Apostila de Sociologia para o 1 Ano Ensino Medio
Apostila de Sociologia para o 1 Ano Ensino Medio
Apostila de Sociologia para o 1 Ano Ensino Medio
1° BIMESTRE
A palavra sociologia foi criada pelo pensador francês Augusto Comte em 1839 em seu curso de filosofia positiva. A
palavra sociologia é híbrida, isto é, ela é formada por duas línguas diferentes: Sócio do latim significa social ou sociedade,
logia do grego significa estudo, formando assim, o “estudo do social” ou “estudo da sociedade”.
CONCEITOS DE SOCIOLOGIA
A sociologia possui uma infinidade de conceitos para identificá-la e explicá-la, diferenciando-a de outras ciências ou tipos
de conhecimentos. Vejamos alguns conceitos segundo alguns sociólogos: para Durkheim “a sociologia é a ciência das
instituições”; para L. Ward e W. G. Summer “a sociologia é a ciência da sociedade”; para F. H. Gilddings “a sociologia é a
ciência dos fenômenos sociais”. Ela também já foi definida por Robert Park como “ciência do comportamento coletivo”,
por Small de “ciência das relações humanas”. Para Weber a “sociologia é a ciência que procura uma compreensão
interpretativa da ação social para a partir daí chegar à explicação causal do seu sentido e dos seus efeitos”.
Para alguns sociólogos brasileiros como Carlos Benedito Martins a “sociologia é o resultado de uma tentativa de
compreensão de situações sociais radicalmente novas criada pela então sociedade capitalista”; para Costa Pinto a
“sociologia é o estudo científico da formação, organização e transformação da sociedade humana”.
Com a complexidade do mundo social e o avanço do conhecimento, tornou-se necessária uma divisão das ciências sociais
em diversas disciplinas, com a finalidade de produzir um conhecimento mais rigoroso e criterioso, facilitando a
sistematização do estudo e das pesquisas. Assim podemos destacar algumas ciências sociais que contribuem para os
estudos sociológicos e o entendimento do mundo social:
Economia – estuda as atividades ligadas à produção, distribuição, circulação de bens e serviços;
Ciência política – estuda a distribuição de poder nas sociedades, bem como a formação e o desenvolvimento das
diversas formas de governos;
Antropologia – estuda e pesquisa as semelhanças e diferenças culturais entre os vários agrupamentos humanos,
assim como a origem e a evolução das culturas.
O CONHECIMENTO SOCIOLÓGICO
A sociologia se baseia no conhecimento científico, por isso, utiliza-se das regras metodológicas da ciência social como a
pesquisa, a objetividade, a observação, as entrevistas e questionários.
Observando a sociedade, percebemos que as pessoas caminham, correm, dormem, respiram – isso é biológico (orgânico).
Mas as pessoas também cooperam umas com as outras no trabalho, recebem salários, descontam cheques, entram em
greve, estudam, namoram, casam e etc – isso é sociológico (superorgânico); são essas atividades que fazem do homem um
ser sociológico e, que merecem toda a atenção da sociologia enquanto ciência que busca a compreensão e explicação dos
diversos tipos de relações sociais.
Como a sociedade é formada pelos diversos tipos de relações sociais, a sociologia se interessa por essas relações que
dinamizam a sociedade, por isso, seus principais temas se envolvem e se confundem dentro da complexidade das relações
sociais - dentro dos grupos sociais: da família, de amigos, do trabalho, da cultura, da ideologia, da cidadania, da política, da
economia, isto é, em todos os níveis de relações sociais.
A sociologia convive constantemente em nosso dia-a-dia. Vivemos em sociedade, estamos sempre nos relacionando
com outras pessoas através dos grupos sociais, quando não estamos em casa com o nosso grupo familiar, estamos na rua
com o grupo de amigos ou na escola nos relacionando com os colegas, enfim estamos sempre nos relacionando
socialmente. Fazemos parte de um sistema estrutural e conjuntural no qual precisamos compreender e descobrir que
muitos fatos (“problemas”) que ocorrem em nossa vida diária esta ligada às condições sociais. É neste conjunto de ralações
sociais que a sociologia busca compreender e explicar a sociedade, nossa complexidade, antagonismo, harmonia, crises, etc.
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A palavra cultura vem do latim, significa colere, que definia inicialmente o cultivo das plantas, cuidado com os
animais e a terra (por isso, agricultura). Define ainda o cuidado com as crianças e sua educação, cuidado com os deuses
(por isso, culto). Neste sentido o termo cultura seria colere = cultivar ou instruir.
Com a antropologia, o termo cultura passou a ter outro sentido, definido pelo pesquisador inglês Edward Taylor
que diz: “a cultura é todo complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou qualquer outra
capacidade o hábito adquirido pelo homem como membro de uma sociedade”.
Tudo começa com a natureza (tudo aquilo não criado pelo homem como água, vento, terra, etc) e, depois o ser
humano, agindo sobre ela com seu trabalho (toda atividade física e mental que o homem realiza criando ou inventando
bens e serviços) passa criar instrumentos e relações sociais com os outros. Desde os primórdios sempre procuramos viver
melhor, facilitar nosso modo de vida, isso faz parte da nossa natureza humana – isso acontece graças a tudo aquilo que nos
diferencia dos outros animais como: a linguagem comunicativa simbólica, capacidade de invenção e criação intencional e
planejada; tudo isso favorecida pelas nossas vantagens fisiológicas: como um cérebro desenvolvido, posição ereta e
liberação das mãos. Assim, o homem primitivo criou o arco, a flecha, para facilitar a caça, criou a agricultura para sempre
ter alimentos, criou roupas, para se proteger do frio, casas para se abrigar das tempestades (foi se criando a cultura material
que são objetos e utensílios que facilitam a vida das pessoas) etc.
O homem primitivo percebeu que junto com outros seres humanos podia organizar uma vida social (sociedade)
onde se protegeria dos grandes animais ferozes e de seus inimigos rivais, bem como conseguir mais alimentos, percebeu
também que para perpetuar-se em grupos precisava de regras sociais que conduzisse as novas gerações (surgiu a cultura
imaterial que são os costumes, as regras, os valores).
O mundo que resulta do pensar e do agir humano não pode ser chamado de natural, pois se encontra
transformado e ampliado por nós. Portanto, as diferenças entre pessoa e animal não são apenas de grau, porque enquanto
o animal permanece adaptado a natureza, nós somos capazes de transforma-la através do trabalho, tornando possível a
cultura.
Ao mesmo tempo em que transforma a natureza, adaptando-a às necessidades humanas, o trabalho altera o
próprio individuo, desenvolvendo suas faculdades. O trabalho é, portanto, condição de transcendência e, como tal,
expressão da liberdade.
3- ATIVIDADE – Responda em seu caderno:
a) – O que significa a palavra cultura?
b) – O que é cultura para a antropologia?
c) – Conceitue natureza e trabalho.
d) – O que é cultural material e cultura imaterial.
e) – Explique o que diferencia o homem de outros animais?
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MULTICULTURALISMO
O Multiculturalismo (ou pluralismo cultural) é um termo que descreve a existência de muitas culturas numa
localidade, cidade ou país, sem que uma delas predomine, porém separadas geograficamente e até convivialmente no que
se convencionou chamar de “mosaico cultural”.
O multiculturalismo implica reivindicações e conquistas das chamadas minorias (negros, índios, mulheres,
homossexuais, entre outras).
A doutrina multiculturalista dá ênfase à idéia de que as culturas minoritárias são discriminadas, sendo vistas como
movimentos particulares, mas elas devem merecer reconhecimento público. Para se consolidarem, essas culturas singulares
devem ser amparadas e protegidas pela lei. O multiculturalismo opõe-se ao que ele julga ser uma forma de etnocentrismo
(visão de mundo da sociedade branca dominante que se toma por mais importante que as demais).
O relativismo cultural é um movimento que considera as culturas de modo geral, diferente uma das outras em
relação aos postulados básicos, embora tenham características comuns.
Todos os povos formulam juízos em relação aos modos de vida diferentes dos seus. Por isso, o relativismo
cultural não concorda com a idéia de normas e valores absolutos e defende o pressuposto de que as avaliações devem ser
sempre relativas à própria cultura onde surgem.
Os padrões ou valores de certo ou errado, dos usos e costumes das sociedades em geral, estão relacionados com a
cultura da qual fazem parte. Dessa maneira, um costume pode ser válido em relação a um ambiente cultural e não a
outro.
O fato de que o homem vê o mundo através de sua cultura tem como consequência a propensão em considerar o
seu modo de vida como o mais correto e natural. Tal tendência, denominada etnocentrismo, é responsável em seus casos
extremos pela ocorrência de numerosos conflitos sociais. Estas tendências contem o germe do racismo, da intolerância, e
frequentemente, são utilizados para justificar a violência contra outros. Entretanto o etnocentrismo apresenta um aspecto
positivo, ao ser agente de valorização do próprio grupo.
Cada povo tem uma cultura própria, cada sociedade elabora sua própria cultura e recebe influência de outras
culturas; dessa forma, todas as sociedades, desde as simples até as mais complexas, possuem cultura. Não há sociedade sem
cultura, assim como não existe ser humano destituído de cultura.
Cultura, portanto, é um conjunto de elementos ligados estreitamente uns aos outro, decompostos em parte. As
mais simples são os traços culturais, as unidades de uma cultura: uma idéia, uma crença, um lápis, uma pulseira e etc.;
representam traços culturais. Claro que, os traços culturais, só têm significados quando considerado dentro de uma cultura
especifica, por exemplo: um colar pode ser um simples adorno para determinado grupo é para outro ter um significado
mágico ou religioso.
A combinação dos traços culturais forma um complexo cultural, como exemplo tem o carnaval no Brasil onde
se encontra um grupo de traços culturais – relacionados uns com os outros: carro alegórico, música, dança, instrumentos
musicais, fantasias e etc. o futebol também é um complexo cultural que está decomposto em vários traços culturais: o
campo, a bola, o juiz, os jogadores, a torcida, as regras do jogo e etc.
Dentro de todas as sociedades existe um padrão cultural, que é uma norma estabelecida pela sociedade, os
indivíduos normalmente agem de acordo com os padrões estabelecidos pela sociedade em que vivem. No Brasil, por
exemplo, o casamento monogâmico é um padrão de nossa cultura. Se existem sociedades diferentes, é porque existem
culturas diferentes, e na maioria das vezes contatos entre essas culturas. Exemplo disso é a formação sócio-cultural
brasileira.
Durante a colonização no Brasil, ocorreram intensos contatos entre cultura do colonizador português e as culturas
dos povos indígenas e dos africanos trazidos como escravos. Como consequências desse contato ocorreram modificações
que deram origem a cultura brasileira; esse contato e mudanças culturais são conhecidos como aculturação.
CONTRA CULTURA e MARGINALIDADE CULTURAL
Nas sociedades contemporâneas encontramos pessoas que contestam certos valores vigentes, opondo-se
radicalmente a eles. Como exemplos têm o trabalho, o patriotismo, a acumulação de riqueza e a ascensão social; são
valores culturais importantes na nossa sociedade, infligir esses valores culturais significa o processo de contracultura.
