Apontamento
Apontamento
Apontamento
O enorme impacto causado pela revolução industrial fez com que toda a classe
operária se submetesse ao regime da fábrica e das máquinas. Desse modo, essa
revolução possibilitou a entrada em massa da mulher no mercado de trabalho, alterando
a forma da família cuidar e educar seus filhos.
1) Educação na Antiguidade
Tomando a herança cultural deixada pela antiguidade como a fonte principal sobre a
qual a civilização ocidental se ergueu, o legado deixado pelas principais cidades estados
da Grécia Antiga – Esparta e Atenas – constitui-se como princípio de organização social
e educativa que serviu de modelo para diversas sociedades no decorrer dos séculos.
O percurso percorrido da Educação Infantil tem sido difícil e lento, porque não
havia um entendimento que a criança necessitava de uma atenção especial nos
primeiros anos de vida. Apesar dos avanços obtidos na Educação Infantil,
percebeu-se que muito precisa ser feito para diminuir a distância entre a
legislação e a realidade.
Cabe ressaltar que até o século XVII os valores morais e até mesmo os ofícios
responsáveis pela garantia da subsistência eram transmitidos em grande parte dentro dos
próprios círculos familiares, sendo que esses valores e códigos de conduta eram
profundamente influenciados pelo pensamento religioso. Em contrapartida, com as
Em função dessa trajectória histórica, cabe salientar que a Educação não atendeu
sempre aos mesmos tipos de objectivos e toda a sua análise requer, antes de tudo, um
intenso esforço de reflexão e contextualização. Através deste caminho pode-se melhor
compreender métodos e teorias educacionais, pois observamos traços presentes nas
práticas educativas atuais que remetem a herança deixada pelos modelos educativos.
4) Pedagogia Contemporâneos
Ao pensarmos em: Avanços tecnológicos, guerras e revoluções marcaram o início do
século XX. Reflectindo as marchas e contramarchas de um mundo perplexo ante os
avanços na Medicina e em outras ciências – que prenunciam uma vida mais longa para
um maior número de pessoas -, numerosos educadores procuram introduzir ideias e
técnicas que tornem o processo educativo mais eficiente, eficaz e mais realizador para o
ser humano, (Piletti, Claudino e Piletti Nelson).
Por um lado, na concepção da educação, o estudante passa a ser visto como o centro e
o sujeito do processo educativo; por outro lado, os métodos activos de aprendizagem
passam a ser cada vez mais considerados como os mais adequados para a eficiência
do processo educativo.
Nos dias actuais o lema é de que onde houver uma prática educativa, se instala uma
acção pedagógica. O processo de ensino-aprendizagem é vivenciado não somente
dentro da escola, mas é uma acção que acontece em todo e qualquer sector da
sociedade, que se caracteriza como a sociedade do conhecimento, porque a educação
formal e a não formal caminham paralelamente e tornam a educação o principal
instrumento contra a desigualdade social.
a) Pedagogos Contemporâneos
Quais são os principais pedagogos contemporâneos e quais são os seus principais
pensamentos?
Essa fase da vida humana era ignorada e considerada de forma indiferenciada do adulto.
Tal indiferenciação incluía assumir o papel de um ser produtivo directo nas sociedades
em que viviam. Até o século XII, de acordo com Ariés (1981), a ideia de infância, tal
como a conhecemos hoje, era impensada. Como a criança era considerada apenas um
prolongamento da espécie e, dado que sua exigência era tão efémera (em função do alto
índice de mortalidade), nem mesmo as criações artísticas retractavam a imagem
corporal de crianças.
