Concepções e Métodos em EAD - 2016

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 52

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

SETOR DE EDUCAÇÃO
COORDENAÇÃO DE INTEGRAÇÃO DE POLÍTICAS
DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

CURSO DE PEDAGOGIA
MAGISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INFANTIL E
ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

CONCEPÇÕES E
MÉTODOS DE ESTUDOS
EM EaD

PROFª DRª SUELY SCHERER

CURITIBA
2016
PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA
Michel Miguel Elias Temer Lulia

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
José Mendonça Bezerra Filho

UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL


Diretor
Carlos Cézar Modernel Lenuzza

UNIVERSIDADE SETOR DE EDUCAÇÃO


FEDERAL DO PARANÁ

Reitor Diretora
Zaki Akel Sobrinho Andrea do Rocio Caldas

Vice-Reitor Coordenador do Curso de Pedagogia -


Rogério Andrade Mulinari Magistério da Educação Infantil e Anos
Iniciais do Ensino Fundamental
Pró-Reitora de Graduação - PROGRAD Américo Agostinho Rodrigues Walger
Maria Amélia Sabbag Zainko
Coordenador de Tutoria
Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação Leandro Cursino
- PRPPG
Edilson Sergio Silveira CIPEAD - Coordenação de Integração
de Políticas de Educação a Distância
Pró-Reitora de Extensão e Cultura
- PROEC Coordenadora
Deise Lima Picanço Marineli Joaquim Meier

Pró-Reitora de Gestão de Produção de Material Didático


Pessoas - PROGEPE CIPEAD
Laryssa Martins Born

Pró-Reitor de Administração - PRA


Edelvino Razzollini Filho

Pró-Reitora de Planejamento,
Orçamento e
Finanças - PROPLAN
Lucia Regina Assumpção Montanhini

Pró-Reitora de Assuntos Estudantis -


PRAE
Rita de Cássia Lopes
Catalogação na fonte: Universidade Federal do Paraná. Biblioteca de Ciências Humanas e Educação.
__________________________________________________________

Scherer, Suely
Concepções e Métodos de Estudos em EaD / Suely Scherer. - Curitiba : Universidade Federal do Paraná. Setor de
Educação. Coordenação de Integração de Políticas de Educação a Distância. Curso de Pedagogia. Magistério da Educação
Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental, 2012.
46 p.

ISBN 978-85-89799-23-2

1. Pedagogia - Educação a Distância. 2. Educação a Distância – Universidade Federal do Paraná. I.


Universidade Federal do Paraná. Setor de Educação. Coordena-ção de Integração de Políticas de Educação a
Distância. Curso de Pedagogia. Magistério da Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental. II. Título.

CDD 20.ed. 371.332


____________________________________________________________________________________________
Sirlei do Rocio Gdulla CRB-9ª/985

CONTATOS

Setor de Educação
Rua General Carneiro, 460 2º andar
80060-150 Curitiba PR
Fone: (41) 3360 5141 3360 5139
email: [email protected]
www.educacao.ufpr.br

CIPEAD
Praça Santos Andrade, 50 Térreo
80020-300 Curitiba PR
Fone (41) 3310-2657
email: [email protected]
www.cipead.ufpr.br
APRESENTAÇÃO

Seja Bem-Vindo(a) à Educação a Distância da UFPR!

A modalidade de Educação a Distância (EaD) tem representado, cada vez mais, uma
nova possibilidade de ensino e de aprendizagem para todos, incorporando ao processo
educacional as tecnologias de informação e comunicação. No seu processo de aprendizagem
estarão envolvidos vários recursos e estratégias próprios da modalidade a distância. Você
fará uso de um Ambiente Virtual de Aprendizagem, onde terá acesso aos movimentos das
aulas e aos materiais elaborados especialmente para esse curso.

Para iniciar a sua caminhada no curso de Pedagogia – Habilitação em magistério


da Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental, convido você a participar da
primeira disciplina do curso: Concepções e Métodos de Estudos em Educação a Distância.
Nesta disciplina você estudará o contexto histórico, concepções e características, a legislação
brasileira, papéis de professores, tutores e alunos, entre outros elementos constituintes da
modalidade de EaD.

Bom Estudo!

Profª. Suely Scherer


PLANO DE ENSINO

1. DISCIPLINA

CONCEPÇÕES E MÉTODOS DE ESTUDOS EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

2. CÓDIGO

EDP- 031

3. CARGA HORÁRIA TOTAL

60 HORAS

3.1 CARGA HORÁRIA PRESENCIAL

3.1.1 Com Professor formador: 6 horas

3.1.2 Com o tutor presencial no Polo: 6 horas

3.2 CARGA HORÁRIA À DISTÂNCIA

Quarenta e oito (48) horas de estudos com orientação presencial e a distância dos tutores do polo
presencial e/ou tutores da UFPR. Estes estudos incluem a participação em fóruns, chats e outros
espaços virtuais.

4. EMENTA

Fundamentos, concepção, componentes, sistema e legislação em EaD. Concepção teórica-


metodológica do Curso. O papel do professor e da tutoria no curso. O material didático e utilização.

5. OBJETIVO GERAL

Conhecer os fundamentos e concepções teórico-metodológicas da modalidade de EaD, objetivando


a construção do conhecimento nesta modalidade.

5.1 Objetivos Específicos


• Identificar as concepções teórico-metodológicas e as políticas da modalidade de EaD em
diferentes contextos históricos;
• Caracterizar os elementos constituintes do processo de ensino e de aprendizagem na
modalidade de EaD;
• Identificar os papéis do professor, do tutor e do aluno na educação a distância;
• Utilizar recursos tecnológicos que possibilitem a interação entre sujeitos no processo de
ensino e de aprendizagem em EaD.

6. PROGRAMA

UNIDADE 1 – CONCEPÇÕES E POLÍTICAS DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA EM DIFERENTES


CONTEXTOS HISTÓRICOS

1.1 INTRODUÇÃO

1.2 CONCEPÇÕES TEÓRICO-METODOLÓGICAS DA EaD

1.3 CARACTERÍSTICAS DA EaD

1.4 A LEGISLAÇÃO BRASILEIRA E A EaD

UNIDADE 2 - O PROCESSO DE ENSINO E DE APRENDIZAGEM NA EaD: COMPONENTES


E PAPÉIS

2.1 RECURSOS TECNOLÓGICOS

2.2 PAPEL DO PROFESSOR E DO TUTOR

2.3 PAPEL DO ALUNO

7. METODOLOGIA DE TRABALHO

O estudo da disciplina se dará a partir de atividades individuais e coletivas em diferentes espaços,


com encontros presenciais na UFPR e no Polo, e encontros à distância em fóruns virtuais, chats,
por e-mails e/ou telefone, conforme atividades previstas neste material ou outras sugeridas pelo
professor e/ou tutor. Além da leitura do texto base da disciplina, constante neste material, serão
realizados estudos complementares e seminários, já previstos na Proposta Política Pedagógica do
Curso de Pedagogia - Magistério da Educação Infantil e Anos iniciais do Ensino Fundamental.

8. AVALIAÇÃO

• Atividades presenciais com 75% de frequência;


• Atividades à distância, conforme consta neste material;

• Participação em fóruns;

• Prova realizada presencialmente ao término da disciplina.


SUMÁRIO

1 CONCEPÇÕES E POLÍTICAS DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA EM


DIFERENTES CONTEXTOS HISTÓRICOS .............................................................. 13
1.1 INTRODUÇÃO............................................................................................................... 15
1.2 CONCEPÇÕES TEÓRICO-METODOLÓGICAS DA EaD................................................ 26
1.3 CARACTERÍSTICAS DA EaD....................................................................................... 30
1.4 A LEGISLAÇÃO BRASILEIRA E A EaD.........................................................................
2. O PROCESSO DE ENSINO E DE APRENDIZAGEM NA EaD: COMPONENTES
E PAPÉIS ........................................................................................................................ 35
2.1 RECURSOS TECNOLÓGICOS ..................................................................................... 38
2.2 O PAPEL DO PROFESSOR E DO TUTOR .................................................................... 40
2.3 O PAPEL DO ALUNO .................................................................................................. 43
REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 49
UNIDADE 1

CONCEPÇÕES E
POLÍTICAS DE EDUCAÇÃO
A DISTÂNCIA EM
DIFERENTES CONTEXTOS
HISTÓRICOS

1 CONCEPÇÕES E POLÍTICAS DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA EM
DIFERENTES CONTEXTOS HISTÓRICOS

1.1 INTRODUÇÃO

Iniciamos com essa disciplina, Concepções e Métodos de Estudos em Educação a


Distância, o curso de Pedagogia na modalidade de Educação a Distância (EaD).

O que você sabe sobre Educação a Distância?

O que sabe da história da Educação a Distância?

Afinal, o que é Educação a Distância e quais as suas características?

Você conhece outros cursos que são oferecidos nesta modalidade?

