2006 - Maria Rosa Pimentel Faria de Miranda
2006 - Maria Rosa Pimentel Faria de Miranda
2006 - Maria Rosa Pimentel Faria de Miranda
Brasília, 2006.
Universidade de Brasília - UnB
Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Ciência da Informação e
Documentação – FACE
Departamento da Ciência da Informação – CID
Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação
Mestrado Interinstitucional em Ciência da Informação
UnB/Uniderp – Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do
Pantanal
BRASÍLIA
Fevereiro/2006
Universidade de Brasília - UnB
Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Ciência da Informação e
Documentação – FACE
Departamento da Ciência da Informação – CID
Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação
Mestrado Interinstitucional em Ciência da Informação
UnB/Uniderp – Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal
BRASÍLIA
Fevereiro/2006
M672 Miranda, Maria Rosa Pimentel Faria de
Informação, leitura e inclusão educacional e social nas
Bibliotecas Braille de Campo Grande/MS: um estudo de
caso/ Maria Rosa Pimentel Faria de Miranda. Campo
Grande: UNB/UNIDERP, 2005 .
216p.: 30 cm.
Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação)
Universidade de Brasília/UNIDERP, Campo Grande, 2005.
CDU 023:37
INFORMAÇÃO, LEITURA E INCLUSÃO EDUCACIONAL E SOCIAL NAS
BIBLIOTECAS BRAILLE DE CAMPO GRANDE/MS: um estudo de caso
i
AGRADECIMENTOS:
Agradeço a Deus por dar-me a oportunidade de chegar onde estou, completar mais
uma etapa das várias que ainda virão na minha vida. E às pessoas tão especiais, colocadas em
meu caminho como: meu marido Carlos pelo seu carinho e apoio, minhas filhas Fernanda e
Flavia, pela ajuda e compreensão, ao meu genro Gregory e familiares, que possibilitaram a
minha visita à Biblioteca Pública de Boston, para realização de parte desta pesquisa. Aos
meus irmãos: Magno e Marco Antonio, às minhas irmãs: Mirza e Maria Augusta, pela nobre
torcida devotada à distância, aos meus pais e sogro (in memorian), aos meus sobrinhos e
sobrinhas, à minha sogra, aos meus cunhados, cunhadas e familiares. Às minhas comadres:
Cida e Clau, ao Vinícius e Larissa, ao Adelino, Dona Lurdes, Nilair, aos verdadeiros amigos
que vibraram comigo desde o início. Agradeço ainda pelos Anjos que Deus colocou em meu
caminho para me levantar nas horas em que estive abatida. Nestes incluem-se a professora
Dra. Walda Antunes, minha orientadora, o professor Dr. Antônio Miranda, a professora Dra.
Sely Costa, a professora Dra. Maria de Fátima Guerra de Souza, que mesmo sem me
conhecer, com seu carisma, muito me ajudou, os quais reservaram parte de seu escasso tempo
livre para opinar e aperfeiçoar este trabalho, aceitando fazer parte da banca orientadora. À
todos os professores do Mestrado, ao Professor Dr. Eron Brun , Professora Dra. Suely
Amaral, Professora Dra. Alexandra Anache, Professora e cunhada Dra. Marília de Miranda:
pela motivação e confiança e outros mais, que tanto apoio me concederam na realização deste
trabalho. Aos meus colegas de mestrado, especialmente a Mara e a Márcia à professora,
amiga e bibliotecária Célia Fátima, que com um enorme carinho me animava nos momentos
de dúvida e sempre com o material bibliográfico disponível para pesquisas Aos funcionários
da UNIDERP, de forma especial à Malu, Sueli, Lídia e Bartira, às bibliotecárias Orlinda
Isidoro, Rosa Hirata e demais colegas da UNAES, e tantas outras mais. Às mestras: Rosimeri
Pereira, e Jasônia com quem troquei idéias e sugestões. À minha sobrinha Carla Cristina, que
tornando-se recentemente deficiente visual com baixa visão, pela sua força de vontade de
vencer, foi motivo de luta e inspiração para eu continuar esta dissertação. Ao pessoal do
ISMAC, representados pela Diretora. Telma e do CAP.DV/MS, representados pela
Coordenadora. Claunice. Ao grupo de Intercessão e da Renovação Carismática Católica, pelas
orações que foram o meu sustentáculo nas horas difíceis. Ao Marcel e familiares. Aos alunos
do Curso de Biblioteconomia do IESF e a todos os deficientes visuais parceiros desta jornada
o meu mais sincero obrigada !
ii
Epígrafe
iii
RESUMO
iv
ABSTRACT
This work concerns to a case study using the methology of Participant Research. It
was carried out at Braille Libraries: CAP. DV/MS and ISMAC, both in Campo Grande,
Mato Grosso do Sul State, in Brazil.
It´s main objective was to investigate, if the special usuers are include or not into
social and educational enviroment in these libraries.
The findings were that the blinds usually search for information about legislation,
writing and reading meterials in Braille. But, they often find few informations which aren´t
always available.
In this work, the librarian is considered as an Information Architect and a mediator
of educational and social inclusion using reading skills and bibliotherapy.
The research relates the main laws for blinds, the impact of informatics
technologies and voice synthesizer within the special education area.
In this enviroment, each professional may improve their work specialties by sharing
experiences with others professionals to better attend the special users.
v
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS:
CD Compact Disc
DOS-VOX Software que permite sons e falas inclusive pela Internet (Sintetiz. de Voz)
DV Deficiente Visual
vi
IBICT Instituto Brasileiro de Informações em Ciência e Tecnologia
vii
PAMPD Programa de Ação Mundial para pessoas Deficientes
viii
SUMÁRIO
DEDICATÓRIA........................................................................................................................i
AGRADECIMENTOS ............................................................................................................ii
EPÍGRAFE .............................................................................................................................iii
RESUMO............................................................................................................................................iv
ABSTRACT........................................................................................................................................v
GRÁFICOS...........................................................................................................p.15, 22,164,179
QUADROS ...........................................................................................p.17,18,25,26,50,51,73-78
1. INTRODUÇÃO........................................................................................................................p l -4
2 . J USTIFICATIVA.................................................................................................................................................................. p.5-8
3. PROBLEMA.......................................................................................................................................................................... p.8-10
4 . OBJETIVO GERAL...........................................................................................................................................................p. 11
4 .1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS.....................................................................................................................................p. 11
5.4.LARAMARA.............................................................................................................p.12
ix
5.7 BIBLIOTECA ELMO LUZ – BRASÍLIA-DF…………..........................................……....p.13
7. METODOLOGIA......................................................................................................................p.161
.........................................................................................................................................................p.179
x
8.5 QUESTIONÁRIO PARA OS PROFESSORES DO CAP.DV/.M...............................p.179-82
9. RECOMENDAÇÕES.. .............................................................................................................................................................................p..198
9.1 OS PONTOS FORTES .............................................................................................p.198-9
10. SUGESTÕES COLOCADAS PELOS RESPONDENTES DO ISMAC.................p.200
10.1 SUGESTÕES FEITAS PELOS RESPONDENTES DO CAP.DV/MS .....................p.200
10.2 OUTRAS SUGESTÕES COMPLEMENTARES ...................................................p.200-1
10.3. SUGESTÕES PARA FUTURAS PESQUISAS ..............................................p.201-202
10.4. SUGESTÕES E CONTRIBUIÇÃO PARA A ÁREA DA BIBLIOTECONOMIA E
....CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO............................................................................................p.202-3
11. DECÁLOGO PARA REFLEXÕES E AÇÕES................................................................p.204
12. CONCLUSÃO..................................................................................................................p.205-9
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................p.210-223
ANEXOS
xi
INFORMAÇÃO, LEITURA E INCLUSÃO EDUCACIONAL E SOCIAL EM
BIBLIOTECAS BRAILLE DE CAMPO GRANDE/MS: um estudo de caso.
(Dissertação de Mestrado) 1
MIRANDA, Maria Rosa Pimentel Faria de 2
“Deus quer, o homem sonha. A obra nasce” (Fernando Pessoa)
1. INTRODUÇÃO:
_______________
1
Dissertação para conclusão do Mestrado em Ciência da Informação apresentado ao processo de seleção
interinstitucional entre a UNIDERP e UNB (Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do
Pantanal/ Universidade de Brasília). abril de 2004.
2
. Bibliotecária graduada pela UEL (Universidade Estadual de Londrina) em 1979, Biblioterapeuta voluntária do ISMAC
Ledora voluntária do CAP.DV/MS e, Docente do Departamento de Cursos Seqüenciais da UNIDERP
(Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal).
2
com disacusia severa e profunda, apresentando grande perda de audição nos dois ouvidos. Sua vida
foi repleta de muitas lutas e dificuldades contra discriminação e rejeição sentidas, aprendeu no dia a
dia a leitura orofacial (bilabial) até por uma questão de sobrevivência e forma de comunicação, mas
não desanimou.
Tem 25 anos de experiências como bibliotecária e em sua conscientização social de que é
educadora. E pretende contribuir para que a inclusão social e educacional seja uma realidade nas
Bibliotecas do CAP.DV/MS. e do ISMAC.
A ínfima existência de material teórico editado em Português a respeito do assunto, serviu de
estímulo à esta pesquisa e ao planejar o que deveria escrever, a proponente comparou-se a um artista,
que procura explicar as cores, os matizes, as nuanças o traçado, o relevo com a sensibilidade que lhe
é peculiar, no intuito de levar claridade, ação, energia no nível das informações trazidas, visando
melhorar o atendimento aos usuários desprovidos de visão do ISMAC e do CAP.DV/MS em
Campo Grande.
Antes mesmo da aprovação da candidata no processo seletivo de ingresso, do Programa de
Mestrado Interinstitucional em Ciência da Informação em convênio entre a UNB
(Universidade de Brasília) e UNIDERP (Universidade para o Desenvolvimento do Estado e
da Região do Pantanal), foram iniciados estudos sobre assuntos relacionados com o Hábito de
ler desde o tempo de sua graduação, transformando este desejo em forma de artigo, publicado
no Boletim da UEL em Londrina PR no ano de 1978, seguindo-se A importância da Leitura
nos dias de hoje, publicado em 1979. Mudando-se para Campo Grande/MS, continuou
pesquisando produzindo e publicando textos, entre eles: Dicas de Como preparar uma Boa
Leitura, 1980, O hábito de leitura, em 1982, Reengenharia, 1996 etc.
Sempre em direção da melhoria contínua de educação, realizou vários cursos até chegar à
oportunidade de concorrer com o Pré-projeto: A Gestão de Informações na Biblioteca
Especial do CAP: Centro de Apoio Pedagógico ao Deficiente Visual de Campo Grande-MS,
como possibilidade de inclusão do usuário portador de deficiência.
Tendo sido aceita e aprovada no referido Mestrado, a partir desta temática, continuou os seus
estudos sobre assuntos inter-relacionados, com as suas indagações na atuação das Bibliotecas
Braille, onde teve início esta investigação.
Com ela pretende compreender e documentar a dimensão do campo da Biblioteconomia no
pensamento pedagógico, na Biblioteca Especial em Braille, contido na atuação dos usuários
que freqüentam estas bibliotecas, nesta cidade, numa perspectiva de resgatar informações de
interesse para as áreas de: Ciência da Informação, Inclusão Social e Educacional, Sociedade
da Informação, que como discorre Miranda (2002):
3
[...] vêm sendo discutidas as visões ou cenários previstos: vão do otimismo mais alienado ao
pessimismo mais renitente. Os desafios estão ou estarão necessariamente correlacionados aos
novos paradigmas, a saber: novas tecnologias, organização virtual, acesso à informação,
qualidade e produtividade, cooperação.
sensoriais, necessitam de formação especifica que garanta o seu acesso à informação, sob
pena de se tornarem elementos excluídos do processo de aprendizagem, crítica e reconstrução
do conhecimento adquirido ao longo da história e, formulado por outros seres humanos. O
que, conseqüentemente, pode restringir também a ação social desses cidadãos. A exclusão
pode ocorrer em vários níveis:
No nível físico:
- o acesso de utilizadores de cadeiras de rodas: em alguns prédios públicos, tais como museus,
bibliotecas, etc, necessitam de rampas de acesso, ou uso de elevadores especiais;
- a impossibilidade de utilização de determinada tecnologia, como, por exemplo, o manuseio
físico de aparelhos e instrumentos de acesso aos computadores, máquinas leitoras de
microfilmes, etc.
- ou mesmo a simples dificuldade física de acesso a uma estante de livros, em uma biblioteca,
impedindo o usuário de interagir diretamente com o acervo, já se constitui em uma restrição
excludente da plenitude de acesso, se considerarmos que, para realizar determinada consulta,
dependerá de conhecer previamente o conteúdo do acervo, antes de pretender que lhe seja
franqueado o acesso a determinado título;
- a pesquisa bibliográfica realizada por terceiros, que impede o acesso do usuário diretamente
à fonte do conhecimento, já se constitui em uma escolha da informação, ou seja, uma restrição
ao pleno acesso à informação.
No nível sensorial:
em uma violência contra alguns seres humanos, impedindo-os de ter acessibilidade plena às
informações e formar seu próprio espírito crítico.
2. JUSTIFICATIVA:
As atividades por nós apresentadas justificam este trabalho porque a educação especial e a
inclusão social fazem parte das reformulações de atendimento em Bibliotecas para pessoas
excluídas. Como analisa Suaiden, (1994):
É premente a necessidade de democratizar e interiorizar os serviços bibliotecários no
tratamento elitista que sempre priorizou, deve dar lugar para o atendimento, aos que não tem
noção de cidadania, os que são excluídos, aos que não exercem os seus direitos e deveres na
sociedade.
As experiências vividas apontam para a necessidade de conhecer como se processa a inclusão
na Biblioteca Braille através da leitura, e da educação especial nesta cidade, no sentido de
compreender a realidade na qual convivemos. Na verdade, é a história da educação brasileira,
que também é a da nossa sociedade sul-mato-grossense. A partir dessa temática,
continuaremos os estudo sobre assuntos inter-relacionados, com as indagações na atuação das
Bibliotecas Especiais de Campo Grande-MS.
O caminho desta Dissertação de Mestrado demonstra em seu traçado que a Inclusão e a
Ciência da Informação trazem benefícios numa biblioteca especial em Braille. Este trabalho pretende
ser uma contribuição no campo, suprindo a escassez de pesquisas, especificamente na área da
Biblioteconomia e Ciência da Informação. Uma vez que as formas de educação especial fazem parte
das reformulações das políticas consideradas indispensáveis no contexto educacional brasileiro como
parte do contexto social. No entendimento de que essa análise possa ser útil para educadores e
educandos e, para a certeza de que as propostas oficiais possam se tornar realidade, tendo um novo
rumo no papel da inclusão social e educacional através gosto e da prática da leitura.
Nesta pesquisa estudamos o papel do Bibliotecário como arquiteto da Informação, como
Biblioterapeuta, como Mediador da leitura e Promotor da Inclusão Educacional e Social, na
Sociedade da Informação tendo como âncoras a inclusão social e educacional que contemplam
nosso objeto de estudo, ao sistematizar as informações que permitam descrever e caracterizar os
processos de atendimento aos DVs, nas Bibliotecas Braille de Campo Grande/MS, referente ao
modo de como é feita a transmissão das informações e do hábito de ler dos usuários que
freqüentam estas bibliotecas.
A relevância científica desta dissertação aparece para reunir os componentes históricos do
momento, dentro dos quais se situam os agentes sociais (deficientes, bibliotecários, voluntários,
prestadores de serviços públicos e familiar
6
Esta pesquisa se justifica também por identificar como o deficiente visual é atendido,
na potencialidade dos seus talentos. Instiga-nos a demonstrar que a educação especial é
pertinente em todos os setores da vida humana, porém, necessita de melhorias, como exposto a
seguir:
Os responsáveis pelos programas e projetos na área da educação especial acreditam que este
tipo de educação justifica-se dentro de uma perspectiva mais global de democracia, onde se
prevê que, todas as pessoas devem ter acesso à informação, conhecimento e meios
necessários para a formação plena de sua cidadania. (LIMA, 2001 ).
A delimitação direcionada para o sistema das informações acerca do atendimento ao usuário cego,
originou-se da necessidade sentida e difundida, de conhecer concretamente esta comunidade. Isto se tornou
possível através de levantamentos de dados e de fontes, para definir se estamos aptos na forma de aproximação
com os alunos, professores, diretores e demais usuários destas bibliotecas.
Para o exercício competente da profissão, o bibliotecário que também é educador, não deve
falar ou pensar na qualidade de atendimento, do ensino e transferência das informações, se a
biblioteca estiver alijada do processo. Ela precisa estar adequadamente instalada, suprida e
coordenada, tal como apregoado por Mário de Andrade em 1939:
A criação de bibliotecas populares parece-me, uma das atividades atualmente mais necessárias para o
desenvolvimento da cultura brasileira. Não que essas bibliotecas venham resolver quaisquer dos
dolorosos problemas de nossa cultura, o da alfabetização, por exemplo, Mas, a disseminação no povo
do hábito de ler, se bem orientado, criará fatalmente uma população urbana mais esclarecida, mais
capaz de vontade própria, menos indiferente à vida nacional. (SUAIDEN, 1980).
Talvez tenha sido válido o argumento de que não era possível fazer de outro modo. Isto, no
entanto, mudou. E mudou muito se levarmos em consideração o arsenal tecnológico de que
dispomos hoje em dia no mercado, exemplificado pelos sintetizadores de voz, máquinas
de leitura ótica, Braille Hablado, além do CCTV, DOSVOX (software que permite sons e fala
inclusive por via Internet, que, no nível institucional, resolvem o problema de acesso à leitura pelo
7
Nesta perspectiva, além dos autores citados anteriormente, também nos fundamentaremos
justificando esta pesquisa nas teorias de Freire (1986), Silva (1995), Davenport (1998), Castells
(2003) e outros, que comporão o referencial teórico-metodológico, para explicitar como ocorre a
comunicação das informações e da prática de leitura com os usuários deficientes visuais, numa
apropriação de conhecimentos a ser implementado, visando a sua otimização.
Esses autores foram significativos numa perspectiva anti-discriminatória em relação aos
deficientes visuais, chamando a atenção para necessidades de mudança de atitude efetiva de todos os
envolvidos: professores, coordenadores, bibliotecários, e outros, que, por decisão voluntária ou por
designação trabalham junto a eles.
3. PROBLEMA:
Ao iniciarmos o tema desta pesquisa, percebemos que estava envolto por idéias que foram aos
poucos sendo desvendadas, refletimos sobre o seu desenvolvimento com as questões sociais e
educacionais, concernentes aos diversos setores que abrangem nossa sociedade, elegendo a
leitura e a comunicação de seus participantes como forma de inclusão educacional.
Assim, decidindo, propusemo-nos a buscar as origens dos fatos históricos e, suas
definições, entremeando-os com a conjuntura social, do qual fazem parte. Analisando o
contexto, reportamos-nos a alguns estudiosos do assunto, às legislações promulgadas,
desejosos de obter e dar respostas aos interessados, para que a informação venha a melhorar e
trazer o conhecimento de seus direitos e deveres e, conseqüentemente a melhoria para sua
qualidade de vida.
Considerando a relevância dos assuntos, optamos por um recorte em forma de
Pesquisa Participante. Como fundamentação teórica desta pesquisa, temos as principais
citações encontradas nos trabalhos de Nagahama (1986), Suaiden (1994), Ouaknin (1996),
Sassaki (1998), Neves (2001) entre outros.
O esboço desta pesquisa já implicou perguntas, as quais permitiram projetar o problema
a ser investigado que impulsionou-nos nesta busca:
Sendo a inclusão social a meta que move todos os cidadãos, tendo a leitura como
um dos meios facilitadores desse processo, quais as oportunidades de acesso ao
conhecimento que os deficientes visuais de Campo Grande encontram para beneficiar-se
do apoio da leitura e da escrita?
Integramos uma revisão de literatura, pertinente à questão da leitura, embasados pelas
9
citações dos autores destacados anteriormente e que pretendemos demonstrar através do nosso
tema: “A inclusão educacional e social através da leitura nas Bibliotecas Braille de Campo
Grande/MS. Fizemos uma análise de documentos oficiais e percebemos que estava envolto por
idéias que foram pouco a pouco sendo desvendadas, refletimos, então sobre seu envolvimento com
a questão social e educacional, concernentes aos diversos setores que abrangem a nossa sociedade,
elegendo a leitura como forma de inclusão de seus participantes.
Há evidência de que a leitura é fundamental para todos os usuários especiais, e vital para
as pessoas em geral, como afirmado por Lima (2000):
Assim decidindo, fomos em busca das origens, dos fatos históricos, suas definições,
entremeando-os com o contexto social, do qual fazem parte. Diante do problema acima
apresentado, este questionamento sugere outros aspectos dos pressupostos colocados, onde
podemos projetar de que forma há em Grande/MS, garantia de um pleno atendimento das
necessidades de conhecimento das Pessoas Deficientes Visuais (PDV) e sua inclusão
educacional e social nas Bibliotecas Braille.
Podem ser definidas como: agudeza central reduzida ou perda do campo visual.
Ser um deficiente visual, significa ter a visão comprometida. Dezenas de patologias oculares
reduzem a capacidade visual, dentro do assunto podemos qualificar como as mais freqüentes
degenerações maculares; retinopatias e atrofias do nervo ótico.
Em maio de 2000, a OMS (Organização Mundial da Saúde), disponibilizou na Internet
as seguintes estatísticas:
Há hoje no mundo, 180 milhões de desassistidos por incapacidade visual necessitando
de suporte e serviços sociais, vocacionais, econômicos e de reabilitação.Destes, 40 a 45
milhões, são cegos e não podem se locomover sozinhos... e 160 milhões, estão incapacitadas
por deficiências visuais. Até 2025 serão 320 milhões, se não houver uma mobilização geral
com decisões rápidas e sérias a fim de reverter estas projeções.
O objetivo da OMS e de seus membros, é dar assistência e apoiar de forma global,
campanhas preventivas para reduzir a cegueira a menos de 0,5% no mundo e a menos de 1%
10
em vários países.
População em
2000: +6 milhões
Não- Deficientes Portadores de (estimada)
Portadores + Visuais (cegos) Baixa Visão 160
5,8 milhões 45 milhões milhões
4. OBJETIVO GERAL:
O caminho para encontrar as respostas foi traçado a partir do contato pessoal em instituições
especializadas, onde foram realizadas visitas técnicas em várias Bibliotecas Braille e Seções Braille
existentes tanto no Brasil como no exterior, destacando-se:
Também localizada em São Paulo, esta Fundação possui Biblioteca Braille, Museu e
outros, e desenvolve serviços especializados para atender necessidades, tratar e orientar
crianças, jovens e adultos com deficiência visual ou visão subnormal, nas áreas de educação,
reabilitação, profissionalização, cultura e prevenção da cegueira.
6. REVISÃO DE LITERATURA
A revisão de literatura nesta dissertação foi seletiva visando situar os métodos utilizados a
respeito do enfoque com que foram tratados os assuntos seguindo uma estrutura lógica, em itens
temáticos para facilitar a compreensão dos objetivos do trabalho, bem como o agrupamento das
idéias da pesquisadora, cujos termos foram elencados em conjuntos distintos. Neste item, foram
abordados todos os assuntos constantes do embasamento teórico-metodológico consultado: as
citações dos autores referendados, as legislações consultadas, os conceitos, análises e interpretações
dos tópicos assim distribuídos:
Gráfico 3 – Pessoas com algum grau de deficiência visual no Brasil por região
6.1.1 INCLUIR segundo o dicionário “Aurélio”, vem do Latim. Includere verbo transitivo
direto: compreender, abranger; conter em si, envolver, implicar, inserir, intercalar, introduzir,
fazer parte, figurar entre outros; pertencer juntamente com outros.
O verbo incluir apresenta vários significados, todos eles com o sentido de algo ou
alguém inserido entre outras coisas ou pessoas. Em nenhum momento essa definição
pressupõe que o ser incluído precisa ser igual ou semelhante aos demais aos quais se agregou.
Quando falamos de uma sociedade inclusiva, pensamos naquela que valoriza a diversidade
humana e fortalece a aceitação das diferenças individuais. É dentro dela que aprendemos a
conviver, contribuir e construir juntos um mundo de oportunidades reais (não obrigatoriamente iguais)
para todos.
Inclusão Social é o processo pelo qual a Sociedade se adapta para poder incluir em
seus sistemas sociais gerais, pessoas com necessidades especiais para
desempenharem seus papéis, buscando equacionar problemas e soluções, efetivar a
equiparação de oportunidades e simultaneamente, estas se prepararem para assumir
o seu lugar no conjunto social. (SASSAKI, 2002).
Semanticamente incluir e integrar têm significados muito parecidos, o que faz com que
muitas pessoas utilizem esses verbos indistintamente. No entanto, nos movimentos sociais
inclusão e integração representam filosofias totalmente diferentes, ainda que tenham objetivos
aparentemente iguais, ou seja, a inserção de pessoas com deficiência na sociedade.
Inclusão: Integração:
Inclusão: Exige rupturas nos sistemas. Integração: Pede concessões aos sistemas.