Exemplo: o movimento hiper da década de 60, ele se pôs radicalmente a esses valores.
O contato entre cultura pode provocar além da aculturação, uma série de conflitos mentais entre os indivíduos
pertencentes a essas culturas. Esses conflitos têm origem na insegurança que as pessoas sentem diante de uma cultura
diferente da sua: aqueles que não conseguem se integrar completamente em nenhuma das culturas que os rodeiam ficam a
margem da sociedade. A esse fenômeno dar-se o nome de marginalidade cultural. Como exemplo temos, no interior de
São Paulo caingangue descaracterizados culturalmente, eles não conhecem mais nada do seu passado, não se lembram de
sua língua, de seus cantos, de sua dança e de suas antigas praticas de trabalho. Também não estão incorporados à cultura
que os cerca. Eles são “mansos” e tristes.
A cultura material e imaterial dos seres humanos se inova ou evolui ao longo dos tempos, isso acontece devido
acumulação e a transmissão de conhecimentos, é o que denominamos genericamente de educação. A educação é feita no
interior da família, no convívio social. Nós dependemos dos outros para que eles nos ensinem coisas que ajudem a viver
melhor. Assim, dependemos da cultura acumulada pelas gerações passadas para viver no presente e ter esperança de viver
melhor ainda no futuro.
O processo de aquisição cultural é acumulativo e seletivo e ocorre através da comunicação. Mais explicitamente, a
linguagem humana é um produto da cultura, graças à linguagem e à comunicação ora que o homem preserva e
desenvolver sua cultura.
A cultura não é estática, ela é dinâmica e, esta sujeita a transformações; as culturas mudam continuamente,
assimilam novos traços ou abandonam os antigos, através de diferentes formas: crescimento, transmissão, difusão,
estagnação, declínio, fusão; são aspectos aos quais as culturas estão sujeitas.
A mudança cultural, enquanto processo consciente ou inconsciente, pelas quais as coisas se realizam se
comporta ou se organizam. Pode ocorrer com maior ou menor facilidade, dependendo do grau de resistência ou aceitação.
O aumento ou diminuição das populações, as migrações os contatos com povos de culturas diferentes, as inovações
científicas e tecnológicas, as catástrofes (perdas de safras, epidemias, guerras), as depressões econômicas, as descobertas
(aquisição de um elemento novo, coisa já existente: lâmpada, máquinas, etc.), a mudança de governo. As mudanças
também ocorrem de forma imaterial, como um novo costume, uma nova organização.
As alterações podem surgir em consequências de fatores internos (endógenos) ou externos (exógenos): novos
elementos são agregados ou os velhos aperfeiçoados por meio de invenções; novos elementos são tomados de
empréstimos de outras sociedades; elementos culturais, inadequados ao meio ambiente, são abandonados ou substituídos;
alguns elementos, por falta de transmissão de geração, se perdem.
Tanto o conceito de cultura como o de ideologia tem como questão explicita ou implícita pensar a relação “idéias
versus contexto”, isto é, como se relaciona o campo das idéias e das representações que os homens constroem sobre a
sociedade (o chamado universo simbólico) e o campo da produção e reprodução material dessa sociedade.
Existe uma distinção e complexa relação entre a cultura e ideologia. De maneira geral, a critica que se faz ao
conceito de cultura é a de que ele não trabalha satisfatoriamente com a questão da política, do poder. Com a relação ao
conceito de ideologia, o que se contesta nele é a submissão que estabelece do simbólico ao econômico, como se o
simbólico fosse uma mera reprodução jurídica, moral, ética, estética, dos preceitos econômicos de uma dada sociedade.
A cultura e a ideologia são dois elementos essenciais que estão relacionados à aspectos políticos e econômicos.
Podemos encontrar em nossa sociedade modos de agir, pensar e sentir influenciados por determinações ideológicas, bem
como, alterações ideológicas por influencias culturais.
Segundo o pensador marxista, Antonio Gramsci, em seu conceito de hegemonia, expressa a cultura como um
processo social global, no qual os homens determinam suas vidas (sua forma de pensar, sentir, agir); e pensava na ideologia
como um sistema de valores e significados que expressam ou projetariam os interesses de uma classe em particular.
Os meios de comunicação veiculam uma vida ideal – prazer, dinheiro, saúde, felicidade familiar, aventura, riqueza,
juventude bonita e etc – a um público que, em sua grande maioria, não pode conquista-la. Por outro lado, as mensagens
veiculadas parecem ter efeito de conformar a população a se satisfazer com imagens.
Os m.d.c.m., principalmente a televisão, vendendo imagens, idéias, valores e produtos, inacessíveis a maioria do
povo, atuariam como um instrumento de alienação e conformidade das verdades e mentiras (que ser humano já não sabe
distinguir). Esses instrumentos tentam manipular e controlar a opinião pública, reforçando a ideologia da classe
dominante. Os programas jornalísticos passam informações fragmentadas sem a possibilidade de relaciona-los como se
fossem coisas independentes: notícias de esporte, de política, economia, natureza, etc.
Como o consumo alienado não é um meio, mas um fim em si torna-se um poço sem fundo, desejo nunca
satisfeito, um sempre querer mais. A ânsia do consumo perde toda relação com as necessidades reais do homem, o que faz
com que as pessoas gastem sempre mais do que têm. Os m.d.c.m. contribuem para a estimulação artificial do consumo,
que é a aquisição de objetos sem necessidades úteis: compra-se livro e você não lê, compra-se roupas que nem veste, etc.
O próprio comércio facilita tudo isso com as prestações, cartões de crédito, liquidações e ofertas de ocasião, “dia
das mães”, “dia dos pais”, “dia das crianças”, etc. O mercado usa a obsolescência programada para que o consumidor faça
o rodízio de substituição de seus produtos, isto é, os produtos já tem um durabilidade programada e devem ser
substituídos porque já quebrou ou porque seu design é antiquado.
A existência de grande parcela da população com baixo poder aquisitivo, reduzida apenas ao desejo de consumir, é
conformada por um mecanismo da própria sociedade que impedem a tomada de consciência: as pessoas têm a ilusão de
que vivem numa sociedade de mobilidade social e que, pelo empenho no trabalho, pelo estudo, há possibilidade de
mudança, ou seja, “um dia eu chego lá...”, e se não chegam, “é por que não tiveram sorte ou competência”.
Por outro lado, uma série de escapismos na literatura e nas telenovelas fazem com que as pessoas realizem suas
fantasias de forma imaginária, isto sem falar na esperança semanal da Loto, Sena, jogo do bicho, rifas, bingos e demais
loterias. Além disso, há sempre o recurso ao ersatz, ou seja, a imitação barata da roupa, da jóia, etc.
É através das classes sociais, que se expressam, no sentido mais preciso, a forma como as desigualdades se
estruturam nas sociedades capitalistas.
Karl Marx foi quem procurou colocar no centro de sua análise a questão das classes. Para ele, dependendo de cada
situação histórica, podem-se encontrar muitas classes no interior dessas sociedades. Entretanto, pelo fato de serem
capitalistas, isto é, de serem regidas por relações em que o capital e o trabalho assalariado são dominantes, em que a
propriedade é o fundamento e o bem maior a ser preservado, pode-se afirmar que existem duas classes fundamentais na
sociedade capitalista:
Burguesia – são os donos dos meios de produção de uma sociedade, eles representam o capital;
Proletariado – estes são os donos da força de trabalho que gera lucro à burguesia, estes vendem seu trabalho em troca de
um salário.
Max Weber é outro autor clássico que analisa a questão a partir dos conceitos de classe e situações de classe. Apontando
para o fato de existirem indivíduos com interesses típicos iguais. Por situações de classe entende o conjunto de
possibilidades típicas: a) de provisão de bens; b) de posição externa; e c) de futuro pessoal, todas ela derivadas, dentro de
determinada ordem econômica, das possibilidades de poder dispor de bens e serviços. Para Weber, classe é todo grupo
humano que se encontra em igual “situação de classe”. Significa dizer que os indivíduos participam de uma classe social se
têm as mesmas possibilidades de acesso a bens, a posição social e a um destino comum.
Essa análise de Weber é que possibilitou a estratificação – classe A, B, C, D ou E, por exemplo – a partir do
consumo de bens e do acesso a serviços diferente.
6- ATIVIDADE. Responda em seu caderno:
a) – O que são desigualdades sociais?
b) – Como podemos perceber as desigualdades sociais em nosso cotidiano?
c) – Como as desigualdades se estruturam na sociedade capitalista?
d) – Como Karl Marx explica a sociedade capitalista?
e) – Segundo Marx, quais são as duas classes fundamentais da sociedade capitalista?
f) – Como Max Weber explica as situações de classe?
g) – Para Weber, o que é classe?
Todas as questões políticas se referem à sociedade, Isto é, está relacionado diretamente com os princípios morais e
com o respeito aos interesses e necessidades dos cidadãos (povo), mas atualmente a prática não corresponde à teoria, hoje
o contexto político, no caso brasileiro, se configura em duas características negativas:
1. Os cidadãos têm uma ação limitada na esfera pública, caindo no individualismo e na apatia, levando a perda da
legitimidade do sistema política – a burocracia estatal afastou o cidadão comum da discussão e da participação nas decisões
da vida social – os sucessivos governos não criam vínculos de conexão e sintonia com o povo.
2. Os políticos com raras e honrosas exceções fazem da coisa pública um negócio privado, buscando o
enriquecimento pessoal e trabalhando para favorecer os interesses dos grupos econômicos. Fato que vem generalizando a
descredibilidade nos políticos, no sistema político estatal.
Esses dois fatores vêm gerando uma situação de crise moral no sistema político, cuja solução se apresenta através
da politização, da ética e do exercício da cidadania plena, no qual destacaremos dois pontos principais:
Precisa-se aplicar uma força corretiva que ocorre através dos vários movimentos sociais que
movidos por imperativos éticos, atuam no sentido de criticar, fiscalizar e reverter as prioridades dos governos. Assim a
participação política não deve se resumir apenas em ato de votar, mas também na participação da sociedade civil
organizada.
Mas antes de tudo, precisa-se de uma mudança na mentalidade de cada individuo. A
conscientização da população (politização), de que ela não é só vitima do sistema político, mas também um dos
responsáveis pela falência do sistema. A conscientização permitirá ao povo uma verdadeira mudança na sociedade com um
voto e organização eficaz na melhoria do bem comum.
Já existiram muitos modelos de Estados historicamente definidos bem como muitas políticas de Estados que
caracterizavam esses Estados nos seus respectivos contextos históricos dentre os quais podemos destacar: Estado
Absolutista, Estado Liberal, Estado Liberal-democrático, Estado Totalitário, Estado Social-democrático e o Estado
Neoliberal.
CIDADANIA
Cidadania não é uma definição estanque, mas um conceito histórico-sociológico, o que significa que seu sentido
varia no tempo e no espaço de cada sociedade: a cidadania dos povos greco-romanos antigos é bastante diferente da
cidadania que nós temos hoje, é muito diferente ser cidadão na Alemanha, no Japão, nos E.U.A. ou no Brasil; não apenas
pelas regras que definem quem é ou não titular da cidadania, mas também pelos direitos e deveres distintos que
caracterizam o cidadão em cada um dos Estados-nacionais contemporâneos.
