Catástrofe de Caraguatatuba-1

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Instituição

Catástrofe de Caraguatatuba

RESUMO

Em 18 de março de 1967, ocorreu em Caraguatatuba um dos maiores


desastres da história do Litoral Norte. A chuva caiu. A colina deslizou,
afastando um trecho de lama vermelha, árvores e pedregulhos, destruindo tudo
em seu caminho. Centenas de humanos e animais foram soterrados, afogados
e esmagados por troncos e pedras. A energia caiu, as comunicações caíram e
a cidade estava em estado de calamidade pública. Cidades do Brasil se
mobilizaram, enviaram equipes de resgate, alimentos e remédios, chegaram de
avião e navio e distribuíram às vítimas. Nos anos seguintes, com a ajuda do
povo caiçara, Caraguatatuba foi reconstruída, e a partir da década de 70
apresenta acelerado crescimento populacional, o que levou à ocupação do
núcleo de pescadores na década de 80, o que acabou prejudicando as famílias
caiçaras. A terra que herdaram por gerações foi gradualmente saqueada para
dar lugar a novas construções, sufocando toda a cultura. Os números
habitacionais e populacionais continuaram crescendo na década de 90,
ocupando áreas de risco como encostas de morros, levando à ocupação
desordenada da cidade. Diante do exposto, esta pesquisa visa apresentar a
história da catástrofe de Caraguatatuba por meio de uma revisão bibliográfica
de cunho qualitativo e caráter descritivo.

Palavras-chave: Chuva. Deslizamento. Litoral Norte.


ABSTRACT

On March 18, 1967, one of the biggest disasters in the history of the North
Coast took place in Caraguatatuba. The rain fell. The hill slid away, pushing
aside a patch of red mud, trees and boulders, destroying everything in its path.
Hundreds of humans and animals were buried, drowned and crushed by logs
and rocks. Power went out, communications went down, and the city was in a
state of public calamity. Cities in Brazil mobilized, sent rescue teams, food and
medicine, arrived by plane and ship and distributed to the victims. In the
following years, with the help of the brave caiçara people, Caraguatatuba has
been rebuilt, and from the 70's onwards it has experienced accelerated
population growth, which led to the occupation of the fishermen's nucleus in the
80's, which ended up harming the caiçara families . The land they had inherited
for generations was gradually plundered to make way for new construction,
stifling all culture. Housing and population numbers continued to grow in the
90s, occupying risk areas such as hillsides, leading to disorderly occupation of
the city. Given the above, this research aims to present the history of the
Caraguatatuba catastrophe through a qualitative and descriptive bibliographical
review.

Keywords: Rain. Slipping. North Coast.


INTRODUÇÃO

Caraguatatuba pode ser considerada uma das cidades mais bonitas de


todo o litoral brasileiro graças às suas belezas naturais. Os primeiros sinais de
povoamento apareceram a partir de 1534, quando o rei Dom João III de
Portugal dividiu o Brasil em 15 capitanias hereditárias e as entregou em regime
hereditário a nobres, soldados e navegadores associados à corte. O objetivo do
reino português era facilitar a administração e acelerar a colonização das terras
brasileiras recém-ocupadas.
Foi então criada a Capitania de Santo Amaro, que se estendia desde a
foz do rio Juqueriquerê em Caraguatatuba até Bertioga. Esta parte do terreno
foi cedida ao navegador Pero Lopes de Sousa, importante fidalgo português da
época.
Mas Caraguatatuba só surgiu no século XVII graças à concessão das
Sesmarias - instituto jurídico criado pelo Império português para distribuir terras
a particulares para produção de alimentos. No início do século XVII, o capitão
general Gaspar Conqueiro cedeu a Miguel Gonçalves Borba e Domingos Jorge
um terreno localizado na bacia do rio Juqueriquerê.
Foi nessa época que a cidade começou a nascer em 1664-1665 que
surgiram os sinais de povoamento, com a construção das primeiras
edificações, como a igrejinha de Santo Antônio, padroeiro da cidade de
Caraguatatuba.
Caraguatatuba conquistou a emancipação política e administrativa em
20 de abril de 1857. O desenvolvimento da cidade veio apenas com a chegada
de famílias estrangeiras que se instalaram na Fazenda dos Ingleses. A
propriedade foi criada em 1927 e trouxe benefícios na forma de crescimento
populacional, formação de trabalhadores rurais e artesãos, estabelecimento de
comércio e aumento significativo da renda municipal.
O progressismo da Freguesia de Santo Antônio de Caraguatatuba
obrigou o governo do estado de São Paulo a reconhecê-la como Estância
Balneária em 30 de novembro de 1947. Sua comarca foi instalada alguns anos
depois, mais precisamente em 26 de setembro de 1965.
Os habitantes da cidade superaram a catástrofe de 1967, reconstruíram
a cidade e fizeram dela um centro de desenvolvimento. Caraguá possui uma
boa infraestrutura composta por shopping centers, supermercados e lojas.
Hoje, a cidade é o centro comercial mais importante do litoral norte.
Diante do exposto, esta pesquisa visa apresentar a história da catástrofe
de Caraguatatuba.
DESENVOLVIMENTO

