Caderno de Eleitoral COMPLETO

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 93

Coleção Resumos

Direito
Eleitoral

Janaina Mascarenhas

2023
Olá!

Esse é um ebook criado a partir dos resumos que fiz na minha jornada de estudos para
concursos. Os resumos tem como base o edital para a carreira de Procurador da
República, mas podem ser usados para qualquer estudo de carreira jurídica.

A característica principal dos resumos que você tem em mãos é que são lacônicos,
sucintos, diretos. São os pontos que considerei mais importantes para minhas revisões ao
longo dos anos, mas saiba que não servem como substitutos à doutrina.

Apesar de sucinto o material tem como diferencial buscar condensar temas importantes
para a preparação e também apontar visões críticas e divergentes sobre a matéria,
apontando lei e jurisprudência quando pertinente de modo pontual.

Ideias e paráfrases de autores citados estão indicadas e, quando disponíveis, eventuais


artigos ou livros estão linkados para maior aprofundamento dos temas (seja um estudante
proativo!)

Espero que esse ponto de partida seja útil nos seus estudos!

Bons estudos!

Ao final da leitura, fique à vontade para deixar suas impressões sobre o material no formulário abaixo!

https://forms.gle/kGiR8E5byP9hZGmk8
Sumário
INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 4
ORGANIZAÇÃO DA JUSTIÇA ELEITORAL ............................................................ 13
DIREITOS POLÍTICOS, ELEGIBILIDADE E CAUSAS CONSTITUCIONAIS DE
INELEGIBILIDADE...................................................................................................... 18
PARTIDOS POLÍTICOS ............................................................................................... 29
MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL ........................................................................ 37
LEI DA FICHA LIMPA – INELEGIBILIDADES INFRACONSTITUCIONAIS ....... 41
AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO AO PEDIDO DE REGISTRO DE CANDIDATURA .... 51
AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO JUDICIAL ELEITORAL – AIJE.................................. 60
AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE MANDATO ELETIVO - AIME ............................... 66
RECURSO CONTRA EXPEDIÇÃO DE DIPLOMA - RCED ..................................... 68
CORRUPÇÃO ELEITORAL E CAPTAÇÃO ILÍCITA DE SUFRÁGIO .................... 70
FINANCIAMENTO ELEITORAL ................................................................................ 73
PROPAGANDA ELEITORAL ...................................................................................... 81
CONDUTAS VEDADAS DE AGENTES PÚBLICOS ................................................ 90
TABELA RESUMO – AÇÕES ELEITORAIS.............................................................. 92
INTRODUÇÃO

1. Notas introdutórias – política, povo e cidadania

As democracias liberais contemporâneas fundamentam sua legitimidade na ideia de povo


e cidadania. O povo corresponde ao grupo de pessoas que participa da formação do
Estado, seja de modo direito por meio de leis de iniciativa popular, plebiscitos e
referendos, seja por meio indireto, através de seus representantes eleitos. O povo é o
legitimador e ao mesmo tempo o objeto para o qual se voltam as decisões do governo.

OBS: Discussão sobre a superioridade normativa de uma decisão por


plebiscito/referendo. Alguns autores, como Pedro Lenza, defendem que a
democracia direta deve prevalecer sobre a representativa, de modo que uma
decisão dessas não pode ser alterada por meio de EC ou lei infraconstitucional,
somente cabendo nova manifestação direta da população.

Instrumentos de democracia direta que existem em outros países: recall, veto


popular (vetar leis que estejam em trâmite).

Cidadão, no sentido restrito do direito eleitoral, diz respeito àqueles com direitos
políticos, podendo votar e serem votados. Não engloba, por exemplo, crianças,
analfabetos. No sentido amplo, cidadania se refere ao próprio direito de vida digna, se
estendendo a todas as pessoas no território nacional.

Nacionalidade é uma relação do indivíduo com o Estado, sendo portanto ampla,


enquanto cidadania no sentido restrito é uma relação do indivíduo com o sistema político,
sendo mais restrita.

Direitos políticos são direitos humanos de primeira geração, afirmados na declaração de


Independência dos EUA (1776) e declaração dos Direitos do Homem (1789) bem como
no Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos (1966).

2. Democracia e outros princípios do Direito Eleitoral

Segundo JOSÉ JAIRO GOMES, são princípios fundamentais de direito eleitoral: i)


democracia; ii) soberania popular; iii) republicano; iv) sufrágio universal v) legitimidade
das eleições vi) moralidade; vii) probidade; viii) igualdade ou isonomia; ix) pluralismo
político; x) liberdade de expressão.

Ao longo da história diversas foram as concepções de democracia. Na Grécia antiga, a


democracia se fundava na participação dos cidadãos nas decisões do governo, mas apenas
uma elite era considerada cidadã. Para José Afonso da Silva, a democracia não requer
pressupostos anteriores, apenas a existência de uma sociedade em que o governo emana
da vontade popular. Para Abraham Lincoln, democracia é o governo pelo povo, do povo
e para o povo, mas na época dessa afirmação os negros eram considerados propriedade.
Essa amplitude e vagueza no conceito gera uma ambivalência da palavra democracia.
Hoje entende-se democracia como um termo que não diz respeito apenas a instituições,
procedimentos de participação pública (democracia procedimental) e direitos políticos,
mas também direitos civis, sociais e econômicos (democracia material). José Jairo
inclusive afirma que a democracia não deve se pautar apenas por nortes antropocêntricos,
devendo também buscar proteger a natureza e os demais habitantes do planeta.

Na Constituição de 1988 adota-se o modelo de democracia semi-direta.

Princípio republicano: diz respeito à forma de governo, em contraposição à monarquia,


em que o chefe é escolhido por eleições periódicas, há transitoriedade no cargo. Também
diz respeito a uma forma de governo que preza pela racionalidade, impessoalidade,
moralidade, que refuta o patrimonialismo.

3. Notas históricas sobre o controle das eleições

Há dois modelos de controle das eleições: legislativo, no qual o próprio poder controle
suas eleições, e tem origem na Inglaterra em 1695, e o de sistema jurisdicional, no qual a
jurisdição pode ser especializada, ordinária ou constitucional.

No Brasil adota-se o modelo especializado.

Na época do Império as eleições no Brasil eram censitárias e indiretas e o sistema de


controle era legislativo.

Após a república, com a Constituição de 1891, o voto passou a ser direto, inclusive para
Presidência da República. Todos os homens maiores de 21 anos podiam votar, mas
continuavam sem direito a voto as mulheres, os analfabetos, os militares e os religiosos.
O sistema continuou a ser legislativo.

O primeiro Presidente eleito, em 1894 apenas 3% da população votou.

Nessa época da República Velha, o voto era distrital, o que facilitava o controle dos
votos pelas pelos coronéis através do voto de cabresto. O voto não era secreto, era
proclamado para um mesário, que registrava o voto (eleições de bico de pena). O
resultado era homologado pelo Legislativo, que muitas vezes se recusava a homologar
por meras questões de afinidade política (degola). Havia, portanto, baixa confiabilidade
no sistema eleitoral.

Revolução de 1930 → Movimento revolucionário começado no RS, clamando pela


eleição de Getúlio Vargas, que havia perdido para Júlio Prestes. A revolução clamava por
modificações no sistema eleitoral. Teve como uma de suas consequências o Código
Eleitoral de 1932, que criou a Justiça Eleitoral (passou a ser sistema jurisdicional), ramo
da Justiça Federal, adotou o voto secreto e o sistema proporcional e em dois turnos, bem
como permitiu o voto feminino. Em 1934 a Justiça eleitoral foi constitucionalizada.

O Código de 1935 acabou com o sistema proporcional em dois turnos. Em 1937, com o
golpe do Estado Novo, o Congresso Nacional foi dissolvido e a Justiça Eleitoral foi
descontinuada. Após isso houve ainda o Código de 1945, e posteriormente o Código de
1965, que é vigente até hoje.

Sistemas de organização das eleições:

• Sistema Francês – contencioso administrativo eleitoral.


• Sistema de verificação de poderes.
• Sistema jurisdicional

No Brasil, a Justiça Eleitoral tem uma acumulação de funções típicas: julgamento de


controvérsias, normatização e organização das eleições.

Código Eleitoral de 1965 – foi aprovado como lei ordinária, mas recepcionado pela CR/88
com status de lei complementar.

4. Funções da Justiça Eleitoral

Função administrativa – organiza as eleições. Não tem caráter contencioso, não há lide.
É o exercício do poder de polícia, o juiz não fica inerte. Exemplos: alistamento, definição
e distribuição das zonas eleitorais, mudança de domicílio eleitoral, medidas para cessar
imediatamente propaganda irregular.

Função consultiva – se aproxima da função administrativa. Pode ser exercida pelos


Tribunais, TRE e TSE.

No TRE tem legitimidade: autoridade pública ou partido.

No TSE tem legitimidade: diretório nacional de partido ou autoridade federal. (artigos


23 e 30 do Código Eleitoral).

Função jurisdicional – centrado em uma lide, é contencioso. Juiz deve ser inerte.

Função normativa – exercida pela expedição de Resoluções, mas essas são limitadas
pela lei. A constituição não prevê essa função, mas o artigo 1º § único e 23, IX do Código
preveem, bem como o artigo 105 da Lei 9504/97.

Art. 1o Este Código contém normas destinadas a assegurar a organização e o exercício de


direitos políticos, precipuamente os de votar e ser votado. Parágrafo único. O Tribunal
Superior Eleitoral expedirá Instruções para sua fiel execução. [...] Art. 23. Compete,
ainda, privativamente, ao Tribunal Superior: [...] IX – expedir as instruções que julgar
convenientes à execução deste Código;

Art. 105. Até o dia 5 de março do ano da eleição, o Tribunal Superior Eleitoral, atendendo
ao caráter regulamentar e sem restringir direitos ou estabelecer sanções distintas das
previstas nesta Lei, poderá expedir todas as instruções necessárias para sua fiel execução,
ouvidos, previamente, em audiência pública, os delegados ou representantes dos partidos
políticos.
Algumas resoluções tem sido alvo de discussões sobre os limites do poder
normativo do TSE:

RES 23.714/2022 - DURANTE a eleição criou regra com sanção para descumprimento
de decisão que determinasse a retirada de conteúdo com fake News. A PGR ajuizou ADI
afirmando que feria a legalidade, a competência da União e que desbordava o poder
normativo do TSE e que era censura previa. O STF em MC não deu provimento a essa
ADI.

Art. 2º É vedada, nos termos do Código Eleitoral, a divulgação ou


compartilhamento de fatos sabidamente inverídicos ou gravemente
descontextualizados que atinjam a integridade do processo eleitoral, inclusive
os processos de votação, apuração e totalização de votos.

§ 1º Verificada a hipótese prevista no caput, o Tribunal Superior Eleitoral,


em decisão fundamentada, determinará às plataformas a imediata remoção
da URL, URI ou URN, sob pena de multa de R$ 100.000,00 (cem mil reais) a
R$ 150.000,00 (cem e cinquenta mil reais) por hora de descumprimento, a
contar do término da segunda hora após o recebimento da notificação.

§ 2º Entre a antevéspera e os três dias seguintes à realização do pleito, a


multa do § 1º incidirá a partir do término da primeira hora após o
recebimento da notificação.

Art. 3º A Presidência do Tribunal Superior Eleitoral poderá determinar a


extensão de decisão colegiada proferida pelo Plenário do Tribunal sobre
desinformação, para outras situações com idênticos conteúdos, sob pena de
aplicação da multa prevista no art. 2º, inclusive nos casos de sucessivas
replicações pelo provedor de conteúdo ou de aplicações.

§ 1º Na hipótese do caput, a Presidência do Tribunal Superior Eleitoral


apontará, em despacho, as URLs, URIs ou URNs com idêntico conteúdo que
deverão ser removidos.

§ 2º A multa imposta em decisão complementar, proferida na forma deste


artigo, não substitui a multa aplicada na decisão original.

Art. 4º A produção sistemática de desinformação, caracterizada pela


publicação contumaz de informações falsas ou descontextualizadas sobre o
processo eleitoral, autoriza a determinação de suspensão temporária de
perfis, contas ou canais mantidos em mídias sociais, observados, quanto aos
requisitos, prazos e consequências, o disposto no art. 2º.

Parágrafo único. A determinação a que se refere o caput compreenderá a


suspensão de registro de novos perfis, contas ou canais pelos responsáveis ou
sob seu controle, bem assim a utilização de perfis, contas ou canais
contingenciais previamente registrados, sob pena de configuração do crime
previsto no art. 347 da Lei nº 4.737, de 15 de julho de 1965 - Código Eleitoral.
Art. 5º Havendo descumprimento reiterado de determinações baseadas nesta
Resolução, o Presidente do Tribunal Superior Eleitoral poderá determinar a
suspensão do acesso aos serviços da plataforma implicada, em número de
horas proporcional à gravidade da infração, observado o limite máximo de
vinte e quatro horas.

Parágrafo único. Na hipótese do caput, a cada descumprimento subsequente


será duplicado o período de suspensão.

RES 23712/2022 – proibiu transporte de armas no país por CAC no dia da eleição.

Art. 1º A Resolução TSE nº 23.669, de 14 de dezembro de 2021, passa


a vigorar com as seguintes alterações:

Art. 154-A. Fica proibido o transporte de armas e munições, em todo o


território nacional, por parte de colecionadores, atiradores e
caçadores no dia das Eleições, nas 24 horas que o antecedem e nas 24
horas que o sucedem.

Parágrafo único. O descumprimento da referida proibição acarretará


a prisão em flagrante por porte ilegal de arma sem prejuízo do crime
eleitoral correspondente.

5. Sistemas Eleitorais

a) Majoritário simples ou absoluto


b) Proporcional de listas abertas ou fechadas
c) Distrital simples ou misto

5.1 Majoritário

No Brasil, o majoritário absoluto é sistema utilizado para a escolha do Presidente da


República, do Governador de Estado (caput do art. 28 da CF/88) ou do DF (§ 2º do art.
32 da CF/88) e de Prefeitos, caso o município possua mais de 200.000 (duzentos mil)
eleitores (inciso II do art. 29 da CF/88).

Nos Municípios com menos de 200 mil eleitores o sistema é majoritário


relativo/simples.

Também é majoritária simples a eleição de Senadores.

Art. 77 (...) §2º Será considerado eleito Presidente o candidato que, registrado por
partido político, obtiver a maioria absoluta de votos, não computados os em branco e
os nulos.
§ 3º Se nenhum candidato alcançar maioria absoluta na primeira votação, far-se-á nova
eleição em até 20 dias após a proclamação do resultado, concorrendo os 2 candidatos
mais votados e considerando-se eleito aquele que obtiver a maioria dos votos válidos.

§ 4º Se, antes de realizado o 2º turno, ocorrer morte, desistência ou impedimento legal


de candidato, convocar-se-á, dentre os remanescentes, o de maior votação.

Voto válido é o voto computado, não se considerando os votos nulos e brancos.

5.2 Proporcional

Visa dar mais chances aos partidos menores.

O sistema proporcional de lista aberta é o utilizado para mandatos legislativos, exceto o


de Senador.

O Sistema proporcional de lista fechada é aquele no qual o próprio partido decide a


ordem, que é mais transparente ao eleitor, mas dá menos liberdade de escolha. Problema
também é a falta de democracia partidária, os nomes da lista muitas vezes são escolhidos
por preferencias pessoais.

ATENÇÃO! Não é mais admitida coligação para eleição proporcional.

OBS: Em algum momento o ordenamento permite a eleição majoritária nos cargos do


legislativo? Sim, no cargo de Senador e também quando nenhum partido alcança o
quociente, são eleitos os candidatos mais votados (CE artigo 3º)

➔ Quociente eleitoral

CE Art. 106. Determina-se o quociente eleitoral dividindo-se o número de votos válidos


apurados pelo de lugares a preencher em cada circunscrição eleitoral, desprezada a
fração se igual ou inferior a 0,5, equivalente a 1, se superior

Quociente Eleitoral = Votos válidos/vagas


[ se a fração for menor que 0,5 é desprezada]

Quociente partidário = votos no partido/quociente eleitoral= número de vagas.


[despreza totalmente a fração]

Exemplo: 100 mil votos válidos em um município, na eleição de Vereador (10 vagas)

Quociente Eleitoral = 100.000/10

Quociente Eleitoral = 10 mil votos.

Se um partido teve 24 mil votos → quociente partidário (número de eleitos no partido) será:

24000/10000 = 2,4.

Portanto, esse partido terá direito a 2 cadeiras.


➔ Restos – vagas remanescentes

Com o desprezo das frações, muitas vezes ocorre que, ao final da distribuição das
cadeiras, “sobram” vagas. Essas vagas são dividas da seguinte forma:

Voto no partido/(vagas ocupadas +1)

Quem tiver a maior média fica com a vaga remanescente. Vai dividindo, acrescentando
as novas vagas, até preencher todas.

Exemplo: O Partido X do exemplo anterior teve 2 cadeiras.

O Partido Y teve também 24 mil votos, e portanto 2 cadeiras.

O partido Z teve 43 mil votos e portanto 4 cadeiras.

O partido P teve 9 mil votos e portanto nenhuma cadeira.

Verifica-se que foram distribuídas apenas 8 CADEIRAS (4+2+2).

Portanto existem 2 sobras (eram 10 vagas).

Podem concorrer todos os partidos, ainda que não tenham atendido ao quociente
eleitoral.

Portanto, pode um partido ter vaga ainda que não atinja o quociente eleitoral, desde que
tenha pelo menos 80% desse quociente.

Voltando ao exemplo:

O Partido P pode concorrer às 2 vagas que sobraram, ainda que não tenha alcançado os
10 mil votos (quociente eleitoral), porque alcançou 80% do quociente;

Calculando a primeira vaga da sobra:

PARTIDO PARTIDO X PARTIDO Y PARTIDO Z PARTIDO P


VOTOS 24000 24000 43000 9000
VAGAS 2 2 4 0
CALCULO 24000/(2+1) 24000/(2+1) 43000/(4+1) 9000/(0+1)
RESULTADO 8000 8000 8600 9000
FICA COM A
VAGA

A outra vaga é calculada do mesmo modo, agora contando o PARTIDO P com 1 VAGA.
Cláusula de barreira: o candidato do partido deve ter no mínimo 10% do quociente
eleitoral na distribuição normal e 20% no caso das sobras.

CE Art. 108. Estarão eleitos, entre os candidatos registrados por um partido que tenham
obtido votos em número igual ou superior a 10% (dez por cento) do quociente eleitoral,
tantos quantos o respectivo quociente partidário indicar, na ordem da votação nominal
que cada um tenha recebido. (Redação dada pela Lei nº14.211, de 2021)

Parágrafo único. Os lugares não preenchidos em razão da exigência de votação nominal


mínima a que se refere o caput serão distribuídos de acordo com as regras do art. 109.
(Incluído pela Lei 13.165/15)

Art. 109. Os lugares não preenchidos com a aplicação dos quocientes partidários e em
razão da exigência de votação nominal mínima a que se refere o art. 108 serão
distribuídos de acordo com as seguintes regras: (Redação dada pela Lei 13.165/15)

I - dividir-se-á o número de votos válidos atribuídos a cada partido pelo número de


lugares por ele obtido mais 1 (um), cabendo ao partido que apresentar a maior média
um dos lugares a preencher, desde que tenha candidato que atenda à exigência de
votação nominal mínima; (Redação dada pela Lei nº14.211, de 2021)

II - repetir-se-á a operação para cada um dos lugares a preencher; (Redação dada pela
Lei 13.165/15)

III - quando não houver mais partidos com candidatos que atendam às duas exigências
do inciso I deste caput, as cadeiras serão distribuídas aos partidos que apresentarem as
maiores médias. (Redação dada pela Lei nº14.211, de 2021)

§ 1º O preenchimento dos lugares com que cada partido ou coligação for contemplado
far-se-á segundo a ordem de votação recebida por seus candidatos. (Redação dada pela
Lei 13.165/15)

§ 2º Poderão concorrer à distribuição dos lugares todos os partidos que participaram


do pleito, desde que tenham obtido pelo menos 80% (oitenta por cento) do quociente
eleitoral, e os candidatos que tenham obtido votos em número igual ou superior a 20%
(vinte por cento) desse quociente. (Redação dada pela Lei nº14.211, de 2021)

➔ Suplentes

Art. 112. Considerar-se-ão suplentes da representação partidária:

I - os mais votados sob a mesma legenda e não eleitos efetivos das listas dos respectivos
partidos;

Não precisam preencher a clausula de barreira de 10%.(CE artigo 112 §unico).


Se o cargo vagar e não tiver suplente, deve fazer nova eleição, exceto se faltarem 9 meses
ou menos pro fim do mandato.

5.3 Distrital

O Sistema eleitoral distrital divide os estados em distritos, elegendo um ou mais


parlamentares por distrito (distrito uni ou plurinominal). É a adoção do majoritário dentro
do legislativo. No Brasil foi utilizado durante o império e república velha, sendo extinto
com o primeiro código eleitoral (1932)

A proposta do “distritão” era simplesmente o abandono do sistema proporcional, sem a


divisão em distritos menores, apenas adotando o sistema majoritário no estado todo.

Críticas: critérios para definir quais cidades ocupam cada distrito; enfraquecimento dos
partidos; enfraquecimento das minorias (the winner takes all);

5.3.1 Sistema distrital alemão (misto)

Parte é eleita com base em votação majoritária e parte é eleita com base no sistema
proporcional.

Há eleição com base no sistema proporcional, contabilizando o número de vagas por


partido. Os candidatos que vencem majoritariamente nos distritos são eleitos
automaticamente, dentro das vagas. Sobrando vagas, segue para a lista dos mais votado
do partido.

Exemplo: Partido A teve 70 mil votos, ganhando 7 vagas. O Partido A teve o candidato
mais votado em 5 distritos. Esses ocupam as 5 vagas, e as outras 2 vagas são ocupadas
pelos próximos dois mais votados do partido, no geral, ainda que os seus distritos já
tenham sido contemplados com uma vaga.

Se há mais eleitos majoritários do que vagas, os majoritários são eleitos, aumentando o


numero de vagas. O numero de parlamentares varia conforme a eleição.

OBS: Há proposta de eleição proporcional em dois turnos, no qual primeiro há um turno


com voto no partido e outro momento um turno para definir o candidato. Tem a vantagem
de trazer mais transparência ao eleitor, que já sabe o numero de vagas previamente.
ORGANIZAÇÃO DA JUSTIÇA ELEITORAL
1. Organização da Justiça Eleitoral:

TSE

União Presidente

TRE

Estado Governador, Senador, Deputado Estadual e Federal

Juizes e Juntas eleitorais

Municípios Prefeito e Vereador

As juntas eleitorais tem perdido importância, porque servem para apuração das urnas,
mas com as urnas eletrônicas esse trabalho é automático. São formadas pelo juiz eleitoral
mais dois ou quatro cidadãos. A função que permanece é a diplomação nas eleições
municipais, que é organizada pela junta.

OBS: Juízes auxiliares do TRE e TSE – ajudam na época das eleições. Contra suas
decisões cabe recurso ao próprio Tribunal.

1.1 TSE

➔ Composição do TSE (art. 119 CR/88): 3+2+2

Art. 119. O Tribunal Superior Eleitoral compor-se-á, no mínimo, de sete membros,


escolhidos:

I - mediante eleição, pelo voto secreto:

a) três juízes dentre os Ministros do Supremo Tribunal Federal;

b) dois juízes dentre os Ministros do Superior Tribunal de Justiça;

II - por nomeação do Presidente da República, dois juízes dentre seis advogados de


notável saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo Supremo Tribunal Federal.

Parágrafo único. O Tribunal Superior Eleitoral elegerá seu Presidente e o Vice-


Presidente dentre os Ministros do Supremo Tribunal Federal, e o Corregedor Eleitoral
dentre os Ministros do Superior Tribunal de Justiça.

