Play Along (Unico) - T L Swan-SCB
Play Along (Unico) - T L Swan-SCB
Play Along (Unico) - T L Swan-SCB
Disponibilização: Eva
Tradução: Cris, Ava, Marina, Cassia
Revisão Inicial: Sophy Glinn
Leitura Final: DeaS
Formatação: Niquevenen
NOVEMBRO/2021
TESTEMUNHEI UM ASSASSINATO E ME TORNEI REFÉM.
Eu o odeio.
Anseio por ele.
Ando para frente e para trás no quarto que tem sido minha
prisão nos últimos quatro dias. Ele tranca a porta atrás de si pela
manhã e não volta até tarde da noite, voltando apenas para me
trazer comida. Meu único consolo é que não me toca quando
volta. É um ambiente tóxico e tenho certeza de que se ficar aqui
por mais vinte e quatro dias ficarei louca. Quanto mais penso sobre
isso, e penso muito sobre isso, mais sei que preciso tentar chamar
alguém para obter ajuda. Testemunhei um assassinato e não há
nenhuma maneira no inferno que irão me deixar ir embora de tudo
isso. Sou uma testemunha que ainda está viva e isso me torna uma
grande ameaça. Talvez irão me empurrar para o mar depois de se
divertirem...ninguém jamais saberá.
O crime perfeito.
Minha mente vai para Melissa e Todd. Tenho certeza de que
estão cientes de que estou desaparecida agora e meu sangue ferve
pensar que eles sabem que sei que são uns idiotas. Aposto que
acham que estou deitada em um hotel com o coração partido em
algum lugar à beira do suicídio.
Fodidos estúpidos.
Estou furiosa, não com o coração partido. Não poderia me
importar menos com os dois.
Suponho que essa seja provavelmente a única coisa boa que
resultou de tudo isso. Ganhei uma nova perspectiva de vida.
Pessoas que fodem você simplesmente não valem a pena.
Cansei de ser um capacho. Estou farta de amizades falsas e
namorados desprezíveis cujos cérebros estão em seus
paus. Quando sair desse navio, vou chutar alguns traseiros sérios,
e Todd e Melissa estão no topo da minha lista de merda.
Primeiro, preciso pensar em uma maneira de chegar à torre de
controle.
Deixar este quarto despercebida não vai ser fácil. Debati todos
os planos de fuga possíveis e todos eles parecem muito
arriscados. Não tenho certeza do quanto qualquer coisa é um risco,
porém, já que parece que perdi toda a perspectiva sobre essa
situação.
Ouço a chave girar na fechadura, a porta se abre e ele
aparece. Tendo acabado de terminar o trabalho do dia, seus
cabelos estão bagunçados e ele tem o que parece ser graxa de
motor no rosto.
Franzo a testa quando o vejo. Ele normalmente não fica assim
quando chega em casa do dia de trabalho.
“O que você faz neste barco?” Pergunto.
Seus olhos se voltam para mim surpresos por estar me
dirigindo a ele.
“Sou Engenheiro Náutico.” Responde.
Meu rosto desaba de surpresa. Bem, me derrube. Levanto
minhas sobrancelhas. “Você?” Questiono.
Ele torce o lábio. “O que isso deve significar?”
Cruzo meus braços na minha frente e levanto uma
sobrancelha em questão. “Nada.”
Seus olhos seguram os meus.
“Eu só não achei que você tivesse muito cérebro, só isso.”
Murmuro baixinho.
Ele balança a cabeça, impressionado. “Ia levar você para a
sala para jantar essa noite.” Ele tira a camisa pela cabeça e meus
olhos caem para seu peito forte e largo. “Mas vendo que está sendo
uma espertinha, pode ficar aqui sozinha de novo.” Ele desaparece
no banheiro e ouço o chuveiro ligar.
Ele vai me matar. Minha mente começa a funcionar. Ele vai me
matar. E se eu sair com ele e de alguma forma escapar por um
minuto para pedir ajuda? Isso funcionaria?
Olho para o banheiro. Ele está nu. Nada de novo, ele se despiu
na minha frente à semana toda. Começa a esfregar o sabão em si
mesmo e meus olhos piscam entre suas pernas. Porra, ele é
enorme. Nunca vi um homem assim e quanto mais penso nisso,
mais duvido seriamente que tenha me estuprado. Ficaria dolorida
se ele tivesse e não estou.
Ele olha para cima e viro meus olhos para baixo para fingir que
não estou olhando e quando lentamente olho para cima, sorri
amplamente.
“Gosta do que está vendo?” Ele pergunta.
Olho para ele, impassível. “Não. Na verdade, gostaria de
arrancar meus olhos.”
“Por que está olhando então?” Sua mão ensaboada acaricia
seu pau enquanto ele lava.
“Não estou.” Murmuro distraída por sua mão balançando.
“Meu pau é melhor do que parece.” Ele sorri enquanto se lava.
Engulo o nó de nervosismo na minha garganta e meus olhos
caem para o chão para impedir meus olhos rebeldes de
assistirem. Fico olhando para o piso no chão por um tempo
enquanto espero por ele. “Onde é o jantar?” Pergunto. Preciso ser
legal e fazer com que ele me leve para sair. É a única pessoa que
pode me tirar deste quarto sem ser notada.
“Temos um grande dormitório e área de entretenimento na
outra extremidade do barco.”
Franzo a testa enquanto penso. “Quantas pessoas trabalham
neste navio?” Pergunto.
“Você está muito faladora esta noite.” Ele responde secamente.
Deus, muito, muito rápido. Não falei com ele a semana toda e
agora estou engasgando. Ele tem razão. Preciso me acalmar e usar
minha cabeça. Fico em silêncio por um tempo.
“Vinte e quatro.” Ele finalmente responde.
Penso por um momento. Realmente não consigo me lembrar
de quantos homens estiveram envolvidos no ataque a mim na outra
noite e sinto minha apreensão aumentar apenas com a lembrança
disso. Talvez eu deva apenas ficar aqui. Não suporto a ideia de
enfrentá-los. Levanto e sento na cama. Poucos minutos depois, ele
entra no quarto e deixa cair a toalha para se vestir. Seus cachos
molhados caem sobre seu rosto e sua pele bronzeada tem um
brilho de seu banho. Ele cheira a sabonete. Inferno de merda.
“Você tem que ficar nu o tempo todo?” Digo, agitada com sua
boa aparência. “Não quero ver o seu lixo.”
“Estou me vestindo e, para constar, você estava verificando
meu lixo no chuveiro.”
Franzo o rosto de horror. “Não estava.”
“Você estava.”
Estreito meus olhos. “Tanto faz.”
Ele sorri maliciosamente e pega uma cueca preta justa. Vejo
em câmera lenta enquanto se curva e puxa para cima em suas
pernas e reajusta seu pau.
Humm.
Ele pega sua calça jeans escura e uma camiseta azul clara, e
depois de se vestir, senta na cama para calçar os sapatos. Eu o
observo em silêncio.
“Você quer vir ou não?” Ele pergunta.
“Será...” hesito.
“Será o quê?”
“Eles estarão lá?”
Ele acena com a cabeça enquanto amarra um sapato.
“Ah.” Faço uma pausa. “Provavelmente não então.”
“Eles não vão machucar você.” Meus olhos procuram os
dele. “Eu estarei lá.” Responde.
Fico parada, não sei se consigo honestamente me obrigar a sair
do quarto. Eles me apavoram.
Ele se levanta. “Tudo bem, fique à vontade. Fique aqui.”
Merda, preciso ir para a torre de controle. Fico abruptamente
em pânico. “O que eu vestiria?” Gaguejo agitada.
Seus olhos caem para o meu traje de sua calça larga de pijama
e camiseta. Franze a testa como se estivesse pensando. “Venha
comigo.”
“Onde? Aonde vamos?” Pergunto enquanto torço minhas
mãos nervosamente na minha frente. “Isso é um truque?”
Sussurro.
Ele franze a testa. “Um truque para quê?”
Engulo o nó na minha garganta enquanto meus olhos piscam
para a porta. “Para me entregar a eles?”
Ele balança a cabeça, irritado. “Não. Se eu quisesse entregar
você, simplesmente entregaria você.”
Meus olhos estão nos dele. Por que não vai me entregar? Não
entendo nada disso.
Quais são seus planos para mim?
“Vem ou não?” Ele pergunta novamente.
Inferno sangrento, esta pode ser minha única chance de sair
deste navio com vida. Aceno rapidamente antes de mudar de ideia.
Ele abre a porta e sai para o corredor e espio o batente da
porta. Meu coração começa a martelar.
“Você vem?” Ele pergunta.
Sigo-o hesitantemente enquanto ele caminha pelo corredor em
direção ao grande salão onde ouvi a festa vindo da outra
noite. Chegamos a um conjunto de escadas e franzo a testa para
ele.
“Aqui em cima.” Ele aponta para a escada.
Oh meu Deus. Para onde ele vai me levar? Meu coração vai ter
uma parada cardíaca a qualquer momento. Chegamos ao andar
acima de nós e ele caminha pelo corredor e bate em uma
porta. Meus olhos se arregalam e dou um passo para trás. Ah
não. O que ele está fazendo?
A porta se abre e uma linda garota loira está diante de nós.
“Oi, Mac.” Ela sorri sensualmente.
“Oi, Chels.” Ele gesticula para mim e seu rosto franze. Cruzo
meus braços nervosamente na minha frente. O que uma garota
está fazendo neste navio de terror? “Você tem alguma roupa que
possa emprestar?” Ele pergunta.
Ela me olha de cima a baixo e murcho no local. Quem é? Ela
hesita por um momento. “Sim, acho.” Ela abre a porta e gesticula
para que entremos.
Ele agarra minha mão e me leva para o quarto
dela. Nervosamente olho ao redor enquanto me agarro firmemente
em sua mão. Há espelhos na parede e um lustre de renda chique
que pende baixo. Uma cama grande. O quarto é feminino. Hã? Ela
mora neste navio? Ela desaparece de volta no banheiro, tira o rímel
e começa a aplicá-lo. “As roupas estão no guarda-roupa, sirva-se.”
Diz.
Ele abre o guarda-roupa e começa a vasculhar as gavetas e
puxar as coisas enquanto as inspeciona.
Tudo bem, o que está acontecendo aqui? Não entendo nada
disso. Olho para o banheiro e ela está passando batom
vermelho. Está usando um vestido preto justo e decotado que não
deixa nada para a imaginação. É maravilhosa. Reaparece do
banheiro e coloca sua pequena bolsa dourada no ombro.
“Encontro vocês dois lá.”
“Sim, ok.” Ele diz atrás dela, distraído com a tarefa em mãos.
Ela sai do quarto e fecha a porta.
Espero um momento enquanto ele continua olhando para as
roupas.
“Quem é ela?” Pergunto.
“Chelsea.” Ele responde enquanto me entrega algumas
roupas.
“Ela mora neste navio?” Pergunto.
“Hãhã.”
Pego as roupas que passa para mim.
“Coloque-as.” Ele exige.
Franzo a testa. Não vou me vestir aqui na frente dele. Ele revira
os olhos. “No banheiro.”
