Bovinocultura de Leite
Bovinocultura de Leite
Bovinocultura de Leite
Gércio Matsinhe
Chongoene
Maio
2024
UNIVERSIDADE SAVE
FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA
LICENCIATURA EM ZOOTECNIA
Gércio Matsinhe
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Índice
1.0 Introdução.......................................................................................................................4
1.1 Objectivos............................................................................................................................5
1.1.1 Geral..............................................................................................................................5
1.1.2 Específicos.....................................................................................................................5
1.2 Metodologia.........................................................................................................................5
2.1 Alimentação.................................................................................................................6
2.1.1 Instalações.....................................................................................................................6
2.2.1 Pré-parto........................................................................................................................7
2.2.2 Pós-parto........................................................................................................................7
2.3 Ordenha................................................................................................................................8
3.0 Constatação........................................................................................................................17
1.0 Introdução
O presente trabalho surge na cadeira de Bovinocultura de Leite, e tem como tema: Maneio
das vacas leiteiras.
A pecuária leiteira é uma atividade complexa que exige conhecimento, dedicação e maneio
adequado para garantir o bem-estar animal, a produtividade e a lucratividade. Este trabalho
abordará os principais aspectos do maneio de vacas leiteiras, desde a alimentação e
instalações até a reprodução e saúde da manada
A vaca leiteira para ter um desempenho ideal durante as fases produtiva e reprodutiva deve
ter um maneio cercado de cuidados, ainda no útero da mãe. Deve ser obtido através do
resultado de um programa de acasalamento utilizando-se o reprodutor na monta natural ou a
inseminação artificial com grau de sangue de acordo com a exploração que pretende-se
implementar na propriedade. Após esta escolha, deve-se dar uma atenção aos cuidados
sanitários exigidos logo após o nascimento, a alimentação e o local onde este animal será
recolhido. Esta futura vaca que pretende-se utilizar para a exploração leiteira, deverá ser
acompanhada de escrita zootécnica para que se tenha o registro produtivo e reprodutivo
durante a sua vida útil, pois estas anotações irão informar até quando o produtor poderá
manter esta fêmea na manada em face de sua produção.
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1.1 Objectivos
1.1.1 Geral
Compreender o Maneio das Vacas leiteiras.
1.1.2 Específicos
Conhecer o maneio das vacas leiteiras no pré-parto e pós-parto;
Descrever as etapas do maneio da ordenha;
Falar do maneio de vitelos até o desmame;
Falar de cria e recria de bovinos leiteiros para a reposição
1.2 Metodologia
Para a realização deste trabalho recorreu-se a pesquisa bibliográfica.
A pesquisa bibliográfica é desenvolvida mediante material já elaborado, principalmente
livros e artigos científicos. O material consultado abrange todo referencial já publicado em
relação ao tema de estudo (GILL, 1999).
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2.1 Alimentação
A nutrição é fundamental para a saúde, produtividade e reprodução das vacas leiteiras. Uma
dieta balanceada e de alta qualidade deve fornecer todos os nutrientes necessários para
atender às demandas do animal, considerando fatores como raça, fase de produção (lactação,
gestação, crescimento), peso corporal e condições ambientais (Germano, 2017).
2.1.1 Instalações
As instalações devem ser confortáveis, seguras e adequadas às necessidades das vacas
leiteiras, proporcionando bem-estar animal e otimizando o maneio do rebanho.
2.2.1 Pré-parto
O parto é uma das etapas essenciais para garantir o bem-estar e a saúde do neonato (Barrier et
al., 2013). A vaca possui um período de gestação de 9 meses e torna-se imprescindível, ao
nível de uma exploração, conhecer a data prevista para o nascimento. Tal informação
condiciona não só a altura da secagem do animal mas também a deslocação do mesmo para o
local do parto, que deverá ser realizado numa maternidade com cama limpa e, se possível,
desinfectada de forma a minimizar a ocorrência de infecções quer na vaca quer no neonato.
Na maternidade deve existir um espaço amplo para os animais, garantindo um espaço mínimo
de 10-15 m2 para cada vaca, e evitar a sobrelotação do espaço (Nunes et al., 2016; Aguirre,
Mayayo & Antón, 2013). A deslocação para as maternidades não deverá ser feita com muitos
dias de antecedência nem muito perto da altura do parto pois, neste último caso, existe a
possibilidade de a vaca parir num local inapropriado para o efeito ou ocorrer uma interrupção
da expulsão do feto (Proudfoot, Jensen, Heegaard & von Keyserlingk, 2013). Deste modo, o
ideal será movimentar os animais três dias antes da altura prevista para o parto (Nunes et al.,
2016).
