LIVRO Ergonomia
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LIVRO Ergonomia
Ergonomia
Presidente
Rodrigo Galindo
Conselho Acadêmico
Alberto S. Santana
Ana Lucia Jankovic Barduchi
Camila Cardoso Rotella
Cristiane Lisandra Danna
Danielly Nunes Andrade Noé
Emanuel Santana
Grasiele Aparecida Lourenço
Lidiane Cristina Vivaldini Olo
Paulo Heraldo Costa do
Valle
Thatiane Cristina dos Santos de Carvalho Ribeiro
Revisão Técnica
Simone Nunes Pinto
Editorial
Adilson Braga Fontes
André Augusto de Andrade Ramos
Cristiane Lisandra Danna
Diogo Ribeiro Garcia
Emanuel Santana
Erick Silva Griep
Lidiane Cristina Vivaldini Olo
ISBN 978-85-522-0139-7
1. Ergonomia. I. Título.
CDD 620.82
2017
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza
CEP: 86041-100 — Londrina — PR
e-mail: [email protected]
Homepage: http://www.kroton.com.br/
Sumário
Unidade 2 | Macroergonomia 55
105
Seção 3.1 - NR 17 e anexos 120
134
Seção 3.2 - Ergonomia e os Sistemas de Gestão Integrados
157
Seção 4.1 - Projetação ergonômica do sistema humano x tarefa x
171
máquina Seção 4.2 - Aspectos psicológicos, cognitivos e mentais
187
Ergonomia: conceitos e
história
Convite ao estudo
Prezado aluno,
1 U1 - Ergonomia: conceitos e
Pense bem: se você liga para a empresa e alguém não lhe
trata da forma adequada, você culpa a empresa! Se o carro não
funciona, você diz que a empresa não fabrica bons carros. Se a
comida não foi bem-feita, você diz que aquele restaurante não é
bom.
Dessa forma, a ergonomia surge para que a realidade seja
entendida: pessoas estão fazendo o trabalho e os aspectos reais
dele não podem ser ignorados.
Não basta instalar um sistema, é preciso ver como ele funciona
no dia a dia e treinar as pessoas que vão utilizá-lo em situações
reais. Se esse sistema apresentar problemas ou incongruências, a
pessoa que o utiliza deve receber auxílio, e a empresa deve
entender que os erros foram motivados pelo sistema, e não pela
pessoa.
Hoje em dia, a necessidade de controlar o trabalho é tão
grande que as empresas criam metas, indicadores de desempenho,
regras e sistemas que cada vez mais buscam controlar e culpar as
pessoas por erros e falhas.
Ao fazer isso, a empresa ignora o que realmente está
acontecendo e busca soluções que não melhoram a realidade, e sim
criam paliativos que funcionam cada vez menos.
EExxeemmpplilfiifcicaa
nnddoo
Você vai a uma consulta médica. Chegando lá, o sistema que o
médico utiliza para fazer sua receita não funciona. O médico fica
preocupado e leva mais tempo para lhe atender. Os outros pacientes
aguardam aflitos com o atraso, e a recepcionista do local precisa
responder a todos sobre o porquê da demora. O médico tenta fazer
o sistema funcionar e não consegue, fazendo a receita de seus
medicamentos à mão, mas sabendo que precisará lançar no sistema
posteriormente para gerar um controle de suas consultas. Ao sair do local,
você recebe uma mensagem perguntando como foi o atendimento.
Você dá uma baixa pontuação devido ao problema do sistema. A
empresa, então, entende que aquela pontuação baixa diz respeito ao
médico e, por isso, ele deve ser penalizado de alguma forma por não ter
atendido às expectativas do cliente.
1 U1 - Ergonomia: conceitos e
isso vai acontecendo até que elas adoeçam ou decidam
abandonar aquele trabalho.
Assim, a ergonomia surge como uma ciência que busca não
apenas preservar a saúde das pessoas mas também fazer uma
construção social no mundo do trabalho, no qual as pessoas
sejam mais valorizadas, e não apenas os processos.
1 U1 - Ergonomia: conceitos e
simultaneamente, por isso é essencial lançar um olhar sistêmico
sobre todas elas.
A ergonomia está diretamente relacionada ao trabalho, e
cada trabalho é único. Essas três dimensões sempre precisam
ser consideradas de forma sistêmica, tratando cada situação de
trabalho com suas peculiaridades. Atualmente, o mercado utiliza
o termo “ergonômico” para alertar o consumidor que seu produto
foi concebido preocupando-se com o design, com seu formato
e aspectos físicos de interação com o usuário. Você já deve ter
escutado termos, como “cadeira ergonômica”, “mesa ergonômica”,
“design ergonômico”. Porém, se pensarmos com cuidado,
veremos que nenhuma cadeira é adequada para todos os tipos de
situação de trabalho que existem; nenhum banco de carro será
confortável para todas as pessoas que se sentarem nele. Dessa
forma, utilizar o termo “ergonômico” apenas pelas características
físicas de um objeto não está correto.
Assimile
Como você pôde perceber no texto, o principal papel da ergonomia é
adaptar o trabalho ao ser humano que o executa, considerando seus
aspectos físicos, mentais e as características da organização do
trabalho. Perceba que, ao falarmos em “organização”, não estamos
nos referindo ao contrário de “bagunça”. O termo “organização do
trabalho” vem da engenharia e diz respeito a regras, ritmos e
processos existentes na empresa para controlarem como o trabalho é
realizado. É importante, caro aluno, que você perceba que em todo
trabalho devemos observar
as características da organização, assim como os aspectos físicos
e psicológicos do ser humano que executa o trabalho. Essas três
dimensões não ocorrem separadamente.
2 U1 - Ergonomia: conceitos e
Reflita
Pensando em tudo que aprendemos até o momento, vimos que as
pessoas desempenham papel fundamental nas empresas e que, muitas
vezes, erros e acidentes ocorrem pela forma como o trabalho está
sendo controlado. Assim, Você já foi a algum restaurante e não gostou
da sua experiência lá? A comida não estava bem preparada, o atendente
foi mal-educado, houve demora, trocaram seu pedido? Você já utilizou
novas tecnologias para pedir comida (internet, aplicativos de celular) e
verificou algum erro? O que pensa sobre isso agora que aprendeu sobre
ergonomia?
Pesquise mais
Para saber mais sobre ergonomia e a importância de se conhecer
o trabalho real, assista aos vídeos do programa Fantástico da Rede
Globo, referentes ao quadro “Chefe Secreto”, disponíveis no link <
http://g1.globo. com/fantastico/quadros/chefe-secreto/>. Esse quadro
mostra diversas situações nas quais os chefes se disfarçam de
trabalhadores comuns em sua própria empresa e verificam as
condições reais e dificuldades que esses trabalhadores enfrentam
todos os dias, podendo assim melhorar as condições de trabalho a partir
de de situações que ele mesmo vivenciou.
2 U1 - Ergonomia: conceitos e
ergonomia. O dono da empresa chama você para uma conversa
para alinhar como será a primeira reunião com a equipe que irá
analisar e atuar de maneira prevencionista com relação aos riscos
ergonômicos existentes na empresa.
Nesse momento, você ressalta a importância de que todos os
participantes da reunião estejam alinhados quanto aos conceitos
de ergonomia e seus objetivos, e destaca que sempre precisarão
consultar os trabalhadores sobre o trabalho que realizam para
entender as reais necessidades e dificuldades existentes. Pelo
discurso do dono da empresa, você percebe que ele relaciona
ergonomia apenas a aspectos de postura e mobiliário, e não tem
clara a importância e a forma como deve atuar frente a essas
questões. O norteamento dessa conversa será essencial para
iniciar os trabalhos com a equipe. Sendo assim, você explica que a
ergonomia é uma ciência que analisa o trabalho de forma sistêmica,
verificando não apenas aspectos físicos do trabalho mas também
aspectos cognitivos (mentais) e organizacionais. Além disso, a
ergonomia é uma ciência interdisciplinar que visa adaptar o
trabalho ao ser humano que o executa, proporcionando o máximo
de conforto, saúde e desempenho eficiente.
Na reunião, você é capaz de apontar que a ergonomia
apresenta papel fundamental nas empresas, primeiramente, por
ter regulamentação legal. A Norma Regulamentadora 17, do
Ministério do Trabalho e Emprego, torna obrigatório que todas as
empresas realizem a Análise Ergonômica do Trabalho e, dessa
forma, estão sujeitas a multas e fiscalizações se não cumprirem
essa legislação. Além disso, ao compreender o trabalho e
melhorar suas condições, são reduzidos custos com afastamentos
médicos e rotatividade de funcionários, além de se melhorar
processos de forma estratégica, evitando perda de tempo,
retrabalhos e erros. Devido à sua abordagem sistêmica, a ergonomia
traz benefícios para a empresa e para os trabalhadores. Ao integrar
os saberes existentes na empresa e envolver todos em busca de
melhorias nos processos, possibilitamos que os trabalhadores
possam ter sua saúde preservada e consigam enxergar maior
sentido em seu trabalho, tendo suas necessidades físicas e
cognitivas preservadas, além de serem avaliados e recompensados
de forma mais justa com relação a aspectos de organização do
trabalho.
Resolução da situação-problema
Como aprendemos ao longo desta unidade de ensino,
podemos verificar que não há um padrão que atenda a todos as
situações de trabalho. Cada trabalho é único e apenas a pessoa
que o desempenha pode identificar suas particularidades,
dificuldades e especificações, que nem sempre são de ordem
física. Ao analisar um trabalho, devemos ter um olhar sistêmico e
interdisciplinar, sabendo que não existe um trabalho puramente
braçal. Ao pressupor que os trabalhadores utilizam apenas
aspectos físicos, ignoramos aspectos cognitivos, como
memorização, aprendizado e tomada de decisões, além dos
métodos e das regras contidos na organização do trabalho. Um
checklist jamais conseguirá analisará a totalidade de um trabalho,
e não é possível que entenda o trabalho real. A ergonomia não
trata apenas de aspectos físicos mas também de aspectos
organizacionais, ambientais e cognitivos.
2 U1 - Ergonomia: conceitos e
Faça valer a pena
1. O mundo do trabalho sofreu diversas transformações ao longo dos
anos. Após a Revolução Industrial, a produção em massa tomou conta
dos processos, exigindo cada vez mais uma organização das formas
como o trabalho era realizado. Assim, surgiu a Administração Científica
do Trabalho, que tinha em sua essência o intuito de aplicar a ciência à
administração. Essa metodologia possui ênfase nas tarefas, buscando a
eliminação do desperdício, da ociosidade operária e a redução dos custos
de produção, com o objetivo de garantir uma melhor relação custo/
benefício aos sistemas produtivos das empresas da época.
Quem foi o responsável pela criação da Administração Científica do
Trabalho e qual o nome do sistema de organização do trabalho concebido
para diminuir tempo e desperdício no trabalho?
a) Mario Toyota e Toyotismo.
b) Henry Ford e Fordismo.
c) Frederick Wislow Taylor e Taylorismo.
d) Jastrzebowski e Ergonomia.
e) Henry Ford e Toyotismo.
2 U1 - Ergonomia: conceitos e
U1 - Ergonomia: conceitos e história 29
Seção 1.2
Domínios e abordagens da Ergonomia
Diálogo aberto
Prezado aluno, seja bem-vindo a mais uma seção de estudo
sobre “Ergonomia: conceitos e história”.
Vamos, a partir de agora, conhecer as abordagens utilizadas
na ergonomia, a interação entre homem e máquina, e os
constrangimentos da tarefa que ocorrem nessa interação.
Para aproximar os conteúdos teóricos da prática profissional,
vamos relembrar a situação hipotética que foi apresentada no
“Convite ao estudo”, na qual você é um profissional de uma
empresa do ramo de cosméticos e o único integrante da equipe
que sabe sobre ergonomia.
Você precisa capacitar sua equipe para formar um comitê que
atuará na resolução dos problemas relacionados à ergonomia
existentes na empresa. A primeira reunião com a equipe será
amanhã. Após uma conversa esclarecedora com você, o dono da
empresa já entende o que é ergonomia e a sua importância, e ele
pede que você inicie a reunião abordando os seguintes temas:
qual o papel da ergonomia na interação do sistema homem, tarefa
e máquina? Como a ergonomia pode assegurar que o trabalho
seja realizado com conforto, segurança e desempenho eficiente?
Por que não é possível aplicar a mesma solução para todos os
problemas de ergonomia? Se a empresa não possui um programa
de prevenção a riscos ergonômicos, quais os possíveis problemas
que podem surgir?
Para que você consiga responder a esses e outros
questionamentos, esses conteúdos serão abordados de forma
contextualizada na seção Não pode faltar. Bons estudos!
Reflita
Todo ser humano tem características e preferências quando se trata
de trabalho. Pense você: você prefere ficar o tempo todo na mesma
posição ou gosta de alternar sua postura quando tem vontade? Você
prefere mexer em programas de computador que são intuitivos ou
prefere ter dificuldades para acessá-los? Você sente cansaço se fica
muito tempo de pé? O que acontece se você tenta ler alguma coisa no
escuro? Como você se sente quando alguém lhe culpa por alguma
coisa que não foi de sua responsabilidade?
3 U1 - Ergonomia: conceitos e
Interação homem x máquina x tarefa
Como já vimos, a tarefa é o que a empresa prescreve. Para dar
conta de realizar a tarefa, o ser humano precisa interagir com outras
pessoas, com sistemas, com ferramentas e com máquinas para que
possa atingir os resultados esperados.
Reflita
Já aconteceu de você tentar utilizar um celular e não conseguir?
Ou precisar ajudar sua mãe a ajustar o canal da televisão porque ela
não sabe mexer no controle remoto? Já teve dificuldade em montar
um material com o manual de instruções e desistir no meio? Já se
confundiu com alguma placa que não estava com a informação clara?
Nosso cérebro já tem armazenado um conhecimento prévio o qual
está sendo acionado constantemente. Ao interagir com uma
máquina, ela precisa fazer sentido para você, frente aos
conhecimentos que você já tem. Além disso, ao manuseá-la, ela
deve possibilitar o seu melhor ajuste corporal, para evitar
desconfortos.
Exemplificando
Empresas que atuam com produção em massa, criando produtos em
larga escala, geralmente, utilizam linhas de produção para realizar
suas tarefas. A linha de produção é constituída por uma esteira em
torno da qual diversos trabalhadores permanecem lado a lado, onde
cada um faz apenas uma parte do processo. Por exemplo, em uma
indústria de cosméticos, para fazer um perfume: um trabalhador só
coloca os frascos vazios na esteira, o do lado aciona a máquina para
envasar o perfume, o seguinte coloca a válvula que espirra o
perfume, o seguinte coloca a tampa, o seguinte coloca o rótulo e o
último guarda o frasco pronto na caixa. Essa fragmentação faz com
que cada trabalhador faça apenas um
U1 - Ergonomia: conceitos e história 33
pedacinho do processo. Estar desvinculado do todo, realizando uma tarefa curta, fra
Todo ser humano prefere que seu tempo seja controlado por
ele mesmo, e não imposto por uma máquina, pela gerência, pelos
clientes ou colegas. Além disso, o homem acelera seu próprio ritmo,
deixando de respeitar os limites do seu corpo, toda vez que se
sente motivado para isso.