“Ah. Certo.” Sussurro. Desapareço no banheiro e visto as
roupas que escolheu para mim. Uma saia curta xadrez de rosa e
roxo com cintura baixa e pregas, e uma camiseta branca apertada
esvoaçante com alças. Preciso de um sutiã. Coloco minha cabeça
no canto da porta do banheiro e ele levanta os olhos de sua posição
sentado na cama. “Hummm.”
“Hummm, o quê?”
“Preciso de roupa íntima.” Sussurro de vergonha.
Ele levanta uma sobrancelha e tenta esconder seu
sorriso. Levanta e remexe em uma gaveta e me passa uma
calcinha. “Você não vai caber no sutiã dela.” Ele sorri.
Fico olhando para ele sem expressão.
“Ela tem peitos grandes.”
“Ah.” Oh Deus, que vergonha. Volto para o banheiro, fecho a
porta atrás de mim para colocar a calcinha de renda branca. Olho
no espelho e me encolho. Pareço uma merda. Estou com um olho
roxo e um pequeno corte na ponta do nariz. Como devia parecer
quatro dias atrás, quando isso aconteceu? Pego um corretivo de
sua bolsa de maquiagem e tento consertar um pouco meu
rosto. Escovo meus longos cabelos escuros, que estão crespos até
o esquecimento com seu xampu de merda, e pego uma faixa de
cabelo e amarro em um rabo de cavalo alto.
Caminho de volta para o quarto e seus olhos vão para os meus
pés e de volta para o meu rosto, um traço de um sorriso cruza seu
rosto.
Prendo minha respiração enquanto espero sua reação. Seus
olhos escuros me despem lentamente.
Ele se levanta abruptamente e dá um passo à frente, trazendo-
o muito perto. “Você parece comestível.” Ele sussurra enquanto
seu corpo enorme invade meu espaço.
Dou um passo para trás sem pensar, nossos olhos fixos um no
outro. Meus olhos vão para sua língua enquanto ela se lança para
lamber seu lábio inferior.
O caçador e sua presa.
A eletricidade passa entre nós.
“Você quer continuar viva, menina bonita?” Ele pergunta
enquanto coloca a parte de trás dos dedos no meu rosto.
Aceno sutilmente. Meus olhos vão para o chão enquanto sua
respiração aumenta. Seus dedos queimam minha pele.
“Precisamos mostrar à tripulação a quem você pertence.” Ele
sussurra.
Meus olhos encontram os dele e franzo a testa. Do que ele está
falando? O desejo primitivo de chutá-lo nas bolas é opressor, mas
sei que para permanecer viva, preciso dele do meu lado.
Ele se curva e coloca a boca no meu ouvido e sua respiração
causa arrepios na minha coluna. Fecho meus olhos em
consternação. Droga.
“Preciso mostrar aos meus companheiros de tripulação a quem
você pertence.” Sua respiração cobre meu pescoço e sinto um
formigamento até os dedos dos pés.
Meus olhos horrorizados encontram os dele.
“Vamos ver o quão boa atriz você é.” Ele sussurra
sombriamente.
“O que você quer dizer?”
“Quero dizer, se quer sobreviver, precisa jogar junto.”
“Jogar junto?” Franzo a testa.
“Brinque que você é minha.” Ele murmura, distraído, seus
olhos seguem seus dedos enquanto os escova em meus
lábios. “Finja que gosta que toque você.” As pontas dos seus dedos
correm pelo comprimento do meu pescoço e fecho meus
olhos. “Embora não tenha que fingir muito.” Ele se inclina e beija
suavemente minha orelha. “Você vai?” Ele sussurra.
Deixo cair minha cabeça em consternação, sei que preciso
mudar de assunto ou vou ficar de costas naquela cama em um
segundo.
Ele esfrega a mão pelo meu longo rabo de cavalo e desce pelo
meu seio.
Meus olhos sobem para encontrar os dele e nojo me enche
quando sinto meus mamilos endurecerem sob seu toque.
Em câmera aparentemente lenta, ele se inclina e sussurra em
meu ouvido. “Você gosta do meu toque.” Sua respiração no meu
pescoço envia arrepios espalhando-se pela minha coluna
novamente.
Balanço minha cabeça nervosamente. “Não, eu...não gosto.”
Gaguejo.
Ele rola meu mamilo entre seus dedos grandes e endurece
ainda mais.
Oh Deus.
“Sim, você gosta.” Ele grunhe antes de cravar seus dentes na
minha orelha.
“Não.” Sussurro enquanto meus joelhos parecem que irão
desabar embaixo de mim.
“Mentirosa.” Ele sussurra enquanto lambe minha orelha
novamente.
Querido Deus. Fecho meus olhos. “Por favor”, hesito enquanto
tento pensar, “Por favor, me deixe em paz.”
Ele agarra meu queixo de forma agressiva e puxa meu rosto
para que nossos olhos se encontrem.
Meu instinto de luta começa a disparar, mas tento
desesperadamente controlá-lo. Controle, lembro-me. “Por favor.”
Sussurro.
Seus olhos vão para os meus lábios e ele sorri
sarcasticamente. “Por enquanto.” Uma sensação incômoda toma
conta de mim. Estou perturbada pela forma como meu corpo reage
a ele, a forma como meu coração dispara quando olha para
mim. Seu toque é elétrico.
Como se estivesse lendo minha mente, sorri de forma sensual,
pega minha mão e me puxa com ele para fora da porta.
Entramos no grande e bagunçado corredor e vejo os olhos de
todos se erguerem ao nos ver. Estou enjoada. Que diabos estou
fazendo aqui? Ele se eleva acima de mim e segura minha
mão. Olho ao redor da sala. À direita está uma grande cozinha
onde um chef está cozinhando. Na frente estão seis mesas e
cadeiras onde algumas pessoas estão comendo. À esquerda está
uma televisão de plasma super grande. Os salões estão em frente
e espalhados em nenhuma ordem particular. Na parte de trás fica
um bar com mesa de sinuca e tênis de mesa. A sala é enorme e
bonita...nada do que eu esperava. Na verdade, todo esse navio não
é o que eu esperava. Achei que os navios portas-contêiner deveriam
ser sujos e malcuidados. Fico nervosa enquanto espero sua
instrução e ele nos leva até a cozinha.
“Pra dois?” O chef pergunta.
Fico olhando para o chef. Ele está nisso? Vai me ajudar?
“Obrigado.” Mac responde.
Então me leva pela mão até o bar de trás e outro homem sorri
por trás dele. Recuo quando o vejo. Ele é um dos homens da outra
noite.
Mac sente meu medo e coloca o braço protetoramente em volta
dos meus ombros.
Deixo meus olhos para o chão enquanto tento me concentrar
na tarefa em mãos.
“O que você quer beber?” Mac pergunta.
“Coca Diet.” Respondo sem emoção.
Olho para a mesa de sinuca, onde vejo seis garotas em roupas
sexy jogando. Franzo a testa. Mais meninas...oh, graças a
Deus. Elas vão me ajudar. Só preciso falar com elas sozinha. Mac
aumenta seu aperto em volta dos meus ombros. Olho ao redor da
sala e vejo cerca de quinze homens. Alguns reconheço, outros
não. Nenhum deles está surpreso em me ver aqui. Todos sabem
que estou comprometida e não se importam.
Que porra de navio é esse?
Ele pega nossas bebidas e as leva para a área da mesa de
jantar e puxa uma cadeira para mim. Sento. Posso sentir os olhos
nas minhas costas. Ele se senta à minha frente e pega sua
Coca. “Você está bebendo Coca?” Pergunto. Todas as noites desta
semana ele voltou ao quarto com cheiro de cerveja ou uísque. Por
que esta noite é diferente?
“Estou de plantão esta noite.” Responde.
“Ah.” Franzo a testa. Esqueço que isso é realmente um
trabalho.
Meus olhos vagam para as meninas jogando sinuca e posso vê-
las olhando e conversando entre si. O que estão dizendo? Vão me
ajudar?
“Quem são as meninas?” Pergunto.
Ele toma um gole de sua bebida enquanto parece contemplar
a possibilidade de me dar a resposta. “As garotas da tripulação.”
Franzo a testa. “O que você quer dizer?”
Ele toma outro gole de sua bebida.
“Elas são as esposas de alguns dos homens?” Pergunto.
Ele sorri enquanto seus olhos prendem os meus. “Elas são as
putas de todos os homens.”
Horror brilha.
Inclino para frente. “Prostitutas?” Sussurro em mortificação.
Ele levanta uma sobrancelha. “Estamos muito tempo no mar.”
Sento-me com nojo. Não tenho palavras. Olho para elas
novamente. “Então todos vocês fodem quem quiserem?”
Ele sorri.
“As meninas dormem com todos vocês?” Franzo a testa.
“Elas se divertem e são bem tratadas.” Ele encolhe os ombros.
O medo me preenche. “Elas foram trazidas? É esse o plano
para mim?” Sussurro em pânico.
Ele franze a testa. “Não.” Ele balança a cabeça. “Elas vêm e
vão quando querem. Sempre temos seis, mas as meninas mudam
em portos diferentes.”
Sento na cadeira. Não consigo entender esse tipo de estilo de
vida.
“Todas têm sua própria merda da qual estão tentando
escapar. Este barco é o lugar seguro delas. A maioria faz algumas
viagens por ano. Elas giram.” O chef trás dois pratos de ensopado
de carne e vegetais com purê de batata e legumes, deixando-nos
comer em silêncio, embora minha mente esteja extenuada com a
vida que essas mulheres devem viver. Jantamos e depois comemos
a sobremesa, e devo admitir que a comida fica muito melhor
quando quente.
Um homem chega e se senta ao lado de Mac e eles começam a
conversar. Minha mente começa a zumbir e olho em volta para as
saídas. Como faço para chegar à torre de controle a partir
daqui? Meu batimento cardíaco aumenta quando imagino o
cenário de ser pega. À direita está um banheiro e a porta principal
é de onde viemos. Se eu voltar por ali, são cerca de cem metros no
final do corredor, depois subo as escadas e depois volto mais cem
metros até a outra extremidade. Pelos meus cálculos, estamos
mais perto da torre de controle daqui. Onde está a porta? Continuo
olhando em volta casualmente. Inferno sangrento é tão
confuso. Puxo minha cadeira.
“Onde você vai?” Ele diz.
“Eu...” Hesito. “Preciso ir ao banheiro.”
Seus olhos conhecedores seguram os meus. Merda.
“Vou mostrar onde fica.” Ele diz.
“Obrigada.” Respondo. Droga.
Ele pega minha mão e me leva até o banheiro e depois me
segue.
Franzo a testa. “Está bem. Posso ir ao banheiro sozinha.”
Ele dá uma rápida olhada ao redor antes de sair. Estava
verificando se ninguém estava aqui comigo. Vou ao banheiro e saio
para encontrá-lo sentado em uma banqueta no bar. Ele estende a
mão para me juntar a ele. Inferno sangrento, por que está me
olhando como um falcão? Caminho lentamente. Posiciona-me
entre suas pernas e envolve seus braços em volta da minha cintura
enquanto fala com outro homem que não vi antes.
Continuo procurando uma saída por cima do ombro. “ que
você quer beber?” Pergunta.
Olho para todo o álcool.
“Ela quer um uísque com Coca, por favor.” Mac diz antes de
minha resposta.