A cidadania é o conjunto de direitos e deveres que nos garante o acesso de maneira igual a todos recursos
materiais e imateriais necessários para viver com dignidade e igualdade de condições junto a todos os membros da
sociedade.
A cidadania é um processo que está relacionado aos direitos e aos movimentos sociais que buscam a
consolidação definitiva de uma sociedade justa e igualitária.
Percebe-se na história da cidadania, que desde a antiguidade as diferenças na organização das sociedades entre
senhores e escravos, nobres e servos, patrão e empregado, ricos e pobres, geram um contexto de antagonismo conflituoso
de classes onde se busca superar as injustiças e as desigualdades sociais. A história demonstra que, é dentro desse contexto
que o processo de cidadania e a conquista de direitos vêm se consolidando ao longo dos tempos através dos diversos
movimentos sociais, seja de escravos, plebeus, servos, camponeses medievais, liga de trabalhadores, etc. Os direitos de
cidadania foram conquistados através da luta dos movimentos sociais ao longo da história.
TIPOS DE DIREITOS
Os direitos políticos correspondem ao direito do individuo de decidir sobre sua vida política: eleger seus
representantes políticos, ser eleitos para cargos políticos, ter os direitos de participar de associações diversas (partidos,
sindicados, conselhos, etc.), de protestar através de greves, pressões, movimentos diversos, enfim, o direito de participar de
alguma forma, direta ou indiretamente, da tomada de decisões no processo político.
Depois dos direitos civis e os direitos políticos temos a promoção dos direitos sociais: direito a moradia, educação
básica, saúde publica, transporte coletivo, lazer, trabalho e salário, seguro-desemprego, enfim, um mínimo de bem-estar
econômico e social. E isso se fez como investimentos maciços por parte do Estado, redimensionado as suas prioridades,
para atender à maior parte da população, a fim de que ela pudesse ter trabalho e algum rendimento, tornando-se
consumidora e, assim, mantendo a produção sempre elevada. É o que alguns chamam de “cidadania do consumidor”, ou
seja, a cidadania entendia de mercado.
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8- ATIVIDADE. Responda em seu caderno:
a) – Por que cidadania é conceito histórico-sociológico?
b) – O que é cidadania?
c) – Como a cidadania vem se consolidando ao longo da história?
d) – Cite os três principais tipos de direitos existentes na sociedade.
e) – Explique os diferentes tipos de direitos: civil, político e social.
MOVIMENTOS SOCIAIS
Qualquer que seja a forma de opressão, explicitada em qualquer dimensão da vida social, política, religiosa,
cultural, etc., ou qualquer que seja sua natureza se estrutural – decorrente da maneira como a sociedade é estruturada para
se reproduzir – ou conjuntural – decorrente de fatores momentâneos ou circunstanciais -, o fato é que para superar as
condições desiguais e opressoras da sociedade, é necessária a ação conjunta de homens e mulheres de forma a potencializar
sua força – através de um movimento – em direção à mudança social ou a conservação das relações de opressão.
O movimento social é o conjunto organizado e unificado de grupo de pessoas que se mobilizam em pró de ideais
que são consideradas justas para todos, por isso, todo movimento social é composto de três elementos essenciais:
* Projeto – é a proposta do movimento que pode ser de mudança ou de conservação das relações sociais, está
relacionado com os objetivos, metas, enfim, no que o movimento pretende;
* Ideologia – é o conjunto de idéias que fundamenta os projetos e as práticas dos movimentos, revelando sua
“visão de mundo” e definindo o sentido de suas lutas. A própria forma de organização e direção de um movimento revela
seu caráter ideológico;
* Organização – é a forma ou a estrutura como está organizado o movimento, isto é, sua hierarquia
administrativa e condições materiais.
Movimento operário – é o mais antigo de todos no interior do capitalismo e nasceu e se desenvolveu com o
capitalismo industrial. O movimento operário desenvolveu-se imensamente, organizando-se por categoria em todos os
níveis, desde a unidade empresarial, local, regional, nacional e internacionalmente. Este é um movimento que se manifesta
através de sindicatos fortes e organizados, bem como através de suas centrais sindicais, que os trabalhadores conseguiram
muitos dos direitos que existem nesta esfera da vida hoje em dia.
Movimento ambientalista – é um movimento social mundial, também chamado de movimento ecológico ou
movimento verde consiste em diferentes correntes de pensamento de um movimento social, que tem na defesa do meio
ambiente sua principal preocupação, demandando medidas de proteção ambiental, tais como medidas de anti-poluição.
O ambientalismo não visa somente os problemas ligados ao meio ambiente, mas também as atitudes a serem
tomadas para uma possível diminuição ou até mesmo solução desses problemas.
Movimento feminista – é um movimento mundial de caráter social e político de defesa de direitos iguais para
mulheres e homens, tanto no âmbito da legislação (plano normativo e jurídico) quanto no plano da formulação de políticas
públicas que ofereçam serviços e programas sociais de apoio a mulheres.
Movimento social urbano – são movimentos mais específicos e localizados, contra situações que envolvem o
Estado. O Estado, antes eficiente no atendimento das necessidades básicas da população, mostra-se incapaz de fazer face
às crescentes demandas dos diversos grupos sociais. Os problemas urbanos se avolumam, também, nos diversos países do
mundo desenvolvidos, revelando um decréscimo gradativo da qualidade de vida. Surgem os movimentos sociais urbanos,
reivindicando melhorias nos setores de transporte, de saúde, de habitação, de segurança, etc., que demandam não apenas a
manutenção e a ampliação dos serviços sociais, mas a própria mudança da gestão pública.
A ideologia dominante vem cumprindo seu papel na sociedade capitalista, fazendo com que o povo não se rebele
contra o sistema de exploração e desigualdade social.
A célebre frase publicada em 1888, na revista The Nation, exemplifica bem esse pensamento: “Os capitalistas de
hoje foram os trabalhadores de ontem e os trabalhadores de hoje serão os trabalhadores de amanhã”. Isto é uma
frase ideológica onde expressa que todos podem ser bem sucedidos, mostrando que a sociedade não é desigual, mas que
existem oportunidades para todos aqueles que trabalham com sabedoria, podendo prosperar e enriquecer.
Na sociedade capitalista, a desigualdade existe desde o nascimento, quando poucas muitas crianças não recebem o
mesmo atendimento de qualidade que existem em hospitais particulares.
Há um discurso ideológico que afirma: “todos são iguais perante a lei”. Mas, lamentavelmente sabemos que, a
lei não é igual perante todos.
As desigualdades não existem só no nascimento, mas é reproduzida incessantemente, todos os dias,
principalmente nas relações de trabalho, expressando-se, inclusive, na morte, particularmente em como se morre – as
pessoas morrem de pobreza – quando morrem na porta de hospitais esperando um leito, ou de doenças provocadas pela
falta de saneamento público e falta de alimento com qualidades nutritivas.
Em nome da igualdade formal (perante a lei) entre os indivíduos, esconde-se a desigualdade real – social,
econômica e política – que existe e se reproduz na sociedade capitalista. E isso é uma realidade insofismável, porque é o
que vemos todos os dias na rua ou através dos meios de comunicação.
A existência de grande parcela da população com baixo poder aquisitivo, reduzida apenas ao desejo de consumir, é
conformada por um mecanismo da própria sociedade que impedem a tomada de consciência: as pessoas têm a ilusão de
que vivem numa sociedade de mobilidade social e que, pelo empenho no trabalho, pelo estudo, há possibilidade de
mudança, ou seja, “um dia eu chego lá...”, e se não chegam, “é por que não tiveram sorte ou competência”.
Por outro lado, uma série de escapismos na literatura e nas telenovelas fazem com que as pessoas realizem suas
fantasias de forma imaginária, isto sem falar na esperança semanal da Loto, Sena, jogo do bicho, rifas, bingos e demais
loterias. Além disso, há sempre o recurso ao ersatz, ou seja, a imitação barata da roupa, da jóia, etc.
Uma questão final que sempre nos vem à mente: qual o segredo existente no sistema capitalista que pode explicar
o fato de que, quando mais aumenta a produção de mercadorias em geral e de alimentos em particular, mais miseráveis e
famintos temos no mundo? Por que mais miséria no mundo de hoje, mais gente morrendo de fome, mais gente passando
necessidade que há 20,30 ou 50 anos?
Desde a década de 1970, o capitalismo vem passando por nova transformação. O capital, na sua busca incessante
de valorizar-se, procura novas formas de elevar a produtividade do trabalho e a expansão dos lucros. Assim, desenvolveu-
se uma nova fase no processo produtivo, que poderíamos chamar de pós-fordismo ou a da acumulação flexível,
caracterizada por:
Com a automação, assistimos à eliminação do controle manual por parte do trabalhador. Substituído por
tecnologias eletrônicas, o trabalhador só intervém no processo para fazer o controle e a supervisão. As atividades
mecânicas são desenvolvidas por máquinas se automatizada, programadas para agir sem intervenção de um operador.
A máquina se vigia e se regula a si mesma. O número de trabalhadores manuais diminui drasticamente e o
engenheiro que entende de programação eletrônica, de supervisão ou análise de sistemas passa a ter uma importância
estratégica nas novas instalações industriais.
A robótica, é a tecnologia responsável pela automação dos processos produtivos, entra hoje, como um
componente novo nas indústrias de bens de consumo duráveis, e está alterando profundamente as relações de trabalho.
Os robôs não fazem greve, trabalhando incansavelmente, não exigem maiores salários e melhores condições de trabalho e
de vida. Uma empresa de automóveis que empregava na década de 1970 em torno de 400 trabalhadores, no ano de 2000,
está mesma empresa precisaria apenas 50 trabalhadores diretos. Ou seja, a robótica e as novas tecnologias de produção
propiciaram uma diminuição dos postos de trabalho para produzir a mesma coisa e a preços menores.
Também aparecem outras novas formas de produzir: o licenciamento de marcas que articulam várias empresas
pequenas e médias em torno de marketing e do apoio financeiro de um grande grupo. A Benetton é um bom exemplo
disso; ela não produz diretamente quase nada tem uma marca de vestuário que é alugada a empresas menores, em todo o
mundo, adaptando-se aos mais diferentes estilos e padrões culturais. A Nike, a coca-cola e a Mac Donald’s, operam de
modo semelhante, subordinando inúmeras outras empresas às suas estratégias comerciais.
Os produtos e o consumo foram flexibilizados para torna os objetos de uso cada vez mais descartáveis. A vida útil
dos produtos que compramos vai diminuindo e, paralelamente a propaganda nos estimula a trocá-los por outros novos,
fazendo com que os artigos sejam consumidos rapidamente, ou seja, deixados de lado se durarem mais do que o previsto,
trocados por novos na mesma velocidade que a produção. Desenvolveu-se assim, o que se chama a obsolescência
programada.
