Fundamentos Da Dança

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SOBRE O AUTOR

Olá, alunos. Me chamo Ana Paula Franciosi e fui a profissional


responsável pela organização deste material didático referente à disciplina de
Fundamentos da Dança.
Gostaria de iniciar minha apresentação, salientando que grande parte da
minha vida foi direcionada para as práticas corporais de dança e de ginástica, e
foram estes fenômenos que me fizeram me inserir no campo de estudo da
Educação Física.
A minha formação inicial no curso de Licenciatura em Educação Física foi
realizada entre os anos de 2014 e 2017 na Universidade Estadual de Londrina.
No dia da colação de grau fui eleita melhor aluna do curso, recebendo então o
título de Láurea Acadêmica. Em seguida, no ano de 2018 iniciei a
especialização de “Docência no Ensino Superior” na mesma instituição, a qual
realizei a conclusão no ano de 2019.
Em julho do ano de 2018 fui aprovada no curso de Mestrado no Programa
de Pós-Graduação Associado em Educação da Universidade Estadual de
Maringá e Universidade Estadual de Londrina, a qual fui orientada pelo
professor Dr. Jorge Both e obtive o título de mestre no ano de 2020, na linha de
“Trabalho e Formação em Educação Fìsica”.

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No mês de agosto de 2019 iniciei mais um curso de graduação, a
segunda licenciatura em Pedagogia, a qual conclui ao final do ano de 2020 no
Centro Universitário de Maringá. Atualmente estou finalizando mais uma
especialização: “Docência no Ensino Superior: Tecnologias Educacionais e
Inovação” e também estou inscrita para o processo seletivo do curso de
Doutorado no mesmo programa de pós-graduação o qual cursei o Mestrado.
Para finalizar, espero que eu possa contribuir para a formação inicial de
vocês, bem como para o processo de ensino e aprendizagem em que vocês se
encontram.

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CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Olá, aluno(a)! Seja bem-vindo(a) ao livro de Fundamentos de Dança. A


proposta desse material consiste em apresentar o suporte inicial e básico para
desenvolvimento de práticas pedagógicas que envolvem atividades rítmicas e
de dança. Deste modo, existem inúmeros conteúdos que podem se inserir
nesta temática e, por isto, foram selecionados os que são considerados
essenciais para que você possa compreender a fundamentação necessária
para atuação profissional.
Como o objetivo do livro é organizar os conteúdos de forma gradual, o
mesmo é dividido em quatro unidades. Na Unidade 1, trataremos acerca dos
aspectos históricos que possibilitaram o desenvolvimento da dança pelas
diferentes sociedades vigentes no mundo e também no decorrer dos anos.
Será possível os aspectos histórico-culturais que orientam a constituição da
dança e do ritmo no cotidiano, na expressão artística, na experiência estética e
nas diferentes formas de manifestação da cultura, bem como os aspectos
conceituais acerca do entendimento de dança e ritmo na contemporaneidade:
relações entre corpo, gesto e música.

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UNIDADE I
FUNDAMENTOS HISTÓRICO-CULTURAIS DA DANÇA E DO RITMO EM
SUA RELAÇÃO COM A EDUCAÇÃO FÍSICA

Profª. Ma. Ana Paula Franciosi

Objetivos de Aprendizagem
Verificar a dança como um registro histórico na Pré-história.
Refletir sobre a dança no período da Antiguidade.
Investigar como as alterações das sociedades presentes na Idade Média e no
Renascimento influenciaram a prática da dança.
Analisar como as perspectivas modernas e contemporâneas se manifestam na
dança nos dias atuais.