2.2.2 Pós-parto
Após o nascimento, vários cuidados deverão ser assegurados de forma a garantir o bem-estar
do neonato. O primeiro cuidado será a limpeza das vias aéreas do animal mediante a retirada
do muco presente. Deve-se igualmente estimular a respiração do animal através da introdução
de uma palha na fossa nasal, o que induz o espirro e auxilia o vitelo a insuflar os pulmões
(Martinho, 2015). Pode-se ainda friccionar o dorso do vitelo e molhar a cabeça com água fria
para estimular a sua respiração (Nunes et al., 2016). Outra opção para estimular a respiração
do neonato será pressionar e largar a caixa torácica (Hoard’s Dairyman, 1990). Caso o vitelo
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tenha nascido com uma posição anormal deve-se pendurar o vitelo pelos membros posteriores
executando movimentos pendulares (Nunes et al., 2016) para eliminar quaisquer fluidos
existentes nos pulmões. Contudo, esta manobra só deverá ser realizada após o vitelo efectuar
a sua primeira inspiração e não deve exceder 10 a 15 segundos pois, nesta posição, o
conteúdo abdominal pressiona o diafragma dificultando a respiração do animal (Nunes et al.,
2016; Hoard’s Dairyman, 1990). Após o nascimento, o vitelo deverá ser colocado em
decúbito esternal por ser a posição mais favorável à adaptação da respiração (Aguirre et al.,
2013). Outro passo importante após o nascimento é a secagem do vitelo que deverá ser
efectuado pela vaca. Caso não seja possível, o tratador deverá proceder à secagem do animal
com o auxílio de uma toalha até que o pelo fique totalmente eriçado para diminuir as perdas
de calor (David, 2012). Deve-se evitar a todo o custo que o animal entre em hipotermia
(temperaturas inferiores a 38ºC); quando tal ocorre deve-se recorrer a cobertores, lâmpadas
de calor ou cobrir o animal com palha (Nunes et al., 2016). Outro cuidado de extrema
importância para a sobrevivência do vitelo é a desinfecção do cordão umbilical - estrutura
essencial para o vitelo pois é mediante este cordão que o feto adquire os nutrientes
necessários à sua sobrevivência. O cordão é composto pelo canal do úraco que se liga à
bexiga do animal, duas artérias que se conectam com a circulação sanguínea e uma veia que
estabelece ligação com o fígado (Figura 2) (Rodrigues, 2010; Bittar & Paula, 2010).
2.3 Ordenha
Considera-se ordenha, o ato de realizar a extração do leite da glândula mamária, podendo ser
feita de forma manual quando realizada pelo ordenhador e mecânica quando for utilizada
ordenhadeira ou então pelo vitelo no caso da amamentação. É uma prática que deve ser
efetuada com cuidados, pois dependendo das condições com que é executada, proporcionará
a obtenção de maior quantidade e qualidade do produto (BRESSAN et al., 1997).
Cuidados na ordenha
Para se obter uma boa ordenha um conjunto de procedimentos deve ser realizado
rotineiramente, tanto na ordenha manual como na ordenha mecânica, procurando-se sempre
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dar ao animal as melhores condições deixá-lo sem estresse, para permitir a extração de um
leite de qualidade (KRUG et al., 1993).
Viteleiro: deve ser coberto com telha e assoalhado com madeira, com sistema de
frestas, acima do solo proporcionando a retirada de fezes acumuladas, com divisórias
para que os bezerros sejam agrupados por faixa etária. As construções devem ser
realizadas de acordo com o rebanho e as posses de cada produtor, a exigência é que
sejam funcionais, higiênicas e econômicas.
Curral: deve ser construído com material que não permita o acúmulo de lama e seja
utilizado para o manejo geral dos animais.
Sala de ordenha: este é o local onde as vacas serão ordenhadas, deve conter piso em
alvenaria, para ordenhar uma ou duas vacas, com distribuição de água que permita ao
ordenhador lavar os tetos das vacas. Além disso, periodicamente a sala deve ser
lavada e desinfetada. Deve ter um bom escoamento de água para facilitar a
higienização. Esta higienização deve ser realizada após cada ordenha para facilitar o
trabalho e impedir a proliferação de moscas e microrganismos.
