Fichamento Processo Civil

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FICHAMENTO SOBRE LEGITIMIDADE AD CAUSAM

GONÇALVES, Marcus Vinicius R. Coleção sinopses jurídicas ; v. 12 - Processo civil : execução civil. [Digite o Local da
Editora]: Editora Saraiva, 2019. E-book. ISBN 9788553609055. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788553609055/. Acesso em: 05 out. 2022.

A legitimidade ad causam é uma condição da ação de execução, o que significa dizer que, assim
como no processo de conhecimento, só pode ir a juízo para solicitar provimento jurisdicional
aquele que possui legitimidade para tanto. Dessa forma, a ausência de legitimidade implicará na
extinção do processo sem resolução do mérito.

Importante pontuar, nesse momento, que essa condição da ação subdivide-se em legitimidade
ativa, que é a legitimidade para titularizar o direito pleiteado, e a legitimidade passiva, que é para
responder pela satisfação do direito pleiteado. Quanto à isso, o Código de Processo Civil de 2015
estabelece, em seu art. 778, que quem pode promover a execução forçada é o credor a quem a lei
confere título executivo, enquanto o parágrafo 1º do mesmo artigo estabelece quem são os
legitimados para promover a ação de execução, ou dar prosseguimento à ela, em sucessão ao
exequente originário. Por outro lado, o artigo seguinte (art. 779) enumera aqueles em face de
quem a execução poderá ser ajuizada.

1. LEGITIMIDADE ATIVA

Nesse sentido, abordaremos primeiramente a legitimidade ativa. Em regra, a execução deve ser
promovida pelo credor do título executivo, que deve ter capacidade processual para tanto, ou
poderá ser representado ou assistido nos casos de incapacidade absoluta ou relativa.

Como fora citado anteriormente, além do credor, o parágrafo 1º do art. 778 também prevê que o
Ministério Público possui legitimidade para promover a execução, o que significa dizer que essa
Instituição poderá atuar no processo como parte, promovendo o cumprimento da sentença
condenatória. Isso pois, conforme o art. 177 do CPC, o Ministério Público pode ser autor das ações
condenatórias.

Dentre outras hipóteses, o órgão do Parquet pode atuar nas ações em que postula-se indenização
em favor da vítima de crime ou seus herdeiros, que não tenham condições econômicas para tanto.
Isso pois, por mais que seja uma atribuição da Defensoria Pública, o MP pode atuar onde não
houver sido criada. Além disso, atua também nas ações de reparação de danos decorrentes de
lesão ao meio ambiente; nas ações que versem sobre interesses difusos ou coletivos (na forma do
art. 82 do Código do Consumidor); nas ações populares em que, decorridos 60 dias da publicação
da sentença condenatória, o autor ou terceiro não tenha promovido a respectiva execução (art. 16
da Lei n. 4.717/65); na execução de condenação importa pela Lei de Improbidade Administrativa;
e, ainda, na execução de título extrajudicial consistente no termo de ajustamento da conduta,
firmado por ele com o causador do dano.

Em sequência, o art. 778, § 1º, II, também atribui legitimidade para promover a execução ao
espólio ou aos herdeiros ou sucessores do credor, quando por morte do último for conferido aos
outros o direito resultante do título executivo. Até a partilha de bens, a legitimidade ativa pertence
ao espólio, sendo posteriormente concedido o direito aos herdeiros ou sucessores. Na hipótese do
falecimento ocorrer no curso da execução, a sucessão far-se-á conforme o art. 110 do CPC, que
estabelece o seguinte: “Ocorrendo a morte de qualquer das partes, dar-se-á a sucessão pelo seu
espólio ou pelos seus sucessores, observado o disposto no art; 313, §§1º e 2º”, ou, se necessário,
por habilitação, na forma do art. 687 e seguintes.

A legitimidade ativa também é conferida ao cessionário, que é aquele que recebe certo direito
(cessão de crédito) transferido por ato entre vivos, e que deve ser feita com base no artigo 286 do
Código Civil. Se for feita antes de haver lide executiva pendente, a cessão de crédito transfere
desde já ao cessionário a legitimidade ativa. Por outro lado, se a cessão for feita após a citação no
processo de execução por título extrajudicial, ou no curso do cumprimento da sentença, o art. 109
do CPC não se aplica. Dessa forma, o cedente poderá ser sucedido pelo cessionário
independentemente do consentimento do devedor, conforme o art. 778, § 2º, do CPC. Essa
informação é importante porque, para a cessão de débito a situação é diferente, uma vez que
depende da anuência do credor para valer.

