Enunciados Aprovados VF

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Conselho da Justiça Federal

Ministra Maria Thereza de Assis Moura


Presidente

Ministro Og Fernandes
Corregedor-Geral da Justiça Federal e Diretor do Centro de Estudos Judiciários

Ministro Marco Aurélio Gastaldi Buzzi


Ministro Marco Aurélio Bellizze Oliveira
Ministra Assusete Dumont Reis Magalhães
Ministro Sérgio Luíz Kukina
Desembargador Federal José Amilcar Machado
Desembargador Federal Messod Azulay Neto
Desembargadora Federal Marisa Ferreira dos Santos
Desembargador Federal Ricardo Teixeira do Valle Pereira
Desembargador Federal Edilson Pereira Nobre Júnior
Desembargadora Federal Mônica Jacqueline Sifuentes
Membros efetivos

Ministro Paulo Dias de Moura Ribeiro


Ministra Regina Helena Costa
Ministro Rogerio Schietti Machado Cruz
Ministro Luiz Alberto Gurgel de Faria
Desembargadora Federal Ângela Maria Catão Alves
Desembargador Federal Guilherme Calmon Nogueira da Gama
Desembargador Federal Antonio Carlos Cedenho
Desembargador Federal Fernando Quadros da Silva
Desembargador Federal Alexandre Luna Freire
Desembargador Federal Vallisney de Souza Oliveira
Membros Suplentes

Juiz Federal Daniel Marchionatti Barbosa


Secretário-Geral

1
Coordenação Geral
Ministro Og Fernandes
Corregedor-Geral da Justiça Federal e Diretor do Centro de Estudos Judiciários

Coordenação Científica
Ministra Regina Helena Costa, Superior Tribunal de Justiça
Ministro Luiz Alberto Gurgel de Faria, Superior Tribunal de Justiça

Coordenação Executiva
Erivaldo Ribeiro dos Santos, Juiz Auxiliar da Corregedoria-Geral da Justiça Federal
Alcioni Escobar da Costa Alvim, Juíza Auxiliar da Corregedoria-Geral da Justiça Federal
João Batista Lazzari, Juiz Federal do Tribunal Regional Federal da 4ª Região
Daniela Pereira Madeira, Juíza Federal Tribunal Regional Federal da 2ª Região
Marcus Lívio Gomes, Juiz Federal Tribunal Regional Federal da 2ª Região

Comissão I – Sistema Tributário Nacional. Princípios Gerais. Competência Tributária.


Limitações ao Poder de Tributar.
Presidente: Ministra Assusete Magalhães, Superior Tribunal de Justiça
Relator: Desembargador Federal Edilson Nobre (TRF5)
Juristas: Professor Heleno Torres (USP)
Professor Fernando Facury Scaff (USP)

Comissão II – Normas Gerais de Direito Tributário. Legislação Tributária. Obrigação


Tributária. Crédito tributário. Parcelamento, Lançamento, Restituição, Compensação e
Ressarcimento de Tributos Federais. Administração Tributária.
Presidente: Ministro Sérgio Kukina, Superior Tribunal de Justiça
Relator: Juiz Federal Renato Lopes Becho (JFSP)
Juristas: Professor Sérgio André Rocha (UERJ)
Professora Betina Treiger Grupenmacher (UFPR)

Comissão III – Espécies Tributárias: Impostos, Taxas, Contribuições de Melhoria, Empréstimo


Compulsório, Contribuições. Tributos Federais em Espécie. Simples Nacional.
Presidente: Desembargador Federal convocado Manoel de Oliveira Erhardt, Superior Tribunal de Justiça
Relatora: Desembargadora Federal Leila Paiva (TRF3)
Juristas: Professor Paulo Ayres (USP)
Professor Estevão Horvath (USP)

2
Comissão IV – Processo Tributário: Judicial e Administrativo. Execução Fiscal. Embargos à
Execução Fiscal. Medida Cautelar Fiscal. Ações Declaratória, Anulatória, de Repetição de
Indébito e de Compensação. Mandado de Segurança.
Presidente: Ministro Ribeiro Dantas, Superior Tribunal de Justiça
Relator: Desembargador Sérgio Seabra Varella (TJRJ)
Juristas: Juiz Federal Paulo Roberto Lyrio Pimenta (JFBA)
Professor Robson Maia Lins (PUC-SP)

Comissão V – Reforma Tributária.


Presidente: Ministro Mauro Campbell Marques, Superior Tribunal de Justiça
Relator: Juiz Federal Andrei Pitten Velloso (TRF4)
Juristas: Professor Luís Eduardo Schoueri (USP)
Professor Valcir Gassen (UnB)

3
REALIZAÇÃO
CENTRO DE ESTUDOS JUDICIÁRIOS – CEJ
Deyst Deysther Ferreira de Carvalho Caldas – Secretária do Centro de Estudos Judiciários

ORGANIZAÇÃO
Maria Amélia Mazzola – Diretora da Divisão de Programas Educacionais (DIPRO)
Celeni Rocha Lopes da Silva – Chefe da Seção de Programas Educacionais Presenciais (SEPREP)
Dulcinéia Mendes dos Santos – Supervisora do Setor de Eventos Especiais (SETESP)
Edilberto Ataide Cavalcante Sobrinho – Assistente da Divisão de Programas Educacionais Presenciais (SEPREP)
Tamires Haniery de Souza Silva – Técnica Judiciária (SETESP)
Wilson Nogueira de Aquino Junior – Técnico Judiciário (DIPRO)

APOIO
Mônica Lacerda de Medeiros Salgado – Técnica Judiciária (SEPRED)
Andrea Bastos Quintão – Assistente da Divisão de Programas Educacionais a Distância (SEPRED)
Márcio Gomes da Silva – Assessor B (ASCEJ-SCE)
Flaviane Sousa Vieira – Prestadora de serviço – Técnica de Secretariado
Mayara Moraes Santos – Prestadora de serviço – Recepcionista
Hebert Rafael de Andrade Coelho – Prestador de serviço – Cerimonialista

EDITORAÇÃO
Maria Aparecida de Assis Marks – Diretora da Divisão de Biblioteca e Editoração (DIBIE)
Milra de Lucena Machado Amorim – Chefe da Seção de Editoração (SEEDIT)
Helder Marcelo Pereira – Assistente da Seção de Editoração (SEEDIT)
Rayanne Marcelle Gomes Durso – Prestadora de serviço – Seção de Editoração (SEEDIT)

REVISÃO
Centro de Revisão de Documentos e Publicações (CEREVI/CJF)

J82 Jornada Direito Tributário (1. : 2022 : Brasília, DF).