As pessoas se sentem bem quando são solicitadas a resolver
problemas, pois são encaradas como pessoas que pensam e agem,
e não como máquinas.
Frederick Wislow Taylor, criador da Administração Científica do
Trabalho, trouxe o conceito de “homem-médio”, que tentava
padronizar os tempos e métodos da tarefa como se todas as
pessoas fossem iguais. O homem não pode ser considerado como
uma máquina. Temos capacidades sensitivas e motoras que
funcionam dentro de certos limites e que variam de uma pessoa a
outra e ao longo do tempo para uma mesma pessoa.
Existe o que chamamos de variabilidade interindividual (as pessoas
são diferentes entre si) e intraindividual (como nós mesmos mudamos)
e que precisam ser consideradas. Somos diferentes entre nós e
não estamos iguais o tempo todo. Envelhecemos e nossas
capacidades se modificam, também acumulamos experiência e
aprendizado. Além disso, seres humanos organizam-se
coletivamente para seu trabalho e uma atenção especial deve estar
centrada nisso: quando as pessoas competem entre si ou não
possuem espírito de equipe, a cooperação não encontra espaço
para acontecer naturalmente, o que atrapalha os processos de
trabalho. Nas atividades humanas, a cooperação tem um papel
importante, muito mais que a competitividade.
3 U1 - Ergonomia: conceitos e
que não haja acidentes, doenças e também para que o
desempenho seja eficiente.
Ao operar uma máquina, deve ser possibilitado que o
trabalhador escolha sua melhor postura, evitando fazer
movimentos repetitivos, força excessiva e sem que nenhuma parte
do seu corpo esteja comprimida por alguma estrutura. Uma pessoa
precisa conseguir se sentar sem que seus joelhos batam contra
alguma estrutura. Ao digitar, precisamos de espaço para apoiar os
nossos braços. Isso tudo deve ser considerado. Mesmo que as
pessoas sejam diferentes em altura, peso e segmentos corpóreos,
realizar um estudo para que a maior parte das pessoas seja atendida
é essencial.
Ainda na operação de uma máquina, ela precisa fazer sentido.
Nós já temos informações armazenadas em nosso cérebro e
possuímos preferência por sistemas que sejam intuitivos. Um
programa de computador não pode ser compreendido só por
quem o criou.
A ergonomia surge para colocar o trabalhador como agente
central das transformações no trabalho. O desempenho eficiente
não trata apenas da produção mas também de criar condições
para que o trabalhador possa permanecer no processo produtivo
durante o máximo de tempo possível, sem adoecer, se afastar e
podendo se desenvolver profissionalmente nesse fazer.
Quando a ergonomia surge na concepção de um trabalho
(no momento que será feito um projeto e ainda estão sendo
desenhadas as ideias), ela tem um papel mais eficiente, pois já
identifica os possíveis problemas antes que o trabalho seja realizado.
Mas se tudo já está em funcionamento, a ergonomia surge para a
correção, e nem sempre conseguimos consertar algo que já foi
concebido de forma inadequada.
A apreciação da ergonomia no sistema “homem x máquina x
tarefa” é centrada em realizar a Análise Ergonômica do Trabalho
para cada situação como se fosse única. A ergonomia lança um
olhar sistêmico, o qual trata de um problema complexo
dissolvendo-o em pequenas partes, entendendo todo o contexto e,
principalmente, considerando a realidade do trabalhador, para
depois traduzir isso para a empresa e propor transformações.
A Análise Ergonômica do Trabalho é um estudo feito por meio
de uma metodologia específica para identificar as diferenças entre
U1 - Ergonomia: conceitos e história 35
o trabalho prescrito e o real e propor melhorias que consideram o
olhar
3 U1 - Ergonomia: conceitos e
do trabalhador para que o trinômio conforto, segurança e
desempenho eficiente seja atingido.
A macroergonomia
Quando analisamos uma situação de trabalho para propor
melhorias, precisamos entender em qual nível de complexidade se
encontram os problemas que identificamos. Algumas vezes,
podemos encontrar um balcão que está muito baixo para uma
operação. Aqui, basta realizar a troca do balcão, ou elevar sua
altura, sendo esse problema visível, pontual e de fácil
entendimento. Aqui, utilizamos a microergonomia, uma visão mais
simplificada e pontual do estudo ergonômico.
A macroergonomia trata de uma análise mais global,
sistêmica, olhando o sistema de produção como um todo. Aqui,
vemos o funcionamento da empresa, suas regras, suas hierarquias
e de que forma aquela situação de trabalho interage e é
influenciada pelos processos como um todo.
Figura 1.1 | Ação macroergonômica
O trabalhador
O trabalho A empresa
Condições de trabalho (predeterminadas Investimento,
Variabilidade e reais) manutenção
intraindividual
História, experiência
pessoal, vida pessoal,
personalização,
significação, idade,
estado de saúde,
tempo de casa, etc.
Variabilidade Políticas, gestão de recursos humanos, organização
A atividade no trabalho
interindividual
Diferenças entre
as pessoas,
características
antropométricas
(altura, porte,
Publicidade,
Resultados do Trabalho (antecipados produção qualidade, etc.
x efetivos)
tamanho dos
segmentos
corpóreos), etc.
Assimile
A ação ergonômica transforma o trabalho após identificar problemas
relacionados à tarefa. A ergonomia mexe no trabalho, traduz o que
ele realmente deve ser. Se em um setor de carga e descarga os
trabalhadores estão se queixando de dores nas costas, não basta pedir
que eles façam exercícios. A dor já está ali. Não estaremos atuando na
causa. Um estudo do “por que estão surgindo dores nas costas” deve
ser realizado, e a transformação do trabalho deve ocorrer para
eliminar o fator causal.
Pesquise mais
Agora que já aprendemos mais sobre ergonomia e sua importância
para adaptar as situações de trabalho às características psicofisiológicas
dos trabalhadores, complemente seus conhecimentos lendo o artigo
Integrando a ergonomia ao projeto de engenharia: especificações
ergonômicas e configurações de uso. Disponível em: <http://www.
scielo.br/pdf/gp/v21n4/aop_073313.pdf>. Acesso em: 26 mar. 2017.
Exemplificando
4 U1 - Ergonomia: conceitos e
possível se
Avançando na prática
O novo posto de
trabalho Descrição da situação-problema
Fabiana é recepcionista de um prédio comercial há cinco anos.
Ela já conhece todos os visitantes e profissionais que ocupam os
andares, além de ter decorado com maestria os nomes de todas
as empresas que se encontram no prédio, incluindo seu ramal
de acesso. Fabiana sai de férias e, quando retorna, percebe que
realizaram mudanças no seu posto de trabalho. Percebe uma
cadeira mais confortável, uma mesa grande e um sistema de
computador totalmente equipado, com novos ramais, um sistema
de cadastro de visitantes e uma câmera fotográfica conectada ao
sistema para efetuação do cadastro. Após um mês, Fabiana
começa a apresentar atestados e se afasta do trabalho. Ao
conversar com o médico, Fabiana diz que o novo posto de
trabalho, embora pareça melhor, é desconfortável, e que o sistema
de computador que deveria facilitar seu trabalho, na verdade só
atrapalha: a cadeira não se aproxima direito da mesa, gerando
uma postura desconfortável; o sistema trava a cada novo cadastro,
o que aumenta a fila de espera para as pessoas entrarem no
prédio e, consequentemente, gera atrasos e impaciência; a
câmera não é fácil de operar e, se dá erro, não possibilita que
Fabiana o conserte. Qual foi o problema desse novo posto de
trabalho? Se ele foi pensado para facilitar o trabalho de Fabiana,
por que isso não aconteceu?
Resolução da situação-problema
Modificar a situação de trabalho sem considerar a opinião do
trabalhador e sem possibilitar a sua participação nesse processo,
geralmente, traz uma diversidade de problemas que surgem ao
4 U1 - Ergonomia: conceitos e
não se considerar o trabalho real. É necessário conversar com o
trabalhador e assistir ao seu fazer em detalhes. A Análise Ergonômica
do Trabalho traz a compreensão do que o trabalhador deve fazer
(a tarefa) e como proceder para atingir esse objetivo (atividade),
bem como as dificuldades que enfrenta. Se a ergonomia tivesse
sido aplicada na concepção desse posto de trabalho, certamente,
Fabiana identificaria esses problemas e poderia evitar que eles
fizessem parte desse trabalho.
4 U1 - Ergonomia: conceitos e
Qual das alternativas a seguir cita aspectos que analisamos quando se
trata de variabilidade interindividual?
Assinale a alternativa correta.
a) Cabeça, tronco e membros.
b) Conforto, segurança e desempenho eficiente.
c) Como mudamos ao longo da nossa vida, experiência pessoal, vida
pessoal, personalização, significação e estado de saúde.
d) Diferenças entre as pessoas, como características antropométricas
(altura, porte, tamanho dos segmentos corpóreos), gênero e idade.
e) Normas de produção e tarefa, atividade.
4 U1 - Ergonomia: conceitos e
contextualizada na seção Não pode faltar. Com esses conceitos, a
equipe já se prepara para os
5 U1 - Ergonomia: conceitos e
Para uma diagnose eficaz de um problema voltado à
ergonomia, devemos sempre entender qual é a demanda principal
que está gerando a necessidade de análise. A Análise Ergonômica
do Trabalho
– estudo exigido pela Norma Regulamentadora 17, do Ministério
do Trabalho e Emprego – não possui uma periodicidade de
realização. Diversos documentos e programas voltados à saúde e
segurança do trabalho são de realização anual (como o Programa
de Prevenção a Riscos Ambientais – PPRA – e o Programa de
Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO). Já a Análise
Ergonômica do Trabalho deve ser realizada sempre que
identificamos que há fatores relacionados à tarefa que atrapalham
o trabalhador, podendo gerar riscos à sua saúde, segurança e ao
seu desempenho.
Assim, a demanda da análise se refere ao problema principal
que exige um estudo aprofundado. Pode ser a chegada de uma
nova linha de produção que não está com altura adequada para
os trabalhadores; pode ser que um laboratório esteja com baixo
iluminamento (densidade de luz em cima de uma superfície) no
balcão, o que atrapalha a visibilidade; pode ser que o trabalhador
precise operar diversos sistemas de computador sem treinamento,
o que leva a erros e perda de tempo; pode ser que as metas
impostas pela empresa não se enquadrem na realidade.
Esses são alguns exemplos de problemas de ordem
ergonômica. Didaticamente, podemos dividi-los em: a)
organizacionais: relacionados a tempos e métodos, ritmos,
indicadores de desempenho, metas, normas e regras da empresa;
b) físicos: relacionados a como o corpo do trabalhador interage
com o sistema, envolvendo postura, força excessiva,
repetitividade, compressão mecânica (ter parte do corpo
pressionada contra alguma superfície) e demais problemas
envolvendo o posto de trabalho, ferramentas e materiais na
interação com o ser humano;
c) ambientais: relacionados ao ruído, iluminamento ineficaz e
conforto térmico, havendo a necessidade de realizar medições dos
agentes ambientais para assegurar o conforto dos trabalhadores;
d) cognitivos: exigência de memorização, falta de treinamento,
tomada de decisão, representações e interação com sistemas.
É importante realizar uma imersão na realidade do trabalho ao
observarmos o trabalhador em ação e todas as suas nuances.
U1 - Ergonomia: conceitos e história 51
Exemplificando
Como já foi visto, tarefa é a prescrição da empresa do que deve ser feito para se obter o
5 U1 - Ergonomia: conceitos e
Ao analisar a interação entre o homem, a tarefa e as máquinas/
sistemas, devemos lembrar que o trabalho deve estar adequado
às
Assimile
Antropometria é a parte da antropologia que trata da mensuração
do corpo humano e de suas partes. Para o dimensionamento de
objetivos, produtos e postos de trabalho, utilizamos os conceitos de
antropometria para assegurar a adaptação às características físicas das
pessoas.
5 U1 - Ergonomia: conceitos e
Plano sagital
10 cm à direita do
plano de simetria
Reflita
Não existe homem-médio. Mas então, como podemos agir para
garantir o máximo de adaptabilidade das pessoas a um mesmo posto
de trabalho? Pensando em tudo o que já foi aprendido em
ergonomia, lembre-se de que cada situação é única, porém, garantir
o máximo de margem de manobra e autonomia podem ser saídas
interessantes para problemas relacionados à concepção de novas
situações de trabalho.
Assimile
6 U1 - Ergonomia: conceitos e
Pesquise mais
O comercial do Banco Itaú intitulado Crianças e a evolução
tecnológica (disponível em: <https://www.youtube.com/watch?
v=oHm4TopsB7A>. Acesso em: 18 maio 2017) mostra a questão
de usabilidade pela perspectiva de crianças tentando entender o
funcionamento de objetos antigos. Para garantir a usabilidade, o
produto deve respeitar nossas representações mentais e ser
intuitivo, e o vídeo mostra como as crianças lidam com isso.
Avançando na prática
6 U1 - Ergonomia: conceitos e
Resolução da situação-problema
Para adequar a linha de produção às características dos
trabalhadores, é necessário realizar uma Análise Ergonômica
do Trabalho para identificar onde os trabalhadores estão
encontrando problemas e como a tarefa está gerando problemas
que levam aos afastamentos. Durante a análise, é importante
realizar um estudo antropométrico e identificar quais posturas e
esforços estão sendo realizados e que podem estar levando aos
afastamentos e à rotatividade dos trabalhadores. Após identificar
os possíveis problemas e propor soluções, é necessário realizar
as modificações da situação de trabalho envolvendo os
trabalhadores e experimentando um protótipo, antes de modificar
de forma irreversível, considerando a população que irá interagir
com esse posto de trabalho e a adaptação da maioria, sempre
priorizando regulagens, quando forem possíveis.
6 U1 - Ergonomia: conceitos e
Referências
ABRAHÃO, J. I. et al. Introdução à ergonomia: da prática à teoria. 1. São Paulo:
Blucher, 2009.
BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Manual de aplicação norma
regulamentadora nº 17. 2. ed. Brasília: MTE/SIT, 2002.
COMERCIAL Itaú - crianças e a evolução tecnológica. 16 abr. 2011. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=oHm4TopsB7A>. Acesso em: 18 maio 2017.
CYBIS, W A. Ergonomia e usabilidade: conhecimentos, métodos e aplicações. São
Paulo: Novatec, 2015.
GGUÉRIN, F. et al. Compreender o trabalho para transformá-lo: a prática da
ergonomia. São Paulo: Edgard Blucher, 2001.
IIDA, Itiro. Ergonomia: projeto e produção. 2. ed. São Paulo: Blucher, 2005.
LIMA, F.; DUARTE, F. LIMA, Francisco; DUARTE, Francisco. Integrando a ergonomia
ao projeto de engenharia: especificações ergonômicas e configurações de uso.
Gestão e Produção [online]. v. 21, n. 4, p. 679-690, 2014. Disponível em:
<http://www.scielo.br/ scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-
530X2014000400002&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 26 mar. 2017.
