Entrevista Psicopatológica
Entrevista Psicopatológica
Entrevista Psicopatológica
Entrevista Psiquiátrica
O interrogatório caiu em desuso. Decerto que as entrevistas que realizamos atualmente
não se prestam mais a confrontar nem a persuadir o louco a se adequar à nossa realidade,
mas foi dele que tiramos a base que hoje praticamos. Uma boa avaliação implica
apreender o funcionamento do psíquico do paciente, no que diz respeito tanto às suas
características afetivas e de personalidade quanto à dinâmica de seus sintomas, de forma
a permitir a formulação do diagnóstico, do prognóstico (desenvolvimento futuro), assim
como de um plano de tratamento. Essa avaliação possui dois aspectos: longitudinal e
transversal.O aspecto longitudinal é composto pela história de vida, e o transversal
visa apreender o estado mental do paciente. o psíquico é inapreensível diretamente,
sendo necessário captá-lo não apenas através da conversação, mas também da
observação da conduta do paciente.
Uma boa entrevista é que se deve “dizer o menos possível, deixando que o paciente fale.
Enquanto se conversa, dá-se atenção à conduta e aos gestos do paciente: às muitas
manifestações expressivas, ao tom de voz, a um sorriso, a um olhar, a tudo quanto,
inconscientemente, vem a formar nossa impressão” (JASPERS, 1987, p. 980).
É um desafio ao entrevistador, ao mesmo tempo que permite aos pacientes que contem
suas histórias em suas próprias palavras, na ordem que consideram mais importante,
conseguir reconhecer e extrair de seu discurso os pontos de fato indispensáveis para a
avaliação do paciente, o que implica saber quando e como introduzir questões relevantes.
DSM-> manual das doenças mentais
A entrevista vai dar foco a diferentes pontos dependendo da abordagem escolhida pelo
profissional, mas existem alguns pontos em comum, como o reconhecimento desta como
um excelente instrumento de diagnóstico, como um momento único para a aliança
terapeutica e tambem uma estrutura basica que orienta o entrevistador. Estrutura :
identificação queixa principal/motivo - nem sempre é facil de obter história da doença atual
doenças passadas - físicas que pode ter tido
história pessoal - questões físicas e emocionais
história familiar e social
No que diz respeito à perspectiva transversal, trata-se do exame, do estado do
funcionamento psíquico no momento da entrevista. Portanto, a perspectiva transversal,
ao contrário da perspectiva longitudinal, vai operar não com os dados relatados pelo
paciente, mas com aquilo que pode ser capturado, apreendido pela observação, pela
sintonia do paciente com o observador.
Habitualmente, deve constar como se encontram as seguintes funções:
Aparência, impressão física geral (apresentação, postura, autocuidado); atitude para com o
examinador. Consciência (nível e campo), atenção, orientação, memória e inteligência.
Humor e afeto, comportamento, vontade, psicomotricidade, sensopercepção. Consciência
do eu; linguagem, pensamento (curso e forma), juízo de realidade; crítica.
A entrevista com a família é importante em vários aspectos, tanto para adquirir mais
informações, quanto para comparar com o relato do paciente. Também pode ser importante
para uma intervenção com a família, como estão lidando com a doença, orientação, etc. -
Como divergências na entrevista, temos aquilo que é interessante focar na fala do
paciente, dados subjetivos x objetivos. Jasperianos = entrar no intramundo
psicótico,conduzir o paciente a auto observação, relatar vivências. perspectivas mais
descritivas = valorizava-se o “conhecimento exato dos fatos”, a descrição objetiva dos
comportamentos.
Porem isso se perde na psiquiatria atual, visto que temos uma psiquiatria de caráter
universalizante, cuja lógica se encontra representada nos manuais de classificação dos
DSMs e do CID 10, orientada para a supressão dos sintomas, que já não se interessa pela
história de vida do paciente
Subversão Psicanalítica
Os fenômenos, tais como os delírios e as alucinações, eram considerados por Clérambault
como sendo as manifestações psíquicas secundárias a esse processo de origem orgânica.
Clérambault acreditava que era preciso mostrar-se incapaz de compreender
completamente o paciente e, usando técnicas de manipulação, procurava emocionar o
paciente, pois comovendo-o era possível ativar sua emoção de forma que esta escapasse
às tentativas do enfermo de se ocultar, acabando por revelar, ainda que por sinais
discretos, o ponto inconfessável.Lacan perpetuou o seu interesse agudo e penetrante, que
buscava, para além dos fenômenos, a posição do doente.
Podemos dizer que, assim como seu mestre, a intenção de Lacan era buscar, para além
dos fenômenos psicóticos, o “nó central do caso”. Lacan vai se interessar, então, pela
dimensão inconsciente, deslocando assim o interesse do enunciado para a enunciação
p82.