INSTRUÇÃO NORMATIVA IN #139, DE 30 DE Mar o DE 2022 - Amostra Referencia e Retenção

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DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO

Publicado em: 31/03/2022 | Edição: 62 | Seção: 1 | Página: 371


Órgão: Ministério da Saúde/Agência Nacional de Vigilância Sanitária/Diretoria Colegiada

INSTRUÇÃO NORMATIVA IN Nº 139, DE 30 DE MARÇO DE 2022

Dispõe sobre as Boas Práticas de Fabricação complementares


às amostras de referência e de retenção.

A Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, no uso das competências que
lhe conferem os arts. 7º, inciso III, e 15, incisos III e IV da Lei nº 9.782, de 26 de janeiro de 1999, e
considerando o disposto no art. 187, inciso VII e §§ 1º e 3º, do Regimento Interno, aprovado pela Resolução
de Diretoria Colegiada - RDC nº 585, de 10 de dezembro de 2021, resolve adotar a seguinte Instrução
Normativa, conforme deliberado em Reunião Extraordinária - RExtra nº 6, realizada em 30 de março de
2022, e eu, Diretor-Presidente, determino a sua publicação.

CAPÍTULO I

DISPOSIÇÕES INICIAIS

Seção I

Objetivo

Art. 1º Esta Instrução Normativa possui o objetivo de adotar as diretrizes de Boas Práticas de
Fabricação relacionadas às amostras de referência e de retenção do Esquema de Cooperação em
Inspeção Farmacêutica (PIC/S), como requisitos complementares a serem seguidos na fabricação de
medicamentos, em adição às Diretrizes Gerais de Boas Práticas de Fabricação de Medicamentos.

Seção II

Abrangência

Art. 2º Esta Instrução Normativa se aplica às empresas que realizam as operações envolvidas na
fabricação de medicamentos, estabelecendo os requisitos para a coleta e a guarda de amostras de
referência de matérias-primas, materiais de embalagem ou produtos acabados; e de amostras de retenção
de produtos acabados.

Seção III

Definições

Art. 3º Para efeitos desta Instrução Normativa, são adotadas as seguintes definições:

I - amostra de referência: amostras de um lote de matérias-primas, material de embalagem ou


medicamento na sua embalagem primária que são armazenadas com o propósito de serem analisadas, se
necessário, durante o prazo de validade do produto; e

II - amostra de retenção: amostras de um lote totalmente embalado de um medicamento, com


todos seus componentes necessários para a venda ao consumidor, tais como embalagem secundária da
apresentação, rotulagem, bulas, gravações dos dados variáveis, que são armazenadas para fins de
identificação.

CAPÍTULO II

DISPOSIÇÕES GERAIS

Seção I

Introdução

Art. 4º Nos casos em que a estabilidade permite, amostras de referência devem ser
armazenadas para os intermediários críticos que requeiram análise e liberação, ou para os intermediários
que sejam transportados para fora do estabelecimento.
Art. 5º No caso de produtos finalizados, em muitas situações, as amostras de referência e de
retenção tem a mesma apresentação e podem ser consideradas intercambiáveis.

Art. 6º É obrigação do fabricante, importador ou do local de liberação do lote manter amostras


de referência e/ou retenção para cada lote de produto finalizado e, para o fabricante manter amostras de
referência dos lotes de matérias-primas e/ou intermediários.

Art. 7º Cada local de embalagem deve manter amostras de referência de cada lote dos
materiais de embalagem primários e impressos.

Parágrafo único. A disponibilização dos materiais de embalagem impressos como parte


constituinte das amostras de referência e/ou retenção do produto finalizado é aceitável.

Art. 8º As amostras de referência e/ou retenção são um registro do lote do produto finalizado
ou das matérias-primas e podem ser acessadas em situações, tais como reclamações relacionadas à
concentração, questionamentos relacionados à conformidade com o registro sanitário ou relacionados à
embalagem/rotulagem, ou nos relatórios de farmacovigilância.

Art. 9º Os registros referentes à rastreabilidade de uso e estocagem das amostras devem ser
mantidos e estar disponíveis para a revisão das autoridades sanitárias.

Seção II

Duração do armazenamento

Art. 10. As amostras de referência e/ou retenção de cada lote de produto finalizado devem ser
mantidas por, pelo menos, um ano após a data de expiração.

§ 1º A amostra de referência deve estar contida na embalagem primária ou em embalagens


compostas pelo mesmo material que a embalagem primária onde o produto é comercializado.

§ 2º Para as soluções parenterais de grande volume e os concentrados polieletrolíticos para


hemodiálise, a duração de armazenamento de que trata o caput deste artigo é de 30 (trinta) dias após o
período de validade.

Art. 11. As amostras de matérias-primas que não sejam solventes, gases ou água utilizados no
processo de fabricação de um medicamento devem ser retidas por, pelo menos, dois anos após a
liberação do lote do medicamento.

Parágrafo único. Esse período pode ser reduzido se a estabilidade do material, conforme
indicado nas especificações relevantes, for menor.

Art. 12. As amostras dos materiais de embalagem devem ser mantidas durante o período de
validade do medicamento em que foram utilizadas.

Seção III

Quantidade das amostras de referência e retenção

Art. 13. A amostra de referência deve ser de um tamanho suficiente para permitir a realização,
em ocasiões distintas, de dois controles analíticos completos do lote, em conformidade com o registro
sanitário do país onde está situado o local de fabricação.

