Cenários Atuais Dos Estudos Linguísticos Da Libras
Cenários Atuais Dos Estudos Linguísticos Da Libras
Cenários Atuais Dos Estudos Linguísticos Da Libras
TUTÓIA-MA, 2021
EDITOR-CHEFE
Geison Araujo Silva
CONSELHO EDITORIAL
Ana Carla Barros Sobreira (Unicamp)
Bárbara Olímpia Ramos de Melo (UESPI)
Diógenes Cândido de Lima (UESB)
Jailson Almeida Conceição (UESPI)
José Roberto Alves Barbosa (UFERSA)
Joseane dos Santos do Espirito Santo (UFAL)
Julio Neves Pereira (UFBA)
Juscelino Nascimento (UFPI)
Lauro Gomes (UPF)
Letícia Carolina Pereira do Nascimento (UFPI)
Lucélia de Sousa Almeida (UFMA)
Maria Luisa Ortiz Alvarez (UnB)
Marcel Álvaro de Amorim (UFRJ)
Meire Oliveira Silva (UNIOESTE)
Rita de Cássia Souto Maior (UFAL)
Rosangela Nunes de Lima (IFAL)
Rosivaldo Gomes (UNIFAP/UFMS)
Silvio Nunes da Silva Júnior (UFAL)
Socorro Cláudia Tavares de Sousa (UFPB)
2021 - Editora Diálogos
Copyrights do texto - Autores e Autoras
C395
Cenários atuais dos estudos linguísticos da Libras [livro eletrônico]
/ Organizadores Leandro Andrade Fernandes, Lucas Eduardo Mar-
ques-Santos. – Tutóia, MA: Diálogos, 2021.
Formato: PDF
Requisitos de sistema: Adobe Acrobat Reader
Modo de acesso: World Wide Web
ISBN 978-65-89932-22-2
https://doi.org/10.52788/9786589932222
Editora Diálogos
[email protected]
www.editoradialogos.com
Sumário
Apresentação............................................................................................. 7
Índice remissivo......................................................................................207
Apresentação
Considerações Iniciais1
2 Morphology deals with the regular, minimal, meaningbearing units in language – morphemes – which are words or
parts of words. Morphemes can effect changes in meaning by signaling the creation of a new word or a change in word
SUMÁRIO
class (derivation), or by signaling grammatical information such as case, number, person, aspect, tense, etc., (inflection).
Derivação simultânea
Derivação sequencial
Metodologia
3 Quanto a esse último ponto, escolhemos os sinais com estrutura e significado mais simples para ocuparem
a posição de sinal de origem e deles apresentamos as derivações que são criadas a partir da afixação de
MOV. A nossa não determinação precisa do sinal de origem se dá pelo fato de não termos base em nenhum
estudo de Linguística Histórica da Libras para elencarmos a ordem de surgimento dos sinais. Além disso,
entendemos que essa determinação não é um fator obrigatório de ser definido nessa análise, pois, com os
dados pesquisados, conseguimos indicar a base dos sinais e seus morfemas gramaticais afixados e, assim,
SUMÁRIO
Dinâmica do MOV
Sinal de Origem
FOLHEAR
Base LIVRO
(Morfema Lexical) Morfema Gramatical Sinal Derivado Imagem do sinal
PESQUISAR
Morfema Gramatical Sinal Derivado Imagem do sinal
Podemos concluir, com a análise dos dados acima, que as duas dinâmicas de
MOV prevalecem como marcas derivativas: a dinâmica lenta ou relaxada e a di-
nâmica rápida e repetida do MOV. É interessante observar que os sinais derivados
que apresentam uma dinâmica rápida e repetida demonstram um encurtamento na
execução do movimento no espaço. Vamos demonstrar essa característica a partir
dos sinais PERGUNTAR e PESQUISAR na figura (4).
Observe que o sinal PERGUNTAR apresenta um ponto de partida da execu-
ção do sinal próximo ao peitoral do sinalizante, enquanto que o ponto de chegada
se dá em uma área mais afastada do corpo. Por outro lado, quando ocorre a for-
mação do sinal PESQUISAR, temos que o ponto de partida e o ponto de chegada
são fixados na mão passiva. Justificamos este fato por conta de o sinal apresentar
uma dinâmica do MOV mais rápida, provocando, dessa maneira, o encurtamento,
característico da economia linguística das línguas naturais e a repetição do MOV
do sinal.
SUMÁRIO
Fonte: Elaborado com base em Calais-Germain (2010, p. 10 apud MARINHO, 2014, p. 23).
Justificamos a descrição desse morfema como sufixo por dois motivos: esse
movimento oposto ocorre somente em verbos e esses verbos em sua forma positiva
já possuem um MOV que, quando derivados para forma negativa, tem o MOV
seguido por outro MOV (pronação do antebraço) que o direciona para a parte infe-
rior. No exemplo da figura (6), podemos constatar esse fato com os sinais GOSTAR
e NÃO-GOSTAR.
Quadro 7 - Sinais que apresentam o sufixo de negação com o MOV de pronação do antebraço.
TER NÃO TER
O presente trabalho foi uma oportunidade ímpar por meio da qual pudemos
constatar a relevância de estudos descritivos das LS. As pesquisas sobre esses aspec-
tos favorecem a identificação de elementos novos da gramática da Libras. Por meio
da descrição linguística torna-se possível a compreensão bem mais adequada da
língua, o que contribui para sua difusão no campo científico e educacional.
A análise dos dados evidenciou a produtividade do processo de formação de
sinais por meio do processo de derivação na Libras, cujas características paramé-
tricas comprovam essa produtividade.
No que diz respeito aos tipos de processos derivativos identificados na Li-
bras, nossa pesquisa descreveu a produtividade do parâmetro MOV adicionado
infixalmente à base, formando derivações do tipo direcional do MOV e dinâmica
do MOV. Além disso, descrevemos o marcador de negação sufixal que é afixado à
base: pronação do antebraço.
Os dados da Libras ora analisados refutam a afirmação de Johnston (2006)
de que os afixos encontrados nas LS são todos sufixos, uma vez que os afixos des-
critos, no presente texto, na sua maioria, são infixos. Essa propriedade da Libras se
justifica pelo fato dessa língua, como as demais LS, ser uma língua em modalidade
visual-gestual que prioriza a simultaneidade na articulação dos sinais.
Contudo, entendemos que a idade da língua possa influenciar na pouca exis-
tência de afixos do tipo prefixo e sufixo, uma vez que, com o decorrer do tempo,
sinais podem se gramaticalizar e desempenhar essa função de afixo, como já des-
crevemos possíveis sufixos da Libras em processo de gramaticalização em Abreu
(2019).
Justamente nesse ponto reside a relevância da pesquisa realizada: em sua con-
tribuição para a descrição mais completa do processo morfológico de derivação na
Libras. O trabalho ora apresentado identificou categorias novas de derivação na
Libras, marcadas principalmente pela produtividade do parâmetro MOV.
Portanto, muito mais do que apenas contribuir para os estudos descritivos das
LS, objetivamos trazer informações novas para as reflexões descritivas das línguas
naturais. Apesar de LS e LO serem realizadas em modalidades diferentes, há aspec-
tos que são compartilhados por ambas as modalidades e as teorias de linguística
devem abrir espaço para englobar as observações já feitas sobre línguas de sinais.
SUMÁRIO
Introdução
1817 - Gallaudet e Clerc abrem em Hartford o Connecticut Asylum for the Education
and Instruction of Deaf and Dumb Persons, primeira escola permanente nos EUA.
