Arte Através Da Música - Um Relato de Experiência

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS

CENTRO DE EDUCAÇÃO
CURSO DE PEDAGOGIA

NOEMIR MONIQUE EUGÊNIO DA SILVA CORREIA

ARTE ATRAVÉS DA MÚSICA: um relato de experiência

Maceió
2019
NOEMIR MONIQUE EUGÊNIO DA SILVA CORREIA

ARTE ATRAVÉS DA MÚSICA: um relato de experiência

Artigo científico apresentado como exigência parcial para


a conclusão do Curso de Pedagogia do Centro de
Educação da Universidade Federal de Alagoas.

Orientador: Eraldo Ferraz

Maceió
2019
ARTE ATRAVÉS DA MÚSICA: um relato de experiência

Noemir Monique Eugênio da Silva Correia (UFAL)


[email protected]

RESUMO:
Este artigo procura abordar a importância da arte através da música no ensino, apontando algumas
questões sobre como a aulas de músicas tem efeito positivo no processo de aprendizagem e na
valorização cultural das crianças. Portanto, é o resultado de um projeto de intervenção realizado
durante o curso de pedagogia na disciplina de Arte-educação do qual visou uma busca pessoal por
metodologias que nos permitissem trabalhar com música por conta da legislação visa o ensino da
arte, em suas expressões regionais como componente curricular obrigatório, “de forma a promover o
desenvolvimento cultural dos alunos” (Brasil, 2016). Para tanto precisamos refletir sobre as seguintes
questões; Por que ensinar música para crianças? Qual é a real importância do ensino da música? A
investigação, de caráter qualitativo, baseou-se em uma revisão bibliográfica. O aporte teórico deste
estudo foi através de Anjos (2012), Ongaro, Silva e Ricci (2006), Godoi (2011), dentre outros. Os
estudos apontam que o ensino de música ainda é um grande desafio, mas é possível escolher
estratégias que oportunizem o saber mútuo, trabalho em equipe, troca de conhecimento para criar
caminhos e soluções, entendendo assim a relevância da música na aprendizagem significativa das
crianças, ajudando-as a desenvolverem suas ideias, valores culturais e auxiliando na comunicação
delas com o mundo exterior e seu universo interior.

PALAVRAS-CHAVE: Música. Cultura. Aprendizagem. Componente Curricular.

1 INTRODUÇÃO

A música como recurso pedagógico tem se tornado um grande aliado educativo a


ser utilizado na educação infantil. Pois desde de bebê já possível observar que a música já
faz parte da vida, pelo poder criador e libertador e pela ludicidade. Segundo Leda Osório
(2011) estudos realizados permitem dizer que a infância é um grande período de percepção
do ambiente que nos cerca, pois a criança é influenciada pelo que acontece a sua volta. A
música é uma linguagem que comunica e expressa sensações, a criança desde o
nascimento vive ao mesmo tempo em um meio onde descobre coisas todo tempo, pois sua
interação com o mundo a permite desenvolver o individual.

Sendo assim, partindo do interesse de trabalhar música com crianças o projeto de


intervenção intitulado “Arte através da música: vida e obra de Luiz Gonzaga” trouxe uma
vasta experiência e resultados significativos no ensino e aprendizagem das crianças
envolvidas. Para tanto refletimos sobre a Lei n.9394/96 (LDB), que coloca o ensino de arte
como obrigatória na educação básica: “O ensino de arte constituirá componente curricular
obrigatório, nos diversos níveis de educação básica (educação infantil, ensino fundamental e
médio), de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos” (Brasil,1996) incluindo
a arte musical como fundamental na formação da crianças, porém sabemos que ao passar
dos anos a realidade escolar principalmente nas escolas públicas deixaram o ensino da arte
musical de lado dando uma maior ênfase nas artes visuais. Porém vale ressaltar que no ano
2016, está lei foi alterada para a Lei 13.278/2016, que inclui as artes visuais, a dança, a
música e o teatro nos currículos dos diversos níveis da educação básica. E estabelece o
prazo de cinco anos para que os sistemas de ensino promovam a formação de professores
para implantar esses componentes curriculares no ensino infantil, fundamental e médio
(Brasil, 2016).

