Teoria Da Pena 1
Teoria Da Pena 1
Teoria Da Pena 1
Sumário
1 –INTRODUÇÃO ........................................................................................ 3
2 – DA FINALIDADE DA PENA ................................................................... 4
3- TEORIA ABSOLUTA OU RETRIBUTIVA ................................................ 8
4- TEORIA RELATIVA OU PREVENTIVA ................................................. 13
5- TEORIA MISTA, UNIFICADORA OU ECLÉTICA .................................. 18
6 - VISÃO DA PENA NA LEGISLAÇÃO PENAL BRASILEIRA .................. 22
BIBLIOGRAFIA .......................................................................................... 25
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NOSSA HISTÓRIA
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1 –INTRODUÇÃO
Nosso presente estudo tem por objetivo tecer considerações e analisar a finalidade
da pena, levando em consideração os três grandes grupos de teorias que foram se
formando ao longo da história, para ao final constatar qual destas teorias foi adotada
pelo ordenamento jurídico brasileiro na aplicação do direito penal. Entretanto, não se
busca uma pesquisa de campo a respeito deste instituto, mas especificamente, uma
análise doutrinaria a respeito das teorias da pena, de forma unicamente jurídica, para
ao final chegar à uma conclusão quanto a verdadeira finalidade das penas, no que
tange a teoria aplicada no ordenamento jurídico pátrio.
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2 – DA FINALIDADE DA PENA
Já Francesco Carnelutti afirma que a pena não é apenas uma punição ao criminoso,
como também, uma forma de aviso para aqueles que tenham alguma pretensão
criminosa:
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que deva se tomar por chacota; pois ao menos deriva dele a conhecida
contradição entre função repressiva e a função preventiva da pena: o que a
pena deve ser para ajudar o culpado não é o que deve ser para ajudar os
outros; e não há, entre esses dois aspectos do instituto, possibilidade de
conciliação”.
Carnelutti diverge dos fins buscados pela aplicação da pena, afirmando que o
condenado acaba sendo punido, como forma de exemplificação para os demais, ou
seja, mesmo estando recuperado da suposta índole criminosa, o condenado
permanece encarcerado, com objetivo de servir como parâmetro para o resto da
sociedade, o jurista afirma que:
“O mínimo que se pode concluir dele é que o condenado, o qual, ainda tendo
caído redimido antes do término fixado para a condenação, continua em
prisão porque deve servir de exemplo aos outros, é submetido a um sacrifício
por interesse alheio; este se encontra na mesma linha que o inocente, sujeito
a condenação por um daqueles erros judiciais que nenhum esforço humano
jamais conseguirá eliminar. Bastaria para não assumir diante da massa dos
condenados aquele ar de superioridade que infelizmente, mais ou menos, o
orgulho, tão profundamente aninhado ou mais íntimo de nossa alma, inspira
a cada um de nós, ninguém verdadeiramente sabe, no meio deles, quem é
ou não é culpado e quem continua ou não sendo”.
Constata-se que Carnelutti não aderiu às três teorias sobre a pena, especificamente,
defendendo a tese de que mesmo estando o preso recuperado, este, ainda teria que
cumprir o restante de sua pena, como meio de exemplificação para as demais
pessoas, desvirtuando desta forma tanto a teoria absoluta como a teoria relativa da
pena.
E conforme dizeres de Haroldo Caetano da Silva “há basicamente três teorias que
buscam justificar a cominação e a aplicação da pena: a absoluta ou retributiva, a
relativa ou preventiva e a teoria mista ou eclética”.
Luiz Regis Prado traz qual o desiderato da pena, e indica as três teorias mencionadas
anteriormente:
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inúmeras as teorias que buscam justificar seus fins e fundamentos, reunidas
de modo didático em três grandes grupos: (...)”.
“As minhas propostas não têm o objetivo de abolir a metade da pena nem de
eliminar a determinação judicial da pena. Em duas expressões, seja-me
permitido resumir o que, de todo modo e imediatamente, deve-se perseguir:
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"Inoculização" dos incorrigíveis, correção dos corrigíveis. No mais, o resto
virá por acréscimo”.
Evidenciando desta forma que tais teorias são utilizadas como forma de regramento
extralegal para aplicação da pena, pois o Magistrado ao fixar o quanto de pena ao
caso concreto, deve primeiramente basear-se na legislação penal, analisando-se o
preceito secundário de cada tipo penal, em seguida basear-se no caso concreto, ou
seja, em elementos puramente subjetivos.
Por último, o julgador deve observar tais teorias, considerando que a pena deve ter
um fim específico além de encarcerar o condenado, por estes motivos, que há tanto
tempo, vem-se analisando a finalidade de cada uma das teorias da pena.
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3- TEORIA ABSOLUTA OU RETRIBUTIVA
Diante desta teoria, não se vislumbra qualquer outro objeto a não ser o de punir o
condenado, lhe causando um prejuízo, oriundo de sua própria conduta, um meio de
o condenado entender que está sendo penalizado em razão de seu desrespeito para
com as normas jurídicas e para com seus iguais.
Não é uma forma de ressocializar o condenado, muito menos reparar o dano causado
pelo delito, não se fala em reeducação, ou imposição de trabalho com objetivo de
dignificar o preso, mas sim, de punir, castigar e retribuir ao mesmo a falta de atenção
com os parâmetros legais e o desrespeito para com a sociedade.
Haroldo Caetano e Silva, ao lecionar sobre a execução penal, afirma que a teoria
absoluta tem por peculiaridade a retribuição, é uma forma de recompensar o mal
causado, causando um mal ao criminoso, para esta teoria a pena é um fim em si
mesma:
Em sua doutrina Inácio de Carvalho Neto assevera que a teoria absoluta tem por
finalidade retribuir, tendo por característica a negação da negação do direito,
ressaltando que os demais efeitos secundários da pena em nada influenciam em seu
verdadeiro fim, que seria estritamente o de punir o criminoso:
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de que sua culpabilidade não recaísse sobre todo o povo. Para esta teoria,
todos os demais efeitos da pena (intimidação, correção, supressão do meio
social) nada têm a ver com a sua natureza. O importante é retribuir com o
mal, o mal praticado. Como afirma FERNANDO FUKUSSANA, a
culpabilidade do autor é compensada pela imposição de um mal penal.
Consequência dessa teoria é que somente dentro dos limites da justa
retribuição é que se justifica a sanção penal”.
Ao tratar das teorias da pena, Tomaz Shintati ressalta a teoria retributiva e, utilizando-
se dos ensinamentos de Nelson Hungria, afirma que a pena é uma recompensa pela
conduta delituosa, usando inclusive de uma frase um tanto quanto direta, ao afirmar
que cada um deve ter o que merece, assim afirma o autor:
Ao tratar da razão de punir do Estado, Paulo José da Costa Jr. Leciona que uns
entendem tratar-se de uma retribuição, adequando-se desta forma a teoria absoluta:
"Para uns, a razão de ser da pena está na retribuição. A pena equivale ao mal
praticado. O réu é apenado porque delinqüiu (punitur quia peccatum)".
Conceituando de maneira um pouco diversa dos demais autores, Mirabete afirma que
esta teoria tem por fundamento a justiça, e utilizando dos ensinamentos de Kant, o
jurista ainda afirma que o castigo compensa o mal:
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“As absolutas fundam-se numa exigência de justiça: pune-se porque se
cometeu crime (punitur quia peccatum est). Negam elas fins utilitários à pena,
que se explica plenamente pela retribuição jurídica. È ela simples
consequência do delito: é o mal justo oposto ao mal injusto do crime”.
Da mesma forma, Cezar Roberto Bitencourt ensina que a teoria absoluta da pena
além de buscar a justiça, tem por escopo devolver o mal causado pelo delito, e que o
homem é livre para agir, e se optou pelo crime, deve receber uma penalidade maldosa
como foi sua conduta:
Segundo Romeu Falconi, a teoria absoluta da pena surgiu com a escola clássica do
direito penal, seguindo a mesma ideia de retribuir o mal causado à sociedade,
considerando ainda o livre arbítrio de cada um, pois é possível optar pela realização
ou não de um delito, e a realização do ilícito autoriza o Estado à causar um mal ao
condenado, segundo Falconi:
Basileu Garcia aponta que a pena detém a característica de aflição como meio de
punir, o autor afirma que "Para alguns, a pena é meramente aflitiva. Para outros,
constituí, exclusiva, precípua ou subsidiariamente, um meio para a obtenção de certos
benefícios, quer para o condenado, quer para a coletividade".
Segundo Listz o objetivo punitivo da pena está ligado à um escopo: "A objetivação da
pena conduziu-se a isso, que, por premissa necessária da sua utilização, também o
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conteúdo e a extensão da razão em função da espécie de pena vêm determinados e
subordinados à ideia de escopo".
O autor complementa tal afirmação sobre o fato da pena ser um fim em si mesma,
dizendo que a pena “como castigo, compensação, reação ou retribuição pelo delito,
justificada por seu valor axiológico intrínseco; portanto, não é um meio, mas um dever
ser metajurídico”; e finaliza tais afirmações dizendo que:
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ato, e que este entenda que se não tivesse delinquido não estaria sendo punido e
consequentemente, não estaria encarcerado.
Tais afirmações são fundamentadas no livre arbítrio de cada pessoa, pois, estes
sabem da ilegalidade de suas condutas (na maioria das vezes), e seria perfeitamente
plausível a exigibilidade de uma conduta diversa, ou seja, poderiam não ter realizado
o ilícito, pois possuem discernimento para tal.
Sendo a pena, portanto, um castigo e uma consequência pelo crime realizado, não
possuindo qualquer outro desiderato senão o de ser um fim em si mesma, e por
aplicar as sanções previstas na legislação, é considerada como uma forma de fazer
justiça.
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4- TEORIA RELATIVA OU PREVENTIVA
Esta teoria possui uma pretensão diversa da anterior, e têm por objetivo a prevenção
de novos delitos, ou seja, busca obstruir a realização de novas condutas criminosas;
impedir que os condenados voltem a delinquir.
Observa-se que, para tal teoria, presume-se que o condenado irá cometer novas
condutas ilícitas, caso não seja punido imediatamente, por esta razão, a teoria relativa
ou preventiva visa a impedir o cometimento de ilícitos.
É uma forma de manter a paz e o equilíbrio social, haja vista que aquelas pessoas
que presumidamente são criminosas, ou tenham uma pré-disposição ao crime, já
estarão encarcerados, dificultando assim a ocorrência de novas condutas ilegais.
Para Paulo S. Xavier de Souza a teoria relativa da pena diverge totalmente da teoria
absoluta da pena, destacando sua utilidade preventiva, Souza afirma que:
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analisadas”; e ainda, utilizando os dizeres de Paulo S. Xavier de Souza tais espécies
de prevenção se classificavam na prevenção geral e especial:
Neste quadro, Haroldo Caetano da Silva afirma que, para a teoria relativa à sanção
penal tem a finalidade de prevenir, evitando desta forma, a ocorrência de novas
infrações, segundo o jurista:
“Pela teoria relativa, a pena é uma medida prática que visa impedir o delito.
Esta teoria é dividida em duas: a da prevenção geral e a da prevenção
especial. Para a primeira, o principal escopo e efeito da pena é a inibição que
esta causa sobre a generalidade dos cidadãos, intimidando-os. Para a
segunda, a pena visa a intimidação do delinquente ocasional, à reeducação
do criminoso habitual corrigível, ou a tornar inofensivo o que se demonstra
incorrigível”.
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ainda que, para esta teoria, a pena também possui o intuito de ressocializar o
condenado, para que este possa retornar recuperado à sociedade:
Já Paulo José da Costa Jr. Afirma que a teoria relativa ou da prevenção é oriunda dos
pensamentos de Platão, que entendia que a pena possuía fins terapêuticos para o
criminoso: "Outros adotam a teoria da emenda, correcionalista ou da prevenção
especial. Remonta ela a Platão, que concebeu a pena como a medicina da alma".
E ainda, para Magalhães Noronha a teoria relativa da pena não dá origem à pena, é
uma necessidade da sociedade, não havendo qualquer ligação com a ideia de justiça,
pois:
“As teorias relativas procuram um fim utilitário para a punição. O delito não é
causa da pena, mas ocasião para que seja aplicada. Não repousa na ideia
de justiça, mas de necessidade social (punitur ne peccetur). Deve ela dirigir-
se não só ao que delinquiu, mas advertir aos delinquentes em potencial que
não cometam crime. Consequentemente, possui um fim que é a prevenção
geral e a particular”.
Neste diapasão, Cezar Roberto Bitencourt afirma que para a teoria relativa da pena,
o objetivo primordial é a prevenção, inibindo novas ocorrências de infrações criminais:
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volte a pecar. Para as duas teorias a pena é considerada um mal necessário.
No entanto, para as teorias preventivas, essa necessidade da pena não se
baseia na ideia de realizar justiça, mas na função, já referida, de inibir, tanto
quanto possível, a pratica de novos fatos delitivos".
Ao lecionar sobre a teoria relativa da pena, Romeu Falconi relata que esta surgiu com
a denominada escola positiva, e como os demais estudiosos, afirma que, para a teoria
relativa, a pena possui a característica de prevenção geral e especial, e ainda a
ressocialização do condenado, atribuindo assim, uma função à pena, para o Autor:
Entretanto, o autor discorda dos fins intimidativos que a teoria relativa atribui à pena,
afirmando que nenhum Estado pode existir baseado no medo: “Não posso concordar
com a “intimidação” (que chamam de prevenção geral) como meio de aplicação do
Direito Penal. Estado algum poderá sobreviver estruturando-se sob a égide do medo”.
Para João José Leal as teorias relativas surgiram com o intuito de restringir a
aplicação da teoria absoluta:
Ao doutrinar sobre a pena, Aníbal Bruno diz que a teoria relativa da pena tem o
objetivo de proteger bens jurídicos e a sociedade, e consequentemente prevenir fatos
tipicamente previstos como crimes:
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“O fim da pena é a defesa social pela proteção de bens jurídicos
considerados essenciais à manutenção da convivência. É este o fim mesmo
do Direito Penal, e o instrumento de que ele se vale para atingi-lo é a pena.
Essa defesa consiste em prevenir em decorrência de fatos definidos como
crime, ou por meio de prevenção geral, atuando sobre toda a coletividade,
ou por meio da prevenção especial, que agem diretamente sobre o próprio
criminoso”.
É ainda uma forma de aplicar justiça, não sendo uma consequência do delito, mas o
momento oportuno para aplicação da pena e como afirmado, prevenindo que o
condenado cometa novos delitos (prevenção específica), e para que a sociedade
como um todo tenha medo de cometer crimes (prevenção geral).
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Já o segundo é baseado na prevenção imposta ao próprio criminoso, tendo como
escopo o fato de que este poderá ficar constrangido a não cometer novos crimes, em
razão de ter sido punido anteriormente.
E não é só, para alguns se trata de uma necessidade social, considerando que é uma
forma de manter o equilíbrio social, sendo, portanto, uma utilidade, e não um fim em
si mesma, uma vez que, além de em tese recuperar o preso, protege os respectivos
bens jurídicos de serem objetos de novos delitos.
Possuindo desta forma vários objetivos específicos e oriundos da mesma origem, que
é o cumprimento de pena pelo condenado, e tendo por premissa a prevenção de
novos delitos, e a atribuição de um fim à pena.
Para a teoria mista ou eclética a pena é tanto uma retribuição ao condenado pela
realização de um delito, como uma forma de prevenir a realização de novos delitos.
Ou seja, é uma mescla entre tais teorias, sendo a pena uma forma de punição ao
criminoso, ante o fato do mesmo desrespeitar as determinações legais. E também
uma forma de prevenir a ocorrência dos delitos, tanto na forma geral como na forma
específica.
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Assim afirma Haroldo Caetano e Silva: “Da combinação entre as duas primeiras
teorias, surge a terceira: a teoria mista ou eclética. Para esta teoria, a prevenção não
exclui a retributividade da pena, mas se completam (...)”.
Segundo Inácio Carvalho Neto as teorias mistas tiveram início por ocasião das críticas
atribuídas às teorias absolutas e relativas, unificando as duas e aplicando os fins
retributivos e preventivos concomitantemente, segundo o autor:"
Para Noronha "As teorias mistas conciliam as precedentes. A pena tem índole
retributiva, porém objetiva os fins da reeducação do criminoso e de intimidação geral.
Afirma, pois, o caráter de retribuição da pena, mas aceita sua função utilitária".
Já Bitencourt assevera em sua obra que as teorias mistas, também denominadas por
ele como unificadoras, buscam um único conceito de pena, retribuição do delito
cometido, e a prevenção geral e especial:
Paulo José da Costa Jr. Leciona que contemporaneamente tem-se adotado a teoria
eclética da pena, sendo na realidade um misto da teoria absoluta e relativa, e que os
fins intimidativo e retributivo mesclaram-se passando a ter um caráter ressocializador,
para o jurista:
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Após explicar que a teoria absoluta visa punir, e que a relativa tem por objetivo
prevenir e ressocializar, Mirabete se refere à terceira teoria dizendo que:
Neste mesmo diapasão posicionou-se João José Leal, afirmando que além da
utilidade de prevenir, a pena possui um caráter de ordem moral, caracterizada pela
retribuição pelo delito cometido:
E ainda, Paulo S. Xavier de Souza relata que esta teoria atua como uma forma de
orientação para os fins da pena, e afirma que:
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jurídicos, intimidação dos potenciais infratores, bem como a ressocialização
do delinquente. Esta concepção aceita a retribuição e o princípio da
culpabilidade como critério limitadores da intervenção penal e da sanção
jurídico-penal, onde a punição não deve ultrapassar a responsabilidade pelo
fato criminoso, devendo-se também alcançar os fins preventivos especiais e
gerais”.
A punição deriva unicamente da teoria absoluta, haja vista que seu intuito é devolver
ao delinquente o mal causado à sociedade e ao sujeito passivo do delito, indicando
ao mesmo que se cometer algum crime será reciprocamente lesado pelo mal causado
e pelo seu desrespeito para com o ordenamento jurídico e a sociedade.
Enquanto que a prevenção deriva da teoria relativa da pena, pois é uma forma de
evitar a realização de novas condutas tipificadas criminalmente, para alguns autores
é também uma forma de ressocializar o condenado, e ainda prevenir que este volte a
delinquir (prevenção especifica), e para que os outros cidadãos tenham receio em
cometer algum ilícito (prevenção geral).
Sem esquecer, é claro, que, de acordo com a unificação das duas teorias, a pena
passa a ter a característica de um castigo, com um fim além de si mesma, fazer justiça
em consequência de mal causado, prevenindo que o delinquente volte a realizar
condutas criminosas, e a sociedade em geral tenha tal receio e, por consequência,
recuperar o interno, e protegendo os bens jurídicos, buscando a paz e o equilíbrio
social.
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6 - VISÃO DA PENA NA LEGISLAÇÃO PENAL BRASILEIRA
Resta evidente que o Código Penal não adota a teoria absoluta da pena em qualquer
de suas espécies. Alguns institutos existentes neste diploma legal, como a anistia, a
graça, o indulto, a abolitio criminis, a prescrição, a decadência, a desistência
voluntária, o arrependimento eficaz, o perdão judicial, o regime de progressão da
pena, etc, são institutos totalmente incompatíveis com a ideia da pena como
imposição de um castigo, considerando a pena como um mal em si mesmo, em razão
da prática de um ato criminoso, isto é, são inconciliáveis com a ideia de uma teoria
penal absoluta (retribuição moral ou jurídica).
Entende-se, deste modo, que a pena possui sim caráter retributivo, mas que essa
retribuição é essencialmente limitadora ao direito de punir. O legislador, não se orienta
por ela, ao definir infrações penais, mas a considera ao cominar penas, dosá-las e
eleger os critérios de individualização judicial da pena. Neste sentido, evidencia-se a
questão da subsidiariedade da intervenção penal.
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anos. Numerosas são, ainda, as hipóteses em que a efetiva intervenção do sistema
penal fica a critério do ofendido, quer promovendo a ação penal privada, quer
provocando a atuação do ministério público, nos casos em que a lei exige
representação da vítima ou de seu representante legal. Enfim, muitas são as
situações em que o legislador ou privilegia o interesse das partes diretamente
envolvidas ou prefere outras formas de intervenção social ou jurídica (civil,
administrativa, etc), renunciando à intervenção jurídico-penal.
Por fim, reporte-se ao chamado direito penal do inimigo. O direito penal do inimigo é
uma forma de manifestação do direito penal, cujo objetivo é localizar e distinguir,
dentre os indivíduos, aqueles que devem ser considerados como inimigos (tais como,
terroristas, criminosos organizados, autores de crimes sexuais violentos, etc.). De
acordo com esta corrente doutrinária, estes cidadãos não mereceriam por parte do
Estado as mesmas garantias e direitos fundamentais conferidos aos outros membros
da sociedade organizada, que respeitam as normas e princípios condizentes com o
ordenamento jurídico. A penalidade a ser imposta a estes infratores deve ser severa,
e, caso for necessário, até mesmo desproporcional à gravidade do delito cometido. O
essencial a esta tese será o de separar, distinguir, e até mesmo minimizar a prática
de atos danosos à sociedade por estes indivíduos (inimigos), que estariam em guerra
perene contra o ordenamento estatal.
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fins e dos limites do próprio Estado. Em razão disso, é de suma importância o estudo
sobre a Constituição.
Pode-se afirmar que no Brasil, mesmo não havendo filiação a uma única teoria da
pena, o art. 59 do Código Penal consagrou a teoria unitária da pena, ao determinar
ao juiz a aplicação da pena “conforme seja necessário e suficiente para a reprovação
e prevenção do crime”. Dessa forma, percebe-se que a “reprovação” traz a ideia de
retribuição na medida da culpabilidade do agente, enquanto a “prevenção” abarca as
três espécies demonstradas anteriormente, quais sejam, correção, neutralização,
intimidação e manutenção da ordem e segurança jurídica.
Analisando a teoria eclética, conclui-se que a pena é uma necessidade social – ultima
ratio legis e também é indispensável para a preservação dos bens jurídicos,
elencados como essenciais à vida e a dignidade da pessoa humana pelo direito penal.
Portanto, a função da pena não pode ser vista de modo unitário, e sim como um
complexo integrado de finalidades. A essência da teoria da pena não pode ser
reduzida a um único e absoluto pensamento teórico, ela possui sim múltiplas funções,
e somente pode ser estudada como uma realidade altamente complexa.
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BIBLIOGRAFIA
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