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ARTIGO ORIGINAL

Efeitos agudos dos exercícios respiratórios, Threshold PEP™ e Powerbreathe®


em pacientes com derrame pleural, no pós-procedimento de drenagem torácica
Acute effects of breathing exercises, Threshold PEP™ and Powerbreathe® in patients with
pleural effect, in the post-thoracic drainage procedure
Amanda Vieira Nunes1 , Isabela Moura de Oliveira1 , Gleisiely Santana de Carvalho Lima1 , Eliete Naves de
Oliveira1 , Bruna Araujo Santos1 , Andressa de Souza Abreu Alves1 , Maisa Pereira Freire1 , Valéria Rodrigues
Costa de Oliveira1 , Erikson Custódio Alcântara1,2*

1
Escola de Ciências Sociais e da Saúde
RESUMO (ECISS), Pontifícia Universidade
Católica de Goiás, PUC Goiás, Goiânia,
Introdução: O derrame pleural modifica as capacidades pulmonares, Goiás, Brasil.
provocando distúrbio ventilatório restritivo. As terapias respiratórias 2
Universidade Estadual de Goiás
evitam a progressão e tratam a restrição de volumes pulmonares. (UEG), Goiânia, Goiás, Brasil.
Objetivo: Comparar o efeito agudo de três recursos fisioterapêuticos
em pacientes com derrame pleural após procedimento de drenagem Editor Associado Responsável:
torácica. Métodos: Estudo experimental, randomizado e prospectivo, Mário Benedito Costa Magalhães
realizado com 60 pacientes com derrame pleural, todos hospitalizados. Faculdade de Ciências da Saúde da
A amostra foi dividida em 3 grupos com 20 pacientes, cada grupo Universidade do Vale do Sapucaí
recebeu uma terapia respiratória: exercícios respiratórios, Threshold PEP™ Pouso Alegre/MG, Brasil
ou Powerbreathe®. Para avaliar a função pulmonar foram utilizados, a
espirometria, a manovacuometria e o peak flow. Os atendimentos foram
Autor Correspondente:
diários, seguiu-se o protocolo de 4 séries de 15 repetições. Análise
Erikson Custódio Alcântara
estatística: aplicou-se os testes qui-quadrado de Pearson, Shapiro-Wilk,
E-mail: [email protected]
Friedman, Wilcoxon e correlação de Spearman. Para todos os testes
considerou-se o nível de significância de 5%. Resultados: Os exercícios
respiratórios resultaram em diferenças significativas na capacidade Fontes Apoiadoras:
vital forçada (CVF), antes 1,66±0,60 e depois 1,84±0,50 (p=0,01), Não há.
no volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1), antes
1,25±0,46 e depois 1,57±0,52 (p=0,01), enquanto o grupo tratado Conflito de Interesse:
com Threshold PEP™ a diferença significativa foi apenas na CVF, antes Não há.
1,49±0,78 e depois 1,78±0,85 (p=0,04). Em relação à força muscular
respiratória, nenhuma das terapias resultou em diferença significativa na Recebido em: 10 Novembro 2021.
PImax e PEmax. Conclusão: O protocolo com exercícios respiratórios Aprovado em: 06 Fevereiro 2022.
demonstrou superioridade na função pulmonar quando comparado Data de Publicação: 27 Maio 2022.
com o Threshold PEP™ e Powerbreath®, tornando-se mais indicado no
manejo de pacientes com derrame pleural após drenagem torácica. DOI: 10.5935/2238-3182.2022e32105
Palavras-chave: Derrame Pleural; Exercícios Respiratórios; Powerbreathe®;
Threshold PEP™.

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Fisioterapia respiratória após drenagem torácica 2

ABSTRACT
Introduction: Pleural effusion modifies lung capacities, causing restrictive
respiratory disorder. Respiratory therapies prevent progression and treat
lung volume restriction. Purpose: To compare the acute effect of three
physiotherapeutic resources in patients with pleural effusion after chest
drainage procedure. Methods: Experimental, randomized and prospective
study, carried out with 60 patients with pleural effusion, all hospitalized. The
sample was divided into 3 groups with 20 patients, each group received a
respiratory therapy: breathing exercises, Threshold PEP™ or Powerbreathe®.
To assess pulmonary function, spirometry, manovacuometry and peak
flow were used. The sessions were daily, followed by the protocol of 4 sets
of 15 repetitions. Statistical analysis: Pearson's, Shapiro-Wilk, Friedman,
Wilcoxon's and Spearman's correlation tests were applied. For all tests,
a significance level of 5% was considered. Results: Breathing exercises
resulted in significant differences in forced vital capacity (FVC), before
1.66±0.60 and after 1.84±0.50 (p=0.01), in forced expiratory volume in the
first second (FEV1), before 1.25±0.46 and after 1.57±0.52 (p=0.01), while
in the group treated with Threshold PEP™ the significant difference was
only in FVC, before 1.49±0 .78 and then 1.78±0.85 (p=0.04). Regarding
respiratory muscle strength, none of the therapies resulted in a significant
difference in MIP and MEP. Conclusion: The protocol with breathing
exercises showed superiority in lung function when compared to Threshold
PEP™ and Powerbreath®, making it more indicated in the management of
patients with pleural effusion after chest drainage.
Keywords: Pleural Effusion; Breathing Exercises; Powerbreathe®; Threshold PEP™.