Inclusão: Integração:
Defende o direito de TODAS as pessoas, com Defende o direito de pessoas com deficiência.
e sem deficiência.
Traz para dentro dos sistemas os grupos de Insere nos sistemas os grupos de "excluídos
"excluídos" e, paralelamente, transforma esses que provarem estar aptos" (sob este aspecto,
sistemas para que se tornem de qualidade para as cotas podem ser questionadas como
TODOS. promotoras da inclusão).
Não quer disfarçar as limitações, porque elas Tende a disfarçar as limitações para aumentar
são reais. a possibilidade de inserção.
Não se caracteriza apenas pela presença de A presença de pessoas com e sem deficiência
pessoas com e sem deficiência em um mesmo no mesmo ambiente tende a ser suficiente
ambiente. para o uso do adjetivo integrador
19
Com isso, a ONU afirma ter por perspectiva que os deficientes sejam respeitados e
considerados cidadãos possuidores de direitos e obrigações, participantes e construtores da
sociedade. Nesse sentido, vem à tona o destaque de alguns dos direitos contidos na
Declaração de Direitos das Pessoas Deficientes, proclamada pela ONU em 1975:
“Direito ao respeito por sua dignidade humana, ou seja, de desfrutar dos mesmos direitos
fundamentais que seus concidadãos da mesma idade, visando ter-se uma “vida decente, tão
normal e plena quanto possível” (3);
“Direitos civis e políticos iguais aos demais seres humanos” (4);
“Direitos à capacitação visando à conquista da autoconfiança” (5);
“Direito a tratamento médico, psicológico e funcional, a aparelhos, à reabilitação médica e
social, à educação, ao treinamento vocacional e à reabilitação, à assistência, ao
aconselhamento e outros serviços que possibilitem ao máximo o desenvolvimento de suas
capacidades e habilidades, acelerando o processo de “integração social” (6);
“Direito à segurança econômicas e sociais, obtidas através do desenvolvimento de atividades
úteis, produtivas e remuneradas, realizadas de acordo com suas capacidades, além da
participação em sindicatos” (7);
“Direito de ter suas necessidades especiais levadas em consideração em todos os estágios de
planejamento econômico e social da nação” (8);
“Direito de viver com suas famílias e de participar de todas as atividades sociais, criativas e
recreativas. Caso for indispensável à permanência em estabelecimentos especializados, estes
deverão aproximar-se da realidade da vida normal de pessoas de sua idade” (9);
“Direito de proteção contra toda exploração e discriminação” (10);
21
“Direito à assistência legal qualificada e a medidas judiciais de acordo com suas condições
físicas e mentais” (11);
“Direito das organizações de pessoas deficientes de serem consultadas em todos os assuntos
referentes aos direitos de pessoas deficientes” (12);
“Direito à informação sobre os direitos contidos nesta Declaração” (13).
Gráfico 4 – Pessoas com algum grau de deficiência visuais no Brasil, em Campo Grande
e Mato Grosso do Sul no cenário nacional
22
para a compreensão das perspectivas de inclusão civil, social e política das Pessoas com
deficiência visual. Em seguida, tratamos dos aspectos que dizem respeito à inclusão formal-
legal. Depois, abordamos a inclusão social e econômica: educacional e formação profissional
e política. Finalmente, discorreu-se sobre um aspecto da inclusão civil: a acessibilidade.
Como um dos aspectos novos na luta por direitos, encontra-se a ação de associações.
representantes de DVs que, ao mesmo tempo em que combatem a discriminação, chamam a
atenção para os estereótipos e para as dificuldades existentes para a efetiva inclusão dos
deficientes visuais. Todos os casos de discriminação que chegam a essas associações são
combatidos de imediato, e, cada vez que seus representantes tomam conhecimento de
situações de discriminação ou suspeitam que a reprovação de um candidato a uma vaga ou a
recusa em empregá-lo se devem à discriminação, recorrem à Justiça, acionando o Ministério
Público.
Ainda que não ocorra consenso quanto ao uso da terminologia, constata-se (...) que
existem diversidades significativas quanto ao significado geral da dEficiência. Se
para um grupo é uma questão de “cabeça”, psicológica ou criada por pessoas ditas
“normais”, para outros é fato inegável que portar uma limitação física real e
concreta expressa a dificuldade de realizar tarefas e funções “comuns”, por
exemplo, as que dependem de locomoção. Para outros, ainda, representa a situação
de transpor dificuldades e, por fim, tem aqueles que associam a dEficiência
especialmente ao mercado de trabalho.
O universalismo que queremos hoje é aquele que tenha como ponto em comum a
dignidade humana. A partir daí, surgem muitas diferenças que devem ser
respeitadas. Temos direito de ser iguais quando a diferença nos inferioriza e direito
de ser diferentes quando a igualdade nos descaracteriza.
b) obrigação das empresas com número de cem ou mais empregados a preencherem de dois a
cinco por cento dos seus cargos com beneficiários reabilitados ou pessoas portadoras de
deficiência, desde que habilitadas (1998);
observar profissionais qualificados, em certos casos com nível superior de ensino, em funções
de baixa qualificação, como vendedor e recepcionista. Mas os deficientes visuais podem ser
qualificados para desenvolver atividades profissionais como massagista, especialista em
informática, psicólogo, professor de primeiro e segundo graus, músico, entre outras.
Mattar conclui seu artigo com o relato de Eugênia Fávero, procuradora da República
do Ministério Público de São Paulo. Para Eugênia,
Neste aspecto, considera-se tanto o direito de votar como o de ser candidato a cargos
eletivos nos poderes Legislativo e Executivo. Para que os portadores de deficiência visual,
com idade acima de 16 anos, assim como os demais eleitores, possam exercer sua cidadania
através da eleição de membros das câmaras municipais, estaduais e federais, do Senado e de
prefeitos, governadores e Presidente do País, as urnas eletrônicas devem ser adaptadas com
identificação em braille nas teclas, de forma semelhante à dos aparelhos telefônicos, ou
devem existir seções especiais.
A partir das eleições de 2002, o Tribunal Superior Eleitoral determinou que os juizes
eleitorais, sob a coordenação dos tribunais regionais eleitorais, deverão criar seções eleitorais
especiais destinadas a eleitores portadores de deficiência. Nos municípios em que não for
possível a criação de seção unicamente para esse fim, o juiz eleitoral poderá designar uma das
seções existentes para também funcionar como seção especial para eleitores portadores de
deficiência Os portadores de deficiência visual devem manifestar sua necessidade, com
alguma antecedência (até noventa dias antes das eleições). (O Sul, 31/08/02, p.21).
No que diz respeito à participação política, como candidato e como eleito, ela é
muito restrita. Não se conhece nenhum caso de portador de deficiência visual que tenha sido
senador ou deputado federal, embora haja relatos de PDVs participando como assessores ou
auxiliares de algum parlamentar. Constata-se, porém, uma relativa eficácia das associações de
cegos, em vários estados brasileiros, no sentido de mobilizar parlamentares e instituições para
a diversidade no meio social e, especialmente, no ambiente escolar, é fator determinante do
enriquecimento das trocas intelectuais, sociais e culturais que possam ocorrer entre os sujeitos
que nele interagem. Acreditamos que o aprimoramento da qualidade do ensino regular e a
adição de princípios educacionais válidos para todos os alunos resultaram, naturalmente, na
inclusão escolar dos deficientes.
Em conseqüência, a inclusão social adquirirá uma nova significação. Tornar-se-á
uma modalidade utilizada também no ensino destinada não apenas a um grupo exclusivo de
alunos, o dos deficientes, mas especializada no aluno e dedicada à pesquisa e ao
desenvolvimento de novas maneiras de ensinar, adequadas à heterogeneidade dos aprendizes,
e compatível com os ideais democráticos de uma educação para todos.
30
De certo que a inclusão se concilia com uma educação para todos e com um ensino
especializado no aluno, mas não se consegue implantar uma opção de inserção tão
revolucionária sem enfrentar um desafio ainda maior: aquele que recai sobre o fator humano.
Os recursos físicos e os meios materiais para a efetivação de um processo escolar de
qualidade cedem sua prioridade ao desenvolvimento de novas atitudes e formas de interação
32
grave, uma vez que é pequeno o número de associações que investem em projetos de
capacitação e treinamento de cães para essa função. Uma iniciativa pioneira começou em
Florianópolis, Santa Catarina, em 2001, quando uma deficiente visual desenvolveu o "Projeto
Cão Guia", com o objetivo de treinar cachorros para serem doados a cegos. Como primeiro
passo na direção da implementação deste tipo de iniciativa, foi aprovada a Lei Estadual
10.784 (em São Paulo), que permite ao deficiente visual circular em lugares públicos com cão
guia.
A história da inclusão de alunos com deficiência, no ensino regular, tem sido um tema
cada vez mais debatido nos ambientes escolares nas últimas décadas, apresentando-se como
determinante das políticas públicas educacionais em todos os seus níveis: nacional, estadual e
municipal. As discussões sobre políticas inclusivas e a implementação de práticas inclusivas
tem provocado reflexões desde a própria terminologia adotada como os meios de efetivação
de suas práticas.
6.2.2. ANTIGÜIDADE
leproso - a maioria dos quais sendo pedintes ou rejeitados pela comunidade, seja pelo medo
de doença, seja porque se pensava que eram amaldiçoados pelos deuses. Kanner (1964)
relatou que “a única ocupação para os retardados mentais encontrados na literatura antiga é
a de bobo ou de palhaço, para a diversão dos senhores e de seus hóspedes.
“No século XIII começaram a surgir instituições para abrigar deficientes mentais, e
as primeiras legislações sobre os cuidados a tomar com a sobrevivência e, sobretudo,
com os bens dos deficientes mentais, como os constantes de Prerrogativa Regis
baixado por Eduardo II da Inglaterra”.(DICKERSON (1981), em PESSOTTI (1984)
A educação, nessa época, tinha duas vertentes de objetivos: uma, de natureza religiosa,
visava formar elementos para o clero. Outra, caracterizada por objetivos específicos
diferenciados, dependendo do local e dos valores assumidos pela sociedade, variando de
formação para a guerra, até a formação para as artes.
No transcorrer de cinco séculos, a partir do século XII, com momentos de maior ou
menor tensão e gravidade: a Inquisição Católica e a Reforma Protestante. Os documentos da
Igreja, que tinham a função de orientar os membros do clero para identificar e interrogar os
suspeitos de heresia, eram claramente ameaçadores e perigosos para as pessoas com
deficiência, e dentre estas, especialmente para as pessoas com deficiência mental. As pessoas
com deficiência, entretanto, não eram as únicas a sofrer perseguições, torturas e exterminação.
37
Todos os que de alguma forma discordavam das ações do clero, bem como os inimigos
pessoais.
Na Reforma Protestante era de se esperar que nesse processo, a situação melhorasse
para as pessoas com deficiência. Entretanto, “a rigidez ética carregada da noção de culpa e
responsabilidade pessoal conduziu a uma marcada intolerância cuja explicação última, reside
na visão pessimista do homem, entendido como uma besta demoníaca quando lhe venha a
faltar à razão ou a ajuda divina”.
“É o que Pintner (1933) chamou de época dos açoites e das algemas na história da
deficiência mental. O homem é o próprio mal, quando lhe faleça a razão ou lhe falte
a graça celeste a iluminar-lhe o intelecto: assim, dementes e amentes são, em
essência, seres diabólicos.” (PESSOTTI, 1984).
Assim, constata-se que, conquanto na Antigüidade a pessoa diferente não era sequer
considerada ser humano, no período medieval, a concepção de deficiência passou a ser
metafísica, de natureza religiosa, sendo a pessoa com deficiência considerada demoníaca.
“ora era possuída pelo demônio, ora “expiador de culpas alheias, ou um aplacador da
cólera divina a receber, em lugar da aldeia, a vingança celeste, como um pára raios”.
(PESSOTTI, 1984).
Várias foram as mudanças ocorridas neste período, tanto que em termos das
estruturas: social, política e econômica da sociedade, como nas concepções filosóficas
assumidas na leitura e análise sobre a realidade.
A Revolução Burguesa, uma revolução que se deu, na realidade, no âmbito das idéias,
derrubou as monarquias, destruiu a hegemonia religiosa, e implantou uma nova forma de
produção: o capitalismo mercantil, que foi a primeira forma de capitalismo.
No que se refere à deficiência, começaram a surgir novas idéias, referentes à sua
natureza orgânica, produto de causas naturais. Assim concebida, passou também a ser tratada
por meio da alquimia, da magia e da astrologia, métodos da então iniciante medicina,
processo importante do século XVI.
O século XVII foi palco de novos avanços no conhecimento produzido na área da
Medicina, o que fortaleceu a tese da organicidade e, ampliou a compreensão da deficiência
como processo natural. Segundo Pessotti, (1984):
Considerações Importantes
Também no Brasil a pessoa deficiente foi considerada por vários séculos dentro da
categoria mais ampla dos “miseráveis”, talvez o mais pobre dos “pobres”. Os mais
afortunados que haviam nascido em “berço de ouro” ou pelo menos remediados,
certamente passaram o resto de seus dias atrás dos portões e das cercas vivas das suas
grandes mansões, ou então, escondidos, voluntária ou involuntariamente, nas casas de
campo ou nas fazendas de suas famílias. Essas pessoas deficientes menos pobres
acabaram não significando nada em temos de vida social ou política do Brasil,
permanecendo como um “peso” para suas respectivas famílias.
O Plano Setorial de Educação e Cultura, por sua vez, (1972-1974) incluiu a Educação
Especial no rol das prioridades educacionais no país (Projeto Prioritário n°. 35).
Assim, em 1973, foi criado, por meio do Decreto nº 72.425, de 03/07/73, o CENESP,
Centro Nacional de Educação Especial.
O ano de 1981, Ano Internacional da Pessoa Deficiente, veio motivar uma sociedade
que clamava por transformações significativas nessa área, para debater, organizar-se e,
estabelecer metas e objetivos que encaminharam novos desdobramentos importantes.
44
Edição em Braille pelo Instituto Benjamim Constant da primeira Revista Brasileira para
Cegos.
Criada a Fundação para o Livro do Cego no Brasil, com a finalidade de divulgar o livro em
Braille.
Portaria Ministerial n° 504 garante a distribuição gratuita dos livros em Braille para todo o
Brasil.
A Fundação para o Livro do Cego no Brasil cria o Centro de Reabilitação de Cegos no Brasil.
Campanha Nacional de Educação de Cegos obtém do MEC a destinação de fundos para sua
ação, recursos que foram incluídos no Plano Nacional de Educação.
Parecer nº 252, do Conselho Federal de Educação determina que o Curso de Pedagogia deverá
ter uma ou duas habilitações em Educação Especial.
Parecer nº 3.763 do Conselho Federal de Educação dispõe sobre tratamento especial para
cegos no exame vestibular.
A Constituição Federal Brasileira garante a educação como direito de todos, instituindo no
Inciso III, do Art. 208, do Capítulo III que, o atendimento educacional especializado aos
portadores de deficiência deve ser, preferencialmente, na rede regular de ensino.
. Declaração de Cartagena de Índias sobre Políticas Integrais para Pessoas com Deficiências
na Região Ibero-Americana - Colômbia.
47
Nesse sentido, a adequação curricular procura subsidiar a prática docente propondo alterações
a serem desencadeadas na definição dos objetivos, no tratamento e desenvolvimento dos
conteúdos, no transcorrer de todo processo avaliativo, na temporalidade e na organização do
trabalho didático-pedagógico no intuito de favorecer a aprendizagem do aluno especial.
É um modelo baseado no déficit, que destaca mais o que a pessoa cega não sabe fazer
do que aquilo que ela pode realmente fazer. Assim, esse modelo se centra na necessidade do
especialista, e se busca um modo terapêutico de intervir, como se a resolução dos problemas
da diversidade estivesse sujeita à formação de especialistas que se fazem profissionais da
deficiência. Essa escola seletiva que ainda temos, valoriza mais a capacidade dos que os
processos; os agrupamentos homogêneos do que os heterogêneos; a competitividade do que a
cooperação; o individualismo do que a aprendizagem solidária; os modelos fechados, rígidos
e inflexíveis do que os projetos educativos abertos, compreensivos e transformadores; apóia-
se em desenvolver habilidades e destrezas e não conteúdos culturais e vivenciais, como
instrumentos para adquirir e desenvolver estratégias, que permitam os discentes resolverem os
problemas da vida cotidiana.
Essa postura é um problema ideológico, por que o que se esconde atrás dessa atitude é
a não-aceitação da diversidade como valor humano e a perpetuação das diferenças entre os
alunos, ressaltando que essas diferenças são insuperáveis.
A escola inclusiva é aquela onde o modelo educativo subverte essa lógica e pretende,
em primeiro lugar, estabelecer ligações cognitivas entre os alunos e o currículo, para que
adquiram e desenvolvam estratégias que lhes permitam resolver problemas da vida cotidiana e
que lhes preparem para aproveitar as oportunidades que a vida lhes ofereçam. Às vezes, essas
49
oportunidades ser-lhes-ão dadas, mas, na maioria das vezes, terão que ser construídas e, nessa
construção, as pessoas com deficiência têm que participar ativamente.
A cultura da diversidade vai nos permitir construir uma escola de qualidade, uma
didática de qualidade e profissionais habilitados. Todos teremos de aprender a "ensinar a
aprender". A cultura da diversidade é um processo de aprendizagem permanente, onde
TODOS devem aprender a compartilhar novos significados e novos comportamentos de
relações entre as pessoas. A cultura da diversidade é uma nova maneira de educar que parte
do respeito à diversidade como valor educacional fundamental na vivência da comunidade.
Existe um velho ditado que diz: “Longe dos olhos, longe do coração?” Para algumas
coisas talvez seja um bom conselho, mas quando aplicado a cegos pode ser arrasador.
Com o processo do movimento dos direitos civis surgiram algumas leis que protegem
o direito de igualdade dos deficientes. Infelizmente, algumas pessoas se sentem mais
confortáveis tendo pessoas com deficiências fora da vista e, conseqüentemente, longe do
coração. Existem razões muito difíceis de mudar esteriótipos em relação aos deficientes.
7º MITO – O lugar para REALIDADE – Em alguns casos, pessoas são beneficiadas por
deficientes são situações de vida alternativa. No entanto, a experiência tem
instituições demonstrado que na maioria das vezes a institucionalização não
especializadas funciona.
8º MITO – As pessoas REALIDADE – Não tem sentido! O pecado e escolhas erradas têm
deficientes estão sendo produzido uma variedade de acidentes, prejuízos, doenças, aos quais
punidas por algum todas as pessoas estão sujeitas. O contato de Jesus com pessoas
pecado deficientes nos tempos bíblicos não foi intransigente nem
preconceituoso, mas apropriadamente útil e honesto. Devemos agir
da mesma forma.
52
É através dos sentidos que o homem percebe as informações que formam sua
experiência. É baseando-se nessas impressões recebidas pelos sentidos que criará o mundo de
suas percepções e conceitos, de sua memória, imaginação, pensamento e razão.
“Deixai cada um ser, tornar-se tudo o que for capaz de ser; expandir se possível até
seu pleno florescimento; suportar todas as limitações, rejeitar tudo o que for
estranho, especialmente aspectos nocivos, e mostrar-se em toda a grandeza de sua
dimensão e estatura, sendo aquilo que possa ser”. (THOMAS CARLYLE, 1999).
4. GESTO: Movimento do corpo, principalmente da cabeça e dos braços, para exprimir idéias
ou sentimentos; aspectos; fisionomia; parecer.
a) Numa dada língua; b) Numa família ou bloco de línguas; c) Nas línguas em geral, para
descrever os princípios fundamentais que regem a organização e o funcionamento da
faculdade da linguagem entre os homens. É a ciência da linguagem, estuda a estrutura das
línguas; o que é igual ou diferente nas línguas através de levantamentos descritivos de dados
das línguas.
7. METODOLOGIA: Parte da lógica que estuda os métodos das diversas ciências, segundo
as leis do raciocínio, arte de dirigir o espírito na investigação da verdade; conjunto de regras
empregadas no ensino de um ciência ou arte.
8. MÉTODO: Processo racional (caminho) para chegar a determinado fim; maneira ordenada
de fazer as coisas; sistema educativo ou conjunto de processos didáticos; obra que contém os
princípios elementares de uma ciência ou arte; ordem; prudência.
É o processo pelo qual a sociedade se adaptará para incluir as PNEE, que por sua
vez deverá preparar-se para assumir suas posições na sociedade. Assim, a inclusão
é um processo bilateral onde os excluídos e a sociedade buscam uma igualdade de
oportunidades.
A inclusão social das pessoas com deficiência em geral requer seu efetivo acesso às
novas tecnologias de informação e de comunicação, considerando a importância da
acessibilidade e limitações de cada pessoa.
Com isso, pretende-se criar condições, nas escolas, que permitam aos alunos ter o
acesso ao conjunto de conhecimentos socialmente elaborados e reconhecidos como
necessários ao exercício da cidadania.
56
Alguns dados sobre a situação da educação em nosso país são significativos para
pensarmos essa dimensão:
Em 1997, apenas 9,3% dos jovens entre 18 e 24 anos terminaram o Ensino Médio.
58
Esses são fatos que nos levam a pensar a educação inclusiva como um movimento
de toda a educação e não da educação especial. Os sistemas educacionais devem
garantir o acesso aos conteúdos básicos que a escolarização deve proporcionar a
todos os alunos, inclusive àqueles com necessidades especiais, particularmente os
alunos com altas habilidades, condutas típicas de síndromes, quadros psicológicos,
neurológicos ou psiquiátricos, alunos com deficiências: aqueles que apresentam
significativas diferenças físicas, sensoriais ou intelectuais, decorrentes de fatores
genéticos, inatos ou ambientais, de caráter temporário ou permanente e que, na
interação dinâmica com fatores socioambientais, resultam em necessidades muito
diferentes da maioria das pessoas. (MONTEIRO, 2001).
A Educação Especial tem sido definida no Brasil segundo uma perspectiva mais
ampla, que ultrapassa a simples concepção de atendimentos especializados tal como vinha
sendo a sua marca nos últimos tempos. Conforme define a nova LDB, “trata-se de uma
modalidade de educação escolar, voltada para a formação do indivíduo, com vistas ao
exercício da cidadania”.
Como elemento integrante e indistinto do sistema educacional, realiza-se
transversalmente, em todos os níveis de ensino, nas instituições escolares, cujo projeto,
organização e prática pedagógica devem respeitar a diversidade dos alunos, a exigir
diferenciações nos atos pedagógicos que contemplem as necessidades educacionais de todos.
Interessante também é prestarmos atenção no nosso discurso. Não é o que se diz, mas
a emoção com que se fala que define o dizer como uma ação. Um escutar que aceita o outro
ou um escutar que o rejeita ou o desqualifica levam a significados diferentes, definindo ações
diferentes na conversação. Os significados que se formam são coerentes com o estado
emocional de quem participa desta conversação.
Quando pais e professores percebem que estão intimamente implicados com sua
emoção no ato de disciplinar e de educar, podem se ver fazendo parte do que se nomeia de
práticas dialógicas: conversações nas quais o contexto é definido pelo pedido. Deve se, então
estabelecer limites e disciplina que podem ser entendidos como um ato de afeto, que respeita
e legitima o outro, proporcionando-lhe melhores condições de adaptação à realidade.
Concordando com Bower (1996), quando afirma que o desenvolvimento do ser humano:
É um processo de “diferenciação do self", que é favorecido ao se estabelecer limites
com afeto. Este é, ao mesmo tempo, um conceito intrapsíquico e interpessoal. A
diferenciação intrapsíquica supõe a capacidade do sujeito de perceber sentimentos e
pensamentos, diferenciando os próprios dos alheios. A diferenciação interpessoal
implica o sujeito saber separar o eu do outro, podendo se perceber nesta relação.
A Carta maior destinou a estes sujeitos, uma série de direitos como: saúde e educação
especiais, combate à discriminação restrição ou preferência, acessibilidade à informação, aos
transportes e logradouros públicos, acesso à matrículas e vagas em escolas públicas, à cargos
e empregos públicos, à proteção no mercado de trabalho contra toda e qualquer distinção e
exclusão baseada em raça, cor, ou etnia. Têm direito à reabilitação e renda mínima,
assegurada por meio do benefício legal de prestação continuada no exercício de igualdade aos
direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural
ou em qualquer outro campo da vida pública .
Apresentamos uma reflexão sobre a inclusão dos deficientes visuais a partir das Políticas
Públicas existentes na cidade de Campo Grande, do Estado de Mato Grosso do Sul e no Brasil.
Estes tópicos foram escolhidos por estarem ligados ao tema desta dissertação e, principalmente,
por vislumbrar que os deficientes visuais, apesar de terem os seus direitos garantidos na
legislação brasileira, ainda estão carentes de opções que os levem a exercerem sua cidadania
com real aproveitamento.
O Decreto no. 3.298, de 20 de dezembro de 1999, que regulamenta a Lei no. 7.853, de
outubro de 1989, em seu art. 3. °, define a deficiência como: toda perda ou anormalidade de
uma estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica que gere incapacidade para o
desempenho de atividade, no padrão considerado normal para o ser humano.
