Aula 07 - Processos de - Conformação Mecânica - 12 04 2024

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Processos de Conformação Mecânica

Aula 7 : Tribologia: Atrito e Lubrificação.

Luciano Pessanha Moreira, D.Sc.


Professor Titular
Departamento de Engenharia Mecânica (VEM)

Escola de Engenharia Industrial Metalúrgica de Volta Redonda


Universidade Federal Fluminense
1º semestre de 2024
1) Definição de Atrito

“Atrito por contato” : mecanismo de forças desenvolvidas nas


superfícies de dois ou mais corpos em contato, traduzidos pela
resistência ao deslizamento de um corpo sobre o outro.
(Cetlin & Helman, 2005).
Aspectos do atrito em conformação mecânica
1) Alteração dos estados de tensão e deformação
2) Tensões residuais e fluxos irregulares no metal/esboço
3) Alteração da qualidade superficial do produto
4) Elevação da temperatura
5) Desgaste do ferramental
6) Aumento de esforços

2
2) Atrito de Coulomb

Pressões moderadas de contato


Área de cisalhamento
A C  AS  A N

Quando ocorre o movimento


relativo entre as partes, as uniões
soldadas (caldeamento a frio) se
rompem por cisalhamento. Neste caso,
Área de contato

F = k AS

sendo k o limite/tensão de escoamento Área nominal


em cisalhamento puro das superfícies
unidas.

P.R. Cetlin, H. Helman, Fundamentos da Conformação Mecânica dos Metais, 2005 3


Comportamento do atrito
Analogia com comportamento elasto-plástico,
na medida em que a força normal P aumenta

A C  AS → A N
Região I : comportamento linear
AS = P tan α
e
F = k AS = k P tan α
k tan α =  = constante

Portanto, F= P (Lei de Coulomb)


 = p (Lei de Amontons)
com τ = F/A N Variação da área de cisalhamento As
e
p = P/A N e da força de atrito F em função da
força normal P.

P.R. Cetlin, H. Helman, Fundamentos da Conformação Mecânica dos Metais, 2005 4


Atrito modificado

Relação entre as definições de atrito 1,5

Tresca

τ = μp = m k 1,0 von Mises

0,5

Combinação de efeitos

2/u
0,0

Máx. do fator de atrito  m =1 -0,5

Mín. da pressão de contato  p = σ -1,0

-1,5
k -1,5 -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5

Logo, μ= 1/u
σ

A partir dos critérios de escoamento isotrópicos de Tresca e von Mises

k 1 k 1
μ Tresca = = μ von Mises = =
σ 2 σ 3
5
Pressões de contato
Processos de conformação mecânica dos metais

Martins, P. e Rodrigues, J., Tecnologia Mecânica,


Tecnologia da Deformação Plástica, Vol.1, Escolar Editora, Lisboa, 2010 6
3) Atrito em conformação de chapas

z
Punch

m
m Blank-holder
.8
50

6.35 mm
Die

o r
105.7 mm
Corpo de prova

Estiramento biaxial com punção hemisférico

Moreira and Ferron, Latin American Journal of Solids and Structures, Vol. 4, 2007 7
Efeitos reológicos e tribológicos

Regiões de interesse (Estados de tensões e deformações )

20

Drucker (1949) Região P (Pólo)


k = 0.2 and B = 3A = 9
 = 0.10 Tração biaxial simétrica
B C
0
Punch Height (mm)

Região C (Extremidade)
A Deformação plana (eqq = 0)
-20
Parâmetro material

P σ DP
1 2 3
P=
-40 σb
0 10 20 30 40 50 60
Original distance from the pole (mm)

Moreira and Ferron, Latin American Journal of Solids and Structures, Vol. 4, 2007 8
Efeitos reológicos e tribológicos

Previsões numéricas: deformações radiais


0,35 0,35

Hill's quadratic (1948) Ferron's model (1994)


