BibliotecarioFakeNews Silva 2019

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS


DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO
CURSO DE BIBLIOTECONOMIA

SILVANA SOUZA DA SILVA

O BIBLIOTECÁRIO E AS FAKE NEWS: ANÁLISE DA PERCEPÇÃO DOS


EGRESSOS DO CURSO DE BIBLIOTECONOMIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL
DO RIO GRANDE DO NORTE

NATAL/RN
2019
SILVANA SOUZA DA SILVA

O BIBLIOTECÁRIO E AS FAKE NEWS: ANÁLISE DA PERCEPÇÃO DOS


EGRESSOS DO CURSO DE BIBLIOTECONOMIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL
DO RIO GRANDE DO NORTE

Monografia apresentada ao Departamento


de Ciência da Informação da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, como
requisito para obtenção do grau de
Bacharela em Biblioteconomia.

Orientadora: Gabrielle Francinne de


Souza Carvalho Tanus.

NATAL/RN
2019
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro Ciências Sociais Aplicadas - CCSA

Silva, Silvana Souza da.


O Bibliotecário e as Fake News: análise da percepção dos egressos do curso de
Biblioteconomia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte / Silvana Souza da
Silva. - 2019.
64f.: il.

Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências Sociais


Aplicadas, Biblioteconomia.
Orientador: Profa. Dra. Gabrielle Francinne de Souza Carvalho Tanus.

1. Fake news - Monografia. 2. Pós-verdade - Monografia. 3. Desinformação -


Monografia. 4. Competências do bibliotecário - Monografia. 5. Egressos - Curso de
Biblioteconomia (UFRN) - Monografia. I. Tanus, Gabrielle Francinne de Souza
Carvalho. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.

RN/UF/Biblioteca do CCSA CDU 023

Elaborado por Eliane Leal Duarte - CRB-15/355


SILVANA SOUZA DA SILVA

O BIBLIOTECÁRIO E AS FAKE NEWS: ANÁLISE DA PERCEPÇÃO DOS


EGRESSOS DO CURSO DE BIBLIOTECONOMIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL
DO RIO GRANDE DO NORTE

Monografia apresentada ao Departamento


de Ciência da Informação da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, como
requisito para obtenção do grau de
Bacharela em Biblioteconomia.

Monografia aprovada em: 18/06/2019.

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________________________________
Profa. Dra. Gabrielle Francinne de Souza Carvalho Tanus (Orientadora)
Departamento de Ciência da Informação
Universidade Federal do Rio Grande do Norte

__________________________________________________________________
Profa. Dra. Luciana de Albuquerque Moreira
Departamento de Ciência da Informação
Universidade Federal do Rio Grande do Norte

__________________________________________________________________
Profa. Dra. Monica Marques Carvalho Gallotti
Departamento de Ciência da Informação
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Dedico este trabalho, em especial, a uma
pessoa que está no céu há algum tempo, mas
seus ensinamentos e seu otimismo nunca
foram embora, estão guardados em meu
coração e nos momentos mais importantes da
minha vida, eles me ajudam e me confortam.
Minha mãe, que saudade… Espero que esteja
feliz, pois essa realização também é sua.
Obrigada por tudo!
AGRADECIMENTOS

Sou grata, primeiramente, a Deus, por ter me concedido a vida, a consciência, por
me permitir alcançar esta e outras bençãos.
Agradeço a minha família!
A meu pai, João Batista e a minha saudosa mãe, Silvina Souza (in memoriam) pelos
ensinamentos, cuidado e amor! Ao meu companheiro e parceiro de todas as horas,
Arnald George Moreira, obrigada pelo suporte e incentivo, sem sua ajuda e
paciência não teria conseguido. Aos meus amados filhos, Rodrigo Nicolas Moreira e
Vinícius Ricardo Moreira, que são meus maiores estímulos de vida, saibam que tudo
que faço é pensando no melhor para vocês. Sou grata também aos meus irmãos
Simone e Canindé que mesmo a distância me incentivaram com palavras e boas
energias. Muito obrigada, amo muito todos vocês!
A todos os amigos e colegas da turma 2015.2, especialmente, a Ana Lúcia Bet,
Vagner Ivan Gomes, Solange Oliveira (somos o quarteto imbatível) e Claudiana
Barbalho. A todos os servidores e professores do Departamento de Ciência da
Informação - DECIN e em especial as professoras: Antonia Freitas Neta, Rhavenna
Medeiros (in memoriam), Carla Beatriz Felipe e Mônica Carvalho.
Agradeço imensamente, a minha professora e orientadora Gabrielle Francinne
Tanus, por todo conhecimento transmitido e pela ajuda na composição deste
trabalho.
Gratidão às pessoas que conheci nas instituições que estagiei durante a graduação:
Sandra Santana, Danúzia Pinto e seu Francisco, todos do arquivo da
Prograd/UFRN. A bibliotecária Iara Celly Silva e a Cleiane Bondade da Biblioteca
Débora Machado do IFRN Cidade Alta.
A todos que conheci no Tribunal de Contas do RN, em especial na biblioteca
Ministro Tavares de Lyra: Lineu Chaves, Jéssica Martins, Rafaela Azevedo e a
bibliotecária Michele Dias (pelo carinho). Grata pela acolhida e pelos conhecimentos
adquiridos.
Por fim, sou grata a todos que contribuíram de maneira direta e indiretamente para
que o sonho de me formar na Universidade Federal do Rio Grande do Norte se
tornasse realidade.

Muitíssimo obrigada!
“Todas as vitórias ocultam uma abdicação”.
Simone de Beauvoir

“Talvez não tenha conseguido fazer o


melhor, mas lutei para que o melhor fosse
feito. Não sou o que deveria ser, mas
Graças a Deus, não sou o que era antes”.
Marthin Luther King

“Ao Bibliotecário não compete aceitar


simplesmente ser um disseminador de
informação, com profundos conhecimentos
técnicos, mas, sobretudo, valer-se de novos
métodos e instrumentos, para levar essa
mesma informação ao usuário.”
Inajá Martins de Almeida (IMA)
RESUMO

A excessiva quantidade de informação não é um fenômeno do século XXI, assim


como também não é a criação de notícias falsas. Em meio a esse contexto, vincula-
se a sociedade da informação, que diante da expressiva produção de fake news
(notícias falsas), conduz ao momento da pós-verdade e resulta na desinformação
em diferentes âmbitos e em escala global. A pesquisa relaciona o tema das fake
news ao profissional da informação, elucidando suas competências e conduta ética
diante do cenário atual de informação. O estudo tem como objetivo geral analisar a
percepção dos egressos do curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do
Rio Grande do Norte quanto as suas competências no combate a disseminação das
fake news (notícias falsas). Como objetivos específicos delineou-se: apresentar os
conceitos de fake news e da pós-verdade; identificar as competências profissionais
do bibliotecário; divulgar os resultados coletados a partir de pesquisa realizada com
bibliotecários egressos do curso de Biblioteconomia da UFRN; e expor as análises e
compreensões a partir das informações dadas pelos bibliotecários acerca da
temática das fake news. Utiliza como metodologia a abordagem indutiva, de caráter
exploratório. Como instrumento de coleta de informações recorreu-se ao
questionário composto por perguntas de cunho quantitativo e qualitativo com
egressos do curso de Biblioteconomia da UFRN. Para tanto, percebe-se que os
egressos estão desempenhando de maneira satisfatória, suas competências
profissionais, adaptando a partir delas, competências necessárias ao contexto da
necessidade informacional da sociedade atual. Acrescenta que o bibliotecário tem a
capacidade de se adaptar ao ambiente profissional, atendendo a sua comunidade de
maneira eficiente, responsável e ética. Conclui que o bibliotecário usa as
competências adquiridas na academia para evitar a propagação de notícias
fraudulentas através das instruções fornecidas aos usuários. Sugere a ampliação da
pesquisa sobre as competências dos bibliotecários a partir de estudos de caso,
frente ao tema da disseminação de notícias falsas e pós-verdades.

Palavras-chave: Fake news. Pós-verdade. Desinformação. Competências do


bibliotecário. Egressos do curso de Biblioteconomia da UFRN.
ABSTRACT

The excess of information is not a phenomenon of the 21st century, nor is it the
creation of false news. In the midst of this context, it is linked to the information
society, which, faced with the excessive production of fake news, leads to the
moment of post-truth and results in disinformation in different scopes and on a global
scale. The research links the issue of false news to the information professional,
elucidating their competencies and ethical behavior in the current information
scenario. The objective of the study is to analyze the perception of graduates of the
Librarianship course of the Federal University of Rio Grande do Norte regarding the
ability to combat the dissemination of fake news. As specific objectives outlined:
present the concepts of fake news and post-truth; identify the professional
competencies of the librarian; to disclose the results collected from a research carried
out with librarians from the Librarianship course of UFRN; and to expose the
analyzes and understandings from the information given by the librarians about the
theme of fake news. It uses as methodology the inductive approach, of exploratory
character. As a tool for collecting information, a questionnaire composed of
quantitative and qualitative questions was used, with graduates of the UFRN
Librarianship course. In order to do so, it perceived that the graduates are
satisfactorily performing their professional competencies, adapting the necessary
competencies to the context of the informational needs of the current society. It adds
that the librarian has the ability to adapt to the professional environment, serving his
community in an efficient, responsible and ethical manner. It concludes that the
librarian uses the competencies acquired in the academy to prevent the spread of
fraudulent news through the instructions provided to users. It suggests the expansion
of the research on the competencies of librarians from case studies, in front of the
topic of the dissemination of fake news and post-truth.

Keywords: Fake news. Post-truth. Disinformation. Librarian competencies.


Graduates of the UFRN Librarianship course.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Quadro 1 - Principais características da Sociedade da Informação e


Sociedadeda Desinformação................................................................ 21
Figura 1 - Um monstro chamado Fake news ....................................................... 25
Figura 2 - Capa da Revista Galileu........................................................................ 26
Figura 3 - Campanha de combate às Fake news do SESC ................................. 28
Figura 4 - Saúde sem Fake news - MinSaúde ...................................................... 29
Quadro 2 - Principais categorias de divulgação de Fake news .......................... 30
Quadro 3 - Lista de sites nacionais e internacionais que investigam Fake news
disseminadas na internet .................................................................... 31
Figura 5 - Infográfico criado pela IFLA: oito passos para identificar uma fake
news ...................................................................................................... 33
Figura 6 - Pós-verdades como mentiras confortáveis ....................................... 35
Figura 7 - Pessoas usadas como fantoche na era da pós-verdade .................. 36
Figura 8 - Pós-verdade: a informação preferida ................................................. 37
Quadro 4 - Competências mais importantes segundo o relatório elaborado pelo
Observatórioda Profissão da Informação-Documentação (OP I-D) . 39
Gráfico 1 - Faixa etária dos egressos de Biblioteconomia da UFRN .................. 45
Gráfico 2 - Área de atuação dos egressos de Biblioteconomia da UFRN .......... 47
Quadro 5 - Público Atendido .................................................................................. 47
Gráfico 3 - Competências do bibliotecário de acordo com a CBO ..................... 48
Gráfico 4 - Conhecimento dos egressos de Biblioteconomia sobre os termos
Fake news, Pós-verdade e Desinformação ........................................ 49
Quadro 6 - Sentimentos dos bibliotecários egressos da UFRN ao se depararem
com notícias falsas .............................................................................. 52
Quadro 7 - Atitudes dos bibliotecários egressos da UFRN diante de notícias
as falsas ................................................................................................ 52
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CBO Classificação Brasileira de Ocupação


CFB Conselho Federal de Biblioteconomia
CI Ciência da Informação
CLT Consolidação de Leis do Trabalho
CRB Conselho Regional de Biblioteconomia
IFLA Federação internacional de Associações e Instituições Bibliotecárias
OP I-D Observatório da Profissão da Informação-Documentação
SD Sociedade da Desinformação
SI Sociedade da Informação
TIC Tecnologia da Informação e Comunicação
TSE Tribunal Superior Eleitoral
UFMG Universidade Federal de Minas Gerais
UFRN Universidade Federal do Rio Grande do Norte
UFSC Universidade Federal de Santa Catarina
UNESCO Organização das Nações Unidas a Educação, a Ciência e a Cultura
UNICEF Fundo das Nações Unidas para a Infância
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 11
1.1 Objetivo geral ................................................................................................ 12

1.1.1 Objetivos específicos....................................................................................... 13


1.2 Procedimentos metodológicos .................................................................... 14

2 SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO X SOCIEDADE DA DESINFORMAÇÃO ... 17


3 FAKE NEWS: NOTÍCIAS FALSAS QUE PARECEM VERDADEIRAS ......... 22
4 COMPETÊNCIAS NECESSÁRIAS AO BIBLIOTECÁRIO NA ERA DA PÓS-
VERDADE ...................................................................................................... 35
4.1 O bibliotecário como aliado no combate às fake news e a
_____desinformação................................................................................................38