Plano de Estudo
Nesta unidade, serão abordados os seguintes tópicos:
Dança: quando tudo começou
A dança na Antiguidade ocidental
A dança na Idade Média e no Renascimento
O mundo moderno expresso na arte de dançar: Dança Moderna e
Contemporânea

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CONVERSA INICIAL

Para iniciar o material didático, precisamos compreender os aspectos


históricos e culturais da dança, pois a mesma acompanha os sujeitos desde os
primórdios da sua existência. Neste sentido, ao considerar a história do
fenômeno da dança, é possível relacionar com a própria história da
humanidade. Assim, serão apresentadas algumas explicações teóricas as
quais expressam as diferentes formas de pensamentos quanto as
organizações sociais, os indivíduos e o mundo.
Faz-se necessário então, compreender que o início da dança se dá na
pré-história e que neste período a grande característica das sociedades
denotam que as necessidades materiais são avaliadas em segundo plano, pois
as necessidades humanas são consideradas essenciais para sobrevivência
dos sujeitos.
O caráter ritualístico é então associado à dança, afinal, a mesma
desempenhava um papel de constituinte da estrutura daqueles indivíduos e é
por isso que se considera o cunho sagrado da dança primitiva, o qual perdura
até a Idade Média, pois neste momento toda e qualquer movimentação ou
manifestação corporal eram consideradas como pecados e eram relacionadas
as práticas “sujas” e/ou à luxúria. O período renascentista salienta as
mudanças dos interesses dos seres humanos, o que possibilita a criação de
novas modalidades, tais como a contemporânea e a moderna.
Para finalizar, é necessário perceber que assim como outras práticas e
fenômenos culturais, a dança sofre influência da sociedade vigente em que
está inserida, e se constrói e reconstrói a cada momento, buscando assim,
novos significados e utilidades para determinação de sua existência.

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MÓDULO 1

Caro(a) aluno(a). Iniciaremos compreendendo acerca dos principais


aspectos históricos que marcaram a história da dança no decorrer dos períodos
históricos. As danças são construções culturais provindas das relações
humanas e apresentam inúmeras informações sobre as sociedades e os
sujeitos. Será considerada a divisão cronológica da história humana: Pré-
história (até 4.000 a. C.); Antiguidade (até 476 d. C.); Idade Média (1500);
Modernidade (até 1789); Contemporaneidade (dias atuais).
Na Pré-história, os sujeitos dependiam exclusivamente da utilização do
corpo para a sobrevivência (caçar, pescar, se esconder, proteger-se) e a dança
funcionava como manutenção da vida espiritual e conduzia também a
organização da vida em sociedade e por meio das pinturas rupestres,
realizadas nas cavernas, foi possível observar este fenômeno, uma vez que:

Há quem distinga nas figuras gravadas nas cavernas de


Lascaux, pelo homem pré-histórico, figuras dançando. E como
o homem da Idade da Pedra só gravava nas paredes de suas
cavernas aquilo que lhe era importante, como a caça, a
alimentação, a vida e a morte, é possível que essas figuras
dançantes fizessem parte de rituais de cunho religioso, básicos
para a sociedade de então, a cujos costumes esse tipo de
manifestação já estaria incorporado (FARO, 2011, p. 13).

Neste sentido, considera-se que a dança acompanha o ser humano


desde sua origem e esteve relacionada à necessidade de comunicação entre
os homens e também com a divindade, por conta do seu caráter expressivo e
assim, os sujeitos poderiam agradecer pelos bons momentos, solicitar
melhores condições ou encaminhar os mortos.
A dança nesta época também estava relacionada ao poder que suas
práticas poderiam desempenhar. Fischer (1987) demonstra que todas as
manifestações artísticas foram relevantes na pré-história para de fato, contribuir
para organização da vida coletiva em sociedade. Com o passar dos anos, a
dança passou a ser realizada não apenas para agradecimento ou solicitações
divinas, mas também como rituais que retratavam aspectos cotidianos, tais
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como a preparação para caça e gritos de guerra, pois estes sujeitos
acreditavam que eram ajudados pelas forças mágicas, provindas destas
manifestações, para estabelecer o poder sobre a natureza.
Nesta perspectiva, o aspecto físico das danças auxiliava na
potencialização do condicionamento físico, o qual era solicitado nas atividades
de guerra e de caça. Assim, movimentos de saltos e corridas realizados de
maneira repetitiva, desenvolviam as qualidades e aptidões físicas e para
Oliveira (1994, p.7) a dança é considerada uma das manifestações corporais
mais importantes deste período:

Uma das atividades físicas mais significativas para o


homem antigo foi a dança. Utilizada como forma de exibir
suas qualidades físicas e de expressar os seus
sentimentos, era praticada por todos os povos, desde o
paleolítico superior (60 000 a. C.). (...) Além disso, os
primeiros povos perceberam que o exercício corporal,
produzindo uma excitação interior, podia levá-los a
estados alterados de consciência. Acompanhadas por
ruídos que tinham por fim exorcizar os maus espíritos,
estas danças duravam horas ou mesmo dias, levando os
seus praticantes a acreditar estarem entrando em
contato com o poder dos deuses.

Deste modo, ao compreender o desenvolvimento da dança sempre


relacionado aos aspectos religiosos, se faz necessário compreender as três
principais características da dança na pré-história. Se destacam três temáticas
segundo Caminada (1999):

● fecundidade e fertilidade: associadas à ideia de “mãe terra” e da


representação feminina, se desenvolveram nas sociedades agrícolas.
● fúnebres: relacionadas à busca por estabelecimento de elo entre o
mundo dos mortos e o mundo dos vivos, pois visava solicitar proteção à
alma dos falecidos.
● danças de iniciação: realizadas em cerimônias de casamento, menarca
ou circuncisão, e apresentam como objetivo o caráter ritualístico, em que
há mudança para uma nova forma de viver e assim, consideravam o
nascer e o pôr do sol como referência.

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Indicação De Recurso Didático

Falando de Artes. Pré-história: surgimento da dança, música e teatro, 2020.


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=V7bHUYKIoJk. Acesso em:
11 out. 2021.
Justificativa: Além de explicações sobre a dança na pré-história também
apresenta ligações com a música e o teatro.

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MÓDULO 2

Quando consideramos a antiguidade ocidental, o povo grego merece


atenção especial, principalmente por conta dos costumes e valores provindos
desta sociedade, tais como a filosofia, a arte e os esportes (Jogos Olímpicos).
A mitologia grega apresentava as explicações que os sujeitos não
poderiam explicar ou o que era considerado desconhecido. A dança apresenta
relação mais estreita com o então deus Dionísio, o qual buscava conquistas em
vários lugares e era acompanhado por um grupo de demônios masculinos e
femininos, que realizavam rituais em sua homenagem. Rituais estes que
envolvem movimentações corporais e expressivas, isto é, a dança (GRIMAL,
2010).
A partir destes rituais e festividades destinadas às entidades sagradas
surgiram os “espetáculos”. Esses ficaram conhecidos pelo caráter educativo,
que ia desde a compreensão intelectual quanto para a perspectiva física, afinal,
as grandes riquezas e premiações eram provindas das guerras, as quais
exigiam corpos fortes, ágeis, saudáveis, que poderiam ser obtidos por meio da
prática da dança. É neste sentido que se faz relevante considerar as danças
guerreiras, as quais “faziam parte dos treinamentos militares. De difícil
execução, tinham movimentos muito atléticos. Sabemos que os dançarinos
usavam, em algumas dessas danças, saltos muito altos e máscaras”
(RENGEL; LANGENDONCK, 2006, p.13).
Faz-se necessário então compreender que existia conexão entre a
educação grega e a dança, e isto é consequência da filosofia, pois “[...] a dança
formava um cidadão completo e nunca era tarde para se aprender a dançar”
conforme afirma Rengel e Langendonck (2006, p.12), ao citar o filósofo
Sócrates.
Quando ocorre transposição da Grécia para Roma como principal centro
do mundo antigo, a dança perde o seu papel social. Essa perda pode ser
explicada devido ao fato dos romanos serem caracterizados pela
intelectualidade e pela racionalidade, não abrindo espaço para o
desenvolvimento da imaginação e da subjetividade. Os grandes espetáculos
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romanos eram as lutas de gladiadores, o que expressava o espírito
conquistador e que tornava a morte como símbolo desses espetáculos.
(CAMINADA, 1999).
Em tese, é nesta perspectiva que a dança encerra o seu período de
evidência, em que era compreendida como elemento primordial e constitutivo
do indivíduo e da sociedade. Por meio da inserção do período medieval, toda e
qualquer expressão corporal passa a ser condenada e ocorre então a busca
pela eliminação da dança das práticas humanas, mediante a argumentação de
que ela associava as pessoas ao pecado.