§ 1º As quantidades devem ser planejadas para que os testes analíticos possam ser executados
a partir de embalagens não abertas.

§ 2º Qualquer exceção ao previsto no caput e no § 1º deste artigo deve ser tecnicamente


justificada e aprovada com a autoridade sanitária competente.

Art. 14. As amostras de referência devem ser representativas dos lotes de matérias-primas,
produtos intermediários ou produtos finalizados de onde foram coletadas.

Parágrafo único. Amostras adicionais podem ser necessárias para monitorar etapas estressantes
de um processo, tais como do início e do fim de um processo.

Art. 15. Quando um lote for embalado em duas ou mais operações distintas de embalagem, pelo
menos uma amostra de retenção deve ser retirada de cada operação individual de embalagem.

Parágrafo único. Qualquer exceção a este requisito deve ser justificada tecnicamente e
acordada com a autoridade sanitária.
Art. 16. Deve-se assegurar a manutenção de uma capacidade analítica prontamente disponível
para realização dos ensaios especificados pelo período de até um ano após a expiração do último lote
fabricado.

Seção IV

Condições de armazenamento

Art. 17. As condições de armazenamento devem estar de acordo com o registro sanitário do país
onde está situado o local de fabricação.

Seção V

Acordos de qualidade

Art. 18. Nos casos em que o detentor do registro não seja o mesmo estabelecimento
responsável pela liberação do lote, a responsabilidade pela coleta e armazenamento das amostras de
referência e/ou retenção deve ser definida por meio de um acordo técnico entre as partes.

Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo também se aplica nos casos em que qualquer
atividade de fabricação ou de liberação de lotes seja executada por um estabelecimento que não aquele
com responsabilidade geral sobre o lote.

Art. 19. A Pessoa Delegada pelo Sistema de Gestão da Qualidade Farmacêutica pela liberação
de um lote para venda deve garantir que todas as amostras de referência e retenção pertinentes estejam
acessíveis em um prazo razoável de tempo.

Parágrafo único. Quando aplicável, as disposições relativas ao acesso previsto no caput deste
artigo devem ser definidas em contrato.

Art. 20. Nas situações em que mais de um estabelecimento estiver envolvido na fabricação do
produto, devem estar disponíveis acordos escritos para o controle da retirada e localização das amostras
de referência e/ou retenção.

Seção VI

Generalidades em relação às amostras de referência

Art. 21. As amostras de referência possuem finalidade analítica e, por consequência, devem
estar convenientemente disponíveis para o laboratório que detém a metodologia validada para seu teste.

§ 1º Em se tratando das amostras de referência de matérias-primas e materiais de embalagem


utilizados na fabricação de medicamentos, o armazenamento deve corresponder ao local de fabricação do
medicamento.

§ 2º Em se tratando de amostras de referência de produtos finalizados, o armazenamento deve


corresponder ao local original de fabricação.

Seção VII

Generalidades em relação às amostras de retenção

Art. 22. A amostra de retenção deve representar o lote do medicamento tal como este foi
distribuído ao consumo para que possa ser analisada com vistas a verificar a conformidade de requisitos
não técnicos do registro sanitário ou legislação aplicável.

Art. 23. As amostras de retenção devem, preferencialmente, ser armazenadas no


estabelecimento onde é realizada a liberação dos lotes para a venda.

Parágrafo único. Este local deve dispor de livre acesso às autoridades sanitárias.

Art. 24. Quando mais de um estabelecimento estiver envolvido na cadeia de fabricação,


embalagem, análise, importação e liberação final de lotes, a responsabilidade pela coleta e
armazenamento de amostras de retenção deve ser definida em contrato entre as partes envolvidas.

Seção VIII

Gestão das amostras de referência e de retenção no caso do encerramento das atividades de


um fabricante
Art. 25. Caso permaneçam lotes de medicamentos não expirados fabricados por empresa que
tenha encerrado suas atividades, o fabricante deve tomar providências para a transferência de amostras
de referência e de retenção, e da documentação pertinente de Boas Práticas de Fabricação para um
autorizado junto à Anvisa.

Art. 26. O fabricante deve garantir à autoridade competente que as disposições relativas à
armazenagem são satisfatórias e que as amostras podem, se necessário, ser prontamente acessadas e
analisadas.

§ 1º Quando existirem situações que evitem o cumprimento do disposto, as providências


necessárias podem ser delegadas a outro fabricante.

§ 2º O detentor do registro do produto é responsável pela delegação e pelo fornecimento de


todas as informações necessárias à autoridade sanitária.

Art. 27. O titular do registro sanitário do produto deve, no que tange à adequação das medidas
propostas para o armazenamento de amostras de referência e de retenção, consultar a autoridade
sanitária de cada país em que qualquer lote dentro da validade tenha sido colocado no mercado.

CAPÍTULO III

DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 28. O descumprimento das disposições contidas nesta Instrução Normativa constitui
infração sanitária, nos termos da Lei nº. 6.437, de 20 de agosto de 1977, sem prejuízo das responsabilidades
civil, administrativa e penal cabíveis.

Art. 29. Fica revogada a Instrução Normativa-IN nº 48, de 21 de agosto de 2019.

Art. 30. Esta Instrução Normativa entra em vigor em 2 de maio de 2022.

ANTONIO BARRA TORRES

Este conteúdo não substitui o publicado na versão certificada.

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