Franzo a testa. “Não, não quero. Não gosto de uísque.”
respondo.
“Mas eu quero e quero beijar você.”
Meu cérebro falha. Hã?
O homem com quem ele está falando sorri. “Te vejo mais tarde,
cara.” Ele se levanta e sai.
O barman sai para fazer minha bebida.
Ele desliza a mão por baixo da faixa da minha saia e esfrega
minha barriga, seus dedos roçam meus pelos púbicos antes de
beijar minha orelha por trás. “Você está gostosa.” Ele sussurra.
Merda, merda, merda.
Tenho que sair daqui. Viro, inclinando em seu ouvido e
sussurro. “O que você está fazendo?” Sussurro.
“Estou mostrando a eles que você é minha.” Ele sussurra de
volta em minha orelha enquanto a morde. “É aqui que você mostra
a eles que gosta.”
“Passando os dedos pelos meus pelos pubianos?” Sussurro
com raiva.
Ele sorri no meu pescoço. “Sim, exatamente. Você está
pegando o jeito. Precisa jogar junto.”
“Ninguém se importa.” Sussurro com raiva em seu ouvido.
Ele lambe meu pescoço em um movimento ascendente e
calafrios cobrem meu corpo. Por que ele tem que me afetar
assim? “Todo mundo nesta sala está assistindo. Se não for minha,
vão presumir que você é deles.” Ele sussurra.
Afasto-me e meus olhos assustados prendem os dele.
“Beije-me” Ele sussurra sombriamente.
“O-o quê?” Gaguejo de medo.
Ele puxa meu rosto em direção a ele e seus lábios suavemente
percorrem os meus.
Oh Deus.
Sua língua lentamente entra na minha boca e, incapaz de
evitar, meus olhos se fecham. Sua língua se aprofunda cada vez
mais e perco todo o senso de realidade. Seu braço aperta minha
cintura e ele me puxa para mais perto dele. Meus seios estão
pressionados contra seu peito e sua mão está me apertando contra
ele. Ah! Inferno, nunca fui beijada assim. Sinto sua grande ereção
contra minha coxa e minhas entranhas começam a derreter.
A realidade se instala e me afasto. O que diabos estou fazendo?
“Acabei de perder a porra do meu apetite. Vou voltar para o
quarto.”
“Ainda não estou pronto para voltar.” Ele retruca, irritado por
eu ter interrompido seu beijo.
“Não pedi para você vir.” Zombo.
“Se você não estiver comigo...”
Corto-o. “Não estou com você. Coloque na porra da sua
cabeça.” Afasto-me de suas garras e volto para o quarto sozinha
enquanto todos na sala assistem. Vou me arriscar com os
outros. Não vou ficar lá parada e beijar aquele idiota de merda.
Volto para o quarto com ele irritado em meus calcanhares.
Estou com raiva, furiosa comigo, na verdade.
Ele abre a porta e me empurra enquanto permanece no
corredor e sem uma palavra tranca a porta atrás de mim.
Capítulo 4
11
É uma ópera cômica em dois atos, com música de Arthur Sullivan e texto de W. S. Gilbert. A estréia oficial da
ópera foi no Fifth Avenue Theatre, em Nova York, em 31 de dezembro de 1879.
“Chelsea vai vir buscar você e cuidar de você no almoço de
hoje.” Ele me diz casualmente enquanto liga a chaleira. “Estou
trabalhando e não terei tempo. Ela disse que estará aqui por volta
das doze.”
Franzo a testa em questão.
“Parei e falei com ela no meu caminho para cá ontem à
noite.” Ele faz as duas xícaras de café.
Fico olhando para ele. Ele foi para o quarto dela. Fez sexo com
ela ontem à noite, é por isso que não me tocou.
Fico sem saber o que pensar. Isso deveria ser um alívio, mas
de alguma forma parece...nem sei. Entro no banheiro e fecho a
porta atrás. Entro no banho quente e deixo a água escorrer sobre
minha cabeça por dez minutos enquanto penso. Meu coração está
martelando e não sei por quê. Tento pensar racionalmente, mas
simplesmente não consigo. Ela me salvou de ter que fazer
isso? Isto é uma coisa boa. Se transa com elas, não vai transar
comigo. Isso é tudo que importa. Com que regularidade ele transa
com elas...ela? A porta se abre e ele entra, mexendo antes de pegar
seu desodorante. Seus olhos vão pelo meu corpo, olho para ele e
levanto uma sobrancelha.
“Vá embora.”
Seus olhos descem pelo meu corpo.
“Saia.” Digo.
Com um sorriso malicioso, ele volta para o quarto.
Termino meu banho e volto para o quarto, assim que o vejo
levando uma cadeira de volta para a mesa. Hã? Ele tinha a cadeira
na frente do guarda-roupa. O que estava procurando no guarda-
roupa? Finjo que não percebo e vou buscar algo para vestir em
suas gavetas, mas ele pega uma sacola e joga em mim. “Trouxe
algumas roupas para você.”
Realmente quero dizer, por que, então pode imaginar que eu sou
a porra de uma prostituta? Seguro minha língua. Não dou a mínima
para ele. Quero ir para casa. Pego a sacola, irritada com meus
sentimentos estúpidos, volto ao banheiro e tiro às roupas que me
deu. Examino a sacola e tiro a roupa minúscula. Dane-se isso. Ele
está brincando. Enfio a cabeça no batente da porta. “Odeio essas
roupas. Elas gritam que vou foder qualquer coisa.”
Um traço de sorriso cruza seu rosto. “Você vai?”
Franzo a testa. “Vou o quê?”
“Foder qualquer coisa.”
Estreito meus olhos. “Não, não vou.” Volto a me vestir no
banheiro.
Coloco um vestido curto floral cor de pêssego.
Finalmente volto para o quarto e o encontro vestido para o
trabalho. “Tenho que ir.”
Aceno uma vez.
“Vejo você à noite.”
“Tanto faz.” Respondo, monótona. “Não acho que vou jantar
esta noite.”
“Como quiser.” Com isso sai do quarto, mas hoje não tranca
a porta.
Franzo a testa. O quê. Levanto e abro a porta e ela está
destrancada.
Ele se vira para me encarar.
“Onde você vai?” Pergunta.
Encolho os ombros. “Você não trancou a porta?”
“Não.” Ele se volta para mim. “Comprovei minha
reivindicação. Você deve estar bem agora.”
“Ah.” Franzo a testa em confusão. “Comprovou sua
reivindicação?” Pergunto.
“Vou matar qualquer um que tocar em você e eles sabem
disso.”
“Mas se já me tocaram, qual é o ponto?”
“Eles não vão.”
Franzo a testa. “Você tem certeza?”
Ele acena com a cabeça uma vez com um encolher de ombros.
Viro e volto para o quarto e fecho a porta. Caio na cama e penso
nisso por um momento. Isso significa que ele deu a palavra de que
estou fora dos limites? Estarei segura para andar por aí agora? Ele
parece pensar que estou, mas talvez simplesmente não se importe
se me pegarem. Humm interessante. Meus olhos se erguem para o
guarda-roupa. O que ele estava fazendo lá? Abro as portas duplas
e olho para cima. É alto...o que quer que estava olhando está no
alto. Tranco a porta da frente e puxo a cadeira para o armário e
subo nela para espiar. Suéteres e roupas dobradas estão em fileiras
organizadas. Uau, muito legal para um cara. Tiro os suéteres e as
roupas com cuidado. Não, nada aqui. Ele devia estar procurando
um suéter. Desço e franzo a testa. Ele não usa roupas quentes e
suas roupas de trabalho não são guardadas neste armário. Volto
para a cadeira e tateio ao redor novamente. O que ele estava
fazendo bem aqui? Bato na parede traseira e faz um som
estranho. Franzo a testa. Hã? Bato e ecoa. Meus olhos se
arregalam.
Merda, esta é uma parede falsa. Com um propósito renovado,
começo a tatear em desespero. Talvez ele tenha uma arma aqui e
eu possa usá-la para fazê-los pedirem ajuda. Tateio as laterais e
também faz um barulho estranho. Estou suando enquanto me
estico para estender a mão. Empurro e tateio e de alguma forma
ela se levanta. Ah Merda. Deslizo um pouco para o lado, levanto a
mão e sinto o revestimento de madeira.
Olho para a porta. Se ele voltar agora, com certeza vai me
matar. Sinto uma prateleira e não consigo ver o que diabos estou
fazendo, mas tateio ao redor e encontro algo.
Merda.
Pego uma pequena bolsa preta com zíper e rapidamente a
escondo embaixo do travesseiro. Então subo de volta e tateio
novamente e encontro um iPhone.
Bingo.
Pulo para baixo e escondo debaixo do meu travesseiro e, em
seguida, coloco tudo de volta em seu lugar e coloco a cadeira de
volta no lugar normal. Fecho o guarda-roupa, levo minhas coisas
para o banheiro e fecho a porta. Deslizo o telefone e ele acende.
Sorrio amplamente.
Sim.
Vou ligar e a mensagem não sai do serviço. Porra. Tento de
novo e ainda nada. Puta merda. Mudo para a bolsa com zíper e a
abro.
Passaportes. Dois passaportes.
Humm. Abro o primeiro. Joel McIntyre. Seu rosto forte me
encara da foto. É o passaporte dele. Abro o segundo e o mesmo
rosto me encara, mas com o nome Stace Williams.
Franzo a testa. Isso é estranho. Por que ele tem dois
passaportes com nomes diferentes?
Porra, quem é esse cara? Vejo as datas em que foram feitos. O
passaporte Stace tem sete anos, mas o Mac tem apenas doze
meses.
Mac é um nome falso.
Penso nisso por um momento. Mac é um pseudônimo. Você
teria o passaporte verdadeiro primeiro. Vejo a data de nascimento,
12 de setembro de 1989.
Isso faz com que tenha 27 anos, o que parece certo. Teria
adivinhado que era sua idade.
Pego o celular e olho. Nada irregular. Vou às imagens dele e
vejo a foto de uma garota atraente e de um menino.
Meu coração aperta. Ah Deus. Ele tem alguém em casa e um
filho. Sinto-me mal por essa pobre garota. Minha mente vai para o
quarto de Chelsea e o que ela fez com ele na noite passada.
Eu a odeio…eu o odeio ainda mais.
Chocada por esta foto me irritar, continuo passando as
imagens. Imagens de um pedaço de papel. Por que ele está tirando
fotos de um pedaço de papel?
Clico nela para ampliar e franzo a testa. É um relato de algum
tipo.
1267 - CC - Retirada 10 - Café
1208 - H - Recolha após entrega - Chá
1190 - I - Retirada 14 - Estátua
1211 - H - Pick up 11 - NA
1130 - CC - não divulgado - Livro
1140 - DMD - Recolha após entrega - Estátua
1289 - WP - PAD - Pisos
Franzo a testa enquanto leio a lista...o que isso significa e por
que tirou uma foto disso?
Não tenho absolutamente nenhuma ideia do que estou
procurando ou para o que estou procurando aqui.
Continuo passando e vejo outra foto da garota e do menino,
mas desta vez estão com outro homem. Sorrio antes de me
segurar. Esta é a família deste homem, mas quem é ele?
