TCC ESTÁCIO FINAL 3a. Versão
TCC ESTÁCIO FINAL 3a. Versão
TCC ESTÁCIO FINAL 3a. Versão
ITUPEVA
2023
CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO DE RIBEIRÃO PRETO
ITUPEVA
2023
RESUMO
Neste artigo, apresentam-se casos de interação professor/aluno em sala de aula de
escolas de idiomas e escolas regulares. Por meio destes casos, são investigados os
motivos pelos quais os alunos brasileiros têm dificuldades na aquisição da Língua
Inglesa (LE) como segunda língua – ESL – English as a Second Language. Para
isso, usamos como referencial teórico a obra Second Language Aquisition, do
linguista britânico Rod Ellis e alguns artigos científicos e pesquisas listados no fim do
trabalho. As diferenças sistêmicas entre a Língua Portuguesa e a Língua Inglesa
(LE) tornam o aprendizado de uma segunda língua uma dificuldade que se
apresenta especialmente entre os adultos que necessitam da Língua Inglesa (LE)
para fins profissionais. O contexto histórico do ensino-aprendizagem da Língua
Inglesa (LE) no Brasil também é abordado neste texto.
Palavras-chave: Língua Inglesa. Ensino-aprendizagem. Dificuldades. Inglês.
INTRODUÇÃO
Usamos como referencial teórico para a composição deste artigo, o livro do linguista
britânico Rod Ellis Second Language Acquisition (1997). Segundo Ellis (1997), “a
aquisição da segunda língua (L2), portanto, pode ser definida como uma maneira de
como a pessoa aprende outra língua que não seja a língua nativa, dentro ou fora de
uma sala de aula” 1. Isso é bastante abrangente. Significa que é possível aprender
uma língua fora dos bancos das salas de aula de escolas regulares.
Originária de uma espécie de fusão entre os dialetos dos povos germânicos que
colonizaram a Bretanha no século V d.C. - como os saxões, jutos, frísios e anglos - a
Língua Inglesa (LE) como a conhecemos hoje, é muito diferente da língua falada
antes do nascimento do bastião da literatura mundial, William Shakespeare. Por
conta dessa origem misturada de tribos do Norte da Europa, nos tempos do bardo, o
Inglês falado parecia-se mais com a Língua Alemã (LE). A
palavra English (Englisc em Inglês arcaico) veio da tribo germânica dos anglos
e England (de Engla land “Land of the Angles”, em Português “Terra dos Anglos”).
Dando um grande salto no tempo para o ano de 1909, o mesmo poema foi traduzido
por Francis B. Grummere (The Harvard Classics, Vol. 49. P.F. Collier & Son.,
1910) e a primeira estrofe fica assim:
Em suma, não é possível determinar a origem exata da Língua Inglesa (LE), mas é
possível datar alguns acontecimentos que, juntos, indicam uma linha de tempo
histórico para que possamos situar o desenvolvimento e a disseminação da língua.
São eles:
De fato, a Língua Inglesa (LE) tornou-se a língua global do mundo dos negócios e do
turismo. É atualmente o segundo idioma mais falado do mundo, só perdendo para o
Mandarim em termos de quantidade de falantes da língua. O Inglês é a L2 (segunda
língua) oficial mais falada do mundo. Entendemos como segunda língua oficial,
aquela que o falante nativo aprende depois, não importa se criança ou adulto. A
primeira é sua língua nativa. No meu caso, português é minha língua nativa e inglês
é a minha segunda língua.
Quando houve a fuga da corte portuguesa para o Brasil em 1808, Dom João VI
instituiu vários costumes e sancionou decretos relacionados à educação que foram
importantes para o ensino de línguas estrangeiras na então colônia de Portugal nas
Américas. Segundo BOAVENTURA (2009, p.136) “dessa maneira, para aumento da
prosperidade da instrução pública, criou-se na corte uma cadeira de língua francesa
e outra da língua inglesa, em 1809.”
