Sera o Oleo Vegetal Um Possivel Substituto Do Oleo
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All content following this page was uploaded by Maria. Augusta Martins on 23 December 2014.
M. AUGUSTA G. MARTINS
ABSTRACT: Uses of natural esters (vegetable oil) as insulating fluid have been reported, recently. This fluid has high
biodegradability and high flash point what for safety reasons is attracting some attention in electrical industry. As
insulating fluid is used for cooling, insulation and protection off the solid insulating paper, it is important to have some
knowledge about the paper ageing in such fluid. It is reported here, a study of paper ageing in vegetable oil, under
laboratory experimental condition, at a dynamic temperature increase in the range 70ºC-190°C. The experiment was
conducted in sealed glass reaction vessels, for both oil (blank) and oil/paper heated inside an oven. The paper used for this
study is kraft paper. Moisture formation at different temperatures, in oil and in oil/paper system, is reported together with
generated gases. Changes of degree of polymerization of paper and formation of furanic compounds with changes of
temperature are also reported. Paper degradation in vegetable oil is compared with paper degradation in mineral oil. Both
degradation rates are similar, at the same temperature. At temperatures under 130ºC the ageing of paper in vegetable oil is
only a little bit quicker, than in mineral oil. However, for temperatures higher than 130ºC, the rate of paper degradation in
vegetable oil is even a little bit lower than in mineral oil.
Finally, are also presented the degradation models, developed to calculate the average viscosimetric polymerization degree
of paper, based on 2FAL concentration dissolved in insulating oil, in both cases.
Key Words: Vegetable insulating oil. Thermal degradation. Transformer. Kraft paper. Biotemp. Polymerization degree.
DPv. Furanic compounds. 2–furfuraldheide. 2FAL.
RESUMO: Tendo em conta que a vida útil dum transformador é dada pela vida útil do seu isolamento sólido, é importante
adquirir informação sobre o envelhecimento do papel isolante, imerso em óleo vegetal.
É aqui relatada uma experiência para caracterização da degradação do papel isolante mergulhado em óleo vegetal,
efectuada numa gama de temperaturas de 70ºC a 190ºC, em condições laboratoriais,
Os resultados obtidos foram comparados com os produzidos na experiência levada a cabo em simultâneo, em condições
experimentais idênticas, mas com um óleo mineral.
O papel isolante utilizado foi papel Kraft, enquanto o óleo vegetal usado foi o Biotemp, desenvolvido pela ABB T&D,
para uso em transformadores.
Para caracterização do processo de degradação do papel e também dos óleos, foram efectuadas várias análises
designadamente:
O teor de humidade e de gases dissolvidos no óleo, o grau de polimerização viscosimétrico médio do papel e a
concentração de produtos furânicos dissolvidos no óleo e absorvidos no papel.
Dos resultados obtidos, concluiu-se que, a velocidade de degradação do papel, em óleo vegetal, embora seja um pouco
superior, até 130ºC, à que ocorre em óleo mineral, nas mesmas condições experimentais, é até um pouco inferior a esta
(para temperaturas superiores a 130ºC).
Finalmente, com base nos resultados desta experiência foram estabelecidas equações matemáticas, que relacionam o valor
do grau de polimerização do papel, com a concentração de 2FAL no óleo onde este se encontra imerso, para ambos os
óleos (vegetal e mineral).
Palavras Chave: Óleo isolante vegetal. Óleo Biotemp. Degradação térmica. Transformador. Papel Kraft. Grau de
polimerização. DPv. Compostos furânicos. Furfuraldeído. 2FAL.
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Maria Augusta Martins Óleos para transformadores
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Óleos para transformadores Maria Augusta Martins
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Maria Augusta Martins Óleos para transformadores
Comparando agora os resultados obtidos nas amostras com No caso do 5HMF, a subida de concentração deste no papel,
papel imerso em óleo vegetal e papel imerso em óleo ocorre em ambos os óleos, desde 130ºC até 180ºC,
mineral podemos concluir que: temperatura a partir da qual se verifica o decréscimo da
concentração de 5HMF.