I Jornada Direito Tributário : enunciados aprovados. – Brasília : Conselho da Justiça Federal, Centro de Estudos Judiciários,
2022.
20 p.
Evento realizado pelo Centro de Estudos Judiciários (CEJ).

1. Direito tributário, estudo e ensino. 2. Enunciado. I. Conselho da Justiça Federal (Brasil). Centro de Estudos Judiciários.

CDU 336.2:34

Ficha catalográfica elaborada por Tânia Cristina de Oliveira – CRB 1/2531

4
SUMÁRIO

PROGRAMAÇÃO ........................................................................................................................... 6

ABERTURA DO EVENTO ................................................................................................................ 8

Ministro Og Fernandes .............................................................................................................. 8

Ministro Luiz Alberto Gurgel de Faria ..................................................................................... 12

ENUNCIADOS APROVADOS ........................................................................................................ 14

Sistema Tributário Nacional .................................................................................................... 14

Normas gerais de Direito Tributário........................................................................................ 15

Espécies tributárias ................................................................................................................. 17

Processo tributário .................................................................................................................. 17

Reforma Tributária .................................................................................................................. 19

LISTA DE AUTORES DE PROPOSTAS SELECIONADAS .................................................................. 20

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PROGRAMAÇÃO

20 de outubro | quinta-feira
9h Credenciamento

10h Abertura

Conferência de Abertura:
Presidente de mesa: Ministro Og Fernandes, Corregedor-Geral da Justiça Federal e Diretor do
Centro de Estudos Judiciários
Tema: RELAÇÃO DIALÓGICA ENTRE COMPETÊNCIAS TRIBUTÁRIAS E A REPARTIÇÃO
10h30 CONSITUCIONAL DE RECEITAS: Procuradora Lana Borges, Procuradoria-Geral da Fazenda
Nacional
Tema: PROJETOS DE LEI SOBRE PROCESSO TRIBUTÁRIO – COMISSÃO DE JURISTAS
SENADO/STF: Ministra Regina Helena Costa, Superior Tribunal de Justiça
Tema: ESTADO FEDERAL E TRIBUTAÇÃO: Professora Misabel Derzi

COMISSÕES DE TRABALHO
Comissão I – Sistema Tributário Nacional. Princípios Gerais. Competência Tributária.
Limitações ao Poder de Tributar.
Presidente: Ministra Assusete Magalhães, Superior Tribunal de Justiça
Relator: Desembargador Federal Edilson Nobre (TRF5)
Juristas:
Professor Heleno Torres (USP)
Professor Fernando Facury Scaff (USP)

Comissão II – Normas Gerais de Direito Tributário. Legislação Tributária. Obrigação Tributária.


Crédito tributário. Parcelamento, Lançamento, Restituição, Compensação e Ressarcimento de
11h Tributos Federais. Administração Tributária.
Presidente: Ministro Sérgio Kukina, Superior Tribunal de Justiça
Relator: Juiz Federal Renato Lopes Becho (JF/SP)
Juristas:
Professor Sérgio André Rocha (UERJ)
Professora Betina Treiger Grupenmacher (UFPR)

Comissão III – Espécies Tributárias: Impostos, Taxas, Contribuições de Melhoria, Empréstimo


Compulsório, Contribuições. Tributos Federais em Espécie. Simples Nacional.
Presidente: Desembargador Federal convocado Manoel de Oliveira Erhardt, Superior Tribunal
de Justiça
Relatora: Desembargadora Federal Leila Paiva (TRF3)

6
Juristas:
Professor Paulo Ayres (USP)
Professor Estevão Horvath (USP)

Comissão IV – Processo Tributário: Judicial e Administrativo. Execução Fiscal. Embargos à


Execução Fiscal. Medida Cautelar Fiscal. Ações Declaratória, Anulatória, de Repetição de
Indébito e de Compensação. Mandado de Segurança.
Presidente: Ministro Ribeiro Dantas, Superior Tribunal de Justiça
Relator: Desembargador Sérgio Seabra Varella (TJ/RJ)
Juristas:
Juiz Federal Paulo Roberto Lyrio Pimenta (JF/BA)
Professor Robson Maia Lins (PUC/SP)

Comissão V – Reforma Tributária.


Presidente: Ministro Mauro Campbell Marques, Superior Tribunal de Justiça
Relator: Juiz Federal Andrei Pitten Velloso (TRF 4ª Região)
Jurista:
Professor Luís Eduardo Schoueri (USP)

12h30 Intervalo para almoço

14h Comissões de trabalho

19h Encerramento do dia

21 de outubro | sexta-feira
Reunião Plenária
Mesa central: Coordenadores gerais e membros das comissões
Comissão I – Sistema Tributário Nacional. Princípios Gerais. Competência Tributária.
Limitações ao Poder de Tributar.
Comissão II – Normas Gerais de Direito Tributário. Legislação Tributária. Obrigação tributária.
Crédito tributário. Parcelamento, lançamento, Restituição, Compensação e Ressarcimento de
Tributos Federais. Administração Tributária.
9h
Comissão III – Espécies Tributárias: Impostos, Taxas, Contribuições de Melhoria, Empréstimo
compulsório, contribuições. Tributos federais em espécie. Simples Nacional.
Comissão IV – Processo tributário: judicial e administrativo. Execução fiscal. Embargos à
execução fiscal. Medida cautelar fiscal. Ações declaratória, anulatória, de repetição de
indébito e de compensação. Mandado de segurança.
Comissão V – Reforma Tributária

13h30 Encerramento da Jornada

7
ABERTURA DO EVENTO

MINISTRO OG FERNANDES
Com imensa dedicação e entusiasmo realizamos a I Jornada de Direito Tributário, por meio do
Centro de Estudos Judiciários do Conselho da Justiça Federal, em parceria com o Superior
Tribunal de Justiça e a Associação dos Juízes Federais do Brasil.