Humm. Deslizo para os e-mails...nada incomum. Olho seus e-
mails e imagens por mais de uma hora e com um pouco mais de
informações sobre Mac, ou Stace, e mais um milhão de tentativas
de obter sinal, coloco as coisas de volta onde as encontrei. Vou
verificá-las novamente amanhã, se ainda estiverem aqui.
Às doze horas em ponto, uma batida soa na porta. Não quero
almoçar com essa vadia estúpida, mas se conseguir sua confiança,
ela pode me ajudar a sair do navio. Uma vozinha fraca e irritante
sussurra de dentro para que ela possa ter Mac novamente esta
noite.
Incomoda-me que ele dormir com ela me irrite.
Isso não deveria me incomodar. Eu deveria estar
exultante. Solto um suspiro abatido e abro a porta.
Três garotas estão diante de mim. “Olá.” Murmuro.
“Oi.” Chelsea finge um sorriso. Ela é loira e peituda e as outras
duas murmuram algum tipo de saudação falsa. Uma delas tem
longos cabelos ruivos e pele clara. Ela é linda e doce. A outra tem
cabelos pretos azeviche e um rosto muito duro. Teve uma vida
difícil, posso dizer.
Estendo minha mão e elas passam por mim e entram no
quarto.
“Não preciso de babá. Estou bem.” Suspiro.
Chelsea revira os olhos. “Mac me disse que eu tinha que
cuidar de você.” Fico olhando para ela...ela me irrita.
“Bem, Mac não está aqui.”
“Humm, pena.” Ela sorri para as outras garotas enquanto olha
ao redor do quarto.
Encaro-a enquanto sinto minhas costas formigarem. “Estou
feliz que ele não esteja.”
“Estou sendo mantida aqui contra a minha vontade, você
sabe.”
Chelsea sorri seu primeiro sorriso genuíno. “Ah,
coitadinha. Ser mantida como escrava sexual de Mac é uma grande
dificuldade.” Ela arregala os olhos para acentuar seu ponto. As
outras duas riem.
Ela dormiu com ele ontem à noite ou não? Preciso saber,
porra. Por que me incomoda se ela fez?
“Vamos cortar o papo furado.” Digo. “Você pode me ajudar a
sair do barco ou não?”
Chelsea se senta à mesa e se balança na cadeira. “O que Mac
disse?” Ela pergunta.
“Ele disse que vai me deixar ir no próximo porto.” Respondo.
Ela encolhe os ombros. “Então ele vai deixar você ir.”
“Como você sabe?” Pergunto.
“Ele faz o que diz.” Ela se levanta. “Vamos almoçar.”
Fico no lugar, não quero ir a lugar nenhum com estas meninas.
“Você vem?” A ruiva sorri enquanto as outras saem pela porta
e percorrem o corredor à nossa frente.
“Qual o seu nome?” Pergunto.
“Ângela.” Ela sorri timidamente. “E o seu?”
“Roshelle.” Respondo.
Ela enlaça seu braço com o meu enquanto caminhamos pelo
corredor.
“Olha, sei que isso não é o ideal, mas apenas espere seu tempo
e depois vá embora. Se tentar correr, vai se arrepender.”
Meus olhos assustados seguram os dela e de alguma forma
sinto que essa garota não é tão ruim.
“Por alguma razão Mac está protegendo você. Pegue. Gostaria
que ele me protegesse.” Acrescenta.
“Como você chegou aqui fazendo isso?” Sussurro para que as
outras duas meninas não possam nos ouvir.
Ela encolhe os ombros. “Uma série de más decisões.”
Observo-a enquanto caminhamos.
Ela encolhe os ombros. “Moro no navio a maior parte do
ano. Estou segura aqui, os meninos cuidam de mim.”
Engulo o gosto de nojo na minha boca. “Você dorme com todos
eles?” Pergunto sem pensar.
“Durmo com dois deles.” Seus olhos vão para o
chão. “Importo-me com os dois. Não é convencional, mas nós três
estamos felizes.”
Meus olhos fixam os dela. Não consigo nem entender esse tipo
de estilo de vida. “Então vocês três fazem sexo em grupo?”
Ela encolhe os ombros. “Sim, e um a um.”
Olho para ela enquanto meu cérebro falha. “Desculpe.”
Balanço minha cabeça. “Não estou acostumada com isso.”
“Eu sei.” Ela sorri e segura minha mão. “É por isso que ele...”
Ela interrompe a frase no meio.
Franzo a testa enquanto entramos na sala comum. “O que você
quer dizer?” Pergunto a ela suavemente. “É por isso que ele o
quê?” Sussurro.
“Mac é...” Ela faz uma pausa por um momento. “Diferente.”
Por algum motivo, gosto dessa gangbanger. Ela tem uma
qualidade honesta.
Olho ao redor. “Qual é a história dele?” Pergunto.
“Quem, Mac?”
Concordo.
Ela encolhe os ombros. “Não sei. Ele mantém para si, mas
quando ele chegou...”
“Quando foi isso?” Interrompo.
Ela estreita os olhos enquanto pensa. “Não sei. Talvez oito
meses atrás.” Ela faz uma pausa como se estivesse pensando em
me dizer a próxima informação. “Dizia-se que ele era um fuzileiro
naval AWOL2.”
Meus olhos se arregalam.
“Mas não sei se isso é verdade porque veio de Chelsea.” Ela se
inclina para sussurrar para que ninguém ouça.
Sorrio. Gosto que ela não confie em Chelsea
também. “Continue.” Sussurro.
“Aparentemente, um dos homens disse a ela que sabe demais
para ter o emprego que alegou ter antes de chegar aqui. Algo não
bate.”
2
Absent Without Official Leave: Ausente sem licença oficial.
Meus olhos piscam para Chelsea enquanto ela caminha na
frente. “Ela faz…?” Não quero perguntar quantas vezes ela dorme
com ele, mas ela parece entender o que estou pensando de
qualquer maneira.
“Não com frequência.” Ela responde enquanto se senta à
mesa. “ Muito raramente e já estamos no mar por muito tempo.”
Fico de pé, incapaz de me sentar. “Você já…?” Pergunto
enquanto meus olhos piscam para as outras garotas que agora
estão no bar.
Ela balança a cabeça. “Não. Meus homens não me
emprestam.”
Oh Deus. Emprestam-me. Estou enjoada. Isso é uma merda.
“Elas dormiram?” Pergunto enquanto aponto para as outras
garotas com meu queixo. Ela acena sutilmente. “Não por
enquanto, eu acho.”
Caio no assento ao lado dela. Não acredito que estou tendo
essa conversa com ela. Deus, aposto que ele fodeu uma delas noite
passada. “Quanto mais cedo eu sair deste navio, melhor.” Suspiro
enquanto meus olhos olham para fora das grandes janelas.
“Vai demorar algumas semanas antes de chegarmos à terra
firme.”
“Eu sei.” Suspiro, pensando profundamente.
“Quer uma bebida?” Ela pergunta enquanto se levanta.
Concordo. “Sim, por favor. Coca Diet.” Vejo-a desaparecer no
bar.
As garotas voltam e almoçamos em relativo silêncio, minha
mente acelerada. Não sei o que me abalou mais, o comentário de
que ele vai me deixar ir e apenas esperar minha hora, o fato de que
ele pode ser um fuzileiro naval AWOL, ou pode ser o comentário de
que fode todas elas. Ela está certa, ele é diferente dos outros
homens, mas não consigo entender por quê. Sei de uma coisa com
certeza: não gosto de Chelsea. Ela é uma cadela totalmente
rude. As outras quatro parecem legais, mas ela é apenas...nem sei
por onde começar com o que não gosto nela. Ela tem todo um
comportamento agressivo passivo com as outras garotas e fala
sobre elas constantemente. Ando até as grandes janelas que dão
para o navio e vejo Mac e três homens parados no convés,
conversando sobre algo, apontando para os contêineres. Eu os
observo por um tempo. Um homem está segurando bandeiras e os
outros dois têm dispositivos de rádio através dos quais estão
conversando.
Mac está olhando para o ar com a mão protegendo o rosto do
sol. O que está procurando? Olho para o ar e vejo um helicóptero
pairando sobre o barco.
Que diabos?
Socorro.
A ajuda está aqui! Meus olhos se movem freneticamente. A
ajuda está aqui e corro em direção à porta.
“Roshelle.” Ângela grita.
Corro pelo corredor em direção às escadas e ela vem atrás de
mim.
“Pare!” Ela chama. “ Roshelle, pare.”
Subo as escadas de dois em dois e chego ao topo bem a tempo
de ver as portas do helicóptero se abrir e dois homens enormes
com metralhadoras saírem.
Paro no meio do caminho.
Ângela agarra meu braço por trás. “Você está tentando se
matar, porra.” Ela sussurra com raiva.
“Eles vão me ajudar.” Respiro freneticamente enquanto meus
olhos se movem entre ela e o helicóptero.
Ela balança a cabeça. “As pessoas que vêm para este barco não
irão ajudar você.”
Vejo enquanto Mac cumprimenta um homem em um terno que
saiu do helicóptero e os dois guarda-costas armados assistem. Ele
aponta para os contêineres e todos se aproximam e desaparecem
de vista.
Meus olhos vão para Ângela. “Não entendo.”
“Você não precisa. Mantenha a cabeça baixa e fique perto do
Mac. Essas pessoas vão te matar. Na verdade, não, você desejará
ter morrido em vez de viver depois que eles terminarem com
você. Esses são criminosos muito poderosos.”
Franzo a testa, ainda sem saber se devo correr para lá. As
armas estão me desestimulando.
Ângela agarra minha mão e tenta me conduzir escada
abaixo. “Helicópteros vêm buscar coisas todos os dias.” Franzo a
testa. “Por quê?”
Ela balança a cabeça. “Você não pode ser tão estúpida.” Olho
para ela sem expressão porque obviamente estou. “Este não é um
navio de carga normal.”
Continuo olhando para ela.
“Este é um navio de drogas.”
Capítulo 5
Ela tem que ser uma policial, quem mais poderia ser?
Minha mente volta para quando a encontramos quando
saiu pela porta dos fundos. Não foi uma coincidência que
testemunhou aquele golpe, mas então ela estava
chorando? Por que estava chorando? Penso por um
momento. Temos uma toupeira no navio que os avisou?
Porra, estou tão confuso.
Oh meu Deus.
Fecho meus olhos e agarro a arma com força suficiente para
quebrar meus dedos.
“Sou eu.” Responde a voz de um homem.
“Você ouviu a porra que ele disse?” Um rosna.
“Sim ouvi.”
“Como?” O outro homem pergunta.
Franzo a testa. Quem é, e do que estão falando? Por que estão
se reunindo próximo a esse contêiner específico? Oh, Deus, estou
ferrada. Eles irão invadir aqui para pegar as armas.
Fico imóvel enquanto tento conter meu coração frenético.
“Deve parecer um acidente.”
Quem está ali? De quem estão falando?
“Quando?”
“Não tenho certeza. Essa semana. Ele tem que ir embora antes
que Vikinos chegue, para que possamos culpá-lo.”
“Aquela porra de garota que supostamente pegamos por
acidente é uma policial.”
“O que?” O outro homem se mexe.
Meus olhos se arregalam. Puta merda...por que eles pensariam
que sou uma policial?
