Artigo Maria Leiliane

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A IMPORTÂNCIA DA ALFABETIZAÇÃO SIGNIFICATIVA

Maria Leiliane de Moura Silva¹


Maria Cézar Sousa²

Resumo
O presente artigo tem como ponto de partida realizar uma
abordagem teórica sobre a Alfabetização e Letramento no processo de
aprendizagem da leitura e escrita. Para sua realização são apresentadas
algumas concepções que fundamentam esta proposta de estudo, sendo
resultado de um projeto de extensão, realizado pelo 5º período de pedagogia
da Universidade Federal do Piauí, Campus Senador Helvídeo Nunes de
Barros, através professora da disciplina didática da alfabetização. Tal projeto
objetivou contribuir para a alfabetização de um educando por cada aluno da
disciplina. Como metodologia de trabalho foram utilizadas aulas da disciplina e
pesquisa bibliográfica. Essa experiência propiciou com mais clareza e precisão
o processo de aquisição da escrita e leitura através do método Paulo Freire,
possibilitando a experiência de alfabetizar letrando, de forma com que o
educando reconheça seu cotidiano como um ambiente alfabetizador.

Palavras-chave: Alfabetização, letramento1, métodos

Introdução

1
Graduanda em pedagogia pela UFPI/CSHNB
2
Dr. Em educação pela UFRJ, Mestre em educação pela UFPI, professora adjunta II Da UFPI/ CSHNB
É fato que a educação brasileira se desenvolveu muito com o passar
dos anos, no entanto, uma grande problemática, que reflete na qualidade do
ensino é a precariedade da alfabetização, pois muitas vezes, os anos iniciais
da criança na escola resulta em insucesso, perpetuando os índices de
reprovação, fracasso e evasão escolar. O que colabora para uma triste
realidade: a formação de analfabetos funcionais, pessoas já escolarizadas,
mas que não são letradas, capazes de compreender o código escrito, mas não
compreendem o significado do que leem.
Um indivíduo alfabetizado não significa necessariamente um indivíduo
letrado ou vice e versa, sendo assim, uma pessoa analfabeta pode ser culta,
conhecer poemas, trechos de livros, sinais de transito, mapas, etc., assim
como uma pessoa alfabetizada pode não saber fazer uso social da escrita, e
não compreender o que lê. Desta forma, é preciso entender que alfabetização
e letramento são práticas distintas, porém, indissociáveis, interdependentes e
devem ser simultâneas. (SOARES, 2003).
Diante do grande desafio de tornar a alfabetização uma pratica, passa
a ganhar destaque o método Paulo Freire, que ao contrario das tradicionais
cartilhas que ensinavam pela repetição de palavras soltas ou frases sem
sentido, este método parte do principio analítico que analisa o todo, e fazem
com que adultos e crianças compreendam o sentido de um texto, uma maneira
prazerosa de alfabetizar letrando, na qual os alunos são protagonistas do seu
próprio aprendizado.
Através dos estudos bibliográficos durante as aulas, fomos desafiados
a realizar um projeto de extensão, embasados teoricamente em autores como
Magda Soares, Emilia Ferreiro, Ana Teberosky e Luiz Cagliari, com o objetivo
geral a participação com um educando para cada aluno da disciplina, por meio
dos estudos em sala de aula, desenvolvendo um espaço que promovesse
aprendizagem. A iniciativa do projeto partiu através da professora, que nos
direcionou a promover essa tarefa afim de contribuir positivamente na realidade
escolar de um individuo, visando não somente ensinar a ler e escrever, mas
desenvolver o hábito da leitura nas situações cotidianas, com atividades
prazerosas. Propiciando aos graduandos a oportunidade de não apenas
vivenciar, mas também promover um ambiente educador. (ALBUQUERQUE
2006) diz que o processo de alfabetização é concebido como a capacidade do
individuo de compreender e produzir textos, e dessa forma, ser capaz de
participar de eventos socializadores que a escrita promove.

