1 - Teoria Dos Conjuntos e Princípios de Contagem

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DESCRIÇÃO

Apresentação da Teoria dos Conjuntos como uma linguagem essencial para a descrição
de temas matemáticos, e os principais métodos e estratégias combinatórias de
contagem.

PROPÓSITO
Apresentar os conceitos básicos envolvendo conjuntos e a sua importância para a
adequada compreensão de qualquer literatura matemática.

PREPARAÇÃO
Antes de iniciar este conteúdo, tenha em mãos papel, caneta e uma calculadora
científica, ou use a calculadora de seu smartphone/computador.

OBJETIVOS

MÓDULO 1

Reconhecer a linguagem da Teoria dos Conjuntos


MÓDULO 2

Reconhecer os Princípios de Contagem

MÓDULO 3

Identificar os principais agrupamentos combinatórios

A linguagem dos conjuntos e as técnicas de contagem


MÓDULO 1

 Reconhecer a linguagem da Teoria dos Conjuntos

A linguagem dos conjuntos

REPRESENTAÇÃO DE CONJUNTOS
O conceito intuitivo de conjunto é estabelecido desde que somos ainda muito crianças:
O conjunto dos meus brinquedos, o conjunto das pessoas de minha família, o conjunto
de meus amigos de turma, e assim por diante.

Naturalmente, na medida em que amadurecemos, travamos contato com conjuntos mais


abstratos, aí incluídos os conjuntos numéricos e, além disso, conjuntos finitos e infinitos.

Assim, temos:

• O conjunto dos números pares positivos.

• O conjunto de todos os pontos de uma circunferência.

• O conjunto dos pontos do gráfico de uma reta cuja equação é y = x + 1 .

O importante, de fato, é estabelecermos uma escrita mais formal e adequada para


descrever conjuntos, sejam tais conjuntos finitos ou infinitos.

REPRESENTAÇÃO EXPLÍCITA DE CONJUNTOS

Uma das formas usuais de descrever um conjunto é, simplesmente, enumerando seus


objetos entre um par de chaves, separando-os por vírgulas ou, preferencialmente, por
ponto e vírgula – para evitar que nosso separador decimal — a vírgula — cause
ambiguidades.

A = { 1, 2, 3, 4 }
Observe que, usando o separador vírgula, não podemos distinguir se os objetos do
conjunto são os inteiros de 1 a 4 ou os dois números decimais 1,2 e 3,4, por exemplo.
Por essa razão, em português, sempre que houver possibilidade de dúvida, preferimos
utilizar o separador ponto e vírgula.

B = { 1; 3; 9; 7; 5 }
Conjunto cujos elementos (objetos) que o compõem são os números ímpares entre 0 e
10.

Note que em um conjunto não existe o conceito de ordem. Fazendo uma analogia:
Tudo se passa como se tivéssemos os objetos de um conjunto em uma caixa e os
listássemos em qualquer ordem, entre o par de chaves. Mas sempre que fizer sentido
listá-los em ordem crescente ou decrescente (quando seus objetos são números, por
exemplo), facilitará a percepção de seus elementos, caso haja alguma lei de formação
que os descreva.

C = { 1,7; 1,3; 1,5; 1,1; 1,9 }


Os valores dos 5 primeiros termos de uma progressão aritmética de razão 0,2 e menor
termo igual a 1,1.

D= { 1; 4; 9; 16; 25; 36; ... }


Observe que a descrição desse conjunto sugere que desejamos descrever uma
infinidade de elementos: Os tais três pontinhos, ao final, sugerem que estamos
interessados nos quadrados de todos os números inteiros.

Convém ressaltar que essa forma de representar conjuntos infinitos só é indicada


quando a lei de formação de seus elementos é natural, simples e não uma charada,
como o exemplo a seguir:

E = { 4; 13; 34; 73; 136; .... }


Nesse caso, há infinitas lei de formação possíveis, uma das quais é n3 + 2n + 1 , com
n percorrendo os inteiros 1, 2, 3, .... não sendo essa notação adequada. Adiante,
analisaremos a chamada notação implícita para conjuntos, certamente mais adequada
para situações dessa natureza.

SÍMBOLO DE PERTINÊNCIA

Quando um objeto x é um dos elementos de um conjunto P , dizemos que x pertence a


P e usamos o símbolo de pertinência, representado pela letra grega épsilon, estilizada: “
∈ ”. Assim: x ∈ P .

Caso x não seja um dos objetos do conjunto P , dizemos que x não pertence a P e
escrevemos: x ∉ P .
 EXEMPLO

Perceba, em cada item, que cada pertinência indicada é, como assinalado, uma
assertiva verdadeira (V) ou falsa (F).

12 ∈ { 4; 5; 10; 12; 18 } (V)

5 ∉ { 4; 5; 10; 12; 18 } (F)

7 ∉ { 4; 5; 10; 12; 18} (V)

√16 ∉ { 4; 5; 10; 12; 18} (F)

 EXEMPLO

Observe que conjuntos podem, por sua vez, serem também objetos de conjuntos. Uma
analogia curiosa, porém, extremamente útil, é imaginar uma sacola de compras, em que
o objeto nela colocado diretamente é entendido como um de seus elementos.

Assim, se colocarmos uma caixa de ovos (contendo 10 ovos) na sacola de compras, é a


caixa de ovos que pertence à sacola, pois, na verdade, cada ovo é um objeto da caixa
de ovos, e não da sacola.

Por exemplo, se A é o conjunto { 1; 2; {3, 4}; 5; 6 }, perceba que todas as relações de


pertinência indicadas a seguir são assertivas verdadeiras.

1 ∈ { 1; 2; {3, 4}; 5; 6 }

3 ∉ { 1; 2; {3, 4}; 5; 6 }

{3; 4} ∈ { 1; 2; {3, 4}; 5; 6 }


7 ∉ { 1; 2; {3, 4}; 5; 6 }

{1; 2} ∉ { 1; 2; {3, 4}; 5; 6 }

{1} ∉ { 1; 2; {3, 4}; 5; 6 }

{1; 3} ∉ { 1; 2; {3, 4}; 5; 6 }

{{1; 3}} ∉ { 1; 2; {3, 4}; 5; 6 }

REPRESENTAÇÃO IMPLÍCITA DE CONJUNTOS

A chamada notação implícita de conjuntos utiliza outra estratégia para se referir a seus
elementos: exige que seja explicitada uma propriedade (chamada, na lógica, de
sentença aberta) que descreva os objetos nos quais temos interesse. A forma usual é a
que se segue, embora sejam utilizadas algumas variantes semelhantes:

A ={x | p(x)}

que lemos, assim:

O conjunto dos objetos x tais que p(x) se torna uma proposição verdadeira.

