Termografia Volume 2

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Mario Cimbalista Jr.

Termografia Qualitativa
em Instalações Industriais
Elétricas – Mecânicas – Produção
P&D

Manual Prático
Volume 2 – Tomo 1

TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E
EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS

Curitiba
2017
Mario Cimbalista Jr.

Termografia Qualitativa
em Instalações Industriais
Elétricas – Mecânicas – Produção
P&D

TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E
EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS

Manual Prático
Volume 2 – Tomo 1
Termografia Qualitativa em Instalações Industriais Elétricas – Mecânicas – Produção – P&D
Manual Prático em Três Volumes – Volume 2 [Tomo 1]
Novembro 2017

Autor: Mario Cimbalista Jr. – Eng. Eletricista e de Segurança do Trabalho – CREA‐8275‐C‐PR


Especialista NÍVEL III em Termografia

ISBN: 978‐85‐921901‐1‐8

Editoração Gráfica: Luciane Pansolin – [email protected]

Copyright: Nenhuma parte deste Manual pode ser copiada, transcrita,


xerografada, scaneada, fotografada ou reproduzida com qualquer
forma de reprodução sem a permissão expressa e por escrito do Autor.

Exemplar N°:
Este Manual é dedicado

Ao Silêncio, sobre o qual qualquer som é construído


À Escuridão, sobre a qual qualquer luz aparece
Ao Vazio, sobre o qual qualquer sentimento é percebido
Ao avesso da Paz, que é o Amor
Sobre este Manual: estar disponíveis no mercado, novas apli‐
cações poderão ser desenvolvidas, com
O Segundo Volume deste Manual Prático novas interpretações e desdobramentos
trata sobre a Termografia Industrial Qua‐ na Termografia. Solicita‐se igualmente
litativa Aplicada a Instalações e Equipa‐ que erros e equívocos sejam comunicados
mentos Elétricos. NÃO HÁ COMO COBRIR ao autor para a melhoria e aprimoramento
TODO O UNIVERSO DE EQUIPAMENTOS E dos conceitos aqui expostos.
ARRANJOS DE INSTALAÇÕES ELÉTRICAS.
Portanto, esse Segundo Volume destina‐ Sobre os Termogramas:
se a apresentar o mínimo necessário em
análises, opções de diagnóstico e, quando Salvo onde explicitamente indicado, todos
possível, de prognóstico típicos para per‐ os Termogramas, imagens térmicas, gráfi‐
mitir que outras aplicações possam ser cos e fotos na luz visível constantes neste
imaginadas e desenvolvidas. O conheci‐ Manual foram produzidos pelo autor ou
mento e domínio do conteúdo das infor‐ por sua equipe quando proprietário da
mações sobre o Infravermelho, bem como empresa THERMOTRONICS utilizando suas
do conhecimento – quanto mais deta‐ próprias câmeras infravermelhas e acessó‐
lhado, melhor – dos equipamentos e com‐ rios. Muitos Termogramas não apresenta‐
ponentes são fundamentais para qualquer rão a qualidade ideal por terem sido recu‐
entendimento posterior no universo de perados de relatórios antigos onde a ima‐
aplicações que o imageamento infra‐ gem térmica original não foi localizada no
vermelho permite nas instalações elétri‐ banco de dados de mais de 45.000 ima‐
cas. As experiências SIMPLIFICADAS de‐ gens arquivadas. Pedimos a compreensão
senvolvidas ao longo deste volume têm o do leitor para este custo em troca do con‐
objetivo de ilustrar conceitos, podem e de‐ teúdo da imagem.
vem ser repetidas à exaustão, melhoradas
e criticadas. Nelas, não há preocupação Sobre o autor:
excessiva nem com exatidão e nem com a
precisão científica, mas sim com a de‐
Formado Engenheiro Eletricista na UFPR
monstração do conceito. Além do exposto
em 1979, ingressou na concessionária de
nos Capítulos sobre os Equipamentos Elé‐
energia elétrica local onde começou a
tricos em si, a cada análise dos Termogra‐
acompanhar serviços de Termografia em
mas apresentados são sugeridos valores
subestações acima de 34,5 kV. No ano se‐
de emissividade para cada caso. Esses va‐
guinte, passou a ser o responsável pelas
lores não são exatos justamente devido à
análises técnicas de Termografia de toda a
dificuldade de atribuição em campo.
área de transmissão da concessionária por
Como explicado no volume anterior, a atri‐
mais sete anos. Em 1987, fundou a
buição da emissividade é um redutor de
THERMOTRONICS Serviços Termográficos
erros de leitura que eventualmente pode
Ltda., atendendo predominantemente o
ser dispensado nos diagnósticos qualitati‐
território brasileiro. Participou de dezenas
vos. Finalizando, e na medida em que no‐
de seminários e congressos, palestras e
vos equipamentos e softwares vierem a
MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS vii
SOBRE ESTE MANUAL

apresentações e é um dos poucos Especi‐  Fluke Ti32 – Lente 25°, Fabricação


alistas Nível III em Termografia reconheci‐ FLUKE;
dos. Recentemente concluiu sua Pós‐Gra‐  Flir P640 – Lente 24°, Fabricação FLIR
duação em Engenharia de Segurança. Ao Systems;
longo dos últimos trinta anos à frente da
THERMOTRONICS, prestou e ainda atua em  Termovisor – A palavra “termovisor” é
registrada pela FLIR Systems Inc.
consultoria de serviços de Termografia,
auditorias, treinamentos na área Bioló‐ Softwares
gica, Veterinária, Clínica Humana e em to‐
das as aplicações de Eletricidade, Mecâ‐  IR Explorer, 1999 – Desenvolvedor FLIR
nica e Produção Industrial, atendendo Systems;
desde pequenos clientes como condomí‐
 ThermaCAM QuickView 2.0 – Desen‐
nios residenciais até grandes complexos volvedor FLIR Systems;
petroquímicos.
 ThermaCAM Reporter 2000 – Desen‐
EQUIPAMENTOS E SOFTWARES volvedor FLIR Systems;
UTILIZADOS NESTE MANUAL
 ThermaCAM Researcher PRO 2000 –
Desenvolvedor FLIR Systems;
Câmeras
 Image Builder – Desenvolvedor FLIR
 Flir Agema 550 – Lentes 10°, 20°, 45°, System;
cabos e interface dedicados para cap‐
tura de sequências infravermelhas  ResearcherIR 3.4 – Desenvolvedor FLIR
PCMCIA, Fabricação FLIR Systems; Systems;
 Flir SC2000 – Lentes 12°, 24°, 45°, cabos  ResearcherIR 4.2 – Desenvolvedor FLIR
e interface dedicados para captura de Systems;
sequências infravermelhas PCMCIA,
Fabricação FLIR Systems;  Reporter 9.0 – Desenvolvedor FLIR
Systems;
 Flir SC660 – Lentes 24°, 45°, cabos e
adaptadores dedicados para captura de  Lens Calculator – Desenvolvedor FLIR
sequências infravermelhas Firewire, Fa‐ Systems;
bricação FLIR Systems;
 Smart View 3.9 – Desenvolvedor
 Flir T300 – Lentes 10°, 24°, Fabricação FLUKE;
FLIR Systems;
 IR Analyzer 2012 – Desenvolvedor
 ThermoCom V384S – Lente 22°, 45°, Thermocom Inc.;
Fabricação Thermocom Inc;
 Thermal Trend IR Analyzer –
 ThermoCom M7 – Lente 22°, Desenvolvedor: Colbert Infrared Inc.;
Fabricação Thermocom Inc.;
 Snagit 11 – Desenvolvedor: TechSmith
Inc.

viii MANUAL DE TERMOGRAFIA QUALITATIVA INDUSTRIAL


APRESENTAÇÃO

Como mencionado no Volume 1, o principal objetivo dos três volumes deste Manual é
levantar um pouco do véu da natureza em algo muito próximo a todos nós que é o calor na sua
forma de radiação. Como consequência, este Manual tentará apresentar o conhecimento do
Infravermelho através de centenas de exemplos práticos de como essa tecnologia pode ser
utilizada, principalmente para benefício do mundo fabril. O Primeiro Volume tratou sobre os
princípios básicos do infravermelho, e este Segundo Volume tratará apenas do mínimo
necessário para uma boa inspeção e análise de Equipamentos e Instalações Elétricas. Isto
porque aplicações ligadas à eletricidade no mercado industrial são de longe a maior aplicação
da Termografia justamente pela sua característica de permitir uma avaliação segura, sem
contato físico, desde que tecnicamente embasada, do estado funcional dos mais diversos tipos
de equipamentos. Como a grande maioria dos componentes transmite potência, à exceção dos
isoladores, a emissão de infravermelho é uma regra. Mas nem por isso todos irradiam da
mesma maneira sob as mesmas condições. Assim, e para cada Termograma de um
equipamento, serão comentadas características da imagem térmica, o estado operacional dos
equipamentos e instalações e, quando oportuno, sugestões de intervenção e/ou manutenção.
Muitos comentários poderão gerar dúvidas ou até estar incorretos já que ninguém é
dono da verdade. A interpretação, diagnóstico e prognóstico em infravermelho é um
conhecimento em evolução e, por isso mesmo, aberto a novas interpretações e correções. De
forma semelhante, e apesar de ser um Manual Qualitativo, sempre que possível serão feitas
considerações sobre as temperaturas envolvidas e sugeridos intervalos de emissividade para
quem se interessar em ler temperaturas com maior exatidão. Deve ser lembrado que a
Termografia é capaz de ler temperaturas com grande exatidão, mas somente em condições de
laboratório. Em campo, as condições de controle e contorno normalmente estão fora do
alcance do Inspetor: velocidade do vento, depósito de poluentes, ângulo de visada, quantidade
de oxidação, carga instantânea, umidade relativa do ar efetiva e assim por diante.
Caberá ao Inspetor se utilizar deste material básico e crescer, aprender, se aprimorar
e corrigi‐lo onde ele se encontrar incorreto.
Da mesma forma, os experimentos e simulações aqui apresentados tem caráter
unicamente didático, indicativo e ilustrativo, pois não há uma preocupação com o rigor
científico e sim com o despertar do aprendizado e da descoberta. Convidamos, assim, a todos
os interessados a refinarem os processos descritos aqui simplificadamente e desenvolverem
experimentos cuidadosos e com critérios científicos mais aguçados e precisos que os validem,
contestem, aperfeiçoem ou alterem. A ciência começa com experimentos básicos e evolui na
exatidão, método e detalhes das descobertas e processos.
Cada imagem térmica tem uma história e um conteúdo em si mesmo, rico em
informações. Caberá ao leitor dissecá‐la em suas minúcias para poder absorver o máximo de
informações que ela contém. Ler a imagem térmica, correlacioná‐la com a luz visível, com os
dados operacionais, somados com a sua experiência, fará com que as inspeções só melhorem
ao longo do tempo. Aprender a extrapolar as distribuições térmicas e imaginar se essa ou
aquela anomalia pode estar relacionada com uma nova situação, esse é o caminho.

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS ix


AGRADECIMENTOS

Como já foi feito no primeiro Volume, é extremamente importante aqui agradecer e


reconhecer as pessoas fundamentais na elaboração desse material, sem as quais não teria saído
da imaginação e do desejo:
 Aos meus pais, sem os quais eu não estaria aqui teclando, pensando, questionando
e querendo descobrir mais e mais;
 À minha mãe, por ter colocado uma lupa em minhas mãos para ver as formigas
andando, o que levou à minha fascinação pelo mundo natural;
 À minha primeira esposa (in memoriam), que acreditou em mim e validou minha
coragem de sair de minha zona de conforto e me arriscar no mundo pelo que eu
acreditava e gostava de fazer;
 Aos meus filhos, motivos únicos de toda a minha persistência, companheiros dessa
jornada;
 À minha segunda esposa na época, pela paciência e crença de que eu conseguiria,
apesar de por caminhos que ela achava muito sofridos;
 Aos meus colaboradores, que participaram de tantas discussões e se permitiram
contaminar pela minha curiosidade;
 À natureza, essa fonte inesgotável de descobertas e de existência absoluta;
 Aos meus colegas Nível 3 em Termografia, Alejandro Bonavera, Attilio B. Veratti,
Gaston Bonavera, Laerte dos Santos, Luiz do Nascimento Pereira e Walter Venturini
pelas informações preciosas trocadas ao longo de tantos anos de trabalho árduo em
equipe;
 Ao nosso Professor Pardal que tantas vezes nos ajudou e resolveu problemas de
eletrônica sofisticados em nossas câmeras, Lauro Stresser.
 À Luciane Pansolin, pelas sugestões e auxílio nos detalhes finais da formatação.
Esperamos que todos tenham um bom proveito e descubram que há muito mais para
ver e aprender do que nossos olhos e mentes enxergam.
Basta questionar, correr atrás das respostas e estar aberto ao imponderável.

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS xi


LISTAS
LISTA DE FIGURAS

Figura 1.1 – Rotina simplificada de Inspeção Termográfica. ........................................................ 57

Figura 1.2 – Diagrama esquemático de um sistema elétrico. ....................................................... 57

Figura 1.3 – Para-raios defeituosos conduzindo para a Terra. ..................................................... 62

Figura 1.4 – Imagem térmica e na luz visível de um painel 6.6 kV. .............................................. 63

Figura 1.5 – Cofre de distribuição industrial em 380 V. ................................................................ 63

Figura 1.6 – Inconsistência na distribuição térmica indicando uma anomalia. ............................ 65

Figura 1.7 – Aquecimento inadmissível – 93 °C – em parafuso de fixação de eletrocalha. ......... 66

Figura 1.8 – Imagem térmica afetada pelo Sol. ............................................................................ 75

Figura 1.9 – Influência do reflexo solar nas nuvens. ..................................................................... 75

Figura 1.10 – Efeitos das lentes: Grande Angular, Normal, Teleobjetiva e Macro. ...................... 76

Figura 1.11 – Dilatação e contração linear de cabos elétricos em ramal de distribuição. ........... 80

Figura 1.12 – Efeito do vento sobre componentes em ramal de distribuição.............................. 83

Figura 1.13 – Curvas de resfriamento pela direção do vento. ...................................................... 84

Figura 1.14 – Microscopia Atômica de um filme de Cobre de 4nm de espessura........................ 85

Figura 1.15 – Circulação de corrente por contatos microscópicos. .............................................. 86

Figura 1.16 – Ciclo hipotético de falha em uma conexão elétrica. ............................................... 87

Figura 1.17 – Cabo e terminal severamente oxidados, com carga, soldado e “frios”. ................. 87

Figura 1.18 – Cabo deteriorado (oxidado internamente), com carga, soldado e “frio”. .............. 88

Figura 1.19 – Experimento com conexão defeituosa.................................................................... 88

Figura 1.20 – Curvas de aquecimento e resfriamento em uma conexão defeituosa. .................. 89

Figura 1.21 – Acompanhamento de variação de temperatura ao longo do tempo. .................... 89

Figura 1.22 – Acompanhamento de variação de temperatura ao longo do tempo. .................... 90

Figura 1.23 – Gráfico ao longo do tempo das temperaturas em seccionadora. .......................... 91

Figura 1.24 – Resistor a 6 m de distância com atmosfera limpa. ................................................. 91

Figura 1.25 – Resistor a 6 m de distância com água na atmosfera, 9 segundos após. ................. 92

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS xv


LISTA DE FIGURAS

Figura 1.26 – Curva quadrática de Potência versus Corrente – P X I. ........................................... 93

Figura 1.27 – Correção de carga instantânea 100% para nominal a 100%. ................................. 94

Figura 1.28 – Correção de carga instantânea 75% para nominal a 100%. ................................... 94

Figura 1.29 – Correção de carga instantânea para nominal a 50%. ............................................. 95

Figura 1.30 – Correção de carga instantânea para nominal a 30%. ............................................. 95

Figura 1.31 – Temperaturas corrigidas pela carga percentual. .................................................... 96

Figura 1.32 – Curvas de correção de temperaturas medidas pela extinção de ventilação........ 100

Figura 1.33 – Croquis para verificação de Resfriamento a 1 m/seg – distância variável. .......... 101

Figura 1.34 – Fotos da montagem com distância variável entre o ventilador e o resistor. ....... 102

Figura 1.35 – Montagem com distância variável para vento no resistor de 1 a 5 m/s. ............. 103

Figura 1.36 – Curva de atenuação de temperatura com resfriamento e distância variável. ..... 103

Figura 1.37 – Termogramas do resfriamento pelo vento com distância variável. ..................... 104

Figura 1.38 – Croquis para verificação do Resfriamento a 1 m/seg. com distância fixa. ........... 105

Figura 1.39 – Montagem com distância fixa para velocidade de vento de 1 m/s a 5 m/s. ........ 105

Figura 1.40 – Montagem com distância fixa para velocidade de vento de 1 e 5 m/s. ............... 106

Figura 1.41 – Curva de atenuação de temperatura com resfriamento a distância fixa. ............ 106

Figura 1.42 – Termogramas do resfriamento pelo vento com distância fixa. ............................ 107

Figura 1.43 – Termogramas com e sem o efeito ThermoScala – Mesma Amplitude Térmica... 114

Figura 1.44 – Cabos novos e antigos com emissividades diferentes. ......................................... 116

Figura 2.1 – Sala de máquinas em usina hidrelétrica. ............................................................... 121

Figura 2.2 – Ensaio de Corrente Aplicada em Estator de 4 MVA e curto entre placas. ............. 122

Figura 2.3 – Encapsulamento em Excitatriz, visada externa em Gerador de 25 MVA. .............. 123

Figura 2.4 – Encapsulamento das Escovas da excitatriz em Gerador de 25 MVA. ..................... 124

Figura 2.5 – Sala de Máquinas com dois Geradores e janela gradeada na excitatriz. ............... 125

Figura 2.6 – Montagem com estator acima do piso da sala de máquinas. ................................ 126

Figura 2.7 – Barramentos 15 kV isolado a ar, normal e com anomalia: inferior e superior....... 127

Figura 2.8 – Anomalia em Barramento 15 kV isolado a ar: visadas superior e inferior. ............ 128

Figura 2.9 – Barramento-Maq 2 25 MVA, 15 kV encapsulado a ar com anomalia interna. ....... 129

Figura 2.10 – Barramento-Maq 1 25 MVA, 15 kV encapsulado a ar com anomalia interna. ..... 130

xvi MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


LISTA DE FIGURAS

Figura 2.11 – Barramento 20 kV encapsulado em fechamento de estrela em gerador UHE. .... 131

Figura 2.12 – Barramento 20 kV encapsulado em saída de gerador de UHE. ............................ 132

Figura 2.13 – Barramento 20 kV encapsulado de fechamento de estrela em gerador UHE. ..... 133

Figura 2.14 – Torre de transmissão no infravermelho. .............................................................. 134

Figura 2.15 – Muflas em Linha de 138 kV. .................................................................................. 135

Figura 2.16 – Anomalias em Emendas em cabos de Linhas de Transmissão.............................. 137

Figura 2.17 – Anomalia em Emenda e condução só em alguns tentos (Marcador 1). ............... 139

Figura 2.18 – Cadeia de Isoladores com fuga em torre de transmissão. .................................... 140

Figura 2.19 – Separador de cabos em Linha de Transmissão. .................................................... 142

Figura 2.20 – Isoladores classe 230 kV com defeito de fabricação............................................. 143

Figura 2.21 – Termogramas de LTs por Inspeção aérea. ............................................................ 146

Figura 2.22 – Termogramas da Figura 2.21 com paleta de cor corrigida. .................................. 147

Figura 2.23 – Aberração cromática em lentes teleobjetivas 6°. ................................................. 149

Figura 3.1 – Pórtico em Subestação. ........................................................................................... 157

Figura 3.2 – Pórtico de SE 500 kV. ............................................................................................... 157

Figura 3.3 – Pórtico 230 kV. ........................................................................................................ 158

Figura 3.4 – Cabo Para-raios Normal em SE 230 kV. ................................................................... 158

Figura 3.5 – Anomalia em conexão de cabo Para-raios por circulação de corrente. ................. 159

Figura 3.6 – Conector de descida sobreaquecido Linha 1 – maio. ............................................. 161

Figura 3.7 – Conector de descida sobreaquecido Linha 2 – maio. ............................................. 161

Figura 3.8 – Conector de descida sobreaquecido Linha 1 – outubro. ........................................ 161

Figura 3.9 – Cabo Seccionado e Primeira Torre da Linha 1......................................................... 162

Figura 3.10 – Para-raios danificado, Cabo Seccionado e Conector Adjacente de descida. ........ 163

Figura 3.11 – Estado do conector no local de rompimento do cabo da LT 1 e Ancoragem. ...... 163

Figura 3.12 – Simulação de situação sobre a curva de falha típica............................................. 164

Figura 3.13 – Estado interno de outro conector da Linha 2 e assentamento no cabo. .............. 165

Figura 3.14 – Linha 1, emenda de cabo e conector de descida após manutenção. ................... 166

Figura 3.15 – Linha 2, após manutenção. ................................................................................... 166

Figura 3.16 – Baixo isolamento na cadeia de isoladores. ........................................................... 166

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS xvii


LISTA DE FIGURAS

Figura 3.17 – Subestação. ........................................................................................................... 168

Figura 3.18 – Diagrama Esquemático de uma Subestação. ........................................................ 168

Figura 3.19 – Termogramas de uma Subestação 138 kV. ........................................................... 169

Figura 3.20 – Diversos componentes em SE 500/230 kV com anomalias. ................................. 170

Figura 3.21 – Para-raios. ............................................................................................................. 171

Figura 3.22 – Curva de corte típica em Para-raios. ..................................................................... 172

Figura 3.23 – Para-raios normais Classe 138 kV. ........................................................................ 173

Figura 3.24 – Para-raios defeituosos Classes 230 kV e 34,5 kV. ................................................. 174

Figura 3.25 – Circuitos equivalentes de colunas isolantes e Para-raios. .................................... 175

Figura 3.26 – Radiação de potência em resistores em série. ..................................................... 176

Figura 3.27 – Coluna de Isoladores de Pedestal. ........................................................................ 177

Figura 3.28 – Coluna de Isoladores conduzindo para a Terra; lentes 24° e 45°. ........................ 178

Figura 3.29 – Coluna de Isoladores 230 kV em bom estado. Lente 24°. .................................... 179

Figura 3.30 – Chaves Seccionadoras. .......................................................................................... 180

Figura 3.31 – Seccionadoras de 69 kV e 138 kV, com e sem anomalia térmica. ........................ 181

Figura 3.32 – Reflexos de trafo próximo à seccionadora. .......................................................... 182

Figura 3.33 – Mau contato em Contato Móvel de Seccionadora 69 kV. .................................... 183

Figura 3.34 – Seccionadora classe 230 kV com isoladores de suporte aquecidos. .................... 184

Figura 3.35 – Barramentos em 13 kV.......................................................................................... 186

Figura 3.36 – Barramentos Termicamente normais 138 kV e 69 kV. ......................................... 187

Figura 3.37 – Emenda com anomalia térmica em barramento 34,5 kV. .................................... 187

Figura 3.38 – Barramento em 500 kV com anomalia térmica. ................................................... 188

Figura 3.39 – Barramento 69kV. Paleta Iron (Ferro)................................................................... 189

Figura 3.40 – Barramento 69 kV.Paleta Rainbow 900 ou Arco Íris. ............................................ 190

Figura 3.41 – Barramento 69kV. Paleta ThermoScala. ............................................................... 190

Figura 3.42 – Efeito de sobreposição em barramento de Subestação. ...................................... 191

Figura 3.43 – Barramento em 69 kV com assinatura térmica anômala em espiral. .................. 191

Figura 3.44 – Transformadores de corrente. .............................................................................. 194

Figura 3.45 – TCs 138 kV e 34,5 kV sem e com anomalia por baixo isolamento. ....................... 195

xviii MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


LISTA DE FIGURAS

Figura 3.46 – TC 69 kV com anomalia térmica nas conexões. .................................................... 196

Figura 3.47 – TCs 69kV com anomalia interna. ........................................................................... 197

Figura 3.48 – Transformadores de potencial. ............................................................................. 200

Figura 3.49 – TPs com assinatura térmica normal e com fuga no isolador (R2)......................... 201

Figura 3.50 – Disjuntores Externos. ............................................................................................ 202

Figura 3.51 – Disjuntor 69 kV com anomalia e Disjuntor 138 kV normal. .................................. 203

Figura 3.52 – Detalhe do Termograma da Figura 3.51. .............................................................. 204

Figura 3.53 – Mau contato em conexão de Disjuntor de SE-69kV.............................................. 205

Figura 3.54 – Disjuntor classe 500 kV sem anomalias térmicas................................................. 206

Figura 3.55 – Transformadores ................................................................................................... 207

Figura 3.56 – Corte esquemático simplificado de um transformador a óleo. ............................ 208

Figura 3.57 – Transformador de grande porte 230-35,5 kV. ...................................................... 209

Figura 3.58 – Trafo 230kV: perfil térmico nos radiadores e anomalia na bucha direita. ........... 210

Figura 3.59 – Trafos 230 kV com assinatura térmica simétrica. ................................................. 210

Figura 3.60 – Mau contato em bucha primária........................................................................... 211

Figura 3.61 – Efeito de lentes em conexões de bucha primária, 230 kV. ................................... 212

Figura 3.62 – Distribuição térmica do Secundário com e sem defeito interno. ......................... 214

Figura 3.63 – Trafos 69 e 230 kV com anomalia TC bucha e resfriamento em Trafo 138 kV. .... 215

Figura 3.64 – Bancos de transformadores Monofásicos. ............................................................ 217

Figura 3.65 – Radiador “frio” em transformador de potência. ................................................... 218

Figura 3.66 – Efeito da Insolação em radiadores. ....................................................................... 219

Figura 3.67 – Válvula de alívio de sobre pressão. ....................................................................... 220

Figura 3.68 – Trafo visto na altura do chão................................................................................. 221

Figura 3.69 – Visada superior esquerda. ..................................................................................... 222

Figura 3.70 – Visada superior direita. ......................................................................................... 223

Figura 3.71 – Estado interno das juntas de dilatação severamente oxidadas. ........................... 224

Figura 3.72 – Muflas a óleo ......................................................................................................... 226

Figura 3.73 – Muflas a óleo em bom estado............................................................................... 227

Figura 3.74 – Muflas da Figura 3.73 após seis meses. ................................................................ 227

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS xix


LISTA DE FIGURAS

Figura 3.75 – Muflas da Figura 3.74 após doze meses. .............................................................. 228

Figura 3.76 – Muflas da Figura 3.73 após intervenção de manutenção..................................... 229

Figura 3.77 – Bancos de Capacitores. ......................................................................................... 231

Figura 3.78 – Banco de Capacitores: Reatâncias e mau contato em barramento. .................... 231

Figura 3.79 – Capacitor 13 kV com mau contato na bucha. ....................................................... 232

Figura 3.80 – Chave a Óleo em Banco de Capacitores com defeito interno. ............................. 233

Figura 3.81 – Capacitor 13 kV com anomalia interna. ................................................................ 233

Figura 3.82 – Bancos de Baterias. ............................................................................................... 235

Figura 3.83 – Elementos de Banco de Baterias Chumbo-Ácidas defeituosos sob carga. ........... 235

Figura 3.84 – Conexão interna ou placas defeituosas em elemento de bateria. ....................... 236

Figura 3.85 – Elemento em banco de baterias com falha interna.............................................. 237

Figura 3.86 – Elemento em banco de baterias com falha interna de pequena temperatura. ... 237

Figura 3.87 – Conexão entre elementos em banco de baterias com mau contato. .................. 238

Figura 3.88 – Banco vertical de baterias sem anomalias. ........................................................... 239

Figura 3.89 – Cabos entre elementos em banco de baterias com mau contato. ....................... 240

Figura 3.90 – Anomalia interna em bateria de grupo gerador. .................................................. 241

Figura 3.91 – Banco de baterias em instalação petroquímica. ................................................... 241

Figura 3.92 – Terminal de bateria severamente oxidado. .......................................................... 242

Figura 3.93 – Tomada de carregador de bateria móvel com mau contato. ............................... 243

Figura 4.1 – Ramal aéreo. ........................................................................................................... 247

Figura 4.2 – Ilustração do céu com nuvens................................................................................. 247

Figura 4.3 – Efeito do reflexo do Sol nas nuvens. ....................................................................... 248

Figura 4.4 – Ilustração Poste. ...................................................................................................... 249

Figura 4.5 – Linha Aérea e Exemplo de céu nublado com aquecimento solar na cruzeta. ........ 249

Figura 4.6 – Cruzeta de concreto. ............................................................................................... 251

Figura 4.7 – Aquecimento na fixação de ferragem de sustentação em cruzeta de concreto. ... 251

Figura 4.8 – Aquecimentos nas fixações de ferragens em cruzeta de concreto. ....................... 252

Figura 4.9 – Aquecimento de origem indeterminada em cruzeta de concreto. ........................ 253

Figura 4.10 – Termograma da Figura 4.9 visto por outros ângulos, abaixo dos aquecimentos. 254

xx MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


LISTA DE FIGURAS

Figura 4.11 – Cruzeta de concreto (Teleobjetiva 12°) somando dois fenômenos térmicos....... 254

Figura 4.12 – Contexto da Figura 4.11 (Lente 24°) com fuga de corrente e insolação............... 255

Figura 4.13 – Aquecimento em cruzeta sem origem definida da corrente de fuga. .................. 256

Figura 4.14 – Exemplos de cabos. ............................................................................................... 258

Figura 4.15 – Cabos de chegada em um ramal aéreo. ................................................................ 259

Figura 4.16 – Depósito de poluentes em cabos de distribuição de baixa e média tensão......... 260

Figura 4.17 – Cabo aéreo com desequilíbrio de corrente........................................................... 261

Figura 4.18 – Anomalia em ramal aéreo de distribuição 13.8 kV. .............................................. 262

Figura 4.19 – Mosaico térmico e detalhe de anomalia em ramal distribuição 13.8 kV. ............ 263

Figura 4.20 – Mosaico ao longo do tempo da mesma anomalia da Figura 4.19. ....................... 264

Figura 4.21 – Manutenção com linha viva da anomalia detectada e trecho de cabo retirado. . 265

Figura 4.22 – Cabos com tentos oxidados ou partidos. .............................................................. 265

Figura 4.23 – Cabos com assinatura térmica em espiral conectados a TC’s (Ver item TC’s). ..... 266

Figura 4.24 – Cabos com tentos oxidados. ................................................................................. 267

Figura 4.25 – Cabos aéreos em bom estado e com carga normal. ............................................. 267

Figura 4.26 – Cabo partido em rede aérea compacta e em bom estado. .................................. 268

Figura 4.27 – Conexão. ................................................................................................................ 270

Figura 4.28 – Conexões em Barramento Aéreo com carga normal, com e sem anomalia......... 270

Figura 4.29 – Conexões e conectores em bom estado em linhas aéreas com carga normal. .... 271

Figura 4.30 – Conectores de derivação em linha aérea com anomalias térmicas...................... 271

Figura 4.31 – Isoladores. ............................................................................................................. 273

Figura 4.32 – Isolador típico classe 15 kV................................................................................... 273

Figura 4.33 – Isolador tipo pino de suporte em porcelana com anomalia térmica.................... 274

Figura 4.34 – Isoladores de ancoragem em bom estado. ........................................................... 275

Figura 4.35 – Cadeia de Isoladores de Ancoragem. .................................................................... 276

Figura 4.36 – Circuito Equivalente de cinco isoladores em bom estado. ................................... 277

Figura 4.37 – Circuito equivalente de um isolador em mau estado. .......................................... 278

Figura 4.38 – Circuito equivalente a três isoladores em bom estado em série contra a Terra. . 278

Figura 4.39 – Resistores equivalentes a uma cadeia de três isoladores em bom estado. ......... 279

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS xxi


LISTA DE FIGURAS

Figura 4.40 – Circuito equivalente curto-circuitando resistores contra a Terra. ....................... 279

Figura 4.41 – Resistores equivalentes a três isoladores em série com dois em curto-circuito.. 280

Figura 4.42 – Isoladores Aquecidos Suportando Tensão de Fase............................................... 281

Figura 4.43 – Ponto quente na superfície de isolador. ............................................................... 282

Figura 4.44 – Grampos de descida ou Estribos. .......................................................................... 283

Figura 4.45 – Exemplos de Estribos. ........................................................................................... 283

Figura 4.46 – Grampos de Ancoragem. ...................................................................................... 284

Figura 4.47 – Estabelecimento de correntes parasitas em grampo de ancoragem. .................. 285

Figura 4.48 – Exemplo de grampo de ancoragem aquecendo o cabo da linha. ......................... 285

Figura 4.49 – Grampo de ancoragem pré e pós-manutenção. ................................................... 286

Figura 4.50 – Para-raios de Linha. ............................................................................................... 288

Figura 4.51 – Para-raios SiC e ZnO com fuga para a Terra.......................................................... 288

Figura 4.52 – Anomalias térmicas em Para-raios de linha.......................................................... 289

Figura 4.53 – Para-raios com um elemento interno em bom estado e os demais em curto. .... 289

Figura 4.54 – Para-raios ZnO durante chuva e após dois dias com tempo seco e sol. ............... 290

Figura 4.55 – Ajustes revelam anomalias não detectáveis no modo automático. ..................... 292

Figura 4.56 – Erro de montagem em Para-raios. ........................................................................ 293

Figura 4.57 – Para-raios com fugas de corrente baixa e alta (Esq. e Dir.). ................................. 294

Figura 4.58 – Curva de variação do Delta T em relação a um Para-raios em bom estado. ........ 295

Figura 4.59 – Trafos em Postes. .................................................................................................. 296

Figura 4.60 – Trafo normal em poste (Esq.) e mau contato interno em Secundário (Dir.). ....... 297

Figura 4.61 – Anomalias em Primário e Secundário em Trafo em Poste. .................................. 298

Figura 4.62 – Anomalias em Secundário de Trafos em Poste..................................................... 298

Figura 4.63 – Trafo com baixo nível de óleo – Aletas de refrigeração sem circulação de óleo. 299

Figura 4.64 – Fundo de tanque de óleo em Trafo 125 kVA. ....................................................... 300

Figura 4.65 – Anomalia em rede da Baixa Tensão. ..................................................................... 301

Figura 4.66 – Regulador de Tensão............................................................................................. 302

Figura 4.67 – Bucha com anomalia externa em Regulador de Tensão....................................... 303

Figura 4.68 – Regulador de Tensão com anomalia interna em bucha de porcelana. ................ 304

xxii MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


LISTA DE FIGURAS

Figura 4.69 – Seccionadora Faca. ................................................................................................ 305

Figura 4.70 – Chaves faca com defeito de contatos e conexões. ............................................... 305

Figura 4.71 – Chaves faca com defeito em contatos e conexões. .............................................. 306

Figura 4.72 – Seccionadora Fusível. ............................................................................................ 308

Figura 4.73 – Chaves Fusíveis com mau contato nas conexões e fuga pelo isolador. ................ 308

Figura 4.74 – Chaves Fusíveis: contatos, elos e isoladores com sobreaquecimento. ................ 309

Figura 4.75 – Chaves Fusíveis: isoladores com fuga para a Terra. .............................................. 309

Figura 4.76 – Muflas. ................................................................................................................... 311

Figura 4.77 – Muflas Classe 15 kV com anomalia em Poste e Subestação. ................................ 311

Figura 4.78 – Muflas termocontráteis com anomalias. .............................................................. 312

Figura 4.79 – Mufla externa em Porcelana com fuga de corrente. ............................................ 313

Figura 4.80 – Muflas em porcelana com anomalias. .................................................................. 313

Figura 5.1 – Cabine de medição. ................................................................................................. 319

Figura 5.2 – Circuito Unifilar Equivalente de uma Cabine de Medição. ..................................... 319

Figura 5.3 – Cubículos metálicos. ................................................................................................ 320

Figura 5.4 – Tetos de Cubículos metálicos. ................................................................................. 320

Figura 5.5 – Buchas de passagem. .............................................................................................. 322

Figura 5.6 – Buchas de passagem com defeito nas conexões da linha e cabeça das buchas..... 323

Figura 5.7 – Buchas de Passagem, Lado Externo. ....................................................................... 323

Figura 5.8 – Buchas de Passagem, lado interno, cabine semienterrada. ................................... 324

Figura 5.9 – Buchas de passagem na entrada de cabine de Média Tensão. .............................. 324

Figura 5.10 – Muflas .................................................................................................................... 326

Figura 5.11 – Mufla Termo contrátil com carga e em bom estado. ........................................... 326

Figura 5.12 – Mufla Termocontrátil com mau contato na cordoalha de aterramento. ............. 327

Figura 5.13 – Muflas com erro de montagem afetando o isolamento. ...................................... 328

Figura 5.14 – Mufla com baixo isolamento. ................................................................................ 328

Figura 5.15 – Mau contato na solda da cordoalha de aterramento e/ou baixo isolamento...... 329

Figura 5.16 – Reflexo do Teto em saias de mufla termocontrátil. .............................................. 330

Figura 5.17 – Cabo com defeito interno próximo à mufla. ......................................................... 330

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS xxiii


LISTA DE FIGURAS

Figura 5.18 – Cabos de Média Tensão, Canaletas e Caixas de Passagem. ................................. 332

Figura 5.19 – Cabo Classe 15 kV com anomalia por baixo isolamento....................................... 333

Figura 5.20 – Cabos classe 15 kV. ............................................................................................... 333

Figura 5.21 – Cabos Classe 15 kV com amarração. ..................................................................... 334

Figura 5.22 – Cabos Classe 4,16 kV em bandejamento metálico. .............................................. 335

Figura 5.23 – Progressão do rompimento de um dielétrico. ...................................................... 337

Figura 5.24 – Falha em cabo isolado por fuga contra a blindagem aterrada. ............................ 338

Figura 5.25 – Caixa de passagem. ............................................................................................... 339

Figura 5.26 – Canaleta e caixas de passagem enterradas. ......................................................... 339

Figura 5.27 – Caixa de Inspeção em aterramento de Subestação.............................................. 340

Figura 5.28 – Anomalias múltiplas em um único poste de entrada. .......................................... 342

Figura 5.29 – Anomalia superior no eletroduto. ........................................................................ 343

Figura 5.30 – Anomalia lateral inferior no eletroduto de aço galvanizado. ............................... 343

Figura 5.31 – Provável fuga de corrente pela Terra. .................................................................. 343

Figura 5.32 – Vista geral das cinco anomalias em Poste de Entrada. ......................................... 344

Figura 5.33 – Vista Geral durante a manutenção. ...................................................................... 345

Figura 5.34 – Anomalia com a fábrica em operação e após o desligamento das muflas........... 346

Figura 5.35 – Leitura de temperatura em anomalia em caixa de passagem.............................. 347

Figura 5.36 – Identificação da origem do aquecimento. ............................................................ 347

Figura 5.37 – Afastamento do aterramento contra isolamento do cabo. .................................. 348

Figura 5.38 – Resfriamento após separação do aterramento. ................................................... 348

Figura 5.39 – Barramentos. ......................................................................................................... 349

Figura 5.40 – Conexão com defeito em barramento de Alta Tensão. ........................................ 350

Figura 5.41 – Barramento de cobre maciço pintado descascando. ........................................... 351

Figura 5.42 – Barramento tubular aquecido por carga. ............................................................. 352

Figura 5.43 – Isoladores. ............................................................................................................. 353

Figura 5.44 – Isoladores em bom estado. Temperaturas muito próximas à TAmb. .................. 353

Figura 5.45 – Falha em isolamento de isolador de suporte de barramento de MT Fase ‘T’. ..... 354

Figura 5.46 – Isolador com defeito interno. ............................................................................... 355

xxiv MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


LISTA DE FIGURAS

Figura 5.47 – Isolador de Suporte com fuga para a Terra........................................................... 356

Figura 5.48 – Anomalia em barramento causada por instalação incorreta em isolador. .......... 357

Figura 5.49 – TCs da concessionária............................................................................................ 358

Figura 5.50 – TCs com distribuição térmica anômala. ................................................................ 358

Figura 5.51 – TCs com anomalia térmica. ................................................................................... 359

Figura 5.52 – Mau contato em conexão de TC. .......................................................................... 360

Figura 5.53 – TC com anomalia interna. ..................................................................................... 361

Figura 5.54 – Mau contato na conexão de entrada de um TC. ................................................... 361

Figura 5.55 – TPs da concessionária............................................................................................ 363

Figura 5.56 – Falha em progresso em isolamento em TPs. ........................................................ 363

Figura 5.57 – TP com possível fuga de corrente para o entreferro ou curto entre as placas. ... 364

Figura 5.58 – TP com mau contato no fusível do primário. ........................................................ 365

Figura 5.59 – TP isolado a óleo com defeito interno. ................................................................. 365

Figura 5.60 – TP com fuga de corrente para a Terra................................................................... 366

Figura 5.61 – TP com carga no secundário (imagem prejudicada pela grade). .......................... 367

Figura 5.62 – Chave Seccionadora. ............................................................................................. 369

Figura 5.63 – Mau contato na Fase ‘R’ na seccionadora............................................................. 369

Figura 5.64 – Secionadoras com hastes e isoladores com fuga para a Terra. ............................ 370

Figura 5.65 – Contato de Seccionadora severamente sobreaquecido. ...................................... 371

Figura 5.66 – Seccionadora Sob Carga. ....................................................................................... 373

Figura 5.67 – Seccionadora sob carga com anomalia no contato móvel.................................... 373

Figura 5.68 – Disjuntor. ............................................................................................................... 375

Figura 5.69 – Sobreaquecimento no polo da Fase ‘T’ do disjuntor de MT. ................................ 375

Figura 5.70 – Hastes com fuga de corrente em acionamento de disjuntor. .............................. 376

Figura 5.71 – Sobreaquecimento na barra e interno ao polo. .................................................... 377

Figura 5.72 – Sobreaquecimento interno ao polo. ..................................................................... 378

Figura 5.73 – Relés primários e mau contato nas conexões. ...................................................... 379

Figura 5.74 – Problema interno em ambos os contatos Polo Fase Esq. ..................................... 379

Figura 5.75 – Anomalia interna em Disjuntor PVO antes e após manutenção. ......................... 380

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS xxv


LISTA DE FIGURAS

Figura 5.76 – Anomalia interna em contato tulipa de Disjuntor PVO extraível. ........................ 381

Figura 5.77 – Baixo isolamento na base dos polos (imagem prejudicada pela grade)............... 382

Figura 5.78 – Relé primário com mau contato. .......................................................................... 383

Figura 5.79 – Baixo isolamento em isolador suporte de Disjuntor. ........................................... 384

Figura 5.80 – Isoladores de suporte em polos de disjuntor com fuga para a Terra. .................. 385

Figura 5.81 – Painéis de Distribuição. ......................................................................................... 387

Figura 5.82 – Painel de Saída de Cabos 6,6kV. Visada Posterior. ............................................... 388

Figura 5.83 – Termograma do Painel de Saída de Cabos 6,6 kV, visada Lateral-Frontal............ 388

Figura 5.84 – Termograma dos cabos em 6,6 kV internos ao painel.......................................... 389

Figura 5.85 – Visada posterior dos painéis 6,6 kV. ..................................................................... 389

Figura 5.86 – Visada Frontal dos Painéis 6,6 kV.......................................................................... 390

Figura 5.87 – Termograma do Disjuntor após extração. ............................................................ 390

Figura 5.88 – TC rachado e superaquecido................................................................................. 391

Figura 6.1 – Subestação rebaixadora e locais específicos para Inspeção por Termografia. ...... 395

Figura 6.2 – Fusível HH. ............................................................................................................... 396

Figura 6.3 – Fusível HH com corpo sobreaquecido..................................................................... 396

Figura 6.4 – Fusíveis HH assimétricos. ........................................................................................ 397

Figura 6.5 – Anomalia em conexão ou garra de fusível HH. ....................................................... 398

Figura 6.6 – Mau contato em garra e/ou cabeça de fusível HH. ................................................ 400

Figura 6.7 – Mau contato em garra paralela de fusível HH. ....................................................... 401

Figura 6.8 – Transformadores. .................................................................................................... 402

Figura 6.9 – Transformador isolado a óleo – esquemático e sem tanque. ................................ 403

Figura 6.10 – Transformador isolado em epóxi (a seco)............................................................. 404

Figura 6.11 – Anomalia no disco da bobina em Transformador a Seco. .................................... 404

Figura 6.12 – Núcleo em chapas de ferrosilício em linha de montagem. .................................. 406

Figura 6.13 – Trafo a Seco com carga baixa com tela entreposta. ............................................. 406

Figura 6.14 – Trafo a seco com grade de malha fina e carga baixa. ........................................... 407

Figura 6.15 – Trafo a seco com grade aberta. ............................................................................ 408

Figura 6.16 – Trafo a seco enclausurado em painel metálico. ................................................... 408

xxvi MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


LISTA DE FIGURAS

Figura 6.17 – Trafo a seco com 60% de sua carga nominal e núcleo aquecido. ......................... 409

Figura 6.18 – Trafo a seco 440/220 V enclausurado em painel metálico. .................................. 410

Figura 6.19 – Primário de transformadores. ............................................................................... 411

Figura 6.20 – Primário e Secundário normais. ............................................................................ 412

Figura 6.21 – Transformador normal ou com carga baixa. ......................................................... 413

Figura 6.22 – Trafo com 84% da carga nominal. ......................................................................... 413

Figura 6.23 – Baixo isolamento na bucha primária do transformador. ...................................... 414

Figura 6.24 – Trafos isolados a óleo 13.2kV/220V, Tanque Lado Primário. ............................... 415

Figura 6.25 – Trafos isolados a óleo 13.2kV/220V, Tanque Lado Primário. ............................... 416

Figura 6.26 – Trafo isolado a óleo 13.2kV/220V, tanque lado primário. .................................... 417

Figura 6.27 – Comutador de TAP e Conexões Normais no Primário de um Trafo Seco. ............ 418

Figura 6.28 – Comutador de TAP em Trafo seco......................................................................... 419

Figura 6.29 – Anomalia térmica dentro de bobina primária de Trafo seco. ............................... 420

Figura 6.30 – Anomalia em conexão Terciária de Trafo a Óleo. ................................................. 421

Figura 6.31 – Trafo de sinalização aeroportuária com anomalia interna. .................................. 422

Figura 6.32 – Anomalia de causa desconhecida (Termograma de 120 X 160 pixels). ................ 424

Figura 6.33 – Trafo isolado a óleo 13.2kV/220V, tanque lado secundário. ................................ 426

Figura 6.34 – Trafo isolado a óleo 13.2kV/220V, Tanque Lado Secundário. .............................. 427

Figura 6.35 – Trafo isolado a óleo 13.2kV/220V, tanque lado secundário. ................................ 428

Figura 6.36 – Trafo isolado a óleo 13.2kV/220V, tanque lado primário. .................................... 429

Figura 6.37 – Secundário 220V em chapa isolante. .................................................................... 429

Figura 6.38 – Anomalia interna em Trafo 500 kVA, 22kV. .......................................................... 431

Figura 6.39 – Distribuição Térmica suspeita em secundário de trafo 13kV/380V...................... 432

Figura 6.40 – Anomalia na conexão em secundário de transformador...................................... 432

Figura 6.41 – Aquecimento em barramento secundário do transformador. ............................. 434

Figura 6.42 – Varão da Bucha do Secundário e conexão de cabo em paralelo na saída. ........... 435

Figura 6.43 – Problemas internos em Secundário de Trafos. ..................................................... 436

Figura 6.44 – Anomalia tripla em circuito paralelo em secundário de trafo seco. ..................... 437

Figura 6.45 – Cabo com Tento partido interno no secundário e cabos em paralelo. ................ 438

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS xxvii


LISTA DE FIGURAS

Figura 6.46 – Conexão em Secundário de Trafo Seco................................................................. 439

Figura 6.47 – Secundário de Trafo a Seco severamente aquecido. ............................................ 440

Figura 6.48 – Transformador com distribuição térmica assimétrica no radiador. ..................... 441

Figura 6.49 – Imagem térmica de radiador irregular. ................................................................. 443

Figura 6.50 – TC’s Toroidais. ....................................................................................................... 445

Figura 6.51 – TC’s Auxiliares de Medição com anomalias internas. ........................................... 445

Figura 6.52 – Secundários de TC’s auxiliares. ............................................................................. 447

Figura 6.53 – Anomalia em TC e em conexão primária. ............................................................. 448

Figura 6.54 – Resistores utilizados no simulador de paralelismos. ............................................ 450

Figura 6.55 – Montagem e diagrama do dispositivo de simulação de paralelismos elétricos. .. 450

Figura 6.56 – Termograma e croquis de três condutores de uma Fase com mesma carga. ...... 452

Figura 6.57 – Exemplos de condutores com correntes em paralelo equilibradas. .................... 452

Figura 6.58 – Termograma e croquis de um conector defeituoso em paralelo. ........................ 454

Figura 6.59 – Exemplos de área de contato defeituosa na extremidade do condutor. ............. 455

Figura 6.60 – Termograma e croquis de condutor ou cabo com defeito interno. ..................... 457

Figura 6.61 – Exemplos de condutores com anomalia no interior. ............................................ 458

Figura 6.62 – Termograma e croquis de uma falta de condução em um condutor inteiro. ...... 459

Figura 6.63 – Exemplo de circuito paralelo com cabo sem corrente. ........................................ 460

Figura 6.64 – Termograma e croquis de fuga para a Terra – mais de um condutor paralelo. ... 461

Figura 6.65 – Fugas para a carcaça em eletrocalhas. ................................................................. 462

Figura 6.66 – Termograma e croquis de fuga para a Terra com um condutor em paralelo. ..... 464

Figura 6.67 – Fugas em cabo MT e isolador BT........................................................................... 465

Figura 6.68 – Barramento Duplo em AT 230 kV. ........................................................................ 466

Figura 6.69 – Emenda conduzindo apenas por um parafuso – 34,5 kV. .................................... 467

Figura 6.70 – Lâminas em paralelo em seccionadoras classe 15 kV........................................... 468

Figura 6.71 – Cabos 13 kV em paralelo com Deltas de temperatura (1º cabo da Esq.). ............ 469

Figura 6.72 – Tentos em paralelo e isolados entre si pelo óxido do material constituinte. ...... 470

Figura 6.73 – Conector sobreaquecido e cabos em paralelo em secundário de Trafo. ............. 470

Figura 6.74 – Cabos em paralelo em disjuntor. .......................................................................... 471

xxviii MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


LISTA DE FIGURAS

Figura 6.75 – Cordoalhas em paralelo em chave contatora. ...................................................... 472

Figura 6.76 – Cordoalhas e contatos em paralelo em chave reversora...................................... 472

Figura 6.77 – Chapas Isolantes. ................................................................................................... 473

Figura 6.78 – Chapa isolante em fibra de vidro com fuga de corrente vista pelos dois lados. .. 473

Figura 6.79 – Fuga de corrente para massa em chapas isolantes. ............................................. 477

Figura 6.80 – Fuga de corrente para massa em chapas isolantes. ............................................. 478

Figura 6.81 – Fuga em chapa isolante por depósito de poluente............................................... 479

Figura 6.82 – Simulação resistiva de uma placa isolante em bom estado. ................................ 480

Figura 6.83 – Simulação térmica resistiva de uma placa isolante com anomalia....................... 481

Figura 6.84 – Simulação resistiva de uma secção de uma placa isolante em bom estado. ....... 482

Figura 6.85 – Caminho de menor impedância na secção da malha uniforme............................ 483

Figura 6.86 – Resistência menor em caminho de corrente. ....................................................... 484

Figura 6.87 – Resistência maior em caminho de corrente. ........................................................ 485

Figura 6.88 – Resistor de Aquecimento em Painel MT. .............................................................. 486

Figura 6.89 – Resistores de painel BT E MT. ............................................................................... 487

Figura 6.90 – Painel BT, resistor de aquecimento oculto por fiação em régua de bornes. ........ 488

Figura 6.91 – Aquecimento em Painel gerando reflexos e aquecimento no isolador. ............... 488

Figura 6.92 – Aquecimento em bucha de passagem de Painel MT por Convecção. .................. 489

Figura 6.93 – Cabo-Resistor para Aquecimento em Painel BT.................................................... 491

Figura 6.94 – Resistor de aquecimento de painel instalado de forma incorreta........................ 491

Figura 7.1 – Leitos de calha. ........................................................................................................ 497

Figura 7.2 – Aquecimento em eletrocalha por fuga de corrente de origem desconhecida. ...... 498

Figura 7.3 – Aquecimento por corrente de fuga Fase T Terra em parafuso de fixação. ............ 499

Figura 7.4 – Fixação de eletrocalha com parafuso sobreaquecido............................................. 499

Figura 7.5 – Parafuso de emenda de calha aquecendo por fuga em cabo no leito. .................. 500

Figura 7.6 – Cabo com quebra interna ou fuga por rompimento do isolamento. ..................... 501

Figura 7.7 – Aquecimento por circulação de corrente em tirante de eletrocalhas. ................... 501

Figura 7.8 – Ponto Incandescente em contato de calha com painel. ......................................... 502

Figura 7.9 – Aquecimento em solda de perfil metálico em painel 380 V de navio. ................... 503

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS xxix


LISTA DE FIGURAS

Figura 7.10 – Barramentos suspensos. ....................................................................................... 505

Figura 7.11– Distribuição térmica irregular em barramento e cofre. ........................................ 506

Figura 7.12 – Caixa de emenda de barramento blindado BT suspenso, fechada e aberta. ....... 507

Figura 7.13 – Barramento suspenso com mau contato na emenda da caixa de ligação. .......... 508

Figura 7.14– Barramento suspenso com mau contato na emenda interna. .............................. 509

Figura 7.15 – Barramento refrigerado a água em saída de alto forno com defeito interno. ..... 510

Figura 7.16 – Parafuso externo aquecido em barramento BT de máquinas operatrizes. .......... 511

Figura 7.17– Cofre de barramento. ............................................................................................ 512

Figura 7.18 – Distribuição térmica externa assimétrica de cofre indicando anomalia interno. 513

Figura 7.19 – Pequeno Delta de temperatura externa indicando Anomalia interna. ................ 514

Figura 7.20 – Assimetria externa indicando problemas internos. .............................................. 514

Figura 7.21 – Conexão de alimentação de barramento em cofre suspenso. ............................. 515

Figura 7.22 – Foto em close da anomalia e cabos retirados....................................................... 516

Figura 7.23 – Termograma após reparo. .................................................................................... 517

Figura 7.24 – Emenda em barramento enclausurado com anomalia severa. ............................ 518

Figura 7.25 – Visada inferior da anomalia antes do desligamento. ........................................... 519

Figura 7.26 – Painéis gerais de distribuição. ............................................................................... 520

Figura 7.27 – Visada Geral de um Painel de Distribuição BT. ..................................................... 521

Figura 7.28– Portas de Painéis Elétricos Industriais. .................................................................. 522

Figura 7.29 – Painel BT com e sem proteção de Policarbonato. ................................................ 523

Figura 7.30 – Conexão de aterramento em porta de painel BT. ................................................ 524

Figura 7.31 – Visada Geral de um Painel de Distribuição BT. ..................................................... 525

Figura 7.32 – Conexões de botoeiras de comando em porta de painel. .................................... 526

Figura 7.33 – Dobradiça pivotada em painel de forno a indução............................................... 527

Figura 7.34 – Grade externa de ventiladores de painel.............................................................. 527

Figura 7.35 – Fundos de Painéis.................................................................................................. 529

Figura 7.36 – Aquecimento de causa desconhecida. .................................................................. 530

Figura 7.37 – Aquecimento atrás do painel BT. .......................................................................... 530

Figura 7.38 – Ventilador de painel. ............................................................................................. 531

xxx MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


LISTA DE FIGURAS

Figura 7.39 – Ventilador instalado em lateral de painel. ............................................................ 532

Figura 7.40 – Ventilador de topo em painel de comando e força. ............................................. 532

Figura 7.41 – Barramentos de Potência. ..................................................................................... 533

Figura 7.42 – Barramento de alimentação em CCM de Fábrica de Cimento.............................. 534

Figura 7.43 – Barramento de alimentação de contator. ............................................................ 534

Figura 7.44 – Barramento de alimentação em banho químico. ................................................. 535

Figura 7.45 – Barramento BT enclausurado em calha plástica. .................................................. 536

Figura 7.46 – Barramento de tiristores refrigerado em CCM de Fábrica de Cimento. ............... 537

Figura 7.47 – Barramento refrigerado de alimentação de alto forno em fundição. .................. 537

Figura 7.48 – TC e isolador Classe 380 V aquecidos.................................................................... 539

Figura 7.49 – Barramento em Corrente Contínua. ..................................................................... 540

Figura 7.50 – Barra de neutro. .................................................................................................... 541

Figura 7.51 – Aquecimento em barra de Neutro em Transformador de Potência. .................... 541

Figura 7.52 – Terminal e cabo em barra de Neutro aquecendo. ................................................ 542

Figura 7.53 – Aquecimento em terminal na barra de Neutro em Painel BT. ............................. 543

Figura 7.54 – Fusíveis NH. ........................................................................................................... 544

Figura 7.55 – Contato da Fase ‘T’ com sobreaquecimento......................................................... 544

Figura 7.56 – Fusível esquerdo com defeito interno e direito sobre dimensionado.................. 545

Figura 7.57– Fusiveis NH em paralelo. ........................................................................................ 546

Figura 7.58 – Fusível NH com Anomalia interna. ........................................................................ 548

Figura 7.59 – Fusíveis NH com proteção inadequada. ................................................................ 548

Figura 7.60 – Seccionadoras BT. .................................................................................................. 550

Figura 7.61 – Seccionadora com anomalia severa em um dos contatos internos. .................... 551

Figura 7.62 – Contatos internos da chave com fechamento incompleto. .................................. 552

Figura 7.63 – Contatos internos da chave com defeito. ............................................................. 553

Figura 7.64 – Anomalia em contatos internos. ........................................................................... 554

Figura 7.65 – Chave Seccionadora com mau contato interno na Fase do Meio. ....................... 555

Figura 7.66 – Chave Seccionadora Fusível com anomalias internas. .......................................... 556

Figura 7.67 – Seccionadora em alto forno a indução. ................................................................ 556

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS xxxi


LISTA DE FIGURAS

Figura 7.68 – Chave Rotativa. ..................................................................................................... 558

Figura 7.69 – Conexão com anomalia em chave rotativa. .......................................................... 558

Figura 7.70 – Chave Rotativa com anomalia de causa desconhecida. ....................................... 559

Figura 7.71 – Disjuntores. ........................................................................................................... 560

Figura 7.72 – Disjuntores de caixa moldada com defeito em contatos internos. ...................... 561

Figura 7.73 – Câmaras de Extinção em Disjuntores de 3.200 e 1.200 A. ................................... 562

Figura 7.74 – Anomalia interna em Disjuntor BT. ....................................................................... 563

Figura 7.75 – Anomalia em conexão de Disjuntor. ..................................................................... 563

Figura 7.76 – Borracha isolante conduzindo entre Fases. .......................................................... 564

Figura 7.77 – Estado Interno de Disjuntor incendiado. .............................................................. 566

Figura 7.78 – Disjuntor com aquecimento interno propagando-se por convecção. .................. 567

Figura 7.79 – Disjuntor com anomalia em componentes internos. ........................................... 567

Figura 7.80 – Disjuntores motor de pequeno porte com anomalia interna e em conexões. .... 568

Figura 7.81 – Disjuntor com função de partida com defeito interno. ........................................ 569

Figura 7.82 – Disjuntores de pequeno porte com anomalias internas. ..................................... 570

Figura 7.83 – Anomalia externa se propagando internamente em Disjuntor. ........................... 571

Figura 7.84 – Bornes. .................................................................................................................. 572

Figura 7.85 – Anomalia externa se propagando internamente em borne. ................................ 572

Figura 7.86 – Borne-Fusível com mau contato interno. ............................................................. 573

Figura 7.87 – Borne severamente aquecido e deteriorado. ....................................................... 574

Figura 7.88 – Anomalia interna em borne. ................................................................................. 574

Figura 7.89 – Borne comprometendo fiação de saída e ato inseguro........................................ 575

Figura 7.90 – Jump em borneira. ................................................................................................ 576

Figura 7.91 – Bornes em equipamentos. .................................................................................... 577

Figura 7.92 – Mau contato interno em borneira de controlador de fator de potência. ............ 577

Figura 7.93 – Mau contato em terminal de relé estático. .......................................................... 578

Figura 7.94 – Mau contato em conexão e terminal de relé diferencial. .................................... 579

Figura 7.95 – CLPs em bom estado. ............................................................................................ 580

Figura 7.96 – Bornes em CLP com sobreaquecimento. .............................................................. 581

xxxii MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


LISTA DE FIGURAS

Figura 7.97 – Bornes da Figura 7.96 após manutenção parcialmente bem-sucedida................ 581

Figura 7.98 – Garras de inserção. ................................................................................................ 583

Figura 7.99 – Anomalia interna em garra de inserção em CCM. ................................................ 583

Figura 7.100 – Anomalia interna em borne. ............................................................................... 584

Figura 7.101 – Anomalia interna em borne. ............................................................................... 585

Figura 7.102 – Anomalia sem ângulo para definição. ................................................................. 586

Figura 7.103 – Cabos ................................................................................................................... 587

Figura 7.104 – Cabos sobreaquecidos dentro de calha. ............................................................. 587

Figura 7.105 – Cabos com sobreaquecimento sobre bandeja na saída de painel...................... 588

Figura 7.106 – Cabo em paralelo com sobreaquecimento com visada obstruída...................... 589

Figura 7.107 – Cabo em paralelo com defeito interno. .............................................................. 589

Figura 7.108 – Anomalia por corrente em cabos refrigerados de alta potência. ....................... 590

Figura 7.109 – Anomalia em cabo refrigerado sem ângulo para definição exata. ..................... 591

Figura 7.110 – Cabos refrigerados com anomalias internas. ...................................................... 592

Figura 7.111 – Anomalia causada por instalação incorreta da cablagem................................... 593

Figura 7.112 – Fuga de corrente em cabo de baixa tensão. ....................................................... 594

Figura 7.113 – Cabos sobreaquecidos com causa indefinida. .................................................... 595

Figura 7.114 – Sobreaquecimento em cabos enclausurados. .................................................... 596

Figura 7.115 – Cabos dentro de canaleta plástica. ..................................................................... 597

Figura 7.116 – Sobreaquecimento interno em cabo trifásico. ................................................... 598

Figura 7.117 – Cabo de potência curto com anomalia. .............................................................. 599

Figura 7.118 – Cabos em caixa de passagem. ............................................................................. 599

Figura 7.119 – Cabos em tubos subterrâneos. ........................................................................... 601

Figura 7.120 – Cabos em caixa de passagem. ............................................................................. 601

Figura 7.121 – Correntes de convecção em cabos BT................................................................. 603

Figura 7.122 – Emendas defeituosas em leito de cabos sobre forro. ......................................... 604

Figura 7.123 – Cabos de comando em esteiras articuladas. ....................................................... 606

Figura 7.124 – Cabos de comando sobre esteira flexível com distribuição térmica linear. ....... 607

Figura 7.125 – Cabos de comando sobre esteira flexível com anomalia térmica. ..................... 607

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS xxxiii


LISTA DE FIGURAS

Figura 7.126 – Canaleta de cabos. .............................................................................................. 609

Figura 7.127 – Cabos sobreaquecidos ocultos no fundo da canaleta. ....................................... 609

Figura 7.128 – Chicote com cabos sobreaquecidos em amarração tradicional. ........................ 610

Figura 7.129 – Cabos sobreaquecidos em chicote antes e após abertura das amarrações....... 611

Figura 7.130 – Cabos sobreaquecidos em canaleta e chicote. ................................................... 612

Figura 7.131 – Cabos em Painel de Máquina. ............................................................................ 613

Figura 7.132 – Termograma de Painel de máquina e componentes internos. .......................... 613

Figura 7.133 – Cabo de alimentação de fusível NH quebrado internamente. ........................... 614

Figura 7.134 – Cabos de alimentação em cofre de barramento. ............................................... 614

Figura 7.135 – Cabos severamente oxidados internamente. ..................................................... 615

Figura 7.136 – Capacitores antigos isolados a Askarel. ............................................................. 617

Figura 7.137 – Capacitores encapsulados em alumínio com anomalia interna. ........................ 618

Figura 7.138 – Capacitor com defeito interno. ........................................................................... 619

Figura 7.139 – Capacitor com defeito na conexão. .................................................................... 619

Figura 7.140 – Capacitor com defeito interno. ........................................................................... 620

Figura 7.141 – Fiação de capacitores avariada e não correspondente à luz visível. .................. 621

Figura 7.142 – Deterioração visível não correspondente ao aquecimento em capacitores. ..... 622

Figura 7.143 – Contator BT. ........................................................................................................ 623

Figura 7.144 – Contator em bom estado com aquecimento causado pela bobina. .................. 623

Figura 7.145 – Contator de grande porte com anomalia interna. .............................................. 624

Figura 7.146 – Contator com anomalias internas....................................................................... 625

Figura 7.147 – Contator antigo com aquecimento normal no entreferro da bobina. ............... 625

Figura 7.148 – Aquecimento anômalo na conexão superior Fase ‘R’. ....................................... 626

Figura 7.149 – Aquecimento severo em conexão de contator de pequeno porte. ................... 627

Figura 7.150 – Bobina de Contator de pequeno porte. .............................................................. 628

Figura 7.151 – Anomalia interna no contato do contator. ......................................................... 628

Figura 7.152 – Cabo de entrada severamente deteriorado em contator. ................................. 629

Figura 7.153 – Distribuição térmica indicando anomalia interna ao contator. .......................... 630

Figura 7.154 – Mau contato em conexão externa de contator. ................................................. 631

xxxiv MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


LISTA DE FIGURAS

Figura 7.155 – Disjuntores motor com mau contato na conexão com o módulo contator. ...... 632

Figura 7.156 – Disjuntor motor com aquecimento interno. ....................................................... 633

Figura 7.157 – Contator severamente danificado, com carga e frio. ......................................... 634

Figura 7.158 – Relé térmico. ....................................................................................................... 635

Figura 7.159 – Defeito interno em relé térmico. ........................................................................ 635

Figura 7.160 – Mau contato nas conexões com o Contator. ...................................................... 636

Figura 7.161 – Aquecimento severo interno ao Relé Térmico. .................................................. 637

Figura 7.162 – Reatores de linha................................................................................................. 638

Figura 7.163 – Distribuição térmica de causa indefinida entre bobinas de reator. ................... 639

Figura 7.164 – Reator com distribuição térmica assimétrica...................................................... 640

Figura 7.165 – Reator com distribuição térmica norma. ............................................................ 640

Figura 7.166 – Correntes parasitas. ............................................................................................ 641

Figura 7.167 – Correntes parasitas em chapa de passagem de cabos. ...................................... 642

Figura 7.168 – Parafuso de fixação fechando circuito magnético: corrente parasita. ............... 643

Figura 7.169 – Corrente parasita por interseção de campos magnéticos. ................................. 644

Figura 7.170 – Presença de corrente parasita por erro de projeto ou montagem. ................... 645

Figura 7.171 – Sobreaquecimento em fresta de chapa. ............................................................. 646

Figura 7.172 – Sobreaquecimento em chapa com folha de papel (emissividade alta). ............. 646

Figura 7.173 – Indução em barra de sustentação de cabos na saída de transformador............ 647

Figura 7.174 – Indução em barras de sustentação estrutural em painel. .................................. 648

Figura 7.175 – Indução em chapa separadora e tubos por disposição incorreta de cabos. ...... 649

Figura 7.176 – Indução em barra de suporte por correntes de carga em forno de indução. .... 650

Figura 7.177 – Efeito das bobinas do filtro de harmônicos interno ao painel. ........................... 651

Figura 7.178 – Indução em chaparia de painel na saída de trafo. .............................................. 652

Figura 7.179 – Erro de projeto ou montagem em painel BT com bases fusíveis........................ 652

Figura 7.180 – Aquecimento em chapa de baixa emissividade. ................................................. 653

Figura 7.181 – Diagrama de montagem dos TC’s antes da falha e local da falha....................... 654

Figura 7.182 – Diagrama de situação após extração dos TC’s. ................................................... 654

Figura 7.183 – Efeito das correntes de Foucault em chapas U paralelas de sustentação. ......... 655

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS xxxv


LISTA DE FIGURAS

Figura 7.184 – Diagrama de circulação de correntes parasitas nas chapas de sustentação...... 655

Figura 7.185 – Aquecimento mútuo. .......................................................................................... 657

Figura 7.186 – Aquecimento mútuo resultante da não ventilação dos componentes. ............. 658

Figura 7.187 – Exemplos de aquecimento mútuo. ..................................................................... 659

Figura 7.188 – Aquecimento mútuo em disjuntor termomagnético. ........................................ 660

Figura 7.189 – Fusíveis Diazed. ................................................................................................... 660

Figura 7.190 – Locais de sobreaquecimento mais frequentes em Fusíveis Diazeds. ................. 661

Figura 7.191 – Anomalia térmica em Tampa de fusível Diazed.................................................. 661

Figura 7.192 – Aquecimento na base do fusível Diazed. ............................................................ 662

Figura 7.193 – Anomalia térmica no cartucho fusível Diazed. ................................................... 663

Figura 7.194 – Fusíveis tipo lâmina. ............................................................................................ 664

Figura 7.195 – Fusíveis tipo Lâmina em painel. .......................................................................... 665

Figura 7.196 – Fusíveis de vidro. ................................................................................................. 666

Figura 7.197 – Fusíveis tipo vidro em borneira........................................................................... 666

Figura 7.198 – Tomada Industrial. .............................................................................................. 668

Figura 7.199 – Tomada industrial com anomalia interna. .......................................................... 668

Figura 8.1 – Motores Elétricos. ................................................................................................... 673

Figura 8.2 – Árvore ilustrativa de tipos de motores elétricos. ................................................... 673

Figura 8.3 – Motores com distribuição térmica simétrica. ......................................................... 675

Figura 8.4 – Carcaças de motores com áreas não aletadas e anomalias laterais....................... 675

Figura 8.5 – Anomalias térmicas nas laterais em carcaças de motores. .................................... 677

Figura 8.6 – Anomalia térmica em carcaça de motor não aletado............................................. 679

Figura 8.7 – Anomalia severa em carcaça de motor não aletado. ............................................. 680

Figura 8.8 – Rolamentos de motores. ......................................................................................... 681

Figura 8.9 – Motor de grande porte em moinho de fábrica de cimento. .................................. 682

Figura 8.10 – Motor de grande porte em moinho de esferas de aço......................................... 683

Figura 8.11 – Distribuição Térmica em servo-motores............................................................... 684

Figura 8.12 – Temperaturas em corte de uma carcaça de motor. ............................................. 686

Figura 8.13 – Ângulo de visada em aletas de motores. .............................................................. 689

xxxvi MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


LISTA DE FIGURAS

Figura 8.14 – Mesma carcaça de motor vista por dois ângulos diferentes. ............................... 690

Figura 8.15 – Termogramas que evidenciam o efeito das bordas mais frias das aletas. ........... 691

Figura 8.16 – O mesmo motor visto por dois ângulos diferentes, lateral e superior. ................ 692

Figura 8.17 – Escovas em Motores. ............................................................................................ 694

Figura 8.18 – Escovas em uso e novas. ....................................................................................... 695

Figura 8.19 – Escovas em motor de corrente contínua. ............................................................. 696

Figura 8.20 – Escovas sobreaquecidas em motores de grande porte com rotor em gaiola. ..... 697

Figura 8.21 – Escova com pressão incorreta e pista contaminada. ............................................ 699

Figura 8.22 – Escovas de alimentação com assentamento irregular. ......................................... 700

Figura 8.23 – Cordoalhas de conexão sobreaquecidas em escovas. .......................................... 701

Figura 8.24 – Achado em equipamento mecânico em Inspeção de escovas. ............................ 702

Figura 8.25 – Caixa de ligação de motor. .................................................................................... 703

Figura 8.26 – Cabos em caixa de ligação de motores. ................................................................ 704

Figura 8.27 – Exemplos de conexões e cabos em caixa de ligação de motores. ........................ 705

Figura 8.28 – Aquecimento em cabo em caixa de ligação de motor. ......................................... 707

Figura 8.29 – Aquecimento severo em conexão em caixa de ligação de motor 300CV. ............ 707

Figura 8.30 – Carcaça exposta em caixa de ligação de motor 150CV. ........................................ 708

Figura 9.1 – Robôs. ...................................................................................................................... 713

Figura 9.2 – Motor de acionamento intermediário em robô. .................................................... 714

Figura 9.3 – Tomadas de força com defeito interno em pedestal de robô. ............................... 715

Figura 9.4 – Tomada de força em cabeçote de robô com defeito interno. ................................ 716

Figura 9.5 – Cabos de foça e comando intermediários em robô com defeitos internos. .......... 717

Figura 9.6 – Conexão e cabeamento de potência em robôs de solda. ....................................... 718

Figura 9.7 – Conexões de potência em pinças de robôs. ............................................................ 719

Figura 9.8 – Retificador de potência. .......................................................................................... 721

Figura 9.9 – Retificadores tiristorizados com anomalias nas conexões...................................... 721

Figura 9.10 – Diodos Retificadores com anomalias. ................................................................... 722

Figura 9.11 – Diodos Retificadores com anomalias em conexão................................................ 723

Figura 9.12 – Ponte Retificadora de onda completa com diodos frios. ...................................... 724

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS xxxvii


LISTA DE FIGURAS

Figura 9.13 – Assimetria térmica em diodos em dissipador. ...................................................... 725

Figura 9.14 – Diodo de potência com defeito na refrigeração. .................................................. 726

Figura 9.15 – Componentes Eletrônicos. .................................................................................... 728

Figura 9.16 – Aquecimento em solda e garra de fusível de cartucho. ....................................... 728

Figura 9.17 – Aquecimento interno em base para fusível de vidro............................................ 729

Figura 9.18 – Assinatura Térmica em placa de processamento sob carga controlada. ............. 730

Figura 9.19 – Estudo de variação de carga ao longo do tempo em Circuitos Integrados (CIs). . 732

Figura 9.20 – Ciclos de carga em placa de processamento de dados modular. ......................... 734

Figura 9.21 – Assinatura térmica em placa de processamento de dados modular. .................. 735

Figura 9.22 – Placas controladoras de velocidade. ..................................................................... 736

Figura 9.23 – Distribuições Térmicas em Softstarters. ............................................................... 737

Figura 9.24 – Placa em Banco de Cap. tida como desenergizada e severamente aquecida. ..... 738

Figura 9.25 – Conexões de interface em Softstarter com mau contato..................................... 739

Figura 9.26 – Parafuso sem função definida sobreaquecido em PCB. ....................................... 739

Figura 9.27 – Curvas de Componente em bom estado e defeituoso em placa mãe. ................. 741

Figura 9.28 – Localização de aquecimentos no verso de placa central de processamento. ...... 742

Figura 9.29 – Curvas de aquecimento durante a carga da placa mãe defeituosa...................... 744

Figura 10.1 – Diagnóstico qualitativo ou quantitativo de um isolador?..................................... 753

Figura 10.2 – Ciclo teórico de uma falha elétrica. ...................................................................... 754

Figura 10.3 – Pontos frios e soldados em cabos elétricos. ......................................................... 755

Figura 10.4 – Defeito em analisador de energia com baixa corrente......................................... 756

Figura 10.5 – Defeito em CLP. ..................................................................................................... 756

Figura 11.1 – Zona de risco e zona controlada. .......................................................................... 764

Figura 11.2 – Posições de uso de uma câmera infravermelha. .................................................. 765

Figura 11.3 – Modelos de intertravamento. ............................................................................... 765

Figura 11.4 – Acesso em escada de marinheiro com e sem guarda-corpo. ............................... 767

Figura 11.5 – Acessos sem condições de evacuação rápida. ...................................................... 769

Figura 11.6 – Aquecimento de causa indeterminada dentro de viga de concreto. Colmeia? ... 770

Figura 11.7 – Contato severamente aquecido com risco de evoluir para fusão. ....................... 771

xxxviii MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


LISTA DE FIGURAS

Figura 11.8 – Parafuso incandescente em barramento de neutro. ............................................ 771

Figura 11.9 – Aquecimento em caixa de aterramento em SE 35,5 kV – colmeia de vespas. ..... 772

Figura 11.10 – Assistente Técnico em situação de risco. ............................................................ 772

Figura 11.11 – Improvisação perigosa por não se saber o estado interno. ................................ 773

Figura 11.12 – Descarga atmosférica atingindo ponto mais baixo no terreno........................... 773

Figura 11.13 – Cobra encontrada dentro de painel elétrico. ...................................................... 774

Figura 11.14 – Excesso de zelo na prevenção de acidentes. ...................................................... 774

Figura 11.15 – Inspeção em Painel 4.16 kV em plataforma de perfuração. ............................... 775

Figura 11.16 – Ninguém se importa. ........................................................................................... 775

Figura A.1 – Exemplos de mau contato em conexões em 138 kV, 13,8 kV e 120 VCC. .............. 781

Figura A.2 – Exemplos de mau contato em contatos em 69 kV, 13,8 kV e 380 V. ..................... 783

Figura A.3 – Exemplos de baixo isolamento em 230 kV, 13,8 kV e 380 V. ................................. 785

Figura A.4 – Exemplos de aquecimento de origem interna em 34,5 kV, 13,8 kV e 380 V.......... 787

Figura A.5 – Exemplos de aquecimento de origem desconhecida. ............................................ 788

Figura C.1 – Exemplos de barreiras metálicas vazadas. .............................................................. 796

Figura C.2 – Instalação alta prejudicando a visada. .................................................................... 797

Figura C.3 – Portas com instalação incorreta.............................................................................. 798

Figura C.4 – Um modelo de limitador de abertura de porta com trava. .................................... 799

Figura C.5 – Proteções em material plástico............................................................................... 800

Figura C.6 – Painel com tampas e Porta sem abertura plena para visada.................................. 800

Figura C.7 – Tampas posteriores de painéis. .............................................................................. 801

Figura C.8 – Visada bloqueada por acesso em acrílico. .............................................................. 802

Figura C.9 – Painel BT instalado dentro de cubículo com tampa aparafusada. ......................... 802

Figura C.10 – Encaixe de molduras de tela com pino superior aumentado. .............................. 803

Figura C.11 – Painéis com gavetas, vistas frontal e posterior..................................................... 804

Figura C.12 – Visadas inadequadas. ............................................................................................ 805

Figura C.13 – Visadas parcialmente obstruídas. ......................................................................... 806

Figura C.14 – Telhados de cubículos metálicos e subestações. .................................................. 807

Figura C.15 – Acesso a emendas em barramentos enclausurados. ............................................ 808

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS xxxix


LISTA DE FIGURAS

Figura C.16 – Tipos de eletrocalha. ............................................................................................. 809

Figura C.17 – Frente obstruída em disjuntores MT e opção com montagem assimétrica......... 810

Figura C.18 – Janelas Infravermelhas de CaF2 e Germânio. ....................................................... 811

Figura C.19 – Falsos positivos causados por resistores de aquecimento. .................................. 812

Figura C.20 – Exemplos de visadas inacessíveis de secundários. ............................................... 812

Figura C.21 – Reflexos em barramentos nus. ............................................................................. 813

Figura C.22 – Coberturas para correção de emissividade em barramentos nus........................ 814

Figura C.23 – Secundários em trafos de distribuição. ................................................................ 815

Figura C.24 – Protetores de conexões em material opaco ao infravermelho. ........................... 816

Figura C.25 – Falso positivo por aquecimento solar. .................................................................. 817

Figura C.26 – Caixas de ligações em motores. ............................................................................ 818

Figura C.27 – Caixa de ligações reposicionada. .......................................................................... 819

Figura C.28 – Marcador de emenda em LT ou LD. ...................................................................... 820

xl MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


LISTA DE TABELAS

Tabela 1.1 – Critérios IETA (NETA) para sobreaquecimento em componentes elétricos ............ 67

Tabela 1.2 – Critérios da Indústria Nuclear Norte-Americana ...................................................... 68

Tabela 1.3 – Critérios compilados da Indústria Nuclear e Marinha Norte-Americana ................. 68

Tabela 1.4 – Classes de isolamento térmico para motores elétricos ........................................... 69

Tabela 1.5 – Valores limites de temperatura por tipo de termoplástico ..................................... 69

Tabela 1.6 – Redução da vida útil em isolamento de cabos elétricos .......................................... 70

Tabela 1.7 – Máximas temperaturas admissíveis para disjuntores imersos no ar/óleo .............. 71

Tabela 1.8 – Classificação por prazo de intervenção .................................................................... 72

Tabela 1.9 – Prazos de intervenção – Classificação geral ............................................................. 72

Tabela 1.10 – Riscos e Prazos para Intervenção ........................................................................... 73

Tabela 1.11 – Problemas e soluções para Termografia em ambientes externos ......................... 77

Tabela 1.12 – Problemas e soluções para Termografia em ambientes internos.......................... 78

Tabela 1.13 – Fator de correção em função da velocidade do vento........................................... 84

Tabela 1.14 – Valores lidos em seccionadora ............................................................................... 90

Tabela 1.15 – Fator de correção em função da velocidade do vento........................................... 97

Tabela 1.16 – Correção para 100% da carga nominal para interrupção da ventilação ................ 97

Tabela 1.17 – Correção de temperatura instantânea para interrupção da ventilação ................ 99

Tabela 1.18 – Distância FIXA ....................................................................................................... 108

Tabela 1.19 – Distância VARIÁVEL............................................................................................... 108

Tabela 1.20 – Coeficiente MÉDIO EMPÍRICO .............................................................................. 108

Tabela 1.21 – Comparação da ACADÊMICA com a EMPÍRICA .................................................... 108

Tabela 1.22 – Comparativo entre Termografia Qualitativa e Quantitativa ................................ 111

Tabela 3.1 – Temperaturas registradas 2009 a 2012 .................................................................. 221

Tabela 8.1 – Classes de temperatura .......................................................................................... 674

Tabela 8.2 – Classes de Aquecimento em Motores .................................................................... 687

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS xli


LISTA DE TABELAS

Tabela 8.3 – Limites de temperatura em motores elétricos ...................................................... 688

Tabela 11.1 – Raios de delimitação de zonas de risco, controlada e livre ................................. 764

xlii MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


SUMÁRIO
SUMÁRIO

CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO À TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS ..... 55

1.1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 55


1.2 OBJETIVO DESTE VOLUME ...................................................................................... 55
1.3 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ....................................................................................... 55
1.4 O SISTEMA ELÉTRICO .............................................................................................. 57
1.5 NORMAS E CRITÉRIOS APLICÁVEIS .......................................................................... 59
1.6 CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES............................................................................. 60
1.6.1 Critérios de Avaliação de Anomalias Térmicas ................................................... 64
1.6.2 Critérios IETA (NETA) – International Electric Testing Association – USA .......... 67
1.6.3 Critérios da Indústria Nuclear Norte Americana ................................................ 67
1.6.4 Critérios compilados da US NAVY, NETA e Nuclear-NMAC ................................ 68
1.6.5 Critérios para avaliação de motores por classes de temperaturas .................... 68
1.6.6 Critérios para avaliação de elementos fusíveis .................................................. 69
1.6.7 Critérios para Cabos Elétricos ............................................................................. 69
1.6.8 Critério para temperatura de contatos de disjuntores ...................................... 70
1.6.9 Critério por Classificação de Riscos .................................................................... 72
1.6.10 Critério pela repercussão estimada da falha ...................................................... 73
1.7 CONSIDERAÇÕES SOBRE AS IMAGENS E TERMOGRAMAS DESTE MANUAL............... 73
1.8 CONSIDERAÇÕES SOBRE IMAGENS TÉRMICAS EM SISTEMAS ELÉTRICOS .................. 74
1.9 INSPEÇÃO EM INSTALAÇÕES EXTERNAS E INTERNAS ............................................... 74
1.9.1 Instalações Internas ............................................................................................ 78
1.10 LEI DE OHM ............................................................................................................ 79
1.11 EFEITO JOULE ......................................................................................................... 80
1.12 FATOR DE POTÊNCIA............................................................................................... 81

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


de qualq ede q ualqe
xlv
SUMÁRIO

1.13 RESFRIAMENTO PELO VENTO ................................................................................. 82


1.14 CICLO TEÓRICO DE FALHA EM UMA CONEXÃO ELÉTRICA ........................................ 85
1.14.1 Temperatura versus deterioração ...................................................................... 85
1.14.2 Caso concreto do Ciclo de Falha em Seccionadora de Distribuição.................. 89
1.15 ROTEIROS DE INSPEÇÃO ......................................................................................... 92
1.16 CORREÇÕES PELAS CARGAS NOMINAL E INSTANTÂNEA .......................................... 93
1.17 CORREÇÕES PELA VELOCIDADE DO VENTO ............................................................. 96
1.18 CONSISTÊNCIA TÉRMICA E DISCRIMINAÇÃO VISUAL ..............................................109
1.18.1 Termografia comparativa Quantitativa e Qualitativa ...................................... 109
1.18.2 Qualitativo ........................................................................................................ 109
1.18.3 Quantitativo...................................................................................................... 110
1.18.4 Comparando os métodos qualitativo e quantitativo ....................................... 111
1.18.5 Um T de 5°C em 13.8 kV é muito mais crítico que um T 50° em 380 V?.. 112
1.19 A NECESSIDADE DE SE COMPARAR ........................................................................113
1.20 SOFTWARE THERMOSCALA® ..................................................................................113
1.21 EMISSIVIDADES NESTE VOLUME ............................................................................115

CAPÍTULO II – USINAS E LINHAS DE TRANSMISSÃO ......................................... 121

2.1 GERADORES DE USINAS HIDRELÉTRICAS ................................................................121


2.2 SUBESTAÇÕES ELEVADORAS ..................................................................................134
2.3 LINHAS DE TRANSMISSÃO .....................................................................................134

CAPÍTULO III – SUBESTAÇÕES DE TRANSMISSÃO ............................................. 157

3.1 PÓRTICOS .............................................................................................................157


3.1.1 Caso Particular: Cabos Para-raios..................................................................... 159
3.1.2 ESTUDO DE CASO 1: Rompimento de Cabo 69 kV em Pórtico......................... 160
3.2 SUBESTAÇÕES .......................................................................................................168
3.3 PARA-RAIOS TIPO ESTAÇÃO ..................................................................................170
3.4 ISOLADORES DE PEDESTAL ....................................................................................177
3.5 SECCIONADORAS ..................................................................................................180

xlvi MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


SUMÁRIO

3.6 BARRAMENTOS .................................................................................................... 186


3.7 TRANSFORMADORES DE CORRENTE – TC’S............................................................ 194
3.8 TRANSFORMADORES DE POTENCIAL – TP’S ........................................................... 200
3.9 DISJUNTORES EXTERNOS ...................................................................................... 202
3.10 TRANSFORMADORES ............................................................................................ 207
3.10.1 ESTUDO DE CASO 2: Defeito Interno em Trafo 34,5 kV ................................... 220
3.11 MUFLAS DE ALTA TENSÃO ISOLADAS A ÓLEO – CABOS ISOLADOS A ÓLEO ............. 226
3.12 BANCOS DE CAPACITORES .................................................................................... 231
3.13 BANCOS DE BATERIAS ........................................................................................... 235

CAPÍTULO IV – LINHAS DE DISTRIBUIÇÃO, TRAFOS E MUFLAS ........................ 247

4.1 RAMAL AÉREO – ENTRADA CLASSE 15 KV .............................................................. 247


4.2 CÉU E NUVENS ...................................................................................................... 247
4.3 POSTES ................................................................................................................. 249
4.3.1 Cruzetas ............................................................................................................ 251
4.4 CABOS AÉREOS ..................................................................................................... 258
4.4.1 ESTUDO DE CASO 3: Cabo de Rede Aérea Sobreaquecido............................... 260
4.4.2 ESTUDO DE CASO 4: Emenda em Cabo 13.2 kV ............................................... 262
4.5 CONEXÕES ............................................................................................................ 270
4.6 ISOLADORES ......................................................................................................... 273
4.6.1 Caso Particular: Isoladores em Série ................................................................ 276
4.7 GRAMPOS DE DESCIDA OU ESTRIBOS .................................................................... 283
4.8 GRAMPOS DE ANCORAGEM .................................................................................. 284
4.9 PARA-RAIOS DE LINHA .......................................................................................... 288
4.9.1 ESTUDO DE CASO 5: Para-raios ZnO ................................................................. 294
4.10 TRAFOS EM POSTES .............................................................................................. 296
4.11 REGULADORES DE TENSÃO ................................................................................... 302
4.12 SECCIONADORA FACA OU SECA ............................................................................ 304
4.13 SECCIONADORA FUSÍVEL ...................................................................................... 308
4.14 MUFLAS CLASSE 15 KV– LADO EXTERNO ............................................................... 311

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS xlvii


SUMÁRIO

CAPÍTULO V – CUBÍCULOS DE ENTRADA E DISTRIBUIÇÃO ................................319

5.1 CABINE DE MEDIÇÃO ............................................................................................319


5.2 CIRCUITO UNIFILAR EQUIVALENTE ........................................................................319
5.3 CUBÍCULOS METÁLICOS AO TEMPO .......................................................................320
5.4 BUCHAS DE PASSAGEM .........................................................................................322
5.5 MUFLAS CLASSE 15 KV– LADO INTERNO ................................................................326
5.6 CABOS ISOLADOS MÉDIA E ALTA TENSÃO..............................................................332
5.7 CANALETAS E CAIXAS DE PASSAGEM .....................................................................339
5.7.1 ESTUDO DE CASO 6: Anomalias Múltiplas em Descida 13 kV .......................... 341
5.8 BARRAMENTO CLASSE 15 KV .................................................................................349
5.9 ISOLADORES .........................................................................................................353
5.10 TCS DA CONCESSIONÁRIA OU INTERNOS ...............................................................358
5.11 TPS DA CONCESSIONÁRIA OU INTERNOS ...............................................................363
5.12 SECCIONADORA GERAL .........................................................................................369
5.12.1 Seccionadoras Sob Carga.................................................................................. 373
5.13 DISJUNTOR GERAL PVO .........................................................................................375
5.14 PAINÉIS DE DISTRIBUIÇÃO EM MÉDIA TENSÃO ......................................................387
5.14.1 ESTUDO DE CASO 7: Anomalia Oculta em Painel 6.6 kV .................................. 387

CAPÍTULO VI – SUBESTAÇÕES REBAIXADORAS ABRIGADAS.............................395

6.1 SUBESTAÇÕES REBAIXADORAS ABRIGADAS...........................................................395


6.2 FUSÍVEL HH ...........................................................................................................396
6.3 TRANSFORMADORES PARA SUBESTAÇÕES ABRIGADAS .........................................402
6.3.1 Transformadores a Seco – Núcleo ou Entreferro............................................. 406
6.3.2 Primário de Transformadores .......................................................................... 411
6.3.3 Secundário dos Transformadores .................................................................... 425
6.4 TC’S AUXILIARES DE MEDIÇÃO E PROTEÇÃO ..........................................................445

xlviii MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


SUMÁRIO

6.5 ESTUDO DE CASO 8: CONDUTORES EM PARALELO ................................................. 449


6.6 CHAPAS ISOLANTES SEPARADORAS MT ................................................................ 473
6.6.1 ESTUDO DE CASO 9: Depósito de Poluente em Chapa Isolante....................... 479
6.7 RESISTORES DE PAINEL BT E MT ............................................................................ 487

CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS – COMPONENTES BAIXA TENSÃO ... 497

7.1 ELETROCALHAS OU LEITOS DE CALHA.................................................................... 497


7.2 BARRAMENTOS BT SUSPENSOS E BLINDADOS ....................................................... 505
7.3 COFRES DE BARRAMENTO, CAIXAS DE LIGAÇÃO OU DISTRIBUIÇÃO ....................... 512
7.3.1 ESTUDO DE CASO 10: Conexão Cofre Suspenso com Aquecimento Severo .... 515
7.3.2 ESTUDO DE CASO 11: Isolamento do Ar em Barramento Enclausurado ......... 517
7.4 PAINÉIS GERAIS DE DISTRIBUIÇÃO BT ................................................................... 520
7.5 PORTAS DE PAINÉIS .............................................................................................. 522
7.6 FUNDOS DE PAINÉIS ............................................................................................. 529
7.7 VENTILADORES DE PAINEL .................................................................................... 531
7.8 BARRAMENTOS BT DE POTÊNCIA EM PAINÉIS ....................................................... 533
7.8.1 ESTUDO DE CASO 12: Aquecimento em Isolador em Barramento BT ............. 538
7.9 BARRAS DE NEUTRO E TERRA................................................................................ 541
7.10 FUSÍVEIS NH ......................................................................................................... 544
7.11 SECCIONADORAS BT ............................................................................................. 550
7.12 CHAVES ROTATIVAS OU REVERSORAS ................................................................... 558
7.13 DISJUNTORES BT................................................................................................... 560
7.14 ESTUDO DE CASO 13: O RISCO DA PERIODICIDADE INADEQUADA ......................... 565
7.15 BORNES ................................................................................................................ 572
7.15.1 BORNES EM EQUIPAMENTOS................................................................................ 577
7.16 GARRAS DE INSERÇÃO .......................................................................................... 583
7.17 CABOS .................................................................................................................. 587
7.17.1 Cabos de força em painéis, calhas e leitos ....................................................... 587
7.17.2 Cabos de comando em esteiras articuladas ..................................................... 606
7.17.3 Cabos em canaletas plásticas e chicotes .......................................................... 608

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS xlix


SUMÁRIO

7.17.4 Cabos de força em equipamentos, máquinas e componentes ........................ 613


7.18 CAPACITORES EM BT .............................................................................................617
7.18.1 ESTUDO DE CASO 14: Aquecimentos em Banco de Capacitores ..................... 621
7.19 CONTATORES ........................................................................................................623
7.20 RELÉ TÉRMICO OU BIMETÁLICO.............................................................................635
7.21 REATORES DE LINHA .............................................................................................638
7.22 CORRENTES PARASITAS OU DE FOUCAULT ............................................................641
7.22.1 ESTUDO DE CASO 15: Correntes Parasitas ....................................................... 653
7.23 AQUECIMENTO MÚTUO ........................................................................................657
7.24 FUSÍVEIS DIAZED ...................................................................................................660
7.25 FUSÍVEIS TIPO LÂMINA..........................................................................................664
7.26 FUSÍVEIS DE VIDRO ...............................................................................................666
7.27 TOMADAS INDUSTRIAIS ........................................................................................668

CAPÍTULO VIII – MOTORES ELÉTRICOS.............................................................673

8.1 MOTORES ELÉTRICOS ............................................................................................673


8.2 ESCOVAS EM MOTORES ........................................................................................694
8.3 CAIXAS DE LIGAÇÃO EM MOTORES........................................................................703

CAPÍTULO IX – ROBÔS E COMPONENTES ELETRÔNICOS ..................................713

9.1 ROBÔS ..................................................................................................................713


9.2 RETIFICADORES .....................................................................................................721
9.3 PLACAS E COMPONENTES ELETRÔNICOS ...............................................................728
9.3.1 ESTUDO DE CASO 16: Avaliação em Placas Mãe .............................................. 740

CAPÍTULO X – MELHORANDO RESULTADOS EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS ....... 749

10.1 COMO APERFEIÇOAR A TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS .....................749


10.2 SAIBA O QUE VOCÊ SABE .......................................................................................749
10.3 DEFINA O QUE É DE IMPORTÂNCIA OU NÃO ..........................................................750

l MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


SUMÁRIO

10.4 SEPARE EM NÍVEL DE DETALHAMENTO O QUE VAI SER INSPECIONADO................. 750


10.5 DEFINA O QUE É UM “PONTO”.............................................................................. 750
10.6 DEFINA UMA ROTA ............................................................................................... 750
10.7 DEFINA OS TAG’S E SUB-TAGUEAMENTO .............................................................. 751
10.8 DEFINA QUAIS ERROS DEVERÃO SER IGNORADOS OU SER SUBENTENDIDOS ......... 751
10.9 DEFINA O TIPO DE ERRO QUE IRÁ COMETER ......................................................... 751
10.10 ERROS INTRÍNSECOS AO PROCESSO DE MEDIÇÃO DE TEMPERATURA .................... 752
10.11 VERIFIQUE SE A AS CARACTERÍSTICAS DA CÂMERA SÃO SUFICIENTES.................... 753
10.12 DIAGNÓSTICOS QUALITATIVOS E QUANTITATIVOS................................................ 753
10.13 CONEXÕES E CONTATOS ELÉTRICOS – CICLO DE FALHA.......................................... 754
10.14 CARGAS ................................................................................................................ 755
10.15 CRIE UM RELATÓRIO PARA SUAS INSPEÇÕES COM ESTATÍSTICAS .......................... 757
10.16 RECOMENDAÇÕES GERAIS .................................................................................... 757
10.17 RESUMO ............................................................................................................... 757

CAPÍTULO XI – SEGURANÇA E TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS ... 763

11.1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 763


11.2 RISCOS EM INSPEÇÕES NA ÁREA ELÉTRICA ............................................................ 763

APÊNDICE A – RECOMENDAÇÕES PARA CORREÇÃO DE ANOMALIAS .............. 781

A.1 MAU CONTATO EM CONEXÕES ELÉTRICAS ............................................................ 781


A.2 MAU CONTATO EM CONTATOS ELÉTRICOS............................................................ 783
A.3 BAIXO ISOLAMENTO EM COMPONENTES ELÉTRICOS ............................................. 785
A.4 AQUECIMENTOS DE ORIGEM INTERNA EM COMPONENTES ELÉTRICOS ................. 786
A.5 DISTRIBUIÇÕES TÉRMICAS DE ORIGEM INDEFINIDA .............................................. 787

APÊNDICE B – RESPONSABILIDADES DOS INSPETORES DE TERMOGRAFIA ...... 791

APÊNDICE C – TERMOGRAFIA: PROJETO DE EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES 795

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS li


SUMÁRIO

C.1 INTRODUÇÃO..........................................................................................................789
C.2 TELAS DE SEGURANÇA ............................................................................................789

C.3 BANCOS DE CAPACITORES EXTERNOS .....................................................................791


C.4 PORTAS EXTERNAS E INTERNAS ..............................................................................791

C.5 ACESSOS EM INSTALAÇÕES INTERNAS E EXTERNAS ................................................794


C.6 PAINÉIS COM GAVETAS ...........................................................................................796

C.7 VISADAS..................................................................................................................798
C.8 TELHADOS E COBERTURAS ......................................................................................799

C.9 BARRAMENTOS ENCLAUSURADOS ..........................................................................800

C.10 BANDEJAMENTO DE CABOS ....................................................................................801


C.11 DISJUNTORES MÉDIA TENSÃO ................................................................................802

C.12 TRANSFORMADORES EM PAINÉIS OU ENCLAUSURADOS ........................................803


C.13 RESISTORES DE PAINEL ...........................................................................................804

C.14 SECUNDÁRIOS DE TRANSFORMADORES EM CUBÍCULOS .........................................805


C.15 BARRAMENTOS ESTANHADOS, EM COBRE OU ALUMÍNIO NU ................................805

C.16 TRANSFORMADORES EM POSTES ...........................................................................807


C.17 PROTETORES DE CONEXÕES EM LINHAS DE DISTRIBUIÇÃO. ....................................808

C.18 CAIXAS DE LIGAÇÃO DE MOTORES ..........................................................................810


C.19 EMENDAS EM LINHAS DE DISTRIBUIÇÃO E TRANSMISSÃO ......................................811

APÊNDICE D – TABELAS DE EMISSIVIDADE ...................................................... 813

GLOSSÁRIO ..................................................................................................... 821

REFERÊNCIAS .................................................................................................. 841

ÍNDICE REMISSIVO .......................................................................................... 847

lii MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO I
Introdução à Termografia
em Instalações Elétricas
CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO À TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

1.1 INTRODUÇÃO é ilustrar e discutir casos tanto típicos como


exceções para que o leitor possa fazer suas
A Termografia tem hoje aplicações próprias inferências, análises diagnósticas e
tão amplas em todos os campos do conheci‐ prognósticas. Algumas considerações serão
mento humano que é necessário estender‐ repetitivas para permitir que o leitor não
se mais profundamente sobre cada um deles precise ficar folheando outras páginas e ca‐
para ter‐se uma ideia do que é possível rea‐ sos semelhantes para chegar às suas conclu‐
lizar e quais informações são possíveis de se‐ sões.
rem obtidas. Neste Capítulo, serão discuti‐
das algumas particularidades inerentes à 1.3 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Termografia quando aplicada às instalações
elétricas industriais. Evidentemente, não Antes de ingressar no universo das
será possível cobrir todos os equipamentos interpretações de imagens térmicas, é extre‐
e funções disponíveis atualmente. Tam‐ mamente importante salientar que:
pouco será possível detalhar todos os tipos
de assinaturas térmicas e anomalias que são
possíveis de serem detectados. Por outro A Termografia é um método de ensaio
lado, ao focalizar nos componentes princi‐ VISUAL, frequentemente híbrido!
pais e nas assinaturas térmicas mais comuns,
será possível tanto fazer inferências como
É extremamente importante lem‐
criar uma referência de comportamento tér‐
brar aqui que a Termografia é um método de
mico. Isto permitirá desenvolver uma cultura
ensaio TÉCNICO‐VISUAL, frequentemente hí‐
de como os equipamentos devem se com‐
brido e não destrutivo. Por que híbrido?
portar termicamente, como se comportam
Porque em muitos casos, e para um diagnós‐
e, por analogia, descobrir como novos dispo‐
tico correto, é necessária a incorporação de
sitivos, novos modelos ou novos implemen‐
outra informação obtida por outro meio que
tos deveriam se comportar.
não o infravermelho. Ela pode ser na luz visí‐
vel, de carga mecânica ou elétrica, ou ainda
1.2 OBJETIVO DESTE VOLUME
química, sem a qual poderá ser inviável o
“fechamento” de um diagnóstico e de um
O conteúdo deste Volume não tem
prognóstico. A Termografia, assim, integra
a pretensão de esgotar todas as considera‐
em um mesmo diagnóstico, através de uma
ções, avaliações e recomendações possíveis
imagem não visível aos olhos humanos: a in‐
sobre as imagens térmicas dos equipamen‐
formação infravermelha irradiada pelo ob‐
tos elétricos que serão discutidos. Da mesma
jeto de interesse, a informação emitida pela
forma, não se pretende cobrir toda a imensa
luz visível e dados físicos operacionais como
variedade de equipamentos elétricos tradici‐
movimento, corrente elétrica, reações quí‐
onais e novos, que vem sendo ofertada no
micas e assim por diante.
mercado continuamente. O propósito básico

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 55


CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO À TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

Isso implica em que: a percepção vi‐ tico confiável. Se não houver o conheci‐
sual do Inspetor, somada ao seu conheci‐ mento do fenômeno que está gerando o
mento técnico profundo dos equipamentos aquecimento, como entender se o que é
e processos inspecionados, bem como das detectado está dentro da normalidade ou
minúcias da técnica relativa às radiações in‐ não? Além disso, deverão ser conhecidas
fravermelhas, é que irá discriminar o que é e respeitadas todas as características da
uma anomalia térmica ou funcional, ou não. imagem gerada como foco e resolução óp‐
Ainda mais; até que a tecnologia evolua a tica, distância, atmosfera, temperaturas
ponto de ser possível disponibilizar as cente‐ refletidas e principalmente efeitos adver‐
nas, senão milhares de horas de Inspeção sos da emissividade, Faixa Térmica
para uma análise completa instantânea, o (Range), Amplitude Térmica (Span) e Nível
Inspetor deverá, em tempo real, discriminar (Level) da imagem. Erros nesses ajustes ou
o que é anômalo do que é normal ou aceitá‐ fatores poderão levar o Inspetor a despre‐
vel. O Inspetor deverá então aplicar todo o zar variações que poderão ser altamente
seu conhecimento, ou buscar quem co‐ significativas. Da mesma forma, o desco‐
nheça, sobre equipamentos industriais, elé‐ nhecimento do processo interno obser‐
tricos, mecânicos ou de produção, bem vado, poderá levar a omissões e equívocos
como os detalhes e minúcias da emissão, ab‐ inadmissíveis a um profissional compe‐
sorção, reflexão, transmissão da radiação in‐ tente.
fravermelha nos seus mais diversos aspectos É ainda extremamente importante
e meios, no momento da Inspeção.
que o Inspetor siga pelo menos o fluxograma
Por outro lado, a compreensão de (Figura 1.1 ) para evitar erros e omissões du‐
qual fenômeno físico mecânico, elétrico rante suas Inspeções. Da mesma forma, de‐
ou químico está gerando aquela irradia‐ verá preencher o máximo de informações
ção ou imagem, é igualmente fundamen‐ possíveis ao registrar uma Anomalia, para
tal para a avaliação do conteúdo que le‐ subsidiar uma análise posterior em escritó‐
vará a um diagnóstico o mais correto pos‐ rio técnico, e sempre se lembrar de corrigir
sível e, quando for o caso, a um prognós‐ os ajustes da câmera ao mudar de cenário.

