Questões STT - COMPETENCIA

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Questões STT - COMPETÊNCIA

Slides sobre competência:

1. Compete à justiça do trabalho processar e julgar ação proposta por usina


postulando reintegração da posse de imóvel antes cedida como moradia ao seu
(ex-) empregado que, após a terminação do contrato de emprego se recusa a
devolver à habitação à empresa proprietária?

Resposta:

É comum, em certas circunstâncias, que haja a cessão gratuita, a título de


comodato, por empregador ao empregado, a fim de que este use e frua de determinado
imóvel durante a execução de contrato de trabalho. Nesse sentido, caso o imóvel
cedido ao empregado o seja feito para permitir a execução do seu trabalho, este será
considerado ferramenta de trabalho, não integrando o valor do salário ou da
remuneração. Contudo, havendo a cessão na qualidade de fringe benefits, tratar-se-á
de benefício indireto, sendo, portanto, acessório ao contrato de trabalho e parte de sua
remuneração.

De toda sorte, reputa-se como controvérsia diretamente oriunda de uma relação de


trabalho, razão pela qual, sim, a respectiva ação de reintegração de posse deverá ser
processada na justiça do trabalho, nos termos do Art. 114, I da Constituição Federal.
Desta feita, inclusive, cediço salientar que é este, inclusive, o entendimento firmado
pelo Superior Tribunal de Justiça em sede de conflito de competência.

2. Compete à justiça do trabalho processar e julgar ação proposta pelo (ex-)


empregado contra a sua (ex-) empregadora pleiteando a devolução de seu
notebook que deixou na empresa quando foi receber os seus títulos rescisórios?

Resposta:

Não há, nesse contexto, elementos suficientes para definir a competência


adequada à demanda. Na hipótese de ser o aparelho mencionado no enunciado um
elemento que fazia parte do instrumental de trabalho utilizado diariamente pelo
funcionário, é possível (por este viés) defender que a questão competiria, de fato, à
Justiça do Trabalho. Nesse sentido, de acordo com o Tribunal Superior do Trabalho, o
Recurso de Revista de número 153400-81.2008.5.16.0002 (MA) submeteu à reanálise
caso concreto (relativamente análogo) em que um empregado fora impedido de retirar
seus pertences do local de trabalho e, diante da comprovação da prática de atos
ilícitos, o Tribunal Regional do Trabalho condenou a empresa a reparar os danos
causados. No entanto, se o objeto da demanda pleiteada não possui nenhuma relação
com o acordo contratual entre ex-funcionário e ex-empregador, assim como qualquer
outro item pessoal, esquecido por negligência do primeiro ao comparecer para assinar
termo de rescisão, não se identifica ligação com o caráter obrigacional, e embora haja
decisões em grau superior favoráveis ao empregado nesse tipo de situação, quando a
empresa se recusa a entregar estes bens, tecnicamente não seria competência da JT,
uma vez que dissocia-se do que configurava a relação trabalhista.

3. Compete à justiça do trabalho processar e julgar ação indenizatória proposta


por empresa de transporte rodoviário contra seu empregado motorista
pleiteando o ressarcimento pelos danos provocados por acidente automobilístico
pelo qual a entidade patronal responsabiliza integralmente o obreiro?

Resposta:

Considerando tratar-se de ação de indenização pelos danos provocados


decorrentes de uma relação de trabalho, em clara subsunção ao disposto no Artigo
114, IV da Constituição Federal, o pleito da entidade patronal no sentido de
responsabilizar o seu obreiro por prejuízo decorrente de acidente de trabalho ao qual
deu causa é, notadamente, competência da justiça laboral. Embora, repise-se,
consoante se pode aduzir, a disposição do inciso I do referido artigo, por si só, já
atrairia a competência material da justiça do trabalho, vez que as ações de danos
materiais e morais nada mais são do que postulações de responsabilidade civil, as
quais, por si só, contém conteúdo interdisciplinar, envolvendo todos os ramos do
direito.

