A Carga Tributaria No Brasil
A Carga Tributaria No Brasil
A Carga Tributaria No Brasil
A carga tributária no
Brasil
Por
Armando Mariante
Marina Liuzzi
1 Conselheiro do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI). Armando Mariante foi Presidente do
Scotiabank (Bank of Nova Scotia, terceiro maior banco canadense) no Brasil. Antes disso, foi Vice-Presidente do
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), responsável por indústria, comércio exterior e
cultura. Foi funcionário de carreira concursado, tendo exercido diversas outras posições no Banco. Também serviu
como Presidente do INMETRO -Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia, foi diretor do Banco BBM
e trabalhou na FAO - Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, em Roma. É engenheiro
formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, tem mestrado em Engenharia de Produção pela Pontifícia
Universidade Católica do Rio de Janeiro e completou o London Executive Programme na London Business School.
2 Doutoranda em Administração Pública e Governo pela Escola de Administração de Empresas da Fundação
Getúlio Vargas (EAESP FGV) Bacharela em Administração Pública pela mesma instituição, e Graduanda em
Economia pela Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária da Universidade de São Paulo
(FEA USP).
3 Agradecemos ao Igor Rocha pelos comentários e contribuições ao artigo.
1. Introdução
De 1980 a 2019 a carga tributária brasileira aumentou 8,1% passando de 24,4 para
32,5% do PIB. Esse patamar, comum em países desenvolvidos, não só se mostra
incompatível com as necessidades de um país em desenvolvimento como sua estrutura é
também regressiva na distribuição da renda do País.
Além disso, existe falta de transparência na composição dos tributos: o chamado
cálculo “por dentro”, ou seja, a inclusão do imposto em sua própria base de cálculo, e a
incidência de tributo sobre tributo são distorções que elevam a carga fiscal, encarecendo mais
ainda bens e serviços.
A existência de vários tributos incidentes sobre a circulação de bens e serviços no país
é, por si só, perversa e altamente regressiva para a economia e, particularmente danosa para
a indústria de transformação. São 6 tributos:
Tabela 1 - Incidência final da tributação indireta sobre o consumo das famílias (2018)
Produto Alíquota
Eletrodomésticos 27,14%
Comparando ainda o caso brasileiro com alguns países selecionados cuja participação
da indústria é relevante na economia, nota-se que tanto a complexidade como o peso dos
tributos indiretos são muito maiores no Brasil. Enquanto a tributação indireta em países como
Coreia do Sul, Japão e Alemanha é concentrada em um Imposto sobre Valor Agregado (IVA),
o Brasil convive com a plêiade de impostos mencionados no capítulo 1. É relevante realçar
que o peso dos tributos no custo dos produtos onera pesadamente o consumidor. Um exemplo
claro é o peso dos tributos no preço médio final de automóveis, de 30,4% no Brasil, muito
superior a tributos de países como EUA (6,8%), Alemanha (16%) e Japão (11,5%).
5. Conclusões e Propostas
1. Unificação e simplificação dos tributos sobre a produção num único imposto sobre
valor agregado que seja simples, digital, desburocratizado, aplicado no destino e
com crédito integral e rápido.
3. Extinção da incidência de tributo sobre tributo, em linha com o que foi decidido em
2017 pelo Supremo Tribunal Federal, em relação à inconstitucionalidade da
inclusão do ICMS na base de cálculo do PIS e da Cofins.
Referências
Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores. (2022). Anuário da Indústria
Automobilística Brasileira. Disponível em: <https://anfavea.com.br/site/anuario s/>.
Ibarra, G. L.; Rubião, R. M.; Fleury, E. (2021). Indirect Tax Incidence in Brazil: Assessing the
Distributional Effects of Potential Tax Reforms (No. 9891). The World Bank. Disponível em:
<https://openknowledge.worldbank.org/handle/10986/36783>.
Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (2019). Carta IEDI Edição 940.
Disponível em: <https://iedi.org.br/cartas/carta_iedi_n_940.html>.
Orair, R. O.; Gobetti, S. W. (2019). Reforma Tributária e Federalismo Fiscal: Uma Análise das
Propostas de Criação de um Novo Imposto Sobre o Valor Adicionado Para o Brasil. IPEA,
Texto para Discussão 2530. Disponível em: <https://www.ipea.gov.br/porta
l/index.php?option=com_content&view=article&id=35279&Itemid=444>.
Silveira, F. G.; Palomo, T. R.; Cornelio, F. M.; Tonon, M. C. (2022). Previdência e assistências
sociais, auxílios laborais e tributos: características redistributivas do Estado brasileiro no
século XXI. Working Paper do Centro de Pesquisa em Macroeconomia das Desigualdades.
Disponível em: <https://madeusp.com.br/publicacoes/artigos/previdencia- e-assistencias-
sociais-auxilios-laborais-e-tributos-caracteristicas-redistributivas-do-estado-brasileiro-no-
seculo-xxi/>.
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