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FORMAÇÃO

LITÚRGICA
Seminarista Patrick G. Hiller
Siglas e abreviações
CIgC – Catecismo da Igreja Católica
IGMR – Instrução Geral sobre o Missal Romano
NALC – Normas Universais do Ano Litúrgico e Calendário Romano
Geral
SC – Sacrosanctum Concilium (Constituição sobre a Sagrada Liturgia do
Concílio Vaticano II)
O que é a Liturgia?
“A Liturgia é tida como o exercício do múnus sacerdotal de Jesus
Cristo, no qual, mediante sinais sensíveis, é significada e, de modo
peculiar a cada sinal realizada a santificação do homem; e é
exercido o culto público integral pelo Corpo Místico de Cristo,
Cabeça e membros” (SC, n. 7).
O que é a Liturgia?
Em resumo, é a ação pela qual Deus vem ao encontro do
homem, o homem se santifica e pode dar glória a Deus. Em toda
a Liturgia, esta ação, está sempre em movimento.
O que é a Liturgia?
Na Liturgia é Deus que se comunica ao ser humano e o ser
humano entra em comunhão com Deus.

A maior comunicação entre Deus e o ser humano se deu em


Cristo Jesus, no mistério da Encarnação.
A obra da Salvação
A obra da redenção dos homens e da glorificação perfeita
de Deus, prefigurada pelas suas grandes obras no povo da
Antiga Aliança, realizou-a Cristo Senhor, principalmente
pelo mistério pascal de sua sagrada Paixão, Ressurreição
dos mortos e gloriosa Ascensão, em que “morrendo
destruiu a nossa morte e ressurgindo restaurou a nossa
vida”. Foi do lado de Cristo adormecido na cruz que nasceu
o sacramento admirável de toda a Igreja (Cf. SC, n. 5).
A obra de Cristo na
Igreja
Assim como Cristo foi enviado pelo Pai, assim
também Ele enviou os Apóstolos, cheios do
Espírito Santo, não só para que, pregando o
Evangelho a toda a criatura, anunciassem que o
Filho de Deus, pela sua morte e ressurreição,
nos libertara do poder de Satanás e da morte e
nos transferiu para o Reino do Pai, mas também
para que realizassem a obra de salvação que
anunciavam: mediante o Sacrifício e os
Sacramentos, sobre os quais gira toda a vida
litúrgica (Cf. SC, n. 6).
Presença de Cristo na Liturgia

Para realizar tão grande obra, Cristo está sempre presente na sua
Igreja, especialmente nas ações litúrgicas. Está presente no
sacrifício da Missa, quer na pessoa do ministro, quanto
sobretudo sob as espécies eucarísticas.
Está presente com o seu dinamismo nos Sacramentos, de modo que,
quando alguém batiza, é o próprio Cristo que batiza. Está presente na
sua Palavra, pois é Ele que fala ao ser lida na Igreja a Sagrada
Escritura.
Presença de Cristo na Liturgia

Está presente, enfim, quando a Igreja reza e canta, Ele que prometeu:
“Onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, Eu estou no
meio deles” (Mt 18,20).

Portanto, qualquer celebração litúrgica é, por ser obra de Cristo


sacerdote e do seu Corpo que é a Igreja, ação sagrada por excelência,
cuja eficácia, com o mesmo título e no mesmo grau, não é igualada
por nenhuma outra ação da Igreja (Cf. SC, n. 7).
Liturgia e vida da
Igreja
A Liturgia é a meta para a qual se
encaminha a ação da Igreja e a fonte de
onde emana toda a sua força. Na
verdade, o trabalho apostólico ordena-se
a conseguir que todos os que se
tornaram filhos de Deus pela fé e pelo
Batismo se reúnam em assembleia para
louvar a Deus no meio da Igreja,
participem no Sacrifício e comam a Ceia
do Senhor (Cf. SC, n. 10).
Liturgia e vida da Igreja
A Liturgia, por sua vez, impele os fiéis, saciados pelos mistérios
pascais, a viverem unidos no amor; pede que sejam fiéis na vida a
quanto receberam pela fé; e pela renovação da aliança do Senhor
com os homens na Eucaristia, e aquece os fiéis na caridade
urgente de Cristo. Da Liturgia, pois, em especial da Eucaristia,
corre sobre nós, como de sua fonte, a graça, e por meio dela
conseguem os homens com total eficácia a santificação em Cristo
e a glorificação de Deus, a que se ordenam, como a seu fim,
todas as outras obras da Igreja (SC, n. 10).
Celebrar a Liturgia da
Igreja
A partir da História da Salvação, surgem
quatro questões básicas:

– Quem celebra?
– Quando celebrar?
– Como celebrar?
– Onde celebrar?
Quem celebra?
A liturgia é obra do Cristo total: cabeça e corpo. Nosso Sumo Sacerdote
a celebra sem cessar na liturgia celeste, com a Santa Mãe de Deus, os
Apóstolos, todos os santos e a multidão dos que já entraram no Reino.
Em uma celebração litúrgica, toda a assembleia desempenha o papel de
“liturgo”, cada qual segundo a sua função. O sacerdócio batismal é de
todo o corpo de Cristo. Mas alguns fiéis são ordenados pelo sacramento
da Ordem para representar Cristo como Cabeça do corpo.
(CIgC 1136-1144)
Como celebrar?
Como celebrar?
A celebração litúrgica comporta sinais e
símbolos que se referem à criação (luz, água,
fogo), à vida humana (lavar, tingir; partir o
pão) e à história da salvação (ritos da Páscoa).
Inseridos no mundo da fé e assumidos pela
força do Espírito Santo, estes elementos
cósmicos, estes ritos humanos, estes gestos
memoriais de Deus, tornam-se portadores da
ação salvadora e santificadora de Cristo.
(CIgC 1145-1155)
Como celebrar?
A liturgia é feita de sinais sensíveis que captamos mediante os
nossos cinco sentidos: Tato, Audição, Visão, Paladar e Olfato.

Cada um desses sentidos é devidamente posto a serviço da


celebração.
Celebrar a
Liturgia da
Igreja
Como celebrar?
Estes sinais sensíveis e significativos da ação salvadora e do
verdadeiro culto prestado por Cristo ao Pai, formam os ritos.
Os ritos são, pois, a expressão significativa da obra da salvação e
da glorificação da qual os que celebram participam.
O rito deve ser compreendido em diversos níveis, extensões ou
amplitudes. Pode ser um sinal sensível e significativo ou uma
simples ação, como o sinal da cruz.
A CELEBRAÇÃO EUCARÍSTICA
“A celebração da Missa, como ação de Cristo e do povo de Deus
hierarquicamente ordenado, é o centro de toda a vida cristã tanto
para a Igreja universal como local e também para a vida dos fiéis”
(IGMR, n. 16).
A CELEBRAÇÃO EUCARÍSTICA
“É por isso de máxima conveniência dispor a celebração da
Missa de tal forma que os ministros e os fiéis, participando cada
um conforme sua condição, recebam mais plenamente aqueles
frutos que o Cristo Senhor quis prodigalizar, ao instituir o
sacrifício eucarístico de seu corpo e sangue, confiando-o à sua
dileta esposa, a Igreja, como memorial de sua paixão e
ressurreição” (IGMR, n. 17).
A CELEBRAÇÃO EUCARÍSTICA
“Isto se conseguirá de modo adequado se, levando em conta a
natureza e as circunstâncias de cada assembleia, toda a celebração
for disposta de tal modo que leve os fiéis à participação
consciente, ativa e plena do corpo e do espírito, animada pelo
fervor da fé, da esperança e da caridade. Esta é a participação
ardentemente desejada pela Igreja e exigida pela própria natureza
da celebração. Ela constitui um direito e um dever do povo
cristão em virtude do seu batismo” (IGMR n. 18).
A estrutura da Missa
A natureza da Eucaristia como como memorial da paixão e
ressurreição de Cristo e o direito e dever de a assembleia nela
participar ativa, consciente e plenamente exigem, antes de mais
nada, que na Missa se faça aquilo que Jesus fez na última ceia e
que ele mandou fazer em sua memória – tomou o pão, deu
graças, partiu o pão e o deu a seus discípulos; depois tomou
o cálice, deu graças e o deu a seus discípulos – para assim
celebrar sua entrega total ao Pai para a salvação do mundo.
A estrutura da Missa
Evidentemente, a Eucaristia não é uma refeição qualquer, mas a
Ceia do Senhor, na qual fazemos memória do seu sacrifício da
cruz, de sua morte e ressurreição.
A estrutura da Missa
Como diz o nome “Eucaristia”, ela é ação de graças e louvor.
Anunciando a morte do Senhor, proclamando a sua ressurreição,
celebramos a Páscoa do Senhor, do Cristo todo, da cabeça e dos
membros do corpo místico. Celebramos a nova e eterna aliança e a
antecipação do banquete eterno do reino definitivo. Na celebração, Jesus
está realmente presente sobretudo nas espécies do pão e do vinho, mas
também na assembleia, nos ministros, na Palavra proclamada, na oração
e no canto, já que a Eucaristia, como toda celebração litúrgica, é exercício
do sacerdócio de Jesus Cristo, dele e de todos que pelo batismo
participam do seu sacerdócio (Cf. IGMR n. 6 e 7).
A estrutura da Missa
No Novo Testamento, encontramos vestígios de uma Liturgia da
Palavra, que precede a própria ceia eucarística, sobretudo no caminho
dos dois discípulos de Emaús (Lc 24,13-35) e em Trôade (At 20,7-12).
Desde o segundo século, estas duas partes da missa – Liturgia da
Palavra e Liturgia Eucarística –, que formam um único ato de culto,
são claramente documentadas.
Os Ritos Iniciais e Finais da Missa completam a estrutura da
celebração eucarística.
“No dia que se chama do Sol [domingo], celebra-se uma reunião de
todos os que moram nas cidades ou nos campos, e aí se leem, enquanto
o tempo o permite, as memórias dos apóstolos ou os escritos dos
profetas. Quando o leitor termina, o presidente faz uma exortação e
convite para imitarmos esses belos exemplos. Em seguida, levantamo-nos
todos juntos e elevamos as nossas preces. Depois de terminadas, como já
dissemos, são oferecidos pão, vinho e água, e o presidente, conforme
suas forças, faz igualmente subir a Deus suas preces e ações de graças e
todo o povo exclama, dizendo: ‘Amém’. Vêm depois a distribuição e
participação feita a cada um dos alimentos consagrados pela ação de
graças e seu envio aos ausentes pelos diáconos” (São Justino de Roma,
Apologia I, séc. II).
A estrutura da Missa
Podemos compreender que a Missa é
composta de 4 partes:

– Ritos iniciais
– Liturgia da Palavra
– Liturgia Eucarística
– Ritos finais
RITOS INICIAIS
A Eucaristia congrega a comunidade como povo convocado por Deus.
Somos povo convocado por Deus, reunido no amor de Cristo, na
força do Espírito Santo. Podemos assim celebrar a memória do
mistério pascal e nos tornar, cada vez mais, o que como batizados
nunca deixamos de ser: o corpo eclesial de Cristo, chamado a ser na
sociedade o sacramento da unidade de todo o gênero humano (Cf. LG
n. 1).
RITOS INICIAIS
Os ritos iniciais fazem com que os fiéis, reunindo-se em assembleia,
constituam uma comunhão em Cristo e se disponham a ouvir
atentamente a Palavra de Deus e a celebrar dignamente o sacramento
da Eucaristia (Cf. IGMR n. 46).
RITOS INICIAIS
• Assembleia reunida
• Procissão de entrada
• Saudação inicial
• Ato Penitencial
• Glória (nos domingos e Solenidades)
• Oração Coleta
Glória a Deus...
Glória a Deus nas alturas, e paz na terra aos homens por ele amados.
Senhor Deus, rei dos céus, Deus Pai todo-poderoso: nós vos
louvamos, nós vos bendizemos, nós vos adoramos, nós vos
glorificamos, nós vos damos graças por vossa imensa glória. Senhor
Jesus Cristo, Filho Unigênito, Senhor Deus, Cordeiro de Deus, Filho
de Deus Pai. Vós que tirais o pecado do mundo, tende piedade de nós.
Vós que tirais o pecado do mundo, acolhei a nossa súplica. Vós que
estais à direita do Pai, tende piedade de nós. Só Vós sois o Santo, só
vós, o Senhor, só vós, o Altíssimo, Jesus Cristo, com o Espírito Santo,
na glória de Deus Pai. Amém.
Oração Coleta

Oremos
Deus eterno e todo-poderoso,
conduzi-nos à comunhão das alegrias celestes,
para que a fragilidade do rebanho
chegue onde a precedeu a fortaleza do pastor, Jesus Cristo.
Ele, que é Deus, e convosco vive e reina,
na unidade do Espírito Santo,
por todos os séculos dos séculos.
LITURGIA DA PALAVRA

Quando, na Missa, lemos e


interpretamos as Sagradas Escrituras,
é o próprio Cristo que fala (Cf. SC n.
7).
A força sacramental da Palavra na
liturgia faz acontecer aquilo que
anuncia; realiza nossa transformação
pascal. Na liturgia da Palavra, Cristo
está realmente presente e atuante
pelo Espírito Santo.
LITURGIA DA PALAVRA
• Leituras bíblicas:
- Primeira Leitura
- Salmo Responsorial
- Segunda Leitura
- Aclamação antes da proclamação do Evangelho
- Evangelho
• Homilia
• Profissão de fé
• Oração dos fiéis
Orientações para os leitores
1. Conscientizar-se de que proclama a Palavra de Deus;
2. Não improvisar;
3. Proclamar as leituras sempre a partir do Lecionário;
4. Apresentar-se com decência;
5. Começar a ler apenas quando a assembleia estiver pronta para ouvir;
6. Não ler em voz alta o texto em vermelho;
7. Respeitar os gêneros literários, sem fazer teatro;
8. Pronunciar bem o texto, conforme está disposto (pausas, pontuação,
acentos, ritmo e entonação);
9. Manter-se em relação visual com a assembleia;
10. Controlar-se emocionalmente.
SEGUNDA LEITURA
Veremos a Deus tal como ele é.
Leitura da Primeira Carta de São João 3,1-2
Caríssimos:
¹ Vede que grande presente de amor o Pai nos deu:
de sermos chamados filhos de Deus!
E nós o somos!
Se o mundo não nos conhece,
é porque não conheceu o Pai.
² Caríssimos, desde já somos filhos de Deus,
mas nem sequer se manifestou o que seremos!
Sabemos que,
quando Jesus se manifestar,
seremos semelhantes a ele,
porque o veremos tal como ele é.
Palavra do Senhor.
Oração dos fiéis
Normalmente serão estas as séries de intenções:

a) pelas necessidades da Igreja;


b) pelos poderes públicos e pela salvação de todo o mundo;
c) pelos que sofrem qualquer dificuldade;
d) pela comunidade local.

(IGMR, n. 70)
O silêncio
A Liturgia da Palavra deve ser celebrada de tal modo que favoreça a
meditação; por isso deve ser de todo evitada qualquer pressa que
impeça o recolhimento. Integram-na também breves momentos de
silêncio, de acordo com a assembleia reunida, pelos quais, sob a ação
do Espírito Santo, se acolhe no coração a Palavra de Deus e se prepara
a resposta pela oração (IGMR, n. 56).
LITURGIA EUCARÍSTICA

O memorial do mistério pascal de


Cristo, segundo a ordem do Senhor, se
realiza “fazendo o que ele fez naquela
ceia derradeira”:
“Tomou o pão” (preparação dos dons)
“pronunciou a bênção de ação de
graças” (oração eucarística)
“partiu o pão” (fração do pão)
“e o deu a seus discípulos” (comunhão).
LITURGIA EUCARÍSTICA

• Preparação das oferendas


• Oração sobre as oferendas
• Oração Eucarística
• Rito da Comunhão
• Oração depois da Comunhão
RITOS FINAIS
Os ritos finais têm uma estreita relação com os ritos iniciais. Pelos
ritos iniciais somos convocados para estar com o Senhor e nos finais
somos enviados em missão (Mc 3,14), para sermos, entre todos os
povos e culturas, sacramento de unidade e da salvação de todo o
gênero humano, mensageiros de solidariedade, paz, justiça,
transformação pascal, vida, salvação e aliança (Cf. LG, n. 1).
RITOS FINAIS

• Breves comunicações
• Saudação e bênção final
• Despedida do povo
• Beijo no altar, inclinação profunda ao altar e retorno à sacristia
RITOS FINAIS
Como membros da comunidade, devemos estar cientes e participar
das iniciativas tomadas pelas pastorais e outros grupos da comunidade.
Daí a importância das comunicações feitas neste momento. Sejam elas
objetivas, claras e devidamente motivadas, para maior envolvimento da
comunidade.
RITOS FINAIS
A bênção final expressa que o mistério celebrado na ação ritual se
prolonga na vida cotidiana do povo em todas as suas dimensões.
Na despedida, ressalta-se a graça do Senhor que nos acompanha no
nosso dia a dia e o culto verdadeiro que o cristão exerce por sua
própria vida (Rm 12,1-2). O rito termina com a aclamação “graças a
Deus” da assembleia, que significa: exultamos por ele nos acompanhar
com sua graça na missão que nos confiou.
Liturgia terrena e Liturgia celeste
Pela Liturgia da terra participamos, saboreando-a já, a Liturgia
celeste celebrada na cidade santa de Jerusalém, para a qual, como
peregrinos nos dirigimos. Lá, Cristo está sentado à direita de
Deus, como ministro do santuário e do verdadeiro tabernáculo;
por meio dela cantamos ao Senhor um hino de glória com toda a
milícia do exército celestial, esperamos ter parte e comunhão
com os Santos cuja memória veneramos, e aguardamos o
Salvador, Nosso Senhor Jesus Cristo, até Ele aparecer como
nossa vida e nós aparecermos com Ele na glória (Cf. SC, n. 8).

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