Higiene dos utensílios e equipamentos: antes do início da ordenha os equipamentos
e utensílios devem estar organizados, higienizados e em funcionamento. Após a
ordenha os mesmos devem ser lavados, higienizados com intensidade e guardados em
local seguro e limpo.
Higiene do ordenhador
O ordenhador pode se transformar num dos maiores veículos usados para o transporte de
microrganismos para o leite e úbere da vaca. Recomenda-se bons hábitos de higiene no
momento da ordenha tais como: manter as unhas e cabelos aparados, usar boné para prender
os cabelos, lavar as mãos antes do início de cada ordenha com solução desinfetante (água
sanitária a 5%), usar uniforme sempre limpo, realizar a ordenha contínua sem interrupções e
evitar hábitos como fumar, comer e cuspir. Os ordenhadores devem ter acompanhamento
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Higiene do úbere
O úbere no caso de conter sujidades como fezes e lama, adquiridas quando o animal
permanece em decúbito lateral, ou seja, deitado, deve ser lavado com água corrente. Se isto
não ocorrer deve-se proceder somente a lavagem dos tetos com água clorada que também tem
a função de estimular a descida do leite, facilitando a ordenha. Quando não houver água
encanada, deve-se usar água de outra fonte acompanhada de desinfetante. Deve-se aparar os
pêlos do úbere para melhorar a higiene. Após a lavagem, os tetos devem ser secos com papel
toalha, uma para cada animal, deixando os mesmos preparados para o início da ordenha
(Rodrigues, 2010; Bittar & Paula, 2010).
Controle da mastite
Antes de iniciar a ordenha propriamente dita deve-se realizar o teste da caneca de fundo
escuro ou telada, para verificar a presença ou não de grumos que evidenciam a presença de
mamite clínica e também tem como finalidade eliminar todos os microrganismos que
normalmente são encontrados no canal do teto. Nos casos suspeitos de mastite em unidades
onde a ordenha é mecânica a mesma passa a ser realizada de forma manual, e depois de
tratada, voltará a ordenha mecânica após estar completamente curada (Bittar & Paula, 2010).
O teste denominado Califórnia Mastite Teste - CMT, deve ser realizado em todas as vacas
ordenhadas, e deve ser semanal, quinzenal ou mensal, de acordo com a freqüência de
aparecimento da mastite na unidade de produção. Este teste serve para detectar a existência
de mastite subclínica no rebanho, prevenindo portanto o aparecimento de uma enfermidade
mais intensa que promoverá maiores gastos com aquisição de medicamentos e descarte do
leite das vacas doentes (Bittar & Paula, 2010).
Alojamento e Ambiente
Alojamento individual ou em grupos: Proporcionar ao vitelo um local de
alojamento limpo, seco, bem ventilado e com temperatura adequada, seja
individualmente ou em grupos com no máximo 10 animais.
Cama macia e seca: Providenciar cama macia e seca, como palha ou serragem, para
o conforto do vitelo e evitar doenças.
Proteção contra intempéries: Proteger o vitelo de intempéries como chuva, vento e
sol excessivo.
Higiene e Saneamento
Manter o local de alojamento do bezerro limpo e seco, removendo fezes e urina diariamente,
desinfetar o local periodicamente com produtos desinfetantes específicos para uso na
pecuária e evitar contato com animais doentes para prevenir a transmissão de doenças
(Aguirre et al., 2013).
Alimentação
Permitir que o vitelo mame na mãe nas primeiras semanas de vida, se possível, e se a
amamentação não for possível, oferecer ao vitelo um substituto de leite de alta qualidade, de
acordo com as orientações do médico veterinário, administrar o leite em temperatura
adequada (cerca de 38°C) para facilitar a digestão e evitar problemas digestivos e oferecer o
leite em intervalos regulares, geralmente a cada 6-8 horas, ajustando a quantidade de acordo
com o peso corporal do vitelo (Aguirre et al., 2013).
Desmame
Para uma ótima produção tanto de leite quanto de vitelos, é importante que cada vaca da
manada produza em média uma cria saudável a cada ano, ou seja, o seu IEP deve ser de no
máximo 365 dias. Para que essa meta seja atingida, um eficiente maneio nutricional e
reprodutivo deve ser empregado na propriedade, principalmente no período pós-parto recente
(Wiltbank, 2007).
