A Inclusão Da Criança Autista em Sala de Aula Regular em Recife
A Inclusão Da Criança Autista em Sala de Aula Regular em Recife
A Inclusão Da Criança Autista em Sala de Aula Regular em Recife
Recife,
2020.1
A INCLUSÃO DA CRIANÇA AUTISTA EM SALA DE AULA
REGULAR
Este artigo tem por objetivo analisar a inclusão da criança autista em sala de aula
de ensino regular em uma escola privada e outra publica em Recife, através de
relato dos docentes. Na escola da rede pública é possível notar através do relato
das educadoras que a maior dificuldade para elas é a falta de recurso familiar e
assistência medica adequada. Infelizmente a maioria depende do atendimento
médico apenas do sistema único de saúde. Por sua vez o atendimento se torna
demorado e nem sempre dispõe da equipe medica necessária para conseguir
fechar diagnostico da criança com TEA (transtorno do espectro autista) de forma
mais precisa. Diversos autores (Diniz, Barbosa e Santos,2009) apontam para
elementos, além da perícia biomédica, das condições sociais de desigualdade
que gravitam em torno da questão da criança autista, barreiras sociais, por
exemplo, colocando-a em desvantagem nos processos de participação em
diversos ambientes e atividades.
Recorremos do ponto de vista metodológico ao relato de três docentes que nos
possibilitou compreender como ocorre a educação especial com perspectiva
inclusiva nas escolas em que atuam, suas dificuldades, suas práticas, suas
experiências, e suas concepções. Os resultados apontaram para a importância
de suas práticas pedagógicas para além de tão somente atividades adaptativas,
mas para todo o processo pedagógico abrangente, junto às crianças autistas.
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1. Introdução
2. Referencial teórico
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Klein (2010) relata que a palavra ‘’inclusão’’ tem sido utilizada como jargão
na área educacional para marcar as práticas que gostaríamos que fossem mais
justas, democráticas e solidárias para com o outro. O ato de incluir vai além da
inserção, faz-se necessário tornar o indivíduo parte de um todo, para que o
mesmo não seja rotulado e excluído por apresentar comportamentos e
características diferenciadas.
A Lei nº 12.764/2012 - Lei Berenice Piana, estabeleceu a
Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do
Espectro Autista, prevendo o acesso a um sistema educacional inclusivo em
todos os níveis de ensino e atendimento por profissionais capacitados a
desenvolver atividades com vistas à inclusão. Devido a implementação desta Lei
o aluno com autismo tem o direito garantido de frequentar a sala de aula regular
e ter atendimento de profissionais preparados para preconizar a legislação
vigente.
Todavia, para acontecer a inclusão de fato, os sistemas de ensino
deveriam ter a obrigatoriedade de capacitar professores e funcionários para os
mesmo compreende a singularidade da criança autista e aprender conviver,
respeitar e principalmente oferecendo a mesma qualidade de ensino para
crianças com TEA e a todos os alunos com mesmas condições de
desenvolvimento.
Segundo Orrú (2012), as pessoas autistas são ainda pouco
compreendidas pela sociedade, devido à falta de conhecimento sobre esta
condição. De acordo com a narrativa da autora, a falta de informação sobre o
autismo acaba produzindo falta de compreensão sobre a síndrome, e em
consequência disto algumas pessoas produzem conceitos deturpado sobre o
assunto.
[...] quando as pessoas são questionadas sobre o autismo,
geralmente são levadas a dizer que se trata de crianças
que se debatem contra a parede, tem movimentos
esquisitos, ficam balançando o corpo, e chegam até dizer
que são perigosos e precisam ser trancados em uma
instituição para deficientes mentais. São falas que revelam
desinformação a respeito dessa síndrome (2012, p.37)
A autora relata que existe uma posição por parte da sociedade seguindo
as próprias limitações da pessoa com autismo, ou seja, nas relações e interações
que determinam sua privação das relações sociais.
As especificidades que são associadas a criança autista são significativas
a sua síndrome. Parte da sociedade ao tentar comparar crianças com TEA a
crianças tidas como normais acreditam na incapacidade social daquelas em
detrimento destas, por conta de preconceitos que já estão na sociedade a
respeito da síndrome como diz Cruz (2014). Mas na escola essa criança tem que
ser acolhida em suas especificidades, por isso em sala de aula é preciso de
práticas que auxiliem o aluno autista em seu processo de socialização.