A criança, concebida como naturalmente pura, frágil e inocente, também seria incapaz
de pensar por si própria, de realizar movimentos de criação; em fim, de ter identidade
própria. Esse anjinho em forma de criança seria concebido como um vir- a -ser, uma
promessa do futuro, que só se completaria quando se torna-se adulto. Sendo uma
promessa de futuro, as crianças não tinham como ser representadas por elas próprias, os
artistas, ao retracta-las, não as diferenciam dos adultos, pois não havia uma imagem
social para as crianças. Para Kuhlmann (1998, p. 31), “é preciso considerar a infância
como uma condição da criança”. Dessa forma, as experiências vividas por ela em
diferentes momentos são mais do que uma representação dos adultos.
A história seria uma maneira de contar, de narrar, de ligar tempos diversos a um tempo
da humanidade, de construir sentidos, de modo a configurar processos históricos, e
assim ele fez com a história da infância. O autor destaca ainda que a criança não escreve
sua própria história, mas é o adulto que a escreve, então é uma história sobre a criança.
De acordo com essa proposta de Kuhlmann (1998), podemos pensar que toda criança
tem infância, mas não se trata de uma infância idealizada, e sim concreta, histórica,
social. A questão central não é se a criança teve/tem infância, mas de compreendermos
que infância a criança vivenciou/vivencia.
A infância é inerente à criança; como também afirma Marita Redin (2007, p. 12) “a
infância se refere às condições de vida das crianças em diferentes grupos sociais,
culturais e económicos. Porém ainda há muitos casos em que a criança não usufrui deste
direito de forma adequada, pois vive em condições precárias. A criança é actriz social,
partícipe da construção da sua própria vida e da vida daqueles que a cercam.
As crianças têm voz própria, devem ser ouvidas, consideradas com seriedade e
envolvidas no diálogo e na tomada de decisões democráticas. Ao nosso ver ao
compreendermos a criança como sujeito histórico, precisamos de um recorte teórico do
estudo da criança. Os discursos e práticas de socialização, ao se dirigirem à criança,
“constroem um imaginário sobre a infância, produzindo modelos de gestos, hábitos,
comportamentos que são material de socialização nos processos de formação de tais
atores. A criança é também produto de tais práticas e discursos.
Segundo Postman (1999), a “cultura infantil” tem uma nova conotação na sociedade
contemporânea, tendo características próprias, como a vestimenta, a alimentação, a
linguagem e principalmente as brincadeiras.
Por esse entendimento de cultura infantil ser contemporâneo, vale ressaltar a afirmação
de Souza (2007) de que a criança é sujeito social, investigado, observado e
compreendido a partir de perspectivas investigativas e teóricas distintas. Segundo a
Souza salienta ainda que a criança e sua infância não representam, por conseguinte, a
natureza purificada em estado virgem. Nasce marcada pela cultura mesmo que sem
ainda apropriar-se dela por completo, cresce como natureza em função das suas
necessidades comuns e específicas, de sono, afecto, amamentação, entre outros
cuidados.
O jogo assume vários significados como se pode constatar através de vários autores.
Para o Wallon o jogo é uma forma infracção do quotidiano e suas normas e para Bruner
tem uma interpretação semelhante ao atribuir ao acto lúdico o poder de criar situações
exploratórias propícias para a solução do problema. Também, Vigostsy e Elkonin,
entende a brincadeira como uma situação imaginaria criada pelo contacto da criança
com a realidade social (Kishimoto, 1994).
Neste âmbito, nos espaços destinados ao jogar é importante estabelecer regras como
utilizar os respectivos espaços, esta ideia é vincada por Marim (2008) que defende que
no espaço onde as crianças brincam e jogam é fundamental a busca de soluções
conjuntas que possibilitem a partilha, as normas elaboradas com o grupo sobre quando
devem recolher se os objectos, preparar e estabelecer estratégias que permitam procurar
solução para satisfazer o desejo das duas partes em conflito relativamente á utilização
de um objecto, o que implica ter capacidade social de negociação e estabelecer com o
A base para as habilidades motoras globais e finas é estabelecida neste período de idade
escolar. As actividades manipulativas, locomotoras e posturais são cruciais em todo o
processo de desenvolvimento e aprendizagem de habilidades motoras e capacidades
físicas, seguindo um aperfeiçoamento gradual em termos quantitativos e qualitativo
7. História da Infância
Segundo Silveira (2000), a definição da infância está ligada à óptica do adulto, e como a
sociedade está sempre em movimento, a vivência da infância muda conforme os
paradigmas do contexto histórico. Dessa forma, a dimensão da construção de uma
concepção de infância pelos intelectuais nos leva a uma questão: os formuladores de
uma concepção de infância são, em sua maioria, os adultos. Dessa forma, pensar a
infância pode se buscar algumas evidências articuladas à família e, também, no mundo
moderno, à escola.