Macroergonomia
Convite ao estudo
Prezado aluno, nesta unidade, começaremos a
sistematizar nossos estudos em Ergonomia aprendendo a
realizar uma Análise Ergonômica do Trabalho, cuja
obrigatoriedade consta na Norma Regulamentadora 17, do
Ministério do Trabalho e Emprego. Dessa forma,
aprenderemos cada etapa da Análise Ergonômica do
Trabalho, como sistematizar seu estudo, como estruturar os
registros de tudo que é visto, falado e acordado na empresa,
sempre com a participação dos trabalhadores envolvidos na
situação de trabalho escolhida para ser analisada.
Bons estudos!
Seção 2.1
Etapas, métodos e técnicas da intervenção ergonômica
Diálogo aberto
U2 - Macroergonomia 57
Não há um modelo pronto e são diversos os exemplos de
documentos que sistematizam uma Análise Ergonômica do Trabalho,
porém existem algumas etapas básicas que precisam ser
seguidas para se garantir que os aspectos mais importantes da
situação de trabalho sejam analisados.
5 U2 -
nem sempre podem ser medidos objetivamente. Às vezes, uma
solução sempre é dar maior flexibilidade, autonomia e opções para
que o trabalhador escolha a melhor forma de trabalhar. Para avaliar
conforto,
U2 - Macroergonomia 59
apontado na NR 17 como objetivo da ergonomia, é imprescindível
a expressão do trabalhador, pois só ele pode confirmar a
adequação das soluções propostas.
Sabemos que é difícil para técnicos acostumados a lidar com
números e valores objetivos terem de levar em conta a opinião dos
trabalhadores e se basearem nela para realizar mudanças no
trabalho.
Como “provar” que essa solução será melhor? Onde estão os números?
Onde estão as tabelas que identificam riscos em uma atividade?
É sempre importante, ao iniciar um estudo em ergonomia,
capacitar as pessoas e ensiná-las sobre os objetivos e a metodologia
da ergonomia, para evitar expectativas que induzam a números que
não fazem sentido. Lembre-se de que a origem das atuais
inadequações existentes no mundo do trabalho deve-se, em
grande parte, à separação radical entre a concepção das condições
e organização do trabalho e a sua execução (por exemplo, na
Administração Cientifica do Trabalho de Taylor, vista na Unidade
1). Ao se ignorar a opinião do trabalhador e tentar apontar tudo
objetivamente, esquecemos aspectos cognitivos essenciais nas
condições de trabalho. Essas condições se referem ao
levantamento, ao transporte, descarga de materiais e mobiliário,
equipamentos, às condições ambientais, ao posto de trabalho, à
organização do trabalho e aos aspectos cognitivos (treinamentos,
aprendizado, decisões).
Reflita
É importante apontar que a organização do trabalho não deve ser
considerada intocável e passível de ser modificada apenas por iniciativa
da empresa. Os trabalhadores devem ter voz a respeito de como o
trabalho é conduzido e seus saberes devem ser considerados na
concepção de cada aspecto do trabalho. Precisamos nos perguntar
até que ponto as regras, os ritmos, as metas e os indicadores
condizem com a realidade. Será que o trabalhador é avaliado
verdadeiramente pelo seu trabalho? Será que o sistema implantado
realmente facilita o trabalho?
6 U2 -
ser minimamente seguidos de acordo com o Manual de
Aplicação da
U2 - Macroergonomia 61
Norma Regulamentadora nº 17. Eles estão esquematizados na Figura
2.1e serão vistos em detalhes ao longo desta seção.
6 U2 -
esse documento irá tratar. Toda situação de trabalho precisa ser
analisada para identificar seus aspectos reais, porém, uma vez
que não há queixas e problemas apontados, aquela situação não
precisa ser estudada. Esse é um processo construtivo e
participativo para a resolução de um problema complexo que exige
o conhecimento das tarefas, da atividade desenvolvida para
realizá-las e das dificuldades enfrentadas para se atingir o
desempenho e a produtividade exigidos.
A demanda pode ser de saúde (acidentes e doenças), social
(reclamação de sindicato), legal (multas, notificações e fiscalizações)
e para melhorar a qualidade de um produto ou serviço para
ganhos de produtividade. Ela deve ser discutida e reconstruída pelo
ergonomista e seus interlocutores logo nos primeiros contatos. A
origem do problema, algumas vezes, não é o que havia sido
explicado e pode ser que não estivesse claro a todos os
envolvidos.
Após análise da demanda e do contexto para situar o problema
a ser analisado, o segundo passo é: 2) análise global da empresa.
Aqui, precisamos identificar características próprias da empresa
para contextualizar a situação de trabalho. Dessa forma,
identificamos localização geográfica, situação econômica, grau
tecnológico, quem são seus clientes, sua regulamentação (regras
internas, procedimentos, políticas, estratégias), tipos de produto e
serviço (inclusive, padrões de qualidade e certificações), estrutura
administrativa (organogramas e fluxogramas de processos que
estejam relacionados à demanda), características das matérias-
primas, variações sazonais da produção, principais tarefas, arranjo
físico (leiaute), automação, metas produtivas, capacidade de
produção, índice de produtividade e organização do trabalho
(horários, turnos, cadências, ritmos, remuneração, forma de
contratação e exigências).
Esse mapeamento é importante para identificar, inclusive, as
melhorias a serem propostas.
Em seguida, precisamos realizar o terceiro passo: 3) análise da
população trabalhadora. Devemos mapear a política de pessoal,
faixa etária, se há rotatividade, tempo de casa, experiência, categorias,
níveis hierárquicos, características antropométricas, pré-requisitos,
nível de escolaridade e capacitação (quais treinamentos específicos a
empresa proporciona para cada tarefa), estado de saúde e
absenteísmo.
U2 - Macroergonomia 63
Devemos conhecer os trabalhadores para entender como
melhorar o trabalho para eles. É importante ressaltar que, ao tratar
da
6 U2 -
idade e do tempo de casa dos trabalhadores, não apontamos a
média de idade, e sim as faixas etárias em histograma.
Exemplificando
A Figura 2.2 mostra um exemplo de descrição de faixa etária de uma
população de trabalhadores.
Figura 2.2 | Exemplo de histograma com a distribuição de frequências
referentes à idade
Assimile
Iluminação e iluminamento são duas coisas diferentes. Iluminação é
o efeito provocado pela luz. Digamos que é a luz que sai de uma
fonte natural (janela) ou artificial (lâmpadas). Iluminamento é o
quanto de luz incide sobre uma superfície. Pode ser que em um
ambiente haja muita iluminação, mas alguns postos de trabalho
podem ser prejudicados (por exemplo, por questões de leiaute
inadequado). Assim, problemas específicos de iluminamento podem
levar ao desconforto visual ou ainda podem limitar a visibilidade de
6 U2 -
informações importantes.
U2 - Macroergonomia 67
Ao descrever a tarefa e como a atividade surge, precisamos
mapear as exigências do trabalho. Algumas perguntas devem ser feitas:
quais os esforços dinâmicos (movimentos, deslocamentos,
carregamento de peso) e estáticos (duração e frequência de postura
exigida)?; Quais são as exigências sensoriais, Quais órgãos dos
sentidos são recrutados, cores, sinais luminosos, sons, estímulos,
comandos e grau de precisão exigido?
Quanto mais rígidas as regras e o grau de precisão de alguma
tarefa, mais limitado estará o trabalhador. Quanto maior a margem
de manobra (flexibilidade e autonomia) do trabalhador, mais fácil
de adequar o sistema às suas necessidades.
O sexto passo é: 6) estabelecimento de um pré-diagnóstico
e, como o nome indica, ainda não é o diagnóstico final. Nessa
etapa, deve ser explicitado às várias partes envolvidas tudo o que
foi entendido e analisado com relação à tarefa e situação de
trabalho motivada pela demanda. Assim, tudo será validado,
podendo o ergonomista continuar com essas conclusões ou
abandoná-las como hipótese para o problema, verificando se tudo
que analisou até então faz sentido para o estudo.
Em seguida, temos o sétimo passo: 7) observação sistemática.
Filmar, fotografar, observar livremente, entrevistar (questionários,
roteiros semiestruturados) e realizar grupos focais são métodos de
coleta de informação. Avaliar conforto de acordo com a opinião de
um único trabalhador pode não ter validade geral. Deve-se
conversar com diversos trabalhadores e, principalmente, validar
com eles se o que você entendeu e escreveu faz sentido para
todos. Realize grupos em que as pessoas falam livremente sobre o
que elas fazem. Perguntar o que uma pessoa faz e como é seu
trabalho é um início poderoso. Você pode se surpreender com a
quantidade de informações e saberes que partem das
verbalizações dos trabalhadores.
Ao pedir para que o trabalhador reflita sobre o que faz e sobre
a importância do que faz, você já causa uma transformação: o
reconhecimento do sentido no trabalho é um dos caminhos que
leva à saúde.
Caso encontre alguma frase importante, você pode citá-la na
análise, jamais identificando quem a disse. Um termo de
consentimento assegurando a confidencialidade das informações é
essencial.
6 U2 -
Existem, na literatura, alguns modelos de checklists utilizados
em ergonomia. Lembre-se de que nenhum deles consegue
mapear
U2 - Macroergonomia 69
uma situação de trabalho em sua totalidade. Conversar com os
trabalhadores e valorizar seus saberes e opiniões é muito importante.
Mesmo assim, esses checklists e ferramentas podem ser utilizados
como métodos auxiliares, sempre complementados pela
opinião do ergonomista, devido à limitação deles. Alguns
exemplos são: Equação Niosh de levantamento e transporte de
cargas, Rapid Upper Limb Assessment (Rula), Occupational
Repetitive Action (Ocra), Strain Index, Checklists de Couto, entre
outros.
Pesquise mais
Para saber mais sobre os checklists utilizados em ergonomia, leia o
Capítulo 2 da dissertação de mestrado de Joellen Ligeiro, intitulada
Ferramentas de Avaliação Ergonômica em Atividades Multifuncionais:
A contribuição da Ergonomia para o design de ambientes de trabalho,
de 2010, disponível em: <https://www.faac.unesp.br/Home/Pos-
Graduacao/MestradoeDoutorado/Design/Dissertacoes/joellen-ligeiro.
pdf>. Acesso: em: 27 abr. 2017.
Além disso, para entender melhor a limitação dos checklists, leia o artigo A
contribuição da ergonomia para a identificação, redução e eliminação
da nocividade do trabalho, de Ada Ávila Assunção e Francisco P. A. Lima
(2003), disponível em: <http://www.forumat.net.br/at/sites/default/files/arq-
paginas/a_
contribuicao_da_ergonomia_para_a_ident._reducao_e_eliminacao_da_
nocividade_cap_rene_mendes.pdf> acesso em: 27 abr. 2017.
7 U2 -
Reflita
Dessa forma, é possível propor uma solução simplificada para essa
situação, como a troca da ferramenta de corte?
7 U2 -
Você realiza a primeira visita à agência bancária para identificar qual
a demanda que levou à sua contratação.
Dessa forma, você identifica que a demanda inicial é a
modificação do mobiliário.
Ao visitar o banco para iniciar a análise ergonômica do trabalho dos
gerentes de relacionamento para a modificação do seu mobiliário, você
precisa identificar que as etapas da intervenção ergonômica são: 1)
identificação e reformulação da demanda; 2) análise global da
empresa;
3) análise da população de trabalhadores; 4) definição da situação
a ser estudada; 5) descrição da tarefa; 6) pré-diagnóstico; 7)
observação sistemática; 8) diagnóstico; 9) validação do diagnóstico; 10)
propostas de melhorias e projetos; 11) cronograma de ação; 12)
acompanhamento.
Para uma boa análise do mobiliário e realização de
considerações pertinentes, essa análise deve ser feita
considerando os saberes dos trabalhadores e sua opinião sobre o
conforto com relação ao mobiliário, entendendo quais as
facilidades e dificuldades que ele representa na realização da
tarefa.
Ao analisar a tarefa, a população de trabalhadores e as
características da empresa, podemos traçar um plano de ação
contextualizado à realidade da empresa e de seu grau tecnológico,
além de adequar as características fisiológicas da população de
trabalhadores específica daquela empresa. Ao analisar a tarefa na
escolha das características do mobiliário, podemos garantir que os
trabalhadores foram ouvidos, opinaram e que foram observados
todos os aspectos da utilização daquele mobiliário que podem
influenciar na realização do trabalho.
Avançando na prática
7 U2 -
você retire essa informação de seu relatório. O que é preciso fazer
nessa situação?
Resolução da situação-problema
É necessário registrar a realidade do trabalho e propor
melhorias. Não há importância em registrar um problema voltado à
ergonomia. O que é preciso é montar um cronograma e manter o
foco nas modificações que devem ser feitas para adequar o
trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores.
Lembre-se de que é o seu nome que estará vinculado às
informações coletadas e existe responsabilidade civil e criminal
com relação à omissão de informações referentes à saúde e
segurança no trabalho. Oriente o empregador a manter as
informações e direcionar as energias para modificações que não
serão benéficas apenas aos trabalhadores, mas sim a toda a
empresa.
U2 - Macroergonomia 75
2. Nesta etapa, mapeamos a política de pessoal, faixa etária, se há
rotatividade, tempo de casa, experiência, categorias, níveis hierárquicos,
7 U2 -
características antropométricas, pré-requisitos, nível de escolaridade e
capacitação (e quais treinamentos específicos a empresa proporciona
para cada tarefa), estado de saúde e absenteísmo.
Com relação à Análise Ergonômica do Trabalho, qual das etapas a seguir
trata do mapeamento dos elementos mencionados?
a) Análise global da empresa.
b) Descrição da tarefa.
c) Análise da população trabalhadora.
d) Análise global da situação de trabalho.
e) Monitoramento de absenteísmo.
U2 - Macroergonomia 77
7 U2 -
Seção 2.2
Fisiologia humana e sobrecargas no trabalho
Diálogo aberto
8 U2 -
A função do ergonomista sempre é compreender o trabalho
para transformá-lo. Para isso, é fundamental conhecer preceitos
básicos relacionados ao funcionamento do corpo humano, para
propor adequações que respeitem as limitações e os riscos de
saúde que podem aparecer quando projetamos de forma
inadequada um ambiente ou uma situação de trabalho.
U2 - Macroergonomia 81
sociais, como iluminação, ruídos, temperaturas e
relacionamento social com a chefia e os colegas de trabalho.
8 U2 -
Reflita
Já percebeu como é comum as pessoas reclamarem que é segunda-
feira e festejarem que a sexta-feira chegou? Passamos grande parte das
nossas horas produtivas trabalhando. Pense: dormimos, acordamos,
trabalhamos, estudamos e voltamos para casa. A sexta-feira vira
símbolo do final de uma maratona cansativa e estressante. O final de
semana torna- se uma premiação aos trabalhadores cansados daquele
trabalho que não os motiva, não lhes traz sentido, significado, ou
desenvolvimento pessoal.
