Sociologia Parte1e2 170516

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SOCIOLOGIA

Complemento da PARTE I

AS CIÊNCIAS SOCIAIS
Cabe às Ciências Sociais pesquisar e estudar o comportamento social humano e suas
várias formas de organização.
Divisão das Ciências Sociais em disciplinas:
- Sociologia: estuda as relações sociais e as formas de associação, considerando as interações
que ocorrem na vida em sociedade.
- Antropologia: estuda e pesquisa as semelhanças e diferenças culturais entre os vários
agrupamentos humanos, assim como a origem e a evolução das culturas.
- Ciência Política: estuda a distribuição de poder na sociedade, bem como a formação e o
desenvolvimento das diversas formas de governo.
- Economia: estuda as atividades humanas ligadas à produção, circulação, distribuição e
consumo de bens e serviços.
Essas Disciplinas se complementam atuando juntas para explicar os complexos
fenômenos da vida em sociedade. Através da investigação científica as Ciências Sociais nos
permitem entender melhor a sociedade em que vivemos e compreender os fatos e processos
sociais que nos rodeiam.

A SOCIOLOGIA COMO DISCIPLINA CIENTÍFICA AUTÔNOMA - A Desnaturalização das


Definições de Realidade
Quando, em 1969, o homem pisou pela primeira vez no solo lunar, houve quem não
acreditasse e houve quem se perguntasse se não era perigoso o astronauta " despencar lá de
cima". Porém, em se tratando do espaço, não há "lá em cima" nem "lá em baixo".
Mas para saber isto, é necessário haver uma ciência que desfaça a noção de que no espaço
há "lá em cima" e "lá em baixo". Esta ciência é a física moderna, que surgiu somente no século
XVII.
Qualquer ciência, para merecer este nome, precisa ser capaz de fazer uma coisa semelhante.
Portanto, na sociologia tanto quanto na física, o entendimento de certos fenômenos requer a
formação de conceitos que não se aplicam ao uso cotidiano.
Mas esta "desnaturalização" não basta. É necessário que as explicações sociológicas não
tenham um caráter a posteriori (que não podemos testar).
A sociologia surgiu na virada do século XIX para o século XX, em resposta a um desafio
específico: o de explicar o comportamento social humano de uma forma como nenhuma ciência
do comportamento até então fora capaz de fazer. Assim, a sociologia teve que forjar um
vocabulário próprio. É uma disciplina científica que procura explicar certos fenômenos da mesma
maneira que um biólogo, um físico ou um químico o fazem.

Fonte:
OLIVEIRA, Pérsio Santos de. ―Introdução a Sociologia‖. SP: Ed. Ática, 1997

A Sociologia como disciplina científica autônoma, in: http://crv.educacao.mg.gov.br/sistema_crv/ - em out/2012.

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SOCIOLOGIA (2ª PARTE)

CULTURA, DIVERSIDADE E DESIGUALDADE

1- ANTROPOLOGIA E CULTURA

1.1- A Antropologia e diversidade cultural


Até o momento, em nosso, curso vimos o que é a Sociologia, juntamente com as suas
funções, estratégias de análise e autores clássicos. Contudo, a Sociologia é apenas uma das
ciências presentes no campo das Ciências Sociais. Dessa maneira, a partir de agora é necessário
guiarmos nosso foco para uma outra disciplina, também muito importante, isto é, a Antropologia.
A palavra Antropologia advém do grego αντροποσ (anthropos), homem, e λογοσ, λογια
(logos, logia), estudo. Assim, etimologicamente, a palavra significa estudo do homem.
Pela Antropologia ser uma ciência com grande diversidade temática, possuindo uma proposta
constante de definir o homem, sua tarefa é muito vasta. Por este motivo, há uma série de
subdivisões e paradigmas distintos inseridos sob esta denominação. Por exemplo, ―denominou-se
a antropologia como cultural, física, econômica, social, aplicada, médica, psicológica, linguística,
filosófica, cognitiva, ecológica, hermenêutica, funcional, simbólica, estrutural etc.‖ (BARRIO, 2007,
p. 20)
São muita Antropologias, contudo, quase todas concebem de uma bipartição da dupla
dimensão humana, ou seja, somos – paralelamente – natureza e cultura. Enquanto a parte da
natureza está ligada a nossa dimensão biológica, a cultural está vinculada, majoritariamente, a
nossa parte social.
Logo, podemos a definir como sendo o estudo do homem como ser biológico, social e
cultural. Uma antropologia física (ou biológica) corresponde ao estudo do homem na qualidade de
um organismo vivo, atendendo, também a sua evolução biológica no meio das espécies.
Por outro lado, a antropologia cultural, que nos interessa prioritariamente dentro das Ciências
Sociais, é o ―estudo e descrição dos comportamentos aprendidos que caracterizam os diferentes
grupos humanos‖ (BARRIO, 2007, p. 21). Portanto, seu objetivo seria procurar um entendimento
do ser humano, enquanto tal, concomitantemente com a sua capacidade de interferir na natureza.
Desse modo, a antropologia cultural interpreta as diferenças culturais, na medida em que elas
formam sistemas culturais integrados. O antropólogo cultural tem por meta a compreensão da vida
de indivíduos organizados em grupos culturais, estes últimos compostos por uma série de
elementos, tais como: os valores, os costumes, as crenças, as normas, etc. Consequentemente, a
tarefa da antropologia seria a produção de interpretações sobre as diferentes culturas,
contribuindo, assim, para a dilatação de nossas percepções acerca da diversidade cultural, ou
seja, ―ela contribui para alargar nossas visões e romper esquemas ideológicos1 que tendem a
desvalorizar aqueles que não são e não pensam como nós‖ (OLIVEIRA, p. 11).
À vista disso, é importante afirmar a Antropologia se manifestando enquanto uma ciência que
busca o conhecimento através do ―outro‖, por meio do entendimento da alteridade. Em outras
palavras, a antropologia é uma forma de conhecimento sobre a diversidade cultural, ou seja, é a
busca do que somos a partir do espelho do ―outro‖. Este ―outro‖ é outrem (VIVEIROS DE
CASTRO, 2002), isto é, a representação de um mundo possível.

1.2- O que é cultura?

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O conceito de ideologia pode ser analisado nas Ciências Sociais por duas perspectivas. Uma considera a ideologia
uma falsa consciência, e outra a caracteriza como visão de mundo. No primeiro caso está presente a teoria de Karl
Marx, e sua crítica sobre as construções de representação distorcidas da realidade pela classe dominante, que visa por
meio desse artifício, garantir o conformismo dos dominados e a permanência de sua dominação. No segundo caso,
destaca-se a perspectiva de Gramsci, que defende a ideia de que tanto os dominantes como os dominados elaboram
visões de mundo que orientam e justificam suas ações e pensamentos.

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Vamos, antes, pensar um pouco sobre o impacto do ser humano perante a natureza. Nos
primórdios, o ser humano, agindo sobre a natureza através de seu trabalho, começa a criar
instrumentos e ferramentas para poder lidar com o mundo à sua volta. A partir disto, ao criar suas
ferramentas o ser humano concede um uso e um determinado sentido para elas. Há formas mais
corretas de uso, outras formas menos corretas de uso. Assim, começa-se a estruturação da
natureza por intermédio do trabalho humano. O mundo resultante desta ação não é mais o mundo
natural, mas, sim, aquele já transformado pela cultura produzida. É importante perceber a dialética
deste movimento, pois, paralelamente, o trabalho – ação onde o ser humano modifica a natureza
e desenvolve suas potencialidades – dá possibilidade a cultura, porém, a própria cultura é quem
dita os rumos do trabalho. Nos próximos parágrafos, o leitor poderá se situar melhor acerca do
que realmente é a cultura.
Depois desta breve contextualização do campo de ação da antropologia, o leitor poderá estar
se questionando sobre o que é a cultura. Tylor (1981) foi o primeiro a conceituar o termo. Para
este autor, a cultura seria um todo complexo que inclui conhecimento, crença, arte, costume, lei,
moral e qualquer outra capacidade ou hábito adquirida pelo ser humano enquanto membro da
sociedade.
Mas, Tylor (1981) não foi o único a conceituar o termo cultura. Exemplificando, de acordo com
Geertz (1973), a cultura seria melhor visualizada não como um complexo de padrões concretos de
comportamento – costumes, usos, tradições e hábitos –, mas enquanto um conjunto de
mecanismos de controle – planos, receitas, regras, instituições – para governar o comportamento.
Já Roberto DaMatta (1981) argumenta que a cultura é uma espécie da mapa, um receituário, um
código, pelo qual os indivíduos, de um determinado grupo, pensam, estudam, classificam e
modificam o mundo e a si mesmos.
Mesmo com várias definições sobre o termo, podemos concordar com Ruth Benedict (1972)
no sentido de que a cultura é algo como uma lente através da qual o ser humano enxerga o
mundo. Assim sendo, pessoas de culturas diferentes utilizam lentes diversas. Isto posto, elas
enxergam, atuam e modificam o mundo de maneiras díspares. Melhor dizendo, o modo de ver o
mundo, juntamente com as apreciações ligadas a moral, os diferente tipos de comportamento e
até mesmo as posturas corporais são resultantes de uma herança cultural, ou seja, são produtos
da operação de uma determinada cultura.
É pela veracidade desta afirmações que podemos compreender o fato de que indivíduos, de
culturas diferentes, podem ser facilmente identificados por uma série de características distintas,
―tais como o modo de agir, vestir, caminhar, comer, sem mencionar a evidência das diferenças
linguísticas, o fato de mais imediata observação empírica‖ (LARAIA, 2001, p. 68).
Vejamos, a título de exemplo, a variação da utilização do corpo de cultura à cultura:
Como exemplo destas diferenças culturais em atos que podem ser
classificados como naturais, Mauss cita ainda as técnicas do nascimento e da
obstetrícia. Segundo ele, "Buda nasce u estando sua mãe, Mãya, agarrada,
reta, a u m ramo de árvore. Ela deu ã luz e m pé. Boa parte das mulheres da
Índia ainda dão à luz desse modo". Para nós, a posição normal é a mãe
deitada sobre as costas, e entre os Tupis e outros índios brasileiros a posição
é de cócoras. Em algumas regiões do meio rural existia m cadeiras especiais
para o parto sentado. Entre estas técnicas pode-se incluir o chamado parto
sem dor e provável mente muitas outras modalidades culturais que estão ã
espera de um cadastramento etnográfico. Dentro de uma mesma cultura, a
utilização do corpo é diferenciada em função do sexo. As mulheres sentam,
caminham, gesticulam etc. de maneiras diferentes das do homem (LARAIA,
2001, p. 69).
Então, o que podemos pensar a partir da citação de Laraia (2001)? Fica nítido que todos os
seres humanos são dotados do mesmo equipamento anatômico, contudo, sua utilização não varia
de uma determinação genética – ou biológica – mas, é dependente de um aprendizado – através
da cópia de padrões culturais do grupo – dentro de determinada cultura.
A culinária também pode ser um ótimo exemplo para refletirmos acerca da diversidade
cultural. É evidente que o ser humano recupera a sua energia, a sua força de trabalho, por
intermédio do ato de se alimentar. Esta ação pode ser feita de formas distinta e com alimentos
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discrepantes. Por exemplo, os pratos típicos brasileiros divergem dos pratos tradicionais do
Japão. Embora, as diferença não se findam apenas no tipo de comida. Há de se perceber que
nós, brasileiros, utilizamos talheres no momento da degustação, ao passo que, os japoneses
usam o hashi2.
Ainda sobre as questões envoltas no processo de alimentação, Laraia (2001) expõe:
Em algumas sociedades o ato de comer pode ser público, em outras uma
atividade privada. Alguns rituais de boas maneiras exigem um forte arroto,
após a refeição, como sinal de agrado da mesma. Tal fato, entre nós, seria
considerado, no mínimo, como indicador de má educação. Entre os latinos, o
ato de comer é u m verdadeiro rito social, segundo o qual, em horas
determinadas, a família deve toda sentar-se à mesa, com o chefe na
cabeceira, e somente iniciar a alimentação, em alguns casos, após mia prece
(LARAIA, 2001, p. 69-70).
Então, se os seres humanos, como dito anteriormente, enxergam o mundo através da lente
que cada cultura dispõe e, assim, moldam seus costumes, gostos e atos ao longo da vida,
podemos pensar a cultura se manifestando de diversas formas nos distintos espaços de
socialização. Mesmo com o fato dos indivíduos perceberem o mundo através de sua própria
cultura, propiciando a humanidade uma infinidade de formas de percepção da realidade, uma
consequência negativa decorre deste processo.
Naturalmente o ser humano, por se moldar dentro de sua cultura, tem a tendência de
considerar o seu modo de vida o mais correto e o mais natural. Tal constante, responsável, em
casos extremos, por conflitos sociais, é denominada de etnocentrismo.
Os comportamentos etnocêntricos trazem apreciações negativas dos padrões culturais de
sociedades distintas. Ou seja, as práticas, costumes e atos de outros sistemas culturais são
apontadas como irracionais, absurdas e imorais. Nas palavras de Laraia (2001): ―tais crenças
contêm o germe do racismo, da intolerância, e, frequentemente, são utilizadas para justificar a
violência praticada contra os outros‖ (LARAIA, 2001, p. 71).
Discrepante ao modelo etnocêntrico está o multiculturalismo. O multiculturalismo pressupõem
um que existem processos de encontro, contato, troca e interação entre as culturas. Peter Burke
(2003) considera que atualmente todas as tradições culturais estão, de alguma forma, em contato.
Assim, devemos pensar no multiculturalismo enquanto uma maneira de legitimar a convivência
entres diferentes valores, tradições, crenças, isto é, de culturas.
Justamente por reconhecer e conceder validade a todas as formas culturais, o
multiculturalismo deve ser interpretado enquanto uma fonte de reconhecimento e de abertura para
novas possibilidades, trazidas pelo contato entre culturas díspares. Logo, o ―multiculturalismo se
opõe ao etnocentrismo, que é uma dificuldade de pensar a diferença e se considerar como centro
do universo e superior aos demais. O etnocentrismo valoriza os preconceitos raciais e se opõe à
relativização‖ (FERRETTI, 2008).
Sendo o multiculturalismo o reconhecimento dos diversos modos de pensar na cultura, o
relativismo cultural é a consequência do reconhecimento da incapacidade de hierarquizar as
culturas entre ou primitivas ou evoluídas. O ramo da antropologia social foi o responsável por
trazer esta ideia à luz, demonstrando que um determinado feito cultural somente pode ser
considerado e entendido dentro da sua própria cultura.

