Metrologia 3
Metrologia 3
Erros
Maria Elenice dos Santos
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Introdução
O conceito de metrologia é bem definido na literatura e, dentro dessa ciência,
as três categorias existentes (científica, industrial e legal) são responsáveis
por medições e calibrações de instrumentos. Um fator de relevância aqui é a
confiabilidade das medidas, e, nesse sentido, existe uma preocupação sobre
a forma de medir, os tipos de instrumentos utilizados e a forma de resultados
obtidos. Quando se fala em confiabilidade da medida, é válido lembrar que
não existem valores exatos. Deve haver um intervalo confiável dentro do qual
existe uma grande probabilidade de a medida exata estar. Esse conceito é
embasado na teoria de erros.
Neste capítulo, você verá uma definição do conceito de erro e os tipos de
erros existentes ao se realizar uma medição. Considerando-se a importância de
obter medidas mais precisas possíveis, serão apontadas as causas dos erros,
bem como sua classificação, no sentido de diferenciar os tipos.
erro estatístico;
erro sistemático:
■ instrumental;
■ ambiental;
■ observacional;
■ teórico.
Erro sistemático
Este é de fácil classificação, pois é o tipo de erro que ocorre sistematicamente.
De outra forma, constitui o mesmo tipo de erro, caso o observador realize o
mesmo procedimento (VUOLO, 1996). O erro sistemático é dividido em três
categorias: erro sistemático instrumental, erro sistemático ambiental e erro
sistemático observacional (TAYLOR, 2012).
O erro sistemático instrumental é descrito como um tipo de erro relacio-
nado com a calibração do instrumento. A efeito de exemplo, pode-se citar
o caso de um operador que não verifica, antes de realizar a medição, se o
instrumento a ser usado está devidamente calibrado. Por exemplo, com um
termômetro, ao tomar a medição da temperatura de uma substância padrão
— a água em ebulição — verifica-se que o resultado se apresenta alterado de
3°C, marcando assim a medida 103°C. Outra forma de também confirmar o
erro associado ao instrumento, um erro instrumental, é aferir a temperatura
do gelo, cujo padrão seria 0°C, e verificar que sua medida é de 3°C.
O erro sistemático ambiental ocorre devido a efeitos do ambiente sobre
o experimento. Fatores que geram esse tipo de erro são: pressão, campo
magnético, temperatura, umidade, calor, luminosidade etc. Por exemplo,
uma fonte de tensão com curto-circuito e que por isso queimou. Nesse caso,
a fonte apresentaria valores de corrente de difícil detecção, por serem baixos.
O erro sistemático observacional ocorre devido às falhas no procedimento
ou à imperícia do observador. Por exemplo, a leitura incorreta utilizando-se
um paquímetro, ou a utilização de uma régua milimetrada para a medição do
diâmetro de um fio de cabelo.
Por fim, há, ainda, o erro teórico, cuja definição embasa-se em casos de
simplificação de textos, modificação de figuras, aproximação de grandezas
ou equações. Por exemplo, ao medir o tempo de queda de um objeto, despre-
zar-se, nesse caso, a resistência do ar, resulta-se em uma medição na qual se
desconsiderou uma grandeza capaz de incutir erro na medida. Nesse caso,
dados experimentais e teóricos vão discordar (TAYLOR, 2012).
Diferente dos erros sistemáticos, o que denominamos erros aleatórios são
quantificados por medidas estatísticas, as quais envolvem dados de probabili-
dade. Para esses casos, embora sejam aleatórios, é possível identificar certos
padrões e, com base nestes, utilizar análise estatística para prever tais erros.
Erros 5
Nesta seção você viu que, para todas as medidas aferidas por instrumentos
de medições, podem existir, associada a elas, erros. Definiu-se aqui o conceito
de erro e foi feita uma classificação dos possíveis erros encontrados quando
uma medição é realizada.
50 Co2MnO4
40
Número de grãos
30
20
10
0
1 2 3
Diâmetro do grão (µm)
Figura 3. Modelo de uma curva do tipo Gaussiana, com suas características: a média que é
onde está centralizada e sua variância.
De acordo com Vuolo (1996), uma curva gaussiana possui dois parâmetros:
a média, sendo onde ela está centralizada e, a variância, que descreve o seu
grau de dispersão. A forma da curva gaussiana da Figura 3 sugere que no ponto
onde está a média existe a maior probabilidade de se encontrar a informação
descrita. Tais informações estão nos eixos das abscissas e ordenadas do
gráfico; no caso dos erros, nessa faixa estaria a maior probabilidade de se
encontrar erros associados à medição.
Na Figura 3 vê-se que a forma da curva gaussiana sugere extremidades
que vão ao infinito, para o lado negativo e positivo. Os erros negativos e po-
sitivos de mesma magnitude possuem aproximadamente a mesma frequência
(TAYLOR, 2012). Um fator extremamente relevante quando se utiliza uma forma
gaussiana é que, quanto maior o número de observações, maior a probabili-
dade de se alcançar um resultado confiável, próximo do real (VUOLO, 1996).
Ao uso de formas gaussianas, a determinação de valores de erros confiáveis
deve se dá a partir do uso de instrumentos de alta precisão, bem calibrados
e tendo sido realizadas muitas medições (NUSSENZVEIG, 2002).
Nesta seção, você teve um detalhamento de quais são as possíveis causas
de erros associados às medições. Aqui foi feita uma classificação dos erros
que podem ocorrer quando realizamos medições usando instrumentos/
equipamentos.
Erros 9
Teoria de erros
A teoria de erros é utilizada no sentido de garantir confiabilidade e qualidade
à aquisição de dados. A adoção de padrões de unidades permite a comparação
de resultados e facilita a interpretação do fenômeno (VUOLO, 1996).
Valor médio (ou valor mais provável): considere uma série de medidas consti-
tuída por N medições, conforme descreve Nussenzveig (2002). O valor médio
será representado pela média aritmética dos valores obtidos, como se verifica
na Equação 1.
10 Erros
– + 2+ ...+ 1
=
1
= ∑ (1)
=1
∆Xi = Xi – X̅ (2)
–
∑=( − )2
= (3)
= (4)
√
X = (X̅ ± ε) (5)
Erros 11
Caso 2 (σp < p): desvio-padrão da série de medições menor que a precisão
do instrumento utilizado, conforme Taylor (2012). Neste caso, deve-se
representar o resultado da seguinte forma (Equação 6):
X = (X̅ ± p) (6)
Resolução:
10
– 1 0,255 + 0,254+ . . . +0,255
=
10
∑ =
10
= 0,255 m
=1
∆Li = Li – L̅
Desvio da medida
N° de medidas
(∆L1) (m)
∆L1 0,0002
∆L2 –0,0008
∆L 3 0,0002
∆L 4 –0,0018
∆L 5 0,0012
∆L6 0,0002
∆L7 –0,0008
∆L 8 0,0012
∆L9 0,0002
∆L10 0,0002
Erros 13
–
∑10
=1( − )2 (0,0002)2 + (−0,0008)2 + . . . +(0,0002)2
= = = 0,00087 m
10 10
Neste capítulo, você viu que os erros associados às medições são funda-
mentais e devem sempre ser analisados, no sentido de trazer confiabilidade
à medida. Aqui foram vistos tópicos de relevância para identificação de erros
de medição a partir das classificações e de suas principais causas.
Referências
LINCK, C. Fundamentos de metrologia. 2. ed. Porto Alegre: Sagah, 2017.
LIXANDRÃO FERNANDO, P. H. et. al. Metrologia. Porto Alegre: Sagah, 2018.
NUSSENZVEIG, H. M. Curso de física básica. 4. ed. São Paulo: Blucher, 2002. v. 2.
TAYLOR, J. R. Introdução à análise de erros: o estudo de incertezas em medições físicas.
2. ed. Bookman, 2012.
VUOLO, J. H. Fundamentos da teoria de erros. 2. ed. São Paulo: Blucher. 1996.
Leituras recomendadas
COSTA, A. B.; CABRAL, F. C. F. Textos de laboratório: teoria de erros. Salvador: Ufba,
2013. (E-book).
HALLIDAY, D.; RESNICK, C.; WALKER, J. Fundamentos de física: mecânica. 8. ed. Rio de
Janeiro: LTC. 2013. v. 1.