Ou seja, serão exatamente e apenas os objetos do conjunto que tornarem a expressão


p(x) uma proposição verdadeira.

1. F ={x∣
∣x
2
= 9}

RESOLUÇÃO
Ora, os valores cujo quadrado igualam 9 são exatamente 3 e -3, e apenas eles. Na
verdade, é fácil perceber isso algebricamente. Veja:

x
2 2
= 9 ⇔ x – 9 = 0 ⇔ (x– 3)(x + 3) = 0 [um produto notável].
Mas o produto de dois números só vale zero, exatamente quando um deles é nulo, ou
seja:

(x– 3)(x + 3) = 0 ⇔ x − 3 = 0 ou x + 3 = 0 ⇔ x = 3 ou x = −3

2. G = {x|x É INTEIRO E x2 < 9}

RESOLUÇÃO
Como estamos restringindo x a ser, explicitamente, um número inteiro (a primeira das
duas condições), é usual declararmos tal restrição escrevendo essa limitação antes do
sinal da barra vertical. Usando, como usual, a letra Z para indicar o conjunto dos
números inteiros (incluindo os negativos), podemos escrever:

{x ∈ Z ∣
∣x
2
< 9} ,

Que lemos: “O conjunto dos valores de x pertencentes a Z tais que x2 < 9 ”.

RELAÇÃO DE INCLUSÃO ENTRE CONJUNTOS

A representação pictórica (geométrica) de um conjunto, através de alguma figura


simples, é extremamente útil.
Veja: Se X = { 1; 2; 3; 4; 5 }, a Figura 1 sugere que seu contorno delimita a
representação de seus elementos, exibidos, por sua vez, como pontos:
 Figura 1

A figura a seguir, com o diagrama de Y contido no diagrama de X, sugere que todo


elemento de Y é, também, um elemento de X.

 Figura 2
Essa situação é matematicamente representada pela relação de inclusão entre dois
conjuntos, em que dizemos que “X está contido em Y” ou que “Y contém X”.

Representamos situações de inclusão com os sinais usuais: “⊂“ e “⊃“, assim:

X ⊂ Y ou Y ⊃ X ,

que se lê: “X está contido em Y” ou “X é parte de Y”, no primeiro caso e, “Y contém X”,
no segundo caso.

Note que a afirmação “todo elemento de Y é, também, um elemento de X” é válida


quando os dois conjuntos X e Y são iguais, ou seja, possuem os mesmos elementos.
Assim, para qualquer conjunto X, são válidas as relações X ⊂ X eX ⊃ X .
Naturalmente, como usual na matemática, uma barra “/ ” em um sinal que relaciona
objetos nega o referido relacionamento. Veja alguns sinais e suas negações:

EXEMPLO 01
EXEMPLO 02
EXEMPLO 03
EXEMPLO 04
EXEMPLO 05

IGUALDADE E DE DESIGUALDADE:

a = b ea ≠ b .

PARALELISMO E NÃO PARALELISMO:

r ∥ s er ∦ s .
PERTINÊNCIA E NÃO PERTINÊNCIA:

x ∈ X ex ∉ X .

INCLUSÃO E NÃO INCLUSÃO:

X ⊂ Y eX ⊄ Y .

CONTINÊNCIA (DO VERBO CONTER) E NÃO


CONTINÊNCIA:

Y ⊃ X eY ⊅ X .

 EXEMPLO

Analisando as relações apresentadas, verdadeiras, verifique cuidadosamente a


justificativa apontada:

{ 1 ; 5 } ⊂ { 1 ; 2; 5; 6 }.
Porque todo elemento do conjunto { 1; 5 } – os números 1 e 5 são, também,
elementos do conjunto { 1 ; 2; 5; 6 }.

{ 1 } ⊂ { 0; 1; 6 }.
Porque o único elemento do conjunto { 1 }, que é o número 1 é, ele também, um
elemento do conjunto { 0; 1; 6 }.

{ 1; 3 } ⊄ { 1 ; 2; {3, 4}; 5; 6 }.
Embora o número 1, elemento do conjunto { 1; 3 }, seja também objeto do conjunto
{ 1 ; 2; {3, 4}; 5; 6 }, o número 3, o outro elemento do conjunto { 1; 3 } não é
elemento do conjunto
{ 1 ; 2; {3, 4}; 5; 6 }.

O CONJUNTO VAZIO

É extremamente útil para a Teoria dos Conjuntos, como veremos adiante, imaginar um
conjunto sem elementos, o conjunto vazio.

Designamos tal conjunto pela letra “O” cortada, assim: ∅. Ou, alternativamente, { }.

Veja que na analogia entre um conjunto e uma sacola de compras do supermercado, a


sacola, sem nenhuma compra, representaria o conjunto vazio. É também útil considerar
que o conjunto vazio ∅ é subconjunto de qualquer conjunto X, ou seja, ∅ ⊂ X .

Embora a justificativa formal para essa relação seja pouco natural, podemos
argumentar, intuitivamente, que, como não há elementos no conjunto ∅, é razoável
supor que a afirmativa: todo elemento de ∅ é também um elemento de X, não é
contrariada... Portanto, é lícito admitir que, para qualquer conjunto X, ∅ ⊂ X .
INTERVALOS NA RETA NUMÉRICA E
VALOR ABSOLUTO
No estudo de conjuntos, dedicamos importância especial aos conjuntos numéricos,
entre os quais os conjuntos básicos que se seguem:

CONJUNTO DOS NÚMEROS NATURAIS


Tipicamente, os números naturais, representados por N, são os números utilizados na
contagem, isto é,
N = { 1; 2; 3; ... };

É importante ressaltar que alguns autores incluem o zero como número natural, mas
outros, preferem omiti-lo.

CONJUNTO DOS NÚMEROS INTEIROS


Esse conjunto, designado tipicamente pela letra Z, inclui os números naturais, o zero e
o simétrico dos números naturais. Ou seja, Z = { 0; -1; 1; -2; 2; -3; 3; ... }.

CONJUNTO DOS NÚMEROS RACIONAIS


Esse conjunto, designado pela letra Q (que lembra a palavra quociente), se refere aos
números que podem ser obtidos pelo quociente de números inteiros. Incluem,
naturalmente, os números próprios inteiros, os números decimais exatos, tipo 0,37 e
-3,78, por exemplo; e, também, os números cuja parte decimal formam dízimas
periódicas.