4.2 Relação ética do bibliotecário com a informação ...................................... 42

5 BIBLIOTECÁRIOS ENTRAM EM CENA: EGRESSOS DO CURSO DE


_____BIBLIOTECONOMIA DA UFRN ..................................................................... 45
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................ 55
REFERÊNCIAS ............................................................................................... 58
APÊNDICE - QUESTIONÁRIO APLICADO AOS EGRESSOS DO CURSO DE
BIBLIOTECONOMIA DA UFRN ..................................................................... 63
11

1 INTRODUÇÃO

Com o avanço tecnológico e sua democratização as pessoas produzem e


acessam constantemente muitas informações de diferentes maneiras, as quais
podem ser distorcidas, incompletas, manipuladas, inclusive falsas. Diante da
avalanche de informações também é notório que as pessoas não se preocupam em
aprender a identificar os objetivos que estão por trás das manchetes
sensacionalistas e os absurdos escritos, na maioria das vezes, com o intuito de
influenciar opiniões para atrair vantagens financeiras e políticas.
Em frente a tantas notícias falsas no meio virtual, percebe-se que identificá-
las e extrair delas apenas o que é verídico, se tornou hoje em dia, uma tarefa muito
difícil “é preciso educar o indivíduo para receptividade das informações que recebe”
(QUESSADA; PISA, 2018, p. 2). Acredita-se ser necessário unir o desenvolvimento
tecnológico e a disseminação de informações ao profissional da informação que está
capacitado a contribuir no meio em que atua com ferramentas adequadas a este
contexto informacional.
Assim fica cada vez mais necessário a conscientização e, principalmente, a
divulgação em modo geral, das competências em informação que o bibliotecário
possui e o quanto suas atividades podem contribuir para mudar essa situação. Além
disso, o mesmo precisa chamar para si a responsabilidade profissional que o cenário
exige, com a finalidade de aprendizado contínuo para acompanhar tais fenômenos.
O que enfatiza Souto (2006, p. 7) quando diz que,

[...] existe um novo perfil de competências para o profissional da


informação no contexto social atual. Ele deve ser um sujeito com
permanente capacidade de aprendizagem e de adaptação às
mudanças, deve saber trabalhar em grupo, de preferência em
equipes multidisciplinares, e ter domínio da linguagem das máquinas,
ou seja, ser alfabetizado digitalmente. Além disso, deve saber estar
em constante processo de busca e desenvolvimento – aprender a
aprender - para poder adaptar-se aos novos modelos organizacionais
e de gestão do trabalho e ser um agente do processo de inovação.

Sendo assim, falar sobre informação na era da pós-verdade se tornou


necessária por ser completamente ligado ao contexto no exercício da conduta ética
e social que o bibliotecário precisa desempenhar em seu ofício.
12

Nota-se a necessidade de não só discutirmos sobre o assunto fake news


(notícias falsas), mas o de unir esta temática ao profissional bibliotecário que possui
habilidades no tratamento, categorização e avaliação das informações, podendo
então, contribuir de maneira efetiva na diminuição da propagação de informações
falsas na comunidade que atua.
A pesquisa traz o conceito de fake news, as causas e ambientes propícios a
este fenômeno na era da pós-verdade, além disso, relaciona este tema ao
profissional da informação, elucidando suas competências e conduta ética diante do
cenário atual de informação.
Segundo Popper (1975), toda discussão científica deve surgir com base em
um problema ao qual se deve oferecer uma solução provisória a que se deve criticar,
de modo a eliminar o erro. É uma questão não resolvida, é algo para o qual se vai
buscar resposta, via pesquisa, ou seja, a problematização é a transformação de uma
necessidade humana em problema.
Desta forma, o estudo se propõe a responder a seguinte pergunta: qual é a
percepção que o egresso do curso de Biblioteconomia da UFRN possui quanto sua
responsabilidade em combater a disseminação de notícias falsas no ambiente
profissional?
Portanto, a pesquisa consiste em verificar a hipótese se o bibliotecário sabe
da importância de sua interferência profissional no meio em que atua e faz uso de
suas habilidades adquiridas na academia no combate a disseminação das fake news
(notícias falsas). Se o mesmo verifica as fontes das informações que chegam até ele
e, além disso, mantém os seus usuários bem treinados para saber identificar
informações falsas.
A fim de que o problema de pesquisa seja respondido e que a hipótese em
questão seja confirmada ou refutada, definiu-se os seguintes objetivos (geral e
específico), justificativa, bem como os procedimentos metodológicos expostos nas
próximas subseções.

1.1 Objetivo geral

● Analisar a percepção dos egressos do curso de Biblioteconomia da


Universidade Federal do Rio Grande do Norte quanto as suas competências
no combate a disseminação das fake news (notícias falsas).
13

1.1.1 Objetivos específicos

● Apresentar conceitos de fake news (notícias falsas) e da pós-verdade;


● Identificar as competências do bibliotecário, em especial, aquelas com vistas
a combater a desinformação;
● Apresentar os resultados coletados a partir de questionários aplicados aos
bibliotecários egressos do curso de Biblioteconomia da UFRN;
● Expor as compreensões dos bibliotecários egressos da UFRN acerca da
temática das fake news.

Segundo Le Coadic (1996, p. 106) os profissionais da informação “[...]


adquirem informação registrada em qualquer suporte, organizam, descrevem,
indexam, armazenam, recuperam e distribuem essa informação em sua forma
original ou como produtos elaborados a partir dela”. De acordo com o cenário atual
sobre o assunto abordado nesta pesquisa, pode-se afirmar que o bibliotecário seja
um dos profissionais mais preparados para reconhecer com eficiência uma
informação improcedente.
O presente estudo justifica-se, portanto, por tratar de um tema de grande
relevância atual, em especial, na área da Ciência da Informação, em específico na
Biblioteconomia, pois é cada vez mais importante perceber e discutir sobre o campo
de atuação do bibliotecário, tendo em vista seu compromisso com a comunidade em
que atua, além da construção contínua de seus conhecimentos. Logo, a pesquisa
pretende verificar sobre a percepção do bibliotecário frente ao novo contexto de
propagação de informações falsas, e contribuir para que outros pesquisadores
tomem direcionamentos a partir da discussão aqui mostrada.
É de grande relevância que o bibliotecário desenvolva constantemente a
capacidade de auto avaliação profissional e perceba com isso, o quão importante é
o seu trabalho para a sociedade. Pois, de acordo com Belluzzo (2011, p. 69), é
importante “Manejar bem a informação e o conhecimento como instrumentos
fundamentais de um processo inovador”, além de “Humanizar a informação e o
conhecimento, tornando-os instrumentos de educação e de construção”
(BELLUZZO, 2011, p. 69)
A pesquisa se faz necessária, pois vislumbra discorrer sobre a
responsabilidade social que o bibliotecário possui quanto sua capacidade de
14

reconhecer notícias falsas na realização de suas atividades biblioteconômicas,


destacando suas capacidades e habilidades adquiridas no curso de Biblioteconomia
da UFRN e na aquisição de experiências profissionais, procurou ainda, mostrar
como ele percebe e usa as competências informacionais a fim de evitar que elas
(fake news) cheguem a seus usuários sem serem identificadas.
Percebe-se que o estudo também precisava agregar diálogo com as boas
práticas, ou seja, inserir na discussão o conceito de ética humana, que diante da
explicação de Rasche (2014, p. 28),

[...] é possível afirmar que ética representa um esforço humano para


encontrar um ponto de equilíbrio diante das relações que se
estabelecem na sociedade a partir da reflexão, do diálogo, do bom-
senso. Isso permite pensar que as soluções de conflitos e/ou de
dilemas podem ser realizadas de forma pacífica, sem o uso da força
física ou de apelo a crenças religiosas e/ou convicções morais que
cristalizam preconceitos.

Faz-se necessário ainda, ressaltar o comportamento ético do bibliotecário


mediante a legislação que regulamenta seu exercício profissional, norteando suas
ações no contexto profissional e pessoal através de um modelo de conduta ética.
Acrescento ainda, como graduanda do curso de Biblioteconomia, a
necessidade de investigar sobre novos campos de atuação da profissão que
pretendo exercer e de contribuir para os futuros pesquisadores, alunos e graduados
do curso e a outra área do conhecimento que venha a se interessar, proporcionar
conhecimento e aguçar a curiosidade dos citados através dos esclarecimentos
contidos na presente pesquisa.

1.2 Procedimentos metodológicos

Para realização de qualquer ação, se faz necessária criação de uma


estratégia para que o objetivo almejado seja alcançado com êxito, na pesquisa
científica não é diferente, para que um estudo seja bem desenvolvido é
extremamente importante que um caminho para chegar a um resultado válido sobre
o que se pretende investigar seja descrito com disciplina e compromisso, e pautado
por um método científico.
15

Para atingir os objetivos propostos em uma investigação, busca-se um


método que segundo Marconi e Lakatos (2004, p. 44) é “o caminho pelo qual se
chega a determinado resultado, ainda que esse caminho não tenha sido fixado de
antemão de modo refletido e deliberado”, ou seja, o planejamento de ações
baseadas nos propósitos visionados é a ferramenta principal para a realização de
uma pesquisa. Diante disso, será oportuna a utilização de métodos e técnicas que
proporcione sua estruturação.
A metodologia utilizada no presente estudo possui abordagem indutiva, pois o
mesmo permite partir de observações específicas para se chegar a conclusões
prováveis sobre o todo. De acordo com Marconi e Lakatos (2003, p. 87) “a indução
realiza-se em três etapas (fases)”:

a) observação dos fenômenos - nessa etapa observamos os fatos ou


fenômenos e os analisamos, com a finalidade de descobrir as causas
de sua manifestação;
b) descoberta da relação entre eles - na segunda etapa procuramos
por intermédio da comparação, aproximar os fatos ou fenômenos,
com a finalidade de descobrir a relação constante existente entre
eles;
c) generalização da relação - nessa última etapa generalizamos a
relação encontrada na precedente, entre os fenômenos e fatos
semelhantes, muitos dos quais ainda não observamos (e muitos
inclusive inobserváveis).

A pesquisa é de caráter exploratório, que tem “como principal finalidade


desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e ideias, tendo em vista a formulação
de problemas mais precisos ou hipóteses pesquisáveis para estudos posteriores”
(GIL, 2008, p. 27), e descritivo que “[...] têm como objetivo primordial a descrição das
características de determinada população ou fenômeno ou, então, o
estabelecimento de relações entre variáveis” (GIL, 2002, p. 42) .
Gil (2002, p. 42), acrescenta que “as pesquisas descritivas são juntamente
com as exploratórias, as que habitualmente realizam os pesquisadores sociais
preocupados com a atuação prática”.
A pesquisa foi dividida em dois momentos: no primeiro, foi realizada descrição
histórica e conceitual através de revisão bibliográfica sobre os assuntos abordados.
No segundo, foi realizado o estudo de caso com os bibliotecários egressos do curso
de Biblioteconomia da UFRN. Dessa forma, a pesquisa pretende alcançar
conclusões acerca da percepção que o bibliotecário possui diante da grande
16

produção e disseminação de fake news (notícias falsas) no contexto profissional na


atualidade, por meio do estudo de um determinado grupo, que neste caso escolheu-
se um grupo de bibliotecários egressos do curso de Biblioteconomia da UFRN.
Ainda como técnica de pesquisa foi utilizada a coleta de informações sobre o
comportamento do bibliotecário egresso do curso de Biblioteconomia da UFRN,
através da aplicação de questionário como instrumento, composto por perguntas
fechadas e abertas.
Trata-se de amostra não-probabilística por conveniência que “é obtida quando
o acesso a informações não é tão simples ou os recursos forem limitados, assim o
pesquisador faz uso de dados que estão mais a seu alcance, é a chamada
amostragem por conveniência” (GUIMARÃES, 2008, p.15). Além disto, a amostra é
de caráter intencional, que de acordo com Gil (2002, p. 145) é um tipo de amostra
“em que os indivíduos são selecionados com base em certas características tidas
como relevantes pelos pesquisadores e participantes [...]”, pois os questionários
foram aplicados com bibliotecários que desempenham suas atividades em unidades
de informação diferentes (biblioteca, museu, arquivo, centro de documentação,
escola, universidade, empresa comercial e etc.).
Na pesquisa foi utilizado como instrumento de coleta de dados um
questionário contendo 19 questões, sendo 10 perguntas fechadas e 9 abertas.
Foram aplicados 8 (oito) questionários. Para tabulação dos dados das 10 perguntas
fechadas do questionário foi utilizado o programa da Microsoft Excel 2007, do pacote
Microsoft Office e para as 9 perguntas abertas foram realizadas análises e
interpretações das informações coletadas, tendo sua descrição ipsis litteris nas
respostas presentes no capítulo 5 do atual estudo.
Para preservar a identidade dos entrevistados, eles serão apresentados como
Entrevistado(a) 01, Entrevistado(a) 02, Entrevistado(a) 03, Entrevistado(a) 04,
Entrevistado(a) 05, Entrevistado(a) 06, Entrevistado(a) 07, Entrevistado(a) 08. Toda
a coleta de dados foi realizada através de questionários aplicados no período de 15
de março a 8 de abril do ano 2019.
17

