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Apostila do Novo Testamento - Gálatas

Epístola aos Gálatas


“A liberdade cristã e sua dinâmica”.

Pr. Carlos Azevedo


1
Apostila do Novo Testamento - Gálatas

INTRODUÇÃO
AUTOR
Nunca houve muito debate sobre a autoria desta carta. A
maioria dos pais da Igreja, reformadores e estudiosos
sempre reconheceram o apóstolo Paulo como o autor (1.1;
5.2).
Certa vez o Dr. Findlay disse: “Não há a menor dúvida
quanto a autoria, integridade, ou autoria apostólica da
Epístola aos Gálatas que tem chegado até nós desde tempos
remotos.” O grande erudito Lighfoot escreveu: “Cada
sentença reflete tão completamente a vida e o caráter do
Apóstolo dos Gentios que sua autenticidade não foi
seriamente questionada.” Em décadas recentes a carta tem
se mantido como muro sólido contra qualquer crítica que
levaria à rejeição de qualquer uma das cartas de Paulo. O
testemunho externo dos antigos líderes igreja quanto a
autoria paulina de Gálatas é claro. Um dos mais antigos Pais
da Igreja, Clemente de Roma, refere-se à carta em seus
escritos. Policarpo e Barnabé conheciam Gálatas, assim
como Hermas e Inácio. Até mesmo Marcião, quem excluiu
blocos inteiros de escritos do NT de seu cânon primitivo,
colocou a carta em sua seleta lista e se refere a ela pelo título.
Justino Mártir usa o terceiro capítulo da carta para
interpretar o AT à luz da doutrina de Paulo. Tanto homens
fiéis como heréticos admitem que ela foi escrita por Paulo.
Os intérpretes gnósticos primitivos usaram a epístola.
Irineu, Tertuliano e Clemente de Alexandria citam a carta e se

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Apostila do Novo Testamento - Gálatas
referem a Paulo como o autor. A evidência interna é
igualmente tão forte e certa quanto ao testemunho externo.
O mais importante é que o autor da carta corajosamente
chama a si mesmo de: “Paulo apóstolo, não da parte de
homens, nem por intermédio de homem algum, mas por
Jesus Cristo e por Deus Pai” (1.1). E no corpo da carta é
encontrada uma declaração quase sem precedente sobre a
autoria paulina. “Eu, Paulo, vos digo, que se vos deixardes
circuncidar, Cristo de nada vos aproveitará” (5.2).
Todas as referências pessoais e históricas nos primeiros
dois capítulos se encaixam perfeitamente dentro das
atividades missionárias e da vida de Paulo registradas em
Atos. A carta exibe a mente e o fervor, a lógica e o estilo de
Paulo em cada detalhe. Sua doutrina da liberdade em Cristo é
como a enfatizada em qualquer outro de seus escritos (5.1).
Sua argumentação contra a lei como um meio para a salvação
e seu amor pela fé e justificação, são inegavelmente
características paulinas. Pararelos em suas cartas, assim
como o uso de Abraão e do AT, são facilmente encontrados:
“É o caso de Abraão, que creu em Deus, e isso lhe foi
imputado para justiça” (3.6; Rm 4.3-5); ou o dilema judeu
gentio conforme exposto em sua oposição a Pedro: “Se,
sendo tu judeu, vives como gentio e não como judeu, por que
obrigas os gentios a viverem como judeus?” (2.14; Ef 2.4-19);
ou a discussão sobre a circuncisão (2.12; 5.2-6; 6.12-16; Rm 4.9-
12); seu ensino sobre o Espírito Santo (5.16-25; Rm 5.5); ou seu
ensino ético baseado no evangelho da fé e da liberdade (5.13-
23; Cl 3.1-11), tudo isso corresponde exatamente ao ensino e á
fraseologia de Paulo.

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Apostila do Novo Testamento - Gálatas
DESTINATÁRIOS
Essa carta foi escrita às igrejas da Galácia (1.2). A Galácia
era uma província romana localizada no centro da Ásia
Menor.
A população local era formada de gauleses, celtas,
romanos, judeus e alguns outros povos.
O nome “Galácia” surgiu, principalmente, por causa dos
gauleses que ocuparam o norte da Ásia Menor a partir de 250
a.C. Mais tarde, o Império Romano conquistou essa região e
criou a província da Galácia, que aos poucos estendeu o seu
território mais ao sul.
Assim, na época do apóstolo Paulo o termo “Galácia” tinha
duas conotações, uma geográfica e a outra étnica. Por conta
dessa questão surgiu entre os estudiosos duas teorias:
a. Teoria da Galácia do Norte. Defende que Paulo escreveu
essa carta aos crentes gálatas (povo), que localizavam-se,
principalmente, no norte. Era a teoria mais aceita até o século
19.
b. Teoria da Galácia do Sul. Defende que Paulo escreveu essa
carta aos crentes gálatas (província), especialmente às
igrejas do sul. É a teoria mais aceita a partir do século 20.
Esta é a única carta do apóstolo Paulo que é direcionada a um
grupo de igrejas e não a uma única igreja ou pessoa.
DATA
A data da carta também varia dependendo da teoria que é
aceita, entre 49 a 57 d.C.

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Apostila do Novo Testamento - Gálatas
LOCAL
O lugar da onde Paulo escreveu essa carta também
depende da teoria adotada.
Alguns argumentam de Éfeso ou de Corinto. Outros dizem
que de Antioquia da Síria (At 14.26-28).
CONTEÚDO
As pessoas para quem esta Epístola foi escrita não eram
tais que formavam uma única igreja, de alguma determinada
cidade ou localidade particular, mas eram tais que
compunham várias igrejas, em uma região ou país chamado
Galácia, como é evidente a partir de Gálatas 1:2. Os membros
dessas igrejas parecem ser principalmente, se não
totalmente, judeus, visto que o apóstolo os inclui consigo
mesmo, como tendo estado debaixo da lei, sob tutores e
aios, e em servidão debaixo dos rudimentos do mundo, e
para quem a lei tinha sido um aio, ainda que agora eles não
estivessem mais como antes (Gl 3:23); ou, pode ser que
alguns deles tenham sido originalmente gentios, contudo,
antes de se converterem haviam se tornado prosélitos para
aos Judeus, e agora estavam voltando novamente ao
Judaísmo, como é evidente a partir de Gálatas 4:8.
GÁLATAS 1
Este Capítulo contém a assinatura da Epístola, a saudação
habitual do apóstolo às pessoas para quem ele escreve, e a
sua acusação contra os mesmos por causa de sua
volubilidade e inconstância, em mostrar qualquer forma de
disposição no sentido de estarem apostatando do Evangelho,

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Apostila do Novo Testamento - Gálatas
da verdade e, certamente, da autoridade dele; o apóstolo
também dá conta de si mesmo, que era um pregador do
Evangelho; de sua vida antes da conversão; da natureza e de
como ocorreu sua conversão; de suas viagens, trabalhos e de
seus labores posteriores. A assinatura está em Gálatas 1:1,
nela o escritor da Epístola é descrito pelo seu nome Paulo, e
por seu ofício, um apóstolo; o que ele não tinha escrito da
parte dos homens, mas de Deus, do Filho de Deus, Jesus
Cristo, e de Deus Pai, que é descrito pelo Seu poder em
ressuscitar a Cristo dentre os mortos.
Alguns judaizantes chegaram na Galácia, após a primeira
viagem de Paulo e Barnabé, e começaram a ensinar aos novos
crentes dali a necessidade da circuncisão e observância da Lei
para agradarem a Deus. Além disso, esses mestres
judaizantes começaram a questionar a autoridade do
apostolado e mensagem de Paulo.
Diante de tudo isso, o apóstolo Paulo vê a necessidade de
enviar uma carta a essas igrejas defendendo a sua autoridade
apostólica e, principalmente, a mensagem do evangelho.
Nesta carta, Paulo mostra que a pessoa de Cristo é o padrão
do crente, enquanto o Espírito Santo é o poder do crente.
O assunto desta carta era tão sério que Paulo faz uso de
fortes expressões, tais como: “anátema” (1.8-9), “ó gálatas
insensatos” (3.1), “de Cristo vos desligastes... da graça
decaístes” (5.4).
Esta carta não somente nos mostra como alguém pode ser
salvo, mas como o crente deve viver.