Anotações:

56 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO À TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

Figura 1.1 – Rotina simplificada de Inspeção Termográfica.

1.4 O SISTEMA ELÉTRICO

Figura 1.2 – Diagrama esquemático de um sistema elétrico.

Um sistema elétrico compreende projetadas para um bom funcionamento. Pa‐


desde as unidades de geração até os consu‐ ralelo ao funcionamento elétrico, todos es‐
midores residenciais. Centenas, senão mi‐ ses componentes têm a sua própria assina‐
lhares de equipamentos diferentes estão tura térmica, correspondente ao seu estado
contidos nesse sistema e todos têm as suas de normalidade. Muitos componentes, por
funções e características elétricas definidas e

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 57


CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO À TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

sua vez, repetem‐se em suas funções, vari‐


NOTA IMPORTANTE
ando apenas o nível de tensão e, proporcio‐
nalmente, seu comportamento térmico nor‐ Na maioria dos Termogra‐
mal esperado ou aceitável. mas utilizados neste Volume, como
exemplos das mais diversas situa‐
A partir da geração, com seus gera‐
ções encontradas em campo, serão
dores em diversos níveis de tensão, temos
tecidos comentários tanto sobre as
subestações elevadoras, linhas de transmis‐
características de obtenção do Ter‐
são, consumidores no nível de tensão de
mograma e da imagem em si (foco,
transmissão, subestações rebaixadoras, con‐
enquadramento, profundidade de
sumidores tanto em média tensão como re‐
campo, distâncias, lentes acessó‐
des de distribuição e consumidores industri‐
rias, amplitude térmica, palhetas
ais e residenciais. Cada um desses partici‐
de cor etc.) bem como sobre as
pantes do sistema elétrico tem equipamen‐
anomalias térmicas encontradas,
tos semelhantes, porém adequados aos ní‐
suas causas, efeitos e, sempre que
veis de tensão, corrente e curto‐circuito sob
possível, providências de manuten‐
os quais devem operar adequadamente.
ção ou intervenção. Muitos conte‐
Por sua vez, cada um desses equipa‐ údos serão praticamente iguais
mentos tem a sua assinatura térmica típica, para diversas situações, como no
indicativa de sua normalidade operacional. caso de maus contatos e, portanto,
No presente Volume, será abordada a maio‐ não serão repetidos; ou por já te‐
ria desses equipamentos na sua apresenta‐ rem sido descritos em Termogra‐
ção mais frequente. Variações deverão ser mas anteriores ou por representa‐
cuidadosamente analisadas caso a caso an‐ rem apenas mais repetições do ób‐
tes de ser emitido um diagnóstico e um prog‐ vio. Alguns serão extensos em “de‐
nóstico baseado nas informações térmicas masia” outros resumidos demais.
detectadas. Em alguns comentários ficará óbvio
Considera‐se também que para fins para o profissional experiente que
de comparação, em todos os casos similares poderiam ser mencionadas outras
que forem encontrados em campo, o Termo‐ circunstâncias ou procedimentos
visor utilizado tenha sido corretamente ajus‐ até mais eficientes que os sugeri‐
tado para que os eventuais erros de leitura, dos. Lamentavelmente não é possí‐
resolução óptica, visada, fatores ambientais vel, e não é propósito deste Ma‐
e parâmetros do objeto, tenham sido todos nual, escrever tudo o que poderia
minimizados de forma a aperfeiçoar as leitu‐ ser escrito sobre um determinado
ras de temperatura e formação de imagem. equipamento e/ou anomalia, mas
sim ilustrar a forma de pensar no
infravermelho e correlacioná‐la
com o mundo concreto da luz visí‐
vel. Contamos com a compreensão
do leitor nesse sentido.

58 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO À TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

1.5 NORMAS E CRITÉRIOS APLICÁVEIS elétricos de potência;


 ISO 18434‐1 – Condição de monitora‐
A Termografia em instalações e mento e diagnóstico de máquinas – Ter‐
equipamentos elétricos possui uma série de mografia – Parte 1: Procedimentos gerais;
critérios próprios de identificação e qualifi‐
cação de anomalias térmicas, como se po‐  ASTM E1934 – Standard Guide for Exam‐
derá ver adiante. Além das especificações de ining Electrical and Mechanical Equip‐
cada fabricante, diversas normas técnicas, ment with Infrared Thermography publi‐
genéricas ou específicas poderão ser aplicá‐ cada pela ASTM International (ASTM,
veis, caso a caso. Algumas Normas de Refe‐ 1999);
rência, não necessariamente atualizadas:  BINDT‐CM – Infrared Thermography, Vol‐
 NBR 15424 – Ensaios não destrutivos – umes 1 and 2.
Termografia – Terminologia, a qual define Outras normas podem ser aplicá‐
os termos utilizados no método de ensaio veis a casos específicos, como no caso de
não destrutivo de Termografia; condutores elétricos, contatos de disjunto‐
 NBR 15572 – Ensaios não destrutivos – res, enrolamentos de motores e assim por
Termografia por infravermelho – Guia diante. Cada caso particular poderá ter as
para inspeção de equipamentos elétricos suas próprias normas, que deverão ser con‐
e mecânicos, a qual relaciona as respon‐ sultadas caso a caso. Não deve ser descar‐
sabilidades do usuário final e do Inspetor tada também, a experiência acumulada com
de Termografia ou termografista; relação a um determinado tipo de compo‐
nente ou equipamento.
 NBR 15716 – Cabos concêntricos para ra‐
mais de consumidores com isolação ex‐ Em muitas inspeções, as informa‐
terna de PE ou XLPE, para tensões até ções sobre temperaturas nominais, condi‐
0,6/1kV – Requisitos de desempenho; ções de carga, distâncias, velocidade do
vento etc., não estarão disponíveis. Então o
 NBR 15718 – Ensaios não destrutivos – bom senso e conhecimento técnico deverão
Termografia – Guia para verificação de ser empregados tanto na detecção e discri‐
termovisores; minação do que pode ser uma anomalia, de‐
 NBR 15866 – Ensaio não destrutivo – Ter‐ feito ou não, bem como diagnósticos e prog‐
mografia – Metodologia de avaliação de nósticos.
temperatura de trabalho de equipamen‐ Da mesma forma, os critérios mu‐
tos em sistemas elétricos; dam com o passar do tempo, circunstâncias,
 NBR 16292 – Ensaios não destrutivos – contextos, desenvolvimento tecnológico e
Termografia – Medição e compensação experiência. Assim, os critérios fornecidos
da temperatura aparente refletida utili‐ aqui têm a função de ilustrar diferentes mo‐
zando câmeras Termográficas; mentos e contextos, servindo apenas como
referência, estando sujeitos, evidente‐
 NBR 15763 – Ensaios não destrutivos –
mente, a implementações, revisões e melho‐
Termografia – Critérios de definição de
rias.
periodicidade de inspeção em sistemas

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 59


CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO À TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

No caso específico das instalações e possa também se referir a objetos não


componentes elétricos, há diversos critérios pontuais;
de avaliação disponíveis. Caberá ao Inspetor  Aquecimento: um componente é consi‐
e/ou analista, em comum acordo com o con‐ derado aquecido se a sua temperatura é
tratante, interno ou externo, eleger qual cri‐ maior que a temperatura ambiente. Ou
tério será mais adequado para aquela situa‐ seja: há troca de calor entre o compo‐
ção específica. O objetivo deste consenso é nente e o ambiente e podemos observá‐
garantir que a segurança humana, o atendi‐ lo no infravermelho. Se o componente es‐
mento às instalações e à produção, seja o tiver à mesma temperatura que o ambi‐
melhor possível. Na sequência, serão apre‐ ente, e sua emissividade for similar ao
sentados alguns critérios mais conhecidos, fundo, dificilmente será visível no infra‐
entretanto não necessariamente atualiza‐
vermelho. O aquecimento em si é a dife‐
dos, uma vez que, em função das rápidas
rença entre a temperatura do compo‐
transformações disponíveis pela internet, e
nente e a temperatura ambiente ou de
intensa troca de informações da atualidade,
referência;
nem sempre é possível acompanhar a evolu‐
ção tecnológica. Da mesma forma, cada Ins‐  Contexto: ao avaliar a temperatura de

petor poderá se basear em um desses crité‐ qualquer componente, não pode ser dei‐
rios para criar o seu próprio e que atenda xado de lado o contexto em que este se
melhor às suas necessidades e das instala‐ encontra. A temperatura, via de regra, é o
ções inspecionadas. resultado final de uma série de fatores
entre os quais: percentual da carga prin‐
1.6 CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES cipal, resfriamento natural ou forçado,
condições ambientais, qualidade do ma‐
terial, mão de obra e manutenção utiliza‐
Quando se trata de Termografia, e
dos na montagem e intervenções, má‐
especialmente em instalações elétricas, há
xima temperatura admissível, máximo so‐
um jargão já utilizado que precisa ser bem
breaquecimento admissível etc. Só após
compreendido entre as partes envolvidas.
esses fatores serem levados em conside‐
Inspetor, Supervisor, Gerente e pessoal de
ração, adequados e ajustados a cada
manutenção devem falar a mesma lingua‐
caso, é que um diagnóstico mais preciso
gem. Assim, é conveniente descrever alguns
poderá ser feito e um critério de interven‐
dos termos e noções mais usuais nessa área:
ção e prognóstico emitido;
 Anomalia Térmica: toda e qualquer distri‐
 Critérios de Inclusão: o que deve ser re‐
buição térmica não compatível com o es‐
gistrado em uma Inspeção Termográfica
perado ou projetado, em termos de
exige um critério que deve ficar explícito
forma e temperatura medida, para um
na relação Inspetor‐Gerência responsá‐
determinado componente ou máquina,
vel. Se o Inspetor for registrar TODAS as
sob as condições de carga e projeto em
anomalias qualitativas que encontra em
que se encontra. De forma simplificada, é
uma Inspeção, sem levar em considera‐
conhecida como Ponto Quente, embora
ção as temperaturas medidas, poderão

60 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO À TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

ser registrados centenas de pontos com além de um conhecimento profundo do


diferenças de 5 °C, por exemplo. Esse cri‐ sistema elétrico e de produção como um
tério, além de inchar os relatórios com todo;
uma enormidade de anomalias pouco sig‐  Intervenções: praticamente toda Anoma‐
nificativas, pode levar a um tempo lia detectada em uma Inspeção Termo‐
enorme de avaliação e registro de locais e gráfica levará a algum tipo de intervenção
componentes pontos com Delta T mí‐ no sistema elétrico industrial. Nesse caso,
nimo. Por outro lado, apenas registrar a intervenção indicada para cada anoma‐
anomalias acima de um determinado va‐ lia poderá ir desde a simples observação
lor pode ignorar pequenos Deltas de tem‐
de controle, até a substituição do compo‐
peratura em componentes críticos para o
nente. No cerne da manutenção, está
sistema elétrico e produtivo. Se correntes
uma Inspeção Visual cuidadosa, limpeza
baixas não pudessem gerar grandes tem‐ e/ou reaperto, tratamento de superfície,
peraturas, filamentos de lâmpadas de 6V verificação de dimensionamento, retorno
não iriam a mais de 1.000 °C!!! A solução periódico ou outras providências. Apenas
para esse impasse é conhecer adequada‐ os casos de controle ou constatação de
mente os tipos de equipamentos inspeci‐ solução de anomalias não gerarão inter‐
onados, suas características e potenciais venções de manutenção;
falhas, bem como a sua criticidade hierár‐
quica no processo produtivo. Um exem‐  Máxima Temperatura Admissível: cada

plo simples pode esclarecer: um cabo iso‐ componente deve ser projetado para
lado a termoplástico para 70 °C, se apre‐ operar indefinidamente até uma determi‐
sentar uma temperatura medida de nada temperatura, ou um Delta de tem‐
68 °C, estará dentro da sua normalidade, peratura, sem que ocorram danos à sua
apesar de aquecido. No entanto, se esse função e vida útil. É a sua chamada tem‐
cabo for o responsável por um contato de peratura nominal, e está intimamente re‐
selo, por exemplo, do contator da bomba lacionada com a temperatura ambiente
de celulose da única máquina de papel da na qual está imersa. A MTA (Máxima Tem‐
fábrica, uma falha implicará em uma pa‐ peratura Admissível) de um componente
rada geral na fábrica, a um custo altís‐ independe de sua origem, ou seja: para
simo! Com esse exemplo, pode‐se avaliar um condutor que deve trabalhar indefini‐
a importância não só da função do com‐ damente a 70 °C, não importa se o calor
ponente (cabo), dos seus limites (70 °C), vem de uma estufa imediatamente
de sua importância hierárquica no pro‐ abaixo do cabo ou se vem da circulação
cesso (alimentação do contato selo da de sua corrente. Em um painel elétrico,
única bomba de celulose da fábrica de pa‐ deve ser observado que coexistem simul‐
pel) e de sua posição estratégica (conta‐ taneamente diversas temperaturas máxi‐
tor da bomba de celulose). Conclusão: o mas admissíveis como, por exemplo,
que incluir como anomalia termografada 70 °C para termoplásticos e 130 °C para fi‐
ou não em um relatório de Inspeção, de‐ ação de bobinas de contatores ou trans‐
pende de um ajuste fino entre Inspetor e formadores;
as Gerências de produção e manutenção,
MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 61
CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO À TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

 Ponto Quente ou Anomalia: o termo tanto do defeito ou anomalia, como as re‐


“Ponto Quente” é uma designação gené‐ percussões de uma falha, deverão influ‐
rica que faz referência a uma anomalia enciar diretamente a qualificação das in‐
encontrada em um componente ou insta‐ tervenções necessárias, bem como dos
lação. Não necessariamente de pequenas prognósticos de tempo em que elas deve‐
dimensões físicas, pode ser relacionado rão ocorrer. Um caso típico são os proble‐
também a um determinado evento ou mas em para‐raios nas entradas de fá‐
anomalia registrada em um relatório; brica. Por menor que seja o aquecimento
 Posição Estratégica ou Hierárquica de
detectado, a consequência mais comum
um Componente ou Equipamento: em de um rompimento por explosão de um
para‐raios tipo estação é a imediata pa‐
muitas situações, a temperatura não será
rada geral na fábrica. Essa possibilidade
realmente o fator decisivo para a classifi‐
extingue com qualquer tipo de programa‐
cação de uma anomalia. O histórico ante‐
ção no tempo para sanar um defeito
rior, o tempo decorrido desde a última
deste tipo;
Inspeção e as possibilidades de evolução,

Figura 1.3 – Para‐raios defeituosos conduzindo para a Terra.

 Temperaturas Adjacentes: é esperado  Fontes de Calor Ocultas: em muitos ca‐


que equipamentos similares e de mesmo sos, o objeto aquecido, ou a causa do
dimensionamento, sob mesma carga e do aquecimento de um objeto, não pode ser
mesmo fabricante, apresentem tempera‐ visualizado diretamente. No entanto, e
turas ou distribuições térmicas bastante necessariamente, as tampas, encapsula‐
similares quando imersos no mesmo am‐ mentos, carcaças, acrílicos, vidros ou cha‐
biente e contexto. Equipamentos ou com‐ pas não inviabilizam os diagnósticos qua‐
ponentes que fujam dessa simetria po‐ litativos. Manchas térmicas podem indi‐
dem ser considerados portadores de uma car com muita segurança que há efetiva‐
anomalia térmica desde que não haja um mente algo errado ou anômalo nesse
motivo específico para essa irregulari‐ componente ou instalação. Observe‐se,
dade. Caso seja descoberto posterior‐ por exemplo, o Termograma de um painel
mente um motivo para esse comporta‐ de 6.6 kV na Figura 1.4 :
mento, a anomalia deverá ser desconsi‐
derada;

62 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO À TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

Figura 1.4 – Imagem térmica e na luz visível de um painel 6.6 kV.

Quanto maior o conhecimento dos exatamente que está ocorrendo. Devido às


equipamentos e componentes internos a tensões nesses painéis, a recomendação é o
esse painel, é possível saber que há algo efe‐ desligamento e abertura imediata para ave‐
tivamente anômalo ou defeituoso no inte‐ riguação do estado interno.
rior, embora não se saiba precisar o que é

Figura 1.5 – Cofre de distribuição industrial em 380 V.

Em instalações de Baixa Tensão, como pelo executor encarregado da res‐


como da Figura 1.5 e em muitos outros ca‐ pectiva intervenção ou manutenção.
sos, não é possível visualizar a fonte do aque‐ Como poderá ser observado nos diversos
cimento, mas pelo tipo de distribuição tér‐ critérios desse capítulo, há diversas inter‐
mica é possível um diagnóstico qualitativo pretações e o uso de expressões corri‐
seguro da presença de uma anomalia in‐ queiras como “Programada” ou “Urgên‐
terna. cia” deve ser definido claramente para
que não haja mal‐entendidos e nem erros
 Urgência: da mesma forma que há dife‐
rentes tipos de intervenções, diversos de programação.
graus de severidade deverão ser atribuí‐
dos para cada anomalia detectada e regis‐
trada. Cada grau de severidade atribuído NOTA IMPORTANTE
deverá ser plenamente compreendido, Mesmo sendo este um
tanto pelo Inspetor como pela Gerência Manual Qualitativo, o leitor
que autorizará o desligamento, bem
MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 63
CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO À TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

atento irá notar que em que ultrapassem limites de


praticamente TODAS as imagens normas específicas serão
térmicas sempre haverá uma utilizados como fiel da balança
escala térmica ao lado da imagem para um diagnóstico qualitativo.
e leituras quantitativas de Além do mais, deve ser feita a
temperatura. É importante, en‐ diferenciação entre critérios de
tão, destacar que, mesmo que o intervenção estratégicos, que são
diagnóstico seja predominante‐ independentes das temperaturas
mente qualitativo, não se deve, medidas, de critérios térmicos,
evidentemente, desprezar as que são definidos pelos valores
temperaturas lidas, ainda que em absolutos das temperaturas
muitos casos, sejam apenas aparentes lidas.
orientativas. Como explicado no
Volume 1 e neste Manual, a 1.6.1 Critérios de Avaliação de Anomalias
leitura de temperaturas por Térmicas
infravermelho é muito exata, mas
somente em laboratório. Em  Critério da Temperatura Absoluta: o cri‐
campo, há muitos fatores fora do tério mais simples de avaliação em Ter‐
controle do Inspetor e que mografia implica em medir uma anoma‐
dificultam, se não impossibilitam, lia térmica levando em consideração a
a leitura mais exata dos valores de sua temperatura absoluta. Esse critério
leitura. Assim, as temperaturas li‐ necessita que a temperatura nominal de
das e as escalas de temperatura um determinado componente seja co‐
nas imagens servirão a propósitos nhecida ou acordada com o acompanha‐
mento técnico da Inspeção e que a sua
mais orientativos do que
medição pela Termografia seja possível e
necessariamente de exclusão,
confiável. Diversas Tabelas podem ser
inclusão ou diagnósticos em si.
utilizadas como referência, incluindo o
Haverá, inclusive, muitos
conhecimento empírico do Inspetor. A
comentários que farão uso das
vantagem desse critério é que ele per‐
temperaturas nas suas consi‐ mite avaliar a deterioração imediata do
derações, o que evidentemente componente, não levando em conta a
não invalida as conclusões origem do aquecimento. Por outro lado,
qualitativas. Na maioria dos fatores de correção importantes, como
casos, as temperaturas em carga e velocidade do vento, são despre‐
discussão serão utilizadas para zados. Devido a essas deficiências, esse
discriminar possibilidades de critério deve ser utilizado com cautela;
impossibilidades de com‐  Critério do Delta Adjacente: o critério da
portamento dos equipamentos. temperatura adjacente pressupõe que o
Apenas em alguns casos, valores componente adjacente seja idêntico ao

64 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO À TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

de interesse e esteja sujeito às mesmas 50 °C, é completamente diferente dos


condições operacionais. Assume‐se mesmos 60 °C em um ambiente de 10 °C.
igualmente que esteja em bom estado e Qual o valor que será aceitável dependerá
sirva de referência para avaliação. Este de fatores como carga, ciclo de operação,
procedimento pode ser uma referência dimensionamento, ventilação etc.;
segura, desde que a anomalia não se re‐  Critério da Distribuição Térmica: não ne‐
pita nas Fases adjacentes e que as condi‐ cessariamente uma temperatura muito
ções de carga sejam as mesmas. Caso maior que a esperada, ou próxima da no‐
não haja certeza da carga ou do dimensi‐ minal de um componente, indicará a pre‐
onamento, o critério pode ser invalidado. sença de uma anomalia. Mesmo que as
Igualmente, se as cargas forem todas cargas sejam altas, muitas vezes o fator
iguais, mas próximas ao nominal ou “ele‐ de forma de uma distribuição térmica, a
vadas”, pode‐se tomar como normal ou sua possibilidade de ocorrência em um
aceitável o que está sendo um erro de di‐ determinado contexto ou não, é que de‐
mensionamento. Devido a essas caracte‐
termina a existência de uma anomalia. A
rísticas, esse critério deve ser utilizado
Figura 1.6 apresenta um caso que será de‐
com cuidado; talhado posteriormente. Nesse caso, a
 Critério do Delta Ambiente: o critério do anomalia é a falta de distribuição térmica
Delta em relação ao meio ambiente for‐ compatível com a imagem na luz visível.
nece o sobreaquecimento que o fenô‐ Como a corrente estava equilibrada (o
meno elétrico, ocorrendo no compo‐ que se pode constatar pela temperatura
nente, está causando em relação ao meio do topo dos cabos na imagem), era espe‐
ambiente. Devido a essa relação, é possí‐ rada uma distribuição térmica coerente
vel discriminar que uma temperatura ab‐ com a deterioração do isolamento na
soluta de 60 °C, em um ambiente de ponta do cabo;

Figura 1.6 – Inconsistência na distribuição térmica indicando uma anomalia.

 Critério da Presença ou Ausência: muitas em nenhuma hipótese, e mesmo assim


anomalias são descobertas pela simples apresenta um aquecimento, há indiscuti‐
presença ou ausência de uma variação velmente uma anomalia. E, pelo lado con‐
térmica esperada. Se não deveria aquecer

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 65


CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO À TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

trário, se deveria aquecer em todas as si‐ um caso em que não é admissível ne‐
tuações, e não está aquecendo, há uma nhum aquecimento, por menor que seja,
anomalia. É um critério puramente quali‐ implicando em fuga de corrente por al‐
tativo, mas igualmente importante. Al‐ gum cabo interno em algum local, com
guns componentes podem ter suas ano‐ risco de eletrocussão ao toque e eventual
malias identificadas, e as respectivas pro‐ incêndio. Apesar de facilmente identificá‐
vidências a serem tomadas e/ou defini‐ vel em uma Inspeção minuciosa, a sua so‐
das, sem que seja necessária a medição lução nem sempre é operacionalmente
de temperatura. Já Figura 1.7 apresenta fácil. Este caso será discutido mais adi‐
ante.

Figura 1.7 – Aquecimento inadmissível – 93 °C – em parafuso de fixação de eletrocalha.

Como é possível constatar, há dife‐ cação das anomalias térmicas em suas insta‐
rentes maneiras de qualificar e quantificar lações. É possível que esses critérios tenham
uma anomalia térmica. Citamos alguns crité‐ atualmente suas versões atualizadas, ou te‐
rios conhecidos e que já foram empregados nham sido abandonados e que outros pos‐
em algumas instituições. Os critérios apre‐ sam ser encontrados como referência. Neste
sentados foram originados pela necessidade manual, servirão de exemplo e de indicação
de encontrar um conjunto de restrições que para que cada cliente encontre ou desen‐
permitisse a melhor qualificação e quantifi‐ volva o critério que se adequar melhor às
suas condições operacionais e técnicas.

Anotações:

66 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO À TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

1.6.2 Critérios IETA (N

ETA) – International Electric Testing Association – USA

Tabela 1.1 – Critérios IETA (NETA) para sobreaquecimento em componentes elétricos.

Temperatura medida Delta T medido Definição Providências

1 a 10 °C acima
1 a 3 °C acima Defeito
da temperatura É necessário investigar.
do adjacente possível
ambiente
11 a 20 °C acima
4 a 15 °C acima Defeito Reparar na
da temperatura
do adjacente provável próxima parada.
ambiente
21 a 40 °C acima
da temperatura >15 °C acima Reparar o mais breve
Defeito
ambiente do adjacente possível.

> 40 °C acima
> 15 °C acima Defeito Reparar
da temperatura
do adjacente significativo imediatamente.
ambiente
Fonte: IETA (NETA) – International Electrical Testing Association – USA.

É importante destacar que esse cri‐ cente e similar, este critério elimina a neces‐
tério, quando se refere à temperatura ambi‐ sidade da referência à temperatura ambi‐
ente, necessita ser adequado à temperatu‐ ente. Vale a ressalva que os componentes
ras dentro dos painéis elétricos. Isso, de adjacentes deverão apresentar temperatu‐
certa forma, é crítico, porque no momento ras diferentes da anomalia. Caso todos os
em que se abrem as portas de painéis para componentes tenham a mesma tempera‐
Inspeção, imediatamente as suas tempera‐ tura, esse critério não se aplica.
turas internas começam a cair devido à troca
térmica com a atmosfera externa que entra 1.6.3 Critérios da Indústria Nuclear Norte
no painel. Assim, caso esse procedimento Americana
venha a ser aplicado, é importante medir a
temperatura interna do painel imediata‐ Na Tabela 1.2, o termo “Sobreaque‐
mente após a sua abertura. Eventualmente cimento” se refere a uma sobre‐elevação de
poderá ser possível providenciar uma pe‐ temperatura em relação a um valor já conhe‐
quena abertura através da qual um termô‐ cido para um determinado componente, em
metro de imersão possa ser inserido com se‐ uma determinada situação de carga e ambi‐
gurança, antes da abertura da porta. Por ou‐ ente. Para a aplicação desse critério, torna‐
tro lado, ao considerar os Deltas T em rela‐ se necessário o registro prévio da Assinatura
ção à Temperatura do componente adja‐ Térmica Normal, ou aceitável, do equipa‐
mento inspecionado, a sua temperatura de

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 67


CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO À TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

norma, ou a definição de um valor de referência compatível com a necessidade técnica e


operacional das instalações inspecionadas.

Tabela 1.2 – Critérios da Indústria Nuclear Norte‐Americana.

Temperatura medida Definição Providências

Nível 1
Intervir no ciclo normal de manutenções
5 a 15 °C de ALERTA
corretivas.
sobreaquecimento
Nível 2
Prioridade alta durante a próxima parada não
16 a 35 °C de INTERMEDIÁRIO
programada.
sobreaquecimento
Notificar falha potencial.
Nível 3
Corrigir o mais breve possível.
36 a 75 °C de SÉRIO
Avaliar um aumento na frequência das
sobreaquecimento
Inspeções.
Notificar a Gerência.
Retirar de operação e corrigir o mais rápido
Nível 4
CRÍTICO possível.
> 75 °C de sobreaquecimento
Aumentar a frequência das Inspeções em
componentes similares.
Fonte: IR‐F/H/V‐200, Rev. 1, Nuclear Maintenance Applications Center Guidelines. (IR‐F/H/V‐200, Rev. 1).

1.6.4 Critérios compilados da US NAVY, NETA e Nuclear‐NMAC

Tabela 1.3 – Critérios compilados da Indústria Nuclear e Marinha Norte‐Americana.

Marinha Neta Nemac


Sobreaquecimentos
Sobreaquecimentos Sobreaquecimentos
Definição referentes a um valor
referentes ao referentes à
inicial de referência
componente temperatura nominal
para um determinado
adjacente. conhecida.
componente.
Alerta 10 – 24 °C 1 – 3 °C 0,5 – 8 °C
Intermediário 25 – 39 °C 4 – 15 °C 9 – 28 °C
Sério 40 – 69 °C NÃO APLICÁVEL 29 – 56 °C
Imediata > 70 °C > 16 °C > 56 °C
Fonte: International Electrical Testing Association (NETA), Nuclear Maintenance Applications Center Guidelines
(NMAC) and North America Navy Maintenance.

1.6.5 Critérios para avaliação de motores apenas listadas as temperaturas máximas


por classes de temperaturas de operação dos motores, segundo suas
classes. É importante lembrar que essas
Avaliar termograficamente o es‐ temperaturas se referem às temperaturas
tado elétrico de motores será detalhado dos enrolamentos, dentro das ranhuras da
mais à frente nesse manual. Por ora, serão carcaça do motor. Assim, a temperatura ex‐

68 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO À TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

terna deverá ser sempre menor que a in‐ compreensão melhor da avaliação de moto‐
terna, tanto pelo material que existe como res, veja a Análise de Consistência no Capí‐
pela própria refrigeração causada pelas ale‐ tulo 8, específico sobre esse tema.
tas e ventilação quando existente. Para uma
Tabela 1.4 – Classes de isolamento térmico para motores elétricos.

Temperatura Máxima
Classe
de Operação
A 105 °C
B 130 °C
F 180 °C
H 180 °C
Fonte: ABNT, NBR 7094:1996.

1.6.6 Critérios para avaliação de elementos ou HH em torno dos 105 °C, que é a Máxima
fusíveis Temperatura Admissível para contatos
prata‐prata no ar para disjuntores.
As temperaturas nominais – a 100%
de sua carga de face – de fusíveis retardados 1.6.7 Critérios para Cabos Elétricos
em Baixa Tensão (NH) e Média ou Alta Ten‐
são (HH), são difíceis de serem encontradas A vida de um cabo isolado por ter‐
e, normalmente não são divulgadas pelos moplásticos é prevista para vinte anos, con‐
seus fabricantes. O que se sabe empirica‐ siderando sua utilização em regime contínuo
mente é que o ponto de fusão dos elemen‐ e sob temperaturas não superiores a sua má‐
tos fusíveis internos é alcançado quando a xima nominal. É estimado que para operação
temperatura externa está próxima dos contínua, a cada 5 °C acima da sua tempera‐
250 °C. Devido a essa característica, utiliza‐ tura nominal, a vida útil é reduzida pela me‐
se comumente a Máxima Temperatura Ad‐ tade.
missível externa para elementos fusíveis NH

Tabela 1.5 – Valores limites de temperatura por tipo de termoplástico.

Isolação PVC EPR XLPE

Temperatura serviço contínuo °C 70 100 160

Temperatura sobrecarga °C 90 130 250

Temperatura curto‐circuito °C 90 130 250


Fonte: IPCE Cabos.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 69


CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO À TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

Vida de isolação e temperatura em termo‐ Deve ser observado, no entanto,


plásticos que nem sempre o que ocorre é o sobrea‐
Os termoplásticos empregados em quecimento contínuo e sim cíclico. De qual‐
isolamentos elétricos devem, por norma, su‐ quer maneira, mesmo que não contínuo, o
portar a temperatura para a qual foram pro‐ envelhecimento ocorre, ainda que de uma
jetados, indefinidamente. Acréscimos a es‐ forma mais lenta, e se propaga ao longo do
sas temperaturas, em regime constante, condutor. Assim, é importante que uma vez
causam o envelhecimento precoce do mate‐ ultrapassado, implique em uma manutenção
rial, levando principalmente à perda de rigi‐ o mais breve possível.
dez dielétrica e aumento da permeabilidade Para cabos e isolamentos em média
pelo ressecamento do material. Isso leva à ou alta tensão, devido à imprevisibilidade de
oxidação interna do condutor e, frequente‐ seu comportamento, as anomalias origina‐
mente ao curto‐circuito entre condutores de das por sobreaquecimento devem ser resol‐
Fases diferentes ou a Terra. vidas o mais rápido possível devido a sua ca‐
racterística de baixar o isolamento.

Tabela 1.6 – Redução da vida útil em isolamento de cabos elétricos.

Regime Contínuo
Temperatura máxima Vida da Isolação
especificada excedida em:

10 °C 1/2 normal

20 °C 1/4 normal

30 °C 1/8 normal
Fonte: IPCE Cabos.

1.6.8 Critério para temperatura de contatos Assim, torna‐se justificável utilizar,


de disjuntores por exemplo, a máxima temperatura admis‐
sível para contatos prata‐prata no ar como
Os valores de temperaturas nomi‐ um valor genérico para qualquer conexão
nais de contatos de disjuntores fornecem metal‐metal em instalações elétricas. Evi‐
um dado importante que pode ser estendido dentemente as conexões entre barramentos
à grande maioria das conexões elétricas. Isso de cobre, por exemplo, não serão prateadas.
porque se torna óbvio que se um contato de Mas também e necessariamente por condi‐
um disjuntor deve suportar uma determi‐ ções de projeto, deverão ser sobredimensio‐
nada temperatura, necessariamente ne‐ nadas devido a diversos fatores como coefi‐
nhuma outra parte dos barramentos e cone‐ ciente de segurança, correntes de curto‐cir‐
xões elétricas deve suportar MENOS do que cuito e prevendo ampliações futuras. Torna‐
esse valor. É como se fosse o valor máximo se então razoável utilizar 105 °C como valor
suportado por um elemento fusível, a partir universal para conexões metal‐metal. Por
do qual ele abriria o circuito. outro lado, a experiência prática corrobora

70 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO À TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

que esse valor é praticável e eficiente para as está mais em vigor, mas seus valores conti‐
finalidades de intervenções preditivas e pre‐ nuam tendo aplicação prática até a sua subs‐
ventivas. A norma citada na Tabela 1.7 não tituição por outra.

Tabela 1.7 – Máximas temperaturas admissíveis para disjuntores imersos no ar/óleo.

Limite de elevação
Temperatura de temperatura
Parte ou líquido do disjuntor
máxima °C sobre o ar ambiente
não superior a 40 C
1. Contatos de cobre, no ar, prateados. 105 65

2. Contatos de cobre, no ar, não prateados. 75 35

3. Contatos de cobre, no óleo, prateados. 90 50

4. Contatos de cobre, no óleo, não prateados. 80 40

5. Terminais dos disjuntores destinados a serem


ligados a condutores externos por meio de 105 65
parafusos e porcas, prateados.

6. Partes metálicas em contato


90 50
com materiais isolantes.

7. Classe Y: materiais não impregnados. 100 60

8. Classe A: materiais imersos em óleo. 120 80

9. Classe A: materiais impregnados. 100 60

10. Classe E no ar. 130 90

11. Classe E no óleo. 100 60

12. Classe B no ar. 155 115

13. Classe B no óleo. 100 60

14. Classe F no ar. 100 60

15. Classe F no óleo. 120 80

16. Esmalte a base de óleo sintético no ar. 100 60

17. Esmalte a base de óleo sintético no óleo. 90 60

18. Toda peça metálica isolante em contato com


90 50
óleo à exceção dos contatos.
Fonte: ABNT, NBR 7118:1994.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 71


CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO À TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

1.6.9 Critério por Classificação de Riscos A menos que se mantenha um estrito con‐
trole e acompanhamento de uma determi‐
nada anomalia, e que se tenha construído
Esse critério, embora algo com‐ uma base sólida de conhecimento sobre ele,
plexo, inclui riscos maiores na estimativa dos afirmar que a manutenção poderá aguardar
prazos para atendimento das anomalias le‐ um determinado tempo exato em dias, ig‐
vantadas. De maneira geral, é extrema‐
nora que o comportamento de um defeito
mente arriscado afirmar que um determi‐ está sujeito a variações de carga, tempera‐
nado componente suportará “x” dias até tura ambiente, ciclo de falha, qualidade de
uma determinada intervenção para reparo.
material, qualidade de instalação e manu‐
tenção e assim por diante.

Tabela 1.8 – Classificação por prazo de intervenção.

Criticidade
Intervenção da manutenção
Nível Classificação

Baixo I Rotina de manutenção.

Intermediária
Médio II
(avaliar componente).

Urgência
Alto III
(reparar o mais rápido possível).

Emergencial
Crítico IV
(reparar imediatamente).
Fonte: Engelétrica, 2011.

Tabela 1.9 – Prazos de intervenção – Classificação geral.

Classificação Prazo

Durante manutenção de rotina. 0

Em até 15 dias. 1

Em até 5 dias. 2

Em até 48 horas. 3

Em até 12 horas. 4
Fonte: Engelétrica, 2011.

Anotações:
72 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS
CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO À TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

Tabela 1.10 – Riscos e Prazos para Intervenção.

Risco Prazo Interpretação


Baixo risco podendo a intervenção
I 0
aguardar a próxima manutenção programada.
0 Médio risco. É possível aguardar a próxima manutenção.

II 1 Médio risco. Reparar em até quinze dias.

2 Médio risco. Reparar em até cinco dias.

0 Alto risco. É possível aguardar a próxima manutenção.

III 2 Alto riso. Reparar em até cinco dias.

3 Alto risco. Reparar em até 48 horas.

0 Risco crítico. É possível aguardar a próxima manutenção.

IV 3 Risco crítico. Reparar em até 48 horas.

4 Risco crítico. Reparar em até 12 horas.


Fonte: Engelétrica, 2011.

1.6.10 Critério pela repercussão estimada Em último caso, a falha estimada


da falha pode causar uma parada geral em toda a uni‐
dade fabril, devendo assim ser considerada
Um critério pode ser desenvolvido como crítica.
pela repercussão estimada de uma falha em
Como as plantas industriais variam
um determinado componente. As falhas po‐
enormemente, é recomendável que o Inspe‐
dem afetar somente o equipamento com re‐
tor e/ou Analista de Termografia, elaborem
percussões controladas se existir em dupli‐
um procedimento de intervenção para a sua
cata, como em plantas petroquímicas, refi‐
unidade fabril, baseado na repercussão de
narias ou plataformas de petróleo. Da
uma falha, e o submetam às Gerências res‐
mesma forma, a repercussão pode ser res‐
ponsáveis.
trita devido ao componente não ser funda‐
mental para a linha de produção que pode
1.7 CONSIDERAÇÕES SOBRE AS IMAGENS
dispor de alternativas à sua falha. E TERMOGRAMAS DESTE MANUAL
Em outro contexto, a falha pode se
estender a um setor fabril inteiro como, por Os Termogramas do presente Vo‐
exemplo, em uma subestação de distribui‐ lume, salvo onde expressamente indicado,
ção. A repercussão, nesse caso, deve gerar destinam‐se ao aprendizado e compreensão
uma atenção maior do que a de uma anoma‐ dos fenômenos térmicos associados aos
lia que, potencialmente, afetaria apenas a equipamentos elétricos mais comuns. Não é
um componente restrito. objetivo aqui, extinguir todos os possíveis
componentes e nem legislar sobre quais de‐
vem ser condenados ou não. Assim, o viés

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 73


CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO À TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

que norteia a escolha e apresentação dos THERMOTRONICS ou baixadas dos domínios pú‐
Termogramas destina‐se mais à avaliação blicos da internet, onde a fonte é referenci‐
qualitativa dos fenômenos térmicos apre‐ ada. A imensa maioria dos Termogramas foi
sentados, e seus conteúdos, do que à avalia‐ codificada pelo Sistema ThermoScala de co‐
ção quantitativa. Valores de medição de res adaptadas à retina devido a este ser o
temperaturas poderão variar significativa‐ melhor para a visualização e interpretação
mente em função de uma grande quanti‐ das imagens térmicas.
dade de fatores, tais como carga no mo‐
mento da Inspeção, dimensionamento, velo‐ 1.9 INSPEÇÃO EM INSTALAÇÕES
cidade do vento, distância do objeto, óptica EXTERNAS E INTERNAS
utilizada e resolução espacial da câmera,
qualidade do material e assim por diante. A A Termografia tem poucas restri‐
participação de cada um desses fatores de‐ ções de aplicabilidade com relação ao ambi‐
verá ser levada em consideração pelo Inspe‐ ente em que é utilizada. No entanto, algu‐
tor quando da coleta dos Termogramas em mas considerações devem ser observadas, a
campo. Se os erros introduzidos em um Ter‐ fim de que se possam obter os melhores re‐
mograma, típicos para cada situação a ser sultados possíveis. Em qualquer dos casos,
termografada, não forem corrigidos da me‐ os limites de operação da câmera devem ser
lhor maneira possível, poderão afetar signifi‐ respeitados. Para saber quais são os limites,
cativamente o diagnóstico qualitativo e o principalmente as temperaturas em que a
prognóstico quantitativo. Cada caso apre‐ câmera funcionará corretamente, consulte o
sentado será um caso e deverá ser analisado manual do fabricante.
cuidadosamente. Para Inspeções à pequenas distân‐
Além do mais, deve ficar claro que cias, menores que dez metros, apenas em
as próprias imagens térmicas, de todo este circunstâncias muito especiais a Termografia
Manual, deverão ser observadas, lidas e ava‐ não pode ser aplicada. Por exemplo: poluen‐
liadas cuidadosamente. O conteúdo escrito é tes ou poeira intensa no ar, umidade relativa
apenas um complemento ao conteúdo visual do ar (URA), nevoeiro, garoa e chuva. Além
das imagens. Ambos devem ser considera‐ da atenuação na radiação infravermelha que
dos atentamente. esses elementos introduzem, deve ser ob‐
servado que a chuva, a garoa e o nevoeiro
1.8 CONSIDERAÇÕES SOBRE IMAGENS também resfriam os componentes externos
TÉRMICAS EM SISTEMAS ELÉTRICOS expostos a elas. Para baixas temperaturas a
serem medidas, é recomendado aguardar
Todas as imagens térmicas obtidas pelo menos uma hora após o encerramento
e apresentadas neste Volume são de autoria da chuva ou garoa para que o objeto read‐
da THERMOTRONICS, exceto onde indicado. To‐ quira sua temperatura operacional.
dos os componentes se encontravam sob al‐ Não obstante, a composição da at‐
gum tipo de esforço elétrico, mecânico ou mosfera deve ser observada na presença de
térmico no momento da coleta. As fotos e fontes de calor intensas nas proximidades
gráficos foram executadas e adaptadas pela como caldeiras, chaminés ou fornos. Essas

74 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO À TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

fontes podem inserir artefatos nas imagens horas após o entardecer devido ao calor es‐
e deverão ser levadas em consideração e, se pecífico dos materiais expostos a ele. Da
possível, contornadas. O Sol pode também mesma forma, e mesmo à pequenas distân‐
introduzir reflexos e aquecimentos, imedia‐ cias, o resfriamento pelo vento não deve ser
tos ou residuais, que podem permanecer in‐ ignorado, sendo que correções deverão ser
fluenciando as imagens térmicas por várias aplicadas sempre que necessário.

Figura 1.8 – Imagem térmica afetada pelo Sol.

Já para objetos situados a mais de qualitativas quanto quantitativas. É obriga‐


dez metros, as condições atmosféricas po‐ tório, nesses casos, e sempre que possível,
dem influir significativamente nas leituras de buscar um ângulo de visada que evite ou que
temperatura. Fatores como reflexos em nu‐ diminua essas interferências.
vens podem interferir nas avaliações tanto

Figura 1.9 – Influência do reflexo solar nas nuvens.

Para leituras mais precisas da tem‐ resolução espacial da câmera empregada e


peratura aparente em si, é sempre indicada da óptica, um bom diagnóstico qualitativo
a maior aproximação possível, dentro das pode ser obtido. No entanto, é sempre útil
condições de segurança aplicáveis a cada si‐ confirmar qual procedimento, qualitativo ou
tuação. Eventualmente, e dependendo da quantitativo, deverá ser empregado.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 75


CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO À TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

Lente 45° ou Grande Angular

Lente 20° ou Normal

Lente 12° ou Teleobjetiva

Macro 34/80
Figura 1.10 – Efeitos das lentes: Grande Angular, Normal, Teleobjetiva e Macro.

76 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO À TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

Outro fator a ser levado em consi‐ superfície inspecionada. Para ângulos extre‐
deração é o ângulo de visada, que poderá in‐ mos, deve‐se avaliar se o resultado será con‐
troduzir erros de leitura. O ângulo recomen‐ fiável ou não.
dado sempre que possível, é o ortogonal à
Tabela 1.11 – Problemas e soluções para Termografia em ambientes externos.

Fator Problema Solução

Aproximar do Objeto de Interesse dentro de


Erro de condições de segurança ou utilizar óptica externa
Distância
resolução espacial. adequada. Introduzir a distância nos parâmetros da
câmera.

Erro por Aproximar do Objeto de Interesse dentro


Ângulo
emissividade alterada. de condições de segurança e utilizar a ortogonal.

Atenuação da radiação pelo Aguardar dissipar e/ou se aproximar do Objeto de


Poluição
particulado em suspensão. Interesse dentro de condições de segurança.

Atenuação da radiação pelo Aguardar dissipar e/ou se aproximar do Objeto de


Poeira
particulado em suspensão. Interesse dentro de condições de segurança.

Aguardar diminuição da URA e/ou se aproximar do


Umidade
Atenuação da radiação Objeto de Interesse dentro de condições de
relativa
pela água em suspensão. segurança. Introduzir valor da URA
do ar
nos parâmetros da câmera.

Aguardar dissipar e/ou se aproximar do Objeto de


Atenuação da radiação
Neblina Interesse dentro de condições de segurança.
pela água em suspensão.
Introduzir valor da URA nos parâmetros da câmera.

Atenuação da radiação Aguardar dissipar e/ou se aproximar do Objeto de


pela água em suspensão e Interesse dentro de condições de segurança.
Garoa
resfriamento pelo contato Introduzir valor da URA nos
com a água. parâmetros da câmera.

Aguardar de 30 a 60 minutos após o encerramento


Atenuação da radiação pela
da chuva e aproximar do Objeto de Interesse
Chuva água em suspensão e pelo
dentro de condições de segurança. Introduzir valor
contato da chuva com o alvo.
da URA nos parâmetros da câmera.

Procurar um ângulo de visada que evite o reflexo e


Introdução de reflexos
Sol aguardar dissipar o calor acumulado durante a
ou aquecimento residual.
exposição.

Procurar ângulo de visada e/ou distância


Fontes Introdução de reflexos que evitem o reflexo e o aquecimento
de Calor ou aquecimento. e aguardar dissipar o calor
acumulado durante a exposição.

Quando em extremos altos


Temperatura Aguarde o momento onde
ou baixos pode mascarar
Ambiente o erro seja menor.
diferenças significativas.

Fonte: THERMOTRONICS.

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 77


CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO À TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

1.9.1 Instalações Internas A temperatura de operação da câ‐


mera deverá ser verificada, pois existem am‐
Para Inspeções em instalações in‐
bientes industriais muito aquecidos como
ternas, as condições ambientais são normal‐
fundições ou próximos de fornos ou estufas
mente mais controladas. No entanto, algu‐
ou, por outro lado, muito frios, como câma‐
mas considerações também devem ser feitas
ras frigoríficas.
porque, independentemente de o ambiente
estar sob controle, há itens que devem ser
levados em consideração.

Tabela 1.12 – Problemas e soluções para Termografia em ambientes internos.

Fator Problema Solução


Aproximar do Objeto de Interesse dentro de
Erro de resolução espacial
condições de segurança ou utilizar óptica
Distância como, por exemplo, em
externa adequada. Introduzir a distância
barramentos suspensos.
nos parâmetros da câmera.
Erro por emissividade
alterada como, por exemplo,
Procurar aproximar do Objeto de Interesse dentro
Ângulo em medições dentro de
de condições de segurança e utilizar a ortogonal.
painéis de BT com acesso
restrito.
Atenuação da radiação pelo
Poluição e particulado em suspensão Aguardar dissipar e/ou se aproximar do Objeto de
Poeira como, por exemplo, sobre Interesse dentro de condições de segurança.
alto‐fornos em siderurgia.

Aguardar diminuição da URA e/ou se aproximar do


Umidade Atenuação da radiação Objeto de Interesse dentro de condições de
relativa do ar pela água em suspensão. segurança. Introduzir valor da URA nos parâmetros
da câmera.

Procurar ângulo de visada que evite o reflexo e/ou


Introdução de reflexos ou
aguardar dissipar o calor acumulado durante a
Sol aquecimento de fundos como
exposição. Realizar a Inspeção em outro período
telhados ou paredes.
com condições atmosféricas mais propícias.

Introdução de reflexos ou
Fontes de aquecimento como no caso Procurar ângulo de visada e/ou distância que
Calor de resistores e núcleos de evitem o reflexo e/ou aquecimento.
bobinas dentro de painéis.

Quando em extremos altos ou


Temperatura
baixos pode mascarar Aguarde momento onde o erro seja menor.
Ambiente
diferenças significativas.

Fonte: THERMOTRONICS.

Anotações:

78 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO À TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

Por outro lado, muitos processos in‐ cabo, barra, tubo e por uma determinada di‐
dustriais utilizam e/ou geram calor, muitas mensão – metro, centímetro etc. A partir dos
vezes na forma de vapor superaquecido. O limites físicos desse objeto, a resistência elé‐
calor irradiado por emendas ou falhas no iso‐ trica muda. A principal razão para essa mu‐
lamento dessas instalações, pode interferir dança é a conexão com outro objeto. Mesmo
com as medições, obrigando a busca de um que seja feito do mesmo material e com as
ângulo mais adequado para efetuá‐las. Em mesmas características, e projetado adequa‐
painéis elétricos, é comum a utilização de re‐ damente, é esperado que haja uma mu‐
sistores de equalização ou para o seu aque‐ dança, normalmente um acréscimo na resis‐
cimento. No entanto, esses resistores, assim tência ao logo do trajeto da corrente.
como entreferros de trafos ou bobinas, usu‐
Isso ocorre basicamente devido a
almente trabalham com temperaturas mais
alguns fatores como a área de contato entre
altas, criando reflexos indesejáveis para as
os dois condutores, aperto ou torque, dife‐
medições. Em outras situações, será neces‐
renças entre materiais, a própria corrente
sário efetuar medições contra fundos mais
passante que gera um aquecimento e as con‐
aquecidos como telhados industriais sob in‐
dições ambientais. Dessa maneira, deve ser
solação intensa. Nesse caso, a óptica ade‐
parte do projeto de qualquer sistema elé‐
quada, como uma lente teleobjetiva poderá trico, contar com essas variáveis, principal‐
ser um fator decisivo quando não for possí‐ mente com as áreas de contato e a dilatação,
vel aguardar pelo período noturno, inverno tanto por efeito da carga passante como da
ou tempo nublado. temperatura ambiente onde se encontra o
componente.
1.10 LEI DE OHM
O efeito esperado ao longo do
tempo, em qualquer conexão elétrica que
No começo do século XIX, George
não solde por aquecimento próprio ou oxi‐
Simon Ohm (1787‐1854) demonstrou que a
dação, é o aumento da resistência de con‐
corrente elétrica [ i ] é proporcional à dife‐
tato devido principalmente ao afrouxa‐
rença de potencial [ V ] aplicada. A constante
mento. Apesar de parecer desprezível em
de proporcionalidade é conhecida como Re‐
uma análise mais superficial, a contração e a
sistência [ R ].
dilatação, sucessiva e periódica ao longo do
Logo, se tem: tempo, devem ser levadas em conta como
V = Ri um fator de estresse contínuo em qualquer
conexão elétrica. Isso se deve ao fato de que
que é conhecida como a 1ª Lei de Ohm.
a maioria das conexões elétricas possuírem
A resistência elétrica, ao longo do um ciclo de 24 horas que está constante‐
percurso da corrente em um sistema elé‐ mente sujeitando os componentes a esfor‐
trico, deveria ser constante ou crescer linear ços mecânicos significativos. Veja‐se, por
e uniformemente. No entanto, e na grande exemplo, a Figura 1.11 de um mesmo vão de
maioria dos casos, ela só é proporcional‐ um ramal de distribuição, registrada em
mente constante em um mesmo objeto – duas situações diferentes de temperatura
ambiente.
MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 79
CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO À TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

Figura 1.11 – Dilatação e contração linear de cabos elétricos em ramal de distribuição.

O efeito de dilatação e contração


1.11 EFEITO JOULE
dos componentes elétricos estará sempre
presente, seja em microcomponentes ele‐
trônicos, barramentos de fornos de fusão ou Um objeto qualquer, ao ser percor‐
linhas de transmissão e deve sempre ser rido por uma corrente elétrica, sofre aqueci‐
considerado em qualquer análise térmica. mento devido a sua resistência interna,
Por sua vez, as áreas e superfícies de contato transformando a energia elétrica em energia
serão uma fonte importante na geração de térmica. Este fenômeno é conhecido como
anomalias térmicas no sistema elétrico. Efeito Joule, em homenagem ao físico James
Prescott Joule (1818‐1889).
P = Ri2

80 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO À TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

Este fenômeno ocorre quando os A partir da definição de potência


elétrons da corrente elétrica sofrem colisões aparente, pode‐se definir o Fator de Potên‐
com os átomos do condutor, sendo que, en‐ cia (FP = cosφ) de uma instalação. O FP é de‐
tão, parte da energia cinética é transferida finido pela razão da potência real ou ativa
para o átomo, aumentando seu estado de pela potência total ou potência aparente.
agitação e, consequentemente, sua tempe‐ FP = P. S
ratura. É importante ressaltar que a tempe‐
ratura é a medida do calor gerado pelas coli‐ Por definição, o fator de potência é
sões e vibrações entre as partículas subatô‐ um número adimensional entre 0 e 1.
micas e não o calor em si mesmo, que é a Quando o fator de potência é igual a zero (0),
energia que faz com que as colisões ocor‐ o fluxo de energia é inteiramente reativo e a
ram. energia armazenada é devolvida totalmente
à fonte em cada ciclo. Quando o fator de po‐
A descoberta deste fenômeno pro‐
tência é igual a 1, toda a energia fornecida
piciou vários benefícios, dentre eles, os mais
pela fonte é consumida pela carga. Normal‐
utilizados, lâmpadas incandescentes e chu‐
mente o fator de potência é assinalado como
veiros elétricos no dia a dia, assim como nas
atrasado ou adiantado para definir a defasa‐
indústrias, subestações e casas, fusíveis e
gem do ângulo de Fase entre as ondas de
disjuntores na proteção de circuitos.
corrente e tensão elétricas de um determi‐
nado circuito.
1.12 FATOR DE POTÊNCIA
A energia reativa, ao contrário da
Nas instalações elétricas de cor‐ ativa, não gera calor por efeito joule em
rente alternada, faz‐se necessária a diferen‐ grandes proporções. O calor produzido, em
ciação entre a presença de potência ativa (P) relação à potência disponível, é mínimo e re‐
e reativa (Q). Simplificadamente a potência ferente apenas à resistência ôhmica dos con‐
ativa é a que efetivamente produz trabalho dutores dos enrolamentos envolvidos na for‐
num circuito elétrico. mação dos campos magnéticos, ou à cor‐
rente de fuga nos dielétricos dos capacito‐
A potência reativa é um tipo de
res. Isso se deve a que potência reativa é
energia que retorna para a fonte e não pro‐
conservativa (a energia é armazenada nos in‐
duz trabalho útil. É utilizada para produzir os
dutores/capacitores durante metade do ci‐
campos elétricos e magnéticos necessários
clo e depois retorna ao gerador na outra me‐
ao funcionamento de determinados tipos de
tade do ciclo senoidal).
carga como os motores e reatores de lâmpa‐
das fluorescentes, por exemplo. Quando re‐ Porém, uma vez que essa energia
presentamos essas suas formas de energia armazenada retorna para a fonte e não pro‐
em um triângulo, conhecido como Triângulo duz trabalho útil, um circuito com baixo fator
de Potências, a hipotenusa que fecha os dois de potência terá correntes elétricas maiores
vetores é conhecida como Potência Apa‐ para realizar o mesmo trabalho do que um
rente (S). circuito com alto fator de potência; maior
corrente elétrica implica em maior aqueci‐
S2 = P2 + Q2
mento dos condutores elétricos, o que pode

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 81


CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO À TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

levar à ideia incorreta de que correntes rea‐ maneira, a taxa de perda de calor por uma su‐
tivas produzem trabalho. perfície exposta depende da velocidade do
vento incidente sobre essa superfície: quanto
1.13 RESFRIAMENTO PELO VENTO1 maior a velocidade, mais rápido o resfria‐
mento. Porém, chega‐se a uma determinada
Além das trocas de calor por condu‐ velocidade a partir da qual um aumento na
ção e irradiação, o resfriamento ou aqueci‐ velocidade do vento já não provoca um con‐
mento pelo contato com a atmosfera circun‐ siderável aumento na dissipação de calor.
dante aos componentes elétricos, pode Isso ocorre porque o fenômeno da transmis‐
ocorrer por ventilação ou convecção, natural são de calor é também dependente da turbu‐
e/ou forçada. A convecção natural ocorre lência gerada e, dependendo do fator, da
quando o objeto é deixado em repouso, forma do objeto exposto, a turbulência tem
imerso em uma atmosfera igualmente em um limite. Para objetos estáticos, o efeito do
repouso. A superfície do objeto, em contato vento reduz mais rapidamente a temperatura
físico com as moléculas ou átomos do gás cir‐ do que a sua simples inserção no ambiente. O
cundante, transfere calor, aumentando a vento não pode, contudo, reduzir a tempera‐
sua energia cinética. Isso, por sua vez, as tura de objetos que estão a uma temperatura
torna menos densas e assim estabelece‐se inferior a sua, independentemente de sua ve‐
um fluxo contíguo e contínuo de gás ascen‐ locidade. A única exceção é se contiver uma
dente chamado de convecção. Em tempo: grande quantidade de água dissolvida. Neste
não se utiliza o conceito de convecção for‐ caso, a água roubará mais calor para mudar
çada, sendo esta sempre natural. A ventila‐ de estado e poderá haver um resfriamento
ção, por sua vez, natural ou forçada, ocorre maior do que o conseguido pela simples troca
pela transferência de calor aos átomos e mo‐ de calor com o ar seco.
léculas que se chocam com o componente A título de exemplo, observe‐se a
de maneira natural (vento) ou forçada (ven‐ Figura 1.12 . As fotos foram obtidas com
tilação). poucos minutos de diferença. A questão que
Em situações de campo, atmosferas se apresenta então é: qual a temperatura
dificilmente estão em repouso. Se forçarmos “real” do transformador e suas conexões, já
o ar circundante ao objeto a colidir contra ele que o vento se apresenta em rajadas e não
a uma determinada velocidade, teremos uma contínuo?
troca térmica acentuadamente maior. Dessa

Anotações:

1 relevante para a atual discussão sobre instalações


Apesar deste assunto já ter sido abordado no
Volume 1, foi repetido no volume atual por ser elétricas.

82 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO À TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

Figura 1.12 – Efeito do vento sobre componentes em ramal de distribuição.

Assim, durante as Inspeções Termo‐ do vento, assim como outros equipamentos


gráficas realizadas em locais abertos, o vento ou construções ao redor.
é um fator importante a ser considerado
Algumas Tabelas existentes, e am‐
para a obtenção de um resultado satis‐
plamente aceitas, fornecem coeficientes
fatório, tanto qualitativo quanto quantita‐
simplificados para serem usados conforme a
tivo. Defeitos ou anomalias graves podem
velocidade média do vento. Tais Tabelas são
ser mascarados mesmo com velocidades re‐
úteis para análises posteriores nos Termo‐
lativamente baixas e pequenos problemas,
gramas, dado que nem sempre é possível
em estágios iniciais, podem nem ser detecta‐
medir com a exatidão necessária as velocida‐
dos. des reais do vento em campo. No caso da
A dissipação de calor pelo vento de‐ Tabela 1.13, os coeficientes fornecem
pende de alguns fatores, tais como a tempe‐ índices de correção para uma placa vertical
ratura e formato do componente, Umidade exposta à diversas velocidades de vento.
Relativa do Ar, velocidade, direção e duração

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 83


CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO À TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

Tabela 1.13 – Fator de correção em função da velocidade do vento.

Velocidade do Vento Fator de


(km/h) correção
< 3,6 1,00
7,2 1,36
10,8 1,64
14,4 1,86
18,0 2,06
21,6 2,23
25,2 2,4
28,8 2,5
Fonte: Adaptado de Maldague, 2001b, p. 501.

Dada a dimensão do efeito do mas contra o vento, pelo lado oposto ao ob‐
vento, o Inspetor de Termografia deve ter jeto em relação a ele. Isso se explica pela
noção dessa influência e sempre optar por Figura 1.13 onde vemos que o Delta T cau‐
realizar as Inspeções sob a menor velocidade sado pelo resfriamento ortogonal é menor
dele. Se essa opção não estiver disponível, que o pelo longitudinal e, dessa maneira, co‐
uma alternativa é tentar obter os Termogra‐ mete‐se um erro menor nas leituras de tem‐
peratura.

Figura 1.13 – Curvas de resfriamento pela direção do vento. Fonte: Burney; Williams; Jones, 1988, p. 86.

Anotações:

84 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO À TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

Apesar da Tabela 1.13 ser de uso co‐ rar a importância de cada componente anô‐
mum entre os Inspetores de Termografia, malo ou defeituoso no âmbito do sistema
por ser uma referência acadêmica, foi reali‐ como um todo. E pior, que cada falha,
zado um estudo experimental que está des‐ quando ocorrer, vai causar uma interrupção
crito no item 1.17, Correções pela de energia para o consumidor e lucro ces‐
Velocidade do Vento deste mesmo capítulo, sante para o cliente da energia.
onde os valores aplicáveis são detalhados e
corrigidos para o resfriamento pela 1.14 CICLO TEÓRICO DE FALHA EM UMA
velocidade do vento. É altamente CONEXÃO ELÉTRICA
recomendável que se observe com atenção
as conclusões a que se chega sobre os 1.14.1 Temperatura versus deterioração
valores corrigidos das Tabelas e comumente
aceitas. Uma investigação com centenas de
Conclusão: a temperatura absoluta conectores defeituosos mostrou que muitos
ou aparente, lida no momento da Inspeção, deles, apesar de apresentarem pequenos
é a resultante de uma série de fatores, nor‐ aumentos de temperatura absoluta (5 a
malmente fora do controle do Inspetor, 10 °C) acima da temperatura ambiente, fo‐
como dimensionamento, carga instantânea, ram encontrados seriamente deteriorados, e
vento no objeto de interesse, emissividade, outros, com temperaturas absolutas de
oxidação e assim por diante. A temperatura 100 °C ou mais, tiveram pequena deteriora‐
não indica, necessariamente, a gravidade de ção visível.
um defeito ou anomalia. Há que se conside‐

Figura 1.14 – Microscopia Atômica de um filme de Cobre de 4nm de espessura.

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 85


CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO À TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

As razões para este aparente para‐ aumenta devido à “fusão” entre as superfí‐
doxo é que, em primeiro lugar, as superfícies cies. Essas soldas não intencionais são, de
nunca são completamente lisas (Figura 1.14 forma geral, pobres e quebradiças por es‐
O aquecimento excessivo por um longo pe‐ tresse mecânico, alta carga, correntes de
ríodo de tempo faz com que as superfícies falta, dilatações e contrações sucessivas e
em contato aqueçam, dilatem, se afastem e mesmo à vibração de frequência industrial.
produzam pequenos arco‐voltaicos – nem Estes eventos fazem parte do ciclo de funci‐
sempre intensos e visíveis – até o ponto em onamento de qualquer conexão e, depois de
que ocorre uma deterioração grave, embora um número indeterminado, mas finito de es‐
nem sempre igualmente visível. Os arcos fa‐ forços, há a ruptura mecânica da solda, com
zem com que, em uma etapa seguinte, as su‐ a ocorrência novamente de um arco e a sol‐
perfícies derretam e soldem entre si, o que dagem das superfícies mais uma vez. En‐
constitui então um caminho de baixa resis‐ quanto esse ciclo continua, a deterioração
tência para o fluxo de correntes. Como resul‐ das superfícies progride; se não detectada a
tado dessa fusão, o aquecimento do compo‐ tempo pela Termografia, a conexão ou con‐
nente pode até cessar completamente por tato apresentará uma falha.
um tempo, uma vez que a área de contato

Figura 1.15 – Circulação de corrente por contatos microscópicos.

Em termos práticos, duas superfí‐ contato nunca são perfeitamente planas


cies mesmo que polidas de uma conexão ou (Figura 1.15 ). Pelo contrário, são

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 86


CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO À TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

constituídas de pequenas irregularidades Esse assentamento diminui o tor‐


que, quando unidas e mantidas assim por que ou pressão exercida entre as superfícies.
torque ou pressão, permitem que a corrente Isso facilita as quebras de outras soldas e o
elétrica passe por elas, de uma superfície ciclo perverso se estabelece. Se a velocidade
para a outra. Devido a sucessivos esforços de de aquecimento for muito rápida, a tendên‐
dilatação e contração por variações na carga cia é a falha em curto prazo. Por outro lado,
aplicada, ou variações atmosféricas se o aquecimento for lento, a tendência é
circadianas ou sazonais, essas pequenas uma fusão mais estável e um período maior
irregularidades vão se deteriorando pelo até a falha. Isso pode ser exemplificado no
processo já explicado. O detalhe é que o gráfico da Figura 1.16 Na Figura 1.17 e na
centelhamento, por sua vez, funde os picos Figura 1.18 pode‐se observar dois casos de
de contato, causando um assentamento deterioração severa sem que haja aqueci‐
entre as superfícies. mento correspondente.

Figura 1.16 – Ciclo hipotético de falha em uma conexão elétrica.

Figura 1.17 – Cabo e terminal severamente oxidados, com carga, soldado e “frios”.

Anotações:
MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 87
CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO À TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

Figura 1.18 – Cabo deteriorado (oxidado internamente), com carga, soldado e “frio”.

A fim de comprovar o ciclo de aque‐ carga, desligado e religado, e a curva de tem‐


cimentos e sucessivas soldas de uma cone‐ peraturas que ele atinge (Figura 1.20 ) apre‐
xão real, foi montado em um experimento, senta as oscilações ocorridas ao longo do
conforme a Figura 1.19 . Nessa montagem, tempo.
um terminal defeituoso é submetido a uma

Figura 1.19 – Experimento com conexão defeituosa.

Conclusão: não se deve deixar en‐ momento desta curva de temperaturas a


ganar pela temperatura. A temperatura me‐ medição está sendo feita. E pior, que cada
dida instantaneamente não indica, necessa‐ anomalia, se evoluir para uma falha, vai cau‐
riamente, a gravidade de um uma anomalia sar uma interrupção de fornecimento de
ou defeito. Há que se considerar a importân‐ energia com reflexos imediatos na produção
cia de cada componente defeituoso no âm‐ e faturamento.
bito do sistema como um todo e em qual

Anotações:

88 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO À TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

Figura 1.20 – Curvas de aquecimento e resfriamento em uma conexão defeituosa.

1.14.2 Caso concreto do Ciclo de Falha em duas em duas horas, no horário comercial.
Seccionadora de Distribuição Após esse período, as leituras foram feitas
sempre que havia disponibilidade da câ‐
Na prática e em instalações expos‐ mera. As variações que se pode observar na
tas às intempéries, os ciclos de variação tem‐ temperatura, são devidas não só ao horário
peratura são mais complexos. No exemplo em que as imagens foram feitas (variações
da Figura 1.21 , uma chave seccionadora em de carga), mas também em função de even‐
um poste é acompanhada durante alguns tos atmosféricos (chuva, no caso).
dias. No primeiro dia, as leituras são feitas de

Figura 1.21 – Acompanhamento de variação de temperatura ao longo do tempo.

Anotações:
MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 89
CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO À TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

Figura 1.22 – Acompanhamento de variação de temperatura ao longo do tempo.

Os valores de cada imagem térmica podem ser vistos na Tabela 1.14, e a variação, no
gráfico (Figura 1.23 ).

Tabela 1.14 – Valores lidos em seccionadora.

Temperatura ΔT TMax
Pág. Data Hora A1 A3
ambiente (A3 – A1) Imagem
1 07/04/2013 18:20:13 20,0 °C 22,3 °C 138,0 °C 115,72 138,0 °C

2 07/04/2013 20:41:48 20,0 °C 22,1 °C 167,7 °C 145,61 167,7 °C

3 07/04/2013 20:43:41 20,0 °C 21,6 °C 163,4 °C 141,74 163,4 °C

4 08/04/2013 08:00:30 20,0 °C 18,8 °C 148,2 °C 129,39 148,2 °C

5 08/04/2013 10:18:35 20,0 °C 20,9 °C 196,6 °C 175,67 196,6 °C

6 11/04/2013 10:34:28 27,0 °C 27,0 °C 226,8 °C 199,75 226,8 °C

7 12/04/2013 11:17:00 27,0 °C 31,7 °C 243,2 °C 211,52 243,2 °C

8 12/04/2013 18:16:27 27,0 °C 20,3 °C 51,6 °C 31,33 51,6 °C

9 12/04/2013 19:27:01 27,0 °C 18,3 °C 118,3 °C 100,05 118,3 °C

10 13/04/2013 10:46:05 18,0 °C 22,7 °C 143,6 °C 120,94 143,6 °C

11 13/04/2013 19:39:35 18,0 °C 20,1 °C 143,1 °C 122,98 143,1 °C

12 14/04/2013 10:40:45 16,9 °C 19,9 °C 119,1 °C 99,17 119,1 °C

13 15/04/2013 19:17:40 20,0 °C 19,7 °C 170,7 °C 150,98 170,7 °C

Fonte: THERMOTRONICS.

Anotações:

90 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO À TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

Figura 1.23 – Gráfico ao longo do tempo das temperaturas em seccionadora.

Ainda, como exemplo da atenuação e para fins de simulação de chuva, foi utili‐
que a água dissolvida na atmosfera causa na zado um esguicho para criar uma cortina
radiação infravermelha emitida, veja‐se a si‐ d’água de aproximadamente 50 cm de lar‐
mulação nas Figura 1.24 e Figura 1.25 . Nessa gura em forma de chuveiro entre a câmera e
experiência, foi posicionado na ortogonal à o resistor. A temperatura medida nessas
câmera um resistor plano com temperatura condições caiu para 89 °C.
estável a uma distância de seis metros,
sendo que a temperatura medida foi de
114 °C não havendo nada além de ar atmos‐
férico entre a câmera e o resistor. Após isso,

Figura 1.24 – Resistor a 6 m de distância com atmosfera limpa.

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 91


CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO À TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

Figura 1.25 – Resistor a 6 m de distância com água na atmosfera, 9 segundos após.

Conclusão: não se deve deixar en‐ em conta a criticidade dos equipamentos, o


ganar pela temperatura absoluta. A tempe‐ tempo de Inspeção, a ordem de importância
ratura medida no momento da Inspeção Ter‐ de cada equipamento na planta inspecio‐
mográfica não é um indicador 100% seguro nada, o número de pontos ou a sequência de
da gravidade de um uma anomalia ou de‐ produção. Seu objetivo é cobrir o maior nú‐
feito. Ele pode estar em um ciclo de baixa ou, mero de equipamentos ou objetos de inte‐
como nos casos da Figura 1.17 e da Figura resse no menor tempo possível.
1.18 , estar completamente soldado e frio. Sempre que a Termografia é reali‐
Para um diagnóstico correto, há que se con‐ zada com equipamento próprio, o roteiro de
siderar, em primeiro lugar, se a periodici‐ Inspeções tenderá a ser muito mais com‐
dade em que é inspecionado é adequada. Se pleto, ou seja, serão vistoriados todos os
for inadequada, é possível passar por um pontos que sejam possíveis. Quando o ser‐
componente defeituoso sem que este se viço é terceirizado, dá‐se prioridade aos pon‐
apresente aquecido. Em segundo lugar, a im‐ tos mais críticos da instalação ou dos equipa‐
portância de cada componente no âmbito do mentos.
sistema como um todo e em qual momento
desta curva de temperaturas a medição está Dá‐se preferência àqueles roteiros
sendo feita. E em último lugar, mas não me‐ que trazem em si uma sequência lógica de
nos importante, que cada anomalia, se evo‐ percurso, ou um caminho geográfico otimi‐
luir para uma falha, vai causar uma interrup‐ zado de tal forma a otimizar o rendimento da
ção de fornecimento de energia com refle‐ Inspeção. Um roteiro bem organizado é uma
xos imediatos na produção e faturamento. ferramenta de produtividade já que se gasta
menos tempo, mas não se deixa nenhum
1.15 ROTEIROS DE INSPEÇÃO equipamento sem ser inspecionado. Devem
ser organizados por TAG’s ou, caso não exis‐
tam, utilizando uma ordenação de conjuntos
Para uma boa Inspeção é necessário
continentes para o seu conteúdo.
seguir – ou criar, quando ainda não há – um
roteiro, uma rota de locais, equipamentos e
componentes a ser seguida durante a Inspe‐
ção. Um roteiro pode ser criado levando‐se

92 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO À TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

1.16 CORREÇÕES PELAS CARGAS NOMINAL apresenta uma anomalia térmica. Diferenças
E INSTANTÂNEA ou anomalias térmicas podem surgir devido
a cargas instantâneas, no momento da Ins‐
Qualquer equipamento ou compo‐ peção, serem menores, ou eventualmente
nente elétrico é projetado para trabalhar em até maiores, do que a capacidade nominal
um ambiente determinado, a uma tempera‐ do equipamento, ou ainda devido a deficiên‐
tura específica e, quando submetido à sua cias internas em seus materiais e funções
carga de projeto, deverá aquecer até um de‐ constituintes.
terminado valor chamado de “temperatura
Cabe ao Inspetor de Termografia,
nominal de operação”. Essas condições pro‐
junto com responsável pela manutenção
duzem uma distribuição térmica caracterís‐
e/ou operação da instalação, obter as infor‐
tica em sua função plena. Quando essa dis‐
mações da carga de cada circuito para avaliar
tribuição térmica aparece alterada ou desvi‐
a severidade das anomalias detectadas, in‐
ada de sua característica típica quando visu‐
cluindo a possibilidade de algum ponto “frio”
alizada através de um termovisor, diz‐se que
evoluir para uma anomalia.
o referido componente ou equipamento

Figura 1.26 – Curva quadrática de Potência versus Corrente – P X I.

A Temperatura irradiada por um Assim, pode‐se perceber que as


componente aquecido, ou potência temperaturas crescerão exponencialmente
dissipada, seguirá a Lei de Joule, crescendo com o aumento da corrente passante.
na razão quadrática da corrente instantânea.
MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 93
CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO À TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

Utilizando a equação: para algumas situações de carga passante


que não são a nominal do componente.

Serão utilizadas as condições de
Temperatura Ambiente de 40 °C e cargas de
Onde Tfinal é a Temperatura corri‐
100%, 75%, 50% e 30%. A temperatura ins‐
gida para 100% da carga nominal do compo‐
tantânea medida do componente de inte‐
nente de interesse ou objeto, Tinst é a Tem‐
resse, nesse caso, um contato, será sempre
peratura medida no instante da Inspeção,
de 60 °C. Da mesma maneira, é importante
CGn é a Carga Nominal do componente e CGi
salientar que essas temperaturas não levam
sua carga instantânea. A seguir, alguns
em conta um eventual resfriamento por con‐
exemplos dessa correção de temperaturas
vecção ou ventilação forçada.

Figura 1.27 – Correção de carga instantânea 100% para nominal a 100%.

Como se pode observar pelos resul‐ for medida quando estiver com 100% de sua
tados apresentados na Figura 1.25 se a carga nominal, não haverá correção para
temperatura no componente de interesse esse valor.

Figura 1.28 – Correção de carga instantânea 75% para nominal a 100%.

Já no caso da Figura 1.25 , a a corrente nominal venha a circular por esse


temperatura do componente de interesse componente. Nessa projeção, a temperatura
foi medida quando apresentava 75% de sua obtida é um bom indicador do estado
carga nominal. A temperatura medida, ao interno do componente inspecionado. Neste
ser corrigida ou projetada para 100% da caso, pode‐se verificar então que a máxima
capacidade do componente, fornecerá uma temperatura admissível para o componente
ideia de qual temperatura será atingida, caso será ultrapassada.

94 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO À TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

Figura 1.29 – Correção de carga instantânea para nominal a 50%.

Em uma situação que a a temperatura projetada ou corrigida para


temperatura for lida com apenas 50% da 100% subirá significativamente, atingindo
carga nominal do componente de interesse, algo próximo aos 120 °C.

Figura 1.30 – Correção de carga instantânea para nominal a 30%.

No caso de uma situação extrema, explica porque a curva de correção é uma


se poderia ler a temperatura de um função quadrática (P= RI2)e, quanto menor a
componente de interesse com apenas 30% carga, maior a inclinação da curva, levando a
de sua capacidade nominal. No entanto, e um grau de erro igualmente inaceitável para
por esse motivo, NÃO se recomenda que fins de estimativa de gravidade da anomalia.
componentes elétricos sejam inspecionados Se traçarmos a curva de correção
com menos de 40% de sua corrente nominal para esses valores, teríamos algo como o
circulando no momento da Inspeção, a apresentado na Figura 1.32
temperatura projetada para 100% da carga
subirá para inaceitáveis 260 °C. Isso se

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 95


CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO À TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

Figura 1.31 – Temperaturas corrigidas pela carga percentual.

O objetivo de corrigir a temperatura


1.17 CORREÇÕES PELA VELOCIDADE DO
medida instantâneamente para 100% da
VENTO
carga nominal ou de projeto do componente
de interesse é poder estimar o “tamanho” da
No Item 1.16 foi apresentada a cor‐
anomalia ou defeito que existe ali. Muitas
reção das temperaturas aparentes medidas
vezes problemas graves são ignorados
considerando o fator carga passante sendo
porque se mede apenas a temperatura
que não foi considerado o efeito do resfria‐
aparente instantânea no momento da
mento pelo vento nos cálculos (ver introdu‐
Inspeção, ignorando o fator carga.
ção a esse assunto no Item 1.13 deste Capí‐
tulo). Caso levássemos isso em considera‐
ção, aplicando os fatores de correção da Ta‐
bela de Maldague, teríamos uma situação
mais grave ainda.

96 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO À TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

Tabela 1.15 – Fator de correção em função da velocidade do vento.

Velocidade do Vento (km/h) Fator de correção

< 3,6 1,00


7,2 1,36
10,8 1,64
14,4 1,86
18,0 2,06
21,6 2,23
25,2 2,4
28,8 2,5
Fonte: Adaptado de Maldague, 2001b, p. 501.

Os valores da Tabela 1.16 devem nexão defeituosa apresentaria se o resfria‐


então ser entendidos como apresentando o mento pelo vento cessasse, por motivos na‐
valor de temperatura que a anomalia da co‐ turais ou não.

Tabela 1.16 – Correção para 100% da carga nominal para interrupção da ventilação.
Temperatura

Temp. 100%

Temp. 100%
Vento km/h
Instantânea

Temp. 75%

Temp. 75%

Temp. 50%

Temp. 50%

Temp. 30%

Temp. 30%
SEM vento

SEM vento

SEM vento

SEM vento
com vento

com vento

com vento

com vento
Vento m/s
medida °C

pela V.V.
correção
Fator de

<
1 60 < 3,60 1,00 60,00 60,00 75,6 75,60 120,00 120,00 262,20 262,20
1,01
2 60 7,20 2,02 1,36 60,00 81,60 75,6 102,82 120,00 163,20 262,20 356,59

3 60 10,80 3,02 1,64 60,00 98,40 75,6 123,98 120,00 196,80 262,20 430,01

4 60 14,40 4,03 1,86 60,00 111,60 75,6 140,62 120,00 223,20 262,20 487,69

5 60 18,00 5,04 2,06 60,00 123,60 75,6 155,74 120,00 247,20 262,20 540,13

6 60 21,60 6,05 2,23 60,00 133,80 75,6 168,59 120,00 267,60 262,20 584,71

7 60 25,20 7,06 2,40 60,00 144,00 75,6 181,44 120,00 288,00 262,20 629,28

8 60 28,80 8,06 2,50 60,00 150,00 75,6 189,00 120,00 300,00 262,20 655,50
Fonte: THERMOTRONICS.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 97


CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO À TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

Para compreender melhor a Tabela 1.16, será utilizada como exemplo a linha nº 4.
Temperatura

Temp. 100%

Temp. 100%
Vento km/h
Instantânea

Temp. 75%

Temp. 75%

Temp. 50%

Temp. 50%

Temp. 30%

Temp. 30%
SEM vento

SEM vento

SEM vento

SEM vento
com vento

com vento

com vento

com vento
Vento m/s
medida °C

pela V.V.
correção
Fator de
4 60 14,40 4,03 1,86 60,00 111,60 75,6 140,62 120,00 223,20 262,20 487,69

Nessa situação, e evidentemente vento cessar, a temperatura irá para aproxi‐


utilizando um Termovisor com resolução madamente 223 °C! Isso é importante para
adequada, teremos lido uma temperatura avaliarmos a gravidade da situação: mesmo
de 60 °C em um componente de interesse com uma temperatura instantânea “baixa”
que está sujeito a um resfriamento pelo na ordem de 60 °C, se a carga for baixa (em
vento, forçado ou natural, de 4 m/s. Diversas torno dos 50%) e houver vento resfriando o
situações de carga poderão estar presentes mesmo componente, a sua temperatura fi‐
nessa leitura. Assim, se a carga passante pelo nal poderá ser muito elevada, da ordem de
componente de interesse for de 100% (a sua 220 °C.
carga nominal ou de projeto), a temperatura A mesma correção pode ser apli‐
corrigida para esses 100% de carga será evi‐ cada diretamente à temperatura instantâ‐
dentemente os mesmos 60 °C. Como nessa nea medida sem levar em consideração uma
simulação temos ainda um resfriamento de
correção pelo percentual de carga aplicada.
4 m/s, a temperatura projetada para 100% Essa situação é muito comum em painéis ti‐
da carga, QUANDO O RESFRIAMENTO PELO ristorizados onde é normal encontrar venti‐
VENTO CESSAR, será de aproximadamente
lação forçada. Nesse caso, a Tabela de corre‐
111 °C. Se a carga passante for de 50%, a ção para as temperaturas medidas ficariam
temperatura corrigida para 100% da carga como apresentado na Tabela 1.17, cujas cur‐
será de 120 °C. Mas, e novamente, quando o vas estão traçadas na Figura 1.32 .

Anotações:

98 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO À TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

Tabela 1.17 – Correção de temperatura instantânea para interrupção da ventilação.

Fator de correção

Valor corrigido –

Valor corrigido –

Valor corrigido –

Valor corrigido –

Valor corrigido –

Valor corrigido –

Valor corrigido –
temp. medida

temp. medida

temp. medida

temp. medida

temp. medida

temp. medida

temp. medida
Vento km/h

Vento m/s

pela V.V.

100 °C
40 °C

50 °C

60 °C

70 °C

80 °C

90 °C
1 3,60 1,01 1,00 40,00 50,00 60,00 70,00 70,00 90,00 100,00

2 7,20 2,02 1,36 54,40 68,00 81,60 95,20 95,20 122,40 136,00

3 10,80 3,02 1,64 65,60 82,00 98,40 114,80 114,80 147,60 164,00

4 14,40 4,03 1,86 74,40 93,00 111,60 130,20 130,20 167,40 186,00

5 18,00 5,04 2,06 82,40 103,00 123,60 144,20 144,20 185,40 206,00

6 21,60 6,05 2,23 89,20 111,50 133,80 156,10 156,10 200,70 223,00

7 25,20 7,06 2,40 96,00 120,00 144,00 168,00 168,00 216,00 240,00

8 28,80 8,06 2,50 100,00 125,00 150,00 175,00 175,00 225,00 250,00

Fonte: THERMOTRONICS.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 99


CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO À TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

Figura 1.32 – Curvas de correção de temperaturas medidas pela extinção de ventilação.