Para tanto, precisamos refletir sobre as seguintes questões; por que ensinar música
para crianças? Qual é a real importância do ensino da música? A investigação, de caráter
qualitativo, baseou-se em uma revisão bibliográfica. Este artigo propõe um caminho
bibliográfico e decorre na experiência da vivencia do projeto de intervenção. Inicialmente
teremos uma breve História da arte através da música na educação e logo após a
importância da música no processo de ensino e aprendizagem tendo a música como eixo
para a valorização da cultura, finalizando com o relato de experiência.

2 HISTÓRIA ARTE ATRAVÉS DA MÚSICA

Os registros históricos mostram como primeiras manifestações musicais no Brasil,


aquelas feitas pelos padres Jesuítas, não sob caráter educativo ou manifestações artísticas
através da música, mais sim como meio de atrair mais seguidores para o catolicismo. A
relação dos índios com os jesuítas ficou mais próxima devido a música que os padres
utilizavam para catequizá-los. Se tratava de um ensino unicamente religioso, usado apenas
para espalhar a fé para os indígenas, não havia conotação educativa nesse processo.

A partir do século XVII, o Brasil começa a dar mais ênfase a música popular com o
lundo ou landu, que se trata de uma dança africana e no período colonial e primeiro império
inicia-se as valsas, polcas, tangos e outras manifestações musicais estrangeiras que
chegavam no Brasil como veículos de expressão.

Apenas em 1854 por meio do decreto real o ensino de música no Brasil passa a ser
regulamentado, porém não havia formação compatível por parte dos professores e a música
acabava sendo usada para o controle dos alunos. Só a partir da metade do século XX que
apareceria junto à evolução da educação infantil como instituição educativa a visão de
trabalhar a educação musical pensando nos aspectos culturais dos alunos, o seu meio e a
música como elemento de interação interdisciplinar.

O documento publicado pelo Ministério da Educação (MEC) em 1998 intitulado


Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil – RCNEI (Brasil, 1998) é tido como
uma orientação metodológica para a educação infantil, no qual o ensino de música dá
ênfase a novas visões como a experimentação, tendo como fins musicais a composição e
interpretação, sem esquecer a percepção dos sons e as estruturas da organização musical.

O que se compreende na concepção adotada pelo documento do MEC é que a


música é tida como uma linguagem e área de conhecimento e deve-se levar em
consideração que se encontra em estruturas e características próprias. Além de sua
orientação metodológica, o documento também apresenta orientações referentes aos
conteúdos musicais, nos quais se dividem em dois blocos: o fazer musical e o de apreciação
musical.

Entretanto, é necessário refletir acerca da importância do ensino de música no


Brasil, com mais ênfase na educação infantil como afirma Godoi (2011, p.16)

[...] se pensar as funções do ensino de música na educação infantil, nos


leva ao cotidiano escolar e as práticas dos professores e seus alunos, de
como a música aparece e suas particularidades, suas possibilidades e
linguagens.

É possível observar a relação da música com a educação infantil quando pensamos


nos momentos nos quais a utilizamos, desde o momento da chegada das crianças,
passando pela hora do lanche, nas comemorações escolares e que observamos as danças
também, nas festividades em geral. A música nos possibilita inúmeros momentos e
aprendizagens com a interação que ela permite da criança com o mundo adulto ao assistir
televisão, utilizar celular ou tablet.

Se faz necessário compreender que o propósito da música está em colaborar no


desenvolvimento das crianças, quando envolve uma atividade planejada e contextualizada,
explorando as inúmeras possibilidades que a música tem em seu ensino, e não somente
como uma atividade mecânica, recitando algumas cantigas em momentos rotineiros.
3 A IMPORTÂNCIA DA MÚSICA NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM

Os autores Ongaro, Silva e Ricci (2006) em seu artigo, “A importância da música na


aprendizagem”, nos mostra a reflexão de como a aplicação da música é importante no
processo de ensino e aprendizagem, pois a música desperta efeitos bem relevantes não só
na educação mais em várias áreas do conhecimento, ela estimula, alegra e faz o indivíduo
perceber novas sensações. Sendo utilizada como um poderoso instrumento pedagógico, a
música nas escolas faz toda diferença, levando os alunos a descoberta de um mundo
prazeroso e satisfatório facilitando assim o processo de ensino, aprendizagem e
socialização dos mesmos.

