AVC - Protocolo para Un-Ineuro

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ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL

MEDIDAS GERAIS NA FASE AGUDA

As medidas gerais no tratamento da fase aguda dos acidentes vasculares


cerebrais (AVC) visam principalmente minimizar seqüelas e prevenir
complicações . Concomitante ao tratamento específico, proporcionam
condições para evitar lesões irreversíveis e conseqüentes seqüelas
neurológicas. As medidas gerais devem ser instituídas assim que o paciente é
admitido num setor de urgências com diagnóstico de AVC.

ATENÇÃO MÉDICA

Manutenção de Vias Aéreas

Deve-se garantir a manutenção das vias aéreas pérvias com oxigenação


adequada, ventilação mecânica se necessário, principalmente para os pacientes
comatosos. Graus variáveis de hipoxemia podem ocorrer e agravar a lesão
cerebral, devendo ser corrigida e monitorizada por gasometria. O uso
preventivo de oxigênio é controverso, podendo levar à retenção de dióxido
de carbono, além de promover lesões alveolares predispondo à pneumonia e
ao desconforto respiratório. A ventilação mecânica, mantendo pressão parcial
de CO 2 entre 25 e 30 mmHg, pode ser usada em pacientes com lesões
cerebrais extensas, edema cerebral e crises epilépticas recorrentes,
proporcionando efeito benéfico. A instalação de ventilação mecânica deve ser
um processo eletivo e precoce quando necessário, pois caso seja realizado
após a descompensação respiratória, soma-se o estímulo simpático, o
catabolismo induzido pelo estresse e a hipóxia, agravando a lesão sobre um
tecido cerebral já comprometido.

Acesso Venoso e Monitorização Hemodinâmica

Um catéter venoso central por vezes é necessário para monitorização da


pressão venosa central (especialmente em pacientes cardiopatas) e
administração de volume hídrico, drogas, ou até alimentação parenteral. Deve-
se evitar punção da veja jugular interna, pois pode causar dificuldade da
drenagem cerebral. Os membros plégicos ou paréticos devem ser poupados de

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punção tanto venosas como arteriais pois além de ocorrer alteração do tônus
da musculatura de sustentação, pode haver alterações autonômicas nesses
vasos proporcionando dificuldade ao fluxo sangüíneo. Quando for necessária
monitorização hemodinâmica bastante precisa, usa-se catéter de Swan-Ganz.

Equilíbrio Hidroeletrolítico

A hidratação poderá assegurar um adequado fluxo sangüíneo cerebral


pela rede de circulação colateral, limitando a área lesada. Isto pode ser
conseguido pela administração de 74 a 125 ml de líquidos endovenosos por
hora. Calcular o balanço hídrico por períodos de 12 horas ou menos, e
aumentar ou reduzir o volume hídrico, conforme indicação e contra-indicação
clínica. Nos casos de intenso edema cerebral pode ser necessário balanço
hídrico negativo. Os eletrólitos devem ser monitorizados, e as correções
adequadas devem ser feitas, uma vez que os distúrbios eletrolíticos podem
potencialmente agravar uma isquemia, desencadear crises convulsivas, ou
determinar arritmias cardíacas fatais, entre outras complicações. Distúrbios do
equilíbrio ácido – base devem ser detectados e corrigidos prontamente.

Controle da Temperatura

A elevação da temperatura acima de 37,5 º C deve ser evitada pois


aumenta o metabolismo cerebral. Deve ser feito controle periódico, a cada 4
horas, com administração de antitérmicos e uso de compressas frias tão logo
seja detectada a hipertermia. É fundamental a pesquisa de foco infeccioso
nesses casos.

Controle da glicemia

A hiperglicemia acontece freqüentemente na fase aguda do AVC, talvez


decorrente do estresse metabólico. Ainda, deve-se ter em conta que alguns
pacientes são previamente diabéticos ou intolerantes a glicose. A hipoglicemia
é intensamente prejudicial à isquemia, reduzindo o aporte energético das
células, e a hiperglicemia é também potencialmente um fator de pior
prognóstico. Nas células da área isquêmica e da zona de penumbra, a

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hiperglicemia aumenta o processo de metabolismo anaeróbico, já que no
processo isquêmico há redução do aporte de oxigênio ao tecido, promovendo
acidose lática tissular e conseqüente morte neuronal. O uso de soluções
glicosadas deve ser feito com cuidado, evitando-se o uso de soluções
hipertônicas de glicose. A monitorização deve ser feita com medidas da
glicemia, tentando mantê-la próxima da normalidade, isto é, entre 90 e 110mg
% . Para isso utilizam-se doses repetidas de insulina e aporte calórico
adequado

