História Da Construção Do Código de Ética Profissional Do Psicólogo No Âmbito Hospitalar

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Profª Drª Sirlei Favero Cetolin

E-mail: [email protected]
História da construção do Código de Ética Profissional do
Psicólogo no âmbito hospitalar
Ética em Psicologia
• Resposta à sociedade como garantia do serviço oferecido.

• Dinâmica, pois depende do momento histórico vivido.

Códigos de Resolução CFP nº 8, de 2 de fevereiro de 1975.

Ética Resolução CFP nº 29, de 30 de agosto de 1979.


Profissional
do Resolução CFP nº 2, de 15 de agosto de 1987.
Psicólogo
Resolução CFP nº 010, de 21 de julho de 2005.
(CEPP):
CEPP/1975
• Princípios fundamentais: legalidade da profissão, respeito à dignidade
promoção do bem-estar, responsabilização profissional, e complementaridade
às demais legislações.
• Responsabilidades gerais, deveres (7) e vedações (5) dos psicólogos (2 artigos),
com:

Clientes (3 artigos e 12 alíneas).


Instituições (2 artigos).
Outros psicólogos (4 artigos e 3 alíneas).
Outros profissionais (2 artigos e 2 alíneas).
Associações congregantes e representativas (2 artigos).
Justiça (5 artigos e 3 alíneas).
CEPP/1975

Sigilo profissional Honorários


(4 artigos e 2 alíneas). (2 artigos).

Comunicações científicas e
Fiscalização do exercício
publicações
(3 artigos).
(7 artigos e 2 alíneas).

Publicidade profissional Disposições gerais


(2 artigos). (2 artigos).
CEPP/1979
Princípios fundamentais: legalidade da profissão, respeito à dignidade, promoção do bem-
estar, responsabilização profissional, e complementaridade às demais legislações →
SEMELHANTES.
Responsabilidades gerais, deveres (7 → 5) e vedações (5 → 5), dos psicólogos (2 artigos →
2), e com:

• Clientes (3 artigos e 12 alíneas) → (3 artigos e 13 alíneas).


• Instituições (2 artigos) → (2 artigos e 1 parágrafo).
• Outros psicólogos (4 artigos e 3 alíneas) → (6 artigos e 3 alíneas).
• Outros profissionais (2 artigos e 2 alíneas) → (2 artigos e 2 alíneas).
• Associações congregantes e representativas (2 artigos) → (2 artigos).
• Justiça (5 artigos e 3 alíneas) → (5 artigos, 1 parágrafo e 3 alíneas).
CEPP/1979
Sigilo profissional (4 artigos e 2 alíneas) → (7 artigos e 3 parágrafos).

Comunicações científicas e publicações (7 artigos e 2 alíneas) → (8


artigos e 8 alíneas).

Publicidade profissional (2 artigos) → (2 artigos e 2 alíneas).

Honorários (2 artigos) → (2 artigos).

Fiscalização do exercício (3 artigos) e Disposições gerais (2 artigos) →


Observância, aplicação e cumprimento do código (9 artigos).
CEPP/1987
Princípios fundamentais: legalidade da profissão, respeito à dignidade, promoção do bem- estar,
responsabilização profissional, e complementaridade às demais legislações → análise política e
social, estudo e pesquisa.
Responsabilidades gerais, deveres (5 → 7) e vedações (5 → 14), dos psicólogos (2 artigos →
2 artigos), com:

• “Clientes” (3 artigos e 12 alíneas) → “pessoa atendida” (1 artigo e 3


alíneas).
• Instituições (2 artigos e 1 parágrafo) → (3 artigos e 7 parágrafos).
• Outros psicólogos (6 artigos e 3 alíneas) e outros profissionais (2 artigos e
2 alíneas) → (8 artigos e 6 alíneas).
• Associações congregantes e representativas (2 artigos) → “com
categoria” (2 artigos e 6 alíneas).
• Justiça (5 artigos e 3 alíneas) → (4 artigos e 3 alíneas).
CEPP/1987
Sigilo profissional (7 artigos e 3 parágrafos) → (9 artigos e 2
parágrafos).

Comunicações científicas e publicações (8 artigos e 8 alíneas) → (6


artigos e 9 alíneas).

Publicidade profissional (2 artigos e 2 alíneas) → (3 artigos, 1


parágrafo e 9 alíneas).

Honorários (2 artigos) → (2 artigos).