4. Compete à justiça do trabalho processar e julgar ação proposta por (ex-) patrão
em face de sua (ex-) empregada doméstica que, após acertar com o empregador o
parcelamento da compra de uma geladeira em dez prestações mensais
descontadas do seu salário, abandonou o emprego dois meses após receber o
eletrodoméstico, deixando a dívida de oito meses de boleto em nome do patrão?

Resposta:

No caso específico, não se trata de hipótese que reclama a competência da


justiça do trabalho, isso porque a dívida então constituída trata-se de mero favor
pessoal, sem qualquer vinculação incidente diretamente sobre o contrato de trabalho,
firmado entre o empregador e o empregado. Na espécie, a relação de trabalho é
indiferente para a constituição da dívida, razão pela qual o litígio deverá ser
processado e julgado pela justiça comum, não sendo, inclusive, sequer passível de
compensação nas verbas rescisórias consoante vedação estatuída pelo enunciado da
súmula nº 18 do TST.

5. Ação de indenização por perdas e danos proposta por sujeito que, após ser
prometido emprego na empresa (e como consequência se demitir do seu ex-
emprego), acaba não sendo contratado pela nova empresa sem qualquer
justificativa pela quebra do prometido?

Resposta:

Esta Ação é de competência da Justiça do Trabalho, pois, ainda que se configure uma
promessa de contrato de emprego que não se materializou, de fato, em relação de
emprego, existe responsabilidade pré-contratual. Neste sentido se posiciona a
doutrinadora Mª Helena Diniz ao suscitar os caracteres das fases pré-contratuais , a
saber, a da comunicação (1), negociação abstrata (2) , proposta concreta (3), seguida
do aceite (4). Tomando esse panorama como base, aduz que a partir da proposta
concreta (3) subsiste natureza contratual, ainda que as anteriores possuam certo grau
de responsabilidade civil. Neste caso, não cabe ao trabalhador o recebimento de
créditos como se uma relação de emprego tivesse sido estabelecida, mas sim, uma
compensação de perdas e danos pelos prejuízos ocasionados pela quebra da promessa
de contrato.

6. Compete à justiça do trabalho julgar ação proposta pelo ministério público contra
empresa pública no jornal de oferta de emprego com exigências manifestamente
discriminatórias (só homens brancos, heterossexuais, de boa aparência, de boa origem
social, etc.)?

Resposta:

Sim, há competência da Justiça do Trabalho para julgar esta Ação, dado


âmbito de atribuições do Ministério Público do Trabalho na defesa da ordem jurídica,
do regime democrático e dos interesses individuais indisponíveis e sociais no âmbito
das relações de trabalho (Vide arts. 129 da CF/88 e nos Arts. 6º, 83 e 84 da Lei
Complementar 75/1993). A discriminação de qualquer natureza, quando adotada em
critérios de admissão empregatícia é amplamente combatida pela atuação ministerial,
na qual se invocam os preceitos do art 83, inciso II, da Lei Complementar 75/93, o
qual preconiza a disposição do próprio Ministério Público do Trabalho identificar
situações que justifiquem a sua intervenção, além de citar a responsabilidade civil que
recai sobre o pretenso contratante nas fases pré-contratuais, ainda que seja a da
comunicação.

7. Compete à justiça do trabalho processar e julgar ação proposta pela viúva de


empregado falecido em acidente de trabalho, postulando uma indenização por
danos extrapatrimoniais sofridas pela própria viúva em decorrência do
falecimento do de cujus por ato culposo da empresa?