O professor que utiliza a ferramenta da música, além de melhorar e facilitar o seu


trabalho, faz com que as crianças valorizem peças musicais, teatrais, concertos etc.,
levando-as assim a oportunidade do conhecimento dos mais diversos gêneros musicais elas
constroem com o auxílio da música a sua autonomia, criticidade e também a aquisição de
novos conhecimentos.

A criança precisa ser sensibilizada para o mundo dos sons, pois, é pelo
órgão da audição que ela possui o contato com os fenômenos sonoros e
com o som. Quanto maior for a sensibilidade da criança para o som, mais
ela descobrirá as suas qualidades. Portanto é muito importante exercitá-la
desde muito pequena, pois esse treino irá desenvolver sua memória e
atenção. (ONGARO, SILVA, RICCI, 2006, p. 2)

Aliando a música à educação o professor assume uma postura mais interativa e


dinâmica junto ao aluno, facilitando o processo de ensino e aprendizagem e levando as
crianças a aprenderem a ouvir de maneira ativa e reflexiva, quanto mais houver exercício de
sensibilidade aos sons, maior será a capacidade da criança desenvolver sua memória e
atenção.

Podemos refletir também, no trabalho de conclusão de curso, defendido na


Universidade Estadual de Londrina (2011) por Luís Rodrigo Godoi, que teve como tema “A
importância da música na educação infantil”. Segundo o autor, a relação da criança com a
música se inicia desde o momento no qual o bebê está no ventre de sua mãe. É a partir
desse momento que a música se faz presente na vida da criança, e por consequência,
passa a ter uma importância no desenvolvimento desta. As crianças se utilizam da música
como formas de expressões em brincadeiras, nas relações sociais que se estabelecem, por
diversão.

É necessário saber que o ensino de música não está ligado apenas ao aprendizado
de instrumentos ou de canções repetidas e decoradas, práticas essas que são muito
frequentes no ambiente escolar. O desafio que se lança no ensino de música na educação
infantil é que ele contribua no desenvolvimento da criança como um complemento, que além
de trabalhar a sensibilidade da criança, ele também auxilie no desenvolvimento de outras
potencialidades.

Há diversas formas de se trabalhar o ensino de música de forma significativa como


canto, brincadeiras cantadas, sonorização de histórias como onomatopeias, parâmetros
sonoros, ruídos cotidianos que é algo interessante para interagir com os alunos fazendo-se
experimentar sensações, sentimentos e compartilhar uns com os outros. Pode-se pensar em
elaborações de projetos interdisciplinar, assim como o projeto apresentado neste artigo.

Por meio do ensino da música, os campos de desenvolvimento aguçados são os


que lidam com a afetividade e sensibilidade e potencializa o aprendizado cognitivo, além do
campo do raciocínio lógico, no qual há um grande desenvolvimento da memória.

Por diversas vezes é notório que as crianças são impedidas de usar sua
criatividade, que nessa fase da educação infantil é tão aguçada e deve ser explorada com
mais frequência, sendo propostas músicas ou atividades já prontas sem um fim reflexivo,
músicas folclóricas que são cantadas de forma mecânica ao longo de tantas décadas, nos
quais não sabemos nem mesmo o significado ou o sentido da canção que está sendo
cantada.

Muitas atividades realizam apenas o ato de memorização e os gestos corporais


feitos durante a canção são estereotipados, que acabam deixando as crianças
desestimuladas, desinteressadas daquela prática e pouco contribuem para o seu
desenvolvimento, portanto, se faz necessário refletir com Godoi (2011, p. 31) “Isso evidencia
que um trabalho criativo e competente colaborará com a criança para desenvolver sua
criatividade, socialização, expressão e também serve como estímulo para o aluno da
educação infantil aprender mais e de forma contextualizada”.

3.3 MÚSICA E A VALORIZAÇÃO DA CULTURA


Ao trabalhar com Música possibilita, como por exemplo as que foram trabalhadas no
projeto de intervenção, a vivencia com um estilo musical culturalmente nordestina
valorizando assim nossa região, concorda-se com o autor Anjos (2012) quando diz, “[...]
nossa proposta parte do pressuposto de que é necessário desenvolver outro olhar no que se
refere ao ensino de Arte na Educação Infantil, olhar este que considera a Arte como uma
possibilidade de expressão. ” (p. 31). Pois, “O fazer arte é um dos momentos mais ricos de
possibilidades para que a criança possa escolher seus próprios caminhos, o que não
significa que não seja necessária a intervenção do educador. ” (p. 32). O trabalho com
Música permite que as crianças tenham a possiblidade de expressão, e o que é a música?
Se não for a arte de manifestar seus apreço e sentimentos através do som.