Observância, aplicação e cumprimento do código (9 artigos) → outras


considerações não especificadas (10 artigos).
CEPP/2005
Princípios fundamentais: alterações semânticas como “promoção da
liberdade, da dignidade, da igualdade e da integridade”; “saúde e qualidade
de vida” e “eliminação de negligência, discriminação, exploração, violência
crueldade e opressão” etc.

A resolução é dividida apenas em princípios


fundamentais, responsabilidades do psicólogo e
disposições gerais.

Responsabilidades gerais, deveres (7 → 12) e vedações (14


→ 17), dos psicólogos (2 artigos → 2 artigos).
Ilustração indicando possíveis caminhos como os trilhados na construção da
ética em Psicologia

Fonte: artisteer/iStock.com.
História da construção do Código de Ética Profissional do Psicólogo
Artigo
Análise dos processos éticos publicados no jornal do Conselho Federal de Psicologia
(CFP) (ZAIA; OLIVEIRA; NAKANO, 2018).

Objetivo: “analisar os processos éticos, elencados pelo CFP; a fim de obter dados
acerca dos problemas e dificuldades que ainda marcam a atuação na área”.

Método: Ao todo, foram 286 infrações publicadas na seção


“Processos Éticos”, do “Jornal do Federal”, de 2004 a 2016. Os
dados foram analisados de acordo com os resultados a
seguir.
Resultados (ZAIA; OLIVEIRA; NAKANO, 2018)
1 infração para cada 961 inscritos nos Conselhos Regionais de Psicologia (CRP).

Tabela 1 – Frequência e prevalência (por 1.000 profissionais) de faltas


éticas nas Unidade da Federação (UF) com maiores prevalências

UF Percentual por estado Prevalência


Paraná 15,03 2,78
Ceará 4,55 2,44
Espírito Santo 3,15 2,18
Santa Catarina 8,04 2,12
Bahia 4,55 1,31
Fonte: adaptada de Zaia, Oliveira e Nakano (2018).
Resultados (ZAIA; OLIVEIRA; NAKANO, 2018)

Princípios éticos violados (apenas


12,93% informavam a qual art. se
Conteúdos das ementas:
referiam), com maior frequência:

• Processo ético- • Laudo mal


profissional elaborado ou sem
(50,70%). fundamentação
• Recurso (20,63%). técnica e científica,
parcial e
• Laudos mal tendencioso (27).
elaborados, • Irregularidade em
parciais ou avaliação
tendenciosos psicológica (5).
(8,74%).
Caminhos
• Qualificação.
• Posicionamento crítico.
• Promoção da ética.

Fonte: exdez/iStock.com.
Ética em saúde (JONSEN; SIEGLER; WINSLADE, 2012)
Ilustração simulando interações entre profissionais
de saúde

• Cuidado com o paciente →


Relação com valores e
princípios.
• Convergências e
divergências.
• Consentimento, honestidade,
confidencialidade,
privacidade.
Fonte: mathisworks/iStock.com.
Compromisso ético (JONSEN; SIEGLER; WINSLADE, 2012)

Todos os profissionais da saúde.

Responsabilidades: ajudar e não prejudicar.

Atendimento competente.

Comunicação.

Metas compartilhadas entre profissionais e com pacientes.


Relações éticas (JONSEN; SIEGLER; WINSLADE, 2012)

Confiança: variam de
acordo com a Habilidades
objetividade e com a interpessoais:
complexidade.
• Falta de adesão ao • Identificação e
tratamento. análise da situação.
• Falta de condições • Conclusão.
para pagar o • Recomendação
atendimento. razoável como
solução.
Ética em saúde (JONSEN; SIEGLER; WINSLADE, 2012)

Quais os benefícios do tratamento e quais danos podem ser


evitados?

Paciente é mentalmente qualificado para tomar decisões? Se


não, quem é o seu responsável?

Quais as perspectivas do efeito do serviço de saúde para o


paciente?

Quais os interesses e os aspectos que caracterizam o contexto


da saúde-doença?
Ética organizacional (JONSEN; SIEGLER; WINSLADE,
2012)

• Hospital →
Organização.
• Estrutura e
funcionalidade.
• Política
institucional.

Fonte: Guzaliia Filimonova/iStock.com.


