Apostila - Calculo Prestação

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Anexo - Cálculo de prestações nos regimes bonificados

Vejamos como se calculam as prestações nos regimes bonificados.


Considere as seguintes condições:
• Capital inicial: 50 000 euros
• Taxa de Juro Nominal Anual: 6%
• Prazo: 25 anos
• Número de Prestações Mensais: 300

Para o cálculo das prestações no regime bonificado serão utilizados os mesmos valores do
caso base anteriormente considerado para o regime geral.
Os valores referentes à prestação mensal não bonificada, bem como o respetivo quadro de
amortização são os mesmos, ou seja:

Na determinação do montante da bonificação suportada pelo Orçamento do Estado, é


indispensável conhecer quer a taxa de referência para cálculo das bonificações (TRCB), quer a
taxa de bonificação.

Atualmente, e para a generalidade dos empréstimos bonificados, o método para apuramento


da taxa de referência para o cálculo das bonificações (TRCB) suportadas pelo Orçamento do
Estado nas operações de crédito bonificado é o seguinte:
• A TRCB tem vigência semestral com início em 1 de Janeiro e 1 de Julho de cada ano;
• Para apuramento da TRCB utiliza-se a taxa Euribor a 6 meses, divulgada no primeiro dia útil
do mês anterior ao início de cada semestre, acrescida de um diferencial de 0,5%;

CH ANEXO / Crédito em Geral – Caracterização e Principais Conceitos


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• Se a taxa de juro ativa praticada pela instituição de crédito for menor do que a fixada nestes
termos, a taxa mais baixa passará a ser a de referência.

O casal Teixeira adquiriu uma habitação, tendo sido enquadrado na classe I, com uma
bonificação de 44% relativamente aos juros, tendo que suportar integralmente a parte
respeitante à amortização de capital.

Vejamos agora duas situações distintas:

• Exemplo 1

Taxa praticada pelo banco: 6%


Bonificação do Estado: 44%
TRCB: 6,5%
Taxa final para o cliente: 6*0,56=3,36%

Neste caso, o casal iria suportar 56% (parte não bonificada pelo Estado, pois 100%-44%=56%)
da taxa de juro praticada pelo banco, uma vez que esta é inferior à TRCB.

• Exemplo 2

Taxa praticada pelo banco: 7%


Bonificação do Estado: 44%
TRCB: 6,5%
Taxa final para o cliente: (6,5*0,56)+(7-6,5)=4,14%

Neste caso, como a taxa praticada pelo banco é superior à TRCB, o casal pagaria 56% da TRCB
e ainda 0,5% de juros, correspondente à diferença entre a TRCB e a taxa praticada pelo banco.

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A tabela a seguir apresentada tipifica a taxa de bonificação aplicável no sistema de prestações
constantes de termos postecipados com bonificação decrescente, em função das classes de
bonificação especificadas, definidas com base no escalão de rendimentos do agregado
familiar.

Bonificação
Classe I II III IV
Percentagem 44% 32,5% 21,5% 10,5%

Nestes regimes, no decurso do prazo do empréstimo a taxa de bonificação decresce de forma


igual para todas as classes de bonificação.

Prestações constantes com bonificação decrescente


Vamos agora ver um exemplo da aplicação das prestações constantes ao regime bonificado,
utilizando as bonificações decrescentes, por terem sido estas as que foram mais utilizadas
neste tipo de empréstimo.

O cálculo das prestações antes da bonificação é igual ao efetuado no exemplo-base, ou seja,


o seu valor é de 322,15 euros (vide exemplo anterior relativo ao regime geral).
Deste modo, há que determinar o montante da bonificação a suportar mensalmente pelo
Estado, bem como o remanescente da prestação a suportar pelo mutuário.

Pressupõe-se, a título exemplificativo, que o seu escalão de rendimentos o coloca na classe I


de bonificação e que a TRCB é de 6,5%.

O quadro de amortização é igual ao do regime geral até à coluna da prestação não bonificada,
apresentando seguidamente os montantes relativos à bonificação e à prestação bonificada
(ver quadro anterior).