2 SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO X SOCIEDADE DA DESINFORMAÇÃO

Falar a respeito de informação é um enorme desafio, pois diante do


desenvolvimento tecnológico a criação de informações e sua disseminação sofreram
grandes alterações com o passar do tempo, para Zeman (1970), a palavra
informação, vem do latim formatio, de representar, apresentar, criar uma ideia ou
noção ou dar forma, ou aparência, pôr em forma, formar alguma coisa.
Existem muitos conceitos de informação e eles se adaptam ao contexto e
área do conhecimento a que se referem, por exemplo, a visão sobre informação a
partir das ciências exatas é diferente da compreensão da informação a partir das
ciências sociais e humanas. Contudo, os conceitos apresentados no presente
estudo se moldam ao cenário das Ciências Sociais, em especial, da Biblioteconomia
e Ciência da Informação.
Capurro e Hjorland (2007, p. 187) dizem que “[...] informação é qualquer coisa
que é de importância na resposta a uma questão. Qualquer coisa pode ser
informação [...]”, acrescentaram ainda que “[...] com relação ao conceito de
informação, a implicação é que o que conta como informação - O que é informativo -
depende da questão a ser respondida. A mesma representação de um objeto (por
exemplo, uma pedra em um campo) contém diferentes informações para, digamos, o
arqueólogo ou um geólogo” (CAPURRO; HJORLAND, 2007, p. 187) e para Souza
(2002, p. 13), “informação é o fluir permanente do conhecimento”.
Pode-se dizer também que a informação é a capacidade de transformar
dados (brutos) em conteúdos informacionais internalizados que acrescentam e
contextualizam algo, dando sentido e significado. Segundo Silva e Gomes (2015, p.
148),
O caráter relacional do conceito de informação se dá em três níveis
básicos: o primeiro é de caráter semântico contemplando o conjunto
de significados em comum entre informação e outros termos; o
segundo é epistemológico e revela as diversas facetas histórico-
semânticas da informação, conforme as particularidades que são
situadas pelos estudiosos; o terceiro é de nível ontológico e define
que, embora a informação seja um conceito relacional, possui sua
dependência (e interdependência) semântica e epistemológica.

É notória a capacidade que as pessoas possuem em se comunicar e produzir


informações, com essa capacidade é possível permanecerem ligados, a fim de
alcançarem mudanças nos mais diversos aspectos, mas mesmo sendo uma
18

característica inata do homem a maneira que isso ocorre vem se modificando com o
passar do tempo,
A informação sintoniza o mundo. Como onda ou partícula, participa
na evolução e da revolução do homem em direção à sua história.
Como elemento organizador, a informação referencia o homem ao
seu destino; mesmo antes de seu nascimento, através de sua
identidade genética, e durante sua existência pela sua competência
em elaborar a informação para estabelecer a sua odisséia individual
no espaço e no tempo. A importância que a informação assumiu na
atualidade pós-industrial recoloca para o pensamento questões sobre
a sua natureza, seu conceito e os benefícios que pode trazer ao
indivíduo e no seu relacionamento com o mundo em que vive.
(BARRETO, 1994, p. 1).

Percebe-se o quanto a capacidade de comunicação e a produção de


informações beneficia os relacionamentos, a economia, a ciência, etc., entretanto, o
movimento evolutivo na comunicação humana e as formas de propagar informações,
sejam elas para qualquer propósito, tem causado além de crescimento,
independente a que se propõe, causa também muitos problemas e porque não dizer
em alguns contextos, regressão. Diante do exposto, é de grande valia acrescentar a
esta discussão os passos que toda esta evolução comunicacional e informacional
trouxe para a sociedade.
A sociedade da informação surgiu após o rompimento do paradigma da
sociedade pós-industrial do século XIX, quando a tecnologia era voltada para
produção industrial mecanizada e a matéria-prima era o aço, o metal. Com o
desenvolvimento da tecnologia, inicialmente na área da telefonia, novas formas de
produzir e disseminar informações foram criadas, que para Masuda (1982, p. 46) “na
Sociedade da informação, as principais indústrias serão as indústrias intelectuais,
cujo núcleo serão as indústrias do conhecimento”. Porém, para que a sociedade
chegasse ao patamar atual, muitas foram às nomenclaturas a ela dadas, como se
pode ver na citação a seguir:

Expressões como ''Aldeia Global'' (McLuhan, 1977), ''Sociedade


Pós–Industrial'' (Bell, 1973), ''Terceira Onda'' (Toffler, 1980),
''Sociedade do Conhecimento'' (Drucker, 1994), ''Sociedade Digital''
(Negroponte, 1995), ''Sociedade Aprendente'' (Assmann, 1999),
''Sociedade da Aprendizagem'' (Lévy, 1999), ''Sociedade em Rede''
(Castells, 1999), ''Sociedade da Informação'' (Takahashi, 2000) e,
mais recentemente, ''Sociedade Informacional'' (Castells, 2000), ''Era
da Informação'' (Castells, 2000) e ''Universo Coletivo de Inteligência
19

Compartilhada'' (Lévy, 2004) foram usadas para caracterizar a


sociedade. (SILVA; CORREIA; LIMA, 2010, p. 5).

Para tanto, a sociedade da informação consiste na convergência dos


sistemas de comunicação, tecnologias da informação e crescimento das redes
integradas. “O paradigma dessa sociedade deriva de um processo social de
desenvolvimento científico e tecnológico, gerando consequências técnicas, sociais,
culturais, políticas e econômicas que são cumulativas e irreversíveis” (SILVA;
CORREIA; LIMA, 2010, p. 6). A informação é vista como um novo centro, uma nova
matéria-prima ou mesmo uma mercadoria, ou seja, um produto, um bem negociável
em meio a sociedade capitalista.
Logo, a produção e a troca de informação estão diretamente ligadas com
atividades econômicas e sociais, principalmente, como Castro e Ribeiro (1997, p.
19) reiteram, “estamos vivendo um novo ciclo de construção do conhecimento, que
assume o valor de mercadoria, obedecendo as leis de oferta e procura”. Além disso,
é importante acrescentar como esta comunicação se faz presente como meio de
interação entre os indivíduos. O boom1 informacional foi de certa forma considerada
um avanço para a humanidade em vários aspectos (econômicos, educacionais,
tecnológicos e etc.), porém a relação ainda é o de produção e consumo da
informação.
No entanto, concomitante a esta realidade está a Sociedade da
Desinformação, que está em constante movimento, pois com toda essa produção
desenfreada de conteúdos, encontra-se a incapacidade de seleção, avaliação e
compreensão dos indivíduos sobre as informações. O acesso mais facilitado pelas
tecnologias da informação e comunicação não possibilitou o desenvolvimento pleno
da sociedade em uma direção da igualdade, liberdade e fraternidade entre os povos.
Castro e Ribeiro (1997, p. 21) dizem que “ao lado da Sociedade da
informação, há sem dúvida outra - a Sociedade da desinformação - que pouco é
retratada, porque aquela esconde esta”, desta forma, é imprescindível falar da
Sociedade da Informação, porém é impossível não perceber em paralelo, outra
realidade informacional, o da Sociedade da Desinformação.
O termo Sociedade da Desinformação se valida quando se constata que
mesmo com tanto desenvolvimento tecnológico e a rapidez na comunicação, se

1 Boom informacional é o mesmo que "explosão da informação" técnico-científica.


20

causa mais danos do que benefícios. Mesmo na era da globalização, a comunicação


pode ser malsucedida e utilizada de modo irresponsável por alguns indivíduos ou
grupos sociais interessados na própria desinformação. Para Francisco (2004, [p. 5])
“por mais que esteja armada por um poderoso arsenal de tecnologias de informação,
uma sociedade que produz uma legião de analfabetos funcionais é uma sociedade
da desinformação”. Ainda de acordo com Castro e Ribeiro (1997, p. 22) é importante
destacar:

A relação sociedade da informação/desinformação, nos alcança


cotidianamente nas ruas nas praças públicas, nas conversas de bar
e, contrariamente nas universidades. De um lado, encontramos
cientistas que descrevem com propriedade as mais recentes
descobertas nos campos da biogenética, da física, da cibernética e
em direção contrária, pessoas que não sabem sequer decifrar o
código escrito (CASTRO; RIBEIRO, 1997, p. 22).

Duarte (2018, p. 69) acrescenta que “essa sociedade da desinformação é


facilmente manipulável, coagida e incentivada a permanecer em seu status quo2
para a manutenção do poder, que muitas vezes não visa ao interesse das minorias”.
Contudo, há um paralelo entre as duas sociedades, pois ao mesmo tempo em que
um grupo usufrui dos avanços tecnológicos e informacionais, grande parte da
sociedade amarga a falta de preparação intelectual e de condições econômicas para
ter acesso aos conhecimentos que a evolução informacional deveria proporcionar a
todos sem fazer nenhuma distinção.
Diante disso, fica cada vez mais difícil esta sociedade alcançar sua
emancipação, pois “o acesso e os recursos informacionais são fatores fundamentais
para o desenvolvimento social, cultural e econômico de um país” (DUARTE, 2018, p.
69). Leite e Matos (2017) destacam ainda que,

[...] a atual emergência do fenômeno da desinformação sugere que


atividades usuais como a própria leitura e interpretação tenham
perdido parte de seu poder de criticidade, gerando uma mecanização
no comportamento dos indivíduos acerca da informação, de modo
que acabam se comportando como propagadores de uma onda de
‘poluição informacional’. (LEITE; MATOS, 2017, p. 2336).

2Status quo é uma expressão do latim que significa “estado atual”. Disponível em:
https://www.significados.com.br/status-quo/. Acesso em: 06 jun. 2019.
21

Diante de tudo isto, é evidente que a sociedade continua refém de seus


governantes, dando abertura para mazelas sociais que causam mais destruição do
que crescimento. Portanto, é de suma importância evidenciar as principais
características da Sociedade da Informação e da Sociedade da Desinformação,
como mostra o quadro a seguir:

Quadro 1 - Principais características da Sociedade da Informação e Sociedade da


Desinformação

SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO SOCIEDADE DA DESINFORMAÇÃO

Avanço tecnológico Analfabetismo funcional

Produção intensa de informação Pensamento acrítico

Informação como mercadoria Incapacidade de discernimento


informacional

Inteligência humana aliada à inteligência Exclusão social, digital, informacional e


artificial política

Uso da TIC Fácil manipulação de informações

Fonte: Elaborado pela autora, 2019.

Com base nestes esclarecimentos faz-se necessário dar continuidade ao


estudo. A partir disto, no próximo capítulo, será apresentado o conceito de fake
news, características, tipos e ações realizadas por instituições para auxiliar na
identificação e no combate a disseminação de notícias falsas.
22

3 FAKE NEWS: NOTÍCIAS FALSAS QUE PARECEM VERDADEIRAS

As notícias falsas existem desde a antiguidade, há relatos de que


imperadores romanos as usavam para demonizar estrangeiros a fim de conseguir
apoio da população nativa (MATTA, 2019). Elas também estavam presentes no
Nazismo quando o governo de Adolf Hitler precisou disseminar falsas ideias através
de notícias mentirosas para conseguir o apoio popular. A partir desses dois
exemplos da presença das fake news em épocas diferentes percebe-se que esta
prática comunicacional existe há muito tempo, Rais (2017)3 reitera que: “[...] não é
uma novidade na sociedade, mas a escala em que pode ser produzida e difundida é
que a eleva em nova categoria, poluindo e colocando em xeque todas as demais
notícias”, no entanto, perpassou até os dias atuais, contudo, o acesso à internet e às
mídias sociais contribuíram para o aumento desta prática, logo, os danos continuam
muitas vezes imensuráveis.
Este fenômeno interfere no processo de comunicação e causa grandes
transtornos na capacidade de lucidez e de discernimento entre os pontos decisórios
e informacionais na sociedade contemporânea, Bucci (2018)4 diz que, não se trata
de uma simples questão de calúnia ou maldade. As fake news afetam em processos
decisórios nas democracias de diversos países. As fake news, termo mais conhecido
atualmente, são atos de criar informações fraudulentas e duvidosas, de forma não
sustentável, seu principal objetivo é obter vantagens, principalmente, política e/ou
econômica.
Segundo Maia; Furnival; Martinez (2018, p. 1984),

As fake news ou notícias falsas consistem em informações –


desinformações – que circulam livremente em diferentes meios de
comunicação como se fossem verdadeiras. A dificuldade em
identificar e combater as fake news está na velocidade com que elas
se espalham, pois, geralmente, a disseminação é feita de forma
automática, por meio de robôs (bots), o que dificulta
consideravelmente seu rastreamento.

3Documento eletrônico não paginado. Disponível em:


https://www.mackenzie.br/fakenews/noticias/arquivo/n/a/i/o-que-e-fake-news/. Acesso em: 29 nov.
2018.
4Documento eletrônico não paginado. Disponível em:

http://www.fundacaoastrojildo.com.br/2015/2018/03/15/eugenio-bucci/. Acesso em: 10 maio 2019.