0,30  = 0.10 0,30  = 0.10
PH = 32.5 mm PH = 32.5 mm
0,25 0,25

0,20 0,20

err 0,15 err 0,15

0,10 R = 0.5 ; P = 1.225 0,10 R = 0.5 ; P = 1.164


R = 1.0 ; P = 1.155 R = 1.0 ; P = 1.112
0,05 R = 1.5 ; P = 1.118 0,05 R = 1.5 ; P = 1.088
R = 2.0 ; P = 1.095 R = 2.0 ; P = 1.073

0,00 0,00
0 10 20 30 40 50 60 0 10 20 30 40 50 60
Original distance from the pole (mm) Original distance from the pole (mm)

err  Centro
   P = PS1/b 
err  Vão livre

Moreira and Ferron, Latin American Journal of Solids and Structures, Vol. 4, 2007 9
Efeitos reológicos e tribológicos

Previsões numéricas: deformações circunferenciais

0,35 0,35

Hill's quadratic (1948) Ferron's model (1994)


0,30 0,30  = 0.10
 = 0.10
PH = 32.5 mm PH = 32.5 mm
0,25 0,25

0,20 0,20

0,15 0,15
eqq eqq
0,10 0,10

R = 0.5 ; P = 1.225 R = 0.5 ; P = 1.164


0,05 0,05
R = 1.0 ; P = 1.155 R = 1.0 ; P = 1.112
R = 1.5 ; P = 1.118 R = 1.5 ; P = 1.088
0,00 0,00
R = 2.0 ; P = 1.095 R = 2.0 ; P = 1.073
-0,05 -0,05
0 10 20 30 40 50 60 0 10 20 30 40 50 60
Original distance from the pole (mm) Original distance from the pole (mm)

Moreira and Ferron, Latin American Journal of Solids and Structures, Vol. 4, 2007
10
Ensaios de Atrito
Superfícies Planas : Conformação de Chapas

FZ
=
2 FN
Wagoner, R. H. and Chenot, J.-L., Fundamentals of Metal Forming, John Wiley & Sons, 1997
11
Ensaios de Atrito
Superfícies Não-planas : Conformação de Chapas

Wagoner, R. H. and Chenot, J.-L., Fundamentals of Metal Forming, John Wiley & Sons, 1997
12
4) Atrito em processos massivos

Laminação de planos

Colina de atrito

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Forjamento
Compressão de disco

Colina de Atrito

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Forjamento

Ensaio de compressão de anel

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Processos massivos

Ensaio de compressão de anel

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5) Lubrificação

A lubrificação permite a redução do atrito e desgaste das


superfícies em contato e dependendo da sua composição e
modo de atuação pode ser classificada em ordem crescente do
filme de lubrificante por:

(i) Atrito seco


(ii) Lubrificação de fronteira
(iii) Lubrificação hidrodinâmica
(iv) Lubrificação mista
(v) Lubrificação sólida

Nielsen and Martins, METAL FORMING, Formability, Simulation and Tool Design, 2021 17
Lubrificação hidrodinâmica
Caracteriza-se pela formação de filme espesso com ordem de
grandeza superior à rugosidade das superfícies para que não ocorra
contato entre as partes. Pouco comum em conformação mecânica,
exceto nos processos de estampagem hidrodinâmica e extrusão
hidrostática. Este regime de lubrificação é mais comum em máquinas
e ou elementos rotativos sob alta velocidade como, por exemplo,
rolamentos.

Extrusão hidrostática
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Curva de Stribeck
A medida que a pressão (p) aumenta ou a rugosidade aumenta (Ra)
ou diminuem a velocidade relativa (vr) ou a viscosidade do fluido (h),
a espessura do filme lubrificante (L) diminui podendo haver contatos
entre as asperidades das superfícies. Como resultado tem-se uma
transição de regime com um aumento no atrito e desgaste das partes.