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Apostila do Novo Testamento - Gálatas
“Na carta aos Gálatas, Paulo expõe em detalhes o
que é o evangelho e como ele opera. Mas o público-
alvo dessa explanação do evangelho é só de
cristãos professos. Isso significa que não são
apenas os não cristãos que precisam aprender o
evangelho e aplicá-lo em sua vida, mas também os
crentes”. 1
SAUDAÇÃO (1.1-5)
As igrejas da Galácia estavam sendo influenciadas por
judaizantes. Estes homens
estavam afirmando que o
apóstolo Paulo não tinha a
mesma autoridade que os
outros apóstolos de Jerusalém.
Portanto, Paulo se apresenta
como um apóstolo vindo da parte de Deus e não dos homens.
Foi o Cristo ressurreto quem apareceu e o escolheu para ser
apóstolo (At 9.3-7; Rm 1.5). Ele não estava sozinho, mas tinha
companheiros de ministério. Ele era “apóstolo”, os seus
companheiros eram “irmãos” (v.1-2).
A saudação é com a graça e a paz que só Deus pode
conceder. A graça era um tema que aqueles destinatários
precisavam entender. A graça de Deus foi demonstrada com
a entrega de Jesus para morrer na cruz (Jo 10.17-18). Morreu
por nossos pecados (1Jo 2.2; 4.10), para nos arrancar deste
mundo. Deus se satisfaz com a obra de Cristo e não com os

1
KELLER, Timothy. Gálatas para você, p. 11.
7
Apostila do Novo Testamento - Gálatas
meus esforços. Essa maravilhosa graça deve render eterna
glória a Deus (v.3-5).
“Em vez de procurar homens bons que Deus possa
aprovar, a graça busca homens condenados,
culpados, incapazes e impotentes, a quem Deus pode
salvar, santificar e glorificar”.2
PROBLEMA (1.6-9)
Sem qualquer cerimônia ou elogio, Paulo vai direto ao
problema daqueles crentes. Eles estavam deixando de viver
pela graça de Deus para viverem por seus próprios esforços.
Estavam enfatizando a observância da Lei de Moisés em lugar
do evangelho de Cristo. O “outro evangelho” nada mais é do
que uma mistura da graça e da lei. Paulo está
responsabilizando os gálatas e não os judaizantes (v.6-7).
Ainda que Paulo e seus companheiros decidissem pregar
algo diferente do evangelho de Cristo, deveriam ser
considerados malditos. Paulo sugere uma hipótese que
nunca acontecerá, a de um anjo de Deus pregar outro
evangelho. Caso isso fosse possível, esse ser também deveria
ser considerado maldito. Um falso mestre que viesse pregar
um evangelho diferente deveria ser amaldiçoado. Paulo
queria mostrar aos gálatas a seriedade e a imutabilidade do
verdadeiro evangelho (v.8-9).

2
SCOFIELD, C. I. citado por MACDONALD, William. Comentário bíblico popular: Novo
Testamento, p. 585.
8
Apostila do Novo Testamento - Gálatas
A DEFESA DA MENSAGEM DE PAULO (1.10-17)
Um comentarista bíblico contou essa história para ilustrar
as boas-novas: “um menino parado à porta de minha casa
tentava vender a assinatura de um jornal semanal e usou uma
abordagem bastante persuasiva. - Custa vinte e cinco
centavos por semana - disse ele e o melhor de tudo é que este
jornal só publica as notícias boas! Em um mundo repleto de
problemas, está cada vez mais difícil encontrar "boas-
notícias", de modo que, no final das contas, talvez não fosse
mau negócio assinar aquele jornal. Para a pessoa que aceitou
a Cristo como seu Salvador, as verdadeiras "boas-novas" são
o evangelho: "... que Cristo morreu pelos nossos pecados,
segundo as Escrituras, e que foi sepultado e ressuscitou ao
terceiro dia, segundo as Escrituras" (1 Co 15:3-4). As boas-
novas dizem que os pecadores podem ser perdoados e ir para
o céu por causa do que Jesus Cristo fez por eles na cruz. As
boas-novas da salvação pela fé em Cristo são a mensagem
mais importante do mundo. Essa mensagem transformara a
vida de Paulo e, por meio dele, a vida de outros. No entanto,
a mensagem estava sob ataque, e Paulo mostrou-se
determinado a defender a verdade do evangelho. Alguns
falsos mestres invadiram as igrejas da Galácia - igrejas que
Paulo fundara - e ensinavam uma mensagem diferente da que
Paulo ensinara.
O apóstolo Paulo era diferente dos falsos mestres. Ele não
procurava agradar aos homens ou a si mesmo. Antes, era
servo de Cristo, procurando fazer a vontade do Pai. Você quer
ser um servo de Cristo? Viva o evangelho da graça, saiba,
entretanto, que isso não agradará aos homens (v.10).
9
Apostila do Novo Testamento - Gálatas
Por conta das acusações que vinha sofrendo dos falsos
mestres, Paulo usa o início desta carta para mostrar que o
evangelho que pregava era de Deus e não de homens. Ele não
pregava aquilo que aprendera com outros homens, mas
aquilo que ouviu do próprio Cristo. O ministério de Paulo não
era de origem humana (1.1), assim como a mensagem
também não era (v.11-12).
“...a religião genuína é dada, não construída. É Deus
quem a revela; não é o homem que a inventa. Esse é o
motivo pelo qual não podemos fazer alterações no
cristianismo. Não fomos nós que o criamos e,
portanto, não temos o direito de alterá-lo. Se
quisermos recebê-lo, temos de aceitá-lo como ele é”.3
Para mostrar o poder transformador do evangelho e a sua
autoridade, Paulo faz um flashback da sua vida. Em sua antiga
vida, dentro do judaísmo, era perseguidor da igreja (At 8.1-3;
9.1-2). O perseguidor da Igreja tornou-se o propagador do
evangelho (v.13).
“Paulo é o exemplo mais claro de que a salvação é só
pela graça, não mediante nosso desempenho moral e
religioso. Embora seus pecados fossem muito graves,
ele havia sido convidado a participar da graça...
Ninguém é tão bom que não precise da graça do
evangelho nem tão ruim que não possa recebê-la”.4