Segundo o Manual para escolas (2011) até que lhes sejam ensinadas
melhores maneiras para expressar suas necessidades, crianças com autismo
fazem o que podem para passá-las para os outros.
As crianças com TEA podem até buscar contatos socias, mas devido as
suas características acabam ficando isoladas por terem comportamento
diferente de outras crianças. É nítido nas pessoas com autismo a inabilidade em
reconhecer os sinais sociais, como gestos e interações. De acordo com
Passerino (2012):
Esse déficit na simbolização afeta a comunicação, pois há
necessidade de um uso ativo de símbolos para
representação, especialmente quando se trata de
situações que envolvem elementos mais abstratos como
sentimentos, emoções, entre outros (p.227).
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A criança com TEA pode apresentar dificuldades de organização, de
planejamento e compreensão dos conceitos abstratos, pode ocorrer interesses
restritos e repetitivos, exemplo apego e fixação por objetos específicos.
Segundo o Manual para as Escolas (2011), alguns dos pontos fortes que
podem estar presentes em um indivíduo com autismo são: Forte destreza visual,
facilidade de entender e reter alguns conceitos, regras, sequências e
parâmetros. Excelente memória para detalhes ou fatos mecânicos (fatos de
matemática, horários de trens, basebol, estatísticas). Memória de longo prazo e
capacidade em informática, habilidades tecnológicas ou interesse musical,
intensa concentração ou focalização especialmente em áreas de atividades
preferidas. Habilidades artísticas, habilidades matemáticas, habilidade de
descodificar a linguagem escrita etc. Esses pontos fortes mencionados
anteriormente, são algumas potencialidades que a criança portadora do TEA
pode desenvolver ao decorrer do processo de socialização e de ensino e
aprendizagem
Estas características e habilidades podem determinar áreas de
investimento pedagógico, desafiando a escola no desenvolvimento de novas
práticas e abordagens metodológicas, sempre com vistas à inclusão.
Cunha (2016) faz uma análise sobre ação mediadora na educação de
autistas e destaca: “A mediação é o processo de intervenção na relação do aluno
com o conhecimento. É toda intervenção pedagógica que possibilita esta
interação” (p.62). A mediação é uma ferramenta pedagógica que exige
planejamento e organização. Referente a ação mediadora ele declara: “A ação
do mediador não é facilitar, porque mediar processos de aprendizagem é, sem
sombra de dúvidas, provocar desafios, motivar quem aprende” (2016, p. 62).
É de suma importância a mediação escolar na educação de
alunos com crianças com TEA e que a ação mediadora, devidamente organizada
e planejada pode ser fundamental para a aprendizagem.
O professor tem um papel determinante, pois é ele quem recepciona e
estabelece o primeiro contato com a criança, seja positivo ou negativo, dessa
forma ele é um grande responsável por efetivar ou não o processo de inclusão.
Considerando que é seu dever criar possibilidades de desenvolvimento para
todos, adequando sua metodologia às necessidades diversificadas de cada
aluno.
Segundo Mousinho, et al (2010) as crianças que apresentam dificuldades
de comportamento e socialização são geralmente vistas como excêntricas e
bizarras por seus colegas, tornando difícil e complexo o papel do professor diante
do desafio de ensinar e incluir, simultaneamente. As crianças com autismo têm
dificuldade de entender sobre as relações humanas e as regras e convenções
sociais. Podem ser ingênuas e não compartilham do senso comum. Sua rigidez
gera dificuldade em gerir a mudança e as tornam mais vulneráveis e ansiosas.
Muitas vezes não gostam de contato físico. Se a situação for mal manejada,
podem acabar exploradas e ridicularizadas por outras crianças. No entanto, elas
querem ser parte do mundo social e ter amigos, mas não sabem como fazer para
se aproximar.
O papel do professor nessa perspectiva é tornar possível a socialização
da criança com autismo na sala de aula e adequar a sua metodologia para
atender as necessidades destes. Em muitas situações, as crianças com autismo
ficam às margens do conhecimento ou não participam das atividades grupais,
fato que exige do professor sensibilidade para incluí-lo ao convívio com o meio,
visto que é no processo de socialização que se constitui o desenvolvimento e
aprendizagem.