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Lubrificação de fronteira
Este regime caracteriza-se pelo lubrificante não ser capaz de assegurar
uma camada contínua ao longo da interface entre as superfícies em
contato. Na verdade, podem existir zonas nas quais o filme de
lubrificante está destruído e, portanto, haver contato direto entre as
superfícies.
O regime de lubrificação de fronteira pode ser conseguido por:
lubrificantes (i) orgânicos ou (ii) de extrema pressão. Os lubrificantes
orgânicos (óleos minerais e vegetais) não são recomendados para
temperaturas elevadas (200 a 300 oC) e tampouco para condições de
extremas pressões de contato.
Os lubrificantes a base de óleos minerais contendo compostos de
enxofre, cloro e fósforo são adequados para reagir com superfícies dos
metais em elevadas temperaturas formando barreiras de proteção que
possuem boa estabilidade e baixa resistência ao cisalhamento.
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Lubrificação sólida

Os principais lubrificantes sólidos são graxas a base de grafite


ou de bissulfeto de molibdênio e alguns materiais poliméricos
como, por exemplo, teflon e polietileno.
O mecanismo de lubrificação é caracterizado pela completa
separação das superfícies por meio de película sólida de baixa
resistência ao cisalhamento.
Estes lubrificantes podem ser bastante eficazes em condições
de altas velocidades relativas e elevadas temperaturas.

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Seleção de lubrificantes

Fatores que devem ser considerados na seleção de lubrificantes

1) Capacidade de suportar condições de serviço: expansão,


pressão e temperatura.

2) Capacidade de se manter estável em condições de serviço e


armazenamento.

3) Facilidade de aplicação e remoção.

4) Conformidade com padrões de segurança e saúde.

5) Sustentabilidade em termos ambientais e reciclagem (reuso).

22
Tipos de lubrificantes

1) Óleos minerais
Derivados de petróleo: proporcionam regime de lubrificação
do tipo fronteira e são melhorados mediante introdução de aditivos
2) Óleos naturais e derivados
De origem animal ou vegetal e foram os primeiros
lubrificantes a serem usados. Os derivados incluem ceras e sabões
que são empregados em conformação de metais
3) Fluidos sintéticos
Com características semelhantes ou não aos óleos naturais e
quando aditivados resistem a altas temperaturas possibilitando
trabalho em regime hidrodinâmico.

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Tipos de lubrificantes...
4) Lubrificantes compostos
Óleos minerais melhorados com aditivos para emprego em:
(i) regime de lubrificação de fronteira, (ii) regime de extrema pressão,
(iii) sólidos como a grafite e o bissulfeto de molibdênio, (iv) inibidores
de oxidação e corrosão, agentes (v) anti-espuma e (vi) germicidas.
5) Lubrificantes aquosos
Classificados em (i) emulsões ou gotículas de óleo misturadas
com água, (ii) compostos químicos em água com propriedades
lubrificantes e (iii) combinações de emulsões e fluidos químicos.
6) Revestimentos
Sólidos ou líquidos aplicados ao material de trabalho como:
revestimentos (i) metálicos (zinco, chumbo) , (ii) poliméricos (teflon) e
(iii) vidros (extrusão a quente de aços).
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6) Variáveis do ferramental
1) Rugosidade superficial
A rugosidade das ferramentas deve ser controlada para
aumentar a eficiência da lubrificação uma vez que podem ser
criados bolsões locais para armazenamento do lubrificante. Ou seja,
a rugosidade do ferramental não deve ser escolhida de forma
aleatória devendo ser sempre maior que a rugosidade da peça para
não gerar danos a esta última.
2) Geometria das ferramentas (e peças)
Detalhes geométricos nas ferramentas (e peças) que podem
facilitar o aprisionamento do lubrificante em determinadas regiões
das superfícies de contato. Em razão da pressão hidrostática nestas
regiões e em função da viscosidade do lubrificante tem-se suporte
da pressão de contato e redução (local) do atrito e desgaste.
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