Introdução insuficiência cardíaca (13%)9. Cerca de 40 a 60% dos casos


de pneumonia adquirida na comunidade estão associados ao
Os pulmões são revestidos intimamente por duas finas desenvolvimento de derrame pleural e são confirmados por
membranas, denominadas pleuras¹. No espaço entre as radiografia de tórax simples10.
pleuras há um fluido claro e incolor com concentração A fisioterapia respiratória possui técnicas e recursos que
proteica baixa (1,5g/dl). A quantidade de líquido visam tratar as disfunções mecânicas e ventilatórias causadas
normalmente é pequena, 20ml, sendo o fluxo total por pelo acúmulo de líquido entre as pleuras.
dia entre 100 a 200ml²,³. O derrame pleural (DP) é uma Técnicas de exercícios respiratórios oferecem aos
condição clínica causada por acúmulo de líquido pleural4,5. pacientes com derrame pleural, recuperação e controle do
O excesso de líquido pleural altera os comportamentos padrão respiratório normal, expansão pulmonar e melhora
das pressões pleurais, da mecânica pulmonar e da caixa da mobilidade da caixa torácica11.
torácica, provocando repercussões pulmonares funcionais Os exercícios respiratórios estão indicados para
que incluem distúrbios ventilatórios restritivos pulmonares, disfunções pulmonares agudas e crônicas que provocam
diminuição da complacência pulmonar e aumento do redução de volumes e capacidades pulmonares11.
shunt intrapulmonar6,7. A tríade mais frequente observada O Threshold PEP™ é um equipamento indicado
nos pacientes sintomáticos em decorrência do DP é a dor para expansão pulmonar e incorpora uma válvula
torácica, tosse seca e dispneia8. unidirecional para assegurar uma resistência expiratória
É comum o DP evoluir com dor localizada, em geral, ajustável que pode variar de 5 a 20cmH2O, no momento
ventilatório-dependente, em pontada e de moderada em que o paciente expira contra uma resistência, cria-se
intensidade. Observa-se que quando há muito líquido uma pressão expiratória positiva (PEP), para manter a via
acumulado, os sons respiratórios são ausentes, há macicez aérea aberta12.
à percussão e redução do frêmito toracovocal6. O Powerbreathe® é um treinador muscular inspiratório
As gêneses dos derrames pleurais são: tuberculose (TMI), indicado para aumentar força e resistência dos
(32,5%), seguida por pneumonia (19%), câncer (15,5%) e músculos inspiratórios. O Powerbreathe® é uma modalidade

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que supera a resistência contra os músculos responsáveis descompensadas: AVE (acidente vascular encefálico), lesão
para a expansão torácica13,14. nervosa periférica e doença neuromuscular, diabetes e
E por que fazer exercícios respiratórios, utilizar o insuficiência renal descompensada, bem como pneumotórax
Threshold PEP™ e Powerbreath® em pacientes com derrame e hemotórax.
pleural? Foram excluídos 13 pacientes por terem recebido alta
O acúmulo de líquido do DP gera uma compressão hospitalar antes de serem submetidos à reavaliação; 10 por
dinâmica no parênquima pulmonar, com redução da terem apresentado piora clínica, necessitando de suporte
expansibilidade e alteração nos volumes e capacidades ventilatório (ventilação mecânica não invasiva) e 6 por
pulmonares, provocando distúrbio respiratório restritivo. desistência. Portanto, a amostra final foi composta por
Esta pode ser identificada na avaliação por espirometria, com 60 participantes, divididos em 3 grupos de 20 pacientes,
diminuição da CVF (capacidade vital forçada) menor que sendo que cada grupo recebeu um protocolo específico
80% do valor previsto, e pode vir acompanhada de redução de tratamento fisioterapêutico: exercícios respiratórios,
do VEF1 (volume expirado forçado no primeiro segundo), Threshold PEP™ ou Powerbreathe®. As terapias respiratórias
no entanto, com uma relação VEF1/CVF inalterada ou foram randomizadas.
aumentada15. Os participantes foram submetidos à avaliação da função
O tratamento fisioterapêutico no derrame pleural pulmonar por meio da espirometria (Micro Medical, Micro
deve ser iniciado precocemente, a finalidade é restaurar os Plus®), manovacuômetro analógico (Comercial Médica®)
distúrbios ventilatórios restritivos para reparar a capacidade e pico de fluxo expiratório (Mini-Wright®). Os pacientes
residual funcional (CRF) e aumentar a mobilidade da caixa submetidos à drenagem torácica foram reavaliados após 24
torácica16,17. horas da realização do procedimento, como critério para
É consensual1,10,11,13,14,16 a importância atribuída ao minimizar o efeito dor.
tratamento fisioterapêutico nos pacientes com derrame Os participantes receberam atendimento fisioterapêutico
pleural, porém, não há evidências sobre qual técnica ou diariamente durante o período de internação hospitalar e,
recurso é mais indicado para estes pacientes. independente da terapia respiratória, seguiu-se o protocolo
Dos 60 participantes, a maior gênese do derrame pleural de 4 séries de 15 repetições, com intervalo de dois minutos
foi pneumônica. Em média, da intervenção a alta, foram entre elas.
5,98 dias; e do diagnóstico até a alta hospitalar 7,55 dias.
Os exercícios respiratórios e o Threshold PEP™ aumentaram Protocolo de avaliação da função pulmonar
positivamente a função pulmonar. Considerou-se a mesma posição corporal para avaliação
Portanto, o objetivo do estudo foi comparar os efeitos da função pulmonar com os instrumentos: espirômetro,
de três recursos fisioterapêuticos (exercícios respiratórios, manovacuômetro e pico de fluxo expiratório. Participantes
Powerbreathe® e Threshold PEP™) em pacientes pós- sentados, com as costas e pés apoiados usando um clipe nasal
procedimento de drenagem torácica. e bocal descartável.