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Hashi é aquela vareta utilizada para pegar o alimento nos países do extremo oriente.

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Você tem cultura?
Roberto DaMatta
Outro dia ouvi uma pessoa dizer que ―Maria não tinha cultura‖, era ―ignorante dos fatos
básicos da política, economia e literatura‖. Uma semana depois, no Museu onde trabalho,
conversava com alunos sobre ―a cultura dos índios Apinayé de Goiás‖, que havia estudado de
1962 até 1976, quando publiquei um livro sobre eles (Um mundo dividido). Refletindo sobre os
dois usos de uma mesma palavra, decidi que esta seria a melhor forma de discutir a ideia ou o
conceito de cultura tal como nós, estudantes da sociedade a concebemos. Ou, melhor ainda,
apresentar algumas noções sobre a cultura e o que ela quer dizer, não como uma simples
palavra, mas como uma categoria intelectual um conceito que pode nos ajudar a compreender
melhor o que acontece no mundo em nossa volta.
Retomemos os exemplos mencionados porque eles encerram os dois sentidos mais
comuns da palavra. No primeiro, usa-se cultura como sinônimo de sofisticação, de sabedoria, de
educação no sentido restrito do termo. Quer dizer, quando falamos que ―Maria não tem cultura‖, e
que ―João é culto‖, estamos nos referindo a um certo estado educacional destas pessoas,
querendo indicar com isto sua capacidade de compreender ou organizar certos dados e situações.
Cultura aqui é equivalente a volume de leituras, a controle de informações, a títulos universitários
e chega até mesmo a ser confundido com inteligência, como se a habilidade para realizar certas
operações mentais e lógicas (que definem de fato a inteligência), fosse algo a ser medido ou
arbitrado pelo número de livros que uma pessoa leu, as línguas que pode falar, ou ao quadros e
pintores que pode, de memória, enumerar. Como uma espécie de prova desta associação, temos
o velho ditado informando que ―cultura não traz discernimento‖... ou inteligência, como estou
discutindo aqui. Neste sentido, cultura é uma palavra usada para classificar as pessoas e, às
vezes, grupos sociais, servindo como uma arma discriminatória contra algum sexo, idade (―as
gerações mais novas são incultas‖), etnia (―os pretos não tem cultura‖) ou mesmo sociedades
inteiras, quando se diz que ―os franceses são cultos e civilizados‖ em oposição aos americanos
que são ―ignorantes e grosseiros‖. Do mesmo modo é comum ouvir-se referências à humanidade,
cujos valores seguem tradições diferentes e desconhecidas, como a dos índios, como sendo
sociedades que estão ―na Idade da Pedra‖ e se encontram em ―estágio cultural muito atrasado‖. A
palavra cultura, enquanto categoria do senso comum, ocupa como vemos um importante lugar no
nosso acervo conceitual, ficando lado-a-lado de outras, cujo uso na vida cotidiana é também muito
comum. Estou me lembrando da palavra ―personalidade‖ que, tal como ocorre com a palavra
―cultura‖, penetra o nosso vocabulário com dois sentidos bem diferenciados. No campo da
Psicologia, personalidade define o conjunto dos traços que caracterizam todos os seres humanos.
É aquilo que singulariza todos e cada um de nós como uma pessoa diferente, com interesses,
capacidades e emoções particulares. Mas na vida diária, personalidade é usada como um marco
para algo desejável e invejável de uma pessoa. Assim, certas pessoas teriam ―personalidade"
outras não! É comum se dizer que "João tem personalidade‖ quando de fato se quer indicar que
"João tem magnetismo", sendo uma pessoa "com presença". Do mesmo modo, dizer que "João
não tem personalidade", quer apenas dizer que ele não é uma pessoa atraente ou inteligente.
Mas no fundo, todos temos personalidade, embora nem todos possamos ser pessoas
belas ou magnetizadoras como um artista da Novela das Oito. Mesmo urna pessoa "sem
personalidade" tem, paradoxalmente, personalidade na medida em que ocupa um espaço social e
físico e tem desejos e necessidades. Pode ser uma pessoa sumamente apagada, mas ser assim
é precisamente o traço marcante de sua personalidade.
No caso do conceito de cultura ocorre o mesmo, embora nem todos saibam disso. De fato,
quando um antropólogo social fala em "cultura", ele usa a palavra como um conceito chave para a
interpretação da vida social. Porque para nós ''cultura" não é simplesmente um referente que
marca uma hierarquia de "civilização" mas a maneira de viver total de um grupo, sociedade, país
ou pessoa. Cultura é, em Antropologia Social e Sociologia, um mapa, um receituário, um código
através do qual as pessoas de um dado grupo pensam, classificam, estudam e modificam o
mundo e a si mesmas.