• Os advogados indicados podem continuar exercendo a advocacia.


• Não há quinto constitucional no TSE.
• Não pode ter parentes até o 4 grau, exclui o que foi escolhido por último.
• O advogado não pode ocupar cargo público de que seja demissível ad nutum; que
seja diretor, proprietário ou sócio de empresa beneficiada com subvenção,
privilégio, isenção ou favor em virtude de contrato com a Administração Pública;
ou que exerça mandato de caráter político, federal, estadual ou municipal (artigo
16 §2º CE)

➔ Competências do TSE (artigo 22 CE)


• Função administrativa das eleições de presidente e vice e registro de partidos.
• Conflitos de jurisdição entre TER ou juízes de diferentes TRE
• Suspeição de seus membros e PGR
• O TSE NÃO TEM COMPETENCIA CRIMINAL. AS PESSOAS COM
PRERROGATIVA SÃO JULGADAS PELO STJ E STF.
• HC de matéria eleitoral contra ato relativo a PR, Ministros, membros de Tribunais
Regionais.
• Ação rescisória no caso de inelegibilidade – 120d.
• Recursos ordinários contra decisão do TRE.

1.2 TRE

➔ Composição do TRE (art. 120): 2+2+2+1

Art. 120. (...)

§ 1º - Os Tribunais Regionais Eleitorais compor-se-ão:

I - mediante eleição, pelo voto secreto:

a) de dois juízes dentre os desembargadores do Tribunal de Justiça;

b) de dois juízes, dentre juízes de direito, escolhidos pelo Tribunal de Justiça;

II - de um juiz do Tribunal Regional Federal com sede na Capital do Estado ou no


Distrito Federal, ou, não havendo, de juiz federal, escolhido, em qualquer caso, pelo
Tribunal Regional Federal respectivo;

III - por nomeação, pelo Presidente da República, de dois juízes dentre seis advogados
de notável saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo Tribunal de Justiça.

§ 2º - O Tribunal Regional Eleitoral elegerá seu Presidente e o Vice-Presidente- dentre


os desembargadores.

• O artigo 5o da Res. TSE no 23.517/2017 acrescenta que o advogado deverá


“possuir 10 anos consecutivos ou não de prática profissional”.
• Não pode ter parentes até o 4 grau, exclui o que foi escolhido por último.
• Não pode ser indicado como advogado: (i) magistrado aposentado ou membro do
Ministério Público; (ii) advogado filiado a partido político; (iii) quem exerça
cargo público de que possa ser exonerado ad nutum; (iv) quem seja diretor,
proprietário ou sócio de empresa beneficiada com subvenção, privilégio, isenção
ou favor em virtude de contrato com a administração pública; (v) quem exerça
mandato de caráter político

1.3 Juízes Eleitorais

Designados pelo TRE dentre os juízes de direito. Recebem verba eleitoral.

Zonas Eleitorais – é a medida da jurisdição do juiz eleitoral. Cada Zona possui um


cartório que realiza as atividades administrativas. A zonas são subdivididas em seções
eleitorais, que são os lugares em que se vota.

➔ Garantias dos juízes eleitorais


• Inamovibilidade
• Irredutibilidade de salário
• Não há vitaliciedade. Exerce mandato (2+2)

2. Recorribilidade restrita e autonomia decisória

A Justiça eleitoral tem autonomia decisória, de modo que suas decisões tem eficácia
imediata, ainda que haja recurso ao STF.

Os únicos recursos cabíveis nas decisões do TSE são o RE e os recursos ordinários em


MS e HC originários denegatórios. (art. 121 §3º).

Das decisões do TRE só cabe recurso quando (art. 121 §4º):

• Recurso Especial Eleitoral – decisões que ofendem a Constituição ou lei ou


que são divergentes em relação a outro TRE. [NÃO CABE RE AO STF DE
DECISÃO DO TRE]
o Não analisa prova, precisa de pré-questionamento.
• Recurso Ordinário Eleitoral – Decisões em Competência Originária. Decisões
sobre inelegibilidade, que anulam diploma ou determinam perda do mandato
federal ou estadual, denegatória de MS ou HC (ROC)

O Recurso Ordinário é um recurso de devolutividade ampla, enquanto o Recurso Especial


tem cognição restrita.

Todos esses recursos tem prazo de 3 dias.


TSE TRE Juiz Eleitoral
Recurso Ordinário Recurso Especial Recurso Eleitoral
Constitucional: Eleitoral:
• Denegação de • Ofensa à CF ou lei OBS: AS DECISÕES
Mandado de • Divergência entre INTERLOCUTÓRIAS
Segurança TREs SÃO IRRECORRÍVEIS!
• Denegação de HC
Recurso Extraordinário ao Recurso Ordinário
STF: Eleitoral – SÓ PARA
• contrariar dispositivo COMPETENCIA
desta Constituição; ORIGINARIA DO TRE!
• declarar a • versarem sobre
inconstitucionalidade inelegibilidade ou
de tratado ou lei expedição de
federal; diplomas nas
• julgar válida lei ou eleições federais
ato de governo local ou estaduais;
contestado em face • anularem
desta Constituição. diplomas ou
• julgar válida lei local decretarem a perda
contestada em face de mandatos
de lei federal. eletivos federais
ou estaduais;
• denegarem habeas
corpus , mandado
de segurança,
habeas data ou
mandado de
injunção.

OBS: Juizo de admissibilidade é sempre do TrIbunal ad quem, apenas no REspecial o


juízo é duplo.

OBS2: Efeito suspensivo – Só tem em APELAÇÃO DE CONDENAÇÃO


CRIMINAL ELEITORAL e em Recurso ordinário que implique em:

• Cassação de registro
• Perda do mandato
• Afastamento do titular

TSE Sumula 28 - A divergência jurisprudencial que fundamenta o recurso especial


interposto com base na alínea b do inciso I do art. 276 do Código Eleitoral somente
estará demonstrada mediante a realização de cotejo analítico e a existência de
similitude fática entre os acórdãos paradigma e o aresto recorrido

TSE Sumula 29 - A divergência entre julgados do mesmo Tribunal não se presta a


configurar dissídio jurisprudencial apto a fundamentar recurso especial eleitoral.
TSE Sumula 30 - Não se conhece de recurso especial eleitoral por dissídio
jurisprudencial, quando a decisão recorrida estiver em conformidade com a
jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral.

TSE Sumula 31 - Não cabe recurso especial eleitoral contra acórdão que decide sobre
pedido de medida liminar

ATENÇÃO! AÇÃO RESCISÓRIA: só cabe de decisões de mérito do TSE que versem


sobre inelegibilidade. Não cabe de TRE nem de juiz eleitoral. (Sumula 33) O prazo é 120
dias da decisão transitada em julgado (não aplica o prazo de 2 anos do CPC)
DIREITOS POLÍTICOS, ELEGIBILIDADE E CAUSAS
CONSTITUCIONAIS DE INELEGIBILIDADE
1. Direitos políticos

São direito fundamentais de primeira geração.

Direitos políticos positivos x negativos – os positivos são os de participação. Os


negativos são as restrições a esses direitos (art. 15 CR/88).

Sufrágio x voto – tecnicamente sufrágio é o direito, voto é a escolha, o próprio exercício,


mas muitas vezes a própria Constituição usa como sinônimos.

1.1 Perda x suspensão de direitos políticos (art. 15)

Suspensão é temporária e depois volta automaticamente. São as hipóteses de:

• condenação criminal transitada em julgado enquanto durarem os efeitos;


• incapacidade civil absoluta;
• improbidade administrativa.

Hipótese não constitucional de suspensão: tratado de amizade, o gozo de direitos políticos


no outro país suspende o do país de origem.

Perda é sem prazo certo. São as hipóteses de:

• cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado;


• perda da nacionalidade por adquirira outra;
• recusa de cumprir obrigação a todos imposta.

OBS: josé jairo entende que a recusa é hipótese de suspensão ou impedimento.

A Cassação é proibida!

Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou


suspensão só se dará nos casos de:

I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado;

II - incapacidade civil absoluta;

III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus


efeitos;

IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação


alternativa, nos termos do art. 5º, VIII;

V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º.


➔ Cancelamento da naturalização

A naturalização ocorre nos casos do artigo 12, II da CR/88:

• 15 anos ininterruptos sem condenação penal OU


• 1 ano e idoneidade moral para língua portuguesa.

O procedimento de naturalização é normatizado na Lei 13.445/2017. Para os portugueses,


o Estatuto da Igualdade permite o gozo de direitos políticos, desde que o estrangeiro que
opte suspenda seus direitos no estado de nacionalidade.

O cancelamento se dá sempre por decisão judicial transitada em julgado (em virtude


de atividade nociva ao interesse nacional;), e a competência é da Justiça Federal. O
MPF pode promover a ação de cancelamento (LC 75/90 artigo 6º, IX).

Recuperação dos direitos após sentença: apenas por ação rescisória.

No caso de PERDA da nacionalidade por adquirir outra, pode retomar por decreto
presidencial, e retorna com a mesma nacionalidade de antes (José Afonso da Silva e
CSPE). Alexandre de Morais afirma que volta sempre como naturalizado.

➔ Condenação transitada em julgado – crime ou contravenção!

Suspende os direitos políticos, mas se houver mandato em curso de deputados e


senadores, a respectiva casa deve decidir sobre a perda do mandato, nos termos do artigo
55, IV §2º.

Perda do mandato – regra: não é automática. Para a 1ª Turma do STF, se o


Deputado ou Senador for condenado a mais de 120 dias em regime fechado, a
perda do cargo será uma consequência automática da condenação, cabendo à Mesa
da Câmara ou do Senado somente declarar que houve a perda, à luz do art. 55, III
e § 3º, da CF/88.

No caso de vereadores ou cargos executivos, no entanto, há silêncio eloquente da


constituição, motivo pelo qual José Jairo defende que a perda do mandato é
automática.

ATENÇÃO! O artigo 92 do CP que determina a perda do cargo como efeito secundário


não se aplica a mandatos eletivos, por força da Constituição.

OBS: sentença absolutória impropria – José Jairo entende que também suspende os
direitos políticos.

Súmula no 9 do TSE - A suspensão de direitos políticos decorrente de condenação


criminal transitada em julgado cessa com o cumprimento ou a extinção da pena,
independendo de reabilitação ou prova de reparação de danos.
OBS2: CONDENAÇÃO A PENA DE MULTA: o STF, na ADI 3150 afirmou que a multa
não perde seu caráter penal e a extinção da punibilidade só se dá com seu total
adimplemento.

APENAS O STJ diferencia a situação do hipossuficiente, que não tem possibilidade


de pagar. Nesse caso o STJ entende que há a extinção mesmo sem o pagamento da
multa. Mas precisa comprovar essa situação de pobreza.

➔ Recusa de obrigação

Causa a perda dos direitos políticos. Exemplos: júri e serviço militar.

Jose Jairo afirma que apesar de ser perda, deve haver um termo final para essa sanção,
por ser vedada pena de caráter perpétuo. Assim, alguns autores advogam que no caso do
militar seja até os 45 anos (fim do serviço militar obrigatório) ou por um dia (caso o juri).
De qualquer modo, é importante observar a proporcionalidade.

2. Mecanismos de participação direta

A democracia brasileira é de participação semi-direta. Há o exercício por meio indireto,


através de representantes eleitos pelo votos, e exercício direto, por alguns mecanismos:
plebiscito, referendo (produção de eficácia de lei vigente) e lei de iniciativa popular.

Iniciativa popular: 1% dos eleitores, em 5 UFs cada uma com pelo menos 0,3% dos
eleitores.

Mandato político x mandato civil:

(i) Alcance subjetivo: o mandato político é geral, o representante não representa


apenas os que o elegeram.
(ii) Autonomia: o político é livre para escolher as decisões, a sanção pelo
descompasso entre ele e os eleitores é a não reeleição.
(iii) Duração: o político tem prazo determinado e não pode ser revogado pela
vontade dos eleitores, apenas nas hipóteses legais de perda do mandato
(executivo impeachment e legislativo as faltas).

3. Voto

O voto é direto, secreto, universal e periódico, livre e personalíssimo.

Direto → A exceção é se houver vaga (sucessão) no cargo de Presidente da Republica


nos dois últimos anos do mandato (mandato-tampão), de modo que haverá eleição
indireta

Art. 81. Vagando os cargos de Presidente e Vice-Presidente da República,


far-se-á eleição noventa dias depois de aberta a última vaga.
§ 1º Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do período presidencial,
a eleição para ambos os cargos será feita trinta dias depois da última
vaga, pelo Congresso Nacional, na forma da lei.

STF decidiu que essa norma da eleição indireta não é norma de reprodução obrigatória
nos demais entes (Estados, Municipios e DF) para CAUSAS NÃO ELEITORAIS.

Para causas eleitorais de vacância do cargo do Chefe do Executivo a União deve


reger as normas de modo privativo, de modo que o CE determina nova eleição.
Para causas não eleitorais de vacância, ex: morte, impeachment, cada ente da
Constituição que vai dizer.

STF, 2018 - O legislador federal pode estabelecer causas eleitorais de vacância de


cargos eletivos visando a higidez do processo eleitoral e a legitimidade da
investidura no cargo. Não pode, todavia, prever solução diversa da que foi
instituída expressamente pela Constituição para a realização de eleições nessas
hipóteses. Por assim ser, é inconstitucional a aplicação do art. 224, § 4º aos casos
de vacância dos cargos de Presidente, Vice-Presidente e Senador da República”

OBS: PRESIDENTE É O MANDATO TAMPAO OU ELEIÇÃO. SENADOR É


SUPLENTE OU NÃO HAVENDO, SE FALTAREM MAIS DE 15 MESES É
ELEIÇÃO.

§ 2º Ocorrendo vaga e não havendo suplente, far-se-á eleição para preenchê-la se


faltarem mais de quinze meses para o término do mandato

Secreto → Discussão sobre o voto dos parlamentares, o STF entende que nesses casos os
atos são públicos, por conta do regime democrático, com algumas exceções, como por
exemplo a escolha do PGR pelo Senado.

OBS: pessoa com deficiência pode ter ajuda de pessoa guia para votar, isso não fere o
sigilo do voto.

Universal → Sufrágio universal significa que não há restrições arbitrárias, e não que há
sufrágio para todos. (no brasil crianças não votam e mesmo assim é universal).

OBS: o contrário de universal é restrito, e pode ser: censitário (renda, foi no brasil em
1824, em parte em 1891 e 1934), cultural/capacitário e masculino. José Jairo diz que em
parte a CR/88 acolheu o requisito capacitário para os direitos políticos passivos, porque
os analfabetos não podem ser votados.

Periódico → A doutrina discute sobre a periodicidade, se seria cláusula pétrea o prazo de


alternância. Entende-se que a periodicidade máxima permitida pela Constituição como
um prazo republicano é de 8 anos.

Obrigatoriedade → Há discussão sobre se essa característica seria uma cláusula pétrea,


já que não está prevista no art. 60, mas sim no art. 14 §1º, I. A obrigatoriedade é de
comparecer, ele não é obrigado a votar em um candidato.
Pessoalidade – biometria como instrumento de segurança

4. Alistamento e voto

Obrigatório → maiores de 18 anos.

Facultativo → a) entre 16 e 18 anos

b) analfabetos

c) maiores de 70 anos

ATENÇÃO! CE diz que o ALISTAMENTO é facultativo para os INVÁLIDOS e


para os que se encontrem fora do país.

RES 23659/2021 INDIGENAS E PCD ALISTAMENTO –


Art. 13. É direito fundamental da pessoa indígena ter considerados, na prestação
de serviços eleitorais, sua organização social, seus costumes e suas línguas,
crenças e tradições.

§ 1º O disposto no caput não exclui a aplicação, às pessoas indígenas, das normas


constitucionais, legais e regulamentares que impõem obrigações eleitorais e
delimitam o exercício dos direitos políticos.

§ 2º No tratamento de dados das pessoas indígenas, não serão feitas distinções


entre "integradas" e "não integradas", "aldeadas" e "não aldeadas", ou qualquer
outra que não seja autoatribuída pelos próprios grupos étnico-raciais.

§ 3º Não se exigirá a fluência na língua portuguesa para fins de alistamento,


assegurando-se a cidadãos e cidadãs indígenas, o uso de suas línguas
maternas e processos próprios de aprendizagem.

§ 4º A pessoa indígena ficará dispensada da comprovação do domicílio


eleitoral quando o atendimento prestado pela Justiça Eleitoral ocorrer
dentro dos limites das terras em que habita OU quando for notória a
vinculação de sua comunidade a esse território.

§ 5º É assegurado à pessoa indígena indicar, no prazo estipulado pela


Justiça Eleitoral para cada pleito, local de votação, diverso daquele em que
está sua seção de origem, no qual prefere exercer o voto, desde que dentro dos
limites da circunscrição da eleição.

§ 6º O previsto neste artigo aplica-se, no que for compatível, a quilombolas e


integrantes de comunidades remanescentes.

Art. 15. Não estará sujeita às sanções legais decorrentes da ausência de


alistamento e do não exercício do voto a pessoa com deficiência para quem
seja impossível ou demasiadamente oneroso o cumprimento daquelas
obrigações eleitorais.

Art. 16. É direito fundamental da pessoa transgênera, preservados os dados


do registro civil, fazer constar do Cadastro Eleitoral seu nome social e sua
identidade de gênero.

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) assegurou o alistamento eleitoral


facultativo aos índios que, segundo o Estatuto do Índio, sejam considerados
isolados e em vias de integração. Pela decisão, os índios alfabetizados devem se
inscrever como eleitores, mas não estão sujeitos ao pagamento de multa pelo
atraso no alistamento eleitoral.

O indígena que se alistou e tem o título em mãos também pode ser candidato.

Inalistáveis → estrangeiros e conscritos (em serviço ás forças armadas. Não conta pm e


bombeiros).

TSE: A palavra conscritos alcança também aqueles matriculados nos órgãos de


formação de reserva, bem
como médicos, dentistas, farmacêuticos e veterinários que prestam serviço militar
inicial obrigatório;

QUITAÇÃO MILITAR DA MULHER TRANSGENERO – não é exigido! Ainda que


não tenha mudado seu gênero no registro aos 19 anos. Res 23659/2021. Por outro lado, o
homem transgenero que mudou o registro antes dos 19 anos tem que ter o certificado.

Art. 35 (...) § 6º Não se exigirá certificado de quitação militar da mulher


transgênera ainda que, até 31 de dezembro do ano que completou 19 anos, seu
registro civil indique o gênero masculino.

➔ Revisão do domicílio

É o procedimento administrativo pelo qual o eleitor pede alguma mudança no seu


alistamento, por exemplo mudar a zona, nome, corrigir algum erro nos dados etc. Os
dados do cadastro eleitoral são sigilosos, e somente podem ser compartilhados com (i) o
próprio eleitor, a pedido; (ii) MP ou autoridade judiciária, em caso de procedimentos e
processos judiciais (iii) hipóteses permitidas por lei, como o partido político que pode ter
acesso aos dados de seus filiados.

➔ Transferência de domicílio

O Código Eleitoral prevê a necessidade de comprovar pelo menos 3 anos de residência


no novo domicílio, mas como o conceito de domicílio eleitoral é mais flexível entende-
se que não é necessária essa comprovação, bastando o pedido em até 6 meses da eleição.
A declaração falsa de domicílio com objetivo de fraude pode caracterizar crime de
falsidade ideológica , artigo 350 CP, ou ainda o delito do artigo 289 do CP.

Do despacho que indeferir a transferência cabe recurso do eleitor em 5 dias, e do que


deferir cabe recurso em 10 dias pelo MP ou delegado ou partido político.

I. entrada do requerimento no cartório eleitoral do novo domicílio até 150 dias


antes da data da eleição. [artigo 91 L9504]
II. transcorrência de pelo menos 1 (um) ano da inscrição primitiva.
III. residência mínima de 3 (três) meses no novo domicílio, atestada pela autoridade
policial ou provada por outros meios convincente.

O período mínimo de 1 ano e 3 meses não se aplica a servidores removidos.


O eleitor transferido não pode participar de eleição suplementar art. 60 CE.

➔ Cancelamento do alistamento
(a) a infração às regras relativas ao domicílio eleitoral; (b) a suspensão ou perda dos
direitos políticos; (c) a pluralidade de inscrição; (d) o falecimento do eleitor; (e)
deixar o eleitor de votar, injustificadamente, em três eleições consecutivas E NÃO
PAGAR MULTA.

➔ Revisão de eleitorado

Chamamento dos eleitores às suas zonas para verificar o domicílio. Fiscalizada pelo MP
e partidos e presidida pelo juiz eleitoral. O não comparecimento ou a verificação de que
o eleitor não tem domicílio eleitoral naquele local gera o cancelamento do alistamento.

5. Condições de elegibilidade

As condições de elegibilidades são condições positivas, precisam estar presentes para


autorizar o ius honorum. Estão previstas na CR/88. O momento de verificação é no
registro de candidatura (tanto elegibilidade quanto inelegibilidade).

Condições (art. 14 §3°):

• Ser brasileiro
• Pleno exercício dos direitos políticos
• Alistamento
• Domicílio eleitoral na circunscrição (6 meses antes da eleição art. 9º L.9504 +
TSE). Para Jose Jairo é antes do registro de candidatura.
• Filiação partidária
• Idade mínima

OBS: domicilio eleitoral é um conceito mais elástico do que no direito civil, bastando um
vínculo político, social ou afetivo. Não precisa ter ânimo de permanência.

Nacionalidade:

Brasileiro pode ser nato ou naturalizado. No entanto, alguns cargos são privativos de
brasileiro nato (art. 12 §3°): Presidente e Vice.
Portugueses “quase nacionais” por conta do Tratado de Amizade podem votar.

Alistamento:

Não são alistáveis o conscrito e o estrangeiro. Portanto não são elegíveis.

Filiação partidária:

A filiação se dá com base nas regras do estatuto do partido, e deve ser 6 meses antes do
pleito.

A comprovação da filiação partidária se dará por comunicação dos próprios partidos que
devem remeter ao juiz eleitoral a relação de nomes dos seus filiados, conforme art. 19,
9.096/95. Em caso de omissão do partido, é facultado ao prejudicado requerer diretamente
a justiça eleitoral a inclusão do seu nome na lista. A filiação pode ser provada por
qualquer meio, não só pelas listas enviadas à justiça eleitoral (súmula 20 do TSE). No
registro de candidatura esse ônus probatório é mais forte, não se admitindo provas
apenas unilaterais. TSE já aceitou conversas de whatssapp junto com ficha de inscrição.

Idade mínima:

18 anos – vereador (no momento do registro da candidatura)

30 anos – Governador e Vice (no momento da posse)

35 anos – Presidente e Vice e Senado (no momento da posse)

21 anos – outros. (no momento da posse)

➔ Militar

O militar alistável (não conscrito) é elegível. O afastamento ocorre no momento do


registro da candidatura.

Se tem até 10 anos de exercício: precisa se afastar da atividade para concorrer.


Afastamento deve ser definitivo, por demissão ou licenciamento de ofício.

Se tem mais de 10 anos: pode apenas requerer licença (agregação) e se eleito passa para
a inatividade no momento da diplomação. Se não for eleito, volta pro posto.

OBS: O TSE não exige a filiação anterior pelo militar da ativa porque esta é proibida, nos
termos do artigo 142 §3º da CR/88. Assim, ele não segue o prazo de 6m de filiação.

No momento do registro ele deve se afastar – desincompatibilização.

6. Inelegibilidades

As condições de inelegibilidade são condições negativas, se presentes impedem o ius


honorum. Previstas na CR/88 e LC 64/90.
Suspensão dos direitos políticos x inelegibilidades – a suspensão é temporária e gera
uma inelegibilidade como consequência, bem como gera um impedimento para exercícios
de direitos políticos ativos (ativo). Portanto a suspensão dos direitos políticos é mais
ampla.

