Direitos Reais

Fazer download em docx, pdf ou txt
Fazer download em docx, pdf ou txt
Você está na página 1de 15

UNIVERSIDADE ABERTA ISCED

FACULDADE DE DIREITO

“TRABALHO DE CAMPO”

FONTES DOS DIREITOS REAIS

Estudante: Dioclêncio Augusto Nhamposse

Código: 31210503

Xai-xai, Março de 2023


“TRABALHO DE CAMPO”

FONTES DOS DIREITOS REAIS

Estudante: Dioclêncio Augusto Nhamposse

Código: 31210503

Trabalho de campo de Direitos Reais a ser

Submetido ao Cursor de Coordenação de

Licenciatura em Direito no ISCED.

Xai-xai, Março de 2023


ÍNDICE

CAPITULO I: INTRODUÇÃO………………………………………………………….4

1.1. Objectivo……………………………………………………………………………..4
1.2. Metodologia………………………………………………………………………….4
1.3. Quadro teórico……………………………………………………………………….4

CAPITULO II. REVISÃO LITERÁRIA DO TRABALHO DE CAMPO……………...5

2.1. Fontes dos direitos reais…………………………………………………………….5

2.2. Constituição da republica de Mocambique…………………………………………5

2.3. Codigo Civlil………………………………………………………………………..5

2.4. Direitos reais………………………………………………………………………..5

2.5. Direito real de uso…………………………………………………………………..6

2.6. Direito real de propriedade………………………………………………………….7

2.7. Direito real de superfície…………………………………………………………....7

2.8. Direito real de servidão……………………………………………………………..8

2.9. Direito real de usufruto……………………………………………………………..8

2.10. Direito real de habitação…………………………………………………………..9

2.11. Direito real de penhor……………………………………………………………..10

2.12. Direito real de hipoteca…………………………………………………………....10

2.13. Direito real de anticrise…………………………………………………………....11

CAPITULO III: CONCLUSÃO………………………………………………………....13

CAPITULO IV: BIBLIOGRAFÍA………………………………………………………14


CAPITULO I: INTRODUÇÃO.
O Direito das Coisas compreende a posse (aquisição, efeitos, perda e proteção possessória); a
propriedade (móvel e imóvel e suas características); e direitos reais sobre coisas alheias (gozo
enfiteuse, servidão, usufruto, uso, habitação e rendas sobre imóveis; garantias penhor,
anticrese e hipoteca). A propriedade literária, científica e artística (direitos autorais) também
enquadra-se no campo dos direitos reais, no entanto, o legislador se afastou um pouco da
sistematização clássica do referido direito, pois tais propriedades são de natureza imaterial, de
fundo moral, decorrente da personalidade humana. Cerca de noventa por cento dos direitos
reais são constituídos por meio da compra e venda, da permuta, da doação e da dação em
pagamento (inclusive em hasta pública e desapropriação ou venda compulsória). Os demais o
são por acessão, usucapião, sucessão hereditária e outros restritos modos de aquisição. Daí a
importância da tradição como modo de aquisição dos móveis e da transcrição do título no
registro imobiliário para a constituição dos direitos reais sobre os imóveis. Em nosso direito
civil, não basta o consentimento das partes nos contratos para se adquirir o domínio ou outro
direito real. O efeito constitutivo decorre da tradição ou entrega real ou simbólica ou formal
dos móveis e da transcrição do contrato ou título respectivo no registro imobiliário da situação
do imóvel. Numa palavra, o requisito do direito real é a publicidade, por meio da tradição e da
transcrição. Se o direito real é dotado de eficácia erga omnes, tal como a lei, é imperioso que
seja conhecido de todos, assim como ocorre com a publicidade das leis.

1.1. Objetivo

O presente trabalho tem como objetivo principal apresentar e discorrer sobre as Fontes dos
Direitos Reais.

1.2. Metodologia
O presente trabalho teve como metodologia uma pesquisa bibliográfica e exploratória, onde
com auxílio da internet buscou-se manuais com intuito de ter uma visão nítida dos principais
aspetos inerentes ao tema, e com a leitura minuciosa do material adquirido no portal Google
académico, foi possível compilar o presente estudo.

