Gabarito (Prova) 7º Ano

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1- Leia a crônica de Luis Fernando Verissimo para responder às questões 2 a 8.

A volta

Da janela do trem o homem avista a velha cidadezinha que o viu nascer. Seus
olhos se enchem de lágrimas. Trinta anos.
Desce na estação – a mesma do seu tempo, não
mudou nada – e respira fundo. Até o cheiro é o
mesmo! Cheiro de mato e poeira. Só não tem
mais cheiro de carvão porque o trem agora é
elétrico. E o chefe da estação, será possível?
Ainda é o mesmo. Fora a careca, os bigodes
brancos, as rugas e o corpo encurvado pela
idade, não mudou nada.

O homem não precisa perguntar como se chega ao centro da cidade. Vai a pé,
guiando-se por suas lembranças. O centro continua como era. A praça. A igreja. A
prefeitura. Até o vendedor de bilhetes na frente do Clube Comercial parece o mesmo.

– Você não tinha um cachorro?

– O Cusca? Morreu, ih, faz vinte anos.

O homem sabe que subindo a Rua Quinze vai dar num cinema. O Elite. Sobe a
Rua Quinze. O cinema ainda existe. Mas mudou de nome. Agora é o Rex. Do lado tem
uma confeitaria. Ah, os doces da infância... Ele entra na confeitaria. Tudo igual. Fora o
balcão de fórmica, tudo igual. Ou muito se engana ou o dono ainda é o mesmo.

– Seu Adolfo, certo?

– Lupércio.

– Errei por pouco. Estou procurando a casa onde nasci. Sei que ficava ao lado de
uma farmácia.

– Qual delas, a Progresso, a Tem Tudo ou a Moderna?

– Qual é a mais antiga?

– A Moderna.

– Então é essa.
– Fica na Rua Voluntários da Pátria.

Claro. A velha Voluntários. Sua casa está lá intacta. Ele sente vontade de chorar.
A cor era outra. Tinham mudado a porta e provavelmente emparedado uma das janelas.
Mas não havia dúvida, era a casa da sua infância. Bateu na porta. A mulher que abriu
lhe parecia vagamente familiar. Seria...

– Titia?

– Puluca!

– Bem, meu nome é...

– Todos chamavam você de Puluca. Entre.

Ela lhe serviu licor. Perguntou por parentes que ele não conhecia. Ele perguntou
por parentes de que ela não se lembrava. Conversaram até escurecer. Então ele se
levantou e disse que precisava ir embora. Não podia, infelizmente, demorar-se em
Riachinho. Só viera matar a saudade. A tia parecia intrigada.

– Riachinho, Puluca?

– É, por quê?

– Você vai para Riachinho?

Ele não entendeu.

– Eu estou em Riachinho.

– Não, não. Riachinho é a próxima parada do trem. Você está em Coronel Assis.

– Então eu desci na estação errada!

Durante alguns minutos os dois ficaram se olhando em silêncio. Finalmente a


velha pergunta:

– Como é mesmo o seu nome?

Mas ele estava na rua, atordoado. E agora? Não sabia como voltar para a
estação, naquela cidade estranha.

VERISSIMO, Luis Fernando. A volta. Quintas Irene. 2010. Disponível em:


<http://quintasirene10.blogspot.com/ 2010/04/volta-de-luis-fernando-verissimo.html>.
Acesso em: 27 fev. 2020.
2- As ações a seguir fazem parte do enredo da crônica. Ordene-as corretamente.
(10 p.)

 O homem reencontra uma velha conhecida. ( 4 )


 O homem percebe que desceu na estação errada. ( 5 )
 O homem sente vontade de chorar diante de sua antiga casa. ( 3 )
 Da janela do trem o homem avista a velha cidade onde nasceu. ( 1 )
 O homem reconhece o vendedor de bilhetes e conversa com ele. ( 2 )

3- O narrador da crônica é um: (05 p.)

A) Narrador-observador, porque apenas conta a história.


B) Narrador-personagem, porque apenas narra a história.
C) Narrador-observador, porque narra a história e participa dela.
D) Narrador-personagem, porque narra a história e participa dela.

4- Ao pensar que está reconhecendo as pessoas e os lugares da cidade onde


nasceu, o personagem fica: (05 p.)

A) Triste
B) Irritado.
C) Nostálgico.
D) Impaciente.

5- No trecho “Morreu, ih, faz vinte anos”, a expressão destacada é: (05 p.)

A) Marca de linguagem formal, predominante no texto.


B) Marca de linguagem informal, predominante no texto.
C) Regionalismo, expressão própria de uma região do Brasil.
D) Palavra que expressa o sentimento do personagem no momento da fala.

6- A finalidade da crônica lida é tratar de um fato cotidiano de modo: (05 p.)

A) Poético. C) Reflexivo.
B) Irônico. D) Humorístico.
7- No desfecho da crônica, o personagem percebe que: (05 p.)

A) Gosta muito da cidade em que nasceu.


B) Desceu na estação de trem de outra cidade.
C) Sente muita saudade da cidade em que nasceu.
D) Deseja relembrar seu passado na cidade em que nasceu.

8- A crônica geralmente utiliza linguagem direta, informal, coloquial. Além disso,


é comum o uso do diálogo, com a reprodução da fala das personagens. Para
introduzir tais falas, em geral o autor utiliza travessão (−) ou aspas (“...”). (15
p.)

 Em “Desce na estação – a mesma do seu tempo, não mudou nada – e respira fundo”,
o que o duplo travessão indica?

POSSIBILIDADES:

Ênfase com o objetivo de explicar um conteúdo para o qual se quer dar mais
destaque.

Ênfase maior que a da vírgula; parênteses ou dois pontos.

Para isolar um conteúdo da frase no intuito de destacá-lo.

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