Sugestão
Reflita sobre os seus interesses pessoais, profissionais,
sociais e comerciais que podem influenciar eticamente
nas suas relações como profissional.
Reflita sobre a seguinte situação
Durante um atendimento, você, como psicólogo, ouve um conflito
vivenciado por um paciente a respeito de um tratamento
experimental. O paciente é livre para aceitar ou não esse
tratamento e apresenta integridade de suas faculdades mentais. A
não realização do tratamento limitará o paciente aos tratamentos
já reconhecidos, enquanto que o tratamento experimental pode
gerar expectativas não atingidas e efeitos colaterais.
Reflita sobre a seguinte situação

Após relatar a situação, o paciente pergunta o que você acha que


ele deve fazer.
✓ Qual resposta seria a mais adequada a esta situação?
✓ E se você conhecesse outras pessoas que já realizaram o
tratamento experimental e este foi um sucesso, isso muda a
sua resposta?
✓ E se você souber que os efeitos colaterais não são graves, isso
alteraria a sua postura?
Norte para a resolução...
• Como profissional em um ambiente hospitalar, você não estará atuando
sozinho. Por isso, é bom considerar a opinião dos demais profissionais, se
possível, antes de conversar com o paciente. Assim, ficará mais fácil
distinguir, por exemplo, qual a possibilidade real de êxito do tratamento
experimental.
• Evite afirmações que despertarão opiniões no paciente. Por mais seguro
que você esteja sobre a aplicabilidade no método experimental, a decisão
pela aceitação ou não do tratamento é do paciente. Você pode ajudá-lo a
se tornar mais consciente da sua decisão para que aja com autonomia e
responsabilidade.
Norte para a resolução...
• Como psicólogo atuando de forma ética, é recomendável que você
também se conscientize da sua parcialidade. Como todos têm uma
história e memórias de sucessos e fracassos, é comum as pessoas
aconselharem umas as outras. Contudo, como cabe ao paciente a decisão
sobre o tratamento, você deve estar sempre atento à sua consciência e
evitar manifestações verbais e não verbais tendenciosas.
• Por fim, mesmo após conversar com o paciente, lembre-se que você não
está sozinho. Converse com os demais profissionais responsáveis pelo
paciente e, se necessário, com os profissionais jurídicos da instituição, a
fim de conhecer as melhores ofertas de serviço para o paciente.
Indicação de filme
Jean-Dominique Bauby (Mathieu Amalric) tem 43 anos, é editor da
revista Elle e um apaixonado pela vida. Mas, subitamente, tem um
derrame cerebral. Vinte dias depois, ele acorda. Ainda está lúcido,
mas sofre de uma rara paralisia: o único movimento que lhe resta
no corpo é o do olho esquerdo. Bauby se recusa a aceitar seu
destino. Aprende a se comunicar piscando letras do alfabeto, e
forma palavras, frases e até parágrafos. Cria um mundo próprio,
contando com aquilo que não se paralisou: sua imaginação e sua
memória. O Escafandro e a Borboleta. Direção de Julian Schnabel. Kathleen Kennedy, 2008 (112 min).
Referências
CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Resolução CFP nº 8, de 2 de fevereiro
de 1975. Disponível em: https://atosoficiais.com.br/cfp. Acesso em: 7 set.
2020.

CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Resolução CFP nº 2, de 30 de agosto de


1979. Estabelece Novo Código de Ética dos Psicólogos e revoga a Resolução
CFP nº 08/75, de 2 de fevereiro de 1.975. Disponível em:
https://atosoficiais.com.br/cfp. Acesso em: 7 set. 2020.

CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Resolução CFP nº 2, de 15 de agosto de


1987. Aprova o Código de Ética Profissional do Psicólogo. Disponível em:
https://atosoficiais.com.br/cfp. Acesso em 7 set. 2020.
Referências
CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Resolução CFP nº 010, de 21 de julho de
2005. Aprova o Código de Ética Profissional do Psicólogo. Brasília: CFP, 2005.
Disponível em: https://site.cfp.org.br/wp-
content/uploads/2005/07/resolucao2005_10.pdf. Acesso em: 15 dez. 2020.

JONSEN Albert R.; SIEGLER, Mark; WINSLADE, William J. Ética clínica: abordagem
prática para decisões éticas na medicina clínica. 7 ed. Porto Alegre: AMGH, 2012.

ZAIA, Priscila; OLIVEIRA, Karina da S.; NAKANO, Tatiana de C. Análise dos processos
éticos pulbicados no jornal do Conselho Federal de Psicologia. Psicologia: ciência e
profissão, v. 38, n. 1, p. 8-21, jan./mar. 2018. Disponível em:
https://www.scielo.br/pdf/pcp/v38n1/1414-9893-pcp-38-01-0008.pdf. Acesso em:
9 set. 2020.

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