2013 HugoHeberGomesAlves
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2013 HugoHeberGomesAlves
BRASÍLIA
2013
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HUGO HÉBER GOMES ALVES
Monografia em literatura
BRASÍLIA
2013
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Justificativa
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Sumário
Introdução 05
1- Realismo no Brasil 07
Conclusão 19
Bibliografia 21
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Introdução
Ele pertence ao volume Relíquias da casa velha, que foi publicado em 1906.
Trata-se de uma obra realista, cujo tema central é a escravidão. Nela pode-se
observar a mescla de dois gêneros literários – conto e crônica histórica. Além disso,
percebe-se claramente a presença das três classes sociais brasileira da segunda
metade do século XIX: latifundiários, escravos e os homens livres, porém
dependentes.
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A narrativa ficcional mostra o posicionamento do autor sobre a escravidão.
Ela é repleta de ironia como se pode observar nos nomes dos personagens e das
ruas onde o enredo se desenvolve.
A história retrata bem como era o Brasil da segunda metade do século XIX.
Era um país onde os homens brancos dependentes não tinham emprego certo, e os
escravos eram torturados pelos seus donos.
Depois ela aborda três personagens: Candinho, Clara e tia Mônica. Estes
representavam uma grande parcela da população brasileira da época que sobrevivia
graças ao favor.
Por fim, mostra como Candinho, que tinha como emprego estabelecer ordem
na desordem, conseguiu, instantes antes de entregar teu filho à Roda dos
Enjeitados, capturar a negra fugida e entregá-la ao dono dela. Como consequência
deste ato, o pai pegou a recompensa e não se desfez mais de teu primogênito,
enquanto a escrava Arminda chorava a morte de teu filho.
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1- Realismo no Brasil
O final do século XIX marcou uma revolução nas idéias e na vida das
pessoas, fazendo com que estas desejassem ter bens materiais. A burguesia
interessou-se pelo estudo de Darwin sobre a evolução da espécie, enquanto o
liberalismo exercia sua influência na politica e economia. Acreditou-se no
desenvolvimento e progresso constante da civilização mecânica e industrial.
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científica, da exatidão na descrição, do culto ao fato e do rigor na economia de
linguagem.
Ele tenta representar a vida como ela é por meio da técnica da documentação
e da observação. Interessado na analise das características do ser humano, encara
o homem e o mundo objetivamente, para interpretar a vida dele. Procura retratar a
realidade graças ao uso de detalhes específicos, o que faz com que a narrativa seja
longa e lenta e dê a impressão de fidelidade aos fatos.
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Um dos principais autores brasileiros do Realismo, se não o maior, foi
Machado de Assis. Durante muito tempo sua obra foi encarada como dividida em
duas partes. A publicação de Memórias póstumas de Brás Cubas, em 1880,
representaria uma espécie de marco entre as duas. A primeira seria de caráter
romântico, e a segunda de caráter realista. Para Afrânio Coutinho:
Ele não se prendeu às escolas literárias. Tirava delas o que lhe convinha.
Assim, atingiu um elevado nível estético e de conscientização técnica. Não possuía
a mentalidade de um realista típico. Era um transfigurador da realidade. Para ele, a
arte e vida não se confundem. A arte é ilusão, verossimilhança, transfiguração do
real. Era escritor consciente do seu oficio, toda sua obra está fundamentada em
bases teóricas.
Ele tinha domínio das características estruturais dos vários gêneros como o
romance, o teatro, a poesia, a crônica. Ele mesmo confessa o estudo que fez dos
gêneros literários. O conto foi o laboratório de suas experiências.
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Também foi comum, durante muito tempo, acusar sua arte de pouco
brasileira, inspirada nos livros estrangeiros, sem ligação com o Brasil pelos
assuntos, situações, atmosfera, personagens, cenários, estilos. Apontou-se até
ausência da paisagem local na sua obra, para acentuar-se a sua falta de
identificação com o país.
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2 – Características dos contos machadianos
Este gênero precisa ter uma ação completa, que desloque o protagonista de
uma situação para outra através de etapas verossímeis e necessárias. O leitor
precisa de atenção, pois algumas partes podem ser deixadas para a inferência do
leitor. Ou seja, uma história pode ser curta não porque sua ação é pequena, mas
porque o autor quis omitir certas partes delas. Assim, uma ação pode ser longa em
tamanho e continuar curta na narração.
As partes mais importantes da ação podem ser expandidas, para ter mais
detalhes e ênfase nelas, enquanto outras situações não tão fundamentais podem ser
condensadas, reduzidas ou deixadas para inferência do leitor, para que este não se
canse nem perca o encanto pela narrativa.
Este gênero tem uma característica fundamental: é a forma. Tanto que para
seu criador, Edgar Alan Poe, a importância de impressão e o efeito da obra é uma
questão fundamental. Machado de Assis sabia disso, fazendo, assim, com que suas
obras se aproximassem dos contos fantásticos.
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muitas de suas obras, por exemplo, os nomes dos personagens e os nomes das
ruas onde o enredo se desenvolve são irônicos.
Machado de Assis abusava do humor e ironia nos seus contos. Ele fazia com
que um personagem narrasse a historia de sua vida, mesmo depois de morto.
Assim, este podia abordar qualquer questão sem peso na consciência ou
preocupação com a opinião dos outros, visto que já estava morto.