Controle da pressão Arterial

Aumento leve ou moderado da pressão arterial é observado em muitos


casos de AVC. Ocorre transitoriamente e parece ser um mecanismo
compensatório devido a perda da autorregulação do fluxo sangüíneo cerebral.
Esta perda ocorre nas áreas de sofrimento cerebral, o que significa queda do
fluxo sangüíneo quando há queda da pressão arterial, com conseqüente
redução da perfusão. Níveis pressóricos mais elevados podem ser observados
em pacientes também previamente hipertensos. Nesses casos, o fluxo
sangüíneo cerebral aumenta e consequentemente pode aumentar a pressão
intracraniana e o edema cerebral. No entanto, pacientes cronicamente
hipertensos têm a autorregulação do fluxo sangüíneo cerebral adaptada para
níveis pressóricos mais elevados, assim a redução da pressão arterial deve
ser cuidadosa e gradual, visando evitar queda do fluxo sangüíneo cerebral e
conseqüente aumento da área lesada. Só há necessidade de tratamento
medicamentoso se a pressão arterial diastólica for superior a 120mmHg e/ou
sistólica maior do que 220 mmHg, ou se houver comprometimento de órgãos
vitais principalmente por encefalopatia hipertensiva, insuficiência cardíaca,
insuficiência renal ou aneurisma dissecante da aorta. Limites mais elevados
são aceitos nos pacientes previamente hipertensos, e limites mais baixos
devem ser considerados se houver grande transformação hemorrágica nos
infartos extensos. Entre os medicamentos para o tratamento da hipertensão
recomenda-se preferencialmente os bloqueadores dos canais de cálcio
(nifedipina) nas primeiras horas, os bloqueadores de enzima conversora de
angiotensiva (captopril, enalapril) e betabloqueadores após este período. Os
diuréticos, principalmente os de alça, dever ser evitados porque podem causar
hipovolemia e agravar o quadro neurológico. Em pacientes com níveis
pressóricos críticos usa-se nitroprussiato de sódio em infusão venosa
cuidadosamente controlada.

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Prevenção de Trombose Venosa Profunda

Pacientes com déficit motor importante e grande imobilidade são de alto


risco para o desenvolvimento de tromboses venosas profundas. Assim estima-
se que até 75% desses casos desenvolvem tromboembolismo venoso e 3%
embolia pulmonar fatal. A prevenção deve ser feita com a administração de
heparina subcutânea, 5000 U.I. 3 vezes ao dia (alternativamente pode-se usar
heparinóides de baixo peso molecular), uso de meias elásticas e
movimentação passiva ou ativa dos membros.

Prevenção de Atelectasias Pulmonares

Deve ser feita adequada mobilização do paciente no leito e fisioterapia


respiratória, mobilizando e aspirando as secreções para evitar atelectasias e
pneumonias, uma vez que estas constituem a principal causa de morte do
paciente com AVC após 2 a 4 semanas do início do quadro.

Alimentação

É prudente prescrever jejum oral nas primeiras horas. Se houver


rebaixamento do nível de consciência, com risco de vômitos e conseqüente
aspiração traqueal, usa-se sonda nasogástrica aberta. A realimentação deve ser
iniciada preferencialmente com alimentos de consistência cremosa ou pastosa,
evitando líquidos, pois estes são mais facilmente aspiráveis, principalmente
nos casos de pacientes não totalmente alertas, com paralisia de nervos
cranianos bulbares ou com síndrome pseudobulbar. Se o quadro de disfagia
for de duração prolongada, a sonda nasogástrica deverá ser substituída por
uma sonda nasoenteral. Em alguns casos, quando houver grande quantidade
de drenagem de líquidos de estase ou distensão abdominal, por distúrbios
autonômicos ou metabólicos, pode ser necessária a nutrição parenteral até a
melhora das condições clínicas. Deve-se adequar a dieta para cada paciente
considerando as necessidades energéticas em vigência de um grande estresse e
considerando as doenças pré-existentes e as agudamente detectadas.