Além disso, a suspensão exige trânsito em julgado, enquanto a inelegibilidade tem efeitos
desde a condenação por colegiado.

Inelegibilidade x inabilitação para função publica (impeachment) – a inabilitação é


mais ampla, impede qualquer função pública, seja por concurso, eleição ou cargo de
confiança. A inelegibilidade apenas impede o exercício de mandato eletivo.

6.1 Classificação

a) Inelegibilidade constitucional x legal: a constitucional não preclui, a legal preclui


se não alegada no momento do registro de candidatura.
b) Inelegibilidade absoluta x relativa: absoluta impede para qualquer cargo.

Inelegíveis absolutamente na CR/88 (art. 14 §4°):

• Conscritos e estrangeiros (inalistáveis)


• Analfabetos
• Menores de 16 anos

O analfabeto total é inelegível. Pode ser demonstrada a alfabetização por meio de


certificado de conclusão do Ensino Fundamental, CNH, mas pode haver aplicação de uma
prova simples pelo juiz eleitoral para auferir a alfabetização ou ainda declaração de
próprio punho produzida perante servidor da secretaria eleitoral.

TSE Sumula 55 - “A Carteira Nacional de Habilitação gera a presunção da


escolaridade necessária ao deferimento do registro de candidatura”.

TSE Sumula 15 - O exercício de mandato eletivo não é circunstância capaz, por


si só, de comprovar a condição de alfabetizado do candidato”.

O cego não precisa demonstrar saber ler em libras para ser considerado alfabetizado.

Inelegibilidades relativas na CR/88:

• O reeleito como chefe do Executivo não pode se eleger para mais um mandato
no mesmo cargo (art. 14 §5º) [funcional]
o Vice + vice + vice = não pode
o Vice + vice + presidente = pode
o Presid+ presid + presid = não ode
o Presid + presid + vice = não pode.
• Incompatibilidade (art.14 §6º) [funcional]
o Chefes do executivo e quem os sucedeu ou substituiu para
concorrerem a outros cargos devem renunciar nos 6 meses antes do
pleito.
o O vice também precisa se desincompatibilizar.
o PS: TSE tem alguns julgados flexibilizando os sucessores nos 6 meses que
não exercem de fato atos de gestão.

• Inelegibilidade reflexa (art. 14 §7º) - parentesco


o Parentes até 2 grau dos chefes do executivo ou de quem os haja substituído
nos 6 meses anteriores ao pleito.
o Somente da circunscrição do chefe do executivo.
▪ Senador é circunscrição estadual!
o Não alcança o parente que já possuía mandato e se candidata à reeleição.
o Sumula Vinculante 18: A dissolução da sociedade ou do vínculo conjugal,
no curso do mandato, não afasta a inelegibilidade prevista no § 7º do artigo
14 da Constituição Federal.
o NÃO SE APLICA ESSA SUMULA NO CASO DE MORTE – se o chefe
do executivo morreu no mandato, não tem problema a esposa se candidatar
no seguinte na mesma circunscrição.
o OUTRA DISTINÇÃO STF – Se a esposa se separou de fato no 1º
mandato, realmente no segundo ela não poderia se candidatar (a
dissolução não afastar a inelegibilidade), mas a partir do 2 mandato do ex
marido não há impedimento porque já estava rompida a sociedade
conjugal desde a separação de fato, ainda que o divórcio em si só tenha
saído no 2 mandato. Assim, se separou no 1º, mas so divorciou no 2º, pode
se candidatar após o 2º mandato, não incide a inelegibilidade reflexa
porque não aplica a Sumula 18 e também não incide a vedação ao 3º
mandato na família porque não há mais sociedade conjugal.
o Se o chefe não quiser se reeleger o seu parente pode, desde que o chefe
se desincompatibilize. Se o parente vencer, este não pode se reeleger
nem nenhum parente seu. [vedação ao 3 mandato da familia]
o TSE Sumula 6 [vedação de 3 mandato do grupo familiar]- São inelegíveis
para o cargo de Chefe do Executivo o cônjuge e os parentes, indicados no
§ 7o do art. 14 da Constituição Federal, do titular do mandato, salvo se
este, reelegível, tenha falecido, renunciado ou se afastado definitivamente
do cargo até seis meses antes do pleito.
• Prefeito intinerante – Não pode de jeito nenhum, em nenhum município!
o TSE Sumula 12 - “São inelegíveis, no município desmembrado, e ainda
não instalado, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o
segundo grau ou por adoção, do prefeito do município-mãe, ou de quem
o tenha substituído, dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já
titular de mandato eletivo.”
O TSE tem julgado entendendo que o concubinato também gera inelegibilidade.

Art. 14. (...)

§ 6º Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da República, os Governadores de


Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos
até seis meses antes do pleito.

§ 7º São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes


consangüíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da República,
de Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os
haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato
eletivo e candidato à reeleição.

Membro do MP pode se candidatar? a) se o membro do MP ingressou na carreira antes


da vigência da CF/88, pode ter atividade político-partidária normalmente, se fez a opção
pelo regime jurídico anterior (art. 29, § 3º, do ADCT); b) em regra geral, dada a vigência
da EC 45/2004, nenhum membro do Ministério Público pode ter filiação partidária [antes
era so pra juiz]; para tanto, deverá se afastar em definitivo do cargo (exonerar-se ou
aposentar-se, se for o caso), pelo menos seis meses antes do pleito
(desincompatibilização); c) excepcionalmente, garantiu-se o direito à recandidatura
(reeleição) a membro do MP que se elegeu antes da vigência da EC 45/2004, para cargo
do executivo, com base no art. 14, § 5º, da CF/88 (STF. RE 597994/PA).
PARTIDOS POLÍTICOS
1. Partidos políticos

São associações, pessoas jurídicas de direito privado, que congregam pessoas com
interesses comuns, com a finalidade de ocupar o poder público. Servem como canais para
defesa de pontos de vista e de interesses próprios. Essa organização em partidos favorece
a busca de consensos, dando visibilidade às diversas ideologias que convivem numa
democracia.

Para Kollman, há três categorias de funções dos partidos:

(i) no governo, definindo as politicas públicas


(ii) como organização, organizando esforços de cidadãos e candidatos para as
eleições
(iii) no eleitorado, como forma de identificação de valores e candidatos.

Historicamente os primeiros partidos do Brasil foram os grupos Liberal e Conservador


do Segundo Reinado, que se alternavam no poder. EM 1870 surge o Partido Republicano,
que tinha como principal bandeira o fim da monarquia.

Em um regime democrático não cabe proibição ou relativização de criação de partidos,


como ocorreu no Brasil na ditadura militar, que permitia apenas o bipartidarismo. A
Constituição prega o pluralismo político.

Adquirem personalidade jurídica com o registro civil e com o registro no TSE


adquirem o direito aos fundos partidários e tempo de tv, atendidos os demais requisitos
do art. 17 §3º [A PARTIR DE 2030, até lá tem regime de transição]:

• Partido obtiver no mínimo 3% dos votos válidos na eleição para Câmara dos
Deputados, divididos em no mínimo 1/3 dos Estados com 2% de votos válidos em
cada OU
• Partido elegeu 15 deputados federais divididos em no mínimo 1/3 dos Estados.

Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos,


resguardados a soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, os
direitos fundamentais da pessoa humana e observados os seguintes preceitos:

I – caráter nacional;

II - proibição de recebimento de recursos financeiros de entidade ou governo


estrangeiros ou de subordinação a estes;

III - prestação de contas à Justiça Eleitoral

IV - funcionamento parlamentar de acordo com a lei.


OBS: Princípio da tolerância: partidos de todo tipo podem ser tolerados na democracia,
exceto em casos extremados de desrespeito ao direitos fundamentais, por exemplo, um
partido que em suas diretrizes prega a morte dos negros ou homossexuais.

OBS2: Caráter nacional: representação mínima em 9 estados.

OBS3: O partido que não prestar contas à Justiça Eleitoral poderá perder repasses do
Fundo Partidário (artigos 36 e 37-A da Lei 9.096/95) e, se reiteradamente deixa de prestá-
las (ignora-se repetidamente a obrigação de prestá-las), pode perder registro perante o
TSE.

2. Autonomia partidária

Art. 17 (...) § 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir sua
estrutura interna e estabelecer regras sobre escolha, formação e duração de seus órgãos
permanentes e provisórios, e sobre sua organização e funcionamento, e para adotar os
critérios de escolha e o regime de suas coligações nas eleições majoritárias, vedada a
sua celebração nas eleições proporcionais, sem obrigatoriedade de vinculação entre as
candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal, devendo seus
estatutos estabelecer normas de disciplina e fidelidade partidária. (Redação dada pela
EC 97/17)

Questões interna corporis dos partidos são infensas à análise jurisdicional. Competência
da Justiça Eleitoral somente se for sobre candidatos da Convenção Partidária, não de
qualquer filiado.

Comissões Provisórias: para não serem perenizadas , os partidos devem resolver sobre
a duração de seus órgãos permanentes e provisórios. O partido tem autonomia para
definir, mas deve haver uma definição de prazo.

L. 13831/2019 – PERMITE prazo máximo de até 8 anos dos órgãos provisórios.


[OBS: TSE entende que o prazo máximo deve ser 180 dias mesmo com a alteração
legal].

Prazo para mandatos dentro do partido – o estatuto pode prever qualquer prazo mas o
TSE tem entendido que o prazo de 4 anos, sendo permitida uma recondução é o limite.

Verticalização das coligações: não é obrigatória a verticalização.


Coligações em eleições proporcionais: foram vedadas pela EC 97/17, a partir de 2020.

SOBRE COLIGAÇÕES:

• Não tem personalidade jurídica, mas podem demandar e ser demandadas em


processo judicial que envolva seus interesses.
• A coligação é permitida apenas para eleições majoritárias e é definida em
convenção do partido. Cada circunscrição pode ter uma coligação diferente.
• O partido sozinho não tem capacidade para postular em juízo, com exceção de
questionar a validade da própria coligação, durante o período compreendido entre
a data da convenção e o termo final do prazo para a impugnação do registro de
candidatos (LE, art. 6o, § 4o).

3. Fundo partidário e tempo de tv e rádio


3.1 Requisitos

Há uma cláusula de desempenho para adquirir o direito ao fundo partidário e tempo de tv


e rádio. Só será plenamente implementada em 2030, aumentando gradualmente a
exigência.

Art. 17 (...) § 3º Somente terão direito a recursos do fundo partidário e acesso gratuito
ao rádio e à televisão, na forma da lei, os partidos políticos que alternativamente:
(Redação dada pela EC 97/17)

I - obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputados, no mínimo, 3% dos votos
válidos, distribuídos em pelo menos 1/3 das unidades da Federação, com um mínimo de
2% dos votos válidos em cada uma delas; ou (Incluído pela EC 97/17)

II - tiverem elegido pelo menos 15 Deputados Federais distribuídos em pelo menos 1/3
das unidades da Federação. (Incluído pela EC 97/17)

Após 2018 1,5% votos em 1/3 dos Estados, com 9 deputados em 1/3 dos
mínimo de 1% em cada estado OU Estados.

Após 2022 2% dos votos em 1/3 dos Estados, com 11 deputados em 1/3 dos
mínimo de 1% em cada estado OU estados

Após 2026 2,5% dos votos em 1/3 dos Estados, com 13 deputados em 1/3 dos
mínimo de 1% em cada estado OU estados

2030 3% dos votos em 1/3 dos Estados, com 15 deputados em 1/3 dos
mínimo de 2% em cada estado OU estados.

O STF, em entendimento antigo, entendeu pela inconstitucionalidade das cláusulas de


desempenho, porque seria um óbice à instituição de partidos políticos (ADI 1352 e ADI
1354). Mas pelas circunstâncias atuais, a tendência é que mude o entendimento e aceite a
cláusula.
3.2 Fundo partidário

É um fundo mantido em sua maior parte por repasses da União. Também é composto
por multas e penalidades aplicadas aos partidos, doações de pessoas físicas e recursos
determinados por lei.

São liberados mês a mês, em duodécimos. Não são distribuídos igualitariamente, varia
com o número de deputados eleitos. Há um mínimo para aqueles que não possuem
deputados federais eleitos. (5% do total é para todos).

Art. 38. O Fundo Especial de Assistência Financeira aos Partidos Políticos (Fundo
Partidário) é constituído por:

I - multas e penalidades pecuniárias aplicadas nos termos do Código Eleitoral e leis


conexas;

II - recursos financeiros que lhe forem destinados por lei, em caráter permanente
ou eventual;

III - doações de pessoa física ou jurídica, efetuadas por intermédio de depósitos


bancários diretamente na conta do Fundo Partidário;

IV - dotações orçamentárias da União em valor nunca inferior, cada ano, ao número


de eleitores inscritos em 31 de dezembro do ano anterior ao da proposta orçamentária,
multiplicados por trinta e cinco centavos de real, em valores de agosto de 1995.

OBS: Fundo Especial de Financiamento de Campanhas (FEFC):

Criado pela Lei 13.487/17, que alterou a L. 9504, lei das eleições. De suma importância
financeira. distribuiu esse valor aos partidos e às bases das bancadas pelo Fundo
Partidário depois da proibição de doações pelas pessoas jurídicas na ADI 4650.

Quanto maior a bancada do partido, mais recursos desse Fundo receberá. Os critérios de
distribuição dos fundos são feitos pelos próprios partidos. Há apenas a exigência de
que 30% seja usado para custear campanhas femininas.

2% para todos os partidos com registro no TSE.

35% proporcional ao numero de votos apenas entre os que tem representantes na CD.

48% proporcional à bancada no ano da eleição.

15% proporcional à bancada do senado

➔ Necessidade de conta própria para movimentar recursos do Fundo


Partidário
Art. 42. (...)

§ 1º O órgão de direção nacional do partido está obrigado a abrir conta bancária


exclusivamente para movimentação do fundo partidário e para a aplicação dos
recursos prevista no inciso V do caput do art. 44 desta Lei [participação feminina,
min 5%], observado que, para os demais órgãos do partido e para outros tipos de
receita, a obrigação prevista neste parágrafo somente se aplica quando existir
movimentação financeira.

4. Criação de partidos

l. 9096/95 Art. 8º O requerimento do registro de partido político, dirigido ao cartório


competente do Registro Civil das Pessoas Jurídicas do local de sua sede, deve ser
subscrito pelos seus fundadores, em número nunca inferior a 101 (cento e um), com
domicílio eleitoral em, no mínimo, 1/3 (um terço) dos Estados, e será acompanhado de:

Requisitos:

• Apoio de eleitores não filiados a partido político – 0,5% dos votos validos na
ultima eleição da Câmara dos Deputados.
o TSE decidiu [em consulta] pela possibilidade de assinaturas digitais para
criação de partido político, desde que haja prévia regulamentação pelo
TSE e desenvolvimento de ferramenta tecnológica para aferir a
autenticidade das assinaturas.
o Resolução-TSE nº 23.571, alterada em 2021 previu esse sistema
eletrônico!
o É inválido o apoio manifestado por eleitor já filiado a outro partido político
• 1/3 dos Estados.
• Cada Estado com 0,1% do eleitorado de cada um.
• Período de 2 anos+
• Registro no cartório do local da sede
• “Noticia de criação” no TSE – em 100 dias

Lei. 9.096/95 art. 7º (...)

§ 1º Só é admitido o registro do estatuto de partido político que tenha caráter nacional,


considerando-se com o tal aquele que comprove, no período de 2 anos, o apoiamento de
eleitores não filiados a partido político, correspondente a, pelo menos, 0,5% dos votos
dados na última eleição geral para a Câmara dos Deputados, não computados os votos
em branco e os nulos, distribuídos por 1/3, ou mais, dos Estados, com um mínimo de
0,1% do eleitorado que haja votado em cada um deles. (Redação dada pela Lei
13.165/15)
5. Perda do mandato por infidelidade partidária
• Fidelidade partidária interna: o partido pode fechar questões em votações e
discussões legislativas. É prevista pela própria Constituição no art. 17 §1º.
• Fidelidade partidária externa: um parlamentar muda de partido depois de eleito
por outro.

O TSE, por Resolução (22.610/07), e ainda por súmula (Sumula 67) decidiu que o
mandato pertence ao partido, portanto se o candidato muda sem justa causa perde,
posteriormente seu mandato. O STF entendeu que a resolução é constitucional (ADI 3999
e 4086). Antes o TSE entendia que a CR/88 trouxe a tese do mandato livre.

A L. 9096/95 previu as hipóteses de justa causa para mudança de partido:

Art. 22-A. Perderá o mandato o detentor de cargo eletivo que se desfiliar, sem
justa causa, do partido pelo qual foi eleito. (Incluído pela Lei nº 13.165, de 2015)

Parágrafo único. Consideram-se justa causa para a desfiliação partidária


somente as seguintes hipóteses: (Incluído pela Lei nº 13.165, de 2015)

I - mudança substancial ou desvio reiterado do programa partidário (Incluído


pela Lei nº 13.165, de 2015)

II - grave discriminação política pessoal; e (Incluído pela Lei nº 13.165, de 2015)

III - mudança de partido efetuada durante o período de trinta dias que antecede
o prazo de filiação exigido em lei para concorrer à eleição, majoritária ou
proporcional, ao término do mandato vigente.(Incluído pela Lei nº 13.165, de
2015)

Outra hipótese é do eleito cujo partido não atingiu as condições para o fundo
eleitoral do artigo 17 §3º, este eleito pode optar por mudar de partido.

Por fim, o TSE também é justa causa a ANUENCIA do partido.

CF Art. 17 (...)

§ 6º Os Deputados Federais, os Deputados Estaduais, os Deputados Distritais e


os Vereadores que se desligarem do partido pelo qual tenham sido eleitos
perderão o mandato, salvo nos casos de anuência do partido ou de outras
hipóteses de justa causa estabelecidas em lei, não computada, em qualquer
caso, a migração de partido para fins de distribuição de recursos do fundo
partidário ou de outros fundos públicos e de acesso gratuito ao rádio e à televisão.

ATENÇÃO! Se for expulso não perde o mandato.

ATENÇÃO 2! Incorporação ou fusão de partido não é justa causa (artigo 22-A não previu,
a resolução antes previa), então a desfiliação por esse motivo gera perda do mandato,
exceto se comprovar mudança substancial do programa partidário.
Existe julgado do TSE no sentido de que a INCORPORAÇÃO pode ser vista como desvio
no programa

A hipótese efetivamente alegada encontra amparo no art. 22–A, parágrafo único,


I, da Lei 9.096/95, que considera justa causa para a desfiliação partidária a
mudança substancial ou desvio reiterado do programa partidário. No caso,
inegável que a incorporação de um partido em outro fulmina toda ou, quando
menos, substancialmente, a ideologia da agremiação incorporada que, afinal,
deixa de existir. [...](Ac. de 25.11.2021 no AgR-PetCiv nº 060002790, rel. Min.
Alexandre de Moraes.)

5.1 Procedimento

Legitimados: Partido que sofreu a desfiliação; subsidiariamente MP e demais


interessados jurídicos (ex: suplente).

Litisconsórcio passivo necessário entre o eleito e o novo partido se a filiação se deu nos
30 dias.

Prazo para ação de perda do mandato por infidelidade partidária: 30 dias após a
desfiliação sem justa causa. Para os subsidiários, 30 dias após esse prazo.

Competência: para mandatos federais (deputados, senadores) TSE. Para os demais TRE.
Os juízes eleitorais não tem competência para ação de infidelidade partidária.

Antecipação de tutela: não cabe

Efeitos: no caso de perda do mandato, procedência da ação, o juízo comunica o diretório


que deve em 10 dias empossar o suplente.

Recursos: Recurso Especial Eleitoral, se o diploma for municipal, ou Recurso Ordinário,


se o diploma for estadual (CF, art. 121, § 4o, III e IV; CE, art. 276). Se for decisão do
TSE só cabe RE ao STF caso ofenda a constituição.

OBS: SUPLENTES – podem perder o cargo se mudarem de partido? A questão é


controversa porque o suplente não possui cargo, apenas pode vir a exercer. Mas o prazo
é decadencial de 30 dias da desfiliação, então se não for possível ajuizar a ação de perda
do mandato, quando ele vier a exercer já decaiu. O que fazer? TSE possui julgado que
entende que o prazo de 30 dias conta do efetivo exercício do cargo.

OBS2: A mudança não afeta os valores de fundo partidário do partido originário. O TSE
tem julgado que também afirma que não afeta do FEFC na eleição seguinte, apesar de
haver discussão doutrinaria.

6. Fusão e incorporação de partidos

Só é permitido para partidos que já tem registro definitivo há mais de 5 anos.


Nos dois casos o novo partido sucede em todos os direitos e deveres e incorpora os
votos para fins de fundo partidário, FEFC e tempo de rádio e tv.

OBS: quanto a obrigações de prestações de contas de diretores municipais e


estaduais não é transferido, conforme resolução do TSE.

Incorporação – um partido incorpora o outro. Precisa estabelecer um novo diretório


nacional. O instrumento de incorporação deve ser registrado em cartório e levado ao TSE
para registro.

Fusão – dois ou mais partidos se juntam pra formar um novo, os dois anteriores se
extinguem. Também deve ser registrado em cartório e no TSE.
MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL
1. Introdução

Não é órgão do MP, mas sim uma função do MPF.

É uma instituição híbrida, porque perante o Juiz Eleitoral (juiz de direito) é composto
por Promotores de Justiça e perante Tribunais Superiores e TRE os Procuradores da
República.

O Promotor Eleitoral atua como se fosse órgão do MPF, recebendo pagamento da União.

LC 75/93 Art. 72. Compete ao Ministério Público Federal exercer, no que couber, junto
à Justiça Eleitoral, as funções do Ministério Público, atuando em todas as fases e
instâncias do processo eleitoral.

Art. 78. As funções eleitorais do Ministério Público Federal perante os Juízes e Juntas
Eleitorais serão exercidas pelo Promotor Eleitoral.

Art. 79. O Promotor Eleitoral será o membro do Ministério Público local que oficie junto
ao Juízo incumbido do serviço eleitoral de cada Zona.

7. Princípios

a) Federalização
b) Delegação

8. Organização

•É a PGR
•Atua no TSE
PGE •Auxiliado pelos Subproduradores Gerais da Republica, dentre
os quais um é Vice PGE

•Escolhido dentre os PRR e PRs-vitalícios (onde não há sede)


PRE •Atua nos TRE
•Auxiliados pelo auxiliares de propaganda

Promotor •Escolhido dentre Promotores de Justiça

Eleitoral •Atua com Juizes Eleitorais

• Promotor eleitoral é escolhido por ato jurídico complexo (Resolução nº 30 de


2008 CNMP): PGJ indica e PRE nomeia. ATENÇÃO! José jairo defende que é
ato simples porque a indicação do PGJ não vincula o PRE.
o Não poderá ser indicado o promotor:
o (i) lotado em localidade não abrangida pela zona eleitoral perante a qual
este deverá oficiar, salvo em caso de ausência, impedimento ou recusa
justificada, e quando ali não existir outro membro desimpedido;
o (ii) que se encontrar afastado do exercício do ofício do qual é titular,
inclusive quando estiver exercendo cargo ou função de confiança na
administração superior da Instituição;
o (iii) que estiver respondendo a processo administrativo disciplinar por
ofensa a celeridade da atuação ministerial; a isenção das intervenções no
processo eleitoral; a dignidade da função e a probidade administrativa
(tudo ate 3 anos antes)
o (iv) nos dois anos posteriores ao cancelamento da filiação, o membro do
Ministério Público que tenha sido filiado a partido político.
• Não pode ter filiação partidária, ainda que tenha ingressado nos quadros antes de
1988.
• PGE pode ser reconduzido inúmeras vezes. PRE só pode ter 2+2. Promotor
eleitoral só pode 2 anos.
• Não há que se falar no Princípio da Inamovibilidade (CF, art. 128, § 5º, b). Isso
porque se trata de função, e não de cargo.