Por fim, o legislador atribui a legitimidade para promover a execução ao sub-rogado, ou seja,
àquele que paga dívida alheia, assumindo todos os direitos, ações e privilégios que eram atribuídos
ao credor anterior. A sub-rogação pode ser legal ou convencional, e está disposta nos artigos 346 e
347 do Código Civil. Em relação à execução civil, o terceiro que pagou a dívida, sub-rogando-se no
direito do credor, poderá requerer o prosseguimento nos próprios autos em que se deu a execução
originária, o que se confirma pelo art. 794, §2º, do CPC. Neste ponto, importa frisar que a sub-
rogação apenas concede a legitimidade ativa àquele que paga, e não há sub-rogação no polo
passivo da execução.
Quanto aos legitimados ativos previstos no art. 778 do CPC, foram os citados anteriormente, mas é
preciso acrescentar ao artigo mais duas hipóteses não previstas: a do ofendido e a do advogado
(para executar os honorários advocatícios incluídos na condenação). O CPC prevê, quanto à vítima,
a possibilidade de promover a execução civil da indenização pelos danos que sofreu e que foram
reconhecidos na sentença penal condenatória transitada em julgado. Mesmo que não participe,
pode promover a execução dos danos. Já o advogado, pode executar os honorários advocatícios de
sucumbência ou preferir que eles sejam incluídos no débito principal, e executados em conjunto,
em nome da parte vitoriosa.

Em síntese, são duas possibilidades para o advogado: tanto o principal quanto os honorários do
advogado são executados em nome da parte, hipótese em que o exequente será legitimado
ordinário para a execução do principal e extraordinário para os honorários de seu advogado; ou, o
principal é executado em nome da parte e os honorários em nome próprio do advogado. Nessa
última hipótese, tanto a parte como o advogado serão legitimados ordinários para o que lhe
couber.

2. LEGITIMIDADE PASSIVA

A legitimidade passiva por excelência se encontra na figura do devedor, reconhecido como tal, no
título executivo. O litisconsórcio é facultativo no caso de demandas em que se tem mais de um
devedor, mas se, por exemplo, a vítima de danos desejar ajuizar ação de ressarcimento contra o
empregador e também contra o empregado, deverá demandar os dois, pois não é possível
executar alguém que não tenha sido demandado anteriormente e que a sentença não o tenha
incluído na condenação. Se não tiver sido mencionado anteriormente, será preciso promover ação
de conhecimento contra aquele que não foi demandado.

Uma hipótese importante de ser mencionada é quando o devedor morre, prevista no inciso II do
Art. 779 do CPC. Se a partilha de bens ainda não tiver sido feita, será demandado o seu espólio,
mas se os bens já tiverem sido partilhados serão demandados os herdeiros e sucessores, que
deverão responder na proporção da parte que receberam de herança. Nesse ponto, é imperioso
mencionar que, se havia solidariedade passiva entre dois devedores e um deles morre, seus
herdeiros só serão obrigados a pagar a quota que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo
quando a obrigação é indivisível (art. 276, CC).
Noutro giro, no caso de extinção da pessoa jurídica, se o patrimônio da empresa não tiver sido
transferido para outra (caso em que esta segunda assume o polo passivo), serão demandados os
sócios da empresa extinta.

Anteriormente, mencionamos que a cessão do crédito não depende da anuência do credor, mas na
cessão de débito, prevista no inciso III, a situação é diferente: ela só se aperfeiçoa quando o credor
anui. Essa anuência é especialmente necessária porque, feita a cessão, será o patrimônio do
cessionário (adquirente de certa cessão) que passará a responder pelo débito.

O fiador de débito constante de título executivo extrajudicial (Art.779, inc. IV, do CPC) também é
legitimado passivo para a execução, uma vez que o contrato de fiança é sempre acessório de uma
obrigação principal. Tendo como exemplo o contrato de locação, que tem força executiva, se dele
constar fiança, o fiador também poderá ser diretamente executado. Porém, existe uma proteção
legal para ele, uma vez que pode ter benefício de ordem, conforme o art. 827 do Código Civil. Essa
proteção, prevista em lei, lhe dá o direito de primeiro ver executados os bens do devedor, antes
dos seus, quando o devedor principal também tiver incluído no polo passivo da ação. Assim, o
fiador só poderá ser executado em litisconsórcio com o devedor principal. No entanto, se o fiador
tiver renunciado ao benefício, a cobrança só poderá ser dirigida contra ele, que posteriormente
poderá executador o devedor nos mesmos autos (art. 794, §2º, do CPC).

Partindo para o inciso V do art. 779 do CPC, aquele que dá um bem como garantia de uma dívida
torna-se responsável até o limite do valor do bem, pelo pagamento da dívida, ainda que seja
fiador. Assim, se for dado em garantia de terceiro, o titular do bem se torna responsável pelo
pagamento, respeitado o valor do bem. Além disso, o último inciso do rol do art. 779 (inciso VI)
prevê o responsável tributário, e compete à legislação tributária definir quem são as pessoas
responsáveis pelo pagamento do débito caso o devedor principal não o faça.

Por fim, importa ressaltar que deve ser incluído ao artigo que trata dos legitimados passivos o
avalista, que é aquele que presta garantia do pagamento de título de crédito, quando o devedor
principal não paga. A execução poderá ser dirigida tão somente contra o avalista, não sendo
necessária a inclusão do avalizado. Se o avalista pagar a dívida, sub-rogar-se-á (colocar-se-á no
lugar) no crédito e poderá reaver o que pagou, nos mesmos autos, voltando-se contra o avalizado.

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