23

Identificar uma notícia falsa nem sempre é fácil, mas depois da realização de
diversos estudos sobre o fenômeno foi possível a realização de um mapeamento
para observar e listar algumas características. “As fake news podem vir disfarçadas
de brincadeiras aparentemente inocentes, de memes divertidos, notícias fora do
contexto, de títulos que não estão de acordo com a matéria [...]” (MATTA, 2019, p.
8). As informações fraudulentas e sensacionalistas são compartilhadas seis vezes
mais do que as informações com manchetes ditas “normais”.
De acordo com a pesquisa realizada pelo Instituto de Tecnologia de
Massachusetts publicada na Revista Science em 2019,

[...] revela que as notícias falsas têm setenta por cento mais chances
de serem visualizadas do que as verdadeiras, ganhando audiência e
influenciando com mais rapidez. Ajuda a explicar o surgimento dos
‘Caçadores de cliques’. (MATTA, 2019, p. 8).

Durante as eleições americanas, o termo fake news se tornou visível


mundialmente com a difícil relação entre os jornalistas e o atual presidente Donald
Trump. Outro assunto que também ajudou a expor a força do referido fenômeno, foi
o Referendo do Brexit5, ambos acontecimentos ocorreram no ano de 2016. A
produção desenfreada de notícias falsas desgasta principalmente, o campo
jornalístico, por ser considerado, sobretudo, o meio mais tradicional em veiculação
de notícias, por isso a United Nations Educational, Scientificand Cultural
Organization (UNESCO) publicou em setembro de 2018, o manual: Journalism,
‘Fake news’ & Disinformation6, para servir de modelo de conduta essencial para os
profissionais da área de comunicação,

Escrito por especialistas na luta contra a desinformação, este manual


explora a natureza do jornalismo com módulos sobre por que a
confiança é importante; pensar criticamente sobre como a tecnologia
digital e as plataformas sociais são canais do distúrbio da
informação; lutando contra a desinformação e a desinformação
através da alfabetização midiática e informacional; verificação de
fatos 101; verificação de mídia social e combate ao abuso online.
(UNESCO, 2018).

5Brexit é a abreviação de Britain Exit, uma expressão inglesa que significa “saída britânica”, na
tradução literal para o português. Este termo se refere ao plano que prevê a saída do Reino Unido da
União Europeia.
6Documento disponível em: http://unesdoc.unesco.org/images/0026/002655/265552E.pdf. Acesso em:

10 nov. 2018.
24

Nas eleições de 2018, o Brasil seguiu o mesmo percurso que os países


anteriormente citados: o da desinformação, através da produção desenfreada de
fake news. Principalmente, na eleição do cargo para presidente, o povo brasileiro foi
vítima da criação e da disseminação de fake news impulsionadas por robôs em
redes sociais. Conforme a jornalista Fernanda Trisotto, 2018,

A corrida presidencial de 2018 tem uma marca inegável: as fake


news se espalharam como fogo no mato seco. Houve muitos tipos de
boatos, com gradações do nível de absurdo. De ofensas pessoais
contra os candidatos e seus familiares às denúncias de fraude no
processo eleitoral, não houve quem escapasse ileso – muito menos o
eleitor. E tudo isso impactou nas campanhas: tanto Fernando
Haddad (PT) quanto Jair Bolsonaro (PSL) recorreram à justiça com
queixas variadas sobre fake news. (JORNAL GAZETA DO POVO,
2018)7.

A campanha eleitoral dos principais candidatos foi marcada pela


desinformação e pela falta de respeito com e entre os eleitores, que como “presas
fáceis” caíram perfeitamente em um jogo de informações enganosas, o que afasta o
exercício limpo da democracia. No meio dessa guerra de notícias mentirosas os
candidatos e suas equipes tiveram que se adaptar ao atual contexto e criaram uma
força tarefa com a finalidade de verificar e esclarecer todas as informações que
foram veiculadas com seus devidos nomes. O próprio Tribunal Superior Eleitoral
(TSE) manifestou repúdio a criação e propagação de notícias falsas, clamando pelo
compartilhamento consciente e responsável de mensagens nas redes sociais. Foi
criada inclusive uma página na internet com informações e esclarecimentos sobre as
informações falsas veiculadas nas eleições de 20188.
Além disso, ocorreu a coalizão de 24 veículos de mídia para criar o site
Comprova9 com o intuito de verificar todas as possíveis notícias falsas e explicar
porque elas são incorretas relacionadas aos candidatos durante todos os dias, até o
fim das eleições. Todavia, cumpre ressaltar, que a produção e divulgação de fake
news não cessaram com o fim das eleições, e não se circunscreve apenas ao
campo da política.

7Jornal Gazeta do povo. Disponível em: https://especiais.gazetadopovo.com.br/eleicoes/2018/eleicao-


das-fake-news-mentiras-que-te-contaram-e-os-impactos-na-campanha/. Acesso em: 10 abr. 2019.
8Site com os vídeos informativos do TSE. Disponível em:
http://www.tse.jus.br/hotsites/esclarecimentos-informacoes-falsas-eleicoes-2018/. Acesso em: 05 abr.
2019.
9Jornalismo colaborativo contra a Desinformação. Disponível em: https://projetocomprova.com.br/.

Acesso em: 20 abr. 2019.


25

Figura 1 - Um monstro chamado Fake news

Fonte: Cazo, 2018. Disponível em:


https://www.humorpolitico.com.br/tag/fake-news/.
Acesso em: 08 abr. 2019.

E como dito anteriormente, as fake news não atingem apenas o campo da


política, mas os outros âmbitos da vida pública, como a saúde, educação, segurança
pública. Por exemplo, no contexto da saúde pública mundial, quando propagadas
informações sobre o mal que certas vacinas estavam causando às pessoas. Isto fez
com que boa parte da população colocasse em risco sua saúde, por deixarem de
serem vacinadas, simplesmente, por não saber lidar e apurar as informações como
estas que são de grande importância.
Segundo a reportagem "Epidemia da ignorância" publicada na Revista
Galileu em 2019, um surto de sarampo está sendo causado, principalmente, pela
disseminação de informações falsas em todo o mundo, de acordo com o médico
infectologista Jean Gorinchteyn:

A Unicef10, num trabalho recente, afirmou que 10 países representam


74% dos casos de sarampo no mundo. O Brasil é o terceiro no
ranking, atrás da Ucrânia e das Filipinas. Pelo fato de o Brasil ter
conseguido, em 2016, o certificado de erradicação do sarampo,
muita gente acha que não precisa vacinar. Somam-se notícias falsas
que espalham medo, dizendo que quem toma vacina corre risco de

10United Nations Children's Fund. Disponível em: https://www.unicef.org/. Acesso em: 01 maio 2019.
26

desenvolver a doença ou complicações graves, o que acaba


desestimulando os pais. (REVISTA GALILEU, 2019, p. 30).

As notícias falsas estão sendo propagadas em todo planeta com a finalidade


de confundir e causar o caos também na saúde das crianças e adultos. Gorinchteyn,
2019, acrescenta que, ”Seguramente, só a desinformação faz com que as pessoas
não se vacinem”, esta é a maior causa de toda confusão, ele acrescenta ainda
explicitando que "Em rockland e no Brooklin propaganda antivacina - baseada em
fake news - que fala de vírus vivos de animais (de insetos a porcos) e risco de
doenças cerebrais” (REVISTA GALILEU 2019, p. 31).

Figura 2 - Capa da Revista Galileu

Fonte: Revista Galileu, 2019.

No Brasil, não é diferente, o surto de sarampo assola a população, com


10.326 casos confirmados de sarampo em 2018 (Organização Mundial de Saúde -
OMS), motivo de grande preocupação para o Ministério da Saúde, pois o país
recebeu da UNICEF em 2016, a declaração de erradicação da doença. Na rede de
saúde brasileira, também ficaram conhecidas declarações de Olavo de Carvalho11
sobre vacinas, em 2016, o mesmo publicou: "o falecido Dr. Carlos Armando de

11Formado em Filosofia, ensaísta, jornalista e astrólogo brasileiro. Disponível em:


https://www.ebiografia.com/olavo_de_carvalho/. Acesso em: 01 maio 2019.
27

Moura Ribeiro dizia explicitamente: 'vacinas matam ou endoidam. Nunca dê uma a


um filho seu. Se houver algum problema vem aqui que eu resolvo.'" (REVISTA
GALILEU, 2019, p. 31), para o médico infectologista Jean Gorinchteyn do Instituto
Emílio Ribas, em São Paulo, "no Brasil, não falta vacina, que consegue chegar ao
ponto mais remoto da Amazônia", conta, “o mais difícil é combater a ignorância”
(REVISTA GALILEU, 2019, p. 31).
Outro exemplo brasileiro de combate às fake news na área da saúde, foi a
campanha que o SESC realizou contra a disseminação de informações falsas, no
verão de 2018/2019, que colocam em risco a prevenção das doenças causadas pelo
mosquito aedes aegypti. A instituição combateu a onda de informações danosas a
saúde pública com as campanhas “Verão sem o Aedes aegypti: com as informações
certas você fica livre do mosquito e das doenças que ele carrega”12 e “Febre
Amarela: não abra mão da sua saúde por conta de um boato”13, foram
compartilhadas no Facebook, usando as redes sociais como difusora de
informações verídicas e cientificamente comprovadas, com a finalidade de
esclarecer e evitar a proliferação do mosquito e, consequentemente, das doenças
causadas por ele.

12Disponível em: http://www.sesc.com.br/portal/noticias/saude/febre+amarela+-


+fake+ou+fato?utm_source=fb&utm_campaign=febreamalera2&fbclid=IwAR1NKKnrY6KOuE2H21vfo
2IjtSrKGQmLgP-oPk-h1NBVxt2Fdvr4yZU8YpY. Acesso em: 05 maio 2019.
13Disponível em:

http://www.sesc.com.br/portal/noticias/saude/verao+sem+o+aedes+aegypti?fbclid=IwAR35tmCP9PQg
e0UJaA0qKq0VzpjzxUh9n_ECtijkFetxcZLk0LQrRXiKUhA. Acesso em: 05 maio 2019.
28

Figura 3 - Campanha de combate às Fake


news do SESC

Fonte: Sesc Nacional, 2019.

O Ministério da Saúde brasileiro criou um canal de comunicação com a


população via WhatsApp para combater as notícias falsas. O canal tem como
propósito disponibilizar informações sobre qualquer dúvida que as pessoas tenham
com relação às informações duvidosas, os mesmos poderão falar com especialistas
da saúde para perguntar sobre tais informações e obterem assim, as informações
verídicas. De acordo com o diretor de Comunicação Social do Ministério da Saúde,
Ugo Braga,

As notícias falsas, ou Fake news como estão sendo mais


conhecidas, são uma praga da modernidade. Vem sendo usadas de
toda forma para manipular, enganar, iludir, prejudicar. No caso da
saúde, é muito mais grave, porque a notícia falsa mata. Então, o
novo canal do Ministério da Saúde chega para servir como uma nova
e poderosa camada de segurança na informação sobre saúde
pública, com a vantagem de ter sido criada especificamente para o
WhatsApp, que é o principal veículo de transmissão das notícias
falsas. (Site do Ministério da Saúde, 2019)14.

14Ministério da Saúde: http://portalms.saude.gov.br/noticias/agencia-saude/44139-ministerio-da-


saude-lanca-servico-de-combate-a-fake-news. Acesso em: 19 abr. 2019.
29

Figura 4 - Saúde sem Fake news - MinSaúde

Fonte: Site do Ministério da Saúde, 2019. Disponível


em: http://www.saude.gov.br/fakenews. Acesso em: 19
abr. 2019.

Infelizmente, as fake news estão presentes em outras áreas e são tão


danosas quanto no contexto da política e da saúde pública, para tanto, criou-se um
quadro baseado nas informações disponibilizadas no site “Observatório Fake news”,
que foi criado a partir do projeto de iniciação científica da Escola de Ciência da
Informação da UFMG. O quadro 2 apresenta as principais áreas que são
desestabilizadas pela produção de notícias falsas:
30

Quadro 2 - Principais categorias de divulgação de Fake news


Possui como principal foco causar a manipulação
Política de notícias que difamam adversários e criam
situações de pós-verdade.
Tem por objetivo causar alarde na população
Saúde sobre remédios, vacinas e/ou epidemias que
supostamente colocam a população em risco.
Neste contexto as notícias falsas apresentam
autores “cientistas” que desenvolvem trabalhos
Ciência e Tecnologia
rudimentares e podem revolucionar a humanidade
com suas invenções.
Seguimento mais utilizado para disseminação de
fake news, consiste em difamar, especular e
Entretenimento
associar informações fraudulentas a pessoas
famosas.
Essas fake news tentam enganar as pessoas com
base no que há de diferente na religião do outro
Religião
(Islamismo, Candomblé, Umbanda, Espiritismo,
Budismo, Cristianismo e outras crenças).
Consistem em relatos positivos ou negativos
(manipulados) sobre produtos. Tendem a viralizar
Propagandas/Golpes
facilmente pela familiaridade que denotam ao
leitor.
Fonte: Observatório Fake news.
Disponível em: http://observatoriofakenews.eci.ufmg.br/categoria/. Acesso em: 10 maio 2019.