1.3. Referencial teórico


ZANINI, Leonardo Estevam de Assis (2020). Direito das Coisas. Rio de Janeiro: Lumen
Juris. p. Os direitos reais são direitos subjetivos e privados, com caráter absoluto e
patrimonial, e relativos a coisas corpóreas.
CAPITULO II: REVISÃO LITERÁRIA DO TRABALHO DE CAMPO
2.1. FONTES DOS DIREITOS REAIS:
Usa-se a expressão fontes de direito em vários sentidos. Retemos somente a aceção técnico-
jurídica, segundo a qual se trata dos modos de produção e revelação de normas jurídicas, ou
seja dos instrumentos de pelos quais essas normas são estabelecidas e, do mesmo passo
expostas ao conhecimento público. Na senda das fontes de Direito das Coisas à que
mencionar em:

2.2. A Constituição da República de Moçambique (CRM)

A CRM é a principal fonte de direito enquanto base de todo o sistema jurídico e que, contêm
a máxima proteção à propriedade privada, encontrando-se vigentes normas que respeitam a
matéria dos direitos reais, como é o caso do art. 82˚, Capitulo V do já referido dispositivo
legal que trata de ̋propriedade privada.

2.3. Código Civil

O Código Civil e nele no seu livro III, constituem a sede fundamental do regime dos direitos
reais. Porem, nem a CRM, o C.C e nem o livro III, constitui as únicas fontes do Direito das
Coisas, nem contem todo o regime dos direitos reais. Por exemplo, em matéria de direito de
propriedade, o C.C apenas se ocupa do que tem por objecto coisas corpóreas. (vide art.˚
1302˚). Refira-se ainda, para além da Constituição e do Código Civil as leis especiais como
Código do Registo Predial, o Código de propriedade industrial, e Código de Registo de
Entidades Legais4 etc, também são fontes de Direito das Coisas.

2.4. DIREITOS REAIS.

O direito das coisas é o complexo de normas que regulam as relações jurídicas referentes às
coisas suscetíveis de apropriação pelo homem, sejam elas móveis ou imóveis. De modo geral,
compreende os bens materiais, ou seja, a propriedade e seus desmembramentos. Ele consiste
em um poder jurídico que uma pessoa, titular do bem, exerce sobre ele. Assim, existe um
sujeito ativo, que é o titular do direito; uma coisa, que é o objeto do direito; e o poder jurídico
que esse sujeito exerce sobre o bem que possuí. Constata-se, pois, que embora não exista
nenhum sujeito passivo determinado, esse direito será oponível erga omines, fazendo, desta
forma, com que toda sociedade figure como sujeito passivo, posto que todos devem respeitar
a propriedade alheia.

Estabelece o art. 1.225, do Código Civil, que "são direitos reais:


 A propriedade;
 A superfície;
 A servidão;
 O usufruto;
 O uso;
 A habitação;
 O direito do promitente-comprador do imóvel;
 O penhor;
 A hipoteca;
 A anticrese;
 A concessão de uso especial para fins de moraria;
 A concessão de direito real de uso", sendo que esses dois últimos institutos foram
inseridos em nosso ordenamento jurídico apenas no ano de 2007, através da Lei nº
11.481/07.

2.5. Direito Real de Uso.

Direito do usufruto, no Direito Romano, eram o usus, o fructus sine usus, e no período do
direito justunianeu, a habitatio e as operae servorum. O usus, em seu significado originário,
era o direito de usar uma coisa sem receber os frutos. Era dirigido a coisas que não o
produziam, não se levando em conta a possibilidade de auferir qualquer fruto civil. Podia ser
constituído sobre uma biblioteca ou escravo, por exemplo e, se constituído sobre uma casa,
dele estava excluído o direito de locação, A jurisprudência admitiu que, sendo constituído
sobre fundo rústico, o beneficiário pudesse ali estabelecer pequena horta e pomar, utilizando –
se da lenha dento de certos limites (Arangio-Ruiz,1973:269) O uso representa o ius utendi por
inteiro, consagrando o direito de retirar da cosa tudo que for assim suscetível, sem receber
nenhum fruto. O usuário poderia servir-se da coisa, porém não poderia ceder seu exercício,
porque o preço do aluguel seria fruto civil (Petit,1970:336) No uso romano, a exemplo do
usufruto, o usuário deveria prestar caução ao proprietário como garantia de devolução. O
direito moderno manteve o uso com a utilidade e extensão originárias, definido o art. 742 do
Código de 1916. “ O usuário fruirá a utilidade da coisa dada em uso, quanto o exigirem as
necessidades pessoais suas e de sua família .” O vigente Código , sem modificações de
conteúdo , substitui o termo fruirá “ usara” (art .1412) O art. 1412, parágrafo 1º no sentido de
que serão avaliadas “ as necessidades pessoais do usuário, conforme na sua condição social e
o lugar onde vive”.