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10 – ATIVIDADE. Responda em seu caderno:
a) – O que é acumulação flexível?
b) – Cite as características da acumulação flexível.
c) – Explique como ocorre a flexibilização dos processos de trabalho através da automação e da robótica?
d) – Como ocorre a flexibilização e mobilidade dos mercados de trabalho?
e) – Como ocorre a flexibilização dos produtos e também dos padrões de consumo?
GLOBALIZAÇÃO E TRABALHO
As transformações existentes atualmente resultam em uma mudança muito mais geral em toda a sociedade e mais
significativamente no que se refere ao trabalho. Ela resulta de um grande fenômeno que já estava presente desde o
surgimento do capitalismo, mas que nas últimas décadas toma forma de modo significativo é o processo de mundialização
da produção e do consumo também conhecido como globalização.
Decorrente deste momento globalizado temos um mercado de trabalho internacional. Aquilo que era apenas
localizado, isto é, trabalhadores portugueses na França, turcos na Suíça e assim por diante, passou a ser uma constante ao
nível mundial. Qualquer trabalhador, até os menos qualificados, mais principalmente os ultra qualificados participam do
mercado de trabalho mundial, em qualquer lugar do mundo. O exemplo mais típico entre nós é o caso dos dekasséguis.
Isso significa um movimento migratório de trabalhadores no mundo todo. Mesclam-se idade, sexo, religião, língua,
tradições, reivindicações, lutas e ilusões. Nasce assim a forma de um trabalhador mundial.
Por outro lado, e ao mesmo tempo temos também o surgimento de a presença de discriminação e preconceito
muito ativos em muitas pare do mundo. Em muitos países da Europa os trabalhadores africanos são muito discriminados.
TRABALHADORES PÓS-MODERNO
“A uberização refere-se às regulações estatais e ao papel ativo do Estado na eliminação de direitos, de mediações
e controles publicamente constituídos; resulta da flexibilização do trabalho, aqui compreendida como essa
eliminação de freios legais à exploração do trabalho, que envolve a legitimação, legalização e banalização da
transferência de custos e riscos ao trabalhador. (Abílio, 2017, 2020)”
“Você vai até achar estranho de eu falar só Loggi, hoje eles conquistaram o mercado, tanto que você tem que
trabalhar até meia-noite, a carga horária aumentou... antigamente você tinha meta, eu particularmente e vários
amigos meus, tinha meta de R$300 por dia… ‘Eu vou fazer, tipo, até às 6h, no máximo até 7h’… você
conseguia… hoje não. É o que a gente fala, o cara quando não tem família, é solteiro, é diferente, ele trabalha até
a hora que ele quiser, então hoje a Loggi está praticamente obrigando você ficar até meia noite, 11 horas na rua.
Antes tinha muita entrega, não tinha tanto estresse, não era tão nervoso, hoje em dia você cansa mais andando
de moto, gastando, sem ganhar nada do que trabalhando. Por isso que eu falo, nesse último ano agora, pelo
amor de Deus, o stress, nervoso, cansaço, as dores físicas nas costas, mental, piorou, porque você está andando
mais de moto do que fazendo serviço, porque você tem que ficar rodando”. Mauro, 39 anos, motoboy.”
A busca de compreensão e explicação da sociedade já existia desde a Antiguidade, passando pelo Período Medieval e
Idade Moderna, mas este pensamento não tinha uma base sociológica, pois os filósofos dessa época acreditavam que Deus
e a natureza controlavam a sociedade, teorizavam modelos de sociedades ideais requisitando às pessoas que seguissem
esses modelos, por isso, durante todos esses períodos o pensamento sobre o social estava influenciado por um caráter
normativo (estabelecer regras para vida social) e finalista (objetivo de uma organização social ideal), impedindo um
entendimento científico da realidade social. Outro fator que contribuiu para a inexistência da sociologia foi o fato de que
as sociedades pré-capitalistas eram relativamente estáveis, o ritmo e o nível das mudanças eram razoavelmente lentos, não
se percebendo a sociedade enquanto um “problema” merecedor de análises e investigação minuciosa (científica).
Para a sociologia se consolidar como ciência ela teve que abandonar seu caráter normativo e finalista. Por isso, ela
sofreu a influência de teorias e métodos das ciências biológicas e naturais: a teoria evolucionista de Charles Darwin
(1809-1882), onde diz que ao longo de milhões de anos todas as espécies de seres vivos evoluíram; A biologia foi outra
ciência que influenciou na cientificidade sociológica, através de Herbert Spencer (1820-1903), que criou uma sociologia
organicista onde se fazia uma analogia do organismo vivo com a sociedade. Neste contexto foi fundamental aceitar a
idéia de que os fenômenos sociais obedecem a leis naturais, embora produzidas pelos homens, esta foi a importância do
positivismo que deu os primeiros passos para a cientificidade da sociologia. Foi, por isso, também, que logo no seu início,
a sociologia recebeu outros nomes como fisiologia social (por Saint-Simon), ou física social (por Augusto Comte).
Outros teóricos fizeram suas interpretações sociais buscando dar à sociologia um caráter de ciência, buscando a
consolidação definitiva sobre um conhecimento verdadeiro e importante para a sociedade; estes desenvolveram um
conhecimento científico-social onde abrange todos os aspectos da sociedade, utilizando-se de outras ciências sociais como
a economia (produção material), política (relações de poder), antropologia (aspectos culturais) e outras. Neste processo
foram importantes as contribuições de Karl Marx, Emile Durkheim e Max Weber.
FATORES HISTÓRICOS
AS CORRENTES SOCIOLÓGICAS
A existência de interesses opostos na sociedade capitalista penetrou e invadiu a formação da sociologia, impedindo
um entendimento comum por parte dos pensadores, por isso, a sociologia se dividiu ideologicamente entre a conservação
e a transformação do status quo, dando margem ao nascimento de diferentes tradições sociológicas (correntes
sociológicas) que representam as diferentes tendências ideológicas de compreensão e explicação da sociedade capitalista.
Assim, temos as primeiras teorias sobre as transformações provocadas pelo capitalismo:
Profetas do passado – representados pelos pensadores Edmund Burk (1729-1797), Joseph de Maistre (1753-1821)
e Louis de Bonald (1754-1840). Estes eram conservadores e tradicionalistas, tinham um pensamento reacionário:
condenavam o iluminismo e a revolução francesa, culpavam pelo caos social, desorganização da família, da religião, das
corporações. Estes ideólogos eram apaixonados pelo equilíbrio das instituições religiosas, monárquicas e aristocráticas da
época feudal. Por isso, defendiam a ordem e o equilíbrio da sociedade, preocuparam-se com o controle, integração,
posição, hierarquias sociais e também com os rituais da sociedade.
Socialismo utópico (ou romântico) – representados por Saint-Simon (1760-1825), Charles Fourier (1772-1837),
Pierre-Joseph Proudhon (1809-1865), Louis Blanc (1811-1882) e Robert Owen (1771-1858). Estes eram transformadores,
mas românticos, pois acreditavam que os ricos capitalistas voluntariamente abririam mão de suas riquezas partilhando com
os pobres; apelavam para a natureza boa do ser humano que foi pervertida pelo sistema capitalista. Eram utópicos porque
criticavam o capitalismo e anunciavam os princípios de uma sociedade futura ideal, mas sem indicar os meios para torná-la
real.
Positivismo – O positivismo é uma matriz teórico-filosófica que deu origem a uma sociologia conservadora e
afirmadora da sociedade capitalista. Representado por Augusto Comte (1798-1857) e Emile Durkheim (1858-1917). Estes
se dedicaram em buscar a estabilidade social, preocuparam-se com os problemas da manutenção da ordem capitalista,
queriam estabelecer o bom funcionamento desta sociedade, pretendiam solucionar os problemas sociais através da coerção
física e da educação moral, esta seria a função da sociologia enquanto ciência positiva.
Socialismo científico – representado por Karl Marx (1818-1883) e Frederic Engels (1820-1895). As idéias
marxianas eram de base estritamente econômica, assim, todas as questões sociais tinham origem na desigualdade
econômica entre as classes proprietárias e as não proprietárias dos meios de produção. Por isso, pretendiam realizar
mudanças radicais nesta sociedade através de uma revolução socialista do proletariado, introduzindo a sociedade
comunista como uma sociedade justa e igualitária. Essa perspectiva despertou um pensamento sociológico crítico e
negador da sociedade capitalista.
Funcionalismo – representa uma teoria reprodutora e conservadora da sociedade capitalista. O principal
representante do funcionalismo é Emile Durkheim (1858-1917), este pensador estabelece uma analogia entre a sociedade e
o organismo biológico humano. Assim a sociedade funciona graças a seu sistema orgânico, onde cada instituição ou pessoa
faz parte de relações funcionais, fazendo uma organização social de dependência e complementaridade das atividades
sociais, assim a sociedade é um todo organizado e harmônico.
Marxismo – corresponde às várias interpretações e continuação complementares das teorias de Karl Marx e Engels.
Entre seus principais representantes podemos destacar: Lênin (1870-1924), Rosa Luxemburgo (1871-1919), Gramsci
(1891-1937) e outros. Baseado no socialismo científico e nas novas conjunturas e contexto em que viviam, estes
pensadores desenvolveram novas perspectivas teóricas e práticas, implementando assim o socialismo real, diferente do
socialismo ideal (proposto por Marx).
Escola de Chicago – fundada em 1892, seus principais representantes são George Homans Cooley (1846-1929),
Talcott Parsons (1902), Robert K. Merton (1910). Estes foram influenciados pelo positivismo e o funcionalismo do
francês Durkheim, do polonês Malinowski (1884-1942), e do italiano Vilfredo Pareto (1848-1923). Assim a sociologia
chegou aos E.U.A, através da escola de Chicago que desenvolveu a investigação de campo, de dados empíricos neutros e
objetivos, com procedimentos quantitativos e estatísticos, foram pioneiros nos métodos ecológicos e etnográficos;
desvinculando-se da realidade concreta de sua época, construíram vários conceitos arbitrários e artificiais, dedicando-se a
casos isolados e irrelevantes como as relações sociais em outras sociedades e outros momentos. A sociologia norte-
americana pretendia neutralizar os ideais e teorias do socialismo marxista, entretanto, também romperam com o estilo dos
clássicos que se dedicaram a uma significação histórica como a formação do capitalismo e a totalidade da vida social.
Escola de Frankfurt – fundada em 1923, sob o nome de Instituto de Pesquisa Social, seus principais representantes
são: Max Horkheimer (1895-1973), Walter Benjamin (1892-1940), Theodor W. Adorno (1906-1969), Herbert Marcuse
(1898-1979) e Jurgem Habermas (1929). Sua filosofia também é conhecida como Teoria crítica. Os frankfurtianos criticam
a dominação da natureza para fins lucrativos colocando a ciência e a técnica a serviço do capital. Os frankfurtianos querem
recuperar a razão não repressora, capaz de autocrítica e a serviço da emancipação humana. Esses pensadores reutilizam o
conceito de iluminismo em sentido mais amplo – um pensador iluminista sempre combate as supertições, o arbítrio do
poder e defende o pluralismo e a tolerância.