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Indicação De Recurso Didático

Dança de Salão - Robson Porto. História da dança na antiguidade, 2020.


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=ds7msGNR1_Y Acesso em:
11 out. 2021.
Justificativa: vídeo explicativo sobre a história da dança na antiguidade.
MOURINHO, Antonio María. A Dança na Antiguidade e na Idade Media.
Revista de Dialectología y Tradiciones Populares, v. 32, n. 1, p. 373, 1976.
Justificativa: Obra que apresenta diferenças entre os períodos da antiguidade e
da idade média quanto à dança.

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MÓDULO 3

No período da Idade Média acreditava-se que a plena e integral felicidade


de um indivíduo se daria pela aproximação com Deus, entretanto, este fato só
poderia ser alcançado após a morte. Portanto, era necessário levar uma vida
pura, não associada ao pecado, em busca da aproximação divina, que poderia
vir no pós-vida. O corpo então era compreendido como objeto perverso, por ser
transmissão das heresias, tais como a preguiça, a gula, a luxúria e os pecados
corpóreos e passa a ser condenado.
É neste cenário que a condenação da dança e proibição de suas práticas
ocasionam um período de pouco desenvolvimento, uma vez que

na Idade Média, a dança atravessará um período


marcante, onde as características espontâneas das
danças pagãs serão fortemente combatidas pelos
cânones eclesiásticos, por haverem tido seu cordão
umbilical ligado aos ritos e cerimônias arcaicos, que
deixaram arraigados fortes costumes da tradição pagã
(BERTONI, 1992, p. 48).

A igreja católica proibiu toda e qualquer manifestação corporal, entretanto,


aos poucos, com o passar dos anos, a dança foi sendo inserida (com caráter
litúrgico) nas festas comemorativas dos santos ou em procissões das igrejas.
Seu reaparecimento foi tornando-se distração dos sujeitos e foi introduzida nas
festas da classe nobre e nos castelos por volta do século XII (RENGEL;
LANGENDONCK, 2006). Para a igreja, as danças só eram aceitas se
apresentassem caráter religioso (dança sacra), caso contrário, eram execradas
(danças profanas).
Ponderando este período, é necessário que façamos relação à pior
catástrofe que ocorreu durante a Idade Média: a peste negra. Essa dizimou
cerca de 30% da população europeia e o contexto de medo, incerteza e
angústia que pairava sobre a sociedade medieval reflete na criação da Dança
Macabra, a qual

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é o ponto central de todo um grupo de concepções
associadas. A prioridade pertence ao motivo de três
mortos e três vivos que se encontra na literatura francesa
do século XIII em diante. Três jovens nobres encontram
subitamente três mortos que os horrorizam, lhes falam
das passadas grandezas e os avisam de que o seu fim
está próximo. A arte não tardou a tomar conta deste
sugestivo tema (HUIZINGA, 1924, p.108-109)