Decúbito

Com o objetivo prevenir o aparecimento de escaras, a mudança do


decúbito faz-se obrigatória a cada 2 horas com especial cuidado nos pontos de
maior carga, usando-se bolsas de água ou coxins para a adequada proteção. O

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decúbito deve ser de 30 graus para favorecer o retorno venoso sem dificultar o
fluxo nos casos de infarto cerebral, especialmente se houver edema cerebral, e
para evitar-se a aspiração traqueal de alimentos.

Controle Esfincteriano

A retenção ou a incontinência urinária são comumente observadas na


fase aguda da isquemia cerebral e podem exigir o uso de sonda urinária. No
entanto, na maioria dos casos esses distúrbios são transitórios, reversíveis em
poucos dias. O uso indiscriminado da sonda vesical predispõe às infecções
urinárias e ocasiona pior prognóstico neurológico .

Crises Epilépticas

Podem ocorrer na fase aguda dos AVC em 6 % dos casos, sendo, em


geral, decorrentes de distúrbios hemodinâmicos e metabólicos nas primeiras
24 horas e não necessitam de drogas anti-epilépticas específicas, mas sim de
controle clínico adequado . Nos casos de hemorragia subaracnoidea a
profilaxia das crises é rotineira, utilizando-se droga que cause mínimo de
alterações do nível de consciência e que atinja nível terapêutico rapidamente
(fenitoína, por exemplo). Nos casos de AVCH, faz-se profilaxia de crises
epilépticas se houver extravasamento de sangue no espaço subacnoídeo.

Complicações Cardíacas

As principais são isquemia e arritmias cardíacas. Estas últimas podem


estar presentes em 5 a 10% dos casos e constituírem fator agravante da lesão
cerebral quando determinam diminuição significativa do débito cardíaco . São
ocasionadas, via de regra, por cardiopatias prévias ou por distúrbio
metabólicos. No entanto, em alguns casos, na ausência de causa bem definida,
observa-se distúrbios da condução cardíaca ou mesmo arritmias do tipo
extrassistolias, fibrilação atrial, e taquicardias potencialmente perigosas, que
têm sido atribuídas a efeitos cardíacos determinados pela isquemia cerebral.
Tem-se indicado a monitorização cardíaca e a adequada intervenção quando
necessário. Há possibilidade de edema pulmonar neurogênico em casos de
AVC, principalmente hemorrágicos.

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Fisioterapia

Deve iniciar-se na fase aguda, com objetivo de atenuar a espasticidade,


evitar retrações tendinosas, posturas viciosas e ombro doloroso, além de
facilitar posteriormente a reabilitação motora. Deve-se ter o cuidado de não
tracionar deliberadamente os membros paréticos ou plégicos, evitando assim
luxações articulares e distensões tendinosas e musculares.

Depressão

Tem-se observado que não é incomum surgir um quadro depressivo na


fase aguda, principalmente quando há comprometimento do hemisfério
cerebral esquerdo. Nestes pacientes pode-se usar drogas antidepressivas,
como a amitriptilina ou os inibidores seletivos da serotonina.

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ATENÇÃO DE ENFERMAGEM

O enfermeiro deve atender o paciente com AVC no setor de emergência, e na


unidade neurológica priorizando o suporte básico de vida.
As medidas específicas para o tratamento e cuidados ao paciente com AVC
podem ser esquematizadas da seguinte maneira.

Manutenção de vias aéreas

Deve-se garantir a manutenção das vias aéreas pérvias com oxigenacão


adequada e ventilação mecânica se necessário, principalmente para os
pacientes comatosos. Observação rigorosa da equipe de atendimento,
evitando-se a possibilidade de hipóxia.

Avaliação do nível de consciência

A avaliação do nível de consciência é a verificação sistemática da


função emocional e cognitiva. Deve ser executada tanto pelo médico como
pela enfermagem, pois conforme a avaliação são instituídos o tratamento ou os
cuidados de enfermagem.
As observações da enfermagem são da maior importância no
diagnóstico e, portanto, devem ser registradas com detalhes:
- Mudança de resposta motora
- Orientação quanto a tempo espaço , lugar e pessoa.
- Presença ou ausência de movimentos involuntários das extremidades
- Tônus muscular; postura corporal e posição da cabeça.
- Rigidez ou flacidez da nuca.
- Igualdade e tamanho das pupilas e reações pupilares à luz.
- Cor da face e membros; temperatura e umidade da pele.

É importante observar a ocorrência de novos episódios isquêmicos. O


enfermeiro deve considerar a possibilidade de que o paciente pode apresentar
um dos quatros tipos de AVC. Nos AVC trombóticos e nos acidentes
isquêmico transitório ocorrem antes do episódio propriamente dito síncope ou
tontura, cegueira ou diplopia transitória, afasia, défict motor ou ataxia.

