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ALLAN KARDEC - II - O que é o Espiritismo

Autor: Allan Kardec Médium: Diversos


Editora: Federação Espírita Brasileira Pags: 272 Caps:

Indicação de: Sílvia Helena

Escrito e publicado por Kardec em julho de 1859, é um pequeno livro introdutório ao estudo da Doutrina
Espírita, que não se inclui propriamente na codificação.
Entretanto, está diretamente relacionado com O LIVRO DOS ESPÍRITOS, decorrendo de sua
"Introdução" e "Prolegômenos".
Isso demonstra que Kardec, depois da divulgação deste – pedra fundamental e marco inicial da
codificação – percebeu a necessidade de oferecer aos interessados um roteiro inicial bem resumido e simples.
Sua a lógica e o bom senso evidenciam-se também nesta obra, ao apresentar argumentações em defesa da
Doutrina quando dialoga com um crítico, com um cético e com um padre, além de registrar vários outros
ensinamentos e princípios que sintetizam o Espiritismo. `
Seus capítulos assim se apresentam:

Preâmbulo
Capítulo I - Pequena Conferência Espírita
Primeiro Diálogo - O Crítico
Segundo Diálogo - O Céptico
Espiritismo e Espiritualismo
Dissidências
Fenômenos espíritas simulados
Impotência dos detratores
O maravilhoso e o sobrenatural
Oposição da Ciência
Falsas explicações dos fenômenos – Alucinação – Fluido magnético – Reflexo do pensamento

Superexcitação cerebral – Estado sonambúlico dos médiuns
Os incrédulos não podem ver para se convencerem
Boa ou má vontade dos Espíritos para convencerem
Origem das idéias Espíritas modernas
Meios de comunicação
Os médiuns interesseiros
Os médiuns e os feiticeiros
Diversidade nos Espíritos
Utilidade prática das manifestações
Loucura - Suicídio - Obsessão
Esquecimento do passado
Elementos de convicção
Sociedade Espírita de Paris
Interdição ao Espiritismo
Terceiro Diálogo - O Padre
Capítulo II - Noções Elementares de Espiritismo
Observações preliminares
Dos Espíritos
Comunicações com o mundo invisível
Fim providencial das manifestações espíritas
Dos Médiuns
Escolhos dos médiuns
Qualidade dos médiuns
Charlatanismo
Identidade dos Espíritos
Contradições
Conseqüências do Espiritismo
Capítulo III - Solução de alguns problemas pela Doutrina Espírita
Pluralidade dos mundos
Da alma
O Homem durante a vida terrestre
O Homem depois da morte

O ESPIRITISMO EM SUA MAIS SIMPLES EXPRESSÃO


Histórico do Espiritismo
Resumo dos ensinamentos dos Espíritos
Máximas extraídas dos ensinamentos dos Espíritos
RESUMO DA LEI DOS FENÔMENOS ESPÍRITAS
Observações preliminares
I – Dos Espíritos
II – Manifestações dos Espíritos
III – Dos médiuns
IV – Das reuniões mediúnicas