Pesquise mais
Para saber mais sobre as questões que geram motivação e
sustentabilidade no trabalho, leia a tese de doutorado de Claudio
Marcelo Brunoro, apresentada em 2013, na Escola Politécnica da
Universidade de São Paulo, com o título Trabalho e sustentabilidade:
contribuições da ergonomia da atividade e da psicodinâmica do
trabalho. Disponível em:
<http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/3/3136/tde-19092014-
105026/pt-br.php>. Acesso em: 7 maio 2017.
U2 - Macroergonomia 83
Reflita
É preciso tomar cuidado com indicadores de desempenho.
Geralmente, setores voltados à análise de processos criam indicadores
de desempenho voltados a números, vendas e metas, desconsiderando
totalmente o fator humano. Essas metas não se relacionam com a
realidade do trabalho e, muitas vezes, levam os trabalhadores a
criarem mecanismos de defesa para conseguirem trabalhar sendo
avaliados o tempo todo. Pense: avaliar apenas o valor da venda sem
considerar o tempo gasto para dar atenção ao cliente? Avaliar o
tempo de atendimento sem perceber todo esforço e demanda
cognitiva para resolver um problema? Criar metas que causem
competição entre trabalhadores do mesmo setor?
U2 - Macroergonomia 85
limites, que variam entre as pessoas e ao longo do tempo; 7) suas
capacidades sensorimotoras modificam-se com o envelhecimento,
mas perdas eventuais são compensadas por estratégias e
experiência;
8) organizam-se coletivamente para gerenciar a carga de trabalho,
ou seja, nas atividades humanas, a cooperação tem um papel
importante, muito mais que a competitividade.
Para criar um posto de trabalho ou desenhar uma situação de
trabalho, deveríamos sempre priorizar as características descritas.
Um posto de trabalho, mesmo quando projetado levando em
consideração as características antropométricas, pode acabar
se tornando desconfortável por outros fatores (organizacionais,
ambientais e sociais).
Biomecânica ocupacional
A biomecânica ocupacional é a ciência que estuda movimentos
corporais e forças relacionados ao trabalho. Vamos abordar
alguns dos princípios básicos de biomecânica ocupacional e os
principais pontos de atenção para se priorizar a saúde dos
trabalhadores quando interagirem com seu posto de trabalho,
máquinas, ferramentas e materiais.
Nosso corpo é a máquina mais extraordinária que existe.
Células unem-se para formar tecidos, os quais se unem para formar
sistemas. Em biomecânica ocupacional, priorizamos a forma como
nossos ossos, músculos e articulações funcionam e interagem nas
situações de trabalho.
Nossos músculos são constituídos em seu centro por feixes de
fibras e em suas extremidades por tendões. Os tendões inserem-
se nos ossos, fixando o músculo que, ao contrair, movimenta o
segmento corpóreo no qual está localizado.
8 U2 -
Figura 2.3 | Estrutura muscular
Pesquise mais
Atualmente, é muito fácil encontrar vídeos e animações que
representam o corpo humano com grande precisão. Como sugestão
de pesquisa, verifique no YouTube vídeos sobre a articulação do
ombro, a coluna vertebral e mãos e punhos. Experimente usar como
palavras-chave “biomecânica” e “anatomia” junto às articulações que
deseja conhecer melhor. Sugerimos alguns vídeos:
Biomecânica da coluna:
U2 - Macroergonomia 87
Biomecânica do ombro:
8 U2 -
Figura 2.4 | Alavancas do corpo humano
U2 - Macroergonomia 89
Figura 2.5 | Coluna vertebral
9 U2 -
Figura 2.6 | Disco intervertebral
U2 - Macroergonomia 91
Quanto mais baixa estiver a carga, pior será o movimento para
transportá-la. O movimento de flexão de coluna associado à
rotação ou ao carregamento de peso traz um sério risco para a
coluna, especialmente para a região lombar, que suporta todo
esse peso. Deve-se evitar posicionar cargas em alturas baixas e,
sempre que possível, aplicar a equação Niosh de levantamento e
transporte de cargas para analisar situações.
Além disso, existem diferentes alturas para bancadas de
acordo com a natureza e o objetivo do trabalho: quanto mais
precisão visual necessária, mais alta a bancada; quando maior
necessidade de força, mais baixa a bancada (para facilitar o uso da
coluna).
U2 - Macroergonomia 93
Membro superior – mãos e punhos
Nossa mão é extremamente inervada, tem diversos músculos e
ossos, o que possibilita uma infinidade de movimentos e
capacidade de destreza e sensibilidade. O dimensionamento
incorreto da força e a velocidade de movimentos exigidos nesse
segmento podem gerar limitações nas tarefas, podendo provocar
acionamentos acidentais ou ainda sobrecarga do sistema
musculoesquelético. Essas exigências inadequadas, a
repetitividade, os desvios extremos e frequentes do punho, a
concentração de pressão, a vibração e exposição ao frio têm
levado a um aumento nos diagnósticos de doenças ocupacionais
em membros superiores, como síndrome do túnel do carpo,
tenossinovites e tendinites.
Assimile
O sufixo “-ite” indica inflamação quando falamos em doenças.
Portanto, tendinite é a inflamação dos tendões; tenossinovite é a
inflamação da bolsa sinovial que contorna o tendão; bursite é a
inflamação da bursa.
9 U2 -
Fonte: adaptada de <https://goo.gl/663iZ1>. Acesso em: 7 jul. 2017.
U2 - Macroergonomia 95
Fisiologia e carga física do trabalho
Como vimos, cada uma das principais estruturas corporais
precisa de atenção para que possa atuar com o melhor desempenho
e menor risco. Obviamente, não conseguimos dissociar nosso
corpo de nossa mente. Sempre que notarmos questões físicas (que
são mais visíveis), devemos nos aproximar e valorizar os saberes
dos trabalhadores em questões cognitivas também.
A sigla LER significa lesões por esforços repetitivos, sendo também
denominada como distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho
(DORT). São doenças caracterizadas pelo desgaste de estruturas
do sistema musculoesquelético que atingem várias categorias
profissionais. Geralmente, são causadas por movimentos
reincidentes e contínuos com consequente sobrecarga dos nervos,
músculos e tendões. O esforço excessivo, má postura, estresse e
condições desfavoráveis de trabalho também contribuem para o
seu aparecimento.
Para não haver implicações legais e aumentar o desempenho
do corpo nas diferentes situações de trabalho, é preciso ter atenção
aos tipos de risco que podem estar presentes.
Alguns outros preceitos podem ser observados em relação à
fisiologia e biomecânica no trabalho. Um deles é a questão do
trabalho estático versus o trabalho dinâmico. No trabalho
dinâmico, existem contração e relaxamento dos músculos, o que
aumenta o volume do sangue circulado e permite um melhor
relaxamento e alternância da musculatura. O trabalho estático é
aquele que exige contração contínua para manter uma
determinada posição, o que diminui o fluxo sanguíneo e pode
sobrecarregar a musculatura.
O trabalho muscular intenso pode ativar o mecanismo de
eliminação do calor gerado pelo metabolismo. Durante o
movimento, há uma melhor irrigação sanguínea e, portanto, maior
abastecimento de oxigênio.
De maneira geral, a concepção dos postos de trabalho não
leva em consideração o conforto do trabalhador, mas sim as
necessidades da produção. Nas posturas predominantemente em
pé, por exemplo, há tendência à acumulação do sangue nas
pernas (resultando em varizes e sensação de peso); tensão
muscular permanentemente para manter o equilíbrio dificulta a
execução de tarefas de precisão; e a penosidade, ou seja, o
9 U2 -
esforço causado pela posição em pé pode ser reforçada se o
trabalhador ainda tiver que manter posturas inadequadas dos
braços (acima do ombro, por exemplo), inclinação
U2 - Macroergonomia 97
ou torção de tronco ou de outros segmentos corporais. Só
devemos escolher essa postura se forem necessários
deslocamentos contínuos, manipulação de cargas ou exigência de
aplicação de força para baixo. Do contrário, devemos priorizar a
postura sentada, sempre favorecendo que o trabalhador possa
alternar entre as duas quando quiser. Sentado, o esforço postural
(estático) e as solicitações sobre as articulações permitem melhor
controle dos movimentos pelo que o esforço de equilíbrio é
reduzido, sendo a melhor postura para trabalhos que exijam
precisão. Essa postura leva a menor gasto energético e maior
conforto.
Basicamente, esses são alguns princípios que podem auxiliar
a entender as principais questões voltadas às sobrecargas físicas
relacionadas ao trabalho. Há uma infinidade de situações, e abordamos
aqui as que motivam as maiores discussões em ergonomia.
U2 - Macroergonomia 99
Avançando na prática
Atendendo a
lei Descrição da situação-problema
Você é o ergonomista contratado por uma grande rede de
supermercados para realizar a análise da carga e descarga de um
dos Centros de Distribuição. Chegando lá, você nota que todas as
cargas estão posicionadas sobre paletes no chão e que pesam 60
kg. Ao conversar com o empregador, você aponta essa questão e
ele diz que a CLT indica o peso de 60 kg, por isso está atendendo
a lei. O que você diz ao empregador?
Resolução da situação-problema
Embora 60 kg conste como peso máximo na CLT, em momento
algum ela cita que toda situação deva ter esse peso. A Norma
Regulamentadora nº 17 deixa claro que não se pode carregar um
peso que possa causar risco à saúde dos trabalhadores. Nesse caso,
é necessário realizar a Análise Ergonômica do Trabalho no setor,
estipular um peso e uma transformação em toda situação, levando
em conta as variáveis da Niosh e a opinião dos trabalhadores.
1 U2 -
2. A coluna vertebral é uma estrutura flexível composta por 33 vértebras
divididas nas seguintes regiões: cervical (pescoço), com 7 vértebras;
torácica (tronco), com 12 vértebras; lombar (região da cintura), com 5
vértebras; sacro (região do quadril), com 5 vértebras fundidas; e o cóccix
(ponta final da coluna) tem de 4 a 5 vértebras, também fundidas.
Com relação à coluna vertebral, assinale a alternativa correta.
a) Existe uma estrutura cartilaginosa entre as vértebras chamada disco
intervertebral.
b) Lordose é uma das doenças que pode afetar a coluna vertebral.
c) Cifose é uma das doenças que pode afetar a coluna vertebral.
d) O peso máximo que alguém pode carregar individualmente é 60 kg.
e) O peso máximo a ser carregado em qualquer situação de trabalho é 23 kg.
U2 - Macroergonomia 101
1 U2 -
Seção 2.3
Atividade do ergonomista
Diálogo aberto
U2 - Macroergonomia 103
ambiente e do ser humano para detectar as oportunidades de
melhoria.
1 U2 -
Quanto mais informações e ideias forem trocadas entre
diferentes profissionais, maior será o entendimento daquele
universo de trabalho. Formar equipes e criar espaços para
diálogos e trocas de ideias é essencial para que a abordagem
ergonômica faça sentido e seja eficiente.
Um ergonomista pode atuar em diversas esferas: pode auxiliar
no design de um novo produto; pode verificar se um website é
intuitivo e de fácil navegação; pode analisar a organização do
trabalho e verificar se as metas e os indicadores de desempenho
estão adequados à realidade dos trabalhadores; pode analisar o
projeto de uma nova linha de produção; pode propor melhorias
em uma nova fábrica; pode auxiliar no redimensionamento de um
posto de trabalho; pode verificar o fluxo de processos de uma
determinada empresa; pode contribuir com a sugestão de troca de
ferramentas de um determinado processo; pode propor alternativas a
processos de retrabalho e fluxos obsoletos; entre tantos outros.
Vamos pensar: o que todas as situações listadas têm em
comum? Todas precisam que alguém olhe a realidade do trabalho
de fora, sem pré-julgamentos, buscando apenas otimizar o que já
existe e aproveitando a sabedoria dos envolvidos. Muitas vezes,
observamos que cada profissional está centrado apenas em seu
setor, em sua realidade, e que já tem uma visão preestabelecida
do que ocorre ao seu redor. O ergonomista aparece como um
tradutor da realidade. Através de questionamentos-chave sobre o
que ocorre no dia a dia da empresa, ele propõe uma reflexão sobre
a realidade do trabalho e, assim, um novo olhar sobre o que
sempre aconteceu.
Reflita
Já aconteceu de existir na sua casa algum aparelho com defeito?
Existe uma perda de tempo ou alguma tarefa é atrapalhada por ele,
mas você sempre deu um jeito de transpor esse obstáculo e se
acostumou com o aparelho com essa limitação? De repente, aparece
alguém de fora: uma visita, um profissional que veio consertar outra
coisa, um parente que não visita há algum tempo. Essa pessoa olha
o aparelho com defeito e, de repente, identifica como consertar o
problema. Parecia tão simples, tão rápido, mas você, que sempre
esteve ali, já não enxergava mais como alterar aquela realidade que já
nem incomodava mais. Como dica, assista ao vídeo em que Antônio
Abujamra recita o texto Eu sei, mas não devia,
U2 - Macroergonomia 105
de Marina Colasanti, no Programa Provocações (TV Cultura), disponível em: . Acesso
Nossos olhos se acostumam com a realidade atual. Mudar e transformar é necessário
Exemplificando
Imagine a seguinte situação: em uma agência bancária, estão
dois gerentes de relacionamento. Naquele horário, geralmente,
estão três gerentes, porém um está em uma reunião externa. Eles
são avaliados mensalmente por diversos indicadores de
desempenho, e um deles é a satisfação do cliente (mensurada
através do número de elogios e reclamações). Um dia, entra um
cliente no banco com muita pressa, pois é o único dia e o único
horário que tem disponível naquela semana. Esse mesmo cliente já
havia tentado realizar uma transação via internet e aplicativos de
celular, porém, por questões de segurança, isso não foi permitido
(sendo por esse motivo que fora ao banco pessoalmente). Ao chegar,
o cliente pega fila (o que já o deixa irritado) e o tempo de espera piora
com a lentidão do sistema e o afastamento de um dos gerentes.
Quando finalmente é atendido, o sistema cai e o problema não
pode ser resolvido. O cliente fica extremamente aborrecido e
realiza uma reclamação, que pontua negativamente o trabalho do
gerente. Pense a respeito: foi culpa do gerente? Esse indicador
realmente reflete a realidade do seu trabalho? Foi levado em
consideração que a meta se manteve a mesma, mesmo com menos
pessoas no local?
1 U2 -
Ergonomia como atividade profissional
Para resolver questões relacionadas a inadequações da
tarefa que causam constrangimentos aos trabalhadores, o
profissional ergonomista realiza uma análise de todos os aspectos
que influenciam na situação de trabalho, compreendendo o que
acontece na realidade e propondo melhorias que transformem esse
trabalho para que haja maior conforto, segurança e desempenho
eficiente.
Desta forma, o ergonomista será o profissional que realizará a
Análise Ergonômica do Trabalho, estudo que visa entender as variáveis
e a complexidade que existem em cada trabalho.
No Brasil, a profissão do ergonomista ainda não é
regulamentada. A Associação Brasileira de Ergonomia (Abergo) é
uma associação sem fins lucrativos que une os profissionais de
ergonomia e procura estudar e divulgar as interações das pessoas
com a tecnologia, a organização e o ambiente, considerando as
suas necessidades, habilidades e limitações.
