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O artigo discute a importância do desenho na educação infantil como forma de expressão, criatividade e desenvolvimento cognitivo da criança. Aborda as etapas do desenvolvimento do desenho infantil e a necessidade de estimular a criança por meio de atividades que despertam sua imaginação.

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Amanda Braghini
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O artigo discute a importância do desenho na educação infantil como forma de expressão, criatividade e desenvolvimento cognitivo da criança. Aborda as etapas do desenvolvimento do desenho infantil e a necessidade de estimular a criança por meio de atividades que despertam sua imaginação.

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O desenvolvimento da criança na educação


infantil por meio do desenho
RESUMO
Viviane Terezinha dos Santos Este artigo tem por objetivo fazer um estudo bibliográfico sobre o desenho na educação
[email protected]
Universidade Tecnológica Federal do infantil, mostrando sua importância e a valorização na vida da criança, e ainda
Paraná (UTFPR), Medianeira, Paraná,
Brasil. possibilitando ações para que a construção do seu desenho seja semelhante à sua
expressão. Ao descobrir sua criatividade e despertando sua imaginação alguns pequenos
Flóida Moura Rocha Carlesso
Batista
traços, aos poucos vão produzindo dados de conhecimentos e se tornando criativos e lindos
[email protected] desenhos que vão ganhando cores e vidas. Essa pesquisa relata a importância da criança,
Universidade Tecnológica Federal do
Paraná (UTFPR), Medianeira, Paraná, com o objetivo de desenvolver suas ideias vigentes sobre o desenho de alguns autores na
Brasil
área da educação infantil. Acompanhando o avanço do desenho infantil, analisar o
desenvolvimento das produções no decorrer das fases, isso possibilita trocas de ideias
através dos acompanhamentos e evolução dos traços. Pretendendo provocar nos
profissionais da educação e pais, um despertar sobre a curiosidade da criança e o prazer
pelo desenho. A importância de praticar o desenho que vai evoluindo, passando por etapas
até a construção do próprio pensamento da criança, que este conhecimento é construído a
partir da sua relação direta com o objeto, assim são suas estruturas mentais que definem
as suas possibilidades quanto à representação e interpretação do objeto. Por meio das
cores e do desenho realizado pela criança pode-se fazer uma avaliação de seus sentimentos.
PALAVRAS-CHAVE: Traços. Desenho. Desenvolvimento.

R. Eletr. Cient. Inov. Tecnol, Medianeira, v.8 n.17 2017. E – 4794.


INTRODUÇÃO

São muitos os benefícios de desenhar, rabiscar e tentar escrever. Os primeiros


registros gráficos são importantíssimos na vida da criança. Pode se afirmar que eles
são o embrião do processo que a levará, de fato, a desenhar, a pintar e, mais tarde,
a escrever. O desenho é um passaporte para um mundo de imaginação, livre
expressão e autoconhecimento. Assim como a brincadeira é a linguagem que a
criança tem para se relacionar com o Mundo, declara a socióloga e especialista em
educação infantil.
É fundamental oferecer à criança contato com materiais bem diversificados.
Papéis de várias texturas, pincéis, lápis e canetas de espessuras diferentes, tintas
coloridas, a variedade estimula novas ideias e perspectivas.
A cada oportunidade de testar um novo material, um novo posicionamento
diante da atividade surgirá. O trabalho bibliográfico apresenta os objetivos a
seguir, compreender os sentimentos e as atitudes das crianças da educação
infantil. São aqueles que explicarão os detalhes da pesquisa e conduzirão os
trabalhos de maneira prática para que os objetivos sejam alcançados. Entender
como o desenho influencia na aprendizagem infantil, analisar como a escola utiliza
o desenho no ensino infantil, e como são aplicadas as atividades pelo professor e
compreender como são classificadas as etapas do desenho na infância.
O brincar também dá início ao desenho do seu próprio entorno. No geral, esse
processo ocorre de forma prazerosa, proporcionando aprendizagens em cada
traço elaborado. Sendo assim, desenhar é uma necessidade, tanto pelo aspecto da
comunicação como pelo prazer que esta atividade proporciona.
Muitas vezes, o desenho não é visto como atividade importante na escola, o
que acaba desvalorizando e limitando o seu espaço como atividade fundamental
para o desenvolvimento cognitivo e também emocional da criança. Assim, na
prática, os professores têm desconhecido o modo de ser da criança como ela é,
como sujeito que vive num momento em que predominam o sonho, a fantasia, a
afetividade, a brincadeira, as manifestações de caráter subjetivo.
De acordo como a criança vai se desenvolvendo os desenhos vão se
estruturando progressivamente de modo mais elaborado. No entanto, o
desenvolvimento intelectual e o físico são condições necessárias à evolução do
traço, mas não suficientes, pois, na falta de oportunidades para desenhar e de
orientações adequadas, o desenho fica estagnado ou estereotipado,

R. Eletr. Cient. Inov. Tecnol, Medianeira, v.8 n.17 2017. E – 4794.


Não limitar e estimular a criança são a chave do sucesso. Muitas escolas
infelizmente ainda trabalham com um ensino tradicional, trazendo o desenho
como algo padronizado, ou seja, um modelo a ser seguido. E a internet
disponibiliza cópias de imagens que são xerocadas para as crianças pintarem. Para
fazer um desenho, não tem que ser da mesma forma como aprendeu, ou seja,
seguir um modelo único. A criança precisa criar.
Ao apresentar fotografias e imagens desenhadas e pintadas por outras
crianças e também por não deixa também de ser importante no desenvolvimento
da criança. Elas precisam criar conceitos, compreender e assimilar esses conceitos
sobre as imagens para ter ideia do que aquilo significa, porque enquanto, muito
pequenas, ainda não tem noção de que a imagem de um livro é um objeto,
denominado livro, ela precisa aprender isso.
Enfim, o desenho infantil para a criança é uma reconstrução do seu universo
a ser interpretado e explorado para muitos autores. Dependendo do professor
para o processo, pois o desenho revela o grande desenvolvimento intelectual,
social, emocional e perceptivo. É com o passar do tempo e com os estímulos
oferecidos à criança que o desenho evolui, passa a ter formas mais precisas até
que enfim apresenta figuras mais nítidas e bem definidas.

A IMPORTÂNCIA DAS FASES NO DESENVOLVIMENTO DO DESENHO NA


INFÂNCIA DA CRIANÇA

2.1 A LUTA PELO SURDO

O desenho é de grande importância na vida da criança, os prime os pais e


professores não conseguem definir o que está desenhado.
O Realismo fortuito inicia-se aos 2 anos, é quando a criança percebe que seus
traços assemelham-se com algo. A partir daí, procura fazer novamente, até
automatizar, gerando uma habilidade gráfica, adquirindo melhores resultados,
deixando assim os rabiscos sem nomes, passando a nomeá-los. A forma que a
criança desenha expressa o seu nível intelectual, emocional e perspectivo, que são
representações inseridas num dado contexto cultural informando suas
experiências individuais.
Realismo falhado dá-se entre 3 e 4 anos. Nesta etapa a criança tem intenção
(grande vontade) de desenhar algo específico, mas não consegue devido à ordem

R. Eletr. Cient. Inov. Tecnol, Medianeira, v.8 n.17 2017. E – 4794.


motora (não tem controle de seu movimento), e a ordem psíquica (tempo limitado
e descontínuo da sua atenção).
Com isso o desenho vai assumindo um caráter próprio de cada estágio,
incluindo a cultura de cada um. Conforme o desenho da criança vai evoluindo, ela
começa a interpretar sua ação verbal como uma aquisição do signo gráfico em
personagem, tornando intérprete do seu próprio desenho. Realismo intelectual
normalmente dá-se dos 4 anos aos 10-12 anos. Aqui nesta fase a criança inclui em
seus desenhos, elementos que só existem em sua mente e faz uso de planificação,
rebatimento e transparências.
Quanto mais à criança desenha, mais ela vai formulando suas ideias e
expressando seus sentimentos através de riscos e rabiscos. Isso possibilita que a
mesma use o desenho para brincar, falar, registrar e marca o desenvolvimento da
sua infância.

[...] O desenho é um sistema de representação, sendo um


trabalho gráfico, construindo e interpretando o objeto
conforme o que sente e pensa. A criança não nasce sabendo
desenhar o meio que propicia este conhecimento a partir das
estruturas mentais que possibilitam a criança interpretarem o
mundo. Dessa forma o conhecimento não resulta da relação
da criança como os objetos, mas da sua interpretação e
representação. (PILAR, 2012, p.190)

Por meio da garatuja que a criança começa a sentir prazer pelo desenho que
aos poucos vão sendo criado, assim constata o efeito visual de sua ação, onde as
garatujas deixam de ser um movimento de ir e vir, passando a ser um movimento
mais ordenado, criando e recriando o se próprio desenho, expressando seus
sentimentos e pensamentos. O Realismo visual acontece por volta dos 12 anos.
Nesta etapa a criança substitui a transparência pela opacidade.

2.2 A VALORIZAÇÃO DAS PRODUÇÕES DOS DESENHOS INFANTIS

O desenho infantil é uma linguagem como o gesto de falar, deixando pista por
meio da linguagem gráfica. A criança que desenha estabelece relações do seu
mundo interior com o exterior, adquirindo e reformulando conceitos, aprimorando

R. Eletr. Cient. Inov. Tecnol, Medianeira, v.8 n.17 2017. E – 4794.


suas capacidades, envolvendo afetivamente e operando mentalmente
sentimentos e expressando pensamentos.

[...] A criança passa por algumas fases do desenvolvimento


do desenho, garatuja e rabiscos, esse controle motor não tem
limite para a criança, usando toda a folha, a linhas longitudinais
com o tempo torna circular, tentando relacionar o seu
desenho com o objeto que a rodeia. Para a criança um risco,
ou um circulo pode ser uma árvore, uma casa ou até mesmo a
sua família. As cores também estão muito presente no
desenho, cada uma tem um significado estabelecendo os
primeiros contatos com o mundo e sua coordenação motora.
O mesmo autor ainda afirma que o desenho é um modo de
expressão da criança e pode ser considerado um processo
mental. É também através do desenho que a criança imagina e
inventa, despertando a curiosidade e o conhecimento. (READ,
2001, p.104)

Derdkyk (1989 p.47) concorda com Read (2001 p.39 ) sobre a importância do
desenho. Suas orientações servem de alerta, pois as escolas não dão importância
para o desenvolvimento do desenho espontâneo da criança, impedindo de se
apropriar e conhecer o mundo simbólico, temático e conceitual, deixando de
escolher o que vai desenhar, de acordo com os interesses próprios daquele
momento. Com isso o educador inibe a criança de expressar sua visão de mundo
através dos desenhos. Muita das vezes o professor não consegue interpretar o
significado do desenho da criança, o desenho deve ser sempre valorizado pelo
educador e pais, pois é uma forma de aprendizado, e quando ele é valorizado, a
criança sente-se prazer e se estimula aprender mais. Poucas são as oportunidades
que o educador oferece para a criança em desenhos livres, normalmente são
oferecidas para ela cópias de desenhos expressos pela internet para colorir, ou
seja, cópias xerocadas, que impede da criança desenvolver sua criatividade.

[...] A criança rabisca pelo prazer de rabiscar, de gesticular,


de se aprimorar. O grafismo que daí surge é essencialmente
motor, orgânico, biológico, rítmico. Quando o lápis escorrega
pelo papel, as linhas surgem. Quando a mão para, as linhas não
acontecem. Aparecem, desaparecem. A permanência da linha
no papel se investe de magia e esta estimula sensorialmente a
vontade de prolongar este prazer (DERDYK, 2004, p.56).

A criança transmite suas emoções por meio do grafismo, desenhar também


faz parte do brincar. É impossível ver uma criança triste ao estar desenhando, o
desenho estimula o pensamento e encanta. Ainda existem muitas crianças que
encontra dificuldades de aprendizagem relacionada à fase da função simbólica.

R. Eletr. Cient. Inov. Tecnol, Medianeira, v.8 n.17 2017. E – 4794.


Isso acontece porque a mesma não tenha tido oportunidade de interação na face
da educação infantil, ou seja, não desenvolveu consequentemente os sistemas de
representação por meio de desenhos. Situações como esta, é perceptível à
importância do trabalho na educação infantil que priorize e preserve os momentos
lúdicos e prazerosos, que certamente contribuirão para o desenvolvimento do
desenho infantil.
Luquet (1927 p.15) A criança desenha para se divertir e seu desenho está
condicionado ao meio em que ela vive”.
É necessário que pais e professores conheçam as etapas do desenvolvimento
infantil, buscando valorizar a importância do mesmo, não só no âmbito escolar,
mas em todas as relações da criança. É através do desenho infantil que podemos
entender melhor os conceitos. É essencial entender como se dá o processo de
construção do desenho infantil, buscando intender uma nova leitura de mundo e
da arte.

[...] O ato de desenhar da criança precisa ser respeitado e


entendido como forma de expressão, desde as primeiras
representações plásticas. Mesmo com todo apelo tecnológico
e outras referências da contemporaneidade, a criança, em
qualquer lugar do mundo, se tiver oportunidade de
desenvolver o desenho, o fará mantendo semelhante
esquema gráfico. O ato de conhecer e o ato de criar
estabelecem relações: ambos suscitam a capacidade de
compreender, relacionar, ordenar, configurar, significar. Na
busca do conhecimento reside profunda motivação humana
para criar. O homem cria porque necessita existencialmente.
(DERDYK,1989 p.12).

Sans (2007p.46) relata que o desenho é como um instrumento de


conhecimento, possuindo grande capacidade de abrangência, como meio de
comunicação e expressão. A criança ao desenhar ela esta expressando seus
sentimentos, ou seja, ao desenhar a criança esta exercitando sua criação
imaginaria. Todo aos desenhos tem um significado ou uma expressão, é desenhado
que a criança relata sua necessidade afetiva ou sua alegria, impulsionando as novas
criações que estão ligadas ao seu desenvolvimento gráfico, afetivo, motor e
cognitivo. Assim percebe-se como a criança se manifesta emocionalmente

[...] “Apreciar o desenho da criança é perceber a


dimensão do “belo” em toda sua plenitude, que não se
restringe ao visual da obra, mas ao encanto geral que ela
emana”. O grafismo é uma manifestação que se bem estudada

R. Eletr. Cient. Inov. Tecnol, Medianeira, v.8 n.17 2017. E – 4794.


pode ajudar de forma decisiva a entendermos o universo
infantil e nosso próprio universo. “O ato criativo sempre deixa
um rastro, caracterizando-se como fonte de renovação
espiritual e de transformação”.(SANS,2007,p.46)

Novaes (1972 p.34) concorda com Sans (2007p.46) e salienta que as crianças
são únicas nas suas formas de percepção e expressão, nas suas experiências de
vida e nas suas fantasias. O seu potencial criador dependerá das oportunidades
que terão para expressá-lo. Ela é capaz de criar, basta dar-lhe oportunidades para
que isso aconteça. A liberdade de ação, no que concerne à busca da expressão
através do desenho, ajuda os processos de criação do ser humano.

[...] O ser humano cria, quando expressa novas formas


existenciais, tanto para ele como para o mundo. Em se
tratando da criança, isso se observa no momento em que ela
ultrapassa o ato de rabiscar, substituindo-o por outros
grafismos que ampliam significados, culminando na
comunicação com outras pessoas em seu entorno.(NOVAES,
1972, p.34)

Novaes (1972, p.35) relata que a criança viaja na sua imaginação ao desenhar,
ela começa com alguns rabiscos, e aos poucos seu desenho vai se evoluindo e
ganhando novas características que amplia suas ideias e sua criatividade, passando
para as pessoas em seu redor um desenho mais elaborado e definido.
Perondi (2001p.22) vale-se das ideias de Piaget (1948p.15) afirma que
conforme o desenvolvimento da criança, os recursos simbólicos tornam-se mais
complexos para ela. Se, no começo, necessitava da presença do objeto e era
restrita às percepções e experiências imediatas, com o passar do tempo isso se
torna dispensável; ela passa a representar papéis sociais cada vez mais elaborados
e cria formas diversificadas de lidar com situações presentes ou futuras. Podemos
perceber no desenho da criança, uma vez que ela inicia seus traçados com rabiscos
que, aos poucos, são substituídos por figuras e objetos que mostram uma
representação com contornos mais próximos daquilo que ela percebe.

Segundo Perondi (2001p.22) “os desenhos podem ser inspirados por


circunstâncias não previsíveis, porém, frequentemente, eles se relacionam por
acontecimentos próximos ou por circunstâncias similares às experiências já
vividas”.

[...] O ato criativo tem origem “na luta do ser humano


contra aquilo que o limita”. O autor observa dois fatores

R. Eletr. Cient. Inov. Tecnol, Medianeira, v.8 n.17 2017. E – 4794.


presentes no ato criativo: o primeiro refere-se à natureza do
encontro, e o segundo, à intensidade do encontro. O encontro
pode ser com um objeto real, com uma ideia, uma visão
interior, assim como pode também ser envolto em esforço,
voluntário ou não. Afirma, ainda, que cada pessoa passa por
uma situação de encontro com o objeto, que pode ser algo que
está procurando, ou que simplesmente lhe tenha chamar à
atenção, mas, com certeza, é tomada por emoções. ( MAY,
1982, p. 116).

É primordial que se compreenda a criança como um ser pensante, sensível,


que constrói, por meio das suas representações gráficas, um espaço real e
imaginário. A criança ao rabiscar, a criança desenvolve seus processos criativos,
ampliando suas potencialidades de expressão.

2.3 A EVOLUÇÃO DO DESENHO EM CADA FASE DA CRIANÇA

Piaget (1948 p.32) mostra em sua teoria que a necessidade de identificar as


emoções em qualquer período de desenvolvimento da criança. Ela tem
necessidade de comunicar-se com outros e, também, consigo mesma. As
expressões e as atribuições construídas pelas crianças através do objeto e do seu
entorno, modificam-se de acordo com a sua faixa etária, uma vez que, gradativa e
continuamente, ela passa a ter consciência reflexiva, da qual já é dotada. E se
observarmos o desenho infantil vai modificando fase a fase. Conforme vai
amadurecendo seus desenhos vão ficando mais ricos e detalhados.

[...] O desenho infantil apresenta-se nas seguintes fases: 1-


garatuja desordenada: movimentos desordenados, onde não
há preocupação com a preservação dos traços, onde muitas
vezes são cobertas por novos rabiscos várias vezes. 2- garatuja
ordenada: movimentos longitudinais e circulares, o que
caracteriza o início do interesse pelas formas e maior
exploração do desenho no papel. (PIAGET, 1948, p.32)

Vygotsky (1989 p.53) discorda de Piaget (1948 p.32) que privilegia a


maturação biológica. Acredita que os conhecimentos são elaborados
espontaneamente pela criança, de acordo com o estágio de desenvolvimento em
que ela esta. Com uma visão egocêntrica sobre o mundo vai progressivamente
aproximando-se da concepção dos adultos e socializando- se. Em relação ao
desenho se observarmos a teoria de Piaget (1948 p.32) a criança vai evoluindo,
melhorando conforme passa de uma fase para outra. Já Vygotsky (1989 p.53)
privilegia o ambiente social. Ele salienta o ambiente social em que a criança nasce,

R. Eletr. Cient. Inov. Tecnol, Medianeira, v.8 n.17 2017. E – 4794.


reconhece que, em variando esse ambiente, o desenvolvimento também variará.
Vemos a produções das crianças com registros de tudo que vê ao seu redor. Ela
desenha seu meio. Tanto Piaget (1948 p.32) como Vygotsky (1989 p.53) são
estudiosos que contribuem muito para entendermos o desenvolvimento infantil.
É muito importante dizer que dependendo dos estímulos que a criança recebe
durante seu desenvolvimento, ela pode passar ou não pelas fases citadas pelo
Vygotsky (1989 p.53), sendo muito interessante respeitar a maturidade e sua
historia de vida. O desenho é o caminho que a criança usa para demonstrar suas
frustrações, alegrias, tristezas, dentre tantas outras emoções que se pode citar. É
a maneira mais fácil que a criança tem para se expressar.

[...] O desenvolvimento do desenho parte de duas


condições, sendo um, o domínio do ato motor, por isso o
desenho é o registro de um gesto e logo passa a ser o da
imagem, desta forma a criança percebe que pode representar
graficamente um objeto. E o outro é a fala no ato de desenhar,
só se reconhece o desenho depois que a criança fala o que
desenhou, identificando com o objeto desenhado. Logo após
ela já fala o que vai fazer, demonstrando um planejamento. A
linguagem verbal é à base da linguagem gráfica. (VYGOTSKY,
1989, p.141).

Já Ferreira (2003 p.104) faz considerações importantes sobre o


desenvolvimento do desenho infantil, onde a criança registra sua realidade. É
preciso que o adulto esteja cada vez mais atento e sensível à construção do
desenho infantil, pois percebemos que este é um dos instrumentos utilizados pela
criança para expressar suas emoções e conflitos e é através dele que ela nos
convida gentilmente a adentrar o seu mundo interno. Referente ao professor,
devemos considerar o rico ambiente da sala de aula, para que o mesmo aproveite
deste, para conhecer mais o seu aluno e dentro da sua função e do que lhe
compete, capturar as várias emoções e muitas mensagens que seu aluno pode
demonstrar nos desenhos. Essas interpretações são somente umas das muitas que
o mundo do desenho infantil abrange, não podendo generalizá-los, sabendo que
cada criança tem a sua realidade.

[...] Considera-se com os desenhos, as condições físicas e


emocionais em que a criança se encontrava ao realizá-los, as
cores que ela utilizava o espaço por ela ocupado no papel, a
fisionomia expressada enquanto desenhava as figuras
desenhadas e a importância e significado que a criança atribui
a ela delas.

R. Eletr. Cient. Inov. Tecnol, Medianeira, v.8 n.17 2017. E – 4794.


As meninas tendem a desenhar crianças, pois trazem enfeites
no cabelo, carregam acessórios e grande maioria após os seis
anos se voltam às coisas domésticas, como fogões, mesa,
toalhinhas, bandejas, entre outros. Os meninos tendem a
desenhar adultos, onde nota-se que seus desenhos possuem
chapéu, boné e usam calças compridas. Após os seis anos
desenham mais objetos mecânicos como veículos, moto,
bicicleta, armas, entre outros.

Nota-se que após os seis anos, ambos os sexos, tendem a


desenhar objetos que fazem parte do seu dia-a-dia, da sua
realidade, do seu cotidiano. A princípio a criança ao desenhar
não tem noções de tamanho, proporção, onde geralmente
desenha a cabeça maior que o corpo, ou vice-versa.
(FERREIRA,2003, p104).

Tanto Ferreira (2003.p104) quanto Luquet (1927 p.15) relatam em seus


comentários que a crianças passa por várias fases de desenvolvimento do desenho,
ou seja, desenhos desordenados que muitas vezes não são completos, sempre
faltam uma parte do corpo, e com isso a mesma vai repetindo essa desordenação
até conseguir concluir o desenho por completo. Isso varia de acordo com sua
idade. Esses autores afirmam que dependendo do sexo e da idade existe uma
preferencia de desenho, a qual a criança vai se expressando os seus sentimentos e
seu mundo, ou seja, um olhar mais amplo dos objetos que estão a sua volta, e que
cada cor representa grande significado na vida da criança.
As figuras 1, 2 e 3 representam bem essas afirmações:

Figura 1 – Arabescos infantis

R. Eletr. Cient. Inov. Tecnol, Medianeira, v.8 n.17 2017. E – 4794.


Fonte: Imagens obtidas pela autora na pesquisa de campo, 2014

Figura 2- Arabescos infantis

Fonte: Imagens obtidas pela autora na pesquisa de campo, 2014


Figura 2- Arabescos infantis

R. Eletr. Cient. Inov. Tecnol, Medianeira, v.8 n.17 2017. E – 4794.


Fonte: Imagens obtidas pela autora na pesquisa de campo, 2014

RESULTADOS E DISCUSSÕES

O desenho foi visto na educação infantil por muitos anos como uma mera
atividade de passatempo. Mas ao longo dos tempos essa concepção vem
mudando. Então o professor precisa assumir uma postura questionadora e
investigar o desenvolvimento da criança por meio do desenho.
Hoje ainda vemos educadores, não tendo visão da necessidade de estimular
o desenho infantil, que é onde a criança manifesta suas emoções. É necessário ter
um olhar importante para o desenho que é a primeira expressão infantil, são os
seus primeiros símbolos, manifestando aquilo que sente e não propriamente o que
vê. É imprescindível que pais e educadores tenham o conhecimento da
importância que desde cedo devem estimular a expressar desenhando. Os seus
sentimentos, na sua maturidade, talvez assim possam ser uma pessoa mais
confiante e feliz e isso poderá contribuir para melhorar um pouquinho o mundo.
Uma perspectiva totalmente futurista, preparar hoje para uma resposta futura,
pois o desenho é uma ferramenta primordial no desenvolvimento integral da
criança.
A pesquisa bibliográfica realizada levou a perceber o desenho como
fundamental no processo ensino- aprendizagem, não apenas porque se trata da
primeira escrita da criança, mas, sobretudo, porque oferece a ela um
desenvolvimento emocional e cognitivo, envolvendo movimentos e saberes de
maneira prazerosa e envolvente.
Na educação é fundamental saber que para a criança o desenho é lúdico, é
um jogo ou uma brincadeira em que seu mundo interior apresenta-se de forma
concreta no seu traçado, intencional ou não intencionalmente.
E ainda desenvolve o cognitivo, em que a criança apropria-se do
conhecimento a partir da ação do educador, como também desenvolve a
oralidade, pois a fala precede o desenho e o ato de desenhar vem sempre
acompanhado de falas e gestos. Enquanto desenha a criança apresenta também
todo um envolvimento emocional, fundamental para um desenvolvimento
sensível, criativo, sadio, seguro e que torna a criança autônoma. É preciso na
prática pedagógica nas escolas que as atividades sejam bem trabalhadas e
diversificadas. Assim os resultados serão surpreendentemente enriquecedores.

R. Eletr. Cient. Inov. Tecnol, Medianeira, v.8 n.17 2017. E – 4794.


O desenho revela sentimentos, pensamentos e dilemas intencionalmente não
ditos ou outras vezes nem percebidos pela criança revelando as dores da alma que
muitas vezes a afeta prejudicando sua aprendizagem e comportamento, trazendo
frustração e desmotivação. Esse trabalho foi escrito com a finalidade de
proporcionar um olhar mais ampliado para o desenho. Luquet (1927) fala dos
'erros' e 'imperfeições' do desenho da criança que atribui a 'inabilidade' e 'falta de
atenção', além de afirmar que existe uma tendência natural e voluntária da criança
para o realismo.
Sully (1895) vê o desenho da criança como uma 'arte embrionária' onde não
se deve entrever nenhum senso verdadeiramente artístico, porém, ele reconhece
que a produção da criança contém um lado original e sugestivo. Sully afirma ainda
que as crianças são mais simbolistas do que realistas em seus desenhos (Rioux,
1951).
São os psicólogos, portanto, que no final do século XIX descobrem a
originalidade dos desenhos infantis e publicam as primeiras 'notas' e 'observações'
sobre o assunto. De certa forma eles transpõem para o domínio do grafismo a
descoberta fundamental de Jean Jacques Rousseau sobre a maneira própria de ver
e de pensar da criança.
Ao final do seu primeiro ano de vida, a criança já é capaz de manter ritmos
regulares e produzir seus primeiros traços gráficos, fase conhecida como dos
rabiscos ou garatujas (termo utilizado por Lowenfeld para nomear os rabiscos
produzidos pela criança).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A infância é marcada essencialmente pelo encantamento, que expressa ao


desenhar, caracterizada como uma prática natural e indispensável à vida, presente
em todas as culturas desde os tempos remotos. Busca investigar o desenho na
Educação Infantil, destacando-o como uma linguagem gráfica importante no
desenvolvimento da criança, bem como um meio de representação expressiva,
criadora e imaginária.
Não existem divergências entre os autores no que diz respeito à importância
do desenho infantil, composto por fases e movimentos, dentro do seu processo de
desenvolvimento da criança. O desenho infantil é base de análise importante do

R. Eletr. Cient. Inov. Tecnol, Medianeira, v.8 n.17 2017. E – 4794.


progresso da criança. O seu desenvolvimento contribui para a representação
simbólica, para o desenvolvimento motor, emocional e consequentemente para a
aprendizagem como um todo.
Esse estudo mostrou que as crianças que utiliza o desenho para se expressar
desde os primeiros anos tem maior facilidade de aprender o desenho é um pré-
requisito para a aquisição da linguagem escrita. O desenho deve ser um tema de
grande importância na formação de educadores que vão atuar na educação
infantil. O grafismo infantil é rico em várias dimensões, ele é uma ferramenta
diagnóstica, lúdica e prazerosa, necessário no desenvolvimento da criança.
O desenho infantil é um universo cheio de mundos a serem explorados. Vem
sendo discutido já há algumas décadas, e seu estudo está ganhando importância
entre os professores mais atentos e cuidadosos frente à produção do desenho. O
aprimoramento do traço não é só uma questão de coordenação motora, mas a
essência dele é muito mais que isso, relata o que está acontecendo dentro da
criança, quais suas necessidades. O desenho é um diagnóstico que a criança
expressa sobre si mesma. Essa produção desvenda os processos do seu
desenvolvimento.

R. Eletr. Cient. Inov. Tecnol, Medianeira, v.8 n.17 2017. E – 4794.


The development of children in early
childhood education through
ABSTRACT

This article aims to make a bibliographic study about the design of children 's education,
showing its importance and appreciation in the child' s life, and also enabling actions to
make the construction of its design similar to its expression. By discovering your creativity
and awakening your imagination a few small traits, little by little they produce knowledge
data and become creative and beautiful designs that are gaining color and lives. This
research reports the importance of the child, with the objective of developing his current
ideas about the design of some authors in the area of early childhood education.
Accompanying the advancement of children's drawings, analyze the development of
productions throughout the phases, this allows for exchanges of ideas through the
accompaniments and evolution of the traits. Intending to provoke in the professionals of
the education and parents, an awakening on the curiosity of the child and the pleasure by
the drawing. The importance of practicing the drawing that is evolving, going through stages
until the construction of the child's own thought, that this knowledge is built from its direct
relation with the object, so are its mental structures that define its possibilities as
representation and interpretation of the object. Through the colors and the drawing made
by the child can make an evaluation of their feelings.
KEYWORDS: Traits. Drawing. Development

R. Eletr. Cient. Inov. Tecnol, Medianeira, v.8 n.17 2017. E – 4794.


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R. Eletr. Cient. Inov. Tecnol, Medianeira, v.8 n.17 2017. E – 4794.


Recebido: 16 out. 2016.
Aprovado: 09 ago. 2017.
DOI:
Como citar: SANTOS, V. T. ; BATISTA, F. C. R. M.; O desenvolvimento da criança na educação infantil por
meio do desenho. R. Eletr. Cient. Inov. Tecnol, Medianeira, v.8 n.17 2017. E – 4794.
Disponível em: <https://periodicos.utfpr.edu.br/recit>. Acesso em: XXX.
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Internacional.

R. Eletr. Cient. Inov. Tecnol, Medianeira, v.8 n.17 2017. E – 4794.

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