**********

PREÂMBULO

As pessoas que não têm do Espiritismo senão um conhecimento superficial, são naturalmente
levadas a fazer certas indagações, às quais um estudo completo lhes daria, sem dúvida, a solução.
Mas o tempo e, freqüentemente, a vontade lhes faltam para se consagrarem às observações
continuadas. Quereriam, antes de empreender essa tarefa, saber ao menos do que se trata e se
vale a pena dela se ocuparem. Pareceu-nos útil, pois, apresentar, em um quadro restrito, a resposta
a algumas das questões fundamentais que nos são diariamente dirigidas.
Isso será, para o leitor, uma primeira iniciação e, para nós, tempo ganho pela dispensa de
repetir constantemente a mesma coisa.
O primeiro capítulo contém, sob a forma de diálogos, respostas às objeções mais comuns da
parte daqueles que ignoram os primeiros fundamentos da Doutrina, assim como a refutação dos
principais argumentos dos seus opositores. Essa forma nos pareceu mais conveniente, porque não
tem a aridez da forma dogmática.
O segundo capítulo é consagrado à exposição sumária das partes da ciência prática e
experimental, sobre as quais, na falta de uma instrução completa, o observador novato deve dirigir
sua atenção para julgar com conhecimento de causa. É de alguma forma o resumo de O Livro dos
Médiuns. As objeções nascem, o mais freqüentemente, de idéias falsas que são feitas, a priori,
sobre o que não se conhece. Corrigir essas idéias é antecipar-se às objeções: tal é o objeto deste
pequeno escrito.
O terceiro capítulo pode ser considerado como o resumo de O Livro dos Espíritos. É a
solução, pela Doutrina Espírita, de um certo número de problemas do mais alto interesse de ordem
psicológica, moral e filosófica, que são colocados diariamente, e aos quais nenhuma filosofia deu,
ainda, soluções satisfatórias. Que se procure resolvê-los por outra teoria, e sem a chave que nos
oferece o Espiritismo, e ver-se-á que elas são as respostas mais lógicas e que melhor satisfazem à
razão.
Este resumo não é somente útil para os iniciantes que poderão nele, em pouco tempo e sem
muito esforço, haurir as noções mais essenciais, mas também o é para os adeptos aos quais ele
fornece os meios para responder às primeiras objeções que não deixam de lhe fazer, e, de outra
parte, porque aqui encontrarão reunidos, em um quadro restrito, e sob um mesmo exame, os
princípios que eles não devem jamais perder de vista.
Para responder, desde agora e sumariamente, à questão formulada no título deste opúsculo,
nós diremos que:
O Espiritismo é ao mesmo tempo uma ciência de observação e uma doutrina filosófica. Como
ciência prática, ele consiste nas relações que
se podem estabelecer com os Espíritos; como filosofia, ele compreende todas as conseqüências
morais que decorrem dessas relações.
Pode-se defini-lo assim:
O Espiritismo é uma ciência que trata da natureza, da origem e da destinação dos Espíritos, e
das suas relações com o mundo corporal.

**********

Algumas das considerações constantes da obra:

– Trechos do diálogo com o Crítico

Visitante – Não desejais, pois, fazer prosélitos?


A.K. – Por que eu desejaria fazer de vós um prosélito se vós mesmo isso não o desejais? Eu
não forço nenhuma convicção. Quando encontro pessoas sinceramente desejosas de se instruírem e
que me dão a honra de solicitar-me esclarecimentos, é para mim um prazer, e um dever, responder-
lhes no limite dos meus conhecimentos. Quanto aos antagonistas que, como vós, têm convicções
firmadas, eu não faço uma tentativa para os desviar, já que encontro bastante pessoas bem
dispostas, sem perder meu tempo com as que não o são. (...) Alguns partidários a mais, ou a menos,
no momento, não pesam na balança. Por isso, não vereis jamais zangar-me para conduzir às nossas
idéias aqueles que têm tão boas razões como vós para delas se distanciarem.

Visitante – (...) Se vós não operais senão em presença de pessoas convencidas, permiti-me
dizer-vos que pregais aos convertidos.
A.K. – Uma coisa é estar convencido, outra é estar disposto a se convencer. (...) Quanto
àqueles que dizem ter o desejo sincero de se esclarecer, a melhor maneira de o provar é mostrando
perseverança.
(...) A convicção não se forma senão com o tempo, por uma contínua observação feita com um
cuidado particular. Os fenômenos espíritas diferem essencialmente daqueles que se apresentam nas
ciências exatas: eles não se produzem à vontade. É preciso compreendê-los quando ocorrem. É
vendo-os muito e por longo tempo, que se descobre uma multidão de provas que escapam ao
primeiro olhar, sobretudo, quando não se está familiarizado com as condições nas quais eles podem
se produzir, e ainda mais quando se leva um espírito de prevenção.

