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CENTRO UNIVERSITÁRIO NOBRE DE FEIRA DE SANTANA

CURSO DE GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA

RAQUEL MEDEIROS ALBUQUERQUE

TCC -

Feira de Santana
2022
TEMA
Crescimento do número de diagnósticos indiscriminados de transtornos mentais - as
implicações na vida dos indivíduos

PROBLEMA
Quais as implicações do diagnóstico indiscriminado de transtornos mentais na vida dos
indivíduos e como o processo de medicalização da vida pode influenciar no aumento
dos diagnósticos.

OBJETIVOS GERAIS

Analisar na literatura os impactos do diagnóstico indiscriminado de transtornos mentais


buscando também a compreensão do aumento desse fenômeno.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Conceituar os termos diagnóstico e transtornos mentais
Criticar o uso indiscriminado de diagnósticos de transtornos psicológicos
Investigar os fatores relacionado a grande ocorrência de diagnóstico de transtornos mentais

JUSTIFICATIVA
Em função do aumento do número de diagnósticos de transtornos mentais que
ocasionou a inquietação para a investigação das origens desse fenômeno. É bem verdade
que as pessoas estão adoecidas, isso nos leva a reflexão se houve um aumento por conta
da grande procura ou se está relacionado a algo maior como a banalização por parte dos
profissionais de saúde na falta do cuidado ao dar um diagnóstico. Isso reforça a discussão
de que a banalização na aplicação de diagnósticos faz com que se crie um ideal
imaginativo de que todo sofrimento psíquico que é de ordem natural (como tristeza,
angústia, ansiedade) venha a ser erradicado um dia. Os impactos pessoais e sociais que
se dão a partir de um diagnóstico de TM é o que torna necessário a abordagem desse tema,
pois os indivíduos se encontram em estado de sofrimento onde uns encontram alívio ao
saber do seu diagnóstico e outros angústias por terem sidos taxados com um transtorno que
nem sempre é de fato o que se passa em seu estado atual. Este estudo trará relevantes
reflexões acerca do tema especificamente ao trazer ao leitor as implicações dos
diagnósticos e quando isso acontece de forma indiscriminada. O presente
levantamento poderá servir como uma forma de ajudar os indivíduos a entenderem o
processo de adoecimento e a busca pelo diagnóstico correto quando preciso.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

É possível observar com o passar dos anos o aumento considerável de diagnósticos


de transtornos mentais, dentre os mais evidentes temos a Depressão, TAG- Transtorno de
ansiedade generalizada, TOC- transtorno obsessivo compulsivo,Transtorno Bipolar, entre
outros. O que nos leva a alguns questionamentos, de como chegamos a um número
consideravelmente crescente de diagnósticos de transtornos mentais e como isso afeta a
vida dos indivíduos que são diagnosticados. É bem verdade que, à medida que os tempos
vão passando é crescente a busca por serviços de saúde mental, cada vez mais os
indivíduos vão em busca de respostas para algumas angústias e isso acaba desaguando em
um diagnóstico. A seguir se fará um apanhado a respeito dos conceitos apresentados pelo
tema geral deste projeto de pesquisa.

1.1 O que é o diagnóstico psicológico?

Para que possamos compreender o diagnóstico psicológico é preciso diferenciá-lo de