2.6. Direito real de propriedade.

Primeiramente, precisamos ter em mente que o direito de propriedade se enquadra como


um direito real, possuindo algumas características específicas que o distinguem do direito
obrigacional, vez que, no direito das obrigações, novas figuras jurídicas podem ser criadas de
acordo com a vontade das partes, sendo possível que cada contrato seja único. Numa relação
obrigacional contratual, por exemplo, tem-se uma relação não com o objeto da prestação, mas
sim com a parte a qual se submete aos efeitos, termos e condições do contrato, podendo este
ser flexibilizado de acordo com a conveniência das partes. Por outro lado, o direito real de
propriedade está ligado a uma relação taxativa, vez que nossa legislação determina
exatamente quais são os moldes em que se aplicam os direitos reais, sem possibilidade de
livre disposição por parte dos particulares. Todos os direitos reais possuem efeito erga omnes,
contra todos. Em razão disso, o proprietário pode alegar e impor a sua relação com a coisa
contra toda a sociedade, sendo o dever de todos respeitar essa relação e se abster de interferir
nela. Adicionalmente, o direito real garante ao proprietário o direito de reivindicação, que se
traduz na possibilidade de vindicar e ter de volta aquilo que lhe pertence, na hipótese de
interferência de terceiro. Vale ressaltar que a posse não se enquadra como um dos direitos
reais, mas sim como uma situação de fato que é tutelada pelo Direito, possuindo alguns
mecanismos de defesa. Dessa forma, por não ter o caráter de taxatividade, a posse não será
objeto de estudo do nosso curso.

2.7. Direito real de superfície.

O Direito de Superfície é uma matéria dentro do Estatuto da Cidade e Novo Direito Civil e
constituem em leis que regularizam os direitos de uso de terrenos inutilizados e desocupados
por terceiros, ou seja, quando a pessoa interessada o superficiário ganha o direito de
aproveitar uma propriedade que não é sua. Dessa forma, o direito de superfície, também
chamado de propriedade superficiária, é o direito real que permite a construção ou plantação
em terreno alheio, estabelecendo propriedades distintas entre o proprietário e superficiário,
permitindo assim, uma utilização dupla de um local. Neste sentido, o direito de superfície
tem como objetivo tornar um terreno urbano ou rural desocupado e parado em algo rentável,
podendo ainda, ser utilizado para diversos fins como, desde construção de prédios há
plantações. Assim, podemos afirmar que ele foi uma das melhores alternativas encontradas
para evitar espaços subutilizados e ainda, atender a uma função social. Para entender melhor,
detalhamos nos próximos tópicos, o que é e como funciona o direito de superfície, para você
entender melhor.

2.8. Direito real de servidão.

A servidão é um direito real sobre imóvel alheio que impõe um encargo (ônus) ao prédio
serviente em favor do prédio dominante. O objetivo da servidão é tornar a propriedade do
prédio dominante mais útil ou condizente com sua finalidade. Em contrapartida, o prédio
serviente tem seu uso parcialmente restringido. É importante observar, desde já, que a
servidão atinge apenas bem imóvel vizinho. Isso não significa, contudo, que atinge apenas
imóveis lindeiros (que fazem fronteira…). É possível servidão em face de imóveis que não
fazem fronteira com o prédio dominante. O dono do prédio serviente não pode embaraçar o
exercício legítimo da servidão (art. 1.383 do CC/02).Em contrapartida, este direito real
restringe-se às necessidades do prédio dominante, evitando-se, quanto possível, agravar o
encargo do prédio serviente (art. 1.385 do CC/02). A doutrina costuma apontar que a servidão
predial serve à coisa e não ao dono. Significa que bem imóvel fica onerado (e não a
pessoa…). Não se trata, portanto, de uma obrigação pessoal de fazer ou não fazer. Fala-se que
a obrigação que surge com a constituição da servidão é propter rem. Quando constituída para
certa finalidade, não poderá ser ampliada ou alterada. São exemplos deste direito real a:

 Servidão de passagem;
 Servidão de não construir acima de determinada altura;
 Servidão de dutos;

2.9. Direito real de usufruto.

Usufruto é o direito real sobre coisas alheias, conferindo ao usufrutuário (pessoa para quem
foi constituído o usufruto) a capacidade de usar as utilidades e os frutos (rendas) do bem,
ainda que não seja o proprietário. O usufrutuário tem direito à posse, uso, administração e
perceção dos frutos (rendas). O usufruto pode recair em um ou mais bens, móveis ou
imóveis, em um patrimônio inteiro, ou parte deste, abrangendo-lhe, no todo ou em parte, os
frutos e utilidades.
O usufruto de imóveis, quando não resulte de usucapião, constituir-se-á mediante registro no
Cartório de Registro de Imóveis. Salvo disposição em contrário, o usufruto estende-se aos
acessórios da coisa e seus acrescidos.

