Cena Deletada

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 5

Poppy dá um aviso a Aylard

Cena deletada de A Guerra das Duas Rainhas

Tradução não-oficial por @frombloodbrasil


Conteúdo gratuito.
Com a lua bem acima de mim, e os pensamentos sobre o encontro com Valyn e o General longe
da minha mente, eu fiz meu caminho em direção a uma tenda escura vários metros além da minha.
Eu não estava sozinha.
Kieran e Vonetta rondavam ao meu lado quando meu destino apareceu: uma tenda dourada
maior do que as usadas pelos soldados. Eu deslizei para dentro, imediatamente cercada pelo rico
cheiro de tabaco enquanto examinava a entrada estreita que continha apenas um conjunto de
cadeiras e mesa. Através da luz filtrada da lua, eu podia distinguir a forma de uma garrafa de vinho
ou uísque. Nenhum copo. Meu olhar varreu a câmara com cortinas no silêncio do acampamento.
Não havia fonte de luz artificial dentro da área fechada.
Sorte minha.
Seguindo adiante, eu silenciosamente afastei o material pesado, me dando alguns segundos para
permitir que meus olhos se ajustassem à escuridão. No centro da câmara havia dois catres, unidos
com uma camada de peles criando um colchão grosso para o homem que dormia esparramado sobre
ele. Ele estava com o peito nu, tendo empurrado os cobertores até os quadris durante o sono.
Kieran e Vonetta vieram ficar ao meu lado. Eu busquei entre as dobras do meu casaco, retirando
a adaga de osso de lupino com a mão enluvada. Anos de treinamento com Vikter, e me esgueirando
pelo Castelo Teerman, garantiram que eu não fizesse nenhum som ao chegar ao lado do homem
profundamente adormecido.
Lentamente, coloquei um joelho no colchão de peles e depois o outro, tomando cuidado para
não empurrar a cama improvisada ou entrar em contato com o homem enquanto eu o montava. A
trança escorregou sobre meu ombro quando me inclinei para frente, colocando a ponta da adaga de
pedra de sangue contra a garganta do Lorde Baron Aylard.
Os olhos de Aylard se abriram.
— Cuidado — eu avisei baixinho, pressionando minha outra mão em seu peito. Se alguém
tivesse sugerido que eu estaria no processo de fazer algo assim há um ano e que pareceria
estranhamente... natural, eu teria rido. Mas eu não era mais a mesma pessoa. — Mova-se e minha
mão pode escorregar e você pode se encontrar com a cabeça não mais presa aos ombros.
Seus lábios secos se separaram em uma inspiração afiada, mas ele não se moveu.
— Que porra é essa? — Perguntou asperamente.
— Eu acredito que você quis dizer: Que porra é essa, Sua Majestade? — Corrigi, sua raiva se
acumulando quente e ácida no fundo da minha garganta. Com o canto dos meus olhos, eu vi sua
mão direita avançando pelas peles. — Você e eu precisamos ter uma conversinha, e será difícil
fazê-lo se você continuar procurando o que quer que você pense em usar contra mim. Só para você
saber, você não será mais rápido do que eu. Ou do que eles.
Um grunhido baixo veio de detrás de nós quando Vonetta e Kieran saíram das sombras da tenda,
vindo para ficar de guarda em ambas as laterais da cama.
Sua mão parou.
Eu sorri.
— Decisão inteligente.
Ele olhou para os lupinos.
— Você quer conversar com uma lâmina na minha garganta enquanto estou nu na cama? —
Seus olhos dourados se voltaram para os meus. — Sob você, Sua Majestade?
Meu lábio se curvou com as imagens que suas palavras forneceram.
— Preferia que não, mas sinto que precisava de algo bastante dramático para ganhar sua
completa atenção.
As narinas de Aylard se dilataram.
— Você a tem.
— Bom — minha cabeça estava firme. — Porque eu realmente espero que você esteja ouvindo
atentamente o que estou prestes a dizer. Eu sei que você não se importa comigo. Talvez seja porque
eu já fui a Donzela, criada pela Rainha de Sangue e pelos Ascendidos. Talvez seja porque eu sou
muito jovem para ser sua rainha ou pode ser simplesmente porque você não me conhece, e eu sou
uma estranha das terras mortais, alguém não confiável. Para ser honesta, não me importo se você
gosta de mim ou me detesta, mas você vai me respeitar. E você não fará nada para comprometer
nossos planos em relação à Trilha dos Carvalhos ou qualquer outra cidade dentro de Solis.
Aylard não disse nada enquanto olhava para mim, suas mãos agarrando os cobertores em sua
cintura.
— E você respeitará a Regente da Coroa e seguirá todas as ordens que ela emitir como se sua
vida dependesse disso — continuei. — Porque ela depende.
A tensão envolveu sua boca.
— Talvez... nós tenhamos começado com o pé errado — ele iniciou, umedecendo os lábios. —
Você tem razão. Você é uma estranha para mim, mas eu não desgosto de você e nunca
desobedeceria às ordens da Coroa, Regente ou Rainha. Mesmo que eu não concorde com elas.
— Eu acho que você está esquecendo alguma coisa, Lorde Aylard. Eu sei o que você sente —
inclinei-me para mais perto, sussurrando: — Agora mesmo sua raiva é quente e ácida, mas também
sinto o gosto de sua surpresa. Ela resfria o calor da sua raiva. Sempre posso sentir sua antipatia e
desconfiança em relação a mim — deixei minhas palavras afundarem. — Você esqueceu o que eu