3
GRANCONATO, Marcos. A essência do evangelho de Paulo, p. 27.
4
KELLER, Timothy. Gálatas para você, p. 29.

10
Apostila do Novo Testamento - Gálatas
Como um judeu, Paulo fazia parte da nação escolhida por
Deus. Um membro da nação de Israel já era escolhido por
Deus mesmo antes de nascer, não para a salvação, mas para
uma missão específica. Note como Sansão (Jz 13.7), Jeremias
(Jr 1.5) e João Batista (Lc 1.15) foram escolhidos por Deus,
antes de nascerem, para um propósito especial. Quando o
apóstolo se converteu não foi por méritos próprios que
perseguia desde muito cedo, mas pela graça de Deus (v.15).
Ao conhecer Cristo como Salvador e receber revelações
diretas dele, também recebeu a tarefa de levar o evangelho
aos gentios. Até aqui, Paulo não recebera nada de homem
algum
(v.16).
A DEFESA DO MENSAGEIRO PAULO (1.18-24)
Somente após 3 anos em Damasco, que o apóstolo Paulo
foi a Jerusalém e se encontrou com Pedro e Tiago, o meio
irmão de Jesus. Paulo enfatiza que isso não era invenção, mas
a verdade (v.18-20).
“A primeira visita de Paulo a Jerusalém deu-se apenas
depois de três anos, durou duas semanas, e ele viu
apenas dois apóstolos. Portanto, é ridículo sugerir que
tenha recebido o seu evangelho dos apóstolos em
Jerusalém”.5
Posteriormente, partiu para as regiões da Síria e Cilícia.
Não teve contato com as igrejas da Judeia. A mensagem que
Paulo recebeu veio diretamente do Senhor. Aos poucos, toda

5
STOTT, John. A mensagem de Gálatas, p. 36.
11
Apostila do Novo Testamento - Gálatas
a Igreja tomava conhecimento da transformação daquele
que antes a perseguia. Paulo não tornou-se um apóstolo
porque algum homem lhe transmitiu um ensino, mas porque
Cristo o ensinou e toda a Igreja reconheceu isso. As pessoas
que o conhecem, glorificam a Deus por sua transformação de
vida (v.21-24)?
GÁLATAS 2
A DEFESA DA MISSÃO DE PAULO (2.1-10)
Há uma dúvida quanto aos quatorze anos mencionados
por Paulo. Se é uma referência a 14 anos após a sua conversão
(1.15-17), ou 14 anos após a primeira visita a Jerusalém (1.18).
Provavelmente, é uma referência ao tempo de sua
conversão. Sabemos que Paulo visitou Jerusalém pelo menos
5 vezes. A referência aqui se encaixa melhor durante a
segunda vez (At 11.27-30). Não deve ter sido a terceira visita,
que foi no Concílio de Jerusalém (At 15), pois ele diz que desta
vez subiu em obediência a uma revelação e de maneira
particular (2.2). Note o quadro abaixo (v.1).
As visitas de Paulo a Jerusalém6

1. A visita depois que ele deixou Damasco (At 9.26-30; Gl 1.18-


20)
2. A visita por causa da fome (At 11.27-30; Gl 2.1-10)
3. A visita para participar do Concílio de Jerusalém (At 15.1-
29)

6
CONSTABLE, Thomas. Notes on Galatians, p. 21. Tradução livre.

12
Apostila do Novo Testamento - Gálatas
4. A visita no final da segunda viagem missionária (At 18.22)
5. A última visita que resultou na prisão de Paulo em Cesareia
(At 21.15-23.35)

Paulo foi até Jerusalém talvez por causa da revelação de


Ágabo ou por qualquer outra revelação divina. Ali, o apóstolo
aproveitou para expor aos outros apóstolos e líderes
influentes qual era a mensagem que pregava, especialmente
aos gentios.
Existem situações no ministério que é melhor pregar a um
grupo influente do que a várias pessoas (v.2).
Nesta visita a Jerusalém, além de Barnabé, Tito também
estava presente. Ele era um grego que nunca havia se
circuncidado. A circuncisão era um ritual na qual um homem
gentio tornava-se um judeu prosélito. Quando eles se
encontraram com os outros apóstolos em Jerusalém, Tito
não foi coagido a circuncidar-se. Tito foi um exemplo vivo de
que os apóstolos concordavam que não havia necessidade da
circuncisão para alguém ser salvo (v.3).
Esse fato tinha especial importância para o
enfraquecimento das acusações dos mestres judaizantes,
pois dava provas de que os apóstolos de Jerusalém, ao
contrário do que aqueles falsos mestres diziam, não exigiam
a circuncisão de convertidos gentios.7

Mas, Paulo em nenhum momento se submeteu a esses


falsos irmãos, para não manchar a verdade do evangelho.A

7
GRANCONATO, Marcos. A essência do evangelho de Paulo, p. 38.

13
Apostila do Novo Testamento - Gálatas
Paulo foi confiado o mistério da Igreja (Ef 3.112). Ele não tinha
nenhuma nova revelação que aprender com os apóstolos em
Jerusalém. Quanto a aparência, Russell Shedd já disse que
“muitas vezes nos impressionamos com homens e
ministérios que não impressionam a Deus”8 (v.6).

TITO E TIMÓTEO
1.Tanto Timóteo como Tito foram colaboradores do
apóstolo Paulo. Mas, receberam tratamento distinto pelo
apóstolo quanto à circuncisão.
2. O caso de Tito (Gl 2.1-5). Ele não foi circuncidado porque
era um grego e porque havia uma questão doutrinária grave
no meio da igreja. Mestres judaizantes defendiam a
circuncisão de todo gentio para receber
3. A salvação. Isso era uma afronta ao evangelho da graça, e
por isso Paulo testemunha aos gálatas que nem mesmo em
Jerusalém, diante dos outros apóstolos, Tito, um gentio, foi
constrangido a circuncidar-se.
4. O caso de Timóteo (At 16.1-3). Ele foi circuncidado porque
era filho de judia, porque não havia nenhuma questão
doutrinária grave no meio da igreja e para não criar uma
barreira com os judeus que Paulo, Silas e Timóteo
evangelizavam naquela região. Paulo mesmo chegou a dizer

8
SHEDD, Russell citado por LIDÓRIO, Ronaldo. Liderança
e integridade. Belo Horizonte, MG: Betânia, 2008, p. 77.
11
COUTINHO, Pércio. Apostila de Gálatas, p. 2.