Lc 75/93: Art. 80. A filiação a partido político impede o exercício de funções eleitorais
por membro do MP até 2 anos do seu cancelamento.

Destituição:

PRE → antes do término desse prazo, por iniciativa do Procurador-Geral Eleitoral, deve
contar com a anuência da maioria absoluta do Conselho Superior do Ministério
Público Federal (LC no 75/93, art. 76, §§ 1o e 2o).

Promotor Eleitoral → Não há previsão legal para essa hipótese. Tampouco dela cuidou
a Resolução CNMP no 30/08. De qualquer maneira, atende à lógica do sistema que o PRE
possa igualmente destituir, já que detém o poder de designar

OBS.: O exercício de função eleitoral assegura ao promotor de justiça a percepção de


gratificação, que corresponde ao terço do subsídio de juiz federal e não entra no computo
do teto remuneratório

9. Funções

O eleitor não tem legitimidade para demandar ações perante a Justiça Eleitoral.
Apenas são legitimados os partidos, coligações, candidatos e MP.

Nesse sentido, o MP é quem dá voz ao cidadão perante a Justiça Eleitoral. Ademais,


ao MP incumbe a defesa do regime democrático, o que implica a atuação nas eleições.
Por isso, o MP pode atuar em toda ação eleitoral, seja como autor seja como custos
iuris, ainda que a lei não afirme expressamente, por conta da sua missão constitucional.

TSE Sumula 11 - No processo de registro de candidatos, o partido que não o impugnou


não tem legitimidade para recorrer da sentença que o deferiu, salvo se se cuidar de matéria
constitucional.
STF ARE 728.188 – MP pode recorrer de todas as ações eleitorais, ainda que não seja o
autor dela.

No entanto, o MP não pode utilizar ACP para demandar na Justiça Eleitoral. As


investigações não são feitas por IC mas por Procedimento Preparatório Eleitoral (Portaria
692, 2016 da PGR).

O PPE foi criado pelo Procurador-Geral Eleitoral para contornar a jurisprudência então
prevalente no âmbito do TSE no sentido de ilicitude das provas colhidas em inquérito
civil, em virtude da vedação expressa do art. 105-A da LE ao uso de procedimentos
previstos pela Lei nº 7.347/85 (AgR-REspe - Agravo Regimental em Recurso Especial
Eleitoral nº 89842 - Carnaubais/RN, Rel Min Laurita Vaz, em 28/08/2014, DJE
16/09/2014). Com a regulamentação do PPE, o Ministério Público teria instrumento
similar ao IC, para colher elementos informativos necessários à propositura das ações
eleitorais.

Em 2015, o TSE superou sua posição anterior, reconhecendo a violação à CF/88, que
prevê expressamente o instituto, e às funções institucionais do MP (arts. 127, caput,
e 129, III), de modo que não há qualquer nulidade nas provas colhidas no âmbito do
inquérito civil eleitoral (REspe nº 545-88/MG, relatoria do Min. João Otávio de
Noronha, DJe de 4.11.2015).

Assim, embora o inquérito civil não possa ser instaurado para a apuração de crime
eleitoral, caso haja encontro fortuito de elementos probatórios que evidenciem
materialidade delitiva de crime eleitoral, estes elementos poderão ser utilizados pelo
MP: 1) em procedimento administrativo próprio, de natureza criminal; 2) para
subsidiar requisição de a abertura de IPL; 3) para instruir o oferecimento da
denúncia, caso sejam suficientes para a demonstração da justa causa.

É irracional que a Constituição tenha prescrito uma finalidade ao Ministério Público sem
autorizar os meios necessários para atingi-lo. Afinal, o objetivo dos referidos
instrumentos é apenas ensejar a reunião de elementos de informação para subsidiar a
atuação séria e prudente do Parquet perante o Estado-jurisdição, de sorte que suas ações
sejam devidamente fundamentadas e justificadas.

Assim, a jurisprudência corretamente interpreta o artigo 105-A da LE à luz do artigo 127


da Constituição. É, pois, admitida a busca de informações pelo Ministério Público por
meio dos assinalados instrumentos administrativos, sendo, porém, restringido o uso de
inquérito civil público (ICP), que não pode ser utilizado exclusivamente para fins
eleitorais.

O MP pode:

• Promover ação penal eleitoral pública


• Requisitar inquérito policial eleitoral
• Instaurar procedimento investigatório eleitoral (cível ou criminal)
• Oficiar em todos os feitos em tramitação perante juízos e tribunais eleitorais,
• Assumir a titularidade de ações eleitorais (se a parte desistir)
• Zelar pela normalidade e legitimidade das eleições e propor as principais ações
eleitorais (AIJE, AIME, ação de impugnação ao pedido de registro de candidatura
ou AIPRC, representações variadas).
LEI DA FICHA LIMPA – INELEGIBILIDADES
INFRACONSTITUCIONAIS
1. Introdução e histórico da lei

CR/88 Art. 14 (...) § 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e


os prazos de sua cessação, a fim de proteger a probidade administrativa, a moralidade
para exercício de mandato considerada vida pregressa do candidato, e a normalidade e
legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico ou o abuso do exercício
de função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta (Redação dada pela
Emenda Constitucional de Revisão nº 4, de 1994)

A Constituição autoriza que LC estabeleça outros casos de inelegibilidade para além das
hipóteses constitucionais (analfabetos, conscritos, estrangeiros, menores de idade,
inelegibilidades relativas como os incompatíveis etc).

A LC 64/90 já existia antes da introdução desse parágrafo, mas era ineficiente porque
trazia poucas hipóteses, trazia prazo de 3 anos para inelegibilidade e exigia o trânsito em
julgado para a inelegibilidade.

A LC 135/2010 estabeleceu novas restrições ao exercício dos direitos políticos passivos


e buscou moralizar os mandatos eletivos. Trouxe como novidades:

• Ampliou os casos de inelegibilidade (improbidade, rejeição de contas etc)


• Aumentou o prazo para 8 anos.
• Deixou de exigir o trânsito em julgado, bastando decisões colegiadas.

10. Presunção de inocência x inelegibilidade

Críticos da Lei da Ficha Limpa afirmam que a CR/88 determina que não se pode
considerar culpado antes do trânsito em julgado, portanto não se poderia também tornar
inelegível. Defensores da lei afirmam que no Processo Penal, muito mais grave, é possível
que haja prisão cautelar antes do trânsito, portanto menos gravosa seria a situação de
inelegibilidade.

O STF decidiu pela possibilidade de a LC 135/2010 se aplicar aos atos anteriores a ela
porque a inelegibilidade seria apenas declarada. A lei muda o regime jurídico, de modo
que as novas hipóteses de inelegibilidade não configuram de fato um sanção retroativa,
mas simplesmente uma mudança do regime jurídico. Respeita-se, no entanto, o princípio
da anualidade.

11. Suspensão da inelegibilidade

O Tribunal ad quem pode considerar plausível a pretensão recursal, podendo suspender a


inelegibilidade decorrente de condenação pelo Tribunal a quo. O relator do Tribunal ad
quem pode fazer monocraticamente.
Se for mantida a condenação ou revogada a liminar concedida, a inelegibilidade tem
efeito. O candidato tem desconstituído o registro ou diploma. Alguns autores afirmam
que essa desconstituição é automática, para outros há a necessidade de declaração do
Tribunal.

Art. 26-C. O órgão colegiado do tribunal ao qual couber a apreciação do recurso contra
as decisões colegiadas a que se referem as alíneas d, e, h, j, l e n do inciso I do art. 1o
poderá, em caráter cautelar, suspender a inelegibilidade sempre que existir
plausibilidade da pretensão recursal e desde que a providência tenha sido expressamente
requerida, sob pena de preclusão, por ocasião da interposição do recurso. (Incluído pela
Lei Complementar nº 135, de 2010)

§ 1º Conferido efeito suspensivo, o julgamento do recurso terá prioridade sobre todos os


demais, à exceção dos de mandado de segurança e de habeas corpus

§2º Mantida a condenação de que derivou a inelegibilidade ou revogada a suspensão


liminar mencionada no caput, serão desconstituídos o registro ou o diploma
eventualmente concedidos ao recorrente.

12. Lei da Ficha Limpa x Pacto de San José da Costa Rica

Alguns doutrinadores afirmam que a LC 135/2010 viola o Pacto de San Jose da Costa
Rica, porque o art. 22 da referida Convenção estabelece que nenhuma restrição à
candidatura pode se dar a não ser com base em um a condenação criminal, e a Lei da
Ficha Limpa vai muito além de condenações criminais. No entanto, a PGR e outra parte
da doutrina entende que não há incompatibilidade com a Convenção porque a Convenção
Americana de DH busca proteger a vontade popular e a lisura das eleições, que é o mesmo
objetivo da Lei da Ficha Limpa.

O STF já decidiu pela constitucionalidade da lei, nas ADCs 29 e 30

CADH exige condenação criminal, mas não precisa ser transitada:

A lei pode regular o exercício dos direitos e oportunidades, a que se refere o inciso
anterior, exclusivamente por motivo de idade, nacionalidade, residência, idioma,
instrução, capacidade civil ou mental, ou condenação, por juiz competente, em processo
penal" (art. 23.2).

Corte Interamericana de Direitos Humanos - Caso Lopez Mendoza x Venezuela – não


aceitou inelegibilidade por processo administrativo. A Corte IDH vedou a aplicação
retroativa de normativas punitivas que implicavam restrições a direitos políticos de López
Mendoza, consagrando a proteção da segurança jurídica.

Por outro lado, há uma segunda corrente que entende pela convencionalidade total da Lei
da Ficha Limpa, a partir de uma interpretação sistemática com base no precedente firmado
pela Caso Castaneda Gutman. Nesse caso. analisando a possibilidade de a filiação
partidária ser colocada como eventual restrição ao exercício dos direitos políticos - uma
vez que não está prevista no art. 23.2 da CADH – a Corte decidiu que seria possível os
Estados criarem outras causas restritivas aos direitos políticos, desde que estas

a) satisfaçam uma necessidade social imperiosa,

b) sejam adequadas e

c) se ajustem a um objetivo legítimo

Assim:

1ª corrente – inconvencionalidade pela interpretação literal da CADH e caso Lopez


Medoza

2ª corrente – convencionalidade por uma interpretação sistemática e pelo Caso Gutman,


no qual a Corte afirmou ser constitucional a restrição da filiação a partido e outras
restrições fora do rol da CADH quando: necessidade social, adequada e objetivo legitimo.

3ª corrente – convencionalidade apenas nos casos de decisão por órgão judicial e normas
gerais, sem perseguição individual.

13. Ficha Limpa e anualidade

O STF julgou que a LC 135/2010 não poderia ser aplicada às eleições de 2010, por conta
do art. 16 da CR/88 que determina que a lei que altere o processo eleitoral só tem eficácia
nas eleições do ano seguinte.

14. Ficha Limpa e retroatividade

O STF entendeu que inelegibilidade da lei da ficha limpa não é sanção, e que portanto
não há problema na retroatividade, em considerar fatos anteriores a ela como fundamento
de inelegibilidade. A inelegibilidade é uma incompatibilidade com o exercício do
mandato.

Ademais, o STF entendeu que não há retroatividade, mas RETROSPECTIVIDADE,


porque a inelegibilidade só é verificada no momento do registro da candidatura. Portanto,
um fato anterior é inócuo se não houver pedido de registro. Havendo pedido, a partir daí
operam os efeitos da LC 64/90, e por isso nesse momento é possível a análise de fatos
pretéritos sob a ótica da nova legislação. A lei não retroage, e sim observa fatos antigos
sob a ótica da lei nova no momento correto, o registro da candidatura. Há uma mudança
no regime jurídico.

Adriano Soares da Costa é divergente, entende que pode ser sanção ou não. Se a
inelegibilidade advém de um ilícito ela tem caráter sancionatório (Teoria do Fato
Jurídico). Nesse sentido, para ele nos casos de sanção os efeitos da lei seriam apenas para
futuro.
OBS: NA AIJE (ação de investigação judicial eleitoral) que tem como objetivo investigar
abuso do poder político, poder econômico ou do uso dos meios de comunicação social, a
inelegibilidade tem natureza de sanção, porque é efeito direto da condenação.

15. Hipóteses de inelegibilidade absoluta

7.1 Perda do mandato parlamentar

Os parlamentares que perderem o mandato por quebra de decoro ou por infração às


vedações (art. 55, I e II) são inelegíveis pelo tempo restante do mandato e mais 8 anos
após o fim da legislatura.

No caso de senador, que tem 2 legislaturas, Jose jairo defende que seja contado sempre
da última legislatura.

Art. 1º, I (...) b) os membros do Congresso Nacional, das Assembleias Legislativas, da


Câmara Legislativa e das Câmaras Municipais, que hajam perdido os respectivos
mandatos por infringência do disposto nos incisos I e II do art. 55 da Constituição
Federal, dos dispositivos equivalentes sobre perda de mandato das Constituições
Estaduais e Leis Orgânicas dos Municípios e do Distrito Federal, para as eleições que
se realizarem durante o período remanescente do mandato para o qual foram eleitos e
nos oito anos subsequentes ao término da legislatura; (Redação dada pela LCP 81, de
13/04/94)

7.2 Prefeitos e Governadores que perdem cargo por infringirem a Lei Orgânica ou
a Constituição Estadual. - impeachment

c) o Governador e o Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal e o Prefeito e o


Vice-Prefeito que perderem seus cargos eletivos por infringência a dispositivo da
Constituição Estadual, da Lei Orgânica do Distrito Federal ou da Lei Orgânica do
Município, para as eleições que se realizarem durante o período remanescente e nos 8
(oito) anos subsequentes ao término do mandato para o qual tenham sido eleitos;

7.3 Representação julgada procedente pela Justiça Eleitoral por abuso de poder
econômico ou político.

d) os que tenham contra sua pessoa representação julgada procedente pela Justiça
Eleitoral, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão colegiado, em
processo de apuração de abuso do poder econômico ou político, para a eleição na qual
concorrem ou tenham sido diplomados, bem como para as que se realizarem nos 8 (oito)
anos seguintes;

Desde a data da eleição até 8 anos depois (conta o ano calendário e não o ano civil).

TSE Súmula 19 - O prazo de inelegibilidade decorrente da condenação por abuso do


poder econômico ou político tem início no dia da eleição em que este se verificou e finda
no dia de igual número no oitavo ano seguinte (art. 22, XIV, da LC nº 64/1990).
Conta-se sempre do primeiro turno (Sumula 69 TSE)

Podem ser condenados por abuso de poder econômico ou politico tanto candidatos quanto
terceiros e ambos podem se tornar inelegíveis.

1.4 Crimes que geram inelegibilidade (art. 1ª, I, e)

Art. 1º São inelegíveis:

I - para qualquer cargo: (...)

e) os que forem condenados, em decisão transitada em julgado OU proferida por órgão


judicial colegiado, desde a condenação até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após
o cumprimento da pena, pelos crimes: (Redação dada pela Lei Complementar nº 135,
de 2010)

A LC 64/90 elenca os crimes que geram inelegibilidade.

Crime culposo, de menor potencial ofensivo ou de ação penal privada não gera
inelegibilidade.

A inelegibilidade se dá desde a condenação pelo colegiado até os 8 anos seguintes ao


cumprimento da pena.

1. contra a economia popular, a fé pública, a administração pública e o


patrimônio público; contra o patrimônio privado, o sistema financeiro, o
mercado de capitais e os previstos na lei que regula a falência;
2. contra o meio ambiente e a saúde pública;
3. eleitorais, para os quais a lei comine pena privativa de liberdade;
4. de abuso de autoridade, nos casos em que houver condenação à perda do
cargo ou à inabilitação para o exercício de função pública;
5. de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores;
6. de tráfico de entorpecentes e drogas afins, racismo, tortura, terrorismo e
hediondos;
7. de redução à condição análoga à de escravo;
8. contra a vida e a dignidade sexual;
9. praticados por organização criminosa, quadrilha ou bando; (Incluído pela
Lei Complementar nº 135, de 2010)
10. Crime de responsabilidade de Prefeito – DL 201/67 (TSE – AgR-RO no
417.432/CE – PSS 28-10-2010.)

TSE SUMULA 58 - Não compete à Justiça Eleitoral, em processo de registro de


candidatura, verificar a prescrição da pretensão punitiva ou executória do candidato e
declarar a extinção da pena imposta pela Justiça Comum.

TSE SUMULA 59 - O reconhecimento da prescrição da pretensão executória pela Justiça


Comum não afasta a inelegibilidade prevista no art. 1o, I, e, da LC no 64/90, porquanto
não extingue os efeitos secundários da condenação.
TSE SUMULA 60 - O prazo da causa de inelegibilidade prevista no art. 1o, I, e, da LC
no 64/90 deve ser contado a partir da data em que ocorrida a prescrição da pretensão
executória e não do momento da sua declaração judicial.

TSE SUMULA 61 - O prazo concernente à hipótese de inelegibilidade prevista no art. 1º,


I, e, da LC nº 64/1990 projeta-se por oito anos após o cumprimento da pena, seja ela
privativa de liberdade, restritiva de direito ou multa.

OBS: Tribunal do Juri é considerado órgão colegiado.

ATENÇÃO! Graça e induto só operam efeitos na pena, então não afetam a


inelegibilidade. Já a anistia impede a inelegibilidade.

STF 2022, ADI 6630 – EM medida cautelar o STF tinha entendido pela detração do tempo
de 8 anos, MAS O MERITO FOI JULGADO EM 2022 E MUDOU. Entendeu que o
prazo de 8 anos após o cumprimento ou extinção NÃO pode ser reduzido (detração) pelo
tempo que passou entre a condenação por colegiado e o trânsito em julgado.

O TSE entende que não há detração.

ATENÇÃO! Lei 14230/2021 alterou a lei de improbidade e previu que a contagem da


pena de suspensão dos direitos políticos deve ser contada retroativamente desde a decisão
colegiada. Isso foi uma tentativa do Legislativo de igualar os efeitos da LC 64/90 com a
pena da improbidade, porque o que ocorria era que pela LC 64 a pessoa já estava
inelegível desde a decisão do colegiado, mas depois do trânsito da improbidade ela
continuava inelegível por mais 8 anos. O STF ADI 7236 no entanto suspendeu essa
previsão, determinando que são duas coisas diferentes, uma é a sanção por improbidade
outra é o efeito de inelegibilidade por 8 anos.

7.5 Indignos do oficialato

f) os que forem declarados indignos do oficialato, ou com ele incompatíveis, pelo prazo
de 8 (oito) anos;

(a) o militar seja condenado a pena privativa de liberdade superior a dois anos; (b) a perda
seja decretada pelo Tribunal competente (artigo 142 §3º CR/88).

7.6 Contas rejeitadas por irregularidade insanável que configure ato doloso de
improbidade (decisão irrecorrível)

O Tribunal de Contas não julga improbidade, há apenas uma notícia, um forte indicio de
improbidade. Não precisa ter condenação prévia por improbidade.

A partir de 2021 precisa além da rejeição das contas a imputação de pagamento de


débito ao erário, que não se confude com mera multa.

No caso de chefe do executivo, que tem as contas examinadas pelo Legislativo, a rejeição
deve ser pelo Legislativo. Ainda que o Tribunal de Contas entenda pela rejeição, se o
Legislativo aprovar não há inelegibilidade.
STF, RE 848826/CE, 2016 - Competência da câmara Municipal para julgamento das
contas de governo e de gestão do Prefeito. Não é competência do Tribunal de Contas. O
parecer do TC não gera inelegibilidade.

Exceção: o Tribunal de Contas ainda tem competência para rejeitar as contas de convênios
entre os entes da federação e as contas de consórcios públicos.

g) os que tiverem suas contas relativas ao exercício de cargos ou funções públicas


rejeitadas por irregularidade insanável que configure ato doloso de improbidade
administrativa, e por decisão irrecorrível do órgão competente, salvo se esta houver sido
suspensa ou anulada pelo Poder Judiciário, para as eleições que se realizarem nos 8
(oito) anos seguintes, contados a partir da data da decisão, aplicando-se o disposto no
inciso II do art. 71 da Constituição Federal, a todos os ordenadores de despesa, sem
exclusão de mandatários que houverem agido nessa condição; (Redação dada pela
Lei Complementar nº 135, de 2010) (Vide Lei Complementar nº 184, de 2021)

§ 4º-A. A inelegibilidade prevista na alínea “g” do inciso I do caput deste artigo não se
aplica aos responsáveis que tenham tido suas contas julgadas irregulares sem imputação
de débito e sancionados exclusivamente com o pagamento de multa.

7.7 Aqueles que tenham exercido função de direção, administração em instituição


financeira que é objeto de liquidação judicial ou extrajudicial, enquanto não
exoneradas de responsabilidade.

i) os que, em estabelecimentos de crédito, financiamento ou seguro, que tenham sido ou


estejam sendo objeto de processo de liquidação judicial ou extrajudicial, hajam exercido,
nos 12 (doze) meses anteriores à respectiva decretação, cargo ou função de direção,
administração ou representação, enquanto não forem exonerados de qualquer
responsabilidade;

7.8 Crimes eleitorais – corrupção eleitoral, captação ilícita de sufrágio, gastos ilícitos
ou conduta vedada de agente público que causem cassação do registro/diploma.

j) os que forem condenados, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão


colegiado da Justiça Eleitoral, por corrupção eleitoral, por captação ilícita de sufrágio,
por doação, captação ou gastos ilícitos de recursos de campanha ou por conduta vedada
aos agentes públicos em campanhas eleitorais que impliquem cassação do registro ou
do diploma, pelo prazo de 8 (oito) anos a contar da eleição.

Só há inelegibilidade se o crime implicar cassação do registro ou do diploma. Se for


condenado apenas multa não há inelegibilidade. Se tiver perdido a eleição também não
há.

José Jairo no entanto traz uma discussão sobre essa incongruência, porque o candidato
não eleito, apenas por não ter sido diplomado, não poderia sofrer sanção de cassação de
diploma e portanto não seria inelegível. Ele propõe que se declare a inelegibilidade
mesmo sem a cassação, porque há uma impossibilidade de impor a sanção, mas esta seria
aplicável em tese.

O prazo de 8 anos é do dia da eleição que ocorreu o ilícito até 8 anos depois.

7.9 Renúncia desde o oferecimento de representação por infringir CR, CEstadual,


Lei Orgânica

Precisa ter relação entre a renúncia e a representação. Não vai ter inelegibilidade se for
para fins de desincompatibilização (§5º arti 1º Lc 64/90)

k) o Presidente da República, o Governador de Estado e do Distrito Federal, o Prefeito,


os membros do Congresso Nacional, das Assembleias Legislativas, da Câmara
Legislativa, das Câmaras Municipais, que renunciarem a seus mandatos desde o
oferecimento de representação ou petição capaz de autorizar a abertura de processo por
infringência a dispositivo da Constituição Federal, da Constituição Estadual, da Lei
Orgânica do Distrito Federal ou da Lei Orgânica do Município, para as eleições que se
realizarem durante o período remanescente do mandato para o qual foram eleitos e nos
8 (oito) anos subsequentes ao término da legislatura; (Incluído pela Lei Complementar
nº 135, de 2010)

7.10 Decisão colegiada que condena por ato doloso de improbidade com suspensão
dos direitos políticos

A improbidade por si só pode gerar suspensão dos direitos políticos por prazo variável a
depender do ato. Lembrando que a sanção de suspensão de direitos políticos precisa ser
expressa no dispositivo, não é automática nem obrigatória.

A condenação por ofensa aos princípios não gera inelegibilidade, apenas por lesão ao
erário e enriquecimento ilícito.

TSE entende que deve haver condenação pelos dois, dano ao erário E enriquecimento
ilícito, mas parte da doutrina afirma que o “e” deve ser lido como OU.

