Articulação Do Trabalho Da Vigilância em Saúde

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ARTIGO ARTICLE 63

ARTICULAÇÃO ENSINO–SERVIÇO E VIGILÂNCIA DA SAÚDE: A PERCEPÇÃO DE


TRABALHADORES DE SAÚDE DE UM DISTRITO ESCOLA

TEACHING-SERVICE AND HEALTH SURVEILLANCE INTEGRATION: A SCHOOL DISTRICT'S


HEALTH WORKERS' PERCEPTION

Juliana Guisardi Pereira1


Lislaine Aparecida Fracolli2

Resumo Para ser colocada em prática, a Vigilância Abstract To be put into practice, Health Surveillance
da Saúde necessita que os trabalhadores de saúde needs health workers to be prepared in order to opera-
estejam preparados para operacionalizá-la. O objetivo tionalize it. The purpose of this article is to describe
deste artigo é descrever a percepção de profissionais the perception health professionals have on the con-
de saúde sobre as contribuições da articulação ensi- tributions of the teaching-service integration for the
no-serviço para a implantação da Vigilância da Saúde. deployment of Health Surveillance. This is a qualita-
Trata-se de uma pesquisa qualitativa, realizada no tive study conducted in the Butantã School Health
Distrito de Saúde Escola Butantã, no município de São District, in the municipality of São Paulo. Research
Paulo. Foram sujeitos da pesquisa médicos e enfer- subjects were physicians and nurses working for health
meiros que atuavam nas unidades de saúde da região. facilities located in the region. Data was collected
Os dados foram coletados mediante entrevistas e anali- through interviews and analyzed pursuant to the
sados segundo a técnica do discurso do sujeito coletivo. collective subject discourse technique. The results
Os resultados mostraram que, segundo os profissio- showed that, according to the health professionals,
nais de saúde, a articulação ensino-serviço se efetiva the teaching-service integration is carried out through
pela supervisão dos alunos de graduação em Medi- the supervision of undergraduate medical and nur-
cina e Enfermagem, no cotidiano das unidades de sing students in routine health facility activities. To
saúde. Para os profissionais de saúde, a contribuição the health professionals, the contribution made by the
da articulação ensino-serviço para a Vigilância da teaching-service integration for Health Surveillance
Saúde é pequena e se resume às atividades curricula- is small and boils down to the students' curricular
res dos alunos. Falta um projeto político do municí- activities. There is a need for a municipal political
pio para a Vigilância da Saúde, e a academia poderia project for Health Surveillance, and the academy
contribuir na sua elaboração. Conclui-se que, para a could assist in its preparation. The conclusion is that
mudança das práticas assistenciais, é importante a cons- in order for there to be change in the care practices,
trução em parceria, entre gestores, trabalhadores, do- it is important to build a political-pedagogical project
centes e alunos, de um projeto político-pedagógico. in partnership with managers, workers, teachers, and
Palavras-chave Vigilância da Saúde; integração students.
docente-assistencial; educação em saúde. Keywords Health Surveillance; teaching-care inte-
gration, health education.

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64 Juliana Guisardi Pereira e Lislaine Aparecida Fracolli