14
Apostila do Novo Testamento - Gálatas
que “procedi, para com os judeus, como judeu, a fim de
ganhar os judeus; para os que vivem sob o regime da lei,
como se eu mesmo assim vivesse, para ganhar os que vivem
debaixo da lei, embora não esteja eu debaixo da lei” (1Co
9.20).
“Paulo é o detentor e proclamador do mistério antes
encoberto. Ele soube antes dos demais apóstolos a
respeito do plano de Deus de unir judeus e gentios em
um só Corpo, a Igreja”.11

A ênfase do ministério de Paulo foi especialmente aos


gentios, enquanto a ênfase do ministério de Pedro foi aos
judeus. Tinham ministérios diferentes, mas ambos eram
apóstolos de Cristo. Nem Deus fez distinção entre os
apóstolos, além da ênfase ministerial (v.7-8).
Também o colegiado apostólico de Jerusalém reconheceu
o apostolado e a ênfase de Paulo e Barnabé aos gentios. A
única recomendação dos apóstolos a Paulo foi para que não
se esquecesse dos pobres em seu ministério (v.9-10).
A DEFESA DO MINISTÉRIO DE PAULO (2.11-21)
A autoridade do apostolado de Paulo também podia ser
comprovada pela repreensão que fez a Pedro, o apóstolo
favorito dos judaizantes. Não sabemos ao certo quando
Pedro visitou Paulo em Antioquia. O fato é que Paulo resistiu
à sua presença porque as suas atitudes tornaram-se
repreensíveis (v.11).
“O que está em jogo nesse texto não é uma luta
pessoal por prestígio, mas a defesa da verdade, a

15
Apostila do Novo Testamento - Gálatas
integridade e a credibilidade do próprio evangelho da
graça”.9

Ali em Antioquia, Pedro comia normalmente com os


gentios. Quando chegou uma comitiva de judeus vindo da
igreja de Jerusalém, onde Tiago era um dos líderes, Pedro
mudou o seu comportamento. Primeiramente afastou-se dos
gentios, depois se separou completamente deles com medo
dos judeus. Thomas Constable afirma que “Pedro tinha uma
tendência a comprometer as suas convicções quando estava
sob pressão (cf. Mt 16.16-23; 26.69-75; Mc 14.6672; Lc 22.54-
62; Jo 18.15-18,25-27)”10. Não só os judeus de Jerusalém, mas
os judeus de Antioquia, Pedro e, até mesmo, Barnabé
deixaram-se levar por essa ideia (v.12-13).
Quando Paulo percebeu esse comportamento repreendeu
a Pedro publicamente (1Tm 5.20). Uma vez que Pedro era um
apóstolo e que tinha bastante influência na igreja,
especialmente entre os judeus, a repreensão precisou ser na
presença de todos. O apóstolo Pedro era um judeu que,
inicialmente, sentou-se e comeu com os gentios de
Antioquia. Depois, pressionado pelos judeus, negou
participar de novas refeições. Dessa forma, estava
transmitindo a mensagem de que aqueles gentios
precisavam viver como os judeus, se submetendo à Lei.
Estava pervertendo a mensagem do evangelho da graça
(v.14).

9
LOPES, Hernandes Dias. Comentários expositivos Hagnos: Gálatas, p. 97.
10
CONSTABLE, Thomas. Notes on Galatians, p. 26. Tradução livre.

16
Apostila do Novo Testamento - Gálatas
“Por assim fazer, Pedro demonstra que ele mesmo é
transgressor. Ou estava errado em deixar a lei para
confiar em Cristo, ou está errado agora ao deixar
Cristo para voltar à lei”.11
A Lei mostrara a Paulo que ele não tinha condição
nenhuma de libertar-se do pecado. Pelo contrário, ela exibia
ainda mais a condição perversa em que ele se encontrava.
Assim, ele abandonou a confiança nas obras da Lei e
crucificou-se com Cristo para obter a vida eterna.
“Aqui reside o “segredo” de toda a piedade cristã.
Esta não consiste de obediência exterior a regras,
como ensinavam os mestres legalistas da Galácia, mas
sim de um deixar-se dominar totalmente por Cristo,
de tal forma que o indivíduo desapareça, inundado
por uma onda de caráter transformado e santo
(5.24)”.12
A atitude de Pedro, Barnabé e dos outros judeus estavam
anulando a graça salvadora de Deus. Se o homem ainda vive
debaixo do sistema da Lei, então a morte de Cristo foi em vão.
Sobre essa seção, Warren Wiersbe aponta cinco doutrinas
cristãs que Pedro negou ao separar-se dos gentios: a unidade
da Igreja (v.14), a justificação pela fé (v.15-16), a liberdade da
Lei (v.17-18), o próprio evangelho (v.19-20) e a graça de Deus
(v.21)13. Essas eram palavras duras para Pedro, o principal dos
apóstolos (v.21).

11
MACDONALD, William. Comentário bíblico popular: Novo Testamento, p. 589.
12
GRANCONATO, Marcos. A essência do evangelho de Paulo, p. 48.
13
WIERSBE, Warren. Comentário bíblico expositivo: Novo Testamento, p. 908-909.
17
Apostila do Novo Testamento - Gálatas
GÁLATAS 3
O TESTEMUNHO DO ESPÍRITO (3.1-5)
De maneira repreensiva, que muitas vezes o ministério
exige, Paulo indaga aos gálatas por que estavam
abandonando a graça para voltar à lei. A palavra “fascinou”
(gr. baskaino) significa literalmente, “enfeitiçar”, assim como
um feiticeiro seduz e hipnotiza os outros com o olhar,
palavras e rituais. Paulo diz que o evangelho fora anunciado
a eles de maneira tão clara que era como se eles tivessem
presenciado a crucificação de Cristo. Eis aqui a primeira
diferença entre o evangelho e o legalismo. O primeiro olha
para a cruz e Cristo. O segundo é hipnotizado com a lei e os
homens. Tim Keller vai dizer que “um cristão não é alguém
que sabe sobre Jesus, mas alguém que o ‘viu’ na cruz”14. (v.1).
“O homem fica fascinado com a ideia de ser capaz de
produzir sua própria justificação; sente-se atraído pela
aparência de piedade que acompanha o zelo pelas
tradições e pelas regras religiosas; busca cegamente a
aprovação e admiração dos homens que mostram-se
sempre impressionados com a religiosidade exterior;
enfim, fica encantado com o que tem ares de
grandeza e seriedade, mas não tem poder para fazer
o indivíduo andar um centímetro sequer no rumo da
santidade (Cl 2.23)”.15

14
KELLER, Timothy. Gálatas para você, p. 68.
15
GRANCONATO, Marcos. A essência do evangelho de Paulo, p. 50.

18
Apostila do Novo Testamento - Gálatas
Paulo começa a usar várias perguntas retóricas, onde as
respostas são óbvias. Aqueles crentes haviam recebido o
Espírito Santo pela fé em Cristo e não por cumprir a Lei.
“Portanto, desprezar a cruz, fé, o Espírito, o
sofrimento cristão e as maravilhas de Deus é fugir da
simplicidade do evangelho”.16

Gálatas Antigo Testamento


3.6 Gn 15.6
3.8 Gn 12.1-8
3.10 Dt 27.26
3.11 Hc 2.4
3.12 Lv 18.5
3.13 Dt 21.23
3.15-18 Gn 17.1-19
3.17 Êx 12.40; 20.23
O TESTEMUNHO DAS ESCRITURAS (3.6-14)
Esta é uma seção da carta altamente fundamentada no
Antigo Testamento. Paulo usa as Escrituras para ensinar e
provar os seus argumentos. Veja o quadro a seguir17:
Abraão é um exemplo da justificação pela fé. Ele apenas
creu no Senhor e foi justificado (Gn 15.4). Abraão não
precisou sujeitar-se a nenhuma regra ou lei, até porque a Lei

16
COUTINHO, Pércio. Apostila de Gálatas, p. 5.
17
JENSEN, Irving. Gálatas: estudo bíblico, p. 69.
19
Apostila do Novo Testamento - Gálatas
mosaica ainda nem existia. Apenas confiou e isso foi
creditado em sua conta (v.6). Lembre-se que Abraão foi
declarado justo antes de ser circuncidado (Rm 4.10-11), ou
seja, foi justificado sendo ainda gentio (v.7).
O evangelho foi preanunciado a Abraão quando Deus
disse que todos os povos da terra seriam abençoados através
dele (Gn 12.3). Por meio de Abraão, Deus enviou Cristo Jesus.
Todo aquele que crê em Cristo por meio da fé é abençoado
em Abraão. Os gálatas tornaram-se filhos de Abraão pela fé e
não pela circuncisão (v.8-9).
A bênção em Abraão

“Em ti” Junto com Abraão, da mesma


maneira que Abraão
“serão Serão salvos
abençoados”
“todos os povos” Tanto gentios como judeus
Após falar das bênçãos da fé, Paulo passa a falar da
maldição das obras. Ninguém pode ser justificado pela Lei.
Todo o que assim tenta, na verdade está debaixo de uma
maldição (Dt 27.26), pois ninguém pode cumprir a Lei. O justo
vive pela fé (Hc 2.4). Ele não apenas é justificado pela fé como
vive diariamente assim (v.10-11).