Todos os registros que mencionam os índios Gueromimi desde o século


XVI referem-se a eles por nomes diferentes. Por exemplo, temos: Maromomis,
Miramumis e Guaromomis.
Os Gueromimi, pertencentes ao grupo Tapuia, migraram para várias
regiões em busca de áreas de vida mais seguras para escapar da condenação
dos colonos e outros grupos guerreiros. Dentre as áreas de refúgio, uma se
destaca por suas condições extremamente favoráveis: o Litoral Norte.
No século 16, esses índios passaram a dominar a região de
Caraguatatuba para escapar das invasões brancas. Nesta área concentra-se o
maior número de aldeias Gueromimi. Desde então, a área é conhecida como
"Enseada dos Gueromimis".
No início do século XVII, os primeiros sesmeiros começaram a adquirir
terras na região de Caraguatatuba.
Provavelmente no final do século XVII, os Gueromimis haviam se
tornado desabitados nas terras de Caraguatatuba, pois não há registros
conhecidos desses povos primitivos desse período.
No século XVI, Tupinambá já era originalmente habitada no território da
baía de Caraguatatuba. Nessa época, o local se tornaria um terreno fértil para
Caraguatás.
A bromélia, de cuja fibra os missionários faziam as sandálias, deu
origem ao nome "Caraguá", uma variação de "caraguatá" e "tuba" em grande
número. O município de Caraguatatuba continua sendo uma rica área de
Caraguatás, facilmente encontrada no meio da mata, sobrevivendo no
alagamento.
Caraguatatuba foi habitada no início do século XVII, atravessando as
Sesmarias. Em 1609, a primeira de que se tem notícia localizava-se na bacia
do rio Juqueriquerê e foi doada aos ex-santos, Miguel Gonçalves Borba e
Domingos Jorge. A partir desse dia começou a surgir o primeiro povoado,
Santo Antônio de Caraguatatuba.
Em 1664/1665, Caraguatatuba foi fundada por Manuel de Faria Dória,
provavelmente Capitão-Mor da Capitania de Itanhaém. Em 1693, um violento
surto de varíola matou parte da população da vila, deixando o restante para as
cidades de Ubatuba e São Sebastião, daí o nome "Aldeia Desolada". Devido à
epidemia da cidade, a pequena vila está deserta, exceto pela Igreja de Oração
de San Antonio. Décadas depois, a Vila de Caraguatatuba foi repovoada.
Em 27 de setembro de 1770, Santo Antônio de Caraguatatuba foi
elevado à categoria de vila sem emancipação político-administrativa. Em 1847,
Caraguatatuba foi elevada à categoria de "freguesia" e novamente em 1857 à
categoria de vila, no dia em que sua administração política foi emancipada e
deixou de pertencer ao município de São Sebastião. Foi reconhecida em 1947
como balneário. No início do século XX, a maioria dos habitantes da cidade
vivia no campo, espalhados em grupos entre pescadores ao longo das praias.
Em 1910, o povoado de Caraguatatuba tinha 3.562 habitantes, enquanto
em 1927 tinha apenas uma praça e algumas ruas. O ano de 1927 marcou o
início das atividades da Fazenda São Sebastião, posteriormente conhecida
como "Fazenda dos Ingleses".
Desde a sua criação, a Fazenda dos Ingleses se dedica ao cultivo de
bananas e frutas cítricas exclusivamente para exportação para o Reino Unido.
A malha ferroviária interna com 120 km de extensão e 40 ramais é essencial
para a implantação de projetos agrícolas.
Todos os produtos são entregues em uma marina particular no Bairro
Porto Novo, de onde são transportados até o Canal de São Sebastião em
frente a Ilhabela, com uma frota de sete navios e rebocadores que transportam
20 barcaças com capacidade para 55 toneladas. Cada um é propriedade da
empresa Fomento Mercantil. No canal, navios da Blue Star Line aguardam
barcaças para transferir a carga e transportá-la para um porto na Inglaterra.
Suas atividades terminaram em 1967 com uma catástrofe (tromba
d'água) que destruiu partes da cidade. A fazenda foi posteriormente vendida
para Serveng Civilsan. A Fazenda Serramar, antiga Fazenda dos Ingleses,
começou especializada na pecuária.
À medida que a população crescia, novos bairros e estradas
continuavam a aparecer. Em 1938, teve início a ligação rodoviária entre o Vale
do Paraíba e o Litoral Norte. Neste dia é inaugurado o trecho entre São
Sebastião e Caraguatatuba.
