text envisions an idealization
of how a multicriteria evaluation would be adapted to the analysis of geographical
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spaces.
Keywords: Multicriteria analysis, social development, geography, interdisciplinarity.
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INTRODUÇÃO
(LEIS, 2005, p. 3)
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aparecem novas alternativas a avaliar) , a ordem e mérito das alternativas que já foram
avaliadas não fica alterado. Para desenvolvimento deste tipo de estudos é necessária a
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definição de como será avaliado cada critério e conhecimento das características das
alternativas.
Já a teoria modelagem de preferências, possibilita a ordenação das alternativas,
mas sem a indicação de um mérito, o que não pressupõe transitividade. Isto conduz a
duas questões: caso, na avaliação apareçam outras alternativas, o ordenamento das
anteriores pode ficar alterado. Uma das vantagens desta metodologia é que não precisa a
criação de funções utilidade para cada critério avaliado. Isto é, não é preciso definição
de forma estrita da forma como serão avaliados cada um dos critérios estudados.
A metodologia de utilidade multiatributo desenvolve-se de acordo com Franco e
Pandolfo (2010) em fases, conforme elencadas a seguir: 1) Determinação da perspectiva
de análise - a perspectiva desta análise é avaliar de forma integrada a qualidade de vida;
2) Identificação das possíveis alternativas/grupos; 3) Identificação dos atributos ou
critérios; 4) Identificação dos fatores que serão avaliados para cada atributo; 5 )
Estabelecimento de uma escala de utilidade para pontuação cada indicador e avaliação
deles; 6) Determinação da importância de cada atributo e de cada indicador; 7) Cálculo
do valor de utilidade total para cada alternativa; 8) Determinação a alternativa que
obteve o maior valor de utilidade; e 9) Realização da análise de sensibilidade.
A árvore de tomada de decisão é a estruturação em forma ramificada de todos os
aspectos que são considerados na avaliação. Estes se englobam em uma primeira
ramificação (considerando os aspectos mais gerais que são denominados requerimentos,
uma segunda ramificação que considera aspectos mais específicos, os critérios).
Finalmente, os critérios se subdividem nos aspectos mais específicos e quantificáveis do
estudo, denominados indicadores.
Para a seleção final dos indicadores são escolhidos aqueles que cumprem as
seguintes características:
I - Relevância: consideram-se os indicadores que fornecem uma maior
quantidade de informações referente ao estudo. Isto é, que informe de forma objetiva as
condições em termos de saúde, ambiente e aspectos sociais, como exemplos.
II - Mensuráveis: os indicadores têm que ser quantificáveis. Como exemplo, no
caso da avaliação do grau de escolaridade. A escolha do indicador de porcentagem de
alfabetização possibilita a quantificação.
III - Diferenciáveis: os indicadores devem fornecer informação que quando
avaliado em diferentes locais possam apontar as diferenças existentes.
IV - Referência técnica: os indicadores selecionados têm que apresentar uma
justificativa objetiva de sua importância.
Posteriormente, uma vez selecionados os indicadores, são definidos os pesos
(grau de importância relativa destes). Essa definição de pesos pode ser realizada
mediante a metodologia Processo Hierárquico de Análise (SAATY, 1980), baseado em
uma comparação por pares de todos os indicadores entre eles, mediante uma escala de
comparação proposta pelo mesmo autor (SAATY, 1977). Esta metodologia vem sendo
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espaços. Esta avaliação pode servir, por exemplo, para comparação de diferentes
cidades, zonas rurais ou outros tipos de espaços. Também pode ser avaliado um mesmo
Indicador 1.1...1
Critério 1.1
Indicador 1.1....p
Requerimento 1
Critério 1.mi
Critério n.1
Requerimento n
Indicador n.mk…1
Critério n.mk
Indicador n.mk…q
dados que são realmente importantes podem ficar diluídos com indicadores de menor
importância (ALARCÓN, 2005).
Caso o estudo esteja focado numa avaliação da sustentabilidade, os
requerimentos selecionados na árvore de decisão podem ser o requerimento ambiental,
social e econômico, pois estes são os três pilares da sustentabilidade, se levarmos em
conta o Relatório Bruntland (ONU, 1987). Avaliando um espaço geográfico, os aspectos
considerados podem se agrupar nos requerimentos social, ambiental e saúde, como
realizado na avaliação de algumas comunidades quilombolas na Serra do Espinhaço
Meridional (LAUGHTON et al., 2017). Uma vez realizada a primeira ramificação
(requerimentos) são selecionados aspectos mais específicos da avaliação, até chegarmos
aos indicadores (última ramificação).
Como nesta fase são definidos os aspectos que serão avaliados, uma escolha
incorreta destes pode nos levar a uma avaliação que não evidencie as prioridades das
pessoas ou grupos de pessoas envolvidas na decisão. Por isso, esta fase é determinante
para o que foi analisado nas fases 1 e 2.
4) Identificação dos fatores que serão avaliados para cada atributo e 5)
Estabelecimento de uma escala de utilidade para pontuação de cada indicador e
avaliação deles.
Uma vez selecionados os aspectos que serão avaliados, é preciso comparar estes
tipos de avaliações. Quando se trata de avaliação de conceitos interdisciplinares, como é
o caso de um espaço geográfico, existem aspectos avaliados muito diversos. Por isso, se
deve encontrar uma forma de comparar de forma quantitativa avaliações do tipo
ambiental (qualidade e quantidade da água das nascentes, riscos de queimadas,
biodiversidade, etc.) com avaliações sociais (níveis de escolaridade, acesso à educação,
etc.) com aspectos de saúde, por exemplo.
Uma estratégia para atingir este objetivo é quantificar os diferentes indicadores
mediante algum fator e posteriormente converter esta quantificação numa avaliação
compreendida de 0 a 1. Onde 0 significa satisfação mínima desse fator e 1 satisfação
máxima. Imaginemos o aspecto nível de escolaridade. Para este indicador, devemos
selecionar um fator que possa conferir certa quantificação. Por exemplo, porcentagem
de pessoas maiores de 18 anos com nível de escolaridade médio. Posteriormente
podemos converter, mediante uma função matemática, esta porcentagem numa
avaliação de 0 a 1. 0% de pessoas representaria uma avaliação de 0 (satisfação mínima)
e 100% avaliação de 1 (satisfação máxima). Realizando esta conversão podemos
comparar posteriormente todos os aspectos selecionados na fase 3.
6) Determinação da importância de cada atributo e de cada indicador. Na análise
multicritério é comum que alguns aspectos tenham mais importância que outros. Como
explicado na fase 1 e 2, dependendo do espaço geográfico avaliado, do momento
temporal e das pessoas que habitam este espaço, teremos alguns itens que devem ser
tidos mais em conta na avaliação. Como exemplo, caso se pretenda avaliar as
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de peso. Existe em algumas ferramentas formas de assinar estes pesos: de forma direta,
CONSIDERAÇÕES FINAIS
AGRADECIMENTOS
Ao Programa de Pós-Graduação, Mestrado Profissional Interdisciplinar em Saúde,
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REFERÊNCIAS
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Página