O professor, ao iniciar o ensino de música, deve considerar os conhecimentos


prévios das crianças para que ela mostre o que já conhece e compreende sobre música e
refletir acerca da cultura que a criança traz. Nos momentos musicais em sala, a criança
desenvolve novos conhecimentos como a socialização, vocabulário e autonomia.

4 RELATO DE EXPERIÊNCIA

4.1 O PROJETO DE INTERVENÇÃO

Com o objetivo de atiçar a curiosidade, o interesse e o respeito pela riqueza


da cultura nordestina, foi trabalhado alguns conceitos musicais como a audição e
ritmo e também estimular a sensibilidade para a música. “Especialmente no campo
da música, a cultura popular/cultura brasileira possui um manancial inesgotável de
recursos para serem utilizados como ferramentas para as aulas de música.”
(SIQUEIRA, 2000). O projeto de intervenção “Arte através da música: vida e obra de
Luiz Gonzaga” teve como objetivo propiciar informações sobre a vida e a obra de
Luiz Gonzaga na perspectiva da valorização da cultura nordestina através de
vivencias com o gênero musical forró e os seus derivados. O projeto problematizou o
contexto da vida obra de Luiz Gonzaga articulando com a história da música.
Discutiu o papel do Músico (Luiz Gonzaga) e suas experiências para compreender a
realidade da valorização e divulgação da cultura nordestina, realizou oficinas que
trabalharam o conceito do gênero musical (Forró e seus derivados), provocando
reflexões sobre o tema e Comparou as relações das letras das músicas de Luiz
Gonzaga com a cultura nordestina. O projeto foi desenvolvido no bairro do Clima
Bom I, na cidade de Maceió-AL em um espaço cedido pela Paróquia São João
Maria, com um grupo de crianças com a faixa etária entre 6 e 13 anos, membros de
um coral já existente na paroquia, oportunizando desenvolver este projeto em
beneficio para a comunidade, fora de um ambiente escolar, sendo muito gratificante
e enriquecedor para a experiência profissional.
Para enriquecer a troca de experiências com as crianças trabalhou-se com a
metodologia de projetos prevendo a oportunidade de socializar e criar conhecimento
durante todas as etapas compreendendo que o projeto é um caminho em construção
de futuros resultados almejados.

[...] compreende-se que projeto é um caminho em construção, onde


inúmeras etapas são seguidas para que futuramente se consiga o resultado
daquilo que se almejava. Na educação, o projeto pode ser o alicerce do
conhecimento, onde os aprendizes atravessam etapas formando o
esqueleto do objeto desejado e a partir deste pesquisar, trocar ideias e
experiências conquistando assim o resultado final, neste caso: a
aprendizagem. (MONTEIRO, OLIVEIRA e RONDON, 2013. p42.)

Teve um breve espaço para discutir o que as crianças já sabem e conhecer


o que elas gostariam de saber pois:

O projeto deve ser considerado como um recurso, uma ajuda, uma


metodologia de trabalho destinada a dar vida ao conteúdo tornando a
escola mais atraente. Significa acabar com o monopólio do professor
tradicional que decide e define ele mesmo o conteúdo e as tarefas a serem
desenvolvidas, valorizando o que os alunos já sabem ou respeitando o que
desejam aprender naquele momento. DEPRÀ, 2016.