De acordo com a Abergo, o ergonomista é o profissional que
tem as seguintes competências: investigar, avaliar e reconstruir as
demandas de projetos ergonômicos, assegurando a ótima
interação entre as variáveis envolvidas no trabalho; entender as
bases teóricas para planejamento ergonômico; aplicar uma
abordagem integrada em suas análises; entender as exigências
para gerenciamento de riscos; entender a diversidade de fatores
que influenciam o desempenho humano e suas inter-relações;
demonstrar compreensão de métodos de mensuração pertinentes
para a avaliação e o projeto em ergonomia; reconhecer seu
escopo pessoal de competência (sabendo de suas limitações);
analisar e interpretar os achados das investigações; apreciar o
efeito de fatores que influenciam a saúde e o desempenho
humano; consultar adequadamente as observações e
interpretação de dados de seus levantamentos; analisar diretrizes,
normas e legislação que influenciam a atividade; tomar decisões
justificáveis para transformação do trabalho; documentar os
achados ergonômicos de forma adequada; manter a documentação e
o registro adequados do projeto e intervenção; prover um relatório
em termos compreensíveis pelo cliente e apropriados ao projeto;
determinar a compatibilidade da capacidade humana com as
solicitações planejadas ou existentes; determinar como ocorre a
interação entre as características, habilidades, capacidades e
U2 - Macroergonomia 107
motivações de uma
1 U2 -
pessoa e a organização, os ambientes planejados ou existentes,
os produtos manuseados, equipamentos, sistemas de trabalho,
máquinas e tarefas; determinar se um problema é tratável por uma
intervenção ergonômica; adotar uma visão holística da ergonomia
no desenvolvimento de soluções; desenvolver estratégias para
implementar um novo projeto que estabeleça um local de trabalho
saudável e seguro; comunicar-se de forma efetiva com o cliente e
as pessoas com quem interage profissionalmente; fazer
recomendações apropriadas para projeto ou intervenção
ergonômica; entender as hierarquias dos sistemas de controle;
esboçar recomendações apropriadas para projeto; gestão
organizacional; seleção de pessoal, educação, desempenho
humano; supervisionar a aplicação do plano ergonômico; avaliar e
monitorar os resultados da implementação; produzir reflexão ou
pesquisa avaliativa relevante para a ergonomia; demonstrar
compromisso com uma prática ética e altos padrões de
desempenho; e reconhecer forças e limitações pessoais e
profissionais, sabendo o impacto da ergonomia na vida das
pessoas.
Essas são algumas das várias funções e competências do
profissional ergonomista listadas pela Norma Abergo 1001. Perceba
a seriedade das competências listadas. O ergonomista é um
profissional que provoca a reflexão das pessoas acerca do seu
trabalho, e essa é uma grande responsabilidade.
U2 - Macroergonomia 109
Quando tratamos de informações organizacionais, pode
acontecer de sermos confrontados com questões delicadas (e até
mesmo constrangedoras). É preciso ter cautela se isso acontecer.
A empresa deve sempre ser comunicada durante a realização da
Análise Ergonômica do Trabalho, e não apenas ao final dela. Em
cada etapa, feedback e entrega parcial (junto a uma reunião de
repasse) podem reduzir os riscos de situações de conflito.
Os ergonomistas, para solucionar questões complexas
relacionadas ao trabalho, devem ter um conhecimento avançado
em diversos campos e ciências. Dessa forma, a ergonomia é uma
disciplina transdisciplinar, de acordo com a demanda que motiva a
condução da análise.
Uma abordagem multidisciplinar refere-se a um conjunto de
disciplinas que tratam, ao mesmo tempo, de uma determinada
questão (cada uma em sua área). Em uma abordagem interdisciplinar,
já há possibilidade de troca de instrumentos, técnicas,
metodologias e conceitos entre as disciplinas, havendo diálogo
entre elas. Por fim, na abordagem transdisciplinar (na qual
enquadramos a ergonomia), busca-se resolver um problema do
mundo real com base na experiência acadêmica e não acadêmica
(saber profissional), articulando conhecimentos e propondo
soluções que transcendem o âmbito de cada disciplina e surgem
por meio de uma articulação que gera uma nova visão da natureza
e da realidade.
Pesquise mais
A abordagem transdisciplinar da ergonomia vem da necessidade de lidar
com problemas complexos. Edgar Morin, pensador contemporâneo
que estuda as ciências da complexidade, traz a importância de não
sermos reducionistas e não simplificarmos algo aparentemente fácil de
resolver.
1 U2 -
A complexidade do trabalho depende das propriedades do
sistema técnico, do contexto organizacional e de certas
características dos resultados, como a gravidade das
consequências das ações do trabalhador e o grau de
irreversibilidade. Em alguns casos, os erros são tolerados e
podem ser fontes de aprendizagem quando podem ser corrigidos.
Em outros, são inadmissíveis devido à gravidade e
irreversibilidade dos efeitos. Quanto mais rígido é um sistema,
mais difícil se torna manobrar os imprevistos que surgem
continuamente.
U2 - Macroergonomia 111
No Brasil, não existem cursos superiores para formação de
ergonomistas, mas estão disponíveis diversos cursos de pós-
1 U2 -
graduação. De qualquer forma, a atuação multiprofissional dessa
prática faz com que a profissão do ergonomista permeie diversas
outras e não encontre um fim em si mesma.
Obviamente, para uma ação eficaz, o apoio da alta
administração da empresa é essencial, e isso se consegue com
muito diálogo para a transformação do olhar sobre qualquer que
seja o problema que gerou a demanda da Análise Ergonômica do
Trabalho. Muitos profissionais estão acostumados a ver o
problema de um ponto de vista particular. É preciso que sejam
feitos esforços para derrubar barreiras que separam as profissões,
para que todos trabalhem cooperativamente na solução de
problemas.
A melhor forma de fazer isso é com a realização de reuniões
periódicas, de curta duração, com esses profissionais, para
discutir conceitos, apresentar resultados e mantê-los
informados sobre a evolução dos trabalhos. Quando surgir
algum problema em que se torne necessário pedir a
colaboração de algum deles, ela poderá ser obtida mais rápido,
com menor resistência, pois o assunto já é sabido. O
ergonomista, seja na concepção (análise de um projeto antes de
sua execução, projetando uma atividade futura proválvel), na
correção (realizar ajustes em situações reais que já existem), ou
na conscientização (capacitação e treinamentos para elucidar
fatores ergonômicos), tem atuação participativa e necessita de
escuta ativa.
Assimile
Evitar erros é mais fácil do que corrigi-los. Dessa forma, se um
produto ou serviço ainda está no papel, é mais fácil redesenhá-lo do
que corrigi- lo após ser fabricado. Obviamente, muito só é visto após
o protótipo e a confecção, mas pensar numa situação adversa pode
evitar muitos problemas futuros. A abordagem da “atividade futura
provável” de François Daniellou trata da possibilidade de concepção
de um projeto imaginando-se diferentes formas de atividades futuras.
Assim, considera- se a variabilidade das situações de trabalho tendo
como ponto de partida “situações de referência”. Longe de
representarem um modelo, elas permitem a ampliação das
oportunidades de decisões e de opções de projeto.
U2 - Macroergonomia 113
O ergonomista é o profissional que busca trazer soluções ao
trabalho que proporcionem maior autonomia; tempo para se tomar
a decisão e agir; recursos alternativos; grau de cooperação na
equipe; melhoria da gestão; melhoria na carga de trabalho
aceitável e possibilidade de espaços de discussão com
relacionamentos aceitáveis e satisfatórios no trabalho. Para isso,
ele analisa documentos (para constituir e reconstruir a demanda,
analisando a empresa globalmente); realiza entrevistas não
estruturadas (para não induzir as verbalizações dos trabalhadores
e não determinar o caminho da conversa); observação do
trabalho real (registros, filmagens, fotografias, entrevistas);
descrição das tarefas; registro das verbalizações (registrar as falas
dos trabalhadores é essencial para se alcançar o trabalho real);
autoconfrontação (coloca o trabalhador em situação de trabalho,
observando suas ações, de forma que ele pode esclarecer, tanto
para o ergonomista como para ele mesmo, seus comportamentos
e suas ações).
Finalizando, esperamos que tenha compreendido qual o papel
do ergonomista e, principalmente, a responsabilidade e
importância de sua atuação no mundo do trabalho.
U2 - Macroergonomia 115
aproveitando a sabedoria dos envolvidos, atuando como um
tradutor da realidade. Por meio de questionamentos-chave sobre o
que ocorre no dia a dia da empresa, o ergonomista propõe uma
reflexão sobre a realidade do trabalho e, assim, um novo olhar
sobre o que sempre aconteceu. A atividade multiprofissional é de
fundamental importância para solucionar um problema complexo
que exige que estudemos suas partes e que seja proposta uma
reflexão com todos os atores envolvidos e diferentes profissionais
para que a realidade do trabalho seja compreendida para ser
transformada de maneira eficaz.
Avançando na prática
Resolução da situação-problema
A Análise Ergonômica do Trabalho é um estudo voltado à
complexidade do trabalho. O Manual de Aplicação da Norma
Regulamentadora nº 17 traz 12 passos para a realização dessa
análise e mostra a importância de se consultar os trabalhadores
e valorizar seus saberes em todo o processo. O principal objetivo
da ergonomia é transformar o trabalho. É de extrema importância
1 U2 -
a orientação postural e consciência das posições e escolhas
U2 - Macroergonomia 117
biomecânicas mais favoráveis ao trabalhador, porém apenas isso
não transforma o trabalho. Mais uma vez, jogamos apenas no
trabalhador a responsabilidade de não adoecer. Como plano de
ação, regularizar a altura das cargas e transformar a organização
do trabalho (metas, ritmos e métodos) através de um cronograma
de prioridades que satisfaça a necessidade de trabalhadores e
empresa torna-se extremamente necessário para que o problema
seja resolvido com eficiência.
1 U2 -
Analise as afirmações, atribua V para verdadeiro ou F para falso e assinale
a alternativa que indica a sequência correta.
a) F - V - V - V.
b) V - F - F - F.
c) F - F - V - V.
d) V - V - V - V.
e) F - F - F - F.
100 U2 -
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U2 - Macroergonomia 101
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102 U2 -
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U2 - Macroergonomia 103
Unidade 3
Convite ao estudo
Caro aluno!
104 U2 -
Para facilitar a compreensão dos conteúdos, trouxemos a
situação-problema na qual você é convidado como ergonomista
a realizar uma análise ergonômica do trabalho em uma empresa
de telemarketing. A empresa possui 10.000 funcionários
espalhados em diversas cidades pelo Brasil, possui certificação
internacional de ISO 9001, ISO 45001 e SA 8000 e presta serviço
de venda através do teleatendimento para grandes empresas de
telefonia (aparelhos celulares, pacotes de dados e planos pós e
pré-pago de ligações). A empresa está iniciando um Comitê de
Ergonomia, porém nunca realizou uma Análise Ergonômica do
Trabalho, e os contratantes acreditam que estejam com toda a
situação sob controle, uma vez que todos os postos de trabalho
estão dimensionados conforme os aspectos de mobiliário
apontados no anexo II da Norma Regulamentadora nº 17. Ao
visitar o ambulatório médico, você detecta que grande parte
dos afastamentos médicos na empresa se dá por motivos de
infecção urinária e doenças mentais. Para iniciar seu trabalho
como ergonomista, você pode identificar as etapas para
iniciar uma Análise Ergonômica do Trabalho e as principais
características desse tipo de trabalho?
Bons estudos!
Seção 3.1
NR 17 e anexos
Diálogo aberto
Relembrando a situação hipotética do nosso Convite ao
estudo, você é contratado como ergonomista para realizar uma
análise ergonômica do trabalho em uma empresa de
telemarketing. A empresa está iniciando um Comitê de Ergonomia,
porém nunca realizou uma Análise Ergonômica do Trabalho, e os
contratantes acreditam que estejam com toda a situação sob
controle, uma vez que todos os postos de trabalho estão
dimensionados conforme os aspectos de mobiliário apontados no
anexo II da Norma Regulamentadora nº 17 (que trata do assunto). Ao
visitar o ambulatório médico, você detecta que grande parte dos
afastamentos médicos na empresa se dá por motivos de infecção
urinária e doenças mentais. Para iniciar seu trabalho como
ergonomista, você pode identificar as etapas para iniciar uma
análise ergonômica do trabalho e as principais características desse
tipo de trabalho?
Dessa forma, ao iniciar a realização da análise ergonômica do
trabalho na empresa, você precisa se amparar na legislação para
apontar quais aspectos devem ser transformados no trabalho dos
atendentes de telemarketing para solucionar os problemas
apontados pelo departamento médico. Para isso, você precisará
relembrar: o que estabelece a Norma Regulamentadora nº 17? De
quanto em quanto tempo deve ser realizada a analise ergonômica
do trabalho? Quais aspectos devem ser considerados com relação
ao mobiliário dos atendentes? Quais aspectos relacionados ao
trabalho podem influenciar na saúde mental desses
trabalhadores?
Para que você consiga responder a esses e outros
questionamentos, esses conteúdos serão abordados de forma
contextualizada na seção Não pode faltar.
Tenha um excelente estudo!
Assimile
Esforço, pensamento, relacionamento e dedicação. Jastrzebowski
destaca a importância de se mobilizar os quatro aspectos: físico-
motor, estético-sensorial, mental-intelectual e espiritual-moral. Assim,
dando origem à palavra ergonomia unindo as palavras ergon e nomos
(trabalho e regras, respectivamente; regras para o trabalho), o
pesquisador polonês cria a palavra que está sendo tão difundida no
mundo hoje.
Pesquise mais
Para saber mais, leia o Capítulo II do livro A Máquina que Mudou o
Mundo (WOMACK; JONES; ROOS, 1992), que traz o extraordinário
estudo do Massachussetts Institute of Technology (MIT), nos Estados
Unidos, sobre a indústria automobilística. O livro retrata suas várias fases,
desde a produção artesanal até a produção em massa, chegando à
produção enxuta, que perdura até hoje. Na obra, os autores apontam fatos
sobre as automatizações, a chegada de trabalhadores de todas as partes
do mundo (que recebiam, inclusive, um minicurso de inglês para poderem
se comunicar minimamente na empresa), a produção do Ford T (carro
padronizado na cor preta que vinha com um manual de instruções
sobre a manutenção do carro e de suas peças). O International Motor
Vehicle Program (IMVP), título do estudo, é um referencial histórico que
traz em detalhes as transformações do trabalho nessa indústria e em
outras que seguem o mesmo modelo e é uma leitura enriquecedora
para ergonomistas.
Histórico da NR 17
Com a chegada dos computadores, na década de 1980,
tivemos um aumento na quantidade de trabalhadores que atuavam
com digitação. Em 1986, diante dos numerosos casos de
tenossinovite ocupacional entre digitadores, os diretores da área
de saúde do Sindicato dos Empregados em Empresa de
Processamento de Dados no Estado de São Paulo (SINDPD/SP)
fizeram contato com a Delegacia Regional do Trabalho, em São
Paulo, e com a Fundação Jorge Duprat de Figueiredo (Fundacentro)
– um centro de pesquisas relacionado à saúde e segurança do
trabalho, vinculado ao Ministério do Trabalho e Emprego –, para
buscar respostas para os fatores causadores dessas doenças e
proposições de melhoria.