– Trechos do diálogo com o Cético

Visitante – Eu vos perguntaria, primeiro, que necessidade haveria de criar as palavras novas
de espírita, Espiritismo para substituir as de Espiritualismo, espiritualista, que estão na linguagem
popular e compreendida por todo o mundo? Já ouvi alguém tratar essas palavras de barbarismos.
A.K. – A palavra espiritualista, desde muito tempo, tem uma significação bem definida. É a
Academia que no-la dá: ESPIRITUALISTA é aquele ou aquela cuja doutrina é oposta ao
materialismo. Todas as religiões, necessariamente, estão baseadas no Espiritualismo. Quem crê haver
em nós outra coisa além da matéria, é espiritualista, o que não implica na crença nos Espíritos e nas
suas manifestações. Como vós o distinguiríeis daquele que o crê? Precisar-se-ia, pois, empregar uma
perífrase e dizer: é um espiritualista que crê, ou não crê, nos Espíritos. Para as coisas novas, é
preciso palavras novas, se se quer evitar equívocos. (...) Portanto, se adotei as palavras Espírita e
Espiritualismo, é porque elas exprimem, sem equívoco, as idéias relativas aos Espíritos. Todo espírita
é, necessariamente, espiritualista, sem que todos os espiritualistas sejam espíritas.
(...) Essas palavras não são, aliás, mais bárbaras que todas aquelas que as ciências, as artes e a
indústria criam cada dia. (...) Há pessoas que, por espírito de contradição, criticam tudo que não
provém delas e desejam aparentar oposição; aqueles que levantam tão miseráveis contestações
capciosas, não provam senão uma coisa: a pequenez de suas idéias. Prender-se a semelhantes
bagatelas é provar que se tem pouco de boas razões.
Espiritualismo, espiritualista, são as palavras inglesas empregadas nos Estados Unidos desde o
início das manifestações: delas se serviu, primeiro, por algum tempo, na França. Mas, desde que
apareceram as palavras espírita e Espiritismo, compreendeu-se tão bem sua utilidade, que foram
imediatamente aceitas pelo público. Hoje o uso delas é de tal modo consagrado, que os próprios
adversários, os que primeiro as apregoaram de barbarismo, não empregam outras. Os sermões e as
pastorais que fulminam contra o Espiritismo e os espíritas, não poderiam, sem confundir as idéias,
lançar anátema sobre o Espiritualismo e os espiritualistas.
Visitante – Não se provou que fora do Espiritismo poder-se-ia produzir esses mesmos
fenômenos? Pode-se concluir, daí, que eles não têm a origem que lhe atribuem os espíritas.
A.K. – Do fato de se poder imitar uma coisa, não se segue que ela não existe. Que diríeis da
lógica daquele que pretendesse que, porque se faz vinho da Champagne com água de Seltz, todo o
vinho de Champagne não é senão de água de Seltz? É privilégio de todas as coisas que têm
ressonâncias, produzir falsificações. (...) Ninguém compra um brilhante sem antes se assegurar de
que não é uma imitação. Um estudo não muito sério os teria convencido de que os fenômenos
espíritas se apresentam em outras condições e teriam sabido, além disso, que os espíritas não se
ocupam nem em fazer aparecer espectros, nem em adivinhações.
Só a malevolência e uma notável má fé puderam assemelhar o Espiritismo à magia e à
feitiçaria, uma vez que ele repudia o objetivo, as práticas, fórmulas e as palavras místicas. Há
mesmo os que não temem comparar as reuniões espíritas às assembléias do sabbat, onde se espera a
hora fatal de meia-noite para fazer aparecerem os fantasmas.
Um espírita, meu amigo, encontrava-se um dia em uma representação de Macbeth, ao lado de
um jornalista que não conhecia. Quando chegou a cena das feiticeiras, ele ouviu este último dizer ao
seu vizinho: "Olha! vamos assistir a uma sessão de Espiritismo. É justamente isso o que preciso para
meu próximo artigo. Eu vou saber como as coisas se passam. Se houvesse aqui um desses loucos eu
lhe perguntaria se ele se reconhece nesse quadro." - "Eu sou um desses loucos, disse-lhe o espírita, e
posso vos certificar que não me reconheço inteiramente, porque embora já tenha assistido a centenas
de reuniões espíritas, jamais vi nelas nada semelhante. Se é aqui onde vindes haurir informações
para vosso artigo, ele não se distinguirá pela verdade."
Muitos críticos não têm base mais séria. (...) Quanto ao Espiritismo, seu crédito, longe de
sofrer com isso, tem aumentado pela ressonância que todas essas manobras lhe deram, chamando a
atenção de uma multidão de pessoas que dele não haviam ouvido falar, provocando seu exame e
aumentando o número de adeptos, porque se reconheceu que ao invés de uma brincadeira, ele era
uma coisa séria.