Começam por ensinar uma mescla de LSF (langue des signes française), francês ges-
tualizado e de inglês e acabaram por optar pela ASL (american sign language). Em
França, Bébian, no Instituto de Paris considerou os gestos metódicos pouco satisfa-
tórios para a compreensão das frases e adoptou a LSF na educação dos surdos (CA-
BRAL, 2005, p. 3).
Segundo Cabral (2005, p. 3), uma das datas mais importantes no ensino dos
surdos, lembrada pela comunidade surda como um período sombrio, foi o ano de
1880, ocasião em que ocorreu o Congresso de Milão. Contudo, antes de abordar-
mos sobre os assuntos discutidos no referido congresso, faz-se mister compreen-
dermos alguns acontecimentos que antecederam tal evento.
Na Europa Ocidental, sob a liderança de Samuel Heinick, começava a se dis-
cutir assuntos pertinentes à educação de surdos. Assim, defendia-se que o foco
deveria ser dado ao método oral, ou seja, ao treino da fala, havendo uma ojeriza
à língua materna de natureza linguística do surdo. Assim, em 1778, na Alemanha,
Heinick criou a primeira escola de surdos, na qual rejeitava-se a língua de sinais
como meio de instrução, alegando que a comunicação sinalizada comprometia e
dificultava ainda mais o treino da fala.
Cabral (2005, p. 3) pontua que o objetivo principal de Heinick, na verdade,
era fazer com que os surdos tivessem uma melhor experiência e vivência de mun-
do, a partir da concepção de que eles só conseguiriam tal feito se conseguissem
falar e, para isso, teriam de desenvolver habilidades, como a leitura labial2. A partir
1 1815 - Thomas Hopkins Gallaudet (1787-1851), americano, vem à Europa para conhecer os diferentes
métodos de educação dos surdos. Chegado a Londres, a família Braidwood recusa transmitir-lhe o seu
método, mas assiste a uma conferência de Sicard, que acompanha no regresso a Paris e com quem estuda.
No ano seguinte volta aos EUA acompanhado por Laurent Clerc, discípulo de Sicard e um dos primeiros
professores surdos, para o auxiliar na criação de uma escola (CABRAL, 2005, p. 3).
2 No dicionário Aurélio: A Leitura Labial consiste na observação do posicionamento dos lábios do falante
SUMÁRIO
para que, junto com os sons ouvidos (ou não), a pessoa com deficiência auditiva consiga ter uma maior
Após esse fato histórico, o método oral com o foco na leitura labial passou
a ser evidenciado como forma principal de ensino, deixando de lado a língua de
sinais, e isso sucedeu um retrocesso no ensino e aprendizagem, pois ficou notório
que a leitura labial é uma aproximação de equiparar o surdo ao ouvinte. Portanto,
equivale trazer a evolução dos métodos, pois a história avançou até chegarmos no
bilinguismo.
Oralismo
Perlin e Strobel (2008, p. 10) trazem o conceito do método que foi durante
muitos anos usado como forma de inserção das pessoas surdas na sociedade em
geral. As autoras pontuam que este método ganhou mais força após o congresso
de Milão, em 1880, momento triste e danoso, devido ao fato de que “a modalidade
oralista baseia-se na crença de que é a única forma desejável de comunicação para
o sujeito surdo, e a língua de sinais deve ser evitada a todo custo porque atrapalha
o desenvolvimento da oralização” (PERLIN e STROBEL, 2008, p. 10).
SUMÁRIO
Essa concepção de educação enquadra-se no modelo clínico, esta visão afirma a im-
portância da integração dos sujeitos surdos na comunidade de ouvintes e que para
isto possa ocorrer-se o sujeito surdo deve oralizar bem fazendo uma reabilitação de
fala em direção à “normalidade” exigida pela sociedade (PERLIN e STROBEL, 2008,
p. 12)
Dessa forma, para que os surdos fossem considerados como "pessoas nor-
mais", precisariam, antes de tudo, adequar-se ao jeito ouvinte de ser, implicando,
assim, o apagamento total da cultura surda, oportunizando o surgimento de iden-
tidades que os distanciariam cada vez mais dos traços e laços compartilhados que
os definem como povo surdo, ou seja, a língua de sinais. Esse conjunto de ações de
imposição e subjugação em relação aos surdos passou a ser denominado por Perlin
e Strobel (2008) da seguinte maneira:
Segundo Perlin e Strobel (2008, p. 58), a prática ouvintista pode ser entendida,
como uma “configuração do poder ouvinte”, cuja hegemonia não dava alternativas
para que os surdos pudessem decidir o que fosse melhor para si, limitando-os em
tomadas de decisões importantes para as suas vidas. Outro ponto importante cita-
do por Perlin e Strobel (2008, p. 59) e que merece destaque diz respeito à seguinte
menção “O ouvintismo deriva de uma proximidade particular que se dá entre ou-
vintes e surdos”, de fato, os que estiveram envolvidos na educação de surdos e que
determinaram sobre o método oralista eram educadores que tinham relações pró-
ximas com eles, isto é, conviviam e participavam do cotidiano do povo surdo, po-
rém com o intuito não de ajudá-los a desenvolver a sua forma natural de produção,
percepção e apreensão do mundo, mas revestidos com a máscara da benevolência,
que escondia os seus terríveis e verdadeiros propósitos em relação à comunidade
SUMÁRIO
Essa técnica de leitura labial: ”ler” a posição dos lábios e captar os movimentos dos
lábios de alguém está falando é só útil quando o interlocutor formula as palavras
de frente com clareza e devagar. (...) a maioria dos surdos só conseguem ler 20% da
mensagem através da leitura labial, perdendo a maioria das informações. Geralmente
os surdos deduzem as mensagens de leitura labial através do contexto dito (PERLIN
e STROBEL, 2008, p. 14).
Perlin e Strobel (2008, p. 15) explicam que a filosofia oralista faz uso da comu-
nicação da criança para que ela seja aceita na comunidade dos ouvintes, em outras
palavras, para que uma criança seja aceita na comunidade dos ouvintes é necessá-
rio falar na produção de sons e este falar só é obtido por meio da leitura labial e
na emissão fonética das palavras da pessoa surda. Sendo assim, a leitura labial vai
assumir a função de audição e os balbucios da palavras na boca do surdo serão os
sons fônicos que os ouvintes fazem.
Comunicação Total
3 A leitura orofacial (LOF) é feita de forma inconsciente ao se comunicar e atualmente tem sido utilizado
com freqüência na avaliação de deficientes auditivos. O deficiente auditivo é capaz de “ler” a posição dos
lábios e captar os sons da fala de um locutor, porém é provável que até o melhor leitor labial só consiga
SUMÁRIO
Não é, tão somente, mais um método na área e seria realmente, um equívoco con-
siderá-la, inicialmente como tal (...). A comunicação total, entretanto, não é uma
filosofia educacional que se preocupa com ideais paternalistas. O que ela postula, isso
sim, é uma valorização de abordagens alternativas, que possam permitir aos surdos
ser alguém, com quem se possa trocar idéias, sentimentos, informações, desde a sua
mais tenra idade. Condições estas que permitam aos seus familiares (ouvintes, na
grande maioria das vezes) e às escolas especializadas, as possibilidades de, verdadei-
ramente, liberarem as ofertas de chances reais para um desenvolvimento harmônico.
Condições, portanto, para que lhe sejam franqueadas mais justas oportunidades, de
modo que possa ele, por si mesmo, lutar em busca de espaços sociais a que, inques-
tionavelmente, tem direito
Bilinguismo
riores e inferiores.