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Os primeiros pensadores que testemunharam as transformações sociais que ocorriam desde o século XVIII e que se
preocuparam em compreender e explicá-las, não eram homens de ciência ou sociólogos que viviam desta profissão. Eram
antes de tudo homens voltados para a ação, que desejavam introduzir determinadas modificações na sociedade.
Participavam ativamente dos debates ideológicos em que se envolviam as correntes liberais, conservadoras e socialistas.
Eles não desejaram introduzir um mero conhecimento sobre as novas condições de vida geradas pela revolução industrial,
mas procuravam extrair dele orientações para a ação, tanto para manter, como para reformar ou modificar radicalmente a
sociedade de seu tempo. Entre esses pensadores podemos destacar: Comte, Marx, Durkheim e Weber. Estes são
considerados clássicos da sociologia, pois seus pensamentos ainda têm poder explicativo, sua vitalidade teórica e
explicativa ainda alcança a era contemporânea, embora apresente limitações.
ATIVIDADE – Responda em seu caderno:
a) – Cite os principais pensadores sociais do século XVIII considerados clássicos da sociologia.
b) – Por que os primeiros os pensadores do século XVIII não eram homens de ciência ou sociólogos que viviam dessa
profissão?
c) – Por que os pensadores sociais do século XVIII não desejavam apenas introduzir um mero conhecimento sobre as
novas condições de vida geradas pela revolução industrial?
d) – Por que os principais pensadores sociais do século XVIII são considerados clássicos da sociologia?
Filósofo e matemático francês, nasceu em Montpelier a 19 de janeiro de 1798. Foi fundador do positivismo foi ele
também que batizou com o nome de sociologia uma nova ciência que antes ele chamava de “física social”. Augusto Comte
foi importante para a sociologia, pois, através de sua perspectiva positivista que deu os primeiros passos para a
cientificidade da sociologia, mas ainda confundida com uma filosofia social e religiosidade de tipo ideologicamente
conservadora. Suas principais obras são: Curso de Filosofia Positiva e Sistema de Política Positiva.
I – Prioridade do todo sobre as partes: significa que, para compreender e explicar um fenômeno social particular
devemos analisá-lo no contexto global a que pertence. Considerava que tanto a sociologia estática (estudo da ordem das
sociedades em determinado momento histórico) quanto à sociologia dinâmica (estudo da evolução das sociedades no
tempo) deveriam analisar a sociedade, de uma determinada época, correlacionando-a a sua história e a história da
humanidade (a sociologia de Comte é, na realidade, sociologia comparada, tendo como quadro de referência a história
universal);
II – O progresso do conhecimento é característica da sociedade humana: a sucessão de gerações, com seus
conhecimentos permiti uma cumulação de experiências e de saber que constitui um patrimônio espiritual objetivo e liga as
gerações entre si, existe uma coerência entre o estágio dos conhecimentos e a organização social;
III – O homem é o mesmo por toda à parte e em todos os termos: em virtude de possuir idêntica constituição
biológica e sistema cerebral.
ATIVIDADE. Responda em seu caderno:
a) – Cite os três princípios básicos do positivismo comteano.
b) – Explique o primeiro principio básico do positivismo comteano.
c) – Diferencie sociologia estática de sociologia dinâmica segundo os princípios comteano.
d) – Como é a sociologia de Comte?
e) – Como Comte explique o progresso da sociedade humana?
f) – Explique por que Comte diz que o “homem é o mesmo por toda a parte e em todos os tempos”?
1°. Estado teológico ou fictício – na fase inicial da evolução histórica, o mundo, a vida, os fenômenos em geral são
explicados através dos recursos das forças sobrenaturais, mágicas dos deuses, primeiramente é a forma de feiticismo no
monoteísmo.
A esta forma de conhecimento, corresponde uma forma de organização sócio-política: o Governo Monárquico em
que o poder real absoluto é legitimado pelo direito divino. Aqui se explicam os diversos fenômenos através de causas
primeiras, em geral personificadas nos deuses. O estado teológico subdividiu-se em:
a). Fetichismo, em que o homem confere vida, ação e poder sobrenaturais a seres inanimados e a animais.
b). Politeísmo, quando atribui às diversas potências sobrenaturais ou deuses certos traços da natureza humana
(motivações, vícios e virtudes).
c). Monoteísmo, quando se desenvolve a crença num Deus único.
2º. Estado metafísico ou abstrato – nesta fase assim como na anterior a sociedade ainda busca explicações de caráter
absoluto. A diferença é que a divindade é substituída por conceitos como a “essência” e substância (a coisa em si), “causas
primárias” (origem absoluta), “causas finais” (destinado absoluto), que embora produzidos pela razão, não pode ser
comparadas objetivamente. A organização sócio-política próprio a esta fase é a República liberal, fundamentada em
suposições metafísicas, ou seja, nos direitos humanos.
As causas primárias são substituídas por causas mais gerais – as entidades metafísicas – , buscando nestas entidades
(idéias) explicações sobre a natureza das coisas e a causa dos acontecimentos.
3°. Estado positivo ou científico – é o último estágio da evolução humana, em que a sociedade atinge o conhecimento
científico, isto é, verificável, objetivo e que se expressa em termos de leis naturais. A filosofia de Comte é justamente uma
análise do estado positivo. O homem tenta compreender as relações entre as coisas e os acontecimentos através da
observação científica e do raciocínio, formulando leis; portanto, não mais procura conhecer a última das coisas e as causas
absolutas.
O CONHECIMENTO POSITIVO
Segundo Comte, o único conhecimento válido é que se baseia em fatos. Por isso, a imaginação deve estar
completamente subordinada a observação da realidade sensível e manipulável pela técnica. Constantemente, abandona-se
qualquer tentativa de conhecimento absoluto ou pelas causas, o objetivo é chegar às leis, ou seja, as relações constantes que
os fatos possuem entre si.
Para Comte, somente a filosofia positivista, livre das teologias e da metafísica, poderia superar as contradições da
humanidade, levando a alcançar o seu destino de progresso.
A POLÍTICA POSITIVISTA
O fundamento da política positiva é: “o amor por princípio, a ordem por base e o progresso por fim”. Só pode
haver progresso social na medida em que o governo mantém a ordem, reprimindo as manifestações críticas, sufocando
revoltas, garantindo desta forma a paz, a ordem e o progresso.
Para Comte, o governo deve ser ditatorial, para poder instaurar a nova moral positiva, subordinando os interesses
individuais ao coletivo, garantir a ordem social a qualquer custo.
A RELIGIÃO DA HUMANIDADE
Comte propôs uma religião positivista, cujo objeto de culto é a própria humanidade, através da veneração dos
motivos, principalmente os filósofos e cientistas. Essa religião seria a base da política positiva, na medida em que seus
sacerdotes, os sábios deveriam inculcar na sociedade os princípios morais.
_
Nasceu em 5 de maio de 1818 em Trier cidade situada na fronteira da Prússia Renana com a França. Marx foi um
dos principais pensadores do século XIX, ele foi fundador do socialismo científico e grande ativista a favor da revolução
proletária, apesar de não ser um sociólogo de profissão, suas teorias despertaram a consciência de uma sociologia crítica.
Uma das principais características do pensamento de Marx é a Práxis, isto é, não foi um teórico de gabinete ele aliava teoria
e prática, participando dos movimentos sociais e revolucionários. Era um pensador de tendência ideológica
transformadora, pretendia transformar a sociedade capitalista em uma sociedade comunista através da revolução socialista
proletária. Entre suas principais obras podemos destacar: A Sagrada Família (1845), A Ideologia Alemã (1845-1846),
Miséria da Filosofia, Manifesto do partido comunista, As lutas de classe na França (1850/59), o 18 Brumário de Luis
Bonaparte (1852/55), Crítica da economia política (1859) e O capital.
Marx considerava que não se pode pensar a relação individuo e sociedade separadamente das condições materiais
em que essas relações se apoiam. Para ele, as condições materiais de toda sociedade condicionam as demais relações
sociais. Em outras palavras, para viver, os homens têm de, inicialmente transformar a natureza, ou seja, caçar, construir
abrigos, utensílios, etc., sem o que não poderiam existir como seres vivos. Por isso, o estudo de qualquer sociedade deveria
partir justamente das relações sociais (de produção) que os homens estabelecem entre si e no processo de produção. Essas
relações sociais de produção são a base (infraestrutura) – é o modo de produção, a maneira básica como a sociedade
organiza a produção de bens. A superestrutura repousa sobre a base e tem que refletir sua forma, na produção da vida os
homens geram também outra espécie de produtos que não têm forma material: as ideologias políticas, concepções
religiosas, códigos morais e estéticos, sistemas legais, de ensino, de comunicação, o conhecimento filosófico e científico,
representações coletivas de sentimentos, ilusões, modos de pensar e concepções de vida diversa e plasmada de um modo
peculiar.
Para Marx, portanto, a produção é a raiz de toda a estrutura social. Na sociedade antiga, por exemplo, a relação
social básica era a relação senhor x escravo. Não podemos, segundo Marx, entender a política ou a cultura dessa época sem
primeiramente estudar essa relação básica que condicionava todo o resto da sociedade.
Para Marx, o modo de produção capitalista se caracteriza pela divisão da sociedade em classes, na exploração do
trabalhador e na alienação, gerando assim uma sociedade desigual, antagônica, injusta, irracional e anárquica que deve ser
substituída pelo socialismo através da revolução proletária.
Segundo Marx, na sociedade capitalista as relações sociais de produção definem duas grandes classes: de um lado, os
capitalistas, que são aquelas pessoas que possuem os meios de produção (máquinas, ferramentas, capital, etc) necessários
para transformar a natureza e produzir mercadorias; do outro lado, os trabalhadores, também chamados, no seu conjunto,
de proletariados, aqueles que nada possuem, a não ser o seu corpo e sua disposição para trabalhar. Assim o conceito de
classe em Marx estabelece um grupo de indivíduos que ocupam uma mesma posição no processo de produção e nas
relações de produção, em determinada sociedade. A classe a que pertencemos é que condiciona de maneira decisiva nossa
atuação social. Neste sentido, é principalmente a situação de classe que condiciona a existência do individuo e sua relação
com o resto da sociedade: podemos compartilhar idéias, amizades e comportamentos de indivíduos de outras classes, mas
no momento de conflito, como nas greves ou mesmo no mercado (consumo), as diferenças irão aparecer de acordo com a
classe a que pertencemos. Nessa relação de classes surgem a “classe em si” e “classe para si”:
- “Classe em si” – quando o individuo não tem consciência de classe, ele encontra-se em qualquer posição (status) na
estrutura econômica;
- “Classe para si” – quando a pessoa tem consciência de classe, ele assume uma posição político-ideológica.
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ATIVIDADE. Responda em caderno:
a) – Por que Marx considera que não se pode pensar a relação individuo e sociedade separadamente das condições
materiais que essas relações se apoiam?
b) – Segundo Marx, o que se entende por infraestrutura e superestrutura?
c) – Para Marx, o que caracteriza o modo de produção capitalista?
d) – Para Marx, como a sociedade capitalista deve ser substituída?
a) – Explique as duas grandes classes que existem na sociedade capitalista definidas por Marx?
b) – Conceitue classe, segundo Karl Marx.
c) – Segundo Marx, o que condiciona ou determina a vida das pessoas na sociedade capitalista?
d) – Diferencie “classe em si” de “classe para si”.
O CAPITAL E A MAIS-VALIA
Na obra O capital, Marx analisa detalhadamente as condições do sistema capitalista, expõe suas contradições e
limites. Neste livro, Marx usa os princípios e categorias da dialética (filosofia) em uma questão econômica, para que a
classe trabalhadora tenha melhores instrumentos em sua luta (prática social). Nesta obra ele desvenda a complexidade das
relações entre a acumulação capitalista e a força de trabalho.
A fórmula do capital: D - M - D¹ - M - D² - M - D³...
Para entender o processo da acumulação capitalista precisamos conhecer os conceitos de mercadoria, dinheiro,
capital, mais-valia, lucro, salário, força de trabalho e como esses elementos se relacionam neste processo: mercadoria= é
tudo aquilo que se produz para ser vendido ou trocado no mercado, ela possui dois valores, valor de uso (serve para
satisfazer necessidades pessoais) e valor de troca (serve para gerar dinheiro/lucro/capital) um bem só se torna mercadoria
quando passa a ter valor de troca; força de trabalho= é a energia física e mental utilizada para produzir bens ou serviços.
A fonte de valor da mercadoria é a força de trabalho, o valor da mercadoria é determinado pelo tempo de trabalho
socialmente necessário para produzi-la, sem trabalho os objetos não tem valor de troca, logo não podem ser mercadorias;
dinheiro= é uma mercadoria especial que pelo costume ou lei monopoliza o posto de equivalente geral capaz de comprar
outras mercadorias que satisfazem algumas necessidades humanas (tem valor de uso); capital= é a riqueza (dinheiro,
máquinas, matéria-prima) destinada a obter lucro que é reinvestido na obtenção de mais riquezas; lucro= é uma parte
variável (depende das condições de mercado) da mais-valia derivada das vendas das mercadorias; salário= é o valor pago
para o trabalhador (força de trabalho) que não corresponde a riqueza gerada por ele, mas a penas ao suficiente para sua
manutenção e de seus filhos (alimentação, roupas, habitação); mais-valia= é o valor a mais, criado pelo trabalhador no
processo produtivo e que não é repassado para ele; é a diferença entre o valor da produção total e o valor pago pelo
trabalho, é o excedente da produção, tudo que é produzido além do valor do salário. Para Marx, o processo de produção e
de relação social na sociedade capitalista se realiza de maneira desigual e de exploração, pois nesse processo de produção e
na relação capitalista é que surge a mais-valia.
A fórmula da mais-valia:
A ------- D ------------- C ----------------------- B
Existem dois tipos básicos de mais-valia:
-Mais-valia absoluta – cresce simplesmente prolongando a jornada de trabalho;
-Mais-valia relativa – cresce em relação ao aumento do sobre-trabalho e à correspondente diminuição do tempo de
trabalho necessário que ocorre através do uso de tecnologia.
ALIENAÇÃO
A palavra alienação vem do latim (alienare, alienus) significa “que pertence a um outro”. Alius é o outro. Portanto,
sob determinado aspecto, alienar é tornar alheio, transferir para outrem o que é seu. Para Marx, a alienação ocorre no
processo produtivo e nas relações sociais de produção capitalista. A alienação não é puramente teórica, manifesta-se na
vida real, a partir da divisão do trabalho, quando o produto do trabalho deixa de pertencer a quem o produziu; a divisão do
trabalho na sociedade capitalista torna o homem um ser incompleto e não-realizado. O operário que trabalha em uma
fábrica e produz determinado objeto não escolhe seu próprio salário, o seu horário ou ritmo da produção, isso é
determinado por forças que lhe são estranhas. Além de tudo isso, o produto produzido pelo operário não lhe é
reconhecido e nem lhe pertence, pois devido à divisão do trabalho ele executou apenas uma parte da produção e recebeu
um salário para tanto. Esta divisão do trabalho gera também uma certa indiferença entre os trabalhadores que executam
atividades diferentes, ficando estranhos entre si. A alienação no processo produtivo gera:
- Fetichismo da mercadoria – ocorre quando a mercadoria passa a ser considerada mais importante que o individuo que
produziu. Ocorre quando o valor de troca (o que a mercadoria vale no mercado) se torna superior ao valor de uso (o que a
mercadoria vale por sua utilidade) determinando as relações humanas.
- Reificação do trabalhador – (do latim, res = coisa) ocorre quando o trabalhador se torna um mero instrumento
produtor de mercadoria, quando a força de trabalho da pessoa se torna mercadoria e pode ser vendida e comprada em
troca de um salário. “É a humanização da mercadoria e a desumanização da pessoa”.
IDEOLOGIA
No seu livro A ideologia alemã, Marx se refere à ideologia como um sistema elaborado de representações e de idéias,
que correspondem a formas de consciência que os homens tem em determinada época. Essas representações e idéias são
qualificadas como quimeras, formas imaginárias, ilusão, sonho, enfim, algo que esta em oposição às condições materiais da
vida real. Aparece ai também a concepção de que a ideologia é a inversão da realidade, no sentido de reflexo, como na
câmara fotográfica, onde a imagem aparece “invertida”. Marx diz que: “a existência condiciona a consciência”, ou seja, não
é consciência que determina a vida, é a vida que determina a consciência.
Para Marx, a ideologia é “um sistema de crenças ilusórias relacionadas a uma classe social determinada”. Por isso, ele
diz: “as idéias dominantes de uma época representam as idéias da classe dominante”.
Percebe-se nas teorias de Marx, que o tema ideologia veicula uma relação fundamental que é a oposição entre o falso
(ideologia) e o verdadeiro (saber científico). O falso representa a ideologia e o verdadeiro é representado pela ciência, que
libertará o proletariado da dominação burguesa.
Segundo as teorias marxianas, a ideologia é um conjunto lógico, sistemático e coerente de representações (idéias e
valores) e de normas ou regras (de conduta) que indicam e prescrevem aos membros da sociedade o que devem pensar e
como devem pensar, o que devem valorizar e como devem valorizar, o que devem sentir e como devem sentir, o que
devem fazer e como devem fazer. A ideologia é, portanto, tem as seguintes características: é um corpo explicativo
(representações) e prático (normas, regras, preceitos) de caráter prescritivo, normativo, regulador.
A FUNÇÃO DA IDEOLOGIA
A função da ideologia é dar aos membros de uma sociedade dividida em classes uma explicação racional para as
diferenças sociais, políticas e culturais, sem jamais atribuir tais diferenças à divisão da sociedade em classes, a partir das
divisões na esfera da produção. Busca camuflar as diferenças de classes sociais antagônicas e de fornecer aos membros da
sociedade o sentimento da identidade social, encontrando certos referenciais identificadores de todos e para todos, como,
por exemplo: a Humanidade, a Liberdade, a Igualdade, a Nação, o Estado, a Pátria, o Progresso, a Família e etc.
Em termos de método, Marx enfatiza que o pesquisador não deve se restringir à descrição da realidade social, mas
deve também se ater á análise de como essa realidade se produz e se reproduz ao longo da história. Por exemplo, em
relação às classes na sociedade capitalista não basta a descrição das duas classes sociais existentes – a capitalista e a dos
trabalhadores –, mas é preciso mostrar a maneira como essas classes surgiram na história, como o conflito entre elas se
mantém e quais as possibilidades de transformação dessas relações de classe no futuro. Mostrando as possibilidades de
transformação da realidade social, o cientista social pode desempenhar um papel político revolucionário, ao tomar partido
da classe trabalhadora. Por isso, em Marx, a ciência tem um papel político necessariamente crítico em relação à sociedade
capitalista, devendo ser um instrumento não só de compreensão, mas também de transformação da realidade. A
metodologia sociológica de Marx baseia-se na aplicação do seu materialismo dialético(concepção filosófica) aos fenômenos
sociais, que por sua vez, teve mérito de fundar uma teoria científica de inegável alcance explicativo: o materialismo
histórico(concepção científica). A teoria da dialética materialista se resume em: tese, antítese e síntese. E as características
de sua dialética são: tudo se relaciona, tudo se transforma, mudança qualitativa e luta dos contrários.
A CONCEPÇÃO DE ESTADO
Marx relacionou a existência do Estado às condições das classes sociais existentes na sociedade. Assim, em vez do
Estado imanente e superior, acima dos homens (como pensavam os filósofos Hobbes, Locke e Rousseau), Marx
apresenta-o como um instrumento da classe dominante. A gênese do Estado reside, portanto na divisão da sociedade em
classes, sendo sua principal função conservar e reproduzir esta divisão, garantindo os interesses da classe que domina as
outras classes.
Sociólogo francês nasceu em Épinal em 15 de abril de 1858, estudou na Ecole Normale Superfieure de Paris, tendo-se
doutorado em filosofia. Em 1885 foi estudar na Alemanha, sendo muito influenciado pelas idéias do positivismo de
Wilhelm Wundt. Durkheim é um dos principais clássicos da sociologia, foi responsável pela introdução da sociologia nas
universidades como disciplina e ciência acadêmica. De tendência ideológica conservadora, ele corresponde a uma corrente
sociológica funcionalista, cuja teorias e metodologia de caráter comparativas consolidaram a sociologia como ciência social.
Entre suas principais obras podemos destacar: A divisão do trabalho social (1893), As regras do método sociológico
(1894), O suicídio (1897).
O sistema sociológico de Durkheim baseia-se em quatro princípios fundamentais:
1º. A sociologia é uma ciência independente das demais ciências sociais e da filosofia;
2º. A realidade social é formada pelos fenômenos coletivos considerados como “coisas”;
3º. A causa de cada fato social deve ser procurada entre os fenômenos sociais que antecedem. Para explicar um fenômeno
social deve-se procurar suas causas;
4º. Todos os fatos sociais são exteriores aos indivíduos, formando uma realidade especifica.
Durkheim possuía uma visão otimista da nascente sociedade capitalista industrial. Considerava que a crescente
divisão do trabalho que estava ocorrendo a todo vapor na sociedade européia e acarretava, ao invés de conflitos sociais,
um sensível aumento da solidariedade entre os homens.
De acordo com ele, cada membro da sociedade, tendo uma atividade profissional mais especializada, passava a
depender cada vez mais do outro. Julgava, assim que o efeito mais importante da divisão de trabalho não era o aspecto
econômico, ou seja, o aumento da produtividade, mas sim, o fato de que ela tornava possível a união e a solidariedade
entre os homens (de maneira funcional.). A origem da divisão do trabalho está na densidade dinâmica ou moral, é o
aumento das dimensões absolutas ou do volume da sociedade que determina o processo da divisão do trabalho, que é o
fator preponderante de integração social na sociedade moderna. O progresso da divisão do trabalho é o fio condutor do
processo evolutivo que liga as formas de sociedade mais simples às mais complexas, numa evolução de estrutura segmentar
a uma estrutura organizada – a divisão do trabalho progride quanto mais existem indivíduos que estejam suficientemente
em contato para poder agir e reagir uns sobre os outros.