Percebe-se que é cada vez mais importante criar o hábito de verificar as


informações recebidas antes de repassá-las, pois só com o combate a ignorância
associada ao uso de ferramentas - as mesmas que são usadas na produção de
falsas informações - que a tecnologia desenvolvida proporciona, será possível o
controle das notícias falsas.
Diante disso, é de suma importância acrescentar a esta exposição uma lista
de sites nacionais e internacionais que investigam as fake news na rede a fim de
elucidá-las e expô-las novamente com as devidas confirmações ou refutações. O
quadro 3 reúne os principais sites que combatem estas informações fraudulentas:
31

Quadro 3 - Lista de sites nacionais e internacionais que investigam Fake news


disseminadas na internet
Foi criada em 2015, é a primeira agência de notícias no Brasil a
se especializar em Fact-Checking16. São ofertados pela
organização, serviços como a análise e correção das informações
encontradas em noticiários e outros meios de comunicação.
Agência Lupa15
Estas análises são publicadas no site da agência e vendidas para
outros veículos de comunicação. A Lupa também promove um
programa de treinamento e capacitação nas noções básicas de
fact-checking.
Fundado em 2013, pelo jornalista Edgard Matsuki. Existe em uma
versão em espanhol chamada Hablillas.org, nos mesmos moldes
do Boatos.org. Foi criado como forma de atender um maior
número de usuários e dessa forma pode apresentar notícias que
Boatos.org17
podem vir a ser mais relevante para outros países da América
Latina.Grande parte de seu conteúdo provém de material viral
como boatos e hoax18 que se popularizam em variadas redes
sociais.
Criado em 2002 por Gilmar Lopes, com o intuito de desmitificar
as histórias popularmente compartilhadas na Internet de uma
E-farsas19 forma acessível à todos. Seu conteúdo em sua maioria vem de
recomendações de seus internautas que em sua maioria pedem
uma avaliação de histórias virais que circulam pela rede.
É um aplicativo que busca uma forma de Fact-cheking em tempo
real e com uma avaliação feita de forma imparcial. A Inteligência
Artificial do aplicativo seleciona notícias de mais de 10.000
portais de notícias e repassa a informação para os usuários que
se encontram nas proximidades do evento relatado, para que os
Ground20
mesmos possam relatar a veracidade da notícia e colocar
comentários corrigindo-a. O aplicativo também permite que os
próprios usuários noticiem eventos com fotos e vídeos, que
também são repassados para outros usuários próximos avaliarem
a credibilidade.
Criado em 2015 pela Ponyter, como um setor em que fosse
possível o desenvolvimento do Fact-Checking, permitindo o
Internationalfact-
compartilhamento e a promoção de práticas e conhecimentos no
checking
campo. Em 2018, conta com cerca de 50 organizações por todo o
network21
planeta que seguem à risca seu código de conduta e divulgam a
importância de checar a veracidade dos fatos.
Politifact22 Politifact começou em 2007, mas em 2018 foi transferida para a
empresa Ponyter, com o objetivo de se tornar completamente

15Disponível em: https://piaui.folha.uol.com.br/lupa/


16O fact-checking é uma checagem de fatos, isto é, um confrontamento de histórias com dados,
pesquisas e registros. Ele é uma forma de qualificar o debate público por meio da apuração
jornalística. De checar qual é o grau de verdade das informações. Disponível em:
https://apublica.org/2017/06/truco-o-que-e-fact-checking/
17Disponível em: https://www.boatos.org/
18O hoax, como é chamado qualquer boato ou farsa na Internet. Disponível em:
https://www.techtudo.com.br/artigos/noticia/2013/05/o-que-e-hoax-e-como-fugir-das-farsas-da-
internet.html
19Disponível em: http://www.e-farsas.com/
20Disponível em: https://ground.news/
21Disponível em: https://www.poynter.org/channels/fact-checking/
22Disponível em: https://www.politifact.com/truth-o-meter/
32

uma organização sem fins lucrativos. Inicialmente tinha seu


financiamento pelo Tampa Bay Times, após mudança de domínio
para Ponyter se sustentam com receita gerada por parceiros de
conteúdo, publicidade online e doações.
Criou sites parceiros como o Politifact Florida, que foca nas
notícias do estado e o Pundifact checa as afirmações de
apresentadores influentes da mídia, sendo estudiosos no assunto
ou não.
É um site criado em 1994 por David Mikkelson, como uma forma
de investigar lendas urbanas e com o tempo adotou e ajudou a
Snopes23 formar as técnicas de fact-checking usadas atualmente. O site é
referência de pesquisa para interessados em rumores, hoaxes e
assuntos relacionados.
Fonte: Observatório Fake news, 2019.
Disponível em: http://observatoriofakenews.eci.ufmg.br/investigadores/. Acesso em: 10 maio
2019.

Em paralelo às ações na presente pesquisa, precisa-se prosseguir a


discussão apresentando as manifestações norteadoras para a sociedade,
elaboradas pela International Federation of Library Associations and Institutions
(IFLA). De acordo com a “Declaração da IFLA sobre notícias falsas”24, publicada em
agosto de 2018, a mesma “contém recomendações para governos e bibliotecas e
será acompanhada por um conjunto de ferramentas de recursos” (IFLA, 2018). O
documento apresenta o posicionamento da instituição frente ao combate às notícias
fraudulentas.
Além da declaração, a IFLA elaborou um infográfico traduzido para mais de
quarenta línguas, com oito passos simples que norteia a identificação de
informações falsas, com isso, construiu um poderoso instrumento que poderá ser
usado por todos no combate a desinformação. No site a instituição orienta que todos
baixem o infográfico para fim de divulgação, principalmente, os bibliotecários e que
possam utilizar nas unidades de informação em que atuam. Segue o infográfico na
figura abaixo:

23Disponível em: https://www.snopes.com/


24Disponível em: https://www.ifla.org/files/assets/faife/statements/ifla-statement-on-fake-news-es.pdf.
33

Figura 5 - Infográfico criado pela IFLA: oito passos para


identificar uma Fake news

Fonte: IFLA, 2018. Disponível em:


https://www.ifla.org/publications/node/11174. Acesso em: 10 maio
2019.

A partir de todas estas manifestações oficiais de combate às notícias falsas


e seus resultados, percebe-se que os profissionais da informação as usaram como
instruções norteadoras para a elaboração de suas próprias contribuições no
combate as informações falsas nas comunidades em que atuam, a exemplo disto,
está a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), que criou em novembro de
2018 a primeira edição do curso “Confiabilidade informacional e combate à
34

desinformação”25, com o objetivo de capacitar os servidores da Biblioteca


universitária. O curso orientou os servidores para que saibam lidar com as novas
demandas do ambiente digital e atualizar o seu campo de atuação enquanto
profissionais da informação.
No capítulo seguinte, será mostrado como os bibliotecários, através de suas
competências, podem contribuir para a inibição das pós-verdades causadas pelas
fake news na sociedade.

25Disponível em: https://noticias.ufsc.br/2018/11/biblioteca-universitaria-da-ufsc-lanca-acoes-de-


combate-a-desinformacao/. Acesso em: 20 maio 2019.
35

4 COMPETÊNCIAS NECESSÁRIAS AO BIBLIOTECÁRIO NA ERA DA PÓS-


VERDADE

Junto ao termo fake news, temos o vocábulo "pós-verdade", que foi eleita a
palavra do ano em 2016 pelo dicionário Oxford, “post-truth” foi definida como "a ideia
de que um fato concreto tem menos significância ou influência do que apelos à
emoção e a crenças pessoais” (Dicionário Oxford, 2016). O critério de avaliação é
individual, o sujeito mede a informação por ele recebida com a métrica do que
acredita e aceita sobre o que está sendo dito e a toma como verdade absoluta. É
necessário acrescentar ainda, que:

A pós-verdade reside precisamente em descaracterizar a relação


entre o verdadeiro e o falso e desfigurar uma relação entre o não-
senso de sentido (elementos de intervenção/ interferência subjetiva e
recepção) e o não-senso de significado (representação mental
significa) que se firmam na relação de exclusão entre o que seria
verdadeiro ou falso, conforme as evidências ideológicas e convicções
psíquicas. (SILVA, 2018, p. 4).

Esse fenômeno mostra o comportamento de pessoas que não estão


interessadas em conhecer a realidade, principalmente, quando as verdades ditas as
deixam desconfortáveis e assim, preferem se enganar, escolhendo não comparar os
fatos, com a intenção de ignorar a verdade. Como bem ilustra a imagem a seguir:

Figura 6 - Pós-verdades como mentiras confortáveis

Fonte: Disponível em:


http://trajetoriasempreendedoras.blogspot.com/2017/04/christian-dunker-pos-
verdade-e-o-futuro.html. Acesso em: 04 jun. 2019.
36

Desse modo, este tipo de comportamento tomou uma proporção grandiosa,


os avanços tecnológicos e a criação das mídias sociais possibilitaram a propagação
rápida e em massa de notícias adaptadas a necessidade de grupos pré-
determinados para diversos fins.

Figura 7 - Pessoas usadas como fantoche na


era da pós-verdade

Fonte: Disponível em: https://encurtador.com.br/cwBVZ.


Acesso em: 10 maio 2019.

A internet tornou o veículo mais usado para essa prática, contudo, a maior
contribuição para a fabricação e disseminação de notícias que causam pós-
verdades são as necessidades relativas e individuais de quem as disseminam e de
quem nelas acreditam, recebem como legítimo sem antes investigar sua
procedência, simplesmente por ser conveniente. Nas palavras do historiador
Leandro Karnal, a pós-verdade é uma “seleção afetiva de identidade”, através da
qual os seres se identificam com as notícias que melhor se encaixam aos seus
conceitos. Segundo Monteiro Filho, a pós-verdade ocorre quando,

[...] tendemos ignorar fatos/dados/eventos…que obriguem pensar


como esforço adicional, torna as convicções mais facilmente aceitas
e assim, ocupam espaço de evidências/provas de domínio do fatos;
são convicções construídas na repetição exaustiva/massiva de
percepções individuais/corporativas pela mídia, em propagandas
37

repetidas em que assim se crê, ou se substitui-se fatos por indícios;


[...] troca-se dicotomias tradicionais: certo/errado, crível/incrível,
bom/mau, justo/injusto, fatos/versões, verdades/mentiras… entrando
em avaliações incertas, terminologias vazias/vagas, juízos com base
em sensações/intuições/interesses/benefícios próprios… do que em
evidências/fenômenos/fatos… reais, onde o presumível/provável/
plausível ganha mais peso que comprovações, pesquisas, provas
[…] (MONTEIRO FILHO, 2016, p. 13)

É perfeitamente possível que as fake news deem origem a pós-verdade, pois,


independente das suas motivações, são mentiras criadas estrategicamente, ou seja,
informações ilegítimas que não condizem com a realidade, moldadas para induzir
uma reação lucrativa sobre determinado assunto, mesmo assim, fica muito fácil
confundir o significado de pós-verdade com o de fake news.

Figura 8 - Pós-verdade: a informação preferida

Fonte: Disponível em: https://encurtador.com.br/anOTV. Acesso em: 10 maio


2019.

Diante da discussão, infere-se que além dos benefícios, avanços e conquistas


que o desenvolvimento tecnológico nos trouxe, também se alcançou um grande
nível de problemas de relacionamento, isso não apenas nas relações pessoais, mas
também nas áreas econômicas, religiosas, culturais, políticas e etc.
A era da pós-verdade revela que a maioria das pessoas ainda não sabe se
comunicar, pior que isso, não consegue distinguir uma informação falsa de uma
verdadeira e diante deste paradigma existe o profissional da informação que além de
poder auxiliar os usuários, precisam continuar aprendendo e adquirindo novas
competências profissionais. Competências e habilidades essas, que o bibliotecário
38

precisa desenvolver constantemente para suprir a demanda e os desafios


informacionais da sociedade da informação/desinformação.