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É justamente porque compartilham de parcelas importantes deste código (a cultura) que
um conjunto de indivíduos com interesses e capacidades distintas e até mesmo opostas,
transformam-se num grupo e podem viver juntos sentindo-se parte de uma mesma totalidade.
Podem, assim, desenvolver relações entre si porque a cultura lhes forneceu normas que dizem
respeito aos modos, mais (ou menos) apropriados de comportamento diante de certas situações.
Por outro lado, a cultura não é um código que se escolhe simplesmente. É algo que está dentro e
fora de cada um de nós, como as regras de um jogo de futebol, que permitem o entendimento do
jogo e, também, a ação de cada jogador, juiz, bandeirinha e torcida. Quer dizer, as regras que
formam a cultura (ou a cultura como regra) é algo que permite relacionar indivíduos entre si e o
próprio grupo com o ambiente onde vivem. Em geral, pensamos a cultura como algo individual
que as pessoas inventam, modificam e acrescentam na medida de sua criatividade e poder. Daí
falarmos que Fulano é mais culto que Sicrano e distinguirmos formas de "cultura" supostamente
mais avançadas ou preferidas que outras. Falamos então em "alta cultura'' e "baixa cultura" ou
―cultura popular", preferindo naturalmente as formas sofisticadas que se confundem com a própria
ideia de cultura. Assim, teríamos a cultura e culturas particulares e adjetivadas (popular, indígena,
nordestina, de classe baixa, etc.) como formas secundárias, incompletas e inferiores de vida
social.
Mas a verdade é que todas as formas culturais ou todas as "subculturas‖ de uma
sociedade são equivalentes e, em geral, aprofundam algum aspecto importante que não pode ser
esgotado completamente por uma outra "subcultura". Quer dizer, existem gêneros de cultura que
são equivalentes a diferentes modos de sentir, celebrar, pensar e atuar sobre o mundo e esses
gêneros podem estar associados a certos segmentos sociais. 0 problema é que sempre que nos
aproximamos de alguma forma de comportamento e de pensamento diferente, tendemos a
classificar a diferença hierarquicamente, que é uma: forma de exclui-la. Um outro modo de
perceber e enfrentar a diferença cultural é tomar a diferença como um desvio, deixando de buscar
seu papel numa totalidade. Desta forma, podemos ver o carnaval como algo desviante de uma
festa religiosa, sem nos darmos conta de que as festas religiosas e o carnaval guardam uma
profunda relação de complementaridade. Realmente, se no terreno da festa religiosa somos
marcados pelo mais profundo comedimento e respeito polo foco no "outro mundo‖ é porque no
carnaval podemos nos apresentar realizando o justo oposto.
Assim, o carnavalesco e o religioso não podem ser classificados em termos de superior ou
inferior ou como articulados a uma. "cultura autêntica" e superior, mas devem ser vistos nas suas
relações que são complementares. O que significa dizer que tanto há cultura no carnaval quanto
na procissão e nas festas cívicas, pois que cada uma delas é um código capaz de permitir um
julgamento e uma atuação sobre o mundo social no Brasil. Como disse uma vez, essas festas nos
revelam leituras da sociedade brasileira por nós mesmos e é nesta direção que devemos discutir o
conteúdo e a forma de cada cultura ou subcultura em uma sociedade (veja-se o meu livro,
Carnavais; Malandros e Heróis).
No sentido antropológico, portanto, a cultura é um conjunto de regras que nos diz como o
mundo pode e deve ser classificado. Ela, como os textos teatrais, não pode prever completamente
como iremos nos sentir em cada papel que devemos ou temos necessariamente que
desempenhar, mas indica maneiras gerais e exemplos de como pessoas que viveram antes de
nós os desempenharam. Mas isso não impede, conforme sabemos, emoções. Do mesmo modo
que um jogo de futebol com suas regras fixas não impede renovadas emoções em cada jogo.
É que as regras apenas indicam os limites e apontam os elementos e suas combinações
explícitas. O seu funcionamento e, sobretudo, o modo pelo qual elas engendram novas
combinações em situações concretas é algo que só a realidade pode dizer. Porque embora cada
cultura contenha um conjunto finito de regras, suas possibilidades de atualização, expressão e
reação em situações concretas, são infinitas.
Apresentada assim, a cultura parece ser um bom instrumento para compreender as
diferenças entre os homens e as sociedades. Elas não seriam dadas, de uma vez por todas, por
meio de um meio geográfico ou de uma raça, como diziam os estudiosos do passado, mas em
diferentes configurações ou relações que cada sociedade estabelece no decorrer de sua história.
Mas é importante acentuar que a base destas configurações, é sempre um repertório
comum de potencialidades. Algumas sociedades desenvolveram algumas dessas potencialidades
mais e melhor do que outras, mas isso não significa que elas sejam mais pervertidas ou mais
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adiantadas. 0 que isso parece indicar é, antes de mais nada, o enorme potencial que cada cultura
encerra, como elemento plástico, capaz de receber as variações e motivações dos seus membros,
bem como os desafios externos. Nosso sistema caminhou na direção de um poderoso controle
sobre a natureza, mas isso é apenas um traço entre muitos outros. Há sociedades na Amazônia
onde o controle da natureza é muito pobre, mas onde existe urna enorme sabedoria relativa ao
equilíbrio entre os homens e os grupos cujos interesses são divergentes. 0 respeito pela vida que
todas as sociedades indígenas nos apresentam, de modo tão vivo, pois que os animais são seres
incluídos na formação e discussão de sua moralidade e sistema político, parece se constituir não
em exemplo de ignorância e indigência lógica, mas em verdadeira lição, pois respeitar a vida deve
certamente incluir toda a vida e não apenas a vida humana. Hoje estamos mais conscientes do
preço que pagamos pela exploração desenfreada do mundo natural sem a necessária moralidade
que nos liga inevitavelmente às plantas, aos animais, aos rios e aos mares.
Realmente, pela escala destas sociedades tribais, somos uma sociedade de bárbaros,
incapazes de compreender o significado profundo dos elos que nos ligam com todo o mundo em
escala global. Pois é assim que pensam os índios e por isso que as suas histórias são povoadas
de animais que falam e homens que se transformam em animais. Conosco, são as máquinas que
tomam esse lugar...
O conceito de cultura, ou, a cultura como conceito, então, permite uma perspectiva mais
consciente de nós mesmos. Precisamente porque diz que não há homens sem cultura e permite
comparar culturas e configurações culturais como entidades iguais, deixando de estabelecer
hierarquias em que inevitavelmente existiriam sociedades superiores e inferiores. Mesmo diante
de formas culturais aparentemente irracionais, cruéis ou pervertidas, existe o homem a entendê-
las – ainda que seja para evitá-las, como fazemos com o crime - é uma tarefa inevitável que faz
parte da condição de ser humano e viver num universo marcado e demarcado pela cultura. Em
outras palavras, a cultura permite traduzir melhor a diferença entre nós e os outros e, assim
fazendo, resgatar a nossa humanidade no outro e a do outro em nós mesmos. Num mundo como
o nosso, tão pequeno pela comunicação em escala planetária, isso me parece muito importante.
Porque já não se trata somente de fabricar mais e mais automóveis, conforme pensávamos em
1950, mas desenvolver nossa capacidade para enxergar melhores caminhos para os pobres, os
marginais e os oprimidos. E isso só se faz com uma atitude aberta para as formas e configurações
sociais que, como revela o conceito de cultura, estão dentro e fora de nós.
Num país como o nosso, onde as formas hierarquizantes de classificação cultural sempre
foram dominantes, onde a elite sempre esteve disposta a autoflagelar-se dizendo que não temos
uma cultura, nada mais saudável do que esse exercício antropológico de descobrir que a fórmula
negativa - esse dizer que não temos cultura é, paradoxalmente, um modo de agir cultural que
deve ser visto, pesado e talvez substituído por uma fórmula mais confiante no nosso futuro e nas
nossas potencialidades.

Exercício:
A partir do texto acima e do conteúdo estudado, responda as questões abaixo:
1- O que é cultura? Disserte sobre a diferença entre as possíveis abordagens do conceito de
cultura.
2- Qual a importância do conceito antropológico de cultura?

1.3-Cultura Erudita e Cultura Popular


Ao analisar o ―Renascimento‖, movimento cultural surgido no norte da Itália, nos séculos XIV
e XV, percebemos que ele estava ligado a uma determinada parcela da população da Europa: a
burguesia.
A burguesia era formada por comerciantes que tinham como objetivo principal o lucro, através
do comércio de especiarias vindas do oriente. Esse segmento da sociedade conquistou não
apenas novos espaços sociais e econômicos, mas também procurou resgatar ou fazer renascer
antigos conhecimentos da cultura greco-romana. Daí o nome Renascimento.
A burguesia não apenas assimilou esses conhecimentos como, ainda, acrescentou outro,
ampliando o seu universo cultural. Por exemplo, ao tentar reviver o teatro de Sófocles e Eurípedes
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(que viveram na Grécia antiga), os poetas italianos do século XVI substituíram a simples
declaração pela recitação contada dos textos acompanhada por instrumentos musicais. Dessa
forma, acabaram por criar um novo gênero a ―ópera‖.
Desde a sua origem, a burguesia preocupou-se com a transmissão desse conhecimento a
seus pares. A partir daí, então, foram surgindo instituições como as universidades, as academias
e as ordens profissionais (advogados, médicos, engenheiros e outros). Com o passar dos séculos
e com o processo de escolarização, a cultura dessa elite burguesa tomou corpo, desenvolveu-se
com base em técnicas racionalistas e científicas. Surgiu assim a cultura erudita.
Essa cultura ―erudita‖, ou ―superior‖, também designada de ―elite‖, foi se distanciando da
cultura, da maioria da população, pois era feita pela e para a burguesia. Por isso, ao pensarmos
em cultura erudita, imediatamente concluímos que seus produtores fazem, parte de uma elite
política, econômica e cultural que pode ter acesso ao saber associado à escrita, aos livros, ao
estudo.
A cultura popular, por sua vez, mais próxima do senso comum e mais identificada com ele, é
produzida e consumida pela própria população, sem necessitar de técnicas racionalizadas e
científicas. É uma cultura em geral transmitida oralmente, registrando as tradições e os costumes
de um determinado grupo social. Da mesma forma que a cultura erudita, a cultura popular alcança
formas artísticas expressivas e significativas. Vale ressaltar que, ao afirmar que os produtores da
cultura erudita fazem parte de uma elite não significa dizer que essa cultura seja homogênea, é
impossível definir cultura erudita, porque não podem ser homogeneizados os elementos culturais
produzidos por intelectuais, fazendeiros, empresários, burocratas, etc. porém, é igualmente
impossível definir cultura popular, dada as populações culturais diferenciadas de camponeses,
operários, classe média baixa, etc.
De qualquer forma, não podemos perder de vista que o espaço reservado na sociedade para
cada uma das duas culturas é bastante diferenciado, este é um dos aspectos que diferencia essas
duas culturas: enquanto a cultura erudita é transmitida pela escola e confirmada pelas instituições
(governo, religião, economia), a cultura popular não é oficial, é a do povo comum, ela expressa
sua forma simples de conceber a realidade.
É importante ressaltar que a cultura é dinâmica, por isso, tanto a cultura popular quanto a
cultura erudita estão sempre, com maior ou menor intensidade, incorporando e reconstruindo
novos elementos culturais sem perder a sua essência expressiva.