Como demonstra a figura acima, as expressões faciais superiores são realizadas pelos
olhos, sobrancelhas e a testa. Já as inferiores são constituídas pelas bochechas, boca
e língua. a) Expressões faciais superiores: Examinaremos, primeiramente, as expres-
sões faciais superiores que envolvem os olhos, a testa e as sobrancelhas. Olhos Foram
encontradas, nos nossos dados, três formas de usar os olhos no corpus desta disserta-
ção, que classificamos de acordo com as oposições significativas que encontramos: a)
olhos arregalados, b) olhos fechados e c) direção do olhar. Os olhos arregalados (OA)
servem para indicar surpresa, como marca intensificadora, ou são parte integrante de
um item lexical (função paramétrica) (ARAÚJO, 2013, p. 61).
Por conseguinte, cada sinal traz consigo uma das expressões superiores ou
inferiores, como Araújo denomina:
Como vimos, as expressões faciais inferiores, segundo Wilbur (2000), são aquelas
que definem que as expressões faciais inferiores são aquelas que estão localizadas nas
bochechas, na boca ou na língua, e conforme Brito (1995), são manifestas por exem-
plo na bochecha inflada, sobrancelha franzida (ARAÚJO, 2013, p. 65).
Umas das formas de divulgação dessas medidas se deu por meio das tecno-
logias. Nesse momento, pessoas que não dominavam as tecnologias passaram a
ter um contato maior e começaram a desenvolver uma interação maior por meio
virtual, já que a população estava em quarentena.
Metodologia
Análises e discussões
Fonte: https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/cidades/2020/05/13/interna_
cidadesdf,854108/covid-19-voluntarias-confeccionam-mascaras-transparentes-para-surdos.
shtml.
SUMÁRIO
Para as autoras, a leitura labial é um método que foi utilizado durante muito
tempo na filosofia educacional dos surdos denominada de oralismo. Nesse mo-
mento da história da educação de surdos, o conceito de que o surdo se tornasse
um sujeito com características dos ouvintes era primordial, pois a sinalização e as
expressões não manuais/faciais não eram valoradas como item gramatical, impor-
tando-se apenas com a forma o falar. Por isso, trouxe, nessa primeira reportagem,
esse item da leitura labial, dado que, mais uma vez, a comunidade ouvinte ainda
não conseguiu aprender a se comunicar com os surdos, recaindo no erro da leitura
labial.
Ainda nessa primeira reportagem, vale ressaltar que a criação dessa nova pro-
posta vai contra a máscara tradicional, pois no modelo tradicional nariz e boca
ficam totalmente cobertos, fazendo com que não se perceba o que pode estar sen-
do verbalizado. Por essa razão, a criação dessa nova proposta vem elucidar, assim
como facilitar as expressões não manuais localizadas na região da boca ou, até mes-
mo, identificar a prosódia e o morfema que está sendo sinalizado.
Entretanto, a reportagem menciona a seguinte frase “muitos deles dependem
de uma interpretação dos lábios”, ou seja, a necessidade de comunicar, nessa pri-
meira reportagem, está condicionada aos lábios e não à sinalização.
Para Foucault (2014), o discurso carrega uma ideologia política em que a
pessoa acredita e isso é identificado nas ações ou discursos. Sendo assim, pode-
mos presumir que, nessa primeira reportagem, o discurso ideológico está focado
evidentemente no oralismo, pois, em primeiro lugar, mostra-se a preocupação na
leitura labial
Na segunda reportagem, extraída do jornal digital Folha de Pernambuco, a
chamada da notícia “Surdos que leem lábios enfrentam dificuldade por causa das
SUMÁRIO
Fonte:https://www.folhape.com.br/NOTICIAS/2190-SURDOS-QUE-LEEM-LABIOS-
ENFRENTAM-DIFICULDADES-POR-CAUSA-MASCARAS/141806/
Essa técnica de leitura labial: ”ler” a posição dos lábios e captar os movimentos dos
lábios de alguém está falando é só útil quando o interlocutor formula as palavras
de frente com clareza e devagar. (...) a maioria de surdos só conseguem ler 20% da
mensagem através da leitura labial, perdendo a maioria das informações (PERLIN e
STROBEL, 2008, p.14).
Imagem 3- Máscaras transparentes para surdos que se comunicam por meio da leitura labial
Fonte:https://www.facebook.com/dradamaresalves/photos/a.302339909973698/12848764083867
05/?type=3
Referências
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MARCHESI, A. Comunicação, linguagem e pensamento das crianças surdas. Porto Alegre:
SUMÁRIO
Introdução
1 Resumo expandido publicado nos Anais do Seminário Latino-Americano de Estudos em Cultura – SEMLACult, v. 3,
2020. ISSN: 2674-5879. Disponível em: https://tupa.claec.org/index.php/semlacult/3/paper/view/2410. Acesso em: 18
fev. 2020.
SUMÁRIO
3 Neste capítulo, a lexia “estima social” tem uso a partir da LSF e da LR. A estima social, na GSF, diz respeito a um julga-
mento ético sem implicações legais (ALMEIDA, 2010). Do mesmo modo, para a LR (HONNETH, 2009), na gramática
moral dos conflitos sociais, a estima social corresponde ao julgamento baseado em valores culturalmente definidos.
Destarte, sempre quando for usada relacionada à LR, utilizaremos o autor da teoria, Honneth (2009).
4 No original: “should be oriented towards critiquing and changing society, in contrast to traditional theory oriented
solely to understanding or explaining it”. “Critical theory should be directed at the totality of society in its historical
specificity”. “Critical theory should improve the understanding of society by integrating all the major social sciences,
including economics, sociology, history, political science, anthropology and psychology”. Agradecimentos a Iris Santos
SUMÁRIO
Por se tratar de uma pesquisa que baseia suas análises entre o linguístico e o
social, os fragmentos textuais/discursivos foram analisados segundo a metodolo-
gia proposta pela ACD, qual seja, uma metodologia qualitativo-interpretativista. O
cunho qualitativo dá conta dos fatos do mundo social, e a parte interpretativista,
das ações sociais dos sujeitos da pesquisa (MAGALHÃES; MARTINS; RESENDE,
2017).
Com isso, a ACD busca, em suas análises, expor práticas naturalizadas de po-
der presentes nos textos, “que privilegia certos grupos e indivíduos em detrimento
de outros, por meio de formas institucionalizadas de ver e avaliar o mundo (ide-
ologias) ou preservação de poderes (hegemonia) de grupos dominantes” (MELO,
2011, p. 1340). Com base nessas diretrizes, lançaremos nosso olhar sobre o corpus.
Com a finalidade de alcançar o objetivo proposto (abalizar as denúncias e as
reivindicações do Povo Surdo em espaços sociodiscursivos de produções textu-
ais em Língua Portuguesa como L2), coletamos vinte (20) redações de candidatos
Surdos que fizeram o vestibular especial para entrada no curso de Letras Libras
da Universidade Federal de Sergipe9 entre os anos 2018-2020 e selecionamos os
fragmentos textuais/discursivos que contemplaram as temáticas de reivindicações
e denúncias. Utilizaremos um código que identifica a coleta, sendo que LL indica
Letras Libras; UFS, a Universidade Federal de Sergipe, e como complemento o ano
de produção do texto, exemplo: 08-LL-UFS/2020.
Escolhemos o Sistema de Avaliatividade e o seu subsistema de Atitude para
indicar quais recursos léxico-gramaticais são recorrentes e caracterizam as temáti-
cas de denúncia e reivindicação evidenciadas no objetivo que desejamos alcançar
com o estudo. No entanto, enfatizamos que o uso do subsistema de Atitude da GSF
será tão somente para indicar a leitura discursiva e social que faremos dos discur-
sos escolhidos.
É inegável a influência do paradigma funcionalista em várias teorias linguísti-
cas na atualidade, entre elas a Linguística Sistêmico-Funcional. Esse paradigma de-
fende que a aceitabilidade e a gramaticalidade estariam no mesmo nível (EGGINS,
2002). A Linguística, segundo essa proposta, trabalha com funções.