Resposta:
No sentido regulatório da matéria ora mencionada, é importante rememorar que a Súmula
366 do Superior Tribunal de Justiça fazia referência à questão quando atribuía à Justiça
Estadual a competência para o julgamento de ação de indenização por acidente de trabalho
movida pelos herdeiros do trabalhador. Esse dispositivo foi revogado em função de é um
entendimento firmado pela Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça, seguindo
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, firmada após a Emenda Constitucional 45/04 e
atribuindo assim a competência desse gênero de demanda à Justiça do Trabalho, medida que
foi denominada de Reforma do Judiciário, abarcando as ações de indenização por dano moral
e material decorrente de relação de trabalho e incluindo, também, as ações motivadas por
acidente de trabalho.

8. Compete à justiça do trabalho processar e julgar ação proposta pelo empregado


postulando a reintegração no emprego na empresa por ter sofrido um acidente de
trabalho cuja existência não foi reconhecida pelo inss em perícia realizada pela
autarquia previdenciária em processo administrativo?

Resposta:

A ação de reintegração do vínculo empregatício, ou seja, a restauração do vínculo de


emprego que lhe foi tirado pelo acidente de trabalho através de uma demissão injusta,
é de competência da Justiça do Trabalho. O acidente de trabalho configura hipótese de
estabilidade legal e, considerando, também as garantias constitucionais da dignidade
da pessoa humana (art. 1º, III da CF) e da função social do contrato (art. 1º, IV da
CF), nada obsta que se configure a reintegração do empregado. Entretanto, esta não
possui poder de declarar se o acidente de trabalho se efetivou ou não, apenas de forma
incidental, dando a entender possível erro, a fim de reconhecer o pedido
reintegratório. Se houver judicialização anterior com pronúncia acerca da existência
ou não do acidente referido, o juiz estaria obrigado a seguir este posicionamento,
entretanto, quando posicionamento é meramente administrativo do órgão
previdenciário, não há vinculação.

9. Compete à justiça do trabalho processar e julgar ação proposta por estagiário contra a
empresa na qual está estagiando alegando que esta última não está cumprindo as
normas legais relativas ao estágio quanto à concessão de férias e do limite máximo de
horas diárias de duração do estágio?

Resposta:
Não compete à justiça do trabalho processar e julgar a supracitada ação, uma
vez que a relação de estágio difere da relação empregatícia, esta sim, competência
constitucionalmente atribuída à Justiça do Trabalho. A relação de estágio é regida por
legislação própria (vide Lei 11.788/2008) e questões relativas ao cumprimento do
contrato de estágio em suas disposições não se conectam com as de vínculo
empregatício, pois não há previsão legal da competência da Justiça do Trabalho para
processar e julgar seus ditames. Assim, a menos que o objetivo da ação seja o
reconhecimento do vínculo empregatício em prol do estagiário, descaracterizando o
contrato de estágio na relação que vive com seu empregador, não existe a
competência trabalhista de julgar o mérito.

10. Compete à justiça do trabalho processar e julgar ação proposta por servidor público
(hoje) estatutário, postulando créditos relativos ao período no qual sua relação com a
entidade pública municipal era regido pela clt , inclusive os reflexos no seu atual
subsídio?

Resposta:

É competência da Justiça do trabalho processar e julgar a Ação supracitada


relativa aos créditos do servidor, pois se relaciona ao vínculo empregatício que ele
possuía com a entidade pública e, ainda, existe previsão específica na legislação
acerca da competência da Justiça do Trabalho na situação abordada (Vide
Art.114, inciso I da CF/88, que trata dos litígios empregatícios que envolvam a
administração pública). Ademais, a súmula nº 97 do STJ estipula que “Compete à
Justiça do Trabalho processar e julgar reclamação de servidor público
relativamente a vantagens trabalhistas anteriores à instituição do regime jurídico
único”. Entretanto, ao pugnar pelos “reflexos em seu atual subsídio” se extrapola a
competência da Justiça do Trabalho, adentrando a esfera da competência da
Justiça Federal, que julga questões relativas ao regime estatutário atual, devendo
ser ajuizada ação posterior para debater tal demanda no âmbito federal.

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