Métodos Espirometria
Na espirometria foi investigada a capacidade vital forçada
Trata-se de um estudo experimental, randomizado, (CVF), volume expirado forçado no primeiro segundo
prospectivo e analítico, realizado na Santa Casa de (VEF1) e a relação VEF1/CVF. Com o uso de um clipe nasal,
Misericórdia de Goiânia (SCMG), após o projeto ter sido foi solicitado e incentivado a realização de uma inspiração
aprovado pelos Comitês de Ética em Pesquisa da SCMG máxima, seguida de expiração rápida e sustentada no bocal
(parecer - 2.605.344) e da Pontifícia Universidade Católica do aparelho, com estímulo que causa um esforço explosivo
de Goiás (PUC Goiás) (parecer - 2.496.495). no início da manobra. Efetuou-se três manobras aceitáveis e
A amostra foi composta por 89 participantes reprodutíveis (diferença de 10% ou menos entre os esforços)
hospitalizados, com diagnóstico de derrame pleural, durante com intervalo de dois minutos entre cada manobra, sendo
o período do estudo, 1º de março de 2018 a 31 de junho de registrado o maior valor16,17.
2019, todos os participantes com diagnóstico de derrame
pleural. Após o diagnóstico de derrame pleural, os pacientes Manovacuometria
foram tratados por procedimento invasivo: drenagem
Avaliou-se a força muscular respiratória por meio da
torácica.
mensuração da pressão inspiratória máxima (PImax) e
A busca e seleção dos pacientes foram realizadas por
pressão expiratória máxima (PEmax).
meio do prontuário eletrônico e de forma ativa.
No momento do exame para a medida da PImax foi
Critérios de inclusão: receber diagnóstico clínico
orientado ao paciente que fizesse uma expiração total até o
de derrame pleural, sem relatos de complicações e
volume residual, seguida de uma inspiração total e forçada
intercorrências durante o procedimento invasivo de
no bocal do aparelho, com o uso do clipe nasal.
drenagem de tórax, hemodinamicamente estável (frequência
Para a medida da PEmax foi orientado a realizar uma
cardíaca >40bpm e <130bpm; pressão arterial sistólica (PAS)
inspiração total e depois expiração total e forçada no bocal
>90mmHg e <180mmHg), ambos os sexos, idade ≥18 anos,
do aparelho, com o uso do clipe nasal. Foram realizadas
apresentar capacidade cognitiva para realizar os testes de
três medidas, com intervalo de dois minutos entre elas, e
função pulmonar e as terapias respiratórias.
considerou-se o melhor valor obtido. Qualificou-se como
Critério de exclusão: os pacientes que necessitassem
reprodutível, quando os valores entre as medidas foram
de monitorização ventilatória avançada e/ou manobra de
menores que 10cmH2O18,19.
recrutamento alveolar. Doenças neurológicas e metabólicas

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Pico de fluxo expiratório Resultados