“Sim, ela me atacou outro dia, me avisando para não chegar
perto dele.”
Ah Merda. Estão falando sobre Stace.
Prendo minha respiração. Por favor, não me encontre.
“Ele a trouxe aqui como uma amiguinha de foda. Não foi por
acaso que ela saiu por aquela porta naquele momento.”
Franzo a testa.
“Farei uma chamada de avaria do motor esta semana em
algum momento no meio da noite, e quando ele sair nós
cuidaremos disso.”
“Deve parecer um acidente.”
“Sim, vai. Ele estará indo para uma bebida.”
“OK.”
“Stucco?” A voz de Stace chega pelo rádio que um deles está
usando.
“Sim?” Stucco responde sobre o som da estática.
“Por que você não está aqui na reunião?” Stace fala com raiva.
“Estou indo agora.”
“Porra, se apresse.” Ele rosna antes de desligar.
“Porra. Mal posso esperar para matar esse pau. Ele está
pedindo isso, porra.” Stucco diz.
“Sim, bem, certifique-se de que aconteça.”
“Estou nisso.” Stucco responde. “Ele está morto.”
Meu coração bate freneticamente e sei que preciso dessa arma
agora mais do que nunca. Eles vão matá-lo. Sabia que não estava
imaginando isso.
“É melhor voltarmos.”
“Ok, vejo você lá.” A voz do homem responde. Quem é o outro
homem? Stucco está trabalhando com alguém. O que eles estão
fazendo e o que planejam culpar Stace?
Espero dez minutos em silêncio. Eles se foram?
Estou começando a suar, está muito quente aqui. Minha
mente vai para os refugiados que foram forçados a viajar por essas
terras durante meses. Não consigo imaginar tanto horror.
Lentamente empurro a porta alguns centímetros e olho para fora.
O vento está forte, mas a costa parece limpa. Corro para fora,
coloco minhas duas armas no chão e rapidamente tranco o
contêiner. Curvo-me e pego as armas, olho em volta nervosamente.
Por favor, não me deixe ser pega. Enrolo as armas em uma toalha
que trouxe e rapidamente volto para o nosso quarto. Empurro a
porta. Não consigo trancar porque não tenho minha maldita chave,
e isso é arriscado por si só. Aquele Stucco estúpido pode estar se
esgueirando por aqui. Jogo as armas debaixo da cama e coloco
outra toalha sobre elas. Não tenho tempo para escondê-las agora.
Preciso chegar ao outro contêiner enquanto todos estão ocupados.
Pergunto-me por quanto tempo essa reunião vai durar?
As armas são a principal coisa que precisava pegar...agora
colocar a cereja no topo.
Volto para o convés e olho ao redor, vendo que ainda está
deserto. Pego a outra chave e caminho ao longo da última fileira de
containers. Este é mais fácil de passar despercebido, estando bem
na última fila. Abro a fechadura e faço o mesmo procedimento e
fecho a porta atrás de mim.
Solto um suspiro enquanto ligo minha lanterna. Porra, está
quente.
Estou suando como um porco.
Ok, o que estou procurando? Estátuas.
Dizia estátua.
Existem caixas neste contêiner, provavelmente cerca de vinte
no total. Abro a de cima e descubro que a caixa foi dividida em doze
quadrados com papelão. Em cada pequeno quadrado há uma
pequena estátua de gato de cerâmica com cerca de quinze
centímetros de altura. Examino a caixa e tiro um por um e sacudo.
Nada. Todos parecem vazios.
Se eu fosse esconder algo em uma estátua, onde colocaria?
Eu penso por um momento. A caixa inferior. Rapidamente
começo a mover as caixas para o lado, uma a uma, até chegar à
caixa mais inferior. Rasgo e tiro as estátuas de gato uma por uma
e as sacudo.
Nada.
Porra.
Abro a próxima caixa e a próxima. Talvez não haja nada aqui?
Coço minha cabeça em frustração enquanto o suor pinga da minha
testa.
Oh merda, talvez eu tenha interpretado mal a foto. Entrei no
containers certo? Abro outra caixa e a primeira estátua que pego e
sacudo faz barulho quando algo atinge as bordas internas.
Meus olhos se arregalam e sacudo novamente. Clink, clink,
clink.
Sim, é isso. Rapidamente verifico os outros na caixa. Nada.
Deve ser isso.
Rapidamente coloco as caixas de volta como estavam e vou
para a porta novamente. Lentamente abro a porta e olho para fora.
A costa está clara. Envolvo minha pequena estatueta na minha
toalha e saio, rapidamente fecho o container.
Meu coração está batendo tão rápido que não posso acreditar
que estou realmente fazendo isso.
Quem sou eu?
Caminho de volta para o quarto entro e fecho a porta atrás de
mim e me inclino contra ela em alívio enquanto ofego.
Eu cheiro mal. Estou molhada de suor. Pego minha estátua de
gato, entro no banheiro e fecho a porta, trancando-a atrás de mim.
Ligo o chuveiro e olho ao redor. Preciso quebrar a estátua. Farei
isso mais tarde.
Quando?
Quando terei a chance, sabendo que Stace está ocupado?
Apenas faça isso agora. Abro a porta do banheiro e olho para
fora para ter certeza de que ele não voltou para o quarto, fecho
novamente, levanto a estátua acima da minha cabeça e jogo no
chão. Ele quica.
Merda.
Levanto novamente, jogo e quica novamente. Foda-se.
Levanto de novo, jogo com força e ela se espatifa no chão.
Fico olhando para a cerâmica quebrada por um momento em
choque.
Meus olhos se arregalam. Puta merda...eu estava certa.
Diamantes.
Diamantes maiores que a minha miniatura. Rosa dourado
claro e enevoado. Alguns são brancos brilhantes. Meu Deus, isso
deve valer uma bomba. Mal consigo respirar.
Entro no quarto e pego uma meia da gaveta de roupas íntimas
de Stace, volto para o banheiro e tranco a porta. Sento-me no chão
e vasculho a cerâmica quebrada e pego os diamantes, colocando-
os na meia, um de cada vez.
Quarenta e dois diamantes no total. Quem são esses?
Cuidadosamente amarro a meia na ponta e pego a cerâmica
quebrada e coloco em um saco plástico. Vou ter que jogar isso ao
mar assim que tiver uma chance.
Entro no chuveiro e deixo a água fria correr sobre mim
enquanto penetra.
Puta merda. Eu fiz isso.
Mac.
Entro na cabine para encontrar Rosh deitada de frente
para a parede, de costas para mim, a lâmpada da mesa acesa
e a sala mal iluminada.
“Oi”, espero pela resposta dela, mas não vem. Ela fica em
silêncio.
Posso dizer que está acordada. Sem saber o que dizer,
tomo um banho sem dizer mais nada.
Depois de colocar minha boxer, deito ao lado dela. Ela se
levanta com violência, pega um cobertor e um travesseiro e se
deita no chão.
“Você está louca?” Pergunto.
“Volte para Chelsea, seu balde de merda.” Ela rosna.
Sorrio na escuridão. Lá está ela, a bruxinha fogosa de
que tanto gosto.
“Você dorme na cama e eu dormirei no chão.” Respondo.
“Foda-se você. Não me faça nenhum favor.”
Deito no chão na parte inferior da cama. “Estou fora da
cama, pode vir.” É muito duro este chão, me arrasto para
tentar ficar confortável.
“Prefiro morrer a dormir em sua cama.” Ela retruca.
Sorrio e ela me chuta forte com o pé.
“Ai.”
Nós dois deitamos no chão frio e duro olhando para o teto.
“Pensei que você fosse uma policial.” Murmuro na
escuridão.
Ela fica em silêncio.
“Vi você chutar a bunda do Stucco...o que amei a
propósito.” Adiciono.
Ainda assim, ela não diz nada.
“Fiz uma busca em você. Estava esperando pelos
resultados esta noite.”
Ela se senta em indignação. “Você não pensou em me
perguntar, porra?”
“Vou repetir, pensei que você fosse uma policial. Não
pensei que pudesse confiar em você.”
Ela desaba no chão de uma forma dramática. “Você não
pode.”
“Bom. Você também não pode confiar em mim.” Respondo.
“Nunca fiz. Estou cansada, então volte para Chelsea. Sua
tagarelice é irritante.” Ela suspira.
Sorrio amplamente na escuridão e o silêncio cai sobre nós
mais uma vez.
“Eles acham que você cometeu suicídio.”
Ela hesita por um momento. “Eu sabia que sim.” Ela
sussurra quase para si.
“Você quer que eu o mate?”
Novamente, uma longa pausa.
“Eu farei. Posso derrubá-la também, se você quiser.”
Acrescento com um sorriso.
“Não me tente.” Ela suspira.
“Então, você é enfermeira?” Pergunto enquanto olho para
ela na escuridão.
“Sim.”
“É um trabalho legal.” Encolho os ombros para mim
mesma. “Deve ser gratificante salvar vidas.”
“Salvo as vidas que traficantes de drogas como você
levam.”
Um rápido chute no estômago me atinge.
“Não negócio drogas.”
“Você as envia. Mesma coisa.”
Penso por um momento. “Quem era você antes de
completar dezoito anos?”
“Não sei do que você está falando.” Dispara
imediatamente.
“Sim, você sabe. Descobriu-se que você mudou de
identidade aos dezoito anos. O que está escondendo?”
Ela fica em silêncio.
“Estou prestes a ajudá-la a desaparecer do planeta.
Mereço saber a verdade.”
“Você merece Chelsea, isso é tudo que você merece. Volte
para a verdade dela.”
“ Eu quero a sua.”
“Eu não quero a sua, então me deixe em paz.”
Por dez minutos ficamos deitados na escuridão, perdidos
em nossos próprios pensamentos.
Os meus são arrependimentos, os dela são...não sei o quê.
Eventualmente, após um longo silêncio, ela fala. “Meu pai
era ruim.”
Franzo a testa.
“Ele sempre foi um criminoso mesquinho, mas minha mãe
achou que poderia mudá-lo. Ela engravidou de mim por
acidente...” Sua voz some como se estivesse muito longe.
Fico pacientemente esperando ela terminar. “Então ela se
casou com ele?” Pergunto.
“Sim.”
Franzo a testa. Posso dizer que é difícil para ela revisitar.
“Quando eu era bebê, ele começou a se envolver com o
crime organizado, minha mãe ameaçou deixá-lo.” Ela faz
uma pausa. “Ele bateu tanto nela que ela passou uma semana
no hospital.”
Quanto mais me conta, mais frio o quarto fica.
“Quando eu tinha dois anos, ele foi preso e mamãe viu
isso como uma forma de escapar. Corremos para uma cidade
do interior e mudamos nosso nome.”
O silêncio cai novamente.
“Quando eu tinha cinco anos, ele nos encontrou.”
Franzo a testa e ela para de falar. Depois de uma longa
pausa, pergunto: “O que aconteceu?”
“Ele atirou em minha mãe e me sequestrou.”
“Ela morreu?” Sussurro.
Ela balança a cabeça. “Não. A polícia foi informada de
onde ele me escondia e o pegaram. Ele voltou para a prisão.”
“Sua mãe estava bem?”
“Ela sobreviveu, mas nunca melhorou depois disso.