9 Considerando que os textos foram produzidos para o vestibular, e não para este projeto, não se fez necessária a au-
torização do Conselho de Ética. E, para reforçar o anonimato, os fragmentos textuais foram utilizados sem identificar o
SUMÁRIO
Discursos de reivindicação
16-LL-UFS/2019 “Os surdos não falam e não entender, só falar o mão de ‘Li-
bras’, principalmente precisar um intérprete para ajudar com surdos, é muito
importante tradutor de interprete de linguagem de sinais própria cultura sur-
da”.
Discursos de denúncia
seguir.
Considerações finais
10 UNESCO. Declaração Universal dos Direitos Linguísticos. 1996. Disponível em: <http://www.dhnet.org.br/direitos/
SUMÁRIO
ALMEIDA, Fabíola Sartin Dutra Parreira. Atitude: afeto, julgamento e apreciação. In:
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co-funcionais com base no Sistema de Avaliatividade. São Carlos: Pedro & João Editores,
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Libras e dá outras providências. Brasília, 2002. Disponível em: <http://www.planalto.gov.
br/ccivil_03/leis/2002/L10436.htm>. Acesso em: 06 jan. 2019.
EGGINS, Suzanne. Introducción a la lingüística sstémica. Logroño, Espanha: Universidade
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FUHRMANN, Nadia. Luta por Reconhecimento: reflexões sobre a teoria de Axel Honne-
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SUMÁRIO
Considerações iniciais
A escrita ELiS
O Sistema Brasileiro de Escrita das Línguas de Sinais – ELiS foi criado pela
linguista Mariângela Estelita Barros. É um sistema de escrita de base alfabética e
linear. Alfabética por representar graficamente elementos fonológicos das línguas
de sinais e linear pelo fato de sua escrita ser grafada da esquerda para a direita,
obedecendo uma ordem, organizada de acordo com os parâmetros apresentados
por Quadros e Karnopp (2004), sendo estes: Configuração de Mão, Ponto de Arti-
culação, Movimento, Orientação da Palma e Expressões não Manuais e/ou Faciais.
A ELiS é composta por noventa e cinco visografemas1, divididos em quatro grupos:
Configuração de Dedos (CD), Orientação da Palma (OP), Ponto de Articulação
(PA) e Movimento (M). Importante ressaltar que o parâmetro Configuração de
Mão na ELiS é designado como Configuração de Dedos, pelo fato de que na ELiS,
não se considera uma configuração predefinida, mas sua escrita é realizada dedo a
dedo, resultando no final em uma configuração de mão. Esse artifício possibilitou
à ELiS a economia de muitos visografemas, além disso, os visografemas existentes
que representam as expressões não manuais e/ou faciais estão incorporados ao gru-
po de movimento, outras são inseridas pelo leitor.
Para escrever com o sistema ELiS é necessário respeitar sua estrutura base,
ocorrendo na respectiva ordem; CD, OP, PA e M. Dessa forma, aplicamos como
exemplo o sinal de ‘thçEÉ – passado’, no qual ‘th’ é a Configuração de Dedos,
‘ç’ a Orientação da Palma, ‘E’ o Ponto de Articulação e ‘É’ o Movimento. Com
1 Conforme Barros (2015, p, 21) “Os símbolos/letras utilizados na ELiS são denominados visografemas, por serem for-
SUMÁRIO
mas gráficas que representam elementos visuais, os quais compõem as línguas de sinais”.
Metodologia
2 Conforme aponta Durão (2018, p 51-52) “Hausmann e Werner (1981, p. 2729) propuseram o termo infralema em
oposição ao termo sublema, que designa aquelas unidades léxicas formadas por palavras da mesma família léxica que
a cabeça do lema (como ‘carne’, ‘carnívoro’, ‘carnificina’, etc.), ao passo que o termo infralema incluiria unidades lexicais
SUMÁRIO
Glossário animais
kçcWãû s.m. ♦yhzrfvc#éèéèû s.b.q.s. qooqcG s.m. ♦qggqçSá s.m. ♦/eoqlzS s.b.s.
baleia 1. javali 2. porco selvagem
/eocvN-Ém s.b.q.s. 1. jacaré 2. crocodilo qqqqgzOÉmbrfgzDàmÌ s.c. (s.mbs.m.) porca
3. caimão 4. aligátor
/qoqqocvN-Ém s.b.q.s. hipopótamo
qqqqgzOÉm s.m. ♦thvGËm s.m. 1. porco
qoqlOb/thxvZÉm s.c. (s.m.bs.b.s.) águia
3 Para mais informações sobre a ordem visografica, ler Ordem Visográfica – colocando os dicionários de línguas de sinais
em ordem, disponível em http://www.seer.ufu.br/index.php/dominiosdelinguagem/article/view/41435/25186.
4 Para mais informações sobre as categorias morfológicas, ler Sistema brasileiro de escrita das línguas de sinais: conhecen-
SUMÁRIO
Referências
Introdução
Referencial Teórico
Sobre a inclusão de surdos no trânsito, Souza et al. (2016) apontam que, em-
bora existam as leis que lhes confiram direitos, elas não se efetivam, não havendo
clareza nem mesmo de como se dá seu ingresso. Amorim (2019) ao realizar entre-
vistas com surdos a respeito da formação do surdo para aquisição da CNH, coletou
dentre os relatos o sentimento de desamparo, o esforço necessário para que a Lei
seja cumprida e, ao perguntar como foi a experiência na autoescola, houve a men-
ção de uma sinalização “básica” por parte da maioria dos tradutores/intérpretes de
Libras.
Assim, Souza et al. (2016, p. 678) nos diz sobre a importância de “reforçar que
apesar de ser garantido o direito constitucional de ir e vir a todos os cidadãos, esta
"garantia" não é exposta claramente à população surda, portanto, há a necessidade
de uma maior conscientização para que possa garantir e aprimorar sua acessibili-
dade”. De encontro ao excerto anterior, defendemos o desenvolvimento da termi-
nologia especializada como um dos pilares para o direito linguístico e aprimora-
mento da acessibilidade dos surdos brasileiros.
A partir da Lei nº 13.146 (BRASIL, 2015), em vistas à Lei Brasileira de Inclu-
são da Pessoa com Deficiência, acessibilizar a comunicação para surdos e deficien-
tes auditivos durante o processo de obtenção da CNH foi previsto pela alteração do
SUMÁRIO
Tem como objetivo valorizar a Língua de Sinais Espanhola (LSE) [reconhecida desde
o ano de 2007] fazendo uso de avatar. Os autores constataram um bom desempenho
desse sistema e boa aprovação dos usuários, porém ressaltaram a necessidade de me-
lhoras na interface visual e na padronização da LSE, havendo algumas discrepâncias
entre palavras e sinais correspondentes. Ressalte-se que, da mesma forma, no Brasil,
SUMÁRIO
Dessa forma, entendemos que ainda que se conte com a atuação de um profis-
sional tradutor/intérprete e com tecnologias apropriadas em atendimento a acessi-
bilidade, a língua em si, assim como qualquer outra, pode conter algumas preocu-
pações das quais são necessárias se atentar. Logo, dificilmente teria a construção de
propostas unânimes, assim como explica Souza et al. (2016, p. 683) sobre as provas
gravadas em vídeo, “em um único local do país e distribuída para os estados, mas
precisa ser interpretada localmente, a fim de garantir que os surdos daquela região
consigam compreender adequadamente o conteúdo”.
Muito além da natural variação linguística, na Libras há lacunas de termino-
logias de especialidade, dentre as quais têm se pesquisado e desenvolvido diversas
iniciativas somente nos últimos anos, propostas principalmente a partir da expan-
são dos estudos linguísticos de pós-graduação, como também à medida que os
surdos ocupam novos espaços.