1.4- Indústria Cultural


A partir do final do século XX, a industrialização em larga escala atingiu, também, os
elementos da cultura erudita (pertencente a uma elite que pode ter acesso ao saber associado à
escrita, aos livros, ao estudo) e da cultura popular (aquela de senso comum produzida e
consumida pela própria população, sem necessidade de técnicas racionalizadas e científicas,
transmitida oralmente, registrando as tradições e os costumes de um determinado grupo social). O
incessante desenvolvimento da tecnologia, tornando-a cada vez mais sofisticada, principalmente
nos meios de comunicação de massa (p.ex. cinema, rádio, televisão), passou a atingir um
grande número de pessoas, dando origem à ―cultura de massa‖.
Ao contrário das culturas erudita e popular, a cultura de massa não está ligada a nenhum
grupo social especifico, pois é transmitida de maneira industrializada, para um público
generalizado, de diferentes camadas socioeconômicas. O que temos, então, é a formação de um
enorme mercado de consumidores em potencial, atraídos pelos produtos oferecidos pela indústria
cultural. Esse mercado constitui o que chamamos de ―sociedade de consumo‖.
Em "Dialética do Iluminismo", texto clássico escrito em 1947 por Adorno e Horkheimer,
pertencentes à Escola de Frankfurt, define-se indústria cultural como um sistema político e
econômico que tem por finalidade produzir bens de cultura (p.ex. filmes, livros, música popular)
como mercadorias e como estratégia de controle social. Desta maneira, filmes e músicas de
quaisquer gêneros são vendidos não como bens artísticos ou culturais, mas como produtos de
consumo e, por consequência, ao invés de contribuírem para formação de cidadãos críticos,
manteriam as pessoas "alienadas" da realidade.
Em outras palavras, “Indústria cultural” é o termo empregado para designar o modo de
fazer cultura a partir da lógica da produção industrial que possui padrões que se repetem com a

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intenção de formar uma estética ou percepção comum voltada para o consumismo, a arte passa a
ser produzida visando o lucro.
Com a industrialização dos elementos da cultura erudita e da popular, o produto cultural irá se
apresentar de uma forma esteticamente nova e diferente. Podemos tomar como exemplo a
gravação de uma sinfonia de Beethoven executada com o auxílio de sintetizadores e outros
aparelhos de alta tecnologia, cujo ritmo e som diferentes quase original uma nova obra. A indústria
cultural, utilizando-se dos meios de comunicação de massa, primeiramente lança seu produto em
grande quantidade (tiragens de milhões de discos, por exemplo) e depois induz as pessoas a
consumirem esse produto, apelando para outras razões além de seu valor artístico.
A cultura de massa, ao divulgar através dos meios de comunicação produtos culturais de
diferentes origens (erudita ou popular), possibilita o seu conhecimento por diferentes camadas
sociais, criando também um campo estético próprio e atraente voltado para o consumo
generalizado da sociedade.

ESCOLA DE FRANKFURT
O termo "Escola de Frankfurt" surgiu informalmente para se referir aos pensadores afiliados
ou meramente associados com o Instituto para Pesquisa Social da Universidade de Frankfurt
criado no ano de 1924. Entre os principais pensadores desta escola, podemos destacar Theodor
Adorno, Max Horkheimer, Herbert Marcuse, Walter Benjamin, (representantes da primeira geração
da Escola de Frankfurt) e Jürgen Habermas e Karl Otto Apel (representantes da segunda
geração). Suas teorias críticas foram influenciadas principalmente por pensadores como Kant,
Hegel, Karl Marx, Max Weber, Freud e Lukács.
A Escola de Frankfurt surgiu com o propósito de tentar formular uma teoria social capaz de
interpretar as grandes mudanças que estavam ocorrendo no início do século XX, buscando
compreender um mundo que havia acabado de superar a Primeira Guerra Mundial e se
encontrava sob o avanço dos governos totalitários na Europa como o nazismo (1933-1945),
sofrendo as consequências da Segunda Grande Guerra. Este contexto levou os autores a se
voltarem para uma reflexão sobre a sociedade moderna. Entre a diversidade de temas e debates
nos quais estiveram envolvidos os teóricos da Escola de Frankfurt podemos destacar as
investigações sobre a multiplicação dos meios de comunicação e a dissolução das fronteiras entre
informação, consumo, entretenimento e política ocasionada pela mídia, possuindo suas
preocupações voltadas para os efeitos nocivos da mídia na formação crítica de uma sociedade.
Os estudos dos filósofos de Frankfurt ficaram conhecidos como Teoria Crítica. A Teoria
Crítica realizou uma incorporação do pensamento de filósofos "tradicionais", colocando-os em
tensão com o mundo presente, buscando analisar as condições sociopolíticas e econômicas de
sua aplicação visando à transformação da realidade, isto é, orientada para a emancipação social.
Um exemplo de como isso funciona é a análise dos meios de comunicação caracterizados como
indústria cultural.

1.4.1- Meios de Comunicação de Massa – Instrumentos de Poder


Vivemos em uma era interligada em que pessoas de todo o planeta participam de uma única
ordem informacional uma situação que é, em grande parte, resultado do alcance internacional das
comunicações modernas. As transformações na mídia ou nas comunicações de massa
contribuem radicalmente na alteração da vida das pessoas e suas relações no meio sociocultural.
Quando se fala em mídia de massa ou comunicação de massa está se referindo a uma ampla
variedade de formas de meios de comunicação que abrange um volume de audiência enorme e
que envolve milhões de pessoas em toda uma sociedade moderna e globalizada como a nossa.
São meios de comunicação de massa: a televisão, os jornais, o cinema, as revistas, o rádio, a
publicidade, vídeos games, CDs, internet, celulares e etc.
A mídia de massa não pode mais ser vista como um simples meio de entretenimento, como
se fosse algo que não interferisse na vida das pessoas; as comunicações de massa são
instrumentos de informação que influência em nossa forma de pensar e agir, atingindo o
comportamento individual, social, cultural e institucional; como o caso da alteração de valores
sociais dos jovens, as banalidades de questões sociais (pobreza, desemprego, violência,

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corrupção) e a opinião pública (posicionamento reflexivo e prático das pessoas em determinadas
situações especificas sobre questões socioeconômicas, política-jurídico e cultural-ideológica).
Os donos dos meios de comunicação de massa são os novos donos de um poder moderno e
tecnológico, pois eles têm em suas mãos instrumentos que podem influenciar, controlar, manipular
ou interferir nas estruturas sociais, seja nas instituições sociais, econômicas ou políticas; a mídia
de massa tem dono, são grupos de pessoas que vivem de lucro, logo suas empresas estão a
serviço de seus interesses, que com certeza não é o da sociedade como um todo. Os meios de
comunicação de massa se relacionam intimamente com o capitalismo. A mídia exerce seu poder
de uma forma ideológica, camuflando suas intenções através da exposição de marketing
sistematicamente e intensivamente visando incutir na cabeça das pessoas perspectivas alheias
aos seus próprios interesses. Isso acontece, por exemplo, na veiculação de comerciais, novelas,
filmes, desenhos, programas, séries, telejornais ou jornais escritos, revistas, rádios e etc.

1.5 – Identidade
A identidade é um conceito importante que devemos entender. Todas as pessoas se
identificam com alguma coisa e, também, recorrentemente usamos essa palavra em nosso
cotidiano. Mas, para as ciências sociais o que ela significa?
Vamos pensar nos seguintes termos: o que define um povo, apesar disto compor sua cultura,
não é uma mera demarcação territorial ou sua língua, mas, todo um conjunto de características –
sociais, políticas e culturais – que o fazem um grupo identitário, se diferenciado, assim, de outros
grupos.
Logo, o que faz um determinado povo se diferenciar de outro é justamente a identidade.
Portanto, a identidade:
Propicia a sensação de pertencimento, fazendo com que cada indivíduo
divida a sociedade em dois grupos: nós e eles. Os que são como eu e os que
não são. Desse modo, sabemos quem somos por sabermos que não somos o
outro. A identidade, portanto, é definida pela diferença, estabelecida por uma
marcação simbólica relativa a outras identidades (ARAUJO, 2012).
A identidade está internalizada em nós. Assim, muitas vezes, suas caraterísticas passam
despercebidas, a ponto de indivíduos perceberem que fazem parte de um grupo somente quando
são postos à frente de um outro grupo identitário.
Na modernidade, a consolidação de grandes identidades coletivas foi um marca importante,
principalmente aquelas originadas pelas condições de existência, como as identidades de classe
ou nacionais. Entretanto, nas últimas décadas, as transformações sociais ocorridas em todas as
sociedades modificaram os elementos constituintes das identidades. Nesse contexto, identidades
são construídas em relação a demandas específicas de diferentes grupos, definidos com base em
critérios como etnia, gênero etc.
Para a Antropologia, a identidade ela não é inata, sendo a mesma construída. Ela é
construída, justamente, por intermédio de nossas relações sociais, crenças e costumes. Logo, no
próprio indivíduo várias identidades podem ter espaço. Por exemplo, uma pessoa pode se
identificar como ―homem‖, ―católico‖ e ―de esquerda‖. Todas essas formas de enxergar o mundo,
são identidades. As identidades, para a antropologia, não devem ser hierarquizadas, umas como
mais evoluídas do que outras.
Continuando, a identidade não deve ser apenas uma questão de uso de objetos. Por
exemplo, se identificar enquanto ―índio‖ não deve ser interpretada como uma questão de usar
arco, flecha e pintar o rosto. Ser ―índio‖ é muito mais do que isso. Para os antropólogos, a
temática tange a um modo de ser e não um modo de aparecer. Ou seja, o índio não deixa de ser
índio por não usar coisas ligadas a tradição, e muito menos deixa de ser por usar coisas advindas
de outras culturas. Nós, brasileiros, por exemplo, usamos uma série de coisas de outras culturas e
não deixamos, ainda, de ser brasileiros. Eduardo Viveiros de Castro (2006), ilustra bem a questão:
A indianidade designava para nós um certo modo de devir, algo
essencialmente invisível mas nem por isso menos eficaz: um movimento
infinitesimal incessante de diferenciação, não um estado massivo de
―diferença‖ anteriorizada e estabilizada, isto é, uma identidade. (Um dia seria
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bom os antropólogos pararem de chamar identidade de diferença e vice-
versa.) A nossa luta, portanto, era conceitual: nosso problema era fazer com
que o ―ainda‖ do juízo de senso comum ―esse pessoal ainda é índio‖ (ou ―não
é mais‖) não significasse um estado transitório ou uma etapa a ser vencida. A
ideia é a de que os índios ―ainda‖ não tinham sido vencidos, nem jamais o
seriam. Eles jamais acabar(i)am de ser índios, ―ainda que‖... Ou justamente
porquê. Em suma, a ideia era que ―índio‖ não podia ser vistocomo uma etapa
na marcha ascensional até o invejável estado de ―branco‖ ou ―civilizado‖
(VIVEIROS DE CASTRO, 2006).

FIGURA 1- Fonte: http://alessandrafaria.com/wp-content/uploads/2013/04/os-%C3%ADndios-


artesanato_indigena.bmp

Isto é, a questão da identidade é uma questão múltipla. Novas identidades estão sempre com
a possibilidade de surgir, devido ao contato entre as culturas. Contudo, as ―antigas‖ identidades
também estão presentes no espaço. Cabe somente ao indivíduo perceber e pensar como se situar
perante a este fator.