- Para temperaturas inferiores a 130ºC, a De referir que, estes decréscimos da concentração de 2FAL
concentração do CO, proveniente da degradação do e 5HMF no papel, correspondem a uma subida nos
papel imerso no óleo vegetal, é superior à acréscimos das concentrações destes dois produtos
concentração deste gás também proveniente da dissolvidos no óleo, para estas mesmas temperaturas.
degradação do papel, imerso no óleo mineral, o que
significa que, para temperaturas inferiores a Isto permite concluir que, à temperatura de 160ºC para o
130ºC, é maior a degradação do papel no óleo 2FAL e 180ºC para o 5 HMF, o equilíbrio destes produtos,
vegetal. que se estabelece para cada temperatura, entre a fracção que
- Para temperaturas superiores a 130ºC a permanece no papel e a que se dissolve no óleo, é deslocado
concentração de CO no óleo vegetal é bastante no sentido da passagem destes produtos furânicos, do papel
inferior à concentração de CO no óleo mineral, o para o óleo.
que está de acordo com os resultados de DP
apresentados no gráfico da Figura 3 e que permitem 2 FAL em óleo
concluir que a degradação do papel é menor no 2,50
óleo vegetal, para estas temperaturas. Óleo Mineral
Óleo Biotemp
2,00
Quanto ao dióxido de carbono, as conclusões são
[2 FAL], mg/kggóleo
semelhantes, à excepção do facto do teor deste gás no óleo 1,50
mineral, ser superior ao teor do gás no óleo vegetal, em toda
a gama de temperaturas, tanto comparando os dois óleos
1,00
sem papel, como comparando os dois óleos, com papel
imerso.
0,50
papel.
150
De facto, o tipo de óleo influencia a concentração de Fig. 2. Valores de[ 2 FAL] no papel, para diferentes
compostos furânicos, dissolvidos no óleo e absorvidos no temperaturas
papel, designadamente a sua solubilidade e estabilidade, de
acordo com o já reportado por outros investigadores, [12]. 4.4 Grau de polimerização (DPv)
De referir que, a concentração de 2FAL absorvido no papel
aumenta com a subida de temperatura, a partir de 130ºC e Até 130ºC verifica-se que, para uma mesma temperatura, o
até 160ºC, tanto no papel imerso em óleo mineral, como no valor de DPv do papel mergulhado em óleo vegetal, é menor
papel imerso no óleo vegetal, verificando-se, em ambos os que o valor de DPv do papel mergulhado em óleo mineral,
óleos, um decréscimo de 2FAL absorvido no papel, com a observando-se o inverso para temperaturas superiores a
subida da temperatura, a partir de 160ºC. 130ºC, de acordo com o gráfico apresentado na Figura 3.
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Óleos para transformadores Maria Augusta Martins
Assim, pode afirmar-se que, a velocidade de degradação do 2 FAL em óleo .vs. DPv
papel em óleo vegetal, é maior que em óleo mineral, para 10 0 0 0
DPv
Dos resultados obtidos para a concentração de 2 FAL
dissolvido no óleo e para o grau de polimerização
viscosimétrico médio do papel, (DPv), para as diversas Fig. 4. Relação [2FAL] no óleo vs DPv do papel nos casos
temperaturas, extraíram-se as seguintes relações, de papel kraft imerso no óleo vegetal e imerso no óleo
respectivamente para o óleo vegetal e mineral, representadas mineral
graficamente na Figura 4.
Para o sistema papel kraft/óleo vegetal : A degradação do papel em óleo vegetal, ser um pouco
inferior à ocorrida em óleo mineral, a temperaturas acima
Log 10 [2FAL] = -0,0032 DPv + 3,3732 (coeficiente de dos 130ºC, está de acordo com os resultados obtidos por
regressão = 0,864) Rapp e colaboradores [13] e pode ser explicada por dois
mecanismos:
Para o sistema papel kraft/óleo mineral ;
Log 10 [2FAL] = -0,0046 DPv + 4,4394 (coeficiente de 1 – Uma reacção de hidrólise dos triglicéridos
regressão = 0,997) constituintes do óleo vegetal, com produção de ácidos
gordos de cadeia longa.