4.1 O bibliotecário como aliado no combate às fake news e a desinformação

Com a criação do curso de Biblioteconomia no Brasil, a partir do decreto


8.835 no Rio de Janeiro em 1911, inicialmente o objetivo do curso era “atender às
exigências institucionais, sendo as aulas ministradas pelos diretores de cada seção,
em número de quatro” (OLIVEIRA; CARVALHO; SOUZA, 2009, p. 14). No entanto, o
curso não conseguiu atrair nenhum candidato e foi cancelado, retornando no ano de
1915 com vinte e sete alunos, possuindo influência francesa em seu ensino, com
ênfase humanística. Em 1929 o curso de Biblioteconomia foi criado em São Paulo,
que por sua vez sofreu influência norte-americana, se caracterizando como uma
área profissional com práticas tecnicistas, marcando uma outra influência.
As adaptações contínuas no currículo do curso de Biblioteconomia no país se
fizeram necessárias, tanto que no ano de 1962 estabeleceu-se outro currículo para
os cursos, confluindo o lado humanístico e tecnicista da área. Neste ano ainda o
exercício profissional e legal do bibliotecário foi regulamentado a partir da Lei 4.084,
o que exige certificado de conclusão do curso de nível superior de bacharel em
Biblioteconomia. Vinte anos depois, em 1982, entrou em vigência outro currículo
mínimo para os cursos de Biblioteconomia brasileiros, desde a Lei de diretrizes e
bases da educação nacional (LDB), em 1996, os cursos nacionais a partir das
diretrizes curriculares nacionais26 são baseados no desenvolvimento de
competências gerais e específicas, e não mais na lógica do currículo mínimo
(OLIVEIRA; CARVALHO; SOUZA, 2009, p. 14).
Antes de refletirmos sobre as competências profissionais dos bibliotecários,
se faz necessário apresentar o conceito de competência no contexto mais geral, que
segundo Chiavenato (2004, p. 3) são “[...] qualidades distintas de quem é capaz de
analisar uma situação, apresentar soluções e resolver assuntos ou problemas. – ‘o
seu capital intelectual, é a sua maior riqueza’”.
No contexto das competências biblioteconômicas, os profissionais agregaram
a seu currículo mais responsabilidades, pois a necessidade de acompanhar a

26As Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Biblioteconomia aprovada em 2001. Disponível


em: http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/CES0492.pdf. Acesso em: 25 maio 2019.
39

evolução tecnológica e a crescente produção informacional acarretou no aumento da


demanda e automaticamente, as habilidades do profissional da informação tiveram
que ser adaptadas a este cenário, que fica “claro que o profissional da informação
precisa ter um conjunto de conhecimentos e saberes de diferentes domínios para
aplicá-los a uma atividade específica em bibliotecas e serviços de informação, o que
não é possível encontrar em uma só disciplina” (LINE, 1998, p. 46). Pode-se
acrescentar ainda que,

É muito importante que o profissional da informação demonstre


possuir capacidades relacionadas à comunicação, à pedagogia, além
de uma formação específica voltada para a gestão de coleções e
conteúdos. (AROT, 2002, p. 5)

É de suma importância acrescentar a esta discussão, as competências


informacionais coletadas pela OP I-D27 e elencadas no relatório que pontuou as
competências que os profissionais da informação desempenhavam há mais de uma
década e as competências que seriam as necessárias nos dias atuais, mas que na
época da elaboração do relatório, eram tidas como as competências do futuro.
Como mostra o quadro a seguir:

Quadro 4 - Competências mais importantes segundo o relatório elaborado pelo


Observatório da Profissão da Informação-Documentação (OP I-D)

COMPETÊNCIAS ATUAIS COMPETÊNCIAS FUTURAS

Relacionamento com utilizadores e


Pesquisa de informação
clientes

Relacionamento com utilizadores e


Pesquisa de informação
clientes

Compreensão do meio profissional Tecnologias de informação e comunicação

Comunicação interpessoal Gestão de conteúdos e conhecimentos

Gestão de conteúdos e conhecimentos Formação e ações pedagógicas

27Relatório produzido pelo Observatório da Profissão de Informação-Documentação. Disponível em:


http://apdis.pt/newwebsite/wp-content/uploads/2015/02/REL-ID-2006.pdf. Acesso em: 18 maio 2019.
40

Tecnologias da informação e
Compreensão do meio profissional
comunicação

Identificação e validação das fontes de Identificação e validação das fontes de


informação informação

Gestão global da informação Comunicação interpessoal

Comunicação institucional Tecnologias da Internet

Formação e ações pedagógicas Comunicação pela informática

Fonte: OP I-D (2006)


Disponível em: http://apdis.pt/newwebsite/wp-content/uploads/2015/02/REL-ID-2006.pdf.
Acesso em:18 maio 2019.

Como visto anteriormente, o bibliotecário precisa desenvolver diversas


atividades no decorrer de sua profissão, independente do meio em que atua ou para
o perfil da comunidade que serve, estas competências são divididas em grupos
como se apresenta a seguir:

Grupo I – Informação - Considerado o “coração da profissão”, agrupa


domínios de competências que qualquer bibliotecário deve possuir,
em maior ou menor nível e em condições de trabalho diversas.
Grupo T – Tecnologias - Compreende domínios de competências
que não têm em comum apenas assegurar uma função essencial,
mas utilizar os mesmos instrumentos materiais e intelectuais
mediados pelas tecnologias emergentes.
Grupo C – Comunicação - Considera que as noções de informação e
comunicação são interdependentes e os meios utilizados são
complementares.
Grupo M – Gestão (Management - Entendido como sendo a
necessidade da informação ser gerida e que as exigências dessa
gestão têm repercussões sobre a qualidade da informação que se
quer transmitir e sobre os meios de transmissão.
Grupo S – Outros Saberes - São as competências complementares
que permitem ao bibliotecário ser conhecedor e versado sobre outros
temas/áreas. (INCITE, 2005 apud BELLUZZO, 2011, p. 64)

A descrição do profissional da informação apresentada por Santos (1996, p.


5) “entende-se todos aqueles indivíduos que, de uma forma ou outra, fazem da
informação o seu objeto de trabalho, entre os quais, arquivistas, museólogos,
administradores, analistas de sistema, comunicadores, documentalistas e
bibliotecários”. De acordo com Assis (2018, p. 16),
41

A literatura específica da área menciona que o profissional


bibliotecário é o responsável por tornar acessíveis as informações
desejadas, seja em meio físico, seja digital, aos seus usuários,
desenvolvendo papel de mediador. Como base para o alcance, a
recuperação e sua posterior destinação e uso, o bibliotecário adota
diferentes técnicas para o tratamento dessa informação:
organização, armazenamento e disseminação. Considera-se que
esses processos contribuem para a democratização do acesso à
informação, ressaltando, assim, a importância do papel do
bibliotecário na sociedade.

Enfatiza-se que a busca pela definição do perfil e atuação desses


profissionais ainda é uma constante, pois, como já mencionado, as alterações das
tecnologias de comunicação e informação impactam diretamente os afazeres do
bibliotecário. Coelho Neto (1996, p. 5) já evidenciava essa questão,

O papel do Bibliotecário na sociedade está se alterando devido às


novas tecnologias de informação e comunicação. Novas formas de
trabalhar surgiram porque novas ferramentas foram criadas para o
controle, organização e disseminação da informação. O profissional
não está mais limitado ao espaço físico da biblioteca; agora ele
trabalha com vários suportes em que a informação está registrada,
onde o usuário passa a ser o foco principal e não mais o acervo, ao
mesmo tempo que a disseminação passa a ter mais importância que
a preservação da informação.

Mesmo diante de tantas transformações no contexto da comunicação, o


bibliotecário permanece embasando sua atuação no usuário, ou seja, o que justifica
a profissão e o que a dignifica é principalmente, o compromisso que o profissional da
informação precisa ter na satisfação informacional da sua comunidade e instituição.
Portanto, é de suma importância que o mesmo domine o ato da Mediação da
informação. Como explica Almeida Júnior (2008, p. 45),

Mediação da Informação é toda a ação de interferência – realizada


pelo profissional da informação - direta ou indireta; consciente ou
inconsciente; singular ou plural; individual ou coletiva; que propicia a
apropriação de informação que satisfaça, plena ou parcialmente,
uma necessidade informacional. [...] a mediação não estaria restrita
apenas a atividades relacionadas diretamente ao público atendido,
mas em todas as ações do profissional bibliotecário, em todo fazer
desse profissional.
42

O bibliotecário precisa desempenhar o papel de disseminador e mediador da


informação na sociedade em geral, promovendo a igualdade nas condições de
acesso à informação entre todos os cidadãos.
Deve-se salientar também que outro componente necessário neste percurso
é o desenvolvimento da Competência Informacional (Information Literacy) pelo
bibliotecário, haja vista, que o mesmo ainda precisa treinar e instruir seus usuários a
serem autossuficientes nas buscas por informação nas unidades a qual seja
responsável.
A competência Informacional, segundo Orelo e Cunha (2013, p. 30),

[...] caracteriza-se pelo uso eficiente das informações (identificação


das necessidades localização, recuperação e uso da informação)
pelo desenvolvimento cognitivo, isto é, pela compreensão da
informação, e pelo aprendizado ao longo da vida.

Portanto, compreende-se como competente em informação o indivíduo que


consiste em aprender a aprender continuamente, acompanhando a evolução
tecnológica e internalizando novos aprendizados ao longo da vida, permitindo assim,
a soma de novos conhecimentos e a interação deles com o meio em que vive.

4.2 Relação ética do bibliotecário com a informação

Para iniciar essa discussão, faz-se necessário introduzir termos essenciais:


Ética e Deontologia. O termo “Ética”, segundo Souza (2002, p. 16), significa, “um
conjunto de princípios que rege ou orienta a ação das pessoas e das sociedades na
busca do equilíbrio desta ação”, o mesmo autor acrescenta outro conceito utilizado
para explicá-lo, quando diz, “ética é um conjunto de normas que determinam a
conduta das pessoas ou o funcionamento das instituições”. (SOUZA, 2002, p. 16). O
conceito de Deontologia, de acordo com Souza (2002, p. 55) significa,

O elenco de determinações objetivas, instruções operacionais e de


cunho prático, em um grupo profissional devem seguir, no exercício
de suas atividades, para garantir a uniformidade, em todos os seus
aspectos e lugar, do trabalho e ação do grupo, fosse a ação de um
único indivíduo. (SOUZA, 2002, p. 55).
43

A ética do profissional da informação, está inserida na maneira em que o


mesmo se comporta no manuseio e na disponibilidade das informações que acessa,
organiza e representa, consiste na maneira em como este profissional age em sua
área de atuação e como trata seus clientes, em relação ao seu exercício na prática.
Seu papel é de fundamental importância para sua área e é imprescindível que o
mesmo aja com ética no modo de pensar e agir perante as instituições que o
contrata e principalmente, em frente aos usuários que o percebe como seu principal
mediador e solucionador na hora em que necessitam sanar suas pesquisas.
Segundo o Código de Ética para bibliotecários e outros profissionais da
informação, criado pela International Federation of Library Association Institution,
(2012, p. 3),
Os bibliotecários e outros profissionais da informação oferecem
serviços para aumentar as habilidades de leitura. Eles promovem a
alfabetização informacional, incluindo a habilidade de identificar,
localizar, avaliar, organizar, criar, usar e comunicar informação. Eles
promovem o uso ético da informação, assim ajudam a eliminar plágio
e outras formas de mau uso da informação.

No Brasil, o comportamento ético e profissional do Bibliotecário é regido pelo


Código de Ética e Deontologia, criado pelo Conselho Federal de Biblioteconomia
(CFB, 2018, p. 1) que tem como objetivo “fixar as normas orientadoras de conduta
no exercício de suas atividades profissionais”.
Diante de toda a discussão exposta, neste momento é pertinente unir todos
os pontos até o momento abordados, com o propósito de construir efetivamente
conversas entres os temas: competências profissionais, Habilidades do bibliotecário;
Mediação e a Competência Informacional com o conceito de Desinformação. Que
em conformidade com Brisola e Bezerra (2018, p. 3319),

Desinformação envolve informação descontextualizada,


fragmentada, manipulada, retirada de sua historicidade, tendenciosa,
que apaga a realidade, distorce, subtrai, rotula ou confunde. A
desinformação não é necessariamente falsa; muitas vezes, trata-se
de distorções ou partes da verdade.

A desinformação é uma informação disfarçada e bem planejada, que é


veiculada por organizações, na maioria das vezes não governamentais, com o intuito
de influenciar decisões populares.
44

Dessa forma, o papel social do bibliotecário é perfeitamente associado


através de seu compromisso profissional e ético com a comunidade, Souza, (2011,
p. 13) reitera que, “profissões da informação são aquelas que têm como missão
social organizar, coordenar e explicar esse movimento, isto é, esse fluir”. Além disso,
os profissionais da informação são competentes em identificar as informações
relevantes, oriundas de fontes confiáveis para alimentar efetivamente as
necessidades informacionais de sua clientela (comunidade e instituições) o que
facilita que a missão da profissão seja plenamente realizada. Conforme o Código de
ética da IFLA (2012, p. 2), o bibliotecário tem como missão, “assegurar o acesso à
informação para todos no sentido de seu desenvolvimento pessoal e educacional,
enriquecimento cultural, lazer, atividade econômica, participação informada e reforço
da democracia”.
Como o comportamento ético do bibliotecário é de grande relevância, se faz
necessário acrescentar na atual discussão os deveres constantes no Código de
Ética e Deontologia, elaborado pelo Conselho Federal de Biblioteconomia, que
corroboram com o tema em questão. Dessa forma, os deveres apresentados no
Código que mais se aproximam são os deveres: “a) preservar o cunho liberal e
humanista de sua profissão, fundamentado na liberdade da investigação científica e
na dignidade da pessoa humana”. (CFB, 2018, [p. 2]) e o “i) conhecer a legislação
que rege o exercício da profissão de Bibliotecário em vigor, para cumpri-la
corretamente e colaborar para o seu aperfeiçoamento” (CFB, 2018, [p. 2]).
No próximo capítulo, serão apresentados os resultados e as análises das
informações coletadas a partir da pesquisa realizadas com os egressos do curso de
Biblioteconomia da UFRN.
45

5 BIBLIOTECÁRIOS ENTRAM EM CENA: EGRESSOS DO CURSO DE


BIBLIOTECONOMIA DA UFRN

Neste capítulo se faz necessário apresentar as informações coletadas a partir


de um grupo de egressos do curso de Biblioteconomia da UFRN. Foram aplicados 8
(oito) questionários. A aplicação dos questionários aconteceu a partir do dia 15 de
março e foi até o dia 8 de abril de 2019. O questionário contém 19 questões, sendo
10 perguntas fechadas e 9 abertas. A seguir serão apresentados os dados
referentes a análise dos dados.
Como resposta da questão 1, quanto ao sexo dos entrevistados, foi
observado que 50% pertencem ao feminino, 50% ao masculino.
Na questão 2, foi perguntado a idade, e constatou-se que 62% deles está na
faixa etária de 31 a 40 anos de idade, o que corresponde a maior parte da amostra,
conforme o gráfico 1,

Gráfico 1 - Faixa etária dos egressos de Biblioteconomia da UFRN

13%
25%

18 a 30

31 a 40

62% Acima de 50

Fonte: Elaborado pela autora, 2019.