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Acesso venoso e Monitorização hemodinâmica

Um cateter venoso central por vezes é necessário para monitorização da


pressão venosa central (especialmente em pacientes cardiopatas) e
administração de volume hídrico, drogas, ou até alimentação parenteral.
Quando for necessária monitorização hemodinâmica bastante precisa, usa-se
cateter de Swan-Ganz.

Equilíbrio hidroeletrolítico

A boa hidratação poderá assegurar um adequado fluxo sangüíneo


cerebral pela rede de circulação colateral, limitando a área lesada. Calcular o
balanço hídrico por períodos de 12 horas ou menos, e aumentar ou reduzir o
volume hídrico, conforme indicação e contra-indicação clínica.

Controle da temperatura

A elevação da temperatura acima de 37,5 deve ser evitada pois aumenta


o metabolismo cerebral. Deve ser feio controle periódico, a cada 4 horas, com
administração de antitérmicos e uso de compressas frias tão logo seja
detectada a hipertermia.

Controle da glicemia

A hiperglicemia acontece freqüentemente na fase aguda do AVC, talvez


decorrente do estresse metabólico. Deve-se levar em conta que alguns
pacientes são previamente diabéticos ou intolerantes a glicose. A
monitorização deve ser feita com medidas de glicemia, tentando mantê-la
próxima da normalidade, isto é. Entre 90 e 110mg%.
A enfermagem deve fazer o controle da glicosúria e/ou da glicemia,
além de anotar a aceitação alimentar do paciente, dando atenção especial aos
que fazem uso de dieta enteral.

Controle da Pressão Arterial

Aumento leve ou moderado da pressão arterial é observado em muitos


casos de AVC, ocorre transitóriamente e parece ser um mecanismo
compensatório devido a perda da autoregulação cerebral.Só há necessidade de
tratamento medicamentoso se a pressão arterial diastólica for superior a
120mmHg e /ou sistólica maior do que 220mmHg ou se houver

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comprometimento de órgãos vitais, principalmente por encefalopatia
hipertensiva, insuficiência cardíaca, ou renal e aneurisma dissecante da aorta.
Cabe a enfermagem o controle rigoroso da pressão arterial e a administração
de anti-hipertensivos conforme prescrição.

Prevenção de Tromobose Venosa Profunda

Pacientes com défict motor importante e grande imobilidade são de alto


risco para o desenvolvimento de tromboses venosas profundas. A prevenção
destas complicações pode ser feita com a administração de heparina
subcutânea, 5000 U. I. 3 vezes ao dia (alternativamente pode-se usar
heparinóides de baixo peso molecular), uso de meias elásticas e
movimentação passiva ou ativa dos membros. Segundo as orientações do
laboratório Roche, considerando as condições de absorção, deve-se injetar a
heparina subcutânea por ordem de preferência: no centro da região abdominal
sub-diafragmática, na parte lateral da região sub-diafragmática ou, ainda, na
face anterior da coxa. Para evitar a formação de hematomas, é preconizado
levantar primeiramente com cuidado, uma dobra cutânea com auxílio de dois
dedos (sem pressionar); em seguida introduzir perpendicularmente a agulha e
aplicar.

Prevenção de Atelectasias Pulmonares

Deve ser feita adequada mobilização do paciente no leito e fisioterapia


respiratória, mobilizando e aspirando as secreções para evitar atelectasias e
pneumonias, uma vez que estas constituem a principal causa de morte do
paciente com AVC após 2 a 4 semanas do inicio do quadro.

Decúbito

Com objetivo de prevenir o aparecimento de escaras, a mudança do


decúbito faz-se obrigatória a cada duas horas com especial cuidado nos pontos
de maior carga, usando-se bolsas de água ou coxins para a adequada proteção.
O decúbito deve ser de 30 graus para favorecer o retorno venoso sem
dificultar o fluxo nos casos de infarto cerebral, (especialmente se houver
edema cerebral) e para evitar-se a aspiração de alimentos.

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Alimentação

Se houver rebaixamento do nível de consciência, com risco de vômitos


e conseqüente aspiração traqueal, usa-se sonda nasogástrica aberta. Se o
quadro de disfagia for de duração prolongada, a sonda nasogástrica deverá ser
substituída por uma sonda nasoenteral.

Crises Epilépticas

Podem ocorrer na fase aguda dos AVC em 6% dos casos, sendo, em


geral, decorrentes de distúrbios hemodinâmicos e metabólicos nas primeiras
24 horas, e não necessitam de drogas anti-epilépticas especificas, mas sim de
controle clínico adequado. A intervenção da enfermagem resume-se em
observar e anotar o aspecto da crise, proteger o paciente de traumas, instalar a
oxigenioterapia se necessário, puncionar acesso venoso e aspirar secreções
conforme a necessidade.

Complicações Cardíacas

As principais são isquemia e arritmias cardíacas . Para esses casos tem-


se indicado a monitorização cardíaca para adequada intervenção, quando
necessário.

Fisioterapia

Deve iniciar-se na fase aguda, com objetivo de atenuar a espasticidade,


evitar retrações tendinosas, posturas viciosas e ombro doloroso, além de
facilitar posteriormente a reabilitação motora.

Depressão

Tem-se observado que não é incomum surgir um quadro depressivo na


fase aguda, principalmente quando há comprometimento do hemisfério
cerebral esquerdo. Esses pacientes podem ter benefício com o uso de drogas
antidepressivas. A enfermagem pode auxiliar com apoio psicológico tentando
minimizar a sintomatologia .

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Reabilitação

A reabilitação começa no dia em que o paciente sofre o AVC. Os


objetivos imediatos da enfermagem são:
- prevenir deformidades
- retreinar o braço e a perna lesados
- ajudar o paciente a obter independência.

Através de:
- colocação correta do paciente no leito.
- uso de vestuário adequado para manter o organismo em estado térmico
equilibrado.
- Mudança de decúbito a cada 2 horas. Nos primeiros dias proibi-se o
decúbito lateral sobre o hemicorpo comprometido; liberando-se este
decúbito parcialmente no período diurno, na medida da condição de
recuperação da consciência e da parte sensitivo-motora do membro
superior.
- Uso de medicação injetável, no membro preservado, evitando-se
complicações no segmento comprometido, devido a alteração sensitivo-
motora.

Em comprometimentos mais discretos, o paciente poderá sair da cama


em 24 horas, contudo nos casos mais graves este período poderá alongar-se
para duas semanas ou mais dependendo de intercorrências clínicas. Após esta
fase o paciente deverá ser estimulado a permanecer fora do leito, sentado em
sofás ou cadeiras de rodas e treinando a realizar transferencias posturais, para
se obter melhora funcional e evitar complicações do imobilismo prolongado.

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UNIDADE DE ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL:

INTRODUÇÃO

O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é uma condição comum, com


altos índices de mortalidade e morbidade, além do alto custo, e a abordagem
tradicional de atendimento aos pacientes com A .V. C, tem sido largamente
criticada, por possuir pouca evidência de benefício.
Um novo modelo tem sido proposto nos últimos anos, já sendo
largamente utilizado nos países desenvolvidos, baseado numa abordagem
multidisciplinar organizada de atendimento (stroke unit model), que
definitivamente, produz benefícios aos indivíduos que dela utilizam.

HISTÓRICO

Os primeiros estudos sobre U-AVC foram realizados na Irlanda do


Norte na década de 50, Nos anos 60 outros, estudos observacionais surgiram ,
com enfoque na reabilitação, sugerindo um melhor prognóstico. Porém,
nenhum destes foram convincentes, pois basearam-se em dados
observacionais que compararam os novos serviços com a experiência prévia
(controle histórico). Nas décadas de 70 e 80 surgiram as Unidades – AVC que
atendiam os pacientes na fase aguda e mantinha-os hospitalizados por um
período mais prolongado para a reabilitação, quando necessário. Nesta época,
também surgiram os “Strokes Teams”, que se baseava no atendimento
multidisciplinar coordenado de forma volante, prestando atendimento aos
pacientes internados em diferentes setores de um hospital.
Esta estratégia pareceu ser mais simples na sua implementação, porém
trouxe a desvantagem crucial de não atender aos pacientes numa área
geograficamente definida, dificultando a participação efetiva da equipe de
enfermagem no processo reabilitador.