Diversas autoridades prestigiaram o evento que contou com a presença ilustre da


Excelentíssima Presidente do STJ e do Conselho da Justiça Federal, Ministra Maria Thereza de Assis
Moura.

Aproveito esta oportunidade para agradecer aos Professores, Mestres, Doutores, membros
da Magistratura Federal e Estadual, do Ministério Público, representantes da Advocacia-Geral da
União, da Ordem dos Advogados do Brasil, das Defensorias Públicas, das Associações de Magistrados,
que colaboraram para a realização da Jornada.

Manifesto a minha gratidão a todos envolvidos na coordenação científica, que esteve sob o
encargo da Ministra Regina Helena Costa e do Ministro Luiz Alberto Gurgel de Faria, a quem parabenizo
e agradeço pelos esforços para a realização do encontro.

Aos Ministros Mauro Campbell Marques, Assusete Magalhães, Sérgio Kukina, Ribeiro Dantas
e ao Desembargador Federal convocado Manoel de Oliveira Erhardt, agradeço por assumirem a
Presidência das Comissões Temáticas, onde foram analisadas e debatidas as proposições de
enunciados que nos foram encaminhadas pela comunidade jurídica brasileira.

O objetivo das Jornadas realizadas pelo Centro de Estudos Judiciários do Conselho da Justiça
federal é o de promover e fomentar um ambiente profícuo de debates e de reflexões científicas, para
que os renomados especialistas chamados a contribuir possam, democraticamente, cooperar para a
consolidação de posições interpretativas sobre o direito contemporâneo, bem como sobre as
inovações legislativas, doutrinárias e jurisprudenciais acerca do tema escolhido.

E nesta I Jornada Direito Tributário foram tratados assuntos de fundamental importância para
a Justiça Federal, que detém a competência para processar todas as demandas que envolvam espécies
tributárias ao encargo da União.

8
Durante os debates realizados foram consolidados enunciados que contribuem ao propósito
de pavimentar soluções que auxiliem na prestação jurisdicional e no fomento da pesquisa e doutrina
acadêmicas, bem como na consolidação da jurisprudência.

A contribuição prospectiva deste evento, portanto, alcança todo o sistema de justiça, e


permite até mesmo um olhar sob a atuação preventiva do judiciário, pois ao delinear suas
interpretações, ainda que sem força coercitiva, permite a reflexão profunda, que poderá conduzir a
desjudicialização.

Conforme dados obtidos no Relatório Justiça em Números do Conselho Nacional de Justiça


deste ano de 2022 1, a maior taxa de congestionamento de execução fiscal no País encontra-se na
Justiça Federal, sendo que a nossa segunda instância, os TRFs, apresentam os maiores tempos de
tramitação dos processos de execução fiscal, em média 9 anos e 10 meses para julgamento.

Atento aos números, o CNJ recentemente editou a Resolução CNJ n. 471, de 31 de agosto de
2022 2, instituindo a política judiciária nacional de tratamento adequado à alta litigiosidade do
contencioso tributário, que passa a orientar o Poder Judiciário em várias frentes nesta difícil missão de
inverter a regra da litigância pela da consensualidade.

Assim, diante da nova política estabelecida, considero que esta Jornada dialógica e
colaborativa realizada pelo Centro de Estudos Judiciários veio em muito boa hora, pois não só
contribuiu para consolidar as diretrizes nacionais no âmbito da Justiça Federal, como também abrirá
novos horizontes para que pensemos soluções contemporâneas para esta realidade.

O desenvolvimento de enunciados orientativos, com vistas à uniformização de questões ainda


controversas no Direito Tributário é, portanto, um importante instrumento inovador, pois pode ser
utilizado como suporte ao convencimento dos nossos magistrados e magistradas em suas decisões,
servindo ainda para estimular a composição harmônica das controvérsias entre os próprios
interlocutores.

É inegável, portanto, o valor das discussões realizadas, pois elas ampliaram a análise sobre os
nossos dogmas clássicos, para torná-los mais contemporâneos aos novos tempos, e de fato é só assim
que conseguiremos lançar luzes para vencer o passivo de processos e transformar a realidade da
judicialização de massiva.

1
https://www.cnj.jus.br/wp-content/uploads/2022/09/justica-em-numeros-2022.pdf
2
https://atos.cnj.jus.br/atos/detalhar/4720

9
Acredito ser consenso entre os interlocutores, que os nossos esforços devem ser reservados
às questões em que a atuação jurisdicional seja efetivamente necessária, pois do contrário
subvertemos máquina judiciária à manufatura de ações não estruturais, deixando de responder com
eficiência e em prazo razoável demandas sensíveis para a sociedade.

O olhar perspicaz e dedicado dos brilhantes profissionais que se reuniram neste evento
colaborativo, por certo facilitou o alcance de uma justiça mais célere, deixando um legado de subsídios
que poderão ser utilizados para respaldar decisões, acordos, conciliações, enfim, para a concretização
da paz social a que está encarregado o Poder Judiciário.

Digno de registro o interesse da comunidade jurídica sobre os trabalhos que foram


desenvolvidos, frente ao número de proposições encaminhadas ao Centro de Estudos Judiciários,
foram 442 propostas de enunciados, versando sobre diversos aspectos do Direito Tributário.