CONSUMÍVEIS: Se, entre os acessórios e os acrescidos, houver coisas consumíveis,


terá o usufrutuário o dever de restituir, findo o usufruto, as que ainda houver e, das
outras, o equivalente em gênero, qualidade e quantidade, ou, não sendo possível, o seu
valor, estimado ao tempo da restituição. Se há no prédio em que recai o usufruto
florestas ou recursos minerais, devem o dono e o usufrutuário prefixar-lhe a extensão
do gozo e a maneira de exploração. Se o usufruto recai sobre universalidade ou quota-
parte de bens, o usufrutuário tem direito à parte do tesouro achado por outrem, e ao
preço pago pelo vizinho do prédio usufruído, para obter meação em parede, cerca,
muro, vala ou valado.
TRANSFERÊNCIA: Não se pode transferir o usufruto por alienação; mas o seu
exercício pode ceder-se por título gratuito ou oneroso.

2.10. Direito real de habitação.

O direito real de habitação consiste na concessão do uso, limitado à habitação, do bem imóvel
utilizado como residência familiar, a ser fruído pelo cônjuge ou companheiro supérstite, de
acordo como art. 1831 do Código Civil. Trata-se de faculdade cujo exercício revela inegável
função social, pois consiste em meio de evitar que o cônjuge ou companheiro supérstite deixe
de ter onde morar após a extinção, pela morte, do vínculo de convivência anteriormente
estabelecido com o falecido. Assim, o direito real de habitação afeta apenas o poder de uso
em relação a determinado bem imóvel. No entanto, não altera os elementos concernentes à
propriedade. Em outras palavras, há plena compatibilidade entre o exercício da habitação pela
recorrida e a copropriedade constituída em favor dos sucessores. Além disso, a mera
existência de 2 (dois) bens imóveis a inventariar não impede a aplicação, ao caso, do direito
real de habitação, sobretudo porque o segundo bem está situado no município do Rio de
Janeiro-RJ. Ocorre que a recorrida sempre residiu com o falecido em Brasília-DF. Portanto,
em relação ao direito real de habitação a ser exercido pela agravada revela-se importante
destacar apenas a inexistência de mais de um bem imóvel no Distrito Federal que poderia ser
utilizado como residência pela ora recorrida.
2.11. Direito real de penhor.

O instituto jurídico do penhor consiste em um direito real que envolve a transferência efetiva
de uma coisa móvel ou mobilizável, suscetível de alienação em favor de um terceiro, ora
caracterizado como credor. O instituto jurídico do penhor a cada dia exerce maior
participação em nosso cotidiano, principalmente no que diz respeito às pessoas que buscam a
concessão de crédito sem ter que dispor de bens imóveis a título de garantia, prática esta que
se tornou comum inclusive pelas ações publicitárias realizadas por instituições
financeiras/bancárias, que trabalham com esse instituto.

2.12. Direito real de hipoteca.

A hipoteca é o direito real de garantia em que uma pessoa, proprietária de bem


imóvel, vincula o seu direito ao cumprimento de uma obrigação. Em caso de inadimplemento,
o credor pode promover a excussão da dívida levando o bem a praça. No caso de o bem ser
alienado pelo devedor hipotecário, o gravame acompanhará a coisa (direito de sequela). É
nula a cláusula que proíba a alienação do bem pelo devedor hipotecário, mas pode ser
convencionado o vencimento antecipado da dívida em caso de alienação (art. 1.475 do
CC/02). A hipoteca, diferente do penhor, é constituída por meio do registro do contrato de
hipoteca no Cartório de Registro de Imóveis. Na hipótese do valor do imóvel superar 30
salários mínimos, deverá ser feito por escritura pública (art. 108 do CC/02). É importante
lembrar que, no penhor, o registro visa dar publicidade ao ato, não sendo essencial à
constituição do direito real de garantia. O objeto da hipoteca são, como regra, bens imóveis e
os respetivos acessórios que, em razão do princípio da gravitação jurídica, seguem o principal.

A hipoteca poderá ser:

 Convencional;
 Legal;
 Judicial.