psicodiagnóstico. Segundo Arenzo (1995) esse processo é caracterizado por ser algo
limitado no tempo e que se tem a necessidade de utilização de testes e técnicas, podendo
ser individual ou não, sendo usado para avaliar questões específicas no indivíduo. Já o
diagnóstico por sua vez traz em seu significado algumas pluralidades.Podemos encontrar
recursos para defini-lo em diversas literaturas, mas em seu sentido epistemológico é uma
palavra de origem grega (diagnôstikós) que tem por significado discernimento, distinção, é
usada para o processo do conhecer, de ver através de algo. Segundo Cunha (1996) tem
origem na palavra diagnose que remete a ação de reconhecer, distinguir, discernir. Com
isso ele propõe uma forma mais segura no processo de diagnóstico, que visa investigar os
parâmetros possíveis a fim de dar um parecer com mais exatidão a respeito da condição
humana de sofrimento e adoecimento.
Segundo Arenzo (1995) é através desta funcionalidade de conhecer através de algo
que se torna necessário o cuidado ao se lidar com o diagnóstico. Através, seguramente, de
um conjunto de procedimentos que vão do conhecimento teórico a técnicos e através de
métodos que é possível traçar um caminho até o diagnóstico. Dentro da psicologia é
comumente utilizado pois é através dele que podemos realizar inferência, ou até aliviar certo
sofrimento e angústia de indivíduos que buscam explicações a respeito de sua maneira de
existir. Quando esse processo é feito de maneira indiscriminada é que está o perigo, pois o
aumento crescente no número de diagnósticos faz com que haja preocupação quanto a isso.
Jaspers (1959) ao falar sobre alguns conceitos fundamentais em seu livro ele atribui
a psicologia o dever de trazer a tona aquilo que não é notado, ele nos diz que a psicologia
como papel fundamental é a identificação de comportamentos ditos anormais que sirvam
como parâmetros para diagnósticos. ou seja ela vai usar de alguns artifícios de identificar
nos comportamento, na fala no depoimento se existe alguns traços que colabora para um
diagnóstico. Ele traz também uma diferenciação entre o que a psicologia vai estudar e o que
entra no parâmetro de psicopatologia, que já é o estudo do adoecimento dos seres
humanos.

1.2 O que são transtornos psicológicos

Durante o processo de conhecimento, à medida que os diagnósticos levam a algum


tipo de declaração a respeito do indivíduo é preciso esclarecer o que seria esse transtorno
psicológico que alguns acabam por tomar como seu estado mental. O transtorno psicológico
deve ser conceituado com o cuidado de levar em consideração os aspectos culturais e
sociais. Sendo ainda objeto de grande discussão entre o meio acadêmico traremos algumas
definições.
Segundo Gerrig e Zimbardo (2005) o conceito de transtorno psicológico pode ser
definido como uma alteração no funcionamento dos processos cognitivos, seja ele de ordem
emocional comportamental ou de pensamento. O que desencadeia perturbações pessoais
que podem interferir nas capacidades intelectuais e laborais de um indivíduo
Para Feuller (et al., 2000) transtornos mentais são aqueles que afetam as
habilidades cognitivas, sociais e emocionais dos indivíduos, o que acaba atraindo doenças
de cunho psicológico como os transtornos mentais.
Já a visão do DSM-5 resumidamente define transtornos mentais como perturbações
no comportamento. E traz uma crítica a respeito dos comportamentos que fogem de um
padrão seja ele político, religioso, ou sexual, não sejam encaixados como transtornos
mentais.
Um transtorno mental é uma síndrome caracterizada por perturbação clinicamente significativa na
cognição, na regulação emocional ou no comportamento de um indivíduo que reflete uma disfunção nos
processos psicológicos, biológicos ou de desenvolvimento subjacentes ao funcionamento mental. Transtornos
mentais estão frequentemente associados a sofrimento ou incapacidade significativos que afetam atividades
sociais, profissionais ou outras atividades importantes. Uma resposta esperada ou aprovada culturalmente a um
estressor ou perda comum, como a morte de um ente querido, não constitui transtorno mental. Desvios sociais
de comportamento (p. ex., de natureza política, religiosa ou sexual) e conflitos que são basicamente referentes
ao indivíduo e à sociedade não são transtornos mentais a menos que o desvio ou conflito seja o resultado de
uma disfunção no indivíduo, conforme descrito P. 96
FAZER UM COMENTÁRIO SOBRE A DESCRIÇÃO DE TRANSTORNO MENTAIS
NO DSM