DIVERSIDADE CULTURAL-Identidade, igualdade e diferença


A ideia de igualdade não é uma ideia facilmente aceitável na cultura humana. Desde as mais
antigas civilizações, o homem buscou suas diferenças: de origem, de nacionalidade, de classe
social. Toda a antiguidade conheceu ideologias que pregavam diferenças no interior de uma
sociedade e entre sociedades. Os hindus consideravam-se originários de partes diferentes do
deus Brama ..., o que os tornaria radicalmente diferentes entre si. ... Para os patrícios romanos,
por exemplo, um plebeu era um ser muito diferente, e um não-romano era um bárbaro. Portanto,
estabelecer diferenças parece ter sido sempre uma tendência da humanidade, para, por meio
delas, procurar definir a essência humana e a razão de sua existência.
Do cristianismo até a atualidade, a ideia de igualdade entre os homens foi se
consolidando. Foi a partir do cristianismo que emergiu na sociedade a noção de igualdade. O
princípio de que todos, sem exceção, somos filhos de Deus era absolutamente novo num mundo
que procurava sempre identificar um único e verdadeiro povo escolhido. Concebida a ideia da
igualdade original, a ela associou-se a ideia de bondade, caridade e vontade divina.
Nos séculos seguintes essa ideia de igualdade entre os homens foi se desenvolvendo e se
firmando, surgindo novos aspectos dessa igualdade: vontade, liberdade e, enfim, igualdade
jurídica e civil. Sempre mais no discurso que do que na ação, reconheceu-se que todos os
homens têm direito à justiça, ao trabalho, à liberdade, e assim por diante.
O socialismo procurou mostrar que a estrutura de classes sociais era responsável pelas
diferenças entre os homens e a causa de todas as outras desigualdades – de educação, de
interesses, de consciência. Assim, lutou por abolir as diferenças de classe para que se
instaurasse uma sociedade realmente igualitária. A ideia teve milhões de adeptos e muitos
morreram por ela.
O capitalismo, por sua vez, responsável por inúmeras novas diferenças entre os homens,
desenvolveu, por outro lado, a indústria de massa, geradora de grande homogeneização no
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mundo, diluindo diferenças e padronizando estilos de vida e consumo. Associada ao Marketing e
aos meios de comunicação, a globalização, no século XX, é uma tendência crescente.
A igualdade tende a se restringir às garantias da lei, na maioria dos países do mundo,
pois na prática é negada pelos preconceitos e pelas diferenças sociais e econômicas.
COSTA, Cristina. Sociologia – Introdução à Ciência da Sociedade. SP: Ed. Moderna, 2010.

2- DESIGUALDADE SOCIAL – classe, gênero e etnia

Todo indivíduo, grupo ou posição social tem tantas identidades quanto relações com outros
indivíduos, grupos ou posições sociais. Segundo Charles Tilly (2006), as categorias sempre geram
diferenças, mas não necessariamente desigualdade. A desigualdade é uma relação entre pessoas
ou conjunto de pessoas na qual a interação gera mais vantagens para um dos lados. O grau de
desigualdade varia conforme época e lugar, mas sempre existiu, com um dos lados da fronteira
possuindo mais recursos, como: meios de coerção; terras; trabalho; máquinas; capital financeiro;
informações; e agora o conhecimento técnico e científico, e o controle sobre sua produção e
distribuição – especialmente aquele que permite melhorar ou arruinar a vida humana.

2.1- Desigualdade Econômica


No sistema de estratificação por classes o aspecto social está diretamente relacionado com o
aspecto econômico. Segundo a teoria Marxista, nas sociedades capitalistas existem basicamente
duas classes sociais em relação ao processo de produção: burguesia (proprietários) e proletariado
(não-proprietários). Já para Max Weber, classe é todo grupo humano que se encontra em igual
situação de classe, ou seja, os membros de uma classe têm as mesmas oportunidades de acesso
a bens, a posição social e a um destino comum. Assim, a sociedade pode ser classificada quanto
ao seu nível de consumo, que é reflexo do seu nível de renda.
Atualmente, os tipos de diferenciação de classes nas sociedades capitalistas mais usuais são
mais complexos, diferentemente do modelo dicotômico de Marx, admitindo classes intermediárias,
pela posição ocupacional, ou qualificação profissional, por exemplo. Esse tipo de análise, com
enfoque na propriedade de ativos de capital e controle de ativos de qualificação, é utilizado por
Wrigth (2007) e por Figueiredo (2005).
Com um argumento fundamentado na teoria Marxista, Wrigth (2007) explica que o sistema
capitalista cria e reproduz uma ordem social desigual. Ele limita a democracia com o direito à
propriedade privada e, através desse direito, promove mudanças que afetam a vida de toda a
coletividade. Gera uma abundância de oferta de força de trabalho e ao mesmo tempo desenvolve
mecanismos que minam a resistência do trabalhador para que produza mais com menor
investimento em recursos humanos. A distribuição de empregos é desigual quantitativa e
qualitativamente, na medida em que homens e mulheres (chefes de família e sem escolaridade)
ficam sem emprego ou subempregados. E nos momentos de crise, essa lógica do lucro leva a
adoção de critérios de redução de custos que atrapalham a vida das pessoas, muitas vezes
habilidosas e competentes, que são demitidas no auge da sua carreira e da sua capacidade
produtiva.
O crescimento econômico associado à políticas socais podem provocar alterações na
pirâmide social, conforme ilustra a figura abaixo.

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FIGURA 2

2.2- Desigualdade de Gênero


O pensamento comum busca as diferenciações entre homem e mulher nas características
naturais, por exemplo, o fato de a mulher ter útero e poder gestar um ser humano, não significa
que toda mulher é feita para ―ser mãe‖. Ao contrário disso, as ciências sociais vêm para reafirmar
que a diferenciação entre os comportamentos feminino e masculino são derivações da cultura e
do meio em que o indivíduo nasceu. Os gostos, as maneiras de se vestir e a preferência sexual
são constituídas a partir do ambiente em que os seres humanos crescem e se desenvolvem como
aponta Simone de Beauvoir, ―não se nasce mulher, torna-se mulher‖.
A desigualdade de gênero, a homofobia e a discriminação baseada em critérios de orientação
sexual estão entre as injustiças sociais e formas de violência que persistem em diversas
sociedadese também na sociedade brasileira, apesar do seu processo de modernização. Para a
Sociologia, estas questões estão inseridas em um tipo específico de desigualdade, relacionado ao
que ficou conhecido nas Ciências Humanas como questão de gênero. Também são classificados
como questão de gênero os problemas relativos ao preconceito contra homossexuais (homofobia)
e transgêneros.
Para entendermos como é socialmente importante a definição de nossa identidade de gênero,
basta observar as expectativas sociais que antecedem um nascimento. Antes mesmo que a
criança venha ao mundo, sua identidade já começa a ser definida no ambiente social. Em um
cenário familiar tradicional, todos querem saber se o bebê será menino ou menina, e essa
expectativa define o nome da criança, o enxoval e os brinquedos. Até seu futuro é planejado. A
importância de uma construção de identidade anterior ao nascimento demonstra que em nossa
sociedade a definição de ―quem você é‖ está relacionada intimamente com o gênero e a
sexualidade.
A relação degênero formada por homens e mulheres énorteada pelas diferenças biológicas,
que geralmente são transformadas em desigualdades e que tornam o ser mulher vulnerável à
exclusão social. O lugar simbólico do homem e da mulher determina diferenças entre os
indivíduos que vão além da sua estrutura anatômica, o que torna possível o desenvolvimento de
relações de dominação com base no gênero, como o patriarcado. As relações entre homens e
mulheres, ao longo dos séculos, mantêm caráter opressor em relação à mulher. À mulher sempre
foi atribuída as funções domésticas e de reprodução, sendo designada à mulher a condição de
inferior, que tem sido reproduzida pela maioria dos formadores de opinião, através das instituições
e interações sociais que ocorrem nas áreas (do trabalho, da educação, da cultura, do poder
político, etc.).As permanências da sociedade patriarcal e do androcentrismo estão entre as
principais explicações para esse fenômeno.

Patriarcado e Androcentrismo
O Patriarcado é uma forma de organização social na qual as mulheres são hierarquicamente
subordinadas aos homens e os jovens são submetidos aos mais velhos. A sociedade patriarcal
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valoriza as atividades culturalmente convencionadas como masculinas a ponto de determinar
papéis sociais e sexuais nos quais o masculino tem vantagens e privilégios; simultaneamente,
institui o controlo da sexualidade, do corpo e da autonomia feminina.
O Androcentrismo é a supervalorização do masculino e naturalização da experiência
masculina como princípio universal e normativo da humanidade. Manifesta-se em expressões
convencionais que tornam o homem como representante de toda a espécie, as quais servem para
legitimar o patriarcado. Exemplos: ―direitos do homem‖, ―evolução do homem‖, ―ciências do
homem‖, ―pais‖).

Gênero é uma construção social, assim as concepções que assimilamos como sendo
masculinas ou femininas na nossa sociedade não são definitivas. No livro, Sexo e
Temperamento, Margareth Mead estuda as relações de gênero em três tribos: Arapesh,
Mundugumor e Tchambuli. Um dos objetivos da antropóloga com a pesquisa era observar até que
ponto as diferenças sexuais eram inatas ou culturalmente construídas. Assim, em cada tribo,
levanta elementos diferentes para os comportamentos femininos e masculinos.
Na tribo Arapesh, apesar do homem e da mulher realizarem funções diferentes, não existe
distinção entre o seu comportamento, pois o objetivo principal é o apoio total no crescimento dos
filhos. A menina Arapesh vai ainda criança morar com a família do marido, sendo ele o
responsável por alimentá-la e cuidá-la para que cresça bem e saudável. Há um tabu acerca do
crescimento da menina, que se for iniciada sexualmente antes pode ficar feia ou não crescer
adequadamente. Depois do casamento, a preparação do casal é para o recebimento do filho, a
maternidade é uma relação entre pai e mãe. Quando a criança nasce existem regras para os pais
seguirem até o seu crescimento, por exemplo, não ter relação sexual entre si até a criança atingir,
mais ou menos, os dois anos de idade. A segunda tribo é os Mundugumor, onde o comportamento
feminino e masculino é violento. Para entender essa relação conflituosa, é preciso compreender a
configuração do parentesco na tribo. O pai tem maior proximidade com as filhas, ele deseja ter
muitas meninas, porque estas podem ser trocadas por outras esposas. O homem quanto mais
esposas possuir é considerado rico, pois são elas responsáveis pela secagem do fumo, objeto de
riqueza na sociedade estudada. A esposa, por sua vez, nunca deseja engravidar, porque se nasce
uma mulher, a chance é que a casa receba outra matriarca, ao mesmo tempo, o pai não deseja a
gravidez da esposa, pois se nasce um menino, este pode usar uma das irmãs como objeto de
troca por esposas. Portanto, nesta sociedade os laços familiares e os comportamentos dos
gêneros são baseados no confronto e na disputa. A última tribo apresentada no livro são os
Tchambuli, em que o comportamento feminino e masculino é distinto. A mulher é quem pesca,
detém a posição de poder na sociedade, controlando o lucro das relações de comércio, e tem a
opção de escolher o parceiro para a união matrimonial. Enquanto os homens se preocupam com
as atividades cerimoniais, cuidando dos ornamentos e das atividades artísticas, são os chefes da
família, porém quem estipula as regras são as esposas.
Estes exemplos são muito interessantes para esclarecer como o papel social do
homem e da mulher varia de sociedade para sociedade, assim não há nenhum fator
biológico ou natural que justifique a posição de opressão de um gênero sobre o outro.
Ao longo dos séculos movimentos feministas tentam reverter essa situação de opressão
buscando a equidade entre os sexos. Hoje, as mulheres ocupam boa parte das posições no
mercado de trabalho e estão em maior número em grau de instrução elevado. Porém, continuam
lutando pela ―libertação‖, por uma igualdade de fato. Ainda tentam se desvincular dos atributos
domésticos, o que acarreta uma dupla jornada de trabalho, muitas vezes combinada com os
estudos; luta para acabar com diferenças de oportunidades na ocupação de postos de trabalho
elevados e diferenças salariais em relação aos homens. Ográfico abaixo demonstra a evolução da
participação feminina no mercado de trabalho.