TSE, Ac no RO 060417529, 2018 - A jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral,


firmada nas Eleições de 2012 e reafirmada nos pleitos subsequentes (2014, 2016 e, ainda,
2018), é no sentido de que a incidência da inelegibilidade descrita no art. 1º, I, l, da
Lei Complementar 64/90 demanda condenação judicial, transitada em julgado ou
proferida por órgão colegiado, na qual se imponha a penalidade de suspensão dos direitos
políticos, por ato doloso de improbidade administrativa que importe
cumulativamente dano ao erário E enriquecimento ilícito.

l) os que forem condenados à suspensão dos direitos políticos, em decisão transitada em


julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, por ato doloso de improbidade
administrativa que importe lesão ao patrimônio público e enriquecimento ilícito, desde
a condenação ou o trânsito em julgado até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após o
cumprimento da pena;
7.11 Excluídos do exercício da profissão por decisão sancionatória do órgão
profissional por infração ética.

m) os que forem excluídos do exercício da profissão, por decisão sancionatória do órgão


profissional competente, em decorrência de infração ético-profissional, pelo prazo de 8
(oito) anos, salvo se o ato houver sido anulado ou suspenso pelo Poder Judiciário.

7.12 Simulação ou fraude no desfazimento de vínculo conjugal para evitar


inelegibilidade

É inócuo, porque já há outra solução da SV 18 e também porque não há ação cujo objeto
é anular o desfazimento de vínculo.

n) os que forem condenados, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão


judicial colegiado, em razão de terem desfeito ou simulado desfazer vínculo conjugal ou
de união estável para evitar caracterização de inelegibilidade, pelo prazo de 8 (oito)
anos após a decisão que reconhecer a fraude; (Incluído pela Lei Complementar nº 135,
de 2010)

Súmula Vinculante nº 18: A dissolução da sociedade ou do vínculo conjugal, no curso do


mandato, não afasta a inelegibilidade prevista no § 7º do art. 14 da CF/88

7.13 Demitidos por processo administrativo ou judicial ou outra sanção


(aposentadoria) ou aposentadoria ou exoneração voluntária na pendencia de PAD.

o) os que forem demitidos do serviço público em decorrência de processo administrativo


ou judicial, pelo prazo de 8 (oito) anos, contado da decisão, salvo se o ato houver sido
suspenso ou anulado pelo Poder Judiciário;

q) os magistrados e os membros do Ministério Público que forem aposentados


compulsoriamente por decisão sancionatória, que tenham perdido o cargo por sentença
ou que tenham pedido exoneração ou aposentadoria voluntária na pendência de
processo administrativo disciplinar, pelo prazo de 8 (oito) anos; (Incluído pela Lei
Complementar nº 135, de 2010) [precisa ter relação entre a exoneração e PAD]

7.14 Aqueles que fazem doações ilegais

p) a pessoa física e os dirigentes de pessoas jurídicas responsáveis por doações eleitorais


tidas por ilegais por decisão transitada em julgado ou proferida por órgão colegiado da
Justiça Eleitoral, pelo prazo de 8 (oito) anos após a decisão, observando-se o
procedimento previsto no art. 22;

Pessoa física pode doar até 10% do rendimento bruto anual do ano anterior. O próprio
candidato pode financiar sua campanha com no máximo 10% do valor do teto de gastos
do seu cargo (art.23 §2-A da Lei 9504/97).

Doação além do limite gera multa de até 100% do excesso (art. 23 §3º)

Pessoa jurídica não pode doar, mas se doar o dirigente da época pode ficar inelegível.
O TSE entende que essa inelegibilidade só atinge aqueles que fizerem doações ilegais
com “notas de abuso do poder econômico” ou “quebra da normalidade” das eleições. O
valor precisa ser expressivo.

Essa jurisprudência criou um problema processual: a ação de doação ilegal não analisa
abuso do poder econômico. Se for ajuizada ação especifica de abuso já há inelegibilidade
específica pelo abuso (AIJE, alínea d)

TSE, 2017 - Nem toda doação eleitoral tida como ilegal é capaz de atrair a
inelegibilidade da alínea p. Somente aquelas que, em si, representam quebra da
isonomia entre os candidatos, risco à normalidade e à legitimidade do pleito ou que se
aproximem do abuso do poder econômico é que poderão ser qualificadas para efeito de
aferição da referida inelegibilidade

16. Hipóteses de inelegibilidade relativa

São hipóteses que só tornam inelegível o indivíduo para certos cargos. O inciso II do
artigo 1º elenca as hipóteses de inelegibilidade para Presidente e Vice Presidente. O prazo
de desincompatibilização é, em regra, 6 meses, com exceção de: (i) representantes de
entidades de classe, 4 meses (ii) servidores públicos, 3 meses, sem prejuízo da
remuneração.

Para Governador e Vice (inciso III), e todos do Legislativo (de todas as esferas) se
aplicam as mesmas inelegibilidades e os mesmos prazos da alínea a do inciso II, desde
que se refira a mesma circunscrição (ex: empresa que mantem contrato com o governo
do estado).

Para Prefeitos e Vice, o prazo é de 4 meses, em regra.

OBS: pastores, padres etc: não precisam desincompatibilizar.

TSE Sumula 54 - “A desincompatibilização de servidor público que possui cargo em


comissão é de três meses antes do pleito e pressupõe a exoneração do cargo comissionado,
e não apenas seu afastamento de fato”.
CALENDÁRIO ELEITORAL
É divulgado pelo TSE, no ano anterior à eleição.

1º - Convenções partidárias(20 de julho ate 5 agosto): partidos decidem seus candidatos e


coligações (Não é mais permitida coligação para eleições proporcionais). Os partidos podem
lançar 100% das vagas mais um. MInimo de 30% para um dos sexos
OBS: vagas remanescentes: é quando o partido escolhe um numero menor do que o permitido e
as vagas que sobram podem ser preenchidas pela direção do partido até 30 dias antes da eleição
sem passar pela convenção. (art 10 L9504)
2º - Registro dos candidatos (até 15 de agosto) Deve apresentar vários documentos (art. 11 Lei
9.504/97) o Demonstrativo de Regularidade dos Atos Partidários – DRAP.
3º - Início da propaganda eleitoral (15 de agosto): Antes disso não pode haver pedido expresso
de votos (mas não significa que não possa fazer eventos públicos)
4º - Eleições. (Primeiro domingo de outubro)
5º - Diplomação (meados de dezembro): reconhecimento formal pela Justiça Eleitoral de que o
candidato foi eleito.
Recurso contra expedição de diploma: 3 dias da diplomação. AIME: 15 dias da diplomação. AIJE:
até a diplomação.
OBS: Se o prazo termina no recesso ele é prorrogado até o primeiro dia útil após o recesso.
OBS2: O CPC não é aplicado no Processo Eleitoral, exceto subsidiariamente. Durante o processo
eleitoral (da convenção até a eleição) todos os dias são contados, inclusive fins de semana.
OBS3: Legitimidade para ajuizar ações: candidato, partido (não coligado), coligação e MP
(universal). MP sempre é custos legis.

Convenção Registo Diplomação Posse


+5d = AIRC +3d= RCED
•inelegibilidades •Inelegibi.
supervn. ou
const.
+15d= AIME
•Abuso
ecoonomic e
corrupção
AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO AO PEDIDO DE REGISTRO DE
CANDIDATURA
1. Introdução – Registro de candidatura

No momento do registro de candidatura observa-se a existência das condições


elegibilidade e ausência de inelegibilidades, bem como a regularidade dos documentos
(condições de registrabilidade) do art. 11 da Lei. 9.504/97.

A justiça eleitoral possui uma função de organização das eleições que se aproxima da
atividade administrativa. Essa função é típica da Justiça Eleitoral mas não é de outras
justiças, o que permite uma postura diferenciada. O juiz eleitoral possui poder de
polícia, pode atuar de ofício para retirar propaganda ilegal ou negar de ofício o registro
de uma candidatura ilegal, por exemplo.

Portanto, a impugnação pode se dar de ofício, seja por falhas de documentação ou por
situação de inelegibilidade, ainda que não haja qualquer ação de impugnação de registro
de candidatura.

TSE Sumula 45 - Nos processos de registro de candidatura, o Juiz Eleitoral pode conhecer
de ofício da existência de causas de inelegibilidade ou da ausência de condição de
elegibilidade, desde que resguardados o contraditório e a ampla defesa.

TSE Sumula 18 - Conquanto investido de poder de polícia, não tem legitimidade o juiz
eleitoral para, de ofício, instaurar procedimento com a finalidade de impor multa pela
veiculação de propaganda eleitoral em desacordo com a Lei nº 9.504/1997.

O procedimento de registro é um procedimento de jurisdição voluntária (parte da


doutrina entende que é meramente administrativo). De qualquer modo, não há
contenciosidade, havendo impugnação ao registro cria-se uma nova relação jurídica, um
novo processo judicial, que é a AIRC.

Sobre o procedimento de registro:


pedido de registro de candidatura (até 15 de agosto, às 19 h) → publicação do edital →
(impugnação via AIRC em cinco dias) → diligências (três dias) → decisão (três dias
depois das diligências) → recurso ao TRE (três dias) → recurso ao TSE (três dias) →
recurso ao STF (três dias).
2. Momento

Observam-se as condições de elegibilidade e ausência de inelegibilidades, bem como


a regularidade dos documentos devem ser alegadas até o dia 15 de agosto, data do
registro.

Há preclusão se não forem alegadas nesse momento essas questões, exceto se forem
questões constitucionais, que não precluem.
Art. 11 (...) §10. As condições de elegibilidade e as causas de inelegibilidade devem ser
aferidas no momento da formalização do pedido de registro de candidatura, ressalvadas
as alterações fáticas ou jurídicas, supervenientes ao registro que AFASTEM a
inelegibilidade

Se surgir a qualquer momento um fato novo que afaste a inelegibilidade (ex: absolvição
em instância extraordinária) pode ser alegada posteriormente até a diplomação.

Se surgir um fato novo desfavorável (ex: condenação por colegiado) até o dia da eleição,
deve ser alegado em recurso contra expedição de diploma.

TSE Sumula 43 - As alterações fáticas ou jurídicas supervenientes ao registro que


beneficiem o candidato, nos termos da parte final do art. 11, § 10, da Lei no 9.504/97,
também devem ser admitidas para as condições de elegibilidade.

TSE Sumula 47 - A inelegibilidade superveniente que autoriza a interposição de recurso


contra expedição de diploma, fundado no art. 262 do Código Eleitoral, é aquela de índole
constitucional ou, se infraconstitucional, superveniente ao registro de candidatura, e que
surge até a data do pleito.

TSE Sumula 3 - No processo de registro de candidatos, não tendo o juiz aberto prazo para
o suprimento de defeito da instrução do pedido, pode o documento, cuja falta houver
motivado o indeferimento, ser juntado com o recurso ordinário.

3. Documentos para registro (condições de registrabilidade)

Lei. 9.504/97 Art. 11. Os partidos e coligações solicitarão à Justiça Eleitoral o registro
de seus candidatos até as dezenove horas do dia 15 de agosto do ano em que se
realizarem as eleições.

§1º. O pedido de registro deve ser instruído com os seguintes documentos:

I - cópia da ata a que se refere o art. 8º;

II - autorização do candidato, por escrito;

III - prova de filiação partidária;

IV - declaração de bens, assinada pelo candidato;

V - cópia do título eleitoral ou certidão, fornecida pelo cartório eleitoral, de que o


candidato é eleitor na circunscrição ou requereu sua inscrição ou transferência de
domicílio no prazo previsto no art. 9º;

VI - certidão de quitação eleitoral;

VII - certidões criminais fornecidas pelos órgãos de distribuição da Justiça Eleitoral,


Federal e Estadual;
VIII - fotografia do candidato, nas dimensões estabelecidas em instrução da Justiça
Eleitoral, para efeito do disposto no §1º do art. 59;

IX - propostas defendidas pelo candidato a Prefeito, a Governador de Estado e a


Presidência da República.

• Declaração de bens: se mentir comete crime de falsidade ideológica eleitoral.


Pode ser o registro histórico (antigo) do valor dos bens.
• Certidões criminais: apenas da circunscrição em disputa!
• Certidão cível: NÃO PRECISA apresentar, ainda que improbidade possa gerar
inelegibilidade. O MP é quem deve ir atrás de saber se o candidato foi condenado
por improbidade ou não.
• O juiz pode dar 72h para que seja sanada qualquer irregularidade. Se não sanar,
indefere.
• Apresentação das contas: basta a apresentação, mas não pode ser desprovida de
documentos mínimos, sob pena de não poder concorrer às próximas eleições, por
não estar quite com a Justiça Eleitoral.

§3º. Caso entenda necessário, o Juiz abrirá prazo de setenta e duas horas para
diligências.

§4º. Na hipótese de o partido ou coligação não requerer o registro de seus candidatos,


estes poderão fazê-lo perante a Justiça Eleitoral, observado o prazo máximo de quarenta
e oito horas seguintes à publicação da lista dos candidatos pela Justiça Eleitoral.

§7º. A certidão de quitação eleitoral abrangerá exclusivamente a plenitude do gozo dos


direitos políticos, o regular exercício do voto, o atendimento a convocações da Justiça
Eleitoral para auxiliar os trabalhos relativos ao pleito, a inexistência de multas
aplicadas, em caráter definitivo, pela Justiça Eleitoral e não remitidas, e a apresentação
de contas de campanha eleitoral.

4. Competência para AIRC

Justiça Eleitoral da circunscrição em disputa.

Se for eleição municipal, juiz eleitoral. Se for presidente, TSE, etc.

5. Legitimados

Candidato, partido, coligação ou MP. OBS: José Jairo diz que se o polo ativo desistir o
MP pode assumir.

Legitimado passivo: candidato, sem litisconsórcio necessário com o partido nem com
vice.

Eleitor só pode exercer o direito de petição, informando a inelegibilidade ou alguma outra


questão.
Se o membro do Ministério Público, nos quatro anos anteriores, tiver disputado cargo
eletivo, integrado diretório de partido, ou exercido atividade político-partidária, ele não
poderá impugnar (art. 3º, §2º, LC 64/90).

6. Prazo

5 dias da publicação dos pedidos de registro de candidaturas. [lembrar que contam


fins de semana].

MP não tem prazo diferenciado.

LC 64/90 Art. 3° Caberá a qualquer candidato, a partido político, coligação ou ao


Ministério Público, no prazo de 5 (cinco) dias, contados da publicação do pedido de
registro do candidato, impugná-lo em petição fundamentada.

7. Objeto

Pode ser impugnado o DRAP do partido, ou o registro individual de candidatos.

Se a inelegibilidade for constitucional ela pode ser conhecida dentro do próprio


procedimento de registro já deferido, de ofício ou a pedido, fora do prazo da AIRC. Uma
vez arguida nesse momento, não pode ser arguida de novo em RCED (artigo 262 §1º CE).

Discussão sobre inelegibilidade superveniente:

Tradicionalmente entendia-se que a causa superveniente (ou seja, posterior ao registro)


de inelegibilidade, poderia ser arguida em Recurso contra expedição de diploma. Ocorre
que houve uma mudança no Código Eleitoral que passou a prever o texto:

Art. 262. O recurso contra expedição de diploma caberá somente nos casos de
inelegibilidade superveniente ou de natureza constitucional e de falta de
condição de elegibilidade. (Redação dada pela Lei nº 12.891, de 2013)

(...)

§ 2º A inelegibilidade superveniente apta a viabilizar o recurso contra a


expedição de diploma, decorrente de alterações fáticas ou jurídicas, deverá
ocorrer até a data fixada para que os partidos políticos e as coligações
apresentem os seus requerimentos de registros de candidatos. (Incluído pela
Lei nº 13.877, de 2019)

Nesse sentido, a doutrina passou a discutir se a lei proibiu que causa superveniente seja
alegada em RCED, já que só previu as causas que ocorram até a data do registro da
candidatura.

TSE – DIVERGÊNCIA– tem julgados nos dois sentidos: que a superveniência de


inelegibilidade pode ser arguida dentro do procedimento de registro e que só pode por
meio de RCED. Tem prevalecido que pode analisar no registro com contraditório e ampla
defesa e que SE NÃO ANALISAR pode analisar no RCED, porque se não analisou não
faz coisa julgada.
Trecho da decisão do TSE a favor da analise no registro: “a jurisprudência
da mais alta Corte Eleitoral, em recente decisão, reiterou orientação
anterior para assentar que ‘as causas supervenientes podem ser apreciadas
no processo de registro de candidatura se ocorridas quando os autos
ainda estejam em trâmite nas instâncias ordinárias e desde que
observados o contraditório e a ampla defesa (TSE. REspE nº
060038872, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJE 16/03/2021)”;

“A jurisprudência desta Corte Superior, no julgamento do RO nº 154-


29/DF, conhecido como “Caso Arruda”, oportunidade em que foi
amplamente debatida a interpretação do estabelecido no art. 11, § 10, da
Lei nº 9.504/97, firmou o entendimento de que as inelegibilidades
supervenientes ao requerimento de registro de candidatura podem ser
objeto de análise pelas instâncias ordinárias no próprio processo de registro
de candidatura, desde que garantidos o contraditório e a ampla defesa.”

“ Tal interpretação se amolda às peculiaridades do período eleitoral, que


reclamam celeridade e necessidade de estabilização das relações políticas
e, sem afastar–se do imperativo do devido processo legal, atende a um só
tempo ao imperativo constitucional da razoável duração do processo (art.
5º LXXVIII), os princípios da inafastabilidade da jurisdição e da
efetividade, e preserva probidade administrativa, a moralidade para
exercício de mandato, a normalidade e a legitimidade das eleições.”

8. Procedimento

Art. 3º (...)

§ 3° O impugnante especificará, desde logo, os meios de prova com que pretende


demonstrar a veracidade do alegado, arrolando testemunhas, se for o caso, no máximo
de 6 (seis).

Art. 4° A partir da data em que terminar o prazo para impugnação, passará a correr,
após devida notificação, o prazo de 7 (sete) dias para que o candidato, partido político
ou coligação possa contestá-la, juntar documentos, indicar rol de testemunhas e requerer
a produção de outras provas, inclusive documentais, que se encontrarem em poder de
terceiros, de repartições públicas ou em procedimentos judiciais, ou administrativos,
salvo os processos em tramitação em segredo de justiça.

Art. 5° Decorrido o prazo para contestação, se não se tratar apenas de matéria de direito
e a prova protestada for relevante, serão designados os 4 (quatro) dias seguintes para
inquirição das testemunhas do impugnante e do impugnado, as quais comparecerão por
iniciativa das partes que as tiverem arrolado, com notificação judicial

(...) § 2° Nos 5 (cinco) dias subsequentes, o Juiz, ou o Relator, procederá a todas as


diligências que determinar, de ofício ou a requerimento das partes.
Art. 6° Encerrado o prazo da dilação probatória, nos termos do artigo anterior, as partes,
inclusive o Ministério Público, poderão apresentar alegações no prazo comum de 5
(cinco) dias.

Petição inicial (5 dias da publicação do edital)→ contestação (7 dias) → audiência em 4


dias (se não for matéria de direito e for necessária). → diligências, se precisar (5 dias) →
alegações (5 dias, prazo comum) → sentença.

Máximo de 6 testemunhas, devendo ser levada a juízo pela parte. Não há intimação. Se
não for, preclui essa prova.

8.1 Recurso

Recurso ordinário ao TRE ou ao TSE, a depender da competência

Só pode recorrer aquele que impugnou, exceto se for matéria constitucional ou se for o
MP, que tem legitimidade ampla.

TSE Sumula 11 - No processo de registro de candidatos, o partido que não o


impugnou não tem legitimidade para recorrer da sentença que o deferiu, salvo
se se cuidar de matéria constitucional.

Prazo de 3 dias da decisão.

OBS: recurso no caso de candidatura em eleição municipal tem termo a quo no terceiro
dia depois da conclusão dos autos, ainda que a decisão ocorra antes. [exemplo: concluso
segunda, decidiu na terça. O prazo só começa na quinta, 3 dias depois da conclusão.]

TSE Sumula 10 - No processo de registro de candidatos, quando a sentença for


entregue em cartório antes de três dias contados da conclusão ao juiz, o prazo para
o recurso ordinário, salvo intimação pessoal anterior, só se conta do termo final
daquele tríduo

Art. 8° Nos pedidos de registro de candidatos a eleições municipais, o Juiz


Eleitoral apresentará a sentença em cartório 3 (três) dias após a conclusão dos
autos, passando a correr deste momento o prazo de 3 (três) dias para a
interposição de recurso para o Tribunal Regional Eleitoral

OBS: decisões interlocutórias proferidas por juiz de primeira instância, há o entendimento


segundo o qual são elas irrecorríveis de imediato. Só se pode recorrer delas ao final do
processo.

9. Candidato sub judice

O candidato que tem a candidatura indeferida, de ofício ou por ação de impugnação de


registro de candidatura, pode recorrer, por recurso ordinário. Nesse caso, ele pode realizar
todos os atos de campanha, arrecadando recursos, participando do horário eleitoral, até
que seja julgado o recurso.
Se participar da eleição sob judice e for desprovido o recurso, os votos dados a ele são
anulados, se tornam inválidos. Se for eleição majoritária faz-se nova eleição. Se a eleição
for proporcional os votos continuam indo para o partido, mas não para o candidato, são
anulados apenas se no dia da eleição o registro está indeferido (não deu tempo mudar na
urna).

LC 9.504/97 Art. 16-A. O candidato cujo registro esteja sub judice poderá efetuar todos
os atos relativos à campanha eleitoral, inclusive utilizar o horário eleitoral gratuito no
rádio e na televisão e ter seu nome mantido na urna eletrônica enquanto estiver sob essa
condição, ficando a validade dos votos a ele atribuídos condicionada ao deferimento de
seu registro por instância superior. (Incluído pela Lei nº 12.034, de 2009)

Parágrafo único. O cômputo, para o respectivo partido ou coligação, dos votos


atribuídos ao candidato cujo registro esteja sub judice no dia da eleição fica
condicionado ao deferimento do registro do candidato. (Incluído pela Lei nº 12.034, de
2009)

OBS: No dia da eleição, se o candidato está sub judice há algumas possibilidades:

Proporcionais Majoritárias
Deferimento do registro Se deferido ao final – ok Se deferido deferido ao
com recurso Se indeferido ao final– final – ok
votos vão para o partido Se indeferido deferido ao
(TSE) final – Nova eleição, artigo
224 §3º CE
Indeferimento do registro Se deferido ao final – ok Se deferido deferido ao
com recurso Se indeferido ao final – final – ok
votos NULOS, não vão Se indeferido deferido ao
para o partido final – nova eleição se
ELEITO, artigo 224 §3º
CE.

Quando se faz nova eleição? Artigo 224 determina que sempre que mais da metade
dos votos válidos (exclui nulos e brancos) for invalidada (por exemplo candidato a
prefeito que ganhou tem seu registro cassado por AIJE). O artigo não especifica as causas
da invalidação, pode ser qualquer causa. Aplica para eleitos e não eleitos e majoritária e
proporcional.

Art. 224. Se a nulidade atingir a mais de metade dos votos do país nas eleições
presidenciais, do Estado nas eleições federais e estaduais ou do município nas
eleições municipais, julgar-se-ão prejudicadas as demais votações e o Tribunal
marcará dia para nova eleição dentro do prazo de 20 (vinte) a 40 (quarenta) dias.

Esse caput causava problemas porque em cidades do interior, em que basta a maioria
simples para o cargo majoritário, quando o eleito ganhava com menos da metade dos
votos (ex: 30%) e seus votos eram anulados, isso não gerava nova eleição, passando a
diplomação para o segundo colocado, que muitas vezes tinha inexpressividade de votos.
Assim, o §3º buscou criar uma regra própria para cargos majoritários para os ELEITOS.