Após prévio exame de admissibilidade, foram triadas e destacadas 88 proposições, que foram
analisadas e debatidas pelos nossos especialistas, no âmbito de 5 Comissões de Trabalho, divididas em
áreas específicas, sendo elas:

Comissão I – Sistema Tributário Nacional. Princípios gerais. Competência tributária.


Limitações ao poder de tributar.

Comissão II – Normas gerais de Direito Tributário. Legislação tributária. Obrigação tributária.


Crédito tributário. Parcelamento, lançamento, restituição, compensação e ressarcimento de tributos
federais. Administração tributária.

Comissão III – Espécies tributárias: impostos, taxas, contribuições de melhoria, empréstimo


compulsório, contribuições. Tributos federais em espécie. Simples Nacional.

Comissão IV – Processo tributário: judicial e administrativo. Execução fiscal. Embargos à


execução fiscal. Medida cautelar fiscal. Ações declaratória, anulatória, de repetição de indébito e de
compensação. Mandado de Segurança.

Comissão V – Reforma Tributária.

Ao cabo dos trabalhos foram aprovados 12 enunciados importantes, e aqui registro o de n.


12, vinculado à Comissão IV, que expressa o entendimento sistematizado dos especialistas no sentido

10
de que: A exigência de garantia integral do crédito executado para o recebimento dos embargos à
execução fiscal deve ser dispensada quando o embargante comprovar, de maneira suficiente, que não
possui patrimônio para garantia do crédito.

Com efeito, a ciência jurídica realizada nesta hipótese, mostra que não se pode descurar do
empirismo no sistema jurídico, e a realidade fática preservada neste caso, observa a dignidade da
pessoa humana por traz dos negócios e obrigações fiscais, resguardando o acesso de todos os cidadãos
ao Poder Judiciário, ao contraditório e à ampla defesa, como preceitua nossa Constituição Federal, que
rege e idealiza uma sociedade justa e fraterna para todos e todas.

Por fim, deixo aqui meu reconhecimento ao Conselho da Justiça Federal e à equipe do Centro
de Estudos Judiciários pela realização deste evento de absoluto sucesso. O sucesso é de todos e de
cada um, agradeço a cada um que cooperou para apresentar a esse grupo de bons profissionais, que
possuem referências nacionais, um trabalho de imensa qualidade.

11
MINISTRO LUIZ ALBERTO GURGEL DE FARIA

“Tanto que fazer!


livros que não se lêem, cartas que não se escrevem,
línguas que não se aprendem,
amor que não se dá,
tudo quanto se esquece.

Amigos entre adeuses,


crianças chorando na tempestade,
cidadãos assinando papéis, papéis, papéis...
até o fim do mundo assinando papéis.

E os pássaros detrás de grades de chuva,


e os mortos em redoma de cânfora.

(E uma canção tão bela!)

Tanto que fazer!


E fizemos apenas isto.
E nunca soubemos quem éramos
nem para quê.”

(Humildade, Cecília Meirelles)

Tanto que fazer!

No Justiça em Números 2022 3, o tema Direito Tributário aparece entre os assuntos mais
demandados no primeiro grau da Justiça Estadual, especificamente no tocante a IPTU e cobrança de
Dívida Ativa, como também no (primeiro grau) da Justiça Federal, sendo campeãs as questões
pertinentes às contribuições sociais. Havia, pois, que se fazer uma Jornada de Direito Tributário. Coube
a louvável iniciativa à Ministra Maria Thereza, no ano de 2020, quando Corregedora-Geral da Justiça
Federal, mas a Covid-19 não permitiu. O evento voltou à tona na gestão do Ministro Jorge Mussi, que,
com a arrefecimento da pandemia, muito bem pavimentou o caminho para que o evento fosse
finalmente realizado sob a Coordenação-Geral de um conterrâneo nordestino, esse pernambucano
“arretado”, Ministro Og Fernandes. Aos três colegas e amigos, assim como também aos demais

3
CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. Justiça em Números 2022. Brasília: CNJ, 2022, p. 279.

12
coordenadores, presidentes de comissões, relatores, juristas, especialistas, proponentes de
enunciados, AJUFE, demais participantes e aos servidores de apoio do CJF/CEJ, os nossos
agradecimentos.

Tanto que fazer!

O Justiça em Números 2022 revela que 38% dos magistrados brasileiros são do sexo feminino4.
Apesar disso, os percentuais de participação na segunda instância e nos tribunais superiores são bem
menores, ao ponto de um tribunal regional federal, da minha origem (5ª Região), ter passado quase
dez anos sem uma única mulher naquele colegiado, pecado finalmente purgado pela recente chegada
de duas notáveis magistradas: Joana Carolina Lins Pereira e Germana de Oliveira Moraes. A valorização
e o respeito à mulher em todos os segmentos da sociedade precisam sair do discurso e ir para a
realidade, o que aqui se faz, em celebração ao Outubro Rosa, com as conferências de abertura
proferidas por três ilustres professoras, representando alguns dos segmentos mais relevantes ao
sistema de Justiça: Lana Borges – advocacia pública; Regina Costa – magistratura; e Misabel Derzi –
advocacia privada.

Tanto que fazer!

Ao elaborar um discurso, não me sai da memória a fama, não muito apreciada, de Fidel Castro
e Hugo Chávez, com falas por demais longas, ao ponto de um Rei sair da sua habitual serenidade e
admoestar o venezuelano: “Porque no te callas?”

Há, pois, de se fazer uma oração breve!

Sejam todos muito bem-vindos!

Muito obrigado!

