Enunciados Aprovados VF
Enunciados Aprovados VF
Enunciados Aprovados VF
Ministro Og Fernandes
Corregedor-Geral da Justiça Federal e Diretor do Centro de Estudos Judiciários
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Coordenação Geral
Ministro Og Fernandes
Corregedor-Geral da Justiça Federal e Diretor do Centro de Estudos Judiciários
Coordenação Científica
Ministra Regina Helena Costa, Superior Tribunal de Justiça
Ministro Luiz Alberto Gurgel de Faria, Superior Tribunal de Justiça
Coordenação Executiva
Erivaldo Ribeiro dos Santos, Juiz Auxiliar da Corregedoria-Geral da Justiça Federal
Alcioni Escobar da Costa Alvim, Juíza Auxiliar da Corregedoria-Geral da Justiça Federal
João Batista Lazzari, Juiz Federal do Tribunal Regional Federal da 4ª Região
Daniela Pereira Madeira, Juíza Federal Tribunal Regional Federal da 2ª Região
Marcus Lívio Gomes, Juiz Federal Tribunal Regional Federal da 2ª Região
2
Comissão IV – Processo Tributário: Judicial e Administrativo. Execução Fiscal. Embargos à
Execução Fiscal. Medida Cautelar Fiscal. Ações Declaratória, Anulatória, de Repetição de
Indébito e de Compensação. Mandado de Segurança.
Presidente: Ministro Ribeiro Dantas, Superior Tribunal de Justiça
Relator: Desembargador Sérgio Seabra Varella (TJRJ)
Juristas: Juiz Federal Paulo Roberto Lyrio Pimenta (JFBA)
Professor Robson Maia Lins (PUC-SP)
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REALIZAÇÃO
CENTRO DE ESTUDOS JUDICIÁRIOS – CEJ
Deyst Deysther Ferreira de Carvalho Caldas – Secretária do Centro de Estudos Judiciários
ORGANIZAÇÃO
Maria Amélia Mazzola – Diretora da Divisão de Programas Educacionais (DIPRO)
Celeni Rocha Lopes da Silva – Chefe da Seção de Programas Educacionais Presenciais (SEPREP)
Dulcinéia Mendes dos Santos – Supervisora do Setor de Eventos Especiais (SETESP)
Edilberto Ataide Cavalcante Sobrinho – Assistente da Divisão de Programas Educacionais Presenciais (SEPREP)
Tamires Haniery de Souza Silva – Técnica Judiciária (SETESP)
Wilson Nogueira de Aquino Junior – Técnico Judiciário (DIPRO)
APOIO
Mônica Lacerda de Medeiros Salgado – Técnica Judiciária (SEPRED)
Andrea Bastos Quintão – Assistente da Divisão de Programas Educacionais a Distância (SEPRED)
Márcio Gomes da Silva – Assessor B (ASCEJ-SCE)
Flaviane Sousa Vieira – Prestadora de serviço – Técnica de Secretariado
Mayara Moraes Santos – Prestadora de serviço – Recepcionista
Hebert Rafael de Andrade Coelho – Prestador de serviço – Cerimonialista
EDITORAÇÃO
Maria Aparecida de Assis Marks – Diretora da Divisão de Biblioteca e Editoração (DIBIE)
Milra de Lucena Machado Amorim – Chefe da Seção de Editoração (SEEDIT)
Helder Marcelo Pereira – Assistente da Seção de Editoração (SEEDIT)
Rayanne Marcelle Gomes Durso – Prestadora de serviço – Seção de Editoração (SEEDIT)
REVISÃO
Centro de Revisão de Documentos e Publicações (CEREVI/CJF)
1. Direito tributário, estudo e ensino. 2. Enunciado. I. Conselho da Justiça Federal (Brasil). Centro de Estudos Judiciários.
CDU 336.2:34
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SUMÁRIO
PROGRAMAÇÃO ........................................................................................................................... 6
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PROGRAMAÇÃO
20 de outubro | quinta-feira
9h Credenciamento
10h Abertura
Conferência de Abertura:
Presidente de mesa: Ministro Og Fernandes, Corregedor-Geral da Justiça Federal e Diretor do
Centro de Estudos Judiciários
Tema: RELAÇÃO DIALÓGICA ENTRE COMPETÊNCIAS TRIBUTÁRIAS E A REPARTIÇÃO
10h30 CONSITUCIONAL DE RECEITAS: Procuradora Lana Borges, Procuradoria-Geral da Fazenda
Nacional
Tema: PROJETOS DE LEI SOBRE PROCESSO TRIBUTÁRIO – COMISSÃO DE JURISTAS
SENADO/STF: Ministra Regina Helena Costa, Superior Tribunal de Justiça
Tema: ESTADO FEDERAL E TRIBUTAÇÃO: Professora Misabel Derzi
COMISSÕES DE TRABALHO
Comissão I – Sistema Tributário Nacional. Princípios Gerais. Competência Tributária.
Limitações ao Poder de Tributar.
Presidente: Ministra Assusete Magalhães, Superior Tribunal de Justiça
Relator: Desembargador Federal Edilson Nobre (TRF5)
Juristas:
Professor Heleno Torres (USP)
Professor Fernando Facury Scaff (USP)
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Juristas:
Professor Paulo Ayres (USP)
Professor Estevão Horvath (USP)
21 de outubro | sexta-feira
Reunião Plenária
Mesa central: Coordenadores gerais e membros das comissões
Comissão I – Sistema Tributário Nacional. Princípios Gerais. Competência Tributária.
Limitações ao Poder de Tributar.
Comissão II – Normas Gerais de Direito Tributário. Legislação Tributária. Obrigação tributária.
Crédito tributário. Parcelamento, lançamento, Restituição, Compensação e Ressarcimento de
Tributos Federais. Administração Tributária.
9h
Comissão III – Espécies Tributárias: Impostos, Taxas, Contribuições de Melhoria, Empréstimo
compulsório, contribuições. Tributos federais em espécie. Simples Nacional.
Comissão IV – Processo tributário: judicial e administrativo. Execução fiscal. Embargos à
execução fiscal. Medida cautelar fiscal. Ações declaratória, anulatória, de repetição de
indébito e de compensação. Mandado de segurança.
Comissão V – Reforma Tributária
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ABERTURA DO EVENTO
MINISTRO OG FERNANDES
Com imensa dedicação e entusiasmo realizamos a I Jornada de Direito Tributário, por meio do
Centro de Estudos Judiciários do Conselho da Justiça Federal, em parceria com o Superior
Tribunal de Justiça e a Associação dos Juízes Federais do Brasil.
Aproveito esta oportunidade para agradecer aos Professores, Mestres, Doutores, membros
da Magistratura Federal e Estadual, do Ministério Público, representantes da Advocacia-Geral da
União, da Ordem dos Advogados do Brasil, das Defensorias Públicas, das Associações de Magistrados,
que colaboraram para a realização da Jornada.
Manifesto a minha gratidão a todos envolvidos na coordenação científica, que esteve sob o
encargo da Ministra Regina Helena Costa e do Ministro Luiz Alberto Gurgel de Faria, a quem parabenizo
e agradeço pelos esforços para a realização do encontro.
Aos Ministros Mauro Campbell Marques, Assusete Magalhães, Sérgio Kukina, Ribeiro Dantas
e ao Desembargador Federal convocado Manoel de Oliveira Erhardt, agradeço por assumirem a
Presidência das Comissões Temáticas, onde foram analisadas e debatidas as proposições de
enunciados que nos foram encaminhadas pela comunidade jurídica brasileira.
O objetivo das Jornadas realizadas pelo Centro de Estudos Judiciários do Conselho da Justiça
federal é o de promover e fomentar um ambiente profícuo de debates e de reflexões científicas, para
que os renomados especialistas chamados a contribuir possam, democraticamente, cooperar para a
consolidação de posições interpretativas sobre o direito contemporâneo, bem como sobre as
inovações legislativas, doutrinárias e jurisprudenciais acerca do tema escolhido.
E nesta I Jornada Direito Tributário foram tratados assuntos de fundamental importância para
a Justiça Federal, que detém a competência para processar todas as demandas que envolvam espécies
tributárias ao encargo da União.
8
Durante os debates realizados foram consolidados enunciados que contribuem ao propósito
de pavimentar soluções que auxiliem na prestação jurisdicional e no fomento da pesquisa e doutrina
acadêmicas, bem como na consolidação da jurisprudência.
Atento aos números, o CNJ recentemente editou a Resolução CNJ n. 471, de 31 de agosto de
2022 2, instituindo a política judiciária nacional de tratamento adequado à alta litigiosidade do
contencioso tributário, que passa a orientar o Poder Judiciário em várias frentes nesta difícil missão de
inverter a regra da litigância pela da consensualidade.
Assim, diante da nova política estabelecida, considero que esta Jornada dialógica e
colaborativa realizada pelo Centro de Estudos Judiciários veio em muito boa hora, pois não só
contribuiu para consolidar as diretrizes nacionais no âmbito da Justiça Federal, como também abrirá
novos horizontes para que pensemos soluções contemporâneas para esta realidade.
É inegável, portanto, o valor das discussões realizadas, pois elas ampliaram a análise sobre os
nossos dogmas clássicos, para torná-los mais contemporâneos aos novos tempos, e de fato é só assim
que conseguiremos lançar luzes para vencer o passivo de processos e transformar a realidade da
judicialização de massiva.
1
https://www.cnj.jus.br/wp-content/uploads/2022/09/justica-em-numeros-2022.pdf
2
https://atos.cnj.jus.br/atos/detalhar/4720
9
Acredito ser consenso entre os interlocutores, que os nossos esforços devem ser reservados
às questões em que a atuação jurisdicional seja efetivamente necessária, pois do contrário
subvertemos máquina judiciária à manufatura de ações não estruturais, deixando de responder com
eficiência e em prazo razoável demandas sensíveis para a sociedade.
O olhar perspicaz e dedicado dos brilhantes profissionais que se reuniram neste evento
colaborativo, por certo facilitou o alcance de uma justiça mais célere, deixando um legado de subsídios
que poderão ser utilizados para respaldar decisões, acordos, conciliações, enfim, para a concretização
da paz social a que está encarregado o Poder Judiciário.
Após prévio exame de admissibilidade, foram triadas e destacadas 88 proposições, que foram
analisadas e debatidas pelos nossos especialistas, no âmbito de 5 Comissões de Trabalho, divididas em
áreas específicas, sendo elas:
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de que: A exigência de garantia integral do crédito executado para o recebimento dos embargos à
execução fiscal deve ser dispensada quando o embargante comprovar, de maneira suficiente, que não
possui patrimônio para garantia do crédito.
Com efeito, a ciência jurídica realizada nesta hipótese, mostra que não se pode descurar do
empirismo no sistema jurídico, e a realidade fática preservada neste caso, observa a dignidade da
pessoa humana por traz dos negócios e obrigações fiscais, resguardando o acesso de todos os cidadãos
ao Poder Judiciário, ao contraditório e à ampla defesa, como preceitua nossa Constituição Federal, que
rege e idealiza uma sociedade justa e fraterna para todos e todas.
Por fim, deixo aqui meu reconhecimento ao Conselho da Justiça Federal e à equipe do Centro
de Estudos Judiciários pela realização deste evento de absoluto sucesso. O sucesso é de todos e de
cada um, agradeço a cada um que cooperou para apresentar a esse grupo de bons profissionais, que
possuem referências nacionais, um trabalho de imensa qualidade.
11
MINISTRO LUIZ ALBERTO GURGEL DE FARIA
No Justiça em Números 2022 3, o tema Direito Tributário aparece entre os assuntos mais
demandados no primeiro grau da Justiça Estadual, especificamente no tocante a IPTU e cobrança de
Dívida Ativa, como também no (primeiro grau) da Justiça Federal, sendo campeãs as questões
pertinentes às contribuições sociais. Havia, pois, que se fazer uma Jornada de Direito Tributário. Coube
a louvável iniciativa à Ministra Maria Thereza, no ano de 2020, quando Corregedora-Geral da Justiça
Federal, mas a Covid-19 não permitiu. O evento voltou à tona na gestão do Ministro Jorge Mussi, que,
com a arrefecimento da pandemia, muito bem pavimentou o caminho para que o evento fosse
finalmente realizado sob a Coordenação-Geral de um conterrâneo nordestino, esse pernambucano
“arretado”, Ministro Og Fernandes. Aos três colegas e amigos, assim como também aos demais
3
CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. Justiça em Números 2022. Brasília: CNJ, 2022, p. 279.
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coordenadores, presidentes de comissões, relatores, juristas, especialistas, proponentes de
enunciados, AJUFE, demais participantes e aos servidores de apoio do CJF/CEJ, os nossos
agradecimentos.
O Justiça em Números 2022 revela que 38% dos magistrados brasileiros são do sexo feminino4.
Apesar disso, os percentuais de participação na segunda instância e nos tribunais superiores são bem
menores, ao ponto de um tribunal regional federal, da minha origem (5ª Região), ter passado quase
dez anos sem uma única mulher naquele colegiado, pecado finalmente purgado pela recente chegada
de duas notáveis magistradas: Joana Carolina Lins Pereira e Germana de Oliveira Moraes. A valorização
e o respeito à mulher em todos os segmentos da sociedade precisam sair do discurso e ir para a
realidade, o que aqui se faz, em celebração ao Outubro Rosa, com as conferências de abertura
proferidas por três ilustres professoras, representando alguns dos segmentos mais relevantes ao
sistema de Justiça: Lana Borges – advocacia pública; Regina Costa – magistratura; e Misabel Derzi –
advocacia privada.
Ao elaborar um discurso, não me sai da memória a fama, não muito apreciada, de Fidel Castro
e Hugo Chávez, com falas por demais longas, ao ponto de um Rei sair da sua habitual serenidade e
admoestar o venezuelano: “Porque no te callas?”
Muito obrigado!
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CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. Justiça em Números 2022. Brasília: CNJ, 2022, p. 94.
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ENUNCIADOS APROVADOS
[1] COSTA, Regina Helena. Aspectos da Imunidade Tributária. Tese (Doutorado em Direito) Faculdade
de Direito, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC/SP. São Paulo, 2000.
[2] CARRAZZA, Roque Antonio. Curso de Direito Constitucional Tributário. São Paulo: Malheiros
Editores, 31ª ed., 2017, p. 929/930.
[3] Cf. Carrazza, p. 914/916 e BARRETO, Aires F. C. Dir. Trib. Mun. Saraiva, 75-78.
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referência a impostos conduz à compreensão de que o princípio da capacidade contributiva não se
aplica às demais espécies tributárias. Explicitar que a capacidade contributiva não decorre
exclusivamente do art. 145, § 1º, da CF, parece importante para afastar tais compreensões
equivocadas, além de refletir entendimento dominante na doutrina (cf., entre outros: P. B. Carvalho;
A. P. Velloso; B.T. Grupenmaceher) e uma tendência interpretativa dos tribunais (cf.: STF, RE 406.955;
RE 562.045).
ENUNCIADO 3 – A arbitragem é meio legítimo de solução de conflitos entre Fisco e contribuintes, desde
que venha a ser legalmente instituída.
Justificativa: O enunciado objetiva assentar a possibilidade de instituição da arbitragem como meio
para a solução de controvérsias em matéria tributária, afastando os óbices da indisponibilidade do
crédito tributário e, igualmente, do interesse público. É sabido que, no que concerne à solução das
contendas no âmbito do direito público, a impossibilidade do emprego do método arbitral já foi
superada, seja pela jurisprudência (STF, AI 52181), seja por força de uma positivação legal genérica
(art. 1º, §1º, da Lei n. 9.307/1996, com a redação da Lei n. 13.129/2015), relacionada a direitos
disponíveis, além de inúmeros permissivos legais específicos. Especialmente quanto à
indisponibilidade do crédito tributário, a qual constitui uma emanação da própria indisponibilidade do
interesse público, é de se notar que traduz a impossibilidade de sua disposição ao alvedrio do
administrador. Não há, por óbvio, impedimento a que tal ocorra se o administrador estiver assim
autorizado pelo legislador, o qual se encontra habilitado, constitucionalmente, para tanto. Nesse
sentido, apropriada a visão de Pedro Gonçalves (Administração Pública e arbitragem - especial, o
princípio legal da irrecorribilidade de sentenças arbitrais. In: Estudos em homenagem a António
Barbosa de Melo. Coimbra: Almedina, 2013, p. 784. Org.: CORREIA, Fernando Alves; SILVA, João Calvão
da; ANDRADE, José Carlos Vieira de Andrade; CANOTILHO, José Joaquim Gomes; COSTA, José Manuel
m. Cardoso). O enunciado, portanto, expressa a mensagem de que compete ao legislador,
flexibilizando a indicada indisponibilidade, autorizar a Administração Tributária a submeter os seus
litígios à arbitragem. Não se enveredou – advirta-se – aqui pela discussão sobre qual a natureza da
espécie normativa exigida para tal fim.
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implicará a solidariedade pelas obrigações anteriores entre as sociedades que absorverem o
patrimônio da companhia cindida e a sociedade original. Ocorrida a cisão parcial, é possível estipular
as obrigações que serão transferidas às sociedades cindendas; na hipótese de oposição dos credores a
essa estipulação, não haverá solidariedade entre as companhias, como prevê o art. 233, parágrafo
único, da Lei n. 6.404/1976. Nesse sentido, a cisão é uma operação societária com alta
discricionariedade por parte dos sócios em determinar qual patrimônio é vertido à cindenda e qual
permanece com a cindida. Todavia, o art. 123 do CTN veda que convenção particular possa determinar
a responsabilização tributária, considerando que eventuais estipulações previstas, conforme o
parágrafo único do art. 233 da Lei n. 6.404/1976, não podem ser opostas ao Fisco, sob pena de violação
dos princípios da indisponibilidade e da supremacia do interesse público.
ENUNCIADO 6 – A responsabilidade tributária dos terceiros elencados no rol do art. 134 do Código
Tributário Nacional é subsidiária, sendo assegurado o benefício de ordem.
Justificativa: Ainda que o caput do art. 134 do CTN preveja que “respondem solidariamente”, o instituto
da solidariedade, pela definição do parágrafo único do art. 124 do próprio CTN, é incompatível com
preceito de que tal responsabilidade se aplica na “impossibilidade de exigência do cumprimento da
obrigação principal pelo contribuinte”, contido no mesmo dispositivo. Trata-se, portanto, de “flagrante
ausência de tecnicidade legislativa” (STJ, 1ª Seção, EREsp 446.955/SC, Rel. Min. Luiz Fux, julg.
9/4/2008). A Primeira Seção do STJ concluiu, na ementa do mesmo julgado, que é “cediço que o
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instituto da solidariedade não se coaduna com o benefício de ordem ou de excussão. Em verdade, o
aludido preceito normativo cuida de responsabilidade subsidiária”. Renato Lopes Becho defende que
“é possível sustentar o caráter subsidiário da responsabilidade de terceiros. Talvez o legislador, por
equívoco, tenha estipulado uma aparente solidariedade apenas no intuito de manter o contribuinte no
polo passivo da ação de cobrança do crédito tributário” (Desdobramentos das decisões sobre
responsabilidade tributária de terceiros no STF. RDDT, n. 204, p. 45-57, set. 2012). Kiyoshi Harada tem
o mesmo entendimento: “na verdade, o texto do dispositivo sob exame refere-se à responsabilidade
subsidiária, pois a solidária não comporta benefício de ordem” (ITBI: doutrina e prática. São Paulo:
Atlas, 2010, p. 159).
ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS
ENUNCIADO 7 – A empresa vendedora, cuja comprovada boa-fé evidencie a regularidade da operação
interestadual realizada com o adquirente, não pode ser objetivamente responsabilizada pelo pagamento
do diferencial de alíquota de ICMS em razão de a mercadoria não ter chegado ao destino final.
Justificativa: Trata-se de entendimento firmado pela 1ª Seção, no EREsp n. 1.657.359 (Rel. Min. Gurgel
de Faria) em que se verificou a divergência entre acórdãos da 1ª e da 2ª Turma, no qual o Tribunal
privilegiou a justiça material, uma vez que, há anos, inúmeros contribuintes têm sido autuados para
pagamento de tributo cujo fato gerador não se perfectibilizou por dolo ou culpa de terceiros. O
paradigma segue a linha adotada pelo STJ, a fim de proteger o contribuinte que age de boa-fé (por
exemplo, Súmula n. 509: "É lícito ao comerciante de boa-fé aproveitar os créditos de ICMS decorrentes
de nota fiscal posteriormente declarada inidônea, quando demonstrada a veracidade da compra e
venda").
PROCESSO TRIBUTÁRIO
ENUNCIADO 9 – É cabível negócio jurídico processual em litígios que tenham por objeto créditos
tributários não inscritos em Dívida Ativa, quer no âmbito do processo administrativo fiscal, aplicando-
se, por analogia, o art. 190 do CPC, quer no âmbito de processo judicial.
Justificativa: O cabimento de negócio jurídico processual em matéria tributária é um fato consumado,
reconhecido pela Procuradoria da Fazenda Nacional, conforme portarias que regulamentam o tema e
casos concretos de acordos já celebrados, mas tais normativos não preveem este tipo de pacto em
processos administrativos ou em processos judiciais, envolvendo débitos não inscritos em Dívida Ativa.
Entretanto, o negócio jurídico processual não vincula órgãos, mas, sim, as pessoas jurídicas em lide,
sendo que tanto a Procuradoria quanto a Receita Federal são órgãos da União, razão pela qual poder-
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se-ia afirmar a presença da titular dos direitos e obrigações processuais em tela. Ora, se tomado como
premissa que o processo judicial tributário admite composição, nos termos do art. 190 do CPC, não há
nada que justifique isso ser admissível para processos envolvendo débitos inscritos, mas não para os
que envolvam os não-inscritos e, por consequência, também nada obsta que se aplique ao processo
administrativo fiscal, tendo por fim maior celeridade e segurança jurídica.
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necessária para defesa do contribuinte, sob pena de perecimento de documentos, circunstâncias,
fatos, dentre outros. Por isso, na forma do inciso I, do art. 381, do CPC, é defeso ao contribuinte
distribuir ação de produção antecipada de provas para produzir as provas necessárias antes de seu
perecimento. E, por vezes, o contribuinte necessita produzir uma prova para sua defesa na própria fase
administrativa. Pode-se necessitar de demarcar a área exata de um imóvel para defesa de autuação de
ITR. Pode-se necessitar de uma perícia química de um produto para se defender de uma autuação de
classificação fiscal. Pode-se necessitar de uma perícia contábil para análise dos demonstrativos para se
defender de uma autuação de IRPJ. Assim, na forma dos incisos II e III, do art. 381, do CPC, é defeso ao
contribuinte distribuir ação de produção antecipada de provas para produzir as provas necessárias para
viabilizar a autocomposição (levando a própria autoridade administrativa a reconhecer o erro de
eventual autuação) ou mesmo evitar o ajuizamento de futura ação judicial sobre o crédito tributário
(considerando que a prova produzida antecipadamente pode levar o julgador administrativo a anular
o auto de infração). Desta forma, mostra-se relevante a pacificação de que a distribuição desta ação
não implicará na renúncia da fase administrativa.
REFORMA TRIBUTÁRIA
Não houve enunciados aprovados por esta comissão.
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LISTA DE AUTORES DE PROPOSTAS SELECIONADAS
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