§ 3o A decisão da Justiça Eleitoral que importe o indeferimento do registro, a


cassação do diploma ou a perda do mandato de candidato eleito em pleito
majoritário acarreta, após o trânsito em julgado, a realização de novas eleições,
independentemente do número de votos anulados.

No caso de eleição majoritária, quando o ELEITO (§3º) tiver indeferido o seu registro,
cassação do diploma ou mandato, haverá nova eleição.

Se faltar menos de 6 meses pro fim do mandato é eleição indireta

(no caso de Presidente aplica a regra artigo 81 §1º da CR/88)

224 caput 224 §3º


Não diz as causas de invalidade Diz as causas
Proporcional e majoritário Majoritário
+50% Qualquer %
Eleito ou não Eleito

OBS: pode haver causas não eleitorais de vacância dos cargos, ex: morte, impeachment,
perda do mandato parlamentar pelo artigo 55 CR/88. Nesse caso é competência de cada
ente (Estados, Municipios, DF) tratar das hipóteses de vacância, apenas para esses casos
não eleitorais.

OBS2: Pode haver ação de responsabilização civil por danos materiais e morais
coletivos, de competência da justiça federal, para ressarcir dos gastos com a eleição
suplementar, a ser arcado pelo responsável pela anulação. É preciso provar culpa do
candidato.

OBS3: Como o STF disse ser inconstitucional esperar o trânsito em julgado para invalidar
a eleição, ficou a duvida na doutrina sobre qual o marco para a invalidação e realização
de nova eleição: a partir da primeira decisão, ou a partir do recurso ou do TSE? Jose Jairo
entende que é da última decisão na Justiça Eleitoral, ou seja, último recurso antes do RE
ao STF. TSE decidiu que para registro de candidatura é da decisão do TSE e para cassação
e perda do mandato é desde a decisão ordinária.
AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO JUDICIAL ELEITORAL – AIJE

1. Introdução

É uma ação judicial especialmente vocacionada para a questão do abuso do poder político,
do poder de autoridade, do poder econômico, do abuso no uso dos meios de comunicação
social e assim por diante. O entendimento dominante é que é um rol taxativo de
hipóteses, tem que se enquadrar em uma das formas descritas na lei: econômico,
autoridade, poder, mídia. (mas a forma é livre)

LC 64/90 Art. 22. Qualquer partido político, coligação, candidato ou Ministério Público
Eleitoral poderá representar à Justiça Eleitoral, diretamente ao Corregedor-Geral ou
Regional, relatando fatos e indicando provas, indícios e circunstâncias e pedir abertura
de investigação judicial para apurar uso indevido, desvio ou abuso do poder econômico
ou do poder de autoridade, ou utilização indevida de veículos ou meios de comunicação
social, em benefício de candidato ou de partido político, obedecido o seguinte rito:

Sempre deve ser observada a gravidade, o abuso de poder a ser sancionado deve ser
sempre grave.

1.1 Abuso do poder político

É o exercício do poder político com desvio da finalidade do cargo para usar o cargo como
palanque para uma candidatura. Figuras comuns de abuso foram tipificadas no art. 73 da
Lei. 9.504/97 e são chamadas de condutas vedadas aos agentes públicos, como o
aumento de salários antes do pleito, uso de bens públicos para campanha, gasto excessivo
com publicidade.

O abuso deve afetar a normalidade e legitimidade do pleito.

1.2 Abuso do poder econômico

Uso exagerado de recursos em prol de uma candidatura de modo desequilibrar a


campanha eleitoral.

Pessoa jurídica não pode fazer doações eleitorais e há um limite de gastos para cada
campanha.

Exemplo: candidato rico contrata todas as gráficas da cidade e faz contrato de


exclusividade, de modo que os adversários tem que imprimir materiais numa cidade
vizinha; dono de empresa ameaça demitir os funcionários se o candidato que apoia não
for eleito;

OBS: ATOS PERLOCUTÓRIOS (JL Austin): quando o próprio discurso é a ação e


gera consequências concretas. Jose Jairo defende que é possível o abuso de poder pelos
atos perlocutórios desde que se enquadrem em uma forma de abuso típica (mídia, poder,
econômico). Discurso e ação se identificam, tendo como resultado a produção de efeitos
concretos no interlocutor, de maneira que pelo ato da fala algo no mundo se transforma
ou se realiza.

1.3 Abuso no uso dos meios de comunicação social

Quando o candidato faz uso dos meios de comunicação de modo a dificultar o acesso a
informação e buscando apenas enaltecer sua figura ou quando o meio de comunicação
efetivamente influi na lisura das eleições disseminando informações falsas sobre
determinado candidato.

1.4 Abuso do poder religioso

A legislação não permite atos de campanha eleitoral em templo religiosos, bem como em
qualquer lugar público como estádios, shoppings.

O líder religioso pode demonstrar apoio a um candidato, mas não pode pedir votos nem
fazer propaganda dentro da igreja. Se ocorre apenas uma vez, é propaganda irregular, mas
se for um apoio sistemático é abuso do poder religioso.

TSE APENAS ACEITA ESSA HIPÓTESE DE ABUSO SE estiver relacionado com


algum abuso econômico ou poder politico ou comunicações. Não pode sozinho, o rol é
taxativo.

TSE, RO nº 2653-08/RO, Rel. Min. Henrique Neves da Silva, DJe de 5.4.2017 Ainda que
não haja expressa previsão legal sobre o abuso do poder religioso, a prática de atos de
propaganda em prol de candidatos por entidade religiosa, inclusive os realizados de forma
dissimulada, pode caracterizar a hipótese de abuso do poder econômico, mediante a
utilização de recursos financeiros provenientes de fonte vedada. Além disso, a utilização
proposital dos meios de comunicação social para a difusão dos atos de promoção de
candidaturas é capaz de caracterizar a hipótese de uso indevido previsto no art. 22 da Lei
das Inelegibilidades.

1.5 Abuso da cota de gênero

A legislação determina que as candidaturas de um partido devem ser 70% de um gênero


e 30% de outro (não diz qual deve ser o feminino ou o masculino mas em regra o que há
é 30% de mulheres).

Ocorre que começou a surgir a figura da “candidata laranja” ou “candidata falsa”, que
logo depois do registro do DRAP desistem da campanha, ou não arrecadam dinheiro
durante a campanha, ou não conseguem nenhum voto. O TSE passou a aceitar a fraude
de gênero como uma hipótese de abuso, permitindo o ajuizamento de AIJE ou até de
AIME (fraude), podendo levar a cassação de diploma de todos os candidatos do partido,
porque a DRAP está eivada de fraude.
ATENÇÃO! L. 13.831/2019 – alterações

A lei dos partidos políticos L.9096/95 define reserva de 5% do Fundo Partidário para
promoção da participação feminina:

Art. 44 (...) V - na criação e manutenção de programas de promoção e difusão da


participação política das mulheres, criados e mantidos pela secretaria da mulher do
respectivo partido político ou, inexistindo a secretaria, pelo instituto ou fundação de
pesquisa e de doutrinação e educação política de que trata o inciso IV, conforme
percentual que será fixado pelo órgão nacional de direção partidária, observado o
mínimo de 5% (cinco por cento) do total;

O art. 44 §5º prevê que no caso de não ser utilizado o valor, deve ser guardado em conta
separada e usado no exercício financeiro subsequente, sob pena de não aprovação das
contas e multa.

A Lei 13.831/19 anistiou essa multa para quem não usou antes, e determinou que as contas
não serão reprovadas se o valor for utilizado em campanha feminina na eleição de 2018.

Art. 55-A. Os partidos que não tenham observado a aplicação de recursos prevista no
inciso V do caput do art. 44 desta Lei nos exercícios anteriores a 2019, e que tenham
utilizado esses recursos no financiamento das candidaturas femininas até as eleições de
2018, não poderão ter suas contas rejeitadas ou sofrer qualquer outra penalidade.
(Incluído pela Lei nº 13.831, de 2019)

Críticas: (i) não determina que sejam campanhas para cargos proporcionais, o que
permite o uso quando a mulher é suplente ou vice. (ii) fere o princípio da igualdade
material a CR/88 [necessidade de ações afirmativas] (iii) fere o principio da vedação ao
retrocesso.

EC 117/2022 REPETIU ESSA PREVISÃO

Art. 2º Aos partidos políticos que não tenham utilizado os recursos destinados aos
programas de promoção e difusão da participação política das mulheres ou cujos
valores destinados a essa finalidade não tenham sido reconhecidos pela Justiça
Eleitoral é assegurada a utilização desses valores nas eleições subsequentes, vedada a
condenação pela Justiça Eleitoral nos processos de prestação de contas de exercícios
financeiros anteriores que ainda não tenham transitado em julgado até a data de
promulgação desta Emenda Constitucional

Mesma anistia para partidos que não cumpriram o percentual de 30% dos financiamentos
das campanhas conforme o gênero:

Art. 3º Não serão aplicadas sanções de qualquer natureza, inclusive de devolução de


valores, multa ou suspensão do fundo partidário, aos partidos que não preencheram a
cota mínima de recursos ou que não destinaram os valores mínimos em razão de sexo e
raça em eleições ocorridas antes da promulgação desta Emenda Constitucional
2. Legitimidade

Candidato, partido, coligação ou MP. O candidato não precisa ser concorrente do réu.

A AIJE é uma ação de distribuição orientada, ou seja, é distribuída para o Corregedor


Geral ou Regional da circunscrição.

Competência: Corregedor da circunscrição (instrução).

Legitimidade passiva:

• O candidato acusado de abuso e o responsável pelo ato abusivo, ainda que não
seja candidato.
o MUDOU JURISPRUDENCIA TSE – NÃO É MAIS
LITISCONSORCIO NECESSARIO DO BENEFICIARIO COM O
AGENTE QUE PRATICA.
• Pessoa jurídica não pode ser polo passivo na AIJE, mas o partido político e
coligação beneficiados com o ato de abuso podem sofrer a sanção de multa (art.
73 §8º), bem como podem atuar como assistente simples.
• Se for candidato a cargo majoritário o vice/suplente é litisconsorte necessário
(unicidade da chapa). Sumula 38 do TSE
• Deve haver o conhecimento do candidato, não precisa participação direta, mas
pelo menos o conhecimento.

3. Prazo

A ação de investigação judicial eleitoral pode ser proposta desde o dia do registro da
candidatura (15 de agosto) até o dia da diplomação.

Pode referir-se a atos de abuso durante a campanha ou anteriores a ela.

4. Procedimento (rito sumário eleitoral)

• Petição inicial deve indicar testemunhas e ser instruída com provas.


• Pode haver suspensão liminar do ato abusivo.
• Contestação no prazo de 5 dias.
o Se o contestante apresentar provas o autor se manifesta em 48h.
• Oitiva das testemunhas (max de 6): 5 dias.
• Diligências: 3 dias
• Alegações finais: 2 dias. (pode ser alargado em caso excepcional)
• Sentença em 3 dias.

Petição inicial → Suspensão liminar → contestação (5 dias) → MP (2 dias)→réplica em


48h → audiência (5 dias) → diligências (3 dias) → alegações (2 dias, prazo comum) →
MP (dois dias) →sentença.

Petição inicial pode ser indeferida liminarmente se não for hipótese de representação ou
faltar algum requisito. Dessa decisão cabe recurso ordinário ao Tribunal.
5. Sentença

A sentença procedente da AIJE pode ter como consequências:

a) Cessação do ato de abuso.


b) Declaração da inelegibilidade por 8 anos (natureza sancionatória) - pode ser
modulada para não alcançar o vice, por exemplo.
c) Cassação do registro ou do diploma (unicidade da chapa).
d) Comunicação do MP para eventuais providências

A L. 9504/95 art. 73 §4º (conduta vedada) prevê ainda multa de 5 a 100 UFIR, e
determina que os atos enumerados no art. 73 são atos de improbidade por ofensa aos
princípios da administração nos termos do art. 11, I.

A LEI DE IMPROBIDADE MUDOU e esse inciso foi REVOGADO!

Há discussão se continua a improbidade ou não.

Para a configuração do ato lesivo não importa a potencialidade de influenciar no


resultado da eleição, basta a gravidade dos fatos.

ATENÇÃO! Não há custas nem honorários de sucumbência nas ações eleitorais.


Desnecessário também determinar valor da causa.

OBS: desistência da ação – não há previsão legal específica, podendo aplicar o CPC,
que permitiria a desistência. Jose jairo entende que se for admissível a desistência, o MP
deve assumir o polo ativo em razão de interesse público.

CASO DAS LIVES NO PALÁCIO DO PLANALTO - As lives são meios lícitos de


propaganda eleitoral. O problema é o uso de bens públicos, que pode caracterizar
conduta vedada ou ainda abuso de poder politico. No caso da conduta vedada, a Lei
9.504 veda o uso de bens públicos mas faz duas exceções: o transporte oficial do
Presidente pode ser usado em campanha (apenas há o ressarcimento ao final), bem como
a RESIDENCIA OFICIAL, mas nesse caso, NÃO PODE SER EM EVENTO ABERTO
AO PUBLICO:

§ 2º A vedação do inciso I do caput não se aplica ao uso, em campanha, de


transporte oficial pelo Presidente da República, obedecido o disposto no art. 76,
nem ao uso, em campanha, pelos candidatos a reeleição de Presidente e Vice-
Presidente da República, Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito
Federal, Prefeito e Vice-Prefeito, de suas residências oficiais para realização de
contatos, encontros e reuniões pertinentes à própria campanha, desde que não
tenham caráter de ato público.

No caso do ex-presidente ele: abriu ao publico e ainda fez atos de campanha para
outros candidatos, como candidatos a prefeito nas capitais, o que também é vedado.
A utilização de bens públicos como cenário para propaganda eleitoral é lícita, desde que
presentes os seguintes requisitos: (i) o local das filmagens seja de livre acesso a qualquer
pessoa; (ii) o serviço não seja interrompido em razão das filmagens; (iii) o uso das
dependências seja franqueado a todos os demais candidatos

OBS2: tutela antecipada em AIJE – Para Jose Jairo só caberia liminar para cassação de
diploma e cessação do ato de abuso, pois esse provimento antecipado não gera danos
irreversíveis ao candidato, que pode exercer depois o cargo caso seja reformada a decisão.
A inelegibilidade e a cassação do registro geram dano irreversível porque ele não pode
concorrer na campanha.

Cúmulo de pedidos: Muitas vezes durante a campanha um candidato incorre em vários ilícitos
diferentes. Por exemplo, captação ilícita de recursos e gastos ilícitos e abuso de poder econômico.
Essas duas condutas não geram bis in idem, porque afetam dois bens jurídicos diferentes, a saber,
a igualdade da campanha e a lisura do pleito. Assim, em uma mesma ação pode ser pedido a
aplicação das sanções do 30-A e de AIJE, por exemplo.
Se as eleições forem municipais não há conflito porque o juiz eleitoral é competente para todas
as ações. Mas sendo federais ou nacionais, o Corregedor tem competência absoluta para AIJE, e
o juízes auxiliares do tribunal também tem para o outro ilícito. Assim, deve haver o
desmembramento.
Quando houver conexão, no entanto, o TSE já entendeu que pode haver reunião de processos no
juízo do Corregedor quando os fatos da AIJE forem mais abrangentes.
(TSE – RO no 1540/PA – DJe 1o-6-2009, p. 25-27).
AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE MANDATO ELETIVO - AIME

1. Introdução

CR/88 ART. 14 (...)

§ 10 - O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça Eleitoral no prazo de


quinze dias contados da diplomação, instruída a ação com provas de abuso do poder
econômico, corrupção ou fraude.

A AIME é ação constitucional voltada contra o MANDATO. É a ação eleitoral com o


prazo mais distante da diplomação, 15 dias após.

• Abuso de poder econômico


• Fraude
• Corrupção

1.1 Diferenças entre AIME e AIJE

A AIME precisa de um início de prova do abuso, corrupção ou fraude, enquanto a AIJE


permite maior dilação probatória.

A AIME é cabível contra abuso econômico, corrupção e fraude, enquanto a AIJE é


cabível contra vários abusos (econômico, politico, religioso etc) mas não cabe contra
corrupção e fraude.

A AIJE gera diretamente a inelegibilidade e ainda a LC 64/90 prevê como efeito reflexo
no artigo 1º, I d e h.

1.2 Corrupção

Segundo a doutrina, a corrupção que permite o ajuizamento de AIME é a corrupção


eleitoral, durante a campanha.

Cod. Eleitoral, Art. 299. Dar, oferecer, prometer, solicitar ou receber, para si ou para
outrem, dinheiro, dádiva, ou qualquer outra vantagem, para obter ou dar voto e para
conseguir ou prometer abstenção, ainda que a oferta não seja aceita:

Pena - reclusão até quatro anos e pagamento de cinco a quinze dias-multa.

ATENÇÃO! QUANDO O CODIGO NÃO DIZ A PENA MINIMA ELA É DE 15 DIAS


NA DETENÇÃO E 1 ANO NA RECLUSÃO.

L. 9504/97 Art. 41-A. Ressalvado o disposto no art. 26 e seus incisos, constitui captação
de sufrágio, vedada por esta Lei, o candidato doar, oferecer, prometer, ou entregar, ao
eleitor, com o fim de obter-lhe o voto, bem ou vantagem pessoal de qualquer natureza,
inclusive emprego ou função pública, desde o registro da candidatura até o dia da
eleição, inclusive, sob pena de multa de mil a cinqüenta mil Ufir, e cassação do registro
ou do diploma, observado o procedimento previsto no art. 22 da Lei Complementar no
64, de 18 de maio de 1990. (Incluído pela Lei nº 9.840, de 1999)

§ 1º Para a caracterização da conduta ilícita, é desnecessário o pedido explícito de votos,


bastando a evidência do dolo, consistente no especial fim de agir. (Incluído pela Lei nº
12.034, de 2009)

§ 2º As sanções previstas no caput aplicam-se contra quem praticar atos de violência ou


grave ameaça a pessoa, com o fim de obter-lhe o voto. (Incluído pela Lei nº 12.034, de
2009)

1.3 Fraude

A doutrina entende fraude em uma concepção ampla, pode ser fraude na contagem dos
votos, fraude na campanha, na cota de gênero, qualquer fraude nas eleições.

2. Procedimento

A AIME não foi regulada por lei, conforme prevê a CR/88, de modo que o TSE entende
que o rito deve ser o mesmo da Ação de impugnação de registro de candidatura –
AIRC (rito ordinário), do art. 3º da LC 64/90.

Petição inicial → contestação (7 dias) → audiência em 4 dias (se não for matéria de direito
e for necessária). → diligências, se precisar (5 dias) → alegações (5 dias) → sentença.

Máximo de 6 testemunhas, devendo ser levada a juízo pela parte. Não há intimação. Se
não for, preclui essa prova.
RECURSO CONTRA EXPEDIÇÃO DE DIPLOMA - RCED

1. Introdução

Codigo Eleitoral, Art. 262. O recurso contra expedição de diploma caberá somente nos
casos de inelegibilidade superveniente ou de natureza constitucional e de falta de
condição de elegibilidade.

O recurso contra expedição de diploma, a princípio, era o recurso para casos de fraude e
abuso econômico, mas teve seu escopo reduzido em 2013, passando a ser cabível apenas
para impugnar inelegibilidade infraconstitucional superveniente (até eleição) ou
inelegibilidade (ou falta de elegibilidade) constitucional não alegada no registro da
candidatura.

O TSE entende que essa superveniência deve ocorrer até a data da eleição e não até a data
da interposição do RCED. É o momento do fato, não quando se torna conhecido.

Se o fato for favorável à candidatura → pode ocorrer até a diplomação.

Se o fato desfavorecer a candidatura → pode ocorrer até a eleição.

Sumula 47 TSE - A inelegibilidade superveniente que autoriza a interposição de recurso


contra expedição de diploma, fundado no art. 262 do CE é aquela de índole constitucional
ou, se infraconstitucional, superveniente ao registro de candidatura, e que surge até a data
do pleito.

Prazo: 3 dias após O ÚLTIMO DIA PARA diplomação. Prazo fica suspenso entre 20
de dezembro e 20 de janeiro.

2. Legitimados

Ativo: partido, candidato, MP. Coligação não é legitimada pela literalidade da lei (porque
depois das eleições se desfaz).MAS O TSE TEM ENTENDIMENTO QUE É
LEGITIMADA.

Passivo: candidato diplomado e seu vice/suplente na majoritária (unicidade da chapa,


mesmo sendo a inelegibilidade uma condição pessoal, se recair no titular o vice também
é atingido).

3. Competência

É um ação de competência do órgão superior àquele que concedeu o diploma.

Exemplo: eleição municipal → TRE;

eleição estadual e federal → TSE.

OBS: No caso de eleição estadual e federal o juízo de admissibilidade é feito pelo TSE.
E no caso de Presidente?

1ª corrente (José Jairo e STF) – o próprio TSE.

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) é o órgão competente para julgar os Recursos


Contra Expedição de Diploma (RCED) nas eleições presidenciais e gerais
(federais e estaduais). STF. Plenário. ADPF 167/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado
em 7/3/2018 (Info 893).

2ª corrente – o STF

3ª corrente – não é cabível RCED, mas apenas recursos internos como agravo ou ainda
mandado de segurança.

TSE Sumula 37 - Compete originariamente ao Tribunal Superior Eleitoral processar


e julgar recurso contra expedição de diploma envolvendo eleições federais ou estaduais.

4. Procedimento

Segue o rito ordinário da LC 64/90 e também o artigo 270 do CE no que couber.


Supletivamente sempre se aplica o CPC.

Petição → Defesa em 3 dias → sobe para o Tribunal (TRE OU TSE) → instrução →


alegações finais 24h → MP → julgamento.

5. Recurso

Quando a eleição for federal ou estadual, julgado pelo TSE, vai caber RE ao STF.

ATENÇÃO! NO RCED, de acordo com o artigo 216 do CE, enquanto o TSE não
decidir não há efeitos, portanto há efeito suspensivo no recurso especial para o TSE,
sendo exceção à regra do artigo 257 §2º.
CORRUPÇÃO ELEITORAL E CAPTAÇÃO ILÍCITA DE
SUFRÁGIO
Ambas são condutas proibidas pela legislação eleitoral, que envolvem compra de votos.

A corrupção eleitoral é crime eleitoral próprio, previsto no Código Eleitoral no art. 299,
enquanto a captação ilícita de sufrágio é ilícito civil, previsto na Lei 9.504/97, e surgiu
como uma necessidade de responsabilização dos candidatos porque o processo penal era
muito demorado.

1. Corrupção eleitoral

Art. 299. Dar, oferecer, prometer, solicitar ou receber, para si ou para outrem, dinheiro,
dádiva, ou qualquer outra vantagem, para obter ou dar voto e para conseguir ou
prometer abstenção, ainda que a oferta não seja aceita:

Pena - reclusão até quatro anos e pagamento de cinco a quinze dias-multa.

Corrupção eleitoral ativa – aquele que oferece, promete ou dá a vantagem.

Corrupção eleitoral passiva – aquele que solicita ou recebe a vantagem.

Não é qualquer promessa, porque a própria prática política de campanha requer promessas
ao eleitorado. É preciso uma promessa individualizada, com a intenção clara de compra
de votos configura corrupção eleitoral.

• Pode ser realizada mesmo antes do registro da candidatura! O tipo não


restringe ao “candidato”, diferente do 41-A, que prevê a figura do candidato.
• É crime formal;
• Não se aplica o principio da insignificância; para cada eleitor corrompido há
um crime.
• Bem jurídico tutelado é a lisura das eleições.
• É crime comum, pode ser realizado por cabo eleitoral, assessor, assim como não
é necessário ser eleitor para receber vantagem.
• Não admite prisão preventiva.
• Competência: do juiz eleitoral.