1.3 Normalidade versus anormalidade


A partir desses conceitos de transtornos psicológicos ou funcionamento
psicopatológico é preciso trazer alguns critérios que muitas das vezes são utilizados para
rotulação de comportamentos ditos anormais/normais. Essa área de estudo que traz luz
sobre o processo de anormalidade traz como foco principal a investigação psicopatológica
com a preocupação de entender como elas se dão e sua natureza. Antes disso, vale
salientar que essa discussão sobre normalidade/anormalidade é algo que vem sempre
sendo discutido, sendo um debate vivido que traz diversas áreas com interesse de
discussão. E que para além dessas definições precisa ter como objetivo a sensibilização que
essas definições podem implicar no modo como cada indivíduo situa sua vida em sociedade.
Dalgalarrondo (2019) em seu livro se utiliza de alguns critérios que nos ajudam a entender o
que foi estudado até certo momento do que vem a ser a normalidade revelado nos
comportamentos. Eis alguns critérios: Normalidade como ausência de doença, ou seja um
indivíduo que não é portador de nenhum diagnóstico de transtornos mentais. Temos também
a normalidade ideal, que é utilizada de forma utópica, pois varia de acordo com as
condições do indivíduo, condições estas determinadas pelo contexto cultural, ideológicos
entre outros. Já a normalidade estatística visa a uma determinada distribuição geral, mais
estatística dos conceitos de saúde, sendo considerado normal o que é comum a um grande
número de pessoas, ao extremo é considerada as pessoas que saem dessa curva de
normalidade como anormais ou doentes. São tantos outros critérios que trazem uma
reflexão a respeito do tema o que torna ainda mais complexo uma definição ferrenha do que
vem a ser considerado normal/anormal. Quando o indivíduo apresenta em algum desses
critérios um desvio , onde está a normalidade, ele pode está a mercê de um diagnóstico de
um transtorno psicológico.
Canguilhem (1982) em seu livro O normal e o patológico traz algumas reflexões
relevantes para a discussão, segundo ele de modo semântico a patologia é estabelecida a
partir de um parâmetro de normalidade. Quando existem critérios estabelecidos para
definirem a normalidade o que foge a esses critérios para a ser considerado patológico. Vale
salientar que essa normalidade acaba contribuindo para o uso indevido de diagnósticos o
que torna indispensáveis encarar esse tipo de tema de forma crítica buscando sempre a
reciclagem do uso desses termos e seus significados. O autor propõe também que existe
uma associação do normal à saúde e o anormal à patologia, a partir disso questiona os
parâmetros de saúde já que ela é utilizada como critério de inclusão ou exclusão ao quadro
de normalidade ou patologia.
Sadock & Sadock( 2007) relata em seu livro a dificuldade sobre a definição de
normalidade para esses autores o problema se encontra justamente na tipificação de
comportamentos ditos normais. Isso porque gera uma ideia de que existe um padrão de
comportamento que seja adequado e aceitável para serem encaixados na margem do
normal. A crítica levantada é que conforme se estabelece critérios de normalidade gerais
acabam descartando a ambiguidade desse termo, pois deve-se considerar a variação dentro
de diversas culturas o que estabelece dentro dessas definições juízos de valor. Esses
autores trazem também uma visão sobre as perspectivas funcionais da normalidade
descritas por Daniel Offer e Melvin Sabshin, que se coadunam com as perspectivas
apresentadas acima por Dalgalarrondo.
Já a Organização Mundial de Saúde (OMS) define a normalidade como uma
completude no estado de saúde, que engloba o estado físico, emocional e social. O que faz
com que essa definição seja ainda mais limitada que as outras é o fato de especificar que
somente é somente através da ausência de de doenças físicas e mentais é que pode ser
considerado um estado de normalidade.
Isso nos leva a pensar que quanto mais distante os parâmetros de normalidade fica
do estado atual de um indivíduo isso o coloca mais perto de uma patologia, não levando em
conta a singularidade dele. É preciso encarar esses levantamentos de forma crítica para que
não se reforce no meio científico um sistema falho de detecção e definição do estado de
saúde das pessoas. Nessa discussão ele traz uma diferenciação baseado na singularidade
do indivíduo no processo de adoecimento o que o separa do conceito de patológico e o
aproxima de algo não disfuncional. Isso nos leva a acreditar que para além de um
enquadramento do indivíduo em uma zona de saúde ou patologia, passamos a entender que
existe um lugar para ele entre a doença e a saúde.

1.4 Diagnósticos indiscriminados e medicalização da vida

a ciência evoluiu a ponto de ser tão minuciosa quanto seu caminho para um diagnóstico
como podemos citar …. COLOCAR ALGUMA REFERÊNCIA EM CAMINHO PARA UM
DIAGNÓSTICO E QUAIS SEUS PASSOS.

