2 Ano - Semana 25 - Naturalismo
2 Ano - Semana 25 - Naturalismo
2 Ano - Semana 25 - Naturalismo
Habilidade(s) Explorada(s): Entender a Literatura como fenômeno humano e expressão de uma realidade
social;Compreender as características do estilo literário Naturalista;Analisar textos literários dentro do momento
histórico em que foram produzidos;
Orientações para a sua realização:
https://youtu.be/0ca0bBqnxE4
https://youtu.be/lMo3VJhNUZ0
O Naturalismo no Brasil surge a partir da segunda metade do século XIX, em relação de coexistência
com o Realismo, como forma de reação ao ideal imposto pela escola anterior – o Romantismo.
No lugar de uma visão subjetivista e escapista, presente na literatura romântica, surge um conceito
objetivista e cientificista, o qual pretende narrar com fidelidade as mazelas de um mundo real, não mais
superidealizado.
Naturalmente, a literatura naturalista ganhou força entre os escritores, principalmente em território
brasileiro, onde a escravidão e desigualdade social eram temas da realidade, mas pouco explorados.
Foi no final do século XIX que o Naturalismo começou a marcar sua presença na literatura brasileira.
Na época, grandes mudanças e revoluções aconteciam no Brasil, como a abolição da escravatura e a
Proclamação da República. E foi influenciado por essas lutas e por Émile Zola e Eça de Queiroz, que o maior
representante dessa escola no país, o maranhense Aluísio Azevedo, criou o romance “O Mulato” (1881),
marco inicial do Naturalismo brasileiro, e a conhecida obra “O Cortiço” (1890).
Assim como em outros países, as obras de Aluísio e de outros escritores naturalistas brasileiros não
se preocupava em levar entretenimento aos leitores, como acontecia com o Romantismo, escola literária
antecedente, mas sim em narrar a triste realidade vivida no país, como a discriminação racial e social.
O que mais chama atenção nas obras de Aluísio é que ele retrata personagens historicamente
apagados da sociedade e, como consequência do ambiente vivido, compartilham das mesmas fraquezas e
vícios que a nobreza.
Contexto histórico do Naturalismo no Brasil
No Brasil, via-se uma classe média e urbana imersa em um país em decadência econômica e que foi,
aos poucos, desenvolvendo ideais liberais, abolicionistas e republicanos.
Não foi à toa que, menos de uma década depois, em 1888 e 1889 respectivamente, ocorreram a
abolição da escravatura e a Proclamação da República.
Tais ideais, estimulados por uma elite intelectual que estava a par do que acontecia no Brasil e na
Europa, foram determinantes para delimitar as características da prosa naturalista.
Características do Naturalismo
Com seu forte traço de engajamento contra a naturalização da desigualdade e anseio pela reforma da
sociedade, alguns temas eram intensamente abordados nas obras naturalistas, seja em livros de romance,
quadros artísticos ou peças teatrais. Entre eles, estão:
O Cortiço – Aluísio Azevedo (1890) - A obra apresenta a realidade de pessoas que vivem em um cortiço no
Rio de Janeiro. Dessa forma, a focalização narrativa viaja entre várias personagens (João Romão, Bertoleza,
Estela, Rita Baiana, Pombinha…) e mostra como suas vidas são determinadas pelo grande protagonista: o
próprio cortiço. A narração é feita através de descrições detalhadas e objetivas e permeia temáticas como
traição, prostituição, miséria, alcoolismo, entre muitos outros temas da vida real.
O Missionário – Inglês de Sousa (1891) - A obra narra a paixão do Padre Antônio de Moraes pela
mameluca Clarinha, moça jovem que desperta no protagonista instintos de libido e o coloca em situações de
conflito contra a sua posição de vida.
O Ateneu – Raul Pompeia (1888) - O Ateneu é o nome dado a um colégio interno para meninos onde
estudou Sérgio, narrador que, na vida adulta, relata sobre sua experiência no internato. A história gira em
torno de temáticas como amadurecimento, amizades e inimizades, amor e violência. É um romance que
apresenta traços realistas e naturalistas.
ATIVIDADES
O CORTIÇO
Aluísio de Azevedo
“Estalagem de São Romão. Alugam-se casinhas
e tinas para lavadeiras.”
As casinhas eram alugadas por mês e as
tinas por dia; tudo pago adiantado. O preço de
cada tina, metendo a água, quinhentos réis; sabão
à parte. As moradoras do cortiço tinham
preferência e não pagavam nada para lavar. (...)
E aquilo se foi constituindo numa grande
lavanderia, agitada e barulhenta, com as suas
cercas de varas, as suas hortaliças verdejantes e
os seus jardinzinhos de três e quatro palmos, que
apareciam como manchas alegres por entre a
negrura das limosas tinas transbordantes e o
revérbero das claras barracas de algodão cru,
armadas sobre os lustrosos bancos de lavar. E os
gotejantes jiraus, cobertos de roupa molhada,
cintilavam ao sol, que nem lagos de metal branco.
E naquela terra encharcada e fumegante, naquela
umidade quente e lodosa, começou a minhocar, a
esfervilhar, a crescer, um mundo, uma coisa viva,
uma geração, que parecia brotar espontânea, ali
mesmo, daquele lameiro, e multiplicar-se como
larvas no esterco.
1. No fragmento lido, o narrador utiliza uma visão panorâmica para descrever o surgimento de um cortiço. Em
sua opinião, que relação existe entre o distanciamento em que se coloca perante a cena apresentada e o
estilo realista?
2. Uma característica naturalista do fragmento é o paralelo entre o cortiço e o mundo animal, estabelecido por
palavras e expressões que evocam este mundo, aproximando o cortiço de seus domínios.
b) Destaque, do parágrafo transcrito, os verbos que indicam tratar-se de uma proliferação promíscua, bestial
de pessoas.
3. A fusão entre os seres e o ambiente a que pertencem, vendo os primeiros como produtos do segundo, é
outro traço naturalista fortemente presente no trecho. Que comparação presente no fragmento pode ser
utilizada para justificar tanto a animalização do homem quanto a sua redução às condições ambientais?
5. A fusão entre os seres e o ambiente a que pertencem é um traço naturalista fortemente presente no
fragmento. Indique a alternativa que melhor expressa essa característica.
a) "Diga-me com quem tu andas e eu te direi quem és" / "Filho de peixe peixinho é."
b) Vão-se os anéis, ficam os dedos” / “Cada macaco no seu galho.”
c) “Ri melhor quem ri por último” / “Nem todos os dedos da mão são iguais.”
d) “Antes só do que mal acompanhado” / “Água mole em pedra dura tanto bate até que fura.”
e) “O que os olhos não veem o coração não sente” / “De grão em grão a galinha enche o papo.”
a) É um romance urbano.
b) O Autor admite a influência do meio no comportamento do indivíduo.
c) Alcança a época da escravidão.
d) Romão é tudo, menos um ingrato.
e) O protagonista não se contenta com a ascensão econômica, quer a social também.