Em 1939, foi aberta ao tráfego a estrada que ligava Paraibuna a
Caraguatatuba e, em 1955, a estrada que ligava Caraguatatuba a Ubatuba. Na
década de 50, o número de turistas aumentou e o turismo na região começou a
se desenvolver (PRADO, [s/d]).
Há 50 anos, no sábado, dia 18 de março de 1967, a cidade de
Caraguatatuba foi atingida por uma tromba d'água. Chuvas fortes caíram por
vários dias, provocando deslizamentos de terra. Pedras, terra, lama, árvores
descem da encosta em direção à cidade. As ruas do centro da cidade viraram
rios de lama. A água arrastou tudo em seu caminho: casas enterradas, animais
mortos, incluindo cavalos, vacas, cachorros, galinhas... e pessoas. Várias
pontes que ligavam a cidade às cidades vizinhas foram arrastadas pela água
que descia a encosta.
A ponte sobre o rio San Antonio é a principal ponte da cidade, movendo-
se e permanecendo na margem do rio, interrompendo o tráfego de carros e
pedestres. A Santa Casa foi atingida pela lama. O estádio XV foi destruído por
pedras e terra que caíram do Monte Jacu. Perto de Benfica, inúmeras casas
foram soterradas. No campo, quase nada resta. A cidade não tem água, nem
eletricidade, nem telefone, nem estradas, nem comida. O mar em frente à
cidade se transformou em um mar de lama e troncos.
Centenas de pessoas perderam suas vidas. O número oficial é de 400,
mas o número de mortos é muito maior, cerca de 2.000. As vítimas socorridas
pelos moradores foram alojadas na sede da prefeitura, localizada na praça
Cândido Mota. Os desabrigados foram alojados em igrejas, XV clubes, escolas,
e foram acolhidos por moradores cujas casas não foram afetadas pelas
enchentes. Os cidadãos ficaram isolados. A maioria dos moradores evitava sair
de casa porque não podia e os riscos eram muito grandes. O mundo inteiro não
sabia o que aconteceu com Caragua. Até que, o radioamador Seu Thomaz
Camanes Filho conseguiu contato com outros radioamadores e comunicou a
tragédia ocorrida na cidade. Muitas horas depois, cerca de 12 a 15, as
autoridades de São Paulo e do Rio de Janeiro souberam o que havia
acontecido nas cidades. Helicópteros começam a sobrevoar a cidade. O
exército chegou. A marinha entrega água, remédios e médicos em seus navios.
Três dias depois, números não oficiais revelaram a dimensão da tragédia:
30.000 árvores caíram das encostas em direção à cidade; 400 casas
desapareceram na lama e 3.000 pessoas perderam suas casas. Caraguá tinha
15.000 habitantes na época.
As chuvas que atingiram a cidade em dois dias (17 e 18 de março)
atingiram um índice pluviométrico de 580 mm. Naquela época, a precipitação
média anual no Brasil estava entre 1000 e 1200 milímetros. Em outras
palavras, Caraguá recebeu seis meses de chuva em apenas dois dias.
Segundo Casagrande, um dos maiores especialistas mundiais em
mecânica dos solos e fundações, que na época atendeu Estados Unidos, Índia
e Suíça, a tragédia foi considerada a pior já registrada no país. Poucos dias
depois da bica, ele foi convidado pelo governo do estado para visitar a cidade,
acompanhado dos engenheiros Joob Shuji Negami (DER), Darcy de Almeida
(CESP) e Lincon Queiroz, Otto Kech, e do geólogo Francisco Nazário.
Segundo ele, não foi um terremoto, como alguns moradores imaginavam, mas
uma chuva inusitada que, em uma área de cerca de 200 quilômetros
quadrados na Serra do Falésias, dificultou o escoamento da água que
encharcou os morros em março. Segundo os cientistas, esta é de longe a pior
tragédia natural do Brasil.
Caraguá ficou esquecido por muitos anos. Muitos habitantes
abandonaram a cidade, sem acreditar que ela se ergueria novamente. Muitas
pessoas perderam tudo o que tinham. Muitos moradores se aproveitaram da
desgraça alheia para enriquecer. A força e a etnia de seu povo são os alicerces
sobre os quais a cidade foi se reconstruindo aos poucos e se transformando no
que é hoje: um polo comercial, educacional e cultural do Litoral Norte. Foi uma
semana difícil, com chuva forte e muitas pessoas desabrigadas.
A figura a seguir apresenta o deslizamento da serra que quase soterrou
Caraguatatuba.
Figura 1: Deslizamento da serra de Caraguatatuba
METODOLOGIA