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FIGURA 3 - Taxas de participação na PEA, por sexo, Brasil – 1950-2010. Fonte: Censos
demográficos do IBGE.

Também há a luta contra a violência que, apesar da implementação da ―Lei Maria da Penha‖
pela prevenção, punição e erradicação da violência contra mulher, vem aumentando muito nos
últimos anos, como expressa a evolução do número de homicídios retratada no gráfico abaixo.

FIGURA 4

Segundo dados do IBGE - Censo de 2010, no Brasil, a renda das mulheres representa 70%
do ganho dos homens. No gráfico abaixo mostra a diferença de rendimentos entre gêneros por
região do mundo em 2014.

FIGURA 5

Dentro do debate sobre desigualdade de gênero foram incorporados estudos sobre a vida de
gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros (LGBT). A orientação sexual dos indivíduosnão são
determinadaspor sua natureza biológica. Alguns se sentem atraídos somente por pessoas do sexo
oposto (heterossexuais), outros sentem atração por pessoas do mesmo sexo (homossexuais), e
ainda há quem sinta atração por pessoas de ambos os sexos (bissexuais). Outro exemplo seriam
os travestis,que utilizam roupas e adereços que as identifiquem socialmente com o gênero oposto.
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As diferenças entre as definições de sexo, gênero e sexualidade
Os conceitos de sexo, gênero e sexualidade não significam a mesma coisa. Podemos definir
sexo como o conjunto de características físicas de um ser humano, relacionadas aos seus
aspectos anatômicos. Gênero é a classificação culturalmente construída do que é masculino e
feminino e que orienta a definição de identidades de gênero e estabelece papéis sociais para cada
um deles. Na constituição da identidade de gênero somos influenciados por convenções,
estereótipos e expectativas construídas no processo de socialização. Assim, essa construção é
uma ação contínua, complexa e dinâmica que envolve tanto os diferentes elementos da formação
subjetiva quando o contexto histórico, político e cultural. Já sexualidade é a orientação de desejo
sexual e afetivo, vinculada à representação social ou subjetiva da identidade de gênero. Portanto,
não é determinada pela constituição biológica do indivíduo. O conceito de gênero está associado
à vivência da sexualidade no ambiente sociocultural.
Embora as definições de gênero e sexualidade sejam comumente explicadas uma em relação
à outra, algumas pessoas reivindicam que, embora gostem se ―transvestir‖, seus desejos
permanecem heterossexuais. Assim, entre transgêneros ou travestis, é possível encontrar
diversas orientações sexuais. A consideração de tais situações é importante para
compreendermos que os seres humanos encontram diversas formas de viver a sexualidade e de
construir uma identidade de gênero.

Os indivíduos pertencentes ao grupo LGBT costumam ser tratados de forma desigual em


relação aos heterossexuais. O debate, se casais do mesmo sexo podem ou não adotar uma
criança ou se esses casais, no caso de falecimento, devem possuir direito como a herança ou
pensão, ainda é muito controverso. Contudo, com o reconhecimento legal do Supremo Tribunal
Federal, em 2011, esses direitos foram conquistados no Brasil.Se considerarmos a Declaração
Universal dos Direitos Humanos, não faz sentido que um heterossexual tenha mais ou menos
direitos civis que um homossexual.

2.3- Desigualdade Étnica


Ao longo da história da humanidade, foram frequentes os encontros entre grupos sociais
cujas diferenças eram percebidas principalmente pelos traços físicos. Essas características
passaram a servir, então, como critério para classificar os diferentes grupos humanos. Foi o que
aconteceu no período das Grandes Navegações, quando os europeus encontraram os povos
nativos da Ásia, África, Oceania e Américas. As diferenças entre os grupos humanos com base no
fenótipo e sob a premissa do etnocentrismo serviram como justificativas para a exploração dos
povos nativos, disfarçando interesses econômicos e políticos das elites das metrópoles.
Constituía-se assim, uma forma de agir perante outro grupo que conhecemos como racismo. E no
final do século XIX e início do século XX, para explicar a ideia de superioridade entre os grupos
étnicos, foram desenvolvidas teorias raciais e eugênicas. A ideologia racial teve grande sucesso
no Brasil do século XIX. A ideia de superioridade dos brancos europeus foi bem aceita por parte
de intelectuais da época, especialmente entre médicos, advogados e políticos.
Toda ação preconceituosa, discriminatória ou segregacionista perpetrada contra
quaisquer indivíduos e grupos por causa de sua origem étnica é racismo. O racismo supõe a
existência de ―raças‖ humanas e caracterização biogenética de fenômeno puramente sociais e
culturais. Além disso, também é uma modalidade de dominação ou uma maneira de justificar a
dominação de um grupo sobre outro, inspirada nas diferenças fenotípicas da espécie humana.
Etnia é um conjunto de seres humanos que partilham de diferentes aspectos culturais, que
vão da linguagem à religião. São características socioculturais; portanto, são aprendidas, e não
inatas. O uso desse termo se refere principalmente aos processos históricos e culturais
construídos por meio de interação social, e enfatiza que as características biologicamente
herdadas são pouco significativas para categorizar os grupos sociais humanos.
Diferentemente do termo ―raça‖, que evoca uma distinção dada pela origem biológica, etnia e
etnicidade referem-se à praticas socioculturais e históricas que pressupõem a aceitação e
percepção da diversidade cultural humana como elemento positivo em um processo constante de
renovação.
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A estratificação étnica existe quando alguns grupos étnicos conseguem mais recursos de
valor em uma sociedade do que outros. A estratificação étnica é criada e sustentada pela
discriminação que é legitimada pelas crenças preconceituosas. A discriminação e o preconceito
são embasados pela ameaça (econômica, política, social) apresentada de forma real ou
imaginária por um grupo étnico e são ainda sustentados pelos ciclos de reforço dessas crenças e
ameaças.
Quanto mais a sociedade se massifica, mais os grupos sociais buscam sua originalidade. Na
sociedade contemporânea existem, no mesmo espaço geográfico, pessoas provenientes das mais
diversas culturas, das mais diversas partes do mundo e de condição social cada vez mais distinta.
Surgiram grupos que começaram a se distinguir do conjunto da população, e todos competindo
pelo mercado de trabalho e por inúmeros bens que parecem escassos em relação ao número de
consumidores. Não apenas homens e mulheres, e pessoas de classes distintas, mas grupos
como: negros e brancos, nativos e estrangeiros, orientais e ocidentais, passam a definir sua
própria história, justificativas e a elaborar formas de organizar seu leque de reivindicações. Cada
grupo, no esforço de criar e afirmar sua própria identidade promove movimentos (étnicos, raciais,
entre outros), dando à noção de cidadania um novo sentido.

Diferenças entre preconceito, discriminação e segregação


O significado de cada termo é atribuído em relação às disputas de poder político, territorial,
institucional e simbólico em diferentes períodos históricos, cada qual com suas circunstâncias
socioculturais. Os preconceitos de classe, de crença, de etnia, de cultura, entre outros, dão base
para diferentes formas de discriminação e segregação. Essas práticas que expressam estruturas
hierárquicas socialmente construídas, valorizam certos grupos sociais em detrimento de outros.
Os preconceitos são atitudes negativas e desfavoráveis contra uma pessoa, grupo, povo ou
cultura diferente dos daqueles que os manifesta. Fundamentadas em estereótipos negativos –
generalizações superficiais e depreciadoras do outro –, tais atitudes servem de base para
julgamentos prévios. A discriminação é uma atitude ou tratamento diferenciado em relação ao
outro que prejudica uma das partes envolvidas. Discriminar é estabelecer algum tipo de distinção
que, generalizada contra determinado grupo ou indivíduo no convívio social, pode leva-lo à
marginalização ou exclusão, isto é, à estigmatização e ao isolamento social. Esta pode ser direta
ou visível ou indireta ou sutil. Já a segregação é o estabelecimento de uma fronteira social ou
espacial que aumenta as desvantagens de grupos discriminados. É imposta por leis e caracteriza-
se como ação política que busca manter à distância indivíduos e grupos considerados inferiores
ou indesejáveis. Uma forma de violência que é colocada em prática de maneira consciente e
institucional, com base em falsas ideias de superioridade de um grupo sobre outro.
Assim, os métodos de discriminação e segregação materializam processos ideológicos
fundamentados em preconceitos que refletem a hegemonia de um grupo social e a consequente
subordinação dos demais.

Quanto mais a sociedade se massifica, mais os grupos sociais buscam sua originalidade. Na
sociedade contemporânea existem, no mesmo espaço geográfico, pessoas provenientes das mais
diversas culturas, das mais diversas partes do mundo e de condição social cada vez mais distinta.
Surgiram grupos que começaram a se distinguir do conjunto da população, e todos competindo
pelo mercado de trabalho e por inúmeros bens que parecem escassos em relação ao número de
consumidores. Não apenas homens e mulheres, e pessoas de classes distintas, mas grupos
como: negros e brancos, nativos e estrangeiros, orientais e ocidentais, passam a definir sua
própria história, justificativas e a elaborar formas de organizar seu leque de reivindicações. Cada
grupo, no esforço de criar e afirmar sua própria identidade promove movimentos (étnicos, raciais,
entre outros), dando à noção de cidadania um novo sentido.
No Brasil, a rivalidade étnica é marcada pela competição entre brancos e negros. Porém, não
podemos deixar de lembrar que os índios das diversas etnias existentes no Brasil, apesar de
constituir um grupo quantitativamente inferior, também representam uma minoria que luta pelos
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seus direitos. Estes, sob tutela do Estado, não desfrutam de cidadania plena, sendo considerados
incapazes de autogoverno no mundo moderno.