O processo linguístico de expansão terminológica da Libras, seja científica,
técnica ou cultural, possibilita ainda uma correspondência concreta entre sinais e a
Língua Portuguesa na modalidade escrita, predominante nos materiais instrutivos
do domínio do trânsito. Logo, pode-se aprimorar o desempenho do tradutor/in-
térprete enquanto dispositivo de acessibilidade linguística, bem como, instrumento
linguístico para minimizar dificuldades de compreensão. Por meio do registro ade-
quado, pode permitir ainda o estudo autônomo do surdo aprendiz, pois viabiliza
uma possível consulta a materiais terminológicos específicos, seja durante a forma-
ção de condutores ou preparação mínima para a realização da avaliação em Língua
Portuguesa ou mesmo em Libras.
Nesse sentido, quando não há o desenvolvimento de materiais que preen-
cham as lacunas, seja em vista de sua incorporação ao léxico ou aperfeiçoamento
da eficiência tradutória, é mantida de uma maneira ou de outra a defasagem da
acessibilidade, da qualificação de intérpretes e da efetiva instrução de condutores
surdos. Imaginemos, por exemplo, sanada a necessidade de acessibilidade durante
a aplicação das provas, conforme ilustra Souza et al. (2016, p. 684):
SUMÁRIO
Para seguir adiante com a proposta preliminar, buscamos aporte teórico nos
saberes gerais da Terminologia e Lexicografia que se tem registrado na literatura
produzida por e a partir das pesquisas brasileiras. Em suma, dissertações e teses de
pós-graduações desenvolvidas com status de referência ou publicações acadêmicas
e científicas derivadas, uma vez que integram um arcabouço consistente, embora
ainda tímido quanto ao número de produções. Castro Júnior et al. (2018, p. 8) re-
afirmam que
No que diz respeito aos aspectos sociais e culturais, a comunidade surda e os falantes
de Libras necessitam diariamente, também, de sinais que, por vezes, são básicos e que
são cansativamente soletrados. Assim, como de fato a língua portuguesa é a segunda
língua para o surdo, chega-se ao consenso de que não basta apenas soletrar as pala-
vras e esperar confiantemente que ele compreenda seu significado, faz-se necessária
a criação de novos sinais para uma ampliação e conscientização do seu aprendizado
(CAMARGO, 2014, p. 5).
Metodologia
1 Autoescola
2 Simulador
SUMÁRIO
Categoria B -
4
Carros
Categoria C –
5 Caminhões de
pequeno porte
Categoria D -
6
Ônibus
Categoria E –
7 Caminhões de
grande porte
Considerações finais
Referências
AMORIM, E. V. de. A formação do surdo para aquisição da CNH: entre as leis e a efeti-
vação prática. 2019. 55f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Pedagogia)-
Universidade Estadual da Paraíba, Guarabira, 2019. Disponível em: http://dspace.bc.uepb.
edu.br/jspui/handle/123456789/20145. Acesso em: 26 maio 2021.
BRASIL. Lei 13.146 de 06 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa
com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Disponível em: http://www.planal-
to.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm. Acesso em: 28 maio 2021.
BRASIL. Câmara dos Deputados. Projeto de lei n.º 4.318-a, de 2016. disponível em: https://
www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra;jsessionid=AAF6D5C8C4C-
6D1107DA5FBCCE26DF774.proposicoesWebExterno2?codteor=1517088&filename=A-
vulso+-PL+4318/2016. Acesso em: 28 maio 2021.
CAMARGO, et al. Dicionário específico – vocabuário saudável. In: CONGRESSOTILS,
Anais... IV Congresso Nacional de Pesquisas em Tradução e Interpretação de Libras e
Língua Portuguesa, UFSC: Programa de Pós-Graduação em Estudos da Tradução da Uni-
versidade Federal de Santa Catarina, 2014. Disponível em: http://www.congressotils.com.
br/anais/2014/2952.pdf. Acesso em: 27 maio 2021.
CAPOVILLA, F. C., RAPHAEL, W. D. Dicionário enciclopédico ilustrado trilíngue da lín-
gua de sinais brasileira, v 1 e 2. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2001.
SUMÁRIO
Introdução
Para iniciar a discussão dessa seção, faz-se necessário conceituar em que con-
siste o estudo de Aquisição de Segunda Língua (ASL), pois, de acordo com Gass e
Selinker (2008, p. 1), o termo empregado anteriormente se volta à compreensão de
uma área vinculada ao aprendizado de línguas. Posto que o indivíduo já possui ou
partilha experiências em uma determinada língua que, neste caso, passa a ser sua
primeira língua (L1).
Espanha, que se deu início a uma nova perspectiva sobre a inclusão de pessoas com
Linguística Sistêmico-Funcional
caracterizada como uma teoria social porque parte da sociedade e da situação de uso
para o estudo da linguagem; seu foco está em entender como se dá a comunicação
entre os homens, a relação entre indivíduos e desses com a comunidade. Caracte-
riza-se também como uma teoria semiótica porque se preocupa com a linguagem
em todas as suas manifestações. Procura desvendar como, onde, porque e para que
o homem usa a língua, bem como a linguagem em geral, e como a sociedade o faz
(BARBARA E MACEDO, 2009, 90).
Metafunção Interpessoal
Metafunção textual
O Tema definirá sobre o que será a mensagem. Halliday (1994, p. 67) “na estrutura
Metodologia
Posto isso, o texto apresentado na figura 2, a seguir, foi produzido por um dos
discentes pesquisados, transcrito e organizado de acordo com a metodologia de
análise sistêmico-funcional, como mencionado anteriormente. Enquanto contexto
de cultura, tem-se a realidade de inserção dos Surdos em um ambiente inclusivo e
a exigência de produção da LP, uma língua oral-auditiva, em sua modalidade escri-
ta. Já o contexto de situação é experienciado pelos participantes com o objetivo de
produção do texto a partir de uma organização visual de acontecimentos e o incen-
tivo à escrita em L2 vinculada às variáveis de registro que serão melhor descritas
no referencial teórico.
1 As sequências de imagens apresentadas foram utilizadas a partir do método utilizado por Shapiro e Hudson (1997),
que foi aplicado a quarenta adolescentes surdos, sendo que eles possuíam faixa etária entre 14 e 19 anos e que estavam
cursando o ensino fundamental em escolas e centros de reabilitação em Recife e Fortaleza. MEIRELLES e SPINILLO
(2004).
2 “A mãe fazer cozinho biscoito a criança rolo bandeja colocou demorou minitos 15. Fica não bom pegou
fogo. Criança ficar chorar triste menina mãe falou calma não chorar e mãe vai compra ajuda qualquis você
SUMÁRIO
a) Representação da mãe
E#2 Mãe Falou Calma não chorar e mãe vai compra ajuda qualquis
você tem vontade pode menina BISTOITO3.
Dizente Processo Verbal Citação
3 A operação grafo-fonológica devido à característica do discente Surdo, pois não utiliza a oralidade da Língua Portu-
SUMÁRIO
guesa.
b) Representação da criança/menina
4 A operação grafo-fonológica devido a característica do discente Surdo, pois não utiliza a oralidade da Língua Portu-
guesa.
5 A operação grafo-fonológica devido a característica do discente Surdo, pois não utiliza a oralidade da Língua Portu-
SUMÁRIO
guesa.
c) Representação do bolo/biscoito
[o bolo] pegou
[o bolo] Fica Não bom
fogo.
E#9
Processo Adjunto modal de Atributo
Portador Oração encaixada
relacional polaridade negativa resultativo
6 A operação grafo-fonológica devido à característica do discente Surdo, pois não utiliza a oralidade da Língua Portu-
SUMÁRIO
guesa.