Seu universo era restrito ao mundo adulto e lhes era negado o direito de ser criança,
sendo muitas vezes utilizadas como forma de diversão, como se fossem bichinhos de
estimação, fato esse denominado por Ariès de ‘paparicação’.
FRABBONI (1998), afirma que esse período foi marcado pelo não-sentimento de
infância, não consciência das particularidades da criança e que a mesma não podia ser
distinguida do adulto. Era vista como um mistério, então não se sabia o que fazer com
ela, não possuía identidade própria, pois era vista como um pequeno adulto, mas como
não dominavam os instintos do corpo deveria ser vigiada/controlada.
Por sua vez, na tradição filosófica ocidental, não ter linguagem significa não ter
pensamento, não ter conhecimento, e não ter racionalidade, ou seja, a criança é
compreendida como um ser menor, e como alguém a ser adestrado, a ser moralizado, e a
KHULMANN JR. (1998) afirma que a infância tem um significado genérico e, como
qualquer outra fase da vida, esse significado está vinculado às transformações sociais,
visto que, cada sociedade tem seu próprio sistema de classes etárias que estão
associadas a um sistema de status e de papéis desempenhados.
SILVEIRA (2000) aponta para o fato de que a sociedade sempre está em movimento e,
desse modo, a vivência da infância transforma-se de acordo com os paradigmas do
contexto histórico, ou seja, pensar na infância é também articulá-la com outros
domínios como a escola, a família e a sociedade.
A família sofre grandes transformações e criam-se novas necessidades sociais nas quais
a criança será valorizada enormemente, passando a ocupar um lugar central na dinâmica
familiar. A partir de então, o conceito de infância se evidencia pelo valor do amor
familiar: as crianças passam dos cuidados das amas para o controle dos pais e,
posteriormente, da escola, passando pelo acompanhamento dos diversos especialistas e
das diferentes ciências como Psicologia, Antropologia, Sociologia, Medicina,
Fonoaudiologia, Pedagogia, dentre outras tantas (FROTA, 2007, p.152).
Mas uma vez a criança era objecto do adulto, que depositava nela toda a sua rigidez da
época. “A escola confinou uma infância outrora livre num regime disciplinar cada vez
mais rigoroso que nos séculos XVIII e XIX resultou no enclausuramento total do
internato” (ARIÈS, 2006, p. 195). As crianças foram então retiradas do convívio da
sociedade dos adultos e colocadas em colégios internos, por meio de uma acção
conjunta entre família e escola. Apesar da conquista de sua identidade, a criança pagou
um alto preço, pois, ainda continuava sem ter o direito de exercer sua característica
principal, um ser livre e espontâneo.
No final do século XIX e início do século XX, surge em várias regiões da Europa
propostas pedagógicas para educação da criança e dentre elas destaca-se a de Maria
Montessori, primeira mulher médica e que desenvolveu um método pedagógica
defendendo dentre outras várias ideais as de que “Precisamos educar as crianças e não
curá-las”; “A inteligência precisa ser nutrida assim como o corpo”.