As imagens que retratam a Dança Macabra apresentam alguns sujeitos


mortos e outros vivos, de mãos dadas, e buscavam expressar que a vida é
uma verdadeira dança e que essa tem o mesmo fim para todos (a morte).
Nesta época, funcionava como danças populares e acessíveis a todas as
camadas sociais.
Entretanto, com o passar do tempo, as danças se inseriram na realeza e
nos bailes nobres, sendo compreendidas então como danças da corte. Essas
danças sucumbiram às modalidades que antes eram populares e
caracterizadas pelo movimento espontâneo para expressar-se por meio de
sequências coreográficas, que deveriam ser ensinados e ensaiadas por um
professor, o mestre-de-baile. Essa transformação inseriu na dança o aspecto
de requinte (GIFFONI, 1974).
Essa vertente da dança nobre hoje se manifesta através do Balé Clássico,
o qual foi criado na corte francesa, através de bailarinos italianos utilizados
para divertir os aristocratas. Esta é considerada a primeira companhia de
dança e ficou conhecida como Balé Cômico da Rainha (RENGEL;
LANGENDONCK, 2006).
Deste modo, o desenvolvimento da dança apresentava como objetivo a
valorização das diferenças entre as classes sociais, bem como retratar
aspirações políticas. Um exemplo desse fato é o caso Luís XIV, que em seu
reinado, impunha o seu gosto pessoal, e ocasionou um padrão de
comportamento social, o qual se tornou orientação para conduta comunitária
em toda a Europa.

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GIMENEZ, José Carlos. Danças Macabras: Uma crítica social na Baixa Idade
Média. Revista Brasileira de História das Religiões, v. 4, n. 11, 2015.
Justificativa: compreender melhor acerca da dança macabra
Dança de Salão - Robson Porto. História da dança Idade Média, 2020.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=FlYLtz9OUd4 Acesso em:
11 out. 2021.
Justificativa: vídeo explicativo sobre demais aspectos da história da dança na
idade média.

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MÓDULO 4

A dança no mundo moderno é sinalizada por Isadora Duncan, que não


aceitava a inflexibilidade imposta da dança acadêmica e, propôs uma vertente
de “dança livre”, pois como conseguia seguir nenhuma escola ou técnica,
denominou assim, seu estilo próprio. Para Boucier (2001, p. 248),

a técnica lhe parece sem interesse: fazer gestos


naturais, andar, correr, saltar, mover seus braços
naturalmente belos, reencontrar o ritmo dos movimentos
inatos do homem, perdidos há anos, “escutar as
pulsações da terra”, “obedecer à ‘lei de gravitação’, feita
de atrações e repulsas, de atrações e resistências”,
consequentemente, encontra uma “ligação” lógica, onde
o movimento não para, mas se transforma em outro,
respirar naturalmente, eis seu método. Quanto aos
temas de suas danças, inspiram-se na contemplação da
natureza; será “onda, nuvem, vento, árvore”.

O método de Duncan foi pioneiro no que diz respeito à não utilização de


sapatilhas e apertados figurinos, pois visava que os indivíduos praticassem a
dança livre descalços e com túnicas que lembravam as roupas gregas. Para
Isadora, o movimento era subjetivo, interno e individual, que deveria ser livre e
não amarrado às esferas culturais impostas.
Bailarina dos pés descalços, como era conhecida, instituiu as
fundamentações para a organização de um novo conceito, isto é, a Dança
Moderna, que não apresentava semelhanças e se afastava da rigidez dos
balés provindos na nobreza. A dança moderna então direcionou o surgimento
do balé moderno, que é considerado o movimento de renovação da vertente
clássica.
Neste sentido, na direção de Rengel e Langendonck (2006)
compreendemos que a dança moderna visa oferecer práticas com movimentos
que se utilizam com mais frequência da flexibilidade de tronco, bem como a
utilização dos movimentos no solo, isto é, ajoelhados, deitados ou sentados.
Deste modo, observa-se um contraste, pois no balé clássico, os praticantes

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visam distanciar-se do chão, principalmente pela utilização das sapatilhas de
ponta.
Para Faro (2011, p. 142) a dança moderna é compreendida como
primitiva, porque busca retornar as essenciais da dança, tais quais as
apresentadas no período pré-histórico, afinal,

A dança moderna é primitiva no sentido de que voltou


aos essenciais, ou seja, ao início da dança, liberada de
artifícios como sapatos de ponta, tutus ou temas
fantásticos. Ela procura ser não uma criação artificial
fertilizada pela fusão de ideias literárias com as
convenções vigentes na dança acadêmica, mas um meio
através do qual o artista possa expressar seus anseios
mais de acordo com a vida do homem atual, seja numa
forma específica ou de maneira comparativa.