Como acontecem?

Você deve estar pensando: para que tantas perguntas... Mas, é a partir de
questionamentos que somos instigados, mobilizados para conhecer mais sobre diferentes
assuntos. Vamos, a partir das suas respostas às questões acima, dialogando com o texto que
segue.

Nesta unidade estudaremos a história e as políticas públicas da EaD, em diferentes


contextos. Também iremos conhecer características do processo de ensino e de aprendizagem
nesta modalidade.

O estudo dessa unidade contribuirá para que você compreenda sobre o que foi
construído historicamente na EaD, podendo conhecer a modalidade de educação que
escolheu para cursar a Licenciatura em Pedagogia.

1.2 CONCEPÇÕES TEÓRICO-METODOLÓGICAS DA EaD

A educação nas escolas apresenta uma diversidade muito grande de atitudes,


metodologias, paradigmas e histórias. Isto revela o quanto podemos ser diferentes e o
quanto, pela riqueza da diversidade, precisamos respeitar e sermos respeitados em nossas
diferenças. No entanto, o respeito e a diversidade não impedem novas buscas e pesquisas
que geram mudanças, devendo, sim, suscitá-las.

15
O que se percebe é que, em muitos casos, as escolas ainda estão centradas em
processos de transferência de informações, esquecendo de pensar em movimentos que
viabilizem uma relação maior delas com o mundo. Enquanto nos diferentes espaços
da comunidade, local ou global, se pesquisa continuamente os avanços da ciência e da
tecnologia, as escolas precisam se articular a estes movimentos, repensando seus processos
educacionais.

Neste sentido, precisam fazer parte da escola a compreensão da complexidade, da


autonomia, da criatividade e criticidade, da liberdade, da comunicação, bem como do uso de
recursos tecnológicos e ambientes que favoreçam movimentos de ensino e aprendizagem.
O que se observa com freqüência é que o certo, a ordem e o acabado ainda representam
os movimentos de muitas escolas. O acaso, a incerteza, a desordem, o contraditório, a
autonomia, pouco são considerados como possibilidades para educar. Assim, falar em uso
de tecnologias, ambientes virtuais, EaD, é algo novo para muitas pessoas, e para outras,
parece “impossível”.

Vivendo nessa realidade, a EaD ainda é compreendida por muitos professores e


alunos como um espaço para a “folga” e para o descompromisso. Para eles, parece difícil
compreender que é possível educar quando os alunos estão distantes fisicamente, ou quando
não estão todos reunidos no mesmo lugar. Isso é compreensível, pois precisamos conhecer
e vivenciar processos nesta modalidade, assim como em outras, para compreendermos as
possibilidades de ensino e de aprendizagem que a constituem.

E então, vamos conhecer possibilidades de ensino e aprendizagem da modalidade


de EaD? Ao mesmo tempo em que estudamos estas possibilidades, vivenciamos processos
de ensino e aprendizagem nesta modalidade. Iniciaremos estudando concepções e políticas
que constituíram a história da EaD ao longo destes anos. Procure ir dialogando com o texto
a partir de suas certezas, questionando, ao identificar concepções de Educação a Distância,
políticas e características desta modalidade.

Iniciando a história...

Na história da EaD podemos identificar os diferentes avanços da ciência e da


tecnologia, e esta pode ser apresentada de diferentes formas.

Segundo Aretio (2001) há três gerações de EaD: ensino por correspondência,


ensino multimídia e ensino telemático, enquanto Moore e Kearsley (2007) apresentam cinco
gerações: estudo por correspondência, transmissão por rádio e televisão, uma abordagem
sistêmica, que envolve o nascimento da Universidade Aberta, teleconferência, e aulas virtuais
baseadas no computador e na internet.

16
Nesta disciplina, a partir do que sugerem os autores citados e outros que iremos
estudar, a história da EaD será apresentada em três etapas: ensino por correspondência,
ensino multimídia e teleconferência, e aulas virtuais baseadas na internet. Estas etapas se
complementam, como estudaremos a seguir.

O ensino por correspondência...

Você sabia que a história da EaD iniciou


através de cursos por correspondência, há muitos anos?

Segundo Nunes (2009), a etapa do ensino por correspondência provavelmente


iniciou com o anúncio de aulas de taquigrafia, em 20 de março de 1728, na Gazeta de
Boston, ministradas por Caleb Philips. O curso foi oferecido para as pessoas da região,
que semanalmente recebiam as suas lições em casa. Mais adiante, em 1833, segundo
Simonson (2006), um anúncio no diário sueco oferecia a oportunidade de estudar “redação
por correio”. Depois, em 1840, na Grã-Bretanha, Isaac Pitman anunciava que iria ensinar
o seu sistema de taquigrafia por correspondência.

Em 1873, Anna Eliot Ticknor fundou uma escola em Boston para o desenvolvimento
de estudos em casa. Moore e Kearsley (2007) afirmam que o objetivo dessa escola era ajudar
as mulheres, a quem, em grande parte, era negado o acesso às instituições educacionais
formais naquela época. Segundo Simonson (2006) esta escola atraiu mais de dez mil
estudantes em 24 anos, que mantinham uma correspondência mensal com os professores,
que enviavam leituras dirigidas e testes para suas casas.

Segundo Nunes (2009), em 1910, a Universidade de Queensland, na Austrália,


inicia programas de ensino por correspondência, e em 1924, Fritz Reinhardt cria a Escola
Alemã por Correspondência.

Alves (2009) afirma que a história da EaD no Brasil inicia-se com as “Escolas
Internacionais”, em 1904. Os cursos eram oferecidos para pessoas que buscavam empregos,
especialmente nas áreas de serviços e comércio. Assim, a história da EaD no Brasil iniciou
com o ensino por correspondência.

17
Na etapa do ensino por correspondência, no Brasil, podemos ressaltar a
importância do Instituto Monitor, que iniciou as suas atividades em 1939, e do Instituto
Universal Brasileiro, que lançou seus primeiros cursos em 1941. Estes dois institutos
contribuíram na formação profissional de muitos brasileiros para o mercado de trabalho.

Assim, iniciaram-se as atividades na modalidade de EaD, destinada, principalmente,


às pessoas que não conseguiam uma formação pelas escolas presenciais e/ou na idade
própria para estes estudos.

Podemos observar que neste período histórico da EaD, esta tinha como foco a
transmissão da informação, em linguagem escrita, sem considerar o perfil dos alunos.
A comunicação entre professor e aluno era limitada, com mensagens enviadas por
correspondência.

O modelo da EaD por correspondência, mesmo com algumas iniciativas de uso do


rádio no decorrer do período, prevaleceu até a década de 1960. E o que podemos perceber
é que o material impresso, o uso do correio, continuou presente nas etapas seguintes da
história da EaD, sendo integradas outras tecnologias ao processo de comunicação entre
professores e alunos.

É importante percebermos que nesta primeira etapa da história da EaD, os cursos


oferecidos eram mais de caráter técnico, objetivando a transmissão de informações e sua
memorização por repetição. O diálogo entre professor e aluno era pouco, pois os contatos
pelo correio eram lentos na época, tornando inviável uma proposta com mais diálogo entre
professor e aluno. No entanto, este mesmo modelo de educação, da transmissão de uma
grande quantidade de informações do professor para vários alunos, esperando respostas
iguais, também era o modelo que mais se encontrava nas escolas presenciais.

Você já ouviu falar sobre esses movimentos?


Como funcionavam? Por que são considerados educação a distância?
Tente lembrar ...

Ensino multimídia e teleconferência...

Na década de 1960, segundo Aretio (2001), começa uma nova etapa de EaD,
denominada por ele de ensino multimídia. Esta surge com a utilização de vários recursos que
favorecem o processo de aprendizagem. Além do texto escrito, começam a ser produzidos
áudios e vídeos, com o uso de rádio e televisão. O telefone também se incorpora ao processo
para a comunicação entre professores e alunos.

18
Quando o rádio surgiu como uma nova tecnologia no inicio do século XX, muitos
educadores perceberam uma oportunidade de articular novas propostas de EaD. Segundo
Nunes (2009), a primeira autorização para uma emissora educativa foi concedida em 1921,
pelo Governo Federal à Latter Day Saints’ da University of Salt Lake City. Em fevereiro de
1925, a State University of Lowa oferecia seus primeiros cursos, por rádio, validando cinco
créditos.

FONTE: http://www.sxc.hu/photo/1101013

Na Europa, neste período, houve uma expansão da EaD, sem muitas mudanças em
sua estrutura, mas com métodos e meios mais sofisticados. Simonson (2006) afirma que
as gravações de áudio eram mais usadas na educação de cegos e no ensino de línguas para
vários estudantes.

Além dos programas radiofônicos, em 1934, a televisão educativa também estava


em desenvolvimento. Naquele ano, segundo Moore e Kearsley (2007) a State University
of Iowa realizou transmissões pela televisão sobre temas como higiene e astronomia. Em
1951 a Western Reserve University foi a primeira universidade que ofereceu cursos valendo
créditos, com o uso da televisão.