2. Captação ilícita de sufrágio

Diferente do crime de corrupção eleitoral, não prevê como ilícita a conduta do eleitor que
recebe, mas apenas a da pessoa que dá, oferece ou promete vantagem em troca de
voto. Requer dolo.

Não precisa que o candidato diretamente pratique o ato, mas tem que ter provas de
que ele sabia.

Merece ser confirmado o aresto regional, por se coadunar com a atual


jurisprudência do TSE sobre o tema, segundo a qual a participação do
candidato na captação ilícita de sufrágio há de ser analisada pelo
prisma teleológico da norma, sob pena de se esvaziar o conteúdo do
dispositivo. Nesse sentido a jurisprudência do TSE, ao asseverar que ¿(...)
Para a caracterização da infração ao art. 41-A da Lei das Eleições, é
desnecessário que o ato de compra de votos tenha sido praticado
diretamente pelo candidato, mostrando-se suficiente que, evidenciado o
benefício, haja participado de qualquer forma ou com ele consentido.
Nesse sentido: Acórdão nº 21.264." (AgRg no Respe nº 21.792/MG, Rel.
Min. Caputo Bastos, DJ de 21.10.2005).

Também é captação ilícita de sufrágio aquele que se vale de violência ou grave ameaça
para conseguir votos (conduta análoga à do crime do art. 301 do Código Eleitoral).

A redação do artigo não menciona o objetivo de abstenção, mas há julgados que entendem
que é possível interpretação extensiva porque a lei é cível, não penal.

“Na mesma direção, entendeu o TSE (2007), em recente pronunciamento (REspe


nº 26.118/MG, Rel. Min. Gerardo Grossi, sessão de 1º.3.2007), que resta
configurada a violação ao Art. 41-A da Lei nº 9.504/97 mesmo em caso de
pagamento para abstenção do voto, posição que demonstra a preocupação desta
Corte com a efetiva repressão do ilícito.”

Momento: Só há ilícito civil entre o registro e a eleição. Fora desse prazo há apenas
conduta criminal. Deve ser ajuizada até a diplomação.

Sanções: Multa de mil a 50 mil + cassação do registro ou do diploma.

OBS: jurisprudência entende ser possível cassar o registro mesmo o candidato


sendo derrotado, porque isso gera inelegibilidade nas próximas eleições.

Procedimento: o mesmo da AIJE, art. 22 da LC 64/90, mas com livre distribuição.

Competência: conforme a circunscrição.

Art. 41-A. Ressalvado o disposto no art. 26 e seus incisos, constitui captação de sufrágio,
vedada por esta Lei, o candidato doar, oferecer, prometer, ou entregar, ao eleitor, com
o fim de obter-lhe o voto, bem ou vantagem pessoal de qualquer natureza, inclusive
emprego ou função pública, desde o registro da candidatura até o dia da eleição,
inclusive, sob pena de multa de mil a cinqüenta mil Ufir, e cassação do registro ou do
diploma, observado o procedimento previsto no art. 22 da Lei Complementar no 64, de
18 de maio de 1990. (Incluído pela Lei nº 9.840, de 1999)

§ 1o Para a caracterização da conduta ilícita, é desnecessário o pedido explícito de


votos, bastando a evidência do dolo, consistente no especial fim de agir. (Incluído pela
Lei nº 12.034, de 2009)
§ 2o As sanções previstas no caput aplicam-se contra quem praticar atos de violência ou
grave ameaça a pessoa, com o fim de obter-lhe o voto. (Incluído pela Lei nº 12.034, de
2009)

§ 3o A representação contra as condutas vedadas no caput poderá ser ajuizada até a


data da diplomação. (Incluído pela Lei nº 12.034, de 2009)

§ 4o O prazo de recurso contra decisões proferidas com base neste artigo será de 3 (três)
dias, a contar da data da publicação do julgamento no Diário Oficial. (Incluído pela Lei
nº 12.034, de 2009)

OBS: se o eleitor não pode votar, ex: não tem 16 anos ou está com alistamento cancelado,
não se perfaz o ilícito.

3. Prova testemunhal

A prova mais utilizada para comprovar a captação ilícita de sufrágio e a corrupção


eleitoral é a prova testemunhal. Mas uma testemunha isoladamente não é suficiente para
condenação:

Art. 368-A. A prova testemunhal singular, quando exclusiva, não será aceita nos
processos que possam levar à perda do mandato
FINANCIAMENTO ELEITORAL

1. Sistemas de financiamento

Os sistemas de financiamento das eleições podem ser totalmente públicos, totalmente


privados ou mistos, que é o caso do Brasil. Não se permite, no entanto, doação de pessoas
jurídicas, porque a participação política é prorrogativa das pessoas físicas.

No Brasil:

Recursos privados (doações, recursos dos próprios candidato) + Recursos


governamentais

(i) fundo partidário;


(ii) doações privadas, que podem ser de pessoas físicas ou de outros partidos
políticos;
(iii) alienação de bens;
(iv) alienação de eventos;
(v) locação de bens;
(vi) sobras financeiras de campanha eleitoral;
(vii) rendimentos de aplicações financeiras;
(viii) empréstimo contraído em instituição financeira. Além dessas fontes, há o
Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC), previsto no artigo
16-C da LE (introduzido pela Lei no 13.487/2017), e “constituído por
dotações orçamentárias da União em ano eleitoral”.

Doações vedadas (artigo 31 Lei 9096/95)

i. entidade ou governo estrangeiros;


ii. entes públicos e pessoas jurídicas de qualquer natureza, salvo fundo partidário e
FEFC
iii. entidade de classe ou sindical.
iv. pessoas físicas que exerçam função ou cargo público de livre nomeação e
exoneração, ou cargo ou emprego público temporário, ressalvados os filiados a
partido político.
v. Pessoa que exerça atividade comercial decorrente de permissão (Res. TSE no
23.604/2019, art. 12, III).

2. Limites máximos de gastos por cargo

A Lei determina os limites de gastos dos cargos.

Se exceder o limite:

• Pagamento de multa de 100% do valor excedente (art. 18-A L.9504/95)


• Pode responder pelo art. 30-A (só para quem venceu a eleição) ou pelo abuso
econômico (AIJE)
3. Recursos privados

a) Recursos próprios
b) Doações de pessoas físicas

3.1 Recursos próprios

O candidato pode bancar sua própria campanha, desde que no valor de até 10% do teto
de gastos para o cargo (art. 23 §2º-A)

3.2 Doações EM DINHEIRO de pessoas físicas


• Só é possível doar 10% do rendimento bruto no ano anterior (art. 23 §1º)
• Para quem é isento do IR, é 10% do valor de isenção.
• Se houver doação acima do valor há multa de até 100% do valor do excesso.
• Só pode ter doação após o deferimento do registro de candidatura. Antes disso só
é permitido na modalidade crowdfunding, a partir de 15 de maio (artigo 22-A §3º
L9504/97).
• O TSE envia à Secretaria da Receita Federal, que cruza os dados e envia ao MP
eleitoral.

Art. 23. Pessoas físicas poderão fazer doações em dinheiro ou estimáveis em dinheiro
para campanhas eleitorais, obedecido o disposto nesta Lei. (Redação dada pela Lei nº
12.034, de 2009)

§ 1o As doações e contribuições de que trata este artigo ficam limitadas a 10% (dez por
cento) dos rendimentos brutos auferidos pelo doador no ano anterior à eleição.
(Redação dada pela Lei nº 13.165, de 2015)

(...)

§ 3º A doação de quantia acima dos limites fixados neste artigo sujeita o infrator ao
pagamento de multa no valor de até 100% (cem por cento) da quantia em
excesso. (Redação dada pela Lei nº 13.488, de 2017)

(...)

Art. 24-C (...) § 2o O Tribunal Superior Eleitoral, após a consolidação das informações
sobre os valores doados e apurados, encaminhá-las-á à Secretaria da Receita Federal
do Brasil até 30 de maio do ano seguinte ao da apuração. (Incluído pela Lei nº 13.165,
de 2015)

§ 3o A Secretaria da Receita Federal do Brasil fará o cruzamento dos valores doados


com os rendimentos da pessoa física e, apurando indício de excesso, comunicará o fato,
até 30 de julho do ano seguinte ao da apuração, ao Ministério Público Eleitoral, que
poderá, até o final do exercício financeiro, apresentar representação com vistas à
aplicação da penalidade prevista no art. 23 e de outras sanções que julgar cabíveis.

Não se aplica o limite de 10%:


(i) valoração de atividade voluntária, pessoal e direta, realizada pelo eleitor em
prol do candidato ou partido que apoia;
(ii) a pagamento “de honorários de serviços advocatícios e de contabilidade,

OBS1: Voluntariados - A qualquer eleitor é permitido realizar “gastos, em apoio a


candidato de sua preferência, até a quantia equivalente a um mil UFIR” (LE, art. 27).

➔ Doações ESTIMÁVEIS em dinheiro

São doações em serviços, utilização de bens, etc. Elas não se submetem ao limite de 10%,
mas sim ao limite de 40 mil reais.

Art. 23(...) § 7º O limite previsto no § 1o deste artigo não se aplica a doações estimáveis
em dinheiro relativas à utilização de bens móveis ou imóveis de propriedade do doador
ou à prestação de serviços próprios, desde que o valor estimado não ultrapasse R$
40.000,00 (quarenta mil reais) por doador. (Redação dada pela Lei nº 13.488, de 2017)

4. Recursos governamentais – L. 9096/95

a) Fundo Partidário
b) Horário Eleitoral Gratuito
c) Fundo Especial de Financiamento de Campanhas Eleitorais

4.1 Fundo Partidário

É um fundo mantido em sua maior parte por repasses da União. Também é composto
por multas e penalidades aplicadas aos partidos, doações de pessoas físicas e recursos
determinados por lei.

São liberados mês a mês, em duodécimos. Não são distribuídos igualitariamente, varia
com o número de deputados eleitos (5% é igual pra todos que atingiram as condições, o
resto é proporcional).

O STF na ADI 5717 e o TSE já decidiram que deve ser usado 30% em candidaturas
femininas nas eleições majoritárias e proporcionais.

Esse fundo tem como objetivo a manutenção do partido, mas as sobras do fundo partidário
podem ser usadas para campanhas políticas.

L.9096/95 Art. 38. O Fundo Especial de Assistência Financeira aos Partidos


Políticos (Fundo Partidário) é constituído por:

I - multas e penalidades pecuniárias aplicadas nos termos do Código Eleitoral e


leis conexas;

II - recursos financeiros que lhe forem destinados por lei, em caráter permanente
ou eventual;
III - doações de pessoa física ou jurídica, efetuadas por intermédio de depósitos
bancários diretamente na conta do Fundo Partidário;

IV - dotações orçamentárias da União em valor nunca inferior, cada ano, ao


número de eleitores inscritos em 31 de dezembro do ano anterior ao da proposta
orçamentária, multiplicados por trinta e cinco centavos de real, em valores de
agosto de 1995.

Só tem direito ao Fundo os partidos com registro no TSE e o valor é de acordo com a
representação no Congresso Nacional.

O dinheiro do fundo pode ser usado para pagar honorários de advogado e consultoria
contábil em processos judiciais e extrajudiciais que envolvam o partido ou candidato
relacionados exclusivamente ao pleito. Também pode ser usado para impulsionamento
de propaganda na internet, exceto no ano de eleição a partir da data de convenção.

20% do valor deve ser usado na manutenção de instituto de doutrinação política.

5% deve ser usado para programas de participação das mulheres (esse valor é exigido em
cada nível partidário, estadual municipal e nacional). Além desses 5%, no mínimo 30%
do destinado as campanhas deve ser para um dos sexos, sempre proporcional ao
numero de candidaturas de cada gênero.

No mesmo sentido em relação a raça, conforme entendimento do TSE, o valor usado nas
campanhas de candidatos negros deve ser na proporção do número de candidatos
autodeclarados.

4.2 Fundo Especial de Financiamento de Campanhas Eleitorais

Foi criado após a proibição de doação por pessoas jurídicas para campanhas.

No mínimo 30% Deve ser usado para financiamento de campanhas femininas.

Deve haver distribuição equitativa conforme a raça (entendimento do TSE)

4.3 Horário eleitoral gratuito

Nos 35 dias anteriores à antevéspera das eleições.

5. Prestação de contas

• É necessária uma conta de campanha específica.


• 72h após o recebimento de recurso deve ser divulgado em site atualizado.
• Dia 15 de setembro: prestação parcial de contas
• 30 dias após a eleição: prestação final de contas.
• As contas dos eleitos são julgadas até 3 dias antes da diplomação. Dos demais
candidatos podem ser julgadas depois.

Dispensados da prestação de contas:

• Cessão de móveis até 4 mil por pessoa cedente


• Doações em dinheiro entre candidatos ou partidos decorrentes de uso comum
• Automóvel do candidato ou cônjuge ou parente até 3º grau para uso pessoal na
campanha.
• Despesas de natureza pessoal do candidato, não são consideradas nem gastos
eleitorais, mas podem ser custeadas com FEFC, FP etc (artigo 26 §3º e 5º lei 9504)

Art. 28 (...)

§ 4o Os partidos políticos, as coligações e os candidatos são obrigados, durante as


campanhas eleitorais, a divulgar em sítio criado pela Justiça Eleitoral para esse fim na
rede mundial de computadores (internet): (Redação dada pela Lei nº 13.165, de
2015)

I - os recursos em dinheiro recebidos para financiamento de sua campanha eleitoral, em


até 72 (setenta e duas) horas de seu recebimento; (Incluído pela Lei nº 13.165, de 2015)

II - no dia 15 de setembro, relatório discriminando as transferências do Fundo


Partidário, os recursos em dinheiro e os estimáveis em dinheiro recebidos, bem como os
gastos realizados. (Incluído pela Lei nº 13.165, de 2015)

§ 5o (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.891, de 2013)

§ 6o Ficam também dispensadas de comprovação na prestação de contas: (Incluído


pela Lei nº 12.891, de 2013)

I - a cessão de bens móveis, limitada ao valor de R$ 4.000,00 (quatro mil reais) por
pessoa cedente; (Incluído pela Lei nº 12.891, de 2013)

II - doações estimáveis em dinheiro entre candidatos, partidos ou comitês financeiros,


decorrentes do uso comum tanto de sedes quanto de materiais de propaganda eleitoral,
cujo gasto deverá ser registrado na prestação de contas do responsável pelo pagamento
da despesa. (Incluído pela Lei nº 12.891, de 2013)

II - doações estimáveis em dinheiro entre candidatos ou partidos, decorrentes do uso


comum tanto de sedes quanto de materiais de propaganda eleitoral, cujo gasto deverá
ser registrado na prestação de contas do responsável pelo pagamento da despesa.
(Redação dada pela Lei nº 13.165, de 2015)

III - a cessão de automóvel de propriedade do candidato, do cônjuge e de seus parentes


até o terceiro grau para seu uso pessoal durante a campanha.

➢ Sistema simplificado de prestação de contas:


• Para candidatos que movimentem no máximo 20 mil reais
• Para prefeitos e vereadores de municípios até 50 mil ELEITORES
§ 9o A Justiça Eleitoral adotará sistema simplificado de prestação de contas para
candidatos que apresentarem movimentação financeira correspondente a, no máximo,
R$ 20.000,00 (vinte mil reais), atualizados monetariamente, a cada eleição, pelo Índice
Nacional de Preços ao Consumidor - INPC da Fundação Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística - IBGE ou por índice que o substituir.

Deve conter no mínimo: valores e nomes dos doadores; despesas realizadas com nomes
dos fornecedores; registro das sobras ou dívidas.

5.1 Prestação de contas dos partidos – art. 30 a 37 L.9096/95

Até dia 30 de junho do ano seguinte.

Todo ano deve enviar. Podem impugnar qualquer partido ou MP, que sempre atua como
custos legis.

OBS: órgãos partidários do município que não tiverem recebido qualquer valor nem
movimentado quantias – A Lei 13831/2019 permitiu uma prestação de contas
simplificada, bastando entregar até o dia 30 de abril uma declaração de que não teve
movimentação.

Art. 32 § 4º Os órgãos partidários municipais que não hajam


movimentado recursos financeiros ou arrecadado bens estimáveis em
dinheiro ficam desobrigados de prestar contas à Justiça Eleitoral e de
enviar declarações de isenção, declarações de débitos e créditos
tributários federais ou demonstrativos contábeis à Receita Federal do
Brasil, bem como ficam dispensados da certificação digital, exigindo-se
do responsável partidário, no prazo estipulado no caput deste artigo, a
apresentação de declaração da ausência de movimentação de recursos
nesse período.

Se as contas forem reprovadas gera multa de até 20% mais a devolução do valor
irregular. Esse valor pode ser dividido em até 12 vezes e descontado nas cotas do fundo
partidário, desde que não ultrapasse 50% do valor mensal. (art. 37)

Art. 37. A desaprovação das contas do partido implicará exclusivamente a


sanção de devolução da importância apontada como irregular, acrescida de
multa de até 20% (vinte por cento)

§ 3º A sanção a que se refere o caput deste artigo deverá ser aplicada de forma
proporcional e razoável, pelo período de 1 (um) a 12 (doze) meses, e o pagamento
deverá ser feito por meio de desconto nos futuros repasses de cotas do fundo
partidário a, no máximo, 50% (cinquenta por cento) do valor mensal, desde que
a prestação de contas seja julgada, pelo juízo ou tribunal competente, em até 5
(cinco) anos de sua apresentação, vedada a acumulação de sanções. (Redação
dada pela Lei nº 13.877, de 2019)
• Recursos de origem não conhecida – suspensão das cotas do FP até o
esclarecimento para a Justiça Eleitoral
• Recursos proibidos do rol do art. 31– suspensão das cotas do FP por 1 ano SE não
devolver o dinheiro que recebeu indevidamente (essa última parte em Res. TSE
no 23.604/2019, art. 46,I).
• Recursos de doações que excedem os limites – suspensão das cotas do FP por 2
anos e multa do valor que exceder.
o OBS: a doação que excede limites gera, por si só, multa de 100% do valor
que exceder (art. 23 §3º)
• Se não apresentar contas – perde o direito ao FP e o FEFC e suspende o registro
do partido após sentença transitada em julgado.

A responsabilização pessoal, civil e criminal, dos dirigentes partidários tem caráter


personalíssimo e “somente ocorrerá se verificada irregularidade grave e insanável
resultante de conduta dolosa que importe enriquecimento ilícito e lesão ao patrimônio
do partido” (TSE)

6. Sanções no caso de irregularidades nas contas

A apreciação de contas do candidato não tem caráter sancionatório. Se houver alguma


irregularidade o Tribunal determina a devolução dos valores.

Pode ocorrer por não prestação, o que pode ensejar ao partido a perda do FP do ano
seguinte, além das sanções ao candidato do artigo 30-A (uso irregular de gastos) e AIJE.

Pode ocorrer desaprovação por irregularidades insanáveis, como uso de recursos de


fontes vedadas ou origem não identificada (esses devem sempre ser devolvidos ao doador
ou Tesouro Nacional se aquele não for identificado). Se usar irregularmente algum
recurso também devolve ao tesouro Nacional.

Sobras de campanha: doações privadas ficam com o partido, Fundo Partidário só pode
ser usado nos casos do artigo 44 da Lei 9096/95, e FEFC tem que devolver pro tesouro
nacional.

Recursos: contra decisão de juiz cabe recurso em 3 dias, contra decisão do TRE cabe RE
ao TSE (artigo 30 §5º e 6º)

➔ Algumas ações podem ser usadas nos casos de irregularidades das contas:

a) AIJE
• Para abuso no poder econômico.
• Pode resultar na cassação de registro ou diploma e na inelegibilidade por 8 anos
como sanção.
b) Representação do art. 30-A
• Mais ampla, busca tutelar a moralidade das eleições. Precisa ser algo grave, mas
não necessariamente alterar o resultado da eleição.
• Má-fé do candidato
• Candidato NÃO É LEGITIMADO ativo para essa ação. (José jairo entende que é,
mesmo que a lei não diga).
• Prazo: até 15 dias da diplomação.
• Sanção é apenas a cassação do DIPLOMA.
• Não se aplica para aqueles que perderam a eleição
• O doador nem terceiro que tenha contribuído para o ilícito não sofrem sanção.

Art. 30-A. Qualquer partido político ou coligação poderá representar à Justiça


Eleitoral, no prazo de 15 (quinze) dias da diplomação, relatando fatos e
indicando provas, e pedir a abertura de investigação judicial para apurar
condutas em desacordo com as normas desta Lei, relativas à arrecadação e
gastos de recursos. (Redação dada pela Lei nº 12.034, de 2009)

§ 1o Na apuração de que trata este artigo, aplicar-se-á o procedimento previsto


no art. 22 da Lei Complementar no 64, de 18 de maio de 1990, no que couber.
(Incluído pela Lei nº 11.300, de 2006)

§ 2o Comprovados captação ou gastos ilícitos de recursos, para fins eleitorais,


será negado diploma ao candidato, ou cassado, se já houver sido outorgado.
(Incluído pela Lei nº 11.300, de 2006)

§ 3o O prazo de recurso contra decisões proferidas em representações propostas


com base neste artigo será de 3 (três) dias, a contar da data da publicação do
julgamento no Diário Oficial. (Incluído pela Lei nº 12.034, de 2009)

c) Representação por doação ilegal – sanciona o doador (art. 23)


• Segue o rito da AIJE
• Legitimados são MP, candidato, partido coligação – artigo 96 L 9504/97
• Competência do juiz eleitoral do domicílio CIVIL do doador. É competência
territorial, relativa.
PROPAGANDA ELEITORAL
1. Introdução

É o ato de comunicação destinado a levar a candidatura de alguém ao conhecimento do


eleitor, com finalidade de obtenção de voto.

Propaganda eleitoral x promoção pessoal:

A propaganda só é lícita após 15 de agosto, do pedido do registro (sob pena de ser ajuizada
representação por propaganda antecipada).

A promoção pessoal é aquela na qual não há pedido explícito de voto e pode ocorrer
antes do pedido de registro.

Art. 36-A. Não configuram propaganda eleitoral antecipada, desde que não envolvam
pedido explícito de voto, a menção à pretensa candidatura, a exaltação das qualidades
pessoais dos pré-candidatos e os seguintes atos, que poderão ter cobertura dos meios de
comunicação social, inclusive via internet:

1.1 Conceitos
a) Propaganda antecipada – pedido explícito de votos antes do registro de
candidatura. Resulta em multa (de quem veiculou e do beneficiário, se ele sabia),
e nos casos de reiteração pode ser considerado abuso no uso dos meios de
comunicação social (AIJE).
b) Propaganda intrapartidária – é a propaganda do candidato dentro do partido, para
ser escolhido como o candidato oficial. É permitida.
c) Propaganda partidária (tempo gratuito de rádio e tv) – VOLTOU com a Lei
14.291/22. A propaganda partidária busca mostrar as ideologias do partido para a
população.

A propaganda partidária só pode ocorrer a partir de 15 de agosto e segue as regras da Lei


9504/97.

A propaganda intrapartidária só pode ocorrer dentro do partido, para definir o


candidato, nos 15 dias antes da convenção (que ocorre entre 20 de julho a 5 de agosto).
As prévias partidárias não podem ser transmitidas por rádio e tv, mas podem por
meios de comunicação social.

Princípios: legalidade, liberdade, veracidade (58 da LE e 323 CE), isonomia,


responsabilidade solidária entre partido e candidato (artigo 241 CE), controle judicial,
liberdade de informação.

Classificação: pode ser expressa ou subliminar; positiva ou negativa (quando fala mal de
outro candidato); extemporânea ou tempestiva.
2. Tempo para propaganda

Do dia do registro (15 de agosto) até o dia anterior à eleição.

O dia da eleição é o dia do silêncio, sendo crime eleitoral a propaganda de boca de


urna, inclusive na internet. Não precisa tirar o que já está veiculado (cavalete,
impulsionamento na internet), mas não pode fazer novo ato.