Neste cenário, a dança moderna concretizou-se pela individualidade dos


bailarinos e a busca por expressão corporal ficou sujeita à organizações
subjetivas e hoje, tudo o que se cria em nosso tempo atual é denominado de
dança contemporânea. Todos os aspectos relacionados à dança
contemporânea se referem a métodos inacabados, visto que as experiências
são resultados provisórios.

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Sylvia Gold1. Isadora Duncan Dancers, 2010. - Disponível em:


https://www.youtube.com/watch?v=Kq2GgIMM060 Acesso em: 11 out. 2021.
Justificativa: Vídeo que demonstra a bailarina Isadora Duncan dançando.
FORTIN, Sylvie; LONG, Warwick. Percebendo diferenças no ensino e na
aprendizagem de técnicas de dança contemporânea. Movimento, v. 11, n. 2,
p. 9-29, 2005.
Justificativa: Se faz relevante uma leitura complementar acerca do ensino da
dança contemporânea.

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CONCLUSÃO

Prezado(a), aluno(a).
Nesta unidade foi possível perceber que a dança traduz a essência de
como a humanidade foi se construindo, bem como as modificações foram
ocorrendo. Qualquer prática/fenômeno cultural se altera à medida em que os
seres humanos mudam e assim, ela assume novas características. Isto posto
nos faz refletir inferir que a dança exerce inúmeros papéis sociais.
Os homens pré-históricos compreendiam e vivenciavam a dança como
ponto principal de suas vidas, pois nela estavam contidos os seus conceitos de
mundo e de sociedade. Os questionamentos que surgem conforme o
desenvolvimento dos conhecimentos dos seres humanos levam à criação de
sistemas racionais de pensamento, no período antigo.
Quando adentramos na Idade Média, mesmo quando a dança quase foi
eliminada da sociedade, a mesma continua representando o choque humano
na procura por sua própria compreensão. Foi necessário lutar contra o corpo e
a carne para buscar aproximação do divino.
Compreender os aspectos históricos provenientes da dança nos permite
contemplar o tempo presente e arguir sobre quem nós somos. Por fim, agora
que reconhecemos um pouco de como as diversas sociedades dançaram em
outros momentos, convidamos você a refletir sobre como estamos dançando
hoje e pensarmos o que essas danças revelam sobre nós.

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REFERÊNCIAS

BERTONI, I. G. A dança e sua evolução; o ballet e seu contexto teórico;


programação didática. São Paulo: Tanz do Brasil, 1992.

BOURCIER, P. História da Dança. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

CAMINADA, E. História da dança: evolução cultural. Rio de Janeiro: Sprint,


1999.

FARO, A. J. Pequena História da Dança. Rio de Janeiro: Zahar, 2011.

FISCHER, E. A necessidade da arte. Rio de Janeiro: LTC, 1987.

GIFFONI, M. A. C. Danças da corte: Gavota, Minueto e Pavana. In: BRASIL.


Ministério da Educação e Cultura. Departamento de Educação Física e
Desportos. Danças da corte: danças dos salões brasileiros de ontem e de
hoje. São Paulo: Abril Cultural, 1974. p. 4-16.

GRIMAL, P. Mitologia grega. Porto Alegre: L&PM, 2010.

HUIZINGA, J. O declínio da Idade Média. Lisboa: Ulisseia, 1924.

OLIVEIRA, V. M. O que é educação física. São Paulo: Brasiliense, 1994.

RENGEL, L.; LANGENDONCK, R. V. Pequena viagem pelo mundo da


dança. São Paulo: Moderna, 2006.

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