Como o objetivo da propriedade leiteira é atingir IEP de 365 dias, a vaca deve, portanto,
conceber antes de atingir 85 dias pós-parto, considerando-se uma gestação de 280 dias. Deve-
se ressaltar que, após o parto, o período voluntário de espera (PVE) pode variar de 30 a 60
dias, no qual ocorre a involução uterina e o retorno da atividade ovariana. Esse período, que
corresponde ao intervalo parto-concepção, também é conhecido como média de dias abertos
(Wiltbank, 2007).
A taxa de concepção é determinada pelo número de vacas gestantes sobre o total de vacas que
foram inseminadas ou cobertas. Com os dados das taxas de serviço e de concepção, o
produtor pode calcular a taxa de prenhez (TP), que se refere ao percentual de vacas prenhes
sobre o total de vacas aptas, conforme a seguinte fórmula: TS x TC = TP
Se uma vaca não é observada em estro (cio) entre 17 e 24 dias após a inseminação artificial
(IA) ou monta natural (MN), ela pode ser considerada prenhe, porém falhas na detecção de
cio podem ocorrer. Dessa forma, o mais indicado é a realização do diagnóstico de gestação
por meio da palpação retal ou exame ultrassonográfico para confirmação da prenhez
(Wiltbank, 2007).
Índice que expressa quantos serviços (inseminações ou montas controladas) são necessários
para que uma vaca fique gestante. O valor ideal é que seja menor do que 1,5 para o gado
leiteiro (Wiltbank, 2007).
Taxa de abortos
Para uma manada, a taxa aceitável de abortos, entre 45 a 265 dias de prenhez, é de até 3%. Se
esse valor for maior, pode-se suspeitar de problemas de ordem nutricional, sanitária e/ou
genética (Wiltbank, 2007).
Este índice está ligado à precocidade sexual e ao nível nutricional dos animais. O ideal é que
a primeira cobertura ou inseminação artificial ocorra aos 14–15 meses de idade, para que o
parto ocorra antes dos 2 anos de idade (Wiltbank, 2007).
50% das perdas ocorrem nos primeiros dias após o nascimento, fase em que a saúde da vitela
é influenciada pela higiene do ambiente.
Para evitar maiores perdas, deve-se haver um cuidado essencial nos primeiros minutos de
vida, levando em consideração o primeiro ponto para criar uma barreira de proteção
imunológica, para garantir melhor qualidade de vida e saúde da vitela, reduzindo os custos de
produção com medicamentos e mão-de-obra. Em seguida é levada para o berçário, local
limpo e seco onde ficará alojada nos seus primeiros 15 dias de vida, onde é realizado todo
protocolo de cura de umbigo, colostragem e limpeza de cauda (Teixeira et al., 2017).
Colostragem
A colostragem eficiente nas primeiras horas de vida é de suma importância, para garantir a
imunidade e saúde do neonato ao longo de sua vida. Conforme Teixeira et al. (2017) o
colostro é a primeira secreção após o parto, sua formação inicia-se cinco semanas que
antecedem o parto através, da transferência de imunoglobulinas materna para a glândula
mamária. As vitelas nascem agamaglobulinêmicas, sensíveis a infecções, adquirindo
anticorpos somente após a ingestão de colostro, pois a placenta do bovino é do tipo
sindesmocorial, protege o feto contra a maioria das ações bacterianas e/ou virais, porém,
impede a passagem de imunoglobulinas.
O colostro além de ser rico em imunoglobulinas, também possui nutrientes disponíveis como
vitaminas e minerais, hormônios e fatores do crescimento, que são fundamentais ao recém-
nascido, sendo estes absorvidos praticamente pelas células epiteliais do intestino delgado do
neonato (SANTOS et al., 2002).
Leme & Guedes (2005) afirmaram que, no início, do nascimento até a puberdade, há
crescimento ósseo necessitando de alta exigência de proteína, seguida por uma fase de maior
crescimento muscular e formação de tecido adiposo na maturidade. Para isso, é preciso haver
uma relação entre fase de cria e recria, com vitelas desmamadas saudáveis e com alto ganho
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3.0 Constatação
Findo a realização do trabalho, constatou-se que o maneio adequado das vacas leiteiras é um
investimento que se traduz em animais mais saudáveis, produtivos e com maior longevidade,
além de leite de alta qualidade e bem-estar animal. Através de um acompanhamento
veterinário regular, práticas de maneio adequadas e atenção às necessidades nutricionais e
sanitárias das vacas, é possível alcançar resultados positivos na pecuária leiteira.
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