A EaD, segundo Giusta (2003), por muito tempo, representou a distância do ponto
de vista geográfico e do ponto de vista político, pela marginalização dos seus estudantes
em comparação com quem usufruía da modalidade presencial. A visão era de que se usava
tecnologias para chegar apenas até aqueles que de outro modo não poderiam se beneficiar
da educação escolar.

19
Neste sentido, Giusta (2003) lembra que, um acontecimento mudou, em definitivo, esta
visão da EaD: a criação, em 1969, da Universidade Aberta da Grã-Bretanha – a Open University.
Na seqüência, outras Universidades contribuíram para elevar a importância da modalidade de
EaD, como a Fern Universität, na Alemanha, e a UNED, na Espanha, que criaram cursos de
graduação e pós-graduação de ótima aceitação por parte dos estudantes de todo o mundo.

Estas Universidades mostraram que era possível oferecer cursos na modalidade


de EaD com qualidade, usando materiais impressos, e investindo em tecnologias como a
televisão, o rádio, e mais recentemente a internet.

No Brasil, esta etapa da história foi marcada por cursos à distância, utilizando,
além do material impresso, transmissões por televisão e rádio, gravações de áudio e vídeo,
dentre outros. Segundo Alves (2009), em 1923, foi fundada a Rádio Sociedade do Rio de
Janeiro, numa iniciativa de Edgard Roquete Pinto e um grupo de amigos. Operada pelo
Departamento de Correios e Telégrafos, segundo Niskier (1999), a emissora transmitia
programas de literatura, radiotelegrafia e telefonia, línguas, literatura infantil e outros de
interesse comunitário.

Os programas educativos, a partir deste período, foram sendo implantados a partir


da criação, em 1937, do serviço de radiodifusão educativa do Ministério da Educação.
Destacaram-se a Escola Rádio-Postal, A Voz da Profecia, criada pela Igreja Adventista em
1943, com o objetivo de oferecer cursos bíblicos. Neste período, em 1946, o SENAC
iniciou as suas atividades e, logo depois desenvolveu no Rio de Janeiro e São Paulo a
Universidade do Ar, que, em 1950, já atingia 318 localidades.

Em 1956, o Movimento Educação de Base (MEB), com a promoção da Conferência


Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), cria as escolas radiofônicas. Estas foram criadas com
o objetivo de alfabetizar e apoiar os primeiros passos da educação de jovens a adultos que
não tinham acesso à escola. Este movimento ocorreu, principalmente, nas regiões Norte e
Nordeste do país.

Podemos citar outros movimentos de EaD nesta etapa da história, como o Projeto
Minerva (rádio educativo), criado em 1970. Este projeto, vinculado ao Governo Federal,
ofertava cursos nos níveis do ensino fundamental e ensino médio (científico, contabilidade,
magistério), com o objetivo de resolver em um curto prazo, os problemas de desenvolvimento
econômico e social do país.

Mas a revolução de 1964 abortou algumas iniciativas, e o sistema de censura reduziu


significativamente o trabalho da rádio educativa brasileira.

20
E a televisão? Quando será que começou a ser explorada
no Brasil para fins educacionais?

FONTE: http://www.sxc.hu

A televisão, para fins educacionais, foi usada de maneira positiva em sua fase inicial,
e, há registros de vários incentivos no Brasil a esse respeito, especialmente nas décadas de
1960 e 1970. Deve-se destacar a TV Educativa do Maranhão, criada em 1969, o Programa
Nacional de Teleducação (Prontel), e o Centro Brasileiro de TV Educativa (Funtevê), órgão
integrante do Ministério da Educação e Cultura. Destaca-se ainda a TVE, do Ceará, que
oferecia a TV Escolar em 1974. Ainda neste mesmo ano, no estado do Rio Grande do
Norte, é lançado o Projeto SACI (Sistema Avançado de Comunicações Interdisciplinares), a
primeira experiência de utilização transmissão via satélite para fins educacionais no Brasil.

Mais adiante, em 1978, surgem os projetos da Fundação Roberto Marinho (Rede


Globo do Rio de Janeiro), que em parceria com a Fundação Padre Anchieta (TV Cultura de
São Paulo) lança o Telecurso 2º Grau, com o objetivo de formar em nível de ensino médio,
vários brasileiros jovens e adultos. Neste projeto era disponibilizado material impresso,
fitas de vídeo e aulas pela televisão. Em 2000, o Telecurso foi reestruturado passando a
denominar-se Telecurso 2000. Esse material também foi utilizado nos Centro de Estudos
Supletivos, hoje mais conhecidos como Centros de Educação de Jovens e Adultos.

Em 1995 foi lançado pelo MEC o Programa TV Escola com o objetivo de oferecer
formação continuada aos professores da educação básica, para o uso de tecnologias
educacionais. O curso utiliza, principalmente, material impresso, televisão e o vídeo. A
difusão nas escolas é realizada via satélite, por emissoras de canal aberto ou a cabo.

Para saber mais sobre o projeto TV Escola,


acesse o endereço: http://tvescola.mec.gov.br

21
Você assistiu a algum programa do Telecurso 2000? Como se sentiu ao acompanhar
o programa? Procure vivenciar este processo, sempre que possível, para compreender
as diferentes possibilidades de aprendizagem na modalidade de EaD.

Neste período, em 1973, a Universidade de Brasília (UnB) se destaca como pioneira


na introdução da tecnologia educacional na EaD. Até hoje se destaca por seus programas e
cursos na modalidade de EaD.

Segundo Aretio (2001), na década de 80, quando as telecomunicações começam a


ser integradas aos processos de EaD, surge a possibilidade da comunicação entre grupos de
estudantes e professores, distantes fisicamente, usando recursos de áudio e vídeo.

Fazendo uso de recursos da informática, potencializa-se a emissão por rádio e


televisão, amplia-se a possibilidade de transmissão via satélites, favorecendo a comunicação
bidirecional entre professores e alunos a partir de áudioconferências e vídeoconferências.
Neste período, a comunicação entre professores e alunos começa a acontecer de forma
síncrona (pessoas interagindo ao mesmo tempo) e assíncrona (pessoas interagindo em
tempos diferidos) através de diversos meios.

Segundo Moore e Kearsley (2007, p.39), “a primeira tecnologia a ser usada


na teleconferência em escala razoavelmente ampla durante os anos 1970 e 1980 foi a
audioconferência”. As audioconferências eram organizadas com alunos individualmente em
suas casas ou em seus locais de trabalho, usando telefone. Quando estavam em pequenos
grupos, usavam microfones e alto-falantes.

Além das audioconferências, neste período, iniciam-se as experiências com as


videoconferências. Segundo Moore e Kearsley (2007), em 1986, na Penn State University,
iniciou-se os primeiros cursos completos de graduação transmitidos por teleconferência,
reunindo grupos de alunos em três locais diferentes.

No Brasil, podemos destacar a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), que,


através do Laboratório de Ensino a Distância (LED), ofereceu em 1996, o primeiro Programa
de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, usando principalmente a tecnologia das
videoconferências.

Nesta etapa da história, segundo Peters (2001), podemos falar em uma mudança
paradigmática na EaD, pois com as tecnologias que surgiram neste período, mesmo distantes
fisicamente, os alunos podem estabelecer comunicação entre si e com os professores de
forma mais rápida que pelo correio. Com isto, começou-se a pensar em cursos na modalidade
22
de EaD mais individualizados, com aulas e orientações específicas para diferentes grupos.

Vale lembrar que não é o recurso em si que possibilita uma educação mais dialogada,
pois o movimento de uma educação ocorre a partir da compreensão de educação do grupo
de professores, alunos e gestores do curso. Ou seja, podemos usar as videoconferências
apenas para transmitir informações, sem oportunizar diálogos, estudos em grupos, debates,
seminários... Reflita sobre estas questões...

Escolha um ou mais dos projetos ou programas mencionados anteriormente


(Minerva, TV Escola, Telecurso 2000,...), ou outro projeto ou programa da modalidade de
EaD ofertado no Brasil, e busque informações sobre o mesmo na internet ou em outras
fontes.

A partir das informações obtidas, reflita sobre a contribuição do projeto para a educação no
Brasil. Observe elementos como: objetivo, metodologia, público alvo, número de pessoas
atendidas, abrangência, contexto sócio-político, entre outros.

Aulas virtuais baseadas na internet...

Esta etapa da história, inicia-se na década de 1990, e é apresentada por Taylor


apud Aretio (2001) como a geração do Ensino por Internet. Segundo Moore e Kearsley
(2007), em 1993, apareceu o primeiro navegador WEB ou WWW (World Wide Web - que
em português significa, “Rede de alcance mundial”). No entanto, anterior a este período,
em meados de 1980, a National Sciences Foundation desenvolveu uma rede com cinco
centros de supercomputadores conectados a universidades e organizações de pesquisa, que,
aperfeiçoada, em 1987 possibilitou usar a rede para troca de e-mails e arquivos de dados.

Na década de 1990, algumas universidades ofereciam programas de graduação


completos por meio da web, entre elas o On-line Campus do New York Institute
of Technology. No final desta década, nos Estados Unidos, segundo Moore e Kearsley
(2007, p.47), “84,1% das universidades públicas e 83,3% das faculdades públicas com
cursos de quatro anos ofereciam cursos com base na web.”

FONTE :http://www.sxc.hu
http://office.microsoft.com/pt-pt/clipart
23
Com o acesso a internet, surgiram novos modelos de Universidades, como as
universidades puramente virtuais, além de combinações e colaborações entre instituições
de todos os tipos. Além disso, a internet viabilizou a oferta de cursos na modalidade
de EaD, considerando uma educação sem distância, ou seja, do modelo de EaD por
correspondência, com os recursos de internet para interação entre professores e alunos, é
necessário permanecer apenas a distância física entre os sujeitos que ensinam e aprendem.

A internet também viabilizou a comunicação com uso de imagem e som, em


tempo real, personalizada, de professor para aluno, aluno para professor e entre alunos,
independente da distância existente. Hoje, podemos nos conectar à internet, dialogar via
texto escrito e/ou áudio, acessar informações em várias linguagens, conversar a dois, ou em
grupos maiores, vendo e ouvindo os interlocutores pelo computador.

É importante lembrar que muitas pessoas ainda não possuem acesso à internet, mas
este é um caminho que juntos temos de trilhar, lutando juntos por este direito, independente
do bairro, município, estado ou país em que vivemos. Fazemos parte de uma grande rede,
e, para aprendermos a nos relacionar com ela e por ela, aprendendo e ensinando, temos de
estar conectados.

São várias pessoas, várias experiências e histórias, fazendo a história da EaD, e


muito ainda há por fazer. O importante é participar deste processo como sujeito, sendo e
fazendo história. Agora você é parte desta história, ajude a construí-la!

Com o acesso a “novas tecnologias”, as experiências e pesquisas em EaD se


multiplicaram e continuam se multiplicando. São várias as abordagens de educação que
qualificam essas experiências em todo o Brasil e no exterior, desenvolvidas por diferentes
instituições educacionais ou centros de formação profissional.

Vale lembrar que os cursos de graduação na modalidade de EaD começaram a


ser ofertados no Brasil, em 1995. A Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), por
intermédio do Núcleo de Educação Aberta e a Distância do Instituto de Educação, ofertou o
curso de licenciatura em educação, habilitação em séries iniciais. Segundo Sanchez (2008)
no Anuário Brasileiro Estatístico de Educação Aberta e a Distância, entre 2003 e 2006,
a oferta de cursos superiores a distância passou de 52 para 349. Em 2007, somente no
ensino superior de graduação, o número de estudantes era de 727.657, e este número
cresce a cada ano.

O que pesquisadores e educadores buscam são propostas de EaD ricas em


comunicação e aprendizagem, que integrem ao material impresso, outros materiais e
recursos tecnológicos, oportunizando a comunicação entre alunos, e destes com os
professores e/ou tutores. O “ensino a distância”, em que o aluno estuda sozinho, apenas
“por leitura”, abre espaço para a educação a distância. Uma educação, nas palavras de
Freire (1992), promovida pela comunicação entre sujeitos que ensinam e aprendem.
24
Atividade - Contexto Histórico

A partir do estudo do contexto histórico da EaD crie um quadro com a síntese das
etapas apresentadas, apontando para cada geração:

a) Período Histórico

b) Tecnologias utilizadas

c) Papel do professor (Como orienta os alunos?)

d) Papel do aluno (Como o aluno estuda?)

e) Processo de Comunicação entre professores e alunos

Encaminhe para o seu Tutor através do Ambiente Virtual do Curso.

Atividade - Glossário

Crie um glossário com palavras significativas que caracterizam a EaD ao longo da


história. Busque significados em dicionários, livros, internet... e, mencione a fonte
consultada.

Em seguida, publique os termos e significados que encontrou no Ambiente Virtual.

25
Para conhecer um pouco mais sobre os projetos de algumas das principais
Universidades mencionadas, visite os endereços sugeridos a seguir:

Open University da Inglaterra, criada em 1967, que representa um modelo de sucesso


até a atualidade, considerada a maior universidade do Reino Unido.
http://www.open.ac.uk.

Universidad Nacional de Educación a Distancia (UNED), criada em


1973 na Espanha. http://www.uned.es/

FernUniversität na Alemanha, criada em 1975. http://fernunihagen. de/.

Para conhecer mais detalhes da história da EaD e suas gerações, leia:

MOORE, Michael; KEARSLEY, Greg. Educação a Distância: Uma visão integrada.


Tradução de: GALMAN, Roberto. São Paulo: Thomson Learning, 2007.

ALVES, João Roberto Moreira. A história da EaD no Brasil. In: LITTO, Frederic M.;
FORMIGA, Marcos (Orgs.). Educação a Distância: o estado da arte. São Paulo: Pearson
Education do Brasil, 2009. p. 9-13.

NUNES, Ivônio Barros. A história da EaD no mundo. In: LITTO, Frederic M.; FORMIGA,
Marcos (Orgs.). Educação a Distância: o estado da arte. São Paulo: Pearson Education
do Brasil, 2009. p. 02-08.

1.3 CARACTERÍSTICAS DA EaD

Para estudarmos as características da EaD, inicialmente sistematizaremos alguns


elementos conceituais relacionados a esta modalidade. Vamos iniciar discutindo o conceito
de educação.

Baseados em Paulo Freire, podemos afirmar que a ação de educar é uma ação
na qual todos (educadores e educandos) ensinam e aprendem dirigidos pelo educador ou
educadora; dirigidos, não direcionados. É uma ação em que o professor ou professora,
então educadora ou educadora, não apenas informa, mas estabelece uma interação com
os educandos e ao dirigir o processo, sendo conhecedor profundo de sua área, é também
aprendiz na busca constante de novos conhecimentos em todos os espaços.

Neste sentido, Morin (2001, p.11) afirma que “a educação pode ajudar a nos 25
tornarmos melhores, se não mais felizes, e nos ensinar a assumir a parte prosaica e viver a
parte poética de nossas vidas.”
26
E a EaD? Sendo educação, busca os sentidos e significados aqui apresentados. A
EaD, compreendida como educação, mobiliza professores e alunos para criarem novas
rotinas, exigindo, como toda mudança, novas atitudes, novas leituras, novas formas de ver e
se organizar no mundo. Ao vivenciar e conhecer a EaD, muitas vezes, professores e alunos
mudam processos de ensino e aprendizagem da educação presencial. Neste sentido, Moran
(2004) afirma que:

(...) obrigar alunos a ficar confinados horas seguidas de aula numa


mesma sala, quando temos outras possibilidades, torna-se cada dia mais
contraproducente. Para alunos que têm acesso à Internet, à multimídia,
as universidades e instituições educacionais têm que repensar esse
modelo engessado de currículo, de aulas em série, de considerar a sala
de aula como único espaço em que pode ocorrer a aprendizagem. [...]
A flexibilização de gestão de tempo, espaços e atividades é necessária,
principalmente no ensino superior ainda tão engessado, burocratizado e
confinado à monotonia da fala do professor num único espaço que é o da
sala de aula (MORAN, 2004).

Ao pensarmos na flexibilização de gestão de tempo, espaços e atividades nas


instituições educacionais, é importantíssimo focar na aprendizagem dos alunos. É necessário
pensar em propostas para uma verdadeira educação, buscando uma educação coerente com
o mundo que queremos juntos (re)construir. Ou seja, é necessário flexibilizar e democratizar
com responsabilidade, sugerindo a co-responsabilidade.

Para conhecermos mais da educação que acontece na modalidade de EaD, iremos


dialogar sobre características da modalidade de EaD, partindo dos estudos realizados por
Landim (1997), Oliveira (2001) e Moraes (2008). Lembre-se que estas são apenas algumas
características selecionadas para o nosso estudo nesta disciplina, mas vocês poderão
encontrar outras ao longo de seus estudos no curso, ou demais espaços de formação. As
características selecionadas, neste momento, são:

• DEMOCRATIZAÇÃO – pela EaD há possibilidade de educação para todos com


redução ou eliminação das dificuldades de acesso a cursos. Representa a igualdade
de oportunidades de formação, de modo especial para as pessoas que não puderam
freqüentar a escola presencial em sua idade de escolarização. Esta característica pudemos
perceber ao longo da história da EaD, e presente até os dias de hoje.

• INDIVIDUALIZAÇÃO - atenção singular a cada sujeito em seu contexto de tempo e


espaço de estudo.

• AUTONOMIA – é importante desenvolver a capacidade de auto-organização, de


autoprodução, a capacidade do estudante de emancipar-se, de se tornar sujeito da
aprendizagem. A autonomia é a capacidade que precisamos desenvolver para organizar
27
as nossas ideias, para fazer sínteses de pensamentos e usar os conhecimentos em diferentes
situações, tirando nossas próprias conclusões. Segundo Moraes (2008), a EaD, se bem planejada,
pode se constituir em um instrumento útil de formação do aprendiz e desenvolvimento de sua
autonomia.

• DIALOGICIDADE – é a possibilidade de diálogo consigo mesmo, com os colegas e professores,


com os objetos de estudo, nos processos de reflexão e produção. O diálogo é possível quando
há compreensão do outro, dos significados que atribuímos ao que é discutido, é a busca coletiva
pelo entendimento de um objeto em estudo.

• SOCIALIZAÇÃO - estimula a colaboração, o desenvolvimento da capacidade de participação de


grupos, de gerar espaços sociais e políticos em seu entorno.

• ABERTURA – diversidade e amplitude na oferta de cursos. No contexto histórico discutido


anteriormente, percebemos esta característica ao observarmos o quanto os cursos podem ser
ofertados de forma diferente, atingido a poucos ou muitos, com pequenas ou grandes distâncias,
dispersos geograficamente ou aglomerados.

• EDUCAÇÃO PERMANENTE – a EaD é um caminho para a aprendizagem ao longo da vida.


É a oportunidade de ampliarmos continuadamente nossos conhecimentos, seja para a vida
profissional ou apenas para aprimoramentos na vida social e cultural. Afinal, podemos participar
de formação continuada a partir de nosso tempo disponível, independente de estarmos próximos
ou distantes geograficamente da instituição que a promove.

• FLEXIBILIDADE – essa modalidade foi criada para atender estudantes em diferentes necessidades,
principalmente em relação a tempo e local de estudo.

• CONSTRUCIONISMO CONTEXTUALIZADO – a proposta de EaD precisa atender ao interesse


dos alunos, sugerindo produções a partir dos contextos que constituem a realidade destes Um
produto contextualizado, segundo Valente (1999), está vinculado à realidade da pessoa ou do
local onde é produzido e utilizado.

A partir destas características, podemos mencionar alguns movimentos que caracterizam os


processos de ensino e de aprendizagem nesta modalidade. Fazendo a leitura de textos de autores
como Nunes (1992) e Preti (2000), podemos destacar que na EaD:

• Professores e alunos que podem ficar separados por uma diferença temporal e espacial.

• O aluno precisa aprender a fazer a gestão de seu tempo de estudo, pois cabe a ele escolher os
melhores horários e locais para desenvolver os estudos. É importante incluir neste processo de
gestão os horários de comunicação com colegas e professores.
28
• Os alunos são em sua maioria adultos e dispersos geograficamente.

• Os estudos são realizados pelo aluno, na maioria dos casos, de forma individual e
flexível em termos de horários, pois o aluno estuda no horário e local que lhe é mais
conveniente.

• É uma modalidade de educação que necessita de recursos tecnológicos para viabilizar


a interação entre professores e alunos (telefone, computadores com acesso a internet,
tecnologia de videoconferência, (...).

• Há uma estrutura organizacional a serviço do educando: sistema de informação e


comunicação, secretaria, tutoria, equipe de produção de material didático, campus
central, polos de apoio presencial, etc.

• A linguagem para comunicação é a escrita, mas a depender do modelo de EaD outras


linguagens são utilizadas como a linguagem sonora, de vídeo,... usando recursos como o
telefone, e-mail, ambientes virtuais de aprendizagem com fóruns, chats, webconferência,
audioconferências...

• Os materiais didáticos usados são elaborados para o estudo independente do professor,


com linguagem clara, reflexões ao longo do processo, atividades avaliativas e sugestão
de estudos complementares.

• Nesta modalidade há a possibilidade de comunicação simultânea com um grande


número de estudantes.

• Os cursos são antecipadamente planejados, e os materiais são produzidos com


antecedência. Há uma espécie de pré-produção. Esta pré-produção pode envolver a
organização de materiais em textos impressos, programas de rádio e televisão, vídeos,
material digitalizado e disponível em ambientes virtuais da internet, etc.

• Inclui a produção de materiais impressos para grandes quantidades, contando na maioria


das vezes com grandes equipes de trabalho para a criação e produção dos mesmos.

• Tendência a uma estrutura curricular flexível, em módulos, por exemplo, possibilitando


uma maior adaptação aos interesses de cada aluno.

Estes são alguns movimentos que caracterizam a EaD. Mas, há outras características
que você poderá perceber ao longo do curso. O interessante é vivenciar e continuar
estudando sobre esta modalidade para a caracterizarmos ainda mais.

E como caracterizar um pouco mais a EaD em ambientes virtuais acessados pela


internet? Este ambiente, espaço virtual de aprendizagem, é a possibilidade de estarmos
juntos, mesmo distantes. Podemos estar juntos em uma sala de aula em um prédio, como
29
podemos estar juntos em uma “sala de aula virtual”. Para estarmos juntos na sala de aula
de um prédio, ao participarmos de um curso, temos de nos locomover de nossas casas
ou local de trabalho até o prédio, em um determinado horário; para estarmos juntos em
uma “sala de aula virtual” (fórum ou chat, por exemplo), para participarmos de um curso,
podemos permanecer em diferentes lugares, distantes ou não (poucos metros ou milhões
de quilômetros) e nos unirmos independente de horário.

Estas são duas maneiras de “estar junto” e uma não anula a outra. Nos dois casos,
podemos estar muito próximos ou muito distantes do outro, em nossos pensamentos, ações
e sentimentos.

O espaço virtual, disponível na internet, não é um espaço físico, mas é um espaço


de encontro, um espaço que comporta a entrada de muitas pessoas, que é democrático ao
possibilitar o acesso a todos, mesmo que ainda tenhamos problemas com a via tecnológica
de acesso a ele, sendo limitada a poucos. O ambiente virtual é real, pois estamos presentes
nele, sentindo, aprendendo, comunicando... a partir de uma via de acesso física: o teclado,
o monitor, o mouse.

A partir do estudo realizado até aqui, faça comparações entre as


características da EaD e as características da educação presencial, que vivenciamos nas
escolas. E, neste movimento de comparação, reflita sobre a importância de vivenciarmos
processos de ensino e aprendizagem na modalidade de EaD.

1.4 A LEGISLAÇÃO BRASILEIRA E A EaD

No contexto histórico da EaD apresentado, pudemos conhecer concepções e


políticas de EaD, e agora discutiremos questões relacionadas diretamente à legislação
brasileira para cursos nesta modalidade.

A EaD começou a existir legalmente no Brasil, em 20 de dezembro de 1996, quando


foi instituída pela LDB (Lei nº 9.394). Anterior a esta data existiam, como apresentado
anteriormente, várias ações em EaD, no entanto, a modalidade ainda não estava oficializada
por uma lei. Com a LDB instituída podiam ser oferecidos cursos em todos os níveis e
modalidades de ensino e de educação continuada, concedendo certificação com o mesmo
valor que do ensino presencial.

30
Abordando sobre a EaD, o artigo 80 da LDB prevê:

Art. 80. O Poder Público incentivará o desenvolvimento e a veiculação de programas de


ensino a distância, em todos os níveis e modalidades de ensino, e de educação continuada.

§1º A educação a distância, organizada com abertura e regime especiais, será oferecida
por instituições especificamente credenciadas pela União.

§2º A União regulamentará os requisitos para a realização de exames e registro de


diploma relativos a cursos de educação a distância.

§3º As normas para produção, controle e avaliação de programas de educação a distância


e a autorização para sua implementação, caberão aos respectivos sistemas de ensino,
podendo haver cooperação e integração entre os diferentes sistemas.

§4º A educação a distância gozará de tratamento diferenciado, que incluirá:


I - custos de transmissão reduzidos em canais comerciais de radiodifusão sonora e de
sons e imagens;
II - concessão de canais com finalidades exclusivamente educativas;
III - reserva de tempo mínimo, sem ônus para o Poder Público, pelos concessionários
de canais comerciais.

A partir deste artigo, em 1998, o decreto n. 2.494, regulamentou a LDB, detalhando


mais os seus processos. Neste decreto, aponta-se as formas de uma instituição se credenciar
para a oferta dos cursos, requisitos para fazer a matrícula de alunos, transferências para
o ensino presencial, a diplomação e certificação dos alunos, a avaliação da aprendizagem
(ainda exigida presencialmente). Muitas das concepções presentes neste decreto estavam
vinculadas a uma certa superioridade da modalidade presencial, como a exemplo da
avaliação.

Neste decreto, a Educação a Distância é compreendida como “uma forma de


ensino que possibilita a auto-aprendizagem com a mediação de recursos didáticos
sistematicamente organizados, apresentados em diferentes suportes de informação,
utilizados isoladamente ou combinados, e veiculados através dos diversos meios de
comunicação.” Que características da EaD podemos identificar a partir desta definição?
Vamos refletir sobre essa questão...

31
Em 19 de dezembro de 2005, foi revogado o decreto de 1998, com a publicação do
decreto n. 5.622, que em certos aspectos ampliou a compreensão da modalidade de EaD.
Neste decreto, o conceito de EaD aparece como:

Modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos


processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e
tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores
desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos.

Esta é a legislação mais recente que trata da especificidade da modalidade de EaD.


Alguns pontos a destacar neste decreto são: a obrigatoriedade de momentos presenciais
para avaliações, estágios, defesas e atividades em laboratórios; a necessidade de criação de
pólos presenciais; que os resultados de avaliações presenciais devem prevalecer sobre os
demais resultados de avaliação... Vamos destacar mais informações do decreto? A leitura
está disponível para todos no site do MEC, portanto, vamos fazêla e discutir o que está
proposto.

Para saber mais sobre a legislação brasileira da EaD, acesse o endereço


do Ministério de Educação (MEC): http://portal.mec.gov.br/seed e opte pelo link
“Regulamentação da EaD”. Faça a leitura integral do decreto nº 5.622, que regulamenta
o art. 80 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996.

Outro registro importante da legislação brasileira sobre EaD, é o Decreto n.


5.800, de 8 de junho de 2006, que oficializa a UAB. Você sabe o significado de UAB?
É a Universidade Aberta do Brasil, um projeto elaborado pelo Ministério de Educação e a
Associação dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino, como a Universidade Federal
do Paraná, na qual você é hoje acadêmico do curso de Pedagogia.

A UAB faz parte do atual conjunto de políticas públicas desenvolvidas pelo Governo
Federal para a área de educação, voltadas para a expansão da educação superior com
qualidade e promoção da inclusão social. O objetivo é proporcionar uma alternativa para o
atendimento às demandas reprimidas pela educação superior, pois, segundo Mota (2007),
no Brasil, apenas 11% dos jovens entre 18 e 24 anos têm acesso a este nivel de educação.

De maneira geral, a UAB tem por objetivo estabelecer um amplo sistema nacional
de educação superior a distância, ampliando o acesso à educação superior no Brasil,
32
gratuitamente. O Decreto nº 5.800, oficializa a UAB, destacando a articulação e integração
de Instituições do ensino superior, municípios e estados, visando a democratização,
expansão e interiorização da oferta de ensino público no país.

A UAB iniciou suas atividades em 2006, com um projeto piloto em 20 estados,


com o curso de Administração em parceria com empresas estatais, principalmente o Banco
do Brasil. Articulado ao projeto da UAB, tem o Programa Pró-Licenciatura, o qual atendia,
em 2007, em torno de 20 mil estudantes em todo o Brasil, prioritariamente professores em
atividade da rede pública da educação básica, sem habilitação, com a oferta de cursos de
licenciatura em diferentes áreas.

A UAB articula experiências das instituições de ensino superior, as quais,


isoladamente, não teriam como atuar em toda a abrangência do Brasil. A UAB nasceu com
o objetivo de expandir e levar até o interior dos estados a oferta de cursos e programas de
educação superior do país, oferecendo, prioritariamente, cursos de licenciatura e formação
inicial e continuada de professores da educação básica.

Além de cursos de licenciatura, também é objetivo da UAB ofertar cursos superiores


nas diferentes áreas do conhecimento, reduzindo as desigualdades de oferta de ensino
superior entre as diferentes regiões do país.

Para saber mais sobre a UAB, leia na íntegra o decreto nº 5.800 que trata da
UAB. Acesse o decreto pelo endereço:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Decreto/D5800.htm

Atividade - Caracerísticas da EaD

A partir da leitura sobre a legislação brasileira de EaD, participe do fórum virtual com os
seus colegas e tutores, apresentando a(s) característica (s) da EaD que mais se diferencia(m)
das características da educação presencial, justificando sua escolha.

E, se você tiver dúvida sobre a legislação, apresente-as nesse fórum, no tópico específico
para esse assunto.

33
UNIDADE 2

O PROCESSO DE ENSINO
E DE APRENDIZAGEM
NA EAD: COMPONENTES
E PAPÉIS


2 O PROCESSO DE ENSINO E DE APRENDIZAGEM NA EaD:
COMPONENTES E PAPÉIS

O processo de ensino e de aprendizagem em EaD envolve, como sugere Preti


(2009), uma organização que atenda a todos os componentes desta modalidade: o aluno, os
professores especialistas, os tutores, o material didático e o centro de educação a distância.

Diferente da educação presencial, aparecem nesta modalidade, os tutores, citados


anteriormente neste material. Os tutores como sugerem Preti, são especialistas, ou não, da
disciplina ou área de conhecimento em que atuam, com a função de acompanhar e apoiar
os alunos em seus estudos. Nesta unidade, estudaremos os recursos tecnológicos, que
fazem parte do material didático, os papéis do tutor, do professor, e do aluno. Ao discutir
estes papéis, perceberemos a importância do comprometimento de cada um destes sujeitos
no processo de ensino e aprendizagem, bem como, da interação entre os mesmos.

E, nesta organização da EaD, não podemos esquecer a importância de um centro


de EaD na instituição. Este centro, formado por uma equipe de especialistas em EaD,
tecnologia educacional, design, comunicação, dentre outros, produz-se o material para as
aulas em EaD, e é oferecido todo o apoio e recursos necessários para o funcionamento de
um curso em EaD.

FONTE:
http://www.sxc.hu/browse.
phtml?f=download&id=316634
http://storage.sxc.hu/g/go/gokoroko/107841_1085.jpg
37
2.1 RECURSOS TECNOLÓGICOS

O material didático na modalidade de EaD é muito importante, principalmente,


se pensarmos em modelos de EaD em que há pouca interação entre alunos, professores
e tutores. Preti (2009) considera o material didático o elo de comunicação entre aluno e
professor. O material didático pode ser criado a partir dos recursos tecnológicos disponíveis
para a oferta dos cursos. Mas, que recursos tecnológicos podem ser usados em processos
de EaD?

Ao longo da história da EaD, várias tecnologias foram utilizadas para favorecer


a comunicação entre professores e alunos. A EaD foi e ainda pode ser realizada usando
recursos como: material impresso, rádio, televisão, videoconferência, computadores, dentre
outros. No entanto, é importante lembrar que o sucesso do ensino e da aprendizagem
nesta modalidade não depende apenas das tecnologias utilizadas, mas, do modelo de EaD
oferecido, da concepção de educação de todos os envolvidos no processo.

Moran (2009) apresenta modelos de EaD existentes no Brasil, articulados com o


uso de recursos tecnológicos, assim, selecionei alguns para discutirmos nesta disciplina. Um
dos modelos apresentados por este pesquisador é o modelo das tele-aulas. Neste modelo
utiliza-se satélite e interação pela internet (e-mail, chat, fóruns...). As tele-aulas são aulas
ao vivo, transmitidas por satélite, de um determinado local para várias salas em diferentes
lugares. É parecido com o sistema de um programa de televisão, em que as pessoas de
vários lugares podem enviar e-mails, acessar ao chat, ... para quem apresenta o programa.
A diferença para os programas televisivos, é que na EaD, são transmitidas aulas, e os
professores conhecem o perfil dos alunos atendidos. Neste modelo, o acompanhamentos
dos professores e tutores acontece nas tele-salas, com complemento pela internet.

FONTE: http://www.sxc.hu

38
Um avanço neste sistema, segundo Moran (2009) são as aulas por videoconferência.
Neste modelo, a comunicação entre alunos e professores acontece de forma síncrona. Por
exemplo, um aluno de uma das salas de videoconferência pode questionar o professor no
mesmo momento em que este finaliza sua fala. O professor, de outra sala, ao ver e ouvir o
aluno que o questiona, dialoga com este e com os demais alunos, presentes nas diferentes
salas. É como se pudéssemos conversar com o apresentador de um programa de televisão,
ao vivo, não apenas por áudio, como acontece em algumas emissoras, mas por áudio e
vídeo. Além das videoconferências, os alunos recebem a tutoria presencial e em ambientes
virtuais.

Outro modelo de aula em EaD é o que Moran (2009) chamou de modelo aula gravada
e tutoria. Neste modelo grava-se a aula dos professores, e o aluno a recebe em formato
de vídeo ou CD, com orientações de tutores locais mais generalistas. Neste modelo, falta
a interação com professores mais experientes, e comunicação mais intensa, por exemplo,
com uso de ambientes virtuais.

A educação on-line é outro modelo apresentado por este pesquisador. Nesta, o aluno
se conecta pela internet a uma plataforma virtual, um Ambiente Virtual de Aprendizagem.
Neste ambiente, encontra materiais em diferentes linguagens (textos, imagens, vídeos,
áudios,...), e pode dialogar com seus colegas, tutores e professores. O objetivo deste
modelo de EaD é o compartilhamento de informações, a colaboração entre colegas, tutores
e professores, ou seja, a produção coletiva.

A educação on-line pode ser favorecida com o uso de recursos como: sistema wiki,
blog, podcast, Orkut, MSN, skype, dentre outros. Também existem algumas experiências de
educação on-line usando o ambiente second life, com a criação de avatares (identidades
virtuais). E assim, as tecnologias vão surgindo e novos modelos de EaD podem ser
implementados. Mas, não esqueça, apenas o uso de tecnologia não traça o modelo de EaD
oferecido.

Além da educação on-line, existem algumas experiências de EaD com tecnologia


móvel, telefones celulares e outros recursos. Fique atento a estas propostos, pois muito
ainda há por descobrir.

Busque informações na internet sobre os recursos mencionados no texto:


wiki, blog, podcast, Orkut, MSN, skype.... Muitos destes recursos são usados nas escolas
com crianças e adolescentes de diferentes idades.

39
2.2 O PAPEL DO PROFESSOR E DO TUTOR

Na EaD, a tutoria compreende a organização de ações educacionais, que orientam o


processo de aprendizagem dos alunos. A tutoria envolve: orientações para o aprofundamento
de temáticas e práticas; acompanhamento e avaliação das aprendizagens dos alunos;
articulação entre os diferentes espaços de aprendizagem;organização e desenvolvimento de
encontros presenciais.

Os professores das disciplinas são responsáveis pelo planejamento e desenvolvimento


das aulas presenciais e pela articulação das aulas com os processos à distância. Os tutores
orientam e avaliam os alunos, no processo à distância para ações de leitura, discussão,
produção, práticas e estágio nas escolas. Ou seja, na modalidade de EaD, você tem acesso
a professores e tutores que lhe acompanham durante todo o desenvolvimento do curso.

Para contribuir com a tutoria dos alunos, em algumas instituições, há um grupo de


monitores, responsáveis por acompanhar o andamento das ações a distância dos alunos,
orientando-os quanto a dúvidas de cunho técnico no uso de materiais e ambientes. Quando
não há monitores, este acompanhamento é feito pelos tutores.

Em ambientes virtuais de aprendizagem, o tutor é responsável por possibilitar aos


alunos o tempo necessário à reflexão, desafiando para discussões produtivas e envolventes,
atento às diferenças individuais.

Você provavelmente está percebendo que curso em EaD não é um “curso sem
professor”. No entanto, alguns papéis do professor são redimensionados nesta modalidade.
O tutor, que também é professor na maioria dos modelos de EaD, precisa estar atento a várias
competências exigidas nesta modalidade, principalmente as relacionadas às tecnologias de
informação e comunicação, como exemplo, a tecnologia da internet.

Neste sentido, Demo (1998) afirma que o professor na modalidade de EaD precisa
agregar ao seu fazer docente habilidades e competências para lidar com materiais didáticos
produzidos em diferentes linguagens, trabalhar em diferentes ambientes, conviver com
diferentes tipos de avaliação, dentre outros.

Aliado a este perfil de professor de EaD, Belloni (2001) afirma que um dos papéis
do professor na EaD é o de constituir-se em um parceiro dos alunos no processo de
aprendizagem. Dito isto, resumo o que a referida autora apresenta como as três dimensões
que traduzem os papéis deste professor:

40
• Pedagógica – o professor precisa saber orientar, aconselhar, e fazer a tutoria,
tanto no campo da área específica da disciplina quanto na área pedagógica,
relacionada ao processo de aprendizagem do aluno.

• Tecnológica – o professor precisa conhecer a relação entre as tecnologias de


informação e comunicação e a educação (produzindo, avaliando, selecionando
e definindo estratégias de uso de materiais didáticos e tecnologias para o
processo de aprendizagem).

• Didática – a autora comenta que o professor precisa ter formação específica


na área em que irá atuar, planejando, avaliando ao propor metodologias da
área específica que contribuam para a aprendizagem dos alunos. Neste sentido,
tornase importante a busca por formação continuada em sua área de atuação.

FONTE: http://office.microsoft.com/pt-pt/clipart

Partindo das dimensões do papel do professor, apresentadas por Belloni (2001),


Oliveira, Dias e Ferreira (2004) propuseram dimensões aos tutores, repensando os papéis
dos professores, na perspectiva do tutor. Vejamos a seguir:

DIMENSÃO PEDAGÓGICA

• Capacidade para interagir com os conteúdos e com o material didático do curso,


tornando-os mais dinâmicos.

• Acompanhamento e avaliação da aprendizagem dos alunos, identificando e


orientando as dificuldades e desafiando para novas aprendizagens.

• Rapidez e clareza nas respostas às dúvidas dos alunos.

• Estabelecimento de regras para o desenvolvimento do trabalho.

41
DIMENSÃO TECNOLÓGICA

• Disposição para a inovação, especialmente em relação ao uso de tecnologias da


informação e comunicação.

• Adequação das tecnologias e do material didático do curso a cada grupo de


alunos atendidos.

• Domínio do uso dos recursos tecnológicos usados no curso em EaD.

DIMENSÃO DIDÁTICA

• Conhecimento do conteúdo do curso.

• Capacidade para realizar orientações.

• Utilização de metodologias de ensino e de aprendizagem adequadas às diferenças


de cada grupo de alunos.

• Proposição e acompanhamento de atividades que articulem a teoria e a práticas.

DIMENSÃO PESSOAL

• Habilidade para interagir com os alunos e mantê-los motivados, individualmente


e em grupos, incentivando-os, mobilizando sempre para novas aprendizagens.

• Disposição para estimular a autonomia e a emancipação do aluno, orientando-o


na gestão da própria aprendizagem.

• Competência para dialogar com o aluno, comunicando-se com ele, como


parceiro do processo.

Reflita sobre o papel dos professores e tutores, lembrando que o importante, como
professores, é estarmos abertos a aprender continuadamente. Ou seja, sempre há tempo
para aprender, sempre temos algo por aprender...

Você terá professores e tutores em seu curso. Os tutores, atendendo presencialmente


e à distância, serão as pessoas diretamente ligadas a você durante o curso. Você estará
em contato com eles usando o ambiente virtual de aprendizagem, email, telefone...ou,
42
presencialmente, no caso do tutor presencial. Assim, vale lembrar que, de forma geral, o
tutor:

• Orienta e estimula os alunos no processo de aprendizagem.

• Está em contato constante com os alunos, enviando notícias do curso, lembretes,


convites para uma participação mais ativa.

• Indica materiais e leituras complementares.

• Atende dúvidas relacionadas ao conteúdo e ao desenvolvimento do curso (datas,


questões técnicas, publicações de resultados, etc.).

• Avalia as atividades realizadas.

• Acompanha a participação dos alunos no ambiente virtual de aprendizagem.


(navegação no ambiente, entradas, envio de trabalhos, etc.).

Você deve ter percebido que o tutor será um dos seus grandes parceiros no
desenvolvimento de todas as atividades do curso.

Como sugestão, faça a leitura completa do texto sobre as competências dos


tutores, citada anteriormente.

OLIVEIRA, Eloiza da Silva Gomes de; DIAS, Alessandra Cardoso Soares; FERREIRA,
Aline Campos da Rocha. A importância da ação tutorial na educação a distância:
discussão das competências necessárias ao tutor, disponível em:

http://www.niee.ufrgs.br/ribie2004/trabalhos/comunicações/com20-28.pdf.

2.3 O PAPEL DO ALUNO

Não basta ter tutores, professores, materiais.... para que o aluno aprenda!!! Eles são
importantes no processo de aprendizagem, mas tão importante quanto eles, são os papéis
e a atitude do aluno em relação ao seu processo de aprendizagem. Você, aluno de EaD,
sabe qual o seu papel? O que fazer para ser um bom aluno em EaD? Vamos ler algumas
orientações neste sentido neste item de estudo.
43
Você talvez esteja pensando sobre diferenças entre um aluno da modalidade
presencial e um aluno da modalidade a distância. Sendo alunos, estudantes, aprendizes,
muitas atitudes são comuns na modalidade presencial e na modalidade de EaD. No entanto,
em EaD, temos de organizar a nossa agenda, determinando o tempo e local de estudo a
partir da carga horária semanal de estudo exigida no curso. Na modalidade presencial, o
tempo de aula é determinado pela instituição e professores.

Neste sentido, são apresentadas algumas orientações para estudar na modalidade


de EaD:

• Estabeleça seus objetivos;

• Planeje e cumpra um plano pessoal de estudo semanal (organize-se, prevendo


horários e locais em que você irá estudar).

• Busque informações necessárias para compreender as leituras realizadas, quando


for o caso;

• Agende um horário, com tempo mínimo de estudo diário, a partir do seu ritmo de
aprendizagem e necessidades, e cumpra-o fielmente;

• Reserve um tempo e determine um local para acessar e estudar pela internet,


previsto em seu plano de estudo semanal;

• Não fique com pendências, pois o acúmulo de atividades dificulta o acompanhamento


e aproveitamento do curso;

• Tenha objetivos claros, sendo persistente em seus estudos;

• Aproveite todos os recursos oferecidos no curso;

• Relaxe, faça intervalos. Que tal uns 10 minutos a cada hora de estudo?

• Grife, sublinhe, ponha sinais na margem do texto estudado. Se fizer leitura em tela,
use os diferentes recursos do computador no texto em estudo (cores, sublinhado,
comentários...);

• Faça esquemas, sínteses, e procure os pontos principais do texto;

• Pergunte, discuta, proponha...


44
• Fique atento aos prazos para cumprimento das tarefas;

• Explore o potencial da Internet: busque informações, tire suas dúvidas, troque


informações, partilhe seus conhecimentos e informações, participe de fóruns e
seminários com os colegas da turma.

Organize bem este tempo de estudo com o uso de internet. A internet facilita, pois
as informações e materiais do curso, estão acessíveis nas 24 horas do dia. Além disto, a
comunicação pode acontecer em tempo real com o tutor ou outros alunos, seja para tirar
dúvidas, produzir individual ou coletivamente ou participar de debates. Com a internet,
mesmo estando sozinho presencialmente, você poderá ficar acompanhado virtualmente.
Basta acessar ao ambiente virtual do curso.

A participação em um curso na modalidade de educação a distância, pelas


características próprias da EaD, exige uma postura diferenciada do aluno frente ao seu
processo de aprendizagem, para um aproveitamento significativo do curso. Resumindo as
orientações apresentadas anteriormente, destaco algumas atitudes do estudante em EaD:

Autonomia: é fundamental para que o aluno se assuma como sujeito da


produção do saber, percebendo-se como co-responsável por sua
aprendizagem.

Organização e gestão de tempo e espaço: necessárias para que as


atividades não se acumulem e os estudos propostos possam ser
desenvolvidos com a atenção necessária, nos prazos organizados para o
curso.

Abertura para aprender: implica o questionamento das certezas que


FONTE: http://www.sxc.hu

possui, compreendendo a aprendizagem como um processo dinâmico e


contínuo, que acontece na relação com os outros.

Saber trabalhar coletivamente: estar disposto a aprender com outras


pessoas, expondo as suas proposições, estabelecendo uma relação de
parceria e cooperação com colegas, professores e tutores.

Lembre-se de que em seus estudos você não está sozinho, os professores e tutores
estão à disposição para orientá-lo durante todo o processo. Além disso, você conta com a
oportunidade de interagir com seus colegas de curso.

45
Atividade - Plano Individual de Estudos

Organize o seu plano individual de estudo no curso, a partir da carga horária das disciplinas
a serem cursadas neste primeiro período de aulas. No quadro abaixo veja uma sugestão
para a organização de seu plano de estudo.

Em caso de dúvidas nesta produção, ou no estudo desenvolvido na Unidade 2, dialogue


com seu tutor no Fórum.

1. Tabela com os horários semanais de estudo

Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo

Horário de
Estudo

Local de
Estudo

2. Conclusão de disciplinas

Disciplina Carga Horária Total Data de Término de Estudo


(observe a tabela anterior)

46
Leia dicas de como estudar melhor nos endereços:

http://www.psicopedagogia.com.br/guia/estudar.shtml

http://www.dadireitofmn.com.br/download/artigo/Como_Estudar_Melhor.doc

Caro Acadêmico!

Espero ter contribuído com a sua compreensão em relação à modalidade de EaD.


Sucesso em seus estudos e muita dedicação!

Bom Estudo!

Profª. Suely Scherer

47
REFERÊNCIAS

ALVES, J. R. M. A história da EaD no Brasil. In: LITTO, F. M.; FORMIGA, M.(Orgs.). Educação
a Distância: o estado da arte. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2009. p. 9-13.

ARETIO, L. G. La Educación a Distancia: de la teoria a la práctica. Barcelona: Ariel, 2001.

BELLONI, M. L. O que é Mídia e Educação. Campinas: Autores Associados, 2001.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação a Distância. Referenciais de


qualidade para cursos a distância. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seed/arquivos/
pdf/referenciais.pdf>. Acesso em: 06/01/2009.

BRASIL. Decreto n. 5622, de 19 de dezembro de 2005. Regulamenta o art.80 da Lei n. 9394, de


20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Disponível
em: <http://portal.mec.gov.br/seed/legislação>. Acesso em: 18/01/2009.

DEMO, P. Questões para a teleducação. Petrópolis: Vozes, 1998. 388 p.

FREIRE, P. Extensão ou comunicação? Tradução de: OLIVEIRA, R. D. 10 ed. Rio de Janeiro:


Paz e Terra, 1992. 93p.

GIUSTA, A. S. Educação a Distância: contexto histórico e situação atual. In: GIUSTA, A. S.;
FRANCO, I. M. (Orgs.). Educação a Distância: uma articulação entre a teoria e a prática. Belo
Horizonte: PUCMinas, 2003.

LANDIM, C. M. M. P. F. Educação a Distância: algumas considerações. Rio de Janeiro: [s.n.],


1997.

MOORE, M.; KEARSLEY, G. Educação a Distância: uma visão integrada. Tradução de:
GALMAN, Roberto. São Paulo: Thomson Learning, 2007.

MORAES, M. C. Educação à Distância e a ressignificação dos paradigmas educacionais:


fundamentos teóricos e epistemológicos. In: MORAES, M. C.; PESCE, L.; BRUNO, A.R.(Orgs.).
Pesquisando fundamentos para novas práticas na educação online. São Paulo: RG
Ed, 2008.

MORAN, José Manoel. Propostas de mudança nos cursos presenciais com educação
on-line. Set. 2004. Disponível em: <www.eca.usp.br/prof/moran>. Acesso em: 20/09/2008.

_______. O que é educação a distância. Disponível em: <http://www.eca.usp.br/prof/


moran/textosead.htm>. Acesso em: 18/07/2007.

_______. Avaliação do Ensino Superior a Distância no Brasil. Disponível em:


< http://www.eca.usp.br/prof/moran/avaliacao.htm>. Acesso em: 20/01/2009.

MORIN, E. A cabeça bem-feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. Tradução de:


JACOBINA, Eloá. 3 ed. Rio de janeiro: Bertrand Brasil, 2001. 128p.

MOTA, R. Universidade Aberta do Brasil. In: SANCHEZ, F. (Coord.). Anuário Brasileiro


Estatístico de Educação Aberta e a Distância. 3 ed. São Paulo: Instituto Monitor, 2007.
49
NISKIER, A. Educação à Distância: a tecnologia da esperança. São Paulo: Loyola, 1999.

NUNES, I. B. Noções de Educação a Distância. 1993-1994. Disponível em:


<http://bibvirt.futuro.usp.br/index.php/content/download/2084/11866/file/nocoesead.
PDF>. Acesso em: 10/12/2008.

_______. A história da EaD no mundo. In: LITTO, F. M.; FORMIGA, M. (0rgs.). Educação a
Distância: o estado da arte. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2009. p. 02-08.

OLIVEIRA, I. E. A. Didática do Ensino Superior. In: MARTINS, O. B. (Org.). Curso de Formação


em Educação a Distância: Metodologia da Pesquisa e Didática do Ensino Superior. Módulo 5,
Curitiba: MEC: UNIREDE, 2001. p.89 -139.

OLIVEIRA, E. S. G. de; DIAS, A. C. S.; FERREIRA, A. C. da R. A importância da ação tutorial


na educação a distância: discussão das competências necessárias ao tutor. Disponível em:
<ht tp://w w w.niee.ufrgs.br/ribie2004/trabalhos/comunicaçõe s/com20-28.p df>.
Acesso em: 06/12/2008.

PETERS, O. Didática do ensino a distância. Tradução de: KAYSER, Ilson. São Leopoldo:
Unisinos, 2001.

PRETI, O. (Org.). Educação a Distância: construindo significados. Brasília: Plano, 2000.

_______.Educação a Distância: uma prática educativa mediadora e mediatizada. Disponível em:


<ht tp://w w w.scribd.com/doc/5189556/Ore ste-Pret i-E A D-UmaPrat icaEducat iva
Mediadora-e-Mediatizada>. Acesso em: 01/02/2009.

SANCHEZ, F. (Org). Anuário Brasileiro Estatístico de Educação Aberta e a Distância.


São Paulo: Instituto Monitor, 2008.

SIMONSON, M. Concepciones sobre la educación abierta y a distancia. In: BARBERÀ, E. (Coord.).


Educación abierta y a distancia. Barcelona: Ed. UOC, 2006. p. 13-48.

VALENTE, J. A. O computador na sociedade do conhecimento. Campinas: Unicamp/


NIED, 1999.

50

Você também pode gostar