Na questão 3, indagou-se sobre o tempo de formação dos entrevistados,


coincidentemente, 50% dos egressos tem mais de 10 anos de formado e 50%
concluiu o curso há menos de 10 anos.
Na pergunta 4, os entrevistados responderam se conheciam o código de ética
que rege a profissão do bibliotecário e 82,5%, o que corresponde a 7 entrevistados,
46

responderam sim, conheciam o código e apenas 12,5%, correspondente a 1


entrevistado não conhecia o documento.
A fim de complementar a questão anterior, na pergunta 4.1, perguntou-se
aos egressos que disseram conhecer o código de ética do bibliotecário, como eles o
colocavam em prática. Como orienta o Código de Ética e Deontologia do
bibliotecário brasileiro no artigo 3º que diz,

A atuação do bibliotecário fundamenta-se no conhecimento da


missão, objetivos, áreas de atuação e perfil sociocultural do público
alvo da instituição onde está instalada a unidade de informação em
que atua, bem como das necessidades e demandas dos usuários,
tendo em vista o desenvolvimento dos indivíduos e da sociedade.
(CFB, 2018, [p. 1]).

Diante das respostas dadas pode-se entender que os bibliotecários se


percebem como agentes mediadores da informação e procuram agir de maneira
ética, respeitando os usuários. Para fim de embasamento da afirmação anterior, é
importante citar o que o entrevistado(a) 06 disse, “Exerço a profissão com
responsabilidade social e ética, buscando promover a importância do bibliotecário
para a sociedade” (informação verbal)28.
Na questão 5 os entrevistados foram perguntados se no momento estavam
empregados em unidades de informação e 100% responderam que sim, em
complemento a pergunta 5, na questão 5.1 os mesmos foram questionados sobre o
tipo de instituição (pública e privada) que atuam, e conforme o levantamento, 50%
deles trabalham em instituições públicas e os outros 50% trabalham em
organizações privadas.
De acordo com a pergunta 5.2, quando os entrevistados foram questionados
sobre a área que atuam (biblioteca, museu, arquivo, centro de documentação,
escola, universidade, empresa comercial e etc.), 37% deles responderam que atuam
em bibliotecas universitárias, já 25% disseram que trabalham em arquivo e o
restante da amostra está distribuída entre bibliotecas especializadas e escolares,
como mostra o gráfico 2,

28 Informação fornecida pelo Entrevistado 06 em 2019.


47

Gráfico 2 - Área de atuação dos egressos de Biblioteconomia da UFRN

Biblioteca 2
especializada

1
Biblioteca Escolar

Biblioteca 3
Universitária

2
Arquivo

Fonte: Elaborado pela autora, 2019.

Para tanto, na questão 5.3 os bibliotecários foram perguntados sobre qual o


público eles atendem nas instituições que atuam, de acordo com o quadro abaixo é
possível verificar em números absolutos o resultado, lembrando que os
respondentes poderiam marcar mais de uma opção:

Quadro 5 - Público Atendido


Estudantes de nível escolar 03
Estudantes de nível superior 04
Funcionários da organização 04
Comunidade em geral 03
Estudantes concurseiros 01
Pesquisadores em geral 02
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.

A partir dos resultados das perguntas 5, 5.1, 5.2 e 5.3, é possível perceber
que o mercado continua contratando os profissionais egressos do curso de
Biblioteconomia da UFRN29, além disso, a distribuição dos bibliotecários em
instituições públicas e privadas está equilibrada, o que não é diferente quanto as

29Sobre o mercado de trabalho e os egressos do curso de Biblioteconomia durante o período de 2000


a 2013 sugere-se a leitura do trabalho de Luciana de Albuquerque Moreira e Pedro Alves Barbosa
Neto. Mapeamento e análise do mercado de trabalho dos egressos do curso de Biblioteconomia da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, In: XVI Encontro Nacional de Pesquisa em Ciência da
Informação (XVI ENANCIB), João Pessoa, 2015. Disponível em:
http://www.ufpb.br/evento/index.php/enancib2016/enancib2016/paper/view/3754.
48

áreas de atuação dos mesmos, pois houve uma sensível variação nas tipologias das
unidades de informação onde os mesmos desempenham suas atividades.
Na questão 6, os entrevistados foram perguntados sobre quais competências
são para eles as mais importantes no exercício da profissão. Nesta questão foi
disponibilizada uma lista com 14 competências elencadas que está de acordo com a
Classificação Brasileira de Ocupações (CBO)30 e os entrevistados podiam escolher 7
das opções disponibilizadas. O gráfico abaixo apresenta as competências mais
escolhidas:

Gráfico 3 - Competências do bibliotecário de acordo com a CBO


Trabalhar em equipe e em rede 5
Senso de organização 4
Raciocínio lógico 1
Pró-atividade 5
Manter-se atualizado 7
Liderar equipes 3
Criatividade 3
Conhecimento de outros idiomas 0
Capacidade empreendedora 4
Capacidade de negociação 3
Capacidade de concentração 0
Capacidade de comunicação 7
Capacidade de análise e síntese 6
Agir com ética 8
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.

Baseado no gráfico 3, é possível visualizar, que a competência mais


importante que o bibliotecário precisa desenvolver no desempenhar de suas
atividades, de acordo com os entrevistados, está a competência “Agir com ética”,
pois todos a escolheram, dentre as 7 possibilidades de escolha, embora como já
relatado, um dos entrevistados diz não conhecer o código de ética da
Biblioteconomia. Em segundo lugar, com 7 respostas, dentre as competências mais
importantes estão a “Capacidade de comunicação” e a de “manter-se atualizado”, as
quais também se reconhece como competências importantes para o
desenvolvimento do profissional da informação. Consoante ao resultado desta

30A CBO é o documento que reconhece, nomeia e codifica os títulos e descreve as características
das ocupações do mercado de trabalho brasileiro. Sua atualização e modernização se devem às
profundas mudanças ocorridas no cenário cultural, econômico e social do País nos últimos anos,
implicando alterações estruturais no mercado de trabalho. Disponível em:
http://www.mtecbo.gov.br/cbosite/pages/informacoesGerais.jsf
49

questão e o propósito da pesquisa, visualiza-se um elo entre as questões levantadas


no desenvolvimento do estudo e o resultado da atual pergunta, porquanto, a prática
condiz com o que a literatura está ressaltando.
Na questão 7, quando perguntados se já ouviram falar sobre Fake news, Pós-
verdade e/ou Desinformação, todos os entrevistados responderam que sim,
atentaram para os termos. Como mostra o gráfico 4:

Gráfico 4 - Conhecimento dos egressos de Biblioteconomia sobre os termos


Fake news, Pós-verdade e Desinformação

100%

Fonte: Elaborado pela autora, 2019.

Em complemento ao questionamento anterior, na pergunta 8, foi solicitado


aos entrevistados o conceito de pelo ao menos um dos termos - Fake news, Pós-
verdade e Desinformação - e todos souberam conceituar um dos termos
corretamente, mas o termo mais definido foi Fake news. A fim de embasamento
podemos observar o que disse o(a) entrevistado(a) 03,

O conceito mais usado no momento é o da fake news que em uma


tradução literal seria notícias falsas que na verdade essas notícias
falsas não existem por si só, elas têm uma origem e é uma ação de
desinformação para converter a opinião pública ou uma conduta de
um determinado grupo, como por exemplo, aspectos de mercado...
uma empresa lança uma notícia falsa para prejudicar a imagem de
outra empresa, a fim de ganhar vantagens competitivas, então são
ações de origem totalmente antiéticas porque se é uma notícia falsa,
50

então é uma manipulação, ou seja, é uma atitude totalmente


condenável (INFORMAÇÃO VERBAL)31.

Também é importante analisar a resposta do(a) entrevistado(a) 06, “A Fake


news é o assunto mais citado dos últimos tempos e trata-se da informação falsa, a
não verdade sobre o assunto, a informação sem credibilidade, com o poder de
persuadir. Sua produção tem em vista o desfavorecimento de um grupo ou pessoa”
(informação verbal)32. Diante do exposto, fica notório que os bibliotecários estão
conscientes dos novos termos e do próprio contexto em que estamos inseridos,
conforme a literatura orienta. Além disso, este resultado mostra o quanto o tema em
questão é pertinente e faz parte da atuação do profissional.
Na questão 9, foi perguntado aos bibliotecários se eles já se depararam com
notícias falsas, e todos responderam que sim, ou seja, este resultado está
consoante ao resultado da pergunta 7. Com o objetivo de acréscimo, na questão 9.1,
os entrevistados foram perguntados se saberiam dizer qual foi a notícia falsa e onde
as viram. Para esta indagação todos os entrevistados souberam dizer onde viram as
notícias falsas e qual era o tema. Como confirma o(a) entrevistado(a) 05, “Uma delas
foi relacionado a campanha política de 2018 e vi em grupos de WhatsApp”
(informação verbal)33, de acordo com o(a) entrevistado(a) 04,

Sei sim, foi sobre política, foi no ápice da política atual que tinha
muitas fake news, até corri o risco de compartilhar essa informação
porque ela parecia tão correta, tão verdadeira, que se eu não tivesse
um tempo para ler melhor e identificar a fonte que estava
transmitindo a informação, eu iria ter compartilhado, mas por ter esse
cuidado e ser um bibliotecário... [...] eu sempre busquei ter esse
cuidado de não compartilhar, mas geralmente, só nas redes sociais,
assim no mundo real eu nunca me deparei não (INFORMAÇÃO
VERBAL)34.

Na questão 10, os profissionais foram perguntados sobre como eles


identificaram as notícias falsas. Com relação a esta questão os bibliotecários
responderam de maneira satisfatória, pois procederam em suas atividades de
maneira ética e usaram as competências pertinentes para a identificação de notícias

31 Informação fornecida pelo Entrevistado 03 em 2019.


32 Informação fornecida pelo Entrevistado 06 em 2019.
33 Informação fornecida pelo Entrevistado 05 em 2019.
34 Informação fornecida pelo Entrevistado 06 em 2019.
51

fraudulentas, para servir como exemplo, podemos observar o que disse o(a)
entrevistado(a) 03,
Geralmente, quando eu recebo uma informação polêmica que chama
a atenção, e mesmo que não seja polêmica a atitude é exatamente já
pesquisar. Hoje temos meios rápidos de confrontar essas notícias,
por meio da internet é muito rápido, mas se for uma informação mais
delicada a gente tem meios oficiais, devemos confrontar
(INFORMAÇÃO VERBAL)35.

Além do entrevistado acima, é necessário destacar o que o(a) entrevistado(a)


06 disse sobre como identificar uma fake news, “Atentar sobre a fonte onde esta
informação se encontra e buscar mais dados sobre ela, para que esteja embasado
no julgamento se é ou não fake news” (informação verbal)36. Entende-se com tudo
isso, que o bibliotecário é de fato preparado para lidar com as informações
duvidosas e possui habilidades para disseminá-las de maneira responsável.
Na questão 11, alguns entrevistados repetiram competências já listadas na
questão 6, porém o(a) entrevistado(a) 07 acrescentou a importância de o
bibliotecário desenvolver o “Bom senso, conhecimento de mundo” (informação
verbal)37. Além dele, o(a) entrevistado(a) 08 acrescentou que o profissional da
informação precisa possuir “conhecimento prévio sobre o assunto e capacidade
crítica para avaliar determinados ‘fatos’” (informação verbal)38, e diante de tudo isso,
ficou claro que os egressos estão preparados e empenhados em diminuir a
disseminação de fake news em paralelo a orientação de seus usuários quanto a
identificação de notícias fraudulentas.
Na questão 12, os entrevistados foram indagados sobre o que sentiram (qual
sentimento) quando se depararam com notícias falsas. Para essa pergunta,
considerou-se necessário apresentar todas as respostas, conforme quadro abaixo:

35 Informação fornecida pelo Entrevistado 03 em 2019.


36 Informação fornecida pelo Entrevistado 06 em 2019.
37 Informação fornecida pelo Entrevistado 07 em 2019.
38 Informação fornecida pelo Entrevistado 08 em 2019.
52

Quadro 6 - Sentimentos dos bibliotecários egressos da UFRN ao se


depararem com notícias falsas
Entrevistado(a) 01 Impotência
Entrevistado(a) 02 Responsabilidade (em buscar a verdade)
Entrevistado(a) 03 Frustração; Revolta; Angústia
Entrevistado(a) 04 Incômodo
Entrevistado(a) 05 Revolta
Entrevistado(a) 06 Responsabilidade (em buscar a verdade)
Entrevistado(a) 07 Desprezo
Entrevistado(a) 08 Perplexidade
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.