4
CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. Justiça em Números 2022. Brasília: CNJ, 2022, p. 94.

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ENUNCIADOS APROVADOS

SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL


ENUNCIADO 1 – A ausência de finalidade lucrativa (art. 150, inciso VI, "c", CF/1988), para fins de gozo
da imunidade tributária das instituições de educação ou de assistência social, não se confunde com
gratuidade ou com a proibição de auferir lucros, desde que haja a reversão dos seus resultados, rendas
e patrimônio, à finalidade essencial, vedada a sua distribuição, a qualquer título.
Justificativa: A ausência de finalidade lucrativa é exigência da CF/88, para que as instituições de
educação e de assistência social sejam imunes aos impostos. Contudo, falta de finalidade lucrativa não
implica em gratuidade e em que tais entidades não possam auferir resultados positivos. A necessidade
de gratuidade, não é exigida pela Lei Maior; não se exige beneficência, apenas falta de finalidade
lucrativa. Conforme Regina Helena Costa1, a imunidade pressupõe a capacidade econômica, pois
despindo-se os fatos de conteúdo econômico, seriam os mesmos irrelevantes para o direito tributário,
ou se estaria diante de mera não incidência. E segundo Roque Antonio Carrazza2, a gratuidade não é
requisito para gozo da imunidade pois, se a gratuidade fosse conditio sine qua non ao desfrute da
imunidade, praticamente estaria esvaziada em relação às escolas, a norma contida nesta alínea “c” Cf.
RE 58.691/SP e 93.463/RJ. Quanto à possibilidade de auferimento de resultados positivos, a há
proibição de se obter sobras, superávits, ou lucros em sentido amplo; o que a CF/88 exige é que esses
resultados positivos não sejam distribuídos, devendo os mesmos serem aplicados no desenvolvimento
de suas atividades.3

[1] COSTA, Regina Helena. Aspectos da Imunidade Tributária. Tese (Doutorado em Direito) Faculdade
de Direito, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC/SP. São Paulo, 2000.

[2] CARRAZZA, Roque Antonio. Curso de Direito Constitucional Tributário. São Paulo: Malheiros
Editores, 31ª ed., 2017, p. 929/930.

[3] Cf. Carrazza, p. 914/916 e BARRETO, Aires F. C. Dir. Trib. Mun. Saraiva, 75-78.

ENUNCIADO 2 – O princípio da capacidade contributiva não está limitado aos impostos.


Justificativa: O princípio da capacidade contributiva encontra fundamento imediato no princípio da
isonomia, além de outros princípios constitucionais, como o direito de propriedade, o princípio da
solidariedade, entre outros. Por isso, mesmo que não estivesse positivado na CF, o dever de
observância desse princípio vincularia o legislador tanto no que se refere à delimitação da hipótese de
incidência tributária, quanto no que se refere à eleição dos elementos de graduação do tributo. Sucede
que o dispositivo constitucional que consagrou expressamente o princípio – art. 145, § 1, da CF –
apresenta redação que dá ensejo a interpretações limitadoras do alcance da capacidade contributiva,
em três aspectos fundamentais: (a) o dispositivo apenas faz alusão à capacidade contributiva em
sentido relativo (graduação do tributo), deixando escapar a faceta objetiva do princípio (eleição, para
a hipótese de incidência tributária, de materialidades que expressem relevância econômica); (b) a
expressão "sempre que possível" dá a entender que se trata de uma faculdade do legislador; (c) a

14
referência a impostos conduz à compreensão de que o princípio da capacidade contributiva não se
aplica às demais espécies tributárias. Explicitar que a capacidade contributiva não decorre
exclusivamente do art. 145, § 1º, da CF, parece importante para afastar tais compreensões
equivocadas, além de refletir entendimento dominante na doutrina (cf., entre outros: P. B. Carvalho;
A. P. Velloso; B.T. Grupenmaceher) e uma tendência interpretativa dos tribunais (cf.: STF, RE 406.955;
RE 562.045).

ENUNCIADO 3 – A arbitragem é meio legítimo de solução de conflitos entre Fisco e contribuintes, desde
que venha a ser legalmente instituída.
Justificativa: O enunciado objetiva assentar a possibilidade de instituição da arbitragem como meio
para a solução de controvérsias em matéria tributária, afastando os óbices da indisponibilidade do
crédito tributário e, igualmente, do interesse público. É sabido que, no que concerne à solução das
contendas no âmbito do direito público, a impossibilidade do emprego do método arbitral já foi
superada, seja pela jurisprudência (STF, AI 52181), seja por força de uma positivação legal genérica
(art. 1º, §1º, da Lei n. 9.307/1996, com a redação da Lei n. 13.129/2015), relacionada a direitos
disponíveis, além de inúmeros permissivos legais específicos. Especialmente quanto à
indisponibilidade do crédito tributário, a qual constitui uma emanação da própria indisponibilidade do
interesse público, é de se notar que traduz a impossibilidade de sua disposição ao alvedrio do
administrador. Não há, por óbvio, impedimento a que tal ocorra se o administrador estiver assim
autorizado pelo legislador, o qual se encontra habilitado, constitucionalmente, para tanto. Nesse
sentido, apropriada a visão de Pedro Gonçalves (Administração Pública e arbitragem - especial, o
princípio legal da irrecorribilidade de sentenças arbitrais. In: Estudos em homenagem a António
Barbosa de Melo. Coimbra: Almedina, 2013, p. 784. Org.: CORREIA, Fernando Alves; SILVA, João Calvão
da; ANDRADE, José Carlos Vieira de Andrade; CANOTILHO, José Joaquim Gomes; COSTA, José Manuel
m. Cardoso). O enunciado, portanto, expressa a mensagem de que compete ao legislador,
flexibilizando a indicada indisponibilidade, autorizar a Administração Tributária a submeter os seus
litígios à arbitragem. Não se enveredou – advirta-se – aqui pela discussão sobre qual a natureza da
espécie normativa exigida para tal fim.

NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO


ENUNCIADO 4 – A responsabilidade tributária por sucessão empresarial prevista no art. 132 do Código
Tributário Nacional (CTN) se aplica aos casos de cisão previstos no art. 229 da Lei n. 6.404/1976 (Lei
das S.A).
Justificativa: O art. 132 do CTN, que trata das hipóteses de responsabilidade tributária por sucessão
empresarial, não fez menção explícita à cisão, pois esse conceito apenas foi normatizado pela Lei n.
6.404/1976 (Lei das S.A.), que entrou em vigor posteriormente ao CTN. No entanto, o entendimento
pacífico da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (STJ) é que esse dispositivo determina a
responsabilidade tributária solidária entre as empresas cindendas e a sociedade que foi cindida,
considerando essa operação como uma espécie de transformação (REsp n. 1.682.792/SP e REsp n.
852.972/PR). A Lei das S.A. estabelece que a cisão pode ser total ou parcial (art. 229) e, em regra, ela

15
implicará a solidariedade pelas obrigações anteriores entre as sociedades que absorverem o
patrimônio da companhia cindida e a sociedade original. Ocorrida a cisão parcial, é possível estipular
as obrigações que serão transferidas às sociedades cindendas; na hipótese de oposição dos credores a
essa estipulação, não haverá solidariedade entre as companhias, como prevê o art. 233, parágrafo
único, da Lei n. 6.404/1976. Nesse sentido, a cisão é uma operação societária com alta
discricionariedade por parte dos sócios em determinar qual patrimônio é vertido à cindenda e qual
permanece com a cindida. Todavia, o art. 123 do CTN veda que convenção particular possa determinar
a responsabilização tributária, considerando que eventuais estipulações previstas, conforme o
parágrafo único do art. 233 da Lei n. 6.404/1976, não podem ser opostas ao Fisco, sob pena de violação
dos princípios da indisponibilidade e da supremacia do interesse público.

ENUNCIADO 5 – Informações e dados relativos a incentivos fiscais, concedidos a pessoas jurídicas ou


por elas fruídos, devem ser fornecidos a qualquer interessado (transparência passiva), nos termos da
Lei de Acesso à Informação, além de ser divulgados no Portal da Transparência do ente federado
(transparência ativa).
Justificativa: Segundo a Receita Federal do Brasil, os incentivos fiscais destinados a promover a
equalização das rendas entre diferentes regiões ou a incentivar determinado setor da economia
classificam-se como “gastos tributários”, isto é, constituem “gastos indiretos do governo realizados por
intermédio do sistema tributário, visando a atender objetivos econômicos e sociais e constituem-se
em uma exceção ao sistema tributário de referência, reduzindo a arrecadação potencial e,
consequentemente, aumentando a disponibilidade econômica do contribuinte”. Assim, trata-se de
verdadeira política pública, que se utiliza não do gasto direto, mas sim do indireto, por meio da
renúncia de receitas públicas, para atingir objetivos econômicos e sociais, acepção que se aplica
inteiramente aos incentivos fiscais de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).
Nesse contexto, devem ser públicas as informações sobre as pessoas jurídicas objeto dessa
desoneração tributária, os valores a elas concedidos e por elas fruídos em determinado período,
eventuais condições a que estejam sujeitas e outras informações pertinentes, porquanto, afinal, o
Estado, em sentido amplo, é que está financiando essas pessoas jurídicas beneficiadas às custas dos
demais membros da sociedade. Por isso, trata-se de informações e dados revestidos de inegável
interesse público, que devem ser prestados pelas Administrações Tributárias (CRFB, art. 5º, inciso
XXXIII), razão pela qual não deve ter lugar a alegação de sigilo fiscal nesse tocante (CTN, art. 198, caput);
afinal, quem recebe incentivos do Poder Público deve estar sempre aberto aos mais amplos controles,
inclusive social.

ENUNCIADO 6 – A responsabilidade tributária dos terceiros elencados no rol do art. 134 do Código
Tributário Nacional é subsidiária, sendo assegurado o benefício de ordem.
Justificativa: Ainda que o caput do art. 134 do CTN preveja que “respondem solidariamente”, o instituto
da solidariedade, pela definição do parágrafo único do art. 124 do próprio CTN, é incompatível com
preceito de que tal responsabilidade se aplica na “impossibilidade de exigência do cumprimento da
obrigação principal pelo contribuinte”, contido no mesmo dispositivo. Trata-se, portanto, de “flagrante
ausência de tecnicidade legislativa” (STJ, 1ª Seção, EREsp 446.955/SC, Rel. Min. Luiz Fux, julg.
9/4/2008). A Primeira Seção do STJ concluiu, na ementa do mesmo julgado, que é “cediço que o

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instituto da solidariedade não se coaduna com o benefício de ordem ou de excussão. Em verdade, o
aludido preceito normativo cuida de responsabilidade subsidiária”. Renato Lopes Becho defende que
“é possível sustentar o caráter subsidiário da responsabilidade de terceiros. Talvez o legislador, por
equívoco, tenha estipulado uma aparente solidariedade apenas no intuito de manter o contribuinte no
polo passivo da ação de cobrança do crédito tributário” (Desdobramentos das decisões sobre
responsabilidade tributária de terceiros no STF. RDDT, n. 204, p. 45-57, set. 2012). Kiyoshi Harada tem
o mesmo entendimento: “na verdade, o texto do dispositivo sob exame refere-se à responsabilidade
subsidiária, pois a solidária não comporta benefício de ordem” (ITBI: doutrina e prática. São Paulo:
Atlas, 2010, p. 159).

ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS
ENUNCIADO 7 – A empresa vendedora, cuja comprovada boa-fé evidencie a regularidade da operação
interestadual realizada com o adquirente, não pode ser objetivamente responsabilizada pelo pagamento
do diferencial de alíquota de ICMS em razão de a mercadoria não ter chegado ao destino final.
Justificativa: Trata-se de entendimento firmado pela 1ª Seção, no EREsp n. 1.657.359 (Rel. Min. Gurgel
de Faria) em que se verificou a divergência entre acórdãos da 1ª e da 2ª Turma, no qual o Tribunal
privilegiou a justiça material, uma vez que, há anos, inúmeros contribuintes têm sido autuados para
pagamento de tributo cujo fato gerador não se perfectibilizou por dolo ou culpa de terceiros. O
paradigma segue a linha adotada pelo STJ, a fim de proteger o contribuinte que age de boa-fé (por
exemplo, Súmula n. 509: "É lícito ao comerciante de boa-fé aproveitar os créditos de ICMS decorrentes
de nota fiscal posteriormente declarada inidônea, quando demonstrada a veracidade da compra e
venda").