20
Apostila do Novo Testamento - Gálatas
“O justo viverá pela fé” no Novo Testamento18

Referência Significado

Romanos 1.17 Romanos explica o significado de “o justo”

Gálatas 3.11 Gálatas explica o significado de “viverá”

Hebreus 10.38 Hebreus explica o significado de “pela fé”


A observância da Lei não procedia da fé, mas do
cumprimento de regras e rituais. As Escrituras afirmavam que
aquele que cumprisse toda a Lei seria justificado (Lv 18.5),
mas isso é impossível a todos os homens, exceto Cristo Jesus.
Enquanto a lei diz: “cumpra e viverá”, o evangelho diz: “creia
e viverá”. Legalismo é viver tentando cumprir regras e
mandamentos e não pela fé (v.12).
O sacrifício de Cristo, entretanto, nos livrou da maldição da
Lei. Ele assumiu o nosso lugar e tornou-se maldito ao morrer
na cruz (Dt 21.23). Agora, todo o que se aproxima de Cristo
pela fé livra-se da maldição da Lei e experimenta a bênção de
Abraão. Aquilo que a Lei não podia conceder, a fé pode, a
habitação do Espírito (v.13-14).
“Pensamos que o crente desviado é aquele que não vem
mais para a igreja. Isto é verdade, mas não é toda a
verdade. Podemos frequentar a igreja e ainda assim nos
desviarmos da graça de Jesus. Toda vez que fujo da
simplicidade do Evangelho, não vivo como um filho de
Abraão e vivo dependendo dos próprios esforços, da

18
Adaptado de WIERSBE, Warren. Comentário bíblico expositivo: Novo Testamento, p.
908.
21
Apostila do Novo Testamento - Gálatas
minha capacidade, estou me desviando da graça de
Cristo e dependendo da lei e o resultado de viver debaixo
da lei é maldição, sem poder agradar a Deus”.19
LEI E PROMESSA (3.15-29)
Se alguém pensasse que, portanto, a Lei não teve valor
algum, Paulo esclarece nos próximos versos que esse tipo de
pensamento está equivocado. O mesmo Deus que fez a
promessa concedeu a Lei. O mesmo Deus que abençoou a
Abraão usou também Moisés. Entretanto, a graça do
evangelho é superior as obras da lei. Quando um testamento
ou contrato é ratificado, não é possível alterá-lo, nem exigir
algo que não conste ali. Assim como os contratos feitos pelos
homens, a promessa que Deus fez a Abraão não poderia ser
alterada posteriormente. A Lei veio depois do acordo que
Deus fez com Abraão, portanto, não poderia revogar o que já
estava estabelecido (v.15).
Paulo lembra que as promessas de Deus foram feitas a
Abraão e ao seu descendente (Gn 12.7; 13.15; 22.17-18; 24.7).
Os judeus poderiam pensar que fosse Isaque, Jacó ou todos
os israelitas. Entretanto, Paulo lembra-lhes que o texto fala
de um descendente e não de muitos descendentes. Esse
descendente é Cristo. Assim, as promessas não foram feitas
aos descendentes físicos de Abraão, mas a Cristo Jesus.
Então, todo judeu ou gentio que está em Cristo é herdeiro da
promessa (v.16).

19
COUTINHO, Pércio. Apostila de Gálatas, p. 5-6.
20
KELLER, Timothy. Gálatas para você, p. 82.

22
Apostila do Novo Testamento - Gálatas
“A promessa de um presente só precisa ser objeto
de fé para que se cumpra, mas a lei exige obediência
para dar sua recompensa”.20
Prevendo algumas perguntas que poderiam surgir com
esse ensino, Paulo mesmo, indaga qual era o propósito da Lei.
Ele explica que ela foi dada para ressaltar o pecado do
homem (Rm 3.20; 4.15; 5.13,20; 7.5,7,13). Sem a Lei,
dificilmente, o homem veria qual é a sua situação diante de
Deus. O sistema legal perdurou até a chegada do
descendente da promessa, Cristo Jesus (3.16). Ele foi o único
homem capaz de cumprir toda a lei, e então, proporcionar
justiça a todos os que Nele creem.
“A lei não veio nos falar sobre salvação, mas sobre
pecado. Seu principal propósito é mostrar-nos nosso
problema – somos infratores da lei – e provar que não
podemos ser a solução, visto que somos incapazes de
ser perfeitos cumpridores da lei”.2121
Na aliança estabelecida com Abraão não havia um
mediador. Era uma aliança incondicional entre Deus e
Abraão. Na aliança estabelecida com Moisés havia um
mediador entre Deus e o povo de Israel. Deus abençoaria o
povo se houvesse obediência ou amaldiçoaria o povo se
houvesse desobediência. Era uma aliança condicional entre
Deus e Israel, com Moisés como mediador. A superioridade
da graça fica evidenciada quando vemos que a promessa foi

21
GRANCONATO, Marcos. A essência do evangelho de Paulo, p. 69.
23
Apostila do Novo Testamento - Gálatas
feita entre Deus e um homem, enquanto a Lei foi regulada
através de um mediador (v.20).
Se a promessa traz bênção e a lei torna o homem maldito,
será que elas não são opostas? Paulo é rápido em responder
que não. Se a lei pudesse justificar alguém, então a justiça
seria procedente do esforço humano e não da graça de Deus
(v.21).
O apóstolo quer deixar claro que abraçar a Lei liga o
homem a Moisés e faz dele mais um transgressor. Enquanto
abraçar a fé em Cristo liga o homem a Abraão e faz dele mais
um herdeiro.22
Todos os judeus antes de Cristo estavam sob a tutela da
Lei. Eram guardados por ela, enquanto não chegava o
descendente prometido. Agora que Cristo já veio, o homem
tornou-se adulto e precisa fazer uma escolha se O aceita ou
não (v.23).
Antes de Cristo, a Lei serviu como um “aio” (gr.
paidagogos). Naquela época, o aio era alguém de confiança
de uma família. Ele era o responsável pelas crianças da
família, conduzindo-as até a escola. A lei também teve esse
papel de conduzir o homem até Cristo (v.24).
Uma vez em Cristo Jesus, não há qualquer distinção entre
judeu e gentio, escravo ou livre, homem ou mulher. Todos
eram pecadores acusados pela lei, que foram salvos pela

22
STOTT, John. A mensagem de Gálatas, p. 111.

24
Apostila do Novo Testamento - Gálatas
graça de Deus. Em Cristo, também somos descendentes e
herdeiros de Abraão (v.28-29).
Em toda essa seção é possível ver a inferioridade da lei
diante da promessa. A lei é inferior a promessa porque não
pode anulá-la. A lei é inferior a promessa porque foi
estabelecida posteriormente. A lei é inferior a promessa
porque não justifica ninguém. A lei é inferior a promessa
porque é apenas um condutor. Mas, ainda assim, muitos
preferem a lei a promessa. John Stott resume isso dizendo
que “é triste ficar na prisão ou berçário quando poderíamos
ser adultos e livres”22.

GÁLATAS 4
ESCRAVO E HERDEIRO (4.1-11)
Um filho, quando menor de idade, não era diferente de um
escravo, pois mesmo que tudo fosse dele, nada ainda era dele.
Como menor, o herdeiro estava nas mãos de tutores
(responsáveis pela educação) e curadores (responsáveis pelos
bens). No tempo adequado, o pai o constituía herdeiro oficial,
e então tudo passava para as suas mãos. O “rito de passagem”
de um menino entre os judeus era com 13 anos, entre os
gregos com 18 anos e entre os romanos com 14 a 17 anos (v.1-
2).
Debaixo do sistema legal ou do sistema mundano, todos
aqueles gálatas eram escravos. Quando chegou o tempo certo
no relógio de Deus, Ele enviou Cristo Jesus, que tinha as duas
naturezas, divina e humana. Além de assumir a natureza
humana, também assumiu a condição de servo ao submeter-
25
Apostila do Novo Testamento - Gálatas
se a lei. Tornou-se o nosso substituto e resgatou todos os que
viviam debaixo da lei ou do sistema mundano. Agora, todo
aquele que Nele crê torna-se filho e herdeiro legal de Deus.
Cristo nos resgatou da escravidão e ainda nos adotou como
irmãos. A verdade da obra de Cristo expostas nestes versos já
foi resumida da seguinte forma: “Cristo, o Filho de Deus,
tornou-se o Filho do Homem, para que os filhos dos homens
tornem-se filhos de Deus” (v.3-5).
A filiação em Cristo

Ilustração Aplicação
Menoridade ou escravo Todos eram escravos
Tutor ou curador Lei ou mundo

Tempo do pai Tempo de Deus (“plenitude do tempo”)


Maioridade Adoção
Herdeiro dos bens Herdeiro das promessas

ÍDOLOS E DEUS (4.8-11)


Antes de tornarem-se filhos de Deus, os crentes da Galácia
serviam a falsos deuses (At 14.818). Eram escravos da
idolatria. Entretanto, pela fé em Cristo, foram recebidos
como filhos e herdeiros de Deus. Eram livres, mas ao se
submeterem novamente à lei com suas datas e ritos, estavam
retornando à escravidão. Paulo iguala a idolatria com a
observância da lei, ou seja, é idolatria voltar-se de Cristo para
a lei (v.8-10).

26
Apostila do Novo Testamento - Gálatas
“A bem da verdade, a idolatria e a escravidão da
religião são mais perigosas do que as da irreligião,
ainda que menos óbvias. A pessoa irreligiosa sabe
que está distante de Deus, mas a religiosa, não”.23
Diante de tudo isso, Paulo exclama que, talvez, o seu
trabalho entre aqueles irmãos foi em vão. Eles estavam
voltando aos rudimentos e legalismos deste mundo (v.11).
FILHOS E MÃE (4.12-20)
Essa é a parte mais pessoal desta carta, em que o apóstolo
Paulo abre o seu coração e demonstra todo o seu zelo
pastoral. Ele tinha liberdade em Cristo e desejava o mesmo
àqueles leitores. Quando ele deixou os rudimentos da lei e
aceitou a justificação pela fé em Cristo, tornou-se igual a
todos os crentes da Galácia, livre da lei (v.12).
Quando Paulo pregou o evangelho pela primeira vez na
Galácia estava com uma enfermidade física. Mesmo que isso
fosse uma tentação para eles não o aceitarem, tampouco a
mensagem que pregava, os gálatas, pelo contrário,
receberam a Paulo como um anjo de Deus e até como se ele
fosse o próprio Cristo (v.13-14).
“O que deveria importar ao povo não é a aparência do
pastor, mas se Cristo está falando através deste. E o
que deveria importar ao pastor não é a boa vontade
das pessoas, mas se Cristo está sendo formado nelas.
A igreja precisa de gente que, ouvindo o pastor, ouça

23
KELLER, Timothy. Gálatas para você, p. 111.
27
Apostila do Novo Testamento - Gálatas
a mensagem de Cristo, e de pastores que, trabalhando
entre as pessoas, busquem a imagem de Cristo”.24
O tom desta carta era duro e severo (1.6-9; 3.1-5), mas se
Paulo estivesse presente entre os gálatas, quem sabe o tom
pudesse ser diferente. Talvez, eles se submeteriam e
obedeceriam às suas instruções não sendo necessário o uso
de palavras duras (v.20).
“Uma das marcas registradas da mentalidade
legalista, seguidora da justificação pelas obras, é a sua
inflexibilidade e obsessão pelos detalhes. Alguém
assim deseja que os convertidos se vistam e ajam
“exatamente como nós”. Paulo, por outro lado, é o
modelo de alguém que se aproxima de verdade e
entra na vida daqueles a quem procura alcançar, como
Cristo fez em sua encarnação.25
AGAR E SARA (4.21-31)
Paulo convida àqueles falsos mestres e crentes que
queriam viver sob o regime da lei para considerarem o que a
lei de Deus ensina (v.21).
A Lei à que Paulo se refere é o Pentateuco,
especificamente ao livro de Gênesis. A história de Abraão
conta que ele teve dois filhos, Ismael e Isaque. Um com Agar,
a escrava, e o outro com Sara a esposa. Um foi segundo o
esforço próprio, enquanto o outro foi segundo a promessa
de Deus. Um foi resultado do processo humano comum,

24
GRANCONATO, Marcos. A essência do evangelho de Paulo, p. 95-96.
25
LOPES, Hernandes Dias. Comentários expositivos Hagnos: Gálatas, p. 204
28
Apostila do Novo Testamento - Gálatas
enquanto o outro foi por intervenção poderosa de Deus
(v.22-23).
Sara e Agar simbolizam duas alianças. Agar simboliza a Lei
dada no monte Sinai que não produz justificação, mas
escravidão. É a mãe de todos os que se esforçam para
alcançar a salvação. Paulo também diz que corresponde a
Jerusalém terrena da época, presa à Lei Mosaica (v.24-25).
“...não se deve conceber o ataque contra os santos
apenas sob a forma de oposição sangrenta, com
prisões, mortes e torturas. A perseguição contra o
povo santo também acontece quando pregadores da
mentira tentam seduzi-lo, conduzindo-o pelos
caminhos tortuosos de um evangelho adulterado”.26

Aqueles que procuram a salvação através do esforço próprio


são filhos da escravidão e herdarão apenas a morte eterna.
Aqueles que procuram a salvação através da fé em Cristo
Jesus são filhos da liberdade e herdarão a vida eterna. Mas,
os crentes também podem viver na escravidão como estava
acontecendo com aqueles crentes da Galácia. Os crentes que
procuram viver baseados no esforço próprio, vivem
escravizados pelas leis, regras e rituais. Os crentes que
procuram viver baseados na graça de Deus, vivem em
liberdade (v.31).
As bênçãos espirituais são dádivas da graça, e não
resultado do esforço humano. As riquezas eternas são
confiadas aos filhos, ou seja, aqueles que recebem a