CONJUNTO DOS NÚMEROS REAIS


A totalidade dos números reais é designada, como usual, pela letra R

Além desses conjuntos, há uma família de conjuntos extremamente úteis, chamados de


intervalos, que são objeto de nosso estudo a seguir.
A RETA REAL E OS INTERVALOS

Representamos os números reais, usualmente, em uma reta-eixo. Está implícito nessa


representação o seguinte fato:

“CADA PONTO DA RETA-EIXO ESTÁ ASSOCIADO


A UM ÚNICO NÚMERO REAL E VICE-VERSA, A
CADA NÚMERO REAL ESTÁ ASSOCIADO UM
ÚNICO PONTO DA RETA-EIXO”.

 Figura 3

Como decorrência da “continuidade” dos números na reta-eixo, parece interessante


imaginar um conjunto de números cuja representação geométrica seja um segmento de
reta ou uma semirreta, com os valores das extremidades sendo ou não incluídos no
conjunto desejado.

Tais conjuntos são exatamente os chamados intervalos, cujas convenções utilizadas nas
representações gráficas e textuais relativas à inclusão ou não das extremidades estão
descritas a seguir:

Inclui Representação no
Nomenclatura Na notação escrita
extremidade? gráfico

Intervalo fechado
Sim Círculo cheio Colchetes
nessa extremidade
Inclui Representação no
Nomenclatura Na notação escrita
extremidade? gráfico

Círculo Parênteses ou
Intervalo aberto
Não vazado ou colchetes
nessa extremidade
seta invertidos

 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal

 Tabela - Representação de intervalos.


Elaborada por Carlos Eddy Esaguy Nehab.

A tabela a seguir ilustra diversas situações:

Representação
Representação Implícita Representação Gráfic
como intervalo

(a; b) ou
{x ∈ R|a < x < b}
]a; b[

[a; b) ou
{x ∈ R|a ≤ x < b}
[a; b[

[a; +∞)

{x ∈ R|x ≥ a} ou
[a; +∞[
Representação
Representação Implícita Representação Gráfic
como intervalo

(−∞; b)

{x ∈ R|x < b} ou
]−∞; b[

 Tabela - Representação de intervalos.


Elaborada por Carlos Eddy Esaguy Nehab.

 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal

VALOR ABSOLUTO

A criação do conceito de reta-eixo, genial, permite que associemos representações


algébricas a representações geométricas, de maneira imediata.

Analisando a figura adiante, percebemos que a distância entre pontos associados a dois
números na reta real pode ser calculada subtraindo-se o menor do maior.

 Figura 4

Ou seja, a distância entre os pontos A e B vale b– a. De forma análoga, podemos


calcular as distâncias entre:
AEO

a – o = 1– 0 = 1


CED

c – d = (−1)– (−2) = 1


CEA

a – c = 1– (−1) = 2

Entretanto, como calcular, algebricamente, a distância de um número real (na verdade, o


ponto associado) e a origem?

Essa distância é chamada de módulo do número x, e é representada por |x|. Claro que
|x| tem que ser um valor positivo, por ser uma distância. Então, para evitar a situação
de número negativo nas diferenças x − 0 ou 0 − x, podemos usar duas possíveis
expressões algébricas que tornam as diferenças (seja x ou -x) sempre positivas:

∣x ∣ = √ x 2
∣ ∣

ou
|x| = x

se

x ≥ 0

|x| = −x

se

x < 0

 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

Experimente atribuir valores positivos e negativos a x e calcule o resultado obtido pelas


expressões indicadas.

 EXEMPLO

Determine o conjunto-solução das expressões indicadas:

|x– 1| = 3

Ora, note que a expressão modular |x– 1| corresponde a distância, na reta real,
entre x e 1. Então, a nova pergunta é: Quais dos pontos do eixo distam 3 unidades
de 1? Ora, à direita de 1, é o valor 1 + 3 = 4; e à esquerda de 1 é o valor 1 – 3 =
-2. Então, o conjunto-solução dessa desigualdade é S = { 4; -2 }. Desenhe a reta
real (Figura 3) para visualizar essa discussão.

|2x– 4| < 3

Inicialmente, convém dividir toda expressão por 2; obtemos |x– 2| < 3/2

Agora, a pergunta geométrica é: Quais xises distam de 2 menos do que 3/2?


Naturalmente, os xises de interesse estão 3/2 à direita e à esquerda de 2, no
máximo. Ou seja, entre 2 – 3/2 e 2 + 3/2, isto é, valores de x tais que
0, 5 < x < 3, 5 . Analise a discussão na reta real. Nesse caso, a resposta pode
ser fornecida sob a forma de intervalo: S = ] 0,5; 3,5 [.

OPERAÇÕES ENTRE CONJUNTOS

Operação entre objetos matemáticos não são novidade: por exemplo, operações de
adição e multiplicação de números reais; adição de vetores, composta de funções, e
assim por diante. Para estudar as operações entre conjuntos é útil representá-los
graficamente, utilizando os chamados Diagramas de Venn.

DIAGRAMAS DE VENN

Uma particular discussão envolvendo conjuntos está, em geral, restrita a certa categoria
de objetos, em um certo universo de discussão. Tal conjunto de objetos é chamado,
apropriadamente de conjunto Universo (U) e, nesses casos, todos os conjuntos em
discussão são, naturalmente, subconjuntos de U.
Quando resolvemos uma equação, estamos sempre com algum conjunto universo em
mente: o conjunto dos números naturais; dos números racionais etc. Ou seja, nada fora
do universo de discussão tem interesse naquele momento. Assim, se você encontrar,
algebricamente, uma raiz igual a -4, para uma equação, mas o universo da discussão for
o conjunto dos números naturais, tal raiz deve ser descartada. Ela é chamada de raiz
estranha ao universo.

Então, quando desenhamos diagramas para conjuntos, no contexto de um conjunto


universo U, todos os conjuntos em discussão são, naturalmente, subconjuntos do
universo escolhido.

Na Figura 5, os conjuntos X e Y são restritos ao conjunto universo U escolhido e, então,


seus diagramas estão contidos no diagrama de U.

X = { a; b; c; d; e; f; g } e
Y = { e; f; g; h; i; j; k},

O universo U de discussão é constituído pelas letras do alfabeto de a até p.

 Figura 5

Note que as Figuras 6 e 7 indicam duas situações interessantes:


 Figuras 6 e 7

A Figura 6 sugere, em verde, os objetos que pertencem simultaneamente a X e Y.


Esse novo conjunto, associado a esses objetos, é chamado de conjunto interseção de
X e Y, e o representamos por X ∩ Y .

A Figura 7, entretanto, destaca em verde a totalidade dos objetos que pertencem a pelo
menos um dos conjuntos X ou Y, podendo, eventualmente, pertencer a ambos. O
conjunto constituído por tais objetos é designado por união de X e Y e é representado
por X ∪ Y .