Como se pode observar nas curvas ortogonais ao componente de até 1 m/seg.,


da Figura 1.32 , para uma determinada tem‐ o fator de correção seja igual a 1, parece sim‐
peratura medida, se o resfriamento pelo plesmente simplificador em excesso. Para
vento, forçado ou não, for interrompido, a confirmar se o fator era realmente 1, foram
temperatura final se elevará significativa‐ montados os seguintes experimentos:
mente.
Apesar de constar como referência Experimento 1. Foi posicionado um
na literatura especializada (Maldague, ventilador transversal ortogonalmente em
2001b, p. 501) e Manuais de fabricante de frente a um resistor alimentado por uma cor‐
equipamentos termográficos (FLIR P‐660, rente fixa e foi‐se afastando‐o progressiva‐
2011, p. 249), considerar que, para ventos mente do ventilador. A cada distância em

100 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO À TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

que a velocidade do vento variava de 1 m/s, vez mais turbulento devido ao caminho per‐
foi aguardado até que a temperatura estabi‐ corrido. Para essa experiência, foi utilizado
lizasse e então realizado um Termograma um Termovisor FLIR SC660 de 640 x 480
para a leitura de temperatura do resistor. A pixels para que a resolução espacial não pre‐
Figura 1.33 exemplifica a disposição dos judicasse a leitura das temperaturas e um
equipamentos. Com a distância aumen‐ anemômetro Kestrell 4.000. A distância má‐
tando, o vento que atingia o resistor era cada xima para atingir 1 m/s no resistor foi de 3,7
m:

Figura 1.33 – Croquis para verificação de Resfriamento a 1 m/seg – distância variável.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 101


CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO À TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

Figura 1.34 – Fotos da montagem com distância variável entre o ventilador e o resistor.

102 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO À TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

Figura 1.35 – Montagem com distância variável para vento no resistor de 1 a 5 m/s.

Os resultados obtidos com esse experimento podem ser vistos na Figura 1.36 :

Figura 1.36 – Curva de atenuação de temperatura com resfriamento e distância variável.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 103


CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO À TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

Figura 1.37 – Termogramas do resfriamento pelo vento com distância variável.

Experimento 2. Foi posicionado o 1.38 exemplifica a disposição dos equipa‐


mesmo ventilador transversal da Experiência mentos. Com a distância fixa, o vento que
1 ortogonalmente em frente ao resistor ali‐ atingia o resistor não tinha a sua turbulência
mentado por uma corrente fixa e manteve‐ alterada em função da distância. Para essa
se uma distância fixa do ventilador. O venti‐ experiência, foi utilizado um termovisor FLIR
lador foi tendo sua velocidade alterada de P‐660 de 640 x 480 pixels para que a resolu‐
maneira que o vento que atingia o resistor ção espacial não prejudicasse a leitura das
fosse variando de 1 em 1 m/seg. A Figura temperaturas e um anemômetro Kestrell
4.000. A distância fixa foi de 0,5 m:

104 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO À TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

Figura 1.38 – Croquis para verificação do Resfriamento a 1 m/seg. com distância fixa.

Figura 1.39 – Montagem com distância fixa para velocidade de vento de 1 m/s a 5 m/s.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 105


CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO À TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

Figura 1.40 – Montagem com distância fixa para velocidade de vento de 1 e 5 m/s.

Figura 1.41 – Curva de atenuação de temperatura com resfriamento a distância fixa.

Anotações:

106 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO À TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

Figura 1.42 – Termogramas do resfriamento pelo vento com distância fixa.

Como se pode observar, as duas cuidados extremos. No entanto, e para


curvas são bastante semelhantes. No en‐ aqueles que decidirem por sua conta própria
tanto, o resfriamento a 1 m/s definitiva‐ correr os riscos implícitos nos resultados
mente acontece e o fator de correção igual a dela, os coeficientes empíricos obtidos para
1, apresentado na literatura técnica, é evi‐ correção de temperaturas por vento ortogo‐
dentemente incorreto. A experiência des‐ nal são:
crita foi efetuada sem a exatidão científica e

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 107


CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO À TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

Tabela 1.18 – Distância FIXA.

1 m/s 2 m/s 3 m/s 4 m/s 5 m/s


T0 = 279,8 °C
3,6 km/h 7,2 km/h 10,8 km/h 14,4 km/h 18 km/h
Temperatura Medida 169,8 141,5 120,9 109,2 99,6
Coeficiente Correção 1,65 1,98 2,32 2,56 2,8
Fonte: THERMOTRONICS.

Tabela 1.19 – Distância VARIÁVEL.

1 m/s 2 m/s 3 m/s 4 m/s 5 m/s


T0 = 285,9 °C
3,6 km/h 7,2 km/h 10,8 km/h 14,4 km/h 18 km/h
Temperatura Medida 154,8 121,7 108,0 105,3 99,7
Coeficiente Correção 1,84 2,34 2,65 2,72 2,87
Fonte: THERMOTRONICS.

Tabela 1.20 – Coeficiente MÉDIO EMPÍRICO.

1 m/s 2 m/s 3 m/s 4 m/s 5 m/s


3,6 km/h 7,2 km/h 10,8 km/h 14,4 km/h 18 km/h
Coeficiente MÉDIO 1,75 2,16 2,49 2,64 2,84
Fonte: THERMOTRONICS.

Tabela 1.21 – Comparação da ACADÊMICA com a EMPÍRICA.

1 m/s 2 m/s 3 m/s 4 m/s 5 m/s


3,6 km/h 7,2 km/h 10,8 km/h 14,4 km/h 18 km/h
Erro no Coeficiente
de Correção +75% +59% +51% +42% +38%
Acadêmico
Fonte: THERMOTRONICS.

A Tabela 1.21 (Fator de correção em como 100 °C e que esteja sujeito a um vento
função da velocidade do vento) apresenta mínimo, uma leve brisa de 1 m/s, em um
então que, para atingir os valores empíricos, caso teria sua temperatura corrigida para
a Tabela acadêmica deve ter seus valores 175 °C caso o vento cessasse, mas, de acordo
corrigidos pelos valores constantes nela. com a literatura acadêmica, a temperatura
ficaria inalterada. A diferença encontrada é
A conclusão então é de que os valo‐
muito grande para ser ignorada e os critérios
res encontrados empiricamente nas experi‐
de intervenção e avaliação de gravidade se‐
ências efetuadas são muito mais conservati‐
rão seriamente modificados pela utilização
vos que os fornecidos pela literatura consul‐
de um critério mais objetivo e mais conser‐
tada.
vador. Como resultado dessa aplicação, o
Em um exemplo simples, um conec‐ sistema poderá se tornar mais confiável pela
tor que tenha sua temperatura medida intervenção mais precoce.

108 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO À TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

a localização e posição de
1.18 CONSISTÊNCIA TÉRMICA E anomalias e avaliá‐las. Com essas
DISCRIMINAÇÃO VISUAL informações, ela emite um
diagnóstico e um prognóstico
A Termografia é um ensaio visual qualitativo.
que permite, adicionalmente, a leitura de va‐
lores de temperatura pixel a pixel. De posse Com a Termografia qualitativa,
destas duas informações, são elencadas ava‐ usa‐se a imagem térmica em si mesma, cor‐
liações das anomalias encontradas que po‐ retamente ajustada e focalizada, para des‐
dem ser divididas em duas categorias: quali‐ cobrir e avaliar possíveis anomalias. Se já é
tativas e quantitativas. do conhecimento do pessoal técnico que
existem problemas que geram aquecimen‐
1.18.1 Termografia comparativa tos não localizados em um equipamento,
Quantitativa e Qualitativa instalação ou componente, e a Termografia
não encontra anomalias compatíveis, a Ter‐
O que faz da Termografia uma fer‐ mografia não terá sido executada correta‐
ramenta verdadeiramente única e valiosa é mente. Esta é a principal razão pela qual se
principalmente a imagem térmica em si investe tanto tempo no aprendizado da in‐
mesma, que fornece não apenas a tempera‐ terpretação de imagens térmicas.
tura dos componentes, mas, e principal‐ Ao varrer uma instalação qualquer,
mente, uma visão sintética do que está ocor‐ com a câmera infravermelha corretamente
rendo termicamente naquele instante. Dife‐ ajustada (Foco e Amplitude Térmica corre‐
renciar padrões de distribuição de tempera‐ tas), as análises qualitativas são feitas natu‐
turas e determinar o local e a origem de uma ral e continuamente. Tudo que é inspecio‐
anomalia é fundamental. Por outro lado, nado é analisado intuitiva e qualitativa‐
uma única leitura de temperatura não for‐ mente, mesmo que somente por uma fra‐
nece informações suficientes para um diag‐ ção de segundo. Se um componente estiver
nóstico e um prognóstico confiáveis. “visivelmente” normal, ou aceitável, sim‐
plesmente segue‐se adiante. Este é um pro‐
1.18.2 Qualitativo cessamento cognitivo que o Inspetor de‐
sempenha com maior ou menor facilidade,
Definição: dependendo de seus conhecimentos do in‐
A Termografia qualitativa fravermelho e dos componentes ou equipa‐
faz um diagnóstico e avalia o mentos sendo inspecionados. Se algo ou al‐
gum componente apresentar um padrão
estado de um objeto de interesse
suspeito ou desconhecido, despende‐se en‐
pela forma da sua distribuição de
tão mais tempo em uma análise mais deta‐
temperaturas aparentes, o ponto lhada. Se ainda assim alguma dúvida persis‐
de origem, a intensidade relativa e tir, imediatamente passa‐se a uma análise
os padrões térmicos envolvidos quantitativa para o diagnóstico ou não de
para confirmar a existência, definir uma anomalia significativa.

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 109


CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO À TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

Durante a análise qualitativa, o Ins‐ A Termografia quantitativa


petor executa uma avaliação da consistên‐ usa medições de temperatura aparente
cia, ou coerência, da distribuição térmica en‐ como um critério diagnóstico para de‐
contrada. Todos os equipamentos elétricos
terminar a existência ou não de uma
sofrem algum tipo de aquecimento devido
ao efeito Joule, porém cabe ao Inspetor de anomalia, a sua gravidade, avaliar um
Termografia analisar a origem, dispersão e prognóstico de comportamento e esta‐
normalidade destas distribuições. Um conta‐ belecer prioridades de intervenção e/ou
dor fechado continuamente, por exemplo, reparo.
tem sua bobina sempre aquecida, e deve exi‐
bir uma distribuição térmica aproximada‐ Quando uma anomalia é identifi‐
mente simétrica – de acordo com o seu pro‐ cada qualitativamente, é importante – se for
jeto – em todo seu corpo. Uma ou mais co‐ possível – quantificar a sua gravidade. Em
nexões com temperaturas assimétricas que termos industriais, normalmente não há re‐
fujam do padrão já são passiveis de recebe‐ cursos humanos e de material suficientes
rem uma maior atenção. para solucionar imediatamente todo e qual‐
As palavras chave para qualquer quer problema ou anomalia térmica locali‐
avaliação Termográfica em instalações elé‐ zada pela Termografia. Se isso fosse possível,
tricas são: consistência ou coerência e pro‐ a Termografia qualitativa sozinha seria sufi‐
porcionalidade. Os principais fatores de con‐ ciente, e a medição de temperatura real‐
sistência são: condições ambientais (tempe‐ mente não seria necessária.
ratura ambiente, ventilação, umidade rela‐
tiva do ar, insolação), carga instantânea, di‐ A utilidade da quantificação da
mensionamento, instalação, capacidade no‐ temperatura reside na possibilidade de
minal, idade, superfície (emissividade), ân‐ classificar as anomalias e ou os problemas de
gulo e resolução óptica empregada. Os fato‐ forma que se possa solucioná‐los em ordem
res de proporcionalidade são: carga instan‐ de prioridade, tanto para o processo de
tânea (no momento da Inspeção), carga no‐ produção quanto para a segurança pessoal
minal, diferença entre temperatura ambi‐ dos colaboradores. No entanto, é
ente e do objeto de interesse ou anomalia, importante considerar que somente pelo
carga típica de trabalho, sobre dimensiona‐ fato de uma anomalia não ter sido colocada
mento (se for o caso). A proporcionalidade no topo da lista quantitativamente, não
deve ainda obedecer, salvo situação intenci‐ significa que ela possa ser menosprezada.
onalmente diferente, à lei de Gauss no que
tange à dispersão das temperaturas obser‐ A Termografia quantitativa associ‐
vadas. Todos esses fatores devem formar ada a uma série de critérios, conforme o
um todo coerente na imagem. Item 2.2 do presente capítulo, ou ainda a
normas específicas e internas a uma deter‐
1.18.3 Quantitativo minada indústria, permite refinar o diagnós‐
tico da gravidade de uma anomalia. Esses cri‐
Definição: térios incluem, mas não se limitam a: tipo
equipamento, criticidade ou posição estraté‐

110 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO À TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

gica do componente ou equipamento na li‐ Em alguns casos, ela é retirada das especifi‐
nha de produção, comportamento esperado cações do fabricante do componente, de da‐
ou já conhecido, segurança e fatores ambi‐ dos históricos ou de alguma norma técnica
entais como a velocidade do vento. aplicável. Em equipamentos elétricos, uma
referência frequente é o componente adja‐
Outro fator importante é o Delta T
cente em outra Fase, desde que a carga seja
(ΔT), ou seja, a diferença da medida da tem‐
a mesma. O pressuposto implícito é de que o
peratura aparente do componente com a
componente de referência apresenta a tem‐
anomalia, e alguma temperatura de referên‐
peratura “normal” ou sadia, que o compo‐
cia. Essa comparação pode ser com a tempe‐
nente de interesse com anomalia ou pro‐
ratura ambiente ou com outro equipamento
blema deveria apresentar, se estivesse em
similar que esteja operando em condições
boas condições.
semelhantes. A medição do ΔT é usada para
determinar quanto a anomalia diverge em
1.18.4 Comparando os métodos qualitativo
comparação a um valor estatisticamente
e quantitativo
“normal” ou já conhecido. Chama‐se a isso de
medição comparativa, quantitativa.
Como abordagens complementa‐
Para que esse critério seja confiável, res, e não mutuamente excludentes, os mé‐
uma referência precisa ser determinada para todos Qualitativo e Quantitativo tem carac‐
o que é considerado “normal” ou aceitável. terísticas bem definidas. A Tabela 1.22 re‐
sume os conteúdos:

Tabela 1.22 – Comparativo entre Termografia Qualitativa e Quantitativa.

Qualitativo Quantitativo

Análise mais lenta. Depende de uma série de


ajustes, configurações e correções: foco, óptica
Análise Rápida e consistente.
externa, amplitude térmica, temperatura
ambiente, velocidade do vento, ângulo...

Analisa PADRÕES na imagem. Analisa TEMPERATURAS na imagem.

Usada para definir a EXISTÊNCIA Usada para ajudar a CLASSIFICAR


ou não de uma Anomalia. a gravidade de uma anomalia.

Têm de compensar outros fatores externos


Descobre ONDE a Anomalia está localizada. como carga percentual e resfriamento, ângulo
de visada, emissividade, etc.

Utiliza a Temperatura aparente apenas,


Nem sempre é relevante ou exata.
sem correções mais exatas.

A avaliação quantitativa depende de


É a primeira impressão intuitiva.
cálculos, normas e referências.
Fonte: THERMOTRONICS.

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 111


CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO À TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

1.18.5 Um T de 5°C em 13.8 kV é muito Então, o que deve ser considerado


mais crítico que um T 50° em 380 aqui é que a disponibilidade de queda de
V? tensão é limitada: no sistema 380 V, a má‐
xima queda de tensão para uma conexão de‐
A tendência do diagnóstico quanti‐ feituosa será os próprios 380 V e isso irá dis‐
tativo é menosprezar pequenos sobreaque‐ sipar sobre um mau contato de 0,095Ω a po‐
cimentos, como se uma temperatura menor tência de 38.000 W
representasse um risco menor para as insta‐ Já em um sistema de 13.800 V, a
lações. queda de tensão máxima sendo os próprios
A fim de esclarecer a gravidade de 13.800 V, para uma conexão defeituosa com
anomalias similares em tensões diferentes, 0,095Ω
será efetuada uma simulação teórica simpli‐ P = 13.800. 2,7 = 37.260 W
ficada onde não serão levados em conside‐
Ou seja, praticamente a mesma potência. No
ração fatores de forma, umidade relativa do
entanto, temos ainda de considerar que:
ar, ventilação natural e emissão de calor por
radiação.  Área de cobre típica para circulação de
100A = 40 mm2
Vamos considerar então, e apenas
para fins de exemplo, um sobreaquecimento  Área de cobre típica para circulação de 3
de 50 °C em um circuito em 380 V e corrente A = 1,1 mm2
de 100 A. Considerando uma carga resistiva, Ou seja: um condutor, barra ou conector em
com fator de potência igual a 1, temos então 380 V para conduzir uma potência limite de
que, como: 38 kW tem de ter 40 mm2 no mínimo e
P = V.I e P = RI2 dissipará, a grosso modo, 0,95 kW/mm2.
Já em 13.8 kV, o condutor ou conec‐
uma conexão defeituosa que cause uma
tor dissipará para praticamente a mesma po‐
queda de tensão de 9,5 V (2,5% de 380V),
tência passante de 37 kW, cerca de 33.9
está gerando uma perda de 950 W.
kW/mm2.
P = 9,5. 100 = 950 W.
Assim, o fator principal agora é a ca‐
e apresenta uma resistência de contato de pacidade de dissipação do condutor. Por
950 = R.I2 exemplo: um condutor de 1 mm2 pode su‐
portar talvez milhares de amperes se estiver
R = 0,095Ω
mergulhado em nitrogênio líquido a ‐196 °C
O mesmo defeito, com a mesma resistência porque a troca térmica é intensa e permite
de contato, em 13.8 kV, levará a uma que o condutor não entre em estado de fu‐
potência dissipada de são. Mas se o mesmo condutor estiver sim‐
P = R.I2 = 0,095. 2,752 = 0,72 W. plesmente ao ar livre, as condições de troca
térmica serão drasticamente menores.
O que está de acordo com a proporção entre
as tensões. Resumindo: em condições normais
de operação, e considerando a capacidade

112 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO À TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

de transmissão de calor igual, uma barra de meios isolantes, o comportamento esperado


cobre ou conector em 380 V, conduzindo é a homogeneidade térmica. Qualquer des‐
100 A, terá então pelo menos 35 vezes mais vio ou ponto quente é motivo para uma aná‐
capacidade instantânea de condução de ca‐ lise mais detalhada devido aos riscos envol‐
lor, devido à sua área, do que um fio de 1,1 vidos em falhas de média tensão e acima.
mm2, conduzindo a mesma potência.
1.20 SOFTWARE THERMOSCALA®
Esse é o motivo pelo qual a mesma
resistência de contato em contextos diferen‐
tes pode ter comportamentos completa‐ O sistema de decodificação de Ter‐
mente díspares. A temperatura irradiada por mogramas desenvolvido e patenteado pela
uma área de contato defeituosa deverá ser THERMOTRONICS, transforma as imagens tér‐
classificada não apenas em relação ao seu micas comuns em imagens similares às pro‐
valor absoluto, ou Delta em relação a uma duzidas pelos aparelhos de Raios‐X. Esta con‐
referência, mas sim em relação à potência versão é extremamente amigável para o Ins‐
disponível para gerar aquecimento no caso petor em campo, diminuindo a fadiga e dis‐
de um aumento de resistência ao longo do criminação visual em mais de 50%. Além
tempo. disso, facilita sobremaneira a identificação
de anomalias em campo dos objetos de inte‐
1.19 A NECESSIDADE DE SE COMPARAR resse, permitindo uma intervenção muito
mais exata que qualquer outro sistema mun‐
dialmente conhecido. A maioria das imagens
Na prática da Termografia em Insta‐
desse Manual foi convertida para esse sis‐
lações Elétricas, sempre se faz necessária a
avaliação e a comparação qualitativa ou tema que imita o funcionamento da retina
humana. Para maiores detalhes, consulte o
quantitativa, ou ainda as duas. Especifica‐
Item 27 do Capítulo 2, Volume 1.
mente com relação a equipamentos elétri‐
cos com carga de potência, pode‐se compa‐
rar uma Fase com as outras, uma conexão
quente com o cabo um pouco afastado, a en‐
trada com a saída, e assim por diante.
Por outro lado, nas aplicações em
que o esforço maior é a tensão elétrica sobre

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 113


CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO À TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

Figura 1.43 – Termogramas com e sem o efeito ThermoScala – Mesma Amplitude Térmica.

114 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO À TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

1.21 EMISSIVIDADES NESTE VOLUME  Resíduos de graxa e oleosidade do ar;


 Oxidação devido a altas temperaturas al‐
Mesmo que este Manual destaque cançadas anteriormente;
fundamentalmente o Diagnóstico Qualita‐
tivo, após cada comentário sobre um deter‐  Oxidação devido ao tempo de instalação
minado tipo de Termograma, serão ofereci‐ e/ou intempéries;
das algumas sugestões de ajuste de emissivi‐  Ângulos de visada extremos;
dade para cada caso. Leitores mais atentos
 Cobertura ou revestimento por material
observarão que por vezes haverá uma varia‐
desconhecido.
ção de até 15% nos valores sugeridos e pon‐
derarão que isso introduz um erro significa‐ Isso sem levar em conta que, para
tivamente grande, nas leituras de tempera‐ leituras de temperatura ainda há que consi‐
tura. Como esta observação está correta, são derar correntes de convecção, ventilação na‐
necessárias algumas explicações: tural ou forçada, correntes de carga variá‐
veis, regime de operação e assim por diante.
 Leituras de temperatura por infraverme‐
lho são muito exatas, mas somente em As imagens na Figura 1.44 apresen‐
LABORATÓRIO; tam casos de cabos de alumínio, um novo e
outro com mais de cinco anos de instalação.
 Em campo, em instalações industriais ou
Como é possível observar, os cabos mais an‐
ao ar livre, há muitos fatores intervenien‐
tigos apresentam‐se escurecidos assimetri‐
tes que modificam a emissividade super‐
camente na parte superior por depósito de
ficial dos componentes avaliados e que
poluentes e oxidação. Esses depósitos afe‐
estão fora do controle do Inspetor, como
tam significativamente a emissividade des‐
por exemplo:
ses objetos. Outro exemplo do estado de
 Depósitos de poeira e poluentes, com ou cabo em uso há muitos anos pode ser visto
sem umidade; na Figura 3.13.

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 115


CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO À TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

Figura 1.44 – Cabos novos e antigos com emissividades diferentes.

Anotações:

116 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO À TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

Esses fatores não fazem a Termo‐ sente um risco significativo e imediato, os er‐
grafia ser uma ferramenta menos valiosa e ros cometidos pela atribuição incorreta da
útil. Mas é necessário compreender que Di‐ emissividade não prejudicarão significativa‐
agnósticos e Prognósticos em Termografia, mente os diagnósticos e prognósticos de ma‐
mesmo quando são utilizadas as temperatu‐ neira significativa.
ras lidas com a maior exatidão possível, são Para uma anomalia em instalações
estimativas baseadas em avaliações e leitu‐ e/ou equipamentos elétricos, se a tempera‐
ras nem sempre efetuadas em condições tura final estiver incorreta em 10%, o que im‐
ideais. plicaria em um erro equivalente na atribui‐
Portanto, para determinadas condi‐ ção da emissividade do objeto de interesse,
ções e em muitos casos, determinar a não fará muita diferença se o componente
temperatura exata de um objeto de estiver a 70 °C ou 77 °C: o mesmo deverá ser
interesse não é a maior preocupação. O mais atendido com a brevidade necessária que
importante é diagnosticar corretamente será mais determinada pelo contexto funci‐
uma anomalia, fornecer uma solução onal da anomalia do que pela sua tempera‐
possível e MANTER UM ERRO CONSTANTE E tura. Da mesma forma, e para anomalias por
CONHECIDO NAS LEITURAS DE TEMPERA‐ fuga de corrente, a diferença entre uma fuga
TURA! A estratégia de manter um erro cons‐ de corrente que esteja com 2 °C ou 2,2 °C
tante, utilizando emissividades padroniza‐ não será significativa, para fins de solução.
das, permite avaliações mais seguras e com‐ Para maiores esclarecimentos so‐
parações de evolução ao longo do tempo. bre emissividade, consultar o Volume 1, Ca‐
Salvo em situações raras e extre‐ pítulo 4, Item 4.4.
mas, onde a temperatura absoluta repre‐

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 117


CAPÍTULO II

Usinas e Linhas de Transmissão


CAPÍTULO II – USINAS E LINHAS DE TRANSMISSÃO

2.1 GERADORES DE USINAS sua montagem, não possuem muitas áreas


HIDRELÉTRICAS que possam ser vistoriadas diretamente pela
Termografia. É possível, no entanto, verificar
a distribuição térmica das chapas externas
em busca de alguma assimetria ou anomalia
mais evidente. A Figura 2.6 apresenta uma
montagem em que o estator fica acima do
piso da casa de máquinas. Em qualquer des‐
sas situações, é altamente recomendável
manter um registro inicial com assinatura
térmica de startup para avaliações posterio‐
res. Para ensaios com o rotor extraído, é pos‐
sível procurar por curtos‐circuitos entre pla‐
cas de ferrosilício ou problemas nas emen‐
das das bobinas do estator pela a aplicação
de corrente e o acompanhamento térmico
Figura 2.1 – Sala de máquinas dos aquecimentos resultantes. Já no rotor da
em usina hidrelétrica.
mesma forma, é possível injetar corrente pe‐
los anéis de excitação e verificar o seu de‐
Descrição Técnica: Geradores em usinas são sempenho térmico. A distribuição térmica
compostos de excitação e geração. A parte esperada é simétrica e uniformemente dis‐
da excitatriz possui anéis para que o rotor tribuída. As escovas da excitatriz poderão ser
seja energizado e o estator permanece en‐ inspecionadas desde que haja janelas de Ins‐
clausurado. A alimentação provém de pai‐ peção que permitam a sua visualização di‐
néis cuja tensão e corrente variam de acordo reta. As temperaturas de operação serão
com a potência do gerador. abordadas no Item 8.2 (Escovas de Moto‐
Descrição Térmica: Geradores em sua condi‐ res), uma vez que sua função é a mesma.
ção normal de operação, e dependendo de

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 121


CAPÍTULO II – USINAS E LINHAS DE TRANSMISSÃO

Exemplos:

Figura 2.2 – Ensaio de Corrente Aplicada em Estator de 4 MVA e curto entre placas.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 2.2
Neste ensaio de aquecimento foram passados os cabos para a circulação de corrente de
(Superior)
teste para verificar o estado do estator gerador. As curvas apresentam a variação da
Temperatura de Referência ao longo de todo o ensaio. A curva A1 representa a
Temperatura Máxima atingida na Área A1, demarcado pela poligonal em amarelo. Já a

122 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO II – USINAS E LINHAS DE TRANSMISSÃO

FIGURA COMENTÁRIOS
curva Delta T apresenta a diferença de aquecimento entre o obtido pela corrente de
teste e a temperatura ambiente. O ajuste da emissividade, caso não tenha sido aferida,
deve atender aos valores para vernizes. Para diagnósticos qualitativos a exatidão na
atribuição da emissividade não é relevante desde que não ocorram erros grosseiros.
Neste caso, valores entre 0,80 e 0,85 são típicos para avaliações qualitativas. O valor de
emissividade atribuído deve ser registrado para medidas subsequentes. Neste caso, a
influência dos fatores distância, umidade relativa do ar e temperatura ambiente não é
relevante. Software: Researcher 2.10. Câmera: AGEMA 550
Figura 2.2
Em outro ensaio de corrente aplicada em um estator de gerador, fica evidente a presença
(Inferior)
de um curto‐circuito entre placas de ferro silício. Quantitativamente, a temperatura não
é fator mais importante, uma vez que qualquer circulação de corrente entre placas é
inaceitável. O ajuste da emissividade, caso não tenha sido aferida, deve atender aos
valores para vernizes. Para diagnósticos qualitativos a exatidão na atribuição da
emissividade não é relevante desde que não ocorram erros grosseiros. Neste caso, para
tintas a óleo, um valor de 0,9 é razoável para avaliações qualitativas. O valor atribuído
deve ser utilizado para medidas subsequentes. Neste caso, a influência dos fatores
distância, umidade relativa do ar e temperatura ambiente não é relevante. Software:
Researcher 2.10. Câmera: AGEMA 550

Figura 2.3 – Encapsulamento em Excitatriz, visada externa em Gerador de 25 MVA.

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 123


CAPÍTULO II – USINAS E LINHAS DE TRANSMISSÃO

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 2.3 No Termograma esquerdo foi aplicada a técnica do Foco Térmico (Ver Volume 1, Capítulo
(Esquerda) 5, Item 5.1.12), ou seja, ele foi ajustado no contexto do ambiente para apresentar a
distribuição térmica externa do encapsulamento das escovas da excitatriz. Esse tipo de
Termograma, obtido com as condições de corrente e temperatura ambiente registradas,
pode ser utilizado posteriormente como assinatura térmica do componente. O ajuste da
emissividade, caso não tenha sido aferida, deve atender aos valores para tintas a óleo.
Para diagnósticos qualitativos a exatidão na atribuição da emissividade não é relevante
desde que não ocorram erros grosseiros. Neste caso, para tintas a óleo, e para medições
radiométricas em 7 – 14 µm à temperatura ambiente, um valor de 0,9 é razoável para
avaliações qualitativas e quantitativas. O valor atribuído pode ser utilizado para medidas
subsequentes. Neste caso, a influência dos fatores distância, umidade relativa do ar e
temperatura ambiente não é relevante. Software: ThermaCAM Reporter PRO 2002.
Câmera: FLIR SC660

Figura 2.3 O Termograma da direita foi ajustado de forma saturada para destacar a distribuição
(Direita) térmica externa das tampas de acesso ao rotor. A distribuição térmica nessa tampa
reflete diretamente o estado geral da ventilação do rotor e estator. Pode igualmente ser
utilizado como assinatura térmica do componente para avaliações posteriores. O ajuste
da emissividade, caso não tenha sido aferida, deve atender aos valores para tintas a óleo.
Para diagnósticos qualitativos a exatidão na atribuição da emissividade não é relevante
desde que não ocorram erros grosseiros. Neste caso, e para medições radiométricas em
7 – 14 µm à temperatura ambiente, um valor de 0,9 é razoável para tintas a óleo e
avaliações qualitativas e quantitativas. O valor atribuído pode ser utilizado para medidas
subsequentes. Neste caso, a influência dos fatores distância, umidade relativa do ar e
temperatura ambiente não é relevante. Software: ThermaCAM Reporter PRO 2002.
Câmera: FLIR SC660

Figura 2.4 – Encapsulamento das Escovas da excitatriz em Gerador de 25 MVA.

Anotações:

124 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO II – USINAS E LINHAS DE TRANSMISSÃO

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 2.4 Visão de topo do acondicionamento das escovas da excitatriz. A variação na distribuição
térmica dessa tampa reflete diretamente o estado geral da ventilação no compartimento
das escovas permitindo uma visão geral de um eventual desequilíbrio interno. Este
Termograma pode igualmente ser utilizado como assinatura térmica do componente para
avaliações posteriores. O ajuste da emissividade, caso não tenha sido aferida, deve
atender aos valores para tintas a óleo. Para diagnósticos qualitativos a exatidão na
atribuição da emissividade não é relevante desde que não ocorram erros grosseiros.
Neste caso, e para medições radiométricas em 7 – 14 µm à temperatura ambiente, para
tintas a óleo, um valor de 0,9 é razoável para avaliações qualitativas ou quantitativas. O
valor atribuído pode ser utilizado para medidas subsequentes. A leitura da temperatura
nas janelas gradeadas deve levar em consideração que o ambiente está em temperatura
maior e em pressão positiva com relação ao ambiente externo. Neste caso, a influência
dos fatores distância, umidade relativa do ar e temperatura ambiente não é relevante.
Software: ThermaCAM Reporter PRO 2002. Câmera: FLIR SC660.

Figura 2.5 – Sala de Máquinas com dois Geradores e janela gradeada na excitatriz.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 2.5 Visada geral de uma sala de máquinas com dois geradores. A janela de acesso às escovas
da excitatriz é gradeada para fins de ventilação e manutenção. O ajuste da emissividade,
caso não tenha sido aferida, deve atender aos valores para tintas a óleo. Já para a janela

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 125


CAPÍTULO II – USINAS E LINHAS DE TRANSMISSÃO

FIGURA COMENTÁRIOS
de Inspeção das escovas, apesar se comportar como uma fresta, o tamanho da malha
pode fazer com que a medição de temperatura tenha de ter a emissividade corrigida pelos
materiais internos. Deve ser levado ainda em consideração que o ambiente interno está
em temperatura maior e em pressão positiva com relação ao ambiente externo. Para
diagnósticos qualitativos a exatidão na atribuição da emissividade não é relevante desde
que não ocorram erros grosseiros. Neste caso, e para medições radiométricas em
7 – 14 µm ou 3 – 5 µm à temperatura ambiente, para tintas a óleo, um valor de 0,9 é
razoável para avaliações qualitativas ou quantitativas. O valor atribuído deve ser utilizado
para medidas subsequentes. Neste caso, a influência dos fatores distância, umidade
relativa do ar e temperatura ambiente não é relevante. Software: ThermaCAM Reporter
PRO 2002. Câmera: FLIR SC660.

Figura 2.6 – Montagem com estator acima do piso da sala de máquinas.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 2.6 Nos Termogramas anteriores, a montagem do gerador era embutida no piso. Neste caso,
os geradores têm suas laterais visíveis no infravermelho, permitindo a detecção de
eventuais anomalias. Também é possível avaliar os painéis auxiliares laterais. Um fator
importante aqui é o enquadramento que permite uma visada geral de todas as unidades
geradoras. O ajuste da emissividade, caso não tenha sido aferida, deve atender aos
valores para tintas a óleo. Para diagnósticos qualitativos a exatidão na atribuição da
emissividade não é relevante desde que não ocorram erros grosseiros. Neste caso, e para
medições radiométricas em 7 – 14 µm à temperatura ambiente, para tintas a óleo, um
valor de 0,9 é razoável para avaliações qualitativas e quantitativas. O valor atribuído pode
ser utilizado para medidas subsequentes. A leitura da temperatura nas frestas e janelas
gradeadas deve levar em consideração a malha da grade, o ambiente interno que está em
temperatura maior e em pressão positiva com relação ao ambiente externo. Os painéis
auxiliares também poderão ser avaliados a partir de sua distribuição térmica externa.
Neste caso, a influência dos fatores distância, umidade relativa do ar e temperatura
ambiente não é relevante. Foto na luz visível é ilustrativa. Software: ThermaCAM
Researcher Pro 2.10. Câmera: ThermaCAM P640. Lente: FOL38.

126 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO II – USINAS E LINHAS DE TRANSMISSÃO

Figura 2.7 – Barramentos 15 kV isolado a ar, normal e com anomalia: inferior e superior.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 2.7 Os dois Termogramas desta Figura representam duas situações diferentes: o da esquerda
serve apenas para apresentar a distribuição térmica normal do barramento e, o da direita,
apresenta a região com anomalia. O enquadramento em ambos é satisfatório para a
finalidade a que se destinam. No Termograma da direita a amplitude térmica e a escala
colorimétrica estão adequadas. O componente presente nestes Termogramas é o
barramento de saída do gerador de uma termoelétrica cujas correntes de Fase são muito
altas (na ordem de 4.000 A em 13.8 kV). Por motivos de segurança, o projeto original
optou pelo encapsulamento a ar do barramento em tubulões. A carga nos dois trechos
apresentados é a mesma e é a nominal. No Termograma da direita, o aquecimento
superficial apresenta características de ser causado por transmissão de calor através dos
isoladores internos de suporte da barra. Outra hipótese explicativa refere‐se à
possibilidade do aterramento entre trechos da tubulação estar prejudicado e permitindo
a circulação de corrente induzida concentrada em alguns pontos ou locais específicos.
Apesar de não ser possível a visada direta da conexão interna defeituosa, a distribuição
térmica torna mais provável a presença de uma anomalia interna uma vez que, caso a
origem fosse um problema de aterramento, a corrente deveria – em tese – concentrar‐
se em poucos pontos, e não em toda a circunferência de contato do duto. A solução é
medir a resistência de contato entre dutos e programar uma parada para desmonte e
Inspeção. Só então os procedimentos de manutenção poderão ser definidos. A medição
de temperatura terá de ser obrigatoriamente na superfície do tubulão, já que não há
visada direta. Visualmente, a partir do ponto de observação, e sem maiores informações,
a superfície dos tubulões parece pintada com tinta a óleo sem maiores especificações.
Então, e para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura
ambiente, o valor da emissividade é o mesmo para outros revestimentos a base de tinta
a óleo, de 0,85 a 0,95. Software: ThermaCAM Reporter PRO 2002. Câmera: FLIR SC‐2000.
Lente: 24°.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 127


CAPÍTULO II – USINAS E LINHAS DE TRANSMISSÃO

Figura 2.8 – Anomalia em Barramento 15 kV isolado a ar: visadas superior e inferior.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 2.8 A mesma anomalia da Figura 2.7, vista por dois ângulos, superior e inferior. Ambos os
Termogramas estão bem focados e a amplitude térmica, bem como a paleta de cor do
Termograma superior estão adequados. Na visada superior o fenômeno de condução é
mais evidente. Já na visada inferior é possível verificar que a distribuição térmica lateral
ao tubo é causada ou por problemas de aterramento, ou por irradiação e condução a
partir do defeito interno. Dado que o diâmetro da tubulação era de aproximadamente
900 mm, e no caso de mau contato interno, é possível inferir que a temperatura interna
possuía a característica de ser muito alta, eventualmente até maior que 400 °C. Um caso
em que se pode estimar o efeito do isolamento do ar entre uma barra com defeito e a
superfície, em um barramento de baixa tensão encapsulado, na redução de temperatura
medida externamente pode ser verificado no Item 7.3.2. Infelizmente no caso atual não
houve acesso ao estado da eventual conexão quando a tubulação foi aberta para
manutenção. Contrariamente à informação da Figura 2.7, a visada inferior indica que a
superfície inferior dos tubulões parece ser pintada em tinta metálica, o que implicaria em
uma emissividade bastante baixa, na ordem de 0,4. Já pelo lado superior, a presença de
poluente sobre a superfície pintada aumenta a emissividade para algo próximo a 0,8.
Apenas com um acesso próximo e um ensaio para medir a emissividade, será possível
determinar com maior exatidão, tanto para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de
3 – 5 µm e à temperatura ambiente. Software: ThermaCAM Reporter PRO 2002. Câmera:
FLIR SC‐2000. Lentes: 24° e 12°.

Anotações:
128 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS
CAPÍTULO II – USINAS E LINHAS DE TRANSMISSÃO

Figura 2.9 – Barramento‐Maq 2 25 MVA, 15 kV encapsulado a ar com anomalia interna.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 2.9 Mosaico ou panorama radiométrico de três Termogramas. O foco está correto e a
amplitude térmica também. A Fase do Meio desta tubulação em 13kV na saída de um
dos geradores de uma PCH (Pequena Central Hidroelétrica) apresenta uma distribuição
térmica superficial assimétrica e típica de mau contato em uma emenda no barramento
interno. Como a emenda provavelmente está situada entre dois isoladores de suporte,
e a diferença de temperatura é pequena externamente, pode‐se concluir que o
aquecimento externo visível no infravermelho é causado por irradiação a partir do mau
contato. A diferença externa de 2,9 °C é, em um primeiro momento, insignificante. No
entanto, e para que haja esta diferença externamente, é necessário que a conexão
defeituosa interna esteja a mais de 100 °C devido ao isolamento pelo ar. Além do mais,
o trecho da tubulação aquecido no topo provavelmente é devido a correntes de
convecção que carregam o ar aquecido para cima. O topo do tubo da Fase do Meio
acumula o ar quente que sobe e apresenta‐se visivelmente assimétrico. No entanto, e
nos últimos flanges de cada Fase, há indícios de que pode haver mais aquecimentos
internos desta vez marcados por condução do calor interno provavelmente por
isoladores de suporte do barramento. A dificuldade desta montagem é que os tubos
eram soldados e dispunham apenas de pequenas janelas de Inspeção. Um erro de
projeto evidentemente porque partiu do pressuposto de que nunca haveria
necessidade de abrir os tubos para manutenção do barramento. A solução de
manutenção e Inspeção terá de incorporar o corte dos tubos para ter acesso ao
barramento. Da mesma forma, é altamente recomendável a instalação de janelas
infravermelhas em cristal de germânio em locais estratégicos para Inspeções
posteriores. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura
ambiente, o valor da emissividade para revestimento de tinta a óleo comum pode variar
de 0,85 a 0,95. Software: FLIR Image Builder, ThermaCAM Reporter PRO 2002. Câmera:
FLIR SC‐660, Lente: 24°.

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 129


CAPÍTULO II – USINAS E LINHAS DE TRANSMISSÃO

Figura 2.10 – Barramento‐Maq 1 25 MVA, 15 kV encapsulado a ar com anomalia interna.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 2.10 Mosaico ou panorama radiométrico de três Termogramas na mesma instalação da Figura
2.9, porém em saída de outro gerador de uma PCH (Pequena Central Hidroelétrica). O
foco está correto e a amplitude térmica também. A Fase da Direita desta tubulação classe
15kV apresenta uma distribuição térmica superficial assimétrica e típica de mau contato
em uma emenda no barramento interno. Como a emenda provavelmente está situada
entre dois isoladores de suporte, e a diferença de temperatura é pequena externamente,
pode‐se concluir que o aquecimento externo visível no infravermelho é causado pela
irradiação a partir do mau contato interno entre barras consecutivas. Observar que o
trecho das tubulações aquecido no topo não preenche o critério da Figura 2.9 devido às
correntes de convecção que carregam o ar aquecido para cima. As três Fases acumulam
o ar quente que eventualmente devem provir da conexão física com os transformadores
do lado externo. Esta montagem, tal qual a Figura 2.9, apresenta o mesmo erro de projeto
que é utilizar tubos soldados e que dispõe apenas de pequenas janelas de Inspeção. O
pressuposto equivocado foi de que nunca haveria necessidade de abrir os tubos para
manutenção do barramento. A solução de manutenção e Inspeção terá de incorporar o
corte dos tubos para ter acesso ao barramento. Da mesma forma, é altamente
recomendável a instalação de janelas infravermelhas em locais estratégicos para
Inspeções posteriores. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à
temperatura ambiente, o valor da emissividade para revestimento de tinta a óleo comum
pode variar de 0,85 a 0,95. Software: FLIR Image Builder, ThermaCAM Reporter PRO 2002.
Câmera: FLIR SC‐660, Lente: 24°.

Anotações:

130 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO II – USINAS E LINHAS DE TRANSMISSÃO

Figura 2.11 – Barramento 20 kV encapsulado em fechamento de estrela em gerador UHE.

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 131


CAPÍTULO II – USINAS E LINHAS DE TRANSMISSÃO

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Termograma em mosaico com distorção vertical devido à aberração cromática
2.11
cumulativa das imagens. Barramentos de grande potência, como o caso de 30 KA
nominais, costumam ser encapsulados para fins de proteção humana e operacional. No
entanto, possuem isolamentos internos e conexões como qualquer outro. No caso citado,
mais importante que as temperaturas medidas, são as manchas térmicas que evidenciam
comportamentos anômalos internos sem que seja possível precisar a sua localização e
tipo. É possível observar que as isotermas variam de acordo com o fluxo de ar aquecido
internamente sem que seja possível uma correlação imediata entre causa e efeito. Uma
consulta aos projetos poderá identificar as regiões de emendas, a configuração das barras
e a posição dos isoladores. Mas sem uma Inspeção Visual interna detalhada não será
possível identificar a causa das anomalias. Ainda mais considerando o grande
afastamento e a camada de ar que existe entre a parte ativa e a carcaça. Caso haja um
histórico de imagens infravermelhas, as assimetrias entre barramentos similares, em
outras máquinas da usina, poderão identificar padrões de normalidade, ou de
anormalidade, para serem utilizados como referência. Há que considerar também que há
correntes de convecção em circulação dentro dos tubulões e que efeitos cumulativos
deverão aparecer no topo e nas curvas superiores. Mesmo assim, deverá ser avaliada a
distribuição térmica esperada com relação à carga passante, a fim de fundamentar
decisões. A experiência acumulada com a abertura dos barramentos, bem como os
resultados dos testes elétricos a efetuados, fornecerão dados de referência para a
construção da cultura técnica sobre as imagens térmicas desses equipamentos. Dessa
forma, será possível aumentar a margem de segurança em futuros diagnósticos. Para
medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor
da emissividade para barramentos encapsulados é a de suas paredes, no caso, pintadas a
óleo ou epóxi. Assim, valores podem variar de 0,80 a 0,90. Software: FLIR Imagem Builder
5.0, FLIR Reporter 9.2, ThermaCAM Researcher PRO 2.10. Câmera: FLIR SC‐660. Lente: 45°

Figura 2.12 – Barramento 20 kV encapsulado em saída de gerador de UHE.

Anotações:

132 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO II – USINAS E LINHAS DE TRANSMISSÃO

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 2.12 O Termograma apresenta o barramento de saída de um gerador de 500 MVA em 20 kV.
É instalado suspenso rente ao teto e contêm, dentro do encapsulamento, conexões,
emendas, juntas de dilatação e isoladores. Como no Termograma do fechamento em
estrela, não é esperada nenhuma distribuição térmica anômala ou assimétrica em
situações normais de operação. Assimetrias como a deste Termograma devem ter suas
causas pesquisadas, fotografadas, ensaios elétricos aplicados para constituir a cultura e
memória técnica da empresa no que diz respeito a esse tipo de distribuição anômala, em
enclausuramentos deste porte. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de
3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da emissividade para barramentos
encapsulados é a de suas paredes, no caso, pintadas a óleo ou epóxi. Assim, valores
podem variar de 0,80 a 0,90. Software: FLIR, ThermaCAM Researcher PRO 2.10. Câmera:
FLIR SC‐660. Lente: 45°

Figura 2.13 – Barramento 20 kV encapsulado de fechamento de estrela em gerador UHE.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Da mesma forma que nos dois casos anteriores, a distribuição térmica deste Termograma
2.13
não é compatível com o esperado para uma situação normal de operação deste
barramento. Independente da temperatura medida, só há duas possibilidades de
intervenção: acompanhar o desenvolvimento do fator de forma do aquecimento e a
variação do Delta T em relação a uma referência tecnicamente escolhida, ou abertura
para medição de grandezas elétricas e Inspeção Visual detalhada. Para medições
radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da
emissividade para barramentos encapsulados é a de suas paredes, no caso, pintadas a
óleo ou epóxi. Assim, valores podem variar de 0,80 a 0,90. Software: FLIR, ThermaCAM
Researcher PRO 2.10. Câmera: FLIR SC‐660. Lente: 45°

Análise de Consistência: quando maneira, sem uma assinatura térmica para


possível, deverão ser notadas assimetrias comparação posterior, será difícil perceber
térmicas superficiais que possam indicar al‐ qualquer variação que possa vir a ser signifi‐
gum tipo de anomalia interna. De qualquer

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 133


CAPÍTULO II – USINAS E LINHAS DE TRANSMISSÃO

cativa. No Termograma da Figura 2.4 é pos‐ 2.3 LINHAS DE TRANSMISSÃO


sível notar um padrão de distribuição
estrelado (amarelo sobre o verde, com um
traço vermelho – Max3 = 49,0 °C) na tampa
superior do encapsulamento. Dependendo
do projeto e do regime de operação, essa
distribuição pode ser considerada normal ou
aceitável, e poderá ser utilizada para avalia‐
ções comparativas posteriores. A Figura 2.6
apresenta uma montagem onde o conjunto
gerador está acima da cota da sala de máqui‐
nas. Essa opção de instalação dos geradores
permite que sejam efetuadas imagens
térmicas das paredes externas do estator, o
que pode ser muito útil no caso de verifica‐
ção de anomalias, tanto na parte elétrica
como na de circulação de ar para refrigera‐
ção. Na parte da excitatriz, se houverem
janelas para a Inspeção, as escovas deverão Figura 2.14 – Torre de transmissão
se apresentar termicamente uniformes e no infravermelho.
obedecer aos critérios de aquecimento reco‐ Descrição Técnica: as linhas de transmissão
mendados pelo fabricante. Variações nas compõem‐se basicamente de condutores de
temperaturas de escovas poderão ser causa‐ alma de aço, conexões, emendas, isoladores
das por mau assentamento, correntes cabos para‐raios e aterramentos. Eventual‐
desequilibradas e, inclusive, oxidação nos ra‐ mente há subestações de manobra entre as
bichos. Para maiores informações, ver Item subestações elevadoras e rebaixadoras.
8.2 Escovas de Motores. Barramentos de
Descrição Térmica: assim como os demais
grande potência e encapsulados requerem
equipamentos elétricos, os pontos sujeitos
uma atenção diferenciada devido às tempe‐
a aquecimento são todos aqueles por onde
raturas detectadas serem sempre afastadas
passar uma corrente elétrica. Os próprios
de suas origens e sujeitas a correntes de
cabos, suas conexões e emendas são tradi‐
convecção internas. Barramentos isolados a
cionalmente os pontos mais susceptíveis.
SF6 estão sujeitas às mesmas contingências.
Eventualmente isoladores podem apresen‐
2.2 SUBESTAÇÕES ELEVADORAS tar anomalias térmicas causadas por depó‐
sito de poluentes, trincas ou mesmo esfor‐
ços devidos a descargas atmosféricas. Ca‐
Descrição Técnica: não há diferen‐
bos com tentos rompidos também podem
ças significativas entre Subestações Elevado‐
acontecer. Mais raramente, cabos de ater‐
ras em usinas e Subestações de uma forma
ramento de pé de torre podem apresentar
geral. Para maiores informações, ver Item
aquecimento nas conexões devido a corren‐
3.2 Subestações.
tes causadas por potenciais de Terra

134 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO II – USINAS E LINHAS DE TRANSMISSÃO

diferentes. Em casos mais raros, os próprios cabos para‐raios podem apresentar anomalias em
suas conexões com torres ou descidas.
Exemplos:
FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 2.14 Mosaico vertical ilustrativo da distribuição térmica em uma torre de transmissão.
Mesmo sendo um mosaico, o foco, o enquadramento e a faixa térmica tem de ser
corretos (Ver Volume 1, Capítulo 5, Item 5.1.13). Para medições de temperatura, a
distância é crítica, bem como a resolução espacial do conjunto lente‐câmera e o IMFOV.
A velocidade do vento tem de ser anotada, mesmo que não se tenha ideia de como
está o vento no topo da torre. Esse valor será utilizado para redução do erro nas leituras
quantitativas. O ajuste da emissividade, caso não tenha sido aferida, deve atender a
valores conhecidos, ou arbitrados, para cada objeto de interesse, sejam cabos,
isoladores ou a própria estrutura em ferro galvanizado. Deve ser lembrado que
normalmente há uma camada de poluente sobre esses componentes que tende a
aumentar a emissividade, principalmente sobre cabos e conectores. Para diagnósticos
qualitativos a exatidão na atribuição da emissividade não é relevante desde que não
ocorram erros grosseiros. Como são muitos materiais diferentes, aço galvanizado,
ferrugem, cabos de alumínio, isoladores, tabelas de valores típicos devem ser
consultadas. O valor atribuído pode ser utilizado para medidas subsequentes. Neste
caso, a influência dos fatores distância, umidade relativa do ar e temperatura ambiente
são relevantes e devem ser todos ajustados na própria câmera, no momento da
Inspeção. Software: Reporter 9.0. Câmera: FLIR SC2000, Lente: 24°.

Figura 2.15 – Muflas em Linha de 138 kV.

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 135


CAPÍTULO II – USINAS E LINHAS DE TRANSMISSÃO

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 2.15 Termograma razoavelmente focado
e bem enquadrado com relação às
muflas da Fase próxima à câmera. A
Fase posterior fica oculta pelas
ferragens da torre e aparecem mais
nitidamente os Para‐raios de linha. A
deficiência de foco deve‐se a
distância envolvida: os objetos da
Fase oposta à câmera, por estarem
mais longe, acabam saindo do foco
devido à pequena profundidade de
campo enquanto que as muflas mais próximas ficam focadas. Em muitas passagens de
nível entre rodovias, viadutos, pontes ou outras obras civis, linhas de transmissão são
desviadas por trechos subterrâneos pelo uso de cabos isolados sendo que as suas
terminações devem ser inspecionadas cuidadosamente. Nesta instalação há ainda Para‐
raios de 138 kV destinados a proteger o trecho de cabo enterrado sob o viaduto.
Dependendo do ângulo de visada, da insolação e da temperatura ambiente, pode ser
difícil distinguir os elementos de interesse, como pode ser observado no Termograma ao
lado. A escolha da visada deve privilegiar sempre a melhor situação e contexto para um
diagnóstico confiável do objeto de interesse. Para medições de temperatura a essa
distância e altura, devem ser esperados erros de medição devidos à ventilação e
convecção natural. Neste caso, é possível diminuir o erro através de uma estimativa de
velocidade do vento, uma vez que na prática é
extremamente difícil medir a velocidade do
vento instantânea ou média em uma torre de
transmissão, na altura de suas conexões. A
umidade do ar deve ser também considerada,
uma vez que esta também atenua a radiação
infravermelha emitida pelos componentes. O
ideal é a utilização de uma óptica acessória
teleobjetiva, inclusive para melhorar o IFOV ou,
se a resolução do sensor da câmera e óptica
permitirem, um zoom digital como ao lado.
Além de uma leitura mais precisa, o emprego
do zoom digital ou óptico pode revelar
comportamentos inesperados como o efeito
espiral no cabo superior (Ver Figura 3.43 e
Figura 4.24). Para a confirmação de que se trata
realmente de uma anomalia térmica, deve ser
verificado o efeito da resolução óptica do
sensor pois, eventualmente, é possível que se trate de um efeito da montagem de linhas
entrelaçadas ou não, na formação da imagem térmica. Para diagnósticos qualitativos a
exatidão na atribuição da emissividade não é relevante desde que não ocorram erros
grosseiros. Já para diagnósticos quantitativos, deve ser observado, com o uso de um
binóculo se necessário, se as conexões e o cabo são novos ou se já apresentam a oxidação

136 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO II – USINAS E LINHAS DE TRANSMISSÃO

FIGURA COMENTÁRIOS
típica e/ou depósito de poluentes. O valor atribuído para a emissividade pode então
variar de valores muito baixos se o cabo e as conexões forem novos. Para contornar essa
dificuldade, pode‐se atribuir um valor de 0,7 a 0,85 e utilizar a ferramenta de área
ajustada para ler a temperatura máxima na área selecionada. Nessa área deverão então
estar presentes frestas de conexões que possuem valores próximos a estes, na faixa de
3 – 5 µm ou 7 – 14 µm e à temperatura ambiente. Software: FLIR Researcher 2000 2.10,
FLIR Image Builder. Câmera: FLIR SC660, Lente: 24°.

Figura 2.16 – Anomalias em Emendas em cabos de Linhas de Transmissão.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 2.16 Emendas em Linha de 69 kV. Estes são Termogramas de difícil obtenção porque exigem
(Superior) um foco quase perfeito já que, frequentemente, a profundidade de campo dos
Termovisores não é muito grande. A área disponível para foco é muito pequena e não há
objetos laterais para facilitar a focalização. Além do mais, a resolução espacial da câmera
e da lente acessória são críticos para uma avaliação correta, tanto qualitativa como
quantitativa. A emenda inferior está a 6,7 °C mais aquecida que o trecho de cabo
adjacente. Já a emenda superior tem um aquecimento menor, mas se estende por um
comprimento maior. Observar que em ambos os casos a distribuição de temperaturas
segue a curva de Gauss (Ver Volume 1, Capítulo 2, Item 2.3.2, Figura 2.32). Para fins de

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 137


CAPÍTULO II – USINAS E LINHAS DE TRANSMISSÃO

FIGURA COMENTÁRIOS
intervenção, é recomendável a instalação de jump paralelo para evitar o desligamento
da linha. Além do foco correto, alguns fatores são críticos para a leitura correta das
temperaturas: a resolução espacial da câmera (IFOV – Ver Volume 1, Capítulo 4, Item 4.5,
Figura 4.50), a resolução de medição (MIFOV – Ver Volume 1, Capítulo 4, Item 4.5.1,
Figura 4.64), a distância até o objeto de interesse e as lentes acessórias se necessário.
Todos esses dados deverão ser anotados por ocasião da Inspeção. Não obstante, o
critério qualitativo poderá ser aplicado no caso de inexatidão nas leituras de
temperatura. A velocidade do vento tem de ser anotada, mesmo que não se tenha ideia
de como está o vento nos cabos. Esse valor será utilizado para redução do erro nas
leituras quantitativas. O ajuste da emissividade, e para medições radiométricas em
7 – 14 µm à temperatura ambiente, caso não tenha sido aferida, deve atender aos
valores para cabos de alumínio oxidados e cobertos com poluente (poeira). Neste caso,
cabos relativamente novos, valores entre 0,4 e 0,65 podem ser adequados. No caso de
cabos novos e limpos, os erros poderão ser críticos para valores abaixo de 0,4. Assim, e
para cabos novos, a medição torna‐se complexa porque a emissividade é desconhecida e
tende a ser muito baixa. Para diagnósticos qualitativos a exatidão na atribuição da
emissividade não é relevante desde que não ocorram erros grosseiros. O valor atribuído
pode ser utilizado para medidas subsequentes. Neste caso, como já explicitado, a
influência dos fatores distância, umidade relativa do ar e temperatura ambiente são
relevantes e devem ser todos ajustados na própria câmera, no momento da Inspeção.
Como a emenda em questão é do tipo prensada e está situada a grande altura em relação
ao solo, a manutenção pode ser complicada. As melhores opções são: uma equipe de
linha viva colocar outra emenda sobreposta, ou ser adicionado um jump sobre a emenda
antiga. Pode haver problemas internos à emenda que já estejam comprometendo os
tentos e, como abrir a emenda atual pode ser contra indicado, com desligamento ou não,
a melhor solução indicada é a colocação de um jump preferencialmente com alma de aço
Software: ThermaCAM Reporter PRO 2002. Câmera: FLIR SC660.

Figura 2.16 Neste Termograma, o foco está bem ajustado. Isso se pode verificar porque as bordas
(Inferior) dos condutores não têm como ser mais definidas. Deve ser observado que a disposição
dos cabos em diagonal em relação ao alinhamento dos pixels dos sensores produz o
efeito serrilhado na imagem. A delimitação das temperaturas, sem que se propaguem
além dos limites das emendas conforme a distribuição de Gauss, sugere uma variação
de emissividade mais do que um aquecimento real. A utilização de uma câmera na luz
visível com zoom potente e a escolha de um horário do dia adequado para uma
iluminação que forneça uma boa definição do objeto de interesse auxiliará na definição
do tipo de superfície presente. O risco de manter uma anomalia deste tipo é ela se
agravar repentinamente e levar ao seccionamento do cabo (Ver Capítulo 3, Item 3.1.2,
Estudo de Caso 1) com interrupção de fornecimento. Deve ser investigada a causa do
estreitamento na distribuição térmica, uma vez que o histórico desta emenda não
estava disponível após a Inspeção. A melhor solução técnica é a substituição da
emenda. No entanto, e por ser uma operação complexa, exigir desligamento e uma
série de providências, um jump em paralelo com a emenda poderá resolver o problema
sem prejuízo e risco adicional para a LT. Para valores de emissividade, ver
considerações sobre a Figura 2.15. Software: ThermaCAM Reporter PRO 2002. Câmera:
ThermaCAM P640, Lente: 12°.

138 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO II – USINAS E LINHAS DE TRANSMISSÃO

Figura 2.17 – Anomalia em Emenda e condução só em alguns tentos (Marcador 1).

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 2.17 Neste Termograma a disposição dos cabos é praticamente paralela ao alinhamento dos
pixels no sensor da câmera. Nesse tipo de Termograma, é importante verificar qual tipo
de exposição fornece o melhor resultado, se paralelo ou em diagonal. O Marcador 1
identifica o caminho em espiral da corrente (Ver Figura 3.43 e Figura 4.24), privilegiando
alguns tentos em detrimento de outros. O mesmo comportamento pode ser observado
no cabo inferior com a Área A1 destacada. Já a Área A3 indica a área mais aquecida com
a diminuição lateral seguindo a distribuição de Gauss. Termogramas de cabos em redes
aéreas ou linhas de transmissão exigem um foco quase perfeito já que, frequentemente,
a profundidade de campo do Termovisor não é muito grande. A área disponível para foco
é muito pequena e não há objetos laterais para facilitar a focalização. Além do mais, a
resolução espacial da câmera e da lente acessória são críticos para uma avaliação correta,
tanto qualitativa como quantitativa. Além do foco correto, alguns fatores são críticos para
a leitura correta das temperaturas: a resolução espacial da câmera (IFOV), a resolução de
medição (MIFOV), a distância até o objeto de interesse e as lentes acessórias se
necessário. Todos esses dados deverão ser anotados por ocasião da Inspeção. Não
obstante, o critério qualitativo poderá ser aplicado no caso de inexatidão nas leituras de
temperatura. A velocidade do vento tem de ser anotada, mesmo que não haja
informações de como está o vento na altura dos cabos. Esse valor será utilizado para
redução do erro nas leituras quantitativas. O ajuste da emissividade, e para medições
radiométricas em 7 – 14 µm à temperatura ambiente, caso não tenha sido aferida
anteriormente, deve atender aos valores para o material constituinte dos cabos,
eventualmente cobertos com poluente (poeira). A definição do estado do cabo pode
depender de um binóculo potente ou de um zoom de grande alcance. Para cabos novos
e limpos, valores de 0,4 a 0,6 são razoáveis para diagnósticos qualitativos. Ou seja: para
cabos novos a medição de temperatura é complexa porque a normalmente a
MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 139
CAPÍTULO II – USINAS E LINHAS DE TRANSMISSÃO

FIGURA COMENTÁRIOS
emissividade é muito baixa. Assim, e para diagnósticos qualitativos, a exatidão na
atribuição da emissividade não é relevante desde que não ocorram erros grosseiros. O
valor atribuído pode ser utilizado para medidas subsequentes. Neste caso, como já
explicitado, a influência dos fatores distância, umidade relativa do ar e temperatura
ambiente são relevantes e devem ser todos ajustados na própria câmera, no momento
da Inspeção. Como recurso adicional, este tipo de imagem especificamente comporta a
geolocalização da anomalia utilizando o Google Maps. Emendas por compressão com
aquecimento implicam necessariamente em alguma forma de mau contato ou oxidação.
Há diversos fatores que podem propiciar esse desenvolvimento como, por exemplo,
velocidade dos ventos predominantes, ressonância da linha ao vento, ciclos térmicos
circadianos e/ou sazonais, depósito de poluição quimicamente ativa, etc. Como não era
conhecido o ciclo de falha desta anomalia (Ver Capítulo 1, Item 1.11), o risco de manter
uma anomalia sem intervenção de manutenção é ela agravar repentinamente e levar ao
secionamento do cabo com interrupção de fornecimento (Ver Capítulo 3, Item 3.1.2,
Estudo de Caso 1). A melhor solução técnica, conforme mencionado no Termograma
anterior (Figura 2.16), é a substituição da emenda. No entanto, e por ser uma operação
complexa, exigir desligamento, trabalho em altura e uma série de providências, um jump
em paralelo com a emenda poderá resolver o problema sem prejuízo e risco adicional
para a LT. Para valores de emissividade, ver considerações sobre a Figura 2.16. Software:
FLIR Reporter 9.0. Câmera: FLIR SC660, Lente: 24°

Figura 2.18 – Cadeia de Isoladores com fuga em torre de transmissão.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 2.18 Como nos Termogramas anteriores, a focalização de cadeias de isoladores exige um foco
quase perfeito já que, frequentemente, os Termovisores não dispõem de uma
profundidade de campo muito grande. Como fator auxiliar para foco, há a estrutura da
torre que, entretanto, pode estar mais aquecida devido a longa exposição à radiação

140 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO II – USINAS E LINHAS DE TRANSMISSÃO

FIGURA COMENTÁRIOS
solar. Além do foco preciso, alguns fatores são importantes para a leitura correta das
temperaturas e para uma avaliação correta, tanto qualitativa como quantitativa: a
resolução espacial da câmera (IFOV), a resolução de medição (MIFOV), a resolução
espacial da lente acessória (se necessária) e a distância até o objeto de interesse. Todos
esses dados deverão ser anotados por ocasião da Inspeção. Não obstante, o critério
qualitativo poderá ser aplicado no caso de inexatidão nas leituras de temperatura. A
velocidade do vento ao pé da torre tem de ser anotada, mesmo que não se tenha ideia
de como está o vento nos cabos. Esse valor será utilizado para redução do erro nas
leituras quantitativas. O ajuste da emissividade, e para medições radiométricas em
7 – 14 µm à temperatura ambiente, caso não tenha sido aferida, deve atender aos
valores para vidro ou porcelana, conforme o caso, e cobertos com poluente (poeira). Para
diagnósticos qualitativos a exatidão na atribuição da emissividade não é relevante desde
que não ocorram erros grosseiros. O valor atribuído pode ser utilizado para medidas
subsequentes. Neste caso, como já explicitado, a influência dos fatores distância,
umidade relativa do ar e temperatura ambiente são relevantes e devem ser todos
ajustados na própria câmera, no momento da Inspeção. Neste Termograma, observar
que o limite inferior da escala de temperaturas está no limite operacional da câmera.
Este ajuste é utilizado no Software de tratamento de imagens térmicas para destacar os
pontos de interesse. No momento da Inspeção, a localização de isoladores mais
aquecidos em cadeias de sustentação em LTs depende do ajuste crítico da Amplitude
Térmica da imagem além dos fatores já mencionados. Da mesma forma, depende do
treinamento do Inspetor para ser capaz de identificar pequenas variações de
temperatura compatíveis com anomalias e não artefatos. Eventualmente uma lavagem
com jatos de água em alta pressão, efetuados por uma equipe especializada, pode
resolver esta anomalia se for devida a depósito de poluentes. Nesse caso, é altamente
recomendável que o serviço seja acompanhado pelo Inspetor de Termografia para
verificar a eficácia do procedimento. Caso não seja possível, a outra solução é a
substituição da cadeia de isoladores devido ao efeito queda de tensão por unidade da
cadeia. Para maiores explicações sobre esse efeito, ver os Itens 0 e 4.6 sobre colunas
isolantes (Isoladores de Pedestal) e Para‐raios. Software: ThermaCAM Reporter 2002.
Câmera: FLIR ThermaCAM P640. Lente: 12°

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 141


CAPÍTULO II – USINAS E LINHAS DE TRANSMISSÃO

Figura 2.19 – Separador de cabos em Linha de Transmissão.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 2.19 Neste Termograma, onde o foco é o separador de cabos, a disposição é quase ortogonal
(Aprox. 70°) ao alinhamento dos pixels no sensor da câmera. Nesse tipo de Termograma
é importante verificar qual tipo de exposição fornece o melhor resultado, se paralelo ou
em diagonal. Por outro lado, Termogramas de cabos em redes aéreas ou linhas de
transmissão exigem um foco quase perfeito já que, frequentemente, a profundidade de
campo do Termovisor não é muito grande. Além do mais, a resolução espacial da câmera
e da lente acessória são críticos para uma avaliação correta, tanto qualitativa como
quantitativa. Outros fatores também são críticos para a leitura correta das temperaturas,
a saber: a resolução espacial da câmera (IFOV), as lentes acessórias se necessário, a
resolução de medição (MIFOV) e a distância até o objeto de interesse. Todos esses dados
deverão ser anotados por ocasião da Inspeção. A velocidade do vento tem de ser
registrada, mesmo que não se tenha informação de como está o vento na altura dos
cabos. Esse valor será utilizado para redução do erro nas leituras quantitativas. O ajuste
da emissividade, caso não tenha sido aferida anteriormente, deve atender aos valores
para o material constituinte do separador, provavelmente uma resina epóxi,
eventualmente coberto com poluente (poeira). Para diagnósticos qualitativos a exatidão
na atribuição da emissividade e, para medições radiométricas em 7 – 14 µm à
temperatura ambiente, não é relevante desde que não ocorram erros grosseiros e, o
valor atribuído, pode ser utilizado para medidas subsequentes. Para objetos de interesse
em resina epóxi, 0,9 é um valor razoável e, para os cabos, de 0,4 a 0,65 se forem cabos
novos. Cabos severamente oxidados e cobertos com poluentes podem ser avaliados
qualitativamente com emissividades da ordem de 0,8 a 0,85. Neste caso, como já
explicitado, a influência dos fatores distância, umidade relativa do ar e temperatura
ambiente são relevantes para as medições quantitativas e devem ser todos ajustados na
própria câmera, no momento da Inspeção. Neste caso específico, uma amplitude de
10 °C, e foco no separador de cabos facilita a focalização do objeto de interesse. Por outro
lado, a disposição diagonal dos cabos também cria o efeito serrilhado. Já que o dia estava
nublado e sem incidência de luz solar, e como os separadores são elementos isolantes e

142 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO II – USINAS E LINHAS DE TRANSMISSÃO

FIGURA COMENTÁRIOS
passivos na transmissão de potência, o efeito de aquecimento detectado decorre da
passagem da temperatura da LT para o material do separador. Se possuir a emissividade
conhecida, será possível aferir a emissividade da linha. Neste caso, dificilmente será
necessária uma intervenção para manutenção, uma vez que a diferença de tensão entre
cabos da mesma Fase deverá ser irrelevante. No entanto, um eventual aquecimento ao
longo do tempo poderá indicar uma deterioração do material do separador. Uma vez que
uma diferença inicial já foi detectada, pode ser recomendável uma Inspeção periódica
por pelo menos alguns períodos de verão e inverno para verificar o desempenho do
separador. Caso seja observada uma diferença no delta de temperatura em relação ao
ambiente, deverão ser estudadas pela Gerência de manutenção quais serão as
providências cabíveis. Software: ThermaCAM Reporter 2002. Câmera: FLIR ThermaCAM
P640. Lente: 12°

Figura 2.20 – Isoladores classe 230 kV com defeito de fabricação.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura O objeto de interesse nestes Termogramas são isoladores de porcelana. Isoladores com
2.20
essas dimensões não apresentam maiores problemas para a focalização embora algum
cuidado deva ser tomado com a profundidade de campo. A resolução espacial da câmera
e da lente acessória são também críticas para uma avaliação correta, tanto qualitativa
como quantitativa. Outros fatores também são fundamentais para a leitura correta das
temperaturas, a saber: a resolução espacial da câmera (IFOV), as lentes acessórias se
necessário, a resolução de medição (MIFOV) e a distância até o objeto de interesse. O
horário da coleta de dados também é importante porque, para pequenos valores de
temperatura, a radiação solar e seu consequente aquecimento podem mascarar anomalias
existentes por baixo isolamento. Todos esses dados e informações deverão ser anotados
por ocasião da Inspeção. A velocidade do vento tem de ser registrada, mesmo que não se
tenha informação de como está o vento na altura dos isoladores. Esse valor será utilizado
para redução do erro nas leituras quantitativas. O ajuste da emissividade, e para medições
radiométricas em 7 – 14 µm à temperatura ambiente, caso não tenha sido aferida
anteriormente, deve atender aos valores para o material constituinte do isolador,
porcelana, eventualmente coberta com poluente (poeira). No caso de isoladores, os
diagnósticos são predominantemente qualitativos e, nesse caso, a exatidão na atribuição
da emissividade não é relevante desde que não ocorram erros grosseiros. Valores como
0,8 a 0,95 são aceitáveis tanto para isoladores de vidro, como porcelana ou poliméricos. O

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 143


CAPÍTULO II – USINAS E LINHAS DE TRANSMISSÃO

FIGURA COMENTÁRIOS
valor atribuído pode ser utilizado para medidas subsequentes. Neste caso, como a altura
do poste não é muito grande, os fatores distância, umidade relativa do ar e temperatura
ambiente não são relevantes para as medições quantitativas e uma amplitude de 15 °C
facilita a focalização do objeto de interesse. Da mesma forma, a escala colorimétrica está
bem ajustada e a amplitude térmica adequada. Como os isoladores são elementos passivos
na transmissão de potência, esse tipo de anomalia pode ocorrer por depósito de poluentes
sobre a superfície do isolador ou por falha interna na rigidez dielétrica. As duas exposições
foram obtidas uma com a lente normal de 24° e outra com a teleobjetiva de 12°. A
diferença do uso da lente teleobjetiva fica evidente para diagnósticos tanto qualitativos
como quantitativos. Distribuições térmicas que se localizem na parte inferior do isolador
tendem a ocorrer por depósito de poluentes. Já distribuições que circundem o isolador,
revelam uma deficiência interna. Deve ser lembrado ainda com relação a isoladores que,
para defeitos que circundem o corpo do isolador, a possibilidade maior é de que a região
aquecida seja a em melhor estado, no que diz respeito à rigidez dielétrica. Apesar de serem
componentes relativamente dispendiosos, não há manutenção disponível para Para‐raios
com fuga para a Terra. Nos casos de depósito superficial de poluentes, eventualmente uma
lavagem com jatos de água em alta pressão, efetuados por uma equipe especializada, pode
resolver esta anomalia. Nesse caso, é altamente recomendável que o serviço seja
acompanhado pelo Inspetor de Termografia para verificar a eficácia do procedimento.
Software: ThermaCAM Reporter PRO 2002. Câmera: FLIR ThermaCAM SC2000 e FLIR
AGEMA 550. Lentes: 24° e 12°.

Análise de Consistência: como menor poderá fornecer informações sufici‐


ponto de partida, dada a altura dos cabos em entes para uma tomada de decisão. Para a
tensões maiores, deve ser observado que análise técnica, as anomalias localizadas de‐
para a análise térmica de linhas de transmis‐ vem ter suas inconsistências térmicas anali‐
são, a resolução óptica utilizada, com ou sem sadas cuidadosamente para confirmação da
lentes externas, é o fator crítico para a discri‐ existência de um defeito real ou de um arte‐
minação de anomalias térmicas. Caso o equi‐ fato. Cabos e conexões devem ter uma dis‐
pamento utilizado não possua discriminação tribuição térmica homogênea dado que,
suficiente para identificar o que está aconte‐ salvo em condições de sobrecarga, as linhas
cendo nos cabos, isoladores ou conexões, a de transmissão devem operar abaixo de sua
análise poderá ficar seriamente comprome‐ capacidade nominal de projeto. Emendas
tida. A medição das temperaturas é um fator devem se comportar de maneira semelhante
importante para um prognóstico mais confi‐ e não deve haver irregularidades térmicas ao
ável. Por outro lado, a questão da emissivi‐ longo das linhas causadas por eventuais ten‐
dade deve ser bem compreendida para que tos rompidos. Da mesma forma, a distribui‐
os erros cometidos sejam claros e não levem ção térmica entre os tentos dos cabos deve
a diagnósticos incorretos (Ver Item 1.18 no ser homogênea. Os isoladores igualmente
Capítulo 1). No entanto, se o critério de ava‐ devem se apresentar próximos à tempera‐
liação qualitativa for aceito, uma resolução tura ambiente e, no caso de radiação solar,

144 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO II – USINAS E LINHAS DE TRANSMISSÃO

devem apresentar‐se aquecidos proporcio‐ Contando com essas dificuldades, a opção


nalmente, com relação à direção da insola‐ mais óbvia é a Inspeção por helicóptero,
ção e hora do dia. Devido às dimensões das apesar dos altos custos envolvidos. Com o
estruturas, é sempre importante levar em uso de um helicóptero com um técnico e
consideração eventuais correções devidas uma boa câmera a bordo, é possível inspeci‐
ao resfriamento pelo vento. Para os casos de onar várias centenas de quilômetros de linha
cabos Para‐raios, vide Item 3.1 (Figura 3.4). em um único dia de Inspeção. Mas, por outro
Para um detalhamento e interpretação diag‐ lado, em 2017 a hora voada custa em torno
nóstica das anomalias detectadas em ca‐ de 1.500,00 US. Somado a esse valor mais o
deias de isoladores, ver o Item 4.6 (Isolado‐ investimento em câmeras, lentes e mão de
res). obra, a Inspeção acaba ficando realmente
dispendiosa.
Por sua vez, a análise térmica de li‐
nhas de transmissão, de grandes extensões Há ainda duas estratégias no regis‐
e tensões maiores, possui características es‐ tro de locais de interesse em linhas de trans‐
pecificas. As principais mudanças que ocor‐ missão: ou se registram todos os pontos de
reram foram devidas ao fato de que, até al‐ interesse para análise posterior em escritó‐
guns anos atrás, apenas as concessionárias rio técnico, ou se registram apenas os evi‐
estatais possuíam linhas de transmissão en‐ dentemente anômalos ou defeituosos. Para
tre as usinas geradoras e os centros de dis‐ o caso de registro apenas das anomalias ób‐
tribuição e consumo. Recentemente empre‐ vias, o técnico deverá fazer os ajustes e aná‐
sas do setor privado passaram a operar tanto lise de cada ponto de interesse ainda a bordo
linhas de transmissão como distribuição e da aeronave, o que aumenta o tempo de Ins‐
usinas hidroelétricas de pequeno porte. As‐ peção ao longo do dia, tornando a Inspeção
sim, a necessidade de Inspeções Termográfi‐ menos produtiva e mais cara. Já para alguns
cas em linhas de transmissão particulares, e casos duvidosos, talvez seja necessário mais
muitas vezes de grandes extensões, passou a de um Termograma para fornecer mais ân‐
fazer parte do escopo de atendimento da gulos de análise para o trabalho em escritó‐
Termografia Industrial. Cabe lembrar que rio. Como alternativa recente (2017), tem‐se
usinas são unidades industriais cujo produto utilizado drones com bom resultado, mas
é a eletricidade. ainda com algumas limitações no que diz res‐
peito a distância de autonomia e alcance dos
Os pontos, então, de maior inte‐
sinais de rádio. Independentemente da solu‐
resse nessas linhas são as conexões, emen‐
das, derivações cabos para‐raios, isoladores ção adotada, a interpretação das imagens
térmicas necessita de algumas considera‐
e eventuais equipamentos de manobra ou
seccionamento ao longo delas. A principal ções. Mesmo quando as condições de Inspe‐
ção são boas, ainda há alguns fatores adver‐
dificuldade de Inspeção nessas linhas é o
sos em Inspeções aéreas que são: tempera‐
acesso por terra, que estende a duração do
turas do solo, horário do dia, velocidade do
serviço por vários dias ou até semanas. Além
vento, dimensões dos objetos de interesse e
do mais, as visadas nem sempre são a partir
de ângulos favoráveis, exigindo lentes caras os ajustes de imagem em campo e/ou escri‐
e um manejo de qualidade das câmeras.
MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 145
CAPÍTULO II – USINAS E LINHAS DE TRANSMISSÃO

tório técnico. As imagens térmicas apresen‐ voos de helicóptero utilizando as paletas de


tadas (Figura 2.21) foram obtidas a partir de cor fornecidas pelos fabricantes.

Figura 2.21 – Termogramas de LTs por Inspeção aérea.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Três Termogramas desta Figura, salvo o inferior direito, são difíceis de avaliar. As paletas de
2.21
cor usualmente disponibilizadas pelos fabricantes fornecem resultados pobres e de difícil
compreensão e, em muitos casos, praticamente obrigam o Inspetor a utilizar a paleta cinza
como última alternativa. Além disso, todas essas imagens foram obtidas com uma lente
teleobjetiva de 6°. Por esse lado, a profundidade de campo dessa lente auxilia em que as
imagens fiquem com os objetos de interesse no foco. Mas, por outro lado, inserem uma
aberração cromática que se não for conhecida e contornada, poderá induzir facilmente a
diagnósticos falsos ou a não detecção de anomalias de pequena intensidade, mas que
estrategicamente poderão ser importantes. O enquadramento parece adequado, e a
amplitude térmica também. Cada caso deverá ter uma intervenção de manutenção
adequada às circunstâncias e contexto. Software: FLIR Researcher 2.10. Câmera: FLIR SC‐
660, Lente 76 mm (6°)

As amplitudes térmicas das ima‐ que acompanha os Termovisores. A fim de


gens da Figura 2.21, foram todas ajustadas facilitar o processamento das imagens em
pela função automática do Software original escritório, estes programas reproduzem a
146 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS
CAPÍTULO II – USINAS E LINHAS DE TRANSMISSÃO

mesma função obtida na câmera que foi uti‐ pequena e ele se vê obrigado a realizar uma
lizada para a obtenção das imagens originais série de ajustes no momento em que o heli‐
em campo. Como fica fácil de observar, são cóptero paira sobre um local de interesse a
imagens de difícil interpretação, algumas fim de verificar se há ou não uma anomalia a
onde é quase impossível identificar a anoma‐ ser registrada.
lia, quanto mais a sua localização. Dessa ma‐
neira, a margem de erro do Inspetor é muito

Figura 2.22 – Termogramas da Figura 2.21 com paleta de cor corrigida.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura A escolha de paletas adequadas à retina humana (Ver Volume 1, Capítulo 5, Item 5.1.9)
2.22
facilita enormemente a interpretação das imagens térmicas de forma geral. Uma vez
aplicadas, podemos verificar que, com a mesma amplitude térmica utilizada na Figura
anterior (Figura 2.21), os enquadramentos estão razoáveis, exceto pelo primeiro
Termograma. Todos se encontram igualmente bem focados. Deve ser observado,
entretanto, que salvo casos excepcionais, a dimensão dos objetos de interesse é
proporcionalmente pequena. Isso se explica porque são conectores, emendas e cabos que
estão à distâncias de 20, 30 ou até 50 m do helicóptero. E justamente por se tratar de uma
Inspeção com equipamentos energizados, muitas vezes não é possível uma aproximação por
motivos de segurança. Pode ser notado ainda que três desses Termogramas possuem a
escala colorimétrica com um limite superior inferior à maior temperatura medida. Além
desse ajuste não ser empecilho para uma leitura correta das temperaturas de interesse,

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 147


CAPÍTULO II – USINAS E LINHAS DE TRANSMISSÃO

FIGURA COMENTÁRIOS
muitas vezes é necessário um ajuste entre valores limites da escala colorimétrica e paleta
de cor que permita a visão de contexto da anomalia. Em alguns casos, caso fosse ajustado o
limite superior da escala colorimétrica de acordo com o valor da maior temperatura de
interesse, a maioria de seus componentes ficaria oculto, prejudicando a localização,
identificação e interpretação da imagem. Para um exemplo desse ajuste extremo, observar
as imagens (esquerda e meio) de uma mesma torre de transmissão com um conector com
150 °C. A exceção é quando do uso de paletas adaptadas à retina humana (imagem da
direita) que permitem ajustes mais precisos.

Para ler temperaturas a distâncias típicas de um voo de helicóptero, fora a lente teleobjetiva
adequada, é possível utilizar um truque de baixar a emissividade para corrigir os eventuais
erros. Empiricamente o Inspetor utilizou o valor de 0,75 que, na sua experiência, fornece
resultados compatíveis com o estado encontrado posteriormente nos objetos retirados
durante a manutenção. Evidentemente, cada caso deverá ter uma intervenção de
manutenção adequada às circunstâncias e contexto. Software: FLIR Researcher IR 3.5, FLIR
Researcher 2.10. Câmera: FLIR SC‐660, Lente 76 mm (6°).

Já as imagens da Figura 2.22 foram 3) O foco óptico tem de ser exato e a profun‐
corrigidas pelo Sistema ThermoScala, que didade de campo tem de alcançar as três
permite uma visualização muito mais rápida Fases sob o risco de se passar desperce‐
e segura. bido sobre algum ponto quente impor‐
tante.
Analisando as imagens apresenta‐
das, podemos verificar que mais alguns pro‐ A título de exemplo, na Figura 2.23
blemas surgem: se pode observar o efeito da aberração cro‐
mática das lentes utilizadas para poder ob‐
1) O posicionamento do helicóptero em re‐
lação aos objetos de interesse é crítico servar pequenos objetos a grandes distân‐
cias. As linhas amarelas são uma representa‐
porque nem sempre a temperatura é alta
ção simplificada das zonas de aberração
e o contraste com o fundo da imagem
desta lente em particular (FOL76mm = 6°).
torna‐se crítico;
Para outras lentes, as curvas poderão ser di‐
2) As estruturas frequentemente introdu‐ ferentes: Esse efeito pode introduzir erros
zem reflexos e embaralhamento nas ima‐ de avaliação e medição se não conhecido
gens se os objetos de interesse forem para cada lente utilizada. A melhor detecção
contrapostos a elas;

148 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO II – USINAS E LINHAS DE TRANSMISSÃO

deste efeito é a observação de uma superfí‐ extensão. Em uma solução não tão exigente,
cie plana aproximadamente à mesma tem‐ a lente poderá ter uma variação de aberra‐
peratura. Caso a lente seja de boa qualidade, ção, mas centrada no meio geométrico da
a imagem deverá ser plana, ou seja: apresen‐ imagem e alinhada com o eixo óptico do sis‐
tar uma uniformidade térmica em toda a sua tema lente‐sensor.

Figura 2.23 – Aberração cromática em lentes teleobjetivas 6°.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Os Termogramas desta Figura ilustram o efeito de aberração cromática em lentes, no caso
2.23
teleobjetivas. As linhas amarelas e concêntricas nas imagens na paleta Iron ou Ferro,
apresentam simplificadamente a separação de áreas onde a aberração é maior para menor.
As bordas da lente (6° neste caso) são menos espessas que a sua parte central, fazendo com
que a radiação que chega ao sensor seja mais atenuada no meio do que nas bordas. Devido
a essa variação na espessura, a imagem aparece mais “clara” nas bordas do que no centro.
O mesmo efeito pode ser observado na imagem do
meio, onde duas isotermas apresentam as mesmas
curvas de distorção nas temperaturas medidas.
Idealmente, caso não seja possível reduzir esse
efeito, ao menos a parte central mais espessa da
lente deveria estar alinhada com o eixo da lente e ser
simétrica em relação às bordas da imagem (ver
imagem ao lado). De qualquer forma, e em tese, o
fabricante deveria corrigir o mapeamento do sensor
para que o termovisor, quando conectado a esta lente específica (com um determinado
número de série), apresentasse uma imagem com a distorção corrigida. Software:
ThermaCAM Researcher IR 4.2, Câmera: FLIR SC‐660, Lente: 6° (76 mm).

O ajuste das imagens em escritório sendo críticos, uma vez que ambos os proce‐
técnico passa a ser decisivo também, uma dimentos exigem que o drone ou helicóptero
vez que, se for utilizada uma paleta de cor permaneçam estáveis, pairando no ar o
incorreta, uma anomalia poderá facilmente tempo suficiente para uma imagem de qua‐
passar despercebida. lidade. Outro fator que interfere significati‐
vamente nesta qualidade de imagem é a
Tanto com drones como com heli‐
taxa de varredura ou atualização do sensor.
cópteros, os tempos de tomada das ima‐
gens, focalização e discriminação, acabam
MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 149
CAPÍTULO II – USINAS E LINHAS DE TRANSMISSÃO

Câmeras com tempos de atualização maio‐ conexão ou emenda e não na linha em si.
res que 1/30 de segundo tenderão forte‐ Quando a emenda ou conexão houver alcan‐
mente a produzir imagens borradas devido à çado a máxima temperatura admissível para
vibração do helicóptero ou drone. É reco‐ a linha, e a linha em si não, isso poderá signi‐
mendável ao menos uma varredura de 30 ficar que há uma anomalia em curso neste
Hz, sendo desejáveis 60 Hz ou mais. local. Assim, é no mínimo recomendável
acompanhar com uma frequência maior as
Recomendações de Intervenção:
temperaturas atingidas por essa anomalia.
dois critérios devem ser atendidos quanto às
Em alguns casos, pode haver um ponto espe‐
linhas de transmissão: o estratégico e o tér‐
cífico da linha que se apresente mais aque‐
mico. Linhas de transmissão normalmente
cido. Descartada a alteração de emissivi‐
são críticas para o fornecimento de energia,
quer de concessionárias ou de empresas pri‐ dade, é possível que haja um ou mais tentos
vadas. Qualquer anomalia que venha a evo‐ rompidos. Nesse caso, e não considerando a
luir para uma falha pode causar o desliga‐ temperatura aparente em si mesma, a reco‐
mento de um grande número de consumido‐ mendação estratégica deve ser de urgência,
res ou de uma unidade fabril inteira. Quanto uma vez que não há a distância, como preci‐
sar o que está ocorrendo na anomalia.
ao critério térmico, eventuais anomalias em
cabos, conexões ou emendas deverão aten‐ Quanto ao resfriamento pelo vento, salvo de
houver alguma forma de ler sua velocidade
der ao critério de carregamento e tempera‐
na altura da torre, a medida aproximada ao
tura máxima admissível. Nem sempre esses
nível do chão deverá ser utilizada para uma
dados estarão disponíveis e, portanto, caso
aproximação maior da temperatura final no
venha a ser feita a correção para 100% da
caso de cessar o vento. As correções deverão
carga passante, a informação de carrega‐
utilizar algoritmos ou Tabelas confiáveis (Ver
mento deve ser obtida preferencialmente
Itens 1.10 e 1.14, Capítulo 1).
antes da Inspeção (capacidade nominal da li‐
nha e carregamento aproximado no horário Por outro lado, em uma avaliação
da Inspeção). A rigor, e utilizando um critério estratégica, a tendência é ser conservador
exclusivamente térmico, se a temperatura nos diagnósticos, uma vez que deve ser le‐
de operação medida da linha como um todo vada em conta a importância estratégica da
atingir o seu limite de projeto e a carga esti‐ linha, as consequências e custos – econômi‐
ver próxima à nominal ( 85%), o máximo cos e humanos – de uma interrupção de for‐
que pode ser feito é anotar o ponto ou cone‐ necimento. Conexões defeituosas ou tentos
xão como termicamente em Observação, já partidos, por sua vez, deverão sofrer inter‐
que nenhum limite foi ultrapassado e a tem‐ venção de qualquer maneira ao longo do
peratura se encontra próxima à nominal. Es‐ tempo. Assim, e sem as variáveis de carrega‐
trategicamente a linha em si poderá ser qua‐ mento e dimensionamento conhecidas,
lificada como de Intervenção Programada no qualquer anomalia confirmada deve ser re‐
sentido de ser estudada como regular a gistrada como no mínimo de Intervenção
carga passante. No entanto, essa análise Programada, independente da carga instan‐
deve ser mais criteriosa se a máxima tempe‐ tânea. Se for possível uma leitura de tempe‐
ratura admissível tiver sido atingida em uma raturas confiável, e a temperatura projetada

150 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO II – USINAS E LINHAS DE TRANSMISSÃO

para 100% da carga com resfriamento pelo Item 3.6, Figura 3.43 deste manual. De qual‐
vento de 0 m/seg. estiver até 20% acima da quer forma, e de acordo com as temperatu‐
máxima temperatura admissível para o com‐ ras observadas, pode ser necessário correr a
ponente, a intervenção estratégica sugerida linha em busca do ponto de mau contato que
é de Urgência, ou seja, intervir na primeira esteja originado essa assimetria.
ocasião possível. Para temperaturas próxi‐ Já o Termograma da Figura 2.18
mas ou superiores a 1,5 vezes a máxima ad‐ apresenta a cadeia de isoladores em uma
missível, recomenda‐se intervenção de torre onde há um baixo isolamento nos iso‐
Emergência com a parada imediata da linha ladores frios. Para essa avaliação, descarta‐
e manutenção ou avaliação de medidas a se‐ se o efeito capacitivo referindo‐se ao aque‐
rem tomadas, ou riscos a serem corridos. A cimento como apenas resistivo. Na Figura
temperatura máxima de operação da linha
2.19, a causa provável do aquecimento nos
deve obedecer aos critérios de projeto ou,
pontos de contato com o espaçador com as
na falta destes, caberá ao Inspetor escolher
linhas é a mudança da emissividade em com‐
entre os valores tradicionalmente utilizados
paração a da linha. Por sua vez, as anomalias
de 95 °C ou 105 °C.
detectadas em sobrevoos de helicóptero ou
O exemplo da Figura 2.16 apresenta drone estão sujeitas às mesmas considera‐
uma emenda na linha que possui alguns ções.
graus acima do cabo adjacente. Notar que há
Na manutenção das anomalias en‐
uma pequena interrupção na distribuição
contradas, recomenda‐se desmonte, Inspe‐
térmica no meio da emenda, mas, a resolu‐
ção Visual cuidadosa em busca de sinais de
ção óptica utilizada nesse Termograma, não
corrosão e deterioração. Caso encontrados,
é suficiente para a leitura confiável de tem‐
avaliar se é possível a recuperação e reutili‐
peraturas no espaço entre as duas metades
zação do componente. Essa reutilização
da emenda. Nesses casos, é importante sa‐
pode ser arriscada, uma vez que não se sabe
ber qual o carregamento da linha no mo‐ a qual temperatura já operou. Normalmente
mento da Inspeção para poder avaliar a gra‐ no caso de corrosão detectada, é mais con‐
vidade do aquecimento. Por outro lado, é veniente a substituição. Se não houver sinais
impreciso saber qual exatamente a veloci‐ de corrosão, recomenda‐se limpeza e rea‐
dade do vento na cota em que se encontra o perto com torquímetro, sendo que é impor‐
cabo. Assim, é recomendável inspecionar ini‐
tante destacar que se deve mudar a posição
cialmente com uma periodicidade curta para
de fixação ou assentamento do componente
avaliar possíveis variações significativas. No
(no caso um conector) na linha.
caso de elas não se confirmarem, pode‐se
aumentar a periodicidade para períodos ava‐ Nos casos de isoladores conduzindo
liados como seguros pela Gerência respon‐ para a Terra, há apenas duas causas possí‐
sável. No caso da Figura 2.17, além do leve veis: defeitos (não homogeneidades) inter‐
aquecimento da emenda, pode‐se observar nos ou incrustações superficiais de poluen‐
na Seta 1 que há uma distribuição irregular tes (resíduos). Em ambos os casos, a cor‐
da corrente entre os tentos do cabo. Esse fe‐ rente de fuga causará o aquecimento detec‐
nômeno será explicado mais à frente, no tado. Nas situações de depósito superficial

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 151


CAPÍTULO II – USINAS E LINHAS DE TRANSMISSÃO

confirmado, uma limpeza pode resolver o Termograma a ser registrado. No caso de um


problema, sendo que, em alguns casos, e sob ajuste genérico ser utilizado, os erros come‐
rígidas condições de controle e segurança, tidos deverão ser avaliados para confirma‐
pode‐se efetuar a lavagem dos isoladores a ção de um impacto significativo nas medi‐
partir do solo com jatos de água, de prefe‐ ções ou não. No caso das linhas de transmis‐
rência levemente aquecida. Nos casos de de‐ são, é conveniente buscar um fundo de céu
feito interno, provavelmente a contamina‐ azul sem nuvens ou com nuvens frias, e com
ção se deverá à infiltração de umidade. Nes‐ o sol posicionado de tal forma em relação ao
ses casos, apenas a substituição do isolador operador da câmera, que o reflexo sobre a
resolverá o problema e, a lavagem sob alta linha seja o mínimo. Em nenhuma circuns‐
pressão, poderá agravar a contaminação. tância a imagem térmica deverá incluir o sol
no seu campo de visão, sob risco de danificar
É importante ressaltar ainda que,
seriamente o sensor do termovisor. A lar‐
nos casos de infiltração de umidade, há a
gura de faixa ou span deverá ser ajustada de
forte tendência de se estabelecer um ciclo
tal forma que – na medida do possível – seja
de aquecimento e resfriamento causado
possível a discriminação dos menores deta‐
pela própria corrente de fuga: ao circular
lhes do objeto em suas partes mais frias.
pelo caminho já aberto, a corrente aquece o
Esse ajuste, por sua vez, pode causar a satu‐
componente que, por sua vez, seca, fazendo
ração da imagem térmica nos componentes
com que o aquecimento diminua. Após nova
circundantes. No entanto, esse é o custo
contaminação, a mesma corrente de fuga
para que o objeto de interesse seja visível
volta a circular, aquecendo o componente e,
em seu contexto e permita um diagnóstico e
novamente, secando‐o após algum tempo.
prognóstico confiáveis. Após a visualização
De forma semelhante, é possível que, após
do objeto de interesse, linha, conectores,
alguns dias de temperatura ambiente mais
emendas, isoladores, nas suas partes mais
alta e insolação, a corrente de fuga desapa‐
frias, a câmera deverá ser ajustada para ten‐
reça, confirmando então o diagnóstico ini‐
tar compatibilizar a(s) parte(s) aquecida(s),
cial. Assim, para a detecção desse tipo de
mantendo o máximo possível de áreas frias
problema em isoladores de linhas de trans‐
na mesma imagem, sem prejudicar a identi‐
missão, o adequado é realizá‐las após chuvas
ficação da origem do(s) aquecimento(s). O
ou períodos de alta umidade relativa do ar.
procedimento descrito parte do pressuposto
Ajuste da Câmera e Condições de de que as áreas mais aquecidas constituem a
Contorno: os termovisores deverão ser ajus‐ anomalia térmica que se busca. Se forem as
tados, evidentemente, de acordo com as partes mais frias, todo o procedimento de‐
suas características, limitações e condições verá ser invertido. Para os casos limítrofes,
do meio. O fator mais crítico, no caso de li‐ duas imagens (ou mais) poderão ser registra‐
nhas de transmissão, é a resolução óptica. das para verificação a posteriori de qual
Sem que permita uma boa área de medição, apresenta a melhor identificação da anoma‐
ou MIFOV, os diagnósticos deverão ser qua‐ lia. Nesse caso, é possível inclusive o registro
litativos. Para uma maior exatidão nas leitu‐ em diversos ângulos. Em qualquer das cir‐
ras de temperatura, todos os parâmetros de‐ cunstâncias, sempre deverá ser feita uma
verão ser ajustados caso a caso, para cada foto de controle na luz visível.
152 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS
CAPÍTULO II – USINAS E LINHAS DE TRANSMISSÃO

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 153


CAPÍTULO III
Subestações de Transmissão
CAPÍTULO III – SUBESTAÇÕES DE TRANSMISSÃO

3.1 PÓRTICOS Com exceção dos Para‐raios, todos os outros


elementos são predominantemente resisti‐
vos e, eventualmente, capacitivos. Para fins
de infravermelho emitido, os efeitos capaci‐
tivos, em muitos casos, podem ser desprezí‐
veis.
Descrição Térmica: nos pórticos, as anoma‐
lias mais frequentes acontecem em cabos,
conexões e eventuais correntes de fuga ou
por isoladores de ancoragem, de pedestal ou
Para‐raios. Esses componentes serão discu‐
tidos individualmente ao longo do Manual. A
Figura 3.2 e Figura 3.3 apresentam dois pór‐
ticos sem anomalias térmicas, e a Figura 3.4
Figura 3.1 – Pórtico em Subestação.
apresenta uma junção de cabos Para‐raios
em uma estrutura de chegada em um pór‐
Descrição Técnica: pórticos são as portas de
tico onde se pode observar a inexistência de
entrada ou de saída das subestações de
anomalias ou pontos quentes.
transformação. Constam basicamente de ca‐
bos, conexões, isoladores de ancoragem e Exemplos:
para‐raios.