Após algumas respirações tranquilas, pediu-se uma
Sobre as características do perfil demográfico e clínico dos
inspiração máxima, seguida de uma expiração forçada
60 participantes, destaca-se a idade média de 57,18±16,48
máxima, curta e explosiva através do bocal do equipamento.
anos e índice de massa corpórea (IMC) de 24,10±5,87.
Foi selecionado o melhor valor de três manobras de
Dos 60 participantes, 25 eram mulheres e 35 homens.
expiração forçada. As medidas foram reprodutíveis quando
Quanto à localização do derrame pleural, em 31 (58,5%)
os valores entre cada manobra foram menores que 10L/min.
pacientes estavam à esquerda, 16 (30,2%) à direita e em 6
Entre cada mensuração foi dado intervalo de repouso de 2
(11,3%) bilateral.
minutos20.
O período decorrido entre o diagnóstico de derrame
Protocolos de intervenção: exercícios respiratóri- pleural ao início da intervenção fisioterapêutica foi em
média 1,58 dia; da intervenção à alta, média de 5,98 dias; e
os, Threshold PEP™ e PowerBreathe®
do diagnóstico até a alta hospitalar média de 7,55 dias.
O protocolo de exercícios respiratórios terapêuticos O período de permanência com dreno torácico foi em
incluiu três exercícios respiratórios terapêuticos: média 4,8 dias. A análise dessas informações não revelou
(1) exercício respiratório diafragmático: durante diferença estatística significante entre os pacientes dos três
a inspiração aplicou estímulo manual na região grupos de intervenção (Tabela 1).
do abdome, com leve compressão, incentivando a A Tabela 2 aponta o resultado dos diagnósticos dos
inspiração nasal de forma suave e profunda com participantes, de acordo com o tipo de intervenção realizada.
deslocamento anterior da região abdominal 11,21; (2) O diagnóstico mais prevalente foi a pneumonia (n=21),
exercício respiratório de inspiração em tempos: os seguida por cardiopatias com 17 pacientes.
pacientes foram orientados a fazer uma inspiração pelo A Tabela 3 compara a função pulmonar antes das
nariz, suave e curta, fracionando o tempo inspiratório terapias respiratórias, 24 horas após a realização da drenagem
total com pausas intermediárias de 2 a 3 segundos torácica e no dia da alta hospitalar de acordo com o tipo de
até atingir sua capacidade pulmonar total, seguido de intervenção fisioterapêutica realizada.
expiração oral; (3) exercícios de suspiro: orientados a No grupo submetido ao protocolo com exercícios
realizar inspirações nasais curtas e sucessivas até atingir respiratórios, a CVF, o VEF1 e o PFE apresentaram diferenças
a capacidade inspiratória máxima 11,22. estatisticamente significativas quando se compararam os
O Threshold PEP™, considerou-se um valor padrão valores coletados na alta com os apurados antes do início
de PEP (pressão expiratória positiva) de 15cmH 2O, do tratamento e 24 horas após a realização da drenagem do
por entender que os pacientes deste estudo, ao exame tórax.
físico, apresentavam maior labilidade funcional A frequência respiratória (FR), considerada um
nesta fase da internação hospitalar. Os participantes parâmetro de segurança do paciente, também apresentou
permaneceram sentados ou em decúbito dorsal elevado resultados significativos quando se comparou os valores
(90° graus), e foram orientados a expirar dentro do iniciais com os do momento da alta, e dos valores coletados
bocal do equipamento. após 24 horas do procedimento cirúrgico e a alta.
Para o Powerbreathe® estabeleceu uma carga de 40% da O grupo tratado com Powerbreathe® não apresentou
PImax obtida através da manovacuometria. Os pacientes diferenças significativas nas variáveis de função pulmonar,
permaneceram sentados ou em decúbito dorsal elevado enquanto nos pacientes que utilizaram o Threshold PEP™, a
(90° graus), usando um clipe nasal, e foram orientados a CVF apresentou melhora significativa dos valores coletados
inspirar dentro do bocal do equipamento. no momento da alta quando comparados ao do momento
de avaliação inicial e após o procedimento invasivo. A
Análise estatística frequência respiratória também se apresentou mais próxima
A caracterização do perfil demográfico e clínico foi da normalidade no momento da alta, quando comparada a
analisada por estatística descritiva; média, desvio padrão, do momento da avaliação inicial e pós-intervenção médica.
mínimo e máximo (variáveis contínuas) e frequência
absoluta (n) e relativa (%) para as variáveis categóricas.
Para testar a normalidade utilizou-se o teste Shapiro- Discussão
Wilk. O teste do qui-quadrado de Pearson foi aplicado para A amostra de participantes alocados nos três grupos
verificar a homogeneidade do perfil dos pacientes de acordo de intervenção fisioterapêutica é homogênea quanto às
com o tipo de intervenção realizada (exercícios respiratórios, características clínicas e diagnósticas.
Powerbreathe® e Threshold PEP™). O conjunto de exercícios respiratórios demonstrou
O teste Friedman e/ou Wilcoxon foi aplicado para aumento nos valores da CVF e VEF1; enquanto o grupo
comparar os parâmetros da função pulmonar antes, após a tratado com Threshold PEP™ apresentou aumento relevante
cirurgia de drenagem de tórax e na alta hospitalar. apenas na CVF.
Para verificar a relação da melhora na evolução dos Em relação à força da musculatura respiratória, nenhuma
parâmetros foram extraídas as variâncias antes e na alta e intervenção fisioterapêutica aplicada nesse estudo conseguiu
realizada a análise de correlação de Spearman a partir dessas aumentar significativamente a força muscular respiratória.
variâncias. A análise da função discriminante canônica foi O PFE obteve diferença expressiva somente no grupo
utilizada a fim de avaliar se houve diferença significativa tratado com exercícios respiratórios. O grupo tratado
na evolução observada nos parâmetros em cada tipo de com Powerbreathe® não obteve diferenças significativas em
intervenção realizada nos pacientes. Para todos os testes nenhuma das variáveis investigadas.
considerou o nível de significância de 5%.

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Tabela 1. Características do perfil demográfico e clínico dos participantes de acordo com o tipo de intervenção.

Exercícios
Powerbreath® Threshold PEP™ Total
respiratórios p
n=20 n=20 n=60
n=20
Variáveis contínuas Média ± Desvio padrão

Idade 52,55 ± 17,02 61,95 ± 12,34 57,05 ± 18,83 57,18 ± 16,48 0,20*

IMC 25,70 ± 7,74 24,01 ± 5,47 22,58 ± 3,45 24,10 ± 5,87 0,12**

Número de dias do diagnóstico


de derrame pleural ao início da 1,70 ± 2,05 1,80 ± 3,21 1,25 ± 0,85 1,58 ± 2,23 0,95**
intervenção fisioterapêutica
Número de dias da intervenção
4,53 ± 2,55 5,84 ± 2,46 7,50 ± 7,58 5,98 ± 4,96 0,17*
até a alta hospitalar
Número de dias do diagnóstico
6,16 ± 3,35 7,68 ± 4,22 8,75 ± 7,61 7,55 ± 5,45 0,33*
à alta hospitalar
Número de dias que os pacientes
permaneceram com o dreno 5,67 ± 3,50 4,83 ± 2,14 3,00 ± 1,73 4,80 ± 2,73 0,41*
torácico
Variáveis categóricas n (%)
Faixa etária
18 a 59 12 (60,0) 8 (40,0) 11 (55,0) 31 (51,7)
0,42†
60 a 93 8 (40,0) 12 (60,0) 9 (45,0) 29 (48,3)
Sexo
Feminino 5 (25,0) 9 (45,0) 11 (55,0) 25 (41,7)
0,14†
Masculino 15 (75,0) 11 (55,0) 9 (45,0) 35 (58,3)
IMC
<25 12 (60,0) 13 (65,0) 16 (80,0) 41 (68,3)
0,36†
≥25 8 (40,0) 7 (35,0) 4 (20,0) 19 (31,7)
Derrame pleural
Bilateral 3 (16,7) 2 (11,8) 1 (5,6) 6 (11,3)
Direita 4 (22,2) 5 (29,4) 7 (38,9) 16 (30,2) 0,76†
Esquerda 11 (61,1) 10 (58,8) 10 (55,6) 31 (58,5)
*ANOVA; **Kruskal-Wallis; †Qui-quadrado de Pearson; n: Frequência absoluta; %: Frequência relativa.