Vivíamos à beira do medo, mudando de cidade e nome a cada
poucos anos. Nunca tivemos amigos de longa data e
estávamos sempre falidas. Nem mesmo nossa família sabia
onde estávamos.”
Não consigo me imaginar crescendo assim. Apesar de
todas as minhas falhas, minha infância foi um sonho.
“Então, três dias antes do meu aniversário de dezoito
anos, ele nos encontrou novamente.”
Sento e olho para ela na escuridão. Seus olhos estão
vidrados e sua voz está fraca. Esta é uma memória dolorosa
para ela. Tem um ar distraído como se muitas lágrimas
tivessem sido derramadas.
“Ele me amarrou, então eu tive que assistir.” Ela faz uma
pausa e sei que está de volta lá como se estivesse acontecendo
novamente. “Ele cortou a garganta dela e a deixou sangrar.”
Porra.
“Eu assisti enquanto a vida dela era drenada.”
Desta vez sou eu que não tenho palavras.
“Ela era tão bonita.” Ela sussurra. “A única pessoa em
quem eu sempre podia confiar.”
Não sei o que dizer, então fico em silêncio e depois de
cerca de dez minutos respondo: “O que ele fez com você?”
“Nada, só me levou para se vingar dela por deixá-lo. Fui
levada para um hotel por dois de seus homens.”
Franzo a testa. “Ele tem homens?”
“Ele tem agora. No começo era só ele, mas agora ele tem
ajuda. Eles me levaram para um hotel e ele iria me buscar em
alguns dias, mas felizmente para mim, alguém foi
assassinado no quarto ao lado, então a polícia veio e fez
buscas aleatórias em todos os quartos. Eles me encontraram
e me colocaram no programa de proteção a testemunhas.”
Franzo a testa enquanto olho para ela. Deus, não era isso
que eu esperava. “E você se tornou Roshelle Myers?”
“Sim.”
“Você sempre esteve sozinha?”
“Sim” Ela responde, monótona. “Eu costumava ter esse
pequeno cenário perfeito na minha cabeça. Costumava me
ajudar nos dias difíceis.”
“Como o quê?”
Ela sorri. “Eu saí para jantar com minha mãe e meu pai
em um restaurante caro, meu pai era um médico muito
respeitado. Ele amava minha mãe e morávamos em uma casa
chique. Não tínhamos preocupações e a vida era perfeita.”
Sorrio ao imaginar o cenário que ela está definindo.
“Um cara lindo viria até nós no jantar e perguntaria ao
meu pai se poderia dançar comigo e meu pai diria não porque
era muito protetor.”
Meu coração afunda.
Seu sorriso triste desaparece. “Ele me amava demais
para me deixar dançar com alguém.”
“É assim que você gostaria que fosse?”
“É apenas uma fantasia estúpida. Minha tábua de
salvação.” Ela suspira.
“É por isso que sabe como lutar, para se proteger caso ele
viesse?”
“Sim.” Ela enxuga os olhos com raiva. “Vou matá-lo um
dia. Eu tenho que fazer.”
“Sim. Você fará.” Murmuro na escuridão. “A vingança é
um motivador poderoso.” Sussurro.
“Ele vai sofrer.”
“Eu vou ter certeza disso.” Respiro.
Capítulo 11
Pego o convite da festa com força em minha mão. Levei oito anos
para receber um convite para uma festa...o meu primeiro.
Estou tão animada e corro para casa com meus amigos para
contar à mamãe. Viro a esquina da rua e meu rosto estremece
quando vejo minha mãe arrastando uma mala grande escada
abaixo.
Oh não, de novo não.
“Mamãe?” Pergunto enquanto caminho em sua direção.
Ela finge um sorriso corajoso. “Temos que ir, querida.”
Balanço a cabeça. “Mas...” Não quero ir. Finalmente tenho
amigos. Tenho uma festa. Olho para meus três amigos que moram
na minha rua. Eles não têm ideia do que ela está falando. Gostaria
de não ter feito isso.
“Diga adeus aos seus amigos, baby.” Ela gesticula para eles
enquanto agarra minha mão e afasta meus cabelos do rosto.
Lágrimas enchem meus olhos. “Tenho uma festa no sábado. Ellen
me convidou para sua festa. Podemos ficar até sábado?” Sussurro.
O rosto de mamãe entristece e seus olhos piscam para meus
amigos enquanto todos esperam. “Da próxima vez.” Ela murmura.
Não haverá próxima vez.
“Diga adeus, Rosh.” Ela pede enquanto aperta minha mão na
dela.
Estou arruinada.
Completamente arruinada.
E é tudo culpa de Stace.
Estou fingindo usar o banheiro e ele está arrumado, pronto
para ir. Só preciso de um minuto para me recompor.
Tomamos café da manhã e rimos mais um pouco, embora foi
forçado porque ambos sabemos o que está por vir.
O pior é que sei que ele também sente. Não estou imaginando
isso.
Está aqui e é palpável. Parece real.
Mas não sou a garota carente que ele deixou em Bogotá. Vou
arrasar com esse adeus, nem que seja a última coisa que eu faça.
Fico olhando para meu reflexo no espelho.
“Você pode fazer isso.” Sussurro.
Fecho os olhos e respiro profundamente. Dez minutos. Basta
ser forte por dez minutos.
Solto o ar e volto para o quarto. Seu terno está em sua mala
na cama.
“Tudo pronto?” Sorrio.
Ele concorda com a cabeça e me dá um sorriso torto. “Não sei
se quero que fique aqui sozinha. Você não pode voltar para os
EUA?”
Balanço a cabeça. “Não, escolhi meu caminho.”
Seus olhos seguram os meus. “E é sozinha?” Ele questiona.
Concordo uma vez. “Muito sozinha.”
Como estivesse se sentindo desanimado com a minha
resposta, ele pega seu terno e o joga por cima do ombro e
caminhamos até a porta antes de continuar para o corredor.
Nos beijamos suavemente e nossos rostos se contorcem de dor.
Ele se afasta e seus olhos procuram os meus. “E se você for a
minha garota?” Ele sussurra.
Meus olhos lacrimejam porque tenho certeza de que ele é o
meu.
“Não sou.” Sussurro.
Olhamos um para o outro enquanto emoções misturadas
giram em torno de nós.
“Sou uma garota que você sequestrou.” Hesito. “Sou uma
garota que merece mais de sua pessoa.”
Ele abaixa a cabeça com vergonha e fico arrependida de ter
dito isso...mas tinha que dizer.
É o que é.
Ele sorri tristemente. “Adeus.”
“Adeus.” Sorrio através das minhas lágrimas. Ele sai
silenciosamente.
Como se estivesse no piloto automático, vou até a janela,
coloco as mãos no vidro e espero que ele apareça na rua abaixo.
Ele sai do prédio e lágrimas rolam pelo meu rosto quando entra
em um táxi e, sem hesitar, sai da minha vida.
Isso dói.
Estou andando de uma lado para outro. São 22h e Stace ainda
não voltou para o quarto.
E se ele nem mesmo entrou no barco...navio, ou seja lá o que
for.
E se ele voltou para me buscar e me coloquei aqui? Minhas
mãos correm por meus cabelos em pânico.
Oh Deus, o que diabos fiz?
Por mais de uma hora, ando de uma lado para outro com o
coração batendo forte.
Ele não está no navio.
Sei que ele não está no navio. Ele teria voltado para se trocar
para o jantar com certeza.
Começo a me sentir mal com minha decisão. Ninguém sabe
que estou aqui e ele não conseguiu me encontrar em Bogotá,
mesmo que estivesse tentando. Se souberem que estou aqui
sozinha, será um massacre aberto. Mas então...talvez não agora
que eles me conhecem. Sei que Ângela e seus meninos iriam me
proteger.
Calma, calma. Entro no banheiro e fico olhando para a garota
que está olhando para mim. “O que diabos você fez, porra?”
Pergunto para meu reflexo. “Não sei.” Respondo. “Sua idiota.”
Murmuro.
Mais importante, o que vou fazer agora?
A chave soa na porta e coloco minhas mãos sobre meu coração
em alívio.
Ele está aqui. Graças a Deus, ele está aqui.
Ouço as chaves serem colocadas nas gavetas e entro no quarto,
ele está de costas para mim.
“Olá.”
Ele se vira e sua boca está aberta. “Rosh?”
Sorrio com esperança. “Parece que senti falta da vida náutica.”
Seu rosto fecha. “Que porra você está fazendo aqui?” Ele rosna.
“O que foi?” Sussurro, chocada com seu veneno.
“Você não pode estar aqui! Atraquei o barco para te colocar em
segurança e você voltou, porra?” Ele está com raiva, furioso, na
verdade.
“Também senti saudades.” Sussurro em meio à minha dor.
Ele balança a cabeça. “Este navio está prestes a se tornar um
pesadelo de merda e não posso te proteger. Tirei você deste barco
por esse motivo.” Ele rosna.
“Vim para proteger você.” Sussurro.
“O que?” Ele grita. “Não preciso de proteção, porra.”
“S-sim, você precisa.” Gaguejo, tentando acalmá-lo. “Esqueci
de dizer que ouvi Stucco planejando com outra pessoa para matar
você.”
“O que?” Seu rosto se contorce como se não acreditasse na
minha história.
“Foi na noite em que você foi para Chelsea e fiquei tão
chateada.”
“Não fui para a porra da Chelsea.” Ele retruca. “Pare de falar
sobre Chelsea. Você está me irritando com isso.”
“Eles vão fazer uma chamada para manutenção no meio da
noite e empurrá-lo para o mar.”
Ele franze a testa.
“Lembrei que não contei a você e estava pirando.” Pego sua
mão e a seguro na minha. “Tinha que avisar você e voltar para o
navio era minha única escolha. Não tinha seu número para ligar.”
Sussurro.
“Não preciso da sua proteção. Posso me cuidar sozinho.” Ele
suspira e posso ver um lampejo de perdão.
“Sei que você pode.” Paro e tento adoçar o negócio. “Queria
uma desculpa para ver você.” Meus olhos procuram os dele.
Ele me encara enquanto as últimas palavras que eu disse
ressoam em seu cérebro.
“Você queria uma desculpa para me ver?” Ele estreita os olhos.
“Pensei que era apenas o cara que sequestrou você?”
Sorrio suavemente enquanto seguro seu rosto em minhas
mãos. “Talvez não. Talvez você seja mais.”
Ele se aproxima e sei que posso ser perdoada. “Quão mais?”
Ele sussurra contra meus lábios.
Sorrio para ele. “Pare de fazer perguntas idiotas e me
agradeça.”
Ele rudemente agarra minha bunda e me beija, e sorrio em
seus lábios.
“Pare de fazer coisas idiotas.” Ele rosna.
“Não consigo, é natural em mim.” Respondo.
Ele me joga na cama e caio nela com uma risada.
O Pager nos acorda do sono. Olho para o relógio para ver que
são 4 da manhã. Stace se vira e olha para o relógio. Sei que está
pensando a mesma coisa que eu.
Ele se levanta e lê a mensagem em seu Pager.
Sento. “O que está escrito?”
Ele não responde e vai ao banheiro, acendendo a luz. “O que
está escrito?” Falo atrás dele.