As Figuras 8 e 9 sugerem, em verde, respectivamente, o conjunto dos objetos que


pertencem a X, mas que, entretanto, não pertencem a Y, e o conjunto dos objetos
que pertencem a Y, mas que não pertencem a X.

Como essa situação lembra o ato de retirar (no sentido de subtrair) de um dos
conjuntos os objetos do outro, chamamos essa operação de diferença entre os
conjuntos e, no exemplo, as representamos, respectivamente por X– Y (e Y − X ).

 Figuras 8 e 9

Finalmente, é útil referenciar os objetos que não estão em dado conjunto, ou seja,
objetos que estão fora do conjunto X (ou de Y) – mas, é claro, pertencem ao conjunto
universo. Ora, essas situações, descritas nas Figuras 10 e 11, nada mais representam
que as diferenças U – X e U – Y .

Dada a importância dessas situações – determinar o que falta para um conjunto


completar o conjunto universo, utilizamos uma nomenclatura adicional: Dizemos que, se
Z é um conjunto, U – Z é o complementar de Z (claro, com relação ao conjunto
universo), e escrevemos simplesmente Z’ (Z linha).

 Figuras 10 e 11

OPERAÇÕES USUAIS ENTRE CONJUNTOS

A análise do Diagrama de Venn permite explicitar operações entre conjuntos mais


formalmente. Assim, se A e B são conjuntos restritos ao universo U, temos:

A ∩ B = {x ∈ ∪|x ∈ A ex ∈ B}

A ∪ B = {x ∈ U |x ∈ A ou x ∈ B}

A − B = {x ∈ U |x ∈ A ex ∉ B}

A’ ={x ∈ U |x ∉ A}

EXEMPLO
Determine, para cada um dos pares de conjuntos A e B indicados, os conjuntos união,
interseção e as diferenças entre ambos:

A = { 1; 2; 3; -1; -5} e B = { -3; -2; 1; 3 }.

A =] – 1; 3 ] e B = ] −∞; 1 [.

SOLUÇÃO (IMEDIATA)
a) A ∩ B = { 1; 3 }
A ∪ B = { 1; 2; 3; -1; - 5; -3, -2 }
A − B = { 2; -1; -5 }
B − A = { -3; -2 }

b) A Figura 12 ilustra a solução:

A ∩ B = [−1; 1[

A ∪ B =] − ∞; 3[

A − B = [1; 3[ e
B − A =] − 1; 1[

 Figura 12
MÃO NA MASSA

TEORIA NA PRÁTICA
Resolver um sistema de equações/inequações é, conceitualmente, encontrar as
soluções comuns a todas as equações/inequações que compõem o sistema. Então,
resolver um sistema é determinar a interseção dos conjuntos solução de cada uma das
equações. Assim, iremos resolver o sistema indicado.
2
x − 1 > 4
{
|2x − 7| ≤ 2

RESOLUÇÃO
VERIFICANDO O APRENDIZADO

MÓDULO 2

 Reconhecer os Princípios de Contagem

Princípios de Contagem
INTRODUÇÃO

Neste módulo iniciaremos o importante tópico Princípios de Contagem, onde


analisaremos, inicialmente três princípios fundamentais, que nos possibilitarão criar
estratégias essenciais à solução dos famosos problemas de Análise Combinatóia, como
este tópico é conhecido no Ensino Médio

PRINCÍPIO DA CASA DOS POMBOS


O Princípio da Casa dos Pombos é, sem dúvida, um dos enunciados mais poderosos e
interessantes da matemática da contagem. Surpreendente, possibilita a solução de
problemas muitas vezes difíceis de abordar de uma forma elegante e simples. Vejamos:

 ATENÇÃO

Se n pombos devem ser colocados em m casas, com n > m, então pelo menos uma
casa deverá conter mais do que um pombo.
 Ilustração desse princípio, para n = 10 e m = 9

EXEMPLO 1

Um exemplo clássico e divertido da aplicação do Princípio da Casa dos Pombos é o que


se segue:

Mostre que, em uma cidade de um milhão de habitantes (por exemplo), pelo menos dois
habitantes possuem o mesmo número de fios de cabelo.

RESOLUÇÃO
Uma rápida consulta à web informa que o número de fios de cabelo de uma pessoa é
por volta de 150.000, não ultrapassando 200.000. Ora, imagine 200.000 casas,
numeradas de 1 a 200.000, onde as pessoas com m fios de cabelo serão colocadas na
casa m.

Estamos diante da imediata aplicação do Princípio da Casa dos Pombos: O número de


pessoas (os pombos) vale n = 1.000.000; logo, é maior do que m = 200.000 (número de
casas). Então haverá mais de um pombo (pessoa) na mesma casa, ou seja, com o
mesmo número de fios de cabelo.

EXEMPLO 2

Dados 12 números inteiros, mostre que, necessariamente, a diferença entre dois deles
tem que ser divisível por 11.

RESOLUÇÃO
Imagine os restos da divisão de cada um dos 12 números por 11. Como na divisão por
11 os restos são, necessariamente, números entre 0 e 10, então há apenas 11 restos
diferentes (que serão associados a 11 casas, uma para cada resto). Logo, dois desses
12 números (os pombos, como no princípio) devem estar na mesma casa (mesmo resto
quando divididos por 11). Mas se esses dois números deixam o mesmo resto quando
divididos por 11, sua diferença é divisível por 11.

EXEMPLO 3

Mostre que, se em quadrado de lado igual a 2cm há 5 pontos em seu interior, dois deles,
necessariamente, distam menos do que √2.

RESOLUÇÃO
Esse é um problema curioso e clássico. Veja a Figura 13, em que dividimos o quadrado
de lado 2cm em 4 quadrados iguais, de 1cm de lado cada um. Pelo Princípio da Casa
dos Pombos, certamente 2 dos 5 pontos devem estar em um desses 4 quadrados
menores, como sugerem os pontos P1 e P2.
 Figura 13

Além disso, como a maior distância entre dois pontos do quadrado menor é √2 (sua
diagonal), o enunciado está provado.

PRINCÍPIO DA ADIÇÃO
O chamado Princípio da Adição, na sua forma mais simples, relaciona os quantitativos
de elementos de dois conjuntos finitos com o quantitativo de elementos da sua união e
de sua interseção.