Modo Resíduo
Considerações finais
Referências
Introdução
o fio de Ariadne para que ele possa, sozinho, enfrentar suas provas e construir
Após discorrer, mesmo que de forma sucinta e geral, sobre algumas concep-
ções e ideologias da educação, torna-se palpável visualizar suas influências, diretas
e indiretas, nas práticas, espaços e contextos pedagógicos. No contexto do ensino
SUMÁRIO
conceitos gramaticais, por meio dos textos literários, leva o leitor a ser um bom es-
Formação humanística
Formação cognitiva
Formação crítica
só alfabetizar, mas a formar cidadãos conscientes e críticos. Para alcançar tais obje-
Considerações finais
Nesse capítulo foi apresentado uma síntese das várias questões que envolvem
o ensino de português para surdos, das quais perpassam discussões teóricas, ide-
ológicas, metodológicas, culturais, educacionais, políticas e, por fim, linguísticas.
Por abranger tantos aspectos, o ensino de português como segunda língua para
surdos é uma temática complexa e, por vezes, polêmica e discordante. Desse modo,
ao trazer uma síntese das principais correntes pedagógicas e linguísticas, a inten-
ção foi demonstrar que a prática em sala de aula é o resultado de forças invisíveis,
todavia presentes e constantes.
Nenhum ato educacional é autêntico, no sentido de ser nulo de influências
teóricas/políticas, logo, nenhum ato educacional é desprovido de intencionalidade.
Assim, como foi dissertado, as práticas pedagógicas são norteadas, primeiramente,
por uma abordagem pedagógica, isto é, uma concepção filosófica sobre o que é a
educação, o que é o aluno e qual é a função do professor. O ensino de língua nas
escolas, por sua vez, além de estar inserido em um contexto educacional/político,
advém de concepções que teorizam sobre o que é língua e de como se adquire a
SUMÁRIO
linguagem.
Referências
ARAÚJO, Alberto F.; ARAUJO, Joaquim M. Imaginário educacional: figuras e formas. Ni-
terói: Intertexto, 2009.
BARCELONA. Declaração Universal dos direitos linguísticos. Dispõe sobre os direitos indi-
viduais e coletivos do indivíduo. Junho de 1996. Disponível em: http://www.dhnet.org.br/
direitos/deconu/a_pdf/dec_universal_direitos_linguisticos.pdf. Acesso em: 31 maio 2021.
BRAGGIO. Silvia L. B. Leitura e Alfabetização: da concepção mecanicista à sociopsicolin-
guística. Porto Alegre: Artes Médicas, 1992.
BRASIL, Lei 13.146 de 06 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa
com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Disponível em: http://www.planal-
to.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm. Acesso em: 31 maio 2021.
BRASIL, Ministério da educação. Orientações curriculares para o ensino médio: lingua-
gens, códigos e suas tecnologias. Brasília: 2006.
COELHO, Sônia Maria. A importância da alfabetização na vida humana. In: Universidade
Estadual Paulista. Pró-reitoria de Graduação. Caderno de formação de professores didática
dos conteúdos. São Paulo: Cultura Acadêmica. 2011. v. 2 p. 14-22. Disponível em: http://
acervodigital.unesp.br/handle/123456789/40136. Acesso em: 31 maio 2021.
ECO, Umberto. Sobre a Literatura. Tradução de Eliana Aguiar. Rio de Janeiro: Record,
2003.
FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler em três artigos que se completam. São Paulo:
Editora Cortez, 2011.
GAUTHIER, C.; TARDIF, M. Pedagogia: teorias e práticas da Antiguidade aos nossos dias.
Petrópolis: Vozes, 2010.
SUMÁRIO
Introdução
1 A pesquisadora em questão foi assim nomeada para facilitar a leitura, a fluidez do texto que está escrito
em coautoria de duas pesquisadoras.
2 Na representação da escrita em Libras o @ representa o gênero neutro.
SUMÁRIO
Se uma flor tivesse em si mesma a sua plenitude ôntica, não teria a necessidade de
que a contemplassem. O que significa que a flor tem uma carência, uma carência ôn-
tica. O olhar amoroso, esse “conhecimento guiado pelo amor”, redime-a do estado de
indigência, fazendo com que esse conhecimento venha a ser “análogo à redenção”. O
conhecimento é redenção (HAN, 2018, p. 13).
Essa cadeia se estende entre as consciências individuais, unindo-as, pois o signo sur-
ge apenas no processo de interação entre consciências individuais. E a própria cons-
ciência individual está repleta de signos. Uma consciência só passa a existir como
tal na medida em que é preenchido pelo conteúdo ideológico, isto é, pelos signos,
portanto apenas no processo de interação social (VOLÓCHINOV, 2017, p. 95).
A questão seguinte tratou sobre a língua com a qual os sujeitos possuem mais
afinidade, três responderam “Libras” e um indicou “Libras e português” justifican-
do a convivência diária com uma e com outra. Percebemos, no discurso dos en-
trevistados, como a língua de sinais apresenta-se enquanto uma linguagem leve,
confortável e com potencial de comunicação rápido e de imediata compreensão.
De modo que a visualidade se apresenta como a principal influência para a for-
ma como os Surdos apreendem o mundo. Essa experiência de um dizer mais livre
aparenta ser uma característica que torna a língua de sinais mais atraente para os
Surdos, diferentemente do português que, geralmente, apresenta-se como língua
imóvel e cuja função seria apenas repetir as regras de um sistema linguístico. Con-
forme Volóchinov (2017, p. 199) “a língua como sistema de formas normativas e
idênticas é uma abstração que pode ser justificada de modo teórico e prático ape-
nas do ponto de vista da decifração e ensino de uma língua alheia e morta.”
Em sua experiência pessoal, D percebeu o quanto existe uma enorme barreira
comunicacional quando está conversando com ouvintes por meio do português
oral, principalmente, quando o tema da conversa exige uma linguagem mais for-
mal. É necessário um esforço muito grande para (não) alcançar o sentido, o que
torna aquele momento desconfortável acarretando em perdas da bidirecionalidade
do signo ideológico e da singularidade do existir. Prosseguindo em seu relato, D
afirma que “enquanto, nesse contexto, nos sentimos “imobilizados”, quando encon-
tramos outros Surdos reconhecemos nossa capacidade de expressar o “indizível”,
o “impossível”, independentemente do nível de linguagem, usufruindo, finalmen-
te, da compreensão emotivo-volitiva que constitui o existir-evento (BAKHTIN,
2010).”
SUMÁRIO
Discussões finais
Referências
Introdução
1 Grupo de Pesquisa LingCognit – Linguagem & Cognição: escolhas tradutórias e interpretativas – CAPES/
SUMÁRIO
3 De acordo com Radanovic e Kato-Narita (2016, p. 260) a área de Broca analisa os estímulos auditivos,
para posterior ativação do sistema conceitual, realiza construção gramatical, fonética e controle motor
articulatório, essa área de Broca fica no giro frontal inferior. A área de Wernicke se localiza na parte posterior
SUMÁRIO
Procedimentos Metodológicos
[a] pesquisa de campo é o tipo de pesquisa que pretende buscar a informação dire-
tamente com a população pesquisada. Ela exige do pesquisador um encontro mais
direto. Nesse caso, o pesquisador precisa ir ao espaço onde o fenômeno ocorre, ou
ocorreu e reunir um conjunto de informações a serem documentadas [...] (GON-
ÇALVES, 2001, p. 67).
(MACHADO, 2017).