Estas relações são muito importantes por permitirem calcular,
através da determinação de furfuraldeído
f dissolvido no óleo, o Nesta reacção consome-se água dissolvida, o que por sua
nível médio de degradação do papel a dos enrolamentos de um vez provoca a passagem de mais água do papel para o óleo,
transformador de uma forma muito simples, não invasiva, até se restabelecer o equilíbrio. Isto foi confirmado
nem perturbadora do normal funcionamento do experimentalmente neste estudo, pela variação do teor de
transformador, o qual se pode manter em serviço durante a água no óleo Biotemp, em função da temperatura. O
recolha das amostras de óleo para a análise. No entanto, a sua resultado é uma significativa diminuição do teor de
utilização, na prática, carece de alguns cuidados. humidade do papel, com uma consequente redução da
degradação térmica deste, por hidrólise.
Idênticas relações foram estabelecidas
a para o 5HMF, mas
optámos por só apresentar as relativas ao 2FAL, uma vez que, 2 - Um segundo mecanismo consiste numa
é este o produto furânico que aparece mais frequentemente no transesterificação.
óleo, (em transformadores com papela kraft) e como tal, é o
mais usado no cálculo do DPv do papel, o qual é uma medida Os ácidos gordos produzidos por hidrólise são esterificados,
directa do estado de degradação deste. por reacção destes com os grupos hidroxilo reactivos na
molécula de celulose, impedindo portanto as reacções de
DPv do papel degradação da celulose, (despolimerização por abertura dos
16 0 0 anéis de glucose constituintes da celulose).
Óleo mineral Os locais activos da celulose ficam assim protegidos por
14 0 0
Óleo Biotemp impedimento estereoquímico. Esta reacção ocorre a
12 0 0
velocidades inferiores para temperaturas mais baixas, mas
10 0 0 torna-se cada vez mais importante, à medida que a
DPv do papel
800
temperatura sobe.
O facto da concentração de oxigénio dissolvido no óleo
600
vegetal não diminuir significativamente com a subida da
400 temperatura está também de acordo com a tese, defendida
200
por Rapp e colaboradores [13], de que a reacção
predominante de envelhecimento do óleo vegetal a elevadas
0
60 70 80 90 10 0 110 12 0 13 0 14 0 150 16 0 170 18 0 19 0 2 0 0
temperaturas, é a hidrólise e não a oxidação, o que, por seu
turno, mantém o nível de moléculas insaturadas no fluido,
Temperatura (ºC) tornando portanto a transesterificação do papel, uma reacção
mais favorável.
Fig. 3. Variação de DPv com a temperatura
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Maria Augusta Martins Óleos para transformadores
Estas observações, relativas à degradação do papel num e [9] Norma CEI 61198 – “Mineral insulating oils –
noutro tipo de óleo, permitem assim considerar, deste ponto Methods for the determination of 2-furfural and related
de vista, o óleo vegetal, como um possível competidor do compounds” – 1st edition, September 1993.
óleo mineral, não só para os muito pequenos
transformadores de distribuição, mas também para [10] Pablo A. – CIGRÉ TF 15-01-03 – Documento interno
transformadores de maior potência, que normalmente – 2001.
funcionam com cargas e consequentemente com
temperaturas mais elevadas. [11] Norma CEI 60450 – “Measurement of the average
viscometric degree of polymerization of new and aged
Portanto, embora seja bastante desejável e até cellulosic insulating materials” – 2nd edition, April
imprescindível, a melhoria das propriedades dos óleos 2004.
vegetais, referidas anteriormente como piores que as dos
[12] Mulej, M.; Varl, A; Koncһn-Gradnik, M. – “Up-to-
óleos minerais, nomeadamente a sua baixa estabilidade,
elevada viscosidade e elevado ponto de fluxão, podemos date experience on furans for transformers
dizer que, os resultados aqui apresentados levam a diagnostics” (Documento interno EIMV), 2005.
considerar o óleo vegetal, como um sério candidato a futuro [13] Rapp, K.J.; Mcshane, C.P; Luksich, J. – “Interaction
substituto do óleo mineral, para a utilização como
mechanisms of natural ester dielectric fluid and kraft
dieléctrico, em transformadores de potência.
paper” – IEEE International Conference on Dielectric
Liquids, Coimbra, Portugal, 2005.
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