ENUNCIADO 8 – No ICMS-ST progressivo, o contribuinte-substituído também tem legitimidade ativa


ad causam para pleitear a declaração de inexistência da relação jurídica tributária.
Justificativa: O enunciado proposto sistematiza o comando do art. 10 da Lei Complementar n. 86/1996,
o posicionamento do Superior Tribunal de Justiça e o majoritário entendimento doutrinário sobre o
tema.

PROCESSO TRIBUTÁRIO
ENUNCIADO 9 – É cabível negócio jurídico processual em litígios que tenham por objeto créditos
tributários não inscritos em Dívida Ativa, quer no âmbito do processo administrativo fiscal, aplicando-
se, por analogia, o art. 190 do CPC, quer no âmbito de processo judicial.
Justificativa: O cabimento de negócio jurídico processual em matéria tributária é um fato consumado,
reconhecido pela Procuradoria da Fazenda Nacional, conforme portarias que regulamentam o tema e
casos concretos de acordos já celebrados, mas tais normativos não preveem este tipo de pacto em
processos administrativos ou em processos judiciais, envolvendo débitos não inscritos em Dívida Ativa.
Entretanto, o negócio jurídico processual não vincula órgãos, mas, sim, as pessoas jurídicas em lide,
sendo que tanto a Procuradoria quanto a Receita Federal são órgãos da União, razão pela qual poder-

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se-ia afirmar a presença da titular dos direitos e obrigações processuais em tela. Ora, se tomado como
premissa que o processo judicial tributário admite composição, nos termos do art. 190 do CPC, não há
nada que justifique isso ser admissível para processos envolvendo débitos inscritos, mas não para os
que envolvam os não-inscritos e, por consequência, também nada obsta que se aplique ao processo
administrativo fiscal, tendo por fim maior celeridade e segurança jurídica.

ENUNCIADO 10 – É possível a antecipação da garantia de futura Execução Fiscal por meio do


ajuizamento de tutela de urgência antecedente, com base nos dispositivos gerais dos arts. 300 a 302
do CPC, sendo desnecessário o aditamento para formulação de pedido principal.
Justificativa: Após a confirmação da existência do débito tributário no Processo Administrativo, cessa
a suspensão da exigibilidade do crédito. É notória a demora na inscrição do referido débito em dívida
ativa e no ajuizamento da Execução Fiscal. Assim, na vigência do CPC/1973 os contribuintes passaram
a ajuizar Ações Cautelares Inominadas, com o único objetivo de – oferecendo apólice de seguro
garantia, carta de fiança bancária ou bens à penhora – antecipar os efeitos que seriam obtidos com a
aceitação de garantia em execução fiscal pendente de ajuizamento pelas Fazendas Públicas. Sendo
assim, possível a expedição de Certidões Positivas com o efeito de negativas de Quitação de Tributos.
Tal entendimento era respaldado pelo julgamento do repetitivo proferido nos autos do RESP n.
1.156.668/DF: "o contribuinte pode, após o vencimento da sua obrigação e antes da execução, garantir
o juízo de forma antecipada, para o fim de obter certidão positiva com efeito de negativa". Com o atual
Código de Processo Civil as ações cautelares autônomas deixaram de existir e criou-se um grande
problema, pois a antecipação de garantia, por vezes, é indeferida (vide a respeito TJSP; Apelação
1010617-47.2017.8.26.0053; Relator: Ferraz de Arruda; 13ª Câmara de Direito Público). Outrossim, há
situações nas quais se exige o aditamento, para a formulação de pedido principal, quando na verdade
a existência ou não do débito tributário não será discutida nessa ação, mas sim nos autos da Execução
Fiscal e/ou nos respectivos Embargos à Execução Fiscal. Assim, mostra-se de suma importância que se
possibilite a antecipação da garantia nesses casos.

ENUNCIADO 11 – A distribuição de ação de produção antecipada de provas não importa renúncia ao


poder de recorrer na esfera administrativa.
Justificativa: O parágrafo único do art. 38 da Lei Federal n. 6.830/1980 prevê que a distribuição de ação
judicial (mandado de segurança, ação anulatória etc.), visando a desconstituição do crédito tributário,
implica em renúncia ao poder de recorrer na esfera administrativa. No entanto, a distribuição de ação
de produção antecipada de provas não acarreta a renúncia prevista neste dispositivo. Após advento
do Novo Código de Processo Civil (Lei n. 13.105/2015), a produção antecipada de provas deixou de ser
mero procedimento cautelar e ganhou autonomia. Assim, considerando as três hipóteses previstas no
art. 381 do CPC, poderá ser distribuída ação cujo objeto é simplesmente a produção de uma prova. A
prova é produzida sob o crivo do contraditório e da ampla defesa, com a participação da parte adversa.
Após produção da prova, o juízo responsável homologa a prova, mas sem realizar qualquer juízo de
mérito. Como não há juízo de mérito na ação de produção antecipada de provas, é válido que o
contribuinte distribua esta ação sem que isto acarrete renúncia da fase administrativa. A fase
administrativa de um auto de infração pode levar anos para se encerrar. Então, em alguns casos, não
é possível aguardar até a fase probatória de um processo de conhecimento para se produzir a prova