Se indicarmos por n(X) o número de elementos do conjunto X, a figura sugere que:

n(A ∪ B) + n(A ∩ B) = n(A) + n(B) , ou


n(A ∪ B) = n(A) + n(B)– n(A ∩ B)

 Figura 14
Se A ∩ B = ∅ , então obtemos a versão mais comum do Princípio da Adição, que diz
que, se dois conjuntos não possuem elementos em comum, vale a igualdade.

n(A ∪ B) = n(A) + n(B)

No caso de três conjuntos, a análise do Diagrama de Venn a seguir auxilia as situações


de contagem, bastando observar que os três conjuntos definem uma partição de no
máximo 7 regiões disjuntas cuja união reproduz a união dos três conjuntos. Veja:

 Figura 15

EXEMPLO

Em uma escola de idiomas, 200 são os alunos matriculados em algum dos idiomas
inglês, alemão e mandarim. Desses, 50 estudam inglês e alemão; 60 estudam inglês e
mandarim; 70 estudam alemão e mandarim e 20 estudam os três idiomas. Quantos
alunos estudam apenas um dentre os três idiomas?

RESOLUÇÃO
Chamando as quantidades de alunos de cada parte do diagrama de m, n, o, p, q, r e s,
note que o enunciado informa diretamente a quantidade de elementos na interseção dos
três conjuntos, ou seja, s = 20; analisando as diversas regiões do diagrama, podemos
concluir, sucessivamente, que:

s= 20
q + s = 50 ⇒ q = 30
p + s = 60 ⇒ p = 40
r + s = 70 ⇒ r = 50

Mas a soma de todas as partes do diagrama (união dos três conjuntos) vale 200. Como
desejamos calcular m + n + o, o resultado é imediato:
m + n + o = 200 – (p + q + r + s) = 200 – ( 40 + 30 + 50 + 20) = 60.

 Figura 16

PRINCÍPIO DA MULTIPLICAÇÃO

 VOCÊ SABIA

O Princípio da Multiplicação é uma estratégia para contar o número total de casos


possíveis, em situações em que ocorrem escolhas múltiplas, porém independentes.

Essa estratégia de contagem é bastante utilizada e, provavelmente, você já se deparou


com um problema mais ou menos assim:
UMA CRIANÇA POSSUI 4 CALÇAS E 3 CAMISAS.
CONSIDERANDO EXCLUSIVAMENTE AS
POSSÍVEIS ESCOLHAS DE UMA CALÇA E DE UMA
CAMISA, DE QUANTAS FORMAS DIFERENTES ELA
PODE SE VESTIR?

É importante perceber, nesse exemplo, que a escolha de uma calça e a escolha de uma
camisa são ações independentes, no sentido de que a escolha de cada uma delas não
interfere na escolha da outra – são chamadas de ações independentes.

Assim, supondo que as 4 calças sejam chamadas de A, B C e D e as camisas, de X, Y e


Z, o desenho a seguir sugere que cada uma das 4 calças pode ser associada a cada
uma das 3 camisas, possibilitando 4 x 3 = 12 escolhas diferentes. Veja a figura, a seguir:

 Figura 17

Esse diagrama é usualmente chamado de Árvore de Decisão, pois explicita as possíveis


escolhas e, de cabeça para baixo, parece uma árvore cujos galhos explicitam os
desdobramentos das situações que podem ocorrer.

O USO DO FATORIAL

É muito comum em problemas de contagem, de combinatória, ocorrerem produtos de


inteiros consecutivos como o produto dos inteiros de 1 a 5, ou de 9 a 15, ou de 100 a
1000. Um conceito simples e muito útil para representar resultados como os produtos
sugeridos é o uso do fatorial.
Se n é um número inteiro positivo, representamos por n! (ponto de exclamação) o
produto de 1 a n, ou seja: n! = 1.2.3...n. Por exemplo, 3! = 1 x 2 x 3 = 6 e 6! = 1 x 2 x ... x
6 = 720.

Note que produtos de inteiros consecutivos, como 10 x 11 x 12 x 13 x 14, podem ser


facilmente expressos com o uso de fatoriais. Veja:

1.2.3.4.5.6.7.8.9
10 × 11 × 12 × 13 × 14 = × 10.11.12.13.1
1.2.3.4.5.6.7.8.9

Convencionamos definir zero fatorial como igual a 1, ou seja: 0! = 1

 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

EXEMPLO

Determine quantas senhas de 6 algarismos podemos formar utilizando os algarismos de


0 a 9, nas seguintes hipóteses:

Podendo repetir algarismos.

Com os algarismos todos diferentes.

RESOLUÇÃO
Nossa senha possui 6 algarismos: 1º 2º 3º 4º 5º 6º. A escolha de qualquer um
desses algarismos pode ser, sem restrição, qualquer um dos 10 algarismos (de 0 a
9). Portanto, pelo Princípio da Multiplicação, a quantidade de senhas é
simplesmente o produto das escolhas de cada um dos dígitos da senha: 10 x 10 x
10 x 10 x 10 x 10 = um milhão.

Uma outra forma de pensar a solução desse problema, é que as possíveis senhas
são, na verdade, todos os números que podemos escrever de 000000 até 999999.
Ou seja, um milhão de senhas.

EXEMPLO

Determine quantos são os números de 4 algarismos diferentes que podemos formar


utilizando apenas os algarismos 0, 4, 5, 6, 7 e 8.

RESOLUÇÃO
Nosso número possui 4 algarismos: M C D U. Então, devemos realizar 4 ações:
Escolher um algarismo para milhar (M), um para a centena (C), um para a dezena (D) e
um para unidade (U). Façamos as escolhas na ordem M, C, D e U.

Escolha de M: Como M é o algarismo de milhar, ele não pode ser 0. Portanto, há 5


possibilidades de escolha: 4, 5, 6, 7, e 8.

Escolha de C: Como já escolhemos um algarismo para M, e os algarismos devem


ser diferentes, sobram 5 algarismos para utilizar como algarismo das centenas, C
(aí incluso o 0, que não foi usado para M).

Escolha de D: Como já usamos dois algarismos, podemos escolher para D apenas


4 dos algarismos restantes ainda não usados.

Escolha de U: Restam apenas 3 dos seis algarismos. Portanto, há 3 possibilidades


de escolha de U, algarismo das unidades.

Como as escolhas dos algarismos de cada ordem (M, C, D e U) são independentes, o


número total desejado é, pelo Princípio da Multiplicação, igual ao produto das
quantidades das escolhas anteriores: 5 x 5 x 4 x 3 = 300 números diferentes.
AGRUPAMENTO ARRANJO

DE QUANTAS MANEIRAS PODEMOS FAZER FILAS


COM 5 ALUNOS, SE DISPOMOS DE 12 ALUNOS?

SOLUÇÃO
Nesse caso, temos 5 lugares a preencher: 1º lugar ao 5º lugar da fila. Ora, para escolher
o 1º da fila dispomos dos 12 alunos; logo, há 12 escolhas possíveis; para o 2º lugar da
fila só há, agora, 12 – 1 = 11 alunos; continuando o raciocínio, é fácil perceber que o
número total de filas será, pelo Princípio da Multiplicação, o produto das quantidades de
escolhas para cada um dos 5 lugares na fila, ou seja:

12 x 11 x 10 x 9 x 8 (total de 5 parcelas multiplicadas, do 12 ao 8).