RAZER UMA REFLEXÃO DO DSM 1 ATÉ O DSM 5 Com isso podemos observar o
elevado número de diagnóstico, e se em o questionamento do porquê desse aumento .
REFERÊNCIA-
Dalgalarrondo, P. (2019). Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais (3rd ed.).
Grupo A. https://integrada.minhabiblioteca.com.br/books/9788582715062

https://jornal.usp.br/atualidades/banalizacao-das-doencas-mentais-dificulta-diagnostico-e-trat
amento/#:~:text=Banaliza%C3%A7%C3%A3o%20das%20doen%C3%A7as%20mentais%20
dificulta%20diagn%C3%B3stico%20e%20tratamento,-Diagnosticar%20a%20si&text=Tratar
%20como%20comum%2C%20trivial%2C%20as,que%20%E2%80%9Cest%C3%A1%20com
%20depress%C3%A3o%E2%80%9D.

https://www.psicologoeterapia.com.br/blog/aceitacao-do-transtorno-mental/

https://www.ufmg.br/90anos/a-epidemia-e-de-diagnosticos-nao-de-transtornos-mentais-diz-e
specialista-da-unicamp/ )

Medicalização, diagnóstico clínico e queixa-conduta – redes de significação em jogo


https://scielosp.org/article/icse/2019.v23/e170633/#:~:text=Faremos%20mais%20um%20ges
to%3A%20diagn%C3%B3stico,ou%20%E2%80%9Catrav%C3%A9s%20do%20conheciment
o%E2%80%9D.

A MEDICALIZAÇÃO DA VIDA ATRAVÉS DA INFLAÇÃO DIAGNÓSTICA: é possível reverter


esse quadro?
file:///C:/Users/User/Downloads/42536-Texto%20do%20Artigo-163747-1-10-20201223.pdf

FRANCES, Allen. Voltando Ao Normal: como o excesso de diagnósticos e a medicalização


da vida estão acabando com a nossa sanidade e o que pode ser feito para retomarmos o
controle. Rio de Janeiro: Versal Editores, 2016.

Controvérsias sobre o uso do DSM para diagnósticos de transtornos mentais


https://doi.org/10.1590/0103-11042018S414https://www.scielo.br/j/physis/a/4CXZ3jQsv8d7Kj
Pb5HGy5Sb/?lang=pt#
Estratégias de diagnóstico e avaliação psicológica.
<http://pepsic.bvsalud.org/pdf/ptp/v9n2/v9n2a08.pdf>

https://teses.usp.br/teses/disponiveis/22/22131/tde-29082011-144115/publico/AngelinaModa
Machado.pdf Atitudes de familiares de portadores de transtornos mentais frente aos
transtornos mentais: a influência do grupo de autoajuda

FRANCES, Allen. Voltando ao normal: como o excesso de diagnósticos e a


medicalização da vida estão acabando com a nossa sanidade e o que pode ser feito
para retomarmos o controle. Rio de Janeiro: Versal Editores, 2016.

Richard Gerrig, Robert Johnson, Robert L. Johnson A Psicologia e a Vida. 2005 Artmed 16ª
edicao

Saúde mental na infância e na adolescência


https://books.scielo.org/id/db864/pdf/lowenthal-9788582937273-06.pdf

FEULLER, J. How definition of mental health problems can influence help seeking in rural
and remote communities. The Australian Journal of Rural Health, v. 8, n. 3, p. 148-53, 2000.
Como a definição de problemas de saúde mental pode influenciar a busca de ajuda em
comunidades rurais e remotas : https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/11249402/

Baroni, D. P. M., Vargas, R. F. S., & Caponi, S. N. Diagnóstico como nome próprio.
Psicologia & Sociedade, 22(1), 70-77.

Jaspers, Karl, 1883-1969. Psicopatologia geral. Psicologia compreensiva, explicativa e


fenomenologia. São Paulo, Editora Atheneu.

Sadock, B. J., & Sadock, V. A. (2007). Compêndio de psiquiatria: ciência do comportamento


e psiquiatria clínica (9a ed.). Porto Alegre: Artmed.

DSM-5. Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. Porto Alegre: Artmed,


2014.

(APA), American Psychiatric A. DSM-5. [Digite o Local da Editora]: Grupo A, 2016. E-book.
ISBN 9788582711835. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788582711835/. Acesso em: 29 set. 2022.
https://onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1046/j.1440-1584.2000.00303.x
https://books.scielo.org/id/db864/pdf/lowenthal-9788582937273-06.pdf

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