Sociologia Parte1e2 170516
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Complemento da PARTE I
AS CIÊNCIAS SOCIAIS
Cabe às Ciências Sociais pesquisar e estudar o comportamento social humano e suas
várias formas de organização.
Divisão das Ciências Sociais em disciplinas:
- Sociologia: estuda as relações sociais e as formas de associação, considerando as interações
que ocorrem na vida em sociedade.
- Antropologia: estuda e pesquisa as semelhanças e diferenças culturais entre os vários
agrupamentos humanos, assim como a origem e a evolução das culturas.
- Ciência Política: estuda a distribuição de poder na sociedade, bem como a formação e o
desenvolvimento das diversas formas de governo.
- Economia: estuda as atividades humanas ligadas à produção, circulação, distribuição e
consumo de bens e serviços.
Essas Disciplinas se complementam atuando juntas para explicar os complexos
fenômenos da vida em sociedade. Através da investigação científica as Ciências Sociais nos
permitem entender melhor a sociedade em que vivemos e compreender os fatos e processos
sociais que nos rodeiam.
Fonte:
OLIVEIRA, Pérsio Santos de. ―Introdução a Sociologia‖. SP: Ed. Ática, 1997
1- ANTROPOLOGIA E CULTURA
1
O conceito de ideologia pode ser analisado nas Ciências Sociais por duas perspectivas. Uma considera a ideologia
uma falsa consciência, e outra a caracteriza como visão de mundo. No primeiro caso está presente a teoria de Karl
Marx, e sua crítica sobre as construções de representação distorcidas da realidade pela classe dominante, que visa por
meio desse artifício, garantir o conformismo dos dominados e a permanência de sua dominação. No segundo caso,
destaca-se a perspectiva de Gramsci, que defende a ideia de que tanto os dominantes como os dominados elaboram
visões de mundo que orientam e justificam suas ações e pensamentos.
2
Hashi é aquela vareta utilizada para pegar o alimento nos países do extremo oriente.
Exercício:
A partir do texto acima e do conteúdo estudado, responda as questões abaixo:
1- O que é cultura? Disserte sobre a diferença entre as possíveis abordagens do conceito de
cultura.
2- Qual a importância do conceito antropológico de cultura?
ESCOLA DE FRANKFURT
O termo "Escola de Frankfurt" surgiu informalmente para se referir aos pensadores afiliados
ou meramente associados com o Instituto para Pesquisa Social da Universidade de Frankfurt
criado no ano de 1924. Entre os principais pensadores desta escola, podemos destacar Theodor
Adorno, Max Horkheimer, Herbert Marcuse, Walter Benjamin, (representantes da primeira geração
da Escola de Frankfurt) e Jürgen Habermas e Karl Otto Apel (representantes da segunda
geração). Suas teorias críticas foram influenciadas principalmente por pensadores como Kant,
Hegel, Karl Marx, Max Weber, Freud e Lukács.
A Escola de Frankfurt surgiu com o propósito de tentar formular uma teoria social capaz de
interpretar as grandes mudanças que estavam ocorrendo no início do século XX, buscando
compreender um mundo que havia acabado de superar a Primeira Guerra Mundial e se
encontrava sob o avanço dos governos totalitários na Europa como o nazismo (1933-1945),
sofrendo as consequências da Segunda Grande Guerra. Este contexto levou os autores a se
voltarem para uma reflexão sobre a sociedade moderna. Entre a diversidade de temas e debates
nos quais estiveram envolvidos os teóricos da Escola de Frankfurt podemos destacar as
investigações sobre a multiplicação dos meios de comunicação e a dissolução das fronteiras entre
informação, consumo, entretenimento e política ocasionada pela mídia, possuindo suas
preocupações voltadas para os efeitos nocivos da mídia na formação crítica de uma sociedade.
Os estudos dos filósofos de Frankfurt ficaram conhecidos como Teoria Crítica. A Teoria
Crítica realizou uma incorporação do pensamento de filósofos "tradicionais", colocando-os em
tensão com o mundo presente, buscando analisar as condições sociopolíticas e econômicas de
sua aplicação visando à transformação da realidade, isto é, orientada para a emancipação social.
Um exemplo de como isso funciona é a análise dos meios de comunicação caracterizados como
indústria cultural.
1.5 – Identidade
A identidade é um conceito importante que devemos entender. Todas as pessoas se
identificam com alguma coisa e, também, recorrentemente usamos essa palavra em nosso
cotidiano. Mas, para as ciências sociais o que ela significa?
Vamos pensar nos seguintes termos: o que define um povo, apesar disto compor sua cultura,
não é uma mera demarcação territorial ou sua língua, mas, todo um conjunto de características –
sociais, políticas e culturais – que o fazem um grupo identitário, se diferenciado, assim, de outros
grupos.
Logo, o que faz um determinado povo se diferenciar de outro é justamente a identidade.
Portanto, a identidade:
Propicia a sensação de pertencimento, fazendo com que cada indivíduo
divida a sociedade em dois grupos: nós e eles. Os que são como eu e os que
não são. Desse modo, sabemos quem somos por sabermos que não somos o
outro. A identidade, portanto, é definida pela diferença, estabelecida por uma
marcação simbólica relativa a outras identidades (ARAUJO, 2012).
A identidade está internalizada em nós. Assim, muitas vezes, suas caraterísticas passam
despercebidas, a ponto de indivíduos perceberem que fazem parte de um grupo somente quando
são postos à frente de um outro grupo identitário.
Na modernidade, a consolidação de grandes identidades coletivas foi um marca importante,
principalmente aquelas originadas pelas condições de existência, como as identidades de classe
ou nacionais. Entretanto, nas últimas décadas, as transformações sociais ocorridas em todas as
sociedades modificaram os elementos constituintes das identidades. Nesse contexto, identidades
são construídas em relação a demandas específicas de diferentes grupos, definidos com base em
critérios como etnia, gênero etc.
Para a Antropologia, a identidade ela não é inata, sendo a mesma construída. Ela é
construída, justamente, por intermédio de nossas relações sociais, crenças e costumes. Logo, no
próprio indivíduo várias identidades podem ter espaço. Por exemplo, uma pessoa pode se
identificar como ―homem‖, ―católico‖ e ―de esquerda‖. Todas essas formas de enxergar o mundo,
são identidades. As identidades, para a antropologia, não devem ser hierarquizadas, umas como
mais evoluídas do que outras.
Continuando, a identidade não deve ser apenas uma questão de uso de objetos. Por
exemplo, se identificar enquanto ―índio‖ não deve ser interpretada como uma questão de usar
arco, flecha e pintar o rosto. Ser ―índio‖ é muito mais do que isso. Para os antropólogos, a
temática tange a um modo de ser e não um modo de aparecer. Ou seja, o índio não deixa de ser
índio por não usar coisas ligadas a tradição, e muito menos deixa de ser por usar coisas advindas
de outras culturas. Nós, brasileiros, por exemplo, usamos uma série de coisas de outras culturas e
não deixamos, ainda, de ser brasileiros. Eduardo Viveiros de Castro (2006), ilustra bem a questão:
A indianidade designava para nós um certo modo de devir, algo
essencialmente invisível mas nem por isso menos eficaz: um movimento
infinitesimal incessante de diferenciação, não um estado massivo de
―diferença‖ anteriorizada e estabilizada, isto é, uma identidade. (Um dia seria
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bom os antropólogos pararem de chamar identidade de diferença e vice-
versa.) A nossa luta, portanto, era conceitual: nosso problema era fazer com
que o ―ainda‖ do juízo de senso comum ―esse pessoal ainda é índio‖ (ou ―não
é mais‖) não significasse um estado transitório ou uma etapa a ser vencida. A
ideia é a de que os índios ―ainda‖ não tinham sido vencidos, nem jamais o
seriam. Eles jamais acabar(i)am de ser índios, ―ainda que‖... Ou justamente
porquê. Em suma, a ideia era que ―índio‖ não podia ser vistocomo uma etapa
na marcha ascensional até o invejável estado de ―branco‖ ou ―civilizado‖
(VIVEIROS DE CASTRO, 2006).
Isto é, a questão da identidade é uma questão múltipla. Novas identidades estão sempre com
a possibilidade de surgir, devido ao contato entre as culturas. Contudo, as ―antigas‖ identidades
também estão presentes no espaço. Cabe somente ao indivíduo perceber e pensar como se situar
perante a este fator.
Todo indivíduo, grupo ou posição social tem tantas identidades quanto relações com outros
indivíduos, grupos ou posições sociais. Segundo Charles Tilly (2006), as categorias sempre geram
diferenças, mas não necessariamente desigualdade. A desigualdade é uma relação entre pessoas
ou conjunto de pessoas na qual a interação gera mais vantagens para um dos lados. O grau de
desigualdade varia conforme época e lugar, mas sempre existiu, com um dos lados da fronteira
possuindo mais recursos, como: meios de coerção; terras; trabalho; máquinas; capital financeiro;
informações; e agora o conhecimento técnico e científico, e o controle sobre sua produção e
distribuição – especialmente aquele que permite melhorar ou arruinar a vida humana.
Patriarcado e Androcentrismo
O Patriarcado é uma forma de organização social na qual as mulheres são hierarquicamente
subordinadas aos homens e os jovens são submetidos aos mais velhos. A sociedade patriarcal
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valoriza as atividades culturalmente convencionadas como masculinas a ponto de determinar
papéis sociais e sexuais nos quais o masculino tem vantagens e privilégios; simultaneamente,
institui o controlo da sexualidade, do corpo e da autonomia feminina.
O Androcentrismo é a supervalorização do masculino e naturalização da experiência
masculina como princípio universal e normativo da humanidade. Manifesta-se em expressões
convencionais que tornam o homem como representante de toda a espécie, as quais servem para
legitimar o patriarcado. Exemplos: ―direitos do homem‖, ―evolução do homem‖, ―ciências do
homem‖, ―pais‖).
Gênero é uma construção social, assim as concepções que assimilamos como sendo
masculinas ou femininas na nossa sociedade não são definitivas. No livro, Sexo e
Temperamento, Margareth Mead estuda as relações de gênero em três tribos: Arapesh,
Mundugumor e Tchambuli. Um dos objetivos da antropóloga com a pesquisa era observar até que
ponto as diferenças sexuais eram inatas ou culturalmente construídas. Assim, em cada tribo,
levanta elementos diferentes para os comportamentos femininos e masculinos.
Na tribo Arapesh, apesar do homem e da mulher realizarem funções diferentes, não existe
distinção entre o seu comportamento, pois o objetivo principal é o apoio total no crescimento dos
filhos. A menina Arapesh vai ainda criança morar com a família do marido, sendo ele o
responsável por alimentá-la e cuidá-la para que cresça bem e saudável. Há um tabu acerca do
crescimento da menina, que se for iniciada sexualmente antes pode ficar feia ou não crescer
adequadamente. Depois do casamento, a preparação do casal é para o recebimento do filho, a
maternidade é uma relação entre pai e mãe. Quando a criança nasce existem regras para os pais
seguirem até o seu crescimento, por exemplo, não ter relação sexual entre si até a criança atingir,
mais ou menos, os dois anos de idade. A segunda tribo é os Mundugumor, onde o comportamento
feminino e masculino é violento. Para entender essa relação conflituosa, é preciso compreender a
configuração do parentesco na tribo. O pai tem maior proximidade com as filhas, ele deseja ter
muitas meninas, porque estas podem ser trocadas por outras esposas. O homem quanto mais
esposas possuir é considerado rico, pois são elas responsáveis pela secagem do fumo, objeto de
riqueza na sociedade estudada. A esposa, por sua vez, nunca deseja engravidar, porque se nasce
uma mulher, a chance é que a casa receba outra matriarca, ao mesmo tempo, o pai não deseja a
gravidez da esposa, pois se nasce um menino, este pode usar uma das irmãs como objeto de
troca por esposas. Portanto, nesta sociedade os laços familiares e os comportamentos dos
gêneros são baseados no confronto e na disputa. A última tribo apresentada no livro são os
Tchambuli, em que o comportamento feminino e masculino é distinto. A mulher é quem pesca,
detém a posição de poder na sociedade, controlando o lucro das relações de comércio, e tem a
opção de escolher o parceiro para a união matrimonial. Enquanto os homens se preocupam com
as atividades cerimoniais, cuidando dos ornamentos e das atividades artísticas, são os chefes da
família, porém quem estipula as regras são as esposas.
Estes exemplos são muito interessantes para esclarecer como o papel social do
homem e da mulher varia de sociedade para sociedade, assim não há nenhum fator
biológico ou natural que justifique a posição de opressão de um gênero sobre o outro.
Ao longo dos séculos movimentos feministas tentam reverter essa situação de opressão
buscando a equidade entre os sexos. Hoje, as mulheres ocupam boa parte das posições no
mercado de trabalho e estão em maior número em grau de instrução elevado. Porém, continuam
lutando pela ―libertação‖, por uma igualdade de fato. Ainda tentam se desvincular dos atributos
domésticos, o que acarreta uma dupla jornada de trabalho, muitas vezes combinada com os
estudos; luta para acabar com diferenças de oportunidades na ocupação de postos de trabalho
elevados e diferenças salariais em relação aos homens. Ográfico abaixo demonstra a evolução da
participação feminina no mercado de trabalho.
Também há a luta contra a violência que, apesar da implementação da ―Lei Maria da Penha‖
pela prevenção, punição e erradicação da violência contra mulher, vem aumentando muito nos
últimos anos, como expressa a evolução do número de homicídios retratada no gráfico abaixo.
FIGURA 4
Segundo dados do IBGE - Censo de 2010, no Brasil, a renda das mulheres representa 70%
do ganho dos homens. No gráfico abaixo mostra a diferença de rendimentos entre gêneros por
região do mundo em 2014.
FIGURA 5
Dentro do debate sobre desigualdade de gênero foram incorporados estudos sobre a vida de
gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros (LGBT). A orientação sexual dos indivíduosnão são
determinadaspor sua natureza biológica. Alguns se sentem atraídos somente por pessoas do sexo
oposto (heterossexuais), outros sentem atração por pessoas do mesmo sexo (homossexuais), e
ainda há quem sinta atração por pessoas de ambos os sexos (bissexuais). Outro exemplo seriam
os travestis,que utilizam roupas e adereços que as identifiquem socialmente com o gênero oposto.
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As diferenças entre as definições de sexo, gênero e sexualidade
Os conceitos de sexo, gênero e sexualidade não significam a mesma coisa. Podemos definir
sexo como o conjunto de características físicas de um ser humano, relacionadas aos seus
aspectos anatômicos. Gênero é a classificação culturalmente construída do que é masculino e
feminino e que orienta a definição de identidades de gênero e estabelece papéis sociais para cada
um deles. Na constituição da identidade de gênero somos influenciados por convenções,
estereótipos e expectativas construídas no processo de socialização. Assim, essa construção é
uma ação contínua, complexa e dinâmica que envolve tanto os diferentes elementos da formação
subjetiva quando o contexto histórico, político e cultural. Já sexualidade é a orientação de desejo
sexual e afetivo, vinculada à representação social ou subjetiva da identidade de gênero. Portanto,
não é determinada pela constituição biológica do indivíduo. O conceito de gênero está associado
à vivência da sexualidade no ambiente sociocultural.
Embora as definições de gênero e sexualidade sejam comumente explicadas uma em relação
à outra, algumas pessoas reivindicam que, embora gostem se ―transvestir‖, seus desejos
permanecem heterossexuais. Assim, entre transgêneros ou travestis, é possível encontrar
diversas orientações sexuais. A consideração de tais situações é importante para
compreendermos que os seres humanos encontram diversas formas de viver a sexualidade e de
construir uma identidade de gênero.
Quanto mais a sociedade se massifica, mais os grupos sociais buscam sua originalidade. Na
sociedade contemporânea existem, no mesmo espaço geográfico, pessoas provenientes das mais
diversas culturas, das mais diversas partes do mundo e de condição social cada vez mais distinta.
Surgiram grupos que começaram a se distinguir do conjunto da população, e todos competindo
pelo mercado de trabalho e por inúmeros bens que parecem escassos em relação ao número de
consumidores. Não apenas homens e mulheres, e pessoas de classes distintas, mas grupos
como: negros e brancos, nativos e estrangeiros, orientais e ocidentais, passam a definir sua
própria história, justificativas e a elaborar formas de organizar seu leque de reivindicações. Cada
grupo, no esforço de criar e afirmar sua própria identidade promove movimentos (étnicos, raciais,
entre outros), dando à noção de cidadania um novo sentido.
No Brasil, a rivalidade étnica é marcada pela competição entre brancos e negros. Porém, não
podemos deixar de lembrar que os índios das diversas etnias existentes no Brasil, apesar de
constituir um grupo quantitativamente inferior, também representam uma minoria que luta pelos
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seus direitos. Estes, sob tutela do Estado, não desfrutam de cidadania plena, sendo considerados
incapazes de autogoverno no mundo moderno.
FIGURA 6
Enquanto Gilberto Freyre em Casa-grande e senzala defendeu a ideia de que a integração do
negro, branco e índio foi harmoniosa pela existência de uma ―democracia racial‖, Florestan
denuncia e critica oracismono Brasil. Para ele, o negro não era um problema para a nação. Muito
pelo contrário, afirmava que sempre foram participantes das transformações sociais no país, ainda
que de maneira menos privilegiada que os brancos. Critica a sociedade capitalista que não
absorveu os negros, e as elites, que afirmavam que os mesmos encontravam-se em iguais
condições em relação aos brancos e imigrantes. A inexistência de um plano de incorporação do
negro elaborado pela sociedade que o libertou, com estratégias de aceitação social dos mesmos,
foi fator importante que contribuiu para a marginalidade social.
O mito da existência de uma democracia racial entre brancos e não-brancos no Brasil foi
sustentado por muito tempo pela existência de certa proximidade física e sem conflitos - em
comparação com os Estados Unidos e a África do Sul. Porém, a desigualdade pode ser
constatada através de dados do censo e de pesquisas socioeconômicas de diversos institutos.
Pode-se observar no gráfico acima que, embora a população que se autodeclara branca
ainda seja maioria no Brasil, o número de pessoas que se classificam como pardas ou pretas
cresceu, enquanto o número de brancos caiu. Também cresceu a proporção de brasileiros que se
autodeclaram amarelos.
As tabelas e gráficos abaixo demonstram a desigualdade étnica no Brasil.
Rendimento médio real habitualmente recebido no trabalho principal segundo a cor ou raça
para a população ocupada masculina, com 18 a 49 anos de idade e 11 anos ou mais de
estudo
Ao superar o termo raça, o uso do termo etnia, que que está diretamente relacionado à
diversidade cultural – elemento mais apropriado para identificar grupos humanos, tem contribuído
para colocar em cheque as fundamentações biológicas do comportamento humano. Os estudos
sobre diversidade cultural passaram a compreender que quanto mais etnia, mais plural e rico é o
pais culturalmente. A difusão desses argumentos nas sociedades contemporâneas pelos
inúmeros movimentos sociais tem dado força à tendência multiculturalista e às ações afirmativas.
Assim, são implementadas políticas públicas que valorizam e respeitam as diferenças culturais e
combatem os preconceitos, o racismo e as desigualdades. Os gráficos abaixo demonstram a
redução da desigualdade étnica na educação de 2001 a 2011, após a implementação de políticas
de inclusão na área da educação, e a curva da desigualdade no período de 1960 – 2010, com
projeção para 2012, quando foram adotadas de forma mais intensa políticas de transferência de
renda.
FIGURA 12 - Evolução nas taxa líquida de escolarização, por sexo e cor/raça – Brasil, 1995 a
2009 (Elaborado por IPEA e extraído de Sotero, 2014)
Figura 13
Referências bibliográficas