26
CONSTABLE, Thomas. Notes on Galatians, p. 78. Tradução livre..

29
Apostila do Novo Testamento - Gálatas
Cristo como Salvador, e não aos escravos que vivem
sob a tirania da lei (Rm 8.17).27

Quadro comparativo das duas alianças

Agar Sara
Escrava Livre
Filho segundo a carne Filho segundo a promessa divina
(Ismael) (Isaque)
Monte Sinai Monte Calvário
Jerusalém terrena Jerusalém celestial
Lei Graça
Filhos são escravos Filhos são livres
Obras Fé
Escravidão Liberdade

GÁLATAS 5
GRAÇA (5.1-6)
Depois de tratar sobre a doutrina da justificação pela fé
nos capítulos 3 e 4 desta carta, o apóstolo Paulo dedica os
últimos dois capítulos para aconselhar e exortar sobre a vida
cristã firmada no evangelho de Cristo.
A fé em Cristo Jesus trouxe liberdade do peso da lei. Antes
escravos, agora livres. Entretanto, os gálatas precisavam ficar
firmes na graça de Deus para não voltarem a uma vida de

27
LOPES, Hernandes Dias. Comentários expositivos Hagnos: Gálatas, p. 204.
30
Apostila do Novo Testamento - Gálatas
escravidão. É muito fácil o crente abandonar a graça de Deus
para viver por seus próprios méritos (v.1).
Os que estavam procurando viver por meio do esforço
próprio estavam se desligando de Cristo. Não é que estavam
perdendo a salvação, mas abandonando a graça do
evangelho para viver pelas obras da lei. Decair da graça (gr.
ekpipto) é literalmente “cair para fora”. Aqueles crentes que
procuravam viver a vida cristã por meio das obras estavam
ficando de fora das bênçãos da graça (v.4).
O Espírito Santo é o penhor (Ef 1.13-14), a garantia de que
somos justificados pela fé. Também é a garantia de que
seremos salvos deste corpo de pecado (v.5).
VERDADE (5.7-12)
Os gálatas haviam começado a jornada cristã muito bem,
mas estavam se desviando da verdade. A culpa não era
apenas dos mestres judaizantes, mas dos próprios gálatas
que aceitavam falsos ensinos (v.7).
Esses falsos mestres tentavam persuadir os crentes com
várias seduções (3.1; 4.17). Essa persuasão não vinha da parte
de Deus, mas dos homens. Paulo usa a figura do fermento,
assim como Jesus (Mt 13.33; 16.5-12), para falar sobre o
perigo desses ensinos e mestres no meio cristão (v.8-9).
Já que aqueles judaizantes pregavam e se preocupavam
tanto com a circuncisão, o apóstolo Paulo desejava que
fossem castrados. Porque esses homens não estavam
conduzindo os gálatas à verdade, mas levando-os a rebeldia
(v.12).

31
Apostila do Novo Testamento - Gálatas
AMOR (5.13-15)
O crente é livre em Cristo Jesus do pecado e também do
jugo da lei. Isso, entretanto, não é uma liberdade para fazer a
vontade da carne, mas para cumprir a vontade de Deus. Aliás,
a licenciosidade não é liberdade, mas escravidão do pecado
(Jo 8.34). O amor é a cerca que limita a liberdade. Os crentes
eram escravos que foram livres do pecado. Agora são livres
para serem servos uns dos outros. Um fala da justificação,
enquanto o outro da santificação (v.13).
CARNE X ESPÍRITO (5.16-26)
A solução das guerras e contendas que havia entre os
gálatas era submeter-se ao Espírito. A ordem era andar no
Espírito e a consequência disso é que eles não satisfariam os
desejos da carne. É importante que a mensagem desse verso
não seja invertida, caso contrário, o crente anda por esforço
próprio e não pelo Espírito (v.16).
O crente que é guiado pelo Espírito Santo não está
debaixo do esforço próprio, mas da graça de Deus. Ele é
guiado pelo Espírito para a liberdade, e não pela lei para a
escravidão (v.18).
De tudo isso se depreende o seguinte: há três
influências sob as quais é possível que um crente se
coloque. Essas três influências são: a Lei, a carne e o
Espírito. Sob as duas primeiras, o cristão jamais
conseguirá agradar a Deus (Rm 7.9; 8.8) e, para
desespero de Paulo, era exatamente a essas duas que
os gálatas se sujeitavam. Já a terceira influência, a do

32
Apostila do Novo Testamento - Gálatas
Espírito, permanece a única sob a qual o crente pode
realmente fazer a vontade do Senhor (v.16).28
A seguir, o apóstolo Paulo apresenta uma lista com 15
obras da carne. Essa é parte da lista de tudo o que o homem
produz naturalmente. Paulo já havia alertado sobre isso
quando esteve com os gálatas pela primeira vez (v.19-21).

Os que praticam as obras da carne não são cidadãos


do céu. Se um crente as pratica não significa que
28
STOTT, John. A mensagem de Gálatas, p. 140.

33
Apostila do Novo Testamento - Gálatas
perdeu a salvação ou que nunca foi salvo, mas
lamentavelmente está andando como um indigente
do inferno e não como um cidadão do céu.29
Agora, Paulo apresenta uma lista com 9 características do
fruto do Espírito. Essa é uma lista de características que o
Espírito produz sobrenaturalmente no crente controlado por
Ele. A lei servia para regulamentar e restringir, mas o fruto do
Espírito não pode ser limitado por ela. Constable diz que “há
leis na sociedade contra as obras da carne, porque elas são
destrutivas, mas não há nenhuma contra o fruto do Espírito,
porque ele é edificante”30 (v.22-23).

O fruto do Espírito (Gl 5.22-23)

Relacionamento Característica Significado

É o amor derramado por Deus em favor


Amor (gr. agape) do crente, que o leva a considerar os
outros dessa mesma forma.
É o reconhecimento de que Deus
governa e controla todas as
Alegria (gr. chara) circunstâncias. Advém de um
relacionamento profundo e íntimo
com Deus.

29
KELLER, Timothy. Gálatas para você, p. 169
30
CONSTABLE, Thomas. Notes on Galatians, p. 78. Tradução livre.
34
Apostila do Novo Testamento - Gálatas
Paz (gr. eirene) O crente tem paz com Deus (Rm 5.1), uma
vez que foi reconciliado. Agora, pode
experimentar a paz de Deus que é o
Brandura, humildade. É a entrega dos seus
Mansidão (gr. direitos. Os crentes que manifestam esta
praytes) característica do fruto do Espírito são pessoas
agradáveis, tratáveis e de fácil convivência
descanso e refrigério dado por Ele.
Traz a ideia de “sou demorado”. É a
Longanimidade
capacidade de perseverar
(gr.
pacientemente em situações
makrothymia)
adversas.
Benignidade (gr. Carinho, gentileza. Disposição gentil
chrestotes) e que procura o bem estar de todos.
Bondade (gr. É uma atitude de doçura
agathosyne) demonstrada aos outros.
Fidelidade (gr. pistis) Integridade, fidelidade, lealdade. Leva
o crente a não ter a vida preciosa para si mesmo (At 20.24).
Domínio próprio (enkrateia). Temperança, autocontrole,
autodisciplina. Dominar-se a si
mesmo.
Aquele que está em Cristo, tem também o Espírito de Deus
vivendo nele. Portanto, não tem desculpas para não andar no
Espírito. Não tem desculpas para não demonstrar o belo fruto
do Espírito em sua vida. O Espírito Santo é o guia de todo
crente (5.18), mas nem todos escolhem andar Nele. É Ele
quem aponta a direção, mas é o crente que anda (v.25).