Veja, agora, como expressar esse resultado na forma de fatorial:


7×6×5×4×3×2×1 12! 12!
12 × 11 × 10 × 9 × 8 = 12 × 11 × 10 × 9 × 8 × = =
7×6×5×4×3×2×1 7! ( 12−5 ) !

Esse tipo de situação, em que dispomos de n objetos e queremos criar filas


(ordenações) usando apenas p dos n objetos disponíveis, é um dos agrupamentos
usuais da análise combinatória: São os chamados arranjos de n objetos tomados p a p
que, usualmente, representamos por An
p ou An,p .

A quantidade de situações a ser calculada pode ser expressa de duas maneiras. Veja:

Produto de p números consecutivos, a partir de n, inclusive, e de forma decrescente; ou


o
n!
Quociente dos fatoriais de n e de n– p, ou seja, (n−p)!
.

Experimente agora refazer o exemplo anterior para os casos:

20 alunos com filas com 2 alunos.

10 alunos com filas de 3 alunos e, finalmente.


8 alunos com TODOS na fila.

Se você encontrou os valores a seguir, parabéns!

20 x 19 = 20!/(20 – 2)! = 20!/18! = 380 filas.

10 x 9 x 8 = 10!/(10 – 3)! = 10!/7! = 10.9.8 = 720 filas.

8 x 7 x 6 x 5 x 4 x 3 x 2 x 1 = 8!/(8 – 8)! = 8!/0! = 8! = 40.320 filas.

AGRUPAMENTO PERMUTAÇÃO

Calcule o número de anagramas das palavras TRAPO e da palavra PUBLICAR. Antes


de resolver o exercício proposto, observe o que se segue:

 ATENÇÃO

Se dispusermos de n objetos e colocarmos todos na fila, o número total de possíveis


filas é o produto n x (n – 1) x ... x 2 x 1, porque podemos escolher um dos n objetos
como 1º da fila, um dos n – 1 restantes como 2º da fila e assim sucessivamente, até
atingirmos o último lugar da fila em que só teremos um aluno para escolher.

Essa situação, em que n = p, ou seja, dispomos de n objetos para ordenar todos os n


objetos, é um caso particular de arranjo (em que p = n) e preferimos chamá-lo de
permutação de n objetos (porque pressupõe-se que desejamos ordenar todos eles).

A notação utilizada é Pn = n! = 1 × 2 × … × n e, é claro, An


n = Pn = n!

O anagrama de uma palavra possui as mesmas letras da palavra original, na mesma


quantidade que cada letra ocorre (possua ou não significado). Por exemplo:
PORTA


PRATO


OAPTR

Todas são anagramas da palavra TRAPO. Então, desejamos, simplesmente, calcular de


quantas maneiras podemos embaralhar as letras da palavra TRAPO (que são todas
diferentes). Claro que isso é equivalente a ordenar de todas as maneiras possíveis as 5
letras (diferentes) da palavra indicada. Naturalmente, a resposta é imediata:
A
5
5
= P5 = 5! = 1 × 2 × 3 × 4 × 5 = 120 anagramas.

 EXEMPLO

No segundo caso, a palavra PUBLICAR também possui letras diferentes e um total de 8


letras. Então, o número de anagramas é
A
8
8
= P8 = 8! = 8 × 7 × 6 × 5 × 4 × 3 × 2 × 1 anagramas. Essa discussão enfatiza
que o agrupamento permutação nada mais é do que um caso particular do agrupamento
arranjo, quando desejamos ordenar (criar nossas filas) com TODOS os n objetos, ou
seja, o tamanho p das filas, igual ao próprio n.
As situações em que há letras repetidas na palavra original serão tratadas no
Módulo 3.

AGRUPAMENTO COMBINAÇÃO

Vamos analisar o seguinte exemplo: Determine quantos subconjuntos de 3 elementos


podemos construir a partir de um conjunto com 7 elementos.

SOLUÇÃO
Os últimos exemplos abordados tratam, basicamente, de ordenar objetos. Mas há
situações em que a ordem dos objetos não é relevante. Esse exemplo é uma dessas
situações, pois as notações { a, b, c } e { a, c, b }, { b, c, a }, { b, a, c }, { c, a, b } e { c, b,
a } representam o mesmo conjunto, cujos elementos são a, b e c.

COMO SERIA POSSÍVEL REALIZAR O CÁLCULO


SOLICITADO, AJUSTANDO O RACIOCÍNIO
UTILIZADO NA ORDENAÇÃO DE OBJETOS PARA
ESSE CASO?

É simples: Se desejamos saber quantas filas de 3 objetos podemos fazer com os 7


elementos de um conjunto, basta perceber que “arranjo de 7 objetos tomados três a
três” responde parcialmente ao problema, pois estamos contando mais de uma vez um
mesmo conjunto.

Se a, b e c são 3 dos 7 objetos do conjunto, então estamos contando as 6 filas


diferentes como subconjuntos diferentes, que são, na verdade, iguais... Ora, então,
7!
ordenando 7 objetos 3 a 3 obtemos A73 = = 7.6. 5 = 210 .
( 7−3 ) !

Mas de cada três objetos escolhidos estamos contando 3! = 6 vezes o mesmo conjunto!
Então, para ajustar nosso resultado devemos dividir o resultado anterior por 3! = 6.
Logo, podemos formar 210/3! = 35 subconjuntos de 3 elementos a partir de um conjunto
com 7 elementos.

Esse tipo de situação nos remete ao terceiro agrupamento básico, utilizado em


contagem, e que chamamos de combinação de n objetos tomados p a p, ou n escolhe
p, em que não importa a ordem dos objetos, mas apenas o subconjunto formado por
eles. Então, no caso geral, devemos dividir o número de filas por p! para contarmos
uma única vez cada uma das p! filas que compõem o mesmo conjunto.

n
Representando o número de combinações de n, p a p por Cpn ou ( ) , temos:
p

n
Ap
n n!
Cp = =
p! ( n−p ) !p!

 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

MÃO NA MASSA

TEORIA NA PRÁTICA
Dos 20 funcionários de uma empresa, 13 são homens e 7 são mulheres. Desejamos
formar uma comissão constituída por 3 homens e 5 mulheres. Quantas são as possíveis
comissões?