Após alguns estudos, foram identificados o pagamento de
prêmios de produção, a ausência de pausas, a prática de horas extras
e a dupla jornada de trabalho, entre outros.
Durante 1988 e 1989, a Associação de Profissionais de
Processamento de Dados (APPD nacional) realizou reuniões com
representantes da Secretaria de Segurança e Medicina do
Trabalho (SSMT) em Brasília, da Fundacentro e da DRT/SP para
elaborar um projeto de norma que estabelecesse limites à
cadência de trabalho e proibisse o pagamento de prêmios de
produtividade, bem como estabelecesse critérios de conforto para os
trabalhadores de sua base, que incluíam o mobiliário, a ambiência
térmica, a ambiência luminosa e o nível de ruído.
Nesse mesmo período, o Ministério do Trabalho convocou
U3 - Legislação voltada para a Ergonomia 111
toda a sociedade civil para que organizasse seminários e debates
Reflita
Apenas digitadores foram estudados, e as regras deveriam ser agora
para todos. Além disso, os estudos que apontaram fatos para a
redação da NR 17 vieram da França. Vamos pensar a respeito: na
França, precursora da Ergonomia da Atividade, não estabelecemos
valores fechados para situações de trabalho por saber que cada
situação é diferente e depende do contexto no qual está inserida.
Assim, na redação da NR 17, os seus redatores sabiam do perigo em
estabelecer limite de peso para caixas e quantificar pausas de forma
metódica. Pouco tempo para escrever, apenas uma profissão como
estudo de base e sem poder colocar parâmetros exatos. Esse foi o
contexto no qual a NR 17 foi escrita. Não bastassem essas
complicações, precisamos também entender o contexto no qual uma
norma regulamentadora é escrita.
Interpretação da NR 17
A Norma Regulamentadora pode ser consultada no site do
Ministério do Trabalho e Emprego. Em seu item 17.1, aponta
que seus objetivos são voltados a estabelecer parâmetros que
permitam a adaptação das condições de trabalho às
características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a
proporcionar um máximo de conforto, segurança e desempenho
eficiente. Essas condições de trabalho incluem aspectos
relacionados ao levantamento, transporte e descarga de materiais,
ao mobiliário, aos equipamentos e às condições ambientais do
posto de trabalho e à própria organização do trabalho.
Perceba que a norma não trata de valores, números e regras.
Assim, em seu item 17.1.2, ela torna obrigatória a realização da
análise ergonômica do trabalho, devendo abordar, no mínimo, as
condições de trabalho, conforme citadas anteriormente.
Quando a norma traz o termo “Análise Ergonômica do
Trabalho”, ele já faz alusão ao trabalho do Professor Wisner e à sua
metodologia, e é isso que nunca ficou muito claro para empresas,
ergonomistas e auditores fiscais. Como vimos em nossa
Unidade 2, existe uma metodologia para se fazer essa análise,
U3 - Legislação voltada para a Ergonomia 111
e ela não tem uma
Anexos I e II da NR 17
O primeiro anexo da norma refere-se ao trabalho de operadores
de check-out, ou seja, caixas de supermercados. Aqui, por se tratar de
uma situação específica de trabalho, a norma procura estabelecer
alguns números e regras, para assegurar as mínimas condições de
conforto, segurança e desempenho eficiente. Perceba que são
“condições
U3 - Legislação voltada para a Ergonomia 115
mínimas”, pois mesmo atendendo a todos os itens da norma, algo
que não foi contemplado por ela pode prejudicar os trabalhadores.
O posto de trabalho deve ser projetado para atender às
características antropométricas de 90% dos trabalhadores, respeitando
suas zonas de alcance e a visualização da tarefa. Deve também
assegurar a postura para o trabalho na posição sentada e em pé,
garantindo um espaço adequado para livre movimentação e
colocação da cadeira, permitindo a alternância do trabalho em pé e
sentado. A cadeira deve ser adequada, o sistema deve ter esteira para
facilitar a movimentação de mercadorias nos check-outs com
comprimento de 2,70 metros ou mais. Deve- se disponibilizar
sistema de comunicação com pessoal de apoio e supervisão e
manter mobiliário sem quinas vivas ou rebarbas, devendo os
elementos de fixação (pregos, rebites, parafusos) serem mantidos de
forma a não causar acidentes.
A norma traz a importância de os trabalhadores estarem protegidos
de condições climáticas adversas, já que muitos estão perto das portas
de saída dos mercados, o que os submete a vento e todas as
intempéries.
A balança para pesagem de alimentos deve estar alinhada à
esteira, para que o trabalhador apenas empurre o peso para
posicioná-lo, sem precisar erguê-lo.
A norma estabelece que o empregador deve adotar medidas
para evitar que a atividade de ensacamento de mercadorias se
incorpore ao ciclo de trabalho ordinário e habitual dos operadores
de check- out. Além disso, o número de check-outs e de
trabalhadores também é organizado com base nos parâmetros do
Anexo I.
A garantia ao respeito de pausas fisiológicas e treinamentos
específicos também são listadas.
O anexo II da Norma Regulamentadora nº 17 estabelece
parâmetros mínimos para o trabalho em atividades de
teleatendimento/telemarketing nas diversas modalidades desse
serviço, de modo a proporcionar um máximo de conforto,
segurança, saúde e desempenho eficiente.
Esse tipo de trabalho tem crescido muito no Brasil e é um
grande ponto de atenção. Trabalhadores são submetidos a metas
abusivas e completamente desconexas da realidade de trabalho,
tendo suas pausas monitoradas e pontuadas, o que faz com
116 U3 - Legislação voltada para a
que muitos não realizem pausas fisiológicas para atendimento
da meta ou por um grande fluxo de ligações.
Exemplificando
Em uma de minhas análises, escutei o depoimento de alguns
atendentes sobre pegarem muito trânsito e chegarem famintos ao
trabalho, comendo tão rápido que não conseguem comer devagar
nem quando estão em casa. A pausa de 20 minutos leva o tempo de
desconectar do terminal, descer até a área livre, comer e voltar.
Existem prédios de diversos andares e sem elevador. Alguns apontam
que são monitorados pelo horário de fazer a pausa, mas se cai uma
ligação, eles devem atender e isso é indicado como quebra para
receber a meta. Existem diversos tipos de trabalho que se
caracterizam como teleatendimento, mas não chamam a atividade
assim, mantendo a jornada de trabalho e parâmetros do anexo II fora
da regularidade.
Avançando na prática
Resolução da situação-problema
É preciso verificar o desvio de funções. O anexo II da NR 17,
em seu item 1.1.2, estabelece que se entende como trabalho de
teleatendimento/telemarketing aquele cuja comunicação com
interlocutores clientes e usuários é realizada a distância por
intermédio da voz e/ou mensagens eletrônicas, com a utilização
simultânea de equipamentos de audição/escuta e fala telefônica e
sistemas informatizados ou manuais de processamento de dados.
U3 - Legislação voltada para a Ergonomia 121
Se os gerentes farão esse tipo de trabalho, o anexo II da NR 17
deve ser respeitado.
Diálogo aberto
Você é convidado como ergonomista para realizar uma análise
ergonômica do trabalho em uma empresa de telemarketing. A
empresa possui 10.000 funcionários espalhados em diversas cidades
pelo Brasil, possui certificação internacional de ISO 9001, ISO
45001 e SA 8000 e presta serviço de venda através do
teleatendimento para grandes empresas de telefonia (aparelhos
celulares, pacotes de dados e planos pós e pré-pago de ligações).
Essa empresa possui certificação internacional de Qualidade, Saúde
e Segurança no Trabalho e de Responsabilidade Social. Quais
impactos essas certificações podem trazer para os aspectos
relacionados à ergonomia na empresa? Quais os requisitos de base
de cada normatização? Quais as vantagens para a empresa em
realizar uma certificação internacional nesses aspectos e quais as
suas responsabilidades?
Para solucionar esse estudo de caso, vamos ao item Não pode
faltar do nosso estudo.
Agir Planejar
Estabelecer
Agir de acordo com o avaliado, determinar e confeccionar novos planos de uma meta aoumelhoria
ação, promovendo identifcarcontínua.
um problema.
Analisar sistematicamente e definir o PLANO DE AÇÂO.
Checar Realizar
Monitorar e avaliar periodicamente os resultados, confrontando com o planejado,
Executarobjetivos,
as atividades
especificações
conformee mapeadas
consolidando
no PLANO
resultado
Assimile
Como pode ser visto, esses sete princípios buscam o engajamento
de equipes com foco em resultados e na tomada de decisões
baseada em evidências. Analisando cuidadosamente esses
princípios, precisamos ser cautelosos e verificar se o foco em
resultados e o estabelecimento de indicadores que não condizem
com a realidade do trabalho podem estar gerando adoecimentos e
problemas com conforto, segurança e desempenho eficiente dos
trabalhadores.
Exemplificando
Historicamente, há uma série de fatos relacionados a ações irresponsáveis
com o meio ambiente. Para saber mais, veja o exemplo da empresa
Volkswagen, que utilizou um programa para mascarar a emissão de
poluentes em carros a diesel. Leia a matéria Que vias a Volks pode
seguir após o escândalo das emissões, de Luísa Melo, no site da Revista
Exame, disponível em: <http://exame.abril.com.br/negocios/que-vias-
a-volks- pode-seguir-apos-o-escandalo-das-emissoes/>. Acesso em: 13
jun. 2017.
Reflita
Avançando na prática
Resolução da situação-problema
É importante que ambos os sistemas sejam integrados e que
os responsáveis por cada sistema de gestão recebam
treinamento e aprendam a importância de se atingir padrões de
qualidade sem que isso ocorra em detrimento da saúde do
trabalhador. Buscar um novo tipo de tampa ou verificar uma forma
de seu posicionamento e não sobrecarregar os membros
superiores dos trabalhadores é essencial para que a empresa
opere de forma coesa e com alinhamento entre processos e
prioridades.
Diálogo aberto
Relembrando a nossa situação-problema para esta unidade de
estudos, você é convidado como ergonomista para realizar uma
Análise Ergonômica do Trabalho em uma empresa de telemarketing.
A empresa possui 10.000 funcionários espalhados em diversas
cidades pelo Brasil, possui certificação internacional de ISO 9001,
ISO 45001 e SA 8000 e presta serviço de venda através do
teleatendimento para grandes empresas de telefonia (aparelhos
celulares, pacotes de dados e planos pós e pré-pago de ligações). A
empresa está iniciando um Comitê de Ergonomia, porém nunca
realizou uma Análise Ergonômica do Trabalho, e os contratantes
acreditam que estejam com toda a situação sob controle, já que
todos os postos de trabalho estão dimensionados conforme os
aspectos de mobiliário apontados no anexo II da Norma
Regulamentadora nº 17. Ao visitar o ambulatório médico, você
detecta que grande parte dos afastamentos médicos na empresa se
dão por motivos de infecção urinária e doenças mentais. Para
concluir sua análise ergonômica do trabalho, é de extrema
importância que você converse com o Comitê de Ergonomia para
alinhar suas sugestões de melhoria em ergonomia com os demais
programas existentes na empresa. Nesse cenário, é importante
verificar: quais outras normas regulamentadoras se relacionam com
a NR 17 de Ergonomia? Por que é importante alinhar esses
programas? Qual a importância do Comitê de Ergonomia e em
quais fases da análise ergonômica do trabalho ele deve estar
envolvido?
Para responder essas e outras questões, veja o item Não pode
faltar do nosso estudo. É importante ter em mente que entender
sobre a legislação que nos cerca – não apenas sobre ergonomia,
mas de tudo que influencia nosso dia a dia – pode ajudar a nos
tornar mais críticos, a nos proteger e a proteger as pessoas ao
nosso redor, além de poder criar uma visão crítica de transformação
do mundo. Parabéns por todo o estudo até o presente momento!
Vamos em frente!
U3 - Legislação voltada para a Ergonomia 139
Não pode faltar
NR 4 - Serviços Especializados
NR 22 - Segurança e
em Eng. de Segurança e em
Saúde Ocupacional na
Medicina do Trabalho
Mineração
NR 5 - Comissão Interna de
NR 23 - Proteção contra Incêndios
Prevenção de Acidentes
NR 6 - Equipamentos de Proteção NR 24 - Condições Sanitárias e de
Individual – EPI Conforto nos Locais de Trabalho
NR 7 - Programas de Controle
NR 25 - Resíduos Industriais
Médico de Saúde Ocupacional
NR 27 - Registro Profissional do
NR 9 - Programas de Prevenção de Técnico de Segurança do Trabalho
Riscos Ambientais no MTB (Revogada pela Portaria
GM n.º 262/2008)
NR 10 - Segurança em Instalações
NR 28 - Fiscalização e Penalidades
e Serviços em Eletricidade
NR 36 - Segurança e Saúde no
NR 18 - Condições e Meio
Trabalho em Empresas de
Ambiente de Trabalho na Indústria
Abate e Processamento de
da Construção
Carnes e Derivados
Assimile
As Normas Regulamentadoras (NR) são um conjunto de requisitos e
procedimentos relacionados à segurança e medicina do trabalho, de
observância obrigatória às empresas privadas, públicas e órgãos do
governo que possuam empregados regidos pela Consolidação das
Leis do Trabalho (CLT), de responsabilidade do Ministério do
Trabalho e Emprego. Já as Normas Técnicas da Associação Brasileira
de Normas Técnicas (ABNT) buscam aplicar regras e procedimentos
de forma a estabelecer diretrizes ou características mínimas para
atividades ou para seus resultados, visando à obtenção de um grau
ótimo de ordenação em um dado contexto.
Exemplificando
Os anexos I e II da NR 17 surgiram por demandas específicas que
ocorreram em um contexto histórico e um diferente cenário de quando
a norma foi originalmente criada. Novas profissões surgirão com os
avanços da tecnologia e com necessidades criadas pelo homem e sua
evolução. Nossa legislação acompanha essas transformações, havendo
atualizações que podem incluir ou excluir aspectos relacionados ao
trabalho.
Avançando na prática
Resolução da situação-problema
A aplicabilidade das normas deve ser coesa à realidade do
trabalho. Não se trata apenas de insalubridade, mas da
necessidade de se realizar um trabalho com níveis de ruído que
não atrapalhem a concentração e o andamento das atividades. Assim,
deve-se consultar a NR 17 e as normas NBR 10151 e 10152 (que
tratam da avaliação do ruído e sua aceitabilidade para proporcionar
conforto acústico) para verificar questões de conforto acústico e
verificar um melhor local para alocação das impressoras.
Aplicação da Ergonomia
Convite ao estudo
Prezado aluno, é com extrema alegria que iniciamos a
nossa última unidade de estudos, a Unidade 4. Depois de
uma longa jornada entendendo o que é Ergonomia e
desmistificando diversas questões relacionadas ao mundo do
trabalho, entendemos o papel da Análise Ergonômica do
Trabalho em conhecer para transformar a realidade e tornar o
trabalho mais confortável, seguro e com melhor
desempenho. Aprendemos, até o presente momento, a
importância do trabalho em nossas vidas e os aspectos legais
que fazem com que a Ergonomia seja regulamentada, no
Brasil , pela Norma Regulamentadora nº 17, do Ministério do
Trabalho e Emprego, e demais regulamentações. Agora é hora de
finalizarmos nossos estudos em Ergonomia, estruturando uma
proposta comercial e identificando como realizar
transformações no trabalho após uma Análise Ergonômica do
Trabalho participativa e construtiva, identificando como criar um
projeto e imaginar uma atividade futura provável após mapear os
pontos mais importantes com os demais interlocutores.