Figura 3.2 – Pórtico de SE 500 kV.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 3.2 Este Termograma foi elaborado com uma montagem em panorama por um Software
específico fornecido pelo fabricante. A sobreposição das estruturas de suporte deve‐se a
que foram utilizados três diferentes pontos de visada, cada um adjacente ao anterior.
Nesta visada não é perceptível nenhuma anomalia térmica e os componentes, classe de
tensão 500 kV, apresentam aquecimentos normais. O fato de não serem detectadas
anomalias pode ser devido à falta de resolução espacial (IFOV) e de medição (IMFOV).
Neste caso, a imagem só detectará defeitos de grande intensidade e, ainda assim, com

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 157


CAPÍTULO III – HARDWARE E FAIXA ESPECTRAL

FIGURA COMENTÁRIOS
grande erro de leitura. A solução é se aproximar mais dos objetos de interesse ou utilizar
uma óptica acessória adequada. Software: FLIR Reporter 9.0. Câmera: FLIR SC‐660

Figura 3.3 – Pórtico 230 kV.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 3.3
Este Termograma apresenta um pórtico de uma SE 230 kV onde os componentes
apresentam aquecimentos normais. A aberração cromática da lente infravermelha é
muito semelhante à da foto na luz visível. Para maiores detalhes, ver os comentários da
imagem anterior. Software: ThermaCAM Reporter PRO 2002. Câmera: FLIR SC‐2000

Figura 3.4 – Cabo Para‐raios Normal em SE 230 kV.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 3.4 Este Termograma foi obtido com uma lente de 24°. O enquadramento é correto e
apresenta uma torre onde são ancorados quatro cabos para‐raios em uma subestação
230 kV. A distribuição de temperaturas na escala colorimétrica poderia ser um pouco
melhor. No entanto, deve‐se considerar que tem de apresentar componentes todos
praticamente à temperatura ambiente contra um céu frio. O objetivo é apresentar um

158 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO III – HARDWARE E FAIXA ESPECTRAL

FIGURA COMENTÁRIOS
caso de normalidade para servir de referência para o próximo Termograma (Figura 3.5).
Se o ajuste de amplitude tivesse seu valor máximo na faixa dos 30 °C, a sensação para o
observador seria de que tudo estaria aquecido. Software: ThermaCAM Reporter PRO
2002. Câmera: FLIR SC‐2000

3.1.1 Caso Particular: Cabos Para‐raios lha de Terra nos pés de torre, falta de trans‐
posição dos cabos de Fase entre as estrutu‐
A Figura 3.5 apresenta um caso raro ras ou, e eventualmente, carga capacitiva no
de mau contato no cabo para‐raios da subes‐ cabo para‐raios. A foto na luz visível à direita
tação. Um aquecimento desse tipo pode ter apresenta um caso similar encontrado por
como causa diferenças de potencial de ma‐ uma equipe de Inspeção de LT sem que hou‐
vesse sido efetuado nenhum Termograma.

Figura 3.5 – Anomalia em conexão de cabo Para‐raios por circulação de corrente.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 3.5 Termograma com a composição correta e lente de 12°. Este Termograma apresenta uma
torre de transmissão onde foi localizada uma anomalia térmica no topo da estrutura, no
ponto de fixação do cabo para‐raios. Normalmente torres e cabos para‐raios não são
inspecionados porque são considerados elementos passivos em um sistema elétrico. No
entanto, como o Termograma comprova, a circulação de correntes causadas por
diferenças de potencial de Terra, pode efetivamente gerar aquecimentos significativos. A
foto na luz visível ao lado, apresenta o faiscamento em uma ancoragem no topo de outra
torre onde é possível observar a corrosão causada pelo arco voltaico. Uma queda de um
cabo para‐raios sobre uma linha de transmissão pode causar um desligamento de grandes
proporções, inclusive com o seccionamento dos cabos de força. A solução requer um
estudo aprofundado das condições do solo e resistências de aterramento para verificar o
outro ponto de origem da corrente. Para realizar esse Termograma a partir do chão, é
necessária uma lente de 12° ou 7°. Se a distância for muito grande, pode ser necessário
um tripé para evitar que a imagem borre devido à vibração da mão do operador. No caso
em pauta, a intervenção de manutenção adequada é a substituição das peças corroídas

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 159


CAPÍTULO III – HARDWARE E FAIXA ESPECTRAL

FIGURA COMENTÁRIOS
e, se necessário, tratamento de superfície para as que não puderem ser imediatamente
substituídas. Mas se não forem corrigidas as condições de aterramento e diferença de
tensão entre torres, a simples substituição não resolverá o problema. Software:
ThermaCAM Reporter PRO 2002. Câmera: FLIR P‐640, Lente 12°.

3.1.2 ESTUDO DE CASO 1: Rompimento de velocidade do vento, era maior que 50 °C, a
Cabo 69 kV em Pórtico Gerência encarregada achou prudente sub‐
mete‐lo à manutenção preventiva. Como o
Histórico: barramentos e cabos de conector sobreaquecido se situava eletrica‐
alta tensão estão também sujeitos aos ciclos mente antes da seccionadora de transferên‐
de falha, conforme já apresentado no Capí‐ cia, para a manutenção seria necessário o
tulo 1, Item 1.14, Figura 1.16 . No presente desligamento total da Linha 2 e, consequen‐
caso, em uma subestação de entrada em temente, de todos os equipamentos posteri‐
uma planta petroquímica de grande porte, ores conectados a ela. O departamento téc‐
havia duas linhas de 69 kV em paralelo que nico então aproveitou o desligamento para
alimentavam a fábrica. A Termografia era efetuar uma manutenção geral nos equipa‐
efetuada semestralmente em toda a subes‐ mentos conectados à Linha 2 a saber, secio‐
tação e, no mês de maio, em dois dias con‐ nadoras, TC’s, Disjuntores e assim por di‐
secutivos, foram encontrados dois conecto‐ ante. A carga seria remanejada para a Linha
res, um em cada cabo da linha de entrada, 1 que apresentava uma anomalia de menor
com anomalias. A Figura 3.6 apresenta o so‐ porte e que, após a manutenção da Linha 2,
breaquecimento do conector de descida da seria, por sua vez, alvo de manutenção. Os
Linha 1 sendo que a Temperatura Ambiente Termogramas foram obtidos utilizando uma
era de 17 °C e, portanto, apresentava um ΔT câmera infravermelha de ondas longas
de 10 °C. Por sua vez, a Figura 3.7, obtida no 7 – 14 µm com resolução de 320 X 240, reso‐
dia anterior, apresenta o conector de des‐ lução espacial de 0,65 mrad e lente teleobje‐
cida da Linha 2, esse com um ΔT de 37 °C tiva de 12°. Isso significa que o tamanho de
com relação à temperatura ambiente de medição mínima (considerando 9 pixels)
14 °C. Uma vez que o conector da Linha 2 para um objeto instalado a 12 m de altura é
apresentava seu primeiro problema após de 27 mm, compatível, portanto, com o ta‐
muitos anos de Inspeção, e sua temperatura manho do conector de interesse.
absoluta sem considerar o fator de carga e a

Anotações:

160 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO III – HARDWARE E FAIXA ESPECTRAL

Figura 3.6 – Conector de descida sobreaquecido Linha 1 – maio.

Figura 3.7 – Conector de descida sobreaquecido Linha 2 – maio.

Inspeções: como a periodicidade utilizando uma câmera infravermelha de on‐


das Inspeções era semestral, a próxima Ins‐ das longas 7 – 14 µm com resolução de 640
peção ocorreu em outubro do mesmo ano. X 480, resolução espacial de 0,35 mrad, com‐
Com a Linha 2 ainda desenergizada para ma‐ patível para medições com objetos do tama‐
nutenção em diversos equipamentos, e toda nho do conector de interesse à distância
a carga das duas linhas passando pela Linha considerada.
1, a Figura 3.8 apresenta as temperaturas
encontradas. Este Termograma foi obtido

Figura 3.8 – Conector de descida sobreaquecido


Linha 1 – outubro.

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 161


CAPÍTULO III – HARDWARE E FAIXA ESPECTRAL

No momento da Inspeção a tempe‐ nha 1 aqueceu a tal ponto que causou o rom‐
ratura ambiente era de 20°, o que significa pimento do cabo de alumínio com alma de
que o conector com a anomalia com ΔT de aço e a sua queda à terra. A Figura 3.9 e se‐
11 °C em maio agora, e para o dobro da guintes apresentam o resultado dessa ocor‐
carga, apresentava um ΔT de 12 °C, pratica‐ rência. Com a queda, houve um pequeno in‐
mente idêntico, sendo que não foi conside‐ cêndio na vegetação circundante à Subesta‐
rado o resfriamento pelo vento. Como a Li‐ ção e, consequentemente, parada de todo o
nha 1 estava suportando toda a carga das processo produtivo. Em se tratando de uma
duas linhas e que o ΔT havia variado tão parada intempestiva de uma petroquímica
pouco, a Gerência entendeu que a situação onde havia motores de grande porte, houve
da Linha era segura. Na ocasião não foi ob‐ a contribuição para o curto circuito das mas‐
servado que, se a carga havia dobrado e o ΔT sas girantes e, devido à parada abrupta,
permanecia inalterado, quando deveria ter ocorreram diversos entupimentos em vários
subido exponencialmente, é porque deveria setores do processo. No final, a fábrica ficou
ter ocorrido alguma solda interna à conexão. parada por seis dias, totalizando um prejuízo
de aproximadamente oito milhões de dóla‐
Rompimento: após 12 dias da lei‐
res em faturamento perdido.
tura destas temperaturas, o conector da Li‐

Figura 3.9 – Cabo Seccionado e Primeira Torre da Linha 1.

Anotações:

162 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO III – HARDWARE E FAIXA ESPECTRAL

Figura 3.10 – Para‐raios danificado, Cabo Seccionado e Conector Adjacente de descida.

Figura 3.11 – Estado do conector no local de rompimento do cabo da LT 1 e Ancoragem.

ANÁLISE: utilizando a Curva de Fa‐ e iniciado um processo de aquecimento que,


lha teórica reproduzida na Figura 3.12, pode‐ evidentemente, não foi monitorado. Assim,
mos explicar a fusão e ruptura do cabo pelos na Termografia de maio o conector apresen‐
ciclos de aquecimento da anomalia inicial. tou um pequeno sobreaquecimento que,
Dessa maneira, a hipótese mais provável é com o passar do tempo, pode ter‐se aque‐
que o conector, ao assumir sozinho a carga cido e resfriado não uma, mas até diversas
de Fase plena, das duas linhas, tenha rom‐ vezes, como pode ser visto na Figura 1.20 ,
pido com suas micro soldas internas (Capí‐ Capítulo 1, Item 11.1, na simulação feita em
tulo 1, Item 1.14, Figura 1.15 e Figura 1.16 ) laboratório.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 163


CAPÍTULO III – HARDWARE E FAIXA ESPECTRAL

Figura 3.12 – Simulação de situação sobre a curva de falha típica.

Após um número indeterminado de comportamento térmico esperado para o


ciclos de aquecimento, piora da conexão e dobro da potência circulante desta Linha se‐
soldagem interna, a temperatura atingida ria o acréscimo da temperatura de acordo
para o corte de um cabo alma de aço supe‐ com a equação P = RI2 (Ver Capítulo 1, Item
rou o ponto de fusão, que é em torno de 1.16, Figura 1.26 e Figura 1.31 ). Caso as con‐
1.450 °C, o que levou ao rompimento. O dições permanecessem as mesmas e a resis‐
rompimento deve ter acontecido em uma tência de contato do conector continuasse
região muito próxima ao conector já que sem alteração, a temperatura esperada seria
permaneceu íntegro, mas seriamente avari‐ em torno de 57 °C e não 32 °C. O Delta T en‐
ado (Figura 3.11). Apesar da causa imediata contrado em outubro indicava que nesse pe‐
da falha ter sido o rompimento do cabo, uma ríodo teria havido pelo menos uma solda in‐
análise mais detalhada do processo de Ins‐ terna significativa. O procedimento correto a
peção leva à conclusão de que a situação ser adotado teria sido refazer a Termografia
chegou a esse nível crítico por uma deficiên‐ em períodos de três dias, por pelo menos
cia no ajuste da periodicidade da Inspeção, duas semanas, para verificar se após dobrar
devido aos ciclos de aquecimento deste co‐ a potência, os Deltas de temperatura perma‐
nector. A baixa temperatura lida seis meses neceriam estáveis ou não. Em situações es‐
após a primeira Inspeção não levou em con‐ trategicamente mais críticas, seria indicado
sideração que a potência circulante pela co‐ inclusive o monitoramento inicial de hora
nexão dobrou, mesmo tendo o Delta de tem‐ em hora pelos três dias iniciais, a fim de ten‐
peratura permanecendo praticamente inal‐ tar mapear o comportamento da conexão.
terado. Este equívoco levou à conclusão er‐ Se as temperaturas lidas na sequência fos‐
rônea de que, se a temperatura estava pró‐ sem menores, ou apresentassem uma ten‐
xima da anterior, então nada havia aconte‐ dência decrescente, seria razoável concluir
cido com a conexão nesse meio tempo. O

164 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO III – HARDWARE E FAIXA ESPECTRAL

que teria havido uma solda interna ou derre‐ Após a parada geral, foram efetua‐
timento maior na conexão entre as leituras das intervenções de manutenção em todos
consecutivas. Se as temperaturas fossem os conectores, sendo que a Figura 3.12 apre‐
maiores, ou apresentassem uma tendência senta o estado de um dos outros conectores
crescente, o agravamento do estado da co‐ da Linha 2 ao ser aberto. Segundo o corpo
nexão ficaria evidente. Deve ser ainda lem‐ técnico que executou a manutenção, todos
brado que fusões internas em conexões os conectores apresentavam sinais de corro‐
sempre implicam na redução de torque nos são semelhantes. A limpeza cuidadosa dos
parafusos aplicados, o que piora sensivel‐ cabos, a substituição dos conectores e o as‐
mente as suas condições. A criticidade da in‐ sentamento em locais diferentes dos já utili‐
tervenção de manutenção deveria então ser zados foram as providências utilizadas além
ajustada de acordo com a disponibilidade de de, evidentemente, o aperto com torquíme‐
produção e variação nas temperaturas lidas. tro.

Figura 3.13 – Estado interno de outro conector da Linha 2 e assentamento no cabo.

Duas semanas depois de efetuada a dias diferentes. Os resultados após a inter‐


manutenção em todos os conectores dos venção podem ser observados na Figura 3.14
dois Bays de entrada, foi efetuada nova Ter‐ e Figura 3.15. É importante notar que o Ter‐
mografia de controle com cada uma das li‐ mograma da Linha 1 foi obtido com uma vi‐
nhas alimentando 100% da carga, em dois sada a 180° do primeiro Termograma onde
foi identificada a anomalia.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 165


CAPÍTULO III – HARDWARE E FAIXA ESPECTRAL

Figura 3.14 – Linha 1, emenda de cabo e conector de descida após manutenção.

Figura 3.15 – Linha 2, após manutenção.

Figura 3.16 – Baixo isolamento na cadeia de isoladores.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 3.16 Em outro circuito da mesma subestação, e em outra data, foram localizados isoladores de
vidro com anomalias térmicas que indicam fortemente que as cadeias estão todas
comprometidas, exceto pelos componentes aquecidos (Ver Figura 3.24 e Figura 3.26 para
uma explicação detalhada desta conclusão). A eventualidade de depósito de poluição
superficial não deve ser desconsiderada. Neste caso, a limpeza dos isoladores poderia
resolver o problema. A questão que se apresenta então é se o risco vale a pena.

166 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO III – HARDWARE E FAIXA ESPECTRAL

FIGURA COMENTÁRIOS
Eventualmente é mais prudente substituir a cadeia de isoladores, dado seu custo
relativamente baixo e, só então, testar, lavar e testar novamente a cadeia retirada para
confirmar que o procedimento solucionaria o problema. Uma vez comprovado, a cadeia
poderia ser mantida como reserva. Na opção mais simples, substituir a cadeia resolverá a
anomalia. Software: ThermaCAM Reporter PRO 2002. Câmera: T300, Lente 12°.

Análise de Consistência: barramen‐ qualquer maneira, a discriminação de even‐


tos devem ser analisados lenta e cuidadosa‐ tuais pontos quentes continua baixa.
mente, ajustando os parâmetros das câme‐ No entanto, a discriminação visual
ras sempre que necessário ou quando as de anomalias térmicas pode ficar evidente,
condições de contorno forem modificadas: dentro dos mesmos ajustes, se a paleta de
distância, foco, temperatura refletida, inso‐ cores adequada e ajustada ao olho humano
lação, emissividade etc. Variações bruscas for utilizada, conforme se pode constatar no
de temperatura detectadas devem ser anali‐ Termograma na Figura 3.41. Além disso, é
sadas para verificar eventuais mudanças de sempre extremamente importante tentar
emissividade ou distribuição de carga entre obter a carga passante no momento da Ins‐
circuitos diferentes. Na prática é difícil, se‐ peção pelo barramento, o que nem sempre
não impossível, determinar a corrente em é fácil ou simples. Se a informação exata não
cada barra no momento da Inspeção. Assim, for possível, ao menos uma estimativa é im‐
devem‐se avaliar as eventuais anomalias tér‐ portante de ser registrada. Da mesma forma,
micas por um critério qualitativo. É impor‐ e para casos de acompanhamento de ten‐
tante levar em consideração também o dência de temperatura, como apresentado
eventual resfriamento pela velocidade do neste Estudo de Caso, é importante lembrar
vento se for o caso. que variações de carga devem necessaria‐
O barramento de uma subestação mente alterar as temperaturas medidas.
muitas vezes é um emaranhado de circuitos, Qualquer alteração, para mais ou para me‐
barras de transferência, barramento princi‐ nos, ou mesmo a manutenção da tempera‐
pal, estruturas e outros componentes que tura medida, ou Delta em relação a uma re‐
dificultam a discriminação visual do Inspe‐ ferência, deve ser compatível com a variação
tor. No caso do Termograma da Figura 3.39, de carga. Se a temperatura permanecer pró‐
ele foi ajustado para uma faixa de tempera‐ xima às leituras anteriores, mas a carga no
tura que apresenta uma visada geral dos momento da nova Inspeção é diferente da
equipamentos sob um barramento 69 kV. A anterior, uma análise cuidadosa deve ser
paleta de cor utilizada, ferro ou iron, é a mais efetuada para definir com maior exatidão o
frequente nessa utilização. Há apenas alguns que está ocorrendo. O risco de um erro
pontos que chamam a atenção nessa confi‐ nessa avaliação é uma parada intempestiva
guração. de custo muito alto.
Já no Termograma da Figura 3.40,
os limites superiores e inferiores são manti‐
dos e outra paleta de cor é utilizada. Mas, de

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 167


CAPÍTULO III – HARDWARE E FAIXA ESPECTRAL

3.2 SUBESTAÇÕES

Descrição Técnica: subestações, elevadoras


ou rebaixadoras, são complexos de equipa‐
mentos elétricos, cada uma com um layout
único e características próprias. Não obs‐
tante classes de tensão diferentes, quase to‐
das contemplam os mesmos tipos de equipa‐
mentos e são submetidas aos mesmos tipos Figura 3.17 – Subestação.
de esforços mecânicos e elétricos.

Figura 3.18 – Diagrama Esquemático de uma Subestação.

Encontramos dentro de uma subes‐ as diversas condições ambientais e de ope‐


tação, a partir das linhas de entrada ou saída, ração. Inconsistências térmicas devem ser
isoladores de pedestal e ancoragem, barra‐ detalhadamente analisadas para a identifi‐
mentos, para‐raios, TCs e TPs tanto de pro‐ cação de possíveis anomalias ou artefatos.
teção como de medição, seccionadoras com Descrição Térmica: os equipamentos de
diversas funções (transferência, aterra‐ uma subestação deverão apresentar aqueci‐
mento, seccionamento), disjuntores, trans‐ mentos compatíveis com suas funções, regi‐
formadores, bancos de capacitores, muflas, mes de operação e cargas. Desvios em distri‐
buchas secas ou a óleo, cabos, conectores e buições térmicas, tanto qualitativos como
uma grande quantidade de outros equipa‐ quantitativos, deverão ser cuidadosamente
mentos. Cada um tem o seu comportamento avaliados.
elétrico e térmico esperado ou nominal para

168 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO III – HARDWARE E FAIXA ESPECTRAL

Exemplos:

Figura 3.19 – Termogramas de uma Subestação 138 kV.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 3.19 Os dois Termogramas a que se refere esta Figura foram elaborados apenas para
finalidades ilustrativas utilizando uma montagem em panorama por um Software
específico fornecido pelo fabricante. O mosaico superior foi efetuado utilizando um tripé
e por isso está com a perspectiva correta. Já o Termograma inferior foi efetuado com a
câmera sustentada pela mão do operador, o que ocasionou uma distorção na perspectiva.
A regra é sempre que possível utilizar um tripé para a coleta de imagens para panoramas
ou mosaicos. Nesta visada não é perceptível nenhuma anomalia e os transformadores,
apresentam aquecimentos normais. De qualquer forma, o ajuste da amplitude térmica é
crítico para o equilíbrio visual da imagem. Software: FLIR Reporter 9.0. Câmera: FLIR SC‐
2000.

Recomendações de Intervenção: respeitando suas características construtivas


cada anomalia térmica ou defeito encon‐ e funcionais, bem como a sua localização es‐
trado em uma subestação deverá ser anali‐ tratégica no layout da subestação e seu car‐
sado de acordo com suas próprias caracterís‐ regamento instantâneo e nominal (de pro‐
ticas (tensão, corrente, tipo de operação e jeto). Nas próximas seções, serão discutidos
função) e repercussões. Cada componente os componentes mais comuns e seus proce‐
deverá ter sua própria análise e diagnóstico, dimentos.
MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 169
CAPÍTULO III – HARDWARE E FAIXA ESPECTRAL

Figura 3.20 – Diversos componentes em SE 500/230 kV com anomalias.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Termograma em formato mosaico ou Panorama de disjuntor, TC e seccionadora em uma
3.20
SE 500/230 kV. O enquadramento foi feito manualmente e, portanto, a imagem aparece
distorcida após o tratamento pelo Software de panorama. No entanto, as imagens
originais estão bem focadas, permitindo uma leitura precisa das temperaturas. Como se
tratam de conexões, articulações e fechamentos, caso a resolução de medição seja
suficiente, valores de emissividade para medições radiométricas em 7 – 14 µm à
temperatura ambiente como 0,8 a 0,90, são aceitáveis para uma medida qualitativa.
Mesmo que os materiais sejam alumínio, o efeito fresta permite um erro aceitável se
utilizados esses valores. Evidentemente velocidade de vento, distância e URA devem ser
anotados para correções posteriores. A falha no canto superior direito do mosaico revela
que as imagens originais foram obtidas manualmente, sem o uso de tripé. Cada tipo de
anomalia presente neste Termograma poderá ser encontrado nos exemplos mais
detalhados no correr do texto. Software: FLIR Image Builder, ThermaCAM Researcher Pro
2.10. Câmera: FLIR P‐60.

Anotações:

170 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO III – HARDWARE E FAIXA ESPECTRAL

3.3 PARA‐RAIOS TIPO ESTAÇÃO construtiva uma coluna isolante em porce‐


lana ou polímero e um miolo de SiC (Carbo‐
neto de Silício) ou ZnO (Óxido de Zinco). Ape‐
Descrição Técnica: os Para‐raios são disposi‐
sar das características construtivas e de ma‐
tivos de proteção estáticos contra surtos de
terial serem diferentes, ambos deverão, sob
tensão e corrente de natureza atmosférica
as tensões de frequência industrial, não
e/ou de manobra. Tipicamente um Para‐
apresentar correntes de fuga significativas.
raios do tipo estação deve “cortar” o topo da
Os modelos de ZnO podem ter, inclusive, sua
onda de tensão que o atinge de forma a pro‐
corrente de fuga monitorada já que se trata
teger os equipamentos subsequentes, não
de semicondutores. Na Figura 3.22 pode‐se
permitindo que a onda de tensão remanes‐
ver uma representação do corte de um pulso
cente ultrapasse os limites do NBI (Nível Bá‐
de tensão em um para‐raios para NBI de
sico de Isolamento) dos equipamentos ou
20 kV.
componentes a serem protegidos. Os Para‐
raios em uso atualmente têm como forma Após o surto de tensão crescente
atingir o nível de corte, o Para‐raios deverá
conduzir para a Terra – descarregando o
surto – e resselar para a tensão e frequência
industrial após a tensão atingir novamente o
valor de corte. Caso não isole novamente o
circuito, o Para‐raios entrará em curto
franco com a Terra. Na maioria dessas ocor‐
rências, o Para‐raios explode. Não obstante,
é possível que o Para‐raios continue íntegro
como simples isolador ou ainda conduzindo
uma corrente de fuga maior para a Terra.

Figura 3.21 – Para‐raios.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 171


CAPÍTULO III – HARDWARE E FAIXA ESPECTRAL

Figura 3.22 – Curva de corte típica em Para‐raios.

Descrição Térmica: termicamente, e para as laboratório e, assim, normalmente é um pro‐


tensões de frequência industrial, os Para‐ cedimento economicamente inviável. Além
raios devem apresentar uma assinatura do mais, um teste de impulso de corrente
térmica linearmente uniforme, sem varia‐ pode ser um ensaio destrutivo caso o Para‐
ções que destaquem correntes de fuga mai‐ raios não suporte o surto de corrente apli‐
ores que as aceitáveis. Os componentes in‐ cado.
ternos de um Para‐raios podem ser vistos
Deve ser notado também que, diag‐
simplificadamente como um circuito RC pa‐
nósticos efetuados com Para‐raios expostos
ralelo sobre os quais está aplicada uma ten‐
à insolação por diversas horas, podem ser
são e, por consequência, uma corrente resis‐
mascarados pelo aquecimento acumulado
tiva gerando um aquecimento, ainda que ao longo do tempo de exposição. Nesses ca‐
não detectável. sos, é recomendado que a Inspeção seja efe‐
Na Figura 3.23 pode‐se observar o tuada após o sol baixar e o calor acumulado
Termograma de Para‐raios, classe 138 kV tenha se dissipado. Da mesma forma, Para‐
com uma assinatura térmica homogênea. A raios contaminados por umidade podem se‐
rigor, a homogeneidade térmica não signi‐ car após algumas horas de insolação fazendo
fica que o Para‐raios está funcional. Significa com que a Anomalia térmica se extinga até
apenas que não há corrente de fuga resistiva que a uma nova contaminação a faça apare‐
significativa passando por ele. Para que se cer novamente.
tenha certeza que um para‐raios está funci‐
onal, é necessário um teste em laboratório
de impulso de tensão e de corrente. Esses
testes são dispendiosos, já que para testar
um Para‐raios instalado, é necessário que
seja efetuado um desligamento, que seja de‐
sinstalado, acondicionado e remetido a um

172 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO III – HARDWARE E FAIXA ESPECTRAL

Exemplos:

Figura 3.23 – Para‐raios normais Classe 138 kV.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 3.23 O Termograma foca no Para‐raios da Fase do Meio e, devido à falta de distância ou erro
de enquadramento, as Fases laterais tiveram suas extremidades deixadas de fora da
imagem. A amplitude térmica deste Termograma é de apenas 10 °C. e é possível observar
que a mesma face nos três Para‐raios está ligeiramente mais aquecida que a outra. Isto
se deveu a radiação solar filtrada por uma fina camada de nuvens. Mesmo com essas
restrições, notadamente a de enquadramento, é possível observar que os Para‐raios
apresentam uma distribuição térmica uniforme ao longo de seus corpos. Esta distribuição
é garantia de que a corrente de fuga é uniforme e que não há nenhum resistor não linear
interno suportando toda a tensão Fase‐Terra sozinho. Considerando ainda que as três
Fases estão submetidas ao mesmo resfriamento pelo vento, deve‐se observar que esta
distribuição não é garantia de que o Para‐raios esteja em bom estado funcional já que é
possível que esta distribuição seja apenas da carcaça. Observar que o Para‐raios da Fase
Esquerda, mais ao fundo da imagem, bem como a parte superior do Para‐raios da Fase
do Meio, apresentam‐se borrados devido à pequena profundidade de campo do
termovisor. Para leituras quantitativas em medições radiométricas em 7 – 14 µm à
temperatura ambiente, a emissividade da porcelana em torno de 0,85 a 0,9 é razoável.
Por outro lado, o corpo aquecido ao fundo é a tampa superior de um TP cujo interior é
oco. Software: ThermoCom IR Analyzer. Câmera: ThermoCom V384S.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 173


CAPÍTULO III – HARDWARE E FAIXA ESPECTRAL

Figura 3.24 – Para‐raios defeituosos Classes 230 kV e 34,5 kV.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 3.24 Tanto os enquadramentos do Termograma da esquerda como o da direita estão corretos
e a visada diagonal é justificada pela necessidade de colocar os três componentes em
uma mesma imagem. Esse tipo de visada facilita o diagnóstico, pois permite utilizar os
componentes adjacentes como referências térmicas de normalidade ou não. O
Termograma da esquerda apresenta três Para‐raios classe 230 kV, dois dos quais
apresentam sinais visíveis no infravermelho de anomalias internas. A atribuição de
emissividades para ambos os casos sugere valores entre 0,85 e 0,95 por se tratar de
corpos de porcelana. Já o Para‐raios da esquerda (Termograma 230 kV) cai na zona de
imprecisão porque, novamente, não há como saber se os elementos estão todos
deteriorados internamente restando apenas a carcaça, ou se estão em bom estado. A
amplitude térmica de 28 °C é necessária para poder apresentar as anomalias das três
Fases simultaneamente na mesma imagem e o resultado é bastante razoável para esta
escala colorimétrica. Por sua vez, o ângulo de visada é importante para colocar os dois
equipamentos defeituosos na mesma imagem com outro supostamente normal ou
aceitável. Da mesma forma, a imersão dos três elementos na mesma temperatura
ambiente e mesmo resfriamento pelo vento favorece a avaliação qualitativa. Isso serve
de referência para o analista da imagem. Como são três elementos separados por Fase,
é provável que os dois elementos inferiores da Fase Direita já estejam também
severamente comprometidos. O Delta T de quase 22 °C sob uma tensão Fase‐Fase de
230 kV indica uma situação altamente arriscada, já que a potência disponível no caso de
um curto a Terra é enorme. Já no Termograma da direita a amplitude térmica é de 20 °C
e os demais Para‐raios classe 35,5 kV das Fases esquerda e meio não apresentam
nenhuma anomalia térmica. No entanto, o Para‐raios da direita da Fase da Direita
apresenta uma anomalia apenas na sua face frontal. Isso indica que o estado interno dele,
gerando 7 °C de Delta T em relação ao adjacente, é imprevisível. A intervenção de
manutenção correta é a substituição completa dos elementos comprometidos já que a
eventual manutenção se não for tecnicamente inviável, provavelmente custará mais que
o custo de Para‐raios novos. Software: ThermaCAM Reporter PRO 2002. Câmera: FLIR SC‐
2000, Lentes 24° e 12°.

Anotações:

174 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO III – HARDWARE E FAIXA ESPECTRAL

Análise de Consistência: para ava‐ uma porção específica do Para‐raios, e os va‐


liar o comportamento térmico dos Para‐ lores de resistência dos demais resistores
raios, há sempre que considerar que, na prá‐ equivalentes nesse paralelo RC, são menores
tica e quando submetidos às tensões de fre‐ que o da região aquecida, a potência dissi‐
quência industrial, os efeitos que ocorrem pada é menor ou nenhuma (se estiverem em
nesses equipamentos são resistivos e capa‐ curto – resistência zero). Disso se depreende
citivos. Se o conjunto se comportar como um que a parte aquecida é que está sustentando
capacitor puro, não deve haver corrente toda a tensão aplicada sobre o Para‐raios.
wattada dissipando potência. Dessa ma‐
neira, qualquer que seja o aquecimento de‐
tectado, ele identifica a porção ativa da cor‐
rente alternada sendo dissipada em um re‐
sistor. Quando o aquecimento está restrito a

Figura 3.25 – Circuitos equivalentes de colunas isolantes e Para‐raios.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 175


CAPÍTULO III – HARDWARE E FAIXA ESPECTRAL

mais, 1 °C externamente pode estar repre‐


sentando um aquecimento significativo in‐
ternamente, devido ao corpo de porcelana
ser isolante térmico. Em um grande número
desses casos, a contaminação por umidade e
explosão são praticamente certos, mas im‐
previsíveis no tempo.
Deve‐se observar ainda se o Para‐
raios avaliado está há mais de uma semana
exposto ao sol, sem que haja chuva incidindo
sobre ele. Nesse caso, é possível que se apre‐
sente linearmente homogêneo e próximo à
temperatura ambiente porque secou. Assim,
sempre é recomendável inspecionar Para‐
raios após um período de chuva. Mas se
mesmo após um período de seca apresentar
anomalias, é evidente que se encontra pre‐
Figura 3.26 – Radiação de potência em
judicado em sua função e deve ser substitu‐
resistores em série. ído o mais rápido possível.
Recomendações de Intervenção:
Termicamente um Para‐raios sadio deve
termicamente os Para‐raios poderiam su‐
apresentar‐se sempre uniforme e não pos‐
portar elevações significativas de tempera‐
suir irregularidades, assimetrias injustificá‐
tura, como é o caso dos modelos encapsula‐
veis ou anomalias térmicas (Figura 3.25). As
dos em porcelana. No entanto, Para‐raios
anomalias mais comuns são regiões em
com Anomalias térmicas que indiquem fuga
forma de anel aquecidas, pontos aquecidos
interna de corrente devem ser substituídos
no corpo e, eventualmente, todo o isolante
sem exceção. Eles devem ser classificados
externo aquecido (Figura 3.26). Para fins de
estrategicamente como atendimento de Ur‐
diagnóstico, é importante verificar a possibi‐
gência embora termicamente estejam “nor‐
lidade de a anomalia detectada ser devida a
mais” devido aos Deltas T baixos apresenta‐
incrustações externas de poluentes ou se o
dos. Essa intervenção se explica devido ao
aquecimento provém de componentes in‐
seu comportamento imprevisível perante as
ternos. Caso o aquecimento tenha origem
ocorrências normais em um sistema elétrico.
interna, o Para‐raios deve ser condenado
Isso porque não se pode prever quando virá
mesmo que apresente acréscimos externos
o próximo surto atmosférico, nem sua inten‐
de temperatura da ordem de 1 °C. Isso se ex‐
sidade e duração. Da mesma forma, não se
plica porque, mesmo um delta de tempera‐
pode prever o próximo surto de manobra e
tura insignificante representa um caminho
nem se o Para‐raios será atingido em uma si‐
de fuga de corrente já estabelecido e, por‐
tuação de contaminação interna por umi‐
tanto, de comportamento imprevisível
dade, da qual não se faz ideia da extensão.
quando for solicitado a resselar. Além do

176 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO III – HARDWARE E FAIXA ESPECTRAL

Por outro lado, os Para‐raios com distribui‐ pela temperatura ambiente e insolação ou
ção térmica homogênea e próxima à tempe‐ outras fontes térmicas eventualmente próxi‐
ratura ambiente, devem, por sua vez, ser mas. Nos casos de insolação, deverão ser ho‐
considerados termicamente normais em‐ mogêneos e/ou compatíveis com o período
bora eletricamente nada se possa dizer so‐ e lado exposto ao sol e eventuais sombras.
bre eles. Nos casos de aquecimento por irradiação ou
mesmo convecção, deverão ser compatíveis
com as fontes, ângulos de incidência e
3.4 ISOLADORES DE PEDESTAL tempo de exposição. Outros aquecimentos
presentes deverão ser analisados caso a caso
para verificar sua normalidade ou não.
Descrição Técnica: isoladores em Subesta‐
ções são utilizados para suporte mecânico
dos barramentos. Devem apresentar altas
resistências ôhmicas para a Terra, de ma‐
neira a manter o isolamento do sistema elé‐
trico, bem como estabilidade ao longo do
tempo. Da mesma forma, devem apresentar
resistência mecânica tanto para suportar o
peso dos barramentos como para resistir aos
esforços mecânicos nos casos de curto‐cir‐
cuito. Nesses casos, não deverão gerar trin‐
cas após os esforços gerados pelas correntes
de curto.

Figura 3.27 – Coluna de Isoladores de Pedestal.


Descrição Térmica: isoladores em boas con‐
dições não devem apresentar aquecimentos
de nenhum tipo, nem pontuais e nem gene‐
ralizados (Figura 3.29), além dos gerados

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 177


CAPÍTULO III – HARDWARE E FAIXA ESPECTRAL

Exemplos:

Figura 3.28 – Coluna de Isoladores conduzindo para a Terra; lentes 24° e 45°.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 3.28 Enquadramentos corretos em ambos os Termogramas sendo evidente a maior facilidade
de diagnóstico quando usando uma lente teleobjetiva de 12°. Observar que esses dois
Termogramas têm amplitudes térmicas diferentes e escalas colorimétricas diferentes.
Como o da esquerda foi obtido com uma lente normal de 24°, ele apresenta uma visada
geral do componente de interesse e seus arredores. Assim, a escala colorimétrica tem de
dividir os limites superior e inferior de forma equilibrada. Já o Termograma da direita foi
obtido com uma teleobjetiva de 12° e a escala colorimétrica pode destacar apenas as
temperaturas de interesse para permitir uma identificação e análise melhor da anomalia.
Observar também que as duas temperaturas são diferentes. Assumindo que a diferença
de horário entre os dois Termogramas foi de minutos, isso pode ocorrer porque
realmente a corrente de fuga está variando rapidamente, porque há rajadas de vento
presente ou ainda devido à diferença de resolução espacial entre as duas lentes. A
solução pode ser a lavagem dos isoladores com jatos de água à alta pressão, efetuados
por equipe especializada ou a simples substituição da coluna completa de isoladores.
Software: ThermaCAM Reporter PRO 2002. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente 24°.

Anotações:

178 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO III – HARDWARE E FAIXA ESPECTRAL

Figura 3.29 – Coluna de Isoladores 230 kV em bom estado. Lente 24°.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 3.29 Este Termograma tem o seu enquadramento, nível e a sua escala térmica ajustados para
que todos os componentes sejam claramente visíveis e possam ter suas temperaturas
usadas como referência de normalidade. Os Termogramas de qualidade devem
apresentar imagens inteligíveis e facilmente compreensíveis para o cliente final, seja ele
interno ou não. Emissividade o mais correta possível, enquadramento adequado,
distância compatível com a resolução óptica, amplitude e nível térmico compatíveis,
insolação, vento, URA e condições atmosféricas são todos parâmetros que devem ser
registrados e levados em consideração em qualquer Termograma. Software: ThermaCAM
Reporter PRO 2002. Câmera: FLIR SC‐2000, Lente 24°.

Análise de Consistência: o entendi‐ lentes nesse circuito RC paralelo, são meno‐


mento tradicional tende a considerar isola‐ res que o da região aquecida, a potência dis‐
dores como elementos predominantemente sipada é menor ou nenhuma (se estiverem
resistivos em um sistema elétrico de tensão em curto – resistência zero) e apenas o seg‐
e frequência industriais. No entanto, há sem‐ mento com resistência maior aquece (por
pre que considerar que na prática, e quando estar suportando sozinho a tensão para a
submetidos às tensões de frequência indus‐ Terra) Figura 3.26. Disso se depreende que a
trial, os efeitos que ocorrem são resistivos e parte aquecida é que está sustentando toda
capacitivos da mesma maneira que nos Para‐ a tensão aplicada sobre a coluna de isolado‐
raios. Se o conjunto de isoladores se com‐ res, da mesma maneira que ocorre com os
portar como um capacitor puro, não deve Para‐raios 230 kV da Figura 3.24 e Figura
haver corrente wattada dissipando potência. 3.26.
Dessa maneira, qualquer que seja o aqueci‐
Por outro lado, pontos quentes
mento detectado na coluna de isoladores,
isolados na superfície dos isoladores pode‐
independente da tensão, ele corresponde à
rão ter sua causa devida a incrustações de
porção ativa da corrente alternada sendo
materiais poluentes. Para a caracterização
dissipada em sua parte resistiva. Quando o
aquecimento está restrito a uma porção es‐ desse tipo de aquecimento deverá ser ob‐
pecífica da coluna (Figura 3.28) e os valores servado fator de forma e posição onde o
de resistência dos demais resistores equiva‐ aquecimento se apresenta. Outros casos
podem ser atribuídos as correntes de fuga

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 179


CAPÍTULO III – HARDWARE E FAIXA ESPECTRAL

internas. Em qualquer situação, é reco‐ tenderá a ser crítico para poder visualizar pe‐
mendável que o isolador seja inspecionado quenas variações. Se possível, a Inspeção de‐
termograficamente, se possível, em 360° verá ser feita à noite ou após o efeito da in‐
para confirmar a causa e origem do aque‐ solação desaparecer. Dias nublados sem in‐
cimento. A explicação teórica do fenô‐ solação direta também são adequados. No
meno elétrico apresentado na Figura 3.27 caso de ser obrigatória a Inspeção sob o sol,
pode ser encontrada no Item 4.6.1, Caso deve‐se levar em conta a sua influência para
particular, Figura 4.37 e Figura 4.41. diagnósticos. Deve‐se também, sempre que
possível, procurar evitar reflexos de outras
Recomendações de intervenção:
fontes térmicas e fontes de calor no fundo
nos casos de contaminação superficial por
da imagem térmica.
poluentes, uma limpeza pode resolver o pro‐
blema. Eventualmente pode ser necessária a
3.5 SECCIONADORAS
aplicação de uma camada de silicone prote‐
tora. No entanto, é altamente recomendável
que seja avaliada a segurança a longo prazo
desse procedimento. Da mesma forma, é re‐
comendável testar o isolamento antes e
após a limpeza e/ou aplicação do silicone
para avaliar a eficácia. Nos casos de contami‐
nação interna, a solução mais confiável é a
substituição da coluna completa de isolado‐
res pelos motivos explicados no Item 4.6.1,
Caso particular, Figura 4.37 e Figura 4.41. Em
situações de emergência e de indisponibili‐
dade de peça para reposição, pode ser ten‐
tada a recuperação da coluna por secagem
em estufa. De qualquer maneira é um proce‐ Figura 3.30 – Chaves Seccionadoras.

dimento arriscado e não se deve proceder a


Descrição Técnica: as chaves seccionadoras,
instalação do componente após a secagem
como o próprio nome diz, têm a função de
sem que seja testado o seu isolamento. É im‐
seccionar circuitos elétricos, predominante‐
portante, ainda, após a sua energização
mente sem carga. Há alguns modelos que
manter o acompanhamento Termográfico
podem efetuar o seccionamento sob carga,
periódico para confirmar que o isolado ou
mas não podem interromper correntes de
coluna, eventualmente, não voltou a sofrer
curto‐circuito. O principal ponto de interesse
contaminação pela umidade.
em uma seccionadora são os seus contatos e
Ajustes de Câmera: o Termovisor articulações que devem obedecer às especi‐
deve ser ajustado de tal maneira que as vari‐ ficações de carga e temperatura nominais
ações de temperatura ao longo do isolador fornecidas pelo fabricante. Da mesma
sejam perceptíveis. Como este, se em bom forma, as conexões com os barramentos ad‐
estado, deve apresentar uma temperatura jacentes de entrada e saída e, eventual‐
muito próxima à do meio ambiente, o ajuste mente, os contatos auxiliares para extinção

180 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO III – HARDWARE E FAIXA ESPECTRAL

de arco durante as manobras de abertura e esperado é de equilíbrio e simetria em siste‐


fechamento. Os seus isoladores devem tam‐ mas tipo Delta não aterrado. Eventualmente
bém ser inspecionados, embora a ocorrência seus isoladores podem apresentar pontos
de anomalias seja mais rara. quentes superficiais devido a incrustações
de poluentes e/ou eventuais contaminações
Descrição Térmica: de forma mais fre‐
por trincas. No entanto, salvo em locais su‐
quente, seccionadoras podem apresentar
jeitos a depósitos de resíduos, como minera‐
Anomalias térmicas nos contatos, conexões
ções, fábricas de cimento ou moagens, esses
de entrada e saída, bem como nos contatos
eventos são mais difíceis de serem observa‐
auxiliares, nos modelos sob carga, para ex‐
dos.
tinção de arco. Seu comportamento térmico

Exemplos:

Figura 3.31 – Seccionadoras de 69 kV e 138 kV, com e sem anomalia térmica.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura O enquadramento do Termograma da esquerda sacrifica uma parte dos contatos da
3.31
seccionadora, mas mantém as três Fases frontais para referência de análise. A área em
foco é a mais importante porque contém a anomalia de interesse. Dependendo da
distância do objeto de interesse, da resolução espacial, e para medições radiométricas
em 7 – 14 µm à temperatura ambiente, uma emissividade entre 0,8 e 0,9 pode ser efetiva
para diagnósticos qualitativos já que há frestas nos contatos emitindo infravermelho e,
eventualmente estariam já oxidados. Para contatos novos em metal polido, valores na
ordem de 0,4 a 0,6 podem ser razoáveis. Já o Termograma da direita está bem
enquadrado e contém um contato da Fase lateral para referência. A amplitude térmica
de ambos os Termogramas está correta. Vale observar que as duas escalas colorimétricas
têm proporções de cores diferentes, sendo que a da esquerda privilegia a identificação
da anomalia. Já a da direita, como não há anomalia a identificar, distribui as cores de
forma mais equilibrada. Os procedimentos básicos de manutenção incluem Inspeção
Visual cuidadosa em busca de sinais de corrosão. Em caso afirmativo, os contatos devem
ser substituídos por outros novos e, eventualmente serem recuperados por tratamento
de superfície e eletrodeposição de prata. De qualquer maneira, a chave deve ser regulada,
a penetração dos contatos conferida e a pressão dos contatos ajustada se possível.
Software: ThermaCAM Researcher 2.1 PRO e ThermoCom IRAnalyzer. Câmera: FLIR SC‐
2000 e ThermoCom V384S, Lente 22°.

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 181


CAPÍTULO III – HARDWARE E FAIXA ESPECTRAL

Figura 3.32 – Reflexos de trafo próximo à seccionadora.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Termogramas com enquadramentos corretos, amplitude térmica equilibrada e foco
3.32
suficientemente bem ajustado para as áreas de interesse. Os isoladores nas
seccionadoras que estão mais afastados da câmera estão um pouco fora de foco devido
à pequena profundidade de campo da lente. Uma escala colorimétrica semelhante foi
utilizada em ambos para permitir a comparação entre eles. Software: ThermoCom
IRAnalyzer. Câmera: ThermoCom V384S, Lente 22°.

Anotações:

182 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO III – HARDWARE E FAIXA ESPECTRAL

Figura 3.33 – Mau contato em Contato Móvel de Seccionadora 69 kV.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 3.33 Apesar de não apresentar ambos os contatos, fixo e móvel, nesta Fase da seccionadora,
o Termograma está focado na anomalia de interesse, qual seja, o mau contato no contato
móvel. Caso houvesse distância disponível, ou uma lente grande angular, a visada e o
enquadramento poderiam conter mais informações. A pequena amplitude térmica
utilizada, a escala e a paleta de cores escolhida, ampliam a extensão da anomalia,
reforçando a necessidade estratégica de um atendimento. Para uma avaliação mais
completa é importante anotar a velocidade do vento presente, emissividade, horário e,
se possível, carga passante. Os procedimentos básicos de manutenção incluem Inspeção
Visual cuidadosa em busca de sinais de corrosão no eixo e assentamentos. Em caso
afirmativo, e se possível, os componentes devem ser substituídos por outros novos e,
eventualmente serem recuperados por tratamento de superfície e eletrodeposição de
prata. A chave deve ainda ser regulada e ajustada de acordo com as instruções do
fabricante. Uma emissividade típica para uma avaliação qualitativa desta anomalia, e
também para medições radiométricas em 7 – 14 µm à temperatura ambiente, deve
situar‐se entre 0,8 e, no máximo, 0,9. Observar que para conseguir o efeito de destaque
na anomalia a temperatura medida é da ordem de 39 °C e o topo da escala colorimétrica
é de 28 °C. Software: ThermaCAM Reporter PRO 2002. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente 12°.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 183


CAPÍTULO III – HARDWARE E FAIXA ESPECTRAL

Figura 3.34 – Seccionadora classe 230 kV com isoladores de suporte aquecidos.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura O enquadramento de apenas um polo nessa seccionadora privilegia as medições de
3.34
temperatura em detrimento da apresentação de todos os polos. Caso se optasse por
enquadrar todos os polos, com a mesma óptica, provavelmente as distribuições de
temperatura, ainda que qualitativas, seriam prejudicadas devido às distâncias envolvidas,
as dimensões das anomalias e à resolução do sensor e da óptica utilizadas. Para então
detalhar a anomalia em questão, que é a do aquecimento das junções entre peças do
isolador de suporte, o enquadramento é correto, sendo que ambas as colunas estão
ligeiramente fora de foco para que uma não fique completamente desfocada em relação
à outra. O limite inferior da escala colorimétrica foi ajustado para dar mais contraste às
anomalias. Os procedimentos de manutenção são idênticos ao utilizados em colunas de
isoladores (Ver comentários da Figura 3.29). Leituras deste tipo, e também para medições
radiométricas em 7 – 14 µm à temperatura ambiente, podem utilizar emissividades de
0,8 a 0,9 com erros aceitáveis. Software: ThermaCAM Reporter PRO 2002. Câmera: FLIR
SC‐2000, Lente 24°.

Análise de Consistência: os conta‐ outros equipamentos próximos, ou até do


tos das seccionadoras em bom estado de‐ sol refletido em nuvens. É necessário circun‐
vem apresentar assinaturas térmicas homo‐ dar o componente para confirmar a existên‐
gêneas e temperaturas proporcionais às cia de reflexo ou não. Em algumas situações,
suas cargas no momento da Inspeção. Em pode ser interessante registrar dois Termo‐
muitos casos, a passagem de corrente se faz gramas limítrofes, um com a presença do re‐
por apenas um dos lados dos contatos, que flexo e outra sem, para fins de documenta‐
aparece então sobreaquecido, o que remete ção e banco de dados.
a um circuito paralelo. Nestes casos, o lado O caso da Figura 3.34 requer uma
do contato em pior situação é o frio.
análise mais detalhada. A anomalia evidente
Em alguns casos, como o da Figura é o aquecimento das junções entre unidades
3.32, nos quais as hastes da seccionadora de isolamento na coluna. Essas unidades são
são em tubos de alumínio, podem ocorrer compostas de uma peça de porcelana que
reflexos térmicos tanto do solo em brita da contém duas saias e um cabeçote em ferro
subestação – aquecido pelo sol – como de

184 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO III – HARDWARE E FAIXA ESPECTRAL

galvanizado que é fixado no isolador imedia‐ mento que possa resistir e cobrir as defor‐
tamente acima por uma argamassa adesiva. midades já existentes. Se não houver sinais
Os aquecimentos detectados estão situados visíveis de corrosão com o uso de uma lupa,
justamente nessa junção com argamassa e recomenda‐se limpeza, reaperto e ajuste de
não no cabeçote de metal ou nas porcelanas curso e pressão dos contatos. Termica‐
em si. Além disso, é possível observar que mente a classificação da intervenção neces‐
nas três colunas de isoladores há diferenças sária deverá acompanhar as temperaturas
na distribuição das temperaturas entre as re‐ medidas. Já estrategicamente deverá ser
giões de união, no sentido vertical, ou ao analisado se a seccionadora pode ser “by‐
longo da circunferência. A tensão alta contra passada” ou não. Em caso negativo, sugere‐
a Terra, 132 kV, faz com que cada conjunto se fortemente que tenha pelo menos um
isolador tenha de sustentar aproximada‐ grau de severidade acima da classificação
mente 11 kV. Desprezando o efeito capaci‐ térmica. A classificação de Emergência fica
tivo, a coluna deve se comportar como um restrita aos casos em que a temperatura
resistor homogêneo e distribuir igualmente medida no contato metal‐metal ultrapassar
as quedas de tensão. Se acontecesse dessa o limite máximo admissível em 2,5 vezes. Já
forma, todas as uniões deveriam apresentar nos casos de fuga de corrente pelos isolado‐
o mesmo comportamento térmico, o que res de suporte, o comportamento é normal‐
não é o caso. O que acontece então é que mente imprevisível, indo desde o desapare‐
apenas as partes mais aquecidas estão sus‐ cimento por aquecimento pela corrente de
tentando a tensão contra a Terra, conforme fuga, até o fechamento de curto contra a
explicado no Item 4.6.1, Caso particular, Terra. Assim, para esses casos, apesar de a
Figura 4.37 e Figura 4.41. classificação térmica ser normal, estrategi‐
Recomendações de Intervenção: camente deve‐se considerar um atendi‐
mento de Urgência.
secionadoras apresentam problemas mais
frequentemente nas suas áreas de contato,
sejam elas fixas ou móveis. Na manutenção,
recomenda‐se o desmonte dos contatos e
Inspeção Visual cuidadosa em busca de si‐
nais de corrosão e deterioração. Caso sejam
encontrados esses sinais, deve‐se avaliar se
é possível a recuperação e reutilização das
lâminas de contato. Essa reutilização pode
ser arriscada, uma vez que não se sabe até
qual temperatura as lâminas já operaram e,
eventualmente podem até ter perdido a sua
têmpera. Normalmente no caso de corro‐
são detectada, é mais conveniente substi‐
tuir o contato completo ou efetuar um tra‐
tamento de superfície cuidadoso e pratea‐

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 185


CAPÍTULO III – HARDWARE E FAIXA ESPECTRAL

3.6 BARRAMENTOS uma subestação. Podem ser feitos em barras


propriamente ditas, tubulares na maioria
dos casos, quando as correntes são maiores,
ou simplesmente cabos quando as tensões
são maiores e, consequentemente, as cor‐
rentes são menores. Suas partes são barras,
conexões e isoladores.
Descrição Térmica: termicamente os barra‐
mentos devem se apresentar “frios” ou pró‐
ximos à temperatura ambiente, já que, salvo
construções especiais ou condições operaci‐
onais críticas, operam na maioria dos casos
Figura 3.35 – Barramentos em 13 kV.
sobre dimensionados.
Descrição Técnica: os barramentos são com‐
ponentes projetados para a distribuição e or‐
ganização do fluxo de potência dentro de

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 3.35 Termograma destacando na sua área central a anomalia de interesse. Amplitude térmica
ajustada para equilíbrio de todos os objetos presentes, embora a distância do objeto de
interesse necessitasse de uma aproximação maior ou de uma teleobjetiva para um
melhor detalhamento. A estimativa de velocidade do vento presente a uma distância
dessas é difícil senão impossível. Para medição de temperatura nessas condições, é
necessário confirmar a MIFOV (Campo de visão instantâneo para medição) a fim de
estimar se a medida é confiável ou não. Procedimentos de manutenção serão detalhados
nos próximos casos. Software: ThermaCAM Reporter PRO 2002. Câmera: FLIR SC‐2000,
Lente 24°.

Deve ser dada atenção especial em uma paleta de cor sem a discriminação sufi‐
qualquer análise térmica ao ajuste das câme‐ ciente, pode mascarar a existência de uma
ras. O uso de um ajuste inadequado, ou de anomalia como se pode observar nas próxi‐
mas imagens:

Anotações:

186 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO III – HARDWARE E FAIXA ESPECTRAL

Figura 3.36 – Barramentos Termicamente normais 138 kV e 69 kV.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 3.36 Barramentos bem centralizados. A amplitude térmica do Termograma da direita foi
ajustada para englobar todos os componentes em uma distribuição mais linear. Em
ambos os casos, dada a inexistência de anomalias a serem registradas, a escolha da
apresentação colorimétrica obedeceu ao critério de encontrar a paletas de cores nas
proporções adequadas e ajustar os limites superiores e inferiores de tal forma que a
inexistência ficasse bem representada. Para fins qualitativos a emissividade foi mantida
constante como sendo 0,85 em ambos os Termogramas. Software: ThermoCom
IRAnalyzer. Câmera: ThermoCom V384S.

Figura 3.37 – Emenda com anomalia térmica em barramento 34,5 kV.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 3.37 O Termograma apresenta corretamente a anomalia de interesse centrando‐a no
losango de mais exatidão da câmera. A necessidade de outro Termograma, a partir de
uma visada mais afastada, ou a utilização de uma óptica acessória grande angular, é
eliminada devido a que a própria conexão apresenta referência para a avaliação da
normalidade, ou não, do aquecimento detectado. Dessa maneira, foi utilizada a
teleobjetiva de 12° para um detalhamento melhor das características da anomalia. Da
mesma forma que em outros Termogramas, o limite inferior da escala colorimétrica é
ajustado para que a visualização seja a melhor possível. Os procedimentos básicos de
manutenção incluem Inspeção Visual cuidadosa em busca de sinais de corrosão. Em
caso afirmativo, o conector e/ou parafusos devem ser substituídos por outros novos e,

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 187


CAPÍTULO III – HARDWARE E FAIXA ESPECTRAL

FIGURA COMENTÁRIOS
eventualmente serem recuperados por tratamento de superfície. Caso o barramento
tubular apresentar também sinais de corrosão, deve ser estudada a possibilidade de
substituição do trecho da barra. Para uma explicação detalhada das causas de apenas
um parafuso estar aquecendo, ver o Item 6.5, Estudo de Caso 8 – Condutores em
Paralelo, Figura 6.69. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou 3 –5 µm à
temperatura ambiente, a emissividade pode ser ajustada em torno de 0,8 a 0,9 sem que
ocorram erros significativos para uma análise qualitativa e/ou quantitativa. Mesmo com
materiais de emissividade mais baixa, deve ser considerado que possuem, além de
depósito de poluentes e oxidação, um número mínimo de frestas que permitem essa
variação. Caso haja vento, anotar a velocidade para correções posteriores. Software:
ThermaCAM Reporter PRO 2002. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 12°.

Figura 3.38 – Barramento em 500 kV com anomalia térmica.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 3.38 Termograma obtido com lente teleobjetiva 12° para detalhamento de anomalia. Como
se trata de um barramento alto em relação ao chão, a necessidade de óptica acessória
para permitir uma boa visualização, e uma boa identificação do que está acontecendo, é
obrigatória. Os limites da amplitude térmica foram ajustados para a melhor visualização
e o objeto de interesse está corretamente focado e centralizado. Da mesma forma que
na Figura 3.37, o próprio local onde está situada a anomalia oferece referências para a
avaliação qualitativa. No caso de uma medição quantitativa, e devido à altura do
componente em relação ao solo, o uso de um binóculo potente ou uma câmera
fotográfica com um zoom adequado é necessário para determinar o tipo de superfície
em questão, se nova, refletiva, oxidada e assim por diante. Para uma explicação
detalhada das causas de apenas um parafuso estar aquecendo, ver o Item 6.5, Estudo de

188 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO III – HARDWARE E FAIXA ESPECTRAL

Caso 8 – Condutores em Paralelo, Figura 6.66. Software: ThermaCAM Reporter PRO 2002.
Câmera: FLIR P‐640, Lente: 12°.

Figura 3.39 – Barramento 69kV. Paleta Iron (Ferro).

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 3.39 Termograma em mosaico feito com a câmera na mão do Inspetor. Sem o uso de tripé é
fácil notar que há uma inclinação e uma distorção na imagem, principalmente na região
superior onde a aberração cromática é mais visível devido às barras paralelas da estrutura
de sustentação do barramento. A escala colorimétrica (paleta) é escolhida para fins de
exemplo para os próximos Termogramas. Neste caso, o emaranhado de estruturas pode
levar a alguns equívocos de interpretação. Software: FLIR Image builder, FLIR ThermaCAM
Reporter PRO 2002. Câmera: FLIR SC‐2000.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 189


CAPÍTULO III – HARDWARE E FAIXA ESPECTRAL

Figura 3.40 – Barramento 69 kV.Paleta Rainbow 900 ou Arco Íris.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 3.40 Idem à Figura 3.39– Barramento 69kV. Paleta Iron (Ferro).

Figura 3.41 – Barramento 69kV. Paleta ThermoScala.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 3.41 Idem Figura 3.40. Comentários sobre as intervenções de manutenção serão abordados
no Item 3.9 DISJUNTORES EXTERNOS.

Anotações:

190 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO III – HARDWARE E FAIXA ESPECTRAL

Figura 3.42 – Efeito de sobreposição em barramento de Subestação.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 3.42 É uma situação muito comum encontrar pontos quentes que sugerem anomalias em
cruzamento de cabos e barras em subestações. Este efeito, via de regra, não é uma
anomalia ou defeito e ocorre devido à dispersão da radiação sobre objetos de pequenas
dimensões, notadamente longitudinais. O mesmo é explicado detalhadamente no
Volume I, Capítulo 4, Estudo de Caso, Figuras 4.80 e seguintes.

Figura 3.43 – Barramento em 69 kV com assinatura térmica anômala em espiral.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Termogramas com enquadramento correto e amplitude térmica ajustada para cada caso.
3.43
O foco óptico está correto, uma vez que é possível identificar claramente os tentos dos
cabos que estão conduzindo. Apesar de extremamente semelhantes, os dois
Termogramas foram capturados em datas e locais diferentes. No caso de leitura de
temperaturas em objetos de pequenas dimensões como cabos aéreos, é necessário estar
atento para que a resolução espacial e de medição sejam compatíveis com a situação. Em
caso contrário, será necessário utilizar uma teleobjetiva para efetuar uma medição segura
ou efetuar um diagnóstico qualitativo. Variáveis como velocidade do vento, temperatura
ambiente, distância, horário, carga e insolação são importantes de serem anotadas para
complementar as análises posteriores. Notar que as escalas colorimétricas e ajustes de

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 191


CAPÍTULO III – HARDWARE E FAIXA ESPECTRAL

FIGURA COMENTÁRIOS
paleta de cor são diferentes para propiciar um foco térmico adequado. O efeito espiral é
causado pelo mau contato de alguns tentos dos cabos em uma das extremidades, ou
eventualmente até as duas. A corrente não circula por todos os tentos do cabo devido à
diferença de tensão entre eles ser muito pequena e não ser suficiente para romper a
camada de óxido entre eles e ou eventual depósito de poluentes. Dessa maneira, os
tentos que não possuem bom contato nas extremidades conduzem menos ou nenhuma
corrente, o que então sobrecarrega os demais. A conclusão, então, é de que apenas os
tentos aquecidos estão conduzindo corrente e os “frios” estão com mau contato nas
extremidades ou rompidos em algum local da extensão do cabo. A intervenção deve
prever a Inspeção cuidadosa dos tentos que estão conduzindo para confirmar se ainda
possuem a têmpera necessária ao bom funcionamento e ou se não houve uma perda de
vida útil devido ao aquecimento. Da mesma forma, as duas extremidades ou eventuais
emendas deverão ser inspecionadas cuidadosamente e substituídas se necessário. Para
medições radiométricas em 7 – 14 µm ou 3 – 5 µm à temperatura ambiente, podem ser
utilizadas emissividades para cabos de metal nu oxidado, alumínio ou cobre. Se os cabos
não forem novos ou recém‐instalados, pode ser levado em conta que apresentam
depósito de poluentes que eventualmente aumentarão a emissividade. Ainda pode ser
levado em consideração o efeito cavidade entre os tentos, caso a resolução de medição
permita esta aproximação. Nesses casos, emissividades entre 0,75 a 0,85 fornecem
resultados com erros aceitáveis. De qualquer forma, se o diagnóstico predominante for
qualitativo, o erro de avaliação não será significativo. Software: ThermoCom IRAnalyzer.
Câmera: ThermoCom V384S, Lente 22°.

Análise de Consistência: barramen‐ O barramento de uma subestação


tos devem ser analisados lenta e cuidadosa‐ muitas vezes é um emaranhado de circuitos,
mente, ajustando os parâmetros das câme‐ barras de transferência, barramento princi‐
ras sempre que necessário ou quando as pal, estruturas e outros componentes que
condições de contorno forem modificadas: dificultam a discriminação visual do Inspe‐
distância, foco, temperatura refletida, inso‐ tor. No caso do Termograma da Figura 3.40,
lação, emissividade etc. Variações bruscas o barramento foi ajustado para uma faixa de
de temperatura detectadas devem ser anali‐ temperatura que apresenta uma visada ge‐
sadas para verificar eventuais mudanças de ral dos equipamentos sob um barramento
emissividade ou distribuição de carga entre 69 kV. A paleta de cor utilizada, ferro ou iron,
circuitos diferentes. Na prática é difícil, se‐ é a mais frequente nessa utilização. Há ape‐
não impossível, determinar a corrente em nas alguns pontos que chamam a atenção
cada barra no momento da Inspeção. Assim nessa configuração.
devem‐se avaliar as eventuais anomalias tér‐ Já no Termograma da Figura 3.41,
micas por um critério qualitativo. É impor‐ os limites superiores e inferiores são manti‐
tante levar em consideração também o dos e outra paleta de cor é utilizada. Mas, de
eventual resfriamento pela velocidade do qualquer maneira, a discriminação de even‐
vento se for o caso. tuais pontos quentes continua baixa. Por sua

192 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO III – HARDWARE E FAIXA ESPECTRAL

vez, a descrição detalhada dos fenômenos será analisado individualmente ao longo


elétricos que ocorrem na Figura 3.37 e Figura deste manual. Os problemas de conexão de‐
3.38 pode ser encontrada no Item 6.5, Es‐ vem ser tratados como um par casado, a
tudo de Caso 8 – Condutores em Paralelo, barra e o conector. Qualquer procedimento
por serem os mesmos, tanto para alta como empregado em um desses componentes
baixa tensão. deve ser aplicado ao outro. De maneira ge‐
ral, recomenda‐se desmonte, Inspeção Vi‐
No entanto, a discriminação visual
sual cuidadosa em busca de sinais de corro‐
de anomalias térmicas pode ficar evidente,
são, oxidação e deterioração. Caso encontra‐
dentro dos mesmos ajustes, se a paleta de
dos, avaliar se é possível a recuperação e
cores adequada e ajustada ao olho humano
reutilização do componente. Essa reutiliza‐
for utilizada, conforme se pode constatar no
ção pode ser arriscada, uma vez que não se
Termograma na Figura 3.42. Além disso, é
sabe a qual temperatura o conector ou a
sempre extremamente importante tentar
obter a carga passante no momento da Ins‐ barra já operou. Normalmente no caso de
peção pelo barramento, o que nem sempre corrosão detectada, é mais conveniente
é fácil ou simples. Se a informação exata não substituir o conector. Se houver sinais de
corrosão inclusive na barra, deve ser verifi‐
for possível, ao menos uma estimativa é im‐
portante de ser registrada. Da mesma forma, cada a possibilidade de deslocamento do co‐
nector, procurando uma melhor posição
e para casos de acompanhamento de ten‐
para assentamento. Na impossibilidade, a
dência de temperatura, é importante lem‐
barra deverá ser substituída juntamente
brar que variações de carga devem necessa‐
com o conector. Se não houver sinais de cor‐
riamente alterar as temperaturas medidas.
rosão, recomenda‐se limpeza e reaperto em
Qualquer alteração, para mais ou para me‐
ambos. A classificação térmica de interven‐
nos, ou mesmo a manutenção da tempera‐
ção deverá acompanhar as temperaturas
tura medida, ou Delta em relação a uma re‐
medidas e seus limites máximos admissíveis.
ferência, deve ser compatível com a variação
Já estrategicamente deverá ser analisada a
de carga. Se a temperatura permanecer pró‐
possibilidade de by‐pass por linha‐viva do
xima às leituras anteriores, mas a carga no
ponto onde se localiza a anomalia ou defeito
momento da nova Inspeção é diferente da
para a posteriori, ser aplicado o procedi‐
anterior, uma análise cuidadosa deve ser
mento adequado. Na impossibilidade de by‐
efetuada para definir com maior exatidão o
pass, sugere‐se fortemente que a classifica‐
que está ocorrendo. O risco de um erro
ção de intervenção tenha pelo menos um
nessa avaliação é uma parada intempestiva
de custo muito alto. grau de severidade acima da classificação
térmica. A classificação de Emergência fica
Recomendações de Intervenção: restrita aos casos em que a temperatura me‐
barramentos estão sujeitos basicamente a dida ultrapassar o limite máximo admissível
dois tipos de problemas: de conexão ou de em 2,5 vezes.
isolamento. Problemas de isolamento são
relativamente raros, mas quando aconte‐
cem, aparecem nos isoladores de ancora‐
gem ou de pedestal. Esse tipo de problema
MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 193
CAPÍTULO III – HARDWARE E FAIXA ESPECTRAL

3.7 TRANSFORMADORES DE CORRENTE – Para essa finalidade, tem de ser instalados


TC’S em série com a barra em que medem a
respectiva corrente, independente da classe
de tensão do circuito. Outra característica é
que a relação de transformação implica em
um pequeno secundário e, por sua vez, uma
baixa relutância.

Descrição Térmica: os TCs não devem


aquecer por efeito da carga passante e
tampouco devem apresentar aquecimento
provindo de seu entreferro. Outros pontos
passíveis de aquecimento são as conexões
de entrada e saída e, eventualmente os iso‐
ladores de suporte. Dependendo do horário
Figura 3.44 – Transformadores de corrente.
e insolação, o topo desses equipamentos
pode apresentar‐se mais aquecido, tanto de‐
vido à intensidade do Sol como de calor re‐
Descrição Técnica: transformadores de
fletido (como, em alguns casos, devido ao
Corrente – TCs servem a duas finalidades:
material do qual o topo é feito – chapas me‐
fornecer sinais para medição ou proteção.
tálicas, por exemplo). Em alguns casos,
Independentemente de sua aplicação, sua
pode‐se detectar calor residual acumulado
função é fornecer informações sobre a
durante o período de isolação.
corrente do circuito onde estão instalados.

Anotações:

194 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO III – HARDWARE E FAIXA ESPECTRAL

Exemplos:

Figura 3.45 – TCs 138 kV e 34,5 kV sem e com anomalia por baixo isolamento.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura O Termograma da esquerda focaliza dois TC’s e deixa o terceiro de fora. Esse erro
3.45
acontece devido ao campo de visão mais estreito da lente utilizada ou à falta de espaço
entre a câmera e o objeto de interesse. Neste caso, e na impossibilidade de se afastar
mais do objeto, o correto seria utilizar uma lente acessória grande‐angular que pudesse
abranger os três equipamentos. O topo aquecido do TC da esquerda é devido a ser oco e
estar submetido à radiação solar. Já o Termograma da direita apresenta uma baixa
discriminação dos objetos nele contidos. Obtido logo após uma chuva, que resfriou os
objetos externos, pode‐se observar que todos os componentes têm praticamente a
mesma temperatura, o que dificulta a discriminação e visualização dos componentes
normais no infravermelho. Como as anomalias de interesse se localizavam no corpo dos
TC’s, o foco óptico e térmico da imagem procurou destacá‐las sacrificando a nitidez dos
objetos adjacentes. Para explicar as distribuições térmicas encontradas no Termograma
da direita existem duas hipóteses: depósito de poluentes ou baixo isolamento nas
porcelanas. Se a causa for devida a depósito de poeira ou outro material nas saias dos
isoladores, uma limpeza simples, mas cuidadosa, poderá resolver o problema. É
importante ressaltar que a limpeza deverá ser feita com material neutro e não abrasivo.
Se a causa for baixo isolamento nas porcelanas, será necessário efetuar testes elétricos
de isolamento, um tratamento térmico de acordo com procedimentos adequados a esse
tipo de equipamento, novos testes elétricos para confirmação da recuperação do
isolamento, aplicação de silicone para alta tensão e novos testes. Os riscos implícitos a
esse procedimento deverão ser de conhecimento da Supervisão ou Gerência
encarregada. A alternativa a esse procedimento é a substituição das porcelanas, caso
ainda estejam disponíveis no mercado, ou a troca completa dos TC’s. Isso é necessário
devido ao comportamento imprevisível dos componentes com baixo isolamento e, o risco
a ser aceito ou não, deverá ser decidido pela Gerência competente. Após a chuva, o corpo
de porcelana estava molhado e a emissividade para a leitura das temperaturas, bem como
para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou 3 – 5 µm à temperatura ambiente, pode
ser ajustada em torno de 0,9 sem que ocorram erros significativos para uma análise
qualitativa e/ou quantitativa. A amplitude térmica é de 6.8 °C. Software: ThermoCom
IRAnalyzer. Câmera: ThermoCom V384S.

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 195


CAPÍTULO III – HARDWARE E FAIXA ESPECTRAL

Figura 3.46 – TC 69 kV com anomalia térmica nas conexões.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 3.46 Enquadramento correto para destacar a anomalia. Amplitude Térmica também correta.
No entanto, o ângulo de visada e o enquadramento não incluem as outras Fases para
referência. Se fosse o caso de incluir os dois outros TC’s, seria necessário realizar duas
medidas: uma próxima à anomalia e outra com os três TC’s aparecendo no mesmo
Termograma. Com essas duas medidas, seria possível avaliar o erro introduzido pela
resolução espacial. Se não influísse significativamente, por exemplo, com uma diferença
de 1° a 3 °C, o Termograma poderia conter os três TC’s e uma anotação ser adicionada
alertando para a leitura imprecisa. A intervenção de manutenção deve incluir Inspeção
Visual criteriosa nas superfícies da conexão e, no caso de não serem descobertos sinais
de corrosão, e havendo apenas oxidação, ou parafusos com torque insuficiente, deverá
ser procedida a limpeza cuidadosa e reaperto com torquímetro. No caso de corrosão
deverá ser avaliado se é possível a recuperação das peças envolvidas. Na impossibilidade
resta apenas a substituição do TC. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou 3 – 5 µm
à temperatura ambiente, podem ser utilizadas emissividades para barramentos oxidados
e conexões com frestas de 0,80 a 0,90 com erros aceitáveis. De qualquer forma, se o
diagnóstico predominante for qualitativo, o erro não será significativo. Software:
ThermaCAM Reporter PRO 2002. Câmera: FLIR SC‐2000, Lente 24°.

Anotações:

196 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO III – HARDWARE E FAIXA ESPECTRAL

Figura 3.47 – TCs 69kV com anomalia interna.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 3.47 Termogramas bem enquadrados e bem focalizados. Amplitude térmica correta e escala
colorimétrica adequada. Anomalias desse tipo são raras e podem envolver tanto
conexões internas como problemas no secundário do TC. No Termograma superior, caso
a marcação na janela na parte energizada do TC se refira ao nível do óleo, encontra‐se
significativamente mais baixo que os dois adjacentes, o que pode ocasionar este
aquecimento devido à deficiência na refrigeração – ainda que pequena – pelo óleo
isolante. Se for esse o caso, e se testado – óleo inclusive – não apresentar nenhum
parâmetro alterado, poderá ter o nível do óleo completado e em seguida, ter o seu
comportamento térmico acompanhado por pelo menos uma semana. Se for um TC de
medição, pode ser temporariamente bay‐passado. No entanto, se for um TC de proteção,
deve ser substituído o mais rápido possível. No Termograma inferior, é possível observar
dois TCs de mesmo modelo e de mesmo fabricante, na mesma instalação. Por sua vez, a
posição em relação à câmera não permite a visualização do mostrador no topo. É
responsabilidade do Inspetor que, neste caso, optou por fazer as duas imagens térmicas
a partir da mesma visada, escolher qual visada traz mais informações ao analista de
imagens térmicas. A semelhança das anomalias sugere um problema de fabricação ou de
instalação. Caso estejam em garantia, o fabricante deverá ser acionado. Em caso
contrário, será necessário um desligamento geral para intervenção. Equipamentos desse
porte nem sempre conseguem ter manutenção simples e rápida em campo e uma
estratégia de intervenção, manobras e desligamentos deve ser estudada pela Gerência
responsável. Os TCs mais afastados da câmera apresentam uma leitura de temperatura
correta devido às suas dimensões e a resolução de medição da câmera. Se os objetos a

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 197


CAPÍTULO III – HARDWARE E FAIXA ESPECTRAL

FIGURA COMENTÁRIOS
serem medidos nestes TCs fossem de pequenas dimensões, o erro teria de ser levado em
consideração. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou 3 – 5 µm à temperatura
ambiente, podem ser utilizadas emissividades para tintas a óleo de 0,85 a 0,95 com erros
aceitáveis. De qualquer forma, se o diagnóstico predominante for qualitativo, o erro não
será significativo. Software: ThermaCAM Reporter PRO 2002. Câmera: FLIR SC‐2000,
Lente 24°.

Análise de Consistência: da mesma houver umidade no seu caminho. Mas pelo


forma que outros componentes elétricos, os próprio aquecimento causado pela corrente
eventuais aquecimentos registrados em TCs de fuga, a tendência é que a umidade seque,
devem ser consistentes com o seu projeto, fazendo com que o aquecimento desapa‐
carga instantânea e de projeto, insolação e reça. No entanto, a cada ciclo, a corrosão au‐
eventual resfriamento pelo vento. Caso não menta e o isolamento diminui. Essa diminui‐
encontrem justificativa para sua existência, ção torna o comportamento da peça impre‐
devem ser considerados como gerados inter‐ visível, ainda mais na presença de surtos de
namente e averiguados. tensão de manobra ou atmosféricos. Assim
sendo, mais testes de isolamento elétrico
são necessários para definir exatamente a
Recomendações de Intervenção: sua causa e nível de deterioração se for o
TCs dificilmente apresentam problemas na caso.
coluna de porcelana de sustentação. Caso al‐
Nesta avaliação qualitativa deve ser
guma anomalia térmica seja observada
levado em conta também que o Sol pode re‐
nesse local, deve‐se averiguar a possível
presentar um fator importante no aqueci‐
existência de algum defeito interno ou baixo
mento das colunas isolantes. Quando de
isolamento da coluna isolante. No Termo‐
porcelana, o seu calor específico é normal‐
grama da direita na Figura 3.44, podem‐se
mente alto e pode reter o aquecimento do
observar diversas áreas, de pequenas di‐
dia por algum tempo após o anoitecer ou
mensões e aquecidas, na coluna de porce‐
obstrução do Sol por nuvens. A probabili‐
lana dos TC’s isolados a óleo. Esse tipo de
aquecimento não pode ser qualificado ime‐ dade, então, destas anomalias serem devi‐
diatamente como sendo causado apenas por das a depósito de poluentes, que mudam a
depósito de poluente sobre as saias do isola‐ emissividade superficial e, portanto, devem
dor, uma vez que já pode haver uma efetiva se apresentar mais aquecidas, deve ser con‐
textualizada no momento da Inspeção. Um
redução de isolamento na porcelana. Caso o
critério conservador indica uma intervenção
isolador apresente um caminho de fuga já
de urgência, uma vez que pode se tratar de
corroído (interna ou externamente) ao longo
baixo isolamento efetivo e que está amea‐
do tempo, a causa principal costuma ser
çando a integridade do TC.
umidade infiltrada. Esse tipo de corrente de
fuga apresenta um comportamento cíclico, Por outro lado, os problemas mais
uma vez que a corrente é mantida enquanto comuns acontecem nas conexões de entrada

198 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO III – HARDWARE E FAIXA ESPECTRAL

e saída. Os problemas de conexão devem ser Nesses casos, a intervenção deverá


tratados como um par casado, a barra do TC verificar se o cabo em questão poderá ser
e o conector. Qualquer procedimento em‐ reutilizado cortando‐se a sua ponta. Da
pregado em um desses componentes deve mesma forma, ainda que não haja uma solda
ser aplicado ao outro. De maneira geral, re‐ ou corrosão visível em um conector, a outra
comenda‐se o desmonte, Inspeção Visual ponta do cabo que apresenta a assinatura
cuidadosa em busca de sinais de corrosão, em espiral deverá ser obrigatoriamente exa‐
oxidação e deterioração. Caso encontrados, minada. Isso é válido para todas as exten‐
avaliar se é possível a recuperação e reutili‐ sões de cabo, independentemente se apare‐
zação de ambos os componentes. Essa reuti‐ cerem em TCs ou em qualquer outro tipo de
lização pode representar um risco, uma vez equipamento.
que não se sabe a qual temperatura o conec‐ A classificação térmica de interven‐
tor ou a barra do TC já operou. Normalmente ção em conectores ou cabos conectados a
é mais seguro e mais conveniente substituir TCs deverá acompanhar as temperaturas
o conjunto barra‐conector. Se houver sinais medidas e seus limites máximos admissíveis.
de corrosão não severa na barra, poderá ser Já estrategicamente deverá ser avaliada a
retirada para uma retífica. Ainda, se esse possibilidade de by‐pass do ponto onde se
procedimento for inviável, deverá ser substi‐ localiza o defeito para a posteriori, ser apli‐
tuída juntamente com o conector e, em ca‐
cado o procedimento adequado. No en‐
sos mais drásticos, o TC inteiro. Uma última
tanto, as chances de by‐pass em TCs de pro‐
opção ainda é, se fisicamente possível, insta‐
teção e medição dependerão do arranjo do
lar o novo conector na face oposta da barra
barramento da subestação, se barra simples,
a onde se encontra a corrosão. Se não hou‐
barra dupla, com transferência, em anel, dis‐
ver sinais de corrosão, recomenda‐se a lim‐
juntor e meio etc. Na impossibilidade de by‐
peza e o reaperto em ambos. pass, sugere‐se fortemente que a classifica‐
Nos casos de mau contato por cor‐ ção de intervenção estratégica tenha pelo
rosão, não é incomum encontrar defeitos se‐ menos um grau de severidade acima da clas‐
veros no conector a tal ponto que apenas al‐ sificação térmica. A classificação de Emer‐
guns tentos dos cabos conectados estejam gência fica restrita aos casos em que a tem‐
conduzindo. Um exemplo deste fenômeno peratura medida ultrapassar o limite má‐
pode ser visto nas Figura 3.43 e Figura 4.24. ximo admissível em 2,5 vezes ou em que haja
A assinatura térmica então se apresenta com risco iminente de falha.
um padrão espiral porque a resistência ôh‐
mica entre tentos somada à pequena dife‐
rença de potencial entre eles, faz com que a
resistência do óxido de alumínio, junto com
eventuais poluentes, não divida a corrente
entre os demais tentos do cabo. Uma expli‐
cação mais detalhada desse comportamento
pode ser encontrada nos itens 6.4.4 e 6.4.5
do Capítulo 6.

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 199


CAPÍTULO III – HARDWARE E FAIXA ESPECTRAL

3.8 TRANSFORMADORES DE POTENCIAL – as quatro tensões e a potência do circuito tri‐


TP’S fásico. Outra característica é que a relação
de transformação necessária para reduzir,
por exemplo, 13.200V para 127V implica em
um enrolamento secundário com muitas es‐
piras, ao contrário do TC. Dessa forma, é ne‐
cessário um núcleo mais saturado e, conse‐
quentemente, com mais perdas no entre‐
ferro. No entanto, nem sempre essa caracte‐
rística é observada em TCs de tensões acima
de 34,5 kV devido à sua instalação externa e
melhor condição de refrigeração natural.
Descrição Térmica: TPs em subestações
Figura 3.48 – Transformadores de potencial.
devem apresentar uma assinatura térmica
uniforme no seu corpo, e próximo à
Descrição Técnica: transformadores de
temperatura ambiente. Eventualmente, e
potencial – TPs servem, assim como os
dependendo do horário do dia, podem apre‐
transformadores de corrente, a duas fina‐
sentar o topo ou uma das laterais aquecidas
lidades: fornecer sinais para medição e pro‐
devido à radiação solar. Anomalias térmicas
teção. Independentemente de sua aplica‐
limitadas no corpo dos isolantes podem sig‐
ção, sua função é fornecer informações so‐
nificar falhas de isolamento ou incrustações
bre a tensão Fase‐Fase e Fase‐Terra do cir‐
de poluentes, da mesma forma que os TCs.
cuito onde estão conectados. Para essa fina‐
Em alguns casos raros, a montagem do bar‐
lidade, tem de ser instalados em série contra
ramento secciona o condutor para energizar
a Terra, independente da classe de tensão
o primário do TP e, nessas conexões, é pos‐
do circuito.
sível o aparecimento de mau contato.
Em alguns casos, é utilizada a conexão Aron
que necessita de apenas dois TPs para medir

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 200


CAPÍTULO III – HARDWARE E FAIXA ESPECTRAL

Exemplos:

Figura 3.49 – TPs com assinatura térmica normal e com fuga no isolador (R2).

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 3.49 O Termograma da esquerda apresenta um enquadramento incorreto por não incluir os
três TP’s. O propósito era apenas registrar o padrão de não aquecimento. Na ocasião, não
havia espaço suficiente para enquadrar os três na mesma visada, o que indica a
necessidade de uma lente grande‐angular. O Termograma da direita foi registrado logo
após uma chuva intensa, razão pela qual todos os corpos dos TP’s têm praticamente a
mesma temperatura que o ambiente, apresentando dificuldades de discriminação no
infravermelho. No entanto, a anomalia de fuga de corrente na área R2, causada por
depósito de poluente, está evidente. A anomalia R1 é no TC da outra Fase. As distribuições
térmicas encontradas no Termograma da direita levantam duas hipóteses: depósito de
poluentes ou baixo isolamento nas porcelanas. Se a causa for devida a depósito de poeira
ou outro material nas saias dos isoladores, uma limpeza simples, mas cuidadosa, poderá
resolver o problema. É importante ressaltar que a limpeza deverá ser feita com material
neutro e não abrasivo. Se a causa for baixo isolamento por contaminação das porcelanas,
será necessária retirada dos TP’s ou só seus isoladores. Se for possível, efetuar testes
elétricos de isolamento, um tratamento térmico nas porcelanas de acordo com
procedimentos adequados à esse tipo de equipamento, novos testes elétricos para
confirmação da recuperação do isolamento, aplicação de silicone para alta tensão e novos
testes. Os riscos implícitos a esse procedimento deverão ser de conhecimento da
Supervisão ou Gerência encarregada. A alternativa a esse procedimento é a substituição
das porcelanas, caso ainda estejam disponíveis no mercado, ou a troca completa dos TP’s.
A substituição é necessária devido ao comportamento imprevisível dos componentes com
baixo isolamento e, o risco a ser aceito ou não, deverá ser decidido pela Gerência
competente. Nessas condições, e considerando os corpos de porcelana ou de resina epóxi
dos TP’s, a emissividade de 0,85 fornecerá boas medidas comparativas para uma análise
qualitativa, bem como para medições radiométricas em 7 – 14 µm à temperatura
ambiente. Software: ThermoCom IRAnalyzer. Câmera: ThermoCom V384S, Lente 22°.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 201


CAPÍTULO III – HARDWARE E FAIXA ESPECTRAL

Análise de Consistência: da mesma local, é possível uma má conexão. Caso seja


forma que outros componentes elétricos, os detectada uma anomalia térmica nesse tipo
eventuais aquecimentos registrados em TPs de conexão, os procedimentos são os usuais:
devem ser consistentes com o seu projeto, o desmonte, a Inspeção Visual cuidadosa em
carga instantânea e de projeto, insolação e busca de sinais de oxidação e/ou corrosão e
eventual resfriamento pelo vento. Na Figura a substituição do componente quando ne‐
3.49 pode‐se observar um TP com Assinatura cessário. Os cuidados na avaliação e manu‐
Térmica normal ou aceitável (Termograma tenção dos conectores e pontas de cabos
da esquerda) e outros com fuga de corrente mencionados como recomendações para
pelos isoladores (Termograma da direita). TC’s são válidos aqui também. Quando a
Deve ser lembrado que, eventualmente, os substituição não for necessária, a limpeza e
TPs de medição podem ser utilizados para o reaperto deverão solucionar a anomalia.
pequenas cargas resistivas, por exemplo,
aquecedores de painel. Caso as anomalias 3.9 DISJUNTORES EXTERNOS
térmicas observadas não encontrem justifi‐
cativa para sua existência, devem ser consi‐
derados como gerados internamente e ave‐
riguados.
Recomendações de Intervenção:
TPs em média e alta tensão, da mesma
forma que os TCs, raramente apresentam
problemas na coluna de porcelana de sus‐
tentação. Caso alguma anomalia térmica
seja observada nesse local, deve‐se averi‐
guar a possível existência de algum defeito
interno ou baixo isolamento da coluna iso‐
lante. Nesta avaliação deve ser levado em
conta que o Sol pode representar um fator
importante no aquecimento das colunas iso‐ Figura 3.50 – Disjuntores Externos.
lantes e que, quando de porcelana, o seu ca‐
lor específico é normalmente alto e pode re‐ Descrição Técnica: disjuntores externos po‐
ter o aquecimento do dia por algum tempo dem apresentar uma grande variedade de
após o anoitecer ou obstrução do Sol por nu‐ modelos, desde os antigos GVO (Grande Vo‐
vens. Durante o dia não é raro encontrar o lume de Óleo), PVO (Pequeno Volume de
topo do TP aquecido por radiação solar ou Óleo), SF6 ou a Vácuo. No entanto, todos
refletindo‐a. Também se o cabo é apenas têm contatos e conexões internas, principal‐
passante pela conexão é raro o apareci‐ mente nas câmaras de extinção onde estão
mento de problemas na conexão superior do os contatos principais, e conexões externas.
TP. Eventualmente existem montagens onde Há sempre ainda o mecanismo de aciona‐
há um conector unindo duas extremidades mento e comando e as porcelanas de isola‐
do cabo de potência no topo do TP e, neste mento.
202 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS
CAPÍTULO III – HARDWARE E FAIXA ESPECTRAL

Descrição Térmica: os pontos termicamente acima de 35,5 kV devido às correntes serem


vulneráveis de um Disjuntor são as conexões normalmente baixas. No entanto, nem por
de entrada e saída, os contatos e conexões isso as regiões em que os contatos se encon‐
internas, e isolamento. Historicamente não é tram devem ser deixadas de inspecionar cui‐
comum encontrar pontos quentes nos con‐ dadosamente.
tatos internos de disjuntores de tensões

Exemplos:

Figura 3.51 – Disjuntor 69 kV com anomalia e Disjuntor 138 kV normal.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 3.51 O Termograma da esquerda apresenta o enquadramento correto, e a escala colorimétrica
utilizada destaca o corpo uniformemente “frio” dos polos, evidenciando a inexistência de
anomalias nessas áreas. Todas as conexões de entrada e saída estão visíveis e os limites
superior e inferior da Amplitude Térmica foram ajustados para permitir a visualização de
todo o conjunto. Já o Termograma da direita falha em apresentar todas as conexões e os
isoladores inferiores do disjuntor, que era o objeto de interesse. Mesmo assim, o foco
térmico está correto em ambos os casos e se pode notar que a distribuição de cores
(paleta) das escalas colorimétricas apresenta proporções diferentes, cada uma
destacando o seu objeto de interesse. Caso a distância seja compatível com a resolução
de medida, para conexões antigas e cobertas de poluentes, uma emissividade de 0,80 a
0,90 fornece bons resultados para medições radiométricas em 7 – 14 µm à temperatura
ambiente. Software: ThermaCAM Reporter PRO 2002. Câmera: FLIR SC‐2000 Lente 24°.
Software: ThermoCom IRAnalyzer. Câmera: ThermoCom V384S, Lente 22°.

