Educação em Direitos Humanos - Uma Nova Abordagem
Educação em Direitos Humanos - Uma Nova Abordagem
Educação em Direitos Humanos - Uma Nova Abordagem
55905/cuadv15n10-126
RESUMO
O presente artigo relata uma proposta de realização de direitos humanos numa
escola pública da periferia de São Paulo, iniciativa de um grupo de
pesquisadores da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo
(Feusp). Ao relatar a proposta, o artigo expõe a metodologia criada
coletivamente no processo, discute os entraves para que esse tipo de proposta
tenha êxito e, ainda, elenca algumas hipóteses para tais obstáculos.
ABSTRACT
This article describes a proposal for the realization of human rights in a public
school on the outskirts of São Paulo, initiated by a group of researchers from the
Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (Feusp). In reporting the
proposal, the article sets out the methodology created collectively in the process,
discusses the obstacles for this type of proposal to succeed, and also lists some
hypotheses for such obstacles.
1 INTRODUÇÃO
No século XVIII, a Revolução Francesa, com a Declaração dos Direitos
do Homem e do Cidadão, representa a promessa dos direitos humanos; após
muitas controvérsias, em 1948 a Organização das Nações Unidas (ONU) traz
novamente à tona tal promessa com a Declaração Universal dos Direitos
Humanos; esta, por sua vez, reafirma as noções de direitos individuais do século
XVIII e acrescenta os direitos políticos e sociais. Tal declaração torna-se
paradigma para as discussões e ações internacionais sobre os direitos humanos.
4 TENTATIVA DE EXPLICAÇÃO
Tendo vivido o processo descrito acima, envolvendo
inovação/experimentação educacional e intervenção no ensino público a partir
da efetivação dos Direitos Humanos, em que não conseguimos executar por
completo, nos colocamos a pergunta: Por que nossa participação não foi
consequente, não se efetivou conforme pretendíamos? Ensaiamos algumas
hipóteses:
1) A dinâmica e estrutura da escola se constituem em obstáculos para
o nosso tipo de proposta, pois o tempo da escola é engessado pela
burocracia, por um suposto currículo que deve ser cumprido e por
relações autoritárias e individualistas;
2) A gestão escolar, embora imbuída de uma concepção democrática
de gestão e de educação alternativa à praticada, não tinha habilidade para
colocar essas concepções na prática;
3) A concepção de educação inerente a nossa proposta era diferente
daquela da maioria dos(as) docentes e portanto ela não seduzia, uma vez
que não contemplava as preocupações cotidianas dos(as) docentes;
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Normalmente, quando se fala em educação em direitos humanos, tende-
se para cursos que discutem conceitos, apresentam dados de violação desses
direitos, ou seja, objetivam formar indivíduos que tenham ciência da existência
dos direitos humanos e que passem a defendê-los. Contudo, a formação é
meramente teórica, os indivíduos não são estimulados a realizar direitos
humanos, ou seja, não são convidados para a práxis, a qual, no nosso
entendimento, possibilita a construção da empatia com o outro, dado apontado
por Hunt (2009) de grande importância para aceitação e internalização da
igualdade entre os humanos e em decorrência dos direitos humanos. Portanto,
consideramos nossa proposta de realização de direitos humanos inovadora e
singular e, embora não tenha sido consumada, durante o processo ocorreu
aprendizado, reflexão de ambas as partes (pesquisadores e profissionais da
escola) em direção da construção de uma outra prática/cultura educacional que
realize direitos humanos.
Segundo Brandão (2006), a educação popular é a possibilidade da prática
regida pela diferença, desde que a sua razão tenha uma mesma direção: o
fortalecimento do poder popular, através da construção de um saber de classe.
Portanto, é importante descobrir onde ele se realiza e apontar as tendências
através das quais ele transforma a educação na vivência da educação popular.
O autor afirma, ainda, que no processo de educação popular as pessoas trocam