RESOLUÇÃO
VERIFICANDO O APRENDIZADO

MÓDULO 3

 Identificar os principais agrupamentos combinatórios


As famílias dos agrupamentos combinatórios

AGRUPAMENTOS COMBINATÓRIOS
A análise dos diversos tipos de problemas de contagem sugere que há padrões úteis, e
que é possível, em casos mais simples, usar uma tipologia agrupamentos para tipificar
inúmeros problemas. Destacamos a família dos arranjos, das permutações e a das
combinações. No módulo anterior já abordamos algumas dessas situações utilizando os
chamados arranjos, permutações e combinações simples, em que as duas situações a
seguir são claramente percebidas:

Se, ao criar um agrupamento com os objetos disponíveis, a mudança da ordem


dos objetos gera um agrupamento diferente, ou seja, a ordem em que os objetos
formam o particular agrupamento é relevante, temos o caso clássico de filas,
senhas etc., e os agrupamentos utilizados são os arranjos e as permutações;

Se, ao criar um agrupamento com os objetos disponíveis, a mudança da ordem


dos objetos não gera um agrupamento diferente, ou seja, a ordem em que os
objetos formam o agrupamento é irrelevante, temos o caso clássico de formar
subconjuntos ou comissões de pessoas: São as chamadas combinações.

Mas há situações adicionais, quando podemos repetir objetos nos agrupamentos. Por
exemplo, determinar o número de anagramas de uma palavra, em que haja letras
repetidas; ou, por exemplo, escolher um sorvete “casquinha” em que podemos escolher
3 dentre os 5 sabores disponíveis, sendo permitido repetir um sabor. Nesse módulo,
trataremos de algumas dessas situações, em especial, as situações de agrupamentos
com repetição.

AGRUPAMENTOS ESPECIAIS
Agrupamentos que apresentam repetições de elementos. Vamos apresentá-los:

ARRANJO COM REPETIÇÃO

Arranjos com repetição de n objetos tomados p a p, cuja quantidade é representada por


ARp
n
, são agrupamentos da seguinte natureza:

Dispomos de n objetos e queremos saber de quantas maneiras podemos escolher p


desses elementos de tal forma que possa haver repetição dos objetos no agrupamento
formado.

Ora, para escolher o primeiro dos objetos, dispomos dos n objetos originais. Mas na
escolha dos demais objetos, como pode haver repetição, há sempre n objetos
disponíveis. Ou seja:

n p
ARp = n × n × … × n = n

 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

Uma situação clássica é a formação de senhas de 6 caracteres, por exemplo, dispondo-


se das letras (em que maiúsculas são contadas como diferentes das minúsculas) e dos
10 algarismos, não sendo permitidos caracteres especiais. Naturalmente, como o total
de caracteres disponíveis é 26 + 26 + 10 = 62, o número de senhas possíveis com 6
caracteres é 62 (superior a 60 bilhões, quase 10 vezes a quantidade de habitantes do
6

planeta).
PERMUTAÇÃO COM REPETIÇÃO

Uma situação típica que esse agrupamento descreve são anagramas de uma palavra,
quando a palavra original possui letras repetidas.

 EXEMPLO

O cálculo do número de anagramas das palavras ARARAQUARA e da palavra


MATEMÁTICA.

Note que, nas situações em que há objetos repetidos, podemos imaginar, inicialmente,
que as letras repetidas são diferentes e analisar a consequência dessa abordagem.
Imaginemos que as letras da palavra ARARAQUARA são, na verdade,
A1 R1 A2 R2 A3 QU A4 R3 A5 .

Ora, se ordenarmos de todas as formas as 10 letras, obteremos um total de P10


situações, ou seja, P10 = 10!

Mas, na verdade, muitos desses agrupamentos formados são o mesmo anagrama. Isso
porque as letras A1 até A5 , por exemplo, são, na verdade, a mesma letra A. Então,
imagine tais letras em suas posições nos anagramas anteriores.

Se você trocar de posição qualquer uma delas entre si (nas 5 posições que elas
ocupam), você continuará com o mesmo anagrama. Então, é necessário dividir o total
de 10! por P5 = 5! para evitar contagem múltipla. Da mesma forma, devemos dividir o
total anterior por 3! (repetições da letra R).

Então, a quantidade desejada é, na verdade:

10! 6.7.8.9.10
= = 7.8. 9.10 = 5040
5!3! 3!
Esse tipo de situação é chamado Permutação com Repetição.

Nessa situação, escrevemos: P R10


5,3
, ou seja, dispomos de 10 objetos, dos quais 5 são
iguais a A e 3 iguais a B.

No caso geral, em que dispomos de n objetos em que há p, q, ...., t objetos repetidos,


escrevemos P Rnp, q,…t .

Utilizando o mesmo raciocínio desse exemplo, concluímos que precisamos dividir n!


pelas repetições, que são r!, s!, ..., t!, ou seja:

n n!
PR =
p, q, r, ..t p!×q!×…×t!

 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

Como consequência, calcular o número de anagramas da palavra MATEMÁTICA é


imediato (em geral, os acentos não são considerados na análise de anagramas).

Há duas letras M, três letras A e duas letras T na palavra matemática (E, I e C ocorrem
apenas uma vez). Logo, a quantidade desejada é:

10 10!
PR = = = 5. 9.8. 7.5. 4.3 = 151.200
2, 3,2 2!×3!×2! (1.2) (1.2.3) (1.2)
10 .9.8.7. 6 .5.4.3. 2.1

PERMUTAÇÃO CIRCULAR

Normalmente, os agrupamentos são sequências de objetos dispostos em linha.


Entretanto, um tipo especial de agrupamento ocorre quando desejamos dispor n objetos
ou pessoas em volta de uma mesa – ou de um círculo.

Vejamos um exemplo: Desejamos dispor quatro amigos – Antônio, Bernardo, Carlos e


Daniel em volta de uma mesa. Note que as posições A, B, C e D representam
permutações diferentes, mas a disposição dos amigos na mesa é a mesma. Imagine
que você apenas rodou a mesa, claro, com os amigos juntos.

A: Antônio; Bernardo; Carlos; Daniel.


B: Daniel; Antônio; Bernardo; Carlos.
C: Carlos; Daniel; Antônio; Bernardo.
D: Bernardo; Carlos; Daniel; Antônio

 Figura 18

Assim, diferentemente das permutações usuais de 4 objetos, que geram 4! = 24


permutações simples, nesse caso, temos apenas a quarta parte dessa quantidade como
posições diferentes possíveis em volta da mesa. Dessa forma, na verdade, o número de
permutações circulares é, então, 4!/4 = 3! = 6.