4.3 ATIVIDADES REALIZADAS

Foram realizadas três oficinas presenciais, a primeira teve duração de 2 horas


com a proposta de apresentar o projeto e levantar hipótese do conhecimento prévio
das crianças sobre o tema. Apresentar um pouco da vida e da obra de Luiz
Gonzaga. E proporcionar o manuseio da Sanfona. Foi Utilizado Datashow e
Notebook, porém não foi possível o uso da sanfona nesta ocasião. Mais se tratando
de um coral foi utilizado um violão para realizar o ensaio e observar qual o tom da
nota musical que melhor adaptasse as das crianças. Participaram dessa oficina 18
crianças. Iniciou-se apresentando o projeto, em busca de conhecer os
conhecimentos prévios das crianças sobre Luiz Gonzaga e das músicas nordestinas
e quais suas curiosidades sobre o tema, realizou-se algumas perguntas, em formato
de conversação: “quem aqui já ouviu falar sobre Luiz Gonzaga?”. Todos disseram
que já ouviram falar sobre ele. Aproveitamos para perguntar “ o que vocês sabem
sobre ele?”, nesta pergunta muitos queriam responder ao mesmo tempo, a resposta
que mais nos chamou a atenção foi de uma menina que falou: “ele foi um sanfoneiro
que fez sucesso a muito tempo atrás mais já morreu”, outras crianças também
concordaram com essa afirmativa, continuamos as perguntas: “Alguém sabe cantar
alguma música dele?”, alguma criança começou a cantar a música “Asa Branca” e
em segundos todos estavam cantando lindamente, realizamos mais algumas
perguntas e em seguida apresentamos o vídeo “História Luiz Gonzaga”, que
resume de forma lúdica um pouco da trajetória do musico, após realizamos
comparações com aquilo que as criança falaram e o que foi passado no vídeo, em
seguida apresentação da música “Asa Branca” através de vídeo e realizamos uma
roda de conversa sendo direcionado com perguntas sobre a interpretação da letra
da música “Asa Branca” com o apoio visual em slides, fazendo comparações com a
cultura nordestina, este momento foi rico em informações pois mesmo as crianças
terem demonstrado conhecer a letra da música muitos não sabiam a sua
interpretação e o significado de alguns termos como por exemplo “..terra ardente
qual fogueira de São João” uma das crianças comentou que achava que era uma
terra pegando fogo, por isso o suporte dos slides foi primordial para visualizaram que
corresponde a terra seca do Sertão nordestino. Um outro trecho comentado foi
“Espero a chuva cair De novo, pra mim voltar Pro meu sertão”, perguntamos se
alguém sabia o que o musico quis disser nesse trecho, uma das crianças respondeu
“é porque ele sente saudades da sua terra”, mostramos em seguida duas imagens
uma com o senário seco da caatinga e outro após um período de chuva, para que as
criança por si realizassem as comparações da realidade vivida no sertão nos tempos
de estiagem e nos tempo de chuva. Momento que consideramos muito proveitosa e
dinâmico, onde as crianças falavam o que pensavam e percebemos que por não se
tratar de um ambiente escolar, elas falavam, mesmo que os que elas sabiam fossem
equivocados, tivemos a participação ativa da maioria. Após este momento
apresentaríamos o instrumento sanfona porém, como se tratava de um coral que
sempre se apresentava com o instrumento não achamos necessário a apresentação
do mesmo já que todos ali presente conheciam, mas consideramos um momento
importante se esse projeto for realizado futuramente em um grupo de crianças que
nunca tiveram o contato direto com o instrumento, como sobrou tempo fizemos
apresentamos outras músicas de Luiz Gonzaga e pedimos a sugestão das crianças
na escolha do repertorio que eles futuramente apresentariam as músicas escolhidas
foram: percebemos a animação das crianças que não deixaram de cantar nenhuma
das músicas apresentadas, mesmo quando erravam a letra da música, e
convidamos para que cada um escolhesse um amigo para dançar, mostramos
alguns passos simples do forró e em seguida estavam todos animados dançando ao
som e ao ritmo de Luiz Gonzaga, após este momento e com ajuda da regente do
coral deixamos um tempo destinado ao ensaio, e com o auxílio de um violão ela
pedia que as crianças cantassem uma das músicas para que ela pudessem
perceber em qual tom seria mais apropriado com a voz delas. Feito isso demos
como encerrado esta primeira oficina. Avaliamos de forma processual e percebemos
a animação, a participação ativa das crianças, o interesse e curiosidades
apresentadas de forma positiva, ficamos também animados e ansiosos para a
segunda oficina, pois está já foi possível presenciar atividades que envolviam artes,
música e movimento. Acreditamos que obtemos nossos objetivos.
A segunda oficina teve duração de 1 hora e 30 minutos, a proposta desta
oficina foi a valorização da cultura nordestina e suas diversas formas de
representações artística. Portando, foi planejado de forma que as crianças tivessem
a oportunidade de demostrar seus conhecimentos adquiridos durante o projeto e
suas habilidades artísticas. Participaram desta oficina cerca de 20 crianças. Iniciou-
se a oficina pelo ensaio das músicas de Luiz Gonzaga, escolhidas pelas crianças
com o auxílio do instrumento sanfona, as crianças já estavam bem animadas
quando chegamos, e durante o ensaio demostraram muita empolgação. Em seguida
partimos para a confecção do chapéu que faz referência aos chapéus utilizados por
Luiz Gonzaga em suas apresentações. Após uma breve explicação de que a
confecção do chapéu é para ser utilizado no nosso próximo encontro que estava
previsto a apresentação do coral ao vivo, distribuímos os kits individuais, pedimos
que formassem grupos de até cinco intrigantes, o que demorou um pouco a se
formar porque alguns queriam ficar junto com os que tinham mais afinidades,
mudamos a estratégia para dois grandes grupos de até 10 crianças que se
sentaram no chão formando dois círculos, distribuímos os kits coletivos que
continham cada um; duas tesouras, duas colas, recortes de várias cores de papel
laminado, retalhos de emborrachados, moldes do formato do chapéu, de estrela e de
círculos e Fitilhos coloridos. Deixando claro que eles poderiam usar a imaginação
para formar outros formatos e enfeitar o seu chapéu como desejassem. A sequência
da oficina seria um Quiz (jogo de perguntas e respostas) onde testaríamos os
conhecimentos adquiridos durantes as oficinas, mais infelizmente não foi possível a
realização deste, pelo fato da oficina está acontecendo no horário noturno e algumas
crianças iriam sozinhas para casa, por temer sua segurança não poderíamos
estender até mais tarde a oficina. Após a termino da confecção dos chapéus
encerramos com agradecimentos. Avaliando está oficina oralmente faz-se perguntas
e pediu-se que levantassem as mãos para que pudéssemos nos auto avaliarmos,
perguntamos quem tinha gostado dessas oficinas, e todos levantaram as mãos, em
seguida perguntamos quem gostou de confeccionar o chapéu, e quase todos
levantaram as mãos, apenas dois não levantaram, questionamos do porquê, e
entendemos que gostaram de confeccionar os chapéus porém não gostaram da
ideia de ter que usá-los na apresentação ao vivo previsto para o próximo encontro,
elogiamos os chapéus por eles confeccionados e sugerimos que se no dia não se
sentissem confortável em usar não teria problema nenhum, eles poderiam decidir se
vão usar ou não. Pela empolgação e animo demostrado claramente pelas crianças,
nos sentimos realizados com os objetivos proposto pelo projeto.
A terceira oficina teve duração de mais ou menos 1hora e 30 minutos, a
proposta desta oficina foi a culminando deste projeto e demostrar a valorização da
cultura nordestina através de uma apresentação em forma de coral com o apoio do
instrumento sanfona, para os estudantes e professores do Centro de Educação da
Universidade Federal de Alagoas realizado no dia 10 de outubro de 2016. Para a
apresentação foram escolhidas as músicas de Luiz Gonzaga “Asa Branca”, “xote
das meninas”, pelas crianças. Antes do início da apresentação pedimos que as
crianças colocassem o chapéu que tinham confeccionado na oficina anterior como
pretexto de tirar fotos, após várias fotos, deixamos que eles escolhessem se
utilizariam ou não o chapéu durante a apresentação, percebemos que algumas
crianças adoraram a ideia, mas que alguns principalmente os mais velhos, que não
gostavam de ser chamado de crianças, diziam que eram adolescentes, falaram que
não iriam usar, mas algumas mães que acompanharam os filhos deram uma ordem;
“é para todos usarem sim o chapéu se não vai perder a caracterização da
apresentação”. Tentamos nos manter neutros neste momento, por fim decidiram
usar. Após a montagem do som da afinação dos instrumentos, iniciaram a
apresentação. Contamos com a presença ilustre do coordenador do curso Eraldo
que com sua alegria animava o público, encerramos com os agradecimentos.
Avaliamos de forma positiva está parte do projeto, pois tivemos o envolvimento
total das crianças e a participação dos membros dirigentes do coral, das famílias que
também estavam presentes durantes as oficinas, e ficamos felizes pelo público que
foi além do esperado, e apontamos essa culminância como tento ultrapassado de
forma positiva os objetivos esperados.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Rosa (1990) afirma que a simples atividade de cantar uma música