Análises do Corpus
A coleta dos dados foi realizada com 5 pessoas surdas que se comunicam
fluentemente em Libras e têm diferentes níveis de escolaridade. Os participantes
com graduação demonstraram mais dificuldades na tradução da LP e, durante as
análises, identificou-se que não conseguiram fazer nenhuma escolha tradutória do
conceito abstrato CRÍTICO do microtexto para Libras. Sendo assim, levanta-se um
ponto de discussão do acesso comunicacional que há na educação dos surdos em
relação ao que interfere na comunicação, leitura e interpretação das pessoas surdas
em relação ao português escrito. As diferentes idades também foram consideradas
SUMÁRIO
No excerto 1, o PSA não registra elementos lexicais com os quais fosse possí-
SUMÁRIO
No excerto 5, percebe-se que o PSB repetiu três vezes o sinal manual <ACON-
TECE> adicionado à expressão de “pensar”, observada nas pausas. Nota-se que du-
rante a leitura o PSB buscava compreender o enunciado do texto em LP para reali-
zar a tradução na Libras. Sendo assim, verifica-se que o PSB não realizou elementos
equivalentes que dessem sentido linguístico. Apenas ao final da sentença o PSB
escolhe sinais como <ALUNO PENSAR OPINIÃO>, na tentativa de recuperar a
informação da língua de partida, mas o conceito CRÍTICO da sentença “[e]ssas si-
tuações são consideradas por alguns alunos como algo extremamente CRÍTICO”, tem
o sentido de um adjetivo que se relaciona ao incômodo, isto é, que causa mal-estar,
que causa inquietação, importuno, dificuldade, embaraço, estorvo, demonstrando
que não houve compreensão para registro linguístico.
LP: Essas situações são consideradas por alguns Libras: Sem registros.
alunos como algo extremamente CRÍTICO.
Nesse excertos, o PSD não fez escolhas tradutórias da LP para Libras. Por-
tanto, não foi possível fazer uma análise por falta de elementos linguísticos. Já no
excerto 4, temos:
Nesta coleta de dados, decidiu registrar as análises por último, pois o PSE não
conseguiu compreender o texto em LP. O PSE possui 70 anos e informou em Libras
os seguintes sinais manuais: <NÃO CONSIGO ENTENDER>. Todavia, não foi
possível obter elementos linguísticos para realizar uma análise com o participante
SUMÁRIO
identifica que os conceitos abstratos são, de fato, problemáticos tanto para os TILS
como para os sujeitos surdos, dada a variedade de escolhas de sinalização que pro-
curam encontrar com sinônimos aproximados ou paráfrases para que o significado
de ‘crítico’ em LP seja passível de entendimento por parte do sujeito surdo. Essas
escolhas ora se ajustam, em algum grau, ao significado contextual, ora se distanciam,
em cada versão. Porém, para o sujeito surdo, a expressão da compreensão ainda se
revela altamente complexa devido a fatores ainda a serem investigados (MACHADO,
2017, p. 112).
PSD – Graduado e
PENSAR OPINIÃO C-R-I-T-I-C-A OPINIÃO OPINIÃO
Pós-Graduado
PSE - Ensino
Fundamental e Sem registro Sem registro Sem registro Sem registro. Sem registro
Médio
Considerações finais
Referências
ABREU, A. S. Linguística Cognitiva: Uma Visão Geral e Aplicada; Cotia, SP; Ateliê Edito-
rial, 2010.
BATISTA, C. Sinapses. Toda Matéria, 2019. Disponível em: https://www.todamateria.
com.br/sinapses/. Acesso em: 12 jun. 2021.
FERNANDES, E., org. Surdez e Bilinguismo. Porto Alegre: Mediação, 2005.
GABRIOTTI, R B. ZOMIGNAN, R. O Cérebro Bilíngue: Processos cerebrais durante a
aquisição de linguagem. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano
05, Ed. 08, Vol. 16, pp. 68-96. Agosto de 2020. Disponível em: <https://www.nucleodoco-
nhecimento.com.br/educacao/cerebro-bilingue/>. Acesso em: 12 jun. 2021.
GONÇALVES, E. P. Iniciação à pesquisa científica. Campinas, SP: Editora Alínea, 2001.
LAKOFF, G. Women, Five andf Dagerous Things. Chicago, The University of Chicago
Press, 1987.
LOPES; A. C. P. et al. Aspectos moleculares da transmissão sináptica. Medicina, Ribei-
ro Preto, 32: 167-188, abr./jun. 1999. Disponível em: <https://core.ac.uk/download/
pdf/268327253.pdf/>. Acesso em: 29 mar. 2021.
Navas, A. L. G. P., Pinto, J. C. B. R., Dellisa, P. R. R. (2009). Avanços no conhecimento do
processamento da fluência em leitura: da palavra ao texto. Revista Da Sociedade Brasileira
de Fonoaudiologia, 14(4), p. 553-559.
McKenna M.C.; Stabl, S.A. Assessement for Reading Instructions. Ny: Grilford Press. 2003.
SUMÁRIO
Introdução
demandas da comunidade surda ainda é uma área que precisa de crescente pes-
parte deles instruções verbais de variados procedimentos, cujo resultado pode ser
Art. 25. A partir de um ano da publicação deste Decreto, o Sistema Único de Saú-
de - SUS e as empresas que detêm concessão ou permissão de serviços públicos de
assistência à saúde, na perspectiva da inclusão plena das pessoas surdas ou com defi-
ciência auditiva em todas as esferas da vida social, devem garantir, prioritariamente
aos alunos matriculados nas redes de ensino da educação básica, a atenção integral à
sua saúde, nos diversos níveis de complexidade e especialidades médicas, efetivando:
[...]
IX - atendimento às pessoas surdas ou com deficiência auditiva na rede de serviços
do SUS e das empresas que detêm concessão ou permissão de serviços públicos de
assistência à saúde, por profissionais capacitados para o uso de Libras ou para sua
tradução e interpretação;
X - apoio à capacitação e formação de profissionais da rede de serviços do SUS para
o uso de Libras e sua tradução e interpretação.
§ 1o O disposto neste artigo deve ser garantido também para os alunos surdos ou
com deficiência auditiva não usuários da Libras.
§ 2o O Poder Público, os órgãos da administração pública estadual, municipal, do
Distrito Federal e as empresas privadas que detêm autorização, concessão ou permis-
são de serviços públicos de assistência à saúde buscarão implementar as medidas re-
feridas no art. 3o da Lei no 10.436, de 2002, como meio de assegurar, prioritariamen-
te, aos alunos surdos ou com deficiência auditiva matriculados nas redes de ensino da
educação básica, a atenção integral à sua saúde, nos diversos níveis de complexidade
e especialidades médicas (BRASIL, 2005).
1 Facilitadores de comunicação aqui apontados são surdos que atendem surdos e famílias que sabem pouco
ou quase nada da língua de sinais britânica, facilitando a comunicação destes entre si e com o terapeuta ou
SUMÁRIO
médico que atenderá ao surdo. Os próprios profissionais se auto denominam facilitadores de comunicação.
Fernandes (1996) ainda diz que uma interação efetiva envolve código com-
partilhado, convenção conversacional. Assim, para realmente acontecer um bom
atendimento ao surdo, é necessário que a língua de sinais seja conhecida por quem
presta atendimento.
Compreender a necessidade comunicativa do paciente auxilia no entendi-
mento da queixa e nos resultados obtidos no processo terapêutico. Se o médico não
compreender o surdo, aquele não irá realmente atender este. “A observação das
funções comunicativas, por outro lado, contribui para que o terapeuta tenha uma
perspectiva abrangente e objetiva a respeito dos elementos que estarão em jogo no
processo terapêutico” (FERNANDES, PASTORELLO & SCHEUER, 1995, p. 25).