Inspirado em idéias de Spencer e em um método analógico (comparação), Durkheim desenvolveu a teoria no qual
acreditava que as espécies sociais à semelhança das espécies vivas podem ser classificadas numa escala evolutiva das mais
simples às mais complexas: caracterizou-se dois tipos de sociedade que corresponderiam ao inferior e superior da escala
evolutiva, ou seja, de uma sociedade simples/tradicional à uma sociedade complexa/moderna; tais tipos consistem em
duas formas de solidariedade social – dois princípios de integração entre indivíduos e grupos no interior das sociedades:
solidariedade mecânica e a solidariedade orgânica.
» solidariedade mecânica: ocorre quando a consciência coletiva exerce um papel preponderante como princípio de
integração social. A sociedade se apresenta como um conjunto mais ou menos organizado de crenças e sentimentos
comuns a todos os indivíduos (membros do grupo) é a semelhança de crenças e sentimentos que mantêm os indivíduos e
grupos unidos nesse tipo de sociedade todos exercem aproximadamente as mesmas atividades, dividem os mesmos deuses.
São sociedades primitivas (tribais), onde existe a homogeneidade econômica e cultural. As consciências individuais são
subordinadas à consciência coletiva. O direito é repressivo, para manter a coesão social.
» solidariedade orgânica: a integração social é realizada a partir da diferenciação entre indivíduos e grupos no interior da
sociedade, existe um sistema de funções diferentes e especiais, que unem relações definidas, trata-se da solidariedade
produtiva pela divisão do trabalho, que supõe precisamente a diferenciação e a complementaridade de funções com forma
de cooperação e entre os membros da sociedade. São sociedades modernas que possuem uma organização complexa. O
direito é restitutivo, não é tanto para punir as condutas desviantes, mas impor a separação dos prejuízos causados pelo
descumprimento das obrigações profissionais ou funcionais (juridicamente seria o direito civil, comercial, processual,
administrativo).
Durkheim é também admirado pelo estudo dos problemas da personalidade, realizado em sua obra O suicídio
(1897), em que a divisão do trabalho é tratada como um desenvolvimento normal da sociedade humana, que propicia o
aumento da iniciativa pessoal em detrimento da autoridade exercida pela tradição. Entretanto, o número crescente de
suicidas nas sociedades desenvolvidas foi por ele considerado como um traço patológico na organização social. Nesse
sentido, Durkheim descreve três tipos de suicídios:
* Altruísta – quando o individuo fortemente ligado a um grupo não distingue entre seus próprios interesses e os do
grupo, sendo capaz de sacrificar-se por ele. É o caso de soldados que se sacrificam para salvar companheiros. Esse tipo de
suicídio também pode ser levado a efeito pelo individuo que deixa de satisfazer os padrões do grupo: a morte é, então,
preferível a qualquer outra coisa;
* Egoísta – é o suicídio que ocorre quando o individuo não está envolvido com ninguém nem com nenhuma causa,
faltando-lhe laços emocionais que lhe tornem a vida digna de viver;
* Anômico – é o suicídio que se manifesta quando o individuo participa de uma sociedade caracterizada pela anomia
(ausência de regras, sem normas), sendo comum em épocas de depressão econômica.
A importância de O suicídio está intimamente relacionada aos esclarecimentos que presta quanto ao relacionamento
humano, tanto no que se refere aos grupos quanto ao que diz respeito às normas dos grupos.
Em sua obra As regras do método sociológico (1894), Durkheim propõem alguns procedimentos aos pesquisadores:
o método de uma ciência consiste no conjunto de regras que o pesquisador deve seguir para realizar, de maneira correta,
suas pesquisas. Como Durkheim enfatiza o caráter exterior e coercitivo dos fatos sociais, ele colocará como regra básica de
seu método que o pesquisador deve analisar os fatos sociais como se eles fossem coisas, isto é, como se fossem objetos
que existem independentemente de nossas idéias e vontades. Com isso, Durkheim enfatiza como fundamental para uma
pesquisa científica a posição de neutralidade e objetividade que o pesquisador deve descrever a realidade social, sem deixar
que suas idéias e opiniões interfiram na observação dos fatos sociais.
FATO SOCIAL
Para Durkheim, na relação individuo e sociedade, ele destaca que a sociedade prevalece sobre o individuo. A
sociedade é, para esse autor, um conjunto de normas de ação, pensamento e sentimento que não existem apenas na
consciência dos indivíduos, mas que são construídos exteriormente. Isto é, fora das consciências individuais. Em outras
palavras, na vida em sociedade o homem defronta com regras de conduta que não foram diretamente criadas por ele, mas
que existem e são aceitas na vida em sociedade, devendo ser seguidas por todos. Sem essas regras, a sociedade não existiria
e é por isso que os indivíduos devem obedecê-las. Os fatos sociais são os modos de pensar, sentir e agir de um grupo
social. O modo de vestir, a língua, o sistema monetário, a religião e uma infinidade de outros fenômenos são consideradas
fatos sociais.
As leis são um bom exemplo do raciocínio de Durkheim. Em toda sociedade existem leis que organizam a vida em
conjunto. O individuo isolado não cria leis nem pode modificá-las. São as gerações de homens que vão criando e
reformulando coletivamente as leis. Essas leis são transmitidas para as gerações seguintes na forma de códigos, decretos,
constituições, etc. como indivíduos isolados, temos de aceita-las; sob pena de sofrer castigos por viola-las.
Seguindo essas idéias, Durkheim afirmara que os fatos sociais, ou seja, o objeto de estudo da sociologia, é
justamente essas regras e normas coletivas que orientam a vida dos indivíduos em sociedade. Tais fatos sociais são
diferentes dos fatos estudados por outras ciências por terem origem na sociedade, e não na natureza (como nas ciências
naturais) ou no individuo (na psicologia).
Esses fatos sociais têm três características básicas que permitirão sua identificação na realidade, elas são: gerais,
exteriores e coercitivos.
1ª. Generalidade – o fato social é comum aos membros de um grupo;
2ª. Exterioridade – o fato social é externo ao individuo, existe independentemente de sua vontade. Isto é, consistem em
idéias, normas ou regras de conduta que não são criadas isoladamente pelos indivíduos, mas foram criadas pela
coletividade e já existem fora de nós quando nascemos.
3ª. Coercitividade – os indivíduos vêem-se obrigados a seguir o comportamento estabelecido porque essas idéias, normas
e regras devem ser seguidas pelos membros da sociedade; se isso não acontece, se alguém desobedece a elas, é punido, de
alguma maneira pelo resto do grupo.
É justamente a educação um dos exemplos preferidos por Durkheim para mostrar o que é um fato social. O
individuo, segundo ele, não nasce sabendo previamente as normas de conduta necessárias para a vida em sociedade. Por
isso, toda sociedade tem de educar seus membros, fazendo com que aprendam as regras necessárias à organização da vida
social. As gerações adultas transmitem às crianças e aos adolescentes aquilo que aprenderam ao longo de sua vida em
sociedade. Com isso, o grupo social é perpetuado, a pesar da morte dos indivíduos.
O que a criança aprende na escola? Idéias, sentimentos e hábitos que ela não possui quando nasce, mas que são
essenciais para a vida em sociedade. A linguagem, por exemplo, é aprendida, em grande medida, na escola. Ninguém nasce
conhecendo a língua de seu país. É necessário um aprendizado, que começa já nos primeiros dias de vida e se prolonga no
decorrer dos muitos anos na escola, para que a criança consiga se comunicar de maneira adequada com seus semelhantes.
Sem o aprendizado da linguagem, a criança não poderia participar da vida em sociedade.
INSTITUIÇÃO
Outro conceito importante para Durkheim é o de instituição. Para ele, uma instituição é um conjunto de normas e
regras de vida que se consolidam fora dos indivíduos e que as gerações transmitem uma às outras. Há ainda muitos outros
exemplos de instituições: família, Estado, Igreja, Exército, etc. Assim, para Durkheim é a sociedade, como coletividade,
que organiza, condiciona as ações individuais. O individuo aprende a seguir normas e regras de ação que lhes são
exteriores. Ou seja, que não foram criadas por ele, e são coercitivas, pois limitam sua ação e prescreve punições para quem
não obedecer aos limites sociais. A função das instituições é socializar os indivíduos, fazer com que eles assimilem as regras
e normas necessárias à vida em comum.
Nascido em Erfut, a 21 de Abril de 1864, tornou-se um dos sociólogos e economistas político mais importante da
Alemanha nos séculos XIX e XX. Max Weber foi um dos mais importantes clássicos da sociologia, pois suas teorias
contribuem até hoje para a análise da vida social. Filho de uma abastada família de comerciantes formou-se em direito e
economia nas Universidades de Berlim e de Heidelberg respectivamente. Mais tarde trabalhou como professor nas
Universidades de Berlim (1893), Freiburg (1894), Heidelberg (1897), Viena (1917). Pode-se afirmar que a vida de Max
Weber foi totalmente dedicada aos estudos, à pesquisa e à participação ativa na política alemã de seu tempo,
principalmente mediante suas intervenções em conferências, seus artigos para jornais e revistas e seus escritos publicados
em vida e postumamente. Max Weber é um pensador de tendência ideológica conservadora e suas análises têm
características histórico-comparativa. Entre suas principais obras podemos destacar: A ética protestante e o espírito do
capitalismo e Economia e sociedade.
A sua insistência em compreender as motivações das ações humanas levou-o a rejeitar a proposta do positivismo de
transferir para a sociologia a metodologia de investigação utilizada pelas ciências naturais. Não havia, para ele, fundamento
para esta resposta, uma vez que o sociólogo não trabalha sobre uma matéria inerte, como acontece com as cientistas
naturais. Weber diz que o ponto chave de uma investigação sociológica é o individuo e sua ação, é a compreensão da ação
dos indivíduos e não a análise das “instituições sociais” ou “grupo social” que vai nos permitir entender a sociedade. Para
compreender as instituições temos que partir das intenções e motivações dos indivíduos que vivenciam estas situações
sociais.
Ao contrário do positivismo, que dava maior ênfase aos fatos, à realidade empírica, transformando geralmente o
pesquisador num mero registrador de informações, a metodologia de Weber atribuía-lhe um papel ativo na elaboração do
conhecimento.
A intenção de conferir à sociologia uma reputação científica encontra na figura de Max Weber, um marco de
referência. Durante toda a sua vida, insistiu em estabelecer uma clara distinção entre o conhecimento científico, fruto de
cuidadosa investigação, e os julgamentos de valor sobre a realidade. Com isso, desejava assinalar que um cientista não tinha
o direito de possuir, a partir de sua profissão, preferência políticas e ideológicas. No entanto, julgava ele, sendo todo
cientista também um cidadão, poderia ele assumir posições apaixonadas em face dos problemas econômicos e políticos,
mas jamais deveria defende-los a partir de sua atividade profissional. Essa posição de Weber, que tantas discussões têm
provocado entre os cientistas sociais, constitui, ao isolar a sociologia dos movimentos revolucionários, um dos momentos
decisivos da profissionalização dessa disciplina. A idéia de uma ciência social neutra seria um argumento útil e fascinante
para aqueles que viviam e iriam viver da sociologia como profissão. Ela abria a possibilidade de conceber a sociologia
como um conjunto de técnicas neutras que poderiam ser oferecidas a qualquer comprador público ou privado. Vários
estudiosos da formação da sociologia têm assinalado, no entanto, que a neutralidade defendida por Weber foi um recurso
utilizado por ele na luta pela liberdade intelectual, uma forma de manter a autonomia da sociologia em face da burocracia e
do Estado alemão da época.