O primeiro professor de inglês no Brasil foi o padre irlandês Jean Joyce. Ele foi
nomeado por Dom João VI por meio de uma carta assinada na corte, que versava
sobre a necessidade de uma cadeira de Língua Inglesa(LE). Não existe muita
informação disponível sobre o padre a não ser a informação oficial da nomeação do
imperador. De acordo com LIMA (sem data, p.2), “O início do ensino de inglês teve
como finalidade a prática oral, pois era somente para capacitação de profissionais
brasileiros para a demanda do mercado de trabalho através das relações comerciais
especialmente com a Inglaterra.”
“Na Rua do Ourives #27 mora huma Ingleza com casa de educação
para meninas que queirão aprender a ler, escrever, contar, e falar
Inglez e Portuguez, cozer e bordar, etc.” (LIMA, 2012 apud SILVA
2020)
Ainda hoje, nas salas de aula de escolas regulares e até mesmo em escolas de
idiomas, o método utilizado e o mais conhecido é este. Mas a questão é que, ao
traduzir, a pessoa não “pensa” na língua e acaba acionando outra parte do cérebro
para realizar a atividade de tradução. Quando pensamos em inglês, falamos inglês.
Basicamente é essa a mecânica de se falar qualquer língua que tenha como base o
alfabeto ocidental. Os motivos pelos quais as pessoas precisam ou querem falar
inglês são outros nos dias atuais. Mais especificamente por almejarem uma carreira
de sucesso no mercado corporativo, os profissionais precisam aprender a se
comunicar com pessoas de vários países. E a língua escolhida pelo mundo dos
negócios globalizado é a Língua Inglesa (LE).
Com relação ao currículo escolar das escolas públicas e privadas, em 1961, a Lei de
Diretrizes e Bases (LDB) não deixava clara a obrigatoriedade do ensino de uma LE.
“A não obrigatoriedade do Ensino de LE trouxe como consequência a
ausência de uma política nacional de ensino de línguas estrangeiras
para todo o país; a diminuição drástica da carga horária, chegando a
apenas uma aula por semana em várias instituições; e
um status inferior ao das disciplinas obrigatórias, pois, em alguns
estados, as línguas estrangeiras perdem o "poder" de reprovar”.
(PAIVA, STEVENS E CUNHA. 2003, p.53-84)
A LDB de 1996 reforma alguns parâmetros instituindo os novos nomes dos ciclos –
Ensino Fundamental, substituindo o 1º grau e Ensino Médio substituindo o 2º. grau.
Ainda assim, não impõe uma obrigatoriedade. A presença de uma LE no Ensino
Fundamental é prevista na lei, e a comunidade escolar pode escolher a LE
(geralmente é o inglês, mas não obrigatoriamente). Já no Ensino Médio, é
obrigatório o ensino de uma LE moderna.
Nos anos 1960 foi fundado no Rio de Janeiro, o CCAA, clássica escola de idiomas
que tem unidades pelo país todo. Com metodologia diferente da aplicadas nas salas
de aula de escolas regulares, essas escolas oferecem cursos completos com
tempos variados. Há cursos que prometem até inglês fluente em 18 meses. A partir
daí, temos escolas variadas, de diferentes métodos e interessadas em divulgar seu
material didático funcionando como verdadeiras editoras. E aí começa uma outra
história...
Sobre a prática em sala de aula, diz FIGUEIREDO (2009): “quero reiterar a sala de
aula como o cenário ao qual atribuo privilégio para trazer à tona questões que são
silenciadas, porque, nas aulas de LE, geralmente, o foco é a gramática e o
vocabulário como se a língua existisse em um vácuo sócio-histórico”. Entende-se
que o cenário aqui é a sala de aula formal de uma escola pública ou privada. Os
conteúdos transversais que permeiam o ensino-aprendizagem da LE fazem da sala
de aula muito mais do que uma lousa, um dicionário e alguns exercícios práticos.