– Trechos do diálogo com o Padre

O padre – Se a Igreja proíbe as comunicações com os Espíritos dos mortos é porque são
contrárias à religião, como estão formalmente condenadas pelo Evangelho e por Moisés. Este último,
pronunciando a pena de morte contra essas práticas, prova quanto elas são repreensíveis aos olhos
de Deus.
A.K. – Eu vos peço perdão, mas essa proibição não está em nenhuma parte no Evangelho; ela
está somente na lei mosaica.
(...) A proibição feita por Moisés tinha então sua razão de ser, porque o legislador hebreu
queria que seu povo rompesse com todos os costumes adquiridos entre os Egípcios, e que este, do
qual se trata aqui, era um motivo de abusos. Não se evocavam os mortos por respeito e afeição por
eles, nem com um sentimento de piedade; era um meio de adivinhação, objeto de um tráfico
vergonhoso explorado pelo charlatanismo e a superstição; portanto, Moisés teve razão em proibi-la.
Se ele pronunciou contra esse abuso uma penalidade severa, é que precisava de meios rigorosos para
governar seu povo indisciplinado; também a pena de morte está prodigalizada na sua legislação.
Apóia-se erradamente sobre a severidade do castigo para provar o grau de culpabilidade da
evocação dos mortos.
(...) Se a lei de Moisés é para a Igreja um artigo de fé sobre algum ponto, por que não o é sobre
todos? Por que a ela recorrer naquilo que tem necessidade e repeli-la no que não convém? Por que
não segui-la em todas as suas prescrições, a circuncisão, entre outras, que Jesus suportou e não
aboliu? Havia na lei mosaica duas partes: primeiro, a lei de Deus, resumida nas tábuas do Sinai, e
que permaneceu porque era divina e o Cristo não fez senão desenvolvê-la; segundo, a lei civil ou
disciplinar, apropriada aos costumes da época e que o Cristo aboliu.
Hoje, as circunstâncias não são as mesmas e a proibição de Moisés não tem mais cabimento.
Aliás, se a Igreja proíbe evocar os mortos, pode ela impedir que eles venham sem que sejam
chamados? Não se vê todos os dias pessoas que jamais se ocuparam com o Espiritismo, como se via
antes que ele fosse discutido, ter manifestações de todos os gêneros?
Outra contradição: se Moisés proibiu a evocação dos Espíritos dos mortos, é porque esses
Espíritos poderiam vir, de outro modo a proibição teria sido inútil. Se eles podiam vir naquele
tempo, podem ainda hoje; se eles são os Espíritos dos mortos, não são, pois, exclusivamente
demônios. É preciso ser lógico antes de tudo.

O padre – Aqueles que não crêem nos Espíritos e em suas manifestações, são, no dizer dos
Espíritos, menos dotados na vida futura?
A.K. – Se essa crença fosse indispensável à salvação dos homens, em que se tornariam aqueles
que, desde que o mundo existe, não a puderam ter, e aqueles que, por muito tempo ainda, morrerão
sem a ter? Deus pode lhes fechar a porta do futuro? Não; os Espíritos que nos instruem são mais
lógicos que isso e nos dizem: Deus é soberanamente justo e bom, e não faz depender a sorte futura
do homem, de condições independentes da sua vontade; eles não dizem: fora do Espiritismo não há
salvação, mas como o Cristo: fora da caridade não há salvação.

Alguns tópicos das


‘Noções Elementares do Espiritismo’

1 - É um erro crer-se que basta a certos incrédulos verem fenômenos extraordinários para estarem
convencidos. Aqueles que não admitem a alma ou o Espírito no homem, não podem admiti-lo fora do homem; por
conseguinte, negando a causa, negam o efeito. Chegam assim, quase sempre, com uma idéia preconcebida e uma
posição de negação que os desviam de uma observação séria e imparcial.
7 - Os Espíritos não são, como freqüentemente se imagina, seres à parte na criação; são as almas daqueles que
viveram sobre a Terra ou em outros mundos, despojados de seu envoltório corporal. Quem admitir a existência da
alma sobrevivendo ao corpo, admite por isso mesmo a existência dos Espíritos. Negar os Espíritos seria negar a alma.

13 - A morte do corpo livra o Espírito do envoltório que o amarrava à Terra e o fazia sofrer; uma vez liberto
desse fardo, ele não tem mais que seu corpo etéreo, que lhe permite percorrer o espaço e transpor as distâncias com a
rapidez do pensamento.

15 - Os Espíritos revestidos de corpos materiais constituem a Humanidade ou mundo corporal visível;


despojados desses corpos, eles constituem o mundo espiritual ou mundo invisível, que povoam o espaço no meio do
qual vivemos, sem disso suspeitar, como vivemos no meio do mundo dos infinitamente pequenos que não supúnhamos
antes da invenção do microscópio.

23 - O que lança no pensamento de muitas pessoas a dúvida sobre a possibilidade das comunicações de além-
túmulo, é a idéia falsa que se faz do estado da alma depois da morte. Se a figura, geralmente, como um sopro, uma
fumaça, alguma coisa vaga, apenas compreendida pelo pensamento, que se evapora e vai para não se sabe onde, mas
tão longe que mal se compreende que ela possa voltar sobre a Terra.