A hipoteca convencional é aquela que nasce da manifestação de vontade por meio de um


contrato. O contrato de hipoteca, para ser registrado, deve apresentar o valor da dívida, o
número de parcelas, o valor de cada parcela, os juros e demais encargos. A hipoteca legal, por
sua vez, é imposta pelo ordenamento jurídico, independente da vontade das partes (art. 1.489
do CC/02). Por fim, a hipoteca judicial é aquela que surge em virtude do registro de sentença
condenatória ao pagamento de valores ou bens. Para tanto, basta o credor levar ao cartório de
registro de imóveis a cópia da sentença e, independente de ordem judicial. Feita a hipoteca,
deve o credor informar o juízo no prazo de 15 dias.

2.13. Direitos reais de anticrise.

A Anticrese caracteriza-se por ser um direito real de garantia sobre coisa alheia. Nesta
modalidade de direito real limitado, ocorre a transferência da posse e da fruição do imóvel do
devedor em face do credor, que por sua vez colhe seus frutos abatendo o valor destes na
dívida que possui contra o devedor. Em outras palavras, pode-se dizer que o credor retém a
posse do bem e retira dos frutos deste o valor necessário para a quitação de seu crédito.
Atualmente a Anticrese vem sido pouco utilizada, por trazer inconvenientes ao credor
anticrético e ao devedor. O bem dado em anticrese pode ser hipotecado, no entanto, são raras
às vezes em que o credor aceita a hipoteca de bem já gravado por anticrese. Além disso, traz
ao credor a dificuldade de ter, ele mesmo, que colher os frutos para a satisfação do seu
crédito. Como direito real de garantia, a Anticrese possui os efeitos da sequela (buscar a coisa
de quem injustamente a possua ou a detenha) e da aderência, desde que registrada. O credor
anticrético não possui preferência na satisfação do seu crédito e só pode reter o bem por, no
máximo, quinze anos. Decorrido tal prazo, perde ele o direito de retenção. O credor
anticrético tem a obrigação de preservar a coisa que deve, sendo esta, necessariamente, ser
bem imóvel, pois caso seja o bem móvel, ter-se-á o instituto do penhor e não anticrese. Logo,
a tradição real do bem para as mãos do credor é requisito obrigatório para a constituição da
anticrese. O credor anticrético torna-se administrador e mandatário do imóvel gravado,
devendo este prestar contas da administração realizada ao devedor, sempre que requerido. O
devedor tem o direito de reclamar a transformação da anticrese em arrendamento caso a
administração do credor seja prejudicial. Credor e devedor possuem direitos e deveres na
anticrese, cabendo ao credor conservar a coisa e devolvê-la findo o prazo e ao devedor
permitir a utilização do bem e pagar a dívida, podendo pedir indenização, caso o credor lhe
cause prejuízo. Extingue-se a anticrese pelo adimplemento da dívida, pelo perecimento do
bem e pela caducidade, ou seja, pelo fim do prazo estipulado ou atingido o prazo máximo de
quinze anos. A anticrese é indivisível, pois na hipótese de imóvel pertencente a dois ou mais
proprietários, estes não poderão dá-lo em garantia, salvo comum acordo, aplica-se a regra
geral que rege os direitos reais de garantia.
Dentre os direitos arrolados acima pode-se estabelecer uma classificação, senão vejamos:

 Direito real sobre coisa própria (propriedade);

Direito real sobre coisa alheia: estes, por sua vez, subdividem-se em:

De gozo/fruição: titular poderá usufruir do bem mesmo não ostentando a condição de


proprietário (servidão; uso; usufruto);
De garantia: garantem o cumprimento de uma obrigação (penhor; hipoteca; anticrese e
propriedade fiduciária);
De aquisição: gera expectativa de adquirir a propriedade do bem finda a condição
suspensiva (compromisso de compra e venda).

A aquisição desses direitos somente se efetivará com o registro do título aquisitivo no


Cartório de Registro de Imóvel correspondente, se imóvel, ou através da tradição, se móvel.
Cumpre diferenciar propriedade de domínio. Este segundo vocábulo se refere maiormente às
coisas materiais, ao passo que o primeiro termo engloba tanto as coisas corpóreas como
incorpóreas. No entanto, o Código Civil, por diversas vezes, os trata como sinônimos. Com a
Constituição Federal de 1988 a propriedade passou a ter uma função social, onde se condena
o abuso desse direito. Desta forma, o titular pode exercitar seu direito, mas em consonância
com os direitos dos demais cidadãos. Além disso, a propriedade deve ser geradora de
riquezas, trabalho e emprego, concorrendo desta forma para o bem geral da população.