6.3.1.TIPOS DE DEFICIÊNCIA
Deficiência visual: acuidade visual igual ou menor que 20/200 no melhor olho, após a
melhor correção, ou campo visual inferior a 20° (tabela de Snellen), ou ocorrência simultânea de
ambas as situações. E a redução ou perda total da capacidade de ver com o melhor olho e após
a melhor correção ótica. A deficiência visual manifesta-se como: Baixa Visão, Visão
subnormal ou visão reduzida: acuidade visual entre 6/20 e 6/601, no melhor olho, após
correção máxima.
68
Cegueira: consta na definição médica perda da visão em ambos os olhos, de menos 0,1
(10%), no olho melhor, e após correção, ou um campo visual não excedente de 20 graus, no
maior meridiano do melhor olho, mesmo com o uso de lentes para correção. Sob o enfoque
educacional, a cegueira representa a perda total ou residual mínima de visão, que leva o
indivíduo a necessitar do sistema Braille como meio de leitura e escrita, além de outros
recursos didáticos e equipamentos especiais para a sua educação.
Ainda, os romanos tinham uma espécie de obsessão contra os defeitos físicos, dando
um tratamento altamente discriminatório, manifestado explicitamente nos textos da Lei das
XII Tábuas, que estatuía que o filho nascido monstruoso fosse morto imediatamente.
A Tábua do Pátrio Poder - tratava do direito de família, iniciando-se de forma
autoritária: "I - Que o filho nascido monstruoso seja morto imediatamente".
A Pena de Talião também retribuía a mutilação àquele que a provocou em outrem.
Os hebreus acreditavam que a deficiência era uma punição divina. Já os hindus
consideravam os cegos como pessoas de sensibilidade interior aguçada e os estimulava ao
ingresso nas carreiras religiosas. Na índia antiga, os deficientes e os doentes incuráveis tinham
suas bocas e narinas tapadas com a lama do rio sagrado e eram atirados às águas do rio Ganges.
Césare Lombroso narra que até 1600, na Suécia, era considerado normal os velhos e
doentes incuráveis serem mortos por seus familiares. Enfim, a eutanásia e eugenia caminhavam de
braços dados para extinguir os deficientes e os velhos da sociedade produtiva. As idéias de
Aristóteles ecoaram na Inglaterra com a chamada Lei dos Pobres, que foi posta em vigor, devido ao
enfraquecimento do regime feudal e ao rompimento das relações do rei Henrique VIII com o
Vaticano. O fato desarticulou o sistema de abrigo e tratamento de inválidos mantidos pelos
feudos e mosteiros; assim coube ao Estado proteger os deficientes de qualquer natureza.
Segundo Shimazaki (1999), com o advento do Renascimento, quando a cultura e os valores
se voltaram para o homem, ocorreu a superação dessa fase de ignorância e rejeição do indivíduo
deficiente e começa a se falar em direitos e deveres dos deficientes.
O Sistema Braille é um sistema de leitura e escrita tátil que consta de seis pontos em
relevo, dispostos em duas colunas de três pontos. Os seis pontos formam o que convencionou-
se chamar de "cela Braille".
Temos também a magnífica Helen Keller (1880 -1968) que aos 18 meses ficou cega e
surda, teve uma luta árdua e vitoriosa para se integrar na sociedade, tornando-se além de célebre
escritora, filósofa e conferencista, uma personagem famosa pelo trabalho incessante que desenvolveu
para o bem estar das pessoas com deficiências.
elas. Ou seja, os países envolvidos nas guerras começaram a elaborar, no contexto jurídico, as
primeiras leis e constituições federais, que passam a colocar contornos de proteção, reintegração e,
principalmente, de inclusão na sociedade da pessoa com deficiência. O processo gradual de
institucionalização do atendimento à pobreza, e, conseqüentemente, às pessoas deficientes e
doentes mentais, não baniu das práticas e costumes das sociedades, as relações discriminatórias
contra esses indivíduos, manifestadas, sobretudo na linguagem dos mais variados discursos.
Com relação aos deficientes visuais, o quadro geral desses juízos gerais de valor
(estereótipos sociais), coloca-os em dois pólos, aparentemente opostos, mas, igualmente
discriminatórios. Ora esses indivíduos são vistos como seres inferiores, desqualificados, ora são
vistos como heróis, e seres sobrenaturais.
A associação da cegueira à idéia de castigo, punição, pecado a ser expiado, fenômeno que
pode ser ilustrado em diversas passagens da Bíblia, do Alcorão e do Livro dos mortos,
demonstram que o discurso religioso pode ter sido um dos "nichos" privilegiados onde se
desenvolveu e se difundiu esse tipo de juízo geral de valor. Igualmente, a literatura, o cinema, a
telenovela, tendencialmente recorreram às metáforas usuais sobre a cegueira, na composição dos seus
personagens.
Os processos de interação entre grupos minoritários e a sociedade mais ampla, em geral
tendem a serem marcados por relações que estigmatizam e discriminam aqueles indivíduos que tem
algum atributo diferencial, pessoas deficientes, negros, homossexuais, etc. Ao longo da história das
sociedades humanas, as culturas alimentaram-se de um conjunto muito rico de crenças para forjarem
respostas sociais mais ou menos similar para o fenômeno da interação entre a sociedade mais
ampla e os chamados grupos minoritários.
Neste momento, poderá estar nascendo em algum lugar deste mundo, uma criança com
uma ou mais deficiências. Uma deficiência mental, talvez, que a impedirá de dirigir-se para o resto
existência. Ou, então, essa lesão poderá estar disfarçada, influindo em seu comportamento e
aprendizado. Ela poderá nascer com uma lesão na coluna, que lhe negará a andar, correr ou praticar
esportes. Ou, nascer surda, impedindo-a que ouça obras dos famosos, ou o cantar dos passarinhos
ou o barulho da chuva, da cachoeira. Ou se nascer cega, que tornará impossível a perspectiva de
vislumbrar a beleza e as cores da vida...
72
Neste momento, poderá acontecer que alguém nascido perfeito poderá ficar paralítico
porque mergulhou e bateu a cabeça no fundo de um rio, ou escorregou no banheiro e lesionou
a coluna vertebral, ou teve um acidente automobilístico, ou bateu a cabeça numa atividade
esportiva. Alguém estará ficando cego em decorrência de ter contraído uma rubéola com
possibilidades de causar no feto, entre outras deficiências, defeitos oculares: microftalmia
(globo ocular pequeno), catarata congênita, corioretinite, glaucoma, ou sífilis, ou sarampo, ou
infecção hospitalar, ou diabetes, causando retinopatia diabética, ou possuir uma doença
hereditária, ou sofrer um acidente qualquer. Portanto, em questão de segundos a vida de
alguém pode estar tomando rumos irreversíveis, independente da escala social a que pertença.
Evidentemente ninguém gostaria de estar em uma situação como essa, porém situações
inesperadas acontecem e nós, como pessoas não queremos ser discriminados ou “taxados” de
incapacitados por causa de uma deficiência. Dentro do conceito de deficientes inegavelmente
se enquadram muitos idosos, portanto a velhice acarreta uma redução em várias capacidades
físicas, integrando-os ao grupo de pessoas vulneráveis.
poder público celebrar convênios necessários a garantir aos deficientes físicos as condições ideais
para o convívio social, o estudo, o trabalho e a locomoção, inclusive mediante reservas de vagas
nos estacionamentos públicos.
A seguir, estão disponibilizadas algumas leis municipais de São Paulo para informar
como um grande centro tem atendido aos anseios dos deficientes.
Lei no. 12368, Dispõe sobre a adequação das unidades esportivas municipais a
de 10.10.1997 deficientes, idosos e gestantes.
Lei no. 12.495, Institui no âmbito do município de São Paulo o Dia do Lazer para o
de 10.10.1997 Deficiente Físico.
Lei no.12.561, Dispõe sobre a criação de locais específicos reservados exclusivamente
de 08.01.1998 para deficientes físicos, que necessitem de cadeira de rodas para sua
locomoção, nos estádios de futebol e ginásios esportivos do município
de São Paulo.
Lei no.12.575, Institui o Dia da Pessoa Portadora de Deficiência.
de 24.3.98
Lei no.12.821, Dispõe sobre a obrigatoriedade dos estabelecimentos bancários com
de 07.04.99 acesso único através de portas-giratórias manterem acesso, em rampa
quando for o caso, ou cadeiras de rodas.
A Constituição Estadual do Mato Grosso do Sul (1989), em seu art. 208, estabelece que o
Estado assegurará condições de prevenção da deficiência física, sensorial ou mental, com
prioridade para a assistência pré-natal e a infância, bem como a integração social do
adolescente portador de deficiência, através de treinamento para o trabalho e para a
convivência e, a facilitação do acesso aos bens e serviços coletivos, com a eliminação de
preconceitos e remoção de obstáculos arquitetônicos.
Leis Assunto
o
Lei n . 1.267, Dispõe sobre a construção e reforma de edifícios de propriedade pública
de 19.5.1992 estadual que deverão ser adaptados para os portadores de deficiência.
o
Lei n . 1.312, Assegura aos deficientes visuais o direito de transcrição de provas de
de 25.11.1992 concursos públicos para o Braille.
Lei no. 1.372, Dispõe sobre o atendimento prioritário a idosos, portadores de deficiência e
de 27.5.1993 gestantes, nos órgãos públicos que menciona.
Lei no. 1.424, Assegura aos portadores de deficiência a entrada gratuita nos estádios,
de 1° .10.1993 ginásios e parques aquáticos pertencentes ao Estado de Mato Grosso do
Sul.
Lei no. 1.475, Disciplina a adaptação de veículos de transporte coletivo para possibilitar o
de 4.1.1994 acesso aos deficientes físicos.
o
Lei n . 1.772, Dispõe sobre o Programa Estadual de Educação Especial.
de 29.9.97
Lei no. 2.040, Determina a inclusão, no acervo das Bibliotecas Públicas do Estado de
de 3.12.1999 Mato Grosso do Sul, de exemplar da Bíblia Sagrada em Braille.
o
Lei n . 2.083, Dispõe sobre a obrigatoriedade de instituir sanitários e bebedouros
de 16.02.2000 adaptados aos portadores de deficiência física nos estabelecimentos
bancários.
Lei no. 2.264, Assegura ao portador de deficiência, por meio de financiamento, a
de 17.7.2001 aquisição de equipamentos corretivos.
Lei no. 2.494, Trata de grafias em Braille.
de 2002
76
Os Decretos Estaduais no.s 10.015, de 3 de agosto de 2000, que dispõe sobre a Política
Estadual para a Promoção e Integração Social da pessoa Portadora de Deficiência, consolida as
de proteção e dá outras providências;
E o Decreto no. 10.323, de 10 de abril de 2001, que altera dispositivos do Decreto no.s
8.875, de 16 de julho de 1997, que dispõe sobre o Conselho Estadual da Pessoa Portadora de
Deficiência (CONSEP). A Resolução no. l, de 19 de setembro de 1997, do Estado do Mato
Grosso do Sul, torna público o Regimento Interno do CONSEP.
A Lei Orgânica do Município de Campo Grande (2003, p.21) dispõe em seus arts. 167 e
168:
Art. 167 - Os edifícios de uso público e os logradouros só terão suas
plantas aprovadas quando contiverem garantia de acesso adequado às
pessoas portadoras de deficiência. Parágrafo único. A lei disporá sobre
adaptação dos logradouros, dos edifícios de uso público e dos veículos
de transporte coletivo, atualmente existentes, a fim de garantir acesso
adequado às pessoas portadoras de deficiência, conforme o disposto no
art. 227, § 2. °, da Constituição Federal.
de 4.10.1999
Lei no. 3.670, Dispõe sobre a adequação de logradouros e edifícios abertos ao público,
de 29 10.1999 garantindo acesso apropriado às pessoas com deficiência.
Lei no. 3.730, Dispõe sobre a transcrição para a grafia do sistema Braille da nomenclatura
de 11.4.2000 dos logradouros públicos do município de Campo Grande.
Lei no. 3.731, Dispõe sobre a adaptação de listas de preços e cardápios, em bares,
de 11.8.1993 lanchonetes, restaurantes e estabelecimentos similares ao uso por
deficientes visuais.
o
Lei n . 3.9026, Dispõe sobre adaptação de equipamento especial de acesso aos veículos de
de 13.4.2000 transporte coletivo urbano destinado às pessoas portadoras de deficiência
física.
Ainda o Decreto no. 7.794, de 26 de janeiro de 1999, que regulamenta o passe aos
portadores de deficiência: física, auditiva, visual, mental e múltipla no transporte coletivo de
Campo Grande; Portaria no. 13, da Secretaria Municipal de Transporte e Trânsito (SETRAT)
de 29 de janeiro de 1990, normatiza o Decreto no. 6.004, de 22.01.90, que REGULAMENTOU o
passe gratuito aos deficientes físicos, auditivos, visuais, mentais e múltiplos, nos transportes
coletivos urbanos, instituídos na Lei no. 2.661, de 08.12.89;
Outra conquista obtida pelos deficientes físicos é que os veículos por eles adquiridos
são passíveis de isenção nos seguintes impostos: Imposto sobre Produtos Industrializados
(IPI) Lei Federal n.0 8.989, de 24.2.95), Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços,
Imposto Veículos Automotivos (IPVA). A isenção do ICMS é válida não só para a compra de
carros 0 km, mas também para equipamentos de adaptação que facilitam a dirigibilidade do
veículo e para os produtos que proporcionam ou auxiliam a locomoção da pessoa com
deficiência, como cadeiras de rodas, andadores, entre outros. Todavia, os deficientes não
condutores, que abrangem uma grande parcela da população, como os portadores de
deficiência visual, mental e múltipla, não detêm esse direito e, sem dúvida, deveriam ter
respeitado o seu direito de ir e vir.
Social (art. 19) - 1969; dos Direitos do Deficiente Mental - 1971; dos Direitos das Pessoas
Deficientes - 1975.
Durante a Assembléia Geral da ONU, em 9 de dezembro de 1975, foi aprovada a
Declaração Universal dos Direitos das Pessoas Portadoras de Deficiência, que dispõe em seu art. 3° e
da resolução no. 33/3447-ONU:
As pessoas deficientes têm o direito inerente de respeito por sua dignidade humana. As
pessoas deficientes, qualquer que seja a origem, natureza e gravidade de suas
deficiências, têm os mesmos direitos fundamentais que seus concidadãos da mesma idade,
o que implica, antes de tudo, o direito de desfrutar de uma vida decente, tão normal e
plena quanto possível.
efetivas, que garantam a todos os seus direitos e que o poder publico e privado devem adotar.
Inclusão social é o processo pelo qual a sociedade se adapta para poder incluir, em seus
sistemas sociais comuns, pessoas com necessidades especiais e, simultaneamente, estas se
preparam para assumir seus papéis na sociedade. É, portanto, um processo bilateral no qual as
pessoas, excluídas ou não, e a sociedade buscam em parceria, equacionar problemas, decidir
sobre soluções e efetivar a equiparação de oportunidades para todos.
Aqueles que participam do movimento social das pessoas com deficiência conhecem as
conquistas coletivas do grupo, obtidas através de várias décadas, de idas e vindas de
momentos de aceleração. Nos anos 40 e 50, quando profissionais e pais empunharam
bandeiras para gerar iniciativas na saúde, reabilitação, educação especial, trabalho protegido e
as bases de ações assistenciais; nos anos 70, quando as pessoas com deficiências despontaram
como atores sociais emergentes e iniciaram uma nova onda progressista de conquistas de direitos,
na equiparação de oportunidades e autonomia.
O esporte para pessoas com deficiência começou em 1948, porém somente em 1989 é que
foi fundado o Comitê Paraolímpico Internacional, na Alemanha. E no Brasil, nasceu em 1958, mas
só em 1995 foi criado o Comitê Paraolímpico Nacional.
Em 1980, a “Organização Mundial de Saúde (OMS) estimou que 10% da população
mundial é portadora de algum tipo de deficiência (física, visual, auditiva, mental ou múltipla). A
ONU quantifica que o mundo conta hoje com mais de seiscentos milhões de habitantes
deficientes. No Brasil, estima-se algo em torno de vinte milhões de pessoas”. (HABER, 2001).
Como resultados das lutas anteriores, o Ano Internacional das Pessoas com
Deficiência foi comemorado em 1981 e serviu de apoio para novas aquisições.
Como nos informa Wantuil et al. (1990):
Até meados dos anos 70, a questão da Deficiência foi encaminhada pelos técnicos ou
responsáveis considerados "especialistas" na área. A meta principal do grupo era o
atendimento assistencialista dos portadores de deficiência dentro das instituições.
83
educação e, por conseguinte à leitura; e de outro, uma minoria privilegiada que dispõe
dos meios de produção e, detentores da informação e do poder, surgindo um novo tipo de
leitor e de novas formas de leitura do mundo e de seus significantes.
A Biblioterapia é um termo vindo das palavras latinas Biblio = a livros (ou outros
materiais convencionais ou não, como os filmes) e Terapia que significa restabelecimento.
Constitui-se em uma atividade interdisciplinar, podendo ser desenvolvida em parceria
com as áreas de Biblioteconomia, Literatura, Educação, Medicina, Psicologia e Enfermagem.
Tal interdisciplinaridade confere-lhe um lugar de destaque no cenário dos estudos culturais. É
um lugar estratégico que permite buscar aliados em vários campos e um exercício aberto a
críticas, contribuições e parcerias.
De acordo com o autor Miranda (1996):
Não há como negar a propriedade terapêutica, tanto individual quanto coletiva na
leitura não apenas no sentido de”curar”, mas também de prevenir, de orientar, de
desenvolver o ser humano numa trajetória supostamente mais construtiva e
edificante.
Conforme Pereira (1996), “o termo tem maior abrangência e significação mais complexa. O
prefixo Biblio é ilimitado porque engloba material audiovisual e outros. O sufixo terapia que
originalmente significa cura, não se restringe ao contexto médico ou psicológico. Portanto, a
Biblioterapia é também a descoberta do mundo”. Ainda, segundo Pereira (1996), “a
biblioterapia se subdivide em: institucional, clínica e desenvolvimental. Esta última refere-se
ao uso de literatura de modo imaginativo e/ou didático a todos os indivíduos que não estão em
crise emocional ou comportamental”.
A biblioterapia para Scalabassi (1973) tem quatro pontos de convergência, ou seja,
emocional, comportamental, intelectual e social. O conjunto deles visa permitir que o
indivíduo se desenvolva globalmente, como um ser que sabe de suas potencialidades e
possibilidades.
A terapia ocorre pelo próprio texto, sujeito a interpretações variadas por pessoas com
experiências únicas. A aplicação das técnicas de Biblioterapia precisa ser um meio possível e
efetivo para a mudança de comportamento, auto-correção e formação dos sujeitos na realidade
em que estão sendo vividas.
Portanto, é uma forma de mostrar que a leitura pode ser difundida por diversos
canais e tornar-se um meio rico para o encontro consigo mesmo e, para a obtenção de
insights cultural, emocional e comportamental, mesmo que seu domínio esteja restrito a
poucos nesse país e, que a leitura de palavras ou frases, não implique necessariamente em
leitura, mas, no resultado obtido. Ler conceitos de um mundo a ser construído. Enfatizando
a colocação de Marcinko (1989) temos:
neste assunto, sobretudo neste ano de 2005 cujo projeto Viva Leitura, abrilhantou o país todo
com eventos relacionados à leitura, extraídas da fonte: “www.mec.org.br”
“VIVALEITURA é o nome dado no Brasil ao Ano Íbero-americano da Leitura, que
foi comemorado em 21 países da Europa e das Américas em 2005. Aprovado, em 2003, pela
Cúpula dos Chefes de Estado dos países íbero-americanos, é coordenado pela OEI
(Organização dos Estados Ibero-americanos), Cerlalc (Centro Regional para o Fomento do
Livro na América Latina e Caribe), Unesco e Governos dos países da região. No caso do
Brasil, pelo Governo Federal, através dos Ministérios da Cultura e Educação e pela Assessoria
Especial da Presidência da República”.
O VIVALEITURA é, assim, uma grande mobilização nacional para que 2005 seja
marco para o início de um gigantesco esforço de todos para que o Brasil implemente uma
Política Nacional do Livro, Leitura e Bibliotecas com a dimensão demandada pelo País. E dê,
dessa forma, o grande salto necessário para construir uma Nação de Cidadãos Leitores.
Governos (federal, estaduais e municipais), escolas, professores, bibliotecários, escritores,
editores, livreiros, organizações não-governamentais, meios de comunicação, empresas
privadas e todos aqueles que vêem a Leitura como uma questão estratégica para a Nação,
inclusive para promover a inclusão e cidadania, foram convocados para deflagrar um grande
movimento nacional.
O maior desafio é, certamente, criar as condições para não limitar o VIVALEITURA a
ações pontuais e esporádicas, mas promover uma grande mobilização nacional em favor da
leitura. Por isso, é encarado apenas como o primeiro passo. Seu calendário e as ações nele
contidas vão constituir a primeira edição do Plano Nacional do Livro e Leitura, de caráter
permanente, composto por Estado, Iniciativa Privada e Terceiro Setor. Uma forma concreta e
bastante objetiva de materializar a visão estratégica das políticas públicas para a área.
Há, portanto, dois grandes desafios. O primeiro é identificar, estimular a integração e
dar visibilidade a tudo que se faz pelo País afora com abrangência, riqueza, diversidade e dose
extraordinária de criatividade e talento. A segunda é fazer mais, seja estimulando novas
iniciativas, fomentando as parcerias ou através de ações próprias de ministérios, governos
estaduais e prefeituras que dêem à Leitura a dimensão de uma Política de Estado. E tendo
como ponto de partida uma visão republicana de planejar e executar políticas de leitura para
todos. E, sobretudo, com todos!”
A aquisição da habilidade da leitura é condição imprescindível para a formação global
do indivíduo como cidadão consciente dos seus direitos e deveres. Saber ler não significa
apenas decifrar letras, mas sim estar preparado para utilizar as capacidades intelectuais e
88
espirituais adquiridas com a leitura para se adequar à sociedade. Sociedade que adentrou ao
novo século e está inserida num universo informacional extremamente globalizado, mutável e
dinâmico. A leitura, neste contexto, pressupõe uma visão mais ampla do processo de
aquisição do conhecimento, pois este pressupõe saber compreender, interpretar, criticar e criar
numa dada realidade. A biblioterapia no contexto da globalização informacional deve almejar
o desenvolvimento pleno do indivíduo. Indivíduo detentor de um discurso que leva-lo-á ao
encontro de outros discursos e práticas. Pois, é da interpenetração e interpretação destes que o
indivíduo tomará conhecimento de si mesmo e do mundo.
6.4.3. LEITURA
A maioria dos leitores cegos lêem, de início, com a ponta do dedo indicador de uma
das mãos esquerda ou direita. Mas boa parte deles, podem ler o Braille com as duas mãos.
Este fato acontece somente através da estimulação consecutiva dos dedos pelos pontos
em relevo. Essas estimulações ocorrem muito quando se movimenta a mão (ou mãos) sobre
cada linha escrita num movimento da esquerda para a direita. Os pontos em relevo permitem a
compreensão instantânea das letras como um todo, uma função indispensável ao processo de
leitura (leitura sintética). Sua principal vantagem, todavia, reside no fato das pessoas cegas
poderem facilmente escrever por esse sistema, com o auxílio da reglete e do punção. Permite
uma forma de escrita eminentemente prática.
O processo de leitura é visto por muitos como, simplesmente, o ato de decodificar as
letras impressas em algum suporte tradicional, como o livro e o jornal, por exemplo. Por esta
concepção bastaria decifrar os sinais para se ler o mundo em que se vive. Porém, o processo de
leitura engloba todo o universo, o que implica numa constante interação entre o leitor e o mundo.
Para Martins (1986), “a leitura deve compreender todo um sistema de relações interpessoais que
englobe as várias áreas do conhecimento”. A leitura como um processo dinâmico deve realizar-se,
ainda segundo Martins (1986): “a partir do diálogo do leitor com o objeto lido - seja este escrito,
sonoro, uma imagem, ou um acontecimento. Diálogo que, atualmente, tem como veículo de
transmissão desde o tradicional livro até os softwares e redes de computadores mundiais”.
O importante no processo é que o leitor compreenda o sentido, o porquê da sua leitura. Esta
não advém, unicamente da educação formal, mas, principalmente, do engajamento do indivíduo com a
sociedade. Podemos citar como exemplo as idéias transmitidas na obra de Umberto Eco, “O nome da
Rosa”, em que o personagem principal é um monge deficiente visual, que possui todo o controle sobre
os livros e a biblioteca que cuida, prendendo a atenção do leitor até o final onde os mistérios são
desvendados. É um belo filme que nos leva a crer que quanto mais o leitor estiver consciente da sua
89
realidade, mais ele poderá compreendê-la. O importante é que ele não seja um receptor passivo, mas
que interaja com o objeto que está sendo lido”.
De acordo com Larrosa (1996), pensar a leitura como formação, implica pensá-la como uma
atividade que tem a ver com a subjetividade do sujeito leitor: não só com o que o leitor sabe,
mas, também, com aquilo que ele é. Trata-se de pensar a leitura como algo que forma (ou nos
de-forma e nos trans-forma), como algo que nos constitui ou nos revela naquilo que somos. A
interação ocorrerá se o leitor se posicionar como um "cidadão do mundo", ou seja, integrado à “aldeia
global”, com capacitação para o convívio social, político e cultural.
Finalmente, a leitura é um processo único, pois a cada releitura do mesmo objeto haverá
novos conhecimentos, novas perspectivas que se somarão as já existentes.
Por sua vez, Lima (2001) e outros autores relacionados neste tópico que lidam com o
tema da leitura, fazem suas colocações como o exposto:
A leitura não pode ser apenas informativa. A informação pela informação não
modifica o pensar e, quando isto acontece, não há alteração do sujeito que pensa e
nem, tampouco, do seu modo de agir na prática. Se assim fosse, aqui, um modo de
limitar a capacidade de formação e de transformação, mas o estudo que ora se
apresenta defende o sujeito que se vale das informações obtidas pela leitura para
selecionar e reelaborar o conhecimento, de modo a aplicá-lo nas suas experiências,
tendo uma relação entre o texto e a subjetividade. Quando se maneja informação e se
a transforma em conhecimento, demonstra-se a capacidade de obtê-la por meio da
aprendizagem reconstrutiva.
A leitura, enquanto formação, tem a ver com aquilo que faz o indivíduo ser o que
é; implica pensá-la como um tipo particular de relação, a hermenêutica, de produção de
sentido. Uma pessoa que não é capaz de se pôr à escuta cancelou seu potencial de formação e
de transformação. Posto isso, na leitura como formação, o importante não é apenas o texto,
mas a relação com o texto, desde que não seja exclusivamente apropriação, pois o sujeito deve
ser capaz de ultrapassar esse nível.
É necessário um homem que de fato saiba ler; e que ao ler, consiga refletir e
relacionar a leitura a partir do que sabe, do que quer, do que precisa e, além disso, seja um
homem disposto a escutar que o texto tem a dizer; que consiga, nesse ato de escuta, trazer
suas experiências para serem confrontadas e, ao fazer isto, saiba reelaborá-las e valer-se das
experiências apreendidas. Enfim, alguém disposto a deparar o que ainda não sabe, o que
precisa saber, alguém disposto a deixar-se envolver, indo numa direção desconhecida.
“Aprender a ler é ter acesso a um mundo distinto daquele em que a oralidade se
instala e se organiza. Portanto, o texto escrito não se resume e se limita ao simples registro das
manifestações orais”. Aprender a ler e escrever são necessidades tão gritantes que sua rejeição
90
indica o alheamento do sujeito, é tão forte quanto a recusa do alimento, quanto a aceitação da
família, ou quanto a aceitação dos bens sociais. Essa valoração tem a sua justificativa pelo
fato de que ela pode instrumentar o sujeito para a própria vida, franquear-lhe possibilidades de
sobrevivência que, de outro modo, lhe estarão vedadas.
O acesso ao mundo da leitura e escrita é realizado durante o processo de
alfabetização. É fácil constatar essa valoração da escrita nas páginas iniciais do primeiro livro
de leitura, primeiro mundo constituído pela escrita a que se tem acesso após o processo da
alfabetização. Ainda, segundo a autora Lima (2001):
“Pela imposição da escrita como qualificação necessária ao próprio mecanismo
produtivo das sociedades contemporâneas, ela persiste de algum modo nesse papel
discriminativo”. É possível dizer que a escrita vincula-se a uma necessidade pragmática. A
prova desta afirmativa está presente, ao longo dos tempos, nos programas de alfabetização:
integrar o indivíduo na leitura e na escrita para que ele seja mais produtivo ao sistema; por
exemplo, para que leia e compreenda ordens e mandamentos que, em todo canto, zelam pela
manutenção da ordem.
A autora finaliza assim:
Entenderia por escrita propriamente dita, a possibilidade de o sujeito ter o seu
próprio discurso. E se entende por leitura o acesso a um conhecimento
diferenciado, daquele que lhe permite reconhecer a sua identidade, seu lugar
social, as tensões que animam o contexto em que vive ou sobrevive e, sobretudo, a
compreensão, assimilação e questionamento seja da própria escrita, seja do real em
que a própria escrita se inscreve.
Para isso, são necessários os recursos e ter a capacidade seletiva do que devemos ler
e buscar o que conhecer, na perspectiva de um futuro que cabe a nós todos construirmos.
O filósofo Sócrates, que viveu em Atenas nos anos 470 a.C a 399 a.C, foi o primeiro
dos três pensadores gregos – precedendo a Platão e Aristóteles – que marcaram
definitivamente a cultura ocidental, defendeu e praticou a dialética e o debate,
inaugurando um novo método pedagógico, a maiêutica. Seus ataques amparavam-se
em dois argumentos: 1) acreditava que a escrita teria a capacidade de atrofiar a
memória; 2) considerava-a inadequada ao diálogo, porque a única resposta capaz de
oferecer às questões que lhe são propostas é o texto já pronto e acabado, não
havendo, portanto, lugar para o debate”. As informações sobre Sócrates e seu
legado, provém, sobretudo de Platão, seu proeminente discípulo, pois ele próprio
jamais escreveu sobre qualquer assunto. (NEVES, 2001)
A difusão dos novos conhecimentos estimulou o interesse das pessoas para usufruir os
benefícios do novo meio de comunicação, a imprensa, mas para isto, era necessário
aprender a ler e a escrever. A alfabetização foi massificada, ou seja, franqueada a um
número abrangente de cidadãos. O caminho para isso seria a sala-de-aula, e o atendimento
da demanda só foi possível com o ensino público, amparado em livros que podiam ser
oferecidos a custos baixos, crescendo assim o número de leitores.
A criação de bibliotecas foi tornando a leitura tanto de jornais quanto de livros mais
acessíveis e a propagação do hábito de ler difundiu-se em todos os rincões provando que
seria algo duradouro e necessário.
A mesma energia elétrica que impulsionou a alfabetização, o hábito de ler, assim como
a produção da escrita impressa, também viabilizou o aparecimento dos meios de comunicação
de massa eletrônicos o rádio e a TV por excelência. No século XX estes por sua vez, não
tardaram a ser apontados como concorrentes implacáveis da leitura. A partir dos anos 80,
surgindo os primeiros computadores, os padrões culturais foram novamente revistos e
reordenados.
Na comunicação de massa, temos o modelo comunicacional no qual o tráfego de
informações se dá, de um para todos, (de um jornal para todos os seus leitores, de
uma emissora de TV para todos os seus telespectadores, etc) de modo que há um
emissor para um grande número de receptores relativamente passivos, isolados uns
dos outros. No modelo comunicacional através do computador interligado em rede,
o fluxo de informação se dá de todos para todos, através do e-mail (correio
eletrônico), Chat (diálogo em tempo real através da rede) fórum de discussão (mural
virtual em que são veiculadas opiniões sobre determinado assunto), homepage
(página na web). Deixamos de ser destinatários e nos tornamos usuários de um
sistema de informação. Não interagimos apenas com a máquina, no uso do controle
remoto e da gravação em vídeo cassete, mas também com o conteúdo por ela
veiculado. Percorrendo a realidade virtual, podemos alcançar instantaneamente
qualquer ponto do planeta, de acordo com a nossa escolha e preferência. ( NEVES,
2001).
Com os recursos de multimídia houve um resgate da escrita, o texto digital que reúne
as diferenças fundamentais em relação aos manuscritos da Antigüidade e também da escrita
impressa, por não ser palpável, pois só se apresenta sob o comando de acesso, ainda dá-nos
uma certa insegurança, sua virtualidade dá-nos a impressão de como ocorreu com a destruição
da Biblioteca de Alexandria, por alguma fatalidade esses recursos de mídia e hipermídia, virá
a nos faltar. E por isso somos impelidos da reprodução de textos em papel cada vez em
maiores quantidades.
Para facilitar a leitura nas telas de computadores através da Internet, é possível obter
gratuitamente softwares desenvolvidos para este fim, o reader. O aplicativo
compatível com a segurança exigida pelos detentores de conteúdo permite acessar
livrarias e bibliotecas virtuais, criar acervo pessoal, marcar páginas, alterar fontes,
sublinhar trechos, consultar dicionário, adicionar notas e outros. Sua instalação pode
ser feita em computadores de mesa (desktop), portáteis (laptops e notebooks) ou
de bolso ( palmtops e handhelds). Outra opção é executar o programa em aparelhos
especialmente produzidos para servirem de suportes do texto digital, conhecidos
como reading devices ou e-(books devices). Mas o desenvolvimento de tecnologias
voltadas para a leitura de livros eletrônicos não para por ai. Uma empresa americana
já apresentou o protótipo de uma tela para computador de bolso feita de papel
eletrônico. Tão fino quanto um chumaço de cabelo, o monitor tem superfície plástica
maleável”. É visível de qualquer ângulo. É leve o suficiente para ser carregado
embaixo do braço. Com uso de uma caneta especial, basta tocar sobre o título da
obra desejada para que ela seja impressa em tempo real no papel digital. A
expectativa é de que muito breve, um livro possa substituir uma biblioteca inteira.
Um estudo do Instituto Poynter e da Universidade de Stanford mostra que os
padrões de leitura divergem de acordo com o meio. Os leitores na Internet lêem em
média 75% de cada artigo; nos jornais e revistas, este índice cai para 30%. A
informatização, embora seja um processo relativamente recente, expõe as imensas
desigualdades entre os que dispõem desta tecnologia e aqueles que estão
completamente à margem da evolução tecnológica. ( op.cit.).
94
[.] sem leitura não há formação [...] e sem formação de pessoas não há conhecimento;
sem conhecimento não há poder, muito menos sobrevivência; não há cidadania, e sem
cidadania não pode existir exatamente uma sociedade. (ROMEU, 1994).
ninguém aprecia o que lhe é praticamente difícil. Relativamente é fácil reconhecer letras
símbolos e palavras, mas uma leitura bem-feita corresponde, a saber, interpretar e entender
o que está sendo lido. O acesso à leitura auxilia na capacidade mental e espiritual das
pessoas. Basta que se treine com regularidade, aperfeiçoando o uso da linguagem escrita e
falada, para tornar-se prazerosa e útil.
Cabe aos pais, professores, bibliotecários e educadores em geral, despertar o gosto
pela leitura, selecionando o que deve ser lido e como ler.
Se por um prisma a linguagem falada, televisionada, computadorizada é uma
conquista do ser humano, avanços da tecnologia, a linguagem gráfica vem igualmente a
complementar a condição humana na vida em sociedade. O livro terá sempre o seu lugar de
destaque, pois estimula o dinamismo indispensável aos estudos, pesquisas, e debates os mais
significativos para as descobertas pessoais inclusive através da leitura como entretenimento
e lazer, vale registrar a observação de Antunes (1981):
O propósito de difundir o uso do livro através da formação do hábito de leitura é
uma constante em todos quantos detém em suas mãos meios e/ou recursos para tal,
promovendo um trabalho de assistência cultural, provendo necessidades de
informação, levando a leitura como meio de lazer.
Palavras e idéias são exclusividades dos seres pensantes, porque amorfo será o
ensinamento que não revelar em sua chave-central uma ação que indique realização e
proveito. O bibliotecário que exercer o mister de saber motivar seus usuários ao hábito de
ler, é um ser digno e privilegiado, que sabe discernir o que embeleza, realiza e aperfeiçoa a
vida humana. A responsabilidade para viabilizar o hábito de ler deveria iniciar na infância e
na estrutura familiar, mas também cabe às instituições como a escola, biblioteca e
universidade, as quais exigem profissionais competentes para atuar conforme seus objetivos
educacionais, sociais e políticos. Para isto, procura-se capacitar os mediadores e promotores
da leitura, destacando-se o profissional da informação — o bibliotecário, sobretudo a partir da
sua capacitação, das práticas educativas e informacionais que dele se esperam. A fim de que
planejem e desenvolvam as modalidades de leitura que motivem e envolvam o leitor,
valorizando as diferentes formas de linguagem e as experiências culturais dos sujeitos em toda
a sua relação de interesses, tendo como objetivo o prazer, a liberdade, a criatividade,
elementos fundamentais sem os quais a prática da leitura não se efetiva a contento.
Em decorrência [disso], a motivação aparece como tema central dos discursos que visam à
formação do promotor competente. Preparar mediadores significaria antes de tudo realizar a
transferência de um saber prático de produção de estímulos capazes de gerar interesse
pela leitura. [...] à mediação competente impõe-se principalmente saber separar obras
interessantes de obras desinteressantes [...] exige domínio de uma série variada de recursos que
exploram os mais diferentes sentidos e as mais diferentes linguagens (PERROTTI,
1990).
98
O profissional que vai trabalhar com a leitura, precisa, antes de tudo ser leitor e,
estar engajado num pensamento político-pedagógico que valorize a cultura infantil, onde o
lúdico, o brincar, pressupõe uma aprendizagem social, na sua relação com suas experiências
vividas. É ser capaz de reconhecer as expressões culturais dos indivíduos e suas formas de
relacionamento tanto com o público infantil, juvenil e com os adultos, para abstrair a leitura
do mundo que os cerca, estimulando-os na produção da escrita dos seus conhecimentos e
de sua cidadania, conforme afirmação de Garcia (1988):
Mediar a leitura significa: [...] abrir caminho para o leitor, sem apresentar uma leitura
pronta e sem colocar obstáculos no meio, permitindo que o diálogo entre o texto e leitor se
processe do modo mais natural possível; mediar a leitura é ler com o leitor, construindo uma
experiência de significação que seja a soma de todas as significações, a soma de todas as
histórias das leituras individuais; mediar a leitura não é ler paternalmente para o leitor como
se a leitura do professor fosse a única, a mais completa e correta entre todas. Mediar a leitura
é estar no meio de uma atividade essencial à escola, à biblioteca, à vida, sem tomar nas mãos
as rédeas do processo, como se fosse o profissional o único, a saber, o caminho; é estar
presente mesmo que sutilmente ausente: é saber que o ato de ler é condicionado por
características psicológicas, sociais, econômicas e intelectuais de cada indivíduo e, nesse
sentido, cada leitura faz parte de um todo maior.
O comprometimento com o ato de ler, não significa somente estar no meio da ação, das
atividades da leitura, mas, sobretudo atuar como sujeito pró-ativo, que compartilha a leitura e
a desenvolve com os leitores e não para os leitores. Precisa ser compreendida como relação
constitutiva, interativa, ação que modifica, que transforma e que agrega valores.
O que caracteriza a leitura, não é a quantidade, nem o esforço mental desprendido para
realizá-la, mas sim a constância para a formação do hábito, onde o bibliotecário, através de
seu discurso político, deve inserir-se como mediador, e não assumir uma postura de
99
mero espectador de atendimento das necessidades dos usuários, mas de possibilitar entre
os interlocutores uma abrangência da leitura num contexto histórico-social, onde o direito
de acesso à informação é garantido constitucionalmente, relacionado à democratização e à
cidadania. Quando aprendemos a absorver conhecimentos por meio de uma leitura, muitas
barreiras culturais deixam de existir. Passamos então de simples receptores a participantes
diretos, entusiasmados pelo furor de aprender sempre mais, proporcionando uma nova visão
diante dos fatos, possibilitando uma argumentação crítica e construtiva, para surtir efeito e
transformações sobre o que está sendo recebido.
Ao longo dos anos, o conceito de biblioteca vem-se transformando e tem sido uma
questão obrigatória em eventos que discutem a educação e a leitura. Relacionando as
bibliotecas com a melhoria de ensino, utilizando-as em sua plenitude como mediadora do
processo ensino-aprendizagem, que infelizmente parece uma prática ainda não implantada em
todas as escolas e municípios brasileiros. Mas o moderno avanço dos recursos tecnológicos
de acesso, controle e recuperação da informação, delineia a existência de bibliotecas sem
paredes, sem estoques de informação sem suporte físico, é a chamada biblioteca virtual, onde a leitura
dá-se na tela de um monitor, mas nem por isso deixa de ser um trabalho dinâmico que envolve outras
ciências como: Psicolingüística, Ciência da Informação, Lingüística, Sociolingüística,
Pedagogia, Sociologia, Psicopedagogia Cognitiva, etc. E que precisa ser realizada em
situações reais, onde se tenha uma função social concreta, e que a tarefa do aprendiz seja
desenvolver a aprendizagem, conforme esclarece Jolibert:
Já na visão de Faria (1986), os profissionais que não buscam uma educação política
contínua nem sempre:
[...] têm consciência de que cedo o novo fica velho se não se renovar. Muitos dos que já
têm essa certeza estão equivocados quanto à colocação da problemática, pois
procuram dinamizar seu trabalho em função da competição e não do
desenvolvimento do espírito crítico, da criatividade e da ajuda mútua. Eles têm que
perceber que precisam buscar uma educação política para sair da neutralidade,
participando conscientemente dos esforços de reconstrução nacional, que é dever de
todo cidadão que desempenha um papel na sociedade.
Garcia (1989) “enfatiza que é inadmissível que a maioria das escolas sobrevivam
sem bibliotecas, com propostas de leitura inócuas e/ ou confundindo bibliotecas
com punhadinho de livros ali no canto”.
Não há dúvida de que uma escola sem biblioteca é uma instituição incompleta, e uma
biblioteca não orientada para um trabalho escolar dinâmico torna-se um instrumento estático
e improdutivo dentro desse contexto. Portanto, a biblioteca, inserida no processo educativo,
deverá servir de suporte a programas educacionais, sobretudo no que se refere ao incentivo à
leitura e à formação de leitores. Assim, integrando-se ao planejamento escolar, desenvolvendo
um trabalho conjunto de cooperação e participação entre professores, alunos e comunidade em
102
[...] As contradições podem e devem começar no banco escolar. A biblioteca se ordena para
desordenar, organiza as suas informações para perturbar os discursos explícitos daquilo que
representa a autoridade legítima ou os discursos implícitos e diluídos nos meios de
comunicação. A biblioteca deve ter objetivo de acrescentar mesmo que sorrateiramente as
conjunções adversativas nos discursos da sociedade, principalmente naqueles
fortalecidos pelo poder e, que por isso são praticamente inculcados no conjunto de
valores do cidadão.
A concepção de biblioteca enquanto veículo de transformação de mentalidade e da
realidade social, não ocorre de forma isolada, mas em conjunto com outras práticas
sociais, educativas, culturais e políticas. Práticas essas que são, sobretudo, históricas
e mediadas por atores sociais.
Com o exposto acima, neste ambiente ecológico informacional, sugere-se que deve ser
afirmado e ampliado o compromisso político com a educação inclusiva, extensiva às
bibliotecas, organizando encontros e atividades comunitárias para:
A inclusão também nos faz refletir, como nos ensina Maturana e Varela (1995), que
a proposta maior da educação é pensarmos na "condição humana como uma
natureza cuja evolução e realização está no encontro do ser individual com sua
natureza última que é o ser social. Portanto, se o desenvolvimento individual
depende da interação social, a própria formação, o próprio mundo de significados
em que se existe, é função do viver com os outros. A aceitação do outro é, então, o
fundamento para que o ser observador ou autoconsciente possa aceitar-se
plenamente a si mesmo”. Com base nesse princípio filosófico, acreditamos que uma
proposta de Educação Inclusiva possa contribuir para a constituição de uma
sociedade mais igualitária, mais solidária e, portanto, comprometida com o seu
propósito mais significativo: humanizar.
Conforme expõe o autor Félix Gatarri, da mesma forma que temos uma Política para a
Saúde por ex., é necessário refletir sobre o que seria uma Ecologia de Informação e, até
mesmo uma Ecologia do Conhecimento, no intuito de não tornar tóxico o ambiente onde
proliferam as informações. A Ecologia do Conhecimento pode ser definida como o local onde
se estuda o início da informação, sua transformação na criação de novos saberes, agregando
valores, canalizando-os para novas oportunidades de estudo e conhecimento numa Biblioteca
Braille, tema desta dissertação.
106
6.5.1 CONHECIMENTO
Numa caverna profunda, alguns homens estão presos desde a infância. Ficam sentados no
chão, com o pescoço e as pernas acorrentadas, olhando para frente, pois não podem mover a cabeça,
sendo obrigados a permanecer naquela posição. Às suas costas, existe um muro de aproximadamente
1,60 metro, que vai de um lado ao outro da caverna. Atrás desse muro, passam alguns homens
conversando e carregando objetos na cabeça como, por exemplo, jarros, estatuetas de animais, vasos,
bacias etc. Uma fogueira, que ilumina os homens que passam, projeta na parede oposta a sombra dos
objetos carregados, uma vez que os homens não aparecem por causa do muro. Os prisioneiros crêem
que as sombras fantasmagóricas que vêem projetadas são objetos reais, confundindo a sombra com
a realidade. Acreditam ainda que o eco das conversas dos homens que passam representa as verdadeiras
vozes.
Nessa primeira parte do mito, os homens acorrentados, que passaram a vida inteira na
caverna, entendem como verdadeiro o que vêem e ouvem: a sombra dos objetos na parede e o eco das
vozes dos homens que conversam entre si. Nas condições em que se encontram, esses homens são
prisioneiros dos seus sentidos, visão e audição, não podendo duvidar do que vêem, ouvem e conhecem..
Essa passagem sugere, ainda, a existência de dois graus de realidade: a realidade dos objetos e a de sua
sombra, o que permite dois níveis de conhecimento - o do concreto e o do a parente.
A segunda parte do mito - representando uma outra etapa do conhecimento - narra o que
aconteceria se um desses prisioneiros fosse libertado dos grilhões e obrigado a fitar a luz da fogueira.
Sentiria dor e não seria capaz de fixar os objetos cujas sombras via anteriormente. Primeiramente,
olharia para a imagem dos homens e dos objetos refletidos na água. E, ainda, se fosse obrigado a deixar a
caverna escura e íngreme, sujeitando-se a quedas e dor nos olhos acostumados à escuridão, ele precisaria
adaptar-se à claridade de fora da caverna. De início, contemplaria a tênue luz da Lua e das estrelas,
durante a noite. Finalmente, com a acomodação dos olhos à luz, poderia observar o amanhecer e
108
enfrentar a luz do Sol. Então reconheceria o engano em que vivia e poderia olhar para o mundo real.
A partir de então, se esclarece o mito inteiro. Ele representa a passagem do maior grau de
ignorância para o conhecimento do real. Inicialmente, os homens são prisioneiros dos seus sentidos e
acreditam no que vêem e ouvem (são os homens que contemplam a sombra e, iludidos, acreditam
estar conhecendo o real).
Mas existe um outro mundo, da luz, do real, da verdade. É o que está fora da caverna. A
luminosidade representa a inteligência humana, que liberta da ignorância e permite o conhecimento
verdadeiro. Para Platão, o que é real e verdadeiro é o "Mundo das Idéias" (as teorias, os conceitos, produto
do pensamento puro), do qual o "Mundo Sensível", este mundo que conhecemos, é apenas um
arremedo. A crença e a ilusão têm como característica a impossibilidade de se reconhecerem como tais. A
opinião e as crenças têm a força da verdade evidente e encontram sua maior fundamentação e
legitimidade nos sentidos e no senso comum: todos vemos o Sol nascer no oeste e se pôr no
leste, o que permite concluir que o Sol gira em volta da Terra para todos os que acreditam no
sentido da visão como fonte de conhecimento. Além da beleza da teoria platônica descrita no Mito da
Caverna, o que Platão antecipa em 26 séculos é que o conhecimento é uma realidade da alma
humana. É uma criação do intelecto, que vai além dos fatos e dados do mundo dos sentidos. (SENAC,
2004)
O conhecimento do real trabalha com idéias, com intelecto, imaginação e criatividade. E, com
esse conhecimento, o homem interage com o mundo externo, com a sociedade, e o transforma, tendo como
fundamentos as idéias de justiça, de beleza e de verdade. A relação espontânea e imediata que temos, desde
a mais tenra infância, com os objetos externos a nós, é um processo de busca do conhecimento. Por
aproximações e ampliações sucessivas, vamos apreendendo o real, identificando semelhanças e
diferenças, categorizando, criando instrumentos de comunicação com os outros homens pelas formas de
pensar e falar sobre os objetos.
Pela linguagem, criamos um pano de fundo comum das formas de pensar vigentes
na cultura. Na verdade criamos um sistema de pertencimento ao mundo,
entendendo e interagindo com estratégias para compreendê-lo e nele nos situarmos.
Convém ressaltar que os sentidos: tato, audição, olfato, paladar e visão, bem como
as faculdades mentais da percepção, memória, imaginação, linguagem e reflexão
são fontes do conhecimento, mas, também de erro e ilusão. Erramos se nos
orientarmos pelos sentidos, mas da mesma forma se nos guiamos apenas pelo
intelecto. (op.cit.).
109
Uma vez que o espírito humano tem dificuldade de se identificar como fonte do erro,
estabelece-se, muitas vezes de forma inconsciente, a seguinte relação:
Distinguem-se dois tipos: os cegos e os indivíduos com baixa visão, caracterizados sob
enfoques médico-oftalmológicos e educacional, que se implicam mutuamente. Esta
tipologia visa facilitar o entendimento do que realmente seja a deficiência visual.
(ANACHE, 2000)
“Cego: é aquele que tem 0,1 ou menos de acuidade visual no melhor olho, com a correção
óptica possível ou, uma restrição no campo visual a 1 ângulo que subentende 20 graus ou menos.
Visão subnormal: são as pessoas que possuem acuidade visual entre 6/20 e 60/60 no melhor
olho após correção óptica (óculos, lentes)
113
Traumatismo: Conjunto de doenças causadas por ferimento grave, por tombo, etc. Podendo
perder a visão.
Cegos: alunos que apresentam perda total ou resíduo mínimo de visão, necessitando do
Sistema Braille como meio de leitura e escrita e outros métodos, recursos didáticos sonoros e
equipamentos especiais para sua educação.
Visão Subnormal: ou Baixa visão o aluno que apresenta visão residual em grau que lhe
permita ler impressos à tinta, desde que se empreguem recursos didáticos e equipamentos com letras
114
ampliadas e equipamentos especiais, com iluminação adequada, lente, lupa e outros, para atender a
limitação de seu campo visual facilitando a sua educação.
Para melhor compreensão da nossa pesquisa são necessários alguns conceitos sobre a
classificação dos Deficientes Visuais:
Pessoas com baixa visão – “São as que apresentam desde condições de indicar
projeção de luz até o grau em que a redução da acuidade visual interfere ou limita seu
desempenho. Seu processo educativo se desenvolverá, principalmente por meios visuais,
ainda que com utilização de recursos específicos como óculos especiais, lentes microscópicas,
lupas e outros”.
Pessoas cegas: “São aquelas que apresentam desde ausência total de visão até a perda
da projeção da luz. O processo de aprendizagem far-se-á através dos sentidos remanescentes
(tato, audição, olfato, paladar), utilizando o Sistema Braille, como principal meio de
comunicação escrita”.
Com estas informações descritas, pretende-se ter um novo olhar apoiado na Ciência da
Informação com uma visão abrangida pela Ecologia do Conhecimento. Podemos considerá-la
como o conjunto inserido no ecossistema de relações ensino-aprendizagem construindo-se um
conhecimento diferenciado para os portadores de deficiência visual.
A explicação que Capurro (1991) oferece a respeito dessas questões pauta-se na idéia:
paradigma platônico. O primeiro paradigma tem como base o fato de que o ser
vivente é cognoscente, ou seja, é observador de uma realidade externa e separada
dele. O processo de conhecer consiste na assimilação desse mundo através da
capacidade de criar representações dos objetos do mundo na mente do ser
cognoscente. O segundo paradigma toma o fenômeno da comunicação humana
como uma metáfora a ser aplicada a diferentes níveis de realidade. Quando o ser
humano se comunica, diz-se que ele troca informação. A partir desta premissa, a
Ciência da Informação é fundamentalmente preocupada com o impacto da
informação sobre aquele que a recebe. Ao mesmo tempo, aqueles que recebem a
informação são usuários de informação preocupados em resolver seus problemas.
E, sob o ponto de vista do último paradigma, o conhecer humano não é um dos
processos” biológicos, psicológicos ou sociológicos, mas é algo objetivo por si
mesmo. Assim, a Ciência da Informação volta-se para o estudo do “mundo da
informação” contribuindo para a análise e para a construção desse mundo.
Nesta linha de pensamento, muitos têm sido os trabalhos que abordam a questão da
informação como elemento gerador de conhecimento. Segundo Barreto (1997):
Os anos 80, são marcados por uma modificação no posicionamento dos agentes que
operam as práticas informacionais, em virtude da inserção de novos modelos
tecnológicos e conceituais. A informação passa a ser vista como um fator que se
relaciona com o conhecimento e com o desenvolvimento humano. Ela é
considerada como fator modificador da consciência do homem e de seu grupo
social.
É uma estrutura de conceitos ligados por suas relações e informação, é como uma
pequena parte dessa estrutura. A estrutura de conhecimento, que pode ser subjetiva
ou objetiva, é transformada pela informação em nova estrutura de conhecimento.
Propiciam aos usuários deficientes visuais o acesso aos materiais à sua disposição,
afim de que possam realizar suas pesquisas. Este fato instiga-os a explicitarem seus
pensamentos indo adiante em seus raciocínios,
Lança dúvidas em cima de dúvidas,
Admite outros caminhos inesperados,
Leva os usuários especiais a perceberem que pode haver múltiplas hipóteses e
formas de realizar o que procuram.
Mostra a contribuição das demais áreas do saber, como elas são constituídas e se
inter-relacionam na busca de novas aprendizagens.
É uma construção coletiva de profissionais a partir de grande esforço e pesquisas,
nunca suficientes para abstrair todo o conhecimento e a verdade.
Esta informação, é uma espécie de código de etiqueta no qual a relação com as pessoas
deficientes visuais, recebem uma orientação básica, desenhada pelo negativo. Dizendo o que
não se deve fazer no contato com o deficiente visual, define-se, em linhas gerais, um modo de
tratamento adequado às interações das quais ele participa. As possibilidades de interação
humana são muito amplas e as soluções encontradas pelos grupos para o convívio social
harmônico sem dúvida ultrapassam em muito as situações contempladas na listagem de
Robert Atkinson, diretor do Braille Institute of America - Califórnia. Esta, porém, sem
dúvida proporciona orientações essenciais para um primeiro e, eventualmente, duradouro
contato, virtude suficiente para, após adaptá-la à realidade cultural brasileira, republicá-las
neste espaço:
Fonte:http://www.prodam.sp.gov.br/acess/http://www.mbonline.com.br/cedipod/index
.htm (efetuamos alguns acréscimos ao original).
(Texto de Robert Atkinson(Diretor do Braille Institute of America, California).
Adaptação feita pela equipe técnica da Divisão de Documentação e Informação do
Departamento Técnico-Especializado e da Divisão de Reabilitação do Departamento de
Atendimento Médico, Nutricional e de Reabilitação do Instituto Benjamin Constant, contando
com a participação da Associação Brasileira de Educadores de Deficientes Visuais -
ABEDEV.
Muitas pessoas não deficientes ficam confusas quando encontram uma pessoa com
deficiência visual. Isso é natural. Todos nós podemos nos sentir desconfortáveis diante do
"diferente".
Esse desconforto diminui e pode até mesmo desaparecer quando percebermos que
existem muitas oportunidades de convivência entre pessoas deficientes e não deficientes.
Não faça de conta que a deficiência não existe. Se você se relacionar com uma pessoa
deficiente visual como se ela não tivesse uma deficiência, você vai estar ignorando uma
característica muito importante dela. Dessa forma, você não estará se relacionando com ela,
mas com outra pessoa, uma que você inventou, que não é real.
119
Aceite a deficiência. Ela existe e você precisa levá-la na sua devida consideração. Não
subestime as possibilidades, nem superestime as dificuldades e vice-versa. As pessoas com
deficiência visual têm o direito, podem e querem tomar suas próprias decisões e assumir a
responsabilidade por suas escolhas.
Ter uma deficiência visual não faz com que uma pessoa seja melhor ou pior do que
uma pessoa não deficiente. Provavelmente, por causa da deficiência, essa pessoa pode ter
dificuldade para realizar algumas atividades e, por outro lado, poderá ter extrema habilidade
para fazer outras coisas. Exatamente como todo mundo.
Por mais tentador que seja acariciar um cão-guia, lembre-se de que esses cães têm a
responsabilidade de guiar um dono que não enxerga. O cão nunca deve ser distraído do seu
dever de guia.
Sempre que quiser ajudar, ofereça ajuda. Sempre espere sua oferta ser aceita, antes de
ajudar. Sempre pergunte a forma mais adequada para fazê-lo. Mas não se ofenda se seu
oferecimento for recusado. Pois, nem sempre, as pessoas com deficiência visual precisam de
auxílio. Às vezes, uma determinada atividade pode ser mais bem desenvolvida sem
assistência.
Se você não se sentir confortável ou seguro para fazer alguma coisa solicitada por uma
pessoa deficiente visual, explique-se e sinta-se livre para recusar. Neste caso, seria
conveniente procurar outra pessoa que possa ajudar.
As pessoas com deficiência visual são pessoas como você. Têm os mesmos direitos, os
mesmos sentimentos, os mesmos receios, os mesmos sonhos.
Você não deve ter receio de fazer ou dizer alguma coisa errada. Aja com naturalidade
e tudo vai dar certo.
Os estudantes com deficiência visual não têm a mesma possibilidade que os seus
colegas em tirar apontamentos das aulas, recorrendo à gravação.
Nas aulas deverão ser evitados termos como "isto" ou "aquilo", uma vez que não têm
significado para um estudante que não vê.
Quando utilizar o quadro, o docente deverá ler o que escreveu para que, ao ouvir a
gravação da aula, o estudante tenha a noção do que foi escrito.
Quando recorrer a quadros, figuras ou slides deverá descrever o seu conteúdo. Alguns
estudantes que não nasceram cegos, que ainda conservam algum resíduo visual, têm uma
memória residual de objetos, figuras, etc.
Auxílios para orientação são todos os instrumentos e meios empregados por pessoas
deficientes visuais para desenvolver, organizar ou melhorar o entendimento das relações
espaciais básicas, visando facilitar a compreensão de ambientes específicos, reavivar a
memória de percursos, rotas e áreas, assim como para aumentar sua habilidade em planejar
percursos alternativos, com o objetivo de capacitá-las a se locomoverem independentemente
em áreas não-familiares. Ajudam a esclarecer conceitos, complementando a informação
verbal.
“As descrições apenas verbais dos videntes não são suficientes para a maioria dos
indivíduos deficientes visuais; são inadequadas ou ineficientes, não permitindo uma
conceituação substancial”. (WELSH e LASCH, 1980).
121
Esta técnica é desenvolvida para se conseguir uma linha paralela de direção a uma
superfície dada, com o objetivo de localizar objetos ou pontos de referência.
Os auxílios para orientação podem ser classificados em três grupos: maquetes, auxílios
gráficos e auxílios verbais.
Lembramos, entretanto, que a relação do DV. com o meio ambiente deve ser iniciada
através da exploração do esquema corporal, de noções espaciais, de volume etc. O
aprendizado deve partir da utilização das medidas do próprio corpo, como palmo, passada
etc., para medir distâncias e alturas.
6.5.12 MAQUETES
Os auxílios gráficos, compreendidos por mapas ou diagramas, podem ser táteis, Visual-
táteis ou somente visuais, para os portadores de visão subnormal. A utilização de mapas tem
por objetivo a melhor compreensão de percursos, pontos de lazer e turismo, vias de acesso, de
serviços públicos etc. O DV. necessita de dados cartográficos palpáveis, em relevo, com tintas
ou texturas diferentes ao tato, para indicar água ou acidentes do terreno, ou com tintas de
cores fortes e contrastantes para os indivíduos com visão baixa ou subnormal.
Para crianças pequenas recomenda-se que coloque a mão à altura do rosto, para maior
proteção.
Cuidado! Objetos fora de lugar como sapatos atirados a esmo, brinquedos jogados ao
chão, e pisos escorregadios constituem constante fonte de perigo. Há necessidade de se
enfatizar a importância da ordem e da limpeza do ambiente.
6.5.17 SENTAR-SE
6.5.21 CUMPRIMENTO
Muitos deficientes visuais encontram grande dificuldade em manter o rosto voltado para
seu interlocutor durante a conversação, alguns porque nunca foram alertados para o fato,
outros por quererem garantir uma fiel recepção auditiva. Ambas as atitudes provocam
demasiado desconforto social em seu interlocutor, Goffman (1978) afirma:
O fato de que a pessoa cega não consiga voltar o rosto para os olhos dos co-
participantes é um acontecimento que repetidamente viola a etiqueta da
comunicação e repetidamente desorganiza os mecanismos da interação falada.
Isto ocorre porque o cego está privado das pistas de comunicação social proporcionadas
pelas expressões fisionômicas, gestos e movimentos da outra pessoa. O DV. usa expressões
faciais e gestos menos freqüentemente e com menos propriedade que os videntes.
125
Por outro lado, indivíduos cegos causam espanto nos participantes de uma conversação
quando mantêm naturalmente seu olhar "preso" ao de seu interlocutor:
[...] as pessoas cegas algumas vezes aprendem a olhar diretamente para seu
interlocutor, ainda que seu olhar não signifique visão; porque assim evitam fixar o
olhar no espaço ou inclinar a cabeça, ou ainda, violar, sem saber, o código relativo
aos sinais de atenção, por meio dos quais se organiza a interação verbal. (TELFORD
e SAWREY, 1976).
Wooster (1964) é ainda mais pragmático. Ele se refere à indexação como a atribuição
que temos “provavelmente relacionados de alguma forma com o conteúdo intelectual do
documento original, para ajudá-lo a encontrá-lo quando dele se precisar”.
Olafsen e Vocak (1983) colocam essa particularidade com clareza:
O indexador tem de fazer conjecturas (hipótese, idéia) sobre quais as consultas que
serão formuladas pelo futuro usuário do sistema. Independentemente do grau de
habilidade aplicada a esse exercício de adivinhação, ainda assim serão conjecturas,
enquanto o usuário recorre ao sistema trazendo sua própria questão concreta, e as
associações que ele faz podem ser diferentes das do indexador.
Jones (1976), citando Anderson (1971), destaca que “certas partes de um documento
são gratificantes para o indexador”: Parágrafos de abertura (de capítulos ou seções) frases de
abertura e encerramento de parágrafos parecem ser especialmente ricos de palavras
indexáveis. Isto confirma as conclusões de Baxendale (1958) em seu trabalho sobre o
desenvolvimento de processos de indexação automática de documentos. A norma
internacional sobre indexação de assuntos (ISO 5963 – 1985 [E] ) oferece orientações
adicionais para o exame de um documento.
Na Indexação as partes importantes de um texto devem ser examinadas
cuidadosamente principalmente as seguintes:
a) título b) resumo quando houver c) sumário d) introdução, frases e
parágrafos de abertura de capítulos, ) conclusões f) ilustrações, gráficos, tabelas e
respectivas legendas, ) palavras ou grupos de palavras que apareçam sublinhados ou
impressos com tipos diferentes:
OBS. Não é recomendável fazer a indexação apenas do título, e o resumo não deve ser
um substituto do texto. Tanto os títulos como os resumos podem conter enganos, ou serem
inadequados, muitas vezes, nenhum dos dois constitui uma fonte confiável que o indexador
requer”. Documentos não impressos, como os meios audiovisuais, visuais e sonoros, inclusive
os objetos tridimensionais, a projeção de um filme, exigem procedimentos diferentes. Então a
indexação será feita a partir de um título ou de uma sinopse, ou mesmo assistir ou ouvir o que
se encontra gravado. (LANCASTER, 1993).
129
1) Em que grau o arquiteto da informação que faz a busca entende aquilo de que o
usuário realmente precisa.
2) Em que medida as representações de documentos armazenadas na base de dados
indicam de que tratam os documentos.
Existem erros na indexação: falhas de análise conceitual:
1) Deixar de reconhecer um tópico que se reveste de interesse potencial para o grupo
usuário a ser atendido.
2) Interpretar incorretamente de que trata realmente um aspecto do documento,
acarretando termos inadequados.
O indexador experiente identificaria e procuraria corrigir os seguintes erros antes da
inclusão de um registro na base de dados. O arquiteto da informação infringirá a política,
especialmente a que se refere à exaustividade da indexação quando:
1) Deixar de empregar os elementos do vocabulário da forma como devem ser
utilizados ( ex. Combinação incorreta de cabeçalho principal/subcabeçalho).
2) Não utilizar um termo no nível correto de especificidade ( o termo escolhido não é o
mais específico existente).
3) Empregar termo incorreto por não ter conhecimento especializado.
4) Omitir um termo importante.
O Sistema de Indexação que estamos tratando, se subdivide em duas partes:
1) Subsistema de indexação de recortes de jornais
2) Subsistema de indexação de artigos de periódicos.
O volume de documentos gerados e incorporados ao acervo de uma Biblioteca Braille
leva-nos à adoção de um sistema que seja ágil no atendimento das informações. Pode ser
estabelecido um sistema de indexação por palavras-chave, utilizando os índices KWIC (Key
Word in Context - índice de palavras-chave existentes no contexto) e sua aplicação no
controle dos vocábulos empregado na recuperação pelo volume crescente e a diversidade de
termos.
A linguagem natural deve ser empregada no processo de recuperação se necessário,
utiliza-se a linguagem controlada, onde deve haver o cuidado com a padronização dos
termos, através de uma indexação temática estudada, normalizada e uniforme,
procurando, com isto, que haja uma coincidência entre a linguagem de indexação e a
linguagem de busca.
133
São selecionados recortes sobre assuntos de interesse dos usuários, encontrados nos
jornais e em artigos de periódicos, arrolados em uma lista alfabética, com codificação seqüencial. Os
termos, até então usados para a descrição de assuntos, são escolhidos da formulação das consultas e
dos contatos diários e diretos com os usuários. Os recortes são montados em folhas pré-
carimbadas na parte inferior à direita. do carimbo constam dados que identificam o jornal,
espaço para a data da notícia e para o assunto não esclarecido na manchete.
6.6.12 – DIVULGAÇÃO
6.6.16 INDEXAÇÃO
Passa-se à fase de indexação dos recortes e artigos que, após o processamento dos
dados que dará origem ao índice KWIC. A indexação se constitui num ponto fundamental nas
técnicas de organização de arquivos de documentação. Complementada pela codificação,
compõe o método global de recuperação de informações.
Por descritor entende-se também que são termos autorizados que o indexador atribui a
um documento, para descrever seu conteúdo temático. Não descritores são termos não
autorizados que compreendem sinônimos ou quase-sinônimos e formas diferentes das
palavras. São conhecidos também como termos de entrada.
136
6.6.20 SUBSTANTIVO
6.6.20.1 – ADJETIVOS
6.6.20.2 NÚMERO
Para determinar o número do descritor toma-se por base, sempre o termo como é
usado na linguagem natural. Procura-se empregar no singular os termos indicativos de:
materiais; propriedades específicas; nomes próprios e disciplinas.
Usa-se o plural sempre que o termo for conhecido mais dessa forma ou que, quando
usada em ambas as formas tenham sentidos diferentes em cada uma delas.
6.6.20.3 HOMÓGRAFOS
6.6.21.1 - ORTOGRAFIA
6..6.21.2 - TRADUÇÃO
Muitos termos técnicos correntes foram formados pela tradução de palavras de outras
línguas, mas, às vezes, um termo de língua estrangeira moderna ou um termo grego ou latino
é incorporado ao vocabulário especializado de um determinado assunto. Quando o termo
estrangeiro e sua tradução admitida coexistem com o mesmo significado, deverão ser
incluídos no vocabulário, sendo um deles o descritor e o outro um não-descritor, fazendo-se
remissivas para indicar a sinonímia.
indexação dos livros e publicações seguidas do termo escrito em linguagem Braille. Pretende-
se com isto, uma linguagem única de recuperação da informação, visando atender em geral o
mesmo usuário.
Sempre que possível far-se-á a modificação necessária para que possa ser determinado
o descritor no próprio título da notícia jornalística, mas quando tal fato não ocorre, quer seja
porque a modificação necessária descaracterizaria o titulo, o descritor é colocado entre barras.
O caso mais comum é o aparecimento de sinônimos. Neste caso, se o descritor autorizado está
no título da notícia, basta marcá-lo; caso contrário é usado o descritor entre barras.
O uso do singular e plural, bem como o problema de homógrafos não oferece maiores
dificuldades, principalmente no segundo caso, pois um título de notícia dificilmente é
composto de uma só palavra e um homógrafo, uma frase não deixa margem a dúvidas quanto
ao seu significado. O mesmo ocorre com as outras normas, tendo sofrido algumas
adaptações, sempre que necessário e sendo estudados constantemente os casos isolados.
Ao iniciarmos este tópico, à guisa desta apresentação, vislumbramos um novo cenário onde, a
distinção inerente de cada ser humano, leva-nos a concluir que as pessoas desenvolvem habilidades
distintas, e algumas mesmo com limitações, precisam executar suas tarefas. Com o advento das
tecnologias de informática e comunicação, foi possível desenvolver novas formas de realizar estudo,
lazer e trabalho ampliando-as aos deficientes de modo geral, e em especial aos deficientes visuais,
atores deste estudo.
O ser humano é um grande sonhador, curioso e criativo. Por agir assim foi capaz de envolver-
se com seus concidadãos, trocando, aprendendo, ensinando e transformando os seus sonhos em forma
de invenções e descobertas, inventou máquinas e instrumentos que facilitassem o seu trabalho. Com o
advento das novas tecnologias, provou e modificou a comunicação, o conhecimento, e aprimorou sua
interação na sociedade.
Através da globalização, os espaços se encurtaram, o mundo tornou-se a “aldeia global”,
prevista e descrita por Mac-Luhan, onde os acontecimentos ocorrem e simultaneamente são divulgados
por muitas redes de acesso, chegando-se à Sociedade da Informação e do Conhecimento. Que de um
lado expandiu a técnica de informações velozes, a construção de computadores mais potentes e de
outro, agravou a exclusão educacional, inclusive a exclusão digital. A tecnologia estimula o
aprendizado e torna o ensino mais dinâmico e agradável. Mas nossa missão de educadores e
sonhadores deve permanecer, pois é esta a motivação que nos faz vibrar quando vemos o resultado do
nosso empenho. Nada é tão gratificante do que sonhar com dias melhores, ter consciência da realização
de um trabalho bem feito, de um bom atendimento, de disponibilizar a informação que o usuário
procura, de ter ensinado alguém a ler e a escrever, de cumprir nossa tarefa de educadores e colher os
frutos daquilo que plantamos...
Motivados por esses ideais pensamos que a inclusão dos deficientes nas Bibliotecas pode até
parecer utópico, mas não é impossível. Haja vista o crescente número deles que conquistam seu espaço
141
numa melhor alternativa para galgar novos conhecimentos através de cursos de formação, de nível
básico, superior e de pós-graduação.
Quando nos motivamos ao acolhimento dos deficientes visuais nas Bibliotecas Braille,
deixamos de segregá-los e, passamos a ter para com eles um comportamento normal, e eficiente,
podendo nos ancorar na definição elaborada por (Sassaki, 2001) informando-nos:
O princípio da inclusão no nosso estudo prevê a integração, onde todos, sem ou com
necessidades educativas especiais, em particular os portadores de deficiência,
possam interagir em um mesmo ambiente em congruência com os interesses, as
características e necessidades para um aprendizado global.
A Biblioteca Braille também deve ser o local de inclusão, onde a existência das novas
tecnologias de informação adequadas e adaptadas aos indivíduos possibilite melhorias e
mudanças em suas atitudes e meios sociais, conforme a colocação da autora Costa (1995):
É de grande utilidade para ele ser informado sobre todos os aspectos do edifício, desde a
142
Sua locomoção far-se-á com o braço estendido ao longo do corpo, de forma relaxada,
portando o objeto com a ponta (ou a brasa, no caso do cigarro) voltada para baixo, o dorso da
mão para fora. Qualquer outra posição acarretará o risco de ferir-se ou de ferir os demais.
Outros obstáculos que representam risco de segurança física ao deficiente visual, são
portas entreabertas (inclusive de armários), gavetas mal fechadas, venezianas semi-abertas
sobre paredes externas, cadeiras afastadas da mesa etc. Tanto os deficientes visuais como seus
familiares e colegas de trabalho e estudo devem ser esclarecidos sobre os perigos que
representam estes descuidos, responsáveis por inúmeros acidentes, cortes e ferimentos.
Objetos fora de lugar como cadeiras, gavetas semi fechadas, pisos escorregadios
constituem constante fonte de perigo. Há necessidade de se enfatizar a importância da ordem
no ambiente.
Torna-se necessário ao DV. procurar obter noções de primeiros socorros para casos de
necessidade. Deve também ser esclarecido sobre como atuar em caso de emergência e
conhecer as saídas de emergência de sua escola, apartamento ou local de trabalho, assim como
a localização dos extintores de incêndio.
143
É importante para o DV estabelecer seu próprio ritmo de marcha, regulando-o para uma
velocidade adequada que leve em consideração sua segurança e a dos demais. É preciso
igualmente estar sempre alerta para os descuidos e inadvertências alheias, movimentando-se
com precaução para reduzir ao mínimo as possibilidades de choques ou sobressaltos:
Uma medida adotada por alguns deficientes visuais é dividir o ambiente em quatro
partes, no caso de ser um aposento de forma quadrada; ou, caso seja retangular,
dividi-lo em seis partes, à semelhança de uma cela Braille, para efeito de pesquisa e
memorização (Handbook., 1974).
O deficiente visual deve estar atento a todos os estímulos que recebe, elaborando
mentalmente o que detectar auditivamente, por exemplo, onde se localiza o telefone; através
do sentido do olfato, determinar a localização da cozinha; através do sentido sinestésico,
perceber aclives, rampas; por intermédio de sensações térmicas e táteis, determinar
cruzamento de corredores, fontes de calor, passagens de ar etc.
“A pessoa cega também faz uso da sua 'memória motora'. Trata-se de um sentido de
direção e distância, uma espécie de 'memória muscular'. Percebe-se que o destino se
encontra a uma determinada distância, em função do tempo e do movimento”.
Ao detectar um foco de incêndio, não deve tentar apagá-lo em hipótese alguma sem
ter, ao menos, absoluta certeza sobre o tipo de fogo. Deverá proceder da seguinte maneira,
segundo orientação de Moroni (1987):
01 - Não trate as pessoas cegas como seres diferentes somente porque não podem ver. Saiba
que elas estão sempre interessadas no que você gosta de ver, de ler, de ouvir e falar.
02 - Não generalize aspectos positivos ou negativos de uma pessoa cega que você
conheça, estendendo-os a outros cegos. Não se esqueça de que a natureza dotou a todos os
seres de diferenças individuais mais ou menos acentuadas e de que os preconceitos se
originam na generalização de qualidades, positivas ou negativas, consideradas
particularmente.
03 - Procure não limitar a pessoa cega mais do que a própria cegueira o faz,
impedindo-a de realizar o que sabe, pode e deve fazer sozinha.
04 - Não se dirija a uma pessoa cega chamando-a de “cego” ou “ceguinho”; é falta
elementar de educação, podendo mesmo constituir ofensa, chamar alguém pela palavra
designativa de sua deficiência sensorial, física, moral ou intelectual.
05 - Não fale com a pessoa cega como se fosse surda; o fato de não ver não significa
que não ouça bem.
06 - Não se refira à cegueira como desgraça. Ela pode ser assim encarada logo após a
perda da visão, mas, a orientação adequada consegue reduzi-la a deficiência superável, como
acontece em muitos casos.
07 - Não diga que tem pena de pessoa cega, nem lhe mostre exagerada solidariedade.
O que ela quer é ser tratada com igualdade.
08 - Não exclame “maravilhoso”, “extraordinário”, ao ver a pessoa cega consultar o
relógio, discar o telefone ou assinar o nome.
09 - Não fale de “sexto sentido” nem de “compensação da natureza” - isso perpetua
conceitos errôneo. O que há na pessoa cega é simples desenvolvimento de recursos mentais
latentes em todas as criaturas.
10 - Não modifique a linguagem para evitar a palavra ver e substituí-la por ouvir.
Conversando sobre a cegueira com quem não vê, use a palavra cego sem rodeios.
145
11 - Não deixe de oferecer auxílio à pessoa cega que esteja querendo atravessar a rua
ou tomar condução. Ainda que seu oferecimento seja recusado ou mesmo mal recebido por
algumas delas, esteja certo de que a maioria lhe agradecerá o gesto.
12 - Não suponha que a pessoa cega possa localizar a porta onde deseja entrar ou o
lugar aonde queira ir, contando os passos.
13 - Não tenha constrangimento em receber ajuda, admitir colaboração ou aceitar
gentilezas por parte de alguma pessoa cega. Tenha sempre em mente que a solidariedade
humana deve ser praticada por todos e que ninguém é tão incapaz que não tenha algo para dar.
14 - Não se dirija à pessoa cega através de seu guia ou companheiro, admitindo assim
que ela não tenha condição de compreendê-lo e de expressar-se.
15- Não guie a pessoa cega empurrando-a ou puxando-a pelo braço. Basta deixá-la
segurar seu braço, que o movimento de seu corpo lhe dará a orientação de que precisa. Nas
passagens estreitas, tome a frente e deixe-a seguí-lo, mesmo com a mão em seu ombro.
16 - Quando passear com a pessoa cega que já estiver acompanhada, não a pegue pelo
outro braço, nem lhe fique dando avisos. Deixe-a ser orientada só por quem a estiver guiando.
17 - Não carregue a pessoa cega ao ajudá-la a atravessar a rua, tomar condução, subir
ou descer escadas. Basta guiá-la, pôr-lhe a mão no corrimão.
18 - Não pegue a pessoa cega pelos braços rodando com ela para pô-la na posição de
sentar-se, empurrando-a depois para a cadeira. Basta pôr-lhe a mão no espaldar ou no braço
da cadeira, que isso lhe indicará sua posição.
19 - Não guie a pessoa cega em diagonal ao atravessar em cruzamento. Isso pode fazê-
la perder a orientação.
20 - Não diga apenas “à direita”, “à esquerda”, ao procurar orientar uma pessoa cega
à distância. Muitos se enganam ao tomarem como referência a própria posição e não a da
pessoa cega que caminha em sentido contrário ao seu.
21 - Não deixe portas e janelas entreabertas onde haja alguma pessoa cega. Conserve-
as sempre fechadas ou bem encostadas à parede, quando abertas. As portas e janelas meio
abertas constituem obstáculos muito perigosos para ela.
22 - Não deixe objetos no caminho por onde uma pessoa cega costuma passar.
23 - Não bata a porta do automóvel onde haja uma pessoa cega sem ter a certeza de
que não lhe vai prender os dedos.
24 - Não deixe de se anunciar ao entrar no recinto onde haja pessoas cegas, isso
auxilia a sua identificação.
25 - Não saia de repente quando estiver conversando com uma pessoa cega,
146
principalmente se houver algo que a impeça de perceber seu afastamento. Ela pode dirigir-lhe
a palavra e ver-se na situação desagradável de falar sozinha.
26 - Não deixe de apertar a mão de uma pessoa cega ao encontrá-la ou ao despedir-se
dela. O aperto de mão substitui para ela o sorriso amável.
27 - Não perca seu tempo nem o da pessoa cega perguntando-lhe: “Sabe quem sou
eu?” Veja se adivinha quem sou?”. Identifique-se ao chegar.
28 - Não deixe de apresentar o seu visitante cego a todas as pessoas presentes, assim
procedendo, você facilitará a integração dele ao grupo.
29 - Ao conduzir uma pessoa cega a um ambiente que lhe é desconhecido oriente-a de
modo que possa locomover-se sozinha.
30 - Não se constranja em alertar a pessoa cega quanto a qualquer incorreção no seu
vestuário.
31 - Informe a pessoa cega com relação à posição dos alimentos colocados em seu
prato.
32 - Não encha a xícara ou o copo da pessoa cega até a beirada. Neste caso ela terá
dificuldades em mantê-los equilibrados.
33 - O pedestre cego é muito mais observador que os outros. Ele desenvolve meios e
modos de saber onde está e para onde vai, sem precisar estar contando os passos. Antes de
sair de casa, ele faz o que toda gente deveria fazer: procura informar-se bem sobre o caminho
a seguir para chegar ao seu destino. Na primeira caminhada poderá errar um pouco, mas
depois raramente se enganará. Saliências, depressões, ruídos e odores característicos, ele
presta atenção para sua maior orientação.
Observações:
Nem sempre as pessoas cegas ou com deficiência visual precisam de ajuda, mas se
encontrar alguma que pareça estar em dificuldades, identifique-se, faça-a perceber que você
está falando com ela, para isso pode, por exemplo, tocar-lhe levemente no braço, e ofereça seu
auxílio. Nunca ajude sem perguntar antes como deve fazê-lo.
Caso sua ajuda como guia seja aceita, coloque a mão da pessoa no seu cotovelo
dobrado. Ela irá acompanhar o movimento do seu corpo enquanto você vai andando. É
sempre bom você avisar, antecipadamente, a existência de degraus, pisos escorregadios,
buracos e obstáculos em geral durante o trajeto.
Num corredor estreito, por onde só é possível passar uma pessoa, coloque o seu braço
para trás, de modo que a pessoa cega possa continuar seguindo você.
Para ajudar uma pessoa cega a sentar-se, você deve guiá-la até a cadeira e colocar a
147
mão dela sobre o encosto da cadeira, informando se esta tem braço ou não. Deixe que a
pessoa sente-se sozinha.
Ao explicar direções para uma pessoa cega, seja o mais claro e específico possível, de
preferência, indique as distâncias em metros ("uns vinte metros a sua frente").
Algumas pessoas, sem perceber, falam em tom de voz mais alto quando conversam
com pessoas cegas. A menos que a pessoa tenha, também, uma deficiência auditiva que
justifique isso, não faz nenhum sentido gritar. Fale em tom de voz normal
As pessoas cegas ou com baixa visão são como você ou eu, só que não enxergam.
Trate-as com o mesmo respeito e consideração que você trata todas as pessoas. No convívio
social ou profissional, não exclua as pessoas com deficiência visual das atividades normais.
Deixe que elas decidam como podem ou querem participar.
Proporcione às pessoas cegas ou com deficiência visual a mesma chance que você tem
de ter sucesso ou de falhar.
Fique a vontade para usar palavras como "veja" e "olhe". As pessoas cegas as usam
com naturalidade.
Quando for embora, avise sempre o deficiente visual. Lembre-se que nem sempre um
cego é colega de outro cego.
A Biblioteca Braille tem sua grande importância por se constituir um espaço de estudo e
convivência freqüentado pelos deficientes visuais e franqueada a outros usuários.
O respeito à diversidade humana nos conduz a observar que as pessoas possuem
habilidades diferentes e algumas necessitam de condições especiais, para poder
desempenhar determinadas atividades. O desenvolvimento de ajudas técnicas,
principalmente com a contribuição no século XX das tecnologias da informática e
comunicação, permitem hoje que muitas pessoas deficientes encontrem as condições
necessárias para que possam se dedicar às atividades de estudo, trabalho e lazer,
contribuindo assim para o desenvolvimento da sociedade ( MAZZONI, TORRES,
OLIVEIRA etal. 2001).
Apontando para os estudos feitos por Nagahama (1986), “a Biblioteca Braille, como qualquer
outro tipo de Biblioteca, deve ser um centro de informação e lazer, que visa atender às necessidades
informacionais da comunidade”. Neste caso específico dos deficientes visuais. Devido ao seu tipo de
usuário, a Biblioteca deve atuar para a integração do mesmo e oferecer oportunidade de
desenvolvimento intelectual e social”.
A função de inclusão da Biblioteca Braille é abordada, evidenciando o atendimento
diferenciado ao deficiente visual e suas implicações. Chamamos a atenção para as condições
determinantes da integração da pessoa cega na sociedade uma vez que a Biblioteca funciona como
149
De acordo com a Declaração Oficial da American Library Association, em suas normas para as
Bibliotecas Públicas, desde 1956:
Os objetivos básicos norteadores da ação da biblioteca foram assim descritos por Carvalho
(1978) como:
a) “Despertar o gosto pela leitura que é essencial em todas as fases do desenvolvimento intelectual do
indivíduo e auxiliar o leitor a executar sua imaginação,
b) Constituir-se em uma fonte de conhecimentos, informação e opinião de todas as espécies;
c) Contribuir para manter a qualidade de vida em todos os seus aspectos: educacional, econômico,
industrial, científico, político e cultural, assim como possibilitar ao indivíduo o desenvolvimento de
suas habilidades e o exercício consciente de sua cidadania’.
Para alcançar os seus objetivos a biblioteca braille deve basear-se no princípio de igualdade,
não se esquecendo dos serviços e materiais específicos para aqueles que, por algum motivo, se
encontram privados de ir até ela, contemplando os usuários deficientes visuais.
6.7.6 ACERVO
6.7.7 SERVIÇOS:
A prestação de serviços deve estar de acordo com as necessidades dos deficientes visuais.
Ele deve ter acesso à informação. Ter material transcrito para o Braille e gravados em fitas
cassetes. Podendo contar com a colaboração de voluntários na realização destes serviços:
Programas de leitura orientada ao usuário e informações sobre o acervo em geral.
Promover atividades culturais e recreativas também se constitui num importante serviço.
A formação e manutenção de uma brinquedoteca para que as crianças cegas possam ter o
seu lugar cativo auxiliando-as para o estímulo do tato e da audição.
A Hora do conto, apresentação de conjuntos musicais, cursos diversos, trabalhos manuais,
exposições táteis e outras, tendo como objetivo incentivar e trabalhar as diferenças,
combatendo o preconceito visando à integração no desenvolvimento dos serviços com os
deficientes visuais.
biblioteca. A autora salienta que, um banco de dados na área da deficiência visual, serviços de DSI
(Disseminação Seletiva da Informação) poderão tornar uma biblioteca Braille mais dinâmica. Listas
bibliográficas em braille, elaboradas e distribuídas periodicamente aos deficientes visuais, são citadas
por Silva, Viana e Carvalhal (1981) “como um meio de mantê-los informados das novas publicações
no acervo da biblioteca”. O serviço de referência / informação pode ser viabilizado por contato
telefônico. Para isso o sistema de informação deve estar devidamente organizado para atender de
maneira eficaz às solicitações dos usuários (Silva, Viana e Carvalhal, 1981, Nagahama, 1987). Tanto
os deficientes visuais quanto os profissionais que atuam nesta área, e pessoas interessadas, poderão se
utilizar desse recurso, por exemplo, a USP possui o Serviço disque-braille para se informar a respeito
de obras disponíveis em braille e/ou em tinta. De grande importância também é o serviço de leitura oral
para cegos, feita por leitores voluntários para atender às necessidades de informação desses usuários,
já que nem sempre se encontram em braille todos os assuntos solicitados. Livros com informações
científicas e tecnológicas, lazer e outros. Este recurso requer necessariamente fones de ouvido que
possibilitem também a audição em salas comuns, dispensando a exigência de cabines especiais. Como a
maior parte da nossa cultura é orientada para o mundo visual, colocando em situação de séria
desvantagem àqueles que não dispõem de uma visão normal, caberia à Biblioteca Braille, que atende a
deficientes visuais, fornecer-lhes completo acesso à informação. Do material bibliográfico
convencional (livros, revistas e jornais), em braille, em tinta ou falado, às novas tecnologias da
informação (Dox Vox, Braille Hablado, Jaws etc), além da comunicação informal por meio de cursos,
palestras, debates, seminários, encontros. Não se esquecendo das informações que dão respostas às
necessidades do dia-a-dia do deficiente visual como: médicos especializados, postos médicos, cursos,
concursos, empregos, recursos tecnológicos específicos, espaços culturais e de lazer, legislação
específica para deficientes e em geral, além de organismos governamentais ou particulares a que
poderão recorrer para satisfazer uma necessidade.
É importante salientar a possibilidade da biblioteca ao promover cursos em braille para
pessoas videntes. Esta proposta, além de divulgar o Sistema Braille, ainda tão pouco conhecido,
propicia uma maior aproximação dessas pessoas com o deficiente visual. Para que a maioria delas
passe a colaborar voluntariamente, facilitando ao deficiente visual o acesso à informação através de
leitura oral, gravações, transcrições, datilografia em máquinas Braille, além de lhes proporcionar a
participação em programas sociais e de lazer como festas, passeios e outros, como nos instrui
Marques, (1987):
Esse serviço tem se revelado bastante produtivo, não obstante estar muito limitado a
pequenos espaços, uma vez que a maioria das bibliotecas públicas não dispõe de salas de
leitura, próprias para esse fim.O livro falado é uma alternativa indicada para fazer chegar mais
rápida a informação e, assim, contribuir para o melhor desempenho da pessoa cega.
153
À medida que as relações entre as pessoas videntes e deficientes visuais ou com baixa visão
vão se estabelecendo, tem-se a impressão de que a deficiência é um fator acidental,
evidenciada apenas quando surge uma necessidade específica. Parafraseando Wright (1974), o
que domina o relacionamento são as pessoas envolvidas e não a incapacidade de uma delas.
Ao lado das atividades recreativas, deve-se colocar em prática as atividades culturais, tais
como: recitais, coral, orquestras, cursos, exposições, concursos literários, filmes, teatros, interpretação
de textos entre outros. O deficiente visual pode participar dessas atividades como os demais usuários
da biblioteca.
O intercâmbio de experiências entre as pessoas que "enxergam" e as que "não enxergam",
poderá ser uma das formas de combater os paradigmas estigmatizantes sobre o deficiente visual.
“Ao invés da comiseração, as pessoas com deficiência têm necessidade de desenvolver suas
potencialidades. E, para tanto, precisam de oportunidades.” (DUARTE, 1992).
Quanto à atuação do bibliotecário, Nagahama informa que ela está ligada à função educativa e
à ação sócio-cultural deve atuar de acordo com os elementos diretamente responsáveis pela
reabilitação, treinamento, lazer, instrução e formação cultural das pessoas deficientes nas instituições
especializadas. Quanto à forma de atender aos interesses e expectativas dos deficientes, com o cuidado
de não interpretá-los conforme critérios de pessoas "normais", sem limitações. O paternalismo,
inerente a tantas pessoas, não deve existir no atendimento ao cego. O Cientista da Informação deve
conhecer os seus usuários especiais através de estudos de usuários continuamente.
Nagahama (1986) enfatiza a necessidade do bibliotecário possuir curso de especialização na
biblioteca braille, treinamento individual por profissionais da área, ressaltando que a finalidade maior
do seu trabalho não é prover informações para as pessoas cegas, mas criar condições para que elas se
interessem pelas mesmas e as utilize, desenvolvendo as potencialidades dos cegos e reduzindo suas
limitações, uma das formas de desempenho pelo bibliotecário sobre a sua educação continuada, poderá
ser conforme nos instrui Tarapanoff:
O treinamento em serviço e educação continuada a serem buscadas pelo próprio
indivíduo, devem basear-se na observação e necessidades do dia -a –dia e, estarem
norteadas para a qualidade e o conhecimento. Deve identificar necessidades de
sensibilização e marketing, dirigidas para as unidades informacionais e de treinamento
e educação continuada para o profissional da informação.O aprendizado exige a
integração do indivíduo no seu próprio trabalho, visando os objetivos organizacionais
e buscando na educação formal e informal a sua atualização e reciclagem.
(TARAPANOFF, 1997).
“Sua função social seria a de valorizar as pessoas como indivíduos e como seres
humanos, mostrando-lhes interesse e indicando como se sente fortemente motivado a
ajudá-los, mostrando compreensão e preocupação pelos sentimentos dos indivíduos ”.
É necessário possuir habilidades e conhecimentos que são requisitos essenciais no trato com o
usuário e, em particular com os deficientes visuais.
Figueiredo (1991), aponta dois tipos de habilidades necessárias ao desempenho profissional do
bibliotecário: habilidade técnica e habilidade humana:
Assim como as pessoas comuns, o deficiente visual também necessita de amor, carinho,
compreensão, paciência, segurança, proteção e independência, principalmente sentindo-se aceito como
ele é, com suas limitações e capacidades.
Para Heimers (1970), a relação entre pessoas cegas e videntes deve ocorrer de forma natural, e
a pessoa cega deve esforçar-se para integrar-se nesse convívio. O autor afirma que "somente assim é
que ela deixará de ser "cega", recusando-se a desempenhar o papel de uma pessoa que apela para a
misericórdia alheia".
Heimers diz, ainda, que é comum a pessoa cega procurar o convívio com outros cegos,
porque este contato ajuda a liberar sua inibição. No entanto, não deve deixar do contato com os
videntes. Nem tampouco deverá abusar das vantagens que este pode lhe oferecer, sob pena de perder
sua própria independência e tornar-se inoportuno.
Para uma maior compreensão das limitações e necessidades da pessoa deficiente visual,
sugere-se acrescentar à formação bibliotecária conhecimentos na área das deficiências, noções de
biblioterapia e de psicologia, principalmente para lidar com os deficientes visuais.
Pereira (1992) compartilha dessa mesma idéia ao anunciar que “a educação de alguns
bibliotecários deveria incluir também cursos avançados, em psicologia e em literatura”.
Ainda sobre a formação do bibliotecário, Araújo (1985) comenta:
Parece necessário, assim desenvolver conhecimentos, atitudes e padrões de ação no
bibliotecário para que desempenhe suas funções e obrigações como elemento capaz de
incrementar e executar atividades junto à comunidade, especialmente nos segmentos
mais carentes nesse setor.
156
Eis o grande desafio do alfabetizador: estimular, orientar, conduzir para a autonomia, dar
oportunidades, favorecimento do ensino global do deficiente visual.
Independentemente da postura pedagógica o alfabetizador dos DVs deve compreender que
eles podem necessitar de mais tempo para adquirir habilidades sensório-motoras, simbólicas e
pré-operatórias. O desenvolvimento e refinamento da percepção tátil e o domínio de
habilidades psicomotoras são essenciais para a facilitação do processo educacional de leitura-
escrita pelo Sistema Braille. Dependendo do grau de visão, o aluno aprenderá a ler e a escrever
pelo Sistema Braille ou escreverá e lerá por meio da letra impressa em tinta e ampliada para os
que possuem baixa visão.(BRASIL.MEC, 2001).
Não podemos simplesmente atribuir a causa do fracasso escolar aos alunos, familiares ou
professores, sem levar em conta as condições de saúde, visão e outros. Caso o aluno não consiga
acompanhar a escola regular, precisamos transformar as relações sociais de aprendizado e num
esforço interdisciplinar de todos os profissionais envolvidos com a educação: professores, alunos,
famílias, bibliotecários, médicos e demais pessoas da convivência dos DVs e auxiliá-los em suas
limitações.
Na percepção de Luz (1987): “Nenhum programa educativo pode ser eficiente sem o
apoio de instituições públicas. Ele recomenda que entre as atividades de um programa para
deficientes visuais, devam ser incluídos: treinamento, adaptação, reeducação ou reabilitação,
acompanhamento e integração destes na sociedade”.
OBS. Para a referida autora, a preocupação maior dos responsáveis pela disseminação da
informação deveria ser a de multiplicar esforços e concentrar interesses para propiciar o
desenvolvimento integral de pessoas deficientes visuais.
A observação acima leva-nos a compreender que as atividades bibliotecárias para deficientes
visuais não devem constituir-se em ações isoladas, muito pelo contrário. Deve-se envolver a
participação de outros organismos que lidam com a problemática da deficiência visual, para
fortalecer o trabalho das bibliotecas voltadas para esse fim. Araújo (1985) reforça o posicionamento de
Luz ao citar que:
A biblioteca moderna deve agir de modo a fomentar a cooperação entre biblioteca e os
próprios profissionais da área, bem como o intercâmbio com outras instituições que
assistem pessoas deficientes ou relegadas socialmente no sentido de estabelecer programas
de trabalho conjunto.
Luz (1987) “chama atenção para a importância da participação e da interação dos diversos
setores da biblioteca pública nas atividades culturais e educacionais programadas, proporcionando
ao deficiente visual uma participação efetiva nesse contexto. Pois, a experiência mostra que a
157
tendência é o seu isolamento no setor específico para o qual foi criado, contradizendo os princípios
de normalização e integração da educação especial”.
O principal objetivo da interação entre as atividades programadas de uma biblioteca Braille é
fazer com que todos - funcionários e usuários - se conscientizem da necessidade de estimular a
participação do deficiente visual, com o desejo de incorporá-lo como cidadão produtivo, capaz,
disposto a cuidar de si mesmo e contribuir, também, para o progresso do país. Acrescenta que:
(Transcrevemos as informações importantes a todos que mantém contato com os deficientes visuais)
• manter portas bem abertas ou fechadas e retirar objetos do chão para não se tornarem
obstáculos de perigo;
• identificar-se em voz alta, sempre que entrar em um ambiente onde tenha um cego;
• ausentar-se do ambiente somente apenas após comunicar a sua saída, avisar também
quando retornar;
• cumprimentar o cego, na chegada e na despedida, com um aperto de mão, o que
substituirá o seu sorriso amistoso;
• indicar os obstáculos que ele encontrará no caminho que vai seguir, dizendo as
distâncias em metros, ou em números de passos;
•ler o cardápio e os preços para ele, quando estiverem em um restaurante ou
lanchonete, etc.
•ler os avisos quando adentrarem em qualquer recinto: escola, biblioteca, consultórios,
etc”.
Tendo em vista as informações acima descritas, deveriam as bibliotecas em geral, e
principalmente as que possuem acervo em Braille, criar os meios adequados para melhor
atender aos deficientes visuais. Só assim, estariam contribuindo para a sua educação, condição
essencial ao seu desenvolvimento e participação no meio social tendo o livro como
instrumento valioso na abrangência de auxiliar na cura dos indivíduos.
Horne citado por Pereira (1992), identifica o livro, comparando-o a um terapeuta, podendo
ser recomendado como valioso tratamento para vários tipos de indivíduos. De acordo com Horne, a
leitura dá ao indivíduo conhecimentos de diversas experiências que podem contribuir para o seu
enriquecimento pessoal, facilitar a liberação de sentimentos reprimidos, assim como prepará-lo para
comportar-se de maneira mais natural frente a cada problema que surge, podendo aceitá-lo ou resolvê-
lo de forma mais eficiente. Conscientizar-se de que não é a única pessoa a ter problemas e que pode
ser capaz de resolvê-los, de acordo com a confiança que tenha em si mesmo, apoios e estímulos
recebidos.
Reconhecendo que o deficiente visual sente-se privado de experiências visuais, o livro passa a
ter uma importância acentuada, funcionando como recurso facilitador da aquisição de conhecimentos
de quem não tem o acesso na vida cotidiana.
Algumas ações podem contribuir para despertar o gosto pela leitura. Luz (1987) ressalta a
importância do deficiente visual ter acesso a:
159
“A leitura pode ser necessária para capacitar o indivíduo a viver o tema “conheça-te a
ti mesmo". Ela pode ser recomendada para extroverter o indivíduo e aumentar seu
interesse por coisa fora de si próprio”. (PEREIRA, 1992).
quantas vezes for necessário.Providenciar materiais com letras ampliadas para os usuários com
baixa visão, materiais em Braille além dos “ audio-books” ( livros falados).
É imprescindível procurar uma melhor posição e localização confortável em relação ao
“layout” estabelecido na Biblioteca, na melhor distribuição de estantes, mesas e cadeiras
sinalizadas em Braille para facilitar o trânsito pelas seções, apresentando de forma segura os
materiais convencionais destinados às pesquisas, bem como os livros escritos em Braille, os
sonoros, gravados em cds, fitas cassete etc. Incluindo os programas de informática como os
sintetizadores de voz: Dox Vox, Braille Hablado, Virtual Vision, entre outros.
Construir ou adquirir para os usuários, materiais feitos com sucata, com impressão em
relevo, para que através do tato, possam ser identificados os contornos dos desenhos e dos objetos
para que tenham significado para as pessoas que os utilizam.
Não esquecermos de que a carência de estímulos que mobilizam os outros sentidos pode
prejudicar a compreensão pelos deficientes visuais. Diante disso, deveremos aceitar e conviver
diretamente com a diversidade humana, sabendo respeitar as características, interesses e
necessidades, podendo cicatrizar os estigmas e quebrar paradigmas em volta dos
"diferentes/deficientes". Portanto, nós que fazemos parte desta sociedade global que é a base,
o alicerce de uma grande construção como denomina Castells (2003) “uma sociedade em
rede, onde as tecnologias são usadas como forma privilegiada de ação e organização de
movimentos sociais de participação”, não podemos ficar alheios e abdicar dos nossos sonhos,
de ver aceitos e inseridos todos os usuários inclusive e principalmente os especiais em
qualquer tipo de Biblioteca. Isto tudo, pressupõe grandes avanços e mudanças na sociedade
com um todo, acabando ou pelo menos, minimizando o preconceito, buscando analisar sobre
quais seriam as condições necessárias à integração das pessoas com deficiência na atual
conjuntura, abandonando definitivamente discussões meramente opinativas. As Bibliotecas
são e serão sempre os locais propícios onde poderemos expressar desejos, sentimentos emoções
num contexto educacional, e que todos sem exceção se sintam integrados em busca de um
mesmo objetivo que é o encontro das informações solicitadas, e excelência no atendimento
com efetividade e afetividade, com a finalidade de ensiná-los a ter independência, de conhecer
e utilizar os recursos informacionais disponíveis de acordo com seu grau de entendimento e
de interesse sedimentando seu embasamento cultural.
161
7. METODOLOGIA
Segundo os autores Aaker, Kumar, Daz (2001): “O propósito do Pré-teste, é assegurar que o
questionário atinja as expectativas do pesquisador em termos de informações que precisam ser obtidas”.
Em consonância com estes autores citados, “os responsáveis do [pré-teste] devem ser razoavelmente
representativos da população da amostra”.
163
A Tabela a seguir, identifica qual o número dos entrevistados, e o tamanho da amostra nessa
pesquisa de campo com quatro tipos de públicos distintos: Perfazendo um total geral de 72
pessoas para as entrevistas no ISMAC, assim classificadas:
INSTITUIÇÃO PARTICIPANTES QUANTIDADE MASC FEM
ISMAC ALUNOS – DVS 40 20 20
ALUNOS BAIXA VISÃO 14 07 07
PROFESSORES 12 05 07
FUNCION. ADMINISTRATIV. 05 02 03
FUNCION. BCA. BRAILLE 01 01
Total de alunos/usuários: 54
4 4
Ensino Superior: 4
Ensino Médio: 32
Ensino Fundamental: 4
5
Ensino Superior: 0
Ensino Médio: 9
Ensino Fundamental: 5
9
165
Grupo 1 – Alunos Deficientes Visuais Totais (DV) e com Baixa Visão (BV)
O total de pesquisados foram: 40 alunos-usuários deficientes visuais totais, sendo 20
do sexo feminino e 20 do sexo masculino. Com idades que variam entre de 24 a 55 anos.
São em número de 14 os alunos-usuários com baixa visão que responderam aos
questionários, sendo 07 do sexo feminino e 07 do sexo masculino. Com idades que variam na
faixa de 17 a 80 anos.
Grupo 2 – Funcionários Administrativos
O total de Funcionários administrativos que responderam ao questionário é de 05 pessoas,
sendo 03 do sexo feminino e 02 do sexo masculino. Com idades que variam na faixa de 20 a
50 anos.
Grupo 3 - Professores
O total de professores que responderam ao questionário é de 12, sendo 07 do sexo feminino e
05 do sexo masculino. Com idades que variam na faixa de 20 a 50 anos.
Grupo 4 – Funcionários da Biblioteca São em número de três: um do ISMAC e dois do
CAP.Dv.MS
Questão D) Com que finalidade você utiliza a Biblioteca? (Marque todas as opções
necessárias) ( )1 Leitura de jornais/revistas: 02BV, 06DV; ( )2 Estudar com material próprio:
06BV, 15DV; ( )3 Estudar com material da Biblioteca: 05BV, 21DV; ( )4 Empréstimos de
livros: 12BV, 30DV; ( )5 Obter informações: 06BV, 15DV; ( )6 Outros (especificar)...............
Análise dos dados: O serviço mais utilizado é o de empréstimo. Supõe-se que maioria
dos usuários conhecem mais a esse serviço, seguindo-se do estudo com o próprio material.
Questão F) Por que freqüenta esta Biblioteca? ( )1 Pela localização: 09BV, 24DV;
( )2 Pelas instalações confortáveis: 01BV, 02DV; ( )3 Pela variedade do acervo:
03BV, 09DV; ( )4 Pessoal atencioso:12BV, 29DV; ( )5 Outros: 04DV.
Análise dos dados: As razões mais indicadas quanto a freqüência são: a localização
central e o tratamento atencioso por parte do funcionário da biblioteca. Este é um ponto muito
positivo, devendo, portanto fornecer outros predicados que envolvam e chamem a atenção dos
usuários para melhorar o seu uso.
Questão G) Como é o atendimento? ( )1 Ótimo: 03BV, 14 DV; ( )2 Bom: 04 BV,
10 DV; ( )3 Regular: 09 BV, 13DV; ( )4 Péssimo. Comentário:..........................
167
Análise dos dados: O item de maior destaque foi “regular”. É possível que a
sobrecarga do funcionário lotado no setor da Biblioteca Braille dificulte a realização de um
atendimento satisfatório aos usuários, uma vez que este divide suas atribuições atendendo
outros setores além da biblioteca.
Questão H) O que precisa ser melhorado? ( )1 O espaço físico: 02BV, 20 DV; ( )2
O acervo de livros (em quantidade): 06BV, 35DV; ( )3 O acervo de livros (em qualidade)
06BV, 35DV; ( )4 O acervo de periódicos (jornais e revistas): 07BV, 20DV; ( )5 O
atendimento 14BV, 20DV; ( )6 Sinalização de estantes: 03BV, 03DV; ( )7 Limpeza 03BV,
09DV; ( )8 Horário de atendimento (cite o horário que considera adequado): abrir também no
horário do almoço: 03BV, 08DV; ( )9 Organização das estantes e prateleiras: 09BV, 09DV;
Análise dos dados: Todos os itens foram apontados, destacando-se: o acervo em
quantidade e em qualidade, assim como o atendimento ao público.
Questão I) Que prazo considera ideal para o empréstimo? ( )1Materiais sonoros e
Braille 7 dias: 10BV, 17DV; ( )2Livros Infantis 05 dias: 14BV, 20DV; ( )3Literatura em geral
10 dias: 11BV, 35DV; ( )4outros, quais? Material impresso em Braille 7 dias: 11BV, 30DV.
Análise dos dados: Verificar se a biblioteca segue os prazos ou não e, sugerir
possíveis mudanças.
Questão K) Quando não encontra qual é o motivo? ( )1A Biblioteca não possui:
16BV, 22DV; ( )2Está emprestado: 06BV, 17DV; ( )3Não foi orientado sobre como localizar
o material; ( )4Outros; Quais? Número de exemplares é muito inferior à demanda. 16BV,
22DV.
Análise dos dados: O item que mais sobressaiu foi “A biblioteca não possui”, pois o
número dos exemplares é muito inferior para atender a demanda.
Questão L) Os jornais e revistas à sua disposição, assinados por esta Biblioteca,
atendem ao seu interesse? ( )1Sim: 13BV, 30DV; ( )2Não: 04BV, 13DV; Cite os títulos de
seu interesse: Veja Sonora, jornal ou outra revista sonora: 06BV, 17DV.
168
Análise dos dados: A grande maioria respondeu que os periódicos atendem aos seus
interesses. Como sugestão os usuários indicaram a Revista Veja sonora e Jornais sonoros.
Questão M) Além dos materiais em Braille, quais os outros meios utilizados para suas
pesquisas? ( )1Internet: 14BV, 26DV; ( )2 CD-room: 05BV, 13DV; ( )3livros gravados:
13BV, 27DV; ( )4outros? Quais? Atlas Geográfico, Atlas Anatômico: 05BV, 04DV.
Análise dos dados: Destaque para uso da Internet e livros gravados.
Questão Q) O que você entende por inclusão social? ( )1Participação 14BV, 40DV;
Análise dos dados: Todos sem exceção responderam “Participação”.
Questão S) Assinale ações que podem ser oferecidas na Instituição, com o apoio da
Biblioteca que contribuam para a sua Inclusão Educacional:
( )1Incentivo à leitura e escrita Braille: 13BV, 22DV; ( )2Descobrir novas aptidões: 05BV,
07DV; ( )3Atender demandas Educacionais: 03BV, 07DV; ( )4Desenvolvimento de Projetos:
05BV, 07DV; ( )5Acervo selecionado e atualizado: 10BV, 15DV; ( )6Leitura orientada:
12BV, 31DV; ( )7Cursos: 09BV, 19DV; ( )8Palestras: 06BV, 22DV; ( )9Novas Tecnologias:
11BV, 23DV; ( )10Divulgação de emprego: 09BV, 24DV.
Análise dos dados: O item mais cotado foi “Incentivo à leitura e escrita Braille”,
seguindo-se da “Leitura Orientada” e das “Novas Tecnologias”. Significando que o usuário
está em sintonia, privilegiando o tema central da Pesquisa.
Social: ( )12Sensibilização para um melhor relacionamento comunitário: 05BV,
38DV. ( )13 Conviver com a diversidade e a aceitação das diferenças: 06BV, 28DV.
( )14 Trabalhar a auto-estima: 02BV, 27DV. ( )15 Mudanças de valores: 03BV, 37DV.
( )16Outras: adequações arquitetônicas: 05BV, 16DV.
Análise dos dados: O maior enfoque foi para “Sensibilização para um melhor
relacionamento Comunitário”, seguindo-se “Mudança de valores”, “Conviver com a
diversidade e aceitação das diferenças” e também “Trabalhar a auto-estima”.
Esportivas e Recreativas: ( )17Gincanas: 05BV, 30DV; ( )18Ginástica: 03BV, 05DV;
( )19Natação: 02BV, 06DV; ( )20Dança: 05BV, 06DV; ( )21Música: 07BV, 07DV;
( )22Shows: 08BV, 07DV; ( )23Coral: 01BV, 05DV; ( )24Teatro: 02BV, 07DV.
Análise dos dados: Das ações Esportivas e recreativas destacam-se: “Gincanas”,
“Música”, “Shows” e “Teatro”.
Questão U) Das tecnologias disponíveis, quais você tem domínio para usá-las?
( )1Internet: 10BV, 24DV; ( )2Informática em Geral: 12BV, 21DV; ( )3Sintetizadores de
voz: 12BV, 23DV; ( )4Outros, citar : Não sabem lidar: 05BV, 07DV.
170
Análise dos dados: Os respondentes têm domínio no uso da “Internet” em sua grande
maioria, usam os “Sintetizadores de voz” e também a “Informática em geral”.
Questão V) Quais os serviços de tecnologia que são mais procurados nesta Biblioteca
Especial? ( )1 Internet: 10BV, 35DV; ( ) 2 Virtual Vision: 05BV, 23DV; ( ) 3Sintetizadores
de Voz : 11BV, 17DV; ( ) 4 Outros. Não sabem: 05BV, 05DV.
Análise dos dados: Dos serviços de tecnologia, a grande maioria revelou saber quais
os mais procurados: “Internet”e “Virtual Vision”.
Questão W) Indique aspectos que lhe desagradam na Biblioteca e que os que gostaria
que fossem oferecidos:
( )1cadeiras e mesas mais confortáveis: 19BV; 23DV ( )2 Atendimento no horário do almoço:
05BV, 06DV ( ) 3 Ventiladores ou ar condicionado: 05BV, 10DV ( ) 4 Mesas adaptadas com
luminárias 05 BV,( )5 outros: difícil acesso pela escada: 05 BV, 05DV
Análise dos dados: Dos aspectos desagradáveis estão: cadeiras e mesas
desconfortáveis. Falta mais ventilação ou ar condicionado, o que melhoraria o bem-estar dos
usuários e principalmente a melhor conservação do material bibliográfico do acervo; mesas
adaptadas com luminárias para os usuários com baixa visão.
Análise dos dados: Existe afirmação por parte da metade dos respondentes,
informando que freqüentam outras Bibliotecas no intuito de realizar pesquisas em geral e
também para estudar.
Questão Y) Este espaço é para que você possa fazer a sua crítica e/ou sugestão a
respeito da Biblioteca Braille: Sugestões colocadas pelos respondentes:
meios utilizados pelas novas tecnologias vêm ganhando espaço gradativamente, face ao
crescimento da Internet e o acesso às ampliações e novas mídias eletrônicas.
Questão 10 - Quais os principais pontos das Políticas Públicas que dão suporte à Educação
Especial? Apoio = 08 Integração = 07 Atendimento sem discriminação = 11
173
Questão 12 - Que aspectos não foram abordados nesta pesquisa considerados importantes:
Valorização da Visão, - Entusiasmo com os resultados da arte como realização pessoal dos
deficientes visuais - Criatividade, Projetos de inclusão para a 3ª Idade Atividades lúdicas
para as Pessoas com deficiência visual e baixa visão.
2.3.Há projeto para mudança ou construção de novo prédio ou reestruturação do espaço físico e
layout? (x )1 Sim ( )2 Não (Detalhar, em caso afirmativo): Em andamento com a direção
Móveis Quantidade
Mesa1
(1) comum (2) especial (1)...............(2) (1)....08....(2)
Assento 2
(1) comum (2) especial (1)...............(2) (1)....12....(2)
Luminárias 3
(1) comum (2) especial (1)................(2) ---
Cabines individuais 4
(1) comum (2) especial (1)................(2) (1)....04.....(2)
Estantes 5
(1) comum (2) especial (1)................(2) (1)....30.....(2)
2. RECURSOS HUMANOS:
1 2 3
3.2. Os funcionários da Biblioteca são treinados ( ) Sim ( x ) Não; Para: ( )
Atendimento ( ) 4 Questões de Segurança ( ) 5 Prevenção de Acidentes ( ) 6 Outros................
6. SERVIÇOS AO PÚBLICO
Mapas ou globos em
relevo 01
Legislação 01
176
6.5 Periódicos
6.7. ( ) Quais os recursos especiais existentes? (x )1 Lupas ( x )2 regletes ( )3 outros, citar: sorobã,
globo, em relevo, máquina de datilografia em Braille, etc
8.3.1 HISTÓRICO
8.3.2 CONTRIBUIÇÕES
Horário de atendimentos: das 7h e 30min às 11h e 10min e das 13h e 30min às 17h e 10min.
Diretoria Educacional para informações.
Diretoria Administrativa para associar-se.
Serviço para inscrever-se em atendimentos.
8.3.4 VISITAS
O ISMAC está sempre aberto à visitação e certamente será uma grande satisfação recebê-los.
8.3.5 ATENDIMENTOS
Alfabetização em Braille - através do Sistema Braille, à criança deficiente visual;
prepara-se para ingressar no ensino regular; Atividades da Vida Diária - orientações com
relação à higiene pessoal, alimentação e vestuário; Baixa Visão - desenvolvimento de
programas de estimulação visual; biblioteca - proporciona acesso à informação, através de
uma variedade de literatura Braille e livros gravados em fitas cassete; Educação Física -
trabalha o desenvolvimento das habilidades motoras básicas; Informática - programas
específicos para deficientes visuais (Dosvox e Virtual Vision); Orientação e Mobilidade -
técnicas para locomoção; Psicologia - apoio à pessoa deficiente visual e orientação à família.
8
7 Professores
6
5 Funcionarios com baixa
visao
4
Funcionarios
3 Administrativos
2 Funcionario da
1 Biblioteca Braille
0 Alunos
Total M asculino Feminino
Pessoal
1) O que você como professor faz para que o conteúdo possa ser melhor aproveitado pelos
alunos deficientes visuais e na capacitação dos professores no ensino regular?
Transcrições em Braille, gravações = 03 Material digitalizado = 01
Adaptações de materiais conforme a necessidade: = 03
180
Análise dos dados: A maioria dos professores do CAP.DV/MS, faz a transcrição do material
em Braille ou gravações, adaptações diversas, conforme a necessidade dos alunos, elas são
feitas principalmente dos livros textos e de matemática. Tais livros passaram a ser ilustrados
com figuras e desenhos em relevo, em sua maioria com ângulos tridimensionais, visando
alcançar a realidade do aluno para obter maior eficiência no processo de aprendizagem.
4) Quais os meios de acesso às informações disponíveis aos professores, aos alunos cegos e
aos com baixa visão nesta Biblioteca? ( )1 Internet:04 ( )2 Materiais em Braille= 04 ( . )3
Livros ampliados: 05 ( )4 Livros sonoros: 02 ( )5 outros, quais?.............
Análise dos dados: Os meios de acesso à informação mais freqüentes apresentados pelos
professores do CAP.DV/MS são: Livros ampliados, o que demonstra atenção com os
deficientes que possuem baixa visão, integrando-os ao ensino, seguindo-se da Internet.
Análise dos dados: Na sua maioria os professores confirmaram entender a Inclusão Social
como “Participação” contemplando o quesito cidadania, onde para cada indivíduo é
garantido por lei o seu acesso gratuito e irrestrito a todas as formas de convivência, estudo e
outros.
6) Cite as ações que poderão ser oferecidas pela Instituição com o apoio da Biblioteca aos
DVs e que contribuam para a Inclusão: Educacional: ( )1 Incentivo à leitura e escrita Braille
:06 ( )2 Descobrir novas aptidões: 01 ( )3 Atender demandas Educacionais: 01 ( )4
Desenvolvimento de Projetos: 01 ( )5 Acervo selecionado e atualizado: 01 ( )6 Leitura
orientada: 04 ( )7 Cursos: 02 ( )8 Palestras: 01 ( )9 Novas Tecnologias: 01 ( )10
Divulgação de emprego : 04 ( )11 Outras.........................................
Análise dos dados: Das ações citadas na Inclusão Educacional evidenciaram: Incentivo à leitura e
escrita em Braille, sem as técnicas corretas não é possível manter um ensino de qualidade.
7) A Biblioteca, informa sobre os direitos. benefícios e deveres dos DVs, trazidos em legislação,
e outros meios? ( )1 Sim: : 04 ( )2 Não, Quais? ...Não sabe: 03
Análise dos dados: Em sua grande parte, os mestres consideraram que a Biblioteca Braille
informa sobre os benefícios e deveres dos DVs, trazidos em legislação, isto é um ponto
positivo.
8) Quais os serviços de tecnologia que são oferecidos por esta Biblioteca Especial? ( )1
Internet: 04 ( )2 Sintetizadores de voz: 01 ( )3 Virtual Vision ( )4 outros ....................
182
Análise dos dados: o item que mereceu relevância foi sem dúvida o uso pela Internet, através
do portal da web, tem-se o mundo ao alcance de um botão, e infinitas possibilidades de se
descortinarem as informações.
9) Com a existência das tecnologias disponíveis às pessoas com deficiência visual, quais os
benefícios trazidos na busca de informações? ( )1 Aumento da demanda ( )2 Maiores
possibilidades de atendimento: 01 ( )3 Diversidade de fontes de Informação: 05( ) 4
independência: 01 ( ) 5agilidade: 04
Análise dos dados: por unanimidade declararam a “diversidade de fontes de Informação”,
consideraram os benefícios da não segregação, o intercâmbio das mídias e, a agilidade.
10) Entendemos também por Políticas Públicas: ações de democratização do acesso à leitura
e escrita, e outras oportunidades indispensáveis às pessoas com deficiência visual. Identifique
os principais pontos das Políticas Públicas adotadas nesta Biblioteca que dêem suporte à
Educação Especial ( )1 apoio: 04 ( )2 Integração ( ) 3: 03 Atendimento sem discriminação
Análise dos dados: A interpretação maior dada a esta questão foi o ítem “Integração”.
11) Quais ações da Biblioteca Especial você considera necessárias para a Inclusão
educacional e Social?: ( )1 Desenvolvimento de Projetos: 06 ( )2 Atender demandas
educacionais: 05 ( )3 Variedade e atualização do acervo: 02 ( )4 Adequação de Instalações
arquitetônicas: 03 ( )5 outras, quais? Aumento do espaço físico: 02
Análise dos dados: “Desenvolvimento de Projetos” foi o mais destacado. Nesta questão é
possível avaliar o esforço ocorrido por parte dos envolvidos em se fazerem presentes e
atualizados através de projetos para a captação de recursos e outros tópicos que se queiram
alcançar, seguido por “Variedade e atualização do acervo”, que é chave da vitória para se
conseguir acompanhar a multiplicidade das informações disponibilizadas através do acervo e
materiais a serem consultados.
12) Que aspectos relacionados aos DVs que não tenham sido contemplados neste
questionário, você acrescentaria?.: Ampliação do acervo e do espaço físico: 07 Descobrir
novas aptidões: 01 Acervo Selecionado e atualizado: 06 Leitura Orientada: 06
Análise dos dados: A “ampliação do espaço físico” foi assinalado nesta questão como
prioritário aumentando o espaço físico, na Biblioteca funcionará o Centro de Convivências
dos usuários do CAP.DV/MS, bem como o “acervo selecionado e atualizado” e a “leitura
orientada”.
183
Análise dos dados: Programa específico desconhecem, mas acreditam, que os meios para
implantação seriam: Conversa face a face e Entrevistas, consideram de grande valor e
necessário o exercício de uma leitura dinâmica que os auxiliarão no seu dia-a-dia.
Análise dos dados: Os procedimentos geralmente ocorrem pela busca das informações
existentes no acervo, sendo este o canal mais conhecido e usualmente consultado em todos os
tipos de Bibliotecas. Cumpre lembrar que o material bibliográfico para os amblíopes ou
usuários com baixa visão, impõem adaptações, supondo a codificação das e letras de
tamanhos variados.
3) Quais os meios de acesso às informações disponíveis aos usuários nesta Biblioteca? (x )1
Internet 04 (x )2 Materiais em Braille: 05 (x )3 Livros ampliados: 04 ( )4Livros sonoros ( )5
outros, quais?
Análise dos dados: Os meios disponíveis assinalados são: Materiais em Braille: o uso do
material didático no Sistema Braille, assume destacada importância no ensino especializado,
em geral. Tal destaque advém do fato de a cegueira, ou outra forma de deficiência visual,
constituir sério obstáculo, que afasta o indivíduo da realidade física seguindo-se dos livros
ampliados de diferentes tamanhos, com letras, cores, a serem usados pelos DV´s com baixa
visão.
Análise dos dados: O item mais apontado quanto ao atendimento foi “parcialmente”,
embora os atendentes façam o melhor que podem, carecem do auxílio que um profissional
bibliotecário.
Análise dos dados: O maior número de respostas foi afirmativa: a Biblioteca informa sobre
os benefícios, direitos e deveres e legislação referentes aos deficientes visuais.
1 2
7) Por que freqüenta esta Biblioteca? ( ) Pela localização: 05 ( ) Pelas instalações
confortáveis ( ) 3 Pela variedade do acervo ( ) 4 Pessoal atencioso 05 ( ) 5 Outros.........
Análise dos dados: o maior destaque recaiu sobre a localização central da Biblioteca com
grande facilidade de acesso. O segundo destaque foi atenção recebida no atendimento.
8) Como é o atendimento? ( ) 1 Ótimo ( ) 2 Bom: 05 ( ) 3 Regular ( ) 4 Péssimo.....
Análise dos dados: Todos os participantes foram unânimes em dizer que o atendimento é
classificado como “Bom” e que poderia ser melhor com o auxílio de um bibliotecário.
10) Neste contexto, assinale as ações que podem ser oferecidas pela Instituição, com o apoio
da Biblioteca que contribuam para o fortalecimento de sua Inclusão: Educacional: ( )1
Incentivo à leitura e escrita Braille: 05, ( )2 Descobrir novas aptidões ( )3 Atender
demandas Educacionais:05, ( )4 Desenvolvimento de Projetos: 03, ( )5 Acervo selecionado e
atualizado: 04, ( )6 Leitura orientada 05, ( )7 Cursos: 03, ( )8 Palestras: 05, ( )9 Novas
Tecnologias: 05, ( )10 Divulgação de emprego: 05, ( )11 Outras......
Análise dos dados: os itens mais relevantes foram: Incentivo à leitura e escrita Braille,
atender demandas educacionais, divulgação de emprego, desenvolvimento de projetos,
acervo selecionado e atualizado, leitura orientada, cursos, palestras e novas tecnologias.
Social: ( )12 Sensibilização para melhor relacionamento comunitário: 04 ( )13 Conviver com
a diversidade e a aceitação das diferenças: 05, ( )14 Trabalhar a auto-estima: 05 ( )15
Mudanças de valores: 05 ( ) 16 Outras..................................
Análise dos dados: na parte da Inclusão Social os pontos mais relevantes foram: Conviver
com a diversidade e a aceitação das diferenças: Trabalhar a auto-estima, Mudanças de
valores e a Sensibilização para melhor relacionamento comunitário.
Esportivas e Recreativas: ( ) 17 Gincanas: 05, ( )18 Ginástica: 02 ( )19 Natação ( )20 Dança: 03,
( )21 Música: 05, ( )22 Shows: 05, ( )23 Coral: 03, ( )24 Teatro: 03, ( ) 25 Outras.............
Análise dos dados: Para a inclusão de atividades recreativas e esportivas, os itens mais
importantes foram: gincanas, música, shows, coral, teatro, ginástica, natação e dança.
11) Entendemos também por Princípios de Políticas Públicas as ações de igualdade, de acesso
à leitura e escrita e oportunidades indispensáveis à inclusão de todos os usuários. Poderia
assinalar os principais adotados nesta Biblioteca que dêem suporte à Educação Especial? ( ) 1
Integração ( ) 2 Atendimento sem discriminação: 05, ( ) 3 Outros.....................................
Análise dos dados: Todos foram cordatas ao responderem ao ponto “Atendimento sem
discriminação” isto nos leva a concluir que os DV´s têm recorrido a técnicas e apoios diversos
para a conquista de sua independência e o combate à discriminação.
12) Este espaço é para que você possa fazer a sua crítica e/ou sugestão a respeito da
Biblioteca Braille:
186
Sugestões: Aquisição de maior n° de livros ampliados e periódicos, entre eles a Veja sonora,
Jornais locais etc. A contratação de um Bibliotecário que fará a diferença na oficialização da
Biblioteca, nomeando-a e, estabelecendo a estruturação de novos serviços.
2.2 A área disponível é suficiente: ( )1 para o acervo ( )2 para os usuários ( )3 para ambos
( X )4 não é suficiente, Justificar: Não há espaço nem para o acervo, nem para leitura.
2.3 Há projeto para mudança ou construção de novo prédio ou reestruturação do espaço físico e
layout? (X )1 Sim ( )2 Não (Detalhar ,em caso afirmativo): mudança para duas salas neste
mesmo prédio
1
2.5. A biblioteca possui infra-estrutura para a melhoria das condições de: ( ) Controle:
ambiental ( ) 2 de Climatização, ( ) 3 Segurança ( ) 4 Prevenção de acidentes ( ) 5 Sim ( ) 6
Não (X ) 3: Parcial
Móveis Quantidade
Mesa1
(1) comum (2) especial (1)...............(2) (1)....01....(2)
Assento 2
(1) comum (2) especial (1)...............(2) (1)....08....(2)
Luminárias 3
(1) comum (2) especial (1)................(2) (1)......3.....(2)
Cabines individuais 4
(1) comum (2) especial (1)................(2) (1).............(2)
Estantes 5
(1) comum (2) especial (1)................(2) (1).............(2)
5.1. Indique os métodos utilizados para novas aquisições: ( )1 conselho e/ou comissão
consultora da Biblioteca ( X )2indicação de professores e/ou usuários ( X )3 através de
catálogos, livrarias, vendedores, etc.
ACERVO DOCUMENTAL
2004 2005
Livros falados 33 44
Livros com letras ampliadas 04 05
Revistas e jornais em Braille 20 20
CD-Room 02 03
6.4 Periódicos
8. A Biblioteca tem setor infanto-juvenil? ( )1 Sim, ( X ) 2Não: Não possui o setor, somente
livros infantis.
8.2. A Biblioteca possui serviço audiovisual? ( )1 Não ( X )2 Sim, Computador, Fitas de Vídeo.
11. Qual o nível de instrução dos usuários? ( X ) Superior, a maioria são pedagogos.
1.2 Órgão ao qual a Biblioteca está diretamente subordinada: Secretaria de Estado de Educação
191
2.2 A área disponível é suficiente: ( )1 para o acervo( )2 para os usuários ( )3 para ambos
2.3. Há projeto para mudança ou construção de novo prédio ou reestruturação do espaço físico e
lay-out? ( X )1 Sim ( )2 Não (Detalhar, em caso afirmativo): ocupação de mais duas salas
2.5. A biblioteca possui infra-estrutura para a melhoria das condições de: ( ) 1Controle: ambiental
( ) 2 de Climatização, ( ) 3 Segurança ( ) 4 Prevenção de acidentes ( ) 5 Sim ( X ) 6 Não
Móveis Quantidade
Mesa1
(1) comum (2) especial (1)...............(2) (1)............(2)
Assento 2
(1) comum (2) especial (1)...............(2) (1)....08....(2)
Luminárias 3
(1) comum (2) especial (1)................(2) (1).............(2)
Cabines individuais 4
(1) comum (2) especial (1)................(2) (1).............(2)
Estantes 5
(1) comum (2) especial (1)................(2) (1)......3.....(2)
Outros6
(1) comum (2) especial (1)................(2) (1).............(2)
6.3.ACERVO DOCUMENTAL
2004 2005
Livros falados
33 44
Livros com letras
ampliadas 04 05
Revistas e jornais em
Braille 20 20
CD-Room
02 03
Mapas ou globos em
relevo 07 07
Legislação
05 06
Outros à tinta 240- 260
6.5 Periódicos
Análise dos dados: OBS. Não possuem coleção completa, os periódicos são recebidos
por doação, esporadicamente.
O CAP DV./MS, fundado em Agosto de 1999, localiza-se na Av. Afonso Pena, 3328
Centro - Campo Grande - MS, está vinculado à Secretaria de Educação do Estado. Tem por
finalidade a adaptação e a produção de materiais em Braille, ampliados e gravação de livros
para os alunos DVs e os professores que com eles trabalham.
Possui os seguintes equipamentos:
10 computadores ligados à Internet 04 Scanners 02 Impressoras Braille
02 Impressoras jato de tinta 01 Termoform 01 TV 01 Video Cassete
01 CCTV 10 Jogos de Lupas 01 Encadernadora Manual e outra Eletrônica
9 RECOMENDAÇÕES:
Ao final da execução desta dissertação, verificamos de que ela comporta uma série de
alcances e limitações. Como alcance constatamos que procurou desmistificar a Biblioteca
Braille na proposta de suas ações de atendimento e serviços a serem implantados, resgatando
a sua identidade e o espaço profissional do bibliotecário e de novas opções e diversificação
de trabalho. Como dificuldades, verificou-se:
• Recursos financeiros insuficientes e repasse cada vez menor e insignificante de verbas
para as Bibliotecas e a própria Instituição como um todo,
• Entraves para a contratação de pessoal qualificado,
• Explosão bibliográfica,
• Ausência de políticas de informação,
• Carência de avaliação dos serviços, produtos e acervos,
• Deficiência na conservação dos serviços e, das políticas formais,
• Quadro de pessoal restrito,
• Instalações físicas inadequadas,
• Materiais bibliográficos e equipamentos insuficientes e desatualizados,
• A falta de um sistema anti-furtos,
• Poucos serviços e produtos automatizados.
A integração precisa ser discutida e questionada dentro da proposta trazida para não
cair no discurso vazio. Observa-se ainda a lentidão na passagem de uma etapa mais avançada
de integração para outra.
As barreiras são muitas a serem vencidas e foram conseqüências da própria estrutura
educacional conhecida.
• Efetivar pesquisas sobre o mesmo tema Inclusão através da leitura, com outras
unidades de informação especializadas e mesmo em criação de seções Braille em
outros tipos de bibliotecas como: as universitárias, escolares e públicas
principalmente.
Nesta pesquisa destacaremos alguns pontos, cuja finalidade é contribuir para o campo
da Biblioteconomia e Ciência da Informação para surgirem outros estudos concernentes à
gestão para a Biblioteca Braille e de seus usuários deficientes visuais:
3) Resgatar os valores éticos tão comentados e tão pouco aplicados, imersos na deontologia,
na razão e no domínio de aspectos econômicos, mercadológicos, burocráticos e inter-pessoais
dentro da área da Biblioteconomia.
5) Criar novas formas de atender às necessidades que precisam ser supridas na comunidade,
com a superação das limitações dos usuários cegos e os de baixa visão, engendrando na busca
de instrumentos que otimizem o processo informacional de inclusão.
12) Operar e manter sistemas de informação que contribuam para a organização onde estão
inseridos os deficientes visuais, cumprindo sua missão e objetivos propostos.
204
3) Possibilidade de objetivação nas redes eletrônicas de computador, entre elas a web, onde
intensificam-se as buscas de entendimento e de práticas cidadãs.
4) No campo das ciências da comunicação, o processo é visto como articulação das práticas
de significação de troca de conhecimentos disponíveis na sociedade, tendo a rapidez
decorrente da massificação pela mídia informacional e de consumo.
10) Inserção do acesso à informação nas políticas públicas e sociais através da pesquisa,
imersa numa sociedade cada dia mais mutável e complexa superando os paradigmas
educacionais em prol dos usuários excluídos.
205
12 CONCLUSÃO
A preocupação que nos levou a esta pesquisa deveu-se nesta perspectiva, sobre a Revisão
de Literatura que confirmou-se, mediante os autores citados que foram unânimes em suas
posições ao lidar com o assunto da deficiência visual, posicionando-se firmemente na questão
da inclusão educacional e social em suas amplas modalidades.
Apesar das inúmeras dificuldades enfrentadas, tanto o ISMAC como o CAP.DV/MS,
oferecem aos usuários deficientes visuais e amblíopes e aos comuns, um leque de opções que
se adaptem às suas necessidades, ampliando sua capacidade intelectual de acordo com a
educação especial recebida em sala de aula no ensino regular e nas aulas especiais de
reabilitação e convivência, no Instituto dos Cegos e no CAP.DV/MS.
Uma das formas de mudança do paradigma entre Educação e Biblioteca Braille, seria a
inclusão que os professores, bibliotecários e usuários fizessem ao intercambiarem saberes e
práticas, onde assumirão outra postura frente ao atendimento, ao ensino, à inclusão, às políticas
públicas de gestão para este segmento. Evidentemente, que estas ações assumem diferentes
206
Ao término desta trajetória que passamos nas Bibliotecas Braille de Campo Grande/MS,
concluímos à luz das diferenças detectadas e, poderíamos inferir algumas questões a serem
futuramente discutidas e analisadas, porque os direitos das pessoas deficientes visuais,
enfrentam na sua implementação os mesmos obstáculos dos outros direitos prestacionais.
Dependem de desenvolvimento econômico, da eleição correta de prioridades pelo Poder
Executivo e Legislativo e da coragem de mudança dos magistrados.
É preciso ter um comportamento diferente daquele que normalmente ocorre por parte
dos bibliotecários, ter um novo olhar, possuidor da principal característica de conceber uma
análise do estudo, realizando um profícuo itinerário pela Educação Especial, apontando suas
principais características que envolvem os DV´s.
207
das associações representativas e dos interesses das pessoas com deficiência visual
envolvidas.
Pode-se perceber, porém, que as condições sócio-econômicas das famílias dos DV´s
interferem decisivamente nas condições e oportunidades de acesso à informação e de inserção
educacionais e profissionais.
Observou-se que a inclusão pela via educacional dos DV´s não se estabeleceu como
um procedimento caridoso, demonstrando a nova face do atendimento que visa resgatar a
cidadania. Apesar da complexidade do sistema educacional brasileiro, ocorreram grandes
limitações, principalmente no que se refere à alocação de recursos.
Comprovou-se também neste trabalho, o uso relativo feito das Bibliotecas Braille nas
Instituições pesquisadas e, conseqüentemente na preocupação por parte dos docentes com a
inclusão educacional e social, no que se refere ao exercício da cidadania extensiva aos
deficientes visuais, através do incentivo ao hábito de leitura.
Sugerimos que seja feito um estudo analítico de marketing das questões levantadas, e
oportunamente encaminhadas aos setores competentes para as devidas tomadas de decisões
em prol dos usuários destas Bibliotecas pesquisadas, como nos esclarece Amaral (2004):
REFERENCIAS:
AAEKER, D. A.; KUMAR, V.; DAY, G.S. Pesquisa de marketing. São Paulo:Atlas, 2001.
AQUINO, Miriam A. Leitura crítica e cidadania planetária. In: Linhas Críticas Rev. Sem.da
Faculdade de Brasília- UNB v.7 n.13. jul-dez., p. 183-202, 2001.
ANTUNES, Walda, Vagão biblioteca RS. Rev. Bmia. de Brasília, v.19, n.1, jan/jun, p.58-60,
1981.
ARAÚJO, E.A. O discurso do livro como discurso do estado: estudo de caso do Instituto
Nacional do Livro. João Pessoa, 1991. 67p. Dissertação (Mestrado em Biblioteconomia) -
Universidade Federal da Paraíba, 1991.
BASTOS, A. Ficção: histórias para o prazer da leitura: uma revista literária dos anos 70. In:
Estudos de Literatura Brasileira Contemporânea. UNB n.23. jan.-jul., p. 137-150, 2004
211
BOAVENTURA, R. Como incentivar o hábito de leitura. 4.ed. São Paulo: Ática, 2002.
109p.
BOWER, T.G.R. The visual world to infants. London: Scientific News, 1996. p.20
BROUGÈRE, Gilles. Brinquedo e cultura. 3.ed. São Paulo: Cortez, 2000. 110p.
CALDIN, C. F. A leitura como função terapêutica. Encontros BIBLI, n.12, dez., 2001 –
dispon´vel em http://www.encontros bibli.ufsc.br. Acesso em 10.06.2002
CARLYE, A, Integração e inclusão: do que estamos falando? In: Salto para o futuro:
tendências atuais. . Brasília: MEC. SEED, 1999. 70p.
______, Maria de Lourdes Borges de. O papel da biblioteca pública na educação. Belo
Horizonte. Suplemento Pedagógico, n. 52, mai, 1978.
______, Rosita Edler. A nova LDB e a educação especial. Rio de Janeiro:WVA, 1997.p.32
______ Removendo barreiras para a aprendizagem. 4.ed. Porto Alegre, Mediação, 2004.
174p.
CASTRO, César Augusto, org. Leitura de adultos com escolaridade tardia. São Luis:
EDUFMA, 1999. p.71.
CHOO, Chun Vei . Perception and use of information sources by chief executive in
environmental scanning. Library & Information Science Research. v.16, n.1 p.23-40, 1994.
213
COSTA, Sely M. Impactos sociais das tecnologias de informação. Rev. Bmia de Brasília,
v.19, n.1, jan/jun, p.3-22, 1995.
______, CURTY, M.G. Citações, quando, onde e como usar: NBR 10520/2002. Niterói:
Intertexto, 2002. 63p.
DECLARAÇÃO mundial sobre educação para todos: satisfação das necessidades básicas de
aprendizagem. In: Conferencia Mundial Sobre Educação Para Todos. Jomtien., Tailândia,
1990. p.2
DEMO, Pedro. Pesquisa: princípio científico e educativo. 6.ed. São Paulo: Cortez, 1977.
120p.
DERWIN, B. NILAN, M. Information needs and use. Annual Rew. of Information Science
and Technology v.21 p.48-61,1986.
ELLIS, M. Documentos sobre a primeira biblioteca pública oficial de São Paulo. Rev. de
História, São Paulo, v.8, n.30, p.23-35, 1975.
ESPELETA, J. , Rockwell R. E. Pesquisa participante. São Paulo, Cortez Editora, 1986 p.25
FALVEY, M.A. e HANEY, M.(1989) Partnerships with parents and significant other.
Baltimore, MD: Paul H. Brookers Publishing , 1989. p.15-34.
FERNANDEZ, Sônia Maria Maltez. Falando de integração. Rio de Janeiro : Instituto Helena
Antipoff, 1995. p.15
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Aurélio século XXI: o dicionário da língua portuguesa. 3.ed.
totalmente rev. e ampl. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999. 2128 p.
FREIRE, Paulo & SHOR, Ira. Medo e ousadia. 7.ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986. 224p.
FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler. São Paulo: Cortez, 1996. 10-8
215
FREUD, Sigmundo – Obras completas. Trad. De Odilon Gallotti et al. Rio de Janaeiro:Delta
[197?] v.6
GAELZER, Lenea.; HEIMERS, Willein. Lazer benção ou maldição? Porto Alegre: Sulina,
1979. p.5-20
GHIRALDELLI JÚNIOR, P. História da educação. 2.ed. São Paulo: Cortez, 2000. p.24- 35.
GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5.ed. São Paulo: Atlas, 1999. p.47. 57
GLAT, Rosana. A integração dos portadores de deficiências: uma reflexão. Rio de Janeiro:
Sette Letras, 1995. p.10-37
GOMES, S.C. Bibliotecas e sociedade na Primeira República. São Paulo: Pioneira, 1983.
p.34-36.
GRASSER, J. Manual del desarollo educativo del niño ciego. Barcelona: Toray Mason,
1988. 89p.
HEIMERS, Willein. Como devo educar o meu filho?: um guia para educação de crianças
cegas e de visão prejudicadas. Traduzido por Schoenfeldt. São Paulo : [s.n.], 1973. p.17-25
JAEGER, Leyla Gama. Uma biblioteca de livre acesso para cegos. Biblos, Rio Grande do Sul,
v. l, p. 9-21, 1985.
JIMÉNEZ, R.B. (org.). Necessidades educativas especiais. Lisboa: Dinalivro, 1997. p.17
JOLIBERT, Josette. Formando crianças leitoras. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994, v.1
128p.
216
KEANE, John;. BALKA, Ellen N.D. Behind closed doors and out in public: an
investigation of computer use in the public and private spheres . Acesso em 20.03.2005
http//www.sfu.ca/~ebalka/Prg98.htm
KEEN, E. M. A retrieval comparison of six published indexes in the field of library and
information science. Unesco Bullettin for Libraries, 30 p. 26-36, 1976.
LESSA, C.R. As bibliotecas brasileiras nos tempos coloniais. Rev do Instituto Histórico e
Geográfico Brasileiro , Rio de Janeiro, v.19, p.13-32, jan./abr., 1946.
LUZ, Maria Luzia Pereira. Projeto de implantação dos serviços bibliotecários na seção
braille da futura biblioteca pública de Brasília. Monografia (Especialização em
Administração de Bibliotecas Públicas e Escolares) - Departamento de Biblioteconomia,
Universidade de Brasília, 1987.
MANJÓN, D.G.; GIL, J.R. & GARRIDO, A.A. Adaptaciones curriculares: guía para su
elaboración. Granada-Espanha, 1995. p.20-56 ( Colección: Educación para la diversidad).
MARCONI, M.A.; LAKATOS, E. M. Técnicas de pesquisa. 5.ed. rev ampl. São Paulo:
Atlas, 2002. 282 p.
MARTINS, Maria Helena. O que é leitura. 6. ed. São Paulo: Brasiliense, 1986.p.30-45
MATTAR, Flávia. Novos números, velhos problemas. Jornal da Cidadania, v 8, nº 112, p.7,
jul./ago. 2002.
MENEGALE, J.G. O que é que deve ser a biblioteca pública. Belo Horizonte: Imprensa
Oficial, 1932. p.11-23
MILANESI, Luis Ordenar para desordenar: centros de cultura e bibliotecas públicas. São
Paulo: Brasiliense, 1986. 261p.
MIRANDA, Antonio C. L. Biblioterapia (resenha). Rev. Bmia de Brasília, v.20 n.2, jul/dez,
1996
MORAES, R.B. Livros e bibliotecas no Brasil colonial. São Paulo: Secretaria da Cultura,
Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo, 1979. p.19-50
MORETO, Marco Antonio Palermo. Leitura em sala de aula. LUMEN Rev. de Estudos e
Comunicações. São Paulo: UniFAI v.6, n.13, dez. p. 55-84, 2000.
MUELLER, Suzana P. M. Uma profissão em evolução: profissionais da informação no
Brasil sob a ótica de Abbott – proposta de estudo. In: Profissional da informação: o espaço
de trabalho/Sofia G. Baptista e Suzana P. M. Mueller ( org.). Brasília: Thesaurus, 2004 p. 24.
NAGAHAMA, Maria Cristina. O deficiente visual e a biblioteca braille. Rev. Bras. Bmia. e
Doc., São Paulo, v. 13, n. 1/4, p. 5-17, dez. 1986.
218
NEVES, Teresa Cristina da Costa. Leitura e os meios de comunicação. Lumina. Juiz de Fora:
Facom/UFJF v.4 n.1, jan.-jun., p.129-136, 2001.
NIRJE, B. The normalization principle and human management implications. In: Kugel,
R. et al. Changing patterns in residential services for the mentally retarded. Washington, DC:
Committee on Mental Retardation, 1969.
NERI, C. Historiografia da educação e as fontes. Rev de Educação, São Paulo, v.2, n.1, p.20-
36 jul./dez. 1987.
OLAFSEN, T. VOKAC, L. Authors reply to R. Moss. Journal of the American Society for
Information Science, v.34 p.294, 1983.
PONDÉ, G. A arte de fazer artes: como escrever estórias para crianças e adolescenbtes. Rio
de Janeiro: Nórdica, 1985. p.20-5
RHODE N.E. Information needs. In: Advances in librarianship. v.14 p.49-73. New York:
Academic Press, 1989.
RIBEIRO, Maria Luisa Sprovieri, org. Educação especial do querer ao fazer. São Paulo:
Avercamp, 2003 189p.
ROMEU, S.A. Escola: objetivos organizacionais e objetivos educacionais. São Paulo: EPU,
1994. 77p.
ROSA, Sanny S. Brincar, conhecer, ensinar. São Paulo: Cortez, 1998. 118p.
SÁ, Elizabeth Dias de. Necessidades dos deficientes. Belo Horizonte, Braille v. 4, n. 2, p.
52-53.
SACHI, J. Waisman early childhood program :a model for inclusion - teachers make
the difference. Intraactions, USA, mar. 1986.
SASSAKI, R.K. Inclusão: construindo uma sociedade para todos. Rio de Janeiro: WVA,
1997.p.
SAVIANI, Dermeval. Da nova LDB ao novo Plano Nacional de Educação: por uma outra política
educacional. 4.ed. Campinas:Autores Associados, 2002. 164p.
SENAC. DN Planejamento e avaliação: subsídios para a ação docente. Rio de Janeiro: Ed. SENAC
Nacional, 2004. 110p.
SCHWARZ, H. Estrategias participativas en educación de adultos: sus alcances y
limitaciones. La Educación. v.39 n. 07 Enero – Mayo, p.20-35. , 2001
SILVA, Ezequiel Theodoro da. Leitura na escola e na biblioteca. 5.ed. Campinas: Papirus,
1995. 113p.
______ Ivani Pires da, VIANA, Maria Cecília Monteiro, CARVALHAL, Maria Olívia de
Almeida. Subsídios para organização de biblioteca braille. Rev Bras. de Biblioteconomia ,
São Paulo, v. 14, n. 314, p. 135-138, jul./dez. 1981.
SUAIDEN, Emir. Biblioteca pública e informação à comunidade. São Paulo: Global, 1994,
112p.
VANTI, S. Paulo N. P., SILVA, Eurides B. Como entender e aplicar a nova LDB: ( Lei
9.394/96) São Paulo: Pioneira, 2002. 140p.
VIEIRA PINTO, A. Ciência e existência. São Paulo: Paz e Terra, 2001. p.23-39
WOOSTER, H. Optimal utilization of indexing personnel. Research Review (U.S. Air Force.
Office of Aerospace Research) v.3 n.4 p.22-3, 1964
LEGISLAÇÃO CONSULTADA
BRASIL. Portaria Ministerial MPAS nº 4.677 de 29/6/1998. A empresa com cem ou mais
empregados está obrigada a preencher de dois a cinco por cento dos seus cargos com
beneficiários reabilitados ou pessoa portadora de deficiência, habilitadas. Diário Oficial da
União, Brasília, 30 jun. 1998.
BRASIL. Portaria Ministerial MTE nº 604 de 1/6/2000. Institui, no âmbito das Delegacias
Regionais do Trabalho, os Núcleos de Promoção da Igualdade de Oportunidades e de
Combate à Discriminação, encarregados de coordenar ações de combate à discriminação em
matéria de emprego e profissão. Diário Oficial da União, Brasília, 2 jun. 2000.
a) ALFABETO BRAILLE