Trazer esses dados de temporalidade, cujas fronteiras são bastantes instáveis, mais do
que expressar as diferentes representações da infância a partir do dado etário é mostrar,
a partir da definição de NARODOWSKI (2001, p. 38), que a idade figura no discurso
pedagógico moderno como “a mágica palavra [que] passa a constituir o eixo observável
e quantificável sobre o qual se posiciona boa parte da produção a respeito do normal e
do patológico e do correto e incorrecto no que se refere aos esforços didácticos”. A
infância assim descrita inscreve-se como condição da criança (KUHLMANN JR, 1998),
ainda que sob referências naturais e universais, uma condição social e historicamente
construída.
Para este autor “a representação da criança é socialmente determinada, uma vez que
exprime as aspirações e as recusas da sociedade e dos adultos que nela vivem”; não é a
Seus estudos demonstram que os séculos XV e XVI vão apresentar uma “iconografia
leiga”, oposta à religiosa, que representa cenas da vida quotidiana, na qual a criança
aparece na presença dos adultos em diferentes situações. E entende que essa inserção da
criança é um anúncio do sentimento moderno de infância. No século XVI, as crianças
também eram retratadas mortas, esculpidas nos túmulos, acompanhadas dos pais e
irmãos, indicando uma outra visão a respeito da criança que morre cedo e anunciando
que a criança começava a sair do anonimato mesmo sob as mesmas condições
demográficas.
A infância deixa de ocupar seu lugar de resíduo da vida comunitária, como parte de um
grande corpo colectivo. Agora a criança começa a ser percebida como um ser
inacabado, carente e, portanto, individualizado, produto de um recorte que conhece nela
a necessidade de resguardo e protecção. (NARODOWSKI, 2001).
Dos movimentos filantrópicos torna-se visível, em meados do século XIX, uma nova
concepção de criança: a criança delinquente. Elas assumem-se como o rosto visível das
deficiências de uma precoce escola da vida, assumida pela fábrica. É importante lembrar
que a infância à qual se refere ARIÈS (1978) é caracterizada a partir de referenciais
sociais, económicas e de classe determinados, não correspondendo à totalidade das
experiências de infância vividas pelas crianças daquela época.
Durante os séculos XVIII e XIX, com os contributos médicos e psicológicos, surge uma
nova concepção de criança: a criança médico-psicológica. Ela é o resultado de graduais
e significativos investimentos na preocupação de obter respostas científicas acerca do
desenvolvimento infantil.
10. Caracterização do sistema de Educação no período colonial
Moçambique a semelhança de muitos outros países africanos durante o período colonial
o seu povo permaneceu a margem de um sistema educativo com uma visão de formação
de um Homem do amanhã comprometido com as sua geração.
Durante muito tempo, os colonizadores não se preocuparam com educação dos nativos
pois os seus interesses estavam mais virados com pilhagem dos recursos existente.
Assim, a educação dos “negros” era segundo algumas figuras do governo português:
Para Mouzinho de Albuquerque, era uma “ficção”: “As escolas são uma ficção...
Quanto a mim, o que nós devemos fazer para educar e civilizar o indígena é
desenvolver-lhe de forma prática as habilidades para uma profissão manual e aproveitar
o seu trabalho na exploração da província”;
Para António Enes, a educação não era prioritária; era “mais uma exigência formal que
necessidade real”. Apesar do decreto referendado por ele em 1891, que obrigava as
Companhias a criar escolas “em localidades com mais de 500 habitantes”, na prática
essas Companhias não cumpriam tal obrigação, como se comprova pela crítica da
Câmara dos Deputados à Companhia de Moçambique, em 1877.
Para responder melhor aos objectivos da colonização e sob o impulso do próprio Estado
Novo, foram sendo criadas instituições especializadas. Orientado pelos mesmos
objectivos, destacava-se o “Acordo Missionário”, de 7 de Maio de 1940, assinado entre
a Santa Fé e a República Portuguesa, no qual as missões eram consideradas
“corporações missionárias” ou «religiosas» e, como tal, instâncias económicas de
“moralização dos indígenas”, isto é, de “preparação de futuros trabalhadores rurais e
artífices que produzem”. No ano seguinte, foi assinado o Estatuto Missionário (5 de
Abril de 1941), regulamentando aquele Acordo. O Estatuto estabelecia que «as missões
católicas portuguesas eram consideradas instituições de utilidade imperial e sentido
eminentemente civilizador.