Anotações:

203 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO III – HARDWARE E FAIXA ESPECTRAL

Figura 3.52 – Detalhe do Termograma da Figura 3.51.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 3.52 Este Termograma é o mesmo da Figura 3.51, mas com a utilização de uma teleobjetiva de
12°. Comparando um com o outro, a diferença na medição de temperatura é de apenas
0,9 °C que pode ser desprezível para diagnósticos quantitativos. No entanto, o diagnóstico
qualitativo permanece o mesmo. A centralização do conector no meio da tela está correta
e, se houvesse mais distância, talvez o conector superior do outro lado pudesse ter sido
incluído. A amplitude térmica está adequada e a representação da anomalia está correta.
A observação atenta da foto na luz visível indica a utilização de um conector incorreto
com apenas dois parafusos quando a barra de conexão do disjuntor admitia quatro
parafusos. O único parafuso aquecido remete à interpretação descrita no Item 6.5, Estudo
de Caso 8 – Condutores em Paralelo, Figura 6.69. A intervenção de manutenção deve
incluir Inspeção Visual criteriosa nas superfícies da conexão e, no caso de não serem
descobertos sinais de corrosão, e havendo apenas oxidação, ou parafusos insuficientes
e/ou com torque incorreto, deverá ser procedida a limpeza cuidadosa, instalação de
novos parafusos a prova de oxidação se for o caso, e reaperto com torquímetro. No caso
de corrosão, deverá ser avaliado se é possível a recuperação das peças envolvidas. Na
impossibilidade, resta apenas a substituição do Disjuntor, ainda que temporariamente.
Software: ThermaCAM Reporter PRO 2002. Câmera: FLIR SC‐2000, Lente 12°.

Anotações:

204 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO III – HARDWARE E FAIXA ESPECTRAL

Figura 3.53 – Mau contato em conexão de Disjuntor de SE‐69kV.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 3.53 Este Termograma está bem enquadrado com relação às anomalias detectadas. Os
objetos, em planos diferentes, estão suficientemente bem focados. E, tanto o foco
térmico como a amplitude térmica ajustados na imagem, apresentam corretamente o
espectro de temperaturas das anomalias e dos objetos à sua volta. A escala colorimétrica
(paleta de cor) representa equilibradamente todos os componentes presentes. Para
avaliações qualitativas uma emissividade entre 0,8 e 0,9 produzirá bons resultados, bem
como para medições radiométricas em 7 – 14 µm à temperatura ambiente.
Evidentemente os demais fatores de velocidade do vento presente, distância, horário e
URA deverão ser ajustados e anotados no momento da Inspeção. A manutenção deve
incluir Inspeção Visual criteriosa nas superfícies das conexões, no caso de não serem
descobertos sinais de corrosão, e havendo apenas oxidação, ou parafusos com torque
incorreto, deverá ser procedida a limpeza cuidadosa, instalação de novos parafusos a
prova de oxidação se for o caso, e reaperto com torquímetro. No caso de corrosão, deverá
ser avaliado se é possível a recuperação das peças envolvidas. Na impossibilidade, resta
apenas a substituição do Disjuntor, ainda que temporariamente. Software: ThermoCom
IRAnalyzer. Câmera: ThermoCom V384S. Lente 22°

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 205


CAPÍTULO III – HARDWARE E FAIXA ESPECTRAL

O disjuntor da Figura 3.54, classe 500 kV,


apresenta uma distribuição térmica uniforme. De‐
vido às correntes proporcionalmente baixas, mas
potências altas de interrupção, esses disjuntores
dificilmente apresentam problemas em suas câ‐
maras de extinção. Da mesma forma, problemas
em conexões são raros. Em locais de contaminação
por poluentes é mais comum encontrar anomalias
relacionadas a depósito em suas colunas de isola‐
mento.
Análise de Consistência: os disjuntores
devem se apresentar termicamente homogêneos
e, eventuais distribuições térmicas assimétricas ou
anômalas, deverão ser analisadas para averiguar
sua origem. Aquecimentos pontuais, gerados in‐
ternamente, deverão ser usualmente representa‐
dos na superfície das colunas isolantes de acordo
com a distribuição de Gauss. Se for o caso, corre‐
ções de carga e de velocidade do vento devem ser
sempre aplicadas. Nos casos de mau contato ex‐
terno, os procedimentos deverão ser compatíveis
com o estado encontrado do defeito. Substitui‐
ções, inversão do lado de assentamento e trata‐
mento de superfície deverão ser considerados
(Vide Figura 3.52, Figura 3.53 e Figura 3.54).
Figura 3.54 – Disjuntor classe 500 kV sem
anomalias térmicas.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 3.54 Este Termograma foi confeccionado utilizando a ferramenta de panorama ou mosaica
fornecida pelo fabricante. Como os três Termogramas originais foram obtidos a mão livre,
sem o uso de um tripé nivelado, é possível observar uma distorção em curva para a
esquerda. O foco óptico, apesar de aceitável, deveria ter sido corrigido para cada
Termograma separadamente. A escala colorimétrica está ajustada para demonstrar a
uniformidade da distribuição térmica. Software: FLIR Reporter 9.0. Câmera: FLIR SC‐660,
Lente 24°.

Anotações:

206 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO III – HARDWARE E FAIXA ESPECTRAL

Recomendações de Intervenção:
3.10 TRANSFORMADORES
disjuntores de Média Tensão e acima que
apresentem não homogeneidades térmicas
deverão sofrer reparo conforme o problema
indicado. Se a anomalia ou defeito detec‐
tado estiver localizado em uma das cone‐
xões, os procedimentos deverão ser os mes‐
mos aplicados a qualquer conexão defeitu‐
osa: o desmonte, a Inspeção Visual, o reparo,
se necessário, ou a substituição e o reaperto
com torquímetro. A descrição desses proce‐
dimentos pode ser encontrada na análise
dos TC’s. No caso de ser observada corrosão
nas partes fixas das barras de entrada ou sa‐
ída dos disjuntores, pode ser necessário re‐
posicionar o novo conector e fixá‐lo na face Figura 3.55 – Transformadores

oposta à que estava fixado, na barra do dis‐


juntor. Em casos mais severos, deve‐se reti‐ Descrição Técnica: transformadores são o
rar o disjuntor e retificar as superfícies de núcleo de potência de qualquer subestação.
contato. No caso de anomalias internas, o São equipamentos normalmente de grande
procedimento recomendado é abertura e re‐ porte, caros, de difícil reposição, complexos
visão dos componentes internos para verifi‐ e com assinaturas térmicas muito diferentes.
car os procedimentos necessários. Normalmente isolados e refrigerados a óleo,
possuem radiadores aletados que devem
dissipar o calor gerado pelo entreferro e
carga passante de maneira natural ou com
ventilação forçada. Os pontos mais impor‐
tantes para uma avaliação Termográfica são
as conexões primárias de entrada e as cone‐
xões das saídas das buchas, secundárias e
terciárias se for o caso, os seus respectivos
corpos de porcelana, o tanque de expansão,
os TCs de bucha, as conexões de cada Fase
com barramentos associados, cabo de neu‐
tro ou Terra e os trocadores de calor.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 207


CAPÍTULO III – HARDWARE E FAIXA ESPECTRAL

Figura 3.56 – Corte esquemático simplificado de um transformador a óleo.

Descrição Térmica: transformadores de do transformador, o que prejudicará sua res‐


grande, médio ou pequeno porte, isolados a posta em caso de atuação. Alguns transfor‐
óleo, têm, cada um a sua assinatura térmica madores possuem comutadores de tap in‐
típica dependente de seu projeto e demais ternos, automáticos ou não. A assinatura
características. Alguns terão comutador de térmica da parede onde este comutador se
Tap automático isolado do tanque principal, encontra pode fornecer indícios de mau fun‐
outros não. Outros terão terciários e outros cionamento se apresentar “manchas” térmi‐
terão seus radiadores orientados de acordo cas onde historicamente não deveriam apa‐
com a direção predominante do vento. recer. Os encapsulamentos dos TCs de bucha
Dessa maneira, cada transformador terá o devem ser analisados assim como as suas co‐
seu comportamento térmico específico que nexões, sejam elas primárias, secundárias ou
deverá ser conhecido antes de qualquer terciárias. Outro componente normalmente
diagnóstico. Basicamente o topo deve ser esquecido de ser inspecionado é o cabo de
mais aquecido que a base, sendo que não se neutro ou aterramento. Quando aquecido,
espera que o tanque de expansão contenha pode representar correntes desiquilibradas
óleo à mesma temperatura que o corpo do de neutro, erro de dimensionamento, fugas
transformador. Por outro lado, a válvula de de corrente ou harmônicas. Caso seja detec‐
expansão é um dispositivo que deve estar tado algum tipo de aquecimento no cabo de
aquecido até a membrana. Caso contrário, aterramento do trafo, as causas deverão ser
poderá não ter sido sangrada na energização pesquisadas antes seja decidida qual manu‐
tenção deverá ser efetuada.

Anotações:

208 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO III – HARDWARE E FAIXA ESPECTRAL

Exemplos:

Figura 3.57 – Transformador de grande porte 230‐35,5 kV.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 3.57 Mosaico de imagens térmicas centrado no terciário de um transformador de grande
porte. O foco nas buchas faz com que os demais componentes fiquem fora de foco devido
à pequena profundidade de campo da câmera. O enquadramento está correto apesar de
deixar de fora as conexões de duas buchas do primário A amplitude térmica de quase
90 °C poderia ser menor, mas não apresentaria os demais componentes do trafo devido
à baixa temperatura (em torno de 10 °C). Software: FLIR Imagem Builder, FLIR
ThermaCAM Reporter PRO 2002. Câmera: FLIR SC‐2000, Lente 24°.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 209


CAPÍTULO III – HARDWARE E FAIXA ESPECTRAL

Figura 3.58 – Trafo 230kV: perfil térmico nos radiadores e anomalia na bucha direita.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura O Termograma da esquerda apresenta enquadramento correto, amplitude térmica correta
3.58
e boa distribuição da escala colorimétrica. Como se trata de um transformador de grande
porte, o Termograma foi obtido com a lente normal de 24° a partir de uma distância de 14m.
Além disso, o ângulo de visada foi escolhido para conter todos os radiadores na mesma
imagem. Já o Termograma da direita apresenta uma anomalia na bucha secundária do
mesmo trafo. Neste caso, o ajuste da amplitude térmica e a escala colorimétrica foram
críticos para a discriminação da anomalia. Software: ThermaCAM Reporter PRO 2002.
Câmera: FLIR SC‐2000.

Figura 3.59 – Trafos 230 kV com assinatura térmica simétrica.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 3.59 O Termograma da esquerda enquadra corretamente o secundário do transformador
embora o foco óptico pudesse ser um pouco melhor. O foco térmico nos TC’s de bucha
despreza as cabeças das buchas na escala colorimétrica. No Termograma da direita, o foco
poderia também ser um pouco melhor apesar de ter sido utilizada uma grande angular
de 45°. No entanto, devido às grandes dimensões deste objeto de interesse, é uma
imprecisão aceitável. O enquadramento está correto, bem com a amplitude térmica.
Software: Esq.: ThermoCom IRAnalyzer. Câmera: Dir: ThermoCom V384S, Lente 22°, Esq:
ThermaCAM Reporter PRO 2002. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente 45°.

Anotações:

210 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO III – HARDWARE E FAIXA ESPECTRAL

Figura 3.60 – Mau contato em bucha primária.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 3.60 Este primário de transformador está bem enquadrado e o foco está ajustado o suficiente
para uma avaliação correta. A faixa e a amplitude térmica estão também corretas,
fornecendo uma visão proporcional do transformador e da anomalia. Se a resolução
espacial de medida for adequada, é possível uma medição correta da temperatura
utilizando uma emissividade de 0,8 a 0,9. Esses valores também podem ser utilizados para
medições radiométricas em 7 – 14 µm à temperatura ambiente. Isso é possível porque os
conectores apresentam‐se visualmente bem oxidados. Os demais parâmetros de
distância, velocidade do vento, temperatura ambiente, URA e, se necessário, temperatura
refletida, devem ser anotados para avaliação posterior. Para a obtenção deste
Termograma, foi utilizada a lente normal da câmera 22°/35 mm a uma distância de 7m
aproximadamente. Software: ThermoCom IRAnalyzer. Câmera: ThermoCom V384S.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 211


CAPÍTULO III – HARDWARE E FAIXA ESPECTRAL

Figura 3.61 – Efeito de lentes em conexões de bucha primária, 230 kV.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 3.61 Os Termogramas apresentam a importância da utilização de uma óptica correta no
diagnóstico e prognóstico de maus contatos em buchas de transformadores de potência.
Todas as imagens estão bem enquadradas, as amplitudes térmicas estão corretas e as
escalas colorimétricas estão bem ajustadas. As diferenças nas leituras entre as diferentes
imagens decorrem, em primeiro lugar, da resolução espacial que, na imagem superior, é
resultado da utilização de uma lente grande angular (45°). A imagem do meio utiliza uma
lente normal (24°) e a inferior utiliza uma lente teleobjetiva (12°). Pode‐se observar
também que há uma pequena influência das diferentes profundidades de campo em cada
imagem. Apesar da diferença entre temperaturas não ser muito grande, deve ser
observado ainda que quando a lente de 24° foi utilizada, foram registradas as maiores

212 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO III – HARDWARE E FAIXA ESPECTRAL

FIGURA COMENTÁRIOS
temperaturas. Isso se deve a que, no caso da última imagem, com a teleobjetiva, havia
vento de maior intensidade que quando da imagem do meio. Lamentavelmente a
velocidade do vento não foi registrada, prejudicando, assim, a avaliação da gravidade das
anomalias. De qualquer maneira, em casos estrategicamente importantes como um
transformador elevador de 230 kV, e que está em série com a transmissão de grandes
blocos de potência, é necessário acompanhar o comportamento térmico das anomalias
por algum tempo para se estar certo de que não há variações significativas nas imagens
obtidas, tanto por resfriamento por vento como por variações na carga instantânea. Este
tempo pode variar de minutos à horas. Devido à grande potência disponível, a avaliação
do estado das conexões deve ser efetuada com cuidado redobrado. A primeira medida
deve ser a medição da resistência de contato, com um microhmímetro, entre os cabos e
o varão que sustenta o conector. Esses valores deverão ser anotados para comparação
com a mesma medição efetuada após a intervenção. Desmonte, Inspeção Visual em busca
de sinais de corrosão e, em caso negativo, limpeza e reaperto com torquímetro são as
providências básicas. Após o fechamento da conexão, deve ser efetuada nova medição
da resistência de contato, nas mesmas condições e posicionamento da medição anterior,
para confirmação da eficiência do procedimento adotado. Caso haja sinais de corrosão, a
situação pode se complicar se o varão for atingido de forma significativa. A providência
correta, nesta situação, é a retirada para retífica de superfície. Como este é um
procedimento que pode ser demorado, alternativamente é possível efetuar medições
diárias para acompanhar o desenvolvimento ou não da anomalia. Caso as conexões
afetadas iniciem um processo ascendente de aquecimento, deve ser avaliado pela
Gerência responsável a parada imediata do transformador para manutenção. Para
medições radiométricas em 7 – 14 µm ou 3 – 5 µm e à temperatura ambiente, a
emissividade destes conectores pode variar entre 0,7 a 0,9 dependendo do acúmulo de
poluentes e oxidação das superfícies. Software: ThermaCAM Reporter PRO 2002.
Câmeras: FLIR SC‐2000. Lentes 12°, 24° e 45°.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 213


CAPÍTULO III – HARDWARE E FAIXA ESPECTRAL

Figura 3.62 – Distribuição térmica do Secundário com e sem defeito interno.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 3.62 Ambos os Termogramas servem a propósitos de referência qualitativa, um com anomalia
térmica e outro não. Estão bem enquadrados, as amplitudes térmicas estão corretas e a
escala colorimétrica está bem ajustada. A anomalia do Termograma da esquerda exige
que a tampa do secundário seja aberta, dentro de condições de segurança controladas,
para averiguação do estado interno. A partir da constatação do problema, possivelmente
um mau contato grave, é que poderão ser definidas as providências de intervenção.
Software: ThermaCAM Reporter PRO 2002 e ThermoCom IRAnalyzer. Câmeras: FLIR
PM695 e ThermoCom V384S. Lentes 24° e 22°.

Anotações:

214 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO III – HARDWARE E FAIXA ESPECTRAL

Figura 3.63 – Trafos 69 e 230 kV com anomalia TC bucha e resfriamento em Trafo 138 kV.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 3.63 O Termograma superior da esquerda é um mosaico de quatro imagens térmicas básicas.
Está bem enquadrado e bem focalizado. A amplitude térmica está correta e a escala
colorimétrica também. Para obtê‐lo foi necessário subir em uma pequena plataforma,
como se pode observar pelo ângulo de visada. A lente utilizada foi 12°. O Termograma da
direita apresenta um enquadramento correto, mas está um pouco fora de foco. O ajuste
da amplitude térmica permite observar o gradiente de temperaturas nos radiadores
MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 215
CAPÍTULO III – HARDWARE E FAIXA ESPECTRAL

FIGURA COMENTÁRIOS
causado pela ação da refrigeração natural pelo vento. Uma anomalia em um TC de bucha
em um transformador é suficientemente séria para gerar o seu desligamento para
averiguação do estado interno. As possibilidades vão desde baixo nível de óleo (pouco
provável), mau contato no varão do primário e curto entre espiras nas bobinas do TC. O
mesmo pode ser dito do TC de bucha Transformador em 230 kV (imagem inferior) com o
detalhe que, neste caso, o aquecimento ainda não se espalhou por todo o tanque do TC.
Há ainda o fator de que a anomalia está concentrada em uma área limitada da base. Deve
ser notado ainda que os dois TC’s das Fases do Meio e Direita apresentam distribuições
térmicas semelhantes e mais aquecidas, se comparadas com o TC da Fase Esquerda. Em
ambos os casos, e devido ao impacto que uma falha nestes locais pode causar, tanto no
transformador como no sistema elétrico, é necessário o acompanhamento Termográfico
frequente destas anomalias até que seja possível um desligamento e abertura dos TC’s
para verificação de estado interno. Junto com esta Inspeção devem ser efetuados testes
elétricos como TTR, relutância do entreferro e Megger, além da verificação do
posicionamento interno. Para leituras de temperatura, um valor médio entre 0,85 a 0,94
para tintas a óleo pode ser utilizado tanto para avaliações qualitativas como quantitativas.
Software: ThermaCAM Reporter PRO 2002. Câmera: FLIR SC‐2000

Anotações:

216 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO III – HARDWARE E FAIXA ESPECTRAL

Figura 3.64 – Bancos de transformadores Monofásicos.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 3.64 Banco de transformadores monofásicos em saída elevatória de usina e banco de
transformadores em SE 500 kV. O enquadramento e o foco dos transformadores da usina
estão corretos. O ajuste de amplitude térmica e a distribuição colorimétrica evidenciam
a assimetria de temperaturas que, em um banco em que as três correntes devem ser
iguais, deve ter sua causa investigada. Já o Termograma da SE 500kV, apresenta‐se
ligeiramente fora de foco, prejudicando a leitura de temperaturas, principalmente à
distância de onde foi obtido (> 25 m). A visada em diagonal serviu para poder enquadrar
os três trafos em uma única imagem, mas, nestas condições, apenas avaliações
qualitativas podem ser efetuadas para efeitos comparativos. De qualquer maneira, e no
Termograma superior, um transformador monofásico de potência em um banco trifásico
com 5 °C de diferença tem de ter a causa desse desequilíbrio investigada. Pode ser desde
uma diferença em PU da impedância do transformador com circulação de corrente entre
os trafos, problemas na refrigeração, forçada ou não, harmônicos e até mesmo um mau
contato interno. A programação de desligamento e definição de quais testes deverão ser
efetuados, deve ser definida pela Gerência responsável. Software: ThermaCAM Reporter
PRO 2002. Câmera: FLIR P‐640 com lente 12° e SC‐660 com lente 24°.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 217


CAPÍTULO III – HARDWARE E FAIXA ESPECTRAL

Figura 3.65 – Radiador “frio” em transformador de potência.

FIGURA COMENTÁRIOS

Figura 3.65 O transformador deste Termograma está bem enquadrado com relação ao objeto de
interesse, que são os radiadores, e adequado para uma análise qualitativa embora um
pouco fora de foco. A escala colorimétrica (paleta de cor) utilizada permite uma visão
equilibrada de todos os componentes, evidenciando a anomalia “fria” pela falta de
circulação de óleo pelo radiador frontal. Caso existente, o resfriamento pelo vento deve
ser anotado. A intervenção de manutenção deverá ser simplesmente, em um primeiro
momento, permitir o fluxo de óleo no radiador caso haja um registro individual para cada
radiador. Em caso negativo, será necessário desligar o transformador para verificar a causa
da obstrução do fluxo de óleo. Se não houver informação de quanto tempo a circulação
de óleo está interrompida, é indicado efetuar um teste completo no óleo, análise físico‐
química e cromatográfica para confirmar o bom estado. Para uma avaliação quantitativa,
será necessário melhorar o foco e utilizar uma emissividade compatível com a tinta
utilizada. Normalmente valores de ε = 0,9 para medições radiométricas em 7 – 14 µm à
temperatura ambiente, fornecem resultados razoáveis. Software: ThermaCAM Reporter
PRO 2002. Câmera: FLIR P‐640

Anotações:

218 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO III – HARDWARE E FAIXA ESPECTRAL

Figura 3.66 – Efeito da Insolação em radiadores.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 3.66 Os radiadores deste transformador estão bem enquadrados e adequados para uma
análise qualitativa. A escala colorimétrica (paleta de cor) utilizada, permite uma visão
equilibrada de todos os componentes, evidenciando a dificuldade em determinar qual a
temperatura a ser medida como efetiva no radiador ou a temperatura do óleo. A radiação
solar aquece os radiadores, incluindo a parte na sombra afetando a temperatura do óleo,
mas já resfriado em relação à entrada no radiador. No contexto apresentado nesse
Termograma, a temperatura R4 é a mais próxima da temperatura do óleo do
transformador, apesar de incorporar o aquecimento gerado pela radiação solar. Cada
área R onde foi medida a temperatura tem uma característica diferente: R1: abaixo da
entrada do óleo e sujeita a radiação solar, R2: sob sombra, mas muito abaixo da entrada
do óleo no radiador, R3: lateral superior à entrada de óleo, mas igualmente afetada pela
radiação solar, R4: metade inferior do tubo de alimentação do radiador mais aquecida
que a metade superior e acumulando o efeito da radiação solar, R5: face do radiador
diretamente sob efeito da radiação solar, R6: região afetada pela radiação solar, mas
abaixo da metade do radiador. Para uma medida efetiva seria necessário aguardar o pôr
do sol ou buscar uma área próxima ao topo do tanque e que não estivesse sob influência
direta da radiação solar. Esta decisão tem de ser tomada em campo pelo Inspetor no
momento da Inspeção. Para uma avaliação quantitativa, será necessário utilizar uma
emissividade compatível com a tinta utilizada. Normalmente valores de ε = 0,9 para
medições radiométricas em 7 – 14 µm à temperatura ambiente, fornecem resultados
razoáveis desde que isentos de radiação externa incidindo sobre o objeto de interesse
como o Sol. Software: ThermoCom IRAnalayzer. Câmera: ThermoCom V384S

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 219


CAPÍTULO III – HARDWARE E FAIXA ESPECTRAL

Figura 3.67 – Válvula de alívio de sobre pressão.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 3.67 O Termograma apresenta um componente geralmente desprezado nas Inspeções em
transformadores de grande porte. A Válvula de Alívio de Sobre Pressão é um dispositivo
para atuação em situações emergenciais. Sempre que ocorrer uma anomalia interna com
produção intensa de gases em um transformador, o diafragma desta válvula deverá
romper e purgar tanto gases como óleo. Este evento deve ocorre antes que seja atingida
uma pressão crítica que comprometa o tanque e demais componentes internos e de
interface do transformador. Assim, além do diafragma ser calibrado para cada
transformador, o óleo do transformador deverá estar em contato direto. Isso porque, e
como mostra o Termograma, se houver um espaço não preenchido, quando houver uma
ocorrência interna, antes do rompimento do diafragma, ocorrerá a compressão do gás
acumulado no tubo. Essa diferença de tempo geralmente é catastrófica. O ângulo em que
este Termograma foi capturado é eficiente para demonstrar que há um espaço vago no
tubo de alívio, mas compromete a visão em perspectiva sugerindo que a Válvula fique
acima do tanque de expansão. O posicionamento correto da válvula é direcionado para
onde o eventual jato de gás e óleo não seja direcionado às buchas e, sempre, abaixo do
nível de óleo no tanque de expansão. Esse posicionamento é proposital para que seja
possível a sangria do ar ou gás aprisionado junto à válvula, por ocasião do enchimento do
tanque. Quando da ocorrência de uma atuação, o jato deve ser direcionado em direção
oposta a qualquer componente que possa ainda permanecer energizado. Alguns modelos
de válvula de alívio permitem a retirada de gás para análises cromatográficas. A solução,
neste caso, é a sangria do gás ou ar acumulado no tubo. No caso do Termograma em
discussão, mesmo que o tanque de expansão estivesse sem óleo. Vale observar ainda que,
mesmo que o tanque de expansão esteja vazio, o óleo deve atingir o diafragma da válvula.
Caso o tanque de expansão esteja vazio e o tubo da válvula tenha registro de ter sido
sangrado corretamente, a distribuição térmica apresentada no Termograma deverá ser
interpretada como indicando a entrada de ar atmosférico, prejudicando a estanqueidade
do transformador e contaminando o óleo isolante. A solução neste caso é óbvia. Software:
ThermoCom IRAnalyzer. Câmera: ThermoCom V384S. Lente 22°.

Anotações:

220 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO III – HARDWARE E FAIXA ESPECTRAL

3.10.1 ESTUDO DE CASO 2: Defeito Interno competente. Nesse caso, poderá ser verifi‐
em Trafo 34,5 kV cado que a assimetria da distribuição tér‐
mica normal esperada para esse transforma‐
Uma das limitações da Termografia dor, revela o defeito interno. Esse caso espe‐
é que ela é praticamente incapaz de “enxer‐ cífico vinha sendo controlado pelo menos há
gar” através da grande maioria dos objetos cinco anos até que o Delta T em relação à
sólidos ou líquidos, com a exceção de alguns temperatura ambiente subitamente aumen‐
cristais e filmes plásticos. No entanto, nem tou, sem respaldo de aumento de carga no
sempre essa característica limita a Termo‐ transformador. As temperaturas registradas
grafia quando executada por um Inspetor nos últimos três anos eram:

Tabela 3.1 – Temperaturas registradas 2009 a 2012.

DATA Δ T Fase VM
04/03/2009 58 °C
10/02/2010 52 °C
21/03/2011 61 °C
10/10/2011 55 °C
10/04/2012 78 °C
Obs.: Δ T (Delta T) refere‐se à sobre‐elevação de temperatura em relação à temperatura ambiente.

Figura 3.68 – Trafo visto na altura do chão.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 221


CAPÍTULO III – HARDWARE E FAIXA ESPECTRAL

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 3.68 Termograma fora de foco, mas bem enquadrado. Equilibrado na escala colorimétrica
pode ser utilizado para avaliações qualitativas. Leituras quantitativas de temperatura
poderão apresentar erros mais ou menos significativos devido ao erro de foco. Software:
FLIR QuickReport 1.2. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Como o Inspetor detectou o au‐ gura foi instalada apoiada na Casa de Co‐
mento do Delta “T” significativo em um mando para permitir um Termograma da
transformador que já era de seu conheci‐ tampa do trafo. As imagens térmicas (Figura
mento, uma escada em ângulo e posição se‐ 3.69) apresentam o que foi encontrado:

Figura 3.69 – Visada superior esquerda.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 3.69 Este Termograma enquadra corretamente o objeto de interesse, que é a tampa do
transformador e as três buchas do secundário. Os ajustes de amplitude térmica e nível
também estão adequados. A escala colorimétrica (paleta de cores) está ajustada
corretamente para destacar a anomalia em questão. Observar que a base da bucha da
direita encontra‐se no foco óptico correto e que as conexões do barramento em 90° estão
desfocadas. Isso ocorre devido à pequena profundidade de campo da lente utilizada.
Apesar de o ponto mais aquecido na imagem ser a conexão da bucha, a anomalia está na
mancha térmica na tampa. A sua forma irregular identifica uma anomalia interna,
conforme detalhado no Estudo de Caso. A medição de temperatura é possível devido à
emissividade da tampa ser conhecida (tinta a óleo) e em torno de 0,9. No entanto, neste
caso, o diagnóstico é predominantemente qualitativo, uma vez que a assimetria
produzida revela o comportamento interno das conexões. A medição de temperatura
seria uma informação a mais, mas não elevaria o grau de urgência no atendimento deste
transformador. Software: FLIR QuickReport 1.2. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Anotações:

222 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO III – HARDWARE E FAIXA ESPECTRAL

Figura 3.70 – Visada superior direita.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 3.70 Mudando o ângulo de visada para a mesma anomalia da Figura 3.69, este Termograma
enquadra corretamente o objeto de interesse, que é a tampa do transformador e as três
buchas do secundário. O ajuste de amplitude térmica satura a imagem na conexão da
bucha direita para dar destaque à anomalia interna ao tanque do transformador. A escala
colorimétrica (paleta de cores) está ajustada corretamente para destacar a anomalia em
questão embora não a coloque no valor máximo. Observar que a base da bucha da direita
encontra‐se no foco óptico correto e que as demais estão desfocadas devido à pequena
profundidade de campo da lente utilizada. O mesmo acontece com conexões do
barramento em 90° que estão mais próximas da câmera. A medição radiométricas de
temperatura foi efetuada, na faixa de 7 – 14 µm à temperatura ambiente, utilizando uma
emissividade de 0,85, um valor intermediário entre a tinta a óleo e o metal oxidado da
conexão. Software: FLIR Researcher 3.5 Câmera: FLIR SC‐2000 Lente 24°

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 223


CAPÍTULO III – HARDWARE E FAIXA ESPECTRAL

Figura 3.71 – Estado interno das juntas de dilatação severamente oxidadas.

Observou‐se ainda que o Trafo pos‐ harmoniosamente. A coerência e a consis‐


suía Tanque de Expansão e que estava pre‐ tência térmica desses equipamentos irão va‐
enchido completamente com óleo isolante. riar de caso a caso. O mais adequado é efe‐
Dessa forma, e considerando as altas corren‐ tuar um registro térmico no startup do equi‐
tes secundárias (na ordem de 2.500 A), caso pamento para posteriores comparações.
as conexões internas entre a saída da bobina Esse registro deve ser feito pelo menos nas
secundária do trafo e o varão da bucha apre‐ quatro faces e sob as condições operacionais
sentassem algum aquecimento por mau con‐ o mais próximo possível do seu projeto.
tato entre elas, seria de se esperar que o
As informações de carga no mo‐
óleo isolante, por convecção, alterasse a as‐
mento da Inspeção, velocidade do vento e
sinatura térmica da tampa. E é exatamente temperatura ambiente, além da radiação so‐
esse efeito que se observa nos Termogramas lar presente, se for o caso, deverão ser ano‐
subsequentes (Figura 3.69 e Figura 3.70). tados junto com os Termogramas e fotos de
Dessa maneira, não é obrigatório que um de‐ controle na luz visível para futuras compara‐
feito interno, oculto por uma chapa de aço, ções e análises. Esses Termogramas servirão
não possa ser detectado externamente pela
para construção de um banco de dados de
Termografia. Basta conhecer a assinatura
imagens térmicas do desempenho do trafo
térmica normal ou aceitável do equipa‐
podendo fornecer informações diferenciais
mento e avaliar possíveis causas para a qual‐
de grande importância. Mesmo que não haja
quer anomalia. A Figura 3.71 apresenta o es‐
carga plena no contorno da energização,
tado da conexão entre o barramento flexível
Termogramas devem ser efetuados sempre
do secundário da bobina e o varão da bucha.
que houver acréscimos significativos de
Análise de Consistência: transfor‐ carga para referência futura.
madores de potência em subestações ou usi‐
Termogramas de detalhes da estru‐
nas são componentes complexos que envol‐
tura, como a localização, por exemplo, do
vem dezenas de itens que tem de funcionar
224 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS
CAPÍTULO III – HARDWARE E FAIXA ESPECTRAL

comutador interno, devem também ser rea‐ grande porte devem se comportar termica‐
lizados e arquivados. As buchas, sejam elas mente, apenas as anomalias mais evidentes
capacitivas, a óleo, secas ou de que modelo poderão ser detectadas.
for, com ou sem TC, devem também ser re‐ Recomendações de Intervenção:
gistradas. transformadores de Média, Alta e Extra Alta
Para‐raios, quando instalados próxi‐ Tensão são os componentes mais críticos de
mos ao corpo do transformador, devem ter qualquer subestação. São equipamentos
sua assinatura térmica registrada por oca‐ compostos de diversas partes, cada uma
sião da energização. No caso do cabo de neu‐ com um desempenho térmico específico.
tro apresentar algum sinal de aquecimento, Conexões, buchas primárias, secundárias e
deve ser medida a corrente passante por ele terciárias, transformadores de proteção e
e a causa investigada, seja ela desequilíbrio medição nas buchas, aterramento, aletas de
entre Fases ou fuga em algum outro compo‐ refrigeração e comutadores de TAP são al‐
nente para a Terra. Como normalmente é guns dos itens que podem ser inspecionados
um cabo de cobre nu, deve‐se ficar atento e monitorados. Cada qual, quando apresen‐
para evitar reflexos. Válvulas de alívio de so‐ tar uma anomalia térmica, deverá ser verifi‐
brepressão e tanque de expansão podem re‐ cado de acordo com suas características
velar se foi feita a sangria adequada no pre‐ construtivas e recomendações do seu fabri‐
enchimento do transformador ou não. cante. Buchas poderão ter de ser desmonta‐
Os radiadores devem ser registra‐ das para verificação do estado interno. Caso
dos, pois o fluxo de óleo pode ser alterado o defeito seja em suas conexões primárias,
em função de problemas internos, borras, secundárias ou terciárias, os procedimentos
estopas ou de manobra dos registros. Pai‐ padrão para manutenção de superfícies de
conectores deverão ser aplicados. Conforme
néis auxiliares que fornecem informações
o estado encontrado, poderá ser necessária
para salas de comando ou monitoramento
a remoção da bucha para tratamento de su‐
remoto também devem ser inspecionados,
perfície em oficina especializada. O mesmo
tomando‐se o cuidado de desligar previa‐
se aplica a TCs de bucha que, quando apre‐
mente eventuais resistores de aquecimento.
sentam anomalia térmica, pode ser causada
Não só aquecimentos podem revelar proble‐
por fatores diferentes como obstrução na
mas, mas também zonas mais frias que de‐
circulação de óleo (Figura 3.65) ou proble‐
veriam se apresentar aquecidas podem re‐
velar irregularidades a serem pesquisadas. mas elétricos no enrolamento. Nesses casos,
a desmontagem para verificações e Inspeção
Alguns casos mais específicos pode‐ Visual cuidadosa podem ser obrigatórias.
rão ser verificados em transformadores de Mais testes elétricos podem ser necessários,
tensões menores nas seções a seguir, mas como isolamento e relação de transforma‐
deve‐se considerar que eventualmente po‐ ção para assegurar o bom estado do compo‐
derão se apresentar também em equipa‐ nente.
mentos de porte maior. Sem o conheci‐
Anomalias térmicas em aletas refri‐
mento prévio de como transformadores de
geradoras ou radiadores podem ter algumas

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 225


CAPÍTULO III – HARDWARE E FAIXA ESPECTRAL

causas óbvias como um simples registro fe‐ 3.11 MUFLAS DE ALTA TENSÃO ISOLADAS
chado ou semiaberto. Quando esse não for o A ÓLEO – CABOS ISOLADOS A ÓLEO
caso, pode estar havendo alguma obstrução
interna, o que implicará em uma desmonta‐
gem para verificação. Deve ser sempre ob‐
servada a direção do vento e sua intensi‐
dade, já que a imagem térmica analisada de‐
verá ser compatível com a refrigeração e à
direção do vento no momento da Inspeção.
A ventilação forçada, por sua vez, deve sem‐
pre ser confirmada ou não, antes da emissão
de qualquer diagnóstico.
As paredes laterais dos trafos po‐
dem apresentar assinaturas térmicas irregu‐
lares e assimétricas e, salvo sobreaqueci‐
mentos obviamente impossíveis, apenas o
acompanhamento contínuo, sob condições Figura 3.72 – Muflas a óleo
controladas, poderá indicar algum tipo de
anomalia interna. Via de regra, a anomalia Descrição Técnica: muflas são terminações
detectada irá indicar a necessidade de desli‐ de cabos de alta tensão que tem por objetivo
gamento para abertura ou execução de ou‐ preservar a integridade do isolamento do
tros testes como rigidez do óleo, análise cro‐ cabo nas suas terminações devido ao corte
matográfica ou ensaios elétricos. abrupto de tensões contra a Terra. Em ten‐
Com exceção da coleta de óleo e sões mais altas, a partir de 35,5 kV, ainda se
outros poucos ensaios, qualquer interven‐ utilizam cabos isolados a óleo e, consequen‐
ção em um transformador implicará em um temente, muflas idem.
desligamento, com consequências às vezes Descrição Térmica: dependendo das neces‐
complexas em termos de remanejamento de sidades do projeto ou instalação, ainda são
cargas e custos. Isso implica em que os diag‐ utilizados cabos isolados a óleo para a inter‐
nósticos por Termografia deverão ser sem‐ ligação entre subestações ou outras cargas.
pre bem fundamentados. De qualquer maneira, não são esperadas dis‐
tribuições térmicas ou outras assimetrias in‐
compatíveis com as cargas passantes. Os
pontos mais vulneráveis a aquecimentos são
as conexões externas, os aterramentos e,
eventualmente aquecimentos na superfície
do cabo onde haja baixo isolamento e cor‐
rentes de fuga para a blindagem.

226 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO III – HARDWARE E FAIXA ESPECTRAL

Exemplos:

Figura 3.73 – Muflas a óleo em bom estado.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 3.73 Termograma bem enquadrado, no foco e com amplitude térmica adequada. As muflas
não apresentam nenhum sinal de anomalia nas condições de carga e atmosféricas em que
foi feita a Inspeção, em novembro de 2014. A medição radiométrica de temperatura foi
efetuada, na faixa de 7 – 14 µm à temperatura ambiente de 19 °C, utilizando uma
emissividade de 0,90, valor típico para porcelanas cinza. Software: FLIR Researcher 2.10
Câmera: FLIR SC‐660 Lente 24°.

Figura 3.74 – Muflas da Figura 3.73 após seis meses.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 3.74 Termograma suficientemente enquadrado para apresentar a anomalia na conexão da
Fase do Meio. Focalizado corretamente e com amplitude térmica adequada. As muflas
das Fases do meio e direita apresentam pequenos sobreaquecimentos, sendo que, desde
a última Inspeção, em novembro de 2014 até a presente, em abril de 2015, a carga
permaneceu a mesma. Apesar de no máximo apresentarem +3 °C de diferença entre si, e
temperatura ambiente de 23 °C, é possível concluir que há algo ocorrendo nas superfícies
de contato e que, mais cedo ou mais tarde, será necessária uma intervenção para
Inspeção Visual e eventual manutenção. A medição radiométrica de temperatura foi
efetuada, na faixa de 7 – 14 µm à temperatura ambiente de 19 °C, utilizando uma

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 227


CAPÍTULO III – HARDWARE E FAIXA ESPECTRAL

FIGURA COMENTÁRIOS
emissividade de 0,85, valor típico para conexões com frestas. Software: FLIR Researcher
2.10 Câmera: FLIR SC‐2000, Lente 24°.

Figura 3.75 – Muflas da Figura 3.74 após doze meses.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 3.75 Da mesma forma que a Figura 3.74, Termograma suficientemente enquadrado para
apresentar a anomalia na conexão da Fase do Meio. Focalização correta e amplitude
térmica adequada. Sabendo que a Temperatura Ambiente era de 20 °C, deve ser
observado que após seis meses da medição anterior, e sem nenhuma intervenção de
manutenção, dois eventos significativos ocorreram: 1) A temperatura aparente da
conexão da Fase do Meio aumentou de 27,9 °C para 43,2 °C, um acréscimo no Delta em
relação à Temperatura Ambiente de 4,9 °C para 23,2 °C; 2) A conexão da mufla da Fase
Direita reduziu o Delta em relação à Temperatura Ambiente de 4,0 °C para 1,9 °C. Embora
o evento de acréscimo do Delta T da Fase do Meio parecer mais crítico, a redução do Delta
T da Fase da Direita é igualmente preocupante. Apesar de a temperatura aparente ser
baixa e muito próxima da temperatura ambiente, a redução significa que houve uma
solda interna na conexão com o pino da mufla (Ver Item 3.1.2, Estudo de Caso 1:
Rompimento de Cabo 69 kV em Pórtico). Essa solda primitiva, ou derretimento interno,
sempre vem acompanhado de uma redução de torque aplicado nos parafusos, o que leva
à instalação do Ciclo de Falha já apresentado. A conexão da Fase do Meio apresenta
também um deslocamento do ponto mais quente do pino da mufla para um parafuso da
conexão. A recomendação de intervenção é manutenção no mais breve espaço de tempo
possível devido à potência disponível para aquecimento neste ponto e ao
desconhecimento de como a conexão está se comportando. Na impossibilidade de
manutenção, é altamente recomendável um acompanhamento no mínimo diário para
coletar informações que permitam uma decisão estratégica fundamentada. Para
medições radiométricas de temperatura, na faixa de 3 – 5 µm ou 7 – 14 µm, pode‐se
utilizar uma emissividade de 0,85, valor típico para conexões com frestas. Software: FLIR
Researcher 2.10 Câmera: FLIR SC‐2000, Lente 24°

228 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO III – HARDWARE E FAIXA ESPECTRAL

Figura 3.76 – Muflas da Figura 3.73 após intervenção de manutenção.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 3.76 Da mesma forma que a Figura 3.74, Termograma suficientemente enquadrado para
apresentar a anomalia na conexão da Fase do Meio. Focalização correta e amplitude
térmica adequada. A Mufla da Fase do Meio foi submetida à manutenção e, 15 dias após
a Termografia, foi refeita para fins de verificação do resultado obtido. A Temperatura
Ambiente no dia desta última Inspeção era de 28 °C e o resultado da intervenção pode
ser observado no Delta em relação à Temperatura Ambiente que era de 23,2 °C e passou
para 6,9 °C. No entanto, a assimetria original entre as três Fases permanece, o que indica
que o acompanhamento deve ser mantido de forma rigorosa e nova intervenção de
manutenção ser planejada, mas dessa vez de forma mais cuidadosa e estudada. Para
medições radiométricas de temperatura, na faixa de 3 – 5 µm ou 7 – 14 µm, pode‐se
utilizar uma emissividade de 0,85, valor típico para conexões com frestas. Software: FLIR
Researcher 2.10 Câmera: FLIR SC‐2000, Lente 24°.

Análise de Consistência: cada caso Sempre que detectados devem ser acompa‐
deve ser analisado separadamente levando nhados, a fim de fornecerem dados à Gerên‐
em consideração as características de carga, cia responsável para uma decisão que con‐
local de instalação (se sujeito a ventos exter‐ temple tanto o lado estratégico como o tér‐
nos, ventilação natural ou forçada) modelo e mico.
constituição interna da mufla, localização e Recomendações de Intervenção:
intensidade da anomalia. Desvios na distri‐ cabos Isolados, uma vez que apresentem
buição térmica esperada, sem justificativa anomalias térmicas compatíveis e indicativas
técnica compatível devem ser estudados cui‐ de baixo isolamento, quebras internas, cur‐
dadosamente, sempre levando em conside‐ tos‐circuitos internos entre Fases, ou baixa
ração que as cargas conectadas por cabos qualidade do cobre, devem ter a sua relação
isolados a óleo normalmente são de grande custo X benefício analisada para verificar a
importância no processo industrial. Peque‐ necessidade da aplicação de mais testes elé‐
nos Deltas de Temperatura em relação à tricos como Megger, perda wattada, fator de
Temperatura não devem ser desprezados potência, resistência ôhmica, capacitância
devido à imprevisibilidade de sua evolução.
MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 229
CAPÍTULO III – HARDWARE E FAIXA ESPECTRAL

ou mesmo tensão aplicada. É importante ser extremamente útil. Basta conectar entre
lembrar que o teste de tensão aplicada pode si todas as Fases em uma das pontas do cabo
ser destrutivo. Uma vez confirmado o diag‐ e na outra, se necessário, uma carga resis‐
nóstico e localizado o local da falha, caso seja tiva. Quando a falha for contra a blindagem
viável, o trecho adjacente ao defeito poderá do cabo, as conexões podem ser feitas entre
ser cortado e substituído por uma emenda as Fases e as blindagens. Após isso, basta ali‐
termocontrátil adequada ao nível de tensão mentar o circuito resultante com um TC e ir
do cabo. Após o reparo é recomendável uma aumentando gradualmente a corrente. Con‐
nova Termografia sob carga para confirmar a vém utilizar um amperímetro para não pre‐
eficiência do procedimento. judicar a parte em bom estado do cabo. A
partir de uma determinada corrente, em ge‐
Para a localização de um curto cir‐
ral baixa, surge um aquecimento em uma re‐
cuito interno, principalmente em cabos trifá‐
gião do cabo onde está situada a falha.
sicos de média tensão, a Termografia pode

Anotações:

230 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO III – HARDWARE E FAIXA ESPECTRAL

3.12 BANCOS DE CAPACITORES aumentando a sua capacidade ativa por ele‐


var o fator de potência. São compostos ge‐
ralmente de elementos capacitivos monofá‐
sicos, com elos fusíveis individuais, chaves a
óleo manuais ou automáticas e, eventual‐
mente, reatâncias para filtragem de harmô‐
nicos no sistema.
Descrição Térmica: os pontos mais susceptí‐
veis de aquecimentos em bancos de capaci‐
tores externos são as chaves fusíveis, os elos
e os próprios capacitores quando apresen‐
tam problemas internos de curto entre pla‐
cas. Eventualmente as muflas e demais co‐
Figura 3.77 – Bancos de Capacitores. nexões podem apresentar aquecimentos as‐
sim como os isoladores. No entanto, essas
Descrição Técnica: os bancos de capacitores últimas são ocorrências mais raras.
destinam‐se a neutralizar, tanto quanto pos‐ Exemplos:
sível, a energia reativa indutiva do sistema

Figura 3.78 – Banco de Capacitores: Reatâncias e mau contato em barramento.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 3.78 O Termograma da esquerda apresenta uma visada geral de um Banco de Capacitores de
13.8 kV. A focalização está correta, bem como o enquadramento. Tanto a escala
colorimétrica como o nível térmico estão adequados para apresentar um equipamento
sem anomalias. Já o Termograma da direita apresenta uma imagem em preto e branco
com a função isoterma superior para destacar a anomalia. No entanto, o enquadramento
está confuso, não deixando clara e inequívoca a posição do capacitor com mau contato.
É necessário observar o Termograma com atenção para localizar qual capacitor apresenta
o aquecimento entre outros similares. Uma descrição exata e numerada pode evitar essa
dificuldade e, eventualmente uma segunda imagem térmica mais afastada ou com uma
grande‐angular. A intervenção de manutenção deve incluir Inspeção Visual criteriosa nas
MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 231
CAPÍTULO III – HARDWARE E FAIXA ESPECTRAL

FIGURA COMENTÁRIOS
superfícies das conexões e barra. No caso de não serem descobertos sinais de corrosão,
e havendo apenas oxidação, ou parafusos com torque incorreto, deverá ser procedida a
limpeza cuidadosa, instalação de novos parafusos a prova de oxidação se for o caso, e
reaperto com torquímetro. No caso de corrosão, deverá ser avaliado se é possível a
recuperação das peças envolvidas (conectores e/ou barra). Na impossibilidade, resta
apenas a substituição do capacitor e eventual envio à oficina de manutenção autorizada.
Os ajustes de escala colorimétrica e nível térmico estão corretos para a anomalia
apresentada. Para leitura de temperatura uma emissividade entre 0,8 e 0,9 produzirá um
bom resultado. Software: ThermaCAM Reporter PRO 2002. Câmera: FLIR SC‐2000

Figura 3.79 – Capacitor 13 kV com mau contato na bucha.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 3.79 O Termograma está bem focado e o enquadramento é razoável. Isso se explica porque o
ângulo de visada é de baixo para cima e, em uma instalação com diversos capacitores em
paralelo, pode ser difícil visualizar uma anomalia no lado posterior do banco. Dependendo
da distância que o Inspetor possa se aproximar, pode ser necessário o uso de uma lente
teleobjetiva. Para o foco térmico, é necessário que a câmera possua o recurso de
apresentar temperaturas mais altas sem que o fundo da imagem seja anulado por estar
abaixo do limite mínimo da faixa térmica. Eventualmente esta ferramenta pode estar
disponível no Software para tratamento de imagens térmicas. Para a edição final deste
Termograma foram utilizados dois Softwares diferentes do mesmo fabricante: o primeiro
salvou duas imagens, uma com a faixa térmica e amplitude corretas e outro com a
visualização correta, mas com a faixa térmica incorreta, ambos no formato jpg. Após isso,
foi utilizado o segundo Software que permitia a fusão de imagens, resultando assim nesse
Termograma misto. Anomalias desse porte não são incomuns e frequentemente podem
resultar em corrosão das superfícies de contato. Neste caso específico, o desligamento
do banco tem de ser imediato e a manutenção incluir uma Inspeção Visual cuidadosa. Se
não for possível a recuperação, tanto a barra de conexão como o capacitor deverão ser
substituídos. Pode ser necessário testar o isolamento da bucha contra a carcaça para ver
se não foi afetada. Para conexões metálicas expostas às intempéries e oxidadas, e
considerando as frestas, uma emissividade de 0,75 a 0,85 será suficiente para uma boa
leitura de temperatura na faixa de 7 – 14 µm ou 3 – 5 µm e à temperatura ambiente.

232 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO III – HARDWARE E FAIXA ESPECTRAL

Software: ThermaCAM Researcher Pro 2.10, Reporter 9.0. Câmera: FLIR AGEMA 550,
Lente: 10°.

Figura 3.80 – Chave a Óleo em Banco de Capacitores com defeito interno.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 3.80 Este Termograma está bem enquadrado e bem focado, apresentando o componente
anômalo e dois adjacentes. Anomalias internas deste tipo estão relacionadas a maus
contatos internos e podem eventualmente vir a colocar o óleo em ebulição causando a
explosão da chave a óleo. A solução é o desligamento do banco e a retirada da chave para
manutenção. Como chaves a óleo são componentes pintados com tinta a óleo, uma
emissividade de 0,9 será suficiente para uma boa leitura de temperatura na faixa de
3 – 5 µm ou 7 – 14 µm e à temperatura ambiente. Software: ThermaCAM Reporter PRO
2002. Câmera: FLIR SC‐2000, Lente 24°.

Figura 3.81 – Capacitor 13 kV com anomalia interna.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 3.81 O Termograma destaca corretamente um capacitor com anomalia interna evidenciando,
inclusive, o aquecimento na base da bucha. Está bem focado e bem enquadrado. Não há
manutenção atualmente para este tipo de anomalia e a retirada do elemento anômalo é
recomendada com urgência antes que desenvolva um curto circuito interno e exploda. A
fim de avaliar a criticidade da intervenção, é interessante a medição de temperatura do

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 233


CAPÍTULO III – HARDWARE E FAIXA ESPECTRAL

FIGURA COMENTÁRIOS
elemento para comparar com os adjacentes. Como são componentes pintados com tinta
a óleo, uma emissividade de 0,9 será suficiente para uma boa leitura de temperatura na
faixa de 3 – 5 µm ou 7 – 14 µm e à temperatura ambiente. Solução: substituição do
elemento. Software: ThermaCAM Reporter PRO 2002. Câmera: FLIR SC‐2000, Lente: 12°.

Análise de Consistência: ao procu‐ de potência. Problemas de conexão devem


rar anomalias térmicas em bancos de capa‐ ser tratados de forma usual. Já chaves a óleo
citores é importante observar os pontos exigirão a sua retirada de operação para ve‐
onde surgem problemas com maior frequên‐ rificação interna dos componentes. Elos fusí‐
cia, ou seja: elos fusíveis, chaves a óleo e os veis poderão apresentar mau contato sim‐
próprios capacitores. Os contatos dos elos ples, por problemas na prensagem do pró‐
fusíveis e, eventualmente os próprios elos prio elo, ou ainda erros de dimensiona‐
em si, são os locais mais frequentes para a mento, obrigando o desligamento para reti‐
detecção de uma anomalia. As chaves a óleo rada, conferência e eventual substituição.
devem apresentar distribuições térmicas ho‐ Sempre que necessário pode ser indicado o
mogêneas assim como os filtros de frequên‐ tratamento das superfícies envolvidas ou
cia, se houverem. O corpo dos capacitores substituição do componente. No caso de
também deve se mostrar termicamente uni‐ anomalias térmicas no capacitor em si, nor‐
forme e qualquer concentração de tempera‐ malmente não há possibilidade de manuten‐
tura em uma de suas faces é indicativa de ção, sendo que a substituição é a única op‐
problema interno. ção antes de um curto‐circuito interno que
Recomendações de Intervenção: possa evoluir para uma explosão.
bancos de capacitores operam normalmente
com correntes altas para correção do fator

Anotações:

234 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO III – HARDWARE E FAIXA ESPECTRAL

3.13 BANCOS DE BATERIAS placas imersas em soluções eletrolíticas, ge‐


latinosas ou não, e que geram a corrente elé‐
trica quando conectadas a uma carga.
Descrição Térmica: bancos de bateria
normalmente são encontrados em flutu‐
ação, portanto, se estiverem em bom es‐
tado, não devem apresentar aquecimentos
ou anomalias térmicas. Nas condições de ali‐
mentação da carga ou carga profunda, os
elementos devem aquecer uniformemente e
de acordo com as especificações do fabri‐
cante. As conexões entre elementos, via de
regra, não devem aquecer. De qualquer ma‐
Figura 3.82 – Bancos de Baterias. neira, aquecimentos internos produzidos
por defeitos ou falhas internos, poderão
Descrição Técnica: bancos de baterias aparecer mesmo com pequenas diferenças
servem à diversas finalidades, mas, basi‐ de temperatura. A montagem do banco de
camente em subestações, são utilizados em baterias também interfere nos resultados
Nobreaks como elementos de segurança que podem ser obtidos. Bancos “empilha‐
para faltas de energia elétrica da rede. Cada dos” e montados contra paredes limitam se‐
banco tem a sua capacidade específica e du‐ veramente as possibilidades de avaliação
ração na sustentação da carga à qual estão das faces ocultas dos elementos.
vinculados. Normalmente são compostos de Exemplos:

Figura 3.83 – Elementos de Banco de Baterias Chumbo‐Ácidas defeituosos sob carga.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 3.83 O Termograma está corretamente enquadrado e o foco óptico está suficientemente
ajustado para permitir a identificação dos cinco elementos frontais do banco de baterias,
não pelas tampas dos cascos, mas sim pelas laterais. Apesar de a fila posterior ficar um
MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 235
CAPÍTULO III – HARDWARE E FAIXA ESPECTRAL
pouco encoberta pela frontal, o que está apresentado é suficiente para avaliar as
anomalias, embora um pouco fora de foco. A escala colorimétrica está adequada e, para
leitura de temperaturas à temperatura ambiente, uma emissividade de 0,9 a 0,95 é
adequada por se tratar de um casco plástico. Defeitos internos como acúmulo de sais e
curto‐circuito entre placas podem evoluir de pequenos pontos de aquecimento até curtos
mais sérios que incluem desde a ebulição eletrólito até sua secagem e derretimento das
placas. Solução: substituição dos elementos comprometidos. Software: ThermaCAM
Reporter PRO 2002. Câmera: FLIR AGEMA 550.

Figura 3.84 – Conexão interna ou placas defeituosas em elemento de bateria.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 3.84 O Termograma superiora à esquerda, apesar do enquadramento e foco óptico corretos,
apresenta uma escala colorimétrica mal aplicada, tornando difícil a visualização dos
detalhes e componentes dessa bateria. O mesmo Termograma, abaixo do anterior, mas
com uma escala colorimétrica ajustada para outro arranjo de cores (paleta) e os limites
superior e inferior modificados é mais inteligível. Nessa nova apresentação, os valores de
temperatura lidos continuam os mesmos, mas a apresentação visual para o cliente final
ficou muito mais amigável, apresentando mais detalhes. A anomalia sugere fortemente
um curto entre placas. Solução: substituição do elemento. Software: ThermaCAM
Reporter PRO 2002. Câmera: FLIR SC‐2000.

236 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO III – HARDWARE E FAIXA ESPECTRAL

Figura 3.85 – Elemento em banco de baterias com falha interna.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 3.85 O Termograma em questão não está bem enquadrado, uma vez que apenas os cabos no
Termograma fornecem uma referência de que a foto na luz visível se refere à imagem
infravermelha. Na falta de espaço, para uma visada melhor, a solução seria utilizar uma
lente grande‐angular. Por outro lado, a escala colorimétrica e a paleta de cor estão bem
ajustadas. Um diagnóstico possível, neste caso, é a deposição de sais na base da bateria
levando a um curto entre placas. Solução: substituição do elemento. Para leituras de
temperatura, à temperatura ambiente na faixa de 7 – 14 µm, valores de emissividade
entre 0,9 e 0,95 fornecerão resultados compatíveis com um casco de plástico. Software:
ThermaCAM Reporter PRO 2002. Câmera: FLIR SC‐2000

Figura 3.86 – Elemento em banco de baterias com falha interna de pequena temperatura.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 3.86 Mesmo caso do Termograma anterior, a proximidade do objeto de interesse permite uma
melhor visualização da anomalia. Mas, por outro lado, perde‐se o contexto. A amplitude
térmica de apenas 3 °C demonstra o quanto o ajuste da câmera pelo técnico é crítico para
a localização da anomalia. Ajustes maiores farão com que essa distribuição térmica passe
despercebida, fazendo com que a bateria seja considerada normal ou aceitável. O técnico
deve ajustar tanto a amplitude térmica como o nível de cada imagem. O procedimento
simplificador de manter um ajuste único para toda uma Inspeção é altamente arriscado.
Cada situação que se afaste do ajuste anterior exige uma nova configuração da câmera.
Por outro lado, em algumas situações, a anomalia tem dimensões físicas tão pequenas,

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 237


CAPÍTULO III – HARDWARE E FAIXA ESPECTRAL
considerado o contexto, que se torna necessário uma visada muito próxima para a sua
definição. Se for esse o caso, é recomendável a obtenção de outro Termograma mais
afastado para complementar a identificação do local. Uma lente grande angular pode ser
adequada para esse uso. Para medições de temperatura, 0,9 é um valor médio razoável
novamente devido à caixa ser de material plástico. Observação: o fundo da imagem
apresenta o ruído térmico gerado pelo sensor da câmera (Ver Volume 1, Item 3.5,
Sensibilidade Térmica (NETD) Noise Equivalent Temperature Difference). Causa provável:
curto entre placas. Solução: substituição do elemento. Software: ThermaCAM Reporter
PRO 2002. Câmera: FLIR Agema 550.

Figura 3.87 – Conexão entre elementos em banco de baterias com mau contato.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 3.87 Termograma com enquadramento insuficiente, novamente devido à exiguidade de
espaço disponível. Nesta Inspeção específica, a lente de 45° não estava disponível. A única
referência posicional é a cabeça sextavada do parafuso na estrutura de suporte, ao lado
esquerdo do cabo preto de alimentação. O foco óptico, a amplitude térmica, o nível
térmico e a escala colorimétrica estão adequados. Há referências comparativas para a
leitura de temperaturas. Apesar de as barras de metal serem propícias à emissividades
baixas, pode‐se observar que a região mais aquecida da conexão é a área ao redor da
cabeça do parafuso aquecido. Visualmente esta área apresenta‐se aparentemente mais
limpa. No entanto, pode estar oxidada ou recoberta por substância de alta emissividade.
De qualquer maneira, a resolução óptica da câmera, a essa distância, permite que seja
utilizada uma emissividade alta, na ordem de 0,8 a 0,9, para leitura da temperatura na
fresta ou arruela entre o parafuso e a barra. Isso à temperatura ambiente e na faixa de
7 – 14 µm. Para efeitos comparativos, as demais arruelas ou frestas deverão ter suas
temperaturas lidas com a mesma emissividade, salvo erros grosseiros. Causa provável:
falta de torque e/ou oxidação e/ou corrosão na conexão. Solução: abertura para Inspeção
Visual cuidadosa e, na ausência de corrosão, limpeza e reaperto com torquímetro. No
caso da presença de corrosão, se necessário, substituição do elemento. Software:
ThermaCAM Reporter PRO 2002. Câmera: FLIR SC‐2000.

238 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO III – HARDWARE E FAIXA ESPECTRAL

Figura 3.88 – Banco vertical de baterias sem anomalias.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura É necessário que o banco de baterias ao ser inspecionado esteja em flutuação, sob carga
3.88
ou descarga, ou alimentando normalmente sua carga. Caso contrário, não haverá
possibilidade de detecção de nenhum tipo de anomalia ou de operação normal. Outro
fator ainda que prejudica as Inspeções é o Layout de montagem. No caso, é possível notar
que apenas as laterais do banco e as conexões entre elementos poderão ser
inspecionadas. Quando em projeto, deve ser previsto um espaçamento entre elementos,
de tal forma que a Termografia possa visualizar eventuais anomalias em seus corpos. No
caso de um banco, existem diversas emissividades de cabos, conexões, vasos em uma
mesma imagem. Assim, e para leituras de temperatura gerais como a do Termograma,
deve ser utilizada uma emissividade média mais baixa que a do elemento maior, mas mais
alta que os componentes em aço inox, por exemplo. Neste caso, foi atribuída a
emissividade de 0,7 para todo o banco, à temperatura ambiente e na faixa de 7 – 14 µm.
Software: FLIR ThermaCam Reporter 3000 PRO. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 239


CAPÍTULO III – HARDWARE E FAIXA ESPECTRAL

Figura 3.89 – Cabos entre elementos em banco de baterias com mau contato.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Outros dois casos de enquadramento insuficiente devido à semelhança entre objetos de
3.89
interesse. No caso superior, a imagem na luz visível corrige essa indefinição
acrescentando, conforme indicação do Inspetor, uma seta indicativa. Já no caso inferior,
os elementos são numerados, o que resolve o problema de identificação. O foco óptico,
a amplitude térmica e o nível térmico estão adequados. No entanto, a escala
colorimétrica e a paleta de cor poderiam contemplar uma definição melhor dos
elementos adjacentes. Observar que no caso inferior a diferença de temperatura é na
ordem de +4 °C, o que implica em perícia do Inspetor em ajustar a câmera e não se deixar
enganar por reflexos. No primeiro caso, e como se trata de um cabo isolado entre os
terminais das baterias, a emissividade de 0,9 a 0,94 é adequada à temperatura ambiente
e na faixa de 7 – 14 µm. Já no caso inferior, a anilha do terminal inferior é também de
material plástico, o que permite o uso da mesma emissividade. No caso superior, caso
não haja propagação da anomalia para o interior do frasco, é possível apenas a
substituição do cabo com defeito. Já no caso inferior, a indicação é de que se trata de um
problema interno, devendo ser substituído o elemento. Software: IRAnalyzer Câmera:
ThermoCom V384S, Lente: 22°.

240 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO III – HARDWARE E FAIXA ESPECTRAL

Figura 3.90 – Anomalia interna em bateria de grupo gerador.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 3.90 Termograma com enquadramento correto. O foco óptico, a amplitude térmica, o nível
térmico e a escala colorimétrica estão adequados. O elemento adjacente fornece
informações suficientes para diagnosticar a anomalia. O uso da isoterma destaca o
problema interno. A emissividade para leituras de temperatura é a de termoplásticos
injetados, na ordem de 0,90 a 0,95, para leitura da temperatura superficial. Solução:
substituição da bateria afetada. Software: ThermaCAM Reporter PRO 2002. Câmera: FLIR
T‐300.

Figura 3.91 – Banco de baterias em instalação petroquímica.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Neste Termograma, o foco óptico, a amplitude térmica, o nível térmico e a escala
3.91
colorimétrica estão adequados. O enquadramento para a parte superior do banco está
correto e há referências de temperatura para todas as leituras. Como a caixa é de
termoplástico injetado, emissividades na ordem de 0,90 a 0,95, são adequadas para
leitura da temperatura superficial à temperatura ambiente e na faixa de 7 – 14 µm. Não
é usual a presença de tantas anomalias em um banco único de baterias. Causa provável:
lote de baixa qualidade. Solução: substituição do conjunto. Software: ThermaCAM
Reporter PRO 2002. Câmera: FLIR T‐300.

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 241


CAPÍTULO III – HARDWARE E FAIXA ESPECTRAL

Figura 3.92 – Terminal de bateria severamente oxidado.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura O foco óptico, a amplitude térmica e o nível térmico estão adequados. No entanto, a
3.92
escala colorimétrica (paleta de cor) não dá o devido destaque às áreas adjacentes à
anomalia. Não fica fácil, portanto, identificar que apesar da oxidação visível, a anomalia é
interna e próxima à conexão. A escolha de uma paleta de cor mais adequada facilitaria a
identificação da origem do aquecimento. Como a caixa da bateria é de termoplástico
injetado, e à temperatura ambiente na faixa de 7 – 14 µm, emissividades na ordem de
0,90 a 0,95, são adequadas para leitura da temperatura superficial. Solução: retirada para
análise detalhada, uma vez que visualmente não é possível definir com clareza a origem
do aquecimento. Software: ThermaCAM Reporter PRO 2002. Câmera: FLIR T‐300

CASO PARTICULAR: além das bate‐ pode‐se verificar a presença de aquecimento


rias estacionárias, no ambiente industrial é e mau contato na conexão de uma tomada
muito comum a presença de baterias móveis de carregamento. O procedimento de manu‐
sendo utilizadas usualmente em empilhadei‐ tenção é o usual: desmonte, Inspeção Visual,
ras. Nesse caso, quando do esgotamento da limpeza, tratamento de superfície se neces‐
carga por uso, elas são removidas do veículo sário, e reaperto. Em casos de danos seve‐
e substituídas por outras carregadas. Os car‐ ros, recomenda‐se a substituição do compo‐
regadores então são conectados à bateria nente.
retirada e ela é colocada sob carga. In‐
dependente de poder apresentar pontos de
aquecimento interno que se reflitam na sua
superfície, as tomadas de conexão podem e
devem ser inspecionadas. Na Figura 3.93

Anotações:

242 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO III – HARDWARE E FAIXA ESPECTRAL

Figura 3.93 – Tomada de carregador de bateria móvel com mau contato.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura A distribuição de temperaturas representada pela escala colorimétrica (paleta de cor)
3.93
identifica claramente a origem do aquecimento. No entanto, o enquadramento está
muito próximo e poderia ser um pouco mais afastado para permitir uma melhor
visualização do local da anomalia. A ponta do cabo superior da direita revela que já deve
ter havido outra anomalia anterior neste mesmo componente. O foco óptico e a
amplitude térmica estão adequados. Para leituras de temperatura a emissividade de 0,9
a 0,95, típica de termoplásticos, é adequada e fornecerá resultados compatíveis desde
que à temperatura ambiente na faixa de 7 – 14 µm. Solução: desmonte e corte da ponta
dos cabos. Se necessário, substituir o conector. Software: ThermoCom IRAnalyzer.
Câmera: ThermoCom V384S.

Análise de Consistência: durante o placas, e a Figura 3.87 e Figura 3.89


processo de descarga pela alimentação da apresentam casos de mau contato entre as
carga para a qual foram projetadas, ou du‐ conexões dos elementos. Nesses dois
rante uma carga profunda, podem aparecer últimos casos, o banco de bateria estava em
nos elementos assinaturas ou distribuições flutuação e o curto entre placas drenava
térmicas irregulares que denunciam o es‐ uma pequena corrente do retificador. Nos
tado tanto das placas internas das baterias casos de defeitos internos, raramente é pos‐
como das conexões entre elementos. A sível a recuperação, sendo indicada a substi‐
Figura 3.83 apresenta um banco em carga tuição tão mais urgente quanto maior a tem‐
profunda com alguns elementos peratura detectada. Nos casos de má cone‐
homogêneos e outros com anomalias que xão externa, o tratamento cuidadoso das su‐
indicam a deposição de sais internos. Já a perfícies, ou substituição dos cabos ou bar‐
Figura 3.84 apresenta um caso de provável ras de conexão, poderá resolver o problema.
curto entre placas superiores. Os Recomendações de Intervenção:
Termogramas da Figura 3.85, Figura 3.86 e bancos de bateria podem sofrer dois tipos de
Figura 3.91 apresentam casos de curto entre manutenção de acordo com as anomalias
MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 243
CAPÍTULO III – HARDWARE E FAIXA ESPECTRAL

detectadas. Se a anomalia for interna ao a manutenção deve ser efetuada para fins de
vaso ou carcaça da bateria, o elemento deve comprovação da eficiência das medidas to‐
ser substituído. Caso o problema seja nas co‐ madas.
nexões, os procedimentos usuais de inter‐ Cuidados Adicionais: salvo condi‐
venção em conexões deverão ser aplicados. ções operacionais excepcionais, colocar um
Deve ser tomado cuidado ao dar manuten‐ banco de baterias alimentando sua carga
ção em eletrodos externos que poderão ser para fins de Inspeção é uma decisão mais es‐
de chumbo ou outro metal mais dúctil. É re‐ tratégica do que técnica. Operar uma planta
comendada uma nova Termografia após a sem o seu conjunto de baterias, ou colocá‐lo
manutenção das conexões, preferencial‐ para alimentar a carga de projeto, incorre
mente nas mesmas condições de carga, ou sempre riscos que devem ser avaliados cui‐
descarga, em que a anomalia foi detectada. dadosamente pela Gerência responsável e
Caso isso não seja possível, ao menos a me‐ autorizado antes da manobra.
dição de resistência de contato antes e após

Anotações:

244 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO IV
Linhas ou Redes de Distribuição
CAPÍTULO IV – LINHAS DE DISTRIBUIÇÃO, TRAFOS E MUFLAS

4.1 RAMAL AÉREO – ENTRADA CLASSE 4.2 CÉU E NUVENS


15 KV

Figura 4.2 – Ilustração do céu com nuvens.


Figura 4.1 – Ramal aéreo.

Os ramais aéreos compreendem uma varie‐ Descrição Técnica: exceto em regiões desér‐
dade de opções. Normalmente são deriva‐ ticas, há água dissolvida na atmosfera em
ções de uma rede de distribuição, de linha quantidades variáveis e, eventualmente, sig‐
maior ou subestação, a partir da qual ali‐ nificativas. O vapor d’água é um fator impor‐
mentam mais cargas. A partir de uma subes‐ tante na atenuação da radiação infraverme‐
tação podem sair diversos ramais aéreos. Da lha emitida por qualquer componente que
mesma forma, a partir de uma linha princi‐ não esteja no vácuo. No entanto, apenas si‐
pal, podem derivar diversos ramais aéreos, tuações com alta umidade relativa do ar e
todos compostos em sua grande maioria de distância superiores a 10 metros, introdu‐
cabos, conexões, isoladores, aterramentos, zem reduções significativas na medição da
muflas, chaves de diversos tipos, para‐raios, temperatura.
muflas e assim por diante. Descrição Térmica: para análises qualitati‐
vas, a redução da temperatura medida pela
água dissolvida na atmosfera pode não ser
significativa, variando de caso a caso. O céu,
por sua vez, normalmente apresenta três
possibilidades quando se trata de tempera‐
tura: 1) Ou a temperatura está no fim de es‐
cala negativo – céu claro e sem nuvens –,
com temperaturas negativas de acordo com
a câmera utilizada, ‐20 ou ‐40 °C; 2) Ou apre‐
senta a temperatura das nuvens que pode
ou não ser próxima à temperatura ambiente;

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 247


CAPÍTULO IV – LINHAS DE DISTRIBUIÇÃO

3) Ou ainda, e mais raramente na faixa de com porções refletivas. Essas distribuições


ondas longas (8‐14 µm), nuvens refletivas do térmicas, salvo o caso de reflexo solar, ocor‐
calor irradiado pelo Sol ou terreno aquecido rem também visíveis à noite.
durante o dia. No caso da Figura 4.3, as nu‐ Exemplos:
vens se apresentam com temperatura pró‐
xima a do ambiente, mas igualmente contam

Figura 4.3 – Efeito do reflexo do Sol nas nuvens.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 4.3 Termogramas do mesmo local com diferença de alguns minutos. É possível observar que
a amplitude térmica teve de ser modificada para apresentar uma imagem equilibrada. A
interpretação de que as áreas mais aquecidas são reflexos de origem solar caberá ao
Inspetor. Casos concretos poderão apresentar dificuldades de identificação se não
houver possibilidade de mudança de visada. Em caso de impossibilidade, retornar em
outro horário. Software: ThermaCAM Reporter PRO 2002. Câmera: FLIR SC‐2000.

Recomendações de Intervenção: de interesse de tal forma que a radiação pro‐


não há recomendações de manutenção apli‐ veniente das nuvens seja diminuída ou elimi‐
cáveis à anomalias causadas por reflexos de nada. Caso não seja possível, será necessário
nuvens. O que há é o procedimento de ten‐ efetuar a Inspeção sob outras condições at‐
tar um novo ângulo de visada sobre o objeto mosféricas ou horário.

Anotações:

248 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO IV – LINHAS DE DISTRIBUIÇÃO

4.3 POSTES maior que a dos cabos. Isso se explica facil‐


mente pelo maior calor específico do ci‐
mento em relação à linha de alumínio.
A região de nuvens apresenta, por
sua vez, uma temperatura máxima de ‐0,3 °C
devido a que, provavelmente, a nuvem é
mais fina – permitindo uma visualização par‐
cial do espaço sideral nessa região. Eventual‐
mente a nuvem poderia estar mais fria nesse
local, mas não há como saber devido a que
as temperaturas do ar na atmosfera não são
mensuráveis pelo infravermelho.
Na região intermediária desse
Figura 4.4 – Ilustração Poste. mesmo poste, a cruzeta apresenta uma tem‐
peratura de 28 °C devido ao aquecimento
Descrição Técnica: postes, de madeira ou pela radiação solar. Já na lateral esquerda, a
concreto, tem a função de sustentação e se‐ nuvem apresenta uma temperatura de
paração de redes de distribuição. Além 12 °C, intermediária entre o valor superior e
disso, servem de local para instalação de o da cruzeta. Eventualmente, e dependendo
transformadores de distribuição, luminárias, da latitude em que se encontra e do horário
linhas telefônicas e sinais de TV. em que o Termograma foi efetuado, outra
Descrição Térmica: postes só devem apre‐ explicação poderia ser a de que as partes
sentar aquecimentos provenientes de sua mais finas das nuvens estivessem mais aque‐
exposição à radiação solar, compatíveis com cidas pela radiação solar e, as partes mais
o lado predominante e horário. A imagem frias fossem mais espessas, considerando a
térmica da direita na Figura 4.5, pela escala nuvem como um todo como sendo mais fria
de cores lateral, permite verificar que a tem‐ que o ambiente.
peratura da estrutura do poste é um pouco Exemplos:

Figura 4.5 – Linha Aérea e Exemplo de céu nublado com aquecimento solar na cruzeta.

Anotações:
FIGURA COMENTÁRIOS
MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 249
CAPÍTULO IV – LINHAS DE DISTRIBUIÇÃO

Figura 4.5 Termogramas bem focados e com amplitudes térmicas corretas à finalidade que se
destinam. Observar que o Termograma da direita se apresenta ajustado para apresentar
o aquecimento solar residual na cruzeta. Já o Termograma da esquerda foi efetuado com
o céu nublado e uniforme. Emissividades à temperatura ambiente na faixa de 7 – 14 µm,
para madeira e conectores oxidados cobertos de poluente (pó aderido), podem se situar
entre 0,8 e 0,9. Software: ThermaCAM Reporter PRO 2002. Câmera: FLIR SC‐2000.

Análise de Consistência: postes quente, a fuga de corrente para a Terra cau‐


com isoladores e conexões não devem apre‐ sada por algum dos componentes com baixo
sentar assinaturas térmicas com irregulari‐ isolamento. Os problemas de conexão deve‐
dades. Eventualmente encontram‐se cruze‐ rão ser tratados de forma usual. Já os de
tas aquecendo por corrente de fuga ou em baixo isolamento necessitarão da troca de
isoladores ou para‐raios. No entanto, esses componentes, sejam isoladores ou para‐
eventos podem ser confundidos com aque‐ raios e, eventualmente, cruzetas já deterio‐
cimento atual ou residual proveniente da ra‐ radas pela circulação de corrente para a
diação solar. Deve‐se, portanto, sempre le‐ Terra. Para maiores detalhes, vide o Item
var em consideração o efeito do sol, horário 4.3.1 Cruzetas na sequência.
do dia e resfriamento pelo vento se for o
Ajustes da Câmera: anomalias tér‐
caso. Da mesma forma, é recomendável con‐
micas em postes, salvo raras exceções, têm
firmar qualquer aquecimento anômalo mu‐ a tendência de apresentar baixas temperatu‐
dando o ângulo de visada. Se a suspeita de
ras. Sendo assim, o ajuste de Amplitude
anomalia não se confirmar, pode ser neces‐
(Span) da câmera deverá ser ajustado permi‐
sário retornar em outra ocasião, como após tir que sejam observados o mais nitidamente
uma chuva, para confirmar a presença do
possível, todos os componentes do poste.
aquecimento. Uma vez discriminada a origem de um aque‐
Recomendações de Intervenção: cimento como normal ou aceitável (por inso‐
defeitos e anomalias térmicas em postes de‐ lação, por exemplo), deve‐se ajustar a câ‐
verão ser resolvidos de acordo com a sua na‐ mera para detectar outros aquecimentos,
tureza. A rigor, nos postes em si, são espera‐ eventualmente menores, mas anormais, que
dos poucos problemas, sendo, o mais fre‐ seriam mascarados pelo ajuste anterior.

Anotações:

250 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO IV – LINHAS DE DISTRIBUIÇÃO

4.3.1 Cruzetas que não devem conduzir energia elétrica


para a Terra, uma vez que os equipamentos
instalados sobre elas deverão estar sempre
isolados.
Descrição Térmica: condições ambientais
como insolação e muito raramente exaustão
de gases aquecidos, são as únicas fontes de
calor admissíveis para esse tipo de
equipamento. As cruzetas, seja de que tipo
forem, não devem aquecer ou apresentar
distribuições térmicas não compatíveis com
Figura 4.6 – Cruzeta de concreto.
aquecimentos externos (gases aquecidos) e
insolação, tempo de exposição ao sol, dire‐
Descrição Técnica: as cruzetas são elemen‐
ção e resfriamento pelo vento. Para Inspe‐
tos de apoio, sustentação e/ou ancoragem
ções noturnas, deve ser levado em conside‐
de linhas e equipamentos elétricos. Podem
ração o tempo de resfriamento após o pôr
ser de concreto, metal ou madeira tratada.
do sol e eventualmente a velocidade do
Devem suportar os esforços mecânicos ne‐
vento presente.
cessários à estabilidade da linha e equipa‐
mentos, bem como estais quando for o caso. Exemplos:
São elementos normalmente aterrados e

Figura 4.7 – Aquecimento na fixação de ferragem de sustentação em cruzeta de concreto.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 4.7 Diversas anomalias podem ser observadas neste Termograma e, nesse caso, os ajustes
de amplitude térmica e foco óptico são críticos. Há duas anomalias evidentes e uma
suspeita. Dois elos fusíveis estão claramente aquecidos e provavelmente os três são de
capacidades diferentes. A fuga de corrente pelo isolador da chave é facilmente
identificável. Mas a provável fuga de corrente pela ferragem de sustentação da cruzeta
poderia ser um reflexo. O procedimento de mudar o ângulo de visada é altamente
recomendável para eliminar essa possibilidade. De qualquer maneira, a anomalia térmica
causada por uma fuga de corrente é fortemente sugerida porque, além da fuga de
corrente pelo isolador da chave, com céu claro não há outro motivo para que uma ponta

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 251


CAPÍTULO IV – LINHAS DE DISTRIBUIÇÃO

FIGURA COMENTÁRIOS
de uma haste apareça aquecida e a outra, imediatamente ao lado, não apareça. Se fosse
um reflexo, ambas as pontas deveriam refletir já que estão no mesmo ângulo ou com
uma diferença muito pequena em relação à fonte emissora. Caso sejam necessárias
medições de temperatura, à temperatura ambiente na faixa de 7 – 14 µm, os cartuchos
dos elos fusíveis e o isolador de porcelana poderão utilizar a mesma emissividade, entre
0,8 e 0,9. Já a ponta da haste de sustentação em ferro galvanizado pode utilizar uma
emissividade de 0,6 supondo que haja oxidação e pó depositados sobre a haste. Para
leituras mais conservadoras, um valor de 0,4 pode ser utilizado, mas com o risco de
incorporar um erro significativo de leitura. Outra possibilidade é voltar à noite, repetir a
imagem e ver se a anomalia permanece. Software: ThermaCAM Reporter PRO 2002.
Câmera: FLIR SC‐2000.

Figura 4.8 – Aquecimentos nas fixações de ferragens em cruzeta de concreto.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 4.8 A perícia do Inspetor na localização das anomalias neste Termograma é fundamental. Isso
porque nos locais tradicionais onde se encontram aquecimentos em postes, conexões e
contatos, não há nenhum. Por outro lado, a amplitude térmica utilizada neste
Termograma é de menos de 4 °C e isso permite a identificação de variações mínimas
causadas por fugas de corrente por baixo isolamento. Além da detecção dos
aquecimentos, a interpretação do Inspetor é que o fará registrar a imagem térmica ou
não. Se ele considerar que esses aquecimentos não são significativos, considerará o
objeto de interesse como normal ou aceitável e seguirá em frente com a Inspeção. Nesse
caso específico, deve ser observado que o parafuso de fixação da chave fusível da direita
na cruzeta implica na existência de uma corrente de fuga significativa pelo isolador. Mas
o isolador da chave se encontra relativamente “frio”! O mesmo fenômeno acontece com
a barra de fixação na chave da esquerda, e pelo mesmo motivo. Como a porcelana da
chave na Fase do Meio aparece flagrantemente comprometida, é de se supor que haja
correntes de fuga entre Fases e para a Terra simultaneamente. Por sua vez, e pela escala
colorimétrica, é possível estimar a diferença de temperaturas entre a cruzeta e a
porcelana da chave como sendo da ordem de 1,5 °C no máximo. Dada essa pequena
diferença, é que a perícia do Inspetor, ao ajustar a câmera e seus parâmetros, é
fundamental para a detecção deste tipo de anomalia. Os ajustes de emissividade para
leitura de temperatura deverão ser avaliados no local, pois dependem do estado da

252 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO IV – LINHAS DE DISTRIBUIÇÃO

FIGURA COMENTÁRIOS
superfície dos componentes. Para porcelanas, à temperatura ambiente na faixa de
7 – 14 µm, o valor de 0,9 é razoável e, caso os parafusos estejam oxidados, enferrujados
ou sujos, um valor entre 0,8 e 0,85 fornecerá resultados satisfatórios. Software:
ThermaCAM Reporter PRO 2002. Câmera: FLIR SC‐2000.

Figura 4.9 – Aquecimento de origem indeterminada em cruzeta de concreto.

Observação: a foto de controle na pelo lado oposto ao presente no Termo‐


luz visível na Figura 4.9 apresenta o poste grama.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 4.9 Termograma equilibrado: foco óptico, amplitude térmica, paleta de cores e
enquadramento corretos. Apesar de nenhum componente tradicional como conectores,
cabos, ou até mesmo os meios isolantes como isoladores ou muflas, apresentar
aquecimento, justamente abaixo da cruzeta de concreto, e de forma assimétrica, são
detectadas duas anomalias inéditas: círculos sobreaquecidos cuja causa não foi
descoberta devido ao poste ter sido retirado por uma empreiteira sem que fosse
comunicado à Gerência responsável que deveria ser retido para análise. De qualquer
maneira, cabe ao Inspetor, ao detectar anomalias inexplicáveis em um primeiro
momento, documentá‐las para análise posterior e notificar a Gerência encarregada.
Software: ThermaCAM Reporter PRO 2002. Câmera: FLIR SC‐2000.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 253


CAPÍTULO IV – LINHAS DE DISTRIBUIÇÃO

Figura 4.10 – Termograma da Figura 4.9 visto por outros ângulos, abaixo dos aquecimentos.

FIGURA COMENTÁRIOS

Figura 4.10 Idem aos comentários da Figura 4.9.

Figura 4.11 – Cruzeta de concreto (Teleobjetiva 12°) somando dois fenômenos térmicos.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 4.11 Termograma efetuado com lente Teleobjetiva de 12°. O foco óptico e o enquadramento
estão corretos, uma vez que o objetivo é destacar uma anomalia que seria visualizada
com poucos detalhes se fosse utilizada a lente normal de 24°. A amplitude térmica e a

254 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO IV – LINHAS DE DISTRIBUIÇÃO

FIGURA COMENTÁRIOS
escala colorimétrica estão corretas para o destaque a que se propõe o Termograma. O
uso da Teleobjetiva permite a confirmação do aquecimento anômalo na porcelana da
chave fusível, devido a corrente de fuga, e que o aquecimento da cruzeta é, na melhor
hipótese, devido à soma do aquecimento causado pela radiação solar e da corrente de
fuga. Isso poderá ser confirmado no Termograma da Figura 4.12. Para medição de
temperatura, à temperatura ambiente na faixa de 7 – 14 µm, ambos os materiais aceitam
emissividades próximas a 0,9. Software: ThermaCAM Reporter PRO 2002. Câmera: FLIR
SC‐2000.

Figura 4.12 – Contexto da Figura 4.11 (Lente 24°) com fuga de corrente e insolação.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 4.12 Os mesmos objetos de interesse da Figura 4.11 são apresentados neste Termograma
através da lente 24°, normal da câmera. A observação integral da cruzeta e das
temperaturas lidas levanta a suspeita de que o aquecimento solar é o principal fator no
aquecimento. No entanto, após análise feita na Figura 4.11 com a Teleobjetiva, apenas o
aquecimento na porcelana da chave fusível da Fase Esquerda está fora do esperado. Seria
necessária uma Inspeção após o sol baixar para confirmar a origem da corrente de fuga
e eliminar o calor residual da insolação. Software: ThermaCAM Reporter PRO 2002.
Câmera: FLIR SC‐2000.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 255


CAPÍTULO IV – LINHAS DE DISTRIBUIÇÃO

Figura 4.13 – Aquecimento em cruzeta sem origem definida da corrente de fuga.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 4.13 A amplitude térmica deste Termograma destaca o aquecimento em uma parte da cruzeta
enquanto os demais componentes, chave seccionadora fusível e para‐raios, são pouco
visíveis em termos térmicos. A análise de consistência dessa imagem indica que a causa
mais provável do aquecimento detectado é a corrente de fuga a partir da Fase mais
próxima. No entanto, nenhum outro aquecimento é detectado nos componentes entre a
Fase e a Terra. Isso indica uma passagem interna da corrente de fuga, mas de não de
intensidade suficiente para aquecer o componente. Por outro lado, a distribuição das
impedâncias na cruzeta faz com que a corrente se concentre mais em um único local,
causando o aparecimento da anomalia. Ficou faltando um Termograma da cruzeta inteira
para comparação do comportamento dos demais componentes. Software: ThermaCAM
Reporter PRO 2002. Câmera: FLIR AGEM 550.

Análise de Consistência: as cruze‐ de fixação. Na Figura 4.8, da mesma forma,


tas são equipamentos passivos e não devem em um primeiro momento observamos que
apresentar nenhum aquecimento próprio. a fuga de corrente é pelo isolador da chave
Sendo assim, uma vez descartados os fatores fusível da Fase do Meio. Os pontos de fixa‐
ambientais da insolação e gases aquecidos, o ção das chaves na cruzeta apresentam, por‐
que resta são fugas de corrente. Dessa ma‐ tanto, aquecimento por corrente de fuga.
neira, todo e qualquer aquecimento anô‐ Mas é importante notar que na chave da
malo, e não relacionado a insolação, que vier Fase Direita, apesar do parafuso estar aque‐
a ser detectado em cruzetas, tem grande cido, não há sinais de aquecimento no corpo
probabilidade de ter suas causas atribuídas de porcelana da chave. Uma vez que na Fase
ao baixo isolamento de um ou mais compo‐ do Meio há evidentemente fuga, e na Fase
nentes instalados. No caso da Figura 4.7, o da Direita apenas o parafuso aparece aque‐
aquecimento na fixação da mão francesa no cido, é possível concluir que há fuga tanto
poste é devido à fuga de corrente pelo isola‐ para a Terra como entre Fases. Na Fase da
dor da chave fusível. Isso implica em que a Esquerda é possível notar também um pe‐
cruzeta esteja energizada e que o ponto com queno aquecimento na fixação da chave na
melhor contato com a Terra seja o parafuso

256 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO IV – LINHAS DE DISTRIBUIÇÃO

cruzeta. No entanto, nem sempre a fuga de


corrente é termicamente evidente.
No caso da Figura 4.9 é possível ob‐ de madeira sem que seja possível identificar
servar círculos aquecidos sob as cruzetas de a origem da fuga de corrente.
concreto. Não foi observado nenhum tipo de Recomendações de Intervenção:
aquecimento proveniente de correntes de os componentes resistivos, muflas, isolado‐
fuga em todos os componentes instalados,
res, chaves, cabos isolados ou quaisquer ou‐
mesmo tendo sido a cruzeta observada por tros que apresentarem anomalias térmicas,
diversos ângulos. Na Figura 4.10 podemos
deverão ser substituídos. Os componentes
observar a mesma cruzeta em duas visadas que não apresentem aquecimentos eviden‐
imediatamente inferiores aos aquecimentos tes deverão ser testados quando houver
detectados. Lamentavelmente a equipe que aquecimento nas cruzetas e não houver
procedeu a manutenção deste poste acabou causa detectável. Cruzetas, principalmente
por não documentar os achados, sendo que as de madeira e já deterioradas pela circula‐
o poste inteiro foi removido. ção de corrente, deverão ser substituídas.
Na Figura 4.11 temos uma situação Pode ser necessário testar o isolamento de
um pouco incomum que pode ser causada cruzetas de concreto, e deve‐se estar atento
pela óptica que está sendo utilizada no mo‐ a que, mesmo após a detecção de uma fuga,
mento da Inspeção. Como os componentes quando o tempo entre a detecção e a manu‐
instalados estão situados a distâncias ou al‐ tenção se prolongar, o isolamento poderá
turas que podem necessitar de uma teleob‐ melhorar (devido ao aquecimento gerado
jetiva, é importante não se esquecer de veri‐ pela própria corrente de fuga), mas o cami‐
ficar o contexto da anomalia. No primeiro nho de fuga já estará estabelecido. Na pró‐
Termograma, observa‐se o aquecimento no xima ocorrência de chuva ou umidade rela‐
isolador da chave fusível e na cruzeta. Uma tiva do ar alta, a fuga poderá voltar a se es‐
primeira hipótese para explicar o tabelecer, pondo em risco o isolamento do
aquecimento da cruzeta poderia atribuir à sistema.
circulação de corrente de fuga. No entanto, Ajustes da Câmera: obter imagens
ao trocarmos a lente por uma de campo de térmicas de anomalias em cruzetas pode ser
visão maior (Figura 4.12), observa‐se que o razoavelmente complicado. Há que lidar
aquecimento da cruzeta era resultado de no com a insolação, reflexos em nuvens e bus‐
mínimo duas fontes: a insolação e a corrente car pequenos deltas no corpo. Além do mais,
de fuga. Nesse caso, seria necessária uma em diversas situações pode haver compo‐
Inspeção após o efeito da insolação ser dissi‐ nentes normalmente aquecidos instalados
pado – normalmente após o sol baixar e o nas proximidades como lâmpadas de ilumi‐
resfriamento natural ocorrer – para avaliar a nação ou transformadores. Assim, é neces‐
circulação de corrente e seu eventual aque‐ sário ajustar a câmera para enxergar os com‐
cimento na cruzeta. ponentes mais frios, com uma pequena am‐
Em uma ocorrência difícil de ser en‐ plitude térmica, mesmo que os componen‐
contrada, o Termograma da Figura 4.13 tes normalmente mais aquecidos apareçam
apresenta um aquecimento em uma cruzeta
MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 257
CAPÍTULO IV – LINHAS DE DISTRIBUIÇÃO

saturados nas imagens. Cada ajuste depen‐ de contorno. Normalmente, e mais devido à
derá das condições estritamente locais. Ou‐ própria emissividade, se apresentam com
tro fator que deve ser levado em conta, é temperaturas próximas à ambiente. No en‐
que a atenção do Inspetor não deve ser dis‐ tanto, essa temperatura aparente deve ser
traída por outras anomalias que eventual‐ tomada com cautela e não necessariamente
mente encontre. como a temperatura real do cabo. Como a
grande maioria dos cabos aéreos é feita de
4.4 CABOS AÉREOS alumínio, é esperada uma emissividade
muito baixa quase que somente nos cabos
novos. Com o passar do tempo em operação,
são esperadas incrustações de poeira e ou‐
tros resíduos entre os sulcos dos tentos
(Figura 4.16), além da formação de óxido de
alumínio, que contribuem para que uma
emissividade mais alta possa ser utilizada
nas medições, sem receio de um grande
erro. Caso o dimensionamento seja próximo
à capacidade nominal, é esperado que aque‐
çam uniformemente ao longo do percurso
desde o ramal principal. Além do mais, nor‐
malmente a importância estratégica de um
Figura 4.14 – Exemplos de cabos.
ramal de média tensão ou acima, deixa
Descrição Técnica: em essência, os cabos aé‐ pouca margem para que se adote um critério
reos são resistores e, como tais, devem mais quantitativo. Há muitas variáveis que se
aquecer pela passagem de corrente elétrica. tornam difíceis de precisar em campo como
Ao aquecerem, devem emitir radiação infra‐ a emissividade exata, a carga instantânea na‐
vermelha, dependente, é claro, das condi‐ quela linha ou ramal naquele horário, a velo‐
ções ambientais e de emissividade. No en‐ cidade do vento no topo do poste ou linha, a
tanto, alguns fatores devem ser levados em participação da insolação etc. Além desses
consideração, tais como o dimensiona‐ fatores, caso seja decidido adotar um crité‐
mento, a carga passante no momento da Ins‐ rio quantitativo, a lente apropriada deve ser
peção, o material constituinte, condições do utilizada, e deve‐se levar em conta a resolu‐
cabo, resfriamento pelo vento, umidade re‐ ção espacial da câmera em uso além das cor‐
lativa do ar e, eventualmente, chuva. Além reções habituais de distância e as menciona‐
do mais, os cabos em um ramal aéreo nor‐ das. Quando a Inspeção é feita à noite, de‐
malmente são sobre dimensionados para a vido ao horário de demanda maior, observa‐
carga passante, sendo evidentemente mais ções sobre oxidação dos cabos, bem como
carregados quando próximos à subestação incrustações, provavelmente não serão con‐
de origem e próximos ao horário de pico. fiáveis ou mesmo disponíveis. Por outro
lado, e atualmente (2017), tem‐se utilizado
Descrição Térmica: os cabos devem
apresentar distribuições térmicas compatí‐
veis com a sua carga instantânea e condições

258 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO IV – LINHAS DE DISTRIBUIÇÃO

cabos revestidos com termoplástico, o que emissividade de cabos aéreos, ver exemplo
diminui sensivelmente o problema da emis‐ na Figura 1.44
sividade nos cabos em si e, eventualmente, Exemplos:
em conexões recobertas. Para distinguir a

Figura 4.15 – Cabos de chegada em um ramal aéreo.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 4.15 Termograma bem focado, mas com a escala colorimétrica significativamente alterada,
bem como a paleta de cores. Esse ajuste se justifica devido ao objetivo de representar o
estado de normalidade de todos os componentes. Da mesma forma, o enquadramento
apresenta quase todos os componentes, tendo ficado de fora apenas o isolador de
ancoragem da Fase Esquerda. Devido a características de montagem, nem sempre será
possível colocar todos os eventuais objetos de interesse em uma mesma visada. Para
leitura das temperaturas é necessária uma avaliação para verificar se o MIFOV (campo
de visão instantâneo para medição) atende aos requisitos mínimos. Neste caso em
particular, aparentemente as temperaturas lidas estão contaminadas pela temperatura
do espaço exterior de um céu limpo. As variações nos valores lidos das temperaturas
aparentes, de até 3 °C, podem ser atribuídas a variações na velocidade do vento na altura
da linha, tornando importante a anotação em campo das condições do vento; velocidade
média, rajadas, regime contínuo, etc. Para leituras mais exatas, deveria ser utilizada uma
lente Teleobjetiva. Nesse caso, o custo seria dificilmente conseguir enquadrar todos os
componentes em um único Termograma. Como a distância para avaliação da superfície
dos conectores é razoavelmente grande, sem o uso de binóculos, é possível utilizar uma
emissividade entre 0,75 a 0,85, considerando que a MIFOV é aceitável e que o
componente não é novo e possui frestas de emissividade mais alta. Software:
ThermaCAM Reporter PRO 2002. Câmera: FLIR SC‐2000.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 259


CAPÍTULO IV – LINHAS DE DISTRIBUIÇÃO

Figura 4.16 – Depósito de poluentes em cabos de distribuição de baixa e média tensão.

4.4.1 ESTUDO DE CASO 3: Cabo de Rede cubículos em edificações separadas, dispu‐


Aérea Sobreaquecido nham de seccionadoras e fechavam o para‐
lelo através de cabos subterrâneos internos
Em algumas situações, cabos aé‐ à instalação. Uma vez detectada a anomalia,
reos podem apresentar anomalias térmicas a primeira providência do Inspetor foi conta‐
como a apresentada na Figura 4.17, cabo da tar, via rádio, a operação para confirmar o
Fase do Meio em um circuito de alimentação desequilíbrio de correntes. Uma vez confir‐
de uma fábrica de grande porte, apresen‐ mado, a linha foi percorrida inteiramente em
tando sobreaquecimento ao longo de todo busca de outra anomalia. Nada sendo encon‐
seu percurso, desde a subestação rebaixa‐ trado, o ramal paralelo foi inspecionado e foi
dora até o cubículo de entrada da fábrica. A descoberta a Fase do Meio significativa‐
subestação era operada remotamente, sem mente mais fria que as adjacentes. Feita essa
operador, e a extensão os ramais era de 1,4 constatação, a Inspeção foi ampliada para as
km. No cubículo de saída, o barramento se pontas dos cabos. Na ponta da chegada,
dividia em dois circuitos, cada qual com seu nada anormal foi encontrado, além do dese‐
disjuntor e muflas, que alimentavam dois ra‐ quilíbrio térmico já constatado. O achado na
mais aéreos em paralelo. Na chegada, dois ponta de saída está descrito nos Comentá‐
rios.

260 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO IV – LINHAS DE DISTRIBUIÇÃO

Figura 4.17 – Cabo aéreo com desequilíbrio de corrente.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 4.17 Uma vez que nestes Termogramas a anomalia térmica se estendia ao longo de todo o
cabo da Fase do Meio, a dificuldade maior era a altura dos cabos e a profundidade de
campo. Além disso, como o ângulo de visada diminuía com a distância, cada vez o erro se
tornava maior na radiação percebida pelo sensor da câmera. Isso sem contar com a
atenuação atmosférica. Assim, a visada difundia a radiação emitida ao longo de
aproximadamente duas centenas de metros. De qualquer maneira, a profundidade de
campo não permitiria uma definição a essa distância. Devido à extensão do problema e à
sua possibilidade de causar um desligamento geral em toda a planta industrial, o critério
quantitativo perde importância ante o qualitativo. Uma anomalia deste tipo, em uma
avaliação preliminar, teria de englobar todo o cabo. A distribuição térmica tracejada ou
em espiral (ver Figura 4.22, Figura 4.23 e Figura 4.24), que sugeria uma primeira hipótese
de quebra de tentos do cabo em algum ponto, foi resolvida percorrendo toda a linha, na
extensão de 1,4 km. Como o comportamento térmico permaneceu inalterado ao longo
de toda a linha, e a comparação com a Fase do Meio do circuito paralelo atestou uma
temperatura significativamente menor que os cabos das Fases laterais, a segunda
hipótese era a falha em uma das pontas da linha, na Fase do Meio. A Inspeção
subsequente encontrou a conexão da mufla do cabo da Fase do Meio, na saída da
subestação de origem, frouxo e severamente oxidado. Uma vez efetuada a manutenção
corretiva na mufla, a anomalia desapareceu. Deve ser notado ainda que, no segundo
Termograma de cima para baixo, é possível identificar nas Fases adjacentes, a mesma
distribuição espiralada, característica de apenas alguns tentos conduzindo no cabo,
apenas com menor intensidade. Como a intervenção era de urgência, não foi efetuada
manutenção nas conexões das muflas adjacentes, nem na saída da subestação e nem
nãos cubículos de chegada. Ainda no eletroduto de subida dos cabos, é também possível

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 261


CAPÍTULO IV – LINHAS DE DISTRIBUIÇÃO

FIGURA COMENTÁRIOS
identificar um dos cabos com aquecimento diferenciado em relação aos adjacentes. A
escolha da paleta de cor foi fundamental para a solução rápida e adequada desta
anomalia. Software: Researcher IR 3.5 e ThermaCAM Reporter PRO 2002. Câmera: FLIR
AGEMA 550, Lentes: 10° e 20°.

4.4.2 ESTUDO DE CASO 4: Emenda em Cabo tempo em operação. No caso descrito a se‐
13.2 kV guir, a linha tinha mais de vinte anos em ope‐
ração e já havia, diversas vezes, sofrido ava‐
Em diversas situações, é muito útil rias que resultaram em emendas. Além
inspecionar os cabos em si de uma determi‐ disso, o clima local é quente e úmido, o que
nada linha de distribuição, seja pela impor‐ favorece a oxidação dos componentes insta‐
tância estratégica, pela carga, ou pelo seu lados ao ar livre. Os Termogramas coletados:

Figura 4.18 – Anomalia em ramal aéreo de distribuição 13.8 kV.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 4.18 Termograma bem focado, mas com enquadramento insuficiente para a localização exata
da anomalia. Este é um problema frequente na Inspeção dos cabos de linhas de
distribuição e até mesmo de transmissão. Explica‐se facilmente por que as lentes
disponíveis, as distâncias envolvidas e as temperaturas relativamente baixas tornam
difícil conciliar visadas das anomalias e pontos de referência. Sendo assim, a identificação
por GPS na câmera é um recurso desejável para a correta localização da anomalia, ou que
a foto de controle na luz visível traga essa informação. Paralelamente a descrição verbal
e/ou escrita tem de ser mais acurada, utilizando frequentemente referências físicas locais
como endereços, numeração de edifícios e assim por diante. A temperatura, neste caso,
e para um carregamento em torno de 50% da capacidade do cabo, não exige uma
intervenção de urgência. No entanto, deve ser analisado o aspecto estratégico, já que a
linha pode pôr em risco uma unidade industrial de grande porte. A leitura de
temperaturas deve também respeitar rigorosamente a resolução espacial da câmera, a
fim de não introduzir erros de leitura que possam levar a interpretações incorretas e
gerar intervenções desnecessárias. A emissividade de um cabo de alumínio novo é muito
baixa. Mas no caso, com mais de vinte anos em operação, depósito significativo de

262 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO IV – LINHAS DE DISTRIBUIÇÃO

FIGURA COMENTÁRIOS
poluentes, ambiente úmido e quente, é possível utilizar uma emissividade de 0,80 a 0,85
com bons resultados. Software: IRAnalyzer Câmera: ThermoCom V384S, Lente: 22°.

Figura 4.19 – Mosaico térmico e detalhe de anomalia em ramal distribuição 13.8 kV.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 4.19 Neste mosaico, a anomalia da Figura 4.18 é apresentada em um contexto maior, com os
detalhes do ponto quente em si e de uma referência adjacente. O pequeno tamanho da
anomalia demonstra a importância da perícia técnica do Inspetor, do seu conhecimento
dos fenômenos elétricos, do ajuste correto da câmera, tanto no quesito foco como
amplitude térmica, bem como na escolha do ângulo de visada. Caso o Inspetor considere
que um ajuste genérico é suficiente para toda a linha, fatalmente o risco de não descobrir
uma anomalia de pequena magnitude, mas estrategicamente importante, será muito
grande e o prejuízo maior ainda. Para exemplificar como uma imagem térmica em um
determinado tempo não é estática, a próxima Figura 4.20 apresentará as variações que
essa anomalia apresenta em intervalos aproximados de 5 minutos. Como também é
possível observar em uma visada mais ampla, há mais trechos dos cabos que estão
comprometidos, mas que ainda, ou apenas neste momento, não apresentam
distribuições térmicas significativas. Neste caso, é recomendável uma avaliação
detalhada do estado de toda a linha para avaliar o momento de sua substituição. Como
na Figura 4.18, a temperatura neste caso não exige uma intervenção de urgência. No
entanto, deve ser analisado o aspecto estratégico, já que a linha pode pôr em risco de
parada intempestiva uma unidade industrial de grande porte. A leitura de temperaturas
deve também respeitar rigorosamente a resolução espacial da câmera, a fim de não
introduzir erros de leitura que possam levar a interpretações incorretas e gerar
intervenções desnecessárias. A emissividade de um cabo de alumínio novo é muito baixa,
mas, e nesse caso, a linha tem mais de vinte anos em operação, depósito significativo de
poluentes, ambiente úmido e quente. Dessa forma, é possível utilizar uma emissividade
de 0,80 a 0,85 com bons resultados. Software: FLIR Image Builder, FLIR ThermaCam
Researcher 2.10, Câmera: FLIR SC‐660, Lente: 24°.

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 263


CAPÍTULO IV – LINHAS DE DISTRIBUIÇÃO

Figura 4.20 – Mosaico ao longo do tempo da mesma anomalia da Figura 4.19.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 4.20 O Mosaico apresenta a mesma anomalia da Figura 4.18, registrada em intervalos de
aproximadamente 5 minutos e em diferentes visadas. Deve ser observado que não havia
vento significativo no momento da captura das imagens. Dessa maneira, as variações de
temperatura observadas podem ser resultantes de pequenas rajadas de vento na altura
da linha ou de variações de carga na unidade fabril. De qualquer maneira, o processo de
aquecimento e resfriamento é contínuo e, da mesma forma, as pequenas contrações e
dilatações no entorno da anomalia. A continuidade dessas variações dimensionais e de
temperatura acabará por prejudicar a qualidade da emenda, levando eventualmente ao
rompimento do cabo (Ver Figura 3.12). Uma vez que as unidades fabris atendidas por
essa linha trabalham em regime contínuo de 24 horas, as providências de intervenção
devem incluir inicialmente o acompanhamento das variações de temperatura, a fim de
mapear os ciclos térmicos que estão ocorrendo. Caberá à Gerência envolvida avaliar os
custos de manutenção em parada programada ou parada intempestiva, substituição da
emenda ou, eventualmente, até a substituição do cabo completo, haja visto que
apresenta diversas anomalias. A solução com uma Equipe Técnica de Linha Viva também
é uma opção, com a vantagem de não necessitar de desligamento. No caso em questão,
foi a solução adotada pela Gerência responsável, conforme pode ser visto a seguir.
Apesar da baixa temperatura encontrada, o cabo já se encontrava em péssimas
condições, tendo passado por temperaturas que levaram à fusão dos tentos. Para leituras
de temperatura, ver as Figuras anteriores deste mesmo caso.

Anotações:

264 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO IV – LINHAS DE DISTRIBUIÇÃO

Figura 4.21 – Manutenção com linha viva da anomalia detectada e trecho de cabo retirado.

Figura 4.22 – Cabos com tentos oxidados ou partidos.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura
O Termograma da esquerda utiliza‐se do recurso de zoom digital com interpolação
4.22 bicúbica para apresentar a distribuição térmica em espiral de um cabo jump em uma linha
de 13,8 kV. Esse efeito é causado, além do mau contato entre tentos do cabo, pela
oxidação, corrosão e/ou falta de aperto ou área de contato em uma das extremidades do
cabo. Para a detecção deste efeito, a amplitude térmica não pode ser nem muito ampla
nem reduzida demais. A estratégia mais simples para a detecção desta anomalia é ajustar
o nível térmico da imagem na temperatura da região de interesse do cabo, seja ela mais
MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 265
CAPÍTULO IV – LINHAS DE DISTRIBUIÇÃO

FIGURA COMENTÁRIOS
alta ou mais baixa. A partir do ajuste do nível, é possível modificar a amplitude térmica
até que a diferença de temperaturas apresente a anomalia ou a normalidade da
distribuição térmica. Para essa estratégia poder ser aplicada, é essencial que a imagem
esteja focada corretamente e que a paleta de cores permita a discriminação adequada.
Para a medição de temperaturas, à temperatura ambiente na faixa de 7 – 14 µm ou
3 – 5 µm, os critérios já são conhecidos: a resolução instantânea de medição tem de ser
aceitável, a emissividade adequada a cabos novos ou oxidados e cobertos de poluentes
e deve ser levado em consideração a velocidade do vento e insolação. A atenuação
atmosférica só se aplica à distâncias maiores que 50 metros e a umidade relativa do ar
deve ser menor que 65%. O Termograma da direita apresenta outro caso do mesmo tipo
de anomalia, apenas que não foi aplicado o efeito zoom no processamento da imagem.
Software: Thermal Trend IR Analyzer ThermaCAM Reporter PRO 2002. Câmeras: FLIR
AGEMA 550 e FLIR SC‐2000.

Figura 4.23 – Cabos com assinatura térmica em espiral conectados a TC’s (Ver item TC’s).

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 4.23 A distribuição térmica em espiral de um cabo em um barramento de 69 kV em uma
subestação ocorre, da mesma maneira que para outras tensões, devido à existência de
pelo menos duas contingências: é necessário que haja um mau contato em uma das
pontas do cabo, da mesma forma que é necessário haver uma camada de óxido (de
alumínio no caso) entre os tentos do cabo. O mau contato é responsável porque apenas
alguns tentos tenham uma boa conexão. Já a oxidação entre tentos, faz com que não haja
a divisão de correntes entre os demais tentos da formação do cabo. Isso acontece porque
a diferença de tensão entre tentos adjacentes é muito baixa, insuficiente para vencer a
barreira da resistência criada pelo óxido. Esse mesmo efeito também se observa em
cabos de cobre. Para a detecção desta anomalia, é essencial que a imagem esteja focada
corretamente e que a paleta de cores permita a discriminação adequada. Para a medição
de temperaturas, os critérios já são conhecidos: a resolução instantânea de medição tem
de ser aceitável, a emissividade adequada a cabos novos ou oxidados e cobertos de
poluentes e deve ser levado em consideração a velocidade do vento e insolação. A
atenuação atmosférica só é aplicável a

266 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO IV – LINHAS DE DISTRIBUIÇÃO

distâncias maiores que 50 metros e a umidade relativa do ar deve ser menor que 65%. O
Termograma da direita apresenta outro caso do mesmo tipo de anomalia. Software:
ThermoCom Infrared Analyzer. Câmera: ThermoCom V384S.

Figura 4.24 – Cabos com tentos oxidados.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 4.24 Dois casos de oxidação entre tentos. No Termograma da esquerda, o ajuste da amplitude
térmica deixa a desejar. Há pouca discriminação entre os elementos adjacentes e a
temperatura do cabo de interesse não é nem tão alta e nem tão discrepante dos demais
componentes para justificar essa apresentação. Caso seja mantida a amplitude, a paleta
de cor deve ser ajustada para permitir uma melhor discriminação. Já o Termograma da
direita está tanto com a amplitude térmica correta, bem como a paleta de cor. Ambos
estão bem focados e enquadrados, embora o Termograma da direita não apresente as
outras Fases para referência. Em muitos casos, a anomalia ocorre em apenas uma Fase
e, se a visada incluir as três Fases, a resolução espacial de medição pode ser insuficiente
devido a distância envolvida. Nos dois casos, os cabos eram antigos e a emissividade, à
temperatura ambiente na faixa de 7 – 14 µm ou 3 – 5 µm, pode ser ajustada entre 0,75 e
0,85. Software: ThermaCAM Reporter PRO 2002. Câmeras: FLIR SC‐2000 e FLIR AGEMA
550.

Figura 4.25 – Cabos aéreos em bom estado e com carga normal.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 267


CAPÍTULO IV – LINHAS DE DISTRIBUIÇÃO

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 4.25 Ambos os Termogramas estão bem focados e as escalas colorimétricas estão adequadas.
Os limites inferiores das escalas colorimétricas devem‐se ao ajuste no Software, de tal
forma que as imagens fiquem com boa qualidade para a paleta de cor utilizada. Além
disso, o que deve ser observado é que, para objetos de pequenas dimensões como cabos,
nem sempre é fácil obter um bom foco contra o céu limpo ou com nuvens. É sempre
preferível posicionar os cabos na diagonal do sentido de varredura do sensor para obter
uma leitura mais precisa e uma imagem mais definida. Se possível, deve‐se procurar um
objeto próximo ao objeto de interesse, mas de dimensões maiores como um conector,
para efetuar o foco óptico. Uma vez obtida uma imagem nítida e bem definida, pode‐se
manter o mesmo ajuste do foco óptico enquanto não houver variação de distância
significativa entre a câmera e a linha. Deve‐se notar também que conectores que estão à
mesma temperatura dos cabos tenderão a aparecer um pouco mais aquecidos devido à
sua área maior em relação a do cabo. Por outro lado, estarão também mais sujeitos ao
resfriamento pelo vento devido a terem uma área de contato maior. Mas a tendência é
que haja uma uniformidade e um equilíbrio térmico entre o cabo e seus conectores em
bom estado. Software: ThermaCAM ThermoCom IRAnalyzer. Câmera: ThermoCom
V384S.

Figura 4.26 – Cabo partido em rede aérea compacta e em bom estado.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 4.26 Os dois Termogramas se referem ao mesmo local, mas antes e após manutenção, com
visadas diferentes. Ambos estão bem focados e as amplitudes térmicas, para efeitos de
comparação, são as mesmas. Ao longo do tempo, nem sempre as mesmas visadas estarão
disponíveis para a captura de Termogramas. A diferença de visada entre esses dois
Termogramas se explica devido à data diferente em que foram feitas as imagens. Na data
da detecção inicial havia espaço suficiente para uma visada em diagonal. Já após a
manutenção, a mesma visada não foi possível devido a uma obra na calcada por onde
passava a linha de distribuição. Da mesma forma, a perspectiva distorce a distância entre
os isoladores entre Fases. Como as linhas compactas geralmente são recobertas de uma
camada de termoplástico, a emissividade, à temperatura ambiente na faixa de 7 – 14 µm,
é muito fácil de ser atribuída, ficando entre 0,92 e 0,95. Software: ThermaCAM Reporter
PRO 2002. Câmera: FLIR SC‐660.

268 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO IV – LINHAS DE DISTRIBUIÇÃO

Análise de Consistência: os cabos aquecidos acima dos cabos, sustentados pe‐


aéreos estão sempre sujeitos a resfriamento los isoladores de pino, bem como nas anco‐
por convecção e/ou vento. Devem, se em ragens nas cruzetas, serão explicados a se‐
bom estado, sempre apresentar uma assina‐ guir no Item 4.8 (GRAMPOS DE
tura térmica contínua e homogênea, mesmo ANCORAGEM).
nas conexões e derivações. No caso da De qualquer maneira, e sempre que
Figura 4.17, de cada lado do poste, seguia possível, as condições de refrigeração natu‐
um circuito trifásico paralelo em triângulo, ral (velocidade do vento), horário da Inspe‐
desde a subestação rebaixadora até a subes‐ ção e carga do circuito deverão ser anotadas
tação de entrada da unidade fabril. O cabo
para alimentar uma análise correta das ano‐
da Fase do Meio do circuito direito, em dire‐
malias observadas. Para os efeitos e fatores
ção à fábrica, estava sobreaquecido em toda
de correção da refrigeração pelo vento, ver
sua extensão. Após a análise cuidadosa e ob‐
os Experimentos no Item 1.14 do Capítulo 1
servação de uma série de imagens térmicas
deste Volume, ou o item 6.1.3 do Volume 1.
em diversos locais da linha, descobriu‐se que Para as correções por Carga Instantânea, ver
a extremidade do cabo (mufla) do circuito o Item 1.13 do Capítulo 1.
paralelo oposto (circuito esquerdo), e dentro
do cubículo de saída da subestação, apresen‐ Recomendações de Intervenção: se
tava‐se frouxo e severamente oxidado. Esse a origem da anomalia térmica em um cabo
mau contato não era visível devido ao painel aéreo for o mau contato em uma das extre‐
onde estava instalado não dispor de uma ja‐ midades, essas irregularidades podem nor‐
nela infravermelha e nem de possibilidade malmente ser resolvidas através de uma in‐
de abertura segura para a realização da Ins‐ tervenção de manutenção em uma, ou nas
peção. Foram necessárias manobras e auto‐ duas conexões, de saída ou de chegada. É
rização do Departamento de Segurança da importante verificar se há corrosão nessas
fábrica para poder abrir o painel e realizar a conexões, o que implicará em substituição
Termografia. ou em tratamento de superfície. Após essa
manutenção, é recomendado verificar nova‐
Nas Figura 4.22, Figura 4.23 e Figura
mente a distribuição térmica nos cabos. Nos
4.24 os cabos apresentam uma assinatura ou casos em que a distribuição térmica perma‐
distribuição térmica irregular em espiral. neça inalterada, mesmo com a manutenção
Tais distribuições significam que apenas al‐ nas duas extremidades, a causa mais prová‐
guns tentos da formação do cabo estão con‐
vel é o rompimento de um ou mais tentos do
duzindo a corrente elétrica de Fase. Isso cabo ao longo de sua extensão. Nesse caso,
ocorre devido ou a mau contato na extremi‐ é necessário procurar termicamente por um
dade de conexão ou a tentos partidos. Por
ponto mais aquecido ao longo da linha e efe‐
outro lado, a corrente elétrica não se distri‐ tuar uma conexão de reparo no local. Pode
bui uniformemente pelos demais tentos do ser ainda necessário a Inspeção Visual entre
cabo devido ao óxido de alumínio ser basica‐ os tentos aquecidos para verificar a presença
mente um mau condutor de eletricidade. Os
aquecimentos presentes nos segmentos

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 269


CAPÍTULO IV – LINHAS DE DISTRIBUIÇÃO

eventual de corrosão entre eles. Nesses ca‐ Descrição Técnica: conexões elétricas são
sos, a substituição do trecho de cabo corro‐ componentes resistivos individuais em um
ído é a solução. ramal aéreo de entrada. Estão sujeitas a to‐
dos os esforços para as quais foram projeta‐
Ajustes da Câmera: o fundo das
das, notadamente dilatações e contrações
imagens pode ser comprometido por nuvens
devido às intempéries, dilatações e contra‐
refletivas onde o sol mascare pontos com
ções devido às variações de carga e vibração
anomalias térmicas, ou mesmo prédios mais
pela frequência industrial e vento.
aquecidos que as instalações. Devem‐se pro‐
curar ângulos que evitem esses fenômenos Descrição Térmica: em termos elétricos, co‐
e, na impossibilidade, ajustar as câmeras nexões são resistores e, ao menos teorica‐
para a visualização dos cabos, mesmo que mente, devem aquecer pela passagem de
outras partes da imagem fiquem saturadas. corrente. No entanto, uma boa conexão
Eventualmente essas Inspeções deverão deve providenciar que ao menos a área de
ocorrer em período noturno dependendo do contato entre as superfícies conectadas seja
tipo de câmera utilizado e decisão da Gerên‐ a mesma da secção transversal do maior
cia responsável. condutor ao qual ela estiver conectada. Deve
ser levado em consideração ainda que, via
4.5 CONEXÕES de regra, a área superficial ou visível de uma
conexão em uma linha aérea é maior que a
área respectiva de conexão, providenciando,
assim, uma área maior para troca térmica
com o ar. Eventualmente em algumas
situações, o depósito de poluentes pode ser
um fator relevante na conservação da co‐
nexão e na emissividade.
Exemplos:

Figura 4.27 – Conexão.

Figura 4.28 – Conexões em Barramento Aéreo com carga normal, com e sem anomalia.

Anotações:
270 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS
CAPÍTULO IV – LINHAS DE DISTRIBUIÇÃO

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 4.27 Tanto os Termogramas da esquerda como o da direita estão bem enquadrados,
fornecendo componentes adjacentes nas mesmas condições de carga para comparação
qualitativa. Caso a distância entre a câmera e o objeto de interesse seja compatível com
o MIFOV, a leitura de temperaturas poderá ser efetuada com segurança. Caso as leituras
sejam feitas à noite, será necessário retornar durante o dia para verificar qual
emissividade utilizar ou arbitrar uma próxima do esperado. No caso da emissividade
arbitrada, é importante manter sempre o mesmo valor para medições futuras. Software:
ThermaCAM Reporter PRO 2002 e ThermoCom IRAnalyzer. Câmera: FLIR AGEMA 550 e
ThermoCom V384S.

Figura 4.29 – Conexões e conectores em bom estado em linhas aéreas com carga normal.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 4.29 Estes dois Termogramas já foram analisados na Figura 4.25 com relação ao
comportamento térmico dos cabos. Com relação aos conectores, pode‐se observar que
as considerações de foco, amplitude térmica e enquadramento continuam válidos. A
aparente temperatura mais alta dos conectores demonstra a dificuldade das câmeras
infravermelhas em tratar com objetos de pequenas dimensões como cabos. Nestes
Termogramas, uma explicação possível é que como a temperatura dos conectores não é
maior que a dos cabos, o céu frio atrás deles “cria” o efeito de espalhamento ou dispersão
sobre esses objetos, produzindo um resfriamento aparente (Ver Volume 1, Item 6.33).
Software: ThermaCAM Reporter PRO 2002. Câmera: FLIR SC‐2000.

Figura 4.30 – Conectores de derivação em linha aérea com anomalias térmicas.

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 271


CAPÍTULO IV – LINHAS DE DISTRIBUIÇÃO

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 4.30 Os dois Termogramas desta Figura encontram‐se mal enquadrados, apresentando
apenas os conectores com anomalia. Eventualmente, em algumas situações o
distanciamento que permite uma visada melhor incluindo as três Fases, reduz o número
de pixels que cobre a área de interesse causando erros de leitura. O mesmo problema
pode acontecer com o uso de uma lente grande‐angular. Este erro, se for o caso, deve
ser mencionado no relatório que descreve a anomalia. Com relação ao foco óptico,
ambos estão bem focados, sendo possível identificar no Termograma da esquerda o
efeito espiral causado pelo mau contato entre tentos do cabo (Ver Item 4.4, Figura 4.23
e Figura 4.24). Para esses casos, considerando cabos em uso há alguns anos, a
emissividade à temperatura ambiente na faixa de 7 – 14 µm pode variar entre 0,7 a 0,85
dependendo do estado do cabo. Para a definição de um valor mais preciso, é necessária
uma Inspeção Visual com um binóculo à luz do dia. De qualquer maneira, o valor utilizado
deve ser anotado para referência e/ou uso posterior no mesmo local. Software:
ThermaCam Researcher PRO 2.10 e ThermaCAM Reporter PRO 2002. Câmera: FLIR SC‐
2000.

Análise de Consistência: o compor‐ medida deve levar em consideração a reso‐


tamento térmico esperado das conexões, de lução espacial da câmera utilizada.
forma geral, é de equilíbrio com a linha à Recomendações de Intervenção:
qual estão conectados. No Termograma es‐ conectores aquecidos, se já não tiverem a
querdo da Figura 4.28, no ramal esquerdo de sua superfície de contato corroída, podem
saída da subestação, podem ser observadas necessitar apenas de limpeza e reaperto.
conexões em equilíbrio térmico com as li‐ Uma Inspeção Visual cuidadosa é necessária
nhas e uma conexão de descida defeituosa para identificar a presença ou não de sinais
no circuito direito, Fase Esquerda. É possível
de deterioração. Eventualmente a corrosão
identificar também o calor se propagando pode ser causada por agentes poluentes e
por condução pela linha. No Termograma da acidez atmosférica ou até junta bimetálica
direita da Figura 4.28, podem ser observadas incorreta. Nesses casos, além da substitui‐
conexões aparentemente em bom estado. ção do componente, é possível recobri‐lo
Aparentemente porque, no momento da com uma pasta ou cola de silicone, ou outro
Inspeção, não estava disponível a informa‐ material similar, a fim de protegê‐lo das in‐
ção de qual era a corrente passando no mo‐ tempéries. No caso de junta bimetálica in‐
mento da captura do Termograma e, admi‐ correta, é recomendável a padronização ou
tiu‐se que as correntes eram as nominais de substituição por conectores de bronze. É im‐
projeto. portante considerar assentar ou posicionar o
No caso da Figura 4.29, deve ser conector, em uso ou novo, em uma região
considerado que os conectores têm área su‐ próxima do cabo e em bom estado, a fim de
perficial maior que os cabos aos quais estão evitar deformações por torque excessivo ou
conectados e que a temperatura aparente microirregularidades na superfície de con‐

272 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO IV – LINHAS DE DISTRIBUIÇÃO

tato. Como o fechamento de conectores so‐ contra a Terra ou entre Fases. Assim, isola‐
bre cabos é normalmente impreciso devido dores são resistores de altos valores, da or‐
a serem ambos os cabos flexíveis, é sugerido dem de vários megohms, por onde passam
avaliar os custos e benefícios da utilização de correntes da ordem de microamperes para
conectores tipo cunha, como da Figura 4.29. as tensões comerciais, gerando pratica‐
Na impossibilidade, deve‐se efetuar o aperto mente nenhum aquecimento detectável.
com torquímetro com o cuidado de utilizar
uma contra chave para o aperto.
Ajustes da Câmera: da mesma ma‐
neira que as linhas, cruzetas ou qualquer ou‐
tro componente avaliado contra o céu, o
fundo das imagens pode ser comprometido
por nuvens refletivas onde o sol mascare
pontos com anomalias térmicas, ou mesmo,
chaminés ou prédios mais aquecidos que as
instalações. Deve‐se procurar ângulos que
evitem essas interferências e, na impossibili‐
dade, ajustar as câmeras para a visualização
dos conectores, mesmo que outras partes da
Figura 4.32 – Isolador típico
imagem fiquem saturadas. Eventualmente classe 15 kV.
essas Inspeções deverão ocorrer em período
noturno dependendo do tipo de câmera uti‐ Descrição Térmica: isoladores são resistores
lizado e decisão da Gerência responsável. e, apesar das correntes mínimas envolvidas,
estão sujeitos a quedas de tensão e dissipa‐
4.6 ISOLADORES ção de potência. Como estamos despre‐
zando o efeito capacitivo para analisar 1
(um) isolador, a regra de algibeira de
1 MΩ /kV pode ser aplicada para se ter uma
ideia da potência dissipada. Idealmente em
um circuito resistivo submetido à tensão de
1 kV, e com 1 MΩ de impedância, teríamos a
corrente de 1 mA circulando. Nesse caso, a
potência dissipada seria de 1 Watt. É neces‐
sário considerar que esse 1 Watt teria de ser
dissipado por toda a área do isolador. A tí‐
tulo de exemplo, uma instalação com
Figura 4.31 – Isoladores. 13,8 kV dissiparia em um isolador aproxima‐
damente 8 Watts. Essa potência deve ser di‐
Descrição Técnica: em qualquer sis‐ vidida pela área do isolador. Simplificada‐
tema elétrico, a função básica dos isoladores mente, porque o cálculo da área superficial
é isolar a tensão de frequência industrial das saias dos isoladores pode ser trabalhoso,

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 273


CAPÍTULO IV – LINHAS DE DISTRIBUIÇÃO

podemos supor que um isolador típico classe para ser observado como aquecimento nas
15 kV teria 180 mm de altura e um raio mé‐ condições de temperatura ambiente nor‐
dio de 45 mm, sendo esse um raio médio en‐ mais e refrigeração por convecção. Dessa
tre as bordas das saias e a parte interna. As‐ maneira, qualquer anomalia térmica em um
sim, a área média seria de aproximadamente isolador deve representar uma perda, super‐
509 cm2. Dividindo os 8 Watts por essa área ficial ou interna, significativamente maior.
de dissipação externa do isolador, teríamos Exemplos:
0,02 W/cm2, o que é realmente muito pouco

Figura 4.33 – Isolador tipo pino de suporte em porcelana com anomalia térmica.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 4.33 Termograma obtido com teleobjetiva e bem enquadrado para o objeto de interesse que
são os isoladores da cruzeta inferior. Foco correto a ponto de permitir a visualização da
distribuição térmica da anomalia sobre o conector. A paleta de cor e escala colorimétrica
estão adequadas à amplitude térmica da imagem. Apesar de ter as temperaturas lidas
com emissividade alta para porcelana (0,9), à temperatura ambiente na faixa de 3 – 5 µm
ou 7 – 14 µm, esse tipo de anomalia é mais bem caracterizado por uma avaliação
qualitativa dado a imprevisibilidade inerente a esse tipo de aquecimento. Software:
ThermaCAM Reporter PRO 2002. Câmera: FLIR AGEMA 550, Lente: 10°.

Anotações:

274 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO IV – LINHAS DE DISTRIBUIÇÃO

Figura 4.34 – Isoladores de ancoragem em bom estado.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 4.34 Termograma equilibrado com o uso de uma teleobjetiva de 12°. Bom foco, bom
enquadramento, ajuste da escala colorimétrica e paleta de cor adequada. Os três
conectores de interesse estão visíveis e o de maior temperatura está no foco em primeiro
plano. Este ângulo de visada foi possível devido à existência de uma elevação no terreno
próximo ao poste. Apesar de ser um aquecimento simples em uma conexão igualmente
simples, esta anomalia causava a parada de uma fábrica inteira. Software: ThermaCAM
Reporter PRO 2002. Câmera: FLIR SC‐2000, Lente: 12°.

Análise de Consistência: o compor‐ irregular em sua parte superior. Tal aqueci‐


tamento térmico normal esperado, ou acei‐ mento não pode ser creditado à radiação so‐
tável, é de uniformidade e equilíbrio com o lar, porque os demais ao seu lado não apre‐
meio ambiente ou aquecido em uma das fa‐ sentam a mesma distribuição térmica ou as‐
ces devido à radiação solar. Basicamente os sinatura. Eventualmente pode tratar‐se de
isoladores se dividem em duas categorias: de acúmulo de poluente ou resíduo sólido. Para
ancoragem e suporte ou pino. Seus materiais identificar a real causa, é necessária uma Ins‐
mais comuns são o vidro, a porcelana e os peção Visual cuidadosa e eventual teste uti‐
poliméricos. Os isoladores de ancoragem da lizando um megôhmetro. No entanto, nem
Figura 4.32 e Figura 4.33, por exemplo, se sempre esse é um procedimento economica‐
apresentam com temperatura equilibrada e mente viável para um componente tão pe‐
uniforme em relação ao meio ambiente. No queno. Os demais isoladores de ancoragem
mesmo Termograma da Figura 4.32, se pode e suporte encontram‐se em bom estado. Na
observar que o isolador tipo pino de suporte Figura 4.33 todos os isoladores de ancora‐
da Fase Esquerda encontra‐se visivelmente gem, tipo disco de vidro, encontram‐se em
defeituoso por apresentar um aquecimento bom estado.

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 275


CAPÍTULO IV – LINHAS DE DISTRIBUIÇÃO

Recomendações de Intervenção: 4.6.1 Caso Particular: Isoladores em Série


isoladores só comportam dois tipos de inter‐
venção: limpeza ou substituição. Em alguns Isoladores em série requerem uma
casos, em que seja possível determinar que análise diferenciada. Observando o Termo‐
o aquecimento detectado seja causado por grama na Figura 4.34, verificamos que na
depósito de poluentes, a limpeza será sufici‐ Fase Esquerda, o isolador, conectado direta‐
ente para a recuperação de suas caracterís‐ mente à linha (seta amarela), está mais frio
ticas isolantes. Em tensões maiores, onde há (escuro) e, o segundo, conectado ao Terra
estudos de segurança rigorosos, é possível a (seta vermelha), encontra‐se mais quente
lavagem de isoladores com jatos pulsantes (branco). Em uma análise superficial, poderí‐
de água. De qualquer maneira, após a lim‐ amos dizer que o isolador ancorado direta‐
peza ou lavagem, é recomendada uma nova mente na laje está conduzindo para a Terra
Termografia para confirmar a eficácia do e precisa ser substituído, pois está mais
procedimento. Já nos casos onde o aqueci‐ aquecido. No entanto, para a correta com‐
mento é definido como causado por cor‐ preensão do que está acontecendo nessa
rente de fuga interna, a única solução econo‐ configuração, temos de analisar o circuito
micamente viável é a substituição do compo‐ equivalente desse arranjo.
nente conforme o seu tipo de problema.

Figura 4.35 – Cadeia de Isoladores de Ancoragem.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 4.35 Termograma bem focado e com o enquadramento deslocado para fornecer uma
referência. Em casos como este, se fosse registrada apenas a imagem térmica dos objetos
de interesse (isoladores de ancoragem), os mesmos ficariam “perdidos” sem nenhuma
referência de localização física ou de contexto. Então, e desde que não distorça muito o
conteúdo, é aceitável um deslocamento do centro óptico para fins de localização.
Observar que a distribuição de cores da paleta na escala colorimétrica está concentrada
na região superior. Esse arranjo destaca as temperaturas mais importantes e deixa as
temperaturas de referência e localização (prédio e laje) em tons de cinza que não
prejudicam o diagnóstico. A emissividade para isoladores em porcelana, à temperatura
ambiente na faixa de 7 – 14 µm, é normalmente alta, entre 0,85 a 0,95. Para
compreender como interpretar esse Termograma e outros similares, verificar o texto
276 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS
CAPÍTULO IV – LINHAS DE DISTRIBUIÇÃO

descritivo deste Caso Particular 4.61. Software: ThermaCAM Reporter PRO 2002. Câmera:
FLIR SC‐2000.

Para fins didáticos, o circuito equi‐ uma linha com 10 kV contra a Terra e, na ou‐
valente hipotético na Figura 4.35 apresenta tra extremidade, a Terra.
cinco isoladores de ancoragem conectados a

Figura 4.36 – Circuito Equivalente de cinco isoladores em bom estado.

Cada isolador hipotético tem uma Imaginemos agora, a partir do


resistência de 2kΩ, gerando então uma exemplo da Figura 4.36, que quatro desses
queda de tensão de 2kV em cada unidade. cinco isoladores estão em curto‐circuito,
Aplicando simplesmente a Lei de Ohm, en‐ com 0Ω (zero ohms) cada um, restando ape‐
contramos que se todos os isoladores estive‐ nas um isolador em bom estado com os mes‐
rem em bom estado, cada um deles dissipará mos 2 kΩ, conforme a Figura 4.37:
uma potência de 2.000 Watts e todos apare‐
cerão uniformemente aquecidos e homogê‐
neos no infravermelho.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 277


CAPÍTULO IV – LINHAS DE DISTRIBUIÇÃO

Figura 4.37 – Circuito equivalente de um isolador em mau estado.

Pode‐se então observar que todos A fim de representar com mais pre‐
os elementos em curto‐circuito, com resis‐ cisão esse fenômeno contrário ao senso co‐
tência zero, praticamente não dissipam po‐ mum, utilizaremos o dispositivo simulador
tência, e que os mesmos 10kV encontram‐se conforme a Figura 4.38. Deve ser notado que
agora aplicados sobre um único isolador. De‐ ele está energizado e que a corrente foi man‐
vido a essa condição, o único isolador ainda tida constante nas duas situações, em 0,4 A.
em bom estado passa a dissipar 10.000 Evidentemente que em campo, as tempera‐
Watts, uma vez que a corrente subiu para 5 turas serão muito menores, próximas à do
Ampères. meio ambiente.

Figura 4.38 – Circuito equivalente a três isoladores em bom estado em série contra a Terra.

Anotações:

278 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO IV – LINHAS DE DISTRIBUIÇÃO

A imagem térmica desses isoladores (ou resistores) em bom estado, então, é:

Figura 4.39 – Resistores equivalentes a uma cadeia de três isoladores em bom estado.

É possível constatar então na ima‐ No entanto, se curto‐circuitarmos


gem térmica da Figura 4.39 que a corrente os dois isoladores dos extremos, teremos
dissipa aproximadamente a mesma potência que somente o isolador do meio terá de sus‐
em todos os isoladores (ou resistores) por‐ tentar toda a tensão contra a Terra e, conse‐
que todos têm praticamente a mesma impe‐ quentemente, aquecerá mais.
dância contra a Terra.

Figura 4.40 – Circuito equivalente curto‐circuitando resistores contra a Terra.

Ao serem curto‐circuitados os resis‐ praticamente direto com uma impedância


tores/isoladores das extremidades, é simu‐ muito baixa. A imagem térmica resultante,
lado que eles estejam defeituosos, trincados então, para a mesma corrente de “fuga”,
ou contaminados por umidade e conduzindo será:

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 279


CAPÍTULO IV – LINHAS DE DISTRIBUIÇÃO

Figura 4.41 – Resistores equivalentes a três isoladores em série com dois em curto‐circuito.

Isso significa que para o propósito a uma vez que os demais devem apresentar
que esses isoladores se destinam, o único resistências muito baixas. Nesse caso, a ano‐
ainda em condições de cumprir com a sua malia térmica ou o “ponto quente” indica o
função é o que está aquecendo. Os isolado‐ elemento bom, e não o defeituoso! No Ter‐
res “frios” é que estão ruins e devem ser mograma anterior da Figura 4.35, há pelo
substituídos! O mesmo raciocínio pode ser menos dois isoladores defeituosos. No en‐
aplicado a Para‐raios que, quando em bom tanto, por estarem mais frios, isso não quer
estado, devem se comportar como isolado‐ dizer que todos os isoladores da Fase este‐
res para a Terra. Nos casos de Para‐raios jam em curto. Nesse caso, estão mais frios
230 kV de múltiplos estágios, como os da porque os dois estão em mau estado e com
Figura 3.24, Item 3.3, estes podem ser consi‐ quedas de tensão muito baixas. O mesmo
derados como isoladores em série. efeito acontece na Figura 4.42 para o disco
Conclusão: em resistores em série, mais frio. Essa regra vale também para has‐
como isoladores de ancoragem, o único iso‐ tes de acionamento em outros componentes
lador que apresente uma anomalia térmica de média tensão como seccionadoras ou iso‐
(aquecimento) é o elemento com maior re‐ ladores em qualquer tipo de instalação.
sistência do conjunto ainda remanescente,

Anotações:

280 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO IV – LINHAS DE DISTRIBUIÇÃO

Figura 4.42 – Isoladores Aquecidos Suportando Tensão de Fase.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 4.42 O Termograma da esquerda está bem focado e com um enquadramento correto para
análise detalhada da anomalia. O Termograma da direita está com enquadramento
incorreto sem justificativa aparente já que, a partir desta distância, a terceira Fase
poderia ter sido incluída sem prejudicar a análise ou resolução de medição. A
emissividade para isoladores em porcelana é normalmente alta, entre 0,85 a 0,95, à
temperatura ambiente e na faixa de 7 – 14 µm. Para compreender como interpretar esse
Termograma e outros similares, verificar o texto descritivo deste Caso Particular 4.6.1. A
solução conservadora é a substituição completa da cadeia de isoladores. Mas na
impossibilidade, apenas o isolador frio deve ser substituído. Software: ThermaCAM
Reporter PRO 2002. Câmera: FLIR SC‐2000.

Alguns isoladores, por outro lado, equivalente de um defeito de baixo isola‐


apresentam assinaturas térmicas cuja ori‐ mento desse tipo, teria que levar em consi‐
gem não pode ser claramente definida. O deração a distribuição de correntes em
Termograma da Figura 4.43, apresenta um forma tridimensional e suas variações de re‐
caso em que há apenas um ponto quente na sistência igualmente complexas. De qual‐
superfície do isolador. Não há como saber se quer maneira, é um ponto onde há uma cor‐
se trata de um defeito interno, depósito de rente maior dissipando potência e que pode
poluente ou ainda enquadrar esse ponto na evoluir para uma falha.
categoria de resistores em série. O circuito

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 281


CAPÍTULO IV – LINHAS DE DISTRIBUIÇÃO

Figura 4.43 – Ponto quente na superfície de isolador.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 4.43 Termograma bem enquadrado e no foco para destaque da anomalia. Na subestação
34,5 kV, onde esta anomalia neste isolador foi encontrada, não havia espaço para colocar
as três Fases simultaneamente na mesma imagem. Além do mais, caso houvesse
distância adequada, as dimensões da anomalia e sua diferença de temperatura não
seriam suficientes para serem visualizadas com exatidão. Por outro lado, e como pode
ser observado na imagem ilustrativa
ao lado, a construção de uma impe‐
dância equivalente que represente a
divisão das correntes de fuga e expli‐
que este aquecimento pode ser bas‐
tante trabalhosa. A divisão de corren‐
tes em componentes elétricos nor‐
malmente é complexa e, caso fosse
necessário, para todos os casos de
correntes de fuga gerando aqueci‐
mentos, ou mesmo de conexões dis‐
sipando potência, seria necessária a
construção de modelos semelhantes
a essa malha. Afortunadamente isso
raramente é necessário e simplificações podem ser efetuadas com bons resultados. No
caso atual, o aquecimento pontual identificado na malha equivalente em amarelo
representa uma área onde a passagem de corrente é maior (e consequentemente a
dissipação de potência é maior) devido a uma deficiência interna ou superficial na rigidez
dielétrica do isolador. Caso o Inspetor houvesse capturado outra imagem da Fase
adjacente, permitindo a montagem de um panorama ou mosaico (Ver Volume 1, Capítulo
5, Item 5.1.12), para que mais de uma Fase pudesse ser avaliada simultaneamente, uma
em relação à outra, a confirmação qualitativa seria mais fácil. A emissividade à
temperatura ambiente na faixa de 3 – 5 µm ou 7 – 14 µm para porcelanas glasuradas
varia na média entre 0,85 a 0,95. Software: ThermaCAM Reporter PRO 2002. Câmera:
FLIR AGEMA 550, Lente: 10°.

Anotações:

282 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO IV – LINHAS DE DISTRIBUIÇÃO

4.7 GRAMPOS DE DESCIDA OU ESTRIBOS prensados em cabos nus e destinados à co‐


nexões de derivação. Atendem, de forma ge‐
ral, tanto a descidas para chaves fusíveis,
como para‐raios e seccionadoras e, por‐
tanto, devem se comportar como conexões
normais, sujeitos aos mesmos esforços. São
igualmente resistores e podem ser de diver‐
sos tipos como split‐bolt, Ampact, de com‐
pressão ou atarraxados.
Descrição Térmica: da mesma forma que ou‐
Figura 4.44 – Grampos de descida ou Estribos.
tras conexões de linha, os grampos devem
estar em equilíbrio térmico com tempera‐
Descrição Técnica: os grampos de descida ou tura de operação da linha e o meio ambi‐
de linha são componentes normalmente ente.
Exemplos:

Figura 4.45 – Exemplos de Estribos.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 4.45 O Termograma da esquerda já foi apresentado na Figura 4.30 como exemplo de conexão.
O Termograma da direita originariamente era destinado a destacar a anomalia no contato
superior da chave fusível. No entanto, devido a conter dois grampos de descida, está
sendo usado para destacar o comportamento normal ou aceitável de um grampo em bom
estado. O Termograma foi obtido utilizando uma teleobjetiva de 12° e está bem focado.
A solução é a usual: desmonte, Inspeção Visual cuidadosa em busca de sinais de corrosão,
limpeza e reaperto com torquímetro. Caso haja sinais de corrosão no assentamento na
linha, o estribo deve ser abandonado e outro ser instalado em local adjacente. Notar que
a paleta de cor está deslocada para o topo superior para permitir um maior detalhamento
da anomalia. Com o uso da teleobjetiva, o MIFOV está aceitável, a emissividade para
leitura de temperatura, em cabo, conector e grampo oxidados e, com depósito de
poluente sobre eles, pode variar entre 0,75 a 0,85, à temperatura ambiente e na faixa de
7 – 14 µm. Software: ThermaCAM Reporter PRO 2002. Câmera: FLIR SC‐2000, Lente: 12°.

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 283


CAPÍTULO IV – LINHAS DE DISTRIBUIÇÃO

Análise de Consistência: as regiões 4.8 GRAMPOS DE ANCORAGEM


mais susceptíveis de aquecimento são as co‐
nexões com os cabos de descida. É muito Descrição Técnica: os grampos de ancora‐
mais raro encontrar grampos com anomalias gem, ou alças, são dispositivos de fixação
térmicas na parte prensada. Casos em que mecânica pré‐formados para linhas de distri‐
ambas se apresentem aquecidas devem ser buição em média tensão, cabos em cruzetas
avaliados na procura da origem da anomalia ou outros tipos de estruturas. Não deve ha‐
que, em alguns casos, pode compreender ver circulação de corrente de frequência in‐
tanto a parte prensada como a conexão. As dustrial através deles, uma vez que estão iso‐
conexões em grampo para acionamento por lados da Terra pelos discos isolantes.
bastões de linha viva possuem uma possibi‐
lidade maior de apresentarem anomalias de‐
vido a terem uma frequência maior de ma‐
nuseio devido a desligamentos mais fre‐
quentes.
Recomendações de Intervenção:
grampos de descida com sinais de corrosão
Figura 4.46 – Grampos de Ancoragem.
devem ser abandonados e substituídos por
outro instalado próximo ao local original.
Deve ser lembrado que a corrosão acontece Descrição Térmica: Como não há corrente
nas duas superfícies em contato e, conse‐ de frequência industrial circulando pelo
quentemente, o conector do cabo deve tam‐ grampo, este não deve aquecer sob condi‐
bém ser substituído. Deve ser inspecionado ções normais de operação. Deve ser obser‐
também se a corrosão avançou para o cabo. vado, entretanto, que as ferragens de anco‐
Nesse caso, uma emenda no cabo, ou re‐ ragem, sendo construídas com materiais fer‐
forço, pode ser necessária. romagnéticos, estão sujeitas a aquecimen‐
tos significativos se não forem instaladas
corretamente. Caso haja contato entre as
ferragens ao longo das pontas, pode estabe‐
lecer‐se um fluxo magnético, proporcional à
corrente circulante, que gerará correntes pa‐
rasitas na ferragem e consequente aqueci‐
mento. A Figura 4.47 exemplifica essa possi‐
bilidade.

Anotações:

284 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO IV – LINHAS DE DISTRIBUIÇÃO

Figura 4.47 – Estabelecimento de correntes parasitas em grampo de ancoragem.

Exemplos:

Figura 4.48 – Exemplo de grampo de ancoragem aquecendo o cabo da linha.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 4.48 Grampos de ancoragem, via de regra, não são componentes construídos em alumínio e
sim em ligas metálicas a base de aço e galvanizadas. Portanto, possuem uma emissividade
baixa se for considerado o zinco como material de superfície. No entanto, como são
torcidos com um passo muito maior que os tentos do cabo, permitem o acúmulo de
poluente com muito mais facilidade, aumentando assim a emissividade superficial, à
temperatura ambiente na faixa de 3 a 5 µm, para valores na ordem de 0,7 a 0,85. O
Termograma apresentado está bem focalizado para a finalidade a que se destina, qual
seja estudar o comportamento da ancoragem. Como não é uma parte ativa da circulação
de corrente, não foi registrado na ocasião o comportamento das outas Fases e sim apenas
MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 285
CAPÍTULO IV – LINHAS DE DISTRIBUIÇÃO

FIGURA COMENTÁRIOS
o da anômala. Observar que a escala colorimétrica não apresenta a subdivisão em
temperaturas intermediárias porque, com o uso deste Software do fabricante, versão
2002, ao ser selecionado o ajuste de “Auto Palette” pode‐se observar melhor a
distribuição de temperaturas no objeto de interesse. Porém, as marcações intermediárias
não são apresentadas porque a correção é logarítmica. Nos Softwares atuais, essa função
foi substituída e aprimorada pela ferramenta “Histograma”. A amplitude térmica
utilizada na câmera para registro do Termograma foi de +30 – 150 °C, o que situa a
temperatura do objeto de interesse próximo ao limite superior. Essas opções devem ser
verificadas para cada fabricante de câmera e Software. Software: ThermaCAM Reporter
PRO 2002. Câmera: FLIR AGEMA 550, Lente: 12°.

Figura 4.49 – Grampo de ancoragem pré e pós‐manutenção.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 4.49 Termogramas bem focados e enquadrados apresentando outros casos de aquecimento
em grampos de ancoragem, pré e pós‐intervenção. Os ajustes de escala colorimétrica e
paletas de cor diferem para apresentar a melhor a situação encontrada. Emissividades
entre de 0,7 a 0,85 devido à antiguidade dos cabos e ferragem à temperatura ambiente
e na faixa de 7 – 14 µm ou 3 – 5 µm. Software: ThermaCAM Reporter PRO 2002. Câmera:
FLIR AGEMA 550, Lente: 20°.

Nos Termogramas apresentados na tos. O circuito das correntes parasitas nor‐


Figura 4.48, pode‐se observar, por ângulos malmente é fechado pela ferragem do
de visada diferentes, o aquecimento por in‐ grampo e alguns tentos que permitem a pas‐
dução nas ferragens da ancoragem, do sagem de corrente. Isso provavelmente
mesmo circuito antes e após a manutenção. ocorre devido à pressão do grampo sobre o
cabo pela tração exercida pelo peso próprio.
Análise de Consistência: muito em‐
Deve ser observado se a temperatura atin‐
bora a corrente de frequência industrial não
gida nesses componentes pode danificar os
circule por esses componentes, alguns aque‐
cabos tracionados. O caso da Figura 4.48
cem devido a correntes parasitas que circu‐
lam pelo material de que os grampos são fei‐ apresenta outra situação em que dois fato‐

286 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO IV – LINHAS DE DISTRIBUIÇÃO

res podem ser elencados como os causado‐ pré‐formado poderá elucidar qual a causa do
res do aquecimento. Notar que o pré‐for‐ aquecimento.
mado faz parte do circuito de divisão de cor‐ Recomendações de Intervenção:
rentes já que há um cabo passante acima dos grampos de ancoragem aquecidos devem
isoladores e outro por baixo. Nessa monta‐ ter o fechamento do circuito magnético in‐
gem, uma causa possível é o atrito sucessivo terrompido. Isso pode ser conseguido afas‐
causado pela contração e dilatação sucessiva tando‐se as partes em contato ou pela insta‐
da linha contra o pré‐formado, eventual‐ lação de fita isolante Auto Fusão nas suas ex‐
mente diminuindo a secção quadrada do tremidades, desde que o circuito magnético
cabo. Outra hipótese explicativa seria supor não feche em outro ponto de sua extensão.
que o cabo da linha está rompido por dentro Da mesma forma, o estado do cabo sob o
do pré‐formado, fazendo com que a cor‐ grampo deve ser inspecionado em busca de
rente de Fase passe pelo metal da alça em corrosão, redução de secção quadrada, ten‐
vez de pelo cabo. Apenas o desmonte do tos rompidos ou esgarçamento.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 287


CAPÍTULO IV – LINHAS DE DISTRIBUIÇÃO

4.9 PARA‐RAIOS DE LINHA Classe 15 kV ou 22 kV. Os Para‐raios devem


apresentar, sob tensão e frequência industri‐
ais, correntes nominais de fuga baixas, na or‐
dem de miliampéres.
Os dois tipos mais em uso são o de Óxido de
Zinco, um semicondutor, e os antigos de Car‐
boneto de Silício. Independentemente de
sua constituição interna, seu comporta‐
mento térmico esperado é de equilíbrio com
o meio ambiente ou aquecido proporcional‐
mente devido à radiação solar e seu lado de
incidência.
Descrição Térmica: qualquer variação na
assinatura térmica uniforme nos corpos dos
Figura 4.50 – Para‐raios de Linha. Para‐raios deve ser pesquisada para a
confirmação de defeito. As mesmas consi‐
Descrição Técnica: as mesmas definições, derações de operação e consistência para os
descrições, comportamento elétrico e tér‐ Para‐raios tipo Estação de Alta Tensão (Item
mico para os Para‐raios tipo Estação de Alta 3.3) se aplicam aqui.
Tensão (Item 0) valem para os para‐raios
Exemplos:
instalados em postes de Média Tensão –

Figura 4.51 – Para‐raios SiC e ZnO com fuga para a Terra.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 4.51 Termogramas enquadrados corretamente e com amplitude térmica adequada às
anomalias identificadas. Observar que no Termograma da direita o tanque do
transformador está saturado pela cor branca (limite superior da escala colorimétrica),
uma vez que o objeto de interesse é o Para‐raios que está com uma temperatura máxima
inferior à do tanque. Caso fosse utilizado o ajuste automático da câmera ou do Software,
muito provavelmente não haveria o destaque suficiente para que a anomalia no Para‐
raios fosse descoberta. Para‐raios não admitem manutenção e, portanto, a solução é a
substituição de ambos. Para Para‐raios com corpo em porcelana ou polímero, a
emissividade à temperatura ambiente na faixa de 7 – 14 µm ou 3 – 5 µm é alta, entre 0,8

288 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO IV – LINHAS DE DISTRIBUIÇÃO

a 0,9. Mesmo assim, a resolução de medição deve ser atendida. Software: ThermaCAM
Reporter PRO 2002. Câmera: FLIR AGEMA 550 e FLIR SC‐660. Lentes: 20° e 24°.

Figura 4.52 – Anomalias térmicas em Para‐raios de linha.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 4.52 O Termograma da esquerda, com apenas 5 °C de amplitude térmica consegue uma boa
profundidade de campo, conseguindo colocar os três Para‐raios em uma mesma imagem.
O fundo da imagem granulado é devido ao ruído de fundo do sensor. A barra de suporte
dos Para‐raios poderia estar um pouco mais para baixo na imagem, a fim de permitir uma
leitura de temperaturas mais exata, mas esse erro não é significativo, uma vez que as
anomalias estão justamente nas extremidades da imagem. O Termograma da direita, por
sua vez, apresenta uma amplitude térmica bem maior, o que, no contexto na anomalia,
não prejudica a sua identificação e nem a medição de temperaturas. O fato de ter sido
obtido com uma teleobjetiva de 12° não permite que os demais Para‐raios das demais
Fases estejam presentes na imagem devido ao ângulo em que foi obtida. Para‐raios não
admitem manutenção e, portanto, a solução é a substituição de ambos. No caso do
Termograma da esquerda, a emissividade a ser utilizada é a da base do Para‐raios e não
a do parafuso de fixação. Como são corpos de polímero e porcelana, a emissividade à
temperatura ambiente na faixa de 7 – 14 µm pode ser ajustada entre 0,85 e 0,95.
Software: ThermaCAM Reporter PRO 2002. Câmeras: FLIR AGEMA 550 e FLIR SC‐2000,
Lentes: 20° e 12°.

Figura 4.53 – Para‐raios com um elemento interno em bom estado e os demais em curto.

Anotações:
MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 289
CAPÍTULO IV – LINHAS DE DISTRIBUIÇÃO

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 4.53 Ambos os Termogramas foram obtidos com amplitude térmica de aproximadamente
5 °C. O Termograma da esquerda apresenta os três Para‐raios alinhados de forma a
permitir uma comparação da distribuição térmica. O foco óptico está centrado no
componente do meio, uma vez que se fosse focalizado no elemento com defeito, o último
poderia ficar desfocado demais. Já o Termograma da direita está bem focado e apresenta
apenas o componente defeituoso devido à presença do disjuntor de média tensão,
ocultando os demais. Para‐raios não admitem manutenção e, portanto, a solução é a
substituição de ambos. Para os dois casos, emissividades à temperatura ambiente na
faixa de 3 – 5 µm ou 7‐14µ de 0,85 a 0,95 permitirão leituras razoáveis de temperatura.
Software: ThermaCAM Reporter PRO 2002. Câmeras: FLIR SC‐2000 e FLIR AGEMA 550.

Figura 4.54 – Para‐raios ZnO durante chuva e após dois dias com tempo seco e sol.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 4.54 O mesmo Para‐raios é o objeto de interesse nesses dois Termogramas, obtidos em datas
diferentes. Ambos estão bem focalizados e a maior diferença entre as duas imagens é a
escala colorimétrica. Como o propósito dos Termogramas era demonstrar a variação de
temperatura de um componente ao longo do tempo, as duas imagens foram obtidas em
momentos diferentes. Disso resultou também que o Transformador apresentava cargas
diferentes. Devido a essa contingência, e para conseguir uma imagem correta dos Para‐
raios, as escalas tiveram de ser ajustadas com o foco térmico no Para‐raios de interesse,
fazendo com que, na imagem da esquerda, o tanque do transformador ficasse saturado
por ter sua temperatura acima do limite superior da escala. Esse ajuste não prejudica a
leitura de temperatura do objeto de interesse, caso o objetivo seja fazer uma análise
quantitativa. Nesse caso, e para Para‐raios em polímero, a emissividade à temperatura
ambiente, e na faixa de 7 – 14 µm, pode ser atribuída com valores entre 0,85 e 0,95 com
precisão razoável. Para diagnósticos qualitativos, o único ajuste de interesse é o do Para‐
raios. Software: ThermaCAM Reporter PRO 2002. Câmera: FLIR SC‐2000 e FLIR SC‐660.

Análise de Consistência: da mesma forma de anel ou área na superfície de um


forma que em Para‐raios de Alta Tensão e Para‐raios, com Deltas T tão pequenos
em muflas, aquecimentos pontuais, em quanto 1 °C em relação ao meio ambiente,

290 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO IV – LINHAS DE DISTRIBUIÇÃO

ou a elementos adjacentes, já permitem que Caso Particular: no caso da Figura


o componente seja condenado. Isso se deve 4.54, é ressaltada a importância do ajuste
a esse tipo de assinatura corresponder à for‐ correto da câmera infravermelha para que
mação de um caminho de corrente de fuga possam ser distinguidos e identificados com
interno para a Terra. Uma vez que esse cami‐ clareza os fenômenos térmicos que estão
nho já está aberto, é possível, senão prová‐ ocorrendo em um determinado equipa‐
vel, a contaminação por umidade. O prog‐ mento. No Termograma da esquerda, foi uti‐
nóstico é de comportamento imprevisível lizado apenas o ajuste automático da câ‐
devido a não haver controle sobre as dimen‐ mera. Utilizando essa função, a câmera ajus‐
sões do caminho já aberto, as condições in‐ tou – corretamente – os limites da imagem
ternas do para‐raios e as características do térmica para a temperatura máxima e mí‐
próximo surto atmosférico ou de manobra nima presentes na área que estava sendo fo‐
que atingirá o componente. No entanto, calizada. Com essa configuração, pouco se
caso um Para‐raios se apresente uniforme‐ pode distinguir além da lâmpada aquecida
mente não‐aquecido (frio), nada se pode di‐ presente no poste. Já no Termograma da di‐
zer sobre seu estado interno. Mas, e pelo reita, foi efetuado um ajuste manual da ima‐
contrário, se apresentar algum tipo de so‐ gem, onde o transformador aparece satu‐
breaquecimento, deve ser condenado. Esse rado, mas destacam‐se as anomalias nos três
é o caso dos Para‐raios apresentados na ima‐ Para‐raios. Observe‐se que na imagem da es‐
gem do lado esquerdo da Figura 4.51. É pos‐ querda o limite superior era de 88,0 °C e, na
sível observar nesse Termograma que o da direita, de 23,2 °C e que, por sua vez, o
Para‐raios da Fase do Meio está pratica‐ limite inferior continuou inalterado. Esse
mente invisível no térmico, indicando que novo ajuste permitiu identificar as anomalias
não possui nenhum tipo de aquecimento. No nos Para‐raios com o evidente sacrifício da
entanto, os Para‐raios das Fases laterais representação térmica do transformador.
apresentam‐se também uniformemente Como após uma Inspeção cuidadosa se apre‐
aquecidos, com apenas 2 °C de diferença sentava normal, ou aceitável, não há preju‐
com relação ao meio ambiente. Caso não ízo neste ajuste para a representação satu‐
apresentassem o aquecimento na sua cone‐ rada do transformador. Sempre que houve‐
xão com o cabo de aterramento, provavel‐ rem objetos sujeitos à anomalias em baixas
mente passariam despercebidos. E, no en‐ temperaturas, o ajuste manual é imprescin‐
tanto, estão tão danificados que o local com dível para a correta avaliação. O Inspetor
maior resistência para a passagem da cor‐ deve estar capacitado a trabalhar com ajus‐
rente de fuga, é o parafuso de conexão. tes manuais em sua câmera e com imagens
Nesse caso específico, a recomendação é a saturadas na busca de anomalias de pe‐
substituição dos três elementos que, even‐ quena intensidade.
tualmente, estiveram submetidos aos mes‐
mos surtos de tensão e condições ambien‐
tais.

Anotações:
MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 291
CAPÍTULO IV – LINHAS DE DISTRIBUIÇÃO

Figura 4.55 – Ajustes revelam anomalias não detectáveis no modo automático.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 4.55 O mesmo Termograma é apresentado com dois ajustes de amplitude térmica. O foco
óptico centrado no poste está correto. O enquadramento, por sua vez, está quase
correto, apresentando um deslocamento dos objetos de interesse para cima; seria
melhor se houvesse ficado centrado. De qualquer maneira, o ajuste da amplitude
térmica em duas situações diferentes permite discriminar uma anomalia dificilmente
visível se usado tanto o ajuste automático da câmera como o do Software. Para
medições radiométricas, à temperatura ambiente na faixa de 3 – 5 µm, Para‐raios
com corpo de porcelana utilizam emissividades entre 0,85 a 0,95. Software:
ThermaCAM Reporter PRO 2002. Câmera: FLIR AGEMA 550.

Recomendações de Intervenção: ses em função de que podem ter estado su‐


Para‐raios frios não são garantia de que es‐ jeitos às mesmas sobretensões e, eventual‐
tejam íntegros e funcionais internamente. mente, não estarem mais respondendo ade‐
Como não há indicação térmica de anomalia, quadamente. Nos casos de Para‐raios com
deverão ser considerados normais. Já Para‐ sinais inequívocos de aquecimento interno,
raios com sinais térmicos anelados ou não, há ainda o risco de explosão em função de
de aquecimento em seu corpo, possuem surtos de manobra e/ou descargas atmosfé‐
forte evidência de que já não isolam adequa‐ ricas que trafeguem pela linha. Há ainda al‐
damente a tensão de frequência industrial guns casos de erro de montagem que podem
para a Terra. Esses sobreaquecimentos são vir a danificar o Para‐raios, como o da Figura
também a indicação de que muito provavel‐ 4.56. Nesse caso, o cabo da linha de MT foi
mente já não atuarão de acordo com suas seccionado e o montador se aproveitou da
curvas de operação, pondo em risco os equi‐ conexão superior do Para‐raios para fazer a
pamentos que deveriam proteger. A única emenda. Assim sendo, o Para‐raios passou a
intervenção possível é a substituição. A Ge‐ fazer parte do circuito de potência e, um
rência responsável, devido ao baixo custo mau contato nesta conexão poderá levar,
desses equipamentos, deverá considerar a além da interrupção de fornecimento, à
substituição dos três Para‐raios nas três Fa‐ perda de função e eventual destruição do
Para‐raios.

292 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO IV – LINHAS DE DISTRIBUIÇÃO

Figura 4.56 – Erro de montagem em Para‐raios.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 4.56 Termograma bem focado e bem enquadrado. Escala colorimétrica, amplitude térmica e
paleta de cor adequada. Devido à instalação incorreta, deve ser lembrado que, para
medições radiométricas, a emissividade a ser utilizada deve ser a da conexão e não a do
corpo do Para‐raios. Visualmente a conexão no topo do componente deve apresentar um
valor menor do que a porcelana. Caso a resolução espacial da câmera permita a medição
só na conexão, a função área utilizada estará lendo a temperatura da porcelana como a
máxima e não a da conexão. Há duas soluções para esse impasse: uma é utilizar uma
lente teleobjetiva que permita um detalhamento suficiente para a leitura mais precisa da
temperatura. A outra, mais econômica, é admitir um erro de leitura conhecido e adotar
as providências necessárias. De qualquer maneira, a emissividade adotada à temperatura
ambiente na faixa de 7 – 14 µm, deverá ser anotada explicitamente para
acompanhamento. No caso deste Termograma, optou‐se por utilizar a emissividade da
porcelana, uma vez que a parte próxima à conexão se apresentava igualmente
sobreaquecida. Caso fosse utilizada uma emissividade mais baixa, na ordem de 0,6, a
temperatura medida seria muito maior, sem ganho significativo em termos de urgência
de atendimento. Software: ThermoCom IRAnalyzer. Câmera: V384S.

Ajustes da Câmera: casos em que tude térmica fixo. Neste caso, basta então di‐
objetos de interesse, como Para‐raios ou co‐ recionar a câmera para um local ou objeto
nexões estejam no mesmo campo de visão próximo que tenha uma pequena amplitude
que outros objetos muito mais aquecidos, térmica e, depois de fixar esse ajuste, apon‐
como na Figura 4.55, necessitam que os ajus‐ tar para o objeto de interesse. Talvez sejam
tes manuais da câmera sejam efetuados di‐ necessárias diversas tentativas para conse‐
versas vezes até que se consiga uma ampli‐ guir um ajuste adequado.
tude térmica ou span que os diferencie ade‐ É igualmente recomendável esco‐
quadamente, independente de áreas de não lher um posicionamento que permita um ân‐
interesse se apresentarem saturadas. Na im‐ gulo favorável para a obtenção da imagem e
possibilidade de uso do ajuste manual, um que apresente o Para‐raios em diferentes
caminho alternativo é possível desde que a ângulos. Isso é necessário porque, eventual‐
câmera permita manter o ajuste de ampli‐
mente, pode haver distribuições térmicas vi‐
síveis por um lado e por outro não.
MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 293
CAPÍTULO IV – LINHAS DE DISTRIBUIÇÃO

4.9.1 ESTUDO DE CASO 5: Para‐raios ZnO menta, a corrente de fuga também au‐
menta, fazendo com que o T entre o Para‐
Para‐raios com anomalias também raios defeituoso e o em bom estado da Fase
podem apresentar ciclos térmicos. Em tese, Direita aumente). A circulação de corrente
mesmo a corrente de fuga na tensão e fre‐ por si só aquece o corpo do Para‐raios fa‐
quência industriais deve variar lentamente, zendo com que a contaminação por água di‐
aumentando de acordo com o passar do minua e, eventualmente, se extinga. Além
tempo, seguindo a deterioração cumulativa do mais, a interrupção do fator contami‐
do meio isolante, independentemente de nante (água, chuva, neblina ou simples‐
quais sejam as pastilhas, SiC ou ZnO. No en‐ mente alta umidade relativa do ar) também
tanto, o acompanhamento periódico de um faz com que a distribuição térmica, causada
Para‐raios defeituoso pode revelar que a por contaminação, varie ao longo do tempo.
temperatura varia não apenas com a tempe‐ Assim, e devido ao acréscimo dos fatores im‐
ratura ambiente, mas também de acordo previsíveis de surtos de manobra ou atmos‐
com contaminação e progressão da anoma‐ féricos, o componente seguirá oscilando sua
lia. O Para‐raios de ZnO da Fase Esquerda, na temperatura até que feche um curto contra
Figura 4.57, apresenta esse comportamento, a Terra, eventualmente explodindo e inter‐
que pode ser verificado no gráfico da Figura rompendo o fornecimento de energia ao
4.58. Nos dois Termogramas são apresenta‐ consumidor.
das duas situações: uma com tempo bom
(esq.) e outra com tempo chuvoso (dir.)
(quando a contaminação por umidade au‐

Figura 4.57 – Para‐raios com fugas de corrente baixa e alta (Esq. e Dir.).

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 4.57 O Para‐raios da Figura 4.56 é apresentado nesta Figura como exemplo de
acompanhamento periódico. O Termograma da direita aparece com menos nitidez que o
da esquerda por ter sido obtido durante uma chuva, que causou a perda de resolução
dos componentes mais próximos à temperatura ambiente, como cruzeta, cabos e Para‐
raios frios. A incidência da água proveniente da chuva baixou a temperatura absoluta do
Para‐raios, mas aumentou o Delta em relação aos Para‐raios adjacentes e não

294 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO IV – LINHAS DE DISTRIBUIÇÃO

FIGURA COMENTÁRIOS
contaminados. Ambos estão bem focados e enquadrados. As amplitudes térmicas estão
adequadas e a falta de resolução no Termograma da direita se deve à presença de água
na atmosfera conforme mencionado. A emissividade à temperatura ambiente na faixa de
7 – 14 µm ou 3 – 5 µm, nas duas situações, foi de 0,85, uma vez que os Para‐raios eram
de ZnO recobertos com isolador de polímero Software: ThermaCAM Reporter PRO 2002.
Câmera: FLIR SC‐660.

Figura 4.58 – Curva de variação do Delta T em relação a um Para‐raios em bom estado.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 295


CAPÍTULO IV – LINHAS DE DISTRIBUIÇÃO

4.10 TRAFOS EM POSTES óleo isolante na maioria dos casos, núcleo,


bobinas primária e secundária.
Descrição Térmica: termicamente os trans‐
formadores energizados devem, na maioria
dos casos, apresentar algum aquecimento,
mesmo que estejam sem carga. Isso se ex‐
plica devido a que sempre há perdas no nú‐
cleo devido à corrente de magnetização.
Normalmente devido ao seu sistema de re‐
frigeração por convecção natural, o aqueci‐
mento se concentra no topo do transforma‐
dor por ser a região onde o óleo mais aque‐
cido se dirige para circular pelas aletas e ser
Figura 4.59 – Trafos em Postes. refrigerado. A exceção são transformadores
a vazio em situações de baixa temperatura
Descrição Técnica: transformadores em pos‐ ambiente. Por outro lado, em situações de
tes são frequentemente utilizados em redes temperatura ambiente alta, deve ser lem‐
aéreas de distribuição ou para consumidores brado que a temperatura do transformador,
industriais individuais. Apesar de não tão so‐ e consequentemente do óleo, sempre será a
fisticados, são tão transformadores quanto soma das duas temperaturas, a do ambiente
os de grande porte, apenas com menos re‐ e a do trafo. E quando sob carga, a tempera‐
cursos e menos dispositivos de proteção. tura não deve ultrapassar a especificação li‐
São constituídos de buchas primárias e se‐ mite para o óleo isolante.
cundárias, conexões, radiadores ou aletas,

Anotações:

296 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO IV – LINHAS DE DISTRIBUIÇÃO

Exemplos:

Figura 4.60 – Trafo normal em poste (Esq.) e mau contato interno em Secundário (Dir.).

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 4.60 Termogramas bem enquadrados e bem focalizados. O Termograma da esquerda tem sua
escala colorimétrica ajustada para a melhor visualização, chegando próximo ao fim de
escala da câmera (‐40 °C). Já no Termograma da direita é possível observar um serrilhado
nas linhas verticais, que era uma característica de ajuste da câmera criogênica utilizada.
A distribuição térmica da bucha da Fase X3 no Termograma da direita evidencia um
problema interno no Transformador, provavelmente um mau contato. Neste caso, é
necessário o desligamento e retirada do trafo para abertura e manutenção. O risco da
não intervenção é a explosão do transformador, uma vez que não se sabe há quanto
tempo se encontra neste estado e nem quais temperaturas já foram alcançadas. Como
as buchas do secundário são em porcelana, a emissividade à temperatura ambiente na
faixa de 3 – 5 µm ou 7 – 14 µm para leitura de temperatura, nesse caso, é de 0,85 a 0,95.
Software: ThermaCAM Reporter PRO 2002. Câmera: FLIR SC‐2000 e FLIR AGEMA 550.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 297


CAPÍTULO IV – LINHAS DE DISTRIBUIÇÃO

Figura 4.61 – Anomalias em Primário e Secundário em Trafo em Poste.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 4.61 Ambos os Termogramas estão com suas amplitudes térmicas bem ajustadas permitindo
a discriminação da maioria de componentes presentes. O Termograma da esquerda está
focado corretamente e bem enquadrado para a anomalia em questão. O secundário do
transformador do Termograma da direita está bem focado, mas o enquadramento é
dificultado pela montagem e disposição dos cabos. Em muitos casos, será difícil obter
uma boa visualização, unicamente por problemas de disposição dos componentes,
sobreposição de outros elementos ou simplesmente impossibilidade de visada. Nessas
situações, a melhor visada, ainda que deficiente em alguns aspectos, deve ser registrada
e a descrição verbal da anomalia deve ser enriquecida de detalhes para diminuir ao
máximo a chance de erros. Por sua vez, a anomalia de pequena intensidade na conexão
da bucha primária H3 pode ser um simples mau contato que exija desmonte, Inspeção
Visual cuidadosa e reaperto. Não obstante, a pequena dimensão térmica, no caso de uma
evolução repentina, ou falta de energia, poderá ser o custo menor para um rompimento
de cabo de Média Tensão. Para medições radiométricas, conexões em primários e
secundários em transformadores em poste, caso a resolução espacial de medição seja
adequada, é possível utilizar emissividades entre 0,75 e 0,85 à temperatura ambiente e
na faixa de 7 – 14 µm ou 3 – 5 µm. Software: ThermaCAM Reporter PRO 2002. Câmera:
FLIR SC‐2000 e FLIR AGEMA 550. Lentes: 24° e 10°.

Figura 4.62 – Anomalias em Secundário de Trafos em Poste.

Anotações:

298 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO IV – LINHAS DE DISTRIBUIÇÃO

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 4.62 Dois Termogramas com ajustes de amplitudes térmicas e escalas colorimétricas (paletas
de cor) diferentes. Observar que mesmo com ajustes diferentes, a visualização das
anomalias fica evidente. Como no caso do Termograma da direita da Figura 4.61, a visada
dos elementos adjacentes está obstruída por outros elementos. A recomendação é:
enriquecer a descrição verbal da anomalia para permitir a sua correta localização. Caso a
resolução espacial de medição seja adequada para medir a temperatura em conexões de
secundários em transformadores em poste, uma emissividade entre 0,75 e 0,85 é
adequada para medições à temperatura ambiente na faixa de 3 – 5 µm ou 7 – 14 µm. A
solução é tradicional: abertura da conexão para Inspeção Visual cuidadosa. Na ausência
de corrosão, limpeza e reaperto com torquímetro. Caso haja sinais de corrosão,
eventualmente o trafo terá de ser removido para manutenção em oficina especializada.
Software: ThermaCAM Reporter PRO 2002. Câmera: FLIR SC‐2000, Lente: 12°.

Figura 4.63 – Trafo com baixo nível de óleo – Aletas de refrigeração sem circulação de óleo.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 4.63 Termograma bem focado e bem enquadrado. No entanto, o ajuste da amplitude térmica
e a escala colorimétrica deixam a desejar por não tornarem claros os componentes
adjacentes como os cabos do secundário e o poste. A solução para este problema não
está na mudança da amplitude tér‐
mica e sim na paleta de cor, como se
pode verificar na Figura ao lado. A es‐
colha da paleta de cor adequada pode
mudar completamente a interpreta‐
ção e extensão de uma anomalia. Em
alguns casos como esse, ela pode faci‐
litar a identificação do local de inte‐
resse sem alterar a medição de tem‐
peraturas. Para a medição de
temperatura nos cascos de um transformador de poste e à temperatura ambiente, na
faixa de 3 – 5 µm ou 7 – 14 µm, deve ser considerada a emissividade da tinta que o
recobre. Nesse caso, de 0,89 a 0,94 é um valor adequado. Software: ThermaCAM
Reporter PRO 2002. Câmera: FLIR SC‐2000, Lente: 12°.

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 299


CAPÍTULO IV – LINHAS DE DISTRIBUIÇÃO

Figura 4.64 – Fundo de tanque de óleo em Trafo 125 kVA.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 4.64 Termograma bem focado e bem enquadrado. Núcleos de transformadores de
distribuição costumam ser assentados em vigotes ou chapas de madeira impregnada em
óleo isolante, que, por sua vez, não marcam termicamente o fundo dos tanques (Ver
Figura 4.54 e Figura 4.63). No entanto, e mais recentemente, alguns modelos têm
apresentado essa característica térmica no fundo dos seus tanques. As causas mais
prováveis são um suporte mais fino, tipo papel impregnado ou nenhum mesmo. Nesse
caso, o entreferro do trafo encosta diretamente sobre a chapa. No caso do
transformador, no momento da Inspeção a carga era bastante baixa, o que se pode
observar pela pequena diferença de temperatura entre o topo do óleo e a base do
tanque. De qualquer maneira, a vibração de 60 Hz e a temperatura do núcleo a plena
carga (na faixa de 100 °C) poderão ter efeitos indesejados a longo prazo. É recomendável
acompanhar o desempenho térmico dessa assimetria ao longo do tempo,
preferencialmente em horários de carga alta. Variações acima da temperatura esperada
para o entreferro deverão ser comunicadas à Gerência responsável para avaliação das
medidas possíveis. Para a medição de temperatura nos cascos de transformadores de
poste e à temperatura ambiente e na faixa de 3 – 5 µm ou 7 – 14 µm, deve ser
considerada a emissividade da tinta que o recobre. Nesse caso, de 0,85 a 0,94 é um valor
adequado. Software: ThermaCAM Reporter PRO 2002. Câmera: FLIR SC‐2000, Lente: 12°.

Análise de Consistência: os trans‐ contato muitas vezes são visíveis externa‐


formadores devem apresentar assinaturas mente se a temperatura gerada interna‐
térmicas compatíveis com a sua carga e com mente aquece suficientemente o óleo para
o seu sistema de refrigeração sejam eles ale‐ criar uma região aquecida ou se, por condu‐
tados ou com radiadores. Qualquer anoma‐ ção, o calor gerado internamente é repas‐
lia ou ponto quente localizado em uma de sado para fora (Figura 4.60 4.60 da Direita).
suas paredes, e que não possua justificativa Devido à instalação em postes, raramente é
técnica para sua existência, deve ser anali‐ possível inspecionar as buchas primárias de
sado cuidadosamente. As conexões das bu‐ porcelana em busca de trincas e baixo isola‐
chas primárias e secundárias devem estar mento, salvo em casos de instalação baixa
equilibradas com a cablagem com a qual es‐ ou visada por edifícios próximos ou morros.
tão conectadas. Problemas internos de mau Em alguns casos, como o da Figura 4.63, é

300 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO IV – LINHAS DE DISTRIBUIÇÃO

possível verificar que o nível do óleo se en‐ cuidadosamente inspecionadas. No caso de


contra baixo. Nesse caso, a pergunta óbvia é: ser detectada corrosão nos assentamentos,
para onde foi o óleo que deveria estar no nem sempre será viável a manutenção ou re‐
tanque? Caso houvesse um vazamento, os tificação das superfícies e a recomendação é
resíduos deveriam ser observados imediata‐ a retirada de operação do trafo para substi‐
mente abaixo dele. As causas mais prováveis tuição do componente corroído. Ainda,
são um erro no enchimento do tanque du‐ deve‐se prestar atenção à interpretação da
rante uma manutenção, ou vazamento du‐ origem do aquecimento, ou seja, se o pro‐
rante o transporte. blema é externo ao tanque ou se provém de
mau contato interno, principalmente nos ca‐
Recomendações de Intervenção:
sos de secundários. Problemas de origem in‐
da mesma forma que transformadores de
terna implicarão na retirada do transforma‐
potência maior, cada trafo deve sofrer inter‐
dor e na sua abertura para reparo. Proble‐
venções de acordo com a anomalia detec‐
mas nas buchas secundárias ou primárias,
tada. Problemas em conexões deverão ser
embora de difícil visualização devido ao ân‐
tratados como tal com desmonte, Inspeção
gulo de visada, implicarão na sua substitui‐
Visual cuidadosa, limpeza e reaperto. Se o
ção. É possível verificar também o nível do
aquecimento houver deteriorado a ponta
óleo e, no caso de baixo nível, avaliar a pos‐
dos cabos, elas deverão ser cortadas ou os
sibilidade de completar o nível do óleo ou a
cabos substituídos. A deterioração de pontas
substituição do trafo.
de cabos, por sua vez, pode indicar corrosão
no assentamento dos cabos e, dessa forma,
as conexões e/ou conectores deverão ser

Figura 4.65 – Anomalia em rede da Baixa Tensão.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 4.65 Termograma bem focado e bem enquadrado. Redes de Baixa Tensão também estão
sujeitas à anomalias, por vezes severas. As correntes são significativamente maiores que
as em Média Tensão e os esforços de dilatação e contração são mais intensos devido aos
horários de pico de consumo diários. No caso deste Termograma, é possível verificar que
não apenas a conexão da Fase do Meio foi afetada, mas que também o cabo de jump da
Fase Superior se apresenta severamente aquecido. A intervenção de manutenção
necessitará de um desligamento para substituição do trecho de cabo e, eventualmente,
MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 301
CAPÍTULO IV – LINHAS DE DISTRIBUIÇÃO

do conector. Soluções do tipo limpeza e reaperto não são recomendadas pelo risco de
reincidência e pelo baixo custo do reparo correto. As consequências de uma falha neste
local são diversos consumidores desligados, gerando lucro cessante para a
concessionária. Além do mais, as maiores chances de falha estão nos horários de maior
corrente, causando assim transtornos maiores. Para a medição de temperatura nos cabos
de Baixa Tensão, deve ser considerado se são novos ou estão severamente oxidados e
com depósito de poluentes sobre eles. De forma mais comum, são instalações antigas e,
à temperatura ambiente e na faixa de 3 – 5 µm ou 7 – 14 µm, a emissividade pode variar
de 0,75 a 0,85. Para cabos novos, e nesse estado, as temperaturas reais deverão ser muito
mais altas do que o medido devido à baixa emissividade do alumínio novo. Software:
ThermaCAM Reporter PRO 2002. Câmera: FLIR SC‐2000, Lente: 12°.

4.11 REGULADORES DE TENSÃO lados mais comumente em linhas de distri‐


buição com comutação automática de tap’s.
Sua função é regular quedas de tensão auto‐
maticamente quando da entrada de cargas
de grande porte conectadas à linha, ou ao
contrário, evitando elevações de tensão
quando da queda ou saída dessas cargas. São
instalados aos pares em sistemas em triân‐
gulo e, mais raramente, em trios em siste‐
mas estrela aterrada.
Descrição Térmica: autotransformadores,
devido aos pequenos acréscimos ou decrés‐
cimos de tensão, não devem apresentar
aquecimentos significativos em seus tan‐
ques. As distribuições térmicas deverão se
comportar como em transformadores co‐
Figura 4.66 – Regulador de Tensão.
muns, com o óleo mais aquecido no topo e
os radiadores com decréscimos de cima para
Descrição Técnica: reguladores de tensão
baixo. Seus pontos mais susceptíveis de
são autotransformadores monofásicos insta‐
apresentar anomalias por aquecimento são
as conexões nas buchas.

Anotações:

302 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO IV – LINHAS DE DISTRIBUIÇÃO

Exemplos:

Figura 4.67 – Bucha com anomalia externa em Regulador de Tensão.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 4.67 O Termograma apresenta um Regulador de Tensão, Classe 15 kV, instalado em um
sistema triângulo. A bucha superior de entrada apresenta um mau contato, cujo
aquecimento está se propagando pelo pavio ou varão de entrada, em direção ao
enrolamento. Pela distribuição térmica do tanque do Regulador e pelos radiadores,
observados a partir do chão, não é
possível obter nenhuma informação
significativa sobre o estado interno.
Mas, pela visada a partir do morro
atrás do regulador (Figura ao lado),
pode‐se observar que toda a bucha
está aquecida. Isso implica em que a
bucha deverá ser desmontada em
campo para Inspeção e manutenção.
Como não se sabe se internamente
há um pavio ou um varão, pode‐se apenas especular: a probabilidade que melhor explica
essa distribuição térmica é haver um pavio que esteja oxidado entre os tentos. Mas isso
só poderá ser confirmado na abertura da bucha. A manutenção em si pode ser simples:
desligamento, desmonte, Inspeção Visual cuidadosa em busca de sinais de corrosão ou
oxidação. Caso positivo, avaliar a possibilidade de recuperação dos assentamentos e
pavio em campo. Em caso contrário, o tanque terá de ser aberto para troca do pavio até
o enrolamento. Um teste de isolamento da bucha é recomendável. Normalmente este
serviço não pode ser executado em campo devido à instalação do regulador e a
contaminação do óleo, sendo necessária a retirada de operação e execução do serviço
em oficina técnica. Na imagem ao lado, pode‐se observar o mesmo Regulador de Tensão
seis meses após a imagem anterior, sendo que foi efetuada apenas uma manutenção nas
conexões externas. Como é possível observar, houve uma redução nas temperaturas das
conexões em todas as buchas, mas a anomalia interna ainda permanece não resolvida.
Para medição radiométrica na faixa de 7 – 14 µm ou 3 – 5 µm, deve‐se utilizar a
emissividade para porcelana, na ordem de 0,85 a 0,95. Software: ThermoCom IRAnalyzer.
Câmera: ThermoCom V384S, Lente: 22°.

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 303


CAPÍTULO IV – LINHAS DE DISTRIBUIÇÃO

Figura 4.68 – Regulador de Tensão com anomalia interna em bucha de porcelana.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 4.68 O Termograma apresenta um Regulador de tensão em que a anomalia se apresenta em
dois pontos da bucha de porcelana: na conexão superior, onde está evidentemente mais
aquecida e na base da porcelana. O que não é possível concluir por este ângulo de visada
é se há apenas a anomalia da conexão que, por condução desce pelo pavio ou varão até
encostar‐se à porcelana ou se há uma
segunda anomalia interna que está
aquecendo a base da bucha. Já na imagem
ao lado, feita pelo lado oposto a partir do
morro, fica claro que há uma anomalia na
base da bucha. A solução é a
desmontagem da bucha para avaliação, se
possível, da conexão interna. Um teste de
isolamento na bucha contra a massa
também deve ser aplicado. Caso seja possível, as ações a serem tomadas dependerão do
resultado obtido. Caso nada seja observado, deve‐se efetuar a manutenção na conexão
superior e, depois de terminado o serviço, efetuar nova Termografia para verificar se a
anomalia da base desapareceu. Em caso afirmativo, a origem era da conexão com a linha.
Caso a anomalia não desapareça, e a anomalia da conexão com a linha tenha sido
eficazmente solucionada, o defeito é interno e o regulador terá de ser retirado de
operação para abertura e Inspeção do estado dos componentes internos. Para medição
radiométrica na faixa de 7 – 14 µm ou 3 – 5 µm, deve‐se utilizar a emissividade para
porcelana, na ordem de 0,85 a 0,95. Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO 2002.
Câmera: FLIR T‐300, Lente: 15°.

Anotações:

304 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO IV – LINHAS DE DISTRIBUIÇÃO

4.12 SECCIONADORA FACA OU SECA Descrição Técnica: é uma chave destinada a


seccionar circuitos sem carga ou carga muito
baixa. É composta de uma lâmina com um
contato fixo e um móvel, conexões de en‐
trada e saída isoladores.
Descrição Térmica: termicamente uma
chave faca em bom estado deve se compor‐
tar de maneira simétrica e equilibrada, de‐
pendendo da carga passante e de sua má‐
xima temperatura admissível. Os pontos
mais susceptíveis de aquecimento são os
contatos e conexões, conexões de entrada e
saída e isoladores.
Figura 4.69 – Seccionadora Faca.
Exemplos:

Figura 4.70 – Chaves faca com defeito de contatos e conexões.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 4.70 O Termograma da esquerda está bem centrado e bem focado. No entanto, poderia ser
um pouco mais contrastado, uma vez que, pela escala colorimétrica utilizada, as nuvens
estão quase com a mesma temperatura das chaves e cabos. Isso torna um pouco difícil
avaliar os elementos adjacentes à anomalia no contato da chave. Para corrigir esse efeito,
deve ser selecionada outra paleta de cor que proporcione um contraste maior com a
mesma amplitude térmica. No Termograma da direita, foco óptico, amplitude térmica e
enquadramento estão corretos. Para medição radiométrica, contatos de seccionadoras
sempre possuirão frestas que terão uma emissividade alta à temperatura ambiente e na
faixa de 7 – 14 µm ou 3 – 5 µm, na ordem de 0,80 a 0,90. Software: ThermaCAM Reporter
PRO 2002. Câmera: AGEMA 550, Lente: 10°.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 305


CAPÍTULO IV – LINHAS DE DISTRIBUIÇÃO

Figura 4.71 – Chaves faca com defeito em contatos e conexões.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 4.71 Em ambos os Termogramas o enquadramento está um pouco deslocado do centro óptico
da imagem. Observar que no Termograma da esquerda, a temperatura lida na Fase do
Meio ultrapassa em muito o final de escala da amplitude térmica. Esse procedimento de
ajuste serve para permitir que os demais componentes da imagem possam ser
visualizados. O asterisco junto à legenda da área indica que o limite superior da câmera
está próximo ou que o valor de calibração da câmera foi ultrapassado. Os procedimentos
de intervenção são usuais para maus contatos. A emissividade à temperatura ambiente
é na faixa de 7 – 14 µm ou 3 – 5 µm, como mencionado para esses componentes, pode
ser ajustada entre 0,8 e 0,9. Software: ThermaCAM Reporter PRO 2002. Câmera: FLIR SC‐
2000 e FLIR AGEMA 550. Lentes: 12° e 10°.

Análise de Consistência: aqueci‐ contato “frio” não significa necessariamente


mentos assimétricos são bastante comuns e um contato ou conexão em “bom” estado.
aparecem nas conexões aparafusadas, con‐ Há casos em que uma anomalia foi detec‐
tatos fixo ou móvel e, eventualmente, nas tada e, por motivos operacionais, não foi
duas posições. Em alguns casos em que a possível efetuar uma intervenção corretiva
chave possui duas lâminas de contato, é pos‐ e, na próxima Inspeção com a mesma carga,
sível que apenas o contato de uma delas a anomalia havia se extinguido. Conclusão:
apresente aquecimento. Nesses casos, a re‐ muito provavelmente havia soldado.
gra do circuito paralelo se aplica e o contato Recomendações de Intervenção:
ou lâmina mais aquecida é o que se encontra chaves seccionadoras, ou chaves secas, po‐
em bom estado. Caso haja alguma dúvida so‐ dem apresentar seus contatos ou conexões
bre a origem do aquecimento, deve‐se mu‐ deteriorados e corroídos, ou simplesmente
dar o ângulo de visada e, preferencialmente, frouxos e sem pressão. Se for possível, e viá‐
utilizar uma lente teleobjetiva para dirimir as vel economicamente a recuperação e ajuste
incógnitas. Além disso, deve‐se sempre ter de pressão, os procedimentos devem ser
em mente que por se tratar de um contato e adequados: desligamento, retirada, Inspe‐
uma conexão, ambos estão sujeitos à curva ção Visual cuidadosa, tratamento de superfí‐
de falha de uma conexão (Ver Capítulo 1, cie, limpeza e reaperto. Caso não seja possí‐
Item 1.11). Isso implica em que, dependendo
da periodicidade utilizada, uma conexão ou
306 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS
CAPÍTULO IV – LINHAS DE DISTRIBUIÇÃO

vel a recuperação, a substituição do item de‐ a possibilidade de recuperação ou substitui‐


feituoso ou do polo completo deve ser pro‐ ção. Se o problema for oxidação, o uso apro‐
videnciada. Deve‐se atentar ao fato de que priado de uma escova de aço pode resolver
muitas chaves possuem duas lâminas por o problema. Nesses casos, a causa da oxida‐
Fase, o que implica em que se uma estiver ção pode ser a atmosfera corrosiva. A aplica‐
aquecendo, a outra deve estar em pior es‐ ção de pastas condutoras tem de ser feita
tado. É importante verificar se a ponta do com cuidado, uma vez que muitas delas com
cabo está em boas condições também. Caso o tempo passam a acumular mais poluentes,
já esteja deteriorado, sua ponta deve ser prejudicando a condução dos contatos. A
cortada até um trecho em bom estado. Da aplicação de uma fina camada de vaselina in‐
mesma forma, no caso de corrosão na ponta dustrial pode ser mais eficiente que pastas
do cabo, o assentamento correspondente condutoras.
deve ser inspecionado e, se corroído, avaliar

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 307


CAPÍTULO IV – LINHAS DE DISTRIBUIÇÃO

4.13 SECCIONADORA FUSÍVEL uma delas, dispõe de uma curva de tempo


para atuação. Ultrapassada a corrente do
elo, e após determinado tempo, ele se
rompe e a chave abre por ação da gravidade,
ou propulsão por mola, interrompendo o
fornecimento de energia.
Descrição Térmica: chaves fusíveis a plena
carga podem apresentar aquecimentos em
seus contatos e dentro dos cartuchos fusí‐
veis, desde que sejam compatíveis com as
correntes e dimensionamentos, não ultra‐
passem seus valores limites de operação e
Figura 4.72 – Seccionadora Fusível. aqueçam em todos os seus pontos de con‐
tato. Caso apenas um deles apresente aque‐
Descrição Técnica: chaves Seccionadoras Fu‐ cimento, é necessário verificar por que ape‐
síveis têm a função de proteger circuitos tal nas um apresenta a anomalia se a corrente é
qual um fusível comum o faria. O elo fusível igual para todos os pontos.
interno ao cartucho é calibrado para diver‐
sas capacidades de corrente e, para cada Exemplos:

Figura 4.73 – Chaves Fusíveis com mau contato nas conexões e fuga pelo isolador.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 4.73 Os dois Termogramas estão bem enquadrados e a amplitude térmica está correta em
ambos os casos. As paletas de cores possuem densidades de cor diferentes para
diferentes níveis de temperatura, mas representam bem as anomalias em questão.
Observar que no Termograma da esquerda, a anomalia de interesse é o baixo isolamento
nas porcelanas, apesar de o objeto mais aquecido ser o contato superior da chave da Fase
Direita. No Termograma da direita, a anomalia é na conexão inferior com o cabo de saída.
Para o problema de baixo isolamento, a solução é a substituição da chave. Já para o
aquecimento por mau contato, o atendimento padrão é o recomendado. Caso haja sinais
de corrosão, pode ser necessário substituir o componente ou a chave completa. Tanto
para o Termograma da esquerda, onde as áreas de interesse são as porcelanas, como

308 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO IV – LINHAS DE DISTRIBUIÇÃO

para no Termograma da direita onde as áreas de interesse são as conexões inferiores,


pode ser utilizada a mesma emissividade à temperatura ambiente e na faixa de 7 – 14 µm
ou 3 – 5 µm, de 0,8 a 0,9. Software: ThermaCAM Reporter PRO 2002. Câmera: FLIR SC‐
2000 e FLIR AGEMA 550.

Figura 4.74 – Chaves Fusíveis: contatos, elos e isoladores com sobreaquecimento.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 4.74 O Termograma da esquerda está no limite do enquadramento, bem focado e com a
amplitude térmica correta. Já o Termograma da direita está bem focado na anomalia
de interesse, deixando de lado a terceira Fase e, por esse motivo, mal enquadrado.
Nesses casos, acaba tornando‐se obrigatório supor que a Fase não incluída no
enquadramento estava termicamente normal ou aceitável. Apesar de ser totalmente
metálico, o contato da chave no Termograma da esquerda, a emissividade de 0,8 a
0,9 à temperatura ambiente e na faixa de 7 – 14 µm ou 3 – 5 µm pode ser utilizada
devido às diversas frestas nesta área de contato. Já no Termograma da esquerda,
onde a área de interesse é o cartucho, a emissividade de 0,85 a 0,95 pode ser
utilizada devido ao cartucho usualmente ser de material com alta emissividade.
Software: ThermaCAM Reporter PRO 2002. Câmera: FLIR SC‐2000

Figura 4.75 – Chaves Fusíveis: isoladores com fuga para a Terra.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 4.75 O Termograma da esquerda foi obtido com a lente normal instalada na câmera de 24°.
Está focado corretamente e bem enquadrado, pois estão presentes todas as chaves

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 309


CAPÍTULO IV – LINHAS DE DISTRIBUIÇÃO

fusíveis da cruzeta. Observar que a paleta de cores está centrada no terço superior da
amplitude térmica da imagem e isto facilita a localização e identificação dos
componentes. Pela imagem obtida neste Termograma, a evidência qualitativa de fuga de
corrente pelo isolador não é suficientemente clara, indicando a necessidade de uma
aproximação maior ou do uso de uma lente teleobjetiva. Utilizando então uma lente de
12°, o Termograma da direita apresenta o mesmo isolador da chave fusível da Fase
Esquerda, tornando evidente a fuga de corrente pelo isolador e o aquecimento
consequente na cruzeta. A referência para o isolador com fuga pode ser obtida pela
observação dos demais isoladores da mesma cruzeta. Para medição radiométrica de
temperatura, o valor de emissividade típico à temperatura ambiente e na faixa de
7 – 14 µm ou 3 – 5 µm, é o utilizado para porcelanas, de 0,85 a 0,95. Software:
ThermaCAM Reporter PRO 2002. Câmera: FLIR SC‐2000. Lentes: 24° e 12°.

Análise de Consistência: tipica‐ das visualmente em busca de corrosão visí‐


mente os pontos de maior incidência de ano‐ vel ou oxidação, limpas, se possível, e rea‐
malias térmicas nas chaves seccionadoras pertadas ou ter sua pressão ajustada. Nos
fusíveis são os contatos superior e inferior, casos de corrosão, a substituição deve ser
ambos móveis, nas conexões de entrada e considerada, apenas do componente, se
saída e no corpo de porcelana. Em alguns ca‐ possível, ou da chave completa. Outro ponto
sos, observa‐se que o próprio elo aquece comum de apresentar aquecimento é o as‐
dentro do cartucho (Termograma da direita sentamento do elo fusível. É comum, nesse
na Figura 4.73). As anomalias nas porcelanas caso, haver corrosão. Uma Inspeção Visual
se explicam porque as chaves fusíveis, para cuidadosa indicará se a recuperação é possí‐
serem armadas, dependem da intensidade vel ou se é necessária a substituição da
do impacto aplicado à chave com a vara de chave. No caso de os cartuchos apresenta‐
manobras. Isso, com o passar do tempo e rem uma distribuição térmica anômala, isso
das sucessivas manobras, ou intensidade dos indicará fortemente que o aquecimento é in‐
impactos, acaba gerando pequenas trincas terno. Duas causas são possíveis: ou prensa‐
que reduzem o isolamento das chaves fusí‐ gem/solda do elo deficiente ou erro de di‐
veis contra a Terra. Observar que na Figura mensionamento. No caso de erro de dimen‐
4.72 os destaques no Termograma da es‐ sionamento, a solução é simples; a substitui‐
querda são para as correntes de fuga pelos ção do elo por um da capacidade correta re‐
isoladores, e não para o mau contato na solverá o aquecimento. Já nos casos de erro
chave. Já na Figura 4.74, a fuga de corrente de prensagem, a substituição também será
pela porcelana dá origem a um aquecimento indicada mesmo que não haja sinais visíveis
na própria cruzeta. de deterioração. Uma maneira de identificar
Recomendações de Intervenção: as se o problema é de prensagem é medir a re‐
sistência do elo e comparar com um similar
chaves fusíveis possuem diversos elementos
de mesmo fabricante e lote. Nos casos de
sujeitos a apresentarem defeitos. As cone‐
aquecimento no isolador, a chave inteira
xões superiores e inferiores, caso se apre‐
deve ser substituída sob risco de ocorrer o
sentem aquecidas, deverão ser inspeciona‐
rompimento da rigidez dielétrica com um

310 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO IV – LINHAS DE DISTRIBUIÇÃO

consequente curto à Terra ou quebrar por Descrição Técnica: muflas são terminações
ocasião de uma manobra. No primeiro caso, de cabos de Média a Alta Tensão. Sua função
o desligamento de consumidores normal‐ é providenciar que o campo elétrico pre‐
mente custará muito caro e, no segundo, o sente no condutor energizado seja gradual‐
operador estará sob risco. mente reduzido até o potencial de Terra.
Atualmente a grande maioria das muflas é
4.14 MUFLAS CLASSE 15 KV– LADO feita de material polimérico isolante e ter‐
EXTERNO mocontrátil. Entretanto, ainda é comum en‐
contrar muflas de porcelana preenchidas
com resinas isolantes.
Descrição Térmica: as muflas, caso estejam
corretamente dimensionadas, devem acom‐
panhar a assinatura térmica do cabo ao qual
estão conectadas. Todavia anomalias podem
ocorrer uma vez que, além de providencia‐
rem uma ponta do cabo livre para conexão
com outros componentes, também possuem
conexões internas de aterramento da malha
de equalização de tensão. Da mesma forma,
mesmo sem carga, estão sempre expostas à
tensão Fase‐Terra.
Figura 4.76 – Muflas.

Figura 4.77 – Muflas Classe 15 kV com anomalia em Poste e Subestação.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 4.77 O Termograma da esquerda está um pouco fora do enquadramento ideal já que desloca
a cruzeta para a esquerda. Mas entende‐se a opção do Inspetor ao verificar que ele
colocou a anomalia de interesse bem próxima ao centro óptico da imagem. O mesmo
equívoco acontece no Termograma da direita que, além do enquadramento ligeiramente
incorreto, não consegue colocar no foco o último conjunto de muflas. Mesmo assim,
ambos são suficientes para apresentar as anomalias com resolução suficiente para os
diagnósticos qualitativo e quantitativo. Observar que as amplitudes térmicas não são
muito diferentes (22° e 28°), mas que para uma visualização melhor das imagens, utilizou‐
se duas paletas de cores com proporções diferentes. O Termograma da esquerda exige
MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 311
CAPÍTULO IV – LINHAS DE DISTRIBUIÇÃO

uma decisão do Inspetor, ou do analista em escritório, ao atribuir a emissividade à


temperatura ambiente e na faixa de 7 – 14 µm ou 3 – 5 µm, do objeto de interesse: qual
usar, 0,75 para conexões metálicas com poluente ou 0,95 para muflas em polímeros? A
decisão pode ser conservadora, utilizando o 0,75 que poderá aumentar a temperatura
lida artificialmente, ou usar o 0,95 e cometer um erro por atribuir uma temperatura
menor que a real ao componente de interesse. Como a relação da emissividade é linear
na fórmula de conversão, o erro máximo será de 20% e caberá ao Inspetor ou ao analista
verificar qual atende melhor às necessidades técnicas e estratégicas do componente. No
caso de aquecimentos no corpo da mufla é necessário verificar a circulação de corrente
pela cordoalha de aterramento do cabo e se a outra extremidade (do cabo) está aterrada.
Nesse caso, é recomendável deixar uma ponta do cabo desconectada da Terra e testar o
isolamento da mufla. Caso já tenha perdido suas características dielétricas, deve ser
substituída. Software: ThermaCAM Reporter PRO 2002. Câmera: FLIR SC‐2000, Lentes:
12° e 24°.

Figura 4.78 – Muflas termocontráteis com anomalias.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 4.78 A semelhança entre alguns Termogramas pode levar a confusões e interpretações
incorretas se não houver uma análise mais cuidadosa. Os dois Termogramas quando
olhados rapidamente parecem ser do mesmo poste, apenas obtidos a distâncias e
ângulos um pouco diferentes. A atenção do analista de imagens infravermelhas deve ser
refinada ao ponto de ele perceber e analisar pequenas diferenças. Por exemplo: um dos
postes possui uma linha compacta de média tensão acima das cruzetas. Por isso a
importância do enquadramento correto e da focalização precisa. Além de permitir a
leitura de temperaturas mais exata, o ajuste da amplitude térmica e da paleta de cor são
críticas para o correto aproveitamento das informações que a Termografia pode
fornecer. Desde que a parte isolante das muflas não tenha sido afetada, apenas o
tratamento das conexões poderá resolver a anomalia. De qualquer forma, é prudente
testar o isolamento antes da energização. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm à
temperatura ambiente, o valor da emissividade para termoplásticos pode variar de 0,85
a 0,95. Software: ThermoCom IRAnalyzer. Câmera: ThermoCom V384S, Lente: 22°.

Anotações:

312 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO IV – LINHAS DE DISTRIBUIÇÃO

Figura 4.79 – Mufla externa em Porcelana com fuga de corrente.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 4.79 Termograma bem focado e suficientemente bem enquadrado. A utilização da
teleobjetiva focou corretamente na anomalia, mas deixou de fora a terceira Fase para
referência. Como a diferença de temperatura não era muito alta, a inclusão de uma
terceira Fase na imagem poderia prejudicar a resolução espacial para medição de
temperatura. Observar que o limite superior da amplitude térmica abaixo da maior
temperatura da anomalia serviu para destacar os demais componentes. Nessa situação,
e dada a imprevisibilidade da anomalia, a providência indicada é a substituição da mufla
o mais rápido possível. Evidentemente não é a temperatura o fator crítico para a
intervenção e sim a insegurança de uma fuga de corrente que não se sabe até onde já
progrediu. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura
ambiente, o valor da emissividade para muflas de porcelana pode variar de 0,85 a 0,95.
Software: ThermaCAM Reporter PRO 2002. Câmera: FLIR AGEMA 550. Lente: 10°.

Figura 4.80 – Muflas em porcelana com anomalias.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 4.80 Termograma da esquerda bem focado e, no entanto, mal enquadrado. A utilização da
teleobjetiva detalhou corretamente a anomalia, mas deixou de fora as demais Fases para
referência. Observar que a amplitude térmica significativamente abaixo da maior
temperatura da anomalia serviu para destacar os demais componentes. A mufla
posterior, cuja temperatura foi medida como referência, está desfocada e, portanto, com
a medição incorreta. Este é um problema de profundidade de campo. Como o Inspetor
atualmente não tem a possibilidade de diminuir a entrada de radiação pela lente e,

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 313


CAPÍTULO IV – LINHAS DE DISTRIBUIÇÃO

consequentemente, aumentar o tempo de exposição do sensor, a profundidade de


campo é fixa para cada lente utilizada. Nesse caso, deve‐se buscar um ângulo mais
favorável. O Termograma da direita está bem enquadrado e foca na anomalia da última
mufla de porcelana à direita. Como consequência, a primeira mufla, à esquerda, fica
ligeiramente desfocada e com um erro de leitura de temperatura. Novamente é o mesmo
problema de profundidade de campo. Cabe ao Inspetor avaliar em campo se esse erro é
negligenciável ou não. No caso, como a anomalia na última mufla se estendia pelo cabo
abaixo, ela foi considerada prioritária. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de
3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da emissividade para cabeças de muflas
oxidadas pode variar de 0,80 a 0,90. Se forem muito novas, a emissividade poderá ser
bem mais baixa, na ordem de 0,4 a 0,6. Essa distinção tem de ser feita pelo Inspetor em
campo. Software: ThermaCAM Reporter PRO 2002. Câmera: FLIR AGEMA 550 e FLIR SC‐
2000. Lente: 10°.

Análise de Consistência: anomalias Recomendações de Intervenção: as


muflas em postes atualmente no mercado
ou pontos aquecidos ao longo do corpo da
são normalmente feitas de material polimé‐
mufla significam que ela está com isola‐
rico termocontrátil. Não obstante, ainda se
mento baixo ou com mau contato entre a
encontram em operação as antigas muflas
cordoalha de aterramento e a malha interna.
de porcelana. Em qualquer dos casos, se a
Da mesma forma, as conexões do cabo da
anomalia térmica for detectada nas cone‐
terminação podem apresentar mau contato
xões, o tratamento usual deve ser empre‐
por oxidação, corrosão, falta de aperto cor‐
gado: desmonte, Inspeção Visual cuidadosa,
reto e até junta bimetálica incorreta. Alguns
limpeza e reaperto. É extremamente impor‐
aquecimentos, por sua vez, podem se propa‐
tante verificar a existência de corrosão e/ou
gar pelo cabo causando a oxidação e deteri‐
oxidação. Nos casos severos de corrosão, a
oração interna. No Termograma da direita
ponta do cabo deve ser cortada, a termina‐
da Figura 4.78, se pode observar um mau
ção refeita e o conector substituído. Deve
contato na conexão da mufla. Já no Termo‐
ser verificado também se já há deterioração
grama da direita, Fase Direita, vemos dois
devido a aquecimentos anteriores que justi‐
aquecimentos de pequeno porte na conexão
fique a substituição da mufla. Especial aten‐
com a chave seccionadora e na ponta da mu‐
ção deve ser dada ao ponto de solda da cor‐
fla. Por sua vez, a mufla da Fase do Meio
doalha de aterramento se houver, uma vez
apresenta um aquecimento ao longo do
que, no caso de desequilíbrio de potencial de
corpo que pode ser devido ao aquecimento
Terra, pode haver circulação de corrente in‐
da chave por condução, ou pode já ter‐se
tensa por esse ponto de conexão. No caso de
instalado definitivamente por oxidação in‐
ser necessária a abertura da mufla, deve‐se
terna. O caso da Figura 4.80 é interessante
procurar por oxidação nas camadas de
porque as duas muflas de porcelana, das Fa‐
equalização do cabo e, caso encontrada,
ses externas, apresentam o corpo de porce‐
cortá‐lo até onde for encontrada uma parte
lana frio, mas o cabo na parte inferior já com
em bom estado. Casos eventuais de sinais de
sinais de aquecimento. Neste caso, a origem
aquecimento pontuais na lateral das muflas
mais provável é a oxidação interna do cabo.
podem indicar baixo isolamento e, nesse
314 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS
CAPÍTULO IV – LINHAS DE DISTRIBUIÇÃO

caso, realiza um teste de isolamento (Me‐ sobre uma camada de fita isolante sobre a
gger) na mufla para confirmar o diagnóstico parte metálica. Essa maneira de instalação
ou a substitui por precaução. É importante providenciará um fácil desmonte no caso de
atentar para que o fechamento da mufla ser necessária uma Inspeção Visual no fu‐
nova seja feito com fita autofusão aplicada turo.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 315


CAPÍTULO V
Cubículos de Entrada
e Distribuição
CAPÍTULO V – CUBÍCULOS DE ENTRADA E DISTRIBUIÇÃO

5.1 CABINE DE MEDIÇÃO


Descrição Técnica: as cabines de medição
não são equipamentos em si, mas consti‐
tuem um conjunto de equipamentos impor‐
tantes. As cabines de medição industriais se
prestam ao que seu nome define: medir a
potência elétrica fornecida a um determi‐
nado cliente e, em muitos casos, incorporam
disjuntores principais e saídas para outras
subestações internas. São em sua grande
maioria compostas de buchas de passagem,
para‐raios, barramentos, TCs, TPs, secciona‐
doras, muflas e, eventualmente, disjuntores.

Figura 5.1 – Cabine de medição.

5.2 CIRCUITO UNIFILAR EQUIVALENTE

Figura 5.2 – Circuito Unifilar Equivalente de uma Cabine de Medição.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 319


CAPÍTULO V – TRATAMENTO DAS IMAGENS TÉRMICAS USOS E RESULTADOS EM TERMOGRAFIA

5.3 CUBÍCULOS METÁLICOS AO TEMPO instalação. Normalmente contém TC’s, TP’s,


medição, muflas de entrada e saída, seccio‐
nadoras e disjuntores. Seus pontos fracos
são a umidade e a corrosão.
Descrição Térmica: cubículos em si não de‐
vem apresentar aquecimentos provenientes
de equipamentos internos à exceção de
manchas térmicas externas devidas à insta‐
lação de resistores de aquecimento internos.
Esses resistores trabalham a temperaturas
altas e geralmente marcam termicamente as
paredes próximas à sua instalação. Por outro
lado, quando expostos ao sol, tendem a
Figura 5.3 – Cubículos metálicos.
aquecer fortemente, criando temperaturas
internas na faixa de até 70 °C no seu interior,
Descrição Técnica: cubículos metálicos para
principalmente no topo, junto ao telhado.
instalações externas são muito utilizados no
meio fabril porque são baratos e de rápida Exemplos:

Figura 5.4 – Tetos de Cubículos metálicos.

320 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO V – TRATAMENTO DAS IMAGENS TÉRMICAS USOS E RESULTADOS EM TERMOGRAFIA

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 5.4 Os Termogramas estão bem focados e bem enquadrados. Da mesma forma, a escala
colorimétrica e a amplitude térmica também estão bem ajustadas. Ambas as imagens
térmicas apresentam a situação de estresse térmico a que, neste caso, os cabos classe
15 kV estão submetidos. Sob condições de sol intenso, na maior parte das vezes próximo
ao meio dia, mas em muitos locais durante boa parte da insolação diária, a temperatura
do teto do cubículo pode chegar aos 80 °C ou mais. Essa temperatura pode ser realmente
danosa para equipamentos que foram projetados para trabalhar no máximo a 40°. As
consequências mais comuns são o envelhecimento precoce com eventualmente curto
circuito contra a Terra e o afrouxamento de conexões devido aos esforços mecânicos
intensos de dilatação e contração diários. O erro básico é de projeto que não prevê nem
distâncias maiores entre a parte ativa e o teto e nem um isolamento térmico adequado
no topo do cubículo com ventarolas eficientes para a troca do ar aquecido. A solução
pode ser complexa dependendo da montagem e, mesmo a instalação de material isolante
no teto, deve levar em consideração as distâncias mínimas de segurança. Testes elétricos
como Megger devem ser aplicados conforme cada caso para verificar o estado dos
componentes afetados. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à
temperatura ambiente, o valor da emissividade, para cabos neste caso, pode variar de
085 a 0,95. Para medições em outros componentes como TC’s, TP, barramentos,
seccionadoras e disjuntores, verificar nos itens específicos sobre esses equipamentos
neste Manual. Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC660.
Lente: 24°.

Análise de Consistência: as condi‐ de influência do aquecimento solar e outra,


ções de instalação de equipamentos dentro em horário após o sol baixar ou muito cedo,
de cubículos metálicos expostos ao tempo para avaliar os componentes internos. Avali‐
deverão ser verificadas buscando áreas ou ações quantitativas, dependendo do caso,
pontos de estresse térmico excessivo. A in‐ poderão ser de pouco peso. Então é sempre
fluência e impacto dessas condições nos imprescindível medir corretamente as tem‐
componentes instalados deverão ser avalia‐ peraturas às quais os componentes estão su‐
dos. As Inspeções deverão ocorrer, se possí‐ jeitos, tanto sobre eles, como as fontes (cha‐
vel, sempre próximas dos horários de insola‐ pas metálicas, teto etc.). Se houver informa‐
ção máxima. Por outro lado, isso poderá di‐ ções sobre a carga passante, essas deverão
ficultar a formação de imagens e a detecção ser anotadas para futuras correções. A tem‐
de anomalias menores presentes neles. É re‐ peratura ambiente, medida externamente
comendável, conforme a situação, duas Ins‐ ao cubículo e em local sob sombra é um
peções, sendo uma para avaliar as condições dado importante e não deve ser esquecido.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 321


CAPÍTULO V – TRATAMENTO DAS IMAGENS TÉRMICAS USOS E RESULTADOS EM TERMOGRAFIA

5.4 BUCHAS DE PASSAGEM ou barramento energizado através de al‐


guma barreira aterrada ou com potencial
elétrico diferente da tensão de Fase.
As características ou modelos de
uma bucha dependem das condições nas
quais trabalhará. Tensão nominal, materiais
utilizados, meios isolantes e ambiente no
qual será instalada influenciam no tipo de
bucha utilizada.
Descrição Térmica: buchas de Passagem
bem dimensionadas não devem aquecer
além da sua temperatura de plena carga
Figura 5.5 – Buchas de passagem.
considerando a temperatura ambiente. Caso
algum aquecimento anômalo seja
Descrição Técnica: para consumidores em
detectado, as possíveis causas são mau con‐
média tensão, após o poste de entrada, os
tato nas conexões, internas ou externas (vi‐
condutores têm de passar para a cabine de
sível diretamente no infravermelho ou por
entrada ou de medição. Essa passagem pode
condução), baixo isolamento ou ainda mais
ser efetuada via cabos isolados, utilizando
raramente, problemas devido a presença de
muflas no poste e dentro da cabine, ou
impurezas condutoras dentro das porcela‐
através de isoladores especiais chamados de
nas. Alguns modelos antigos de buchas de
Buchas de Passagem. As Buchas de
passagem possuem cabeçotes de material
Passagem normalmente se constituem de
ferromagnético que faz com que aqueçam
isoladores de porcelana através dos quais
quando as correntes de carga são altas. Os
passa um varão ou barra de cobre que faz a
limites de temperatura aplicáveis são os
conexão entre o lado externo e interno da
mesmos para conexões metal‐metal a plena
cabine. São efetivamente dispositivos utili‐
carga.
zados para fazer a passagem de um condutor

Anotações:

322 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO V – TRATAMENTO DAS IMAGENS TÉRMICAS USOS E RESULTADOS EM TERMOGRAFIA

Exemplos:

Figura 5.6 – Buchas de passagem com defeito nas conexões da linha e cabeça das buchas.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 5.6 Termograma bem enquadrado e bem focalizado. Observar que a amplitude térmica tem
seu limite superior abaixo da maior temperatura da anomalia para dar visualização aos
demais componentes adjacentes. A clareza do foco permite identificar uma pequena
anomalia na bucha de passagem da Fase do Meio. Se se encontra na Fase inicial ou já está
no ciclo de baixa da curva de falha, só a periodicidade adotada poderá confirmar.
Observar que também no cabo de descida da Fase do Meio há um mau contato com a
conexão com a linha. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou 3 – 5 µm à
temperatura ambiente, o valor da emissividade para cabeças de buchas de passagem
oxidadas e conectores pode variar de 0,80 a 0,90. Software: ThermCom IRAnalayzer.
Câmera: ThermoCom V384S.

Figura 5.7 – Buchas de Passagem, Lado Externo.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 5.7 Termograma bem enquadrado e bem focado. A escala colorimétrica da amplitude
térmica está adequada para apresentar todos os componentes presentes. O mau contato
está localizado nas conexões de descida e não nas buchas em si. No entanto, o cabeçote
das buchas aparece aquecido. Isso pode acontecer devido à condução de calor pelo cabo
até o cabeçote. Nesse caso, é improvável que seja efeito de correntes parasitas em um

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 323


CAPÍTULO V – TRATAMENTO DAS IMAGENS TÉRMICAS USOS E RESULTADOS EM TERMOGRAFIA

cabeçote metálico porque a Fase da Esquerda não apresenta aquecimento para a mesma
corrente de Fase. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à
temperatura ambiente, o valor da emissividade para cabeças de buchas oxidadas pode
variar de 0,80 a 0,90. Se forem muito novas, a emissividade poderá ser bem mais baixa,
na ordem de 0,4 a 0,6. Essa distinção tem de ser feita pelo Inspetor em campo. Software:
ThermaCAM Reporter PRO 2002. Câmera: FLIR AGEMA 550 e FLIR SC‐2000. Lente: 10°.

Figura 5.8 – Buchas de Passagem, lado interno, cabine semienterrada.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 5.8 Termograma enquadrado da melhor forma possível devido à presença de grade
interposta. O foco óptico, ajustado corretamente, está centrado na anomalia e as demais
Fases podem ter sua avaliação prejudicada pela grade. O calor gerado pelo mau contato
com a barra é propagado por condução para dentro da bucha e para o barramento. Tanto
a barra de cobre pintada como a bucha possuem emissividade alta. A parte metálica da
conexão aparece mais fria devido à baixa emissividade. Como a origem do aquecimento
é óbvia, o limite da amplitude térmica superior está mais baixo que a temperatura
máxima para poder fornecer uma imagem de referência dos componentes das demais
Fases. Para medições de temperatura, uma emissividade entre 0,8 e 0,9 é adequada.
Software: ThermaCAM Reporter PRO 2002. Câmera: FLIR SC2000.

Figura 5.9 – Buchas de passagem na entrada de cabine de Média Tensão.

324 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO V – TRATAMENTO DAS IMAGENS TÉRMICAS USOS E RESULTADOS EM TERMOGRAFIA

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 5.9 Termograma bem enquadrado, mas um pouco fora do foco como se pode ver pelo
barramento borrado no cotovelo superior. Escala colorimétrica e amplitude térmica
correta. A distribuição térmica dessa anomalia sugere duas possibilidades: o
aquecimento é falso devido à pintura de alta emissividade sobre a cabeça da bucha de
passagem, diferente das demais que são de outro modelo, ou o aquecimento se dá por
indução de correntes parasitas no cabeçote da bucha. Como os barramentos são de cobre
nu, não é possível, a esta distância e visada, afirmar que o aquecimento é por má conexão
ou não. Nesse caso, o acompanhamento sistemático confirmará se o aquecimento é
estável ou se é devido a outro fenômeno. A substituição pode ser necessária caso a
temperatura aumente significativamente. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou
de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da emissividade para cabeças de buchas
oxidadas pode variar de 0,80 a 0,90. Se forem muito novas, a emissividade poderá ser
bem mais baixa, na ordem de 0,4 a 0,6. Essa distinção tem de ser feita pelo Inspetor em
campo. Software: ThermaCAM Reporter PRO 2002. Câmera: FLIR SC2000 Lente: 12°.

Análise de Consistência: no Termo‐ forma usual: desmonte, Inspeção Visual cui‐


grama da Figura 5.9 se pode observar um dadosa, limpeza e reaperto. Nos casos de
aquecimento na extremidade da bucha da baixo isolamento, a recomendação é substi‐
Fase Esquerda. Esse problema pode ter‐se tuir a bucha. Caso isso não seja possível ime‐
originado em um mau contato na conexão, diatamente, é recomendado testar o isola‐
no vergalhão que passa pelo meio da bucha, mento da bucha que, se for extremamente
ou até mesmo pode ser proveniente de um baixo (na ordem de menos de 1 MΩ por kV),
aquecimento na outra extremidade do ver‐ incorre em um alto risco de manter esse
galhão que, por condução, é transferido para componente energizado, com alta possibili‐
essa extremidade. Em alguns casos excepci‐ dade de um curto contra a Terra. Além do
onais a única explicação encontrada para al‐ mais, não deve ser esquecido que caminhos
guns aquecimentos na cabeça da bucha é o de corrente de fuga para a Terra costumam
material do qual elas foram feitas. O aqueci‐ desaparecer com a continuidade do aqueci‐
mento, nesse caso, seria gerado por corren‐ mento. Isso porque normalmente é a infiltra‐
tes parasitas na extremidade da bucha, sem ção de água que mantém a corrente de fuga.
que fosse possível atribuir a origem a algum Com o tempo, o próprio aquecimento seca a
mau contato. Nos demais casos, maus con‐ água e a bucha recupera o seu isolamento.
tatos, oxidações e/ou corrosões explicam sa‐ Isso perdura até o próximo período onde a
tisfatoriamente os aquecimentos encontra‐ microfratura ou microcorrosão absorverá
dos. água novamente e passará a conduzir para a
Recomendações de Intervenção: Terra. Assim, testes de isolamento feitos em
buchas de passagem, na maioria dos casos, situações de baixa umidade relativa do ar
podem apresentar dois tipos de problemas: tendem a ser não conclusivos. O melhor é
de conexão e baixo isolamento. Os proble‐ substituir a bucha para não correr riscos des‐
necessários. Eventualmente na impossibili‐
mas de conexão devem ser tratados de
dade de substituição e baixo isolamento
MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 325
CAPÍTULO V – TRATAMENTO DAS IMAGENS TÉRMICAS USOS E RESULTADOS EM TERMOGRAFIA

comprovado, é possível arriscar um trata‐ Descrição Técnica: da mesma forma que as


mento térmico em estufa seguido de aplica‐ muflas para uso externo, as muflas internas
ção de silicone para alta tensão, interna e ex‐ são utilizadas para terminações de cabos de
ternamente. Mas esse é um procedimento potência com isolação extrusada, unipolar
de risco e deve ser temporário. ou tripolar até 35 kV e seção até 630 mm². O
objetivo é o de evitar a variação abrupta de
5.5 MUFLAS CLASSE 15 KV– LADO tensão e a consequente deterioração da
INTERNO ponta do cabo. As muflas têm a vantagem de
poderem ser instaladas em espaços limita‐
dos em ambientes internos, áreas poluídas
ou de elevada salinidade. Podem ser monta‐
das na posição invertida, são resistentes à
radiação UV (para aplicações externas), e à
erosão. Além do mais, são rápidas e simples
na montagem, pois dispensam o uso de mas‐
sas de preenchimento e maçarico.
Descrição Térmica: termicamente as muflas
não devem aquecer além da temperatura do
cabo, tendo uma distribuição térmica uni‐
forme. Qualquer alteração ou anomalia
Figura 5.10 – Muflas nesta distribuição térmica indica um possível
defeito.
Exemplos:

Figura 5.11 – Mufla Termo contrátil com carga e em bom estado.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 5.11 O enquadramento deste Termograma está no limite para que sejam observadas as três
Fases. As buchas de passagem posteriores referem‐se à medição em conexão Aaron
deste painel. A carga era a típica para o circuito e pode‐se observar que as variações de
temperatura são mínimas e a distribuição térmica é uniforme, sem anomalias. Se o
Inspetor não estiver capacitado a ajustar a câmera corretamente, provavelmente terá

326 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO V – TRATAMENTO DAS IMAGENS TÉRMICAS USOS E RESULTADOS EM TERMOGRAFIA

FIGURA COMENTÁRIOS
dificuldades em fazer o diagnóstico correto que, no caso, é de normalidade. Para
medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor
da emissividade para termoplástico pode variar de 0,90 a 0,95. Software: ThermaCAM
Reporter PRO 2002. Câmera: FLIR FLIR SC‐2000.

Figura 5.12 – Mufla Termocontrátil com mau contato na cordoalha de aterramento.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 5.12 Termograma bem focalizado, mas com enquadramento incorreto apresentando apenas
uma das muflas. O motivo pode ter sido destacar apenas a anomalia devido à
impossibilidade de aproximação. Nesse caso, a referência de posição é fornecida pela
foto na luz visível. Observar que o limite superior da amplitude térmica está adequado à
anomalia em questão, mas muito acima da máxima temperatura da imagem, que é o
entreferro do trafo. Provável mau contato com a cordoalha de aterramento dentro da
mufla. O aquecimento já marcou externamente a mufla, mas em uma saia superior,
indicando tratar‐se de um aquecimento antigo e grave. Por outro lado, a própria
cordoalha apresenta traços de aquecimento externo provavelmente por oxidação devido
ao aquecimento. A solução é substituir a mufla e isolar o aterramento em uma das pontas
do cabo para evitar a circulação de corrente por diferença de potencial de Terra. Para
medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor
da emissividade para termoplástico pode variar de 0,90 a 0,95. Software: ThermaCAM
Reporter PRO 2002. Câmera: FLIR FLIR SC‐2000.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 327


CAPÍTULO V – TRATAMENTO DAS IMAGENS TÉRMICAS USOS E RESULTADOS EM TERMOGRAFIA

Figura 5.13 – Muflas com erro de montagem afetando o isolamento.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 5.13 Termograma bem enquadrado e bem focado. Observar que a amplitude térmica é de
apenas 3,1 °C, o que exige do Inspetor habilidade para suspeitar de uma anomalia nesse
ponto e ajustar corretamente a câmera. Da mesma forma, observar que a temperatura
ambiente está muito próxima das temperaturas medidas. A montagem com braçadeiras
metálicas pode aquecer devido à indução por correntes altas ou por ter suas bordas
afiadas cortando o isolamento do cabo. Uma vez que as três braçadeiras estão bem
afixadas, com temperaturas diferentes e com calor se propagando até a ferragem de
suporte, a probabilidade maior é de baixo isolamento. No entanto, a possibilidade de
indução não deve ser descartada e uma nova Termografia, com tensão e sem corrente
(desligar as cargas, mas manter o circuito energizado), deve ser programada para eliminar
essa hipótese. Apesar de visualmente a borda das braçadeiras não entrar em contato com
a camada superficial do cabo da mufla, a proximidade da parte metálica em relação à
camada de blindagem e consequentemente da parte ativa do cabo, implicará na
substituição e execução de montagem correta. Para medições radiométricas em
7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, é mais fácil medir a temperatura no
cabo, ou no espaçador, do que na ferragem. Além do mais, é essa a temperatura de
interesse. O valor da emissividade então para termoplásticos pode variar de 0,9 a 0,95.
Software: ThermaCAM Reporter PRO 2002. Câmera: FLIR AGEMA 550. Lente: 10°.

Figura 5.14 – Mufla com baixo isolamento.

Anotações:
328 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS
CAPÍTULO V – TRATAMENTO DAS IMAGENS TÉRMICAS USOS E RESULTADOS EM TERMOGRAFIA

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 5.14 Termograma bem focado e com enquadramento restrito devido à exiguidade de espaço.
Observar que também neste caso, a amplitude Térmica é de apenas 3,7 °C. Se o Inspetor
não estiver bem treinado, deixará passar esta anomalia considerando o componente
como Normal ou termicamente aceitável. Este tipo de mufla para instalação interna, sem
saias e sem cordoalha de aterramento visível, é mais susceptível a desequilíbrios de
tensão nas extremidades do cabo. Eventualmente este circuito já dispunha ao menos
desta extremidade do aterramento isolada da Terra. Considerando essa hipótese como
correta, o diagnóstico que resta é um defeito interno com baixo isolamento e corrente
de fuga. O prognóstico é a deterioração gradativa do isolamento até o rompimento
contra a Terra. O tempo para a falha é imprevisível e a solução é a substituição do
componente (mufla). Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à
temperatura ambiente, o valor da emissividade para termoplásticos, borrachas e
similares é de 0,9 a 0,95. Software: ThermaCAM Reporter PRO 2002. Câmera: FLIR
AGEMA 550.

Figura 5.15 – Mau contato na solda da cordoalha de aterramento e/ou baixo isolamento.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 5.15 Termograma bem focado, mas um pouco confuso com relação ao enquadramento. Além
de faltar uma terceira Fase, a sobreposição dos Para‐raios faz com que o analista tenha
de observar o Termograma atentamente para compreender onde está a anomalia de
interesse. A amplitude térmica de 6,5 °C é adequada para a apresentação de todos os
componentes da imagem. Apesar da instalação interna, o montador ou projetista
preferiu utilizar muflas para instalação externa. De qualquer maneira, a posição alta da
anomalia (abaixo da quarta saia) sugere fortemente tratar‐se de um problema de má
conexão com a cordoalha de aterramento. Como no caso do Termograma anterior, o
prognóstico é a deterioração gradativa do isolamento até o rompimento contra o
aterramento. O tempo para a ocorrência de uma falha é imprevisível. A solução é a
substituição da mufla. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à
temperatura ambiente, o valor da emissividade para borrachas, silicones e
termoplásticos varia de 0,9 a 0,95. Software: ThermaCAM Reporter PRO 2002. Câmera:
FLIR SC‐2000. Lente: 12°.

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 329


CAPÍTULO V – TRATAMENTO DAS IMAGENS TÉRMICAS USOS E RESULTADOS EM TERMOGRAFIA

Figura 5.16 – Reflexo do Teto em saias de mufla termocontrátil.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 5.16 O Termograma é importante por dois motivos: em primeiro lugar porque foi obtido
através de uma grade metálica que normalmente prejudica sensivelmente as imagens
térmicas. E em segundo lugar, a diferença de amplitude térmica é muito pequena, apenas
2,8 °C. Isso faz com que o Inspetor tenha que ter conhecimento suficiente para ajustar a
câmera a fim de perceber pequenas diferenças de temperatura. Com relação ao
diagnóstico, as temperaturas realmente não são importantes nesse caso. Isso porque é
evidente que se trata de um reflexo (setas vermelhas) do teto aquecido da subestação.
Demais partes de outros componentes também evidenciam este fenômeno. Para
compreender melhor como os reflexos podem interferir em diagnósticos, consulte o
Volume 1, Capítulo 4 – Reflexos no Infravermelho. Para medições radiométricas em
7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da emissividade para
borrachas, silicones e termoplásticos varia de 0,9 a 0,95. Software: ThermaCAM Reporter
PRO 2002. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 12°.

Figura 5.17 – Cabo com defeito interno próximo à mufla.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 5.17 Termograma bem enquadrado, bem focado e com profundidade de campo pequena,
uma vez que o terceiro cabo aparece, mas desfocado. A amplitude térmica, de apenas
5,9 °C, revela que o Inspetor ajustou a câmera para poder pesquisar por alguma anomalia
nestes componentes. Apesar de não ser um problema na mufla de porcelana, este pode
ter sido o ocasionado por ocasião do preparo da terminação. Uma dobra excessiva ou um

330 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO V – TRATAMENTO DAS IMAGENS TÉRMICAS USOS E RESULTADOS EM TERMOGRAFIA

corte inadvertido no cabo ou sua camada semicondutora, permite uma corrente de fuga
que exigirá a troca da mufla e corte da ponta do cabo até uma região segura. Para
medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor
da emissividade para borrachas, silicones e termoplásticos varia de 0,9 a 0,95. Software:
ThermaCAM Reporter PRO 2002. Câmera: FLIR SC‐2000.

Análise de Consistência: muflas Recomendações de Intervenção: as


com assinaturas térmicas alteradas, ou não intervenções recomendadas para as muflas
uniformes, devem ser analisadas cuidadosa‐ para instalação interna não diferem substan‐
mente. Três origens de aquecimento são cialmente das muflas externas. Da mesma
bem conhecidas: as conexões com outros forma, as muflas internas atualmente, em
condutores, as conexões internas com as sua grande maioria, são feitas de material
cordoalhas de aterramento e falhas no isola‐ termocontrátil. Não obstante, ainda é possí‐
mento. vel encontrar em operação as antigas muflas
de porcelana. Em qualquer dos casos, se for
No Termograma da Figura 5.12, a
detectado aquecimento nas conexões, o tra‐
distribuição térmica observada apresenta
um defeito na conexão com a cordoalha de tamento usual deve ser empregado: des‐
aterramento. No entanto, deve ser obser‐ monte, Inspeção Visual, limpeza e reaperto.
Verificar a existência de corrosão e/ou oxida‐
vado que além da marca térmica mais in‐
ção. Nos casos severos de corrosão, a termi‐
tensa de aquecimento no corpo da mufla,
nação deve ser refeita e o conector substitu‐
que se encontra abaixo da terceira saia, tam‐
ído. A sua contraparte, barramento chato,
bém há outra marca de aquecimento na luz
tubular ou conector deve ser avaliado cuida‐
visível abaixo da segunda saia e de forma cir‐
dosamente para verificar a necessidade de
cular. Esta segunda marca pode ter sido ori‐
tratamento de superfície, corte ou substitui‐
ginada por um aquecimento anterior por
ção. Caso haja sinal de aquecimentos anteri‐
mau contato ou por fuga de corrente.
ores, deve ser considerada a substituição da
Na avaliação térmica de uma mufla, mufla. Especial atenção deve ser dada ao
a homogeneidade e uniformidade da distri‐ ponto de solda da cordoalha de aterramento
buição do calor irradiado é a característica se houver, uma vez que, no caso de desequi‐
mais importante. Da mesma forma, e para líbrio de potencial de Terra, pode haver cir‐
muflas externas, pontos aquecidos ao longo culação de corrente intensa por esse ponto
do corpo da mufla significam, na maioria dos de conexão. Dependendo das condições de
casos, que está com isolamento baixo ou instalação e projeto, uma solução bastante
com mau contato entre a cordoalha de ater‐ empregada é manter uma das pontas do
ramento e a malha interna. Por sua vez, as cabo isolada da Terra para evitar essa circu‐
conexões do cabo na terminação podem lação de corrente. No entanto, essa opção
também apresentar mau contato que, em al‐ deve ser verificada com o Departamento de
guns casos, pode exigir a substituição com‐ Engenharia antes de ser implementada. No
pleta da mufla. caso de ser necessária a abertura da mufla,
deve ser procurado por oxidação nas fitas

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 331


CAPÍTULO V – TRATAMENTO DAS IMAGENS TÉRMICAS USOS E RESULTADOS EM TERMOGRAFIA

condutoras de equalização do cabo e, caso proteção ao toque, bem como de conexão


encontrada, o cabo deverá ser cortado até com os sistemas de aterramento.
onde for encontrada uma parte em bom es‐
tado. Casos eventuais de sinais de aqueci‐
mento pontuais na lateral das muflas podem
indicar baixo isolamento e, nesse caso, deve‐
se testar a mufla para confirmar o diagnós‐
tico ou substituí‐la por precaução. Esse pro‐
cedimento pode não ser simples devido à
capacitância da blindagem contra a parte
ativa do cabo, dependendo de seu
comprimento.

5.6 CABOS ISOLADOS MÉDIA E ALTA


TENSÃO

Descrição: cabos de média e alta tensão têm


características especiais de isolamento e ri‐
gidez mecânica devido às altas tensões em Figura 5.18 – Cabos de Média Tensão, Canaletas e
que trabalham. São constituídos de diversas Caixas de Passagem.
camadas isolantes e semicondutoras, bem
como blindagens e camadas protetoras. A Descrição Térmica: como todo equipamento
principal finalidade dessas camadas é provi‐ elétrico, os cabos isolados de média e alta
denciar um gradiente de queda de tensão se‐ tensão não devem aquecer além de seus li‐
guro, uma vez que quedas muito abruptas de mites de norma e para a ampacidade para
tensão normalmente estressam os materiais qual foram projetados. Da mesma forma, de‐
constituintes fazendo com que percam suas vem apresentar distribuições térmicas ho‐
características isolantes. De forma similar, as mogêneas ao longo de todo seu percurso.
camadas de blindagem têm a função de pro‐ Distribuições de temperatura assimétricas
teção elétrica no caso de perfurações e de ou anômalas normalmente indicam defeitos.

Anotações:

332 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO V – TRATAMENTO DAS IMAGENS TÉRMICAS USOS E RESULTADOS EM TERMOGRAFIA

Exemplos:

Figura 5.19 – Cabo Classe 15 kV com anomalia por baixo isolamento.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 5.19 Termograma bem focado, uma vez que a anomalia está bem destacada. No entanto, o
enquadramento é insuficiente, uma vez que os cabos não estão bem centrados. A foto
na luz visível também está um pouco deslocada. A corrente de fuga contra a blindagem
de aterramento é evidente e a temperatura registrada indica a necessidade de
substituição urgente do cabo. Essa intervenção é necessária porque não há dados
suficientes para garantir que a anomalia se mantenha estável ao longo de qualquer
período. Qualquer variação de temperatura e umidade ambiente ou descarga
atmosférica pode romper o dielétrico e causar um curto franco. Para medições
radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da
emissividade para borrachas, silicones, PVCs e termoplásticos varia de 0,85 a 0,95.
Software: ThermaCAM Reporter PRO 2002. Câmera: FLIR SC‐2000.

Figura 5.20 – Cabos classe 15 kV.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 5.20 Termograma bem focado e amplitude térmica correta. O carregamento desses cabos é
de 2.400 A por Fase, ou seja, 800 A por cabo. Na Fase da Direita, como se pode observar,
um dos cabos da Fase se encontra 7,7 °C mais frio que os demais (seta preta). Esse

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 333


CAPÍTULO V – TRATAMENTO DAS IMAGENS TÉRMICAS USOS E RESULTADOS EM TERMOGRAFIA

desequilíbrio é causado por uma diferença de resistência entre os cabos e/ou conexões,
mais comumente em uma das conexões em uma das extremidades dos cabos da mesma
Fase. Embora no momento desta Inspeção o Delta T não tenha sido significativo, ao longo
do tempo a deterioração das características da conexão provavelmente aumentará,
levando a um agravamento da anomalia. Além do mais, deve ser considerada a potência
disponível para aquecer um mau contato se estiver presente em uma das extremidades.
O procedimento de intervenção preditiva deve incluir a medição das resistências de
contato de todos os conectores, nas duas extremidades de todos os cabos com um micro‐
ohmímetro antes e após manutenção, uma vez que a diferença esperada é mínima. Os
valores obtidos deverão ser arquivados para futuras intervenções. O reaperto deve
também ser efetuado com torquímetro. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou
de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da emissividade para borrachas, silicones,
PVCs e termoplásticos varia de 0,85 a 0,95. Software: ThermaCAM Reporter PRO 2002.
Câmera: FLIR SC‐660. Lente: 24°.

Figura 5.21 – Cabos Classe 15 kV com amarração.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 5.21 Termograma bem focado, amplitude térmica correta, mas foto na luz visível tremida.
Embora não constitua uma anomalia em si, esta imagem térmica serve de alerta aos
montadores. A temperatura entre cabos de uma mesma Fase, neste caso com
carregamento a 80% da capacidade nominal, é 8,1 °C mais alta em relação às fases que
não estão em contato com outro cabo. A causa é a amarração dos cabos, feita, em muitos
casos, simplesmente por motivos estéticos, sem necessidade técnica. Neste caso, os
trechos de cabos estão expostos às correntes de convecção e refrigeração natural, o que
não acontece dentro de canaletas e tubulações, fazendo com que as temperaturas entre
cabos sejam maiores. O aquecimento por contato de cabos amarrados contribui, em
muitos casos, para o envelhecimento precoce dos isolamentos e enrijecimento dos
revestimentos, reduzindo significativamente a sua vida útil. A solução recomendada é
instalar tarugos de baquelite ou fibra de vidro entre os cabos, nos locais de amarração,
de tal forma que seja mantida a circulação de ar entre eles. Para medições radiométricas
em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da emissividade para
borrachas, silicones, PVCs e termoplásticos varia de 0,85 a 0,95. Software: ThermaCAM
Reporter PRO 2002. Câmera: FLIR SC‐660. Lente: 24°.

334 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO V – TRATAMENTO DAS IMAGENS TÉRMICAS USOS E RESULTADOS EM TERMOGRAFIA

Figura 5.22 – Cabos Classe 4,16 kV em bandejamento metálico.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 5.22 Termograma bem focado, boa profundidade de campo e amplitude térmica correta.
Cabos classe 4,16 kV com anomalia no percurso curvo sobre bandeja metálica. Este tipo
de anomalia indica fortemente um esforço excessivo de dobra durante a instalação. A
quebra da camada semicondutora interna pode causar fuga de corrente severa para as
blindagens, causando o envelhecimento precoce dos materiais atingidos e curto à Terra.
Eventualmente esse aquecimento pode ser causado também por quebra interna de
tentos ou deficiência na qualidade do material condutor. A recomendação é a
substituição dos cabos ou, na impossibilidade, corte e realização de emenda provisória
com muflas de média tensão. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm
à temperatura ambiente, o valor da emissividade para borrachas, silicones, PVCs e
termoplásticos varia de 0,85 a 0,95. Software: ThermaCAM Reporter PRO 2002. Câmera:
FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Análise de Consistência: de forma cânicos por ocasião de curtos‐circuitos e cru‐


geral, cabos de média tensão dificilmente zamento com outros circuitos de corrente
apresentam problemas ao longo de seus alta como barramentos em altos‐fornos e
percursos. Os pontos mais frágeis são as ter‐ painéis de potência. Anomalias térmicas são
minações, as emendas, as dobras e locais esperadas nos pontos de estresse mecânico
onde haja uma mudança abrupta seja de di‐ ou elétrico, sendo que, sempre que possível,
reção, esforço mecânico por sustentação ou é conveniente inspecionar o percurso todo
apoio ou de tipo de apoio, temperatura am‐ de cabos críticos para a produção.
biente, umidade, ou de condições de instala‐ Em alguns casos, a especificação do
ção. Apesar de parecerem equipamentos es‐ cabo foi correta no startup da planta, mas
táticos, apresentam ciclos térmicos de dila‐ modificações e ampliações posteriores po‐
tação e contração compatível com ciclos de dem introduzir ambientes agressivos que
carga, insolação, estações do ano e assim poderão danificar as camadas externas e
por diante. Também estão sujeitos a vibra‐ afetar as camadas de blindagem ou semicon‐
ções de frequência industrial e esforços me‐ dutoras. A Figura 5.22 apresenta um caso
onde a mudança de ambiente de instalação
MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 335
CAPÍTULO V – TRATAMENTO DAS IMAGENS TÉRMICAS USOS E RESULTADOS EM TERMOGRAFIA

ou manuseio incorreto do cabo podem ter talado, ajustes diferentes deverão ser em‐
gerado a anomalia térmica detectada. Por pregados no Termovisor, de tal forma que
sua vez, a anomalia detectada na Figura 5.20 possa ser possível a identificação de anoma‐
apresenta as consequências de um mau con‐ lias com pequenos gradientes de tempera‐
tato em um circuito paralelo nos cabos da tura. Em muitos casos, é necessária a utiliza‐
mesma Fase. Em circuitos com altas corren‐ ção de uma lente teleobjetiva e levar em
tes por cabo, é importante não só levar em consideração a temperatura refletida do am‐
conta a troca de calor com o ambiente (tu‐ biente, uma vez que a emissividade dos re‐
bulação, canaleta, bandejamento etc.), mas vestimentos é normalmente alta. Uma difi‐
também o efeito de condução de calor entre culdade adicional é que raramente os proje‐
cabos, como no caso da Figura 5.20. A solu‐ tos preveem Inspeções por Termografia nos
ção esteticamente apresentável e tradicio‐ cabos instalados.
nal de amarrar firmemente os cabos entre si, As falhas de isolamento, por sua
frequentemente leva ao envelhecimento vez, situadas em porções mais frágeis dos ca‐
precoce das camadas externas e internas do bos como as muflas ou em regiões de es‐
cabo, fazendo com que ele perca suas carac‐ tresse mecânico, progridem lentamente até
terísticas originais. Durante a instalação, cui‐ o rompimento repentino. A Figura 5.23 ilus‐
dados adicionais devem ser tomados no ar‐ tra, em um experimento controlado, como o
raste dos cabos e suas dobras. Regiões dani‐ desenvolvimento de descargas parciais pro‐
ficadas, não visíveis em uma Inspeção Visual, gride até que se estabeleça uma corrente de
frequentemente se transformam em ano‐ fuga suficientemente intensa para o rompi‐
malias térmicas como a da Figura 5.22. De‐ mento completo da camada dielétrica do
pendendo do contexto onde o cabo está ins‐
cabo.

Anotações:

336 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO V – TRATAMENTO DAS IMAGENS TÉRMICAS USOS E RESULTADOS EM TERMOGRAFIA

Figura 5.23 – Progressão do rompimento de um dielétrico.

Na imagem número 1, o dielétrico descargas vão aumentando a profundidade


ainda está integro e não é possível observar e a intensidade. O caminho percorrido por
nenhuma corrente de fuga. Uma vez que a essa corrente é conhecido no jargão técnico
tensão, por algum motivo, passe a não ser como “caminho de rato”. Uma vez que o ca‐
mais suportada pelo meio isolante, inicia‐se minho atinja a parte contrária à sua origem,
o estabelecimento de uma corrente de fuga, ele rapidamente se expande e multiplica, le‐
como indica a seta amarela na imagem 2. vando ao estabelecimento de correntes cada
Aos poucos, e com a sucessiva e contínua di‐ vez maiores. Esse crescimento é muito rá‐
minuição da capacidade dielétrica entre o pido e leva a desfechos como o da Figura
condutor e a blindagem aterrada do cabo, as 5.24:

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 337


CAPÍTULO V – TRATAMENTO DAS IMAGENS TÉRMICAS USOS E RESULTADOS EM TERMOGRAFIA

Figura 5.24 – Falha em cabo isolado por fuga contra a blindagem aterrada.

Como é possível observar, a perfu‐ O ciclo estabelecido não é previsível, po‐


ração do dielétrico na imagem 2, e no deta‐ dendo variar de poucas horas a meses.
lhe da imagem 3, provoca igualmente a de‐ Recomendações de Intervenção:
terioração de partes próximas à região da fa‐ uma vez que anomalias térmicas sejam de‐
lha – Imagem 4. A vantagem da Termografia tectadas em cabos de média tensão, alguns
é que a passagem da corrente de fuga sem‐ procedimentos são usuais. O cabo afetado
pre gera calor e, quanto maior o delta de deve ser desenergizados em curto espaço de
temperatura em relação à parte não afetada tempo sempre que possível, uma vez que di‐
do cabo, maior a corrente de fuga. No en‐
ficilmente se terá noção da profundidade já
tanto, não é possível afirmar que uma deter‐
atingida pela anomalia. A consequência
minada temperatura corresponda a uma de‐
pode ser um curto‐circuito Fase‐Fase ou
terminada profundidade alcançada. Eventu‐
Fase‐Terra com efeitos imprevisíveis, desde
almente, e em situações críticas, é possível
desligamentos intempestivos, incêndio e até
fazer um acompanhamento periódico para
morte em casos mais raros. A intervenção
verificar a progressão do aquecimento. Deve
ideal é a substituição completa do condutor.
ser lembrado, entretanto, que se a principal No entanto, e por motivos operacionais,
causa do estabelecimento da corrente de nem sempre essa opção será rápida ou dis‐
fuga for a umidade, a própria circulação da ponível. Assim, o corte das partes afetadas e
corrente fará com que a umidade seque e a emendas com muflas próprias são soluções
que a corrente de fuga diminua ou desapa‐ eficazes e que, se bem executadas, podem
reça. Nesse caso, quando a umidade aumen‐ resolver definitivamente o problema. Sem‐
tar novamente, haverá a contaminação do
pre é recomendável a aplicação de testes
caminho já aberto e se restabelecerá a fuga.

338 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO V – TRATAMENTO DAS IMAGENS TÉRMICAS USOS E RESULTADOS EM TERMOGRAFIA

elétricos antes e após intervenção como re‐ Descrição: canaletas e caixas de passagem
sistência do cabo e isolamento. No entanto, não são equipamentos elétricos em si, mas
devido às distâncias grandes envolvidas, acumulam um histórico de anomalias que
muitas vezes esses testes não são de execu‐ torna importante o seu conhecimento e ins‐
ção simples. Em cabos de fornos comanda‐ peção. São projetadas para acomodar e con‐
dos por tiristores e frequências diferentes da duzir os cabos entre painéis ou transforma‐
industrial, testes adicionais podem ser ne‐ dores e suas cargas, além de permitir medi‐
cessários. ções e manutenções quando necessário.
Normalmente instaladas enterradas no solo,
5.7 CANALETAS E CAIXAS DE PASSAGEM estão sujeitas a uma série de fatores adver‐
sos como inundações, infestação por formi‐
gas ou abelhas, ninhos de roedores e maté‐
ria em putrefação. Atualmente são fabrica‐
das em material plástico ou construídas no
local em alvenaria ou concreto.
Descrição Térmica: como não dissipam po‐
tência, as caixas de passagem e canaletas de‐
vem apresentar a sua temperatura superfi‐
cial como resultante da insolação, da carga
de seu conteúdo e do local onde estão insta‐
ladas. Qualquer desvio ou assimetria deve
Figura 5.25 – Caixa de passagem.
ser investigado.
Exemplos:

Figura 5.26 – Canaleta e caixas de passagem enterradas.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 5.26 Enquadramento inadequado, uma vez que poderia ter mostrado mais da área anômala à
esquerda. Por outro lado, o foco está correto com boa profundidade de campo e
amplitude térmica correta. Canaletas devem apresentar distribuições térmicas
homogêneas e compatíveis com seu conteúdo. No caso, até a calçada em lajotas
apresenta uma distribuição térmica irregular. Para uma análise correta, a superfície deve

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 339


CAPÍTULO V – TRATAMENTO DAS IMAGENS TÉRMICAS USOS E RESULTADOS EM TERMOGRAFIA

FIGURA COMENTÁRIOS
estar à sombra pelo menos por duas horas contínuas ou mais, dependendo da espessura
do concreto. Para tampas de ferro, esse tempo pode ser menor. No caso, não houve
autorização do Assistente Técnico para a abertura para Inspeção Visual, sendo que,
posteriormente, não foi informado o que foi encontrado dentro dela. É importante
registrar esse tipo de ocorrência, uma vez que, se omitida, seu custo pode ser muito alto.
Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o
valor da emissividade para concreto contaminado por poluentes é bastante alta, variando
de 0,85 a 0,95. Software: ThermaCAM Reporter PRO 2002. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente:
24°.

Figura 5.27 – Caixa de Inspeção em aterramento de Subestação.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 5.27 Termograma bem focado, boa profundidade de campo e amplitude térmica correta.
Neste caso, o Assistente Técnico informou que o conteúdo desta caixa de Inspeção era
uma haste de aterramento da malha de Terra sob a brita. No entanto, a sua abertura não
foi autorizada por já ser do conhecimento da operação a existência de uma colmeia de
abelhas neste local. Achados estranhos como este podem ocorrer em muitos locais e,
apesar de não representarem um risco elétrico imediato, devem ser limpos para permitir
acesso sempre que necessário. Além do mais, no caso da existência de insetos agressivos
ou peçonhentos, pode haver um risco sério de acidentes pessoais incluindo morte no
caso de choque anafilático. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à
temperatura ambiente, o valor da emissividade para concreto contaminado por
poluentes é bastante alta, variando de 0,85 a 0,95. Software: ThermaCAM Reporter PRO
2002. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Análise de Consistência: como as de superfície. Nesses casos, a consistência


caixas de passagem e canaletas de concreto com os conteúdos e cargas fornecem indí‐
não permitem visadas diretas de seus con‐ cios de como devem se comportar as tam‐
teúdos, as únicas informações possíveis de pas. É extremamente importante observar
serem obtidas são as distribuições térmicas

340 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO V – TRATAMENTO DAS IMAGENS TÉRMICAS USOS E RESULTADOS EM TERMOGRAFIA

que em casos de normalidade os comporta‐ gunda e terceira anomalias foram localiza‐


mentos devem ser homogêneos. Além do das na lateral esquerda do tubo de aço gal‐
mais, as partes expostas não devem ter sido vanizado de descida dos cabos de média ten‐
expostas à radiação solar sob o risco de ge‐ são. O Termograma e a imagem na luz visível
rarem falsos positivos. Mudanças em terre‐ podem ser vistos nas duas imagens inferio‐
nos, como de úmidos para cascalho, por res da Figura 5.28.
exemplo, podem contribuir para diferenças Na parte superior do tubo de aço
de temperatura e, eventuais acúmulos de galvanizado de descida dos cabos de média
material em putrefação, poderão gerar
tensão, lado da calçada, foram encontradas
aquecimentos não relacionados com a ca‐
a quarta e quinta anomalias, como pode ser
blagem. Em qualquer situação suspeita, as visto na Figura 5.29. A sexta e última anoma‐
caixas ou canaletas deverão ser abertas lia visível no infravermelho foi localizada
para averiguação do conteúdo e eventual próxima à base do tubo de aço galvanizado,
causa do aquecimento. A Figura 5.22 apre‐ como pode ser visto na Figura 5.29. Como se
senta uma canaleta enterrada à sombra nas isso não bastasse, um trecho de terra aflo‐
primeiras horas da manhã. Como é possível rada ao lado do poste apresentava um aque‐
observar, há uma assimetria entre o início e cimento não compatível com a sombra em
a sua continuidade. que se encontrava e com a temperatura do
concreto próximo, como pode ser visto na
5.7.1 ESTUDO DE CASO 6: Anomalias
Figura 5.31. Por sua vez, o terceiro Termo‐
Múltiplas em Descida 13 kV
grama da Figura 5. 28 e o da Figura 5.30 fo‐
O caso aqui descrito implicou na ram obtidas com o uso de uma teleobjetiva
descoberta de anomalias insuspeitas que só de 10° devido à altura do poste e a distância
foram localizadas e identificadas antes da fa‐ de segurança do tubo de descida. Essa pre‐
lha graças ao bom preparo do Inspetor de caução foi necessária devido ao desconheci‐
Termografia, não apenas no que diz respeito mento da extensão interna e imprevisibili‐
ao conhecimento de infravermelho, mas dade da anomalia. Além disso, as tempera‐
também do conhecimento detalhado de turas variavam lentamente, mas continua‐
equipamentos e instalações elétricas. Além mente indicando um mau contato intermi‐
do mais, deve ser ressaltada a disposição vo‐ tente e em curso, em algum local da instala‐
luntária do Inspetor em acompanhar, além ção.
do seu horário normal de trabalho, a manu‐ A hipótese que melhor explicava to‐
tenção durante um domingo em que poderia das essas anomalias era a de fuga de cor‐
estar descansando. rente pelo isolamento dos cabos de média
Seguindo a rotina de Inspeção, a tensão que passavam dentro do tubo de aço
primeira anomalia detectada foi na conexão galvanizado de descida. Assim, em um caso
da mufla de entrada, Fase Direita de quem desses, de uma entrada de fábrica, com ca‐
vê a partir da calçada em direção à rua. As bos de 13.8 kV descendo por dentro de um
imagens térmicas e na luz visível são as qua‐ eletroduto galvanizado e em que as tempe‐
tro imagens superiores da Figura 5.28. A se‐ raturas efetivas não são possíveis de serem
lidas diretamente, a melhor classificação é
MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 341
CAPÍTULO V – TRATAMENTO DAS IMAGENS TÉRMICAS USOS E RESULTADOS EM TERMOGRAFIA

de intervenção de emergência e de desliga‐ mento progressivo das cargas até que, apro‐
mento imediato da fábrica. Como a parada ximadamente 36 horas depois, a fábrica
intempestiva do processo industrial teria um pode ser totalmente desligada. Uma visada
custo muito alto, optou‐se por um desliga‐ geral do poste de entrada pode ser obser‐
vada na Figura 5.32.

Figura 5.28 – Anomalias múltiplas em um único poste de entrada.

Anotações:

342 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO V – TRATAMENTO DAS IMAGENS TÉRMICAS USOS E RESULTADOS EM TERMOGRAFIA

Figura 5.29 – Anomalia superior no eletroduto.

Figura 5.30 – Anomalia lateral inferior no eletroduto de aço galvanizado.

Figura 5.31 – Provável fuga de corrente pela Terra.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 343


CAPÍTULO V – TRATAMENTO DAS IMAGENS TÉRMICAS USOS E RESULTADOS EM TERMOGRAFIA

Figura 5.32 – Vista geral das cinco anomalias em Poste de Entrada.

No domingo seguinte à Inspeção, o manutenção, pode ter iniciado o processo de


desligamento geral foi efetuado e, na Figura fuga de correntes detectado nesta Inspeção.
5.33, se pode observar a imagem na luz visí‐ O raio de curvatura de um cabo de média
vel do poste com a escada apoiada utilizada tensão deve ser consultado no seu catálogo
nos procedimentos de desconexão. Os cabos técnico ou com o fabricante antes de qual‐
de média tensão, por sua vez, aparecem do‐ quer manobra. Deve ser observado, ainda,
brados em 180° junto com as muflas, tanto que não havia cabo reserva disponível, pois
no Termograma inferior como na foto na luz já havia sido utilizado e não havia sido subs‐
visível. Esse é um procedimento de risco tituído, tendo sido apenas desconectado.
que, se realizado anteriormente em outra

344 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO V – TRATAMENTO DAS IMAGENS TÉRMICAS USOS E RESULTADOS EM TERMOGRAFIA

Movido pela curiosidade profissional, o Ins‐ serviços e, após a desconexão das muflas, li‐
petor que realizou a Inspeção estava pre‐ gou e apontou o Termovisor para confirmar
sente ao desligamento para acompanhar os o desaparecimento das anomalias encontra‐
das.

Figura 5.33 – Vista Geral durante a manutenção.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 345


CAPÍTULO V – TRATAMENTO DAS IMAGENS TÉRMICAS USOS E RESULTADOS EM TERMOGRAFIA

Figura 5.34 – Anomalia com a fábrica em operação e após o desligamento das muflas.

Contrariamente ao esperado, no 5.35. Isso é indicado na imagem térmica


eletroduto de descida e rente ao chão ao desta câmera em específico, na área retan‐
lado do poste, ainda restava uma anomalia, gular de medição de temperatura com a in‐
como pode ser visto no Termograma inferior dicação com o símbolo “>”, implicando assim
da Figura. Uma vez que as muflas estavam que a Faixa Térmica ajustada não conseguia
desligadas, duas hipóteses para a persistên‐ atingir a temperatura da anomalia. Sendo as‐
cia desta anomalia foram elencadas: cor‐ sim, e para ler a temperatura de maneira
rente de retorno por outra entrada desco‐ mais exata, a Faixa Térmica da câmera foi al‐
nhecida ou descarga de banco de capacito‐ terada para atingir a temperatura do Ponto
res. No entanto, essas hipóteses foram aban‐ de Interesse. Como a faixa térmica (range)
donadas, uma vez que o Disjuntor Geral da correta se iniciava em +250 °C e ia até
fábrica estava desligado. Outra hipótese le‐ +700 °C, todos os objetos com menos de
vantada foi a passagem de algum cabo des‐ +250 °C não aparecem na imagem por esta‐
conhecido pela canaleta ou caixa de passa‐ rem abaixo do limite inferior da faixa térmica
gem. Para realizar esta verificação, a caixa de da imagem. O resultado desse ajuste se pode
passagem dos cabos foi aberta, sendo que, observar na imagem térmica da direita na
ao levantar a tampa de concreto, foi perce‐ Figura 5.35, onde havia apenas um ponto
bido o odor característico de ozônio, típico com temperatura nesta faixa: +306,8 °C. Esta
de faiscamento. Ao apontar o termovisor imagem serve apenas para a leitura correta
para dentro da caixa de passagem, a tempe‐ de temperatura, não tendo como ser utili‐
ratura da anomalia encontrada ultrapassou zada para a identificação e localização da
o limite da faixa térmica, como pode ser anomalia.
visto no Termograma da esquerda da Figura
346 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS
CAPÍTULO V – TRATAMENTO DAS IMAGENS TÉRMICAS USOS E RESULTADOS EM TERMOGRAFIA

Figura 5.35 – Leitura de temperatura em anomalia em caixa de passagem.

Como o limite inferior da imagem faixa térmica “incorreta” da câmera. A ima‐


térmica ignorava qualquer temperatura gem térmica da Figura 5.36 apresenta a loca‐
abaixo de +250 °C, foi utilizada novamente a lização da anomalia, embora com a leitura
incorreta de temperaturas.

Figura 5.36 – Identificação da origem do aquecimento.

Uma vez identificada a origem do tigação mais minuciosa no topo do poste re‐
aquecimento, tornou‐se evidente que o cir‐ velou que havia um condutor do sistema de
cuito de corrente de fuga estava sendo fe‐ iluminação desencapado e energizando
chado entre o cabo de aterramento e a cor‐ tanto o tubo de sustentação da luminária
doalha interna do cabo. O estado deterio‐ como a braçadeira e o eletroduto de des‐
rado da superfície do cabo era a evidência cida dos cabos de média tensão. Em um
de que aquecimentos maiores já haviam procedimento de risco não autorizado, um
ocorrido neste local. Havia, então, duas eletricista da empreiteira que realizava a
possibilidades de origem da corrente: ou manutenção afastou o cabo de aterramento
em direção à cabine de entrada ou em dire‐ do cabo de média tensão. O risco implícito
ção ao topo do poste. Como em um pri‐ era o contato com o condutor energizado e
meiro momento o Disjuntor Geral estava superaquecido que poderia perfurar a luva
desligado, a probabilidade da corrente de isolante. O resultado foi o imediato resfria‐
fuga estar vindo dessa direção era menor mento da anomalia, como se pode ver na
do que vindo do topo do poste. Uma inves‐ Figura 5.37.

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 347


CAPÍTULO V – TRATAMENTO DAS IMAGENS TÉRMICAS USOS E RESULTADOS EM TERMOGRAFIA

Figura 5.37 – Afastamento do aterramento contra isolamento do cabo.

Figura 5.38 – Resfriamento após separação do aterramento.

A Figura 5.38 apresenta o resfria‐ descuidado na instalação da fiação da lumi‐


mento gradativo do objeto de interesse após nária.
o afastamento do contato com o cabo de Conclusões: em inúmeras situações
Terra. Após a identificação da origem da cir‐ de campo ao longo de sua vida profissional,
culação de corrente, a concessionária res‐ o Inspetor vai se deparar com situações em
ponsável pela iluminação pública foi cha‐ que sua experiência, perspicácia, atenção e
mada para um reparo de emergência, elimi‐ conhecimento técnico serão desafiados. Di‐
nando a fonte de fuga de corrente. Uma vez versas situações térmicas se apresentarão
liberado, os quatro cabos de força foram como absurdas e sem causa aparente possí‐
substituídos até a cabine de medição. As vel. A intuição de pesquisador do Inspetor
causas mais prováveis para todas essas ano‐ não deverá ser negligenciada e, em casos ex‐
malias podem ser elencadas no mínimo tremos, anomalias sem causa aparente de‐
como: procedimento incorreto na instalação verão ser convenientemente destacadas,
com dobra acentuada nos cabos de média exigindo atitudes rápidas na busca de suas
tensão danificando as camadas isolantes, se‐ causas e soluções. O preparo correto no que
micondutoras e de blindagem dos cabos, diz respeito ao conhecimento de sua câ‐
falta de Inspeção cuidadosa na busca de re‐ mera, o conhecimento profundo das carac‐
barbas nas extremidades do eletroduto de terísticas favoráveis dos fenômenos térmi‐
aço galvanizado, procedimento incorreto e cos de condução, convecção e radiação, os

348 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO V – TRATAMENTO DAS IMAGENS TÉRMICAS USOS E RESULTADOS EM TERMOGRAFIA

efeitos característicos do infravermelho, a diversos componentes como seccionadoras,


consistência entre as detecções térmicas e TPs e TCs, disjuntor e finalmente o transfor‐
os eventos que as estariam produzindo é mador ou cubículo de saída.
crucial para o sucesso de uma Inspeção Ter‐ Descrição Térmica: em termos térmicos, e
mográfica bem‐feita. Economizar na compra sob condições nominais de projeto, tanto os
de aparelhos termovisores, em mão de obra barramentos pintados quanto conexões
pouco qualificada, própria ou terceirizada e podem apresentar distribuições térmicas
Inspeções para cumprir norma, na imensa levemente aquecidas. No entanto, devem
maioria dos casos, custa dezenas ou cente‐ ser uniformes e/ou proporcionais às divisões
nas de vezes mais caro do que a economia das cargas que alimentam. Isso se deve a que
que se pretendia. Qualidade em todos os ní‐ eles estão efetivamente distribuindo e
veis é requisito mínimo para produtividade,
dividindo uma potência para os painéis e
economia e sucesso.
equipamentos a que estão conectados. Os
pontos fracos são evidentemente as
5.8 BARRAMENTO CLASSE 15 KV
conexões e, muito raramente, a qualidade
do cobre utilizado. Os isoladores que podem
apresentar correntes de fuga já foram anali‐
sados no Item 4.6.1 deste Volume. Nos bar‐
ramentos sob carga, a proporcionalidade
dos efeitos Joule é esperada relacionando os
dimensionamentos das barras e cargas ali‐
mentadas. Já para barramentos em cobre nu
ou alumínio, não é esperada a detecção de
aquecimentos devido às baixas emissivida‐
des envolvidas. Algumas manchas podem
ser observadas quando, durante a monta‐
Figura 5.39 – Barramentos. gem, foram deixados resíduos de graxa ou
outro componente orgânico sobre os barra‐
Descrição Técnica: barramentos de distribui‐ mentos. Frestas em conectores podem tam‐
ção em Média Tensão podem ser feitos de bém se apresentar mais aquecidas, repre‐
tubos de cobre ou barras de secção cilín‐ sentando as temperaturas dos barramentos
drica, ou até retangulares e sólidas, depen‐ aos quais estão conectados. No caso de bar‐
dendo da carga projetada. São destinados a ramentos pintados com tintas à base de
fazer a conexão comum para dois ou mais óleo, espera‐se um comportamento uni‐
circuitos e conduzir a corrente dentro da su‐ forme.
bestação, desde a entrada, passando pelos

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 349


CAPÍTULO V – TRATAMENTO DAS IMAGENS TÉRMICAS USOS E RESULTADOS EM TERMOGRAFIA

Exemplos:

Figura 5.40 – Conexão com defeito em barramento de Alta Tensão.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 5.40 Termograma bem focado e bem enquadrado. O motivo por que a terceira conexão não
aparece na imagem é porque a barra da Fase vermelha vai contínua do TC ao disjuntor.
A Amplitude Térmica está um pouco acima da temperatura da conexão de interesse e
isso permite ver a extensão do aquecimento na barra sem perder de vista a origem.
Barramentos em cobre pintado são fáceis de avaliar devido à alta emissividade das tintas
aplicadas. No entanto, em muitos casos, a aplicação desatenta da tinta acaba fazendo
com que ela escorra para dentro da conexão, prejudicando‐a. Por outro lado, mesmo a
temperatura baixa desta conexão anômala não permite que seja ignorada, uma vez que,
ao longo do tempo e das variações de temperatura ambiente e carga, a tendência será
agravar as situações. É possível notar que a conexão da esquerda está mais
comprometida que a da direita e que o barramento superior está uniformemente mais
“morno”. Isso sugere um barramento tubular acima e um em barra sólida abaixo ou cobre
de qualidade diferente. Desmonte, Inspeção Visual cuidadosa em busca de sinais de
corrosão, limpeza em caso negativo e reaperto devem solucionar a anomalia. Caso haja
sinais de corrosão, pode ser necessária a substituição. Para medições radiométricas em
7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da emissividade para tintas a
óleo pode variar de 0,85 a 0,94. Software: ThermaCAM Reporter PRO 2002. Câmera: FLIR
AGEMA 550.

Resumindo: barramentos apresen‐ aquecimentos internos poderão ser visíveis


tarão distribuições térmicas anômalas por condução e eventualmente irradiação
quando sofrerem desequilíbrio de corrente nas paredes exteriores (Figura 2.8 a Figura
ou sobrecarga no sistema, quando forem 2.12). Deve ser considerado que nesses ca‐
mal dimensionados – ou tiverem sido substi‐ sos o aquecimento interno será provavel‐
tuídos de barras para tubos, por exemplo – mente extremamente grave, uma vez que
suas conexões não estejam bem feitas ou so‐ pequenas distâncias de isolamento a ar po‐
fram oxidação/corrosão devido a atmosferas dem reduzir a temperatura na chapa externa
agressivas. Nos casos de barramentos en‐ em algumas centenas de graus. Vide
capsulados, seja no ar ou SF6, eventuais
350 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS
CAPÍTULO V – TRATAMENTO DAS IMAGENS TÉRMICAS USOS E RESULTADOS EM TERMOGRAFIA

exemplo no Item 7.3.2 Estudo de Caso 11 – Isolamento do Ar em Barramento Enclausurado, 0.

Figura 5.41 – Barramento de cobre maciço pintado descascando.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 5.41 Termograma mal enquadrado porque a terceira Fase está desfocada e a conexão mal
aparece no Termograma. Como complicador adicional, percebe‐se a tela metálica
anteposta na imagem. Sempre é mais difícil conseguir um foco correto com uma tela no
meio e, no entanto, este Termograma está suficientemente focado. A Amplitude Térmica
de 20 °C é um ajuste bastante comum e utilizado em quase todas as situações. Um
comportamento térmico anômalo deste tipo indica depósito irregular de poluente sobre
uma barra de cobre nu ou o descascamento da camada de tinta aplicada sobre o
barramento. No caso, apesar da foto na luz visível não estar disponível, a Inspeção Visual
no local constatou que a tinta estava descascando, expondo o cobre. Para evitar futuros
erros de diagnóstico, o barramento deve ser pintado uniformemente e, se possível, a
malha da tela aumentada. Medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm, à
temperatura ambiente, mas com uma tela metálica entreposta fornecerão resultados
com um erro muito maior do que com visada direta. Essa dificuldade deve ser anotada
explicitamente no relatório para não gerar falsas interpretações. O valor da emissividade
deve ser o do caso mais favorável, que é o da tinta a óleo, de 0,85 a 0,95. Software:
ThermaCAM Reporter PRO 2002. Câmera: FLIR AGEMA 550 e FLIR SC‐2000. Lente: 10°.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 351


CAPÍTULO V – TRATAMENTO DAS IMAGENS TÉRMICAS USOS E RESULTADOS EM TERMOGRAFIA

Figura 5.42 – Barramento tubular aquecido por carga.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 5.42 Termograma bem focado e com um pequeno deslocamento para a esquerda no
enquadramento. Observar que, novamente, o limite superior da amplitude térmica está
abaixo da maior temperatura medida na anomalia. Como resultado, toda a cabeça da
bucha de passagem fica claramente identificada. No entanto, apesar do mau contato na
bucha de passagem da Fase Esquerda, o destaque nesse Termograma é o barramento
uniformemente aquecido. Consultado, o gerente de manutenção da unidade informou
que em uma manutenção recente, todo o barramento tinha sido substituído por barras
tubulares. Apesar da carga não ser excessivamente alta, a seção quadrada menor causou
a elevação da temperatura até os 43 °C. Caso venha a ocorrer um aumento de carga nas
instalações, este será um ponto importante a ser monitorado. Como o barramento está
pintado com tinta a óleo, para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à
temperatura ambiente, o valor da emissividade é o mesmo para outros revestimentos
deste tipo, de 0,85 a 0,95. Software: ThermaCAM Reporter PRO 2002. Câmera: FLIR SC‐
2000. Lente: 24°.

Análise de Consistência: distribui‐ mesmo má limpeza dos conectores e do bar‐


ções térmicas irregulares em barramentos ramento durante a montagem. Há ainda a
podem ser devidas ao mau contato entre questão de que, eventualmente ao longo do
barras contíguas e, muito raramente, a pro‐ tempo de operação da subestação, tenham
blemas na qualidade do cobre. Em muitos ocorrido manutenções emergenciais em que
casos, partes oxidadas do barramento, inclu‐ barras de cobre sólido tenham sido substitu‐
sive pelo toque da mão humana, aparecem ídas por tubos. Nesse caso, a diferença de
mais aquecidas devido a alterações na emis‐ temperatura, nas mesmas condições de
sividade do barramento. Por outro lado, par‐ carga, deverá ser facilmente identificável.
tes frias são facilmente identificáveis quando Recomendações de Intervenção: os
em barramentos pintados que descascaram. barramentos corretamente dimensionados
A título de exemplo, o defeito detectado no e instalados só devem apresentar problemas
Termograma da Figura 5.38 pode ter sido de conexão, dimensionamento ou fugas de
causado por uma má conexão, oxidação, cor‐ corrente. Em alguns casos, tubos são
rosão, falha no próprio conector ou até utilizados em lugar de barras cilíndricas

352 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO V – TRATAMENTO DAS IMAGENS TÉRMICAS USOS E RESULTADOS EM TERMOGRAFIA

sólidas por má fé ou desconhecimento. Nos de curto‐circuito. Os isoladores, normal‐


casos de mau contato nas conexões, e onde mente fabricados em porcelana ou resina
não houver corrosão, limpeza e reaperto, epóxi, devem apresentar correntes de fuga
normalmente resolvem os aquecimentos de‐ na ordem de microampères, já que são con‐
tectados. Onde houver corrosão, deve‐se siderados resistores de alto valor, na ordem
avaliar o corte e substituição da parte afe‐ de dezenas ou centenas de megohms.
tada utilizando conectores novos. Eventual‐ Descrição Térmica: seu comportamento tér‐
mente as partes afetadas poderão ser usina‐ mico esperado é de equilíbrio com o meio
das desde que o material não tenha sido des‐ em que está inserido. Qualquer sobreaque‐
temperado pelo aquecimento. Nos casos de cimento indica anomalia interna e, conse‐
aquecimentos severos, próximos ou que fa‐ quentemente, baixo isolamento.
çam suas conexões sobre isoladores, é sem‐
pre uma boa medida testá‐los para verificar
se a sua rigidez dielétrica foi afetada ou não.
Se o diagnóstico da causa da anomalia for di‐
mensionamento inadequado, deve ser re‐
visto, e a instalação refeita.

5.9 ISOLADORES

Descrição Técnica: isoladores têm por finali‐


dade separar eletricamente um corpo con‐
dutor de outro qualquer, seja ele de outra
Fase ou da Terra, evitando curtos‐circuitos.
Uma segunda função não menos importante
é fornecer sustentação mecânica, tanto em Figura 5.43 – Isoladores.

operação normal como quando em regime


Exemplos:

Figura 5.44 – Isoladores em bom estado. Temperaturas muito próximas à TAmb.

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 353


CAPÍTULO V – TRATAMENTO DAS IMAGENS TÉRMICAS USOS E RESULTADOS EM TERMOGRAFIA

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 5.44 Este mesmo Termograma já foi utilizado na Figura 5.9 para demonstração de problemas
em buchas de passagem. Na situação atual, o foco são os isoladores de suporte do
barramento (setas amarelas). O foco está correto e a amplitude térmica, ajustada para
as buchas de passagem, se presta também a evidenciar os isoladores. Como
originariamente o foco eram as buchas de passagem, para a finalidade atual o
enquadramento não está adequado. Isoladores em bom estado devem ter correntes de
fuga tão baixas que não gerem nenhum aquecimento detectável por termovisores para
uso industrial. Assim, é comum que praticamente “desapareçam” contra as paredes em
que estão instalados por terem praticamente a mesma emissividade e estarem em
equilíbrio térmico. A explicação detalhada desse comportamento pode ser encontrada
no Item 4.6.1, Caso particular. Se for o caso, e para medições radiométricas em 7 – 14 µm
ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da emissividade para isoladores em
porcelana é o mesmo de paredes em alvenaria, pintadas ou não em látex, de 0,80 a 0,90.
Software: ThermaCAM Reporter PRO 2002. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 12°.

Figura 5.45 – Falha em isolamento de isolador de suporte de barramento de MT Fase ‘T’.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 5.45 Termograma bem enquadrado e bem focado. A amplitude térmica ajustada para a
conexão defeituosa permite também a análise do isolador da Fase vermelha. Mas a
cabeça do isolador desta Fase aparece aquecida sem que haja nenhuma anomalia
próxima para que receba calor por condução. Da mesma forma, o aspecto visual da
cabeça metálica deste isolador é muito semelhante ao do conector próximo na mesma
barra e não é diferente dos outros isoladores nas demais Fases. Esta semelhança sugere
fortemente que deveria ser esperado um comportamento térmico idêntico, uma vez que
são componentes passivos e que tem sua temperatura influenciada apenas pela barra
onde estão fixados e pelo ar atmosférico. A melhor hipótese explicativa para essa
distribuição de temperaturas é que o isolador está conduzindo para a Terra e a parte mais
resistiva é o topo do isolador, imediatamente abaixo da cabeça metálica. A explicação
detalhada desse comportamento pode ser encontrada no Item 4.6.1, Caso particular. A
solução é a substituição do componente ou, em caso de extrema necessidade,
tratamento térmico e cobertura com silicone isolante. No entanto, para esta opção, deve
ser medida a resistência de isolamento antes e depois do procedimento, bem como o

354 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO V – TRATAMENTO DAS IMAGENS TÉRMICAS USOS E RESULTADOS EM TERMOGRAFIA

FIGURA COMENTÁRIOS
acompanhamento Termográfico pelo menos durante um ano. Para medições
radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da
emissividade para isoladores de epóxi pode variar de 0,85 a 0,95. Software: ThermaCAM
Reporter PRO 2002. Câmera: FLIR AGEMA 550, Lente: 20°.

