Trabalho Sentença
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PROCEDIMENTO
Autuada a petição, cabe ao juiz adotar uma das seguintes providências: (a) indeferi-la;
(b) determinar que se emende a petição; ou (c) determinar a intimação das partes, na
liquidação por arbitramento, ou do requerido (credor ou devedor), na liquidação pelo
procedimento comum.
Note que o novo Código permite que as próprias partes apresentem os documentos e
pareceres necessários à apuração do quantum debeatur sem a necessidade de prévia
nomeação de perito (art. 510, primeira parte). Somente quando o juiz, de posse dos
elementos apresentados pelos interessados, não puder decidir de plano o valor da
condenação, será possível a produção de prova pericial.
LIQUIDAÇÃO PELO PROCEDIMENTO COMUM
Far-se-á a liquidação pelo procedimento comum quando, para determinar o valor da
condenação, houver necessidade de alegar e provar fato novo (art. 509, II, CPC/2015).
Fato novo é aquele que não foi considerado na sentença. Irrelevante que se trate de fato
antigo, ou seja, surgido anteriormente à prolação da sentença, ou de fato novo, isto é,
surgido posteriormente ao ato sentencial.
Fato novo, para fins de liquidação, é aquele que, embora não considerado
expressamente na sentença, encontra-se albergado na generalidade do dispositivo, no
contexto do fato gerador da obrigação, tendo portanto relevância para determinação do
objeto da condenação.
O agravo de instrumento, de regra, não tem efeito suspensivo. Assim, a menos que o
relator imprima tal efeito ao recurso, a execução prescinde aguardar o julgamento do
agravo interposto contra a decisão que pôs fim à liquidação.
Finalizada a liquidação, pode o credor partir para a execução da sentença, podendo ser
provisória ou definitiva. Definitiva, se a sentença transitou em julgado (art. 523,
CPC/2015); provisória, caso a sentença tenha sido impugnada por recurso desprovido de
efeito suspensivo (art. 520, CPC/2015).
[1]
Cf. ASSIS, Araken de. Manual do processo de execução. 5. ed. São Paulo: RT.
p. 298.
[2]
Nos termos do art. 509, § 3º, “o Conselho Nacional de Justiça desenvolverá e
colocará à disposição dos interessados programa de atualização financeira”. Esse
dispositivo certamente evitará a atualização do crédito por uma infinidade de
índices, os quais precisam ser praticamente decifrados pelo julgador.
[3]
O novo CPC inclui o devedor como legitimado para requerer a liquidação da
sentença. Apesar de inexistir previsão expressa no CPC/1973, a doutrina já
admitia que o procedimento fosse requerido por qualquer das partes (credor ou
devedor). A justificativa é simples: do mesmo modo que o credor tem o direito de
saber o quanto irá receber futuramente, o devedor também tem o direito de
conhecer a quantia que provavelmente terá que pagar.
Esse entendimento foi adotado pela Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça
(STJ) em julgamento de recurso especial.
Segundo a decisão, isso não impede que sejam proferidas decisões interlocutórias que
contenham matérias de mérito.
Obs: A norma não poderá ser aplicada de forma retroativa (tempus regit actum).
Trata-se de espécie de julgamento antecipado, em que o juiz julga, desde logo, uma
questão incontroversa, deixando para momento posterior a instrução o julgamento do
restante da lide (eventual pedido remanescente).
Veja, que até 18.03.2016 a resposta a questão será a seguinte: 1-No CPC 1973 não é
permitido o desmembramento da sentença; 2- No CPC 2015: SERÁ permitida a técnica
de JULGAMENTO PARCIAIS DE MÉRITO.
O CPC 1973 adotou a teoria da unidade estrutural da sentença segundo a qual não é
possível existir mais de uma sentença no mesmo processo ou na mesma fase processual
de conhecimento ou de liquidação.
Art. 356. O juiz decidirá parcialmente o mérito quando um ou mais dos pedidos
formulados ou parcela deles: I - mostrar-se incontroverso; II - estiver em condições
de imediato julgamento, nos termos do art. 355.
Penso, data vênia, que devido a proximidade da entrada em vigor, não cabe aqui um
aprofundamento maior nas teses de alguns doutrinadores que defendem a aplicação do
instituto já no CPC/73.
Todavia, por questão de consciência, assim entendiam Fredie Didier Júnior, Cássio
Scarpinella Bueno, Daniel Mitidiero, Leonardo José Carneiro da Cunha e Joel Dias
Figueira Júnior.
Desse modo, a mudança do CPC possui sim importantes reflexos práticos, pois a
natureza jurídica das "sentenças" parciais de mérito, NÃO são de sentenças, mas
de Decisão interlocutória (uma decisão interlocutória de mérito).
Obrigação líquida
Se a obrigação definida for líquida, a parte poderá iniciar, desde logo, a execução dessa
decisão, independentemente de caução, ainda que haja recurso pendente (§ 2º do art.
356).
Obrigação ilíquida
Para fazer a liquidação a parte também não precisa apresentar caução e também não
precisa esperar o julgamento de recurso que tenha sido interposto (§ 2º do art. 356).
Autos suplementares
Fonte:http://www.dizerodireito.com.br/2015/07/e-valido-o-julgamento-parcial.html
http://genjuridico.com.br/2017/09/20/liquidacao-sentenca-novo-cpc/
Elpídio Donizetti
É jurista, professor e advogado. Membro da Comissão de Juristas do Senado Federal
responsável pela elaboração do anteprojeto do Novo Código de Processo Civil. Mestre
em Direito Processual Civil. Doutor em Ciências Jurídicas e Sociais. Pós-Doutor em
Direito. Fundador do Instituto Elpídio Donizetti e do Escritório Elpídio Donizetti
Advogados.