Contexto histórico
Antigamente, pouco importava o processo de alfabetização, pois a
necessidade de aprender a língua era menor. Era ensinado repassar apenas o
conhecimento básico para fazer uso da comunicação escrita, de forma
mecânica.
Na antiguidade, os alunos alfabetizavam-se
aprendendo a ler algo já escrito e depois copiado. Começavam
com as palavras e depois passavam para textos famosos, que
eram estudados exaustivamente. Finalmente passavam a
escrever os próprios textos. O trabalho de leitura e cópia era o
segredo da alfabetização. (CAGLIARI 1998, P.15)

Segundo SOARES, o processo de alfabetizar com ênfase meramente


no sistema do código escrito não garante a criança apropriação do
entendimento da língua. Já o letramento é mais completo, pois relaciona o
processo de alfabetização com práticas de leitura e escrita, no cotidiano e
contexto social do sujeito. A criança que se encontra no processo de aquisição
de leitura e escrita deve ser estimulada por situações reais, o educador deve
desfrutar do uso de gêneros textuais variados, que estejam presentes no
convívio da criança como letreiros de propaganda, bula de remédios,
embalagens, etc.
Antes mesmo do ingresso escolar, já estamos cercados por textos,
mas o contato com eles vai depender do estimulo familiar, o convite a leitura
para acriança deve ocorrer frequentemente, dando preferência a temas
significativos, cabendo a família ou professor promover o contato com diversos
materiais que instiguem a leitura.

O conceito de alfabetização para Paulo Freire tem um


significado mais abrangente, na medida m que vai além do
domínio do código escrito, pois, enquanto uma prática
discursiva “possibilita uma leitura critica da realidade, constitui-
se como um importante instrumento de resgate a cidadania e
reforça o engajamento do cidadão nos movimentos sociais que
lutam pela melhoria da qualidade de vida e pela transformação
social” (Paulo FREIRE, Educação na cidade, 1991, p.68 Apud
GADOTTI)

Recursos metodológicos
A metodologia utilizada primeiramente foi traçar um perfil do educando,
para saber de onde deveria começar, ou seja, buscar identificar o
conhecimento prévio do aluno, que foi feito através de um auto ditado. As
praticas educativas se constituíram através de 10 encontros no período de
março a junho de 2018 e teve foco na prática de leituras que despertassem
interesse no educando, como piadas, noticias em revistas, e também buscando
trazer situações necessárias para o cotidiano como lista de compras, ler um
anúncio no supermercado, etc.
Para tornar o desafio ainda mais interessante, a proposta do projeto foi
alfabetizar com o método Paulo Freire, que é bastante prazeroso, mas de inicio
causou certo espanto, por se tratar de uma maneira diferente da qual fomos
alfabetizados, e até então desconhecida. Sempre buscando aplicar a teoria dos
conhecimentos adquiridos em sala de aula, assimilando a prática com o
educado e também trazendo a experiência extra classe para dentro da aula,
aproveitando para tirar dúvidas, fazer comentários, trocar experiências com os
colega graduandos, e aplicar a prática vivenciada, com as teorias apresentadas
durante os seminários.
De acordo com FREIRE o processo deve iniciar com o levantamento
do conhecimento vocabular dos alunos, o educador observa as palavras que os
alunos mais usam e assim seleciona algumas para serem trabalhadas como
palavras geradoras, que tenham significado no cotidiano dos educandos, então
cada palavra é estudada através da divisão silábica, e a partir das famílias
conhecidas são formadas novas palavras.