CIENTISTA x POLÍTICO
A busca de uma neutralidade científica levou Weber a estabelecer uma rigorosa fronteira entre o cientista, homem
do saber, das análises frias e penetrantes; e o político, homem de ação e de decisão comprometido com questões práticas
da vida. O que a ciência tem a oferecer a esse homem de ação, segundo Weber, é um entendimento claro de sua conduta,
das motivações e das conseqüências de seus atos.
A sociologia por ele desenvolvida considerava o indivíduo e sua ação como ponto chave da investigação. Com isso,
ele queria salientar que o verdadeiro ponto de partida da sociologia era a compreensão da ação dos indivíduos e não a
análise das “instituições sociais” ou de “grupos sociais”, tão enfatizadas pelo pensamento conservador. Com essa posição,
não tinha a intenção de negar a existência ou a importância dos fenômenos sociais, como o Estado, a empresa capitalista, a
sociedade anônima, mas tão somente a de ressaltar a necessidade de compreender as intenções e motivações dos
indivíduos que vivenciam estas situações sociais.
A ciência não pode propor fins a ação prática: “uma ciência empírica não está apta a ensinar a ninguém aquilo que
‘deve’, mas, sim, apenas aquilo que ‘pode’ – em certas circunstâncias – aquilo que ‘quer fazer’”. O domínio da ciência
empírica deve ser definida como o dos meios e não como o dos fins.
ATIVIDADE. Responda em seu caderno:
a) – Segundo Weber, qual é ponto chave de uma investigação sociológica?
b) – Por que Weber foi importante para a reputação científica da sociologia?
c) – Por que Weber diferencia o cientista do político?
d) – O que Weber quis salientar ao dizer que o ponto chave da investigação é o individuo e sua ação?
e) – Por que Weber afirma que a ciência não pode propor fins a ação prática?
Vivendo em uma nação retardatária quanto ao desenvolvimento capitalista, Weber procurou conhecer a fundo a
essência do capitalismo moderno. Ao contrário de Marx, Weber não considerava o capitalismo um sistema injusto,
irracional e anárquico. Para ele, as instituições produzidas pelo capitalismo, como uma grande empresa, constituíam clara
demonstração de uma organização racional que desenvolvia suas atividades dentro de um padrão de precisão e eficiência.
Exaltou em diversas oportunidades a formação histórica das sociedades inglesa e norte-americana, ressaltando a figura do
empresário, considerado às vezes um verdadeiro revolucionário. De certa forma, o seu elogio a seu caráter antitradicional
do capitalismo inglês, especialmente do norte-americano, era a forma utilizada por ele para atacar os aspectos retrógrados
da sociedade alemã, principalmente os latifundiários prussianos.
Em sua obra: “A ética protestante e o espírito do capitalismo”, Weber procurou demonstrar que a formação do
capitalismo europeu não seguiu apenas causalidades econômicas como propôs Karl Marx em suas teorias estritamente
economicistas. Para Weber, as idéias religiosas e éticas foram de importância fundamental na formação do capitalismo,
buscou também esclarecer os caracteres específicos do capitalismo como um regime econômico de grande
desenvolvimento, principalmente nos países protestantes, especialmente naqueles em que predominava o calvinismo. Para
ele, não havia fundamento em admitir o principio de que a economia dominasse as demais esferas da realidade social. Esse
estudo o levou a pesquisar também a história religiosa e social da Índia, da China e do povo judeu. O resultado desse
trabalho foi publicado em três volumes sob o titulo Estudos Reunidos sobre a Sociologia das Religiões. Assim Weber
fundou uma nova ramificação da sociologia que foi a: Sociologia da religião.
TIPO IDEAL
A ação é definida por Weber como toda conduta humana (ato, omissão, permissão) dotada de um significado dado
por quem a executa e que orienta essa ação. Quando tal orientação tem vista a ação – passada, presente, ou futura – de
outro ou de outros agentes que podem ser “individualizados e conhecidos ou uma pluralidade de indivíduos
indeterminados e completamente desconhecidos” – o público, a audiência de um programa, a família do agente etc – a
ação passa a ser definida como social. A ação é determinada pelas intenções, motivações e expectativas de outros.
A relação social se refere à conduta de múltiplos agentes que se orientam reciprocamente em conformidade com um
conteúdo específico (conflito, hostilidade, amizade, competição, atração sexual etc) do próprio sentido das suas ações. As
relações sociais podem ser de natureza transitória, assimétrica: quando não há o mesmo sentido subjetivo e se expõe
atitudes diferentes sem reciprocidade, mas mutuamente orientado à mesma expectativa; simétrica: quando a relação
corresponde em suas expectativas o mesmo significado para todos envolvidos.
AÇÃO SOCIAL
Para Weber a sociologia é a ciência que procura uma compreensão interpretativa da ação social para a partir daí chegar à
explicação causal do seu sentido e dos seus efeitos.
Para Max Weber, a análise sociológica estará centrada nos atores e em suas ações. O agente individual é a unidade da
análise sociológica, a única entidade capaz de conferir significado às suas ações. A sociedade não é algo exterior e superior
aos indivíduos; a sociedade pode ser compreendida a partir do conjunto das ações individuais reciprocamente referidas.
Por isso, Weber define como objeto da sociologia a ação social, que é qualquer ação que o individuo faz orientando-se pela
ação de outros. Toda vez que se estabelecer uma relação significativa, isto é, algum tipo de sentido entre várias ações
sociais, terá então relações sociais. Só existe ação social quando o individuo tenta estabelecer algum tipo de comunicação a
partir de suas ações com os demais. Nem toda ação, desse ponto de vista, será social, mas apenas aquelas que impliquem
alguma orientação significativa visando outros indivíduos.
Weber afirma que podemos pensar em diferentes tipos de ação social, agrupando-os de acordo com o modo pelo
qual os indivíduos orientam suas ações. Assim ele estabelece quatro tipos de ação social:
1º. Ação tradicional – que é determinada por um costume ou um hábito arraigado;
2º. Ação afetiva – aquela determinada por afetos ou estados sentimentais;
3º. Ação racional com relação a valores – determinada pela crença consciente num valor considerado importante,
independente do êxito desse valor na realidade;
4º. Ação racional com relação a fins – determinada pelo cálculo racional que coloca fins e organiza os meios
necessários.
Weber admite não existir ação pura todas são possíveis de misturas.
No estudo das relações sociais, Weber percebeu que nas sociedades a existência de diferenças sociais pode ter
vários princípios explicativos, sendo que o critério de classificação mais relevante é dado pela dominância, em cada
unidade histórica, de uma forma de organização ou pelo peso particular que cada uma das diversas esferas da vida coletiva
possa ter, essas esferas são: econômica, religiosa, política, jurídica, social, cultural – cada uma com sua lógica particular de
funcionamento. Assim Weber, destacou as três esferas (dimensões) da sociedade, sendo que cada esfera possui sua ordem
de estratificação própria:
▪ Classes – refere-se a ordem econômica, o interesse econômico é fator que cria uma classe, podendo-se até considerar
que as classes estão estratificadas segundo suas relações com a produção e a aquisição de bens; a estratificação econômica
é, portanto, representada pelos rendimentos, bens e serviços que o individuo possui ou de que dispõe.
▪ Estamentos (status) – refere-se a ordem social, onde os grupos de status estratificam-se em função do principio de
consumo de bens, representados por estilos de vida específicos, a estratificação social é, portanto, evidenciada pelo
prestigio e honra desfrutados.
▪ Partidos – refere-se a ordem política, que manifesta-se através do poder; a estratificação política é assim observada
através da distribuição do poder entre grupos e partidos políticos, entre indivíduos no interior dos grupos e partidos, assim
como entre os indivíduos na esfera da ação política.
A CONCEPÇÃO DE ESTADO
Segundo Weber, o Estado é uma instituição social que mantém o monopólio do uso legitimo da força física dentro
de determinado território, para que este estado exista é preciso que sua autoridade seja reconhecida como legitima. Neste
sentido, o Estado é definido por sua autoridade para gerar e aplicar poder coletivo. Como acontece com todas as
instituições sociais, o Estado é organizado em torno de um conjunto de funções sociais, incluindo manter a lei, a ordem e a
estabilidade, resolver vários tipos de litígios através do sistema judiciário, cobrar impostos, censo, identificação e registro
da população, alistamento militar, encarrega-se da defesa comum e cuidar do bem-estar da população de maneira que estão
além dos meios do indivíduo, tal como implementar medidas de saúde pública, prover educação de massa etc.
DOMINAÇÃO E AUTORIDADE
Para Weber, os conceitos de dominação e autoridade possibilitam a explicação da regularidade do conteúdo de ações
e das relações sociais ligada à determinada obediência dentro de determinados grupos sociais. Segundo Weber, dominação
é um estado de coisas pelo qual uma vontade manifesta (mandato) do dominador ou dos dominadores influi sobre os atos
de outros (do dominado ou dos dominados), de tal modo que, em um grau socialmente relevante, estes atos têm lugar
como se os dominados tivessem adotado por si mesmos e como máxima de sua ação o conteúdo do mandato
(obediência). Assim destaca-se três tipos de dominação legitima justificadas por motivos (fontes) de submissão ou
princípios de autoridades distintas:
* Racional-legal – se baseia na racionalidade das leis, é um empreendimento contínuo de funções públicas,
empreendimento este que envolve regulamentos e registros escritos, bem como um corpo de funcionários especializados.
A dominação legal apresenta como característica a noção mais ou menos disseminada de direito. Weber focaliza o
problema de que a autoridade dos governantes, baseada na legalidade, é limitada pela ordem impessoal do direito, e que os
governados (cidadãos) só devem obediência a essa ordem impessoal. A mais típica forma de domínio legal é a burocracia.
* Tradicional – é baseado na autoridade pessoal do governante, investida por força do costume, é uma autoridade
discricionária, não submetida a princípios fixos e formais. Pertencem ao domínio tradicionais tipos de dominação
gerontocrática, tais como patrimonialismo, patriarcalismo, sultanismo.
* Carismático – é baseado no carisma (emoção), qualidade tida como excepcional de liderança, que se manifesta como
uma espécie de magnetismo pessoal mágico e que leva a pessoa carismática a ter certa preponderância sobre as demais.
Assim o carisma pode estar presente num demagogo ou num ditador, num herói militar ou num líder revolucionário. É o
carisma encarnado na pessoa do chefe que leva os liderados a se entregar emocionalmente a essa liderança pessoal.
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BIBLIOGRAFIA: