Martinismo

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Conheça a história da Ordem encarregada dos mais tradicionais

ensinamentos da Grande Fraternidade Branca

O Martinismo é um movimento místico ocidental que surgiu na França do


Séc.XVIII, com ensinamentos do Grande mestre L.C.de Saint Martin, grande
filósofo, ocultista e maçom.

Durante muito anos Saint Martin pertenceu a uma Ordem Iniciática denominado de
Ordem dos Ellus-cohen(Sacerdotes Eleitos) do universo, essa Ordem se dedicava
principalmente na regeneração do homem, ao seu estado divino primordial, em
suas práticas se destacava a Teurgia, era dirigida pelo seu fundador Martinez de
Pasqualis, ilustre Iniciado e ocultista.

Apesar de creditar muito de seus ensinamentos a Martinez, ele se dedicou ao


estudo das obras de Jacob Boehme, do qual se tornou a base de seus
ensinamentos, Saint Martin fazia uma crítica ao sistema dos Ellus-Cohen, dizia
que não era necessário de tanto rigor cerimonial para se estar em contato com
Deus e que bastaria o homem possuir um coração puro e introspectivo, chamou o
seu caminho como "A Senda Cardíaca" , muito bela e profunda o Martinismo até
os dias de hoje luta pela ascensão do homem ao seu destino divino.

A CRIAÇÃO DO MARTINISMO

Jean Bricaud

contendo um apêndice sobre a participação pessoal de Jean Bricaud

e comentários doutrinais de Constant Chevillon

A primeira edição deste retrospecto histórico do Martinismo feito por Jean Bricaud,
Grão Mestre da Ordem, surgiu em 1928 e se encontra completamente esgotada.

Deste modo, a fim de atender as necessidades dos adeptos e de alguns grupos


espiritualistas associados, decidimos republicá-lo em sua forma original. Contudo,
estaremos acrescentando um breve resumo sobre os seguintes pontos:

1.- A participação pessoal de Jean Bricaud, que desde sua morte em Fevereiro
deste ano (1934), entrou para a história.

2.- Comentários referentes à Doutrina, especificando instruções internas da


Ordem, adaptadas à necessidade de uma compreensão científica corrente, mas
transmitida em sua substância original, por Martinez de Pasqually, Willermoz e
Saint-Martin.

Tais comentários, dirigidos "a quem puder interessar" representam apenas um


esboço, não constituindo qualquer conclusão particular.
A continuação de seu trabalho, que consiste na completa restauração da cadeia
Martinista irá, sem dúvida, dar muita satisfação ao espírito do mestre, que nos
deixou tão cedo.

Constant Chevillon

NOTA DO EDITOR: Papus foi o primeiro Grão-Mestre da organização sob o nome


de Ordem Martinista. Foi sucedido por Téder, Jean Bricaud, Constant Chevillon e
Henri Dupont.

De todas as Ordens da Maçonaria Iluminista que floresceram na França durante o


século XVIII, nenhuma teve influência comparável àquela que entrou para a
história sob o nome de Martinismo. O surgimento desta Organização coincidiu
com a de um estranho personagem chamado Joachim Martinez Pasqually. Ainda
hoje alguns afirmam que ele pertencia a uma raça oriental, enquanto outros dizem
que Pasqually era um judeu Polonês. Na verdade, nada disso é verdade. Sua
família veio de Alicante na Espanha, onde seu pai nasceu em 1671, de acordo
com as credenciais maçônicas apresentadas por seu filho em 26 de Março de
1763 na Grande Loja da França. De acordo com o mesmo documento, Joachim
Martinez Pasqually nasceu em Grenoble no ano de 1710. Além disso, em 1769
durante o curso de um processo legal contra Du Guers, atestou ser Católico.
Portanto, não era Judeu.

Martinez Pasqually que também se intitulava Don Martinez de Pasqually era antes
de tudo um iniciado rosacruz Illuminati e especializado na Kaballah contida nos
registros da Ordem Rosacruz, e passou a vida ensinando nas Lojas maçônicas, na
forma de um rito maçônico elevado, um sistema religioso ao qual deu o nome de:
Elus Cohens, ou Sacerdotes Eleitos (Cohen em hebraico significa Sacerdote).
Apenas aqueles maçons do grau de Elus eram admitidos nos Elus Cohen.

Martinez viajou, de maneira misteriosa, por várias partes da França, sobretudo


pelo sul e sudoeste deste país. Costumava deixar uma cidade sem dizer para
onde ia e chegar a um lugar sem revelar de onde vinha. Enquanto propagava sua
doutrina, conseguia adeptos nas Lojas de Marseilles, Avignon, Montpellier,
Narbonne, Foix e Touluse. Se estabelece finalmente em Bordeaux em 1762, onde
se casou com a sobrinha de um antigo auxiliar do Regimento Foix.

Em Bourdeaux, Martinez ingressa na Loja La Française, que era a única, das


quatro lojas simbólicas, ativa na cidade, naquele tempo. Martinez se empenhou
em reviver o entusiasmo dos maçons de Bordeaux e após assegurar a
cooperação de vários deles, escreveu para a Grande Loja da França em 1763:
"Instituí um templo em Bourdeaux à Glória do Grande Arquiteto, compreendendo
as cinco ordens perfeitas que administro sob a constituição de Charles Stuart, rei
da Escócia, Irlanda e Inglaterra, Grão-Mestre de todas as lojas regulares
espalhadas pela superfície da terra, e que estão hoje sob a proteção de George
William, rei da Grã-Bretanha, e sob a Grande Loja intitulada "Elested and Scottish
Perfection". Na mesma época, dirigiu à Grande Loja uma cópia do certificado em
Inglês. Pasqually dirigiu esta instituição na qualidade de Grão Mestre do Templo.

Após a troca de várias correspondências, a Grande Loja da França acabou


emitindo um documento formal a Martinez, autorizando a constituição de sua Loja
sob o nome de "Française Elue Ecossaise" nome registrado na Grande Loja em 1º
de Fevereiro de 1765. Neste mesmo ano partiu para Paris onde esteve em contato
com vários maçons eminentes incluindo os Irmãos Bacon de la Chevalerie, de
Leisignan, de Loos, de Grainville, Willermoz e alguns outros a quem deu suas
primeiras instruções. Com o auxílio destes irmãos fundou em 21 de Março de
1767 fundou o seu Sovereign Court (Supremo Conselho) de Paris, apontando
Bacon de Chevalerie seu vice.

Em 1770 o Rito dos Elus Cohens contava com templos em Bordeaux, Montpellier,
Avignon, Foix, Libourne, La Rochelle, Versailles, Metz e Paris. Outro templo
estava prestes a se abrir em Lyon, graças aos esforços do Irmão Willermoz que
viria a ser a figura mais ativa e importante do rito de Martinez.

O Rito dos Elus Cohens consistia de nove graus, divididos em três partes
principais, como se segue:

1ª - Aprendiz, Companheiro, Mestre, Grão-Elu e Aprendiz Cohen.

2ª - Companheiro Cohen, Mestre Cohen, Grande Arquiteto, Cavaleiro Grão


Comandador ou Grão-Elu de Zorobabel.

A terceira parte era secreta e reservada aos Frater Réaux-Croix, uma espécie de
elite dos Rosacruzes.

Embora Martinez não tenha deixado um trabalho escrito completo referente aos
seus ensinamentos, graças ao texto (incompleto) "Traité de la Réintegration des
Etres" (Tratado da Reintegração dos Seres Criados), as informações sobre seus
escritos e um estudo das reuniões de seus adeptos, é possível

Como muitos de seus contemporâneos que estavam alarmados com a


materialidade dos filósofos, Martinez lutou a fim de resistir a esta tendência que
prevalecia entre os intelectuais da época. Contra aqueles que defendiam o
materialismo ele colocou uma vigorosa resistência na forma de uma idealização
da vida, uma mudança de atitudes com relação à atração dos apetites físicos.
Afirmava que em cada ser humano havia algo divino emborca adormecido e que
era preciso reviver. Segundo Martinez esta centelha divina poderia ser inflamada a
ponto de ser quase que inteiramente libertada do materialismo.

Sob tais condições o homem é capaz de adquirir poderes os quais lhe permitirão
se "comunicar com seres invisíveis, chamados pela Igreja de Anjos e obter não
apenas uma santidade pessoal, mas também a santidade de todos os discípulos
de boa vontade".

Transformar o homem desta forma seria regenerá-lo e reintegrá-lo gradualmente


em seu estado original; seria capacitá-lo a atingir aquele estado perfeito que cada
indivíduo e sociedade deveria buscar, já que o Iluminismo Martinista também
incluía atividade social coletiva. Contudo, não é possível alcançar este estado de
perfeição imediatamente. Muitas mentiras se acumularam durante séculos e
muitos preconceitos pesaram sobre a humanidade. É necessário permitir que a
Luz se espalhe pouco a pouco, de outra forma seria por demais ofuscante
cegando a humanidade ao invés de iluminar o verdadeiro caminho. Por este
motivo é que Martinez distribuiu seus ensinamentos em pequenas doses e por
graus. Ele queria que os adeptos - aqueles chamados a adentrarem os mais
profundos mistérios da iniciação - buscassem, de qualquer forma, a devoção ao
estudo dos segredos da Natureza, das Ciências Ocultas, dos altos ramos da
Química, Magia, Cabala e do Gnosticismo, a fim de, aos poucos, chegar aos graus
do iluminismo e da perfeição. Esta doutrina atingiu um surpreendente sucesso e a
Grande Loja da França, logo compreendeu que como resultado de todos os ritos
místicos ocorreu uma grande adesão de membros e se fazia necessário preservar
com muito cuidado o segredo de suas tarefas misteriosas.

Entre os discípulo de Martinez muitos ficaram famosos, entre eles estão o Barão
d'Holbach autor de "Systéme de la Nature"; o Cabalista e Hebraísta Duchanteau,
inventor do "Calendário Mágico", que morreu após uma bizarra experiência
alquímica, realizada na Loja "Amis Réunis" em Paris; Jacques Cazotte, o célebre
autor de "O Diabo Amoroso"; Bacon de la Chevalerie; Willermoz, que
desempenhou um importante papel na Maçonaria; e finalmente o "Filósofo
Desconhecido", Louis Claude de Saint-Martin.

Saint-Martin servia como tenente no Regimento Foix quando ouviu falar de


Martinez de Pasqually e seu Rito dos Elus-Cohen.

Após se retirar do exército, dirigiu-se a Bordeaux onde foi iniciado nos graus
Cohens pelo irmão de Balzac. Trabalhou por três anos como secretário de
Martinez tendo contato com os principais adeptos. Seus árduos estudos o fizeram
atingir um notável progresso, rapidamente, levando-o a penetrar o profundo
Iluminismo Martinista. Viajava frequentemente a Lyon, que veio a ser um influente
centro do Rito. Em Lyon Saint-Martin fez um esboço do livro "Dos Erros e da
Verdade", que teve um grande impacto sobre as idéias maçônicas no final do
século XVIII. Saint-Martin que era de natureza cortês, modelada por uma intensa
atividade intelectual, se via perturbado e até alarmado pelas operações que
envolviam a Magia, associadas aos ensinamentos de seu Mestre. Aos poucos ele
se retirou das práticas ativas, dedicando-se ao Réaux-Croix, a fim de se devotar
unicamente ao estudo do misticismo e espiritualismo. Dirigiu-se então a Paris,
onde foi muito bem recebido pela alta sociedade. As mulheres, em particular,
discutiam entre si imaginando quem teria o privilégio de sua companhia e muitas
delas lhe pediram orientação espiritual. Saint-Martin se viu obrigado a formar uma
espécie de grupo, puramente espiritualista que excluía cerimônias ritualísticas e
operações envolvendo Magia. Sem romper com seus irmãos Cohens, seguiu,
cada vez mais, o caminho do desenvolvimento de teorias filosóficas contidas no
sistema de Martinez, as quais ensinava oralmente e através de seus escritos. Até
a eclosão da Revolução Francesa, Saint-Martin se alternava entre as orientações
a seus adeptos e viagens ao exterior onde estabeleceu contato com os escritos de
Jacob Boheme um "Iluminato"

Saint-Martin estava bastante preocupado durante o Reino do Terror Francês em


1793. Contudo, alguns de seus antigos discípulos que chegaram ao poder, o
protegeram e graças a eles ficou livre de ser interrogado diante de uma corte
revolucionária. Morreu em 1803 deixando vários adeptos em diferentes países da
Europa.

Sempre surgem confusões referentes à descrição do "Martinista" como sendo


discípulo de Martinez ou de Saint-Martin. Embora as teorias fossem as mesmas,
havia uma grande diferença de pensamento entre as duas escolas. A escola de
Martinez permaneceu com o formato de uma alta-rosacruz destinada à Maçonaria,
enquanto a de Saint-Martin se remetia aos não iniciados rejeitando, portanto, as
práticas e cerimônias as quais a primeira dava tanta importância.

Após a morte de Martinez (no Haiti) o influente mestre Caignet de Lestére, seu
sucessor, se sentia incapaz de se devotar ativamente à Ordem; sisões ocorreram.
Ele morreu em 1778 após transferir seus poderes ao grande mestre Sébastien de
las Cases. Este não considerava necessário restaurar as relações interrompidas
entre diferentes templos dos Elus-Cohen e reestabelecer a unidade dentro do Rito.
Pouco a pouco as atividades do templo se paralizaram. Foi então que o presidente
dos Elus-Cohens de Lyon, Jean Baptiste Willermoz, com o objetivo de preservar a
Tradição Martinista, decidiu introduzi-la no Rito da Estrita Observância Templária,
do qual era um dos respeitáveis presidentes. Este ato contou com o apoio do vice
Grão-Mestre dos Elus-Cohens, Bacon de la Chevalerie.

Sabe-se que a Estrita Observância Templária da Alemanha enviou um grupo do


seu movimento à França. Seu centro era em Lyon, na Loja "La Bienfaisance". Sob
a influência de Willermoz, a Estrita Observância Templária francesa dirigiu-se
gradualmente rumo ao Martinismo.

Por ocasião da assembléia geral dos Franco-Maçons gauleses, organizada em


Lyon por Willermoz em 1778, se temia que o ressurgimento da Ordem do Templo
pudesse levantar suspeitas por parte da polícia; assim sendo foi decidido que a
Estrita Observância substituiria os Templários franceses pelos Cavaleiros
Benfeitores da Cidade Santa (CBCS).

Os Cavaleiros Benfeitores de Lyon liderados por Willermoz, consideravam a


Estrita Observância uma escola preparatória, por onde os Eleitos eram
introduzidos nos círculos internos do Martinismo. A Estrita Observância francesa
decidiu conduzir o grupo mãe a um caminho que eles mesmos se comprometeram
a seguir. Com esse objetivo Willermoz acrescentou dois graus secretos aos seis já
existentes na Estrita Observância e em 1782 compareceu à assembléia geral dos
Franco-Maçons em Wilhelmsbad, Alemanha, com a intenção de assegurar o
sucesso de seu sistema. Willermoz teve o apoio de dois Irmãos, que eram os
membros mais influentes da Franco-Maçonaria Templária, o Príncipe Ferdinando
de Brunswick e o Príncipe Charles de Hesse. Contudo, os Iluminados Martinistas
franceses se depararam com poderosos adversários, os Iluminados da Bavária
(Ordem de estudantes de uma parte contida nos arquivos da Ordem Rosacruz
apenas como registros, pois continham conhecimentos de Magia Atlante e eram
contra a ética rosacruz)

A assembléia de Wilhelmsbad veio a ser uma implacável e desesperadora luta


entre Martinistas franceses e os Iluminados da Alemanha, resultando no triunfo do
Martinismo. Alguns falam que foi com a ajuda dos próprios Illuminati da R+C.

Willermoz foi capaz de apresentar seus planos de reforma e novos rituais à


Assembléia. Mais que isso, conseguiu o título de Cavaleiros Benfeitores da
Cidade Santa, aceito por todos os Irmãos da Ordem Interna, como era na França.

Conseqüentemente, o ritual Escocês seguiria, em grande parte, o ritual de Lyon,


no qual Willermoz havia inserido referências preparatórias para a Doutrina
Martinista.

Por fim, uma Comissão especial comandada por Willermoz foi incumbida com a
tarefa de redigir rituais e instruções dos presidentes do Regime Interno, que
incluíam, no seu ápice, os dois graus Martinistas secretos, praticados na Estrita
Observância de Lyon.

Obs.: A Estrita Observância era uma Ordem Templária fundada na Alemanha por
volta de 1754 e mais tarde espalhada pela França onde os Templários Franceses
vieram a ter o nome de "Chevaliers Bienfaisants de la Cité Sainte" (CBCS), que é
hoje o Rito Escocês Retificado. Seus graus eram:

1º Aprendiz,

2º Companheiro,

3º Mestre,

4º Mestre Escocês (Maitre Escossais),

5º Escudeiro Noviço(Ecuyer Novice),

6º C.B.C.S. (Cavaleiro Benfeitor da Cidade Santa), ao qual foi adicionado


"Professo", classe de dois graus:
7º Cavaleiro Professo(Chevalier-Profès)

8º Cavaleiro Grão-Professo(Grand-Profès).

As conferências destes dois graus secretos são aquelas dadas nesse volume. Os
"Cavaleiros Benfeitores" ainda existem nos dias de hoje, mas os dois graus
secretos introduzidos por Willermoz desapareceram, não estando presentes nos
trabalhos atuais.

A Ordem dos Cavaleiros Benfeitores da Cidade Santa não foi restaurada na


França até 1806.

Ela reivindicava imediata filiação com a Grande Loja com a qual a Estrita
Observância já havia tido tratados anteriormente. Assim como os Martinistas Elus-
Cohens eles não reassumiram suas tarefas oficialmente. Contudo, Bacon de la
Chevalerie, vice Grão-Mestre dos Elus-Cohen para a região norte, tomou posse
em 1808, por virtude de sua posição, no Grande Consistório dos Ritos da Grande
Loja da França. Mesmo assim, apesar de suas insistentes solicitações, não
conseguiu o reconhecimento da Ordem junto ao corpo da Grande Loja. Em uma
carta data de de 5 de Agosto de 1808, endereçada ao Irmão Marquês de Chef-
debien, lamentou a falta de atividade e "absoluto silêncio dos Elus-Cohen, atuando
ainda com extrema reserva o cumprimento de ordens do Mestre Supremo".

Na Suíça, o sistema Martinista dos Cavaleiros Benfeitores estava operando por


intermédio da "Directoire de Bourgogne" que transmitiu seus poderes à Diretoria
Suíça. Acredita-se que este ramo se tornou o atual Regime Escocês Retificado.

Willermoz morreu em Lyon em 1824, transmitindo seus poderes e instruções


Martinistas a seu sobrinho Joseph-Antoine Pont do Regime Escocês Retificado.
Assim como os antigos membros da Ordem dos Elus-Cohen, eles continuaram a
propagar as doutrinas de Martinez, tanto individualmente como em grupos
secretos formados por nove pessoas chamadas de Areopagitas Cabalistas.

Os ensinamentos ocultos de Martinez foram, portanto transmitidos no século XIX,


de um lado pelos Elus-Cohens, dos quais um dos últimos representantes foi o
influente Mestre Destigny que morreu em 1868; e por outro lado, por alguns
Irmãos do Rito Escocês Retificado que preservaram as instruções secretas de
Willermoz. Finalmente, os discípulos de Saint-Martin espalharam a doutrina do
Filósofo Desconhecido na França, Alemanha, Dinamarca e sobretudo na Rússia.
Foi através de um deles, Henry Delaage, que em 1880, um jovem ocultista
parisiense, Dr. Encause (Papus) tomou conhecimento da doutrina de Saint-Martin
decidindo se tornar seu paladino. Com esse objetivo, fundou em 1884, com alguns
de seus associados, uma Ordem mística que chamou de Ordem Martinista. Muitos
Franco-Maçons que tinham interesse em assuntos místicos e ocultos se juntaram
a esta Ordem.
Até aquele momento, o Dr. Encause não sabia que a transmissão da tradição
Martinista dos Elus-Cohens nunca fora quebrada e nunca deixou de ter seus
representantes, tanto em Lyon como em várias cidades do exterior (em Lyon os
Irmãos Bergeron e Brébanalomon; na Dinamarca Carl Michelsen e no Estados
Unidos, Dr.Edward Blitz). O Dr. Edward Blitz, Cavaleiro Benfeitor da Cidade Santa
e pertencendo aos altos graus do Memphis-Misraim foi o sucessor direto de
Willermoz e de Antoine Pont. Tornou-se presidente do Supremo Conselho da
Ordem Martinista, para os Estados Unidos, retomado por Papus. Em 1901, na
qualidade de herdeiro de Martinez, decidiu reestabelecer a Ordem nos Estados
Unidos com base na antiga tradição. Seu representante na França, Dr. Fugairon e
mais tarde Charles Détré (Téder) tinha carta branca para agir com tal objetivo. De
fato, Téder em concordância com Papus, organizou um congresso de Ritos
Maçônicos em Paris (1908) a fim de ligar a Ordem Martinista aos Altos Graus da
Franco-Maçonaria.

Por fim, em 1914, após um acordo com o Grão-Mestre do Rito Escocês Retificado
(Dr. De Rib...) ficou decidido criar um Grã Capítulo Martinista consistindo
unicamente de altos graus maçônicos, que serviria de ligação entre o Martinismo e
o movimento Escocês Retificado. Novos eventos provocados pela guerra, a morte
do Grão-Mestre Papus (1916), e principalmente as mudanças promovidas pelo
Grão-Mestre do Rito Escocês Retificado na França, impediram este plano de ser
realizado. O sucessor de Papus, o Irmão Charles Détré (Téder) morreu em 1918,
transferindo seus poderes ao Irmão Jean Bricaud de Lyon. Este, durante a
reorganização do Martinismo após a guerra, restabeleceu a Ordem nos sólidos
fundamentos da Franco-Maçonaria simbólica e fora decretado que somente
aqueles maçons pertencentes ao grau de Mestre poderiam ingressar na Ordem
Martinista.

Em 25 de Setembro de 1918, após a morte de Téder, o Irmão Jean Bricaud foi


apontado Grão-Mestre da Ordem Martinista. Ele havia estado em contato com Dr.
Blitz por intermédio do Dr. Fugarion e do próprio Téder. Se comunicou com os
últimos representantes do movimento de Willermoz em Lyon, Dr. L. e o Sr. C. em
particular, coletando seus ensinamentos. Pertenceu portanto à linha tradicional
dos discípulos de Martinez, dos quais Saint-Martin havia formalmente se desligado
a fim de se refugiar no espiritualismo puro e oferecer aos adeptos, no mais
absoluto ecletismo, livre acesso a todo caminho do misticismo. Além do mais,
Papus, assim como Saint-Martin, solicitava àqueles fora da organização, uma
única coisa: Boa Vontade! Teoricamente isso era muito bom, mas como o
Iluminismo estava em questão, boa vontade muitas vezes significava mera
curiosidade. Contudo, o problema da Reintegração não pode ser resolvido pela
curiosidade ou por uma boa vontade comum.. Para alcançar tal objetivo é preciso
que o discípulo tenha uma qualidade ternária, aquela do espírito, da alma e do
corpo. É exatamente este discípulo que os ensinamentos dos Elus-Cohens
atingiam, ensinamentos que sequenciavam aqueles da Estrita Observância e dos
Cavaleiros Benfeitores da Cidade Santa.. Bricaud compreendeu isto desde o
princípio, e portanto, trabalhou a fim de ligar o Martinismo de Papus aos discípulos
do Gnosticismo.
Em 1911 Papus assinou um tratado sob o qual reconheceu a Igreja Gnóstica
Universal como a Igreja oficial do Martinismo. Com isso, ele ligou a Ordem que
reviveu à secular doutrina Ocidental da qual Martinez extraiu sua inspiração, no
princípio. Este tratado, confirmado e ampliado por Téder em 1917, numa segunda
versão, deu aos membros do Alto Sínodo Gnóstico o direito de ter representantes
dentro do Supremo Conselho Martinista, com base na reciprocidade. Assim, a
íntima união entre as duas organizações foi alcançada.

Após tomar posse como Grão-Mestre, Bricaud fez ainda mais. Reverteu-se
completamente à concepção de Martinez e Willermoz, que já havia sido objeto de
examinação desde a assembléia geral dos Franco-Maçons em 1908. Ele sobrepôs
o Martinismo à Franco-Maçonaria e decretou que so-mente os maçons regulares
de todos os ritos seriam aceitos na Ordem, ou mais conclusivamente, em seus
círculos internos. Para receber o primeiro grau Martinista era preciso ter sido
Mestre Maçom e, para ser investido dos outros graus, era necessário possuir os
Altos Graus (da Franco-Maçonaria) de acordo com uma meticulosa hierarquia
estabelecida. O Martinismo deixou de ser incorporado à Franco-Maçonaria, como
ocorria no tempo de Willermoz; com isto, o Martinismo manteve sua própria
personalidade, ainda que baseada na Franco-Maçonaria e com os princípios
espirituais da rosacruz.

A guerra havia enfraquecido e, às vezes, rompido os elos que havia, até então,
unindo as diferentes comunidades Martinistas do velho e do novo mundo. As lojas
ficaram adormecidas, os discípulos dispersos e já não representavam mais do que
uma unidade moral. O primeiro passo tomado pelo Grão-Mestre Bricaud foi
reestabelecer a cadeia. Ele reestabeleceu a unidade da Ordem na França no
início de 1919.

Com isso, a Ordem Martinista voltou ao seio da verdadeira iniciação esotérica,


estando assim sob a tutela jurídica e iniciática da Ordem Rosacruz - AMORC,
sendo admitida sua entrada apenas aos membros que já ultrapassaram os três
Graus de Átrium, servindo aos que desejam um conhecimento mais específico da
Kaballah, da linhagem ocultista de Papus e da Philosofia Occulta da Tradição
Primordial contida na Grande Fraternidade Branca.

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