sou e é por isso que o gosto amargo do medo está apertando minha garganta, porque agora você se
lembra — sob minha mão, senti seu batimento cardíaco acelerando. — Já mentiram o suficiente
para mim na minha vida, então minha tolerância é zero. Quando você soube da Regente da Coroa,
sentiu antecipação. Ansiedade. Agora, isso me deixou muito curiosa para saber por que você
sentiria tais coisas. Tudo o que consigo supor é que você acha que pode explorar isso de alguma
forma, como uma fraqueza ou para manipular Vonetta.
A cabeça fulva de Vonetta se aproximou do topo da cama, seus lábios vibrando enquanto se
afastavam, revelando longos caninos que poderiam facilmente rasgar a carne.
— Ela não gosta disso — eu apontei enquanto Aylard lhe lançava um olhar nervoso. — É
ofensivo para ela e me irrita. Quero ter certeza de que você entende que não será capaz de convencê-
la a ver os mortais como nada mais do que vítimas inevitáveis da guerra. Você não conseguirá
seguir seu caminho nas cidades além da Trilha dos Carvalhos, derrubando Colinas e cortando as
pessoas como se fossem nada mais do que obstáculos em seu caminho, que tornam as coisas mais
difíceis. Eu acho que alguém da sua idade saberia que nada pelo qual vale a pena lutar vem fácil.
Você me entende?
Mesmo à luz da lua, o rubor em suas bochechas era aparente.
— Sim, Sua Majestade. Eu entendo completamente. Você será o tipo de governante que lida
com ameaças para garantir que suas ordens sejam cumpridas.
— Veja, você não entende — eu disse. — Sou o tipo de governante que dará aos meus inimigos
a chance de provar que podem se tornar outra coisa em vez de lidar com derramamento de sangue
para garantir que não façam nada para comprometer o futuro que estamos tentando construir.
Ele zombou.
— Ah, sim, isso parece uma chance.
— Isso é uma chance. Eu poderia ter matado você enquanto dormia — eu rebati, sentindo seu
medo aumentar mais uma vez. — Ou eu poderia ter matado hoje mais cedo, enquanto discutíamos
nossos planos. Acabar com a ameaça que você representou naquele momento, ao lado de outros
que poderiam se tornar um problema. Isso não teria enviado uma mensagem a qualquer General
que pensasse em proceder de forma diferente? Tenho certeza que é isso que a Rainha de Sangue
faria. Imagino que Malec tenha feito o mesmo quando governou. E sei que é isso que Valyn e
Eloana fizeram, ou outros fizeram em seus nomes. Você sabe, realizar qualquer tipo de ação que
fosse do melhor interesse de Atlantia.
— E ainda assim você é tão diferente? Sentada sobre mim com uma lâmina em minha garganta?
— Aylard ferveu. — Ou talvez você seja diferente. Afinal, você parece se importar muito com a
vida dos mortais. Talvez a ideia de matar seja algo para o qual você não tem estômago.
— Eu sou mais do que capaz de aguentar o que quer que eu tenha que fazer — eu disse a ele.
— Eu só vou dizer isso uma vez. Minha relutância em derrubar muros sobre aqueles que buscam
abrigo dentro deles não significa que eu não vou acabar com sua vida se eu pensar que você se
tornará mais do que o mero aborrecimento que você está causando agora.
Ele abriu a boca.
— Tolerar os pensamentos e opiniões de outras pessoas como você tem um limite — avisei. —
E você está se aproximando dele rapidamente.
O peito de Aylard subiu bruscamente mais uma vez.
— Você está começando a soar como uma das Divindades que tiveram que ser acorrentadas nas
criptas.
— E eu mesma já fui acorrentada nessas criptas — eu pressionei a ponta da adaga em sua
garganta. Sua respiração ficou presa quando eu cortei sua pele. — E olha como isso acabou.
Ele não disse nada.
Eu segurei seu olhar por vários longos momentos enquanto o ar zumbia em meu peito,
pressionando contra minha pele.
— Eu quero estar errada sobre você. Eu quero estar errada sobre Murin e Gayla. Espero que
você prove que eu estou — empurrando-me para longe dele, eu me levantei e me afastei da cama.
— Você deveria descansar um pouco, Lorde Aylard. O meio-dia estará sobre nós antes que
percebamos.
O Atlante permaneceu onde estava, não se moveu um centímetro enquanto os lupinos e eu nos
afastamos de sua cama.
— Ah, quase esqueci — parei próxima à cortina, de frente para ele. — Se Vonetta souber que
você é um membro dos Invisíveis, então saberemos se os dragontinos têm gosto pela carne Atlante.
Enquanto embainhei a adaga, os lupinos deram-lhe um último olhar de advertência e então me
seguiram. Uma vez do lado de fora, eu disse em voz baixa:
— Isso foi demais? A parte sobre os dragontinos comerem carne Atlante?
Diversão açucarada irradiava dos irmãos, e eu senti uma impressão amadeirada, me lembrando
de cedro branco e baunilha. As palavras de Vonetta roçaram meus pensamentos.
Estive me perguntando o que os dragontinos andaram comendo.
— Eu também — sussurrei, fechando minha mão ao redor da bolsa no meu quadril. O cavalo
de brinquedo pressionou minha palma. — Pelo bem de Aylard, espero que permaneça um mistério.

______________________________________________________________________________
Disponível em:
https://www.facebook.com/groups/JLAandFriends/posts/2183259311830675/

Você também pode gostar