Qualquer ato antes de propaganda fora desse prazo pode configurar propaganda
extemporânea. Não há um termo fixo, podendo inclusive ser no ano anterior à eleição,
mas José Jairo defende que o melhor marco é janeiro do ano da eleição.

A casuística vai definir se há pedido explícito de votos, configurador de propaganda


antecipada, ou não. A maioria dos julgados do TSE entende como pedido explicito apenas
o pedido escancarado, de modo que é difícil sua definição. No entanto, existe julgado em
que o TSE entendeu haver irregularidade mesmo sem pedido explícito porque utilizado
meio proibido (outdoor). Há outro julgado em que considerou antecipada porque o
candidato usou jingle e fez passeata (a passeata por si só não é propaganda antecipada)

Sanção para propaganda antecipada: multa de 5 a 25 mil ou valor da propaganda


quando superior (artigo 36 §3º). Sanção a quem divulgar, o beneficiário deve ter
conhecimento para ser sancionado.

Art. 39 (...)

§ 3º O funcionamento de alto-falantes ou amplificadores de som, ressalvada a hipótese


contemplada no parágrafo seguinte, somente é permitido entre as oito e as vinte e duas
horas, sendo vedados a instalação e o uso daqueles equipamentos em distância inferior
a duzentos metros:

I - das sedes dos Poderes Executivo e Legislativo da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, das sedes dos Tribunais Judiciais, e dos quartéis e outros
estabelecimentos militares;

II - dos hospitais e casas de saúde;

III - das escolas, bibliotecas públicas, igrejas e teatros, quando em funcionamento.

2.1 Dia da eleição


• É permitida apenas a manifestação individual e silenciosa.
• É vedada a aglomeração de pessoas com vestuário padronizado e manifestações
coletivas.
• Os servidores da Justiça Eleitoral, mesários, não podem usar objetos com
propaganda.
• Os fiscais partidários só podem ter identificação do partido no crachá, vedada
padronização do vestuário.
Art. 39 (...)

§ 5º Constituem crimes, no dia da eleição, puníveis com detenção, de seis meses a um


ano, com a alternativa de prestação de serviços à comunidade pelo mesmo período, e
multa no valor de cinco mil a quinze mil UFIR:

I - o uso de alto-falantes e amplificadores de som ou a promoção de comício ou carreata;

II - a arregimentação de eleitor ou a propaganda de boca de urna; (Redação dada pela


Lei nº 11.300, de 2006)

III - a divulgação de qualquer espécie de propaganda de partidos políticos ou de seus


candidatos. (Redação dada pela Lei nº 12.034, de 2009)

IV - a publicação de novos conteúdos ou o impulsionamento de conteúdos nas aplicações


de internet de que trata o art. 57-B desta Lei, podendo ser mantidos em funcionamento
as aplicações e os conteúdos publicados anteriormente. (Incluído dada pela Lei nº
13.488, de 2017)

3. Propaganda em bens públicos

O conceito de bens públicos para a legislação eleitoral é diferente do direito civil e direto
administrativo e abrange locais abertos ao público, ainda que não sejam de propriedade
de entes públicos (ex: shoppings, parques, templos etc).

Essas restrições tornaram muito limitadas as campanhas na rua.

Art. 37. Nos bens cujo uso dependa de cessão ou permissão do poder público, ou
que a ele pertençam, e nos bens de uso comum, inclusive postes de iluminação
pública, sinalização de tráfego, viadutos, passarelas, pontes, paradas de ônibus
e outros equipamentos urbanos, é vedada a veiculação de propaganda de
qualquer natureza, inclusive pichação, inscrição a tinta e exposição de placas,
estandartes, faixas, cavaletes, bonecos e assemelhados. (Redação dada pela Lei
nº 13.165, de 2015)

§ 1o A veiculação de propaganda em desacordo com o disposto no caput deste


artigo sujeita o responsável, após a notificação e comprovação, à restauração do
bem e, caso não cumprida no prazo, a multa no valor de R$ 2.000,00 (dois mil
reais) a R$ 8.000,00 (oito mil reais).

§ 2º Não é permitida a veiculação de material de propaganda eleitoral em bens


públicos ou particulares, exceto de: (Redação dada pela Lei nº 13.488, de 2017)

I - bandeiras ao longo de vias públicas, desde que móveis e que não dificultem o
bom andamento do trânsito de pessoas e veículos; (Incluído dada pela Lei nº
13.488, de 2017)
II - adesivo plástico em automóveis, caminhões, bicicletas, motocicletas e janelas
residenciais, desde que não exceda a 0,5 m² (meio metro quadrado). (Incluído
dada pela Lei nº 13.488, de 2017)

(...)

§ 4o Bens de uso comum, para fins eleitorais, são os assim definidos pela Lei
no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil e também aqueles a que a
população em geral tem acesso, tais como cinemas, clubes, lojas, centros
comerciais, templos, ginásios, estádios, ainda que de propriedade privada

§ 5o Nas árvores e nos jardins localizados em áreas públicas, bem como em


muros, cercas e tapumes divisórios, não é permitida a colocação de propaganda
eleitoral de qualquer natureza, mesmo que não lhes cause dano. (Incluído pela
Lei nº 12.034, de 2009)

§ 6o É permitida a colocação de mesas para distribuição de material de


campanha e a utilização de bandeiras ao longo das vias públicas, desde que
móveis e que não dificultem o bom andamento do trânsito de pessoas e veículos.

ATENÇÃO! PANFLETAGEM PODE!

Art. 38. Independe da obtenção de licença municipal e de autorização da Justiça


Eleitoral a veiculação de propaganda eleitoral pela distribuição de folhetos, adesivos,
volantes e outros impressos, os quais devem ser editados sob a responsabilidade do
partido, coligação ou candidato.

O CANDIDATO BENEFICIADO PRECISA TER CONHECIMENTO PARA SER


MULTADO.

A prévia notificação do candidato para retirada de propaganda irregular em bem de uso


comum é pressuposto para que se aplique multa (art. 37, § 1º, e 40-B §unico da Lei
9.504/97). Prazo de 48h para retirar.

4. Propaganda em bens particulares

É a determinada pelo art. 37 §2º, II, adesivos em automóveis, bicicletas, motocicletas etc,
desde que limitado a meio metro quadrado. Não é mais possível pintar muros.

Deve ser espontânea e gratuita.

OBS: o artigo 37 §2º não prevê mais sanção de multa, de modo que não é possível a
aplicação, deve apenas retirar a propaganda irregular.
5. Propaganda irregular

• Não se admite propaganda PAGA na rádio e na tv. (mas pode paga na internet e
no jornal impresso). Art. 36 §2º
• Material impresso deve ter o CNPJ ou CPF do responsável pela confecção e de
quem contratou. (art. 38 §1º)
• Uso de alto-falante fora dos critérios do art. 39 §3º (entre 8 e 22h)
• Comício fora do horário (8 as 24h) e dos critérios do art. 39 §4º.
• Brindes que possam proporcionar vantagem ao eleitor (art. 39 §6º)
• Showmício (art. 39 §7º)
• Uso de outdoor (art. 39 §7º)
• Trio elétrico (art. 39 §10º), mas pode carro de som e minitrio.
• Telemarketing

Nos casos de propaganda irregular há atuação do poder de polícia da Justiça Eleitoral,


independente de provocação, dotado de autoexecutoriedade, que pode apreender o
material irregular.

Sumula 18 TSE – “Conquanto investido de poder de polícia, não tem legitimidade o juiz
eleitoral para, de ofício, instaurar procedimento com a finalidade de impor multa pela
veiculação de propaganda eleitoral em desacordo com a Lei no 9.504/97.”

OBS: Abastecimento dos automóveis dos correligionários PODE SER captação ilícita de
sufrágio, segundo o TSE, tem que analisar se está em passeata ou não, a quantidade de
combustível etc.

5.1 Representação por propaganda irregular

A providência judicial é a representação do art. 40-B, para aplicar multa.

Rito do artigo 96 L 9504 (subsidiariamente o rito da AIRC e CPC).

Essa representação precisa de intimação do beneficiário para retirada da propaganda


em 48h, salvo se demonstrar que era impossível que o candidato não soubesse.

Art. 40-B. A representação relativa à propaganda irregular deve ser instruída com prova
da autoria ou do prévio conhecimento do beneficiário, caso este não seja por ela
responsável. (Incluído pela Lei nº 12.034, de 2009)

Parágrafo único. A responsabilidade do candidato estará demonstrada se este, intimado


da existência da propaganda irregular, não providenciar, no prazo de quarenta e oito
horas, sua retirada ou regularização e, ainda, se as circunstâncias e as peculiaridades
do caso específico revelarem a impossibilidade de o beneficiário não ter tido
conhecimento da propaganda. (Incluído pela Lei nº 12.034, de 2009)

Prazo: até as eleições (quando a lei não prevê outro prazo)

Competência: depende da circunscrição.


6. Propaganda eleitoral em meios impressos de comunicação.

Art. 43. São permitidas, até a antevéspera das eleições, a divulgação paga, na imprensa
escrita, e a reprodução na internet do jornal impresso, de até 10 (dez) anúncios de
propaganda eleitoral, por veículo, em datas diversas, para cada candidato, no espaço
máximo, por edição, de 1/8 (um oitavo) de página de jornal padrão e de 1/4 (um quarto)
de página de revista ou tabloide. (Redação dada pela Lei nº 12.034, de 2009)

§ 1o Deverá constar do anúncio, de forma visível, o valor pago pela inserção. (Incluído
pela Lei nº 12.034, de 2009)

§ 2o A inobservância do disposto neste artigo sujeita os responsáveis pelos veículos de


divulgação e os partidos, coligações ou candidatos beneficiados a multa no valor de R$
1.000,00 (mil reais) a R$ 10.000,00 (dez mil reais) ou equivalente ao da divulgação da
propaganda paga, se este for maior

7. Propaganda na tv e rádio

É o horário eleitoral gratuito (custeado pelo erário), nos 35 dias antes da antevéspera.

O tempo de cada partido é proporcional à representação na Câmara dos Deputados.

Não é permitida propaganda paga na tv e rádio. É feita nos canais abertos, ou fechados
ligados à Administração ex TV Senado, TV Justiça

Tudo é permitido, exceto propagandas comerciais e ofender a honra dos adversários.

Se houver essa ofensa há direito de resposta, que se dá com ofendido ocupando o espaço
do ofensor para responder às ofensas.

TSE, 2020 CTA - Consulta nº 060046405 - 3. A exegese que melhor se coaduna


com o escopo das normas previstas no art. 47, §§ 3º e 7º, da Lei nº 9.504/97 é a de
que a distribuição do tempo de rádio e TV na propaganda eleitoral gratuita
orienta–se, como regra, segundo a composição da Câmara dos Deputados
resultante da eleição, não sendo afetada pela dinâmica das movimentações
partidárias, seja em função de exclusões disciplinares ou do transfuguismo. [OU
SEJA, SE MUDAR OU SE FOR EXPULSO, NÃO LEVA]

4. A única exceção ao espelhamento do apoio social refletido nas urnas versa


sobre a criação de nova legenda, hipótese em que o parlamentar leva para o
novo partido a sua quota de representatividade, para fins de distribuição de
tempo de antena, na linha do que foi decidido pelo STF nas ADIs nº 4430, 5105 e
5398 MC–Ref.

OBS2: O tempo de propaganda deve seguir a cota de gênero de 30%. ADI 5617 STF e
TSE. O mesmo para negros.
DEBATE: o momento para aferir o número de representantes que dá direito ao debate é
o momento da CONVENÇÃO, se teve mudanças depois disso não é relevante para o
debate.

TSE: "Consulta. Debate eleitoral. Art. 46 da Lei nº 9.504/97. Representação parlamentar.


Aferição. Momento. Questão: Nos termos do art. 46 da Lei 9.504/97, o momento de
aferição da representatividade (do número superior a nove deputados) do partido ou da
coligação, para que o candidato tenha assegurada a sua participação nos debates
realizados no rádio e na TV, será a data de início da legislatura ou a data da convenção
alusiva à escolha do candidato ou a data do pedido de registro de candidatura ou a data
de realização do debate? Resposta: Para aferição da obrigatoriedade de ser convidado o
candidato de partido político ou de coligação que possuam mais de nove representantes
na Câmara dos Deputados (Lei nº 9.504/97, art. 46), somente devem ser consideradas
as mudanças de filiação realizadas com justa causa até a data da convenção de escolha
do candidato, não computadas as transferências realizadas com fundamento na EC nº
91/2016."

8. Propaganda na internet

Pode haver pagamento por IMPULSIONAMENTO mas não pode pagar para pessoas
naturais ou jurídicas influentes diretamente falarem de um candidato.

Impulsionamento não é disparo em massa (flood), esse é vedado.

Art. 57-C. É vedada a veiculação de qualquer tipo de propaganda eleitoral paga na


internet, excetuado o impulsionamento de conteúdos, desde que identificado de forma
inequívoca como tal e contratado exclusivamente por partidos, coligações e candidatos
e seus representantes.

§ 1o É vedada, ainda que gratuitamente, a veiculação de propaganda eleitoral na


internet, em sítios: (Incluído pela Lei nº 12.034, de 2009)

I - de pessoas jurídicas, com ou sem fins lucrativos; (Incluído pela Lei


nº 12.034, de 2009)

II - oficiais ou hospedados por órgãos ou entidades da administração pública direta ou


indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

OBS: envio de mensagens e cadastros de pessoas: os partidos e candidatos podem fazer


propaganda por envio de mensagens mas o cadastro de números deve ser gratuito ou
cedido gratuitamente por um terceiro, não pode comprar banco de dados!

OBS2: possíveis crimes na propaganda irregular na internet:

• boca de urna artigo 39 §5º;


• fake News 323 CE;
• crimes contra a honra 324, 325 e 326 CE;
• Falsa identidade 307 CP.
Outras sanções:

• indenização civil por danos;


• retirada da propaganda irregular e multa;
• abuso do poder econômico e comunicação por AIJE.
• Se usar local público (caso das lives no palácio do planalto): pode ser art. 73 da
Lei das Eleições – conduta vedada.

ATENÇÃO! O impulsionamento só pode ser feito pelo candidato, coligação ou partido,


nunca por PF ou PJ.

Além disso, só pode ser impulsionado para promover ou beneficiar candidato, não
para criticar o adversário (crítica adversarial), art. 57-C. Não obstante, o TSE já
entendeu que o impulsionamento de post de áagina que discute política, comparando
candidatos, não é crítica adversarial, mas simplesmente uma discussão pública, e não
é vedado.

9. Direito de resposta

Direito de resposta: corolário do princípio da informação e da veracidade que norteia a


propaganda eleitoral.

LEGITIMAÇÃO ATIVA:

• Qualquer pessoa interessada – Justiça Eleitoral só analisa se for ofensa no


horário eleitoral gratuito. Os demais casos devem seguir a lei própria na Justiça
COMUM 5.250/67
• Candidato, partido, coligação. – SEMPRE É Justiça Eleitoral, seja qual for o
meio.

LEGITIMIDADE PASSIVA:

• Ofensor, partido, coligação e veículo de comunicação. (litisconsórcio


facultativo)

MOMENTO: cabível somente a partir da escolha de candidatos em convenção, se for


veiculada propaganda, por qualquer meio de comunicação social, contendo imagem ou
afirmação caluniosa, difamatória, injuriosa ou sabidamente inverídica.

PRAZO: a ação em busca do direito de resposta tem que ser interposta nos seguintes
prazos, sob pena de decadência: 24h para horário eleitoral gratuito, 48h para
programação de rádio e TV e 72h para órgão de imprensa escrita.

PROCEDIMENTO: (art. 96 da LE):

Inicial → notificação imediata para defesa em 24 horas → MPE (não tem prazo, não pode
ultrapassar as 72h para decidir) → decisão em 72h → recurso em 24 horas →
contrarrazões em 24h.
CUSTOS: os custos do direito de resposta correrão por conta do ofensor.

PEDIDO PREJUDICADO: após as eleições, os pedidos do direito de resposta ainda não


apreciados estarão prejudicados, já que se destinam ao equilíbrio da disputa eleitoral.
CONDUTAS VEDADAS DE AGENTES PÚBLICOS

1. Introdução

Os artigos 73 a 78 da Lei das Eleições, Lei 9504/97 determinam as condutas vedadas aos
agentes públicos, sendo esses quaisquer servidores, remunerados ou não, em qualquer
regime de contratação, que exerçam cargo, emprego ou função pública.

As condutas devem ser realizadas por agente público e devem favorecer de algum
modo um candidato, de modo a afetar a igualdade de oportunidades entre candidatos
nos pleitos eleitorais. As sanções são impostas ao agente público e ao beneficiário.

Ademais, é desnecessária a demonstração do concreto comprometimento ou do dano


efetivo às eleições, já que a “só a prática da conduta vedada estabelece presunção
objetiva da desigualdade”, observando sempre a proporcionalidade e a lesão à
igualdade.

Momento da conduta vedada: há divergência doutrinária se a conduta pode ser antes do


registro de candidatura ou não. TSE tem admitido conduta anterior (ex: cessão de cesta
básica em janeiro) mas ação deve ser proposta só depois do registro.

2. Hipóteses

São taxativas. Devem sempre buscar alimentar a campanha de um candidato.

i. Cessão e uso de bens públicos


ii. Uso de materiais e serviços públicos.
a. EXCETO: convenções (previsto na lei) ainda: (1) o uso do transporte
oficial do Presidente e (2) o uso, em campanha, das residências oficiais
por candidatos à reeleição, desde que não tenham caráter de ato público.
b. CASO das LIVES – acórdão do TSE entendeu ser conduta vedada porque
o uso do planalto nas lives era uso de bem público, visava não apenas a
própria campanha mas também de terceiros. A live em si não é vedada.
iii. Cessão ou uso de servidor público DO PODER EXECUTIVO, na campanha,
durante o horário de expediente, salvo se estiver licenciado
iv. Fazer uso de distribuição gratuita de bens e serviços exceto nos casos de
calamidade pública, de estado de emergência ou de programas sociais autorizados
em lei e já em execução orçamentária no exercício anterior, casos em que o
Ministério Público poderá promover o acompanhamento de sua execução
financeira e administrativa
a. Em regra qualquer distribuição pelo Poder Público é vedada no ano de
eleição, nos termos do §10 do artigo 73, exceto nesses casos de calamidade
publica já previstos em lei e em execução orçamentária.
b. Veda-se, ainda, a execução desses programas por entidade nominalmente
vinculada a candidato ou por esse mantida.
v. Nomear, admitir, transferir ou dispensar DE OFÍCIO servidor público ou conferir
vantagem ou aumento , nos TRES MESES anteriores ao pleito até a posse.
a. Exceções: É possível a demissão, porque essa é sanção e depende de
procedimento administrativo; livre exoneração de cargos de comissão;
nomeação de aprovados em concurso já homologado; cargos de
segurança pública; nomeação inadiável para serviços essenciais; cargos
no Judiciário, MP e TC e órgãos da presidência.
vi. NOS TRES MESES antes do pleito transferir voluntariamente recursos a outro
ente.
vii. NOS TRES MESES antes do pleito autorizar publicidade institucional.
a. Somente para agentes que irão disputar as eleições.
viii. NOS TRES MESES antes do pleito, fazer pronunciamento em cadeia de radio e
tv, salvo para tratar de urgência em razão do cargo.
ix. NO PRIMEIRO SEMESTRE do ano eleitoral fazer gastos excessivos com
publicidade (maior do que a média dos três anos anteriores)
a. Jose Jairo atenta que devem ser consideradas as despesas liquidadas.
x. NOS 180 DIAS anteriores ao pleito, fazer revisão geral da remuneração dos
servidores superior à recomposição.
xi. NOS TRES MESES Contratação de show para inauguração de obra pública.
xii. NOS TRES MESES anteriores ao pleito comparecer a inauguração de obra
pública.

3. Legitimidade

Ativa: candidato, partido, coligação.

Passiva: agente público e beneficiário. É litisconsórcio NECESSÁRIO, segundo o TSE.

4. Sanções

Para o agente: multa;

Para o candidato beneficiado: multa +cassação do registro ou diploma. (observar a


proporcionalidade)

Indiretamente gera inelegibilidade pela LC 64/90 tanto do candidato beneficiado quanto


do agente.

Pode ainda ensejar improbidade administrativa. DISCUSSAO SE AINDA EM VIGOR


pois o inciso I do art. 11 foi revogado.
TABELA RESUMO – AÇÕES ELEITORAIS

AÇÃO HIPÓTESES DE LEGITIMIDADE PRAZO COMPETENCIA PROCEDIMENTO


CABIMENTO
AIRC • Inelegibilidade • MP 5 dias após Conforme a Rito ordinário
(art. 3º • Falta de causa de • Partido/coligação registro circunscrição (art. 3º da LC 64/90)
LC elegibilidade • Candidato
64/90) • Ausência de
condições de Vice não é
registrabilidade litisconsorte passivo
necessário
RCED • Inelegibilidade • MP 3 dias após Municipais → Art. 270 do CE e
(art. superveniente • Partido/coligação diplomação TRE Rito ordinário
262 do • Inelegibilidade (entendimento do Estaduais e (art. 3º da LC 64/90)
CE) constitucional TSE) Federais → TSE
• Candidato

Vice é litisconsorte
passivo necessário

AIJE • Abuso de poder • MP Até a Conforme Rito sumário


(art. politico • Partido/coligação diplomação circunscrição (art. 22 da LC 64/90)
22 LC • Abuso de poder • Candidato
64/90) econômico
• Abuso dos Pessoa Jurídica
meios de NUNCA é
comunicação legitimada passiva

Somente causas Não é necessário


GRAVES litisconsórcio com o
+ terceiro agente
CONHECIMENTO
DO CANDIDATO
AIME • Abuso de poder • MP 15 dias Conforme a Rito ordinário
(art. econômico • Partido/coligação após circunscrição (art. 3º da LC 64/90)
14 §10 • Fraude • Candidato diplomação
da • Corrupção
CF/88) Somente no caso de
Causas GRAVES candidato ELEITO
Vice é litisconsorte
necessário
REPRESENTA HIPÓTESES DE LEGITIMIDADE PRAZO COM PROCEDIM
ÇÃO CABIMENTO PETE ENTO
NCIA
Captação ilícita • Compra de voto • MP Até a Confor Rito sumário
de sufrágio • Partido/coligaçã diplomação me a (art. 22 da LC
(ART. 41-A o circun 64/90)
LEI 9504) • Candidato scrição

Vice é litisconsorte
passivo necessário

Quem participa da
compra de voto ou
da coação também é
litisconsorte passivo
Condutas • Hipóteses • MP Até a Confor Rito sumário
vedadas taxativas do rol • Partido/coligaçã diplomação me a (art. 22 da LC
(ART. 73 LEI dos arts. 73 a 78 o (entendimento circun 64/90)
9504) do TSE) scrição
• Candidato

Vice é litisconsorte
passivo necessário

Terceiro agente é
litisconsorte
necessário

Gastos ilícitos • Arrecadação e • MP 15 dias após a Confor Rito sumário


(ART. 30-A gastos em • Partido/coligaçã diplomação me (art. 22 da LC
LEI 9504) desacordo com a o circun 64/90)
lei • Candidato (José scrição
Jairo)

Só para
DIPLOMADOS

Vice é litisconsorte
necessário
Doação ilícita • Doação ilícita • MP Até o ano Confor Rito sumário
(ART. 23 L. de pessoa • Partido/coligaçã seguinte ao da me a (art. 22 da LC
9504) física o eleição circun 64/90) e art. 96
scrição da Lei 9504

Propaganda • Propaganda fora • MP Até a data da Art. 96 da Lei


irregular das • Partido/coligaçã eleição 9504
(art. 40-B L. determinações o
9504) legais

Você também pode gostar