Já na questão 13, os bibliotecários egressos da UFRN responderam qual é a


atitude deles quando estão diante de uma fake news. Considerando a importância
dos resultados para o cumprimento dos objetivos do estudo, organizaram-se todas
as respostas no quadro a seguir:

Quadro 7 - Atitudes dos bibliotecários egressos da UFRN diante de notícias


falsas
“Não compartilho quando as vejo e em seguida, as
Entrevistado(a) 01 denuncio”.

“De averiguar e, em seguida pesquisar na rede,


Entrevistado(a) 02 informações referentes ao assunto”.

“Procuro averiguar os fatos, e caso a notícia seja


Entrevistado(a) 03 falsa falo para as pessoas que acreditaram na
informação que elas estão erradas e mostro a
informação correta”.
“Procuro saber se a pessoa se responsabiliza por
estar repassando a informação e procuro averiguar
Entrevistado(a) 04 a procedência antes de repassar e se a informação
for realmente falsa, aviso para quem a
compartilhou”.
“Não compartilho nenhuma informação antes de
Entrevistado(a) 05 verificar a procedência e ainda informo a alguns
grupos da família qual verdadeira notícia e explico
porque é fake news”.
“Buscar apresentar ao usuário de informação
Entrevistado(a) 06 habilidade que os permita buscar, usar, avaliar e
comunicar informação de forma eficiente e eficaz,
com intuito de capacitá-los para saber lidar com as
53

fake news”.
“Em redes sociais, geralmente, bloqueio o
aparecimento de notícias oriundas da mesma
Entrevistado(a) 07 origem assim como do indivíduo que as
compartilhou. Dependendo da gravidade da notícia,
notifico o indivíduo que compartilhou de sua
falsidade”.
“A partir da verificação da falsa informação, tento
Entrevistado(a) 08 fazer com que as pessoas parem de vincular as
matérias na rede. Passo a alertá-las sobre o perigo
de publicar algo falso”.
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.

Observou-se nas respostas da questão anterior, que a maioria dos


entrevistados responderam que primeiro procura averiguar a informação e depois
esclarece para quem interessar, se a informação é falsa ou verdadeira.
Na questão 14, os bibliotecários responderam se consideram importante que
os profissionais da informação trabalhem com a temática “fake news” e o porquê de
suas respostas. Diante dos questionamentos, todos responderam que acham
importante que os bibliotecários debatam e se aprimorem no combate a
disseminação de fake news. Para fim de embasamento da afirmação acima, pode-se
observar a resposta do(a) entrevistado(a) 07,

É imprescindível, o bibliotecário, como profissional da informação


supostamente capacitado em competências informacionais, deve
utilizar tais capacidades para não apenas identificar a falsidade das
notícias, como também, ensinar outras pessoas a fazerem o mesmo.
O bibliotecário que não realiza tal prática insulta toda a classe
profissional e deve ser considerado pelos seus pares como escória
da profissão (INFORMAÇÃO VERBAL)39.

Além do mais, julga-se necessário apresentar o depoimento do(a)


entrevistado(a) 04, “Acho esse trabalho diante desta temática fake news muito
importante, ainda mais para nós bibliotecários, porque tem questão do suporte. Nós
transmitimos informação, precisamos saber identificar quem está por trás das
notícias suspeitas” (informação verbal)40. Para reiterar a fala do entrevistado
anterior, é importante ao documento, a resposta do(a) entrevistado(a) 02,

É de suma importância que os bibliotecários se capacitem a cerca da


temática, principalmente, por sermos os profissionais da informação,

39 Informação fornecida pelo Entrevistado 07 em 2019.


40 Informação fornecida pelo Entrevistado 04 em 2019.
54

comprometidos em analisar e disponibilizar uma informação segura e


de qualidade, agindo sempre em conformidade com a ética da
profissão (INFORMAÇÃO VERBAL)41.

Diante do exposto, percebe-se que os egressos do curso de Biblioteconomia


da UFRN estão desempenhando de maneira satisfatória suas competências
profissionais, adaptando a partir delas, competências necessárias ao contexto da
necessidade informacional da sociedade atual, como reitera o relatório produzido
pelo Observatório da Profissão de Informação-Documentação - OP I-D (2006, p. 5),
quando se refere às competências profissionais, “É situacional, o que significa que
se estrutura e se desenvolve em função de situações específicas ou de um conjunto
de situações similares, pressupondo a transferibilidade das competências”. Ou seja,
o bibliotecário tem a capacidade de se adaptar ao ambiente profissional, atendendo
a sua comunidade de maneira eficiente, responsável e ética.

41 Informação fornecida pelo Entrevistado 02 em 2019.


55

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao começar o trabalho de pesquisa, constatou-se que diante do contexto


profissional do bibliotecário surgia mais um desafio, e porque não dizer, mais uma
competência a ser adaptada e inserida em suas atividades profissionais, junto a isto,
observaram-se que diante das mudanças tecnológicas e a velocidade de
disseminação de informações, cresceu em paralelo a tudo isso, a produção e a
propagação das fake news (notícias falsas) e com elas surgiu o fenômeno da pós-
verdade e a desinformação.
Para tanto, o estudo foi justificado por tratar de um assunto de grande
relevância na área da Ciência da informação e em específico para a
Biblioteconomia, pois é cada vez mais importante perceber e discutir sobre o campo
de atuação profissional do bibliotecário, tendo em vista, seu compromisso com a
comunidade em que atua, além da manutenção e atualização de seus
conhecimentos.
Diante disso, a pesquisa teve como objetivo geral analisar a percepção dos
egressos do curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Rio Grande do
Norte quanto as suas competências no combate a disseminação das fake news
(notícias falsas). Constatou-se que o presente trabalho conseguiu atingir seu
propósito principal, porque efetivamente, foi possível perceber que os profissionais
estão cientes da existência e dos efeitos das fake news.
A hipótese apresentada foi devidamente confirmada, pois de acordo com os
egressos do curso de Biblioteconomia da UFRN, é de suma importância, não só
para os bibliotecários, como para toda a sociedade, que os profissionais da
informação discutam e interfiram através do uso de suas competências
informacionais, a fim de evitar a disseminação das fake news nos ambientes em que
trabalham.
Para que os resultados apresentados no presente estudo fossem alcançados,
foi-se utilizado como metodologia exploratória, pautada em um estudo de caso, com
características quanti-qualitativas. Foi utilizado o questionário com o total de 19
perguntas, sendo 10 perguntas fechadas e 9 perguntas abertas. O estudo de caso
teve como grupo os bibliotecários egressos do curso de Biblioteconomia da UFRN e
foram aplicados 8 (oito) questionários que compuseram a amostra da pesquisa.
56

Reitera-se o cumprimento dos objetivos específicos propostos, pois o primeiro


deles foi apresentar conceitos de fake news e da pós-verdade, o que foi cumprido e
pode ser visto nos capítulos 3 e 4 do presente estudo.
O segundo objetivo específico foi o de identificar as competências do
bibliotecário, em especial, aquelas com vistas a combater a desinformação. Este
objetivo foi cumprido no capítulo 4, identificou-se que o bibliotecário precisa
desempenhar o papel de disseminador e mediador da informação na sociedade em
geral, promovendo a igualdade nas condições de acesso à informação entre todos
os cidadãos em concomitância a competência informacional (Information Literacy).
Além disso, precisa treinar e instruir seus usuários a serem autossuficientes nas
buscas por informações nas unidades em que atuam.
A fim de cumprimento do terceiro objetivo específico, apresentou-se os
resultados coletados a partir dos questionários aplicados aos bibliotecários egressos
do curso de Biblioteconomia da UFRN, sobre o problema abordado. O mesmo foi
atendido no capítulo 5, que apresentou de maneira quantitativa e qualitativa as
informações coletadas na pesquisa. Expor as compreensões dos bibliotecários
egressos da UFRN acerca da temática das fake news, foi o propósito do quarto e
último objetivo específico, cujo foi plenamente alcançado, porquanto no capítulo 5,
foram expostas e interpretadas através de gráficos e quadros todas as informações
colhidas dos entrevistados.
O estudo se propôs a responder a seguinte pergunta: qual é a percepção que
o egresso do curso de Biblioteconomia da UFRN possui quanto sua
responsabilidade em combater a disseminação de notícias falsas no ambiente
profissional? Para este problema, constatou-se no capítulo 5, que o bibliotecário
egresso da UFRN se percebe responsável no combate a disseminação de notícias
falsas, não apenas em seu ambiente profissional, mas também no contexto pessoal,
reiterando o seu compromisso de cidadão. Ele usa as competências adquiridas na
academia para evitar a propagação de notícias fraudulentas através das instruções
fornecidas aos usuários.
Finalmente, diante do exposto é importante manter uma discussão mais
ampla sobre o assunto, dentro e fora da biblioteca. Outro ponto imprescindível é a
produção da literatura sobre os temas como fake news, pós-verdade e
desinformação junto ao universo da Ciência da Informação e, mais especificamente,
57

vinculadas às atividades biblioteconômicas que são ainda pouco numerosas quando


comparada com outras temáticas.
Portanto, sugere-se que mais pesquisas sejam desenvolvidas dentro da
discussão atual, com vistas a contribuir para o desenvolvimento das sociedades, não
da desinformação, mas de uma sociedade onde os cidadãos possam confiar,
verificar, criticar e acessar informações confiáveis. Além disso, almeja-se que os
resultados alcançados a partir deste estudo, sejam usados como ponto de partida
para vários outros, inclusive com os egressos dos cursos de Biblioteconomia no
âmbito nacional. Aconselha-se ainda, que o estudo aguce os profissionais da
informação a se capacitarem continuamente, perseguindo sempre a melhor
preparação para atender as demandas e mudanças da sociedade.
58

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63

APÊNDICE - QUESTIONÁRIO APLICADO AOS EGRESSOS DO CURSO DE


BIBLIOTECONOMIA DA UFRN

QUESTIONÁRIO

01. Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino.

02. Qual é a sua idade? anos.

03. Formou-se no curso de Biblioteconomia da UFRN há quanto tempo? anos.

04. Você conhece o Código de ética do bibliotecário(a)? ( ) Sim ( )Não.

04.1 Se sim, como você o coloca em prática?

05. No momento está trabalhando em alguma unidade de informação?


( )Sim ( )Não

05.1 Caso a resposta da questão anterior seja sim, qual tipo de


instituição? ( )Pública ( )Privada

05.2 Atua em que área (biblioteca, museu, arquivo, centro de documentação, escola,
universidade, empresa comercial e etc.) como bibliotecário (a)?________________

05.3 Qual público é atendido pela organização onde atua?


( ) Estudantes de nível escolar ( ) Comunidade em geral
( ) Estudantes de nível superior Outros________________________
( ) Funcionários da organização

06. A Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) apresenta as seguintes


competências para o bibliotecário, em sua opinião, quais são as mais importantes?
(Selecione até sete):

a) Agir com ética; h) Criatividade;


b) Capacidade de análise e síntese; i) Liderar equipes;
c) Capacidade de comunicação; j) Manter-se atualizado;
d) Capacidade de concentração; k) Pró-atividade;
e) Capacidade de negociação; l) Raciocínio lógico;
f) Capacidade empreendedora; m) Senso de organização;
g) Conhecimento de outros idiomas; n) Trabalhar em equipe e em rede

07. Já ouviu falar sobre Fake news, Pós-verdade e/ou Desinformação?

08. Caso a resposta da questão anterior seja sim, poderia explicar pelo menos um
dos três termos citados?
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09. Você já se deparou com notícias falsas? ( ) Sim ( ) Não

09.1 Se sim, saberia dizer qual foi a notícia falsa e onde viu?

10. Como você identificou (ou identificaria) notícias falsas?

11. Além das competências supracitadas, qual você destacaria quando relacionada
às fake news?

12. Qual o sentimento relacionado quando você se depara com notícias falsas?

13. Qual sua atitude diante de uma fake news?

14. Você considera importante que os bibliotecários trabalhem com essa temática
das fake news? Por quê?

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