Diálogo aberto
Para a primeira seção da Unidade 4, vamos retomar a
situação- problema proposta no Convite ao estudo, para auxiliar
na sistematização dos conhecimentos adquiridos em nossa
unidade.
Um desenvolvedor de softwares contrata você como
ergonomista para auxiliá-lo a criar um sistema de computador para
a recepção de hóspedes em um hotel. Seu papel será muito
simples: verificar os aspectos de usabilidade, acessibilidade e
ergodesign envolvidos na interação das pessoas com esse
sistema. Ao iniciar a análise dos aspectos de usabilidade no
programa de computador, você percebe que precisa realizar uma
reunião inicial com o desenvolvedor para montar sua proposta
comercial e o contrato, para formalizar a demanda do trabalho.
Quais são os aspectos primordiais a serem considerados ao
realizar uma proposta comercial de análise ergonômica do
trabalho? Por que é preciso reformular a demanda e explicar o que
é ergonomia a todos os envolvidos? Quais aspectos devem ser
considerados na interação homem x máquina para assegurar
saúde, conforto e desempenho eficiente dos usuários?
Para responder a essas e outras questões, vamos iniciar o Não
pode faltar da nossa seção. Como um ergonomista, você não é
apenas um investigador de possíveis soluções de problemas: e
sim um articulador da verdade junto aos trabalhadores, mostrando
as melhores opções e facilitando diálogos acerca do trabalho real.
Como um agente de transformações, inspire-se e bons estudos!
158 U4 - Aplicação da
trabalho e formas de contratação (quando há contratação).
Alguém pode trabalhar em casa, ser dono do próprio negócio,
prestar serviços temporários, estar há muitos anos na mesma
função, estar há muitos anos na mesma empresa em funções
diferentes ou, ainda, ter realizado diversos tipos de trabalho na
vida.
Quando trabalhamos, adquirimos saberes referentes ao que
fazemos. Entendemos cada dia mais sobre nossas ações e sobre
os diversos aspectos de nosso trabalho, criando, assim,
competência sobre nosso fazer profissional.
Assimile
Para Fleury e Fleury (2001), em seu artigo científico intitulado
Construindo o conceito de competência, competência é uma
característica subjacente a uma pessoa que está relacionada com
desempenho superior na realização de uma tarefa ou em
determinada situação, envolvendo aptidões (talento natural da
pessoa que pode ser aprimorado), habilidades (demonstração de um
talento particular na prática) e conhecimentos (o que as pessoas
precisam saber para desempenhar uma tarefa).
160 U4 - Aplicação da
o condutor de diversos diálogos e reflexões que poderão promover
profundas mudanças antes mesmo da entrega das propostas de
melhoria. “Só sei que nada sei, e o fato de saber isso, me coloca
em vantagem sobre aqueles que acham que sabem alguma coisa”
(Sócrates).
162 U4 - Aplicação da
alguém pensar sobre si, sobre o que faz, sobre a importância de
seu trabalho e como ele poderia fazer mais sentido, ser mais
seguro, confortável e gerar maior eficiência, abrimos espaço para
uma reflexão que não pode ser contida assim que iniciada.
Alguns pesquisadores tratam (e até definem) a Ergonomia
como uma arte, e não como uma ciência, por saberem que não
existem barreiras claras em sua metodologia. Porém, ela provoca
questões de pesquisa e contribui para a construção de
conhecimento, valorizando a realidade e questões empíricas
relacionadas ao trabalho.
Claramente, o conhecimento científico e as bases formais de
educação apresentam grandes pilares na produção e construção
do conhecimento, porém, valorizar os saberes da prática e os
conhecimentos tácitos dos trabalhadores é de fundamental
importância para uma ação ergonômica de significado.
Assimile
O saber tácito é aquele de difícil verbalização, o que limita que
possa ser transferido por meio da linguagem formal. Uma pessoa
pode saber como fazer algo, sem conseguir articular aos outros em
maiores detalhes. O conhecimento construído para a realização do
trabalho real é produzido pela inteligência do corpo, através da qual o
sujeito enfrenta as provas que o mundo real apresenta e assimila
respostas, aprende comportamentos, hábitos e práticas, além de
propor diálogos e desafios. De acordo com o estudioso Michael
Polanyi, o conhecimento tácito vem da interiorização das nossas
experiências com o mundo. Só podemos aprender uma teoria
matemática praticando sua aplicação, pois a sabedoria real está na
habilidade de usá-la. Não é olhando para as coisas, mas interiorizando
nossa interação com elas que compreendemos seu significado
conjunto.
Propostas e contratos
164 U4 - Aplicação da
expectativa quanto ao método e seu produto final.
Inicie o contrato explicitando os objetivos da Análise
Ergonômica do Trabalho e seu amparo legal na Norma
Regulamentadora nº 17. Em seguida, esclareça a demanda que
motivou o estudo.
Exemplificando
A tese de Carlos Antonio Ramirez Righi (2002), intitulada Modelo
para implantação de programa de ergonomia na empresa – MipErgo,
traz um modelo de proposta voltado à Ergonomia da empresa Ford.
Para saber mais sobre um modelo de proposta em Ergonomia e itens a
serem explorados na elaboração do contrato, leia o subitem 2.3.6
“Programas Corporativos de Ergonomia”.
Disponível em:
<https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/106531/187604. pdf?
sequence=1>.Acessoem:10jul.2017.
166 U4 - Aplicação da
Projetação ergonômica do sistema humano x tarefa x máquina
Pesquise mais
Práticas e de Fácil Aplicação para Melhorar a Segurança, a Saúde e as Condições de Trabalho.
168 U4 - Aplicação da
Assim, quando tratamos de uma situação futura provável (ou,
para não determinarmos certezas, uma situação futura possível),
é importante que estudemos situações de referência e realizemos
alguns protótipos e simulações considerando os saberes dos
trabalhadores e sua participação ativa.
Nenhuma situação é totalmente previsível e sua singularidade
faz com que possamos imaginar algumas variáveis, mas sabendo
que a realidade gerará outro contexto. Um projeto de ergonomia
deve envolver, portanto, os participantes em todas as etapas do
projeto, inclusive no início, quando a demanda ainda está sendo
estabelecida.
A primeira etapa de um Projeto Ergonômico do Sistema
Humano x Tarefa x Máquina consiste na análise de situações
similares que criem uma referência de base, realizando uma
Análise Ergonômica do Trabalho em situações parecidas com a
situação a ser projetada, considerando suas variabilidades e
estratégias dos trabalhadores para interagirem com ela. A segunda
etapa consiste em identificar situações de ação características,
numerando-as e determinando prioridades de mantê-las na nova
situação ou modificá-las parcial ou totalmente. Por fim, a última
etapa consiste na simulação do trabalho futuro, criando ações
características, instalações que representem as condições reais no
futuro, deslocamentos, necessidades de comunicação e
informação, riscos, posturas e competências necessárias.
Esse tipo de abordagem procura antecipar os problemas
que possivelmente surgirão ainda durante o projeto, sendo mais
eficaz na busca de soluções e com custos menores em casos de
modificações necessárias.
Tanto na formulação de uma proposta comercial como na
projetação relacionada à interação homem x máquina é primordial
a realização da Análise Ergonômica do Trabalho e o
desenvolvimento dos 12 passos expostos em seu Manual de
Aplicação. Após conhecer a realidade do trabalho e promover
reflexões acerca de sua realidade, é possível desenvolver projetos
e modificações que promovam transformações significativas.
170 U4 - Aplicação da
Sem medo de errar
172 U4 - Aplicação da
a participação de diversos interlocutores, reuniões e sigilo na
análise de discursos e documentos. Nem sempre a demanda está
clara por parte de quem contrata o ergonomista. Uma simples
troca de mobiliário pode ser desvendada como um problema mais
complexo ao se aproximar da realidade dos trabalhadores, o que
necessitará de diálogos e traduções da realidade por meio da
metodologia da Análise Ergonômica do Trabalho. Após estabelecer
todos esses pontos da proposta comercial, sua análise pode ser
iniciada, identificando quais aspectos devem ser considerados na
interação homem x máquina para assegurar a saúde, o conforto
e o desempenho eficiente dos usuários – uma visão sistêmica a
respeito da organização do trabalho, aspectos físicos
(biomecânica, repetitividade, levantamento e transporte de cargas,
força excessiva, características do posto de trabalho), sistemas,
aspectos cognitivos e ambientais.
Avançando na prática
Resolução da situação-problema
A Análise Ergonomica do Trabalho parte da análise e
reconstrução da demanda que a motiva. Ao se propor uma
solução sem analisar o trabalho real, entender as tarefas da
trabalhadora e considerar suas opiniões, pode-se estabelecer um
diagnóstico e posterior proposta de solução superficiais e que não
melhoram as condições de conforto, segurança e nem melhoram o
desempenho da trabalhadora. Uma solução eficaz seria marcar
uma reunião com o empregador e explicar os princípios da
ergonomia e sua metodologia, destacando a importância da
análise, reformulando, assim, a demanda antes da proposta
U4 - Aplicação da Ergonomia 173
comercial.
174 U4 - Aplicação da
Faça valer a pena
1. Uma pessoa pode saber como fazer algo, sem conseguir articular
aos outros em maiores detalhes. O conhecimento construído para
a realização do trabalho real é produzido pela inteligência do corpo,
através da qual o sujeito enfrenta as provas que o mundo real
apresenta e assimila respostas, aprende comportamentos, hábitos e
práticas, além de propor diálogos e desafios. Dessa forma, o saber de
difícil verbalização, que vem da interiorização das experiências com o
mundo, é chamado de
.
Assinale a alternativa que completa o texto com a forma de saber de difícil
valorização descrita por Polanyi em 1966.
a) Competência.
b) Saber braçal.
c) Saber tácito.
d) Saber acadêmico.
e) Saber formal.
170 U4 - Aplicação da
Seção 4.2
Aspectos psicológicos, cognitivos e mentais
Diálogo aberto
Nesta seção, vamos tratar de aspectos mentais relacionados
ao trabalho. Na aplicação da Ergonomia, é preciso que o
ergonomista tenha visão ampla sobre os processos de trabalho e
sobre como a tarefa é realizada, identificando os constrangimentos
que podem advir do trabalho. Para pensar sobre os aspectos
mentais e o papel da Ergonomia, vamos retomar nossa situação-
problema: um desenvolvedor de softwares contrata você como
ergonomista para auxiliá-lo a criar um sistema de computador para
a recepção de hóspedes em um hotel. Seu papel será muito
simples: verificar os aspectos de usabilidade, acessibilidade e
ergodesign envolvidos na interação das pessoas com esse
sistema.
A Ergonomia Cognitiva leva em consideração aspectos
voltados ao aprendizado, à percepção, cognição e memória.
Pensando que você será o ergonomista responsável em considerar
esses aspectos no desenvolvimento do software, é importante que
você relembre: o que é percepção? O que é cognição? Por que
um design que não considera o usuário durante o processo de
criação pode induzir a erros e perda de produtividade?
Para responder a essas e outras questões, vamos à seção Não
pode faltar do nosso estudo! Agora, vamos fazer uma breve
imersão pelos caminhos da mente no trabalho e vamos enxergar
de perto a beleza do processo de aprendizado.
172 U4 - Aplicação da
níveis de complexidade.
174 U4 - Aplicação da
Percepção e processos cognitivos
176 U4 - Aplicação da
ela foi pensada, antecipada, desenhada em nossa mente.
No gesto de carregar uma caixa há a decisão da força, da
forma, do aprendizado da melhor forma de executar aquele gesto.
O trabalhador estabelece quais os resultados da tarefa e identifica
como alcançá-los, através do ritmo, da velocidade, da forma.
Os processos de sensação, percepção e cognição se
completam na formação de um conhecimento que gera uma
ação.
Quanto mais aprendemos, mais conseguimos antecipar uma
ação e tomar decisões. Chamamos de conhecimento tácito o
conhecimento adquirido da prática que é tão internalizado, tão
prático, que é de difícil verbalização. É aquele saber que você
obtém quando pergunta à sua mãe “quanto de sal é para colocar”.
É tão intrínseco, tão próprio às mãos dela, que não é possível
explicar de maneira formal.
Os trabalhos fragmentados que parecem ser simples são
extremamente complexos, pois demandam habilidades que só são
adquiridas após uma longa história de interação naquele trabalho.
Essas habilidades dependem do desenvolvimento do que
chamamos de competência. A competência é a capacidade de
regulação que faz com que tenhamos conhecimento, habilidade e
atitude frente ao que nos acontece, lidando com a variabilidade de
acordo com cada situação.
Os conhecimentos sobre o trabalho são mobilizados num
contexto específico (pois uma atividade é sempre única),
obedecendo à variabilidade interindividual e intraindividual. Uma
mesma tarefa realizada por pessoas diferentes não irá gerar o
mesmo resultado, pois ela é afetada pela sua experiência de vida,
sendo constantemente revista e transformada.
Em Ergonomia, definimos que a competência (ou expertise) é
o conhecimento que é antecedente e pode sofrer transformações,
evoluindo com a prática e o tempo.
É importante salientar que, para colocar em ação os
conhecimentos e habilidades que possui, o trabalhador dispõe
de uma estrutura cognitiva que funciona como um esquema ou
um mapa da situação que engloba os fatores com os quais está
mais familiarizado ou que são significativos no contexto. Essa
estrutura pode ser chamada de representação, mapa mental,
ou seja, diz respeito às formas de armazenamento e
U4 - Aplicação da Ergonomia 177
estruturação diferenciados do conhecimento.
178 U4 - Aplicação da
Em nosso cérebro existe esse mapa, o qual é alimentado ao
longo de nossa vida com representações. Aprendemos que
“verde” significa “siga” e “vermelho” significa “pare”. Embora
pessoas mais jovens possam nunca ter visto um disquete,
associam sua imagem ao ato de “salvar documento” ao elaborar
algo no software Microsoft Word. Você já pode ter passado pela
experiência de alguém na sua casa trocar o canal da TV e não
conseguir consertar um erro por não entender o que aconteceu.
Criamos representações o tempo todo. Elas podem ser
entendidas tanto em um sentido técnico, quando se referem à
expressão de um conhecimento com a ajuda de símbolos, quanto
em um sentido psicológico, quando fazem referência a um
conjunto de valores e propriedades atribuídos a um fenômeno
para armazenamento na memória.
Exemplificando
Proximidade
Similaridade
Continuidade
Simetria
180 U4 - Aplicação da
antecipar incidentes. O processo descrito depende da
categorização, do reconhecimento de padrões e como são
agrupados de maneira a elaborar modelos ou identificar
características de um dado contexto ou situação.