FIGURA 6
Enquanto Gilberto Freyre em Casa-grande e senzala defendeu a ideia de que a integração do
negro, branco e índio foi harmoniosa pela existência de uma ―democracia racial‖, Florestan
denuncia e critica oracismono Brasil. Para ele, o negro não era um problema para a nação. Muito
pelo contrário, afirmava que sempre foram participantes das transformações sociais no país, ainda
que de maneira menos privilegiada que os brancos. Critica a sociedade capitalista que não
absorveu os negros, e as elites, que afirmavam que os mesmos encontravam-se em iguais
condições em relação aos brancos e imigrantes. A inexistência de um plano de incorporação do
negro elaborado pela sociedade que o libertou, com estratégias de aceitação social dos mesmos,
foi fator importante que contribuiu para a marginalidade social.
O mito da existência de uma democracia racial entre brancos e não-brancos no Brasil foi
sustentado por muito tempo pela existência de certa proximidade física e sem conflitos - em
comparação com os Estados Unidos e a África do Sul. Porém, a desigualdade pode ser
constatada através de dados do censo e de pesquisas socioeconômicas de diversos institutos.
Pode-se observar no gráfico acima que, embora a população que se autodeclara branca
ainda seja maioria no Brasil, o número de pessoas que se classificam como pardas ou pretas
cresceu, enquanto o número de brancos caiu. Também cresceu a proporção de brasileiros que se
autodeclaram amarelos.
As tabelas e gráficos abaixo demonstram a desigualdade étnica no Brasil.

Distribuição da população segundo a condição de atividade por cor ou raça setembro de


2006 (em mil pessoas) em seis regiões metropolitanas

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FIGURA 7 - Fonte: IBGE, Coordenação de Trabalho e Rendimento, Pesquisa Mensal de
Emprego.

Rendimento médio real habitualmente recebido no trabalho principal segundo a cor ou raça
para a população ocupada masculina, com 18 a 49 anos de idade e 11 anos ou mais de
estudo

FIGURA 8 - Fonte: IBGE, Coordenação de Trabalho e Rendimento, Pesquisa Mensal de


Emprego.

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Figura 9- Proporção de homicídios, no Brasil, da população jovem por cor/raça. Uma disparidade
inicial entre brancos e negros vai sendo acentuada ao longo dos anos. Baseado no Mapa da
Violência de Waiselfisz (2012).

Ao superar o termo raça, o uso do termo etnia, que que está diretamente relacionado à
diversidade cultural – elemento mais apropriado para identificar grupos humanos, tem contribuído
para colocar em cheque as fundamentações biológicas do comportamento humano. Os estudos
sobre diversidade cultural passaram a compreender que quanto mais etnia, mais plural e rico é o
pais culturalmente. A difusão desses argumentos nas sociedades contemporâneas pelos
inúmeros movimentos sociais tem dado força à tendência multiculturalista e às ações afirmativas.
Assim, são implementadas políticas públicas que valorizam e respeitam as diferenças culturais e
combatem os preconceitos, o racismo e as desigualdades. Os gráficos abaixo demonstram a
redução da desigualdade étnica na educação de 2001 a 2011, após a implementação de políticas
de inclusão na área da educação, e a curva da desigualdade no período de 1960 – 2010, com
projeção para 2012, quando foram adotadas de forma mais intensa políticas de transferência de
renda.

FIGURA10 - Fonte: IBGE - Pnad 2011

FIGURA 11 - Gráfico divulgado pelo IPEA em 2012

Os gráficos abaixo ilustram o entrelaçamento das diversas formas de desigualdade. As


diferenças de oportunidade educacional e de trabalho de homens e mulheres de etnias diferentes
afetam a distribuição da população na pirâmide social e, portanto, a qualidade de vida e nível de
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risco social. O grupo de mulheres negras (pretas e pardas) são os mais prejudicados pelas
relações desiguais.

FIGURA 12 - Evolução nas taxa líquida de escolarização, por sexo e cor/raça – Brasil, 1995 a
2009 (Elaborado por IPEA e extraído de Sotero, 2014)

Figura 13
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http://censo2010.ibge.gov.br/noticias-censo?view=noticia&id=1&idnoticia=2296&t=censo-2010-
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FIGUEIREDO SANTOS, José Alcides.. (2005),Uma Classificação Socioeconômica para o Brasil.


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FREYRE, Gilberto. Casa-Grande & Senzala, 50ª edição. Global Editora. 2005.
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_____. PME- março de 2009. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/
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LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001.
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Curricular: Sociologia‖. Ensino Médio.
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so bad about Capitalism ?<http://www.ssc.wisc.edu/~wrigth/.