3.Metodologia
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pedagógica e a inclusão da criança em sala de aula de ensino regular em
escolas
do). Perguntamos se poderiam responder um questionário que havia elaborado
com perguntas, que buscava descrever como ocorre a inclusão da criança
autista na sala de aula regular. Desejando examinar as respostas de cada
entrevistada sobre a importância da criança autista em sala de aula. Assim
podendo verificar os aspectos da prática docente de cada educadora.
Esta pesquisa teve participação de três professoras, sendo duas da
educação dos anos inicias e outra da sala de recursos do AEE. Elas estão na
faixa etária de 28 a 45 anos. Todas com formação superior em Pedagogia.
A pesquisa ocorreu em duas escolas diferentes, sendo uma da rede
privada e outra da rede pública. A escola privada fica localizada no Bairro da Boa
Vista, na cidade do Recife e a Escola Municipal, localizada no Bairro do Jordão.
Esta última instituição possui sala de recurso com uma professora especialista
que atende os alunos no contra turno escolar. A pesquisa tem como objetivo
analisar se a inclusão da criança autista ocorre de maneira satisfatória e se os
profissionais estão preparados para auxiliar os alunos no processo de inclusão.
3.1Questões éticas
Outro recurso utilizado foi o questionário com perguntas abertas para cada
docente, responder.
3.2 Analise e interpretação de dados
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demorado e nem sempre dispõe da equipe medica necessária para conseguir
fechar diagnostico da criança com TEA de forma mais precisa.
Outro fator relevante, relatado pelas professoras é falta de
comprometimento familiar e aceitação das peculiaridades da criança com
autismo, com isso gerar uma dificuldade maior para o professor trabalhar de
forma satisfatória com o aluno autista. É possível notar que para o professor
trabalhar as atividades escolares, no qual leve o aluno a construção do próprio
conhecimento e inseri-lo na rotina da escola, é preciso uma parceria família,
escola e o apoio de equipe multidisciplinar.
Após ouvir o relato da professora da rede privada de ensino tornou
possível notar distintas diferenças de acompanhamento familiar e medico com
seus alunos autistas. De acordo com a mesma sua primeira experiencia com
sala de aula inclusiva foi mais satisfatória. Pois a criança tinha toda equipe
medica e multidisciplinar necessária para auxiliar ela no processo de
socialização escolar. A professora tinha contato direto com os médicos da
criança tornando assim possível fazer um planejamento escolar para a criança
com apoio da equipe medica e multidisciplinar volta para incluir ela junto a turma
da sala de aula. Sem esquecer de citar que a família da criança tinha um vasto
conhecimento de tudo que acometia a criança com TEA e suas especificidades.
Ainda sobre a professora da rede privada a mesma relatou na sua
segunda experiência com sala de aula inclusiva. Foi mais complexa pois o aluno,
mesmo a família tendo ciência em relação ao autismo e tudo que acomete uma
criança com TEA, a mãe não achava necessário ele ter acompanhamento
médico além de fonoaudióloga, por que na concepção dela apenas a
fonoaudióloga iria ajudar seu filho neste processo de socialização e interação
com outras crianças. O aluno de acordo com a professora precisava sim de uma
equipe medica completa, para auxiliar ele nas particularidades do autismo.
Infelizmente por não dispor do acompanhamento médico necessário o trabalho
com ele em sala de aula de torna mais difícil. Apesar das abordagens da
professora a mesma não sente que é o suficiente para a criança.
Sabemos que a Lei Berenice Piana determinou que toda criança tem o direito
fundamental a educação e deve ser dada à oportunidade de atingir e manter o
nível adequado de aprendizado, que faça necessário a aplicação contínua desta
Lei, garantindo educação para todos sem exceção.
Contudo, uma intervenção psicopedagógica só terá resultados se a criança
com TEA for devidamente acompanhado pela comunidade escolar, pela família
e por toda equipe multidisciplinar. Ou seja, é necessário dar aos mesmos
recursos para seu pleno desenvolvimento, cognitivo, afetivo e social.
Considerações Finais
Referências
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BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Coimbra: Almedina, 2011.