proporciona à criança o treinamento de uma série de aptidões importantes. A
musicalização é importante na infância porque desperta o lado lúdico aperfeiçoando
o conhecimento, a socialização, a alfabetização, inteligência, capacidade de
expressão, a coordenação motora, percepção sonora e espacial e matemática. O
Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (1998) menciona que a
música é fundamental para o desenvolvimento de uma identidade, pois auxilia na
autonomia do indivíduo, trabalha imaginação, criatividade, capacidade de
concentração, fixação de dados, experimentação de regras e papeis sociais,
desenvolvem a expressão, o equilíbrio, a autoestima, autoconhecimento e
integração social (BRASIL, 1998).
Ao refletirmos sobre todo o percurso das oficinas, observamos na prática
várias possibilidades pedagógicas que podem ser desenvolvidas em sala de aula e
também foram dela, trabalhando com crianças de faixa etário diferente, mais que foi
tocada a seu modo pelo projeto, presenciou-se o entusiasmo, a curiosidade e o
interesse em cada oficina que foi realizada, mesmo com os contratempos foi um
projeto bem planejado que pode ser melhorado ou adaptado dependendo qual seja
o público-alvo. Neste projeto as crianças foram ativas no seu próprio conhecimento
amadurecendo suas habilidades. Propiciamos estratégias oportunizando o saber
mútuo e o trabalho em equipe, em que a troca constante de pensamentos deu
oportunidades de criação dos caminhos e soluções (Monteiro, Oliveira e Rondon,
2013).
Propomos que a experiência vivenciada no projeto durante o Estágio deva ser
aplicado com mais tempo disponível, sem deixar de lado nenhuma das ações
proposta. Sabemos que não depende só de quem está ministrando o projeto mais
de um conjunto de responsáveis que juntos podem garantir o fracasso ou o sucesso
na execução.
Consideramos, pois, que a música deve ser enriquecida e incluída em
práticas pedagógicas, não apenas porque está na lei mais também porque propicia
às crianças uma aprendizagem de conceitos e descoberta do mundo, contribuindo
também com a interação social e possibilitando o acesso às novas culturas.
Incentivar a arte como disciplina obrigatória é dar aos alunos oportunidades de
crescimento, aprimoramento intelectual, de raciocínio, mas principalmente forma
seres humanizados e sensibilizados.