Por outro lado, o cenário de uma sala de aula de uma escola de idiomas é bem
diferente de uma sala de aula tradicional porque os objetivos, embora pareçam
similares, divergem um pouco das definições da BNCC. Na escola de idiomas, os
alunos têm motivações diversas. Se for criança, geralmente é matriculada pelos pais
para complementar a carga horária da LE em escola regular e a motivação é que os
filhos “não sofram como eles estão sofrendo para aprender inglês quando são
adultos”. Mesmo caso para os adolescentes. Já para os adultos, a motivação é outra
e aí observamos a questão profissional e de turismo. Adultos com inglês fluente têm
mais chances de crescimento na carreira e ganham 65% a mais do que os que não
falam a LE.Com relação ao turismo, boa parte das pessoas que buscam aprender a
LE, querem aprender a falar de maneira mais natural e não somente “se virar”. A
probabilidade de cometer erros apenas “se virando” é muito maior, como
exemplificado abaixo:
Esse tipo de processo é comum tanto em salas de aula de escolas regulares quanto
em escolas de idiomas. Os processos de ensino são parecidos embora com
métodos diferentes.
Em um estudo de caso sobre duas crianças, ELLIS (1997) conta que uma delas, que
chamaremos de J., era um garoto brasileiro que estava estudando inglês em
Londres, Inglaterra. A sala de aula era formada por crianças de origem internacional
e o objetivo era prepará-las para o equivalente ao Ensino Médio na Inglaterra, the
secondary school. Ambos tinham pouco contato com a língua fora da sala de aula,
muito provavelmente pelo fato de se comunicarem na língua nativa com a família. O
objetivo das aulas era ensinar a pedir coisas em inglês – requests. O professor Ellis
observou que, embora fossem de origens diferentes (o outro garoto era do
Paquistão), a evolução dos dois alunos foi a mesma. Ambos iniciaram com mímicas
até chegarem ao modo correto de pedir, utilizando o verbo modal can - Can you
lend me the pen? (Você pode me emprestar a caneta?).
Relatos variados de alunos durante minha experiência em sala de aula dizem que
existem professores que gritam em sala de aula, que os chamam de ‘burros’, ou que
dizem ‘já falei isso um milhão de vezes’. Isso pode, realmente, marcar
psicologicamente uma pessoa e desmotivar a aquisição de qualquer língua ou
conteúdo diverso. Sem contar o fato de que muitas pessoas sentem vergonha em
falar a LE na frente de colegas de trabalho ou da chefia direta por medo de serem
ridicularizadas. Existe uma impressão no Brasil, de que as pessoas bilíngues gostam
de mostrar seus conhecimentos, gostam de ‘humilhar’ os outros porque sabem falar
inglês. Portanto, estudar a língua ou demonstrar que sabem seria sinal de que a
pessoa estaria, de alguma forma, “humilhando” aqueles que não sabem.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Podemos concluir que ainda há muito a ser feito para que o Brasil possa ter
realmente uma parcela significativa da população que fala inglês como L2 (segunda
língua) – ESL – English as a Second Language. De minha parte, continuarei dando
meu melhor como professora em prol da melhoria do ensino.
REFERÊNCIAS
GRUMMER, Francis B. The Harvard Classics, Vol. 49. P.F. Collier & Son., 1910.
Disponível em https://www.brian-t-murphy.com/Beowulf.htm . Acesso em 19 de
agosto.
LIMA, Denilso de. Como começou o ensino de inglês no Brasil? Inglês na Ponta da
Língua, 2017 Disponível em:
https://www.inglesnapontadalingua.com.br/2017/03/como-comecou-o-ensino-de-
ingles-no-brasil.html . Acesso em 18 de agosto de 2023.
Notas de fim
1
‘L2 acquisition’, then, can be defined as the way in which people learn a language other than their
mother tongue, inside or outside of a classroom.
2
A historian of English describes not how an individual speaker used language at some moment in
the past, but how through time the shared abstract patterns of language have gradually changed since
the fifth century A.D., when those first Germanic tribes from Northern Europe invaded the island of
Britain and, by the mere political fact of the invasion thereupon began speaking a language we no
longer call West Germanic or Frisian or Jutish or whatever, but Old English (which we shall henceforth
frequently abbreviate as OE)