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O valor da bonificação mensal de determinado ano resulta da multiplicação do capital em
dívida no início do ano pela taxa de bonificação desse ano e, ainda, pela taxa de referência
(mensualizada) para cálculo da bonificação.

No caso em estudo, como a TRCB (6,5%) é superior à taxa nominal (6%), toma-se como
referência a taxa mais baixa.
Ter-se-á:
• Bonificação mensal do primeiro ano
= 50 000,00 x 0,44 x 0,005 = 110,00 euros
• Prestação mensal bonificada do primeiro ano
= 322,15 – 110,00 = 212,15 euros
• Bonificação mensal do segundo ano
= 49 109,98 x 0,44 x 0,005 = 108,04 euros
• Prestação mensal bonificada do segundo ano
= 322,15 – 108,04 = 214,11 euros
• Bonificação mensal do terceiro ano
= 48 165,07 x 0,43 x 0,005 = 103,55 euros
• Prestação mensal bonificada do terceiro ano
= 322,15 – 103,55 = 218,60 euros

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E assim sucessivamente até ao último ano (24) em que a prestação é bonificada:
• Bonificação mensal do vigésimo quarto ano
= 7 268,74 x 0,02 x 0,005 = 0,73 euros
• Prestação mensal bonificada do vigésimo quarto ano
= 322,15 – 0,73 = 321,42 euros

No último ano (25), dado não haver lugar a bonificação, todas as prestações pagas
mensalmente pelo mutuário correspondem a 322,15 euros.

No regime geral é permitido às instituições de crédito que pratiquem outros sistemas de


amortização consentâneos com o seu interesse.
Entre os vários sistemas praticados existe o de amortização por prestações progressivas de
termos postecipados com capitalização parcial de juros que, apesar de não ser atualmente
muito utilizado nos novos contratos, continua a existir e a vigorar em diversos contratos
antigos, nomeadamente, em alguns produtos em que se aplica esta modalidade numa fase
inicial do contrato (por exemplo, 3, 5, 8 ou 10 anos), passando depois para prestações
constantes, pelo que consideramos oportuno referenciá-lo.

Utilizando novamente os dados do caso-base1, temos:


Primeiro ano

• Dívida total no início do ano = 50 000,00 euros


• Dívida a pagar no ano = 50 000,00 / 25 = 2 000,00 euros
• Juro mensal total = 50 000,00 x 0,005 = 250,00 euros
• Juro mensal a pagar = 0,58 x 250,00 = 145,00 euros
• Dívida a pagar mensalmente = 50 000,00 / (25 x 12) = 166,67 euros
• Prestação mensal = 145,00 + 166,67 = 311,67 euros

1
Neste exemplo a percentagem de juros não capitalizáveis utilizada foi de 58%, com exceção do último ano do
contrato, em que é igual a 100%.As instituições de crédito que têm esta modalidade de prestações podem optar
pela percentagem de juros não capitalizáveis que entenderem ou esta percentagem ir alterando ao longo do
empréstimo.
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Segundo ano

(1+0,005)12 −1
• Dívida total no início do ano = 50 000,00 (1 + 0,005)12 – 311,67 =
0,005
= 49 239,27 euros
• Dívida a pagar no ano = 49 239,27 / 24 = 2 051,64 euros
• Juro mensal total = 49 239,27 x 0,005 = 246,20 euros
• Juro mensal a pagar = 0,58 x 246,20 = 142,80 euros
• Dívida a pagar mensalmente = 49 239,27 / (24 x12) = 170,97 euros
• Prestação mensal = 142,80 + 170,97 = 313,77 euros

Para os restantes anos, com exceção do último (3 a 24)


• Os cálculos efetuam-se da forma indicada para o segundo ano;
• Em relação ao último ano, os cálculos das doze prestações finais são feitos com base no
método das prestações constantes sobre o restante capital em dívida.

Quadro de amortização resumido (inclui somente os valores correspondentes ao primeiro


mês de cada ano)

É de referir que a designação de prestações progressivas se deve ao facto de o montante das


prestações aumentar anualmente. No entanto, a partir de um determinado momento, pode
existir uma inversão dessa tendência.

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