REFERÊNCIAS

ANJOS. C. I. Estágio na licenciatura em Pedagogia: Arte na Educação Infantil. Alagoas:


Edufal, 2012.

AGENCIASENADO. Lei inclui artes visuais, dança, música e teatro no currículo da educação
básica. Agencia Senado, 2016 Disponível em:
<http://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2016/05/03/lei-inclui-artes-visuais-danca-
musica-e-teatro-no-curriculo-da-educacao-basica>o Acesso em: 16 out. 2016.

BRASIL. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Ministério da


Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998.
(Volumes 1, 2, 3).

DEPRÁ. F. S. R. A pedagogia de projetos no processo ensino-aprendizagem da educação


infantil. Artigos educação, 2016. Disponível em:
<http://sitededicas.ne10.uol.com.br/art_pedagogia_projetos.htm> Acesso em: 16 out. 2016.

GODOI. L. R. A importância da música na educação infantil. Trabalho de conclusão de


curso. Universidade Federal de Londrina. Londrina, 2011.

MONTEIRO. A. M. G; OLIVEIRA. A. M. S; RONDON. G. A. S. Metodologia de projetos na


educação infantil: valores, saberes e desafios. Revista Educação e Linguagem – Artigos –
ISSN 1984 – 3437. Vol. 7, n º 1. 2013. Disponível em:
<http://www.ice.edu.br/TNX/storage/webdisco/2013/12/09/outros/bb1970758e85ad2d471dab
be0a170f69.pdf> Acesso em: 16 out. 2016.
MÁRSICO. L. O. A criança no mundo da música: uma metodologia para educação
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ONGARO. C. F; SILVA. C. S; RICCI. S. M. A importância da música na aprendizagem.


UNIMEO/CTESOP, 2006. Disponível em: <http://www.meloteca.com/musicoterapia2014/a-
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ROSA. N. S. S. Educação Musical para a Pré-Escola. São Paulo: Editora Ática, 1990.

SIQUEIRA. E. M. L. B. Z. Música: da casa à escola de educação infantil e ensino


fundamental. UNICAMP. Campina, 2000. Disponível em:
<http://www.bibliotecadigital.unicamp.br/document/?code=000879293> Acesso 16 out. 2016.

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