“Há um problema na casa das máquinas.” Responde
secamente.
Oh não, pulo da cama. “É uma armadilha. É sim. Estou te
dizendo, é uma armadilha. Isso...isso é o que os ouvi conversar.”
Gaguejo.
“Também pode ser um problema na casa das máquinas.”
Responde.
“Não vá. Você não pode ir.”
Ele fecha o zíper da calça e puxa a camisa sobre os ombros.
“Posso me cuidar sozinho.”
“Vou com você.” Respondo enquanto tento encontrar algumas
roupas.
“Você não vai vir comigo, porra. O que você vai fazer?”
Coloco minhas mãos em meu quadril nu em indignação.
“Posso lutar, você sabe.”
Ele sorri e me beija rapidamente nos lábios. “Posso lutar
melhor. Vá para a cama. Volto logo.” E com isso ele sai do quarto.
Ah não. Oh não, não, não. Pego algumas roupas da gaveta e as
coloco, depois me deito no chão, tiro o rifle e coloco o silenciador.
Clico para preparar a munição.
Avisei aquele filho da puta para não mexer com ele.
Abro a porta da cabine e olho para o corredor escuro.
Que comecem os jogos.
Capítulo 14
Ele pega a faca e corta seu pescoço e ela solta um grito confuso.
Meus olhos se arregalam de horror. “Não.” Choro. “Pare, pare.
Deixe-a ir!” Grito enquanto as lágrimas escorrem pelo meu rosto.
Balanço a cabeça de um lado para o outro freneticamente enquanto
tento me libertar das cordas que me prendem à cadeira. A cadeira
balança enquanto tento desesperadamente escapar.
“Seu animal. Deixe-a ir!” Grito. Balanço a cabeça com mais
força. “Não, não, não, não, mãe. Mãe, olhe para mim. Olhe para
mim.” Choro. “Mãe, aguente. Apenas aguente firme.”
Seu olhar fica vago e franzo o rosto de dor. A sala começa a girar
enquanto meus olhos caem para o rio de sangue que desce por seu
corpo e para o chão.
“Mamãe. Mamãe!” Choro. “Solte ela, porra!” Grito. “Mate-me.
Mate-me.” Choro. “Não, você não pode fazer isso! Por favor, não faça
isso.” Soluço.
“Isso é o que acontece quando você me desobedece, minha
Roshina.”
Sua voz profunda rosna.
Ela estremece ao tentar dizer algo.
“Eu te amo, mamãe.” Choro.
Um traço de sorriso cruza seu rosto e então sua cabeça cai
enquanto o resto de sua vida goteja.
Volto para o diabo. Meu pai. “Odeio você. Eu odeio tanto você.
Vou matar você!” Grito enquanto fico louca e tento me libertar da
cadeira.
Sua mão dura me atinge no rosto.
Finalmente.
“Vamos voltar para a Colômbia, largar o carro e pegar um
táxi para Bogotá. Você ainda tem a reserva para mais dez
dias no hotel. Podemos ficar quietos lá até que as coisas se
acalmem. Faça um plano.” Sugiro.
Seu rosto se suaviza e ela sorri seu primeiro sorriso do
dia. Tenho que me impedir de estender a mão e agarrar a
dela. “Ok” Ela murmura enquanto seus olhos assustados
seguram os meus.
Há algo incrivelmente belo em sua bravura...sua bravura
kamikaze incrivelmente estúpida. Ela me atinge em um nível
que não entendo, e mesmo que esteja mais do que furioso com
ela, meu desejo de protegê-la e nutri-la está em alta.
Ela estava preparada para morrer por mim hoje...por sua causa.
Ela é corajosa o suficiente para ser perigosa e vulnerável
o suficiente para morrer.
Meu pior pesadelo.
É o último pensamento que não suporto e sei que preciso
tirá-la do país com segurança como prioridade.
Vikinos não vai pegá-la. Ele não vai colocar um maldito
dedo nela. O dano que já causou a ela é incomensurável. Para
ser honesto, sei por que ela atira primeiro e faz perguntas
depois. Ela foi empurrada para além do ponto de retorno e
não se importa mais com o que aconteça com ela. A
necessidade de vingança a consumiu tanto quanto me
consumiu. Quais são as chances de que ambos temos o mesmo
alvo? Duas pessoas que se encontram aleatoriamente e têm
uma conexão, ambas com sede do mesmo sangue.
Não tenho certeza do que fazer com tudo isso. É uma
sobrecarga de informação. Preciso entender o fato de que ela
é filha dele. O pensamento de ele a matar me assusta mais
do que qualquer outra coisa.
Isto não é bom.
Uma complicação que não preciso.
Conforme planejado, largamos o carro em uma rua
deserta e pegamos um táxi para Bogotá. Duas horas muito
silenciosas depois chegamos ao hotel.
“O que?” Sussurro.
“Corra.” Ele rosna enquanto agarra minha mão. Nós viramos e
corremos o mais rápido que podemos até o final do beco e então
paramos nas sombras enquanto olhamos para a rua.
Um táxi desce lentamente a estrada. “Vou tentar pará-lo.” Olho
para Stace e o sangue escorre pelo seu rosto. “Limpe-se ou ele não
deixará você entrar.”
“Sim, tudo bem.” Ele murmura enquanto tira a camiseta e
começa a limpar o sangue do rosto.
Corro para a rua e estico minhas mãos na frente do táxi. “Pare,
por favor.” Murmuro em desespero.
O motorista diminui a velocidade e abro a porta traseira e pulo,
faço um sinal de venha aqui para Stace e ele corre das sombras e
pula na parte de trás do táxi.
O taxista franze a testa e se vira para nós olhar com
desconfiança. “Está tudo bem?” Ele pergunta.
“Sim, briga de bar.” Stace responde rapidamente. “Você pode
nos levar ao hotel Marriot, por favor?”
Ele balança a cabeça cinicamente, se vira e sai para o tráfego.
Franzo a testa. “O Marriot?” Repito.
Stace balança a cabeça sutilmente e agarra minha mão na sua,
o calor disso instantaneamente me acalma. Ele então se deita e
coloca a cabeça no meu colo e sei que é para que ninguém possa
ver que ele está no táxi. “Venha aqui e me abrace.” Ele diz em voz
alta.
Ele também me quer fora de vista. Deito-me em suas costas e
ficamos em silêncio pelo resto da viagem até que ele pare. Ele paga
o motorista e saímos timidamente do táxi. Ele agarra minha mão e
atravessamos a rua na direção oposta e ao longo das ruelas até que
outro táxi passa e fazemos sinal para que pare. “Agora podemos
voltar para o hotel.” Diz baixinho, ao parar. Subimos no banco de
trás.
“The Bog Hotel, por favor.”
“Sim” Responde o motorista, desinteressado.
Viajamos um pouco mais e Stace interrompe meus
pensamentos.
“Você pode nos deixar sair na rua lateral?”
“Nesta rua aqui?” O motorista gesticula.
“Sim, por favor.” Stace responde. O táxi diminui a velocidade e
saímos novamente.
“O que estamos fazendo?” Sussurro.
“Vamos entrar pelo estacionamento. Não quero que ninguém
me veja assim.”
Viro para olhá-lo e ele está certo, seu rosto está uma
bagunça. “Merda, você está bem?” Franzo a testa.
“Sim, aquele filho da puta chutando com a bota não ajudou.”
Corro minhas mãos pelo meus cabelos enquanto minha
apreensão aumenta.
“Oh Deus, Stace. O que vamos fazer?”
“Vamos apenas chegar ao quarto em segurança.”
“E se eles souberem que vamos ficar aqui?” Sussurro enquanto
descemos a rampa para o estacionamento subterrâneo.
Stace desliza sua chave para o scanner e as portas de
segurança sobem lentamente.
“Então estamos fodidos.”
Balanço a cabeça enquanto meus nervos começam a realmente
latejar. Caminhamos pelo estacionamento escuro enquanto
examinamos nossos arredores. Este pode ser o local ideal para nos
matar. “Isso não parece seguro.” Sussurro.
“Não é.”
Enrugo meu rosto. “Você não pode mentir e fingir que estamos
seguros?”
Ele balança a cabeça e continua andando. “Não.” Entramos
no elevador e apertamos o botão do nosso andar. “Dê-me a arma.”
“Por quê?” Vasculho minha bolsa. “O que acha que vai
acontecer?” Meus olhos se arregalam. “Acha que eles vão estar
aqui?”
Oh Deus, a merda está ficando cada vez pior.
Ele encolhe os ombros enquanto abre a arma para verificar a
munição e se vira para mim. Seus olhos examinam meu rosto e ele
sorri.
“O que foi?” Pergunto.
Ele agarra meus cabelos e o endireita. “Seus cabelos estão
tortos.”
Imediatamente pego a peruca e a endireito. “Esse é o menor
dos meus problemas de merda.” Sussurro.
O elevador para e Stace enfia a arma na parte de trás da calça
jeans e saímos lentamente para o corredor. Olhando para os dois
lados do longo e assustador corredor, caminhamos em silêncio
para o nosso quarto e, quando chegamos à nossa porta, Stace
coloca o dedo no lábio para ordenar meu silêncio. Então aponta
para o outro lado do corredor. “Espere aí.” Murmura.
Oh Deus, ele acha que eles estão no quarto. Tomo meu lugar
na parede oposta e ele passa o cartão-chave e abre a porta. Espia
enquanto prendo minha respiração. A sala está escura e silenciosa.
Eles estão aí?
Ele espera um momento e então desaparece na escuridão.
“Por favor, não esteja aí, por favor, não esteja aí.” Sussurro de
novo e de novo.
Ele acende a luz, verifica o quarto e volta para a porta. “O
quarto está limpo.”
Solto um suspiro profundo e entro no quarto antes que ele
feche a porta atrás de mim. Ficamos parados por um momento
olhando um para o outro enquanto processamos o que acabou de
acontecer.
“Vamos ter que passar a noite aqui.” Ele suspira. “Tente dormir
um pouco.”
“Estaremos seguros?”
Ele encolhe os ombros. “Mais seguro do que estávamos lá
fora.”
É nessa hora que dou uma boa olhada em seu rosto e acho que
aquele cara deu um chute na bochecha. Metade de seu rosto está
inchado. “Stace.” Franzo a testa enquanto coloco minha mão em
seu rosto. “Sua mandíbula está quebrada.”
“Estou bem.” Ele estremece quando toco.
“Precisamos de um pouco de gelo.” Murmuro. Penso por um
momento e então pego o telefone e ligo para a recepção.
“Olá, serviço de quarto.” Responde a entediada recepcionista.
Finjo uma voz calma. “Pode trazer uma garrafa de champanhe
e um balde de gelo em nosso quarto, por favor?” Olho para o
relógio. São 2 da manhã. Deus, o que eles devem pensar?
“Sim, claro.”
“Obrigada.”
Levo Stace até o banheiro e o sento ao lado da banheira e ele
estremece. Um corte profundo está acima do olho direito e ainda
está pingando sangue, mas é a maçã do rosto esquerda que me
preocupa. Molho um pano e começo a limpá-lo e ele se senta e me
observa.
“Você está bem?” Pergunto enquanto limpo sua testa e
empurro seus cabelos para trás para olhar para ele. “Está muito
quieto. Está realmente machucado?”