Representando por P Cn o número de permutações circulares de n objetos, é imediato


perceber que:

n!
P Cn = =(n − 1)!
n

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COMBINAÇÃO COM REPETIÇÃO

Os agrupamentos combinações simples foram analisados no módulo anterior:

 ATENÇÃO

São caracterizados por serem formados com p objetos, a partir de n objetos disponíveis,
em que a ordem não é relevante e não há repetição de nenhum objeto no mesmo
agrupamento.

Quando permitimos que objetos em um mesmo agrupamento possam ser repetidos,


temos as chamadas combinações com repetição de n objetos tomados p a p.

Vamos analisar um exemplo curioso: Suponha que uma loja possui tabletes (barras) de
chocolate de três marcas diferentes e você deseja comprar oito tabletes. De quantas
formas diferentes podem ser escolhidos os tabletes em sua compra? Vejamos alguns
exemplos de “escolhas” diferentes:

 Figura 19
A estratégia clássica para realizarmos a contagem total de agrupamentos desse tipo é
muito interessante. Dispomos de dois tipos de objetos: O sinal de adição (usado 2
vezes – porque há 3 tipos de tabletes) e quadradinhos que simbolizam os tabletes de
chocolate de qualquer tipo. Então, cada sequência de sinais de adição e de
quadradinhos representa uma situação de compra. Veja:

■ ■ + ■ + ■ ■ ■ ■ ■ ⇒ dois tabletes do tipo 1, um do tipo 2 e cinco do tipo 3;


■ ■ ■ ■ ++ ■ ■ ■ ■ ⇒ quatro tabletes do tipo 1, nenhum do tipo 2 e quatro do tipo 3;
++ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■ ⇒ todos os 8 tabletes do tipo 3.

Assim, o problema de determinar a quantidade de combinações com repetição de n


objetos p a p recai na contagem de quantas permutações com repetição de 10 objetos
(2 sinais de adição e 8 quadradinhos), o que pode ser calculado como:

8 10 10!
CR = PR = = 45
5 2,8 2!8!

 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

Note que, no caso geral de dispormos de n objetos e desejarmos calcular o número de


combinações com repetição escolhendo p objetos, a expressão da quantidade desses
agrupamentos será dada por:

n n+p−1
CRp = P R
n,p−1

 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal

que corresponde, também, ao número de combinações (simples) de n + p –1 tomados n


a n...

A discussão anterior mostra que a invenção dos diversos tipos de agrupamentos e as


expressões para o cálculo do quantitativo de cada um deles é, na prática, decorrente
diretamente de estratégias e do Princípio da Multiplicação. Portanto, é perfeitamente
possível – e diríamos, desejável –, que possamos resolver problemas de contagem sem
que sequer saibamos o que são arranjos, permutações e combinações!

SÍNTESE DOS TIPOS DE


AGRUPAMENTOS
Explicitamos, a seguir, as principais categorias de agrupamentos abordados, bem como
as notações de seus quantitativos e as fórmulas associadas:

Tipo de
Subtipo Notação / Cálculo
agrupamento

n!
Simples n
Ap = n(n − 1)…(n − p + 1)=
( n−p ) !

Arranjos
Com
n p
ARp = n
Repetição

Simples Pn = n.(n − 1)(n − 2)… 1 = n!

Circular Pn =(n − 1)(n − 2)… 1 = (n − 1)!


Permutações

Com n n!
Pp, q, …., s =
p!q!…r!
Repetição

n
Ap
n!
Simples Cp
n
=
p!
=
( n−p ) !p!

Combinações
Com n n+p−1 n+p−1
CRp = P = C
n−1,p n−1
repetição
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal

 Elaborada por Carlos Eddy Esaguy Nehab.

MÃO NA MASSA

TEORIA NA PRÁTICA
De quantas maneiras podemos dividir entre três herdeiros, uma herança de 20 moedas
idênticas de ouro?

RESOLUÇÃO
VERIFICANDO O APRENDIZADO

CONCLUSÃO

CONSIDERAÇÕES FINAIS
A abordagem adotada no módulo 1, chamada de teoria ingênua dos conjuntos, enfatiza
os aspectos gerais e básicos da representação de conjuntos, bem como suas principais
operações. Os principais subconjuntos do conjunto dos números reais, em particular, os
chamados intervalos, foram abordados nos aspectos de notação, de suas
representações na reta real e das operações gerais sobre conjuntos.

O conceito de módulo é tratado sob o aspecto algébrico e, importantíssimo, sua


interpretação como distância de um ponto na reta real à origem. É fundamental perceber
que os conceitos básicos de conjuntos, aliados à argumentação lógica, são parte
essencial da linguagem utilizada na narrativa matemática, em geral. Assim, podemos
dizer, sem exagero, que esse módulo é pré-requisito para a leitura de qualquer texto que
verse sobre matemática.

No módulo 2, vimos os princípios centrais da contagem – em especial, os Princípios da


Adição e da Multiplicação e, a partir deles, identificamos categorias típicas de contagem
de objetos, envolvendo ou não a possibilidade do uso de repetição nos agrupamentos
formados a partir de um conjunto inicial de objetos disponíveis. Enfatizamos ainda o uso
de padrões de contagem e exploramos os agrupamentos simples, notadamente os
arranjos, as permutações e as combinações.

O módulo 3 aprofunda o tema de contagem, abordando problemas mais sofisticados,


bem como explicita os agrupamentos que incluem a possibilidade de repetição de
objetos na composição de cada um. Os problemas mais sofisticados de contagem
normalmente exigem múltipla abordagem, ou seja, o eventual do Princípio da
Multiplicação, aliado ao uso dos agrupamentos padrão já conhecidos e estudados.
Podemos resolver qualquer problema de contagem sem conhecer os diversos
agrupamentos convencionais encontrados na literatura aqui estudados, mas jamais sem
o uso dos Princípios da Multiplicação/Adição, esses, sim, os carros-chefe de todo
processo de contagem.

AVALIAÇÃO DO TEMA:

REFERÊNCIAS
HALMOS, P. Teoria Ingênua dos Conjuntos. Rio de Janeiro: Ciência Moderna, 2001.

MACEDO, R.S. Teoria dos Conjuntos: a alma do movimento da matemática moderna.


e-book. 2020.

SANTOS, J.P.O. et al. Introdução à Análise Combinatória. Rio de Janeiro: Ciência


Moderna, 2008. 4. ed. (revista) reimpressa em 2020

SANTOS, I. Introdução à Análise Combinatória. Rio de Janeiro: Ciência Moderna,


2020.
EXPLORE+

Compreenda um pouco mais sobre o princípio de contagem lendo o artigo:


Intervenção em Princípios de Contagem: Desenvolvimento do Programa e
Aplicação Inicial.

CONTEUDISTA
Carlos Eddy Esaguy Nehab

 CURRÍCULO LATTES

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