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3 – Pai contra mãe
O conto Pai contra mãe mostra o contrário. É uma obra realista que retrata
muito bem a sociedade brasileira da segunda metade do século XIX e cujo tema
central é a escravidão. A obra pertence ao volume Relíquias da casa velha, que foi
publicado em 1906. Ela mostra também a condição servil pelas quais muitos
homens brancos dependentes eram submetidos, de uma forma ou de outra. Outra
característica desta obra é a presença da crônica histórica e o modo como a
narrativa se desenvolve, fazendo com que o leitor tenha que se posicionar sobre
alguns assuntos.
Quando um escravo sumia, o seu dono, para não ficar no prejuízo – escravo
era muito caro – espalhava anúncios com as características físicas do fugitivo e
oferecia recompensa a quem o capturasse. Este ofício não exigia estudo, apenas
paciência, força e corda. E estabelecia a ordem na desordem. Assim, quando o
escravo era devolvido ao seu dono, este pagava a recompensa a quem o trazia e
descontava sua raiva, por perder dinheiro, no negro através dos instrumentos de
tortura como o ferro ao pescoço, outro era o ferro ao pé e havia também os açoites e
a máscara de folha de flandres. Como o corpo dele ficava marcado, em caso de
nova fuga, seria mais fácil achá-lo. Sobre a máscara de flandres: “ A máscara fazia
perder o vício da embriaguez aos escravos, por lhes tapar a boca. Tinha três
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buracos, dous para ver, um para respirar, e era fechada atrás da cabeça por um
cadeado.
Quando o bebê deu sinal de vida, Mônica ficou desorientada. Sabia que
passariam por mais dificuldades. Cândido não se preocupava, falava da esperança
como fosse um capital seguro. Ele teve vários empregos: tipógrafo, caixeiro, carteiro
entre outros. Porém, ele não os suportava, pois “ A obrigação de atender e servir a
todos o feria-o na corda do orgulho”.
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Sobre esta condição servil Joaquim Nabuco diz:
Para piorar ainda mais a situação, o trio foi despejado e só não foi dormir na
rua porque a tia conseguiu uma casa de fundos de uma rica senhora. Há aqui dois
favores. O primeiro é entre Mônica e a dona da casa. O segundo é entre o casal e a
tia. Candinho sabia destes dois favores.
Poucos dias depois de se mudarem para a casa dos fundos, o bebê nasce.
Alegria e tristeza do pai em igual proporção. Conforme o combinado, Candinho
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entregaria teu filho à Roda dos Enjeitados. Ou seja, já tinha aceitado se separar do
filho. Só não fez imediatamente por que chovia, com isso ganhou um dia. Leu todos
os anúncios, a maioria era só promessa de recompensa, mas um era de uma boa
quantia. Tratava-se de uma escrava. Isso o animou a procurá-la. Não a achou, só
encontrou uma pista com o farmacêutico de que ela esteve no seu estabelecimento
há uns dias.
Outro fato importante para se analisar é que foi a chuva a responsável para
que a história ocorresse. Se ela não existisse, o pai já teria entregado o filho. Como
dizia Clara: “ Deus nos há de ajudar”.
A negra relata que está grávida e receberia açoitadas do teu dono. Lembre-se
que o conto inicia-se detalhando os instrumentos de tortura usados nos escravos.
Imagine agora os açoites numa grávida. Seria praticamente fatal para o bebê.
Candinho responde assim: “ Você é que tem culpa. Quem lhe mandou fazer
filhos e fugir depois”. A resposta dele é outra ironia do narrador. Era exatamente a
mesma situação de Candinho. Fazia o filho e fugia depois.
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No chão Arminda aborta, o senhor se desespera, e Candinho, após observar
a cena, saí deste local em busca do teu filho. O rapaz foi o responsável pelo aborto
da escrava. Se eles não lutassem, ela não perderia o bebê. No entanto, o pai não
teria dinheiro necessário para sobreviver juntamente com teu filho.
Outra ironia é o nome do moço: Cândido Neves. Seu nome denota paz,
doçura. No entanto, sua família sobrevive graças à fuga dos escravos. Seu
comportamento foi o oposto do significado do teu nome. Foi impiedoso com a
fugitiva, mesmo sabendo da gravidez dela.
Com o filho já em teus braços, os dois voltam para casa. Mônica aceita
ambos de volta, visto que o pai trazia dinheiro suficiente. Este abençoava a fuga e
se mostrava indiferente quanto ao aborto da negra. Para ele, “nem todas as crianças
vingam”. Se não fosse a fuga pela liberdade da escrava, Candinho não teria teu filho
por perto. O pai já tinha aceitado se separar do teu primogênito. Para tê-lo contigo,
Arminda teve que abortar.
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Conclusão
Um gênero que ele usava com frequência era o conto. Seus contos tinham
unidade, verossimilhança, tamanho, forma, ação, pessimismo, humor e ironia. Eles
retratavam a sociedade brasileira de sua época, através de uma narrativa detalhista,
que se desenvolvia lentamente e cujo foco era as atitudes e situações em que se
encontravam os personagens.
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Bibliografia
CORRÊA, Ana Laura dos Reis; COSTA, Deane Maria Fonsêca de Castro e;
PILATI, Alexandre Simões. ―‗Porque dinheiro também dói‘ – Machado contista e as
astúcias mercantis da escravidãoǁ. In: ARAÚJO, Adriana; BASTOS, Hermenegildo
(org.). Teoria e prática da crítica literária dialética. Brasília: Editora da UnB, 2011.
SCHWARZ, Roberto. Ao vencedor as batatas. São Paulo: Duas Cidades/34,
2000.
_________. Que horas são? São Paulo: Companhia das Letras, 1987.
COUTINHO, Afrânio. Machado de Assis na literatura brasileira
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