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EVIDÊNCIAS CIENTÍFICAS DOS BENEFÍCIOS:

Uma metanálise que avaliou 19 “trials”, realizados em 19 centros na


Europa, Austrália e América do Norte, envolvendo cerca de 3.300 pacientes,
que comparou o atendimento em vários modelos de U-AVC com o
atendimento convencional, demostrou que:
1. Houve redução na taxa de letalidade, em média de 19%, variando de
4 à 32%, nos pacientes atendidos nas U-AVC.
2. O aumento nos índices de sobrevida não produziu aumento no
número de pacientes que necessitaram institucionalização. Foi observado um
menor índice de pacientes dependentes.
3. A maior diferença na taxa de mortalidade entre os dois grupos
ocorreu entre a primeira e terceira semana após o íctus. Neste período ocorrem
a maioria das complicações, como; infecções pulmonares, urinárias trombose
venosa profunda, tromboembolismo pulmonar, entre outras, que são
prevenidas através da mobilização precoce, uso precoce da antibióticoterapia
quando necessário, diagnóstico e tratamento da disfagia, medidas que
requerem uma abordagem e tratamento multidisciplinar. Parece ser também
fundamental o reconhecimento e combate precoce da hipertermia e
hiperglicemia, condições que predispõe ao aumento da área isquêmica, além
da utilização de soluções salinas endovenosas de forma precoce, evitando a
ocorrência de quedas dos níveis pressóricos arteriais, que também estão
relacionados com a deterioração neurológica.
4. Para cada 100 pacientes manejados em U-AVC, 5 a mais retornarão
independentes ao domicílio, 4 a menos morrerão e 1 a menos permanecerá
institucionalizado.
O número necessário para tratar é de 25 para 1: isto é, é necessário que
25 pacientes sejam tratados para que 1 óbito seja evitado. E de 20 para 1 no
que diz respeito ao retorno independente ao domicílio. Com relação ao uso de
trombolíticos é necessário que 40 pacientes sejam tratados para que se reduza
1 óbito.
5. Todas as categorias de pacientes recrutados para os “triais”
aparentemente beneficiaram-se, e não existe suporte científico para excluir
pacientes com base na idade, sexo ou severidade do A . V. C.
Concluindo:
a) Pacientes tratados em U-AVC possuem maior taxa de sobrevida e
de recuperação da independência com retorno ao domicílio;
b) Os benefícios não são restritos a qualquer subgrupo de pacientes;
c) Os benefícios foram observados em diferentes modelos de U-AVC.

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TIPOS DE UNIDADES DE ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL

1. Aguda: admite pacientes na fase aguda com período médio de


internação de 5 dias. O principal objetivo é evitar complicações sistêmicas e
rápida detecção de deterioração neurológica. Posteriormente o paciente é
encaminhado para um centro de reabilitação
2. Tardia: também chamadas de unidades reabilitação, onde o paciente é
admitido após a fase aguda, possuindo enfoque principal na reabilitação .
3. Mista: são unidades que admitem o paciente na fase aguda e
também possuem enfoque reabilitador, geralmente com períodos de internação
mais prolongados (14 dias em média).
Todos estes tipos de unidades possuem a sua importância e independente do
tipo devem proporcionar:
a) avaliação abrangente da doença e da incapacidade do paciente .
b) desenvolver e implementar uma política integrada para o manejo do
A . V.C .
c) Identificação e conscientização dos objetivos da reabilitação.
d) Integração multidisciplinar.
e) Atividades educativas e de pesquisa.
A equipe multidisciplinar deve ser composta no mínimo por médicos,
enfermagem, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos,
assistentes sociais, entre outros, para um plano de atendimento integrado às
necessidades e problemas de cada pacientes individualmente.

EQUIPAMENTO

 Unidade física com número de leitos, levando em conta a média de doentes


neurológicos internados.
 Laboratório, RX, Tomografia, Ultrassom, Rádio Imunoensaio, RMN, etc.

RECURSOS HUMANOS

 Serviços Médicos multidisciplinares integrados - Neuro, Cardio, Pneumo,


Fisiatra, etc.
 Serviço de Enfermagem – 8,5 horas de enfermagem por doente, com 40%
de Enfermeiros e 60 % de Aux. Enfermagem.
 Serviço de Fisioterapia
 Serviço Social.

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 Serviço de Fonoaudiologia.
 Serviço de Psicologia.

Todos os profissionais envolvidos deverão passar por treinamento para


conhecimento e desenvolvimento dos objetivos da unidade.

Treinamento, na medida das possibilidades, dos familiares ou cuidadores dos


pacientes para assumirem os cuidados com estes quando da alta hospitalar.

Envolvimento das Unidades pós-hospitalares na assistência aos pacientes com


finalidade de prevenção quando a novas internações.

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