Ele balança a cabeça e rola os lábios como se quisesse dizer
algo, mas está se segurando.
“O que foi?” Pergunto. “O que é isso?”
Ele encolhe os ombros. “Só me pergunto por que você está tão
preocupada com um pouco de sangue quando você é a única...” Ele
se interrompe no meio da frase.
“A única o quê?”
“Nada.” Ele pega o pano de mim e se levanta e caminha de volta
para o quarto.
Eu o sigo. “Diga. Basta dizer.” Mantenho meus braços
abertos. “Quero que você me diga o que você ia dizer.”
Ele se vira com raiva. “Você é a única pessoa que me
machucou hoje.” Meu coração pula uma batida. Ele balança a
cabeça. “E me irrita que tenha a capacidade de fazer isso.”
Não sei o que dizer.
“Stace”, sussurro suavemente. “Sinto muito por não ter
perguntado se você os pegou, mas o que eu deveria pensar?”
“Que eu roubaria de você.” Ele fala com raiva. “Por que você
me diz que me ama, quando obviamente pensa tão pouco no meu
caráter?”
“Eu te amo.” Murmuro.
“Bem, você sabe o que não amo?” Ele zomba com raiva.
Meu coração aperta. “Eu?” Sussurro.
“Sentir-me um pedaço de merda.”
“Nunca disse isso.” Atiro de volta.
“Sim, você disse.”
“Quando?”
“Quando me colocou na mesma categoria que seus ex-
namorados e seu pai.”
Meus olhos lacrimejam, porque ele está bem no alvo. Isso é
exatamente o que fiz hoje. “Sinto muito.” Sussurro.
Uma batida bate na porta. “Serviço de quarto.” O garçom
chama. Olho pelo olho mágico e o vejo parado com nosso
champanhe e gelo.
Stace volta para o banheiro frustrado por termos sido
interrompidos, solto um suspiro profundo enquanto abro a
porta. “Obrigada.” Murmuro enquanto pego a bandeja dele e
bloqueio os dois bloqueios quando ele sai.
Envolvo um punhado de gelo na minha camiseta e volto para
o banheiro onde encontro Stace agora no chuveiro, de costas para
mim enquanto ensaboa seu corpo. Tiro minhas roupas e entro no
chuveiro e o seguro por trás. Envolvo meus braços em torno de seu
grande corpo e aperto-o com força. Pressiono meu rosto em suas
costas e a água que escorre pelo ralo é um tom de rosa, tingida de
sangue. Ficamos em silêncio por um longo tempo, ambos perdidos
em nossos próprios pensamentos.
“Não sou uma pessoa fácil de se conviver, Stace.” Murmuro.
Ele fica em silêncio.
Um grande caroço se forma na minha garganta. “Entendo se
você não quiser lutar por nós. Sou uma mercadoria
danificada. Não poderia ficar comigo.”
Ele se vira para me encarar. “Não diga isso.” Ele sussurra.
“É verdade.” Encolho os ombros com tristeza. “Tenho mais
bagagem do que um 747.”
Ele afasta a mecha de cabelos da minha testa e então, com o
dedo sob meu queixo, levanta meu rosto para encontrar o
dele. “Você é minha mercadoria danificada.”
Meus olhos lacrimejam com as palavras que precisava tão
desesperadamente ouvir e ele me beija suavemente. “Eu me
apaixonei por você, Rosh.” Ele sussurra contra meus lábios.
“Você se apaixonou por mim?” Sussurro com esperança.
Ele me beija novamente. “É realmente irritante.” Sorrio.
“Irritante?”
“Bem, agora meu rosto está uma bagunça e deveria estar
fazendo um plano de fuga, mas a única coisa que está em minha
mente é estar dentro da minha garota.” Ele agarra minha bunda e
me arrasta em seu corpo duro.
Sorrio, envolvo meus braços em volta do seu pescoço e o beijo.
Oh, amo esse homem. Ele me conhece. Sabe como estou fodida
e está disposto a tentar. Nosso beijo se aprofunda e ele realmente
começa a me pressionar contra os azulejos.
“Desculpe-me por hoje. Fiquei tão magoada que não conseguia
ver direito.” Murmuro.
Ele me levanta e envolve minhas pernas em volta de sua
cintura e me segura contra os azulejos. Posso sentir sua ereção na
minha abertura.
“Não vou machucar você.” Ele rosna.
Ele traz meu corpo com força sobre o dele e eu gemo enquanto
luto para aceitar seu tamanho.
Ficamos em silêncio, nossos olhos fixos um no outro, e ele
lentamente me levanta e, em seguida, me puxa de volta com força
para que acerte fundo. “Confie em mim e deixe-me amar
você. Deixe-me protegê-la.” Ele sussurra.
Concordo, incapaz de falar enquanto seu corpo toma posse
total do meu.
“Porque eu te amo pra caralho e preciso que você sobreviva a
isso.” Nosso beijo fica frenético e não consigo ver direito. Ele
levanta os braços para os azulejos acima da minha cabeça e
realmente começa a bater em mim. A queimadura é tão intensa
que posso sentir cada veia de seu pau grosso. Cada ondulação de
seus músculos dentro de mim me faz desejar mais. Não consigo o
suficiente. Nunca me canso da maneira como ele me faz sentir, da
maneira como ele me toca. Ele para de repente e segura meu rosto
com a mão. A água escorre pelo nosso rosto e sinto que não consigo
respirar. Nossos olhos estão fixos um no outro e com a maneira
como ele está olhando para mim, parece que tudo é possível. Sua
mão no meu rosto é gentil, seus olhos estão cheios de amor e, ainda
assim, meu sexo está latejando com a surra que está sofrendo.
Isso é amor...estilo Stace.
3
Nesse tipo de relacionamento, sugar baby (independente do gênero) é aquela pessoa que recebe os agrados financeiros,
enquanto que sua(seu) parceiro(a) é referido(a) como sugar mommy (sendo uma mulher) ou sugar daddy (sendo um
homem). Estes são mais ricos e mais velhos do que a(o) sugar baby.
sabe muito bem que estou enojada com esse desperdício de
dinheiro.
Stace aponta para o canto com o queixo e finge beijar minha
orelha.
“Lá está ele.” Sussurra.
Olho para as espreguiçadeiras no canto e vejo um homem que
está sentado com uma mulher. Tento esconder meu sorriso, mas
não consigo. Ele é exatamente como imaginei. Cabelos ruivos e
nerd, mas vestido com roupas legais de rap que não combinam
com ele.
“Volto em um segundo.” Stace sussurra em meu ouvido com
um beijo em meu rosto.
Concordo com a cabeça, distraída pela sugar mommy e seu
escoteiro, que acabaram de dar um enorme beijo de língua na
frente de todos quando ela ganhou.
Eca, Deus, algumas pessoas são tão exibidas.
Vejo Stace se aproximar do homem do outro lado do clube. Ele
aperta sua mão e eles começam a conversar. Minha concentração
volta para a mesa e vejo como a sugar mommy perde cinquenta
mil. Outro homem parece estar limpando, no entanto.
Um garçom se aproxima e ela sorri enquanto pega o
champanhe da bandeja dele. “Estou fora.” Ela sorri com seu
sotaque caramelizado.
O crupiê acena para mim.
Huh, eu? Oh droga. “OK.” Sorrio enquanto finjo saber o que
diabos estou fazendo. Umm. Eu nervosamente olho para os
números. Qual é o número que devo escolher? “Umm.”
A mesa toda espera pela minha resposta. Ah Merda.
“Dez, por favor.” Anuncio.
Meu coração começa a disparar e vejo a roda girar e girar até
que, inacreditavelmente, chega ao dez.
“Você ganhou.” O crupiê sorri.
Sério?
Pulo de excitação e bato palmas como uma criança. “De novo.”
Sorrio. Coloco minha ficha no número oito.
Os crupiês têm que mudar de turno e, enquanto esperamos,
Stace se aproxima e envolve seu braço em volta de mim enquanto
sento no banquinho. “Espero que você tenha seus votos escritos?”
Ele sussurra em meu ouvido.
Meus olhos piscam para ele por cima do ombro.
Ele sorri sexy. “Vamos encontrar aquela capela, Sra. Mac. Acho
que não quero esperar mais um dia.” Meus olhos procuram os dele
e ele sorri e encolhe os ombros.
“Não custa nada ter dois casamentos, eu acho.”
“Oh meu Deus.” Meus olhos ansiosos voltam para a crupiê
enquanto um sorriso estúpido cobre meu rosto. Apresse-se
mulher! Ele está falando sério? Ela gira a roda, mas minha mente
está longe da estúpida Roleta. Ela gira e gira para sempre enquanto
esperamos e então salta para vinte.
“Sinto muito.” A crupiê sorri. “De novo?” Ela pergunta à mesa.
“Não, obrigada” Respondo. Não poderia me importar menos
com esse jogo idiota.
Vou me casar. Esta noite!
Stace me pega pela mão e saímos direto da sala dos grandes
apostadores, sem olhar para trás. “O que aconteceu?” Sussurro.
“Temos que estar em seu escritório logo de manhã. Ele pode
concluí-los às 14h. É um cara decente, na verdade.”
Meus olhos se arregalam quando entramos no elevador. “Oh
meu Deus, isso é fantástico.” Sussurro animadamente.
Ele me beija e seus lábios pairam sobre os meus. “Amanhã à
noite, estaremos saindo daqui.”
Eu sorrio contra seus lábios, sabendo que as coisas vão dar
certo.
“Tem certeza que quer se casar agora?” Pergunto enquanto ele
envolve seus grandes braços em volta de mim.
“Uh-huh.” Ele sorri enquanto minha mão envolve seus ombros.
“Por que esta noite?” Pergunto. “O que está diferente?”
“Porque quem sabe o que o amanhã reserva.” Ele sussurra.
“Viver o momento, lembra? Às vezes esqueço.”
Ele sorri para mim e, neste momento, sei que quer isso tanto
quanto eu. “Temos que voltar e pegar nossos passaportes no
quarto. Precisamos de três itens de identificação.”
“OK.” O elevador para no andar principal e caminhamos pela
área e então pegamos outro elevador até o nosso quarto. Stace me
prende na parede com sua pélvis e meus braços acima de minha
cabeça.
“Pare com isso.” Sorrio. “Não quero que você tenha uma ereção
furiosa nas fotos do meu casamento.”
“Por que não? É uma promessa do que está por vir.” Ele sorri.
Caminhamos pelo corredor e vemos uma agitação bem à frente
no corredor, com alguns homens entrando e saindo de um quarto.
O rosto de Stace enfurece.
“O que foi?” Franzo a testa.
“Aquele é o nosso quarto.”
“Hã?”
Olho para cima e vejo a porta aberta, e um dos sapatos de
Stace segurando a porta.
“Quem está em nosso quarto?” Sussurro.
Um homem aparece em um terno escuro distraído enquanto
fala com outro homem e eles param na porta por um momento para
discutir algo. Eles parecem estar conversando com outra pessoa
no quarto.
Oh meu Deus, eles nos encontraram.
Stace nos vira e começamos a acelerar a caminhada pelo
corredor na direção oposta.
“Ei, você!” Um homem chama. “Pare agora mesmo!”
Capítulo 23