O regime advogou “uma separação cada vez mais acentuada entre o ensino das crianças
indígenas e o das civilizadas”, como reclamada pelo “aumento da população civilizada
da colónia” e “para o proveito de uma e de outra”.
O ensino indígena tinha por fim “elevar gradualmente da vida selvagem à vida
civilizada dos povos cultos a população autóctone das províncias ultramarinas” (idem,
p.]); enquanto o ensino primário elementar para os «não-indígenas» visava a «dar à
criança os instrumentos fundamentais de todo o saber e as bases de uma cultura geral,
preparando-a para a vida social»:
Ensino Primário Rudimentar, com três classes, previsto para sete, oito e nove
anos de idade no ingresso;
Ensino Profissional Indígena, que, por sua vez, se subdividia em (I) Escola de
Artes e Ofícios, com quatro classes, destinada a rapazes e (II) Escolas
Profissionais Femininas, com duas classes, geralmente ministrando a
“Formação Feminina”.
Em todos eles, vincava-se o carácter ideológico do ensino de que Nas escolas de todos
os graus e ramos de ensino serão ministradas, na medida do possível, noções e
conhecimentos que contribuam para o desenvolvimento da mentalidade colonial e da
colaboração imperial.
Por uma questão de sobrevivência do regime, o Governo viu-se obrigado, nessa altura, a
depender cada vez mais do capital multinacional, transformando Moçambique, que
estava em guerra, em “plataforma estratégica para a implantação dos interesses
imperialistas no sul do continente”. Para esse objectivo, a reforma buscava outras
alternativas à derrota militar, como a aceleração da formação de força de trabalho mais
qualificada, a preparação de uma pequena burguesia africana afecta à ideologia
capitalista, a formação de quadros superiores no seio da burguesia colonial e a
associação da pequena elite moçambicana à direcção da exploração capitalista,
incutindo nela o abandono da reivindicação de uma independência genuinamente
popular.
Isto explica o aumento considerável de efectivos escolares nos últimos anos do regime
colonial, “mantendo, porém, intacto o objectivo fundamental da educação”, de torná-la
“uma importante fonte ideológica na luta contra o movimento de libertação nacional”. São
elucidativos os dez pontos da declaração formal de D. Custódio Alvim Pereira, então Bispo
Auxiliar de Lourenço Marques, que considerava “a independência dos povos africanos
Os resultados obtidos nas escolas oficializadas eram os mais baixos em relação a outros
tipos de ensino, como confirmam estudos realizados por Dias Belchior sobre a evolução
do ensino em Moçambique no Período de 1952/1953 a 1961/62 e era justificada pelo
facto de ser ministrado em áreas rurais.
b) Erradicar o analfabetismo de
modo a proporcionar a todo o
povo o acesso ao conhecimento
científico e o desenvolvimento
______________________________________
pleno das suas capacidades;
c) O ensino Pré-universitário (11ª e 12ª Ensino Secundário do 2º Ciclo: 11ª e 12ª classes.
classes) e também fazem parte a
educação Pré-escolar e o ensino Especial
e Vocacional.
Superior. ________________________________________
O Executivo ajustou o SNE aos desafios actuais e futuros como forma de “Promover
um Sistema Educativo inclusivo, eficaz e eficiente que garanta a aquisição das
competências requeridas ao nível de conhecimento, habilidades e atitudes que
respondam às necessidades de desenvolvimento humano” e dessa forma formar o
“cidadão à altura dos desafios do século XXI”.