CAPITULO III: CONCLUSÃO


Apos uma minuciosa pesquisa, com auxílio de algumas referências concluem qui o conceito
de direitos reais de garantia, tal como hoje conhecemos, passou por longa evolução. A
princípio a garantia não se desvinculava da própria pessoa do devedor, até que depois
passasse seu patrimônio a responder pelas dívidas. A mais antiga modalidade de garantia
encontrada nas fontes é a fidúcia cum creditore. Por esse negócio o devedor transferia a
propriedade aos credores, pela mancipatio ou in iure cessio, a fim de garantir o cumprimento
de obrigação, mediante um pacto de restituição da coisa (pactum fiduciae) quando da extinção
da dívida. Através da fidúcia a coisa era efetivamente transferida ao credor, não existindo o
conceito moderno de direito sobre coisa alheia. Cuidava-se, portanto, de uma alienação
assecuratória. Era inconveniente para o devedor, que ficava sem a propriedade e a posse da
coisa. O credor, tornando-se proprietário, podia vender o bem, porém, uma vez paga a dívida,
corria o risco de ser condenado pela actio fiduciae a devolver a coisa, bem como o valor que
excedesse a dívida. O credor somente poderia ficar com o objeto, se estabelecesse pacto
comissório, hoje condenado, que lhe permitia repelir a actio fiduciae como meio de defesa.
Em época posterior, surge o pignus, representando grande passo nos direitos de garantia,
quando então se transferia a posse de coisa ao credor para garantia de dívida, até sua extinção.
O devedor tinha ação para retomar a coisa, quando pagasse a dívida: não somente a ação
pignoratícia, como também a reivindicatória. A hipoteca no direito antigo era concebida por
princípio diverso do penhor, porque o credor não recebia a posse.

CAPITULO IV: BIBLIOGRAFÍA.


BARROS, André Borges de Carvalho. AGUIRRE, João Ricardo Brandão. Direito Civil -
Elementos do Direito. São Paulo: Editora Premier máxima, 2007.

GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito das Coisas - Sinopses Jurídicas. 8ª edição. São
Paulo: Editora Saraiva, 2007.

GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro - vol. V - Direito das Coisas. São
Paulo: Editora Saraiva, 2006.

BRASIL, Lei nº 10406, de 10 de Janeiro de 2002. Institui o Código Civil.

Gonçalves, Carlos Roberto (2017). Direito Civil Brasileiro - Direito das coisas. 5 12 ed.
[S.l.]: Saraiva. ISBN 978-85-472-1302-2

Oliveira, Alvaro Borges de; Maciel, Marcos Leandro. «Estado da arte das teorias
possessórias» (pdf). Revista Direitos Fundamentais & Democracia. 5 (22): 112-
127. ISSN 1982-4858

TARTUCE, Flávio (2020). Direito Civil: direito das coisas. Rio de Janeiro: Forense. p. 45

ASCENSÃO, José de Oliveira. Direito Civil: Reais, 4ª ed. Lisboa: Coimbra Editora Limitada.
1976. 625 p.

ASCENSÃO, José de Oliveira. Tipo. In: Enciclopédia Saraiva de Direito, v. 73. São Paulo:
Saraiva. p. 290-8.

BESSONE, Darcy. Direitos Reais. 2ª ed. São Paulo: Saraiva. 1996. 499p.

BITTAR, Carlos Alberto. Os Direitos Reais. Rio de Janeiro: Forense. 1991. 225 p.

CORDEIRO, Antonio Manuel da Rocha e Menezes. Direitos Reais. V. 1. Lisboa: Imprensa


Nacional – Casa da Moeda. 1979. Séries: Cadernos de ciência e técnica fiscal, 114. p. 458 -
471.

DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro, v. 4. Direito das Coisas: 13ª ed. São
Paulo, Saraiva. 1997. 512 p.

ENGISH, Karl. Introdução ao pensamento jurídico. 7ª ed. Tradução: J. Baptista Machado.


Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1996. 393 p.
ENNECCERUS, Ludwig; KIPP, Theodor; WOLFF, Martin. Tratado de Derecho Civil, v. 3.
Derecho de cosas. Trad. Blas Pérez Gonsález e José Alguer. Buenos Aires: Bosch. 1948. 674
p.

GOMES, Orlando. Direitos Reais. 10ª ed. Rio de Janeiro: Forense. 1991. 416 p.

Você também pode gostar