Figura 5.46 – Isolador com defeito interno.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 5.46 Termograma bem focalizado e, se o único foco da imagem térmica for este isolador
específico, bem enquadrado. Caso o objetivo seja documentar o comportamento, em
relação às demais Fases, não estaria enquadrado corretamente. A amplitude térmica está
adequada porque é possível distinguir, além do objeto de interesse, os demais
componentes adjacentes. Neste caso, é evidente que o isolador, como resistor, está com
a impedância maior na sua região intermediária, fazendo com que aqueça mais nessa
região. A solução, como no caso anterior, é a substituição do componente ou, em caso
de extrema necessidade, tratamento térmico e cobertura com silicone isolante. No
entanto, para esta opção, deve ser medida a resistência de isolamento antes e depois do
procedimento, bem como o acompanhamento Termográfico pelo menos durante um
ano. A explicação detalhada desse comportamento pode ser encontrada no Item 4.6.1,
Caso particular. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à
temperatura ambiente a da emissividade para isoladores de porcelana, pode variar de
0,85 a 0,95. Software: ThermaCAM Reporter PRO 2002. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 12°.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 355


CAPÍTULO V – TRATAMENTO DAS IMAGENS TÉRMICAS USOS E RESULTADOS EM TERMOGRAFIA

Figura 5.47 – Isolador de Suporte com fuga para a Terra.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 5.47 Termogramas bem focalizados e bem enquadrados. A amplitude térmica no Termograma
superior é de apenas 2,2 °C e no inferior é de 9,5 °C. Ambos os ajustes de amplitude estão
adequados às anomalias que registram. Para a detecção dessas anomalias, é necessário
um Inspetor experiente para não deixar passar despercebidas variações tão pequenas.
Cabe ao Inspetor ajustar a amplitude térmica da câmera para verificar se há ou não uma
anomalia nestes componentes e encontrar o Nível térmico correto para cada caso. Sem
esses dois ajustes efetuados com precisão, este tipo de anomalia normalmente passa
despercebida. Observar que no Termograma superior os isoladores adjacentes são
praticamente invisíveis no infravermelho por estarem à mesma temperatura que a
parede e por terem emissividade também praticamente igual à da parede. Já no
Termograma inferior, há uma variação um pouco maior de temperatura em relação à
parede onde estão afixados. Por sua vez, o depósito de poluente em cima dos isoladores
não tem efeito sobre a condução de corrente. Fica assim evidente a falha interna do
isolador aquecido. A solução, como nos dois casos anteriores, é a substituição do
componente ou, em caso de extrema necessidade, tratamento térmico e cobertura com
silicone isolante. No entanto, para esta opção, deve ser medida a resistência de
isolamento antes e depois do procedimento, bem como o acompanhamento
Termográfico pelo menos durante um ano. A explicação detalhada desse comportamento
pode ser encontrada no Item 4.6.1, Caso Particular. Para medições radiométricas em
7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da emissividade para
isoladores de porcelana pode variar de 0,85 a 0,95. Software: ThermaCAM Reporter PRO
2002. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

356 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO V – TRATAMENTO DAS IMAGENS TÉRMICAS USOS E RESULTADOS EM TERMOGRAFIA

Figura 5.48 – Anomalia em barramento causada por instalação incorreta em isolador.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 5.48 Termograma bem focado, mas incorretamente enquadrado. Para dificultar ainda mais, a
amplitude térmica está muito grande, fazendo com que o fundo se confunda com os
isoladores. Embora o tema deste item seja isoladores, este Termograma não se refere
exatamente a uma anomalia em um isolador. No entanto, o fato de o barramento
sustentado ser em tubo de cobre, implica que a fixação da barra no conector superior foi
executada com excesso de torque ou aperto. O excesso de aperto provavelmente
danificou a secção quadrada do tubo, levando ao aumento da resistência à passagem da
corrente de carga. A solução é a abertura da fixação para verificação do estado da barra
e, se encontrada danificada, substituir a barra ou substituir o trecho defeituoso. Neste
caso específico, e para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à
temperatura ambiente, o valor da emissividade é mais difícil de ser determinado. O
barramento é em cobre nu e é a origem do aquecimento. Cobre nu possui, via de regra,
emissividade muito baixa, que vai subindo na medida em que oxida. Como não é possível
determinar o nível de oxidação existente no barramento e nem ensaiar para
determinação precisa da emissividade, a solução é atribuir um valor razoável. Nessa
situação, considerando que ele está oxidado pelo aquecimento contínuo e que há frestas
entre o barramento e o conector, pode‐se atribuir um valor aproximado de 0,75 a 0,85.
Essa atribuição tem de ser feita pelo Inspetor em campo e é conveniente que seja
anotada para posterior comparação ou acompanhamento no tempo. Software:
ThermaCAM Reporter PRO 2002. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 12°.

Análise de Consistência: os Termo‐ Em muitos casos, há a contamina‐


gramas apresentam assinaturas térmicas ção do material pela umidade relativa do ar
causadas por fuga de corrente para Terra em do ambiente, o que baixa ainda mais a resis‐
isoladores de suporte de MT. As causas pro‐ tência de isolamento, aumentando a cor‐
váveis são acúmulo de resíduos, falha ou rente de fuga até que a temperatura seque
trinca na porcelana devido a esforços mecâ‐ o caminho de fuga e, na sequência, melho‐
nicos – durante curtos‐circuitos, por exem‐ rando o isolamento. Esse ciclo se repete até
plo – ou defeitos de fabricação. a próxima contaminação terminando, ao

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 357


CAPÍTULO V – TRATAMENTO DAS IMAGENS TÉRMICAS USOS E RESULTADOS EM TERMOGRAFIA

longo de um tempo indeterminado, com a TCs, sendo que os mais utilizados são o tipo
falha do isolador. janela e tipo barra, normalmente encapsula‐
dos em resina epóxi. As correntes de secun‐
Recomendações de Intervenção:
dário normalmente são limitadas a 5 Am‐
isoladores em subestações que apresentem
pères. Em alguns casos, há dois TC’s por
aquecimento nos seus corpos devem ser
Fase, sendo um conjunto para proteção e
substituídos. Na impossibilidade de substi‐
outro para medição. Quando se trata so‐
tuição, recomenda‐se um teste de isola‐
mente de medição, o arranjo mais comum é
mento prévio (Megger) e tratamento tér‐
o Aaron.
mico. Após o período de secagem, deve‐se
novamente testar o isolamento para confir‐
mação de recuperação de rigidez dielétrica.
Em caso positivo, e se possível, reisolar o iso‐
lador com silicone apropriado. Este procedi‐
mento tem seus riscos e deve ser apenas
temporário. Deve ainda ser lembrado que
problemas de isolamento em isoladores ten‐
dem a ser cíclicos, variando com a umidade
relativa do ar e o aquecimento pela corrente
de fuga que seca a água e recompõe tempo‐
rariamente a sua rigidez dielétrica.
Figura 5.49 – TCs da concessionária.

5.10 TCS DA CONCESSIONÁRIA OU


INTERNOS Descrição Térmica: TCs não devem apresen‐
tar aquecimentos, já que a resistência à pas‐
Descrição Técnica: os Transformadores de sagem da corrente no primário é muito baixa
corrente – TCs –da concessionária são utili‐ e a corrente que circula pelo secundário nor‐
zados para a medição da energia consumida malmente não excede os 5A. Da mesma
e posteriormente cobrada. Um TC reproduz, forma, como a relação de transformação não
de acordo com a sua relação entre espiras é muito alta, não há grandes perdas no nú‐
em seu secundário, a corrente que circula cleo de ferrosilício.
em seu primário. Existem vários modelos de Exemplos:

Figura 5.50 – TCs com distribuição térmica anômala.

358 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO V – TRATAMENTO DAS IMAGENS TÉRMICAS USOS E RESULTADOS EM TERMOGRAFIA

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 5.50 Termograma no foco e corretamente enquadrado. A amplitude térmica é suficiente para
a visualização de todos os componentes presentes. Como a planta industrial estava
operando normalmente, o pressuposto básico era de que os três TC’s de medição
estivessem submetidos à mesma corrente. Para que o TC da Fase Esquerda se
apresentasse “frio” como está no Termograma, só havia três opções: 1) Não havia
corrente no primário, 2) O secundário estava aberto e 3) O TC estava funcionando
normalmente. As opções 1 e 2 foram descartadas, pois além da planta estar operando
normalmente, a medição no painel estava compatível com os valores históricos e,
portanto, o TC estava operando dentro de suas condições de projeto. Sendo assim, os
dois TC’s, Fases do meio e da direita, apresentam‐se provavelmente com defeitos no
entreferro ainda que com intensidades diferentes. Uma eventual falha entre espiras
estava descartada devido a que as medições no painel estarem quase iguais. Como se
desconhece o real estado interno, a temperatura pode aumentar ao longo do tempo,
degradar a resina epóxi, e permitir um curto circuito contra a Terra. A solução é a
substituição dos TC’s o mais breve possível, justamente porque não se sabe o seu estado
interno. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura
ambiente, o valor da emissividade para epóxi pode variar de 0,85 a 0,95. Software: FLIR
ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR AGEMA 550, Lente: 10°.

Figura 5.51 – TCs com anomalia térmica.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Termograma aparentemente bem enquadrado porque o foco óptico parece ser o
5.51
aquecimento dos núcleos dos TC’s. Por sua vez, está bem focalizado e com amplitude
térmica adequada. No entanto, a escala colorimétrica poderia estar mais bem ajustada, ou
ser utilizada outra distribuição de cores para permitir uma apresentação mais clara.
Observar que há uma semelhança aparente com a Figura 5.48. Neste caso, o aquecimento
no núcleo destes TCs pode ser devido ao mau contato nas conexões internas posteriores,
como pode ser visto na Fase branca. A conexão interna da Fase Verde não está visível devido
ao enquadramento incorreto, que poderia ter sido melhor se o Inspetor houvesse observado
em campo o aquecimento interno nas conexões posteriores dos TCs. O problema do
primeiro foco sempre é um desafio para o Inspetor: em muitos casos, há mais de uma
anomalia em uma mesma imagem e focar sua atenção na que primeiro lhe chama a atenção

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 359


CAPÍTULO V – TRATAMENTO DAS IMAGENS TÉRMICAS USOS E RESULTADOS EM TERMOGRAFIA

FIGURA COMENTÁRIOS
pode fazer passar despercebida a segunda. Neste caso, só o desmonte e testes elétricos e
visual poderão dizer qual a causa efetiva do aquecimento detectado. É possível que seja
mais de uma e, talvez, seja difícil atestar qual ocorreu primeiro. Para medições radiométricas
em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da emissividade para epóxi
pode variar de 0,85 a 0,95. Software: ThermaCAM Reporter PRO 2002. Câmera: FLIR AGEMA
550.

Figura 5.52 – Mau contato em conexão de TC.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 5.52 Termograma bem enquadrado no que diz respeito à anomalia. O foco nítido na conexão
do TC da Fase posterior torna evidente a profundidade de campo pequena da lente
utilizada apresentando as duas outras Fases fora de foco. O ajuste da escala colorimétrica
e amplitude térmica estão corretos. Como é possível observar pela foto na luz visível, a
conexão anômala possui três superfícies diferentes irradiando infravermelho: um
parafuso aparentemente de latão severamente oxidado (eventualmente até mesmo por
um aquecimento maior na conexão), um conector aparentemente estanhado ou zincado
e as barras de cobre. O uso do termo “aparentemente” se deve à impossibilidade de
Inspeção física no momento da Inspeção devido ao circuito estar energizado e não haver
informações pós‐manutenção. Assim, e com três componentes de emissividade baixa
(latão, zinco ou estanho e cobre), o problema de qual emissividade utilizar para uma
leitura de temperatura parece complexo. No entanto, é possível considerar por Inspeção
Visual que, além da presença de pó sobre os componentes, as frestas presentes e a rosca
do parafuso oxidado permitirão utilizar uma emissividade alta. Assim, e para medições
radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da
emissividade nessas condições pode variar de 0,75 a 0,85 sem incorrer em um erro
demasiado grande. Essa atribuição deve ser feita por um Inspetor experiente em campo.
Em termos da anomalia em si, este é um caso bastante simples de mau contato. Os
procedimentos são os usuais: desmonte, Inspeção Visual cuidadosa em busca de sinais
de corrosão, limpeza e reaperto. Caso haja sinais de corrosão na área de contato da barra
do TC com o conector do barramento, ainda há a solução emergencial de utilizar um
conector novo, mas fixado na superfície inferior da barra do TC. Se a corrosão estiver
presente no tubo, a solução correta é a substituição. Não são recomendadas soluções

360 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO V – TRATAMENTO DAS IMAGENS TÉRMICAS USOS E RESULTADOS EM TERMOGRAFIA

FIGURA COMENTÁRIOS
improvisadas como emendas no tubo devido à corrente de carga de toda a fábrica passar
por ele. Software: ThermaCAM Reporter PRO 2002. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 12°.

Figura 5.53 – TC com anomalia interna.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 5.53 Termograma com anomalia semelhante à Figura 5.48 e Figura 5.49. Bem focado e bem
enquadrado. Escala colorimétrica e amplitude térmica corretas. No entanto, a visada é
evidentemente deficiente devido a impossibilidade construtiva do local. A anomalia é
clara e definida por si só, mas a sua causa só poderá ser descoberta após a retirada e
análise do TC. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura
ambiente, o valor da emissividade para resina epóxi pode variar de 0,80 a 0,90. Em campo
e sob essas situações, deve ser observado se o ângulo de leitura das temperaturas não
implica em alguma correção adicional. Software: ThermoCom IrAnalyzer. Câmera:
ThermoCom V384S.

Figura 5.54 – Mau contato na conexão de entrada de um TC.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 5.54 Termograma bem focalizado e enquadrando a anomalia detectada. Escala colorimétrica
e amplitude térmica adequadas. A Fase posterior (amarela) aparece fora de foco devido
à pequena profundidade de campo da lente utilizada. TCs em conexão Aaron em
MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 361
CAPÍTULO V – TRATAMENTO DAS IMAGENS TÉRMICAS USOS E RESULTADOS EM TERMOGRAFIA

FIGURA COMENTÁRIOS
subestação abrigada 34,5 kV. Como o ponto mais aquecido está na conexão, é presumido
que o aquecimento tenha se originado neste local. Mas como há a transmissão do calor
gerado por condução pela barra do TC (de baixa emissividade), pode‐se observar o efeito
dessa condução no corpo do TC (de alta emissividade). Assim, e para descobrir a origem
do aquecimento, é obrigatória a Inspeção cuidadosa das demais conexões que não estão
visíveis, devido ao ângulo de visada. Desmonte, Inspeção Visual, limpeza e reaperto se
possível. Em caso de corrosão, substituição ou usinagem de superfície se possível e
necessário. Devem ser verificadas também as conexões ocultas pela visada, na parte
superior do TC, uma vez que há uma mancha térmica na inserção da barra no corpo do
TC. Para medições radiométricas de temperatura, deve ser considerado que o ponto mais
aquecido está entre o conector da barra e a barra do TC. Como são dois materiais
metálicos e de baixa emissividade e, portanto, de difícil determinação em campo, a
solução é se utilizar do efeito fresta entre o conector e a barra. Desde que a resolução de
medição seja suficiente e, utilizando câmeras de 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura
ambiente, valores de 0,75 a 0,85 poderão ser utilizados. Em campo, e sob essas situações,
deve ser observado se o ângulo de leitura das temperaturas não implica em alguma
correção adicional. Software: ThermaCAM Reporter PRO 2002. Câmera: FLIR SC‐2000.
Lente: 24°.

Análise de Consistência: no Termo‐ a retirada para tratamento de superfície, se


grama da Figura 5.50 pode‐se observar que possível, é recomendada. Eventualmente, e
os TCs das Fases do meio e direita apresen‐ dependendo do modelo, um conector novo
tam aquecimento irregular comparando‐se pode ser afixado na face inferior da barra
com o TC da Fase Esquerda, já que este se corroída. Caso não seja possível a recupera‐
encontra operando normalmente e não ção, o TC deve ser substituído por outro,
apresenta nenhuma anomalia térmica. novo e testado. Os problemas de isolamento
Aquecimentos em TCs podem ser causados requerem a substituição do TC, uma vez que
por defeitos internos, falhas na resina, con‐ o tratamento de secagem pode retirar a umi‐
taminação por umidade ou, eventualmente dade, mas não será capaz de recuperar a es‐
abertura, quando estão com seus circuitos trutura interna já corroída pela corrente de
secundários em aberto e, nesse estado, altas fuga. Uma solução emergencial, mas não ga‐
tensões são geradas, comprometendo o iso‐ rantida, é a aplicação de silicone isolante.
lamento. Nos Termogramas das Figura 5.50 Problemas no entreferro podem aquecer o
e Figura 5.51 uma anomalia semelhante TC ao ponto de prejudicar a vida útil do seu
também ocorre. isolamento, notadamente se for em epóxi.
Da mesma forma, a recomendação é a sua
Recomendações de Intervenção:
substituição.
TCs tipicamente podem apresentar dois ti‐
pos de problemas: conexões e isolamento.
Em casos mais raros, pode haver problemas
no entreferro. Problemas de conexão são re‐
solvidos da forma usual. Caso haja corrosão,

362 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO V – TRATAMENTO DAS IMAGENS TÉRMICAS USOS E RESULTADOS EM TERMOGRAFIA

5.11 TPS DA CONCESSIONÁRIA OU INTER‐ consumida e posteriormente cobrada. Um


NOS TP reduz a tensão do circuito primário para
níveis compatíveis com a máxima suportável
pelos instrumentos de medição dentro de
uma proporção pré‐definida, conhecida e
adequada. São também muitas vezes utiliza‐
dos em uma instalação separada para a pro‐
teção do sistema.

Descrição Térmica: TPs apresentam algum


aquecimento em seu corpo devido à grande
relação de transformação que estes efetuam
(13.800/120, por exemplo). Sua apresenta‐
ção térmica característica é o entreferro
Figura 5.55 – TPs da concessionária. aquecido, sinal de que está operando dentro
da normalidade, mas, e evidentemente, não
Descrição Técnica: os Transformadores de
ultrapassando o seu limite de fabricação.
potencial – TPs – da concessionária são uti‐
lizados para realizar a medição da energia Exemplos:

Figura 5.56 – Falha em progresso em isolamento em TPs.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 5.56 Termograma bem focado e bem enquadrado. Escala colorimétrica e amplitude térmica
corretas. Os dois TPs isolados em resina epóxi deste Termograma encontram‐se
conectados por uma conexão Aaron. A distribuição de temperaturas assimétricas é um
forte indicativo de baixo isolamento, com corrente de fuga contra a Terra. Esses
problemas tendem a fazer com que os TP’s tenham a reputação de serem equipamentos
sujeitos a explosão. A Amplitude Térmica baixa (11,4 °C) torna útil a ferramenta Isoterma,
ajustada com uma largura de 0,5 °C para a melhor identificação da anomalia. O
diagnóstico correto, nesta situação, é Qualitativo de Urgência, dado o risco de curto à
Terra do componente. Como não é admissível nenhuma assimetria térmica no corpo de
um TP, a diferença entre um diagnóstico Qualitativo e Quantitativo está entre atribuir os
graus de Urgência ou Emergência ao atendimento. A dificuldade reside em que não é
possível definir uma temperatura de corte entre quando a anomalia passará de
MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 363
CAPÍTULO V – TRATAMENTO DAS IMAGENS TÉRMICAS USOS E RESULTADOS EM TERMOGRAFIA

FIGURA COMENTÁRIOS
atendimento de Urgência para Emergência. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm
ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da emissividade para resina epóxi pode
variar de 0,80 a 0,90. Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR
AGEMA 550. Lente: 20°.

Figura 5.57 – TP com possível fuga de corrente para o entreferro ou curto entre as placas.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 5.57 Termograma bem focado e bem enquadrado. Escala colorimétrica e amplitude térmica
corretas. Os dois TPs estão sujeitos à mesma tensão Fase‐Fase e, portanto, deveriam
apresentar distribuições térmicas simétricas e muito próximas entre si. O ponto com
60,4 °C no TP da esquerda sugere duas possibilidades: um local com corrente de fuga que
pode ser mais interna e está coberta pelo epóxi de encapsulamento, ou o curto entre
placas isolantes do entreferro. Em ambos os casos, os efeitos podem ser a deterioração
progressiva do isolamento e consequente curto à Terra. Como no momento da Inspeção
não há como saber em que estágio o defeito está, a solução é a retirada do TP o quanto
antes. Para fins de comprovação, é recomendável ainda testar o isolamento de ambos
para fins de comparação. Se o TP da esquerda apresentar um isolamento mais baixo, a
origem do aquecimento seria uma corrente de fuga. Para confirmar se o problema é de
curto entre placas de ferrosilício, seria necessário medir a relutância do núcleo, o que
economicamente pode não ser viável. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de
3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da emissividade para resina epóxi pode variar
de 0,80 a 0,90. Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR AGEMA 550.
Lente: 20°.

Anotações:

364 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO V – TRATAMENTO DAS IMAGENS TÉRMICAS USOS E RESULTADOS EM TERMOGRAFIA

Figura 5.58 – TP com mau contato no fusível do primário.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 5.58 Termograma bem focado e bem enquadrado. No entanto, a escala colorimétrica está
inadequada, pois deixa muito tênue a visualização dos contornos do TP. Problema
bastante simples de mau contato interno ou na garra do fusível do primário do TP.
Observar que a distribuição do infravermelho irradiado acompanha o depósito de
poluente (pó) sobre a cabeça metálica do cartucho que, com isso, aumenta a
emissividade do local. As providências de desmonte, Inspeção Visual em busca de
corrosão, limpeza e reaperto são padrão. Em caso de corrosão, nem sempre pode ser
possível a substituição da garra de contato. Nesse caso, será necessária a retirada do TP
para manutenção externa e eventual substituição. As consequências possíveis são as
falhas na medição, mas se o TP for de proteção, o sistema pode ficar desprotegido ou
atuar indevidamente. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à
temperatura ambiente, o valor da emissividade, um contato metálico, recoberto de pó e
com uma fresta entre o cartucho fusível e o grampo pode variar de 0,75 a 0,85. Software:
ThermoCom IrAnalyzer. Câmera: ThermoCom V384S.

Figura 5.59 – TP isolado a óleo com defeito interno.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 5.59 Termograma bem focado e razoavelmente enquadrado devido a restrições de espaço no
local de instalação. A escala colorimétrica poderia ser melhorada a ponto de apresentar
melhor os contornos do TP. Por outro lado, se este for o melhor ajuste, ele serve para

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 365


CAPÍTULO V – TRATAMENTO DAS IMAGENS TÉRMICAS USOS E RESULTADOS EM TERMOGRAFIA

FIGURA COMENTÁRIOS
evidenciar que o tanque do TP está praticamente à temperatura ambiente. TP’s isolados
a óleo ainda são encontrados em operação em instalações antigas. No caso do TP da Fase
amarela, o sobreaquecimento pode ser devido a um mau contato interno, problemas no
entreferro ou até mesmo deterioração e/ou contaminação do óleo isolante ou da própria
porcelana da bucha. Deve ser lembrado ainda que era costume utilizar a corrente
disponibilizada pelo TP de medição interna como fonte de corrente para serviços
auxiliares como iluminação de painéis ou resistores de aquecimento. Essa opção deve ser
descartada antes do TP ser condenado. Caso seja confirmado que há uma carga
conectada ao secundário do TP, é importante desligá‐la e verificar o comportamento
térmico do TP no dia seguinte para confirmar que o aquecimento era devido à carga e
não a outro fenômeno elétrico. Caso o aquecimento persista, o TP deve ser retirado de
operação para testes. O risco de uma falha contra a Terra em um TP isolado a óleo inclui
a possibilidade de incêndio e, portanto, as decisões neste caso deverão envolver a
Gerência responsável. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à
temperatura ambiente, o valor da emissividade para tinta a óleo e porcelana não difere
substancialmente, sendo de 0,80 a 0,90. Software: ThermaCAM Reporter PRO PRO2000.
Câmera: FLIR SC‐2000.

Figura 5.60 – TP com fuga de corrente para a Terra.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 5.60 Termograma bem focado e bem enquadrado. A escala colorimétrica e a amplitude
térmica estão bem ajustadas. Este TP isolado em epóxi apresenta um aquecimento
anômalo e assimétrico. Apesar do ângulo de visada não ser favorável, a maior
possibilidade é de que esteja com um caminho de fuga de corrente da parte ativa para o
entreferro. Eventualmente poderia ter uma diferença de espessura na camada de resina,
fazendo com que o entreferro ficasse mais próximo da superfície. Como o diagnóstico
não é preciso, antes de condenar o equipamento seria recomendável testar o isolamento.
Recomendação: retirada do componente para testes, uma vez que, se for confirmado
baixo isolamento, pode causar um curto à Terra. Para medições radiométricas em
7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da emissividade para resina
epóxi pode variar de 0,80 a 0,90. Software: ThermaCAM Reporter PRO PRO2000. Câmera:
FLIR SC2000. Lente: 24°.

366 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO V – TRATAMENTO DAS IMAGENS TÉRMICAS USOS E RESULTADOS EM TERMOGRAFIA

Figura 5.61 – TP com carga no secundário (imagem prejudicada pela grade).

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 5.61 Termograma com foco prejudicado pela presença de tela metálica interposta. Por outro
lado, está bem enquadrado e tanto a escala colorimétrica como a amplitude térmica
estão bem ajustadas. Por sua vez, o aquecimento detectado é compatível com a bobina
dentro do componente. Em campo, não se conseguiu confirmar se alimentava alguma
carga auxiliar na subestação. Restam então duas hipóteses: ou o TP efetivamente está
alimentando uma carga pelo seu secundário ou possui um problema interno no
entreferro ou baixo isolamento contra a Terra. A recomendação, então, a critério da
Gerência encarregada, é a pesquisa pelo pessoal técnico da unidade para descobrir se há
efetivamente alguma carga conectada ao seu secundário. Em caso afirmativo, é
recomendável a instalação de uma chave ou disjuntor que permita o desligamento da
carga para evitar um erro de diagnóstico nas próximas Inspeções. Caso não seja
descoberta ou não haja uma carga auxiliar, as possibilidades restantes de deficiência no
entreferro ou baixo isolamento tornam o comportamento do TP imprevisível, sendo
recomendável a sua retirada de operação o mais breve possível para testes. Para
medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, deve ser
levado em consideração que quando há uma tela metálica interposta, quanto mais
afastada estiver do componente de interesse, menor o erro introduzido na medição.
Neste caso específico, caso a malha da tela seja maior que a resolução de medição da
câmera, a leitura será confiável. Nessa situação, o valor da emissividade para resina epóxi
pode variar de 0,80 a 0,90. Software: ThermaCAM Reporter PRO PRO2000. Câmera: FLIR
SC‐2000. Lente 24°.

Análise de Consistência: há diver‐ aquecimento discreto na região do entre‐


sas apresentações de TP’s, sendo que na atu‐ ferro e, demais regiões, com temperaturas
alidade a maioria é isolada em resina epóxi. próximas à temperatura ambiente. No en‐
No entanto, não é incomum encontrar TP’s tanto, é sempre importante o Inspetor certi‐
isolados a óleo ainda em operação. A sua dis‐ ficar‐se de que os equipamentos estão ope‐
tribuição térmica normal ou aceitável é racionais antes de qualquer conclusão. Isso
porque se o equipamento se apresentar

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 367


CAPÍTULO V – TRATAMENTO DAS IMAGENS TÉRMICAS USOS E RESULTADOS EM TERMOGRAFIA

“frio”, isso pode significar que ele está desli‐ Recomendações de Intervenção:
gado e não que o seu simétrico esteja anô‐ os problemas mais comuns em TPs são de
malo por apresentar algum aquecimento. isolamento, já que as correntes no primário
Devido à sua característica de redutor de são muito baixas. No caso de um eventual
tensão, o primário dos TP’s está submetido à mau contato, o procedimento é padrão: des‐
tensão nominal contra a Terra e, essa dispo‐ monte e Inspeção Visual cuidadosa em busca
sição, o torna mais sujeito a falhas de isola‐ de sinais de corrosão. Caso encontrada, veri‐
mento e contaminação. A título de exemplo, ficar a possibilidade de tratamento de super‐
na Figura 5.54 a melhor explicação para o fície ou mudança do local de fixação da co‐
aquecimento detectado é que o TP em ques‐ nexão. Se não houver corrosão, limpeza e re‐
tão deve apresentar um problema de isola‐ aperto. Na presença de problemas térmicos
mento. Na Figura 5.55, uma possibilidade é a causados por baixo isolamento, a recomen‐
falha de isolamento entre as chapas do en‐ dação é a substituição. Em alguns casos de
treferro que compõem o núcleo, causando TPs isolados a óleo, pode ser possível a recu‐
um sobreaquecimento devido à circulação peração. Nesse caso, a retirada para avalia‐
de correntes entre as chapas. Outra possibi‐ ção detalhada é fortemente recomendada.
lidade é uma fuga de tensão para o entre‐
ferro pelo epóxi. Em ambos os casos há o
risco de curto à Terra.

Anotações:

368 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO V – TRATAMENTO DAS IMAGENS TÉRMICAS USOS E RESULTADOS EM TERMOGRAFIA

5.12 SECCIONADORA GERAL pamento que, salvo exceções, permite o sec‐


cionamento sem carga do circuito, depois
que este já está desligado pelo disjuntor in‐
terno ou chave fusível externa. Sua função é
isolar a entrada de energia dos circuitos in‐
ternos do consumidor. Através dela, passa
toda a corrente de carga utilizada.

Descrição Térmica: por ter contatos metáli‐


cos com alta condutividade, quando em bom
estado de conservação, a chave secciona‐
dora não deve apresentar nenhum sobrea‐
quecimento ou anomalia nos contatos. Seus
Figura 5.62 – Chave Seccionadora.
pontos susceptíveis são as conexões com os
barramentos, os contatos em si, seus isola‐
Descrição Técnica: a Chave Seccionadora dores e hastes de acionamento.
Geral em um cubículo de medição é o equi‐ Exemplos:

Figura 5.63 – Mau contato na Fase ‘R’ na seccionadora.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 5.63 Termograma bem focado e bem enquadrado. A escala colorimétrica e a amplitude
térmica estão também bem ajustadas. Esta é uma seccionadora antiga, mas atualmente
há modelos muito semelhantes ainda sendo produzidos. Sua principal característica é ter
duas lâminas de contato por Fase, o que leva frequentemente a eventuais problemas de
mau contato serem mal interpretados por Inspetores menos preparados. As lâminas em
paralelo operam como resistores, fazendo com que aquecimentos em um dos contatos
sejam causados por resistências de contato piores em todas as outras áreas de contato
das duas lâminas. Em alguns casos, o aquecimento pode ser causado por simples falta de
pressão ou ajuste incorreto, que deve ser regularizado antes que o defeito progrida para
uma falha. A solução é a manutenção e/ou substituição das lâminas e contatos da Fase.
Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o
valor da emissividade para metais severamente oxidados, como neste caso, pode variar

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 369


CAPÍTULO V – TRATAMENTO DAS IMAGENS TÉRMICAS USOS E RESULTADOS EM TERMOGRAFIA

FIGURA COMENTÁRIOS
de 0,75 a 0,90. Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR AGEMA 550.
Lente: 20°.

No caso apresentado nos Termo‐ uma haste de acionamento, a região aque‐


gramas da Figura 5.64, é possível observar cida é a única ainda isolando a tensão de
isoladores e hastes de acionamento com Fase contra a Terra. O restante da haste já se
anomalias térmicas bem localizadas. Essa si‐ encontra suficientemente deteriorada a
tuação é idêntica ao dos isoladores de su‐ ponto de não apresentar mais queda de ten‐
porte (ver item 5.9). Deve, no entanto, ser são e, por conseguinte, dissipação de potên‐
lembrado que, especialmente no caso de cia. Essa característica torna imprevisível o
comportamento desses isoladores.

Figura 5.64 – Secionadoras com hastes e isoladores com fuga para a Terra.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 5.64 Todos os isoladores e hastes destas chaves apresentam problemas de isolamento. A
causa provável é a falta de controle de qualidade na fabricação. A providência correta é
a substituição completa da chave ou apenas dos isoladores. É recomendável ainda medir
as resistências de isolamento dos componentes defeituosos antes da substituição e
comparar com a resistência de isolamento dos isoladores ou hastes novos. A solução de
secagem e aplicação de silicone para alta tensão é emergencial e arriscada, devendo ser

370 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO V – TRATAMENTO DAS IMAGENS TÉRMICAS USOS E RESULTADOS EM TERMOGRAFIA

utilizada apenas de forma transitória. Deve ser pesquisado ainda se o ambiente possui
atmosfera agressiva ou excessivamente úmida. Observar que a Amplitude Térmica do
Termograma superior é de 6,3 °C e do interior é de apenas 4,5 °C. Sem esse ajuste
correto, os problemas passariam despercebidos. Para medições radiométricas em
7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da emissividade para epóxi
pode variar de 0,85 a 0,95. Software: ThermaCAM Reporter PRO 2000. Câmera: FLIR
AGEMA 550.

Figura 5.65 – Contato de Seccionadora severamente sobreaquecido.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 5.65 Termograma bem focado, mas prejudicado tanto pela interposição de grade como pela
largura da faixa térmica. Apesar de a câmera ser capaz de registrar uma amplitude tér‐
mica de 500 °C, não é possível, com uma saída linear de temperatura, enxergar todos os
componentes presentes. É necessário que o Software de pós‐processamento, ou a pró‐
pria câmera, possua uma ferramenta de compensação do tipo histograma (densidade de
temperaturas) ou auto paleta para que seja possível visualizar os componentes adjacen‐
tes (ver Figura). Mesmo que esse recurso esteja disponível, é importante lembrar que
nem sempre será possível obter
a leitura mais exata da tempera‐
tura simultaneamente com a
melhor visualização. Sempre é
conveniente, então, nesses ca‐
sos, obter/salvar mais de um
Termograma com diferentes
ajustes de faixa térmica e ampli‐
tude. A disponibilidade de mais
imagens, salvas em campo com
diferentes ajustes, permite que
no pós‐processamento haja mais escolhas sobre a edição da imagem térmica. Apesar das
correntes, em geral, baixas da média tensão, em alguns casos o mau contato é tão severo
que temperaturas de grande intensidade como esta podem ser alcançadas. Com uma
temperatura lida de 584 °C, a intervenção de manutenção deve ser de Emergência com
desligamento imediato porque, nestas condições, o comportamento não é previsível.
Além disso, as consequências de uma falha sob carga poderão incluir a ionização do ar e

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 371


CAPÍTULO V – TRATAMENTO DAS IMAGENS TÉRMICAS USOS E RESULTADOS EM TERMOGRAFIA

FIGURA COMENTÁRIOS
consequente curto‐circuito à Terra com eventual explosão. Provavelmente o polo desta
seccionadora não oferecerá condições de ser recuperado e terá de ser substituído. Para
medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor
da emissividade para contatos de seccionadores altamente oxidados pode variar de 0,75
a 0,85. Software: ThermaCAM Reporter PRO 2000. Câmera: FLIR SC2000. Lente: 24°.

Análise de Consistência: o Termo‐ um procedimento recomendado. Deve‐se,


grama da Figura 5.63 apresenta uma seccio‐ entretanto, ao menos medir a resistência
nadora com defeito no contato fixo (inferior) de contato antes da manutenção e após o
da Fase ‘R’ ou na sua articulação. Isso pode tratamento das superfícies. Caso não seja
ser causado por oxidação, corrosão ou perda possível o tratamento, a substituição é a re‐
de pressão nos contatos. Deve ser notado, comendação correta. Com relação às lâmi‐
de qualquer maneira, que são lâminas para‐ nas de contato, é muito comum encontrar
lelas fechando o contato. Assim, é de se es‐ lâminas em paralelo. Isso significa que ao
perar que além do mau contato em si, a lâ‐ ser encontrado um defeito em qualquer das
mina oposta apresente um mau contato pior extremidades de contato de uma lâmina,
do que a que apresenta o aquecimento. Isso todas as outras extremidades da mesma
é devido às lâminas e contatos serem resis‐ Fase deverão ser revisadas. Para uma me‐
tores em paralelo e a corrente preferir o ca‐ lhor compreensão dos fenômenos térmicos
minho de menor resistência. em componentes elétricos em paralelo,
veja o Item 6.5, Estudo de Caso 8 – Condu‐
Recomendações de Intervenção:
tores em Paralelo – neste Manual. Outros
as chaves seccionadoras, como qualquer
problemas encontrados em seccionadoras
outro equipamento elétrico, podem apre‐
incluem baixo isolamento nos isoladores de
sentar problemas de conexão em seus co‐
suporte e nas hastes de acionamento. Em
nectores de entrada e saída dos polos das
ambos os casos, a recomendação é a subs‐
Fases. Os procedimentos para correção des‐
tituição dos componentes. Alternativa‐
ses problemas são os usuais: desmonte e
mente é possível tentar a secagem dos iso‐
Inspeção Visual cuidadosa em busca de si‐
ladores e cobertura com silicone para alta
nais de corrosão. Em caso negativo, limpeza
tensão. No entanto, esse procedimento so‐
e reaperto. Na presença de sinais de corro‐
bre equipamentos sabidamente defeituo‐
são, se houver possibilidade de recupera‐
sos é de risco e deve ser corretamente ava‐
ção e prateamento das superfícies, esse é
liado.

Anotações:

372 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO V – TRATAMENTO DAS IMAGENS TÉRMICAS USOS E RESULTADOS EM TERMOGRAFIA

5.12.1 Seccionadoras Sob Carga de potência e um contato defasado para sus‐


tentar e extinguir o arco gerado durante a
abertura. Elas não podem ser acionadas sob
correntes de curto, mas permitem opera‐
ções sem que seja necessário operar o dis‐
juntor.
Descrição Térmica: não há comportamento
térmico significativamente diferente das
chaves seccionadoras usuais. A única dife‐
rença é que a visualização direta de qualquer
aquecimento nos contatos móveis fica im‐
possibilitada pela câmara de extinção que é
Figura 5.66 – Seccionadora Sob Carga.
opaca ao infravermelho. Dependendo do
modelo, fabricante ou posicionamento du‐
Descrição Técnica: chaves seccionadoras rante a instalação, as conexões superiores
sob carga diferem das seccionadoras co‐ também ficam ocultas. Os demais pontos de
muns apenas por permitirem que sejam interesse como conexões interiores, conta‐
abertas com a corrente nominal de carga. tos fixos, isoladores e hastes permanecem
Para a extinção do arco resultante da aber‐ visíveis e passíveis de diagnóstico.
tura sob carga, elas possuem uma câmera de
Exemplos:
extinção posicionada sobre o contato móvel

Figura 5.67 – Seccionadora sob carga com anomalia no contato móvel.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 5.67 Conforme já mencionado, e como o acesso para visada da chave é lateral, a câmara de
extinção impede a visualização no infravermelho de aquecimentos de pequeno porte,
provenientes de um dos contatos desse tipo de seccionadora. Mesmo assim, e com o
ajuste adequado da Amplitude Térmica, é possível identificar anomalias. No Termograma
em questão, a Amplitude Térmica da imagem é de apenas 4,1 °C e, sem esse ajuste, esta
anomalia seria desprezada. Cabe ao Inspetor o treinamento adequado para, no momento
e situação adequados, alterar as configurações do termovisor e inspecionar

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 373


CAPÍTULO V – TRATAMENTO DAS IMAGENS TÉRMICAS USOS E RESULTADOS EM TERMOGRAFIA

FIGURA COMENTÁRIOS
corretamente uma situação deste tipo. É evidente também que, nesse caso, o
aquecimento é muito pequeno, com apenas 1,6 °C a mais em relação à Fase mais fria.
Não obstante, é importante ser registrado porque: 1) Não se sabe o histórico térmico
anterior desse contato e 2) Há um equipamento estrategicamente importante conectado
a ela (um transformador de 2.000 kVA). Assim, o acompanhamento periódico é
necessário para determinar se o aquecimento está em progresso e se será necessária
uma parada programada para manutenção. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm
ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da emissividade para barramentos
pintados pode variar de 0,85 a 0,90. Software: FLIR ResearcherIR 4.3. Câmera: FLIR SC‐
2000.

Análise de Consistência: aqueci‐ Recomendações de Intervenção: as


mentos nos contatos móveis poderão passar mesmas recomendações e considerações de
despercebidos, principalmente se forem de intervenção para seccionadoras simples se
pequena intensidade. Já aquecimentos mai‐ aplicam integralmente às seccionadoras sob
ores deverão se propagar para a parte supe‐ carga. No entanto, como dispõem de mais
rior e inferior do contato por condução e, da um contato por Fase para extinção de arco,
mesma maneira, para a câmara de extinção. convém inspecionar se se encontra em boas
Dificilmente será possível identificar se é um condições ou se apresenta sinais de oxidação
problema só com uma das lâminas ou com e/ou corrosão. Caso necessário, é recomen‐
as duas, justamente devido à interposição da dada a sua substituição. Da mesma forma, e
câmara de extinção. Isso, evidentemente, apesar de não fazerem parte do circuito de
para as montagens que permitirem uma vi‐ potência, é importante verificar o estado das
sada lateral à chave. Nos casos de visada ou câmeras de extinção e, caso danificadas,
acesso frontal, não há impedimentos, já que providenciar a sua substituição.
todos os pontos de interesse estão visíveis.

Anotações:

374 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO V – TRATAMENTO DAS IMAGENS TÉRMICAS USOS E RESULTADOS EM TERMOGRAFIA

5.13 DISJUNTOR GERAL PVO possam causar maiores danos à instalação


elétrica e equipamentos protegidos. Uma
das principais características dos disjuntores
é a sua capacidade de poderem ser rearma‐
dos manual ou automaticamente, depois de
terem atuado. Como meio isolante e de ex‐
tinção de arco utilizam pequenos volumes
de óleo mineral. Atualmente utilizam‐se ou‐
tros meios de extinção como vácuo, sopro
magnético, SF6 etc. No entanto, as anoma‐
lias continuam a se localizar nas conexões,
contatos e isoladores, independente do mo‐
delo.
Descrição Térmica: disjuntores, assim como
Figura 5.68 – Disjuntor. as seccionadoras, quando em bom estado
não devem apresentar aquecimentos anô‐
Descrição Técnica: um disjuntor PVO – Pe‐ malos, nem nos seus polos, nem em suas co‐
queno Volume de Óleo – é um dispositivo nexões e nem em suas hastes de aciona‐
eletromecânico destinado a proteger uma mento e isoladores quando existentes. Em
determinada instalação elétrica contra pos‐ alguns casos de disjuntores antigos, relés pri‐
síveis danos causados por corrente de curto‐ mários instalados sobre os polos apresen‐
circuito e sobrecargas. A sua função básica é tam aquecimentos proporcionais à carga
a de, quando acionado por um dispositivo de passante.
proteção ou relé, interromper anomalias na
Exemplos:
corrente elétrica o mais rápido possível an‐
tes que seus efeitos térmicos e mecânicos

Figura 5.69 – Sobreaquecimento no polo da Fase ‘T’ do disjuntor de MT.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 5.69 Termograma bem focado e bem enquadrado, com os três polos na mesma imagem.
Escala colorimétrica e amplitude térmica corretas. O foco nas conexões superiores
mostra que a anomalia é provavelmente na parte superior do polo. Uma análise mais

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 375


CAPÍTULO V – TRATAMENTO DAS IMAGENS TÉRMICAS USOS E RESULTADOS EM TERMOGRAFIA

FIGURA COMENTÁRIOS
detalhada diferencia a emissão de infravermelho das duas conexões superiores da Fase
Direita: a conexão inferior está mais aquecida que a superior, e o gradiente é decrescente
para a conexão no topo do polo. A emissividade alta do barramento pintado facilita a
coerência da interpretação. Por sua vez, o polo pintado em azul atrás da barra apresenta
o aquecimento consequente e a causa provável se restringe a duas: ou é a conexão em si
mesma, ou há algum problema interno que dá origem a essa distribuição térmica por
condução. A definição da causa correta só será possível pela abertura e teste do polo. É
possível ainda visualizar o nível do óleo no topo da cabeça do polo. A questão da baixa
temperatura lida leva a duas interpretações: supondo a carga típica, e caso tenha havido
uma rotina de Inspeções com periodicidade adequada para este componente, é possível
afirmar que se trata de uma anomalia em sua Fase inicial e que deve ser acompanhada
com uma frequência maior até que seja possível programar uma intervenção. Caso não
haja registro da periodicidade empregada, é possível supor, de forma conservativa, que
esta anomalia já tenha passado por um ponto de máximo e que esteja em um ciclo de
baixa na curva de falha. Isto indicará fortemente uma intervenção na primeira
oportunidade. Além do mais, o polo da Fase do Meio apresenta indícios de aquecimento
anômalo comparado ao da Fase Esquerda. Todos os polos tinham a mesma corrente. Para
medições radiométricas de temperatura em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura
ambiente, o valor da emissividade para a tinta do barramento pode variar de 0,80 a 0,90.
A temperatura da conexão em si pode ser inviável devido à parte exposta em cobre do
barramento. Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC‐2000.
Lente: 24°.

Figura 5.70 – Hastes com fuga de corrente em acionamento de disjuntor.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 5.70 Termograma bem focado e bem enquadrado. Escala colorimétrica e amplitude térmica
corretas. Este tipo antigo de disjuntor ainda é encontrado em diversas instalações
industriais. A anomalia destacada aqui é o sobreaquecimento de apenas uma parte da
haste de comando isolante. Com uma tensão contra a Terra de 8 kV, esta anomalia deve
receber o mesmo tratamento de um Para‐raios conduzindo para a Terra. Isso porque a
única parte em bom estado da haste é a que está aquecida. Apesar da baixa temperatura,
seu comportamento é imprevisível. Como se trata de um objeto de pequenas dimensões,

376 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO V – TRATAMENTO DAS IMAGENS TÉRMICAS USOS E RESULTADOS EM TERMOGRAFIA

FIGURA COMENTÁRIOS
para medições radiométricas de temperatura em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm, e à
temperatura ambiente, deve ser considerado se a resolução para medição do conjunto
câmera+lente atende aos requisitos mínimos de exatidão. Nesse caso, de haste de fibra
de vidro ou fenolite, o valor da emissividade pode variar de 0,80 a 0,90. Software: FLIR
ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR AGEMA 550. Lente: 20°.

Figura 5.71 – Sobreaquecimento na barra e interno ao polo.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 5.71 Este Termograma está bem focado, apesar da tela interposta, e bem enquadrado. Escala
colorimétrica e amplitude térmica corretas. Em alguns casos, o tipo construtivo do
disjuntor não permite a visualização dos três polos na mesma visada. É necessário então
buscar um novo ângulo, que neste caso foi obtido pelo uso de uma escada. Além disso,
havia uma grade interposta que prejudicava a imagem. Nesses casos, há apenas duas
possibilidades: ou se coloca a câmera rente à tela, ou muito afastada. Isso porque, nessas
duas visadas, torna‐se possível focalizar o objeto de interesse com mais facilidade. Além
do aquecimento na conexão da barra, e como informação adicional, pode‐se observar
que há uma distribuição térmica anômala que segue em diagonal pela parte superior do
polo da Fase Esquerda. A causa pode ser um mau contato interno ou ser devida a um
aquecimento na conexão do barramento com o polo que não está visível. Da mesma
forma, e ainda que incipiente, é possível detectar em baixa intensidade o mesmo tipo de
anomalia no polo da Fase do Meio. Serão necessários testes de resistência de contato,
sincronismo de abertura e fechamento para determinar se o problema é interno ou
externo. Como o polo da Fase Direita é o mais frio, mas não necessariamente o melhor
(Ver Ciclo de Falha), poderá ser utilizado como referência. Na pior das hipóteses, os dois
polos deverão ser abertos para verificação e a conexão da barra restaurada. Para
medições radiométricas de temperatura em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura
ambiente, o valor da emissividade para a tinta do barramento ou do polo do disjuntor
pode variar de 0,80 a 0,90. Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR
SC‐2000. Lente: 24°.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 377


CAPÍTULO V – TRATAMENTO DAS IMAGENS TÉRMICAS USOS E RESULTADOS EM TERMOGRAFIA

Figura 5.72 – Sobreaquecimento interno ao polo.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 5.72 Termograma bem focado, mas muito mal enquadrado. A dificuldade de enquadramento
se deve ao tipo de disjuntor que só permite a visada dos polos laterais. Por outro lado, a
escala colorimétrica e amplitude térmica estão corretas. Uma anomalia deste tipo, pela
pequena magnitude de temperatura apresentada, pode não significar algo importante.
No entanto, deve ser lembrado que ela encontra‐se em um polo de disjuntor que, pelo
menos em teoria, deve operar sob condições de curto‐circuito. Nessa condição de altas
correntes e potências dissipadas, qualquer assimetria ou mau contado pode causar um
comportamento imprevisível durante a abertura. Chama a atenção também a existência
de uma delimitação de aquecimento coincidente com a base da carcaça metálica do polo.
Como na luz visível, aparentemente há uma diferença em tonalidade de cor entre um
polo e outro. É lícito supor que, eventualmente, a diferença de apenas 2,3 °C possa ser
devida a uma variação na emissividade superficial, causada por uma contaminação da
superfície do polo da Fase do Meio por, por exemplo, óleo isolante. Para verificar se esse
é o caso, a solução é limpar adequadamente o polo da Fase do Meio com um solvente
adequado (éter etílico ou sulfúrico funcionam muito bem, sem deixar resíduos após a
limpeza), ou propositalmente contaminar o polo da Fase Direita com óleo isolante. Se em
alguma dessas duas opções a temperatura entre os polos equalizar, a causa terá sido esta
contaminação. Caso se mantenha, deve ser avaliado o estado interno do polo, já que o
conector não apresenta sinais de aquecimento, mesmo estando conectado à carcaça.
Para medições radiométricas de temperatura em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à
temperatura ambiente, o valor da emissividade para a tinta do barramento pode variar
de 0,80 a 0,90. Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR AGEMA 550.
Lente: 20°.

Anotações:

378 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO V – TRATAMENTO DAS IMAGENS TÉRMICAS USOS E RESULTADOS EM TERMOGRAFIA

Figura 5.73 – Relés primários e mau contato nas conexões.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 5.73 Termograma bem focado e bem enquadrado. Escala colorimétrica e amplitude térmica
corretas. Este tipo de relé primário vem sendo gradualmente abandonado devido a
problemas nos ajustes, corrosão e baixa sensibilidade. No entanto, ainda é possível
encontrar alguns elementos destes em operação. Neste caso, trata‐se de duas conexões
com o barramento de tratamento mais simples: desmonte, Inspeção Visual, tratamento
de superfície, se necessário, limpeza e reaperto. No caso da existência de corrosão, é
necessário avaliar se a ponta da barra poderá ainda ser utilizada. Para medições
radiométricas de temperatura em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o
valor da emissividade para a tinta do barramento, ou para as frestas do conector, pode
variar de 0,80 a 0,90. Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR
AGEMA 550. Lente: 20°.

Figura 5.74 – Problema interno em ambos os contatos Polo Fase Esq.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 5.74 Termograma bem focado e bem enquadrado. Escala colorimétrica e amplitude térmica
corretas. A característica da anomalia neste disjuntor é que se estende quase que
uniformemente ao longo de todo o polo. A região um pouco mais aquecida no topo da
Fase Esquerda pode ser devida à emissividade maior da pintura do barramento. A
diferença de aproximadamente 1 °C entre cada Fase pode não ser significativa. Mas
como o disjuntor deve operar em regime de curto circuito, é recomendável o

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 379


CAPÍTULO V – TRATAMENTO DAS IMAGENS TÉRMICAS USOS E RESULTADOS EM TERMOGRAFIA

FIGURA COMENTÁRIOS
acompanhamento mais frequente da evolução do Delta T entre Fases e Temperatura
Ambiente. Caso comece a aumentar, uma intervenção deve ser programada para
verificação do estado interno e medições elétricas de isolamento, resistência de
contato e testes do óleo isolante. Para medições radiométricas de temperatura em
7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da emissividade para a tinta
da cabeça do polo ou da câmara de extinção em fibra de vidro ou fenolite pode variar
de 0,85 a 0,95. Deve ser evitada a leitura de temperaturas na região de baixa
emissividade nas conexões dos polos. Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000.
Câmera: FLIR AGEMA 550. Lente: 20°.

Figura 5.75 – Anomalia interna em Disjuntor PVO antes e após manutenção.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 5.75 Termogramas bem focados e bem enquadrados. Escalas colorimétricas e amplitudes
térmicas corretas para cada caso. O disjuntor apresentou uma anomalia interna
registrada no Termograma superior da esquerda e, um ano depois, o mesmo disjuntor,
foi inspecionado novamente e apresentou outra anomalia, mas de intensidade menor
quando comparada à do ano anterior. No Termograma superior é possível identificar o
topo do óleo interno aquecido, sendo que a principal suspeita era que se tratasse de um
mau contato no contato principal. As causas possíveis para este aquecimento eram
corrosão ou quebra da mola que mantinha os contatos unidos. Após ter sofrido
manutenção, a anomalia agora está presente na conexão inferior do mesmo polo. Como

380 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO V – TRATAMENTO DAS IMAGENS TÉRMICAS USOS E RESULTADOS EM TERMOGRAFIA

FIGURA COMENTÁRIOS
o relatório do serviço executado não estava disponível, é possível supor que o problema
no contato principal foi resolvido, embora não se saiba o que foi feito. Por outro lado, a
anomalia inferior passou despercebida pelo pessoal de manutenção ou voltou a se
instalar. Em disjuntores PVO com anomalias térmicas, o maior risco é na abertura em
curto circuito ou, e eventualmente, até mesmo sob carga nominal ou normal. Como não
se tem informações sobre o estado interno do equipamento, o diagnóstico tem de ser
conservativo e prever uma intervenção estratégica de urgência, ainda que termicamente
possa ficar em observação, sob conta e risco da Gerência responsável. Para medições
radiométricas de temperatura em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o
valor da emissividade para peça em fibra de vidro pintada pode variar de 0,80 a 0,90.
Software: FLIR ThermaCAM Researcher PRO 2.10. Câmera: FLIR SC2000, Lente: 24°.

Figura 5.76 – Anomalia interna em contato tulipa de Disjuntor PVO extraível.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 5.76 Termograma bem focado, mas com enquadramento prejudicado pela presença de
barramento em frente ao objeto de interesse. Disjuntores de média Tensão são
frequentemente encontrados em painéis blindados com a funcionalidade de serem
extraíveis. Para isso, existem plugues de inserção em sua parte posterior que se encaixam
em contatos tipo tulipa ou garra, fixos no fundo do painel e conectados com o
barramento. Um exemplo de disjuntor de média tensão extraível pode ser visto na Figura
5.85. Neste caso, o maior aquecimento da imagem está na barra que sai do contato fixo
da Fase do Meio em direção ao TC. Deve ser notado ainda que há um halo aquecido em
volta da proteção do contato fixo (seta amarela). O motivo pelo qual este halo está
presente não é claro e depende do tipo e modelo de contato presente dentro da
proteção. As causas possíveis para este aquecimento são as conexões com o contato fixo
e/ou os próprios contatos. Como não é possível a visualização, a dúvida só poderá ser
sanada por ocasião da manutenção. É recomendável a execução de leituras prévias com
microhmímetro das resistências de contato e conexão envolvidas para comparar com os
resultados obtidos pós manutenção. Da mesma forma, é recomendável uma nova
Termografia assim que o equipamento voltar a operar. Para medições radiométricas de
temperatura em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura , o valor da emissividade para
tintas a óleo ou encapsulamento em fibra de vidro é muito próximo, podendo variar de

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 381


CAPÍTULO V – TRATAMENTO DAS IMAGENS TÉRMICAS USOS E RESULTADOS EM TERMOGRAFIA

FIGURA COMENTÁRIOS
0,80 a 0,90. Software: FLIR ThermaCAM Researcher PRO 2.10. Câmera: FLIR SC2000,
Lente: 24°.

Figura 5.77 – Baixo isolamento na base dos polos (imagem prejudicada pela grade).

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 5.77 A tela metálica interposta a esse disjuntor prejudica a focalização do objeto de interesse.
O retículo observado no Termograma evidencia esse efeito indesejável. Por outro lado, o
Termograma está bem focado e bem enquadrado. Como também pode ser observado na
Escala Colorimétrica, um arranjo especial foi utilizado para poder apresentar essa
anomalia, uma vez que a diferença máxima de temperatura entre os polos era de 1,1 °C.
Se os ajustes de palheta de cor comerciais fossem utilizados, a visualização da anomalia
ficaria prejudicada e a divisão colorimétrica geraria uma imagem confusa e pouco
amigável para o diagnóstico. Além do mais, o ajuste especial de amplitude térmica foi
aplicado apenas dentro das áreas selecionadas como mais um recurso para facilitar a
avaliação da anomalia. A conclusão da análise é que esse tipo de aquecimento anômalo
é normalmente devido a correntes de fuga causadas por baixo isolamento do
componente, sendo que a região aquecida é a que dissipa mais potência e, portanto, é
que apresenta a menor impedância contra a Terra. O comportamento de uma anomalia
deste tipo é imprevisível porque não se conhece o estado interno e qual a influência do
aumento da umidade relativa do ar no aumento ou diminuição da corrente de fuga. O
procedimento de intervenção recomendado é a substituição das câmaras de extinção.
Uma solução alternativa, mas arriscada, é a secagem das peças com testes de isolamento
antes e após o tratamento térmico. Após a aceitação da recuperação, é recomendável o
revestimento externo com um verniz de rigidez dielétrica alta para evitar a contaminação
por umidade externa. Avaliações via Termografia com periodicidade mais curta
inicialmente, e espaçando ao longo do tempo, são também altamente recomendáveis.
Caso a anomalia persista, ou retorne, a substituição das peças e do óleo isolante é então
a única solução aplicável. Para medições radiométricas de temperatura em 7 – 14 µm ou
de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da emissividade para peças em fibra de
vidro pode variar de 0,85 a 0,95. É importante verificar se foram pintadas e se existem
partículas metálicas na composição da tinta. Nesse caso, a emissividade pode ser
diferente. Software: Thermal Trend IR Analyzer. Câmera: FLIR SC2000. Lente: 24°.

382 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO V – TRATAMENTO DAS IMAGENS TÉRMICAS USOS E RESULTADOS EM TERMOGRAFIA

Figura 5.78 – Relé primário com mau contato.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 5.78 Relé Primário em um disjuntor PVO antigo, classe 15kV. Termograma bem focado e bem
enquadrado. Escala colorimétrica e amplitude térmica corretas. Caso simples de mau
contato sujeito às providências de costume: desmonte, Inspeção Visual, tratamento de
superfície, se necessário, limpeza e reaperto. No caso da existência de corrosão, é
necessário avaliar a possibilidade de retificar a superfície. Em caso negativo, a
substituição da peça é a solução. No entanto, atualmente (2017) é raro encontrar peças
de reposição para esses modelos, o que pode implicar na substituição do disjuntor. Para
medições radiométricas de temperatura em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura
ambiente, o valor da emissividade para as conexões seria de difícil solução se não
estivessem recobertas de poeira e com frestas à mostra. Para esses casos, a emissividade
pode variar de 0,65 a 0,85, cabendo ao Inspetor decidir qual irá utilizar. Software: FLIR
ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR AGEMA 550. Lente: 20°.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 383


CAPÍTULO V – TRATAMENTO DAS IMAGENS TÉRMICAS USOS E RESULTADOS EM TERMOGRAFIA

Figura 5.79 – Baixo isolamento em isolador suporte de Disjuntor.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 5.79 Nem o Termograma e nem a Foto na Luz Visível estão bem focados devido ao ângulo de
visada e a grade metálica interposta. O enquadramento, considerando a anomalia de
interesse, é satisfatório e a escala colorimétrica e amplitude térmica estão adequadas. É
possível supor, nesta anomalia, que se trate apenas de corrente de fuga superficial devido
ao formato do aquecimento. A providência a ser tomada é o teste de rigidez dielétrica do
isolador antes e após limpeza. Caso a resistência ôhmica aumente significativamente se
aproximando dos demais isoladores em bom estado, o isolador poderá ser reinstalado.
Caso a resistência não se eleve, a solução recomendada é a substituição. Eventualmente
pode ser tentado o tratamento térmico de secagem em estufa, mas não há garantias de
que o comportamento não se repetirá ao longo do tempo. Isso porque, normalmente, o
baixo isolamento em isoladores de epóxi é devido à contaminação por umidade.
Eventualmente, e se o risco compensar, pode‐se tentar reisolar externamente com
silicone apropriado. Deve ser lembrado que tanto na opção da secagem como da
aplicação de silicone, o isolamento deve ser medido antes e após o tratamento ou
aplicação. A Termografia deve ser realizada novamente para confirmar o comportamento
sadio do componente. Para medições radiométricas de temperatura em 7 – 14 µm ou de
3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da emissividade para o epóxi pode variar de
0,85 a 0,95. Software: FLIR ThermaCAM Researcher 2.10. Câmera: FLIR SC‐660. Lente:
24°.

Anotações:

384 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO V – TRATAMENTO DAS IMAGENS TÉRMICAS USOS E RESULTADOS EM TERMOGRAFIA

Figura 5.80 – Isoladores de suporte em polos de disjuntor com fuga para a Terra.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 5.80 A tela metálica interposta prejudica a focalização deste Termograma em mosaico. O
enquadramento é maior que o da foto na luz visível e é evidentemente prejudicado pela
tela. A escala colorimétrica e amplitude térmica poderiam estar mais bem ajustadas para
oferecer um contraste maior. Como atenuantes para o baixo contraste, estão a tela
metálica e a pequena amplitude térmica da imagem, de apenas 8 °C. De maneira
diferente da Figura 5.77, este Termograma apresenta anomalias por baixo isolamento de
dois tipos: as Áreas A1 A2 e A3 identificam baixo isolamento nas hastes de acionamento
do disjuntor PVO tomando como referência a Área A4 (Ver Figura 5.68 para uma
explicação mais detalhada desta anomalia). Já as anomalias identificadas nas Áreas A5,
A6 e A7 possuem uma distribuição térmica que indicam fortemente não se tratar apenas
de depósito de poeira ou poluente superficial reduzindo a impedância contra a Terra. A
distribuição circular do aquecimento revela que todo o anel aquecido está sustentando
toda a tensão contra a Terra. Apesar de ser difícil de visualizar na Foto na Luz visível,
círculos esbranquiçados aparecem nos três isoladores e coincidentes com o
aquecimento. A solução, neste caso, é a substituição de todos os elementos
comprometidos, já que um tratamento térmico poderá ter dificuldades em recuperar
uma anomalia desta extensão. Para medições radiométricas de temperatura em
7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da emissividade para a resina
epóxi pode variar de 0,80 a 0,90. Software: FLIR Reporter 9.2. Câmera: FLIR SC‐660. Lente:
24°.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 385


CAPÍTULO V – TRATAMENTO DAS IMAGENS TÉRMICAS USOS E RESULTADOS EM TERMOGRAFIA

Análise de Consistência: na Figura mente a dois tipos de problemas: mau con‐


5.69 é apresentada uma anomalia interna no tato e baixo isolamento. O mau contato
disjuntor, causado normalmente por mau pode ocorrer nas conexões de entrada ou sa‐
contato, oxidação ou corrosão. É possível ve‐ ída, e a solução indicada é a mesma para to‐
rificar que a região de extinção de arco do dos os tipos de problemas em conexões e in‐
polo mais abaixo não foi afetada, ficando a cluem desde a simples Inspeção Visual, lim‐
parte mecânica superior e de passagem da peza e reaperto, até tratamento de superfí‐
corrente elétrica acima como a responsável cie e substituição. Além do mais, os disjunto‐
pelo aquecimento. Já na Figura 5.70, há fuga res podem apresentar problemas de mau
de corrente nas hastes de acionamento por contato nas conexões internas ou contatos
falha no material isolante, sendo que podem fixo e/ou móvel, como na Figura 5.69 e even‐
passar facilmente despercebidas caso o Ins‐ tualmente nas Figura 5.72 e Figura 5.74 com
petor não esteja atento e não tenha ajustado certeza. Cada caso de mau contato interno
a câmera corretamente. Por outro lado, na deverá ser bem identificado pelo fator de
Figura 5.71 a fuga de corrente é no próprio forma da distribuição térmica, mas em ne‐
corpo do Disjuntor. Nos demais casos, os nhum caso se escapará do necessário des‐
maus contatos são todos com as conexões monte e abertura para verificação do estado
externas ou internas. Em alguns casos, interno. Conforme o tipo de problema en‐
quando o polo, ou uma das extremidades do contrado, as soluções variarão de simples
polo se apresenta aquecida, é provável que manutenção, troca de peças internas ou
o aquecimento seja interno, nos contatos do substituição do polo ou do disjuntor com‐
disjuntor. Eventualmente, além dos contatos pleto. Nos casos de baixo isolamento, como
internos, alguma conexão interna pode estar os da Figura 5.70, Figura 5.71, Figura 5.77,
defeituosa. Em ambos os casos, é necessária Figura 5.79 e Figura 5.80, a recomendação
a abertura do polo para uma investigação padrão é a substituição do componente com
adequada, uma vez que qualquer assimetria baixo isolamento dado o risco de explosão
no encaixe dos contatos pode ter sérias con‐ no caso de surto de manobra ou atmosfé‐
sequências na abertura, tanto sob carga, rico. Soluções alternativas como tratamento
como em regime de curto‐circuito. É conve‐ térmico e aplicação de silicone deverão ser
niente também que se meça a resistência bem avaliadas pela Gerência responsável an‐
ôhmica dos contatos antes e após manuten‐ tes de adotadas. No caso de problemas nos
ção para verificação da qualidade do reparo antigos Relés Primários, deve ser avaliado se
efetuado. após uma recuperação continuarão a operar
corretamente dentro das curvas de projeto.
Recomendações de Intervenção:
Em caso negativo, a recomendação é a subs‐
disjuntores classe 15 kV ou 34,5 kV em su‐
tituição por uma solução mais atual e mais
bestações internas estão sujeitos basica‐
confiável.

Anotações:

386 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO V – TRATAMENTO DAS IMAGENS TÉRMICAS USOS E RESULTADOS EM TERMOGRAFIA

5.14 PAINÉIS DE DISTRIBUIÇÃO EM MÉDIA de curto‐circuito disponíveis. Em muitos ca‐


TENSÃO sos, são isolados ou contém equipamentos
isolados a Hexa Fluoreto de Enxofre (SF6).
Descrição Térmica: como esses painéis são
comumente isolados a ar, e a distância entre
as partes ativas e as paredes são normal‐
mente grandes, não devem apresentar ne‐
nhum sinal externo de sobreaquecimento.
Caso apresentem, devem estar relacionados
a cargas internas conhecidas como resisto‐
res de aquecimento, Bases de TP’s ou trans‐
formadores de medição ou serviços auxilia‐
res.
Figura 5.81 – Painéis de Distribuição.

5.14.1 ESTUDO DE CASO 7: Anomalia Oculta


Descrição Técnica: dentro de uma instalação em Painel 6.6 kV
industrial de grande porte é comum a
existência de painéis de distribuição que Ao inspecionar o subsolo de uma
alimentam cargas pesadas como motores de Subestação de Distribuição em Média Ten‐
moinhos ou fornos de cimento, fornos a são 6,6 kV em uma fábrica de cimento, o Ins‐
indução, ventiladores e bombas de grande petor localizou uma Anomalia Térmica ex‐
porte e assim por diante. Essa distribuição se terna no lado posterior em Painel de Saída
faz em tensões maiores, normalmente de Cabos (Figura 5.82). Ao buscar um ângulo
4,16kV ou 6.6kV. O conteúdo desses painéis, melhor para definir a origem do aqueci‐
muitas vezes blindados, são, na sua grande mento, não foi possível a localização devido
maioria, disjuntores, seccionadoras, barra‐ à porta do painel estar emperrada, como se
mentos, chaves de transferência, TCs e TPs. pode observar no Termograma da Figura
Os acessos são normalmente restritos ou fe‐ 5.83.
chados hermeticamente devido às potências

Anotações:

387 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO V – TRATAMENTO DAS IMAGENS TÉRMICAS USOS E RESULTADOS EM TERMOGRAFIA

Figura 5.82 – Painel de Saída de Cabos 6,6kV. Visada Posterior.

Figura 5.83 – Termograma do Painel de Saída de Cabos 6,6 kV, visada Lateral‐Frontal.

A solução encontrada foi a retirada do aquecimento não era local, sendo um re‐
da tampa lateral para a identificação da ori‐ flexo de um aquecimento no compartimento
gem da Anomalia. No entanto, conforme superior dos cabos, no piso térreo da subes‐
pode ser observado na Figura 5.84, a origem tação.

Anotações:

388 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO V – TRATAMENTO DAS IMAGENS TÉRMICAS USOS E RESULTADOS EM TERMOGRAFIA

Figura 5.84 – Termograma dos cabos em 6,6 kV internos ao painel.

Uma vez identificado o circuito de chapas de aço e não permitirem abertura


saída a que possivelmente se referia o aque‐ para Inspeção enquanto estivessem energi‐
cimento, a Inspeção passou a ser feita no zados. Após a inspeção frontal, o resultado
piso superior apesar de, tecnicamente, não da visada externa da parte traseira dos pai‐
ser possível observar nenhum componente néis, por onde saiam os cabos, em 6,6 kV,
interno devido a todos os painéis serem em pode ser observado na Figura 5.84.

Figura 5.85 – Visada posterior dos painéis 6,6 kV.

Não havia nenhum componente com suas cargas típicas. A imagem térmica
instalado que justificasse a assimetria tér‐ da parte frontal dos painéis pode ser obser‐
mica posterior e todos os painéis estavam vada na Figura 5.86.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 389


CAPÍTULO V – TRATAMENTO DAS IMAGENS TÉRMICAS USOS E RESULTADOS EM TERMOGRAFIA

Figura 5.86 – Visada Frontal dos Painéis 6,6 kV.

Como o layout interno dos painéis do aquecimento. Após a extração do Disjun‐


era dividido em duas secções, a frontal com tor, o Termograma respectivo pode ser ob‐
o disjuntor e a traseira com a medição e sa‐ servado na Figura 5.87. Deve‐se levar em
ída de cabos, não havia nenhuma explicação consideração que o tempo de desligamento
técnica para as distribuições térmicas quali‐ e extração do disjuntor foi de aproximada‐
tativas observadas. Foi decidido então pelo mente 2 minutos e, dessa maneira, as tem‐
desligamento imediato do circuito e extra‐ peraturas apresentadas são residuais.
ção do disjuntor para verificação da origem

Figura 5.87 – Termograma do Disjuntor após extração.

A localização da garra do contato in‐ aquecimento, a tampa posterior deste pai‐


ferior superaquecido correspondia ao nel foi retirada para pesquisa de causa. A
achado na parte posterior do painel, mas imagem da Figura 5.88 apresenta os acha‐
não explicava a mancha térmica na parte dos. O TC de medição antes da descida do
posterior superior da tampa traseira. Assim, barramento para os cabos estava rachado e
e novamente para descobrir a origem do em estado de deterioração severa e não
operacional.

Anotações:

390 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO V – TRATAMENTO DAS IMAGENS TÉRMICAS USOS E RESULTADOS EM TERMOGRAFIA

Figura 5.88 – TC rachado e superaquecido.

Conclusão: caso alguma distribui‐ em posições e ângulos estratégicos. A impos‐


ção de calor anômala seja descoberta exter‐ sibilidade de Inspeção com os painéis fecha‐
namente em painéis enclausurados, e que dos permite o desenvolvimento de anoma‐
não disponha de uma explicação compatível lias e defeitos que, quando percebidos, cau‐
com o aquecimento, por instalação de com‐ sarão paradas intempestivas ou mesmo fa‐
ponentes internos ou situação funcional, lhas, cujas consequências econômicas e de
deve ser aberto para pesquisa de causa. Se produção poderão ser extremamente altas.
não houver possibilidade de abertura e/ou Análise de Consistência: qualquer
desligamento seguros, ou por situações ope‐ variação térmica qualitativa externa e que
racionais e/ou de produção, a Gerência res‐ não possa ser atribuída a causas conhecidas
ponsável deve ser notificada imediatamente internas, deve ser investigada criteriosa‐
para estudar as providências cabíveis e/ou mente e dentro das normas de segurança
assumir os riscos da não descoberta da causa aplicáveis. As temperaturas e suas distribui‐
do aquecimento anômalo. ções, observadas nesse caso particular, po‐
Recomendações: para este tipo de dem servir de orientação quanto a urgência
painel, é altamente recomendável a instala‐ do atendimento e investigação.
ção de janelas infravermelhas de Germânio

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 391


CAPÍTULO V – TRATAMENTO DAS IMAGENS TÉRMICAS USOS E RESULTADOS EM TERMOGRAFIA

Anotações:

392 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VI
Subestações Rebaixadoras
Abrigadas
CAPÍTULO VI – SUBESTAÇÕES REBAIXADORAS ABRIGADAS

6.1 SUBESTAÇÕES REBAIXADORAS ABRIGADAS

Figura 6.1 – Subestação rebaixadora e locais específicos para Inspeção por Termografia.

Subestações rebaixadoras industri‐ TC's TP's, Seccionadoras, disjuntores de mé‐


ais são quase sempre o ponto final da distri‐ dia tensão e muflas são os mais usuais em
buição em média tensão em uma fábrica. A subestações e já foram abordados nos Itens
partir do secundário dos transformadores anteriores. A partir deste item serão aborda‐
rebaixadores, a tensão de 440, 380 ou 220 dos os componentes mais frequentes que se
Volts segue para os painéis de distribuição situam eletricamente após o Disjuntor Geral
dentro da planta ou até diretamente para as do Cubículo de Medição.
máquinas. Seus componentes, tais como bu‐
chas e caixas de passagem, barramentos,

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 395


CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

6.2 FUSÍVEIS HH Descrição Técnica: os fusíveis HH, como


qualquer outro fusível, tem a função de in‐
terromper o circuito em caso de curtos e/ou
sobrecargas. Neste caso, os fusíveis HH pos‐
suem internamente, além dos elementos fu‐
síveis, resistores circulares que os envolvem
para melhorar a sua curva de resposta. Pos‐
suem areia de quartzo como meio de extin‐
ção e fios e/ou lâminas de prata como ele‐
mentos fusíveis. São instalados nas subesta‐
ções de média e alta tensão visando a prote‐
ção de todos os equipamentos que estejam
a jusante.
Descrição Térmica: apesar de sempre aque‐
cerem devido a seus resistores internos, os
fusíveis HH quando sob carga maior que 50%
de sua nominal apresentam‐se significativa‐
Figura 6.2 – Fusível HH. mente aquecidos. É esperado que com cor‐
rentes próximas à nominal, apresentem
temperaturas próximas a 100 °C.
Exemplos:

Figura 6.3 – Fusível HH com corpo sobreaquecido.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 6.3 Termograma bem focado e bem enquadrado. Escala colorimétrica e amplitude térmica
corretas. Em termos de realidade cotidiana no ambiente industrial, é comum encontrar
fusíveis HH instalados, mas de capacidades diferentes. Atuações intempestivas desses
fusíveis levam, muitas vezes, a atitudes emergenciais pela falta de peças corretas para
substituição. Nesses casos, geralmente são instalados fusíveis de capacidades menores
como forma conservativa de manter as instalações funcionando. Assim, é esperado que
um fusível de capacidade menor aqueça mais que seus adjacentes. No entanto, esse
396 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS
CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

FIGURA COMENTÁRIOS
aquecimento deve ser homogêneo em todo o corpo do fusível. É recomendável, antes de
qualquer diagnóstico, verificar quais as capacidades e fabricantes dos fusíveis, assim
como seus modelos, que devem ser sempre idênticos. No caso deste Fusível HH, além do
fusível se apresentar mais aquecido que seus pares, este apresenta uma distribuição
térmica assimétrica. Essa anomalia sugere uma atuação parcial com o rompimento de
algumas células fusíveis, o que torna o fusível errático em relação à sua curva original. A
recomendação é a substituição por outro de capacidade correta, mesmo modelo e
fabricante. Os pontos coloridos nas garras inferiores são reflexos devido à baixa
emissividade do material constituinte. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de
3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da emissividade para porcelana pode variar de
0,85 a 0,90. Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR AGEMA 550.
Lente: 20°.

Figura 6.4 – Fusíveis HH assimétricos.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 6.4 Termograma bem focado e bem enquadrado, mas com a foto de controle na luz visível
um pouco deslocada. Os dois Termogramas apresentam em um, o efeito de um ajuste
incorreto na amplitude térmica, e no outro o ajuste adequado. No Termograma da
esquerda, os dois fusíveis aparecem sobreaquecidos uniformemente, podendo levar
facilmente a um erro de diagnóstico. No entanto, ao ser ajustada a amplitude térmica no

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 397


CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

FIGURA COMENTÁRIOS
Termograma da direita, é possível compreender melhor o que está acontecendo. A
primeira dúvida que surge, supondo uma corrente equilibrada nas três Fases, é se a
capacidade dos fusíveis é realmente a mesma. A etiqueta do fusível da esquerda caiu ou
foi arrancada, e o fusível da Fase da Direita não possui identificação visível. Se as
capacidades forem iguais, fica evidente que o fusível da Fase do Meio já sofreu pelo
menos uma sobrecarga, tendo eventualmente rompido alguns fios do circuito interno de
equalização térmica. Já o fusível da Fase Esquerda, sendo os três de mesma capacidade,
deve ser tomado como referência. Dessa forma, o fusível da Fase Direita apresenta‐se
aquecido de forma mais equilibrada, porém flagrantemente diferente da referência que
é o fusível da Fase Esquerda. Com tantas dúvidas, o procedimento indicado é,
primeiramente, a confirmação de que as correntes são equilibradas e que o
dimensionamento dos fusíveis está correto. Como a verificação dos fusíveis instalados
exigirá uma parada, é mais seguro substitui‐los por novos e da capacidade correta e, se
for de interesse da Gerência responsável, testar as resistências ôhmicas para localizar os
defeituosos e descartá‐los. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à
temperatura ambiente, o valor da emissividade para porcelana pode variar de 0,85 a 0,90.
Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR AGEMA 550. Lente: 20°.

Figura 6.5 – Anomalia em conexão ou garra de fusível HH.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 6.5 Termograma bem focado e bem enquadrado. Escala colorimétrica e amplitude térmica
corretas. O objetivo desta imagem térmica é demonstrar a dificuldade em se fazer um
diagnóstico seguro quando há a interface entre dois materiais de emissividades
diferentes. No caso deste fusível HH, a cabeça de conexão é metálica, provavelmente de
aço inox com emissividade muito baixa, em torno de 0,1 a 0,2. Já o corpo do fusível é de
porcelana com emissividade alta, em torno de 0,9. Sabendo que a corrente de Fase está
passando integralmente pelo corpo do fusível, como explicar o aquecimento apenas na
linha divisória entre a porcelana e o aço? O primeiro detalhe a notar é que se o
aquecimento se originasse da parte dentro da porcelana, a porcelana deveria estar
também aquecida uniformemente, o que não acontece. Depois dessa eliminação, há
duas possibilidades: ou a causa do aquecimento é um mau contato na solda interna entre
os elementos fusíveis e a cabeça do fusível, ou é um mau contato nas garras de fixação.
Em ambos os casos, é difícil a confirmação, uma vez que se o mau contato for na solda

398 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

FIGURA COMENTÁRIOS
interna, o calor deve fluir por condução para a cabeça metálica e aquecer a parte da
porcelana que está em contato com o metal. A maior temperatura, desprezando as
perdas no metal devido a distância entre a solda e a porcelana ser pequena, deve ocorrer
na interface entre os dois materiais. Por outro lado, se o mau contato for nas garras da
base fusível contra a cabeça do fusível, o infravermelho terá dificuldades em irradiar
devido à baixa emissividade dos materiais envolvidos. Uma saída para essa dúvida é ler a
temperatura na fresta entre a garra e o metal da cabeça. No caso de frestas entre metais
de baixa emissividade, é possível utilizar uma emissividade entre 0,7 a 0,8 como
estimativa de comportamento. Nesse caso, e considerando que as perdas por condução
são iguais devido às pequenas distâncias envolvidas, a diferença de temperaturas entre
a linha limítrofe entre a porcelana e a fresta da garra da base fusível poderá indicar qual
a origem. Chega‐se à conclusão então de que, baseado apenas nesta imagem térmica,
não há certeza neste diagnóstico e mais vale ser conservativo do que arriscar. Entretanto,
outro erro pode ocorrer que
diz respeito ao ajuste da faixa
térmica na câmera e no
Software para tratamento de
imagens térmicas. Caso o
ajuste seja incorreto, pode
ser realmente difícil chegar a
uma conclusão. Se modificar‐
mos o ajuste da amplitude
térmica dessa mesma ima‐
gem (+17° a + 70 °C), e corri‐
girmos a emissividade para cada área, a solução poderá ser simples. A imagem apresenta
o mesmo Termograma, mas com um ajuste diferente (+17° a + 77 °C), tornando evidente
que, utilizando as mesmas considerações de condução de calor, a origem do
aquecimento era a garra de contato da base fusível. Muitas vezes o diagnóstico que
parece confuso e indefinido pode ser solucionado mudando‐se os ajustes da imagem. É
importante ainda destacar que a manutenção das garras não deverá empregar materiais
abrasivos e que o alinhamento não deve ser modificado. Para medições radiométricas
em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da emissividade para
porcelana pode variar de 0,85 a 0,90. Para o aço inox de 0,1 a 0,2 e para frestas entre
elementos refletivos, de 0,7 a 0,8. Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000.
Câmera: FLIR SC2000. Lente: 24°.

.
Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 399


CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

Figura 6.6 – Mau contato em garra e/ou cabeça de fusível HH.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 6.6 Termograma bem focado e bem enquadrado. Escala colorimétrica e amplitude térmica
corretas. De maneira diferente do Termograma anterior, esta anomalia aquece quase
que igualmente tanto a cabeça do fusível como as garras da base. As cabeças de conexão
são metálicas, provavelmente de aço inox com emissividade muito baixa, em torno de
0,1 a 0,2. Já os corpos dos fusíveis são de porcelana com emissividade alta, em torno de
0,9. Porém, com os ajustes empregados, não há uma diferenciação nítida entre o
aquecimento na porcelana e na cabeça do fusível da Fase Esquerda. Apesar de
visualmente pouco comprometido com poluente, a explicação mais razoável para uma
uniformidade na emissão de infravermelho na cabeça metálica do fusível é a oxidação ou
depósito de material mais emissivo. Ainda somando a isso, há o efeito fresta que
possibilita uma medição mais aproximada. Neste caso, desmonte, Inspeção Visual
cuidadosa, limpeza e ajuste de pressão poderão resolver a anomalia. É importante medir
a resistência de contato antes e após a intervenção para garantir que o procedimento
resultou em uma melhora nas condições do contato. Caso não haja melhoria, é
necessário avaliar a substituição das garras e/ou do fusível. Para medições radiométricas
em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da emissividade para
porcelana pode variar de 0,85 a 0,90. Para o aço inox de 0,1 a 0,2 e para frestas entre
elementos refletivos, de 0,7 a 0,8. Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000.
Câmera: FLIR SC2000. Lente: 24°.

CASO PARTICULAR: no Termo‐ corrente (lâminas em paralelo). Uma hipó‐


grama da Figura 6.7, deve‐se levar em consi‐ tese alternativa seria a de problema interno
deração na análise diagnóstica, que o mate‐ no fusível. No entanto, para que isso fosse
rial de contato tanto da garra como da ca‐ possível, dois outros aquecimentos deve‐
beça do fusível, é de baixa emissividade. riam ser visíveis no termovisor: o aqueci‐
Nesse caso, a primeira opção é que o mau mento na fresta da garra da esquerda e o
contato esteja realmente na garra da es‐ aquecimento no corpo do fusível. Como am‐
querda, fazendo com que a garra da direita bos não estão presentes, resta a hipótese de
sobreaqueça por assumir a maior parte da mau contato na garra esquerda (a mais fria)
pelo motivo exposto.

400 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

Figura 6.7 – Mau contato em garra paralela de fusível HH.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 6.7 Este Termograma está bem focado e bem enquadrado, apesar de ser de apenas um
contato. A escala colorimétrica e a amplitude térmica também estão bem ajustadas. O
principal objetivo aqui é demonstrar como nos casos de materiais de baixa emissividade
é possível utilizar o efeito das frestas para chegar a uma aproximação razoável da
temperatura do objeto de interesse. Como tanto a cabeça do fusível como as garras são
fabricadas em material inoxidável de baixa emissividade, a solução é buscar uma visada
o mais ortogonal possível e atribuir um valor mais alto à emissividade da fresta. Deve ser
lembrado ainda que, neste caso de garras, há um circuito paralelo envolvido. Dessa
forma, o mau contato principal é na garra esquerda, ou mais fria. Essa condição faz com
que a corrente circule prioritariamente pela garra direita, causando o aquecimento. Para
medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor
da emissividade para frestas entre elementos refletivos pode variar de 0,7 a 0,8. Software:
FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 12°.

Análise de Consistência: na Figura caso como em outro, os fusíveis não deverão


6.5, o fusível da Fase ‘S’ apresenta um sobre‐ responder adequadamente quando solicita‐
aquecimento em seu corpo. Aquecimentos dos.
em fusíveis, quando seus adjacentes pos‐
Recomendações de Intervenção:
suem a mesma corrente e especificações,
os fusíveis HH, quando operando próximo à
devem‐se normalmente à ruptura parcial de
sua capacidade nominal, possuem a caracte‐
elementos internos. Também é comum en‐
rística de trabalhar na faixa dos 100 °C uni‐
contrar fusíveis de capacidades diferentes
forme e simetricamente distribuídos ao
que são substituídos em situações de emer‐
longo de seu corpo de porcelana. Isso se
gência e permanecem instalados. Nessas deve a um resistor de equalização interno
condições, se subdimensionados em relação que melhora a resposta quando solicitados.
à capacidade dos adjacentes, os fusíveis se Assim, além dos usuais problemas de con‐
apresentarão mais aquecidos. Na presença tato, esse tipo de fusível pode apresentar va‐
de uma anomalia deste tipo, tanto em um
riações de temperatura ao longo do seu
MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 401
CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

corpo. Caso a temperatura não seja uni‐ Descrição Técnica: transformadores são má‐
forme ou simétrica, a recomendação é a quinas elétricas estáticas que efetuam a
substituição do elemento. É possível tam‐ transmissão de energia ou potência elétrica
bém a existência de defeitos na solda interna através de enrolamentos, transformando as
dos elementos fusíveis, o que implica na tensões e correntes de acordo com uma
substituição do componente, uma vez que dada relação de transformação. Suas bobi‐
não há reparo possível e econômico para nas, denominadas primário, secundário e
esse tipo de componente. Quando o pro‐ eventualmente terciário, envolvem um nú‐
blema está localizado nas garras de contato, cleo composto de várias chapas muito finas
deve‐se verificar se estas são do tipo que de ferrosilício isoladas entre si, fazendo com
possui regulagem de pressão. Se for esse o que a transmissão de energia ocorra através
caso, uma Inspeção Visual cuidadosa em da indução eletromagnética. As chapas do
busca de corrosão deve ser efetuada e, caso núcleo têm espessura pequena para atenuar
não encontrada, limpeza e ajuste de pressão as correntes induzidas no núcleo, conheci‐
podem resolver o problema. Caso essa inter‐ das como correntes de Foucault, porém uma
venção não surta efeito, é recomendado tro‐ parte da energia inevitavelmente será dissi‐
car as garras por outras novas. No caso de pada no núcleo na forma de calor.
garras que não possuam ajuste, pode ser ne‐ Descrição Térmica: apesar do avanço dos
cessária a sua substituição, já que não forne‐
transformadores a seco, ainda hoje (2017)
cem mais a pressão necessária a um bom
uma grande quantidade de transformadores
contato.
isolados a óleo ainda está em uso e em bom
estado. Este tipo de transformador contém
6.3 TRANSFORMADORES PARA SUBESTA‐
sua parte ativa encerrada dentro de um
ÇÕES ABRIGADAS
tanque metálico e imersa em óleo isolante
que tanto serve para isolar quanto para
refrigerar o núcleo. A refrigeração acontece
por correntes de convecção que surgem
devido às diferenças de temperatura entre o
óleo que está próximo e em contato com o
núcleo ou entreferro de ferrosilício e a
temperatura ambiente que envolve as aletas
de refrigeração ou radiadores. Nos modelos
de transformadores a seco, são refrigerados
pelas correntes de convecção natural do ar
que os envolve. Em alguns casos, há a
Figura 6.8 – Transformadores.
instalação de ventilação forçada para
aumento da vida útil do transformador ou
para aumentar a potência de transformação.

Anotações:

402 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

Figura 6.9 – Transformador isolado a óleo – esquemático e sem tanque.

A Figura 6.9 apresenta os principais componentes tanto no modelo isolado a


componentes internos de um transformador óleo como no a seco. Um local susceptível de
isolado a óleo típico, sem o tanque de con‐ maus contatos são as emendas das bobinas
tenção. Nesta visada, podem ser vistas as co‐ que formam o primário, o secundário e o ter‐
nexões internas que eventualmente pode‐ ciário.
rão produzir maus contatos e faiscamentos No entanto, essas anomalias, parti‐
que, por sua vez, gerarão gases combustíveis
cularmente nos primários, só poderão ser vi‐
que podem levar o transformador à explo‐
síveis nos trafos a seco, uma vez que, nos
são.
modelos a isolados a óleo, as correntes de
Já a Figura 6.10 apresenta um dese‐ convecção internas normalmente dissiparão
nho esquemático de um transformador a esses aquecimentos e não serão visíveis.
seco, isolado em epóxi e os seus principais

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 403


CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

Figura 6.10 – Transformador isolado em epóxi (a seco).

Exemplos:

Figura 6.11 – Anomalia no disco da bobina em Transformador a Seco.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 6.11 Este Termograma está bem focado, mas não tão bem enquadrado como deveria ser. A
escala colorimétrica e a amplitude térmica estão bem ajustadas. É uma visada um pouco
difícil porque para apresentar corretamente a anomalia, não era possível ficar em frente
às bobinas devido à montagem dos painéis de distribuição da subestação. Assim, a única
visada disponível era a lateral que, devido à falta de uma lente grande angular, ficou mais
próxima do que o ideal. De qualquer forma, é possível observar que há uma assimetria
evidente entre as bobinas das três Fases e entre a bobina da Fase azul (posterior). Uma
distribuição térmica deste tipo implica que uma das bobinas internas, e que foi utilizada
na fabricação da bobina de Fase, utilizou cobre com uma resistência maior que as suas
semelhantes. Caso a temperatura continue aumentando ao longo do tempo, o

404 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

FIGURA COMENTÁRIOS
transformador deverá ser retirado de operação e enviado para manutenção. Um teste de
resistência ôhmica do enrolamento poderá comprovar a diferença de impedância entre
as bobinas. Caso o transformador esteja em garantia, o fabricante deverá se
responsabilizar pela assimetria ou repor o transformador por outro com comportamento
mais equilibrado. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à
temperatura ambiente, o valor da emissividade para fibra de vidro envernizada pode
variar de 0,85 a 0,95. Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC‐
2000. Lente: 24°.

Análise de Consistência: de forma na confecção dos pacotes de espiras das bo‐


geral, todas as distribuições térmicas em binas dessa Fase. A área aquecida em
transformadores abrigados, sejam isolados a branco, no canto superior direito da Figura
óleo ou a seco, devem ser compatíveis com 6.10, apresenta o entreferro exposto. Este é
os componentes internos e as respectivas um aquecimento normal causado pelas cor‐
transmissões de calor para a superfície ex‐ rentes de Foucault nas chapas de ferro silí‐
terna. cio.
Na ausência de fatores internos Recomendações de Intervenção:
que justifiquem assimetrias ou desequilí‐ de uma forma geral, os transformadores atu‐
brios térmicos observados, deverão ser ava‐ almente (2017) se dividem em duas catego‐
liadas eventuais trocas térmicas devido à rias: isolados a óleo mineral e a seco. As ano‐
circulação de ar ou ventilação forçada. O malias térmicas mais usuais, que podem ser
Termograma da Figura 6.46, por exemplo, encontradas em trafos a óleo, podem ser:
apresenta um transformador isolado a óleo mau contato nas buchas primárias e secun‐
com uma distribuição térmica assimétrica dárias, problemas de baixo isolamento nas
no topo dos radiadores indicando um even‐ buchas de porcelana, problemas na refrige‐
tual desequilíbrio de carga caso o secundá‐ ração, problemas de indução entre as bu‐
rio seja em estrela aterrada. Eventualmente chas do secundário, problemas internos re‐
outra hipótese explicativa pode ser a obs‐ fletindo na carcaça e problemas na conexão
trução das aletas de refrigeração, uma vez com a malha de Terra. Já nos trafos a seco,
que no local em que estava instalado não isolados a epóxi, podemos encontrar: pro‐
havia ventilação forçada ou correntes de ar blemas nas conexões do primário ou secun‐
que justificasse essa assimetria na distribui‐ dário, problemas na qualidade do cobre nas
ção térmica do topo das aletas. Já na Figura bobinas do primário, problemas nas cone‐
6.10, a distribuição térmica indica um so‐ xões das bobinas do primário, baixo isola‐
breaquecimento assimétrico na parte supe‐ mento no epóxi, e mau contato nos taps de
rior das bobinas da Fase Esquerda, onde é comutação do primário entre outros proble‐
esperada uma distribuição uniforme de ca‐ mas. Cada situação dessas requer uma inter‐
lor. Eventualmente pode‐se tratar de um venção específica de acordo com as condi‐
problema na qualidade do cobre utilizado ções em que forem encontradas, as caracte‐

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 405


CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

rísticas do transformador, condições cons‐ atualmente (2017) são feitos de chapas iso‐
trutivas, tempo em operação e assim por di‐ ladas entre si de ferrosilício de grão orien‐
ante. Cada caso deverá ser avaliado pela