Ressalta-se que reconhecer a necessidade comunicativa do surdo não é só
de saber sinais básicos da língua de sinais, mas também ter conhecimento da cul-
tura surda e o quanto de fluência for possível. Deve-se, assim, segundo Fernandes,
Pastorello e Scheuer (1995), levar em consideração não somente a performance
linguística, mas todo o contexto social e afetivo em que se encontra. E ainda:
não deve ser voltada apenas para as manifestações linguísticas da comunicação, mas
deve incluir todo o contexto comunicativo, a interferência de elementos externos (ru-
SUMÁRIO
ídos, cheiros, estado emocional e físico da mãe), internos (postura física, mudanças
Para que erros de diagnóstico não aconteçam é preciso que ocorra a distin-
ção cultural que Landsberger e Diaz sugerem. Barbosa (2016) também afirma que
é preciso que aconteça uma mudança no atendimento aos surdos, passando do
modelo médico para o modelo social, levando à quebra do paradigma clínico, de
modo a enfatizar a Libras e incentivar a aquisição da fluência necessária para o
diagnóstico e atendimento adequado às pessoas surdas.
Metodologia
servação.
Referências
24 de abril de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais (Libras), e o art. 18 da
Introdução
Fundamentação teórica
A comunidade surda organizada vem procurando alterar essa designação: eles que-
rem ser chamados de Surdo. Para isso são realizadas campanhas, impressos cartazes
no sentido de riscar a palavra mudo. Mudo é quem não pode se comunicar: a surdez
não interfere nos órgãos da fala. Para o surdo a forma natural de se comunicarem é
através da língua de sinais, a partir dela, os surdos se comunicam, interagem, expres-
sam seus sentimentos, suas opiniões (SKLIAR, 2001, p. 80).
(...) as identidades são construídas por meio da diferença e não fora dela. Isso implica
o reconhecimento radicalmente perturbador de que é apenas por meio da relação
com o Outro, da relação com aquilo que não é, com precisamente aquilo que falta,
com aquilo que tem sido chamado de seu exterior constitutivo, que o significado
'positivo' de qualquer termo – e assim, sua 'identidade' - pode ser construído (HALL,
2005, p. 110).
Existem duas diferenças marcantes entre Surdos e ouvintes, que são a língua
e, consequentemente, a identidade. A partir destas diferenças que o sujeito Surdo
vai se construindo, se adaptando às relações de múltiplas culturas e identidades.
Na concepção sociológica do sujeito, defendida por Stuart Hall:
Metodologia
Essa técnica se apresentou como estratégia mais adequada aos objetivos desta
pesquisa, posto que possibilitou observar os processos comunicativos, a partir
das interações práticas nos diálogos. Isso permitiu uma compreensão profunda
dos elementos necessários para mediar a inclusão das pessoas surdas nos espaços
sociais virtuais.
A participação no grupo ajuda a compreender como o Surdo percebe e lida
com a comunicação ouvintista.
Resultados e Discussão
1 Os dados relacionados aos conhecimentos em língua portuguesa foram considerados apenas os dos
SUMÁRIO
línguas de sinais não têm artigo, as classes das preposições e conjunções inexistem
Considerações finais
BRASIL. Lei nº 10.436, de 24 de abr. de 2002. Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais
- Libras e dá outras providências. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
leis/2002/l10436.htm>. Acesso em: 14 jul. 2019.
BRASIL. Decreto nº 5.626, de 22 de dez. de 2005. Regulamenta a Lei no 10.436, de 24 de
abril de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - Libras, e o art. 18 da Lei no
10.098, de 19 de dezembro de 2000. Disponível em <https://presrepublica.jusbrasil.com.
br/legislacao/96150/decreto-5626-05>. Acesso em: 14 jul. 2019.
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NUVENS, Eduardo. WHATSAPP: história, dicas e tudo que você precisa saber sobre o
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SKLIAR, C. (org.). A Surdez: um olhar sobre as diferenças. Porto Alegre, RS: Mediação,
1998.
SUMÁRIO
Discurso 5, 8, 28, 32, 39, 40, 43, 44, 45, 48, 49, 55, 61, 63, 78, 83, 96, 110, 123, 130, 133,
134, 136, 137, 139, 140, 161
E
ELiS 5, 7, 8, 65, 66, 67, 68, 69, 70, 75, 76
Escrita 7, 8, 10, 20, 33, 66, 67, 68, 69, 70, 75, 76, 80, 81, 93, 95, 96, 100, 102, 103, 104,
105, 108, 110, 113, 114, 115, 116, 120, 121, 122, 123, 124, 125, 128, 131, 139, 140, 144,
147, 149, 153, 160, 162, 163, 187, 189, 190, 193, 194, 196, 197, 198, 199
G
Glossário 5, 8, 65, 66, 67, 69, 70, 76, 86, 87, 92
I
Identidade 9, 58, 130, 131, 146, 167, 169, 170, 185, 187, 188, 199
L
Leitura 5, 8, 28, 29, 30, 31, 33, 34, 35, 36, 38, 39, 40, 41, 42, 43, 44, 45, 48, 49, 51, 53, 100,
114, 119, 120, 123, 124, 125, 126, 127, 131, 137, 140, 143, 144, 145, 147, 150, 152, 154,
155, 156, 159, 160, 161, 162, 163, 164, 165, 189, 190
Leitura labial 5, 8, 28, 29, 30, 31, 33, 35, 36, 38, 39, 40, 41, 42, 43, 44, 45, 137
Léxico 5, 8, 9, 16, 53, 55, 65, 66, 67, 68, 69, 75, 76, 78, 81, 84, 88, 93, 100, 103, 104, 106,
110, 146, 163
Libras 2, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 13, 14, 15, 16, 17, 20, 21, 23, 24, 26, 27, 28, 39, 42, 43, 44,
46, 52, 53, 54, 56, 57, 58, 59, 60, 62, 63, 65, 66, 67, 68, 69, 70, 75, 76, 78, 79, 80, 81, 82, 83,
84, 85, 86, 87, 88, 90, 91, 92, 111, 113, 114, 116, 118, 121, 123, 130, 131, 133, 135, 136, 137,
138, 139, 140, 143, 144, 146, 147, 148, 149, 150, 151, 152, 153, 154, 155, 156, 157, 158, 159,
160, 161, 162, 164, 166, 167, 168, 171, 173, 176, 178, 179, 180, 183, 185, 186, 187, 189, 190,
SUMÁRIO
192, 193, 194, 195, 196, 197, 198, 199, 200, 201, 202, 203, 204, 205, 206, 207
Língua portuguesa 7, 8, 35, 62, 64, 65, 66, 70, 75, 80, 84, 85, 87, 93, 110, 116, 134, 137,
139, 143, 144, 146, 147, 148, 149, 150, 151, 152, 155, 157, 190, 192, 193, 194, 196, 198,
199, 203
Linguística Aplicada 9, 49, 111, 131, 132, 139, 140, 206, 207
Linguística Sistêmico-Funcional 5, 8, 48, 49, 53, 56, 93, 95, 110, 111, 112
O
Ouvinte 10, 31, 32, 33, 38, 40, 46, 51, 54, 58, 60, 69, 99, 106, 109, 115, 130, 131, 138, 139,
172, 186, 188, 189, 190, 193, 196, 197, 199
P
Pessoas Surdas 6, 7, 8, 9, 10, 110, 139, 167, 187, 189, 198
Processamento cognitivo 6, 9, 142, 143, 144, 145, 148, 163, 164, 166
S
Segunda língua 6, 7, 9, 47, 61, 69, 84, 93, 94, 111, 113, 115, 116, 120, 127, 130, 131, 133,
134, 135, 139, 141, 186, 193, 204