Agora, pensemos: e se um trabalhador tem uma meta que não
é clara para ele? E se um painel de comandos não faz sentido? E
se a lógica na sequência de processos de um trabalho apresenta
falha?
182 U4 - Aplicação da
instrumentos e pelo ambiente (carga funcional), junto às atividades
desempenhadas e à capacidade de trabalho do trabalhador.
A carga de trabalho, em Ergonomia Cognitiva, pode ser dividida
em: carga psíquica: referente ao sentido no trabalho e fator
afetivo; carga cognitiva: referente às exigências cognitivas das
tarefas (uso da memória, as decisões, os raciocínios); e carga
mental: aspectos psíquicos e cognitivos integrantes desses dois
outros conceitos.
Enquanto o trabalhador consegue regular as cargas de trabalho,
tendo margem de manobra para tomar decisões e equilibrar as
demandas e os esforços, ele consegue atingir os resultados com
saúde e eficiência.
O problema é quando essa regulação não acontece de forma
eficiente. No mundo do trabalho, estamos lidando cada vez mais
com processos informatizados e formas de controle de produção
cada vez mais distantes da realidade. Quanto maiores as empresas,
maiores as quantidades de processos e formas de controle do que
está sendo feito em cada pedacinho da organização. Números.
Números de vendas. Números de atendimentos. Números de
pessoas que se afastaram do trabalho. Números que separam os
melhores dos piores. Números que avaliam os melhores e os piores.
Rankings. Desafios.
Os cenários criados para se trabalhar podem gerar injunções
paradoxais: por exemplo, deixar um cliente satisfeito, mas não ter
autonomia para resolver o problema dele; não poder se envolver
com o cliente, mas ter que ouvi-lo e conquistá-lo durante uma
venda. Deve-se fazer uma pausa em um horário específico, mas,
se surgir cliente, deve-se atendê-lo.
As organizações criam diversos tipos de indicadores de
desempenho e metas para controlar e “motivar” os trabalhadores,
levando a uma desumanização das relações de serviço. As
pessoas passam a ser vistas como números e leva-se uma visão
reducionista do que acontece realmente no trabalho. Pode
acontecer de se racionalizar tanto a produção, os processos e os
controles que isso pode levar ao adoecimento e a uma lógica que,
na realidade de trabalho, não funciona e não leva a processos
mais eficientes.
180 U4 - Aplicação da
Exemplificando
Como exemplo, leia o artigo Trabalhar em centrais de atendimento:
a busca de sentido em tarefas esvaziadas (SZNELWAR; ABRAHAO;
MASCIA, 2006). O artigo trata dos aspectos do trabalho de centrais
de atendimento, mostrando que essa tarefa é fortemente limitada,
constrangida pelo tempo, com pouca autonomia para regular o seu
ritmo, o fluxo de chamadas e as pausas. Porém, a relação com o
cliente requer uma certa flexibilidade do tempo para que se possa
desenvolver um tratamento adequado, o que mostra uma contradição
de variáveis.
Ergodesign
182 U4 - Aplicação da
ou ainda leva à perda de tempo; quando as ações não são
intuitivas;
Avançando na prática
Desisti de bater a
meta Descrição da situação-problema
Em uma central de teleatendimento, há uma equipe de 10
trabalhadores. Hoje, chegam 5 trabalhadores novos que tiveram
um breve treinamento através de uma apostila impressa sobre
como atender o cliente. Ao chegar na empresa, o coordenador
mostra os indicadores de desempenho. Caso os trabalhadores
consigam desempenho satisfatório em todos eles, receberão
uma bonificação de 30% no salário. Os indicadores eram: realizar
pausa na hora certa (indicada via sistema); “sorriso na voz”; meta
de vendas; meta para fazer o cliente mudar de ideia caso ligue
cancelando o produto; meta de velocidade de atendimento.
Ao final do mês, nenhum dos trabalhadores conseguiu bater
todas as metas, referindo as seguintes situações: o sistema pedia
para realizarem pausas enquanto ainda estavam em ligação; para
atender bem o cliente, não podiam acelerar o atendimento; não
possuíam autonomia para alguns tipos de problemas; sorriso na
voz é um indicador avaliado subjetivamente; fazer o cliente mudar
de ideia era uma meta muito difícil de se bater.
Pensando em toda essa situação, como a Ergonomia Cognitiva
poderia auxiliar nessa situação de trabalho?
186 U4 - Aplicação da
Resolução da situação-problema
Indicadores de desempenho e metas são comuns em centrais
de teleatentedimento. A organização do trabalho é um dos
aspectos a serem estudados na Análise Ergonômica do Trabalho
e, quando ela não está adequada às características
psicofisiológicas dos trabalhadores, pode levar ao adoecimento.
Quando esses indicadores estão afastados da realidade do
trabalho, eles podem gerar injunções paradoxais (elementos
susceptíveis de induzir confusão, devido a uma manipulação
oculta, como um cartaz no qual está escrito PROIBIDO COLAR
CARTAZES), não correlacionando de forma justa a premiação
com o indicador avaliado. Os indicadores escolhidos pela empresa
em questão não avaliam o trabalhador e sua competência.
Trabalhadores exemplares podem não atingir as metas devido
a problemas do próprio sistema. Assim, a Ergonomia Cognitiva
pode estudar a relação dos trabalhadores com esses indicadores
e propor modificações mais adequadas à realidade da tarefa.
188 U4 - Aplicação da
Seção 4.3
Critérios e estimativas
Diálogo aberto
Vamos relembrar a situação-problema da nossa unidade: um
desenvolvedor de softwares contrata você como ergonomista para
auxiliá-lo a criar um sistema de computador para a recepção de
hóspedes em um hotel.
A Ergonomia tem um papel fundamental na preservação da
saúde dos trabalhadores e na melhora da produtividade na
empresa. Com os seus conhecimentos em Ergonomia, você já
sabe que nunca é possível conhecer o trabalho real sem conversar
com os trabalhadores e sem trazer à luz os seus saberes referentes
ao fazer profissional. Dessa forma, é importante que você se
lembre por que é importante compreender o trabalho para
transformá-lo. Quais são os aspectos cognitivos, ambientais e
organizacionais a serem considerados em uma análise ergonômica
do trabalho? Por que é importante realizar a validação dos
resultados obtidos na análise ergonômica?
Essas e outras questões serão respondidas ao longo da nossa
última seção e ao finalizar nossa disciplina de Ergonomia. Com
orgulho, sabemos que você será um grande agente de
transformação envolvido no mundo do trabalho.
Reflita
Suponhamos que sua família more em outro estado e fique difícil
visitá- la sempre. Dessa forma, você encontra formas de acompanhar
o que acontece a distância. Redes sociais, troca de mensagens e
ligações são formas de contato via meios relacionados a telefone e
internet. Vamos pensar: isso assegura que você saberá tudo o que está
acontecendo por lá? Imagens, conclusões a respeito do que está
vendo nas redes sociais e ligações breves mostram tudo que está
acontecendo do outro lado?
192 U4 - Aplicação da
O trabalho estático exige maior demanda muscular que o
trabalho dinâmico. É importante priorizar aspectos que protejam as
articulações e conservem a energia, priorizando rodízios de
atividades ou maior número de movimentos para permitir maior
alternância muscular.
O estudo dos movimentos é de extrema importância, pois na
literatura constam alguns movimentos que, ao serem realizados
com uso de força ou com grande frequência, podem ser fator de
risco para doenças osteomusculares, por exemplo: flexões de
pescoço acima de 20° e mantidas por muito tempo; elevação do
ombro acima de 90° com risco aos músculos do chamado
manguito rotador; manter braços elevados e sem apoio de
antebraços; desvios em punho; uso de força e movimentos
repetitivos em mãos; uso da pega em pinça na região dos dedos
para uso de força, ao invés do uso para precisão; permanecer
sentado sem utilizar adequadamente as regulagens do posto de
trabalho; postos de trabalho sem espaço adequado para membros
inferiores; flexão associada à rotação de coluna; carregamento de
peso excessivo; ritmos de trabalho que impedem a recuperação
muscular por causa da repetitividade; entre outros.
É difícil conceber mobiliários e situações de trabalho que
atendam a todos os trabalhadores, inclusive os extremos.
Atualmente, existem diversas normas da Associação Brasileira de
Normas Técnicas que podem auxiliar nos projetos relacionados à
parte física e de mobiliário da empresa. Normas, como a ABNT NBR
13962, que trata de móveis para escritório (especificamente
cadeiras), e a NBR 9050, que trata de aspectos de acessibilidade,
são exemplos de documentos norteadores que possuem medidas,
parâmetros e metodologias de adaptação das condições físicas do
ambiente de trabalho. Normas Regulamentadoras do Ministério do
Trabalho e Emprego, como a nº 17 (Ergonomia), nº 12 (Máquinas e
Equipamentos) e nº 24 (Condições Sanitárias e de Conforto), são
exemplos de normas norteadoras que também podem auxiliar nos
parâmetros para adequação de aspectos físicos do trabalho.
É importante sempre considerar a natureza do trabalho para
dimensionar a bancada (para trabalhos de maior precisão, ela
deve estar mais alta, e para trabalhos de força, deve estar mais
próxima da cintura para facilitar o uso do tronco e do melhor grau
de contração da musculatura dos braços). Além disso, os materiais,
as ferramentas e os equipamentos devem estar dispostos dentro das
U4 - Aplicação da Ergonomia 193
zonas de alcance
194 U4 - Aplicação da
adequadas (proximal, distal e ocasional), já vistas na Unidade 2 de
nosso estudo.
O arranjo físico deve seguir uma lógica que facilite o
deslocamento de materiais e elimine deslocamentos desnecessários.
A comunicação entre os trabalhadores deve ser facilitada e a
sequência dos processos deve ser entendida por todos.
Sempre que o trabalho puder ser executado na posição sentada,
o posto de trabalho deve ser planejado ou adaptado para essa
posição, porém não devemos esquecer que a postura mais
adequada para o trabalhador é aquela que ele escolhe livremente e
que pode variar. Os esforços estáticos devem ser evitados ao
máximo.
De acordo com a Nota Técnica nº 60/2001 do Ministério do
Trabalho e Emprego, a postura em pé só é justificada quando a
tarefa exige: deslocamentos contínuos; manipulação de cargas
com peso igual ou superior a 4,5 kg; alcances amplos frequentes;
operações frequentes em vários locais de trabalho; aplicação de
forças para baixo.
Com relação a exigências visuais, a posição das fontes de
informações visuais vai determinar o posicionamento da cabeça
e do tronco. Se o plano de trabalho é muito alto, o trabalhador
deverá elevar os ombros e os braços durante a tarefa. Se for muito
baixo, ele trabalhará com as costas inclinadas para frente.
Levar em conta a opinião dos trabalhadores antes da compra
de um determinado mobiliário tem mostrado um bom resultado, em
que as empresas colocam opções para teste e decidem por
aqueles que tiveram melhor aceitação.
É importante ter um especial cuidado para frases relacionadas
a design que indicam um produto “ergonômico”. Uma cadeira pode
ser confortável para assistir televisão, mas inconveniente a uma
secretária que deve ter acesso alternadamente ao arquivo, ao
microcomputador e ao telefone para realizar sua tarefa. Não existe um
produto ergonômico que atenda a todas as situações de forma igual. É
preciso um estudo da realidade do trabalho para verificar suas
características.
O ergonomista deve fazer um controle junto ao departamento
médico da empresa (quando existente) ou à assessoria
especializada em Saúde e Segurança do Trabalho para fazer um
controle de afastamentos e, principalmente, de queixas. O controle
U4 - Aplicação da Ergonomia 195
de queixas é eficaz por ainda estar na esfera preventiva: a pessoa
ainda está lá, não se afastou e é possível identificar os fatores de
risco daquela tarefa.
196 U4 - Aplicação da
Com o surgimento do Nexo Técnico Epidemiológico (NTEP),
automaticamente, o CID (número que indica a doença de acordo
com o Código Internacional de Doenças) e o CNAE (número que
indica o ramo de atividade da empresa de acordo com a Classificação
Nacional de Atividade Econômica) são cruzados quando há o
afastamento de um trabalhador. Caso o sistema acuse que é
possível que aquela atividade econômica gere aquela doença,
automaticamente, é acusada uma doença ou um acidente do
trabalho, responsabilizando a empresa por esse caso. Cabe à
empresa provar (ou não) se é realmente responsável por aquela
doença. Dessa forma, é importante um mapeamento das condições
de trabalho para se eliminar fatores que possam gerar nexo causal
entre as tarefas e possíveis doenças que os trabalhadores possam
adquirir.
A intervenção ergonômica
204 U4 - Aplicação da
tratamento de dados, mas traz informações mais ricas que podem ser
limitadas quando delimitamos as possibilidades de resposta); ter
tratamento diferenciado no retorno de trabalhadores afastados; criar
situações que encorajem
206 U4 - Aplicação da
Pesquise mais
mostras enviesadas, gráficos dúbios, listagens incompletas e indicadores que são controversos.
200 U4 - Aplicação da
intervenção é de extrema importância, pois evidencia falhas na
metodologia ou pontos específicos, uma vez que cada análise é
sempre uma nova descoberta.
A cronoanálise perfeita
Descrição da situação-problema
Em uma grande fábrica de cosméticos, chegou uma nova
linha de produção. Importada do Japão, a linha era quase
totalmente automatizada, tendo como processos manuais apenas
o abastecimento de frascos de vidro, fechamento das tampas e
guarda nas caixas. Para o primeiro teste da linha, são chamados
os trabalhadores mais experientes da fábrica, sendo feitos os
testes de intervalos de tempo que cada tarefa estava consumindo.
Assim, foi feita a cronoanálise (cronometragem de cada tarefa e
seu tempo, encontrando uma média de tempos para estabelecer
um padrão de acordo com a produção). Após dois meses de
funcionamento, quatro trabalhadores se afastaram com problemas
nas costas e na região do ombro. Quando questionados pelo
médico, eles disseram que não conseguiam se adaptar à linha de
produção (que possuía pontos nos quais pessoas de estatura de
mediana ou alta não conseguiam se posicionar de forma
confortável) e que, muitas vezes, os ritmos de produção acabavam
gerando muitos movimentos repetitivos e sem pausas para
descanso.
O que poderia ter sido feito para evitar esses problemas?
Resolução da situação-problema
Toda nova situação de trabalho demanda uma Análise
Ergonômica do Trabalho inicialmente. Antes da compra da linha
de produção, seria interessante a análise do projeto, para realizar
alterações ainda em sua concepção. Por vir do Japão, onde a
população possui características antropométricas diferentes da
do Brasil, é possível que haja pontos na linha de produção que
precisem ser redimensionados com base na população atual.
Além disso, o teste para a cronoanálise utilizando apenas
trabalhadores experientes pode se afastar da realidade, na qual há
uma variabilidade inter e intraindividual dos trabalhadores que pode
interferir nesses tempos. É interessante pensar alternativas em
que os trabalhadores possuem uma meta de produção, mas têm
autonomia sobre os tempos e as formas de parada para
202 U4 - Aplicação da
descompressão.
206 U4 - Aplicação da
U4 - Aplicação da Ergonomia 207
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