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EXERCÍCIO Com base no texto e nos conhecimentos de
CULTURA, IDENTIDADE, DIVERSIDADE sociologia, assinale a alternativa cujo discurso
CULTURAL E COMUNICAÇÃO revela uma atitude etnocêntrica:
1- O significado da palavra cultura esteve a) A existência de culturas
vinculado à terra até o século XVIII. Com o subdesenvolvidas relaciona-se à presença,
Iluminismo, o termo passa a definir uma em sua formação, de etnias de tipo
característica do homem. Essa mudança de incivilizado.
perspectiva só foi possível graças: b) Os povos indígenas possuem um
a) à descoberta da teoria da evolução das acúmulo de saberes que podem influenciar as
espécies e à afirmação de que o homem era formas de conhecimentos ocidentais.
descendente dos macacos; c) Os critérios de julgamento das culturas
b) à imposição da Igreja para que se diferentes devem primar pela tolerância e pela
aceitasse a ideia de cultura como uma compreensão dos valores, da lógica e da
característica humana; dinâmica própria a cada uma delas.
c) à descoberta de novos mundos, como a d) As culturas podem conviver de forma
América, que colocou o homem em contato democrática, dada a inexistência de relações
com povos diferentes do europeu; de superioridade e inferioridade entre as
d) ao desenvolvimento da ciência e à mesmas.
descoberta de novas formas de produção de e) O encontro entre diferentes culturas
alimentos; propicia a humanização das relações sociais,
e) a uma nova concepção de mundo, a partir do aprendizado sobre as diferentes
segundo a qual o homem passou a ser o visões de mundo.
centro do universo, e não mais Deus; 5- (Uel – 2004) ―As práticas religiosas
indígenas, contudo, não desapareceram,
2- Sobre as relações entre cultura de massa,
convivendo com o pensamento cristão. O
cultura erudita e cultura popular, identifique com
mesmo ocorreu com os negros vindos da África,
V as afirmativas verdadeiras e com F, as falsas.
que trouxeram para cá sua cultura religiosa [...]
( ) A cultura popular pode ser definida como
Uma prova da mistura e da presença das várias
distintos modos de expressão que ocorrem
tradições culturais e religiosas no Brasil era a
na sociedade e que se manifestam por meio
chamada ‗bolsa demandinga‘, pequeno
de arte, do folclore, da religião, etc.
recipiente no qual se guardavam vários
( ) O termo erudito se refere às tradições de um
amuletos com o objetivo de oferecer proteção e
povo e, por isso, a cultura erudita diz respeito
sorte a quem a carregava.Dentro da bolsa
às manifestações, no presente, de uma
encontravam-se objetos das culturas européias,
tradição.
africana e indígena, podendo conter enxofre,
( ) A cultura erudita foi gerada pela indústria
pólvora, pedras, osso de defunto, papéis com
cultural e visa a uma distinção entre seus
dizeres religiosos ou símbolos, folhas, alho e
ouvintes, vistos como evoluídos
outros elementos que variavam conforme o uso
culturalmente.
a que ela se destinava‖. (MONTELLATO,
A alternativa que contém a sequência correta, Andrea. História temática: diversidade cultural e
de cima para baixo, é a conflitos. São Paulo: Scipione, 2000. P. 145.)
a) V F F b) F F V c) V V F d) F V V É correto afirmar que o texto refere-se a:
e) V VV
a) Um processo chamado de aculturação
3 - ENEM 2003 - Jean de Léry viveu na França em que os grupos abandonam suas tradições.
na segunda metade do século XVI, época em b) Uma forma de organizar as diferenças
que as chamadas guerras de religião opuseram que os homens percebem na natureza e no
católicos e protestantes. No texto abaixo, ele mundo social.
relata o cerco da cidade de Sancerre por tropas c) Um processo de ressignificação de elementos
católicas. culturais tendo como resultado uma nova
(…) desde que os canhões começaram a configuração.
atirar sobre nós com maior freqüência, tornou- d) Um movimento de eliminação de
se necessário que todos dormissem nas determinadas culturas quando transpostas
casernas. Eu logo providenciei para mim um para fora da sua área de origem.
leito feito de um lençol atado pelas suas duas e) Um movimento de imitação de costumes
pontas e assim fiquei suspenso no ar, à maneira estrangeiros, inerente aos países periféricos.
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dos selvagens americanos (entre os quais eu
6- ENEM 2009 - A partir de 1942 e estendendo-
estive durante dez meses) o que foi
se até o final do Estado Novo, o Ministro do
imediatamente imitado por todos os nossos
Trabalho, Indústria e Comércio de Getúlio
soldados, de tal maneira que a caserna logo
Vargas falou aos ouvintes da Rádio Nacional
ficou cheia deles. Aqueles que dormiram assim
semanalmente, por dez minutos, no programa
puderam confirmar o quanto esta maneira é
―Hora do Brasil‖. O objetivo declarado do
apropriada tanto para evitar os vermes quanto
governo era esclarecer os trabalhadores acerca
para manter as roupas limpas (...).
das inovações na legislação de proteção ao
Neste texto, Jean de Léry trabalho.
a) despreza a cultura e rejeita o patrimônio GOMES, A. C. A invenção do trabalhismo. Rio
dos indígenas americanos. de Janeiro: IUPERJ / Vértice. São Paulo:
b) revela-se constrangido por ter de Revista dos Tribunais, 1988 (adaptado).
recorrer a um invento de ―selvagens‖. Os programas ―Hora do Brasil‖ contribuíram
c) reconhece a superioridade das para
sociedades indígenas americanas com
a) conscientizar os trabalhadores de que os
relação aos europeus.
direitos sociais foram conquistados por seu
d) valoriza o patrimônio cultural dos
esforço, após anos de lutas sindicais.
indígenas americanos, adaptando-o às suas
b) promover a autonomia dos grupos
necessidades.
sociais, por meio de uma linguagem simples e
e) valoriza os costumes dos indígenas
de fácil entendimento.
americanos porque eles também eram
c) estimular os movimentos grevistas, que
perseguidos pelos católicos.
reivindicavam um aprofundamento dos direitos
4- (UEL – 2003) O etnocentrismo pode ser trabalhistas.
definido como uma ―atitude emocionalmente d) consolidar a imagem de Vargas como
condicionada que leva a considerar e julgar um governante protetor das massas.
sociedades culturalmente diversas com critérios e) aumentar os grupos de discussão política dos
fornecidos pela própria cultura. Assim, trabalhadores, estimulados pelas palavras do
compreende-se a tendência para menosprezar ministro.
ou odiar culturas cujos padrões se afastam ou
7- ENEM 2009 Populações inteiras, nas cidades
divergem dos da cultura do observador que
e na zona rural, dispõem da parafernália digital
exterioriza a atitude etnocêntrica.(...)
global como fonte de educação e de formação
Preconceito racial, nacionalismo, preconceito de
cultural. Essa simultaneidade de cultura e
classe ou de profissão, intolerância religiosa são
informação eletrônica com as formas
algumas formas de etnocentrismo‖.
tradicionais e orais é um desafio que necessita
(WILLEMS, E. Dicionário de Sociologia. Porto
ser discutido. A exposição, via mídia eletrônica,
Alegre: Editora Globo, 1970. p. 125.)
com estilos e valores culturais de outras
Tanto quanto há necessidade de uma cultura
sociedades, pode inspirar apreço, mas também
tradicional de posse da educação letrada,
distorções e ressentimentos.
também é necessário criar estratégias de
alfabetização eletrônica, que passam a ser o a) no plano social, a igualdade humana
grande canal de informação das culturas está explícita em dois setores bem definidos:
segmentadas no interior dos grandes centros na Justiça, segundo a qual todos são iguais
urbanos e das zonas rurais. Um novo modelo de perante a lei, e na educação, em que todos
educação. devem ter oportunidades iguais; essas
BRIGAGÃO, C. E.; RODRIGUES, G. A práticas são vivenciadas pela sociedade
globalização a olho nu: o brasileira.
mundo conectado. São Paulo: Moderna, b) segundo Karl Marx, aqueles que possuem ou
1998 (adaptado). controlam os meios de produção têm poder,
sendo capazes de manipular os símbolos
Com base no texto e considerando os impactos
culturais através da criação de ideologias que
culturais da difusão das tecnologias de
justifiquem seu poder e seus privilégios.
informação no marco da globalização,
c) a estratificação de classes existe quando
depreende-se que
renda, poder e prestígio são dados
a) a ampla difusão das tecnologias de igualmente aos membros de uma sociedade,
informação nos centros urbanos e no meio gerando, portanto, grupos culturais,
rural suscita o contato entre diferentes culturas
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e, ao mesmo tempo, traz a necessidade de comportamentais e organizacionais
reformular as concepções tradicionais de semelhantes.
educação. d) a estratificação, na visão de Karl Marx,
b) a apropriação, por parte de um grupo social, mostra que a luta de classes não se polariza
de valores e ideias de outras culturas para entre o ter e o não ter e envolve mais do que
benefício próprio é fonte de conflitos e a ordem econômica.
ressentimentos. 3- (Uenp 2011)“A pobreza e a desigualdade são
c) as mudanças sociais e culturais que construções sociais que se desenvolvem e
acompanham o processo de globalização, ao consolidam a partir de estruturas, agentes e
mesmo tempo em que refletem a processos que lhes dão forma histórica
preponderância da cultura urbana, tornam concreta. Os países e regiões da América
obsoletas as formas de educação tradicionais Latina moldaram, desde os tempos coloniais até
próprias do meio rural. nossos dias, expressões desses fenômenos
d) as populações nos grandes centros sociais que, embora apresentem as
urbanos e no meio rural recorrem aos peculiaridades próprias de cada contexto
instrumentos e tecnologias de informação histórico e geográfico, compartilham um traço
basicamente como meio de comunicação em comum: altíssimos níveis de pobreza e
mútua, e não os veem como fontes de desigualdade que condicionam a vida política,
educação e cultura. econômica, social e cultural. O conceito de
e) a intensificação do fluxo de comunicação construção é praticamente similar ao de
por meios eletrônicos, característica do produção, sendo utilizado aqui para enfatizar
processo de globalização, está dissociada do que a pobreza é o resultado da ação concreta
desenvolvimento social e cultural que ocorre de agentes e processos que atuam em
no meio rural. contextos estruturais históricos de longo
prazo.”(Produção de pobreza e desigualdade na
ESTRATIFICAÇÃO E DESIGUALDADE América Latina.
SOCIAL Antonio David Cattani, Alberto D. Cimadamore
1- As principais formas de estratificação social (orgs.) ; tradução: Ernani Ssó. — Porto Alegre :
são: Tomo Editorial/Clacso, 2007, p. 07.)
a) castas, estamentos e burguesia De acordo com o texto é correto afirmar:
b) estamentos, classes sociais e burguesia a) A pobreza sempre existiu e é da natureza das
c) estamentos, classes sociais e religiosas sociedades organizadas que ela ocorra.
d) castas, classes sociais e estamentos b) A pobreza não pode ser considerada
e) n.d.a. característica presente em toda a América
Latina.
2- (Ueg 2011) c) A desigualdade social não condiciona a vida
política, econômica, social ou cultural.
d) A pobreza não pode ser considerada fruto da
desigualdade.
e) A pobreza e a desigualdade são construções
sociais que se desenvolvem na história e por
isso são absolutamente reversíveis.
4- (Unicentro 2011) As brincadeiras de menino,
em geral, envolvem atividades ao ar livre, como
bicicleta, pipa ou skate. As meninas brincam de
casinha. Isso é comum porque, antigamente,
era papel do homem sair de casa para
Algumas pessoas conseguem mais do que
trabalhar, enquanto às mulheres cabiam os
outras nas sociedades – mais dinheiro, mais
cuidados com o lar‖, constata a pedagoga Maria
prestígio, mais poder, mais vida, e tudo aquilo
AngelaBarbato Carneiro, coordenadora do
que os homens valorizam. Tais desigualdades
Núcleo de Cultura, Estudos e Pesquisas do
criam divisões na sociedade – divisões com
respeito a idade, sexo, riqueza, poder e outros Brincar da Pontifícia Universidade Católica de
São Paulo. ECHEVERRIA, Malu. Brincadeira
recursos. Aqueles no topo dessas divisões
não tem sexo: meninos e meninas podem — e
querem manter sua vantagem e seu privilégio;
devem — brincar do que tiverem vontade. In:
aqueles no nível inferior querem mais e devem
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viver em um estado constante de raiva e Revista Crescer. ed. 139, jun. 2005. [online]
frustração [...]. Assim, a desigualdade é uma Disponível em:
máquina que produz tensão nas sociedades <http://super.abril.com.br/superarquivo/2003/con
humanas. É a fonte de energia por trás dos teudo_275078.shtml>.
movimentos sociais, protestos, tumultos e Acesso em: 29 jan. 2009.
revoluções. As sociedades podem, por um Sobre o processo de socialização e as relações
período de tempo, abafar essas forças de gênero, é correto afirmar:
separatistas, mas, se as severas desigualdades
a) O termo ―sexo‖ distingue as diferenças
persistem, a tensão e o conflito pontuarão e, às
anatômicas, e o termo ―gênero‖, as
vezes, dominarão a vida social.
diferenças fisiológicas entre homens e
TURNER, Jonathan H. Sociologia: Conceitos e
mulheres.
aplicações. São Paulo: Pearson, 2000. p. 111.
b) As relações de gênero são universais e não
(Adaptado).
dependem da construção que cada cultura
A observação da figura e a leitura do texto tem em relação às diferenças sexuais.
permitem inferir: c) O processo de socialização disciplina os
corpos quanto aos modos de agir, porém
5- (ENEM 2004) A questão étnica no Brasil tem
esse aprendizado não interfere nos modos
provocado diferentes atitudes:
de ser dos sujeitos sociais.
I. Instituiu-se o ―Dia Nacional da Consciência d) O gênero é uma construção social que,
Negra‖ em 20 de novembro, ao invés da através de organismos sociais, como a
tradicional celebração do 13 de maio. Essa nova família e a mídia, atribui papéis e identidades
data é o aniversário da morte de Zumbi, que sociais a homens e mulheres.
hoje simboliza a crítica à segregação e à e) As brincadeiras de crianças, assim como o
exclusão social. modo como se comportam, demonstram que
II. Um turista estrangeiro que veio ao Brasil, no os papéis sociais são definidos antes mesmo
carnaval, afirmou que nunca viu tanta do encontro com as instituições sociais.
convivência harmoniosa entre as diversas
etnias.
Também sobre essa questão, estudiosos fazem
diferentes reflexões:
Entre nós [brasileiros], (...) a separação
imposta pelo sistema de produção foi a mais
fluida possível. Permitiu constante mobilidade
de classe para classe e até de uma raça para
outra. Esse amor, acima de preconceitos de
raça e de convenções de classe, do branco
pela cabocla, pela cunhã, pela índia (...) agiu
poderosamente na formação do Brasil,
adoçando-o.
(Gilberto Freire. O mundo que o português
criou.)
[Porém] o fato é que ainda hoje a miscigenação
não faz parte de um processo de integração das
“raças” em condições de igualdade social. O
resultado foi que (...) ainda são pouco
numerosos os segmentos da “população de
cor” que conseguiram se integrar, efetivamente,
na sociedade competitiva.
(Florestan Fernandes. O negro no mundo dos
brancos.)
Considerando as atitudes expostas acima e os
pontos de vista dos estudiosos, é correto
aproximar
a) a posição de Gilberto Freire e a de Florestan
Fernandes igualmente às duas atitudes.
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b) a posição de Gilberto Freire à atitude I e a de
Florestan Fernandes à atitude II.
c) a posição de Florestan Fernandes à atitude I
e a de Gilberto Freire à atitude II.
d) somente a posição de Gilberto Freire a
ambas as atitudes.
e) somente a posição de Florestan Fernandes a
ambas as atitudes.

6- (ENEM 2015) Ninguém nasce mulher: torna-


se mulher. Nenhum destino biológico, psíquico,
econômico define a forma que a fêmea humana
assume no seio da sociedade; é o conjunto da
civilização que elabora esse produto
intermediário entre o macho e o castrado que
qualificam o feminino.
Beauvoir. O segundo sexo.
Na década de 1960, a proposição de Simoe de
Beauvoir contribuiu para estruturar um
movimento social que teve como marca
a) ação do Poder Judiciário para criminalizar a
violência sexual
b) pressão do Poder Legislativo para impedir a
dupla jornada de trabalho
c) organização de protestos púbicos para
garantir a igualdade de gênero
d) oposição de grupos religiosos para
impedir os casamento homoafetivos.
e) estabelecimento de políticas governamentais
para promover ações afirmativas.

Prefeitura de Juiz de Fora / SDS – DISQ / Curso Preparatório para Concursos


Rua Halfeld, 450 / 5º andar - Centro - CEP: 36010-000 – Tel.: (32) 3690-8503 / 3690-8533
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