35
Apostila do Novo Testamento - Gálatas
“Portanto, assim como devemos “crucificar a carne”,
repudiando o que sabemos ser errado, também
devemos “andar no Espírito”, dispondo-nos a seguir o
que sabemos que é certo. Rejeitamos um caminho
para andar no outro. Abandonamos o que é mau a fim
de nos ocuparmos do que é bom. E se é importante
que sejamos cruéis no abandono das coisas da carne,
também é de importância vital sermos disciplinados
quando abraçamos as coisas do Espírito”.31
Entretanto, crucificar a carne e andar no Espírito não é
uma tarefa fácil porque eles são opostos (5.17). Paulo diz que
o crente pode ser possuído de vanglória, ou seja, tornar-se
presunçoso ou convencido. Se ele achar-se superior
provocará os outros. Caso ache que seja inferior invejará os
outros. O crente que alimenta a sua carne terá esse tipo de
atitude. Entretanto, o crente que anda no Espírito
considerará os outros superiores a si mesmo (Fp 2.3). Viver na
carne leva o homem a vanglória, enquanto viver no Espírito
leva o homem a servir
(v.26).
“A única diferença entre a pessoa arrogante e aquela
dotada de baixa autoestima é que a pessoa inferior
perdeu no jogo, desespera-se e inveja os que vê como
“vencedores”. A pessoa superior, por outro lado,
sente como se tivesse vencido momentaneamente e
se compara sem parar com os outros para se certificar
de que continua vencendo. Claro, grande parte do

31
STOTT, John. A mensagem de Gálatas, p. 140.
36
Apostila do Novo Testamento - Gálatas
tempo estamos tanto provocando em uma área da
nossa vida quanto invejando em outra”.32
GÁLATAS 6
CARGAS X FARDOS (6.1-5)
Os que procuram agradar a Deus através do esforço
próprio pensam apenas em si mesmo. Os que andam no
Espírito, entretanto, são desafiados a ajudar os outros. O
crente tem responsabilidade de ajudar aqueles que dão um
passo em falso ou escorregam na fé. Para isso deve usar a
brandura e mansidão. O crente espiritual ajuda os outros e
cuida de si mesmo sem qualquer complexo de superioridade
(v.1).
No tribunal de Cristo cada um será avaliado pelo seu
trabalho e não pelo que o outro fez ou deixou de fazer. Não
haverá qualquer tipo de comparação. Cada um será
responsável pelo talento que Deus lhe deu (Mt 25.14-30). O
verso 5 parece contradizer o verso 2, mas a palavra “fardo”
(gr. phortion) significa “peso do trabalho diário”. O crente
precisa ajudar a levar o peso excessivo que está sobre os
ombros dos irmãos, mas cada um tem a responsabilidade de
levar o seu peso diário. Devemos ajudar os irmãos que
carregam uma grande mala, mas cada um leva a sua mochila
(v.4-5).
SEMEADURA X COLHEITA (6.6-10)
Após tratar sobre o relacionamento com os que falham e
consigo mesmo, Paulo vai falar sobre o relacionamento com

32
KELLER, Timothy. Gálatas para você, p. 169.
37
Apostila do Novo Testamento - Gálatas
os obreiros de Deus. Aquele que recebe a palavra de Deus
deve compartilhar as coisas boas com seu mestre.
Compartilhar não só a amizade, a atenção, as vitórias ou os
avanços espirituais, mas, especialmente, o sustento material
com aqueles que trabalham na pregação da palavra (v.6).
A GLÓRIA DA CARNE X A GLÓRIA DA CRUZ (6.11-18)
Em algumas cartas o apóstolo Paulo fazia uso de um
escrivão (Rm 16.22; 1Co 16.21; Cl 4.18; 2Ts 3.17). Mas, o
conteúdo desta carta é tão sério que ele escreve de próprio
punho. Ele não queria correr o risco da mensagem ser
deturpada ou mal interpretada. Além disso, escreveu a carta
com letras grandes, provavelmente, por causa do problema
nos olhos (4.13-15). É claro que as letras garrafais também era
uma maneira de enfatizar a seriedade do assunto (v.11).
Os falsos mestres que estavam no meio das igrejas na
Galácia pregavam a circuncisão somente para não serem
perseguidos pelos judaizantes. Eles mesmos não se
circuncidavam, mas obrigava-os a isso para mostrarem aos
judaizantes os seus troféus (v.12-13).
“A religião induz a que nos orgulhemos de alguma
coisa a nosso respeito. O evangelho, a que nos
orgulhemos da cruz de Jesus. Isso significa que a
nossa identidade em Jesus é confiante e segura –
orgulhamo-nos mesmo! –, mas, ao mesmo tempo,
humilde, por basear-se em um senso profundo
de nossos erros e miséria.33

33
KELLER, Timothy. Gálatas para você, p. 191.
38
Apostila do Novo Testamento - Gálatas
ISRAEL DE DEUS
1. Muitos entendem que a expressão “Israel de Deus”
usada pelo apóstolo Paulo em Gálatas 6.16 é uma referência
à Igreja ou aos crentes gentios.
2. Um estudo sério a respeito do uso da palavra “Israel”
no Novo Testamento mostra que isso não está certo.
3. Um estudo de Arnold G. Fruchtenbaum, no seu livro
Israelology: the missing link in systematic theology, mostra
que existem 73 referências ao termo “Israel” no Novo
Testamento, e em 72 delas fica claro que se trata da nação ou
do povo de Israel, nunca da Igreja. A única referência que
pode ocasionar certa dúvida é o texto de Gálatas 6.16.
4. Mas, um estudo do texto de Gálatas fica evidente que
Paulo pronuncia uma bênção a dois grupos diferentes. A paz
e a misericórdia são “sobre eles e sobre o Israel de Deus”.
5. Paulo está combatendo os mestres judaizantes da
Galácia. Portanto, “eles” são os crentes gentios, e o “Israel
de Deus” são os crentes judeus que não vivem mais segundo
a regra da Lei, mas segundo a regra de ser nova criatura (Gl
6.15).
6. Alguns também sugerem que Paulo ao falar sobre o
“Israel de Deus” estaria fazendo uma menção ao
remanescente fiel de Israel da Tribulação, ou seja, os crentes
judeus deste período.

CONCLUSÃO
A epístola aos Gálatas é um enunciado preciso da
metamorfose do cristão rumo à liberdade em Cristo, se
configurando uma nova criatura, cheia de privilégios, mas
arraigada na concepção de responsabilidade e vigilância.
39
Apostila do Novo Testamento - Gálatas
BIBLIOGRAFIA
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Publicado por Sonic Light.
COUTINHO, Pércio. Apostila de Gálatas. Não publicado.
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