A metodologia deste estudo é uma revisão bibliográfica, inserida


prioritariamente no meio acadêmico, visando o avanço e atualização do
conhecimento por meio da investigação científica de trabalhos publicados. Para
Andrade (2010), a revisão bibliográfica é uma habilidade essencial para a
graduação, pois constitui a primeira etapa de qualquer atividade acadêmica.
Segundo Silva & Menezes (2000), trata-se de um estudo descritivo que
visa descrever o estabelecimento de relações entre características ou variáveis
de populações ou fenômenos específicos. Isso inclui o uso de técnicas
padronizadas de coleta de dados: questionários e observações sistemáticas.
Segundo Silva & Menezes (2000), finalmente é classificado como
qualitativo dado que existe uma relação dinâmica entre o mundo real e o
sujeito, ou seja, a relação entre o mundo real e o mundo real.ligação entre eles.
O mundo e o sujeito, a objetividade e a subjetividade do sujeito que não podem
ser convertidas em números. A interpretação dos fenômenos e a atribuição de
significados são fundamentais para os processos qualitativos. Não há
necessidade de usar métodos e técnicas estatísticas.
CONCLUSÃO

Há 50 anos, no sábado, dia 18 de março de 1967, a cidade de


Caraguatatuba foi atingida por uma tromba d'água. A chuva persistente que
caiu sobre a cidade por vários dias causou deslizamentos de terra. Pedras,
lama, terra, árvores desciam as encostas da montanha em direção à cidade. As
ruas do centro se transformaram em rios de lama.
A Santa Casa foi atingida pela lama. Estádio XV, destruído por pedras e
lama que caíram do Morro do Jacu. Inúmeras casas foram soterradas no
distrito de Benfica. Resta pouco na aldeia. A cidade ficou sem água, sem
eletricidade, sem telefone, sem estradas e sem comida. O mar em frente à
cidade se transformou em um mar de lama e troncos.
Centenas de pessoas perderam suas vidas. O número oficial era de 400,
mas muitos mais morreram, algo em torno de 2.000. As vítimas salvas pelos
moradores foram colocadas na Câmara Municipal, localizada na Praça Cândido
Mota. Os moradores de rua foram acolhidos na igreja, no clube XV, em escolas
e acolhidos por moradores cujas casas não foram atingidas pela água.
Foi difícil recomeçar. Muitas pessoas deixaram a cidade, sem acreditar
que ela pudesse renascer. A força e a raça de seus habitantes foram
fundamentais para a gradual reconstrução e transformação da cidade no que
ela é hoje: o centro comercial, educacional e cultural do Litoral Norte.
REFERÊNCIAS

PRADO, L. T. SANTO ANTÔNIO DE CARAGUATATUBA – MEMÓRIAS E


TRADIÇÃO DE UM POVO. MACC – MUSEU DE ARTE E CULTURA DE
CARAGUATATUBA ARQUIVO PÚBLICO DO MUNICÍPIO DE
CARAGUATATUBA “ARINO SANT´ANA DE BARROS.

SILVA, V. B. A catástrofe de Caraguatatuba-SP. O discurso da imprensa


paulistana versus o discurso dos sobreviventes. Biografia, Ciências Humanas E
Sociais, Costumos E Tradição, Desastres & Socorro, Editores, Jornalistas,
Editores. 2015.

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