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necessária para defesa do contribuinte, sob pena de perecimento de documentos, circunstâncias,
fatos, dentre outros. Por isso, na forma do inciso I, do art. 381, do CPC, é defeso ao contribuinte
distribuir ação de produção antecipada de provas para produzir as provas necessárias antes de seu
perecimento. E, por vezes, o contribuinte necessita produzir uma prova para sua defesa na própria fase
administrativa. Pode-se necessitar de demarcar a área exata de um imóvel para defesa de autuação de
ITR. Pode-se necessitar de uma perícia química de um produto para se defender de uma autuação de
classificação fiscal. Pode-se necessitar de uma perícia contábil para análise dos demonstrativos para se
defender de uma autuação de IRPJ. Assim, na forma dos incisos II e III, do art. 381, do CPC, é defeso ao
contribuinte distribuir ação de produção antecipada de provas para produzir as provas necessárias para
viabilizar a autocomposição (levando a própria autoridade administrativa a reconhecer o erro de
eventual autuação) ou mesmo evitar o ajuizamento de futura ação judicial sobre o crédito tributário
(considerando que a prova produzida antecipadamente pode levar o julgador administrativo a anular
o auto de infração). Desta forma, mostra-se relevante a pacificação de que a distribuição desta ação
não implicará na renúncia da fase administrativa.

ENUNCIADO 12 – A exigência de garantia integral do crédito executado para o recebimento dos


embargos à execução fiscal deve ser dispensada quando o embargante comprovar, de maneira
suficiente, não possuir patrimônio para garantia do crédito.
Justificativa: Os artigos 8º e 9ª Lei de Execução Fiscal (LEF Lei n. 6.830/1980) informam que o executado
tem o prazo de 5 dias para pagar ou garantir a execução. Garantida a execução, tem o prazo de 30 dias
para oferecer embargos à execução, que não serão admitidos antes da garantia, conforme art. 16 da
LEF. Os embargos à execução constituem a única possibilidade de defesa em execução fiscal, ressalvada
a matéria de ordem pública. Assim, o executado que não possui patrimônio suficiente para garantir o
débito, não exerce os direitos de acesso ao Judiciário, contraditório e ampla defesa, garantidos
constitucionalmente (art. 5º, XXXV e LV). A Teoria do Estatuto do Patrimônio Mínimo, do Min. Luiz
Edson Fachin, sustenta o resguardo de um patrimônio mínimo para preservar a dignidade da pessoa
humana. Necessário mitigar a obrigatoriedade de garantia integral do crédito para o recebimento dos
embargos à execução fiscal quando o devedor comprovar que não possui patrimônio para a garantia
do crédito. O STJ já se posicionou: (...)resguarda a todos os cidadãos o direito de acesso ao Poder
Judiciário, ao contraditório e à ampla defesa (art. 5º, CF/1988), tendo esta Corte Superior, com base
em tais princípios constitucionais, mitigado a obrigatoriedade de garantia integral do crédito
executado para o recebimento dos embargos à execução fiscal (...) deve ser afastada a exigência da
garantia do juízo para a oposição de embargos à execução fiscal, caso comprovado inequivocadamente
que o devedor não possui patrimônio para garantia do crédito (REsp n. 1.487.772/SE, Rel. Min. Gurgel
de Faria, DJe de 12/6/2019).

REFORMA TRIBUTÁRIA
Não houve enunciados aprovados por esta comissão.

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LISTA DE AUTORES DE PROPOSTAS SELECIONADAS

Alessandro Rodrigues Junqueira Izabela Ferrnandes Santos


Ana Carolina Souza De Oliveira Canto Janssen Hiroshi Murayama
Ana Claudia Borges De Oliveira João Paulo Melo Do Nascimento
Andre Luiz Fonseca Fernandes Jose Eduardo Machado Perroni
Andre Luiz Fonseca Fernandes Júlia Silva Araújo Carneiro
Andressa Akemi Saizaki Lázaro Reis Pinheiro Silva
Anete Mair Maciel Medeiros Marcos Vinícius Rolin Dos Santos
Anselmo Zilet Abreu Mariah Mussi Goncalves
Antonio Carlos Ferreira De Souza Júnior Mario Capanema Guerra Galvao
Antonio Machado Guedes Alcoforado Marliete Lopes Dos Santos
Aylton Bonomo Junior Matheus Barbosa Rodrigues
Bruno Bezerra Amaro Matheus Cazeca Oliveira Ferreira
Caio Calzado Toschi Mayra Pereira Da Silva
Carlos Renato Cunha Nayara Sepulcri De Camargo Pinto
Caroline Silveira Marinho Nina Da Conceicao Pencak
Cassiano Luiz Souza Moreira Pablo Gurgel Fernandes
Cecilia Martins De Almeida Lopes Pedro Guilherme Ferreira Bini
Clairton Kubassewski Gama Pedro Julio Sales D Araujo
Clairton Kubassewski Gama Rafhael Frattari Bonito
Cláudio Toríbio Saade Raquel De Andrade Vieira Alves
Cristiane Pires Silva Renata Gomes De Albuquerque Sá
David Kenji Itonaga Renata Reis R. Amarante Bardella
Dimitri Feo Machado De Carvalho Fernandes Ricardo De Lima Souza Queiroz
Diogo Ferraz Lemos Tavares Roberson Bertone De Jesus
Donovan Mazza Lessa Rogerio Mollica
Edmar César Franco Ferreira Semíramis De Oliveira Duro
Eduardo Henrique Lolli Semíramis De Oliveira Duro
Elton Benedito Da Silva Thiago Batista Da Costa
Fabio Avelino Rodrigues Tarandach Tiago Bologna Dias
Fábio Holanda Gadelha De Paiva Tiago Lucena Figueiredo
Felipe Dias De Godoy Valdir Lolli
Fernanda Ramos Pazello Victor Hugo Scandalo Rocha
Francisco Edilson Teixeira Neto Victória Cúrcio Machado Arantes
Gustavo Huguenin Queiroz Vinicius Souza De Medeiros
Hamilton Dias De Souza Vitor Dantas Dias
Henrique Fernando De Mello
Hugo Machado Guedes Alcoforado
Iohanny Mayã Alves Lima
Ivan Allegretti

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