“As crianças com idade elegível para a Educação Pré-Escolar necessitam de condições
apropriadas: sanitário, refeitórios, dormitórios, mobiliários apropriados, parque infantil,
kits de primeiros socorros, cada grupo de 25 crianças precisa de 2 assistentes para o
processo de socialização e aprendizagem”.
A nova lei do SNE, que já começou a ser implementada em 2017, mas em pleno será
em 2023, a idade de ingresso na 1ª classe é de 6 anos e aquelas que completam até 30 de
Junho. O Ensino Primário está organizado em dois ciclos de aprendizagem, 1º ciclo da
1ª à 3ª classe e 2º ciclo da 4ª à 6ª classe, e a nova lei orienta que se realize em língua
portuguesa ou em modalidade bilingue, portanto numa língua moçambicana. A idade
1. Província do Niassa
2. Província de Cabo Delgado
3. Província de Nampula
4. Província da Zambézia
5. Província de Tete
6. Província de Manica
7. Província de Sofala
8. Província de Inhambane
9. Província de Gaza
10. Província de Maputo
11. Cidade de Maputo (Capital do
país)
Fig. 1 Divisão administrativa da República de Moçambique
Para além da falta de paralelismo e integração interna, um outro aspecto está ligado com
a questão de coerência e continuidade dentro do subsistema, ciclo, classe, disciplina ou
unidade temática que possa facilitar de facto a aquisição daquelas competências
julgadas básicas para este sistema.
Se atermo-nos aos objectivos preconizados para este subsistema, não há dúvidas de que
se trata de finalidades muito claras e interessantes para, de facto, formar um cidadão
íntegro.
Na verdade podemos notar que para além dos aspectos acima descritos também os
professores que actuam neste subsistema não possuem uma formação suficiente para
concretizar uma vasta gama de objectivos de natureza científica, técnica e social.
Fazendo uma análise minuciosa pode-se notar que o currículo foi desenhado para
responder este fim último, aliás não aparece claramente em que ciclo o aluno poderá
desenvolver estas habilidades ou tarefas que constituem como indicadores que se
caminhe para uma direcção certa.
Como também não está claro que tarefas conjuntas devem ser desenvolvidas pelo
professor e aluno para de facto formar àquele cidadão íntegro numa vertente de
desenvolvimento pessoal, no âmbito de desenvolvimento socioeconómico,
desenvolvimento técnico-científico e no âmbito de desenvolvimento cultural.
Sem dúvidas para efectivação destes propósitos ora descritos exige mais uma vez uma
acção didáctica específica por parte do professor. Aqui também podemos notar um
desfasamento entre o subsistema do Ensino Básico, já que não comunica com o de
formação de professores primários. Não existe professores especializados para actuar
em cada um dos ciclos que exigem uma postura própria, mas sim professor formado
para todo o Ensino Básico.
Está claro que ainda não temos recursos suficientes que possam garantir a eficácia e
eficiência dum ensino integrado ao nível do Ensino Básico.
Para tal, PCEB (2003:27), sustenta que: Os programas de ensino devem prever uma
margem de tempo, que permite a acomodação do currículo local. Isto é, a escola tem à
sua disposição um tempo para a introdução de conteúdos locais, que se julgar relevante
para uma inserção adequada do educando na respectiva comunidade;
As matérias propostas para o currículo local, devem ser integradas nas diferentes
disciplinas curriculares, o que pressupõe uma planificação adequada das lições;
Verifica-se uma falta de comunicação entre a escola e a comunidade, que é o órgão que
pode fornecer informações/conhecimentos de interesse local, e consequentemente não
existe material de apoio referente ao currículo local.
Na prática não tem havido capacitação que permita aos professores adquirirem
habilidades para leccionar mais que 2 ou mais disciplinas, o que suscita algumas
incertezas sobre o domínio técnico-científico dos mesmos. A verdade é que ao longo da
sua formação como professores não aprendem como trabalhar com mais disciplinas nem
uma didáctica específica para o efeito.