Introdução

O termo ‘vigilância da saúde’ começou a ser utilizado no início da década


de 1990, no contexto da implantação do Sistema Único de Saúde (SUS), um
momento em que se discutia a necessidade de reorientação e reorganização
dos serviços. A Vigilância da Saúde apontava para o entendimento dos
problemas de saúde e das condições de vida em sua totalidade, buscando
compreender e intervir nos determinantes e condicionantes do processo
saúde-doença (Bertolozzi e Fracolli, 2004).
Numa análise bibliográfica sobre o conceito de Vigilância da Saúde,
Faria et al. (2005) constataram que alguns autores relacionam o termo à
ampliação do objeto da Vigilância Epidemiológica; outros, à proposta de
articulação entre Vigilância Epidemiológica e Vigilância Sanitária; outros,
ainda, à proposição de uma organização dos processos de trabalho, incorpo-
rando a promoção da saúde e a intersetorialidade por meio de ações terri-
toriais. Este estudo se apoia nessa última concepção, que referencia a Vigi-
lância da Saúde à organização de serviços, correspondendo, dessa forma, a
um modelo assistencial, ou seja, a um conjunto de saberes e práticas para
viabilizar as diretrizes teórico-políticas do SUS.
Para Teixeira, Paim e Vilasbôas (1998), ao lado de modelos alternativos,
coexistem modelos assistenciais diversos no cenário da saúde brasileira, com
predominância de dois grandes modelos hegemônicos: o médico-assistencial
e o sanitarista. Esses autores entendem por modelo médico-assistencial aquele
pautado no atendimento médico voltado para o controle e o tratamento de
doenças, dirigido ao sujeito individual e que se utiliza, como meios de traba-
lho, dos conhecimentos e tecnologias para diagnóstico e terapêutica de doenças.
Já o modelo sanitarista tem como objeto os modos de transmissão e os
fatores de risco das doenças e utilizam, como meios de trabalho, a educação
em saúde, o saneamento, o controle de vetores, entre outros. Ainda segundo
esses autores, o modelo de Vigilância da Saúde estende o objeto das ações
de saúde às determinações sociais que afetam os distintos grupos sociais e
que dependem de suas condições de vida.
O modelo de Vigilância da Saúde inclui, entre os seus meios de trabalho,
tecnologias de comunicação social que estimulam a participação dos grupos
na promoção e defesa de suas condições de vida e saúde, além de propor a
incorporação da população organizada, como sujeito das ações de saúde, em
parceria com os trabalhadores de saúde (Pereira, 2007). Assim, é possível
compreender que o modelo de Vigilância da Saúde incorpora e supera os
modelos anteriormente propostos, redefinindo o objeto, os meios e a forma
de organização do trabalho. A operacionalização desse modelo assistencial
depende muito da transformação das lógicas que presidem o trabalho e a
formação de profissionais de saúde.

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Desde 2004, o Ministério da Saúde vem discutindo o fato de as institui-


ções formadoras terem reproduzido modelos de ensino conservadores, cen-
trados na fisiopatologia, na anátomo-clínica, em procedimentos e equipa-
mentos de apoio diagnóstico e terapêutico e limitados à aprendizagem no
hospital universitário. E ressalta que a formação não deve centrar-se apenas
na busca eficiente de evidências no diagnóstico, cuidado, tratamento, prog-
nóstico, etiologia e profilaxia das doenças e agravos, devendo comprometer-
se com o desenvolvimento de condições de atendimento às necessidades
de saúde das pessoas e das populações e com a gestão setorial e o controle
social em saúde, redimensionando o desenvolvimento da autonomia das
pessoas até a condição de influência na formulação de políticas do cuidado
(Brasil, 2004).
A questão do redirecionamento da formação de profissionais de saúde
para o SUS tomou nos últimos anos dimensão de política pública. Várias
políticas públicas na área de saúde têm sido criadas a fim de possibilitar
que o ensino das profissões da saúde possa fundamentar-se na construção
do conhecimento a partir da realidade e na participação ativa do estudante
no processo ensino-aprendizagem, bem como no seu envolvimento com a
transformação da mesma (Ceccim e Feuerwerker, 2002).
Nos últimos anos, o Ministério da Saúde, em parceria com o Ministério
da Educação (MEC), vem propondo projetos que estimulam a parceria entre
universidades e serviços de saúde, com o intuito de garantir um ensino
mais aproximado da realidade. Tais projetos têm como foco o fortaleci-
mento do SUS e de seus princípios. Dentro desse grupo de projetos, podem
ser citados, principalmente, o Programa de Incentivo à Mudança Curri-
cular nos Cursos de Graduação em Medicina (Promed), de 2002; o projeto
Vivências e Estágios na Realidade do Sistema Único de Saúde do Brasil
(VER-SUS/Brasil), de 2004; os programas Integralidade e Aprender-SUS,
também de 2004; e o Programa Nacional de Reorientação da Formação Pro-
fissional em Saúde (Pró-Saúde), de 2005 (Pereira, 2007).
A grande aposta que existe no cenário brasileiro é a de que, com a mu-
dança no foco da formação dos profissionais de saúde e com a inserção dos
processos de ensino-aprendizagem no interior dos serviços de saúde con-
seguir-se-á realizar duas mudanças essenciais para o SUS: alterar os proces-
sos de trabalho ao mesmo tempo em que se altera o paradigma flexneriano
da formação em saúde.
Reconhecendo os esforços despendidos pela sociedade, como um todo,
e por docentes e técnicos de saúde, de um modo mais especifico, esta pes-
quisa resolveu investigar como ocorre a articulação ensino-serviço para a
operacionalização da Vigilância da Saúde. O objetivo deste artigo é descre-
ver, na percepção dos trabalhadores de saúde, a articulação ensino-serviço
e a sua contribuição para o modelo de Vigilância da Saúde.

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Metodologia

Esta é uma pesquisa de abordagem qualitativa, tipo estudo de caso, descri-


tivo e exploratório. O cenário de estudo tomou como foco os processos de
ensino-aprendizagem realizados no Distrito Escola do Butantã, localizado na
região oeste do município de São Paulo, São Paulo. Tal escolha se justificou
pelo fato de, há muitos anos, a região ter estabelecido uma parceria com a
Secretaria Municipal de Saúde e a Universidade de São Paulo (USP) – prin-
cipalmente por meio da Faculdade de Medicina (FMUSP), da Escola de En-
fermagem (EEUSP) e da Faculdade de Saúde Pública (FSPUSP) – para atua-
ção conjunta na gestão, ensino e pesquisa em saúde na região. Partiu-se da
suposição de que o Distrito Escola do Butantã corresponderia a uma inicia-
tiva mediante a qual seria possível ‘desenhar’ um modelo de Vigilância
da Saúde pautado na intersecção entre debates e proposições de docentes da
universidade e de profissionais dos serviços de saúde, de forma a conferir
melhor qualidade à Vigilância da Saúde, com a integração de pesquisa,
ensino e assistência num território.
Foram sujeitos desta pesquisa cinco trabalhadores de saúde que atua-
vam na Estratégia Saúde da Família (ESF) no Distrito Escola do Butantã.
Esses trabalhadores atuavam como preceptores de ensino e recebiam alunos
de graduação (dos cursos de Medicina e Enfermagem) no cotidiano do tra-
balho. Os sujeitos da pesquisa foram um gerente (da Unidade Básica de
Saúde – UBS), dois médicos da equipe de Saúde da Família, um médico sani-
tarista e um enfermeira da equipe de Saúde da Família.
Os dados foram coletados por meio de entrevistas semiestruturadas. Os
sujeitos foram entrevistados, na maioria dos casos, nas unidades de saúde,
durante o horário de trabalho. As entrevistas buscavam identificar qual o
conhecimento dos profissionais acerca das disciplinas e dos programas de
ensino ali desenvolvidos. Procuravam identificar, também, o quanto eles
participavam da formulação desses programas de ensino e em que medida o
serviço incorporava os conteúdos e as proposições feitas por ocasião das
atividades dos alunos nas unidades de saúde. As entrevistas foram gravadas
e transcritas.
Na análise, utilizou-se a técnica do discurso do sujeito coletivo (Lefrève
e Lefrève, 2000). O discurso do sujeito coletivo (DSC) configura uma ‘cole-
tividade discursiva’ cujo conteúdo está composto pelo que é falado por um
sujeito individual e pelo o que o seu ‘companheiro de coletividade’ atualiza
por ele. Os discursos são submetidos a uma análise de conteúdo, que se ini-
cia pela sua decomposição nas principais ancoragens, ou ideias centrais,
presentes em cada um, individualmente, e na reunião de todos. Segue-se a
isso uma síntese, que visa à reconstituição discursiva da representação social.
Os passos até a síntese, segundo Lefrève e Lefrève (2000), incluem leitura

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do conjunto dos depoimentos coletados nas entrevistas; leitura de cada per-


gunta em particular e resposta a ela, marcando-se as expressões-chave sele-
cionadas; identificação das ideias centrais de cada resposta; e análise de todas
as expressões-chave e ideias centrais, agrupando-se as semelhantes em con-
juntos homogêneos. Posteriormente, procede-se à identificação e à nomea-
ção da ideia central do conjunto homogêneo, à construção dos DSC e à
atribuição de um nome, tema ou identificação para cada um dos DSC.
Esta pesquisa, em conformidade com a resolução n.º 196/1996, foi apro-
vada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Secretaria Municipal da Saúde do
município de São Paulo (CEP/SMS). Para a coleta de dados, foi utilizado um
termo de consentimento livre e esclarecido, sendo garantido todo o sigilo
de forma a assegurar a privacidade dos sujeitos.

Resultados e discussão

Com base nos discursos dos trabalhadores de saúde foi possível descrever
as percepções que eles possuíam sobre a articulação da universidade com os
serviços de saúde do Distrito Escola de forma geral e, mais especificamente,
em relação ao seu trabalho. Foi possível ainda descrever como eles viam a
contribuição (ou não) da articulação com a universidade para a melhoria qua-
litativa do seu processo de trabalho.
Quanto à percepção dos trabalhadores sobre a articulação ensino-serviço,
os discursos nos remeterem a três grandes temas:

Tema 1 – Existe integração ensino–serviço, porém de forma passiva por


parte dos profissionais do serviço.

Os docentes contribuem muito quando os trabalhadores realizam pes-


quisa e apresentam seus resultados. No ano passado, as alunas fizeram
um trabalho de caracterização das famílias da área, aplicaram algumas
entrevistas e detectaram problemas. Depois, elaboraram uma tabela
com dados estatísticos, que apresentaram numa reunião, mostrando a
opinião de alguns usuários sobre os serviços e os problemas mais pre-
sentes na comunidade. Foi um trabalho mais dos alunos mesmo. Nos
estágios, os alunos chegam com o roteiro pronto. As enfermeiras do
serviço estão pouco apropriadas dos objetivos dos estágios e não têm
condições de sugerir ou de articular iniciativas. Na Enfermagem, os
alunos fazem visitas domiciliárias com os agentes comunitários e trazem
um retorno disso – trouxeram inclusive propostas que estão sendo im-
plementadas. Há uma enfermeira na UBS que faz a interface com a Es-
cola de Enfermagem: ela planeja as atividades dos alunos e prepara o

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caminho para o estágio, envolvendo os enfermeiros para o entendi-


mento dos objetivos dos estágios.

A análise do DSC presente nesse tema mostra que as concepções sobre


a articulação ensino-serviço que perpassam os discursos dos trabalhadores
são diversas e contrárias à ideia de integração, uma vez que estão apoiadas
em perspectivas que apontam subalternidade e não parceria. Para alguns
profissionais, a integração depende da ação da academia, que traz um pro-
grama de ensino pronto, com um roteiro de atividades a ser desenvolvido
pelo aluno, e apenas se utiliza do serviço de saúde e do processo de traba-
lho das equipes para desenvolver a sua proposta. As percepções presentes
no DSC mostram ausência de construção conjunta do programa de ensino e
das atividades do aluno.

Tema 2 – A integração ocorre mediante a inserção dos alunos na rotina da


UBS.

Os dois cursos procuram vir, entender um pouquinho o que é o traba-


lho, como é a comunidade, captam problemas e propõem intervenções.
Na Medicina, o primeiro ano tem contato maior com as agentes comu-
nitárias quando conhecem o território e os mecanismos utilizados pelos
agentes comunitários para acompanharem a comunidade. Na Enfer-
magem, os alunos vão para as escolas, fazem grupos, trabalham com a
comunidade, que é uma coisa que a unidade também faz. Procura-se
planejar para não haver colisão entre os programas da Enfermagem e os
da Medicina. A Enfermagem já desenvolveu um jeito de fazer que tem
transcorrido tranquilamente, não onera o serviço e não atrapalha a roti-
na do trabalho. A Faculdade de Medicina interfere nas atividades dos
profissionais porque os grupos são muito grandes. Na Medicina, numa
fase anterior à vinda dos alunos, são feitas reuniões das quais partici-
pam os professores da faculdade e os médicos de família para opinar.
Nas reuniões técnicas que ocorrem no posto, quando médicos, enfer-
meiros, auxiliares e agentes comunitários se reúnem, procura-se levar
essas discussões e propostas da faculdade e acolher também a opinião
do pessoal: é possível, não é possível, vai atrapalhar, não vai atrapalhar.

A leitura do DSC referente ao tema 2 mostra que para alguns profissio-


nais a integração ensino–serviço está presente quando os alunos se propõem
a acompanhar as atividades da equipe sem interferir na dinâmica da UBS.
A análise das percepções presentes nos DSC sobre integração ensino-
serviço na saúde evidenciou uma fragilidade no que tange ao trabalho coope-
rativo que se esperava encontrar entre a universidade e os serviços de atenção

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básica à saúde. Esperava-se que essa articulação resultaria na prestação de uma


assistência à saúde diferenciada e inovadora, com os professores ensinando e
supervisionando os estudantes em modelos de assistência avançados e em con-
sonância com os princípios do SUS. Na prática, o profissional de saúde não
transforma seu processo de trabalho e continua realizando suas ações roti-
neiras. Contudo, durante o período em que o aluno está no serviço, o profis-
sional realiza outras ações para atender o projeto de ensino dos alunos.

Tema 3 – A integração ocorre de forma diferente entre os profissionais


envolvidos, a depender do perfil para o ensino, o qual é avaliado no
momento da contratação.

Cada profissional tem seu envolvimento no projeto de ensino. É lógico


que tem de ter vocação: quem não gosta não vai se dar bem aqui. A uni-
versidade acabou intervindo na seleção dos profissionais por meio
de uma comissão mista entre a universidade e a Secretaria Municipal de
Saúde. Assim, fica claro para o profissional o papel de incorporar o en-
sino nos serviços, pois se avalia, nesse momento, o perfil para a área
acadêmica. Já se deixa bem claro que aqui se recebem alunos e, portanto,
há um ônus a mais no trabalho, que é a questão do ensino.

Outra ideia que surge no DSC classificado como tema 3 refere-se ao fato
de a integração depender do perfil do profissional do serviço, que pode ou
não ter vocação para o ensino.
Alguns momentos de intersecção serviço/universidade foram aponta-
dos nos discursos, tais como: contratação de profissionais com perfil do-
cente, interface da enfermeira com a Escola de Enfermagem, participação
dos médicos de família e dos demais funcionários em reuniões preparatórias
para opinar nas atividades práticas dos alunos, discussão de casos e imple-
mentação de propostas na UBS.
Foi possível observar, também, um movimento de fortalecimento da
articulação ensino-serviço a partir da contratação futura de profissionais
para atuar nas unidades básicas que possuam perfil para o ensino, um im-
portante fator para a aproximação das instituições de ensino e de serviço.
Uma maneira de se ‘formar’ o perfil para o ensino seria a elaboração,
pelas instituições de ensino superior, de projetos que incorporem os pres-
supostos do Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde).
Esse tipo de programa tem sido assinalado como facilitador na articulação
ensino-serviço de forma a propiciar o fortalecimento da Vigilância da Saúde,
tanto no que se refere à prática dos serviços de saúde quanto ao preparo de
futuros profissionais para o atendimento condizente com seus pressupostos
(Brasil, 2010).

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Com relação à contribuição da articulação ensino-serviço para a cons-


trução do modelo da Vigilância da Saúde no território, os DSC foram classi-
ficados em dois temas, que podem ser considerados quase que percepções
antagônicas do mesmo fenômeno, apresentados a seguir.

Tema 1 – A universidade participa da implantação do modelo de Vigilância


da Saúde, com a criação de ações na UBS e a atualização dos profissionais
da rede.

É mais a Enfermagem que contribui com ações para a implantação da


Vigilância da Saúde, por meio de questões conceituais, como a identifi-
cação da realidade local, pelos trabalhos elaborados pelos alunos, que
problematizam a realidade e trazem a discussão para a unidade. Segun-
do os enfermeiros que participam das conversas de final de estágio com
o docente, enriquece, abre um pouco a cabeça e permite um novo olhar
sobre o trabalho. A universidade acabou trazendo capacitações para os
agentes comunitários, por meio de aulas ou atividades de campo, com a
investigação de doenças como tuberculose, dengue, HIV ou doenças
sexualmente transmissíveis. Dessa forma, contribuiu para atualizar até
mesmo algumas condutas do médico e do enfermeiro na unidade de
saúde. Então, é um aspecto muito amplo, pois levantam a questão epi-
demiológica, os agravos à saúde, as complicações. A Medicina tem feito
menos, porque o eixo principal da intervenção não é discutir modelo.

Tema 2 – A participação da universidade na implementação do modelo da


Vigilância da Saúde tem sido pequena por falta de projeto político.

A participação da universidade tem sido pequena, principalmente por


causa da prefeitura. Não se conseguiu dar essa direcionalidade às ações
de saúde, embora pesem as ações de vigilância à saúde, mas ela ainda é
vista como um sistema específico, com suas atribuições próprias, seja
de controle de doenças ou de controle ambiental. Há um buraco na
própria prefeitura para conseguir fazer isso. A criação pela prefeitura
de São Paulo da Coordenação de Vigilância em Saúde (Covisa) é recente,
e, às vezes, duvida-se de se as próprias pessoas que trabalham lá têm
clareza do seu trabalho; imagina então nos outros segmentos. A Covisa
precisa ampliar sua atuação: está muita fechada na questão da vigilân-
cia epidemiológica. O objetivo é ter um serviço cuja lógica seja a de uti-
lizar os dados no planejamento. No momento, isso não é feito – e a coor-
denação também não faz. Não se tem clareza do conceito e não se dis-
cute uma proposta da missão da unidade básica. Responde-se apenas a
uma demanda que chega, não à que está por trás dos índices de mor-

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bidade, de mortalidade e dos coeficientes. A lógica do serviço não está


organizada na lógica da promoção da saúde; ainda está centrada no mo-
delo hegemônico. Essa discussão dos determinantes e condicionantes
do processo saúde-doença é uma discussão ampliada que precisa ser fei-
ta na intersetorialidade. Essa conversa, no entanto, é dificílima: um não
entende o que o outro está falando. O que acontece hoje é que a Medici-
na pensa por um lado, a Enfermagem por outro e a prefeitura por outro,
e aí todo mundo quer desenvolver isso no embate. Só que a unidade não
dá conta de toda essa articulação, por isso é necessário criar um fórum
de organização para viabilizar todas essas estratégias.

Quanto à participação da universidade na implantação do modelo da


Vigilância da Saúde por meio da integração ensino-serviço, os discursos
assinalaram que essa participação é limitada e está circunscrita ao desen-
volvimento de ações e à capacitação dos profissionais da rede, notadamente
em temas relacionados à vigilância epidemiológica. Os trabalhadores men-
cionam também a necessidade de iniciativa da Secretaria Municipal de
Saúde visando propiciar a mudança do modelo assistencial no município
com base na construção de nova lógica assistencial.
A saúde no município de São Paulo tem uma história bastante complexa.
Até a década de 1980, a saúde no município desenvolveu-se direcionada à
assistência individualizada e orientada para a clínica, com destaque para
a atenção materno-infantil. Ainda nessa década, algumas iniciativas con-
tribuíram para a organização do setor, como a estruturação da Secretaria
Municipal de Saúde (SMS), em 1989, e a criação dos Distritos de Saúde (DS),
os quais se consolidaram como unidades orçamentárias em meados da déca-
da de 1990 (Donnini, 2003; Neves, 2003).
Entre os anos de 1993 e 2000, o município vivenciou o Programa de Aten-
ção à Saúde (PAS), período em que a estrutura da saúde pública foi quase
toda desmantelada (Neves, 2003). A partir de 2000, a Secretaria Municipal
de Saúde passou por nova reestruturação, que culminou na habilitação for-
mal para a gestão plena da saúde do município (Neves, 2003), e implementou
uma gestão democrática da saúde, voltada para atender mais efetivamente
às suas demandas, sem perder a visão de conjunto da cidade na implantação
de políticas públicas mais abrangentes. Na atual conformação, a Secretaria
Municipal de Saúde dividiu o município em cinco coordenadorias de saúde:
Norte, Sul, Leste, Sudeste e Centro-Oeste, e cada uma possui sua Supervisão
Técnica de Saúde (STS), totalizando 25 supervisões técnicas de saúde.
As ações de Vigilância da Saúde passam a ser coordenadas pela Coorde-
nação de Vigilância em Saúde, a qual engloba o controle de doenças e agra-
vos, e o de zoonozes, a saúde ambiental e do trabalhador, a vigilância sani-
tária e a imunização (São Paulo, [s.d.]).

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Sabe-se que o modelo da Vigilância da Saúde é uma mudança paradig-


mática na forma de conceber e intervir no processo saúde-doença que só
pode ser viabilizada por intermédio de propostas políticas e técnicas efeti-
vas e de recursos humanos formados e capacitados para operar com base
num ‘novo’ paradigma. Ou seja, esperava-se que a presença de professores
e alunos de diferentes cursos de graduação vinculados à universidade
pudesse impactar de forma positiva na construção de um novo paradigma.
Esse deveria direcionar as práticas nas unidades de saúde na perspectiva de
um modelo de Vigilância da Saúde inovador, o qual integrasse ações coleti-
vas e planejamento participativo, assentando-se nas necessidades da cole-
tividade e na intersetorialidade.
Fica evidente, nos discursos dos profissionais de saúde, que não têm sido
realizadas discussões técnicas ou políticas relativas às mudanças no proces-
so de trabalho. Nesse sentido, Rosa e Labate (2005) ressaltam a necessidade
de formar um novo profissional para que ocorra uma mudança no modelo
de atenção, salientando a mudança na formação dos profissionais de saúde
como potencialidade para a transformação das práticas na realidade diária.

Conclusões

Foi possível constatar, assim como verificado por Feuerwerker, Costa e


Rangel (2000), que a consolidação de práticas inovadoras nos cenários reais
requer um passo fundamental: a transformação do processo de trabalho,
sendo necessária a coerência entre o projeto dos serviços e a proposta edu-
cativa, em suas dimensões política, técnica e metodológica. Para tanto, as
iniciativas de integração ensino-serviço devem envolver instâncias de
gestão dos serviços de saúde, da universidade e da população.
Em se tratando de trabalhar sobre a realidade, transformar o processo
de trabalho estabelecido e promover mudanças profundas nas relações, é
preciso que o compromisso e a decisão de fazer parte do processo sejam ins-
titucionais, e não somente dos atores isolados.
Fica evidente, também, a necessidade de se continuar investindo no pro-
cesso de construção de novas relações ensino-serviço-comunidade, sensibi-
lizando-se gestores, universidades e lideranças comunitárias visando quali-
ficá-las. Deve-se buscar ampliar as oportunidades e criar espaços efetivos de
interlocução entre a universidade, os serviços, as lideranças comunitárias e
os conselhos de saúde que levem à discussão do papel de todos esses atores
na formação profissional e na reorganização da atenção básica à saúde.
O desenvolvimento de projetos de ensino que tomam por base a reali-
dade da saúde no país e do SUS colabora em muito para a mudança no para-
digma de formação dos profissionais de saúde, o que, em última instância,

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Articulação ensino–serviço e Vigilância da Saúde: a percepção de trabalhadores de saúde de um distrito escola 73

possibilita a formação de uma massa de profissionais capazes de viabilizar o


modelo da Vigilância da Saúde dentro do SUS.
Em que pese a longa escassez de políticas públicas para a estruturação
da Vigilância da Saúde, recentemente ganharam espaço no cenário brasileiro
iniciativas dos ministérios da Saúde e da Educação com vistas a fortalecer a
formação profissional para a construção desse novo agir em saúde.
A portaria n.º 3.252, de 22 de dezembro de 2009, assinala que

a Vigilância em Saúde tem como objetivo a análise permanente da situação de


saúde da população, articulando-se num conjunto de ações que se destinam a con-
trolar determinantes, riscos e danos à saúde de populações que vivem em deter-
minados territórios, garantindo a integralidade da atenção, o que inclui tanto a
abordagem individual como coletiva dos problemas de saúde (Brasil, 2009).

A mesma portaria define que são ações da Vigilância em Saúde: a pro-


moção da saúde da população, a vigilância epidemiológica, a vigilância da
situação de saúde, a vigilância em saúde ambiental, a vigilância da saúde do
trabalhador e a vigilância sanitária.
Aponta que a Vigilância em Saúde, visando à integralidade do cuidado,
deve inserir-se na construção das redes de atenção à saúde, coordenadas pela
Atenção Primária à Saúde, bem como no cotidiano das equipes de Atenção
Primária/Saúde da Família, com atribuições e responsabilidades definidas
em território único de atuação, integrando os processos de trabalho, planeja-
mento, programação, monitoramento e avaliação dessas ações (Brasil, 2009).
O Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde na área de Vigilân-
cia em Saúde (PET-Saúde/VS), instituído pela portaria conjunta n.º 3, de 3 de
março de 2010, pelos ministérios da Saúde e da Educação, tem como objeti-
vo fomentar a formação de grupos de aprendizagem tutorial na área de Vigi-
lância da Saúde (Brasil, 2010). O PET-Saúde/VS consistirá em grupos de tra-
balho compostos de alunos de graduação da área da saúde, docentes de
instituições de ensino superior e trabalhadores das unidades de Vigilância
em Saúde dos municípios. É a primeira modalidade do PET temático, uma
vez que no seu primeiro ano de execução, 2009, o PET-Saúde foi dirigido
apenas para a atuação nas unidades de Saúde da Família (Brasil, 2010).
O programa tem como pressuposto a educação pelo trabalho, buscando
a qualificação em serviço dos profissionais da saúde, bem como a iniciação
ao trabalho e vivências direcionadas aos estudantes, de acordo com as ne-
cessidades do SUS (Brasil, 2010). A portaria ressalta como objetivos do pro-
grama, dentre outros, os de contribuir para a formação de profissionais de
saúde com perfil adequado às necessidades e às políticas de saúde do país
na área de vigilância em saúde; sensibilizar e preparar profissionais para o
adequado enfrentamento das diferentes realidades de vida e de saúde da

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população brasileira; e fomentar o papel da vigilância em saúde na análise


da situação de saúde como instrumento de gestão, articulando-se em um con-
junto de ações que se destinam a controlar determinantes, riscos e danos à
saúde de populações que vivem em determinados territórios (Brasil, 2010).

Notas

1 Enfermeira e professora da Faculdade de Enfermagem da Universidade Fede-


ral de Mato Grosso (UFMT), Cuiabá. Mato Grosso, Brasil. Mestre em Enfermagem em
Saúde Coletiva pela Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo (EEUSP).
<[email protected]>
Correspondência: Rua Fernando Correia da Costa, 2.367, Bairro Boa Esperança, CEP 78060-
900, Cuiabá, Mato Grosso, Brasil.

2 Enfermeira e professora do Departamento de Saúde Coletiva na Escola de Enfer-


magem da Universidade de São Paulo (EEUSP), São Paulo, Brasil. Doutora em Enfermagem
pela Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo. <[email protected]>

Referências

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Recebido em 17/03/2010
Aprovado em 28/10/2010

Trab. Educ. Saúde, Rio de Janeiro, v. 9 n. 1, p. 63-75, mar./jun.2011

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