Valenza-Demet et al. (2014)23 empreenderam um estudo atribuídas aos efeitos agudos dos exercícios respiratórios sobre
com o objetivo de investigar os efeitos de um protocolo de a capacidade pulmonar e expansão da parede torácica, que
fisioterapia em 104 pacientes com derrame pleural, divididos provoca um aumento da pressão intratorácica, sobretudo,
em dois grupos, o controle recebeu tratamento médico e favorecendo a drenagem do líquido pleural.
drenagem do líquido pleural, e o experimental foi tratado O trabalho de Grams et al. (2012)24, uma revisão
com um protocolo com exercícios de respiração profunda, sistemática e metanálise, incluiu ensaios clínicos
um atendimento por dia, com duração de 40 a 60 minutos, randomizados e ensaios clínicos quase randomizados, com
cinco vezes por semana, durante a internação hospitalar. Os objetivo de avaliar os efeitos dos exercícios respiratórios
resultados mostraram mudanças significativas na CVF e no na recuperação da função pulmonar e na prevenção de
VEF1 apenas no grupo experimental, corroborando com os complicações pós-operatórias em pacientes submetidos
resultados encontrados neste estudo. à cirurgia abdominal superior, concluiu que a função
Os autores23 também observaram um aumento pulmonar não obteve resultados significativos no VEF1 e no
significativo no PFE, resultado também encontrado na VEF1/CVF. Porém, os exercícios respiratórios conseguiram
presente pesquisa. Essa melhora na CVF, VEF1 e PFE foram melhorar a PImax e PEmax, resultados que divergem dos

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Tabela 2. Caracterização do diagnóstico dos pacientes de acordo com o tipo de intervenção.

Exercícios
Powerbreath® Threshold Total
respiratórios p
n=20 PEP™ n=20 n=60
n=20
Diagnósticos das doenças de base
Câncer de pulmão 0 (0,0) 1 (5,0) 1 (5,6) 1 (1,8)
Cirrose hepática 0 (0,0) 0 (0,0) 1 (5,6) 1 (1,8)
Colecistectomia 1 (5,9) 0 (0,0) 0 (0,0) 1 (1,8)
DPOC 3 (16,1) 4 (20,0) 4 (23,6) 6 (10,9)
Edema agudo pulmonar 1 (5,9) 0 (0,0) 0 (0,0) 1 (1,8)
0,50†
Insuficiência renal 1 (5,9) 0 (0,0) 0 (0,0) 1 (1,8)
Cardiopatias 4 (23,5) 7 (35,0) 6 (33,3) 17 (30,9)
Pancreatite aguda 1 (5,9) 0 (0,0) 0 (0,0) 1 (1,8)
Pneumonia 9 (53,0) 8 (40,0) 7 (38,9) 24 (43,7)
Traumatismo torácico 0 (0,0) 0 (0,0) 1 (5,6) 1 (1,8)
*ANOVA; **Kruskal-Wallis; †Qui-quadrado de Pearson; n: Frequência absoluta; %: Frequência relativa.

encontrados nesta pesquisa. Atribuímos que o tempo de Além do mais, para a realização dos exercícios empregados
intervenção em nosso estudo tenha sido pequeno para eram necessárias a compreensão, cognição e a adesão ao
provocar conquistas na força muscular respiratória, mesmo tratamento por parte do paciente. O exercício diafragmático
que os participantes tenham apresentado um IMC médio realiza o deslocamento da região anterior abdominal,
de 24,1. observando efeitos positivos na expansão pulmonar,
Os exercícios respiratórios não possuem resistência, principalmente nas regiões basais, porém muitos pacientes
portanto o aumento das pressões respiratórias pode estar não tinham facilidade de realizar o exercício diafragmático,
relacionado às características dos exercícios. Nos estudos sendo a respiração predominantemente na região apical um
que encontraram melhora na PImax e PEmax, os pacientes dos fatores que podem ocasionar esta dificuldade, o que
foram submetidos a diferentes protocolos de exercícios vai exigir do fisioterapeuta maior paciência, tolerância e
respiratórios que incluíram respiração diafragmática, persistência em ensinar o exercício respiratório. Nas doenças
inspiração máxima sustentada e inspiração fracionada, restritivas, a inspiração é limitada pela complacência
visando aumentar a mobilização do diafragma, melhorando reduzida do pulmão ou da parede torácica, ou pelo fato da
o sinergismo dos músculos respiratórios e mantendo fraqueza muscular respiratória25.
trofismo muscular usando o diafragma e reduzindo ação Morano et al. (2013)26 avaliaram os efeitos de 4 semanas
dos músculos acessórios24. Ficamos confortáveis em afirmar de reabilitação pulmonar (RP) versus fisioterapia respiratória
que os exercícios respiratórios, apesar de centenários, na capacidade funcional pré-operatória e no pós-operatório
modificam o comportamento de volumes e capacidades de pacientes submetidos à ressecção de câncer de pulmão, 24
pulmonares quando conduzidos de forma sistemática, esse pacientes receberam RP (treinamento de força e resistência)
fato é claramente perceptível nos valores de CVF em nossos versus exercícios respiratórios.
resultados. Os pacientes que realizaram treinamento de força e
De acordo com os autores24, o fato das demais variáveis resistência respiratória obtiveram melhores resultados na
analisadas não apresentarem melhora significativa está CVF, PImax e PEmax, e apresentaram menor incidência de
relacionado à qualidade do delineamento metodológico dos morbidade respiratória no pós-operatório comparados com
estudos. Esse foi um dos motivos pelo qual, nosso grupo de o grupo que realizou exercícios respiratórios, esses divergem
pesquisa tanto valorizou a sistematização da prescrição do desta pesquisa26.
exercício respiratório, para que todos envolvidos no processo Tais diferenças podem ser creditadas ao fato de que os
de assistência executassem de forma uniforme, respeitando pacientes do presente estudo apresentavam força muscular
os horários de aplicação dos exercícios respiratórios e todo respiratória inicial normal/baixa, que se agravou diante do
protocolo. derrame pleural e, portanto, pouco poderia ser aumentado
Os protocolos de exercícios respiratórios inclusos na com uma pequena carga resistiva. Em nosso estudo a carga
revisão de Grams et al. (2012)24 apresentavam diferenças resistiva utilizada foi de 40% da PImax para o Powerbreath®,
entre si, variando de 3 séries de 10 repetições associadas indicamos sempre que possível a carga seja incremental, essa
a 5 minutos em pé a 3 séries de 20 repetições, onde os pode ter sido uma falha do nosso protocolo. Outro fato foi o
exercícios poderiam durar 30 minutos. No presente estudo pequeno espaço de tempo de intervenção, em média 6 dias.
os três tipos de exercícios foram realizados em 4 séries de A compressão dinâmica que o líquido pleural exerce
15 repetições, com os pacientes sentados à beira do leito ou sobre o pulmão diminui a capacidade de expansão. Realizar
com a cabeceira elevada a 90º. exercícios respiratórios com sobrecarga favorece a mecânica
respiratória de pacientes estáveis, este é o princípio da