Relato de experiência
Perfil do educando: homem, 54 anos de idade. Através do auto ditado,
pude constatar que o aluno se encontrava no primeiro nível de conceitualização
da escrita: pré-silábico, pois apesar de conhecer a maioria das letras do
alfabeto, não conseguia assimilar seu uso nas palavras.
A partir de então, procurei explorar ao máximo do mundo da leitura, e
cada encontro iniciava com a leitura de um texto, de preferência previamente
escolhido, pois a partir dele era retirado uma palavra geradora, a qual era
possível trabalhar a partir de materiais didáticos, e assim novas palavras iam
se formando. Este educando de forma particular abandonou os estudos
quando criança e teve uma experiência de retoma-los depois de adulto pelo
método tradicional, baseado em cópia e memorização, sem se preocupar com
o gosto com a leitura, portanto, o processo rotineiro de codificação e
decodificação, como cobrir incontáveis vezes as letras do alfabeto, lhe pareceu
muito cansativo e logo acabou desistindo novamente de aprender a ler. Por
esta razão os conhecimentos teóricos repassados pela disciplina didática da
alfabetização teve grande valia, pois as aulas com meu educando foram
focadas principalmente na importância da leitura, trazendo textos significativos
para o cotidiano do educando, e procurando fazer com que ele tomasse gosto
e interesse pela leitura.
Um grande dificuldade encontrada nesse projeto foi segundo ele o
esforço da visão que não demorava para ficar embaçada, seguidos de dor de
cabeça, o que tentei equilibrar para não forçar demais o foco com papel e
escrita. Afim de que a tentativa de aprender a ler não fosse frustrada e mais
uma vez traumática na vida do educando.
Resultado obtido: Mesmo não tendo experiência com o método, me
envolvi emocionalmente com o projeto, e procurei ao máximo auxiliar no
crescimento dos saberes e prazer com a leitura. Como foram apenas dez
encontros, não foi possível que o educando evoluísse para o nível de escrita
alfabética, mas foram obtidos muitos resultados positivos, a cada aula ele ia
aprendendo a reconhecer uma ou outra palavra nova, e procurando fazer o
mesmo no seu cotidiano, como pude acompanhar pela primeira vez, ele
tentando ler enquanto assistia o noticiário na TV, identificou a palavra “Datena”
depois disso não a esqueceu mais. Não evoluímos para ler um texto ou frase
completa, mas mesmo assim o resultado foi surpreendentemente positivo pois
o educando passou a ter interesse em identificar algumas palavras de um
texto, a partir das quais eram formadas novas palavras, e assim seguiram as
aulas. Foi promovido conscientização da importância da compreensão do
mundo escrito em meio a realidade social, a partir da qual o aluo por si próprio
buscava a compreensão das palavras escritas constantemente.

Considerações finais
Diante da alfabetização não significativa, a tarefa para o aluno torna-se
desestimulante quando o educador não explora a referência de conhecimento
prévio que o aluno trás em sua bagagem.
De acordo com o estudo bibliográfico, fica claro que na prática muitas
vezes o professor precisa intercalar o uso dos métodos: sintéticos (que partem
do menor para o maior: letras para as sílabas, palavras, frases e textos) e
analíticos: (que vão do maior para o menor: de textos para frases, palavras e
sílabas)
O letramento passa a ser concebido não como método, mas como
prática, ao ser inserido em um meio rico em leitura, sendo exposto
constantemente em situações de leitura, o aluno passa a aprender por ele
mesmo. Desta forma, ser alfabetizado é ter habilidades básicas para fazer uso
da leitura e da escrita, e não somente saber decodificar.
Fica claro que cabe ao professor levar em conta que não existe um
método certo e outro errado de alfabetizar, todos eles funcionam de acordo
com a forma que é utilizado, deve ser considerado também que cada criança
tem seu ritmo e particularidades de aprender. Então a forma pela qual o
professor ensina a uma criança pode ou precisa ser diferente de outra, desde
que seja feito o melhor para alfabetizar sua turma.
Referências
SOARES, M. Letramento e alfabetização: as muitas facetas. Trabalho
apresentado na 26° Reunião Anual da ANPED, Minas Gerais, 2003.
CAGLIARI, Luis Carlos. Alfabetizando sem o ba-be-bi-bó-bu: Pensamento e
ação no Magistério, 1. Ed. São Paulo: Scipione, 1998.
MORAIS, A. G. e ALBUQUERQUE, E. B. C.; LEAL, T> F. Alfabetização de
jovens e adultos em uma perspectiva do letramento. Belo Horizonte:
Autêntica, 2004.
FERREIRO, Emilia. Reflexões sobre a alfabetização. 24. Ed. São Paulo:
Cortez, 2001
BRANDÃO, C.R. O que é o método Paulo Freire. São Paulo: Brasiliense,
2004.
FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro, Paz e
Terra.

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