35 - As comunicações que se recebem dos Espíritos podem ser boas ou más, justas ou falsas, profundas ou
superficiais, segundo a natureza dos Espíritos que se manifestem. Aqueles que provam sabedoria e saber são
Espíritos que progrediram; aqueles que provam ignorância e más qualidades são Espíritos ainda atrasados, que
progredirão com o tempo.

37 - Reconhece-se a qualidade dos Espíritos pela sua linguagem; a dos Espíritos verdadeiramente bons e
superiores é sempre digna, nobre, lógica, isenta de contradições; nela transparecem a sabedoria, a benevolência, a
modéstia e a moral mais pura; ela é concisa e sem palavras inúteis. Nos Espíritos inferiores, ignorantes ou orgulhosos,
o vazio das idéias é quase sempre compensado pela abundância de palavras. Todo pensamento evidentemente falso,
toda máxima contrária à moral sadia, todo conselho ridículo, toda expressão grosseira, trivial ou simplesmente
frívola, enfim toda marca de malevolência, presunção ou arrogância, são sinais incontestáveis de inferioridade num
Espírito.

50 - O fim providencial das manifestações é de convencer os incrédulos de que tudo não termina para o
homem com a vida terrestre, e de dar aos crentes idéias mais justas sobre o futuro. Os bons Espíritos vêm nos
instruir para nossa melhoria e nosso progresso, e não para nos revelar o que não devemos ainda saber, ou aquilo que
não devemos aprender senão pelo nosso trabalho. Se bastasse interrogar os Espíritos para obter a solução de todas as
dificuldades científicas, ou para fazer descobertas ou invenções lucrativas, todo ignorante poderia tornar-se sábio
gratuitamente, e todo preguiçoso poderia se enriquecer sem trabalhar; é o que Deus não quer.

79 - A faculdade medianímica prende-se ao organismo; ela é independente das qualidades morais do médium,
e é encontrada nos mais indignos como nos mais dignos. Não ocorre o mesmo com a preferência dada ao médium
pelos bons Espíritos.

80 - Os bons Espíritos se comunicam mais ou menos voluntariamente por tal ou tal médium, segundo sua
simpatia por seu próprio Espírito. O que constitui a qualidade de um médium não é a facilidade com a qual obtém as
comunicações, mas sua aptidão de não receber senão as boas e não ser joguete de Espíritos levianos e enganadores.

89 - Certas manifestações espíritas se prestam, bastante facilmente, à imitação; mas porque elas puderam ser
exploradas, como tantos outros fenômenos, pelo malabarismo e pela prestidigitação, seria absurdo disso concluir que
elas não existem. Para aquele que estudou e que conhece as condições normais nas quais elas podem se produzir, é
fácil distinguir a imitação da realidade. A imitação, de resto, não poderia jamais ser completa e não pode enganar
senão o ignorante, incapaz de apreender as nuances características do fenômeno verdadeiro.

128 - O homem tem seu livre arbítrio ou está submetido à fatalidade?


Se a conduta do homem estivesse submetida à fatalidade, ele não teria nem
responsabilidade do mal, nem mérito do bem; desde então toda punição seria injusta e toda
recompensa sem sentido. O livre arbítrio do homem é uma conseqüência da justiça de Deus, é o
atributo que lhe dá sua dignidade e o eleva acima de todas as outras criaturas. (...) O materialismo,
que faz depender do organismo todas as faculdades morais e intelectuais, reduz o homem ao estado
de máquina, sem livre arbítrio, por conseqüência, sem responsabilidade do mal e sem o mérito do
bem que ele faz.

151 - A alma conserva as afeições que tinha sobre a Terra?


Ela conserva todas as afeições morais; não esquece senão as afeições materiais que não
são mais da sua essência. Por isso, vem com alegria rever seus parentes e seus amigos, e é feliz por
dela se lembrarem

152 - A alma conserva a lembrança do que fez sobre a Terra? Se interessa pelos trabalhos que
deixou inacabados?
Isso depende da sua elevação e da natureza dos seus trabalhos. Os Espíritos
desmaterializados pouco se preocupam com as coisas materiais, das quais são felizes de estarem
livres. Quanto aos trabalhos que começaram, segundo a sua importância e a sua utilidade, eles
inspiram, algumas vezes a outros o pensamento de terminá-los.

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