Ainda no PCEB está claro de que quando o aluno não reúne requisitos básicos exigidos
num determinado ciclo, este pode ser retido desde que o professor, em coordenação com
a direcção da escola e o encarregado de educação tenham o mesmo consenso, mas na
prática este princípio não se verifica, sendo que são progredidos alunos incompetentes.
Para além dos aspectos acima descritos as horas de contacto entre o aluno e o professor
não é suficiente, o que de certa forma dificulta o alcance dos objectivos. O professor
não dispõe de tempo suficiente para acompanhar a evolução das crianças, não tem como
conhecer as particularidades individuais de cada uma aliada com a questão da
superlotação das turmas.
O aluno usando a língua vernácula, pode e expressa-se melhor do que quando se trata de
língua portuguesa, que é a considerada L2. Em contrapartida, os professores colocados
Mais uma vez temos uma prova de falta de coerência dentro do sistema, entre os
elementos que compõem o sistema, etc.
Os alunos do ensino Secundário Geral podem passar para cursos de Educação Técnica e
Profissional, sendo o requisito académico de ingresso a 10ª classe.
Formação de professores
O modelo adoptado de formação de professores para o ensino primário é o de 12ª classe
+ 3 anos de formação;
22.2.Horas de instrução
A questão do absentismo dos professores, combinada com a prevalência de turnos
duplos ou até triplos nas escolas de Moçambique, levanta preocupações sobre o tempo
real de instrução, especialmente em turmas grandes nas grandes cidades.
Um estudo da USAID sobre a eficácia escolar concluiu que, devido ao absentismo dos
professores, tempo de instrução limitado e outros factores que afectavam negativamente
a qualidade da educação, as escolas moçambicanas estavam limitadas a 30 dias de
tempo de instrução real, em média, por ano lectivo de 193 dias em 2010. Isso implica
que nem todas as disciplinas podem ser ensinadas para a plena realização dos objectivos
educacionais, afectando assim o desempenho dos alunos e o desempenho da
aprendizagem. O novo requisito, de acordo com o currículo nacional revisto, de
aumentar o tempo de instrução de três para quatro horas da 1ª a 4ª classe continua sendo
um desafio devido ao espaço limitado em salas de aula.
Desde 2000, o sector distribui livros escolares gratuitos no EP. No primeiro ciclo do EP,
dois livros por aluno (Português e Matemática) são distribuídos por ano, e no 2º e 3º
ciclo, os livros são distribuídos, grosso modo, na proporção de um livro por disciplina
em cada 3 anos.
Nesse nível, a estratégia tem sido fornecer livros para bibliotecas escolares. O
Ministério também distribuiu outros materiais de ensino como equipamento informático
e didáctico para as escolas, em parceria com o sector privado.
Em 2004, o sector introduziu financiamento para escolas primárias, que não tinham
anteriormente nenhum tipo de apoio financeiro. A alocação do apoio à escola primária
(ADE) é um dos incentivos para que eles apliquem os fundos para medidas que
melhorem a qualidade da educação. O fundo destina-se principalmente a essas escolas
numa base per-capita, e também começou a financiar escolas secundárias e técnicas a
partir de 2008.
Isso implica que profundas mudanças devem ser feitas nos programas da educação,
desde os professores, sua formação, materiais didácticos, manuais, cadernos e outros à
sala de aula, processos de trabalho na escola e na sala de aula, administração e controlo
dos recursos públicos, incluindo maior envolvimento da sociedade e das comunidades
nos processos escolares, entre outros.
Entre outras dificuldades urgentes que a educação enfrenta podemos citar algumas mais
urgentes, que são: a questão de qualidade de ensino primário e a questão da expansão do
ensino pós-primário.
Entre muitas razões, que levaram à baixa qualidade do ensino em Moçambique, além
das dificuldades existentes na educação, o que é assinalado pelos altos níveis de pobreza
e de desnutrição das crianças, alguns problemas relacionados à educação foram
destacados, tais como: