Bovinocultura de Leite

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UNIVERSIDADE SAVE

FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA


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LICENCIATURA EM ZOOTECNIA

Custódia Sérgio Zita

Gércio Matsinhe

Ester Vicente Guele

Maria Celeste Eusébio Uamusse

Maneio das vacas leiteiras

Licenciatura em Zootecnia, 4ᵒ ano.

Chongoene

Maio

2024

UNIVERSIDADE SAVE
FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA
LICENCIATURA EM ZOOTECNIA

Custódia Sérgio Zita

Gércio Matsinhe
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Índice
1.0 Introdução.......................................................................................................................4

1.1 Objectivos............................................................................................................................5

1.1.1 Geral..............................................................................................................................5

1.1.2 Específicos.....................................................................................................................5

1.2 Metodologia.........................................................................................................................5

2.0 Maneio das Vacas Leiteiras.................................................................................................6

2.1 Alimentação.................................................................................................................6

2.1.1 Instalações.....................................................................................................................6

2.2 Maneio das vacas leiteiras no pré-parto e pós-parto............................................................6

2.2.1 Pré-parto........................................................................................................................7

2.2.2 Pós-parto........................................................................................................................7

2.3 Ordenha................................................................................................................................8

2.3.1 Maneio da Ordenha.......................................................................................................8

2.4 Maneio de vitelos até o desmame......................................................................................10

2.4.1 Cuidados Imediatos após o Nascimento......................................................................10

2.5 Maneio de Novilhas...........................................................................................................12

2.6 Maneio reprodutivo de vacas leiteiras................................................................................12

2.6.1 Eficiência reprodutiva.................................................................................................13

2.6.2 Estação reprodutiva.....................................................................................................14

2.7 Cria e recria de bovinos leiteiros para a reposição.............................................................15

2.7.1 Maneio das vitelas na fase de cria...............................................................................15

2.7.2 Manejo das vitelas na recria........................................................................................16

3.0 Constatação........................................................................................................................17

4.0 Referências bibliográficas..................................................................................................18


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1.0 Introdução

O presente trabalho surge na cadeira de Bovinocultura de Leite, e tem como tema: Maneio
das vacas leiteiras.

A pecuária leiteira é uma atividade complexa que exige conhecimento, dedicação e maneio
adequado para garantir o bem-estar animal, a produtividade e a lucratividade. Este trabalho
abordará os principais aspectos do maneio de vacas leiteiras, desde a alimentação e
instalações até a reprodução e saúde da manada

A vaca leiteira para ter um desempenho ideal durante as fases produtiva e reprodutiva deve
ter um maneio cercado de cuidados, ainda no útero da mãe. Deve ser obtido através do
resultado de um programa de acasalamento utilizando-se o reprodutor na monta natural ou a
inseminação artificial com grau de sangue de acordo com a exploração que pretende-se
implementar na propriedade. Após esta escolha, deve-se dar uma atenção aos cuidados
sanitários exigidos logo após o nascimento, a alimentação e o local onde este animal será
recolhido. Esta futura vaca que pretende-se utilizar para a exploração leiteira, deverá ser
acompanhada de escrita zootécnica para que se tenha o registro produtivo e reprodutivo
durante a sua vida útil, pois estas anotações irão informar até quando o produtor poderá
manter esta fêmea na manada em face de sua produção.
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1.1 Objectivos
1.1.1 Geral
 Compreender o Maneio das Vacas leiteiras.

1.1.2 Específicos
 Conhecer o maneio das vacas leiteiras no pré-parto e pós-parto;
 Descrever as etapas do maneio da ordenha;
 Falar do maneio de vitelos até o desmame;
 Falar de cria e recria de bovinos leiteiros para a reposição

1.2 Metodologia
Para a realização deste trabalho recorreu-se a pesquisa bibliográfica.
A pesquisa bibliográfica é desenvolvida mediante material já elaborado, principalmente
livros e artigos científicos. O material consultado abrange todo referencial já publicado em
relação ao tema de estudo (GILL, 1999).
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2.0 Maneio das Vacas Leiteiras


O conceito de maneio abrange todas as tarefas desempenhadas diretamente com os animais,
no intuito de criá-los, mantê-los e fazê-los produzir. Atualmente, inclui-se nesta conceituação
a máxima produtividade e a eficiência do uso de instalações e equipamentos. Vários autores
descrevem a vaca de leite como sendo uma “criatura de hábito”. Dentro desta premissa,
qualquer alteração que se faça em sua rotina, estabelecida por maneio, irá refletir
negativamente em suas respostas produtivas. O maneio de bovinos leiteiros adultos (vacas)
não deve ser estabelecido por normas padronizadas e destinadas a qualquer tipo de manada;
elas variam de acordo com o tipo de gado, o local, o estágio tecnológico atingido pelo criador
etc. Assim, para um plantel de gado holandês puro ou de alta cruza as normas aconselhadas
são diferentes daquelas preconizadas para uma manada cruzado ou para uma manada onde
predomine o gado zebu (Germano, 2017).

Figura 1: vacas na sala de ordenha

2.1 Alimentação

A nutrição é fundamental para a saúde, produtividade e reprodução das vacas leiteiras. Uma
dieta balanceada e de alta qualidade deve fornecer todos os nutrientes necessários para
atender às demandas do animal, considerando fatores como raça, fase de produção (lactação,
gestação, crescimento), peso corporal e condições ambientais (Germano, 2017).

 Oferecer quantidade adequada de alimento, de acordo com a fase de produção do


animal;
 Dividir a dieta em várias refeições ao longo do dia;
 Garantir acesso livre à água limpa;
 Monitorar o consumo de alimento e ajustar a dieta conforme necessário;
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 Utilizar técnicas de feno para reduzir desperdícios.

2.1.1 Instalações
As instalações devem ser confortáveis, seguras e adequadas às necessidades das vacas
leiteiras, proporcionando bem-estar animal e otimizando o maneio do rebanho.

2.2 Maneio das vacas leiteiras no pré-parto e pós-parto


O maneio das vacas leiteiras no pré-parto e pós-parto é crucial para o sucesso da pecuária
leiteira. Esse período crítico exige atenção especial às necessidades nutricionais, sanitárias e
de conforto dos animais, a fim de garantir a saúde da mãe e do vitelo, otimizar a produção de
leite e minimizar os riscos de complicações.

2.2.1 Pré-parto
O parto é uma das etapas essenciais para garantir o bem-estar e a saúde do neonato (Barrier et
al., 2013). A vaca possui um período de gestação de 9 meses e torna-se imprescindível, ao
nível de uma exploração, conhecer a data prevista para o nascimento. Tal informação
condiciona não só a altura da secagem do animal mas também a deslocação do mesmo para o
local do parto, que deverá ser realizado numa maternidade com cama limpa e, se possível,
desinfectada de forma a minimizar a ocorrência de infecções quer na vaca quer no neonato.
Na maternidade deve existir um espaço amplo para os animais, garantindo um espaço mínimo
de 10-15 m2 para cada vaca, e evitar a sobrelotação do espaço (Nunes et al., 2016; Aguirre,
Mayayo & Antón, 2013). A deslocação para as maternidades não deverá ser feita com muitos
dias de antecedência nem muito perto da altura do parto pois, neste último caso, existe a
possibilidade de a vaca parir num local inapropriado para o efeito ou ocorrer uma interrupção
da expulsão do feto (Proudfoot, Jensen, Heegaard & von Keyserlingk, 2013). Deste modo, o
ideal será movimentar os animais três dias antes da altura prevista para o parto (Nunes et al.,
2016).

2.2.2 Pós-parto
Após o nascimento, vários cuidados deverão ser assegurados de forma a garantir o bem-estar
do neonato. O primeiro cuidado será a limpeza das vias aéreas do animal mediante a retirada
do muco presente. Deve-se igualmente estimular a respiração do animal através da introdução
de uma palha na fossa nasal, o que induz o espirro e auxilia o vitelo a insuflar os pulmões
(Martinho, 2015). Pode-se ainda friccionar o dorso do vitelo e molhar a cabeça com água fria
para estimular a sua respiração (Nunes et al., 2016). Outra opção para estimular a respiração
do neonato será pressionar e largar a caixa torácica (Hoard’s Dairyman, 1990). Caso o vitelo
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tenha nascido com uma posição anormal deve-se pendurar o vitelo pelos membros posteriores
executando movimentos pendulares (Nunes et al., 2016) para eliminar quaisquer fluidos
existentes nos pulmões. Contudo, esta manobra só deverá ser realizada após o vitelo efectuar
a sua primeira inspiração e não deve exceder 10 a 15 segundos pois, nesta posição, o
conteúdo abdominal pressiona o diafragma dificultando a respiração do animal (Nunes et al.,
2016; Hoard’s Dairyman, 1990). Após o nascimento, o vitelo deverá ser colocado em
decúbito esternal por ser a posição mais favorável à adaptação da respiração (Aguirre et al.,
2013). Outro passo importante após o nascimento é a secagem do vitelo que deverá ser
efectuado pela vaca. Caso não seja possível, o tratador deverá proceder à secagem do animal
com o auxílio de uma toalha até que o pelo fique totalmente eriçado para diminuir as perdas
de calor (David, 2012). Deve-se evitar a todo o custo que o animal entre em hipotermia
(temperaturas inferiores a 38ºC); quando tal ocorre deve-se recorrer a cobertores, lâmpadas
de calor ou cobrir o animal com palha (Nunes et al., 2016). Outro cuidado de extrema
importância para a sobrevivência do vitelo é a desinfecção do cordão umbilical - estrutura
essencial para o vitelo pois é mediante este cordão que o feto adquire os nutrientes
necessários à sua sobrevivência. O cordão é composto pelo canal do úraco que se liga à
bexiga do animal, duas artérias que se conectam com a circulação sanguínea e uma veia que
estabelece ligação com o fígado (Figura 2) (Rodrigues, 2010; Bittar & Paula, 2010).

2.3 Ordenha
Considera-se ordenha, o ato de realizar a extração do leite da glândula mamária, podendo ser
feita de forma manual quando realizada pelo ordenhador e mecânica quando for utilizada
ordenhadeira ou então pelo vitelo no caso da amamentação. É uma prática que deve ser
efetuada com cuidados, pois dependendo das condições com que é executada, proporcionará
a obtenção de maior quantidade e qualidade do produto (BRESSAN et al., 1997).

2.3.1 Maneio da Ordenha


Dentro da unidade produtiva, o produtor deve dar uma importância muito grande para a
ordenha, pois é nesta fase que a vaca dará o retorno esperado da exploração leiteira, portanto
os cuidados de higiene devem ser intensos e muito rígidos para que os gastos sejam os
menores possíveis (BRESSAN et al., 1997).

 Cuidados na ordenha

Para se obter uma boa ordenha um conjunto de procedimentos deve ser realizado
rotineiramente, tanto na ordenha manual como na ordenha mecânica, procurando-se sempre
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dar ao animal as melhores condições deixá-lo sem estresse, para permitir a extração de um
leite de qualidade (KRUG et al., 1993).

 Higiene das instalações

As unidades de produção leiteira em Rondônia, principalmente nas propriedades que


compõem a agricultura familiar, possuem instalações que são acompanhadas de bezerreiro e
curral, ambos descobertos e sem piso, onde é realizada a ordenha (KRUG et al., 1993).

É recomendável que nestas propriedades sejam utilizadas as seguintes construções:

 Viteleiro: deve ser coberto com telha e assoalhado com madeira, com sistema de
frestas, acima do solo proporcionando a retirada de fezes acumuladas, com divisórias
para que os bezerros sejam agrupados por faixa etária. As construções devem ser
realizadas de acordo com o rebanho e as posses de cada produtor, a exigência é que
sejam funcionais, higiênicas e econômicas.
 Curral: deve ser construído com material que não permita o acúmulo de lama e seja
utilizado para o manejo geral dos animais.
 Sala de ordenha: este é o local onde as vacas serão ordenhadas, deve conter piso em
alvenaria, para ordenhar uma ou duas vacas, com distribuição de água que permita ao
ordenhador lavar os tetos das vacas. Além disso, periodicamente a sala deve ser
lavada e desinfetada. Deve ter um bom escoamento de água para facilitar a
higienização. Esta higienização deve ser realizada após cada ordenha para facilitar o
trabalho e impedir a proliferação de moscas e microrganismos.
 Higiene dos utensílios e equipamentos: antes do início da ordenha os equipamentos
e utensílios devem estar organizados, higienizados e em funcionamento. Após a
ordenha os mesmos devem ser lavados, higienizados com intensidade e guardados em
local seguro e limpo.
 Higiene do ordenhador

O ordenhador pode se transformar num dos maiores veículos usados para o transporte de
microrganismos para o leite e úbere da vaca. Recomenda-se bons hábitos de higiene no
momento da ordenha tais como: manter as unhas e cabelos aparados, usar boné para prender
os cabelos, lavar as mãos antes do início de cada ordenha com solução desinfetante (água
sanitária a 5%), usar uniforme sempre limpo, realizar a ordenha contínua sem interrupções e
evitar hábitos como fumar, comer e cuspir. Os ordenhadores devem ter acompanhamento
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médico, semestral ou anual para evitar a transmissão e a contaminação de possíveis doenças


dos animais como: tuberculose e brucelose, principalmente (Rodrigues, 2010; Bittar & Paula,
2010).

 Higiene do úbere

O úbere no caso de conter sujidades como fezes e lama, adquiridas quando o animal
permanece em decúbito lateral, ou seja, deitado, deve ser lavado com água corrente. Se isto
não ocorrer deve-se proceder somente a lavagem dos tetos com água clorada que também tem
a função de estimular a descida do leite, facilitando a ordenha. Quando não houver água
encanada, deve-se usar água de outra fonte acompanhada de desinfetante. Deve-se aparar os
pêlos do úbere para melhorar a higiene. Após a lavagem, os tetos devem ser secos com papel
toalha, uma para cada animal, deixando os mesmos preparados para o início da ordenha
(Rodrigues, 2010; Bittar & Paula, 2010).

 Controle da mastite

Antes de iniciar a ordenha propriamente dita deve-se realizar o teste da caneca de fundo
escuro ou telada, para verificar a presença ou não de grumos que evidenciam a presença de
mamite clínica e também tem como finalidade eliminar todos os microrganismos que
normalmente são encontrados no canal do teto. Nos casos suspeitos de mastite em unidades
onde a ordenha é mecânica a mesma passa a ser realizada de forma manual, e depois de
tratada, voltará a ordenha mecânica após estar completamente curada (Bittar & Paula, 2010).

O teste denominado Califórnia Mastite Teste - CMT, deve ser realizado em todas as vacas
ordenhadas, e deve ser semanal, quinzenal ou mensal, de acordo com a freqüência de
aparecimento da mastite na unidade de produção. Este teste serve para detectar a existência
de mastite subclínica no rebanho, prevenindo portanto o aparecimento de uma enfermidade
mais intensa que promoverá maiores gastos com aquisição de medicamentos e descarte do
leite das vacas doentes (Bittar & Paula, 2010).

 Desinfecção dos tectos

Após a conclusão da ordenha deve-se lavar e desinfetar os tetos da vaca, mergulhando-os em


uma solução desinfetante composta de iodo e glicerina. Esta medida é de grande importância
para evitar a contaminação, pois até o fechamento do canal do teto esta solução evitará a
contaminação por microrganismos patogênicos existentes na natureza (Barros, 2015).
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2.4 Maneio de vitelos até o desmame


O maneio adequado dos vitelos desde o nascimento até o desmame é crucial para garantir seu
crescimento saudável, desenvolvimento robusto e bem-estar animal.

2.4.1 Cuidados Imediatos após o Nascimento


 Secagem e Aquecimento
 Secar o vitelo: Secar o vitelo completamente com toalhas limpas e secas,
especialmente em climas frios, para evitar hipotermia.
 Aquecer o vitelo: Se necessário, fornecer ao vitelo uma fonte de calor artificial, como
uma lâmpada infravermelha, para garantir sua temperatura corporal adequada
(Aguirre et al., 2013).
 Ingestão de Colostro
 Assegurar a ingestão de colostro: O colostro, o primeiro leite materno, é rico em
imunoglobulinas essenciais para o desenvolvimento do sistema imunológico do vitelo.
Auxiliar o vitelo a mamar no úbere da mãe nas primeiras horas de vida ou oferecer
colostro por mamadeira, se necessário.
 Administrar a quantidade correta de colostro: Administrar a quantidade
recomendada de colostro de acordo com o peso corporal do vitelo, geralmente 10-
20% do peso corporal nas primeiras 12 horas após o nascimento.
 Identificação e Registro
 Identificar o vitelo: Identificar o vitelo com um número permanente, como brinco ou
tatuagem, para facilitar o controlo e registro individual.
 Registrar informações importantes: Registrar informações importantes como data de
nascimento, raça, sexo, peso corporal e identificação da mãe do vitelo.
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 Alojamento e Ambiente
 Alojamento individual ou em grupos: Proporcionar ao vitelo um local de
alojamento limpo, seco, bem ventilado e com temperatura adequada, seja
individualmente ou em grupos com no máximo 10 animais.
 Cama macia e seca: Providenciar cama macia e seca, como palha ou serragem, para
o conforto do vitelo e evitar doenças.
 Proteção contra intempéries: Proteger o vitelo de intempéries como chuva, vento e
sol excessivo.
 Higiene e Saneamento

Manter o local de alojamento do bezerro limpo e seco, removendo fezes e urina diariamente,
desinfetar o local periodicamente com produtos desinfetantes específicos para uso na
pecuária e evitar contato com animais doentes para prevenir a transmissão de doenças
(Aguirre et al., 2013).

 Alimentação

Permitir que o vitelo mame na mãe nas primeiras semanas de vida, se possível, e se a
amamentação não for possível, oferecer ao vitelo um substituto de leite de alta qualidade, de
acordo com as orientações do médico veterinário, administrar o leite em temperatura
adequada (cerca de 38°C) para facilitar a digestão e evitar problemas digestivos e oferecer o
leite em intervalos regulares, geralmente a cada 6-8 horas, ajustando a quantidade de acordo
com o peso corporal do vitelo (Aguirre et al., 2013).

 Desmame

O desmame geralmente ocorre entre 45 e 60 dias de idade, quando o vitelo já está


consumindo a maior parte de sua dieta a partir de alimentos sólidos e deve se reduzir
gradativamente a quantidade de leite (Nunes et al., 2016; Aguirre, Mayayo & Antón, 2013).
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2.5 Maneio de Novilhas


A novilha deve ser levada para um piquete com pastagem, água e sal mineral de boa
qualidade, pois ela esta em crescimento. A quantidade de concentrado a ser fornecida não
deve ultrapassar 2,5 kg, pois o excesso de concentrado gera crescimento excessivo. É
importante que o produtor entenda que a novilha deve crescer sem engordar. Ganhos de peso
elevados podem causar danos à glândula mamária da futura vaca, por isso o tamanho e a
condição física das novilhas ao parir são muito importantes (CAMARGO et al., 2006).
Animais subdesenvolvidos também apresentarão problemas no parto e produzirão menor
quantidade de leite. A principal tarefa ao se criar uma novilha, é prepará-la para a primeira
cobrição e repor as vacas da manada. Para isso, é fundamental o controle do peso e da
condição corporal dos animais. O escore de condição corporal varia de 1 a 5, sendo 1 a
novilha magra e 5 a novilha gorda. O ideal é que se tenha uma novilha com escore 3
(CAMARGO et al., 2006).
Devemos buscar que a primeira parição seja por volta dos 24 meses em detrimento aos 36
meses que muitos produtores praticam, pois ao parir antes, oferece economia ao produtor,
diminuindo a idade do primeiro parto, o número de novilhas de reposição necessário, além de
que uma novilha que pare antes consome menos forragem do nascimento a parição, trazendo
dinheiro para o produtor mais cedo (CAMARGO et al., 2006).
2.6 Maneio reprodutivo de vacas leiteiras
A produtividade e rentabilidade de um sistema de produção de leite dependem de um
eficiente maneio reprodutivo. Quanto mais tecnificado for o sistema de produção
principalmente quando se utilizam biotécnicas direcionadas à reprodução, como controle
farmacológico do ciclo estral, inseminação artificial (IA), inseminação artificial em tempo
fixo (IATF), transferência de embriões (TE) e produção de embriões in vitro (PIV), maior
serão os desafios para que uma ótima eficiência reprodutiva seja atingida (Wiltbank, 2007).
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2.6.1 Eficiência reprodutiva


Como os índices reprodutivos afetam diretamente a produtividade do rebanho, cabe a todos
os produtores que pretendem continuar no ramo, conhecer, mensurar e analisar esses índices
(Wiltbank, 2007).

 Intervalo entre partos (IEP)

Para uma ótima produção tanto de leite quanto de vitelos, é importante que cada vaca da
manada produza em média uma cria saudável a cada ano, ou seja, o seu IEP deve ser de no
máximo 365 dias. Para que essa meta seja atingida, um eficiente maneio nutricional e
reprodutivo deve ser empregado na propriedade, principalmente no período pós-parto recente
(Wiltbank, 2007).

 Intervalo parto-concepção (IPC)

Como o objetivo da propriedade leiteira é atingir IEP de 365 dias, a vaca deve, portanto,
conceber antes de atingir 85 dias pós-parto, considerando-se uma gestação de 280 dias. Deve-
se ressaltar que, após o parto, o período voluntário de espera (PVE) pode variar de 30 a 60
dias, no qual ocorre a involução uterina e o retorno da atividade ovariana. Esse período, que
corresponde ao intervalo parto-concepção, também é conhecido como média de dias abertos
(Wiltbank, 2007).

 Taxa de serviço (TS)


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A taxa de serviço retrata a porcentagem de vacas inseminadas ou cobertas em relação ao total


de vacas aptas em um período de 21 dias (Wiltbank, 2007).

 Taxa de concepção (TC)

A taxa de concepção é determinada pelo número de vacas gestantes sobre o total de vacas que
foram inseminadas ou cobertas. Com os dados das taxas de serviço e de concepção, o
produtor pode calcular a taxa de prenhez (TP), que se refere ao percentual de vacas prenhes
sobre o total de vacas aptas, conforme a seguinte fórmula: TS x TC = TP

Se uma vaca não é observada em estro (cio) entre 17 e 24 dias após a inseminação artificial
(IA) ou monta natural (MN), ela pode ser considerada prenhe, porém falhas na detecção de
cio podem ocorrer. Dessa forma, o mais indicado é a realização do diagnóstico de gestação
por meio da palpação retal ou exame ultrassonográfico para confirmação da prenhez
(Wiltbank, 2007).

 Número de serviços por prenhez

Índice que expressa quantos serviços (inseminações ou montas controladas) são necessários
para que uma vaca fique gestante. O valor ideal é que seja menor do que 1,5 para o gado
leiteiro (Wiltbank, 2007).

 Taxa de detecção de cio

Em manadas nas quais é utilizada a inseminação artificial ou a monta controlada, a detecção


de cio torna-se um fator limitante para o bom desempenho reprodutivo dos animais, podendo
levar a reduzidas taxas de concepção e ao aumento do IEP. Com duas observações diárias,
consegue-se um índice de observação de cio de 65%–75%. Quando são realizadas três
observações diárias, esse índice aumenta para 70%–80%. Em bovinos de leite,
aproximadamente cerca de 80% dos animais demonstram cio até 45 dias pós-parto (Wiltbank,
2007).

 Taxa de abortos

Para uma manada, a taxa aceitável de abortos, entre 45 a 265 dias de prenhez, é de até 3%. Se
esse valor for maior, pode-se suspeitar de problemas de ordem nutricional, sanitária e/ou
genética (Wiltbank, 2007).

 Idade ao primeiro parto


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Este índice está ligado à precocidade sexual e ao nível nutricional dos animais. O ideal é que
a primeira cobertura ou inseminação artificial ocorra aos 14–15 meses de idade, para que o
parto ocorra antes dos 2 anos de idade (Wiltbank, 2007).

2.6.2 Estação reprodutiva


A estação reprodutiva é definida como o período estabelecido para que ocorra a concepção
das matrizes do rebanho por monta ou inseminação artificial (IA). A utilização da estação
reprodutiva permite que o pico de produção das vacas ocorra concomitantemente ao pico de
produção do pasto; o excedente alimentar pode ser estocado e ofertado durante o período de
menor oferta de alimentos. Dessa forma, é possível diminuir ou otimizar a suplementação,
com consequente diminuição dos custos de produção do leite. Essa prática pode ser
convenientemente utilizada em regiões que possuem períodos críticos para a produção
leiteira, como nos casos de regiões de extrema seca ou calor (Wiltbank, 2007).

A implantação da estação reprodutiva facilita o maneio e racionaliza a mão-de-obra com


inseminações, nascimentos e vacinações. A escolha do momento mais adequado à realização
da estação reprodutiva deve ser considerada com base na época do ano mais favorável para as
coberturas e, principalmente, ao terço final da prenhez e ao nascimento das crias,
ponderando-se a disponibilidade nutricional e as condições climáticas e de mercado. A
definição do início da estação de monta deve considerar, ainda, o intervalo entre o parto
anterior e o reinício da atividade fisiológica ovariana das fêmeas. O retorno à ciclicidade é
condição fundamental para o sucesso da estação reprodutiva. Para que se trabalhe em regime
de estação, os acasalamentos/IAs devem ser bastante concentrados (Wiltbank, 2007).

2.7 Cria e recria de bovinos leiteiros para a reposição


A criação e recria de bovinos leiteiros para reposição é uma etapa crucial na pecuária leiteira,
pois garante a renovação da manada com animais saudáveis, produtivos e adaptados às
condições da propriedade.

2.7.1 Maneio das vitelas na fase de cria


A fase de cria vai desde o nascimento até o desaleitamento, que tem duração até os 90 dias de
vida. É um período determinante para saúde e produtividade da vitela, que está relacionado a
aspectos nutricionais, sanitários e de bem-estar, como, colostragem, higiene, instalação
adequada e conforto. O maior desafio na criação de vitelas está durante os primeiros 15 dias
de vida, período de maior atenção ao neonato. De acordo com Santos et al. (2002), cerca de
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50% das perdas ocorrem nos primeiros dias após o nascimento, fase em que a saúde da vitela
é influenciada pela higiene do ambiente.

 Importância dos primeiros cuidados com as vitelas após o parto

Para evitar maiores perdas, deve-se haver um cuidado essencial nos primeiros minutos de
vida, levando em consideração o primeiro ponto para criar uma barreira de proteção
imunológica, para garantir melhor qualidade de vida e saúde da vitela, reduzindo os custos de
produção com medicamentos e mão-de-obra. Em seguida é levada para o berçário, local
limpo e seco onde ficará alojada nos seus primeiros 15 dias de vida, onde é realizado todo
protocolo de cura de umbigo, colostragem e limpeza de cauda (Teixeira et al., 2017).

 Colostragem

A colostragem eficiente nas primeiras horas de vida é de suma importância, para garantir a
imunidade e saúde do neonato ao longo de sua vida. Conforme Teixeira et al. (2017) o
colostro é a primeira secreção após o parto, sua formação inicia-se cinco semanas que
antecedem o parto através, da transferência de imunoglobulinas materna para a glândula
mamária. As vitelas nascem agamaglobulinêmicas, sensíveis a infecções, adquirindo
anticorpos somente após a ingestão de colostro, pois a placenta do bovino é do tipo
sindesmocorial, protege o feto contra a maioria das ações bacterianas e/ou virais, porém,
impede a passagem de imunoglobulinas.

O colostro além de ser rico em imunoglobulinas, também possui nutrientes disponíveis como
vitaminas e minerais, hormônios e fatores do crescimento, que são fundamentais ao recém-
nascido, sendo estes absorvidos praticamente pelas células epiteliais do intestino delgado do
neonato (SANTOS et al., 2002).

2.7.2 Maneio das vitelas na recria


A fase de recria se estende desde o desaleitamento até o terço final de gestação, vai a partir
dos 90 dias de vida até os 24 meses, idade média para o primeiro parto. É uma fase de
mudanças alimentares, desenvolvimento ruminal, adaptação ao ambiente e maior taxa de
crescimento, para que se tenha uma redução na idade a puberdade.

Leme & Guedes (2005) afirmaram que, no início, do nascimento até a puberdade, há
crescimento ósseo necessitando de alta exigência de proteína, seguida por uma fase de maior
crescimento muscular e formação de tecido adiposo na maturidade. Para isso, é preciso haver
uma relação entre fase de cria e recria, com vitelas desmamadas saudáveis e com alto ganho
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de peso diário até o desaleitamento, favorecendo uma curva de crescimento acentuada e


dando continuidade ao desenvolvimento durante a recria, sem ganho de peso acima de 700
gramas/dia para evitar o comprometimento no desenvolvimento da glândula mamária
(CAMPOS et al., 2005).

3.0 Constatação
Findo a realização do trabalho, constatou-se que o maneio adequado das vacas leiteiras é um
investimento que se traduz em animais mais saudáveis, produtivos e com maior longevidade,
além de leite de alta qualidade e bem-estar animal. Através de um acompanhamento
veterinário regular, práticas de maneio adequadas e atenção às necessidades nutricionais e
sanitárias das vacas, é possível alcançar resultados positivos na pecuária leiteira.
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4.0 Referências bibliográficas


BRESSAN, M.; FURLONG, J.; PASSOS, L.P. (coord.). Trabalhador na bovinocultura de
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