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7 Fisioterapia respiratória após drenagem torácica

Tabela 3. Comparação dos parâmetros da função pulmonar antes e após a cirurgia de drenagem torácica até a alta hospitalar,
de acordo com o tipo de intervenção realizada.
Média ± Desvio padrão
z p*
Antes Depois do procedimento Alta

Exercícios respiratórios

CVF 1,66 ± 0,60a 1,43 ± 0,28a 1,84 ± 0,50b 8,45 0,01


VEF1 1,25 ± 0,46a 1,23 ± 0,21a 1,57 ± 0,52b 8,45 0,01
VEF1/CVF 76,50 ± 14,12 86,83 ± 10,42 84,30 ± 10,94 3,36 0,18
PImax 57,90 ± 23,39 54,33 ± 34,47 69,30 ± 24,08 1,88 0,39
PEmax 48,40 ± 22,81 50,33 ± 26,49 61,00 ± 24,37 5,05 0,08
PFE 203,50 ± 64,83a 193,33 ± 42,74a 235,00 ± 69,02b 6,78 0,03
FR 19,20 ± 5,12a 20,00 ± 4,43a 16,75 ± 2,81b 6,09 0,04
Powerbreathe®
CVF 1,50 ± 0,68 0,93 ± 0,54 1,62 ± 0,67 4,96 0,08
VEF1 1,05 ± 0,54 0,79 ± 0,52 1,31 ± 0,61 5,15 0,07
VEF1/CVF 70,80 ± 18,32 80,43 ± 18,35 80,90 ± 15,93 0,60 0,73
PImax 49,85 ± 23,50 44,00 ± 23,55 55,40 ± 21,77 2,10 0,35
PEmax 45,50 ± 20,83 34,29 ± 15,81 47,60 ± 17,66 5,37 0,06
PFE 174,25 ± 97,21 131,43 ± 49,47 201,00 ± 119,42 0,11 0,94
FR 19,35 ± 5,76 19,43 ± 4,54 16,65 ± 2,91 1,00 0,60
Threshold PEP™
CVF 1,49 ± 0,78a 1,29 ± 0,50a 1,78 ± 0,85b 5,86 0,04
VEF1 1,13 ± 0,66 1,03 ± 0,26 1,46 ± 0,82 1,28 0,52
VEF1/CVF 77,25 ± 15,73 85,75 ± 28,78 79,00 ± 15,13 0,42 0,81
PImax 64,40 ± 31,91 71,00 ± 33,53 74,60 ± 32,60 3,84 0,14
PEmax 57,40 ± 27,79 67,50 ± 22,53 62,00 ± 31,02 2,00 0,36
PFE 205,75 ± 99,46 210,00 ± 71,65 237,50 ± 115,02 3,71 0,15
FR 20,25 ± 5,24a 23,00 ± 6,88a 16,95 ± 2,09b 6,61 0,03
*Teste de Friedman seguido pelo teste de Wilcoxon post hoc.
Legenda: CVF: Capacidade vital forçada; VEF1: Volume expirado forçado no primeiro segundo; PImax: Pressão inspiratória máxima;
PEmax: Pressão expiratória máxima; PFE: Pico de fluxo expiratório; FR: Frequência respiratória.

sobrecarga que preceitua a força, a endurance e a hipertrofia terapêutica diária para pacientes pós-procedimento de
muscular27. drenagem torácica.
Acredita-se que os resultados encontrados no estudo de No grupo de exercícios foi realizado um protocolo de
Morano et al. (2013)26 devam-se à diferença dos protocolos, inspiração máxima sustentada, inspiração fracionada com
uma vez que no grupo que realizou RP foi utilizado teste ou sem interrupção para manter a inspiração, exercício
incremental de membros superiores, baseado em um respiratório diafragmático, lábios franzidos e espirometria
princípio chamado método de facilitação neuromuscular de incentivo baseada em fluxo. Nos resultados deste grupo
proprioceptivo, e para os membros inferiores foi utilizado não foram encontrados aumentos significativos entre os
esteira ergométrica durante 30 minutos de acordo com 80% parâmetros de PImax e PEmax, achados se assemelham ao
da carga máxima alcançada durante o teste incremental. O presente estudos26.
treinamento muscular inspiratório (TMI) foi utilizado com Num protocolo com Powerbreathe® e carga inspiratória
estes pacientes, começando com 20% de carga de acordo de 50% da PImax, realizaram 2 séries de 30 repetições por
com a PImax, e progredindo até 60% com o Threshold® IMT, dia, durante sete dias por semana. Depois de quatro semanas
enquanto no protocolo aqui adotado o tempo de intervenção de intervenções, houve aumento significativo da PImax,
foi menor, os pacientes hospitalizados utilizaram uma carga PFE e CVF, além de ganhos na força muscular periférica e
padrão de 40% da PImax, e apenas uma intervenção diária. capacidade funcional. Resultados diferentes dos encontrados
Essa é uma limitação importante do nosso estudo, e que na presente pesquisa, o que pode ser atribuído ao protocolo
não recomendamos a realização de apenas uma abordagem ter sido realizado por um período maior (18,6±10,9 dias)27.
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Fisioterapia respiratória após drenagem torácica 8

Um estudo28, com objetivo de avaliar a capacidade influenciado a dificuldade em utilizar o Threshold PEP™. O
ventilatória no pós-operatório de pacientes submetidos derrame pleural de longa duração pode tornar a pleura rígida,
à revascularização do miocárdio, comparou os valores das contraída e fibrótica, o que encarcera o pulmão e impede a
medidas de desempenho da musculatura respiratória, por sua expansão. Isso pode causar uma disfunção ventilatória
meio da PImax, PEmax, CVF e PFE, com um grupo de restritiva grave, em especial quando o derrame pleural é
pacientes submetido à fisioterapia convencional, e outro bilateral25. Por esse motivo, recomendamos fortemente a
grupo ao treinamento muscular respiratório com Threshold® utilização de técnicas para expansão pulmonar de forma
IMT. Então, de um grupo composto por 23 pacientes, precoce para pacientes com derrame pleural.
14 apresentavam derrame pleural. O TMI foi realizado Na investigação clínica de Ysayama (2004)33 todos os
diariamente nos três primeiros dias de pós-operatório, sendo participantes tiveram como complicação pós-operatória
3 séries com 10 repetições, duas vezes ao dia. A carga utilizada o derrame pleural. Os exercícios respiratórios, seguiram o
foi 40% da PImax. A CVF, a PImax e a PEmax mostraram protocolo que incluía inspirações profundas e lentas pelo
diferenças significativas na função pulmonar deste grupo, nariz e expirações através da boca, com 3 séries de 15
enquanto o PFE não obteve melhora. Nosso estudo optou repetições e treinamento aeróbico, carga específica para
por utilizar o Powerbreathe® um similar ao Threshold® IMT, cada paciente, durante 15 minutos, mantendo um ritmo
mesmo utilizando a mesma carga do estudo28 não atingimos uniforme. Os pacientes realizaram repetições durante um
êxito na PImax e PEmax. período previamente estipulado de 15 minutos para cada
O treinamento muscular inspiratório com resistor linear, intervenção, durante 4 semanas, esse protocolo assemelha-se
também foi avaliado em uma amostra com 38 pacientes ao utilizado em nosso estudo.
hospitalizados por 7±2 dias. O protocolo foi composto por No grupo intervenção, a prova de função
3 séries de 10 repetições, duas vezes/dia. A carga utilizada pulmonar demonstrou que o VEF1 não obteve melhora
foi 40% da PImax. O desfecho primário revelou que as significativamente, corroborando com o presente estudo. Já
variáveis, PImax e PEmax, PFE e volume corrente, foram a CVF obteve melhora em 61% dos pacientes. Em relação
reestabelecidas com a proposta terapêutica29. Esse resultado à força dos músculos respiratórios (PImax e PEmax) houve
diverge do encontrado no presente estudo. melhora significativa em ambas33.
Tais diferenças podem ser creditadas ao fato de se tratar Com tudo até aqui exposto, analisamos o comportamento
de grupos de indivíduos em situações clínicas distintas dos derrames pleurais, advindos de diferentes nosologias,
e submetidos a protocolos de treinamentos diferentes29. percebe-se que a literatura25 aponta fortemente que os líquidos
Essas divergências de resultados só nos reforça o princípio exercem um fator compressor do parênquima pulmonar.
da elegibilidade terapêutica, significa dizer que, quando a Seguramente afirmamos que essa condição clínica interfere a
terapia está indicada e não apresenta resposta a mudança de quantidade de ar mobilizado para os pulmões, o que explica
função respiratória, o fisioterapeuta deve eleger outra terapia a redução da capacidade vital forçada e do volume expirado e
e/ou repensar a intensidade, frequência, averiguar a forma forçado no primeiro segundo (CVF e VEF1).
de execução da terapia e número de repetições, sobretudo, Com base na fundamentação fisiológica e de mecânica
não descartar o fracasso terapêutico em detrimento do pior respiratória, entende-se a necessidade precoce de intervenções
prognóstico da doença de base. fisioterapêuticas para aumentar a pressão alveolar e diminuir
A expansão pulmonar por meio do TMI acontece a pressão pleural, para conquistar aumento de pressões
por aumento da pressão transpulmonar, essa pode ser transpulmonares, esta possui relação direta com a expansão
considerada como a diferença entre a pressão alveolar e a pulmonar.
pressão pleural. Existe uma relação direta entre pressão É sabido que a retirada do líquido pleural por
transpulmonar e volume pulmonar, o aumento da pressão procedimento cirúrgico está indicada para casos de médios e
transpulmonar resulta em aumento no volume pulmonar, grandes derrames pleurais1,25, porém destaca-se a necessidade
permitindo a expansão dos pulmões12,13. de incluir terapias que incentivam a inspiração máxima e
No estudo de Bianchi et al. (2009)30 um grupo de 4 recursos que ofereçam a estabilidade do alvéolo ao expirar.
indivíduos saudáveis, sem nenhuma disfunção respiratória Desta forma, observa-se o aumento na expansão pulmonar
ou cardiovascular, recebeu tratamento por 8 semanas com associa-se à melhora da arquitetura da caixa torácica,
o Threshold PEP™, carga de 20cmH2O. Foram realizadas resultando em melhora das forças musculares respiratórias e
medidas antes e depois da intervenção, observou-se diferenças aumentos dos volumes e capacidades pulmonares25.
significativas após a intervenção na CVF e VEF1, porém na Consideramos como fatores limitantes deste estudo, o
PImax e PEmax não houve diferenças significativas. não acompanhamento dos pacientes após a alta hospitalar, a
No presente estudo o grupo Threshold PEP™ apresentou fim de verificar os efeitos a médio e longo prazo das terapias
diferenças significativas apenas na CVF, porém o recurso foi respiratórias utilizadas; o curto período de intervenção
empregado em pacientes que possuíam limitação de amplitude fisioterapêutica, a falta de grupo controle e a baixa adesão da
na caixa torácica e em um período de intervenção terapêutica equipe multidisciplinar local.
menor. Além do mais, o VEF1 sofre redução em decorrência do São benefícios clínicos desse estudo: permitir colegas
aumento da resistência da via área ou da diminuição da retração médicos, enfermeiros e fisioterapeutas compreender melhor
elástica do pulmão, independente do esforço expiratório. A a dinâmica de funcionamento das terapias respiratórias,
razão para isso é a compressão dinâmica das vias áreas. aqui utilizadas. As terapias aguçaram o interesse dos
Ademais o Threshold PEP™ é uma terapia de pressão positiva pacientes, permitindo momento de educação em saúde para
expiratória, que tem como o objetivo mudar a capacidade residual compreender melhor sua condição pulmonar funcional,
funcional, que é o ponto de equilíbrio da caixa torácica31,32. pois o grupo de pesquisadores valorizou o item repasse de
Os pacientes no presente estudo apresentam restrição informação segura e esclarecedora sobre o quadro funcional
da expansibilidade da caixa torácica, o que nos parece ter

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9 Fisioterapia respiratória após drenagem torácica

pulmonar dos pacientes, isso nos remeteu a impressão de 7. Alves S. Impacto na ventilação e aeração pulmonar após
tranquilidade e conforto dos familiares e pacientes. a remoção do derrame pleural neoplásico: um estudo
com tomografia de impedância elétrica [tese]. São Paulo:
Universidade de São Paulo (USP); 2012.
Conclusão
8. Waisberg DR, Rego FMP, Bellato RT, Hortêncio LO,
Recomenda-se, fortemente, a indicação de técnicas Junqueira JJM, Terra RM, et al. Conduta cirúrgica do
e recursos de expansão pulmonar para pacientes pós- derrame pleural parapneumônico em adultos. Rev Med (São
procedimento de drenagem torácica, por apresentar na Paulo). 2011;90(1):15-28.
avaliação inicial do sistema respiratório redução da CVF,
VEF1, comprometimento da força dos músculos respiratórios 9. Khan F, Alsamawi M, Ibrahim AS, Hamza M, Abbas MT,
(PImax e PEmax), do PFE e restrição da mobilidade torácica. Musa RM. Etiology of pleural effusion among adults in the
Os exercícios respiratórios e o Threshold PEP™ aumentaram state of Qatar: a 1-year hospitalbased study. East Mediterr
positivamente as variáveis de função pulmonar no período Health J. 2011 Jul;17(7):611-8.
de internação hospitalar, porém, o protocolo de exercícios 10. Porcel JM, Esquerda A, Vives M, Bielsa S. Etiologia del
respiratórios apresentou resultados superiores às demais terapias. derrame pleural: análises de más de 3.000 toracocentesis
Embora com algumas limitações, como a perda de pacientes consecutivas. Arch Bronconeumol. 2014 Mai;50(5):161-5.
no decorrer do estudo por diferentes motivos, a heterogeneidade
dos participantes, o pequeno tempo de seguimento e a difícil 11. Feltrim MIZ. Exercícios respiratórios terapêuticos. In:
adesão da equipe local, percebe-se que os exercícios respiratórios Britto RR, Brant TCS, Parreira VF, eds. Recursos manuais
devem ser propostos precocemente. O protocolo utilizado de e instrumentais em fisioterapia respiratória. 2ª ed. Barueri:
exercícios respiratórios demonstrou maior eficácia, quando Editora Manole; 2014. p. 225-250.
comparado com o Threshold PEP™ e Powerbreath®. 12. Menezes S, Macedo M, Fonseca N, Pereira A, Silva J. Efeito
Deve-se encorajar a realização de estudos sobre os do treinamento muscular respiratório com threshold em
melhores manejos e intervenções fisioterapêuticas em pacientes portadores de doença pulmonar obstrutiva crônica.
pacientes com derrame pleural e pós-procedimento de Medicina (Ribeirão Preto). 2003 Abr/Dez;36(2):241-7.
drenagem torácica, visto que é uma condição clínica comum
na prática hospitalar. 13. Kulkarni SR, Fletcher E, McConnell AK, Poskitt KR,
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acesso aberto distribuído nos termos da Licença Creative /10.1308/003588410X12771863936648
Commons. Atribuição que permite o uso irrestrito, a 14. Grigoletto MES, Valverde-Esteve T, Brito CJ, Manso
distribuição e reprodução em qualquer meio desde que o JMG. Capacidade de repetição da força: efeito das
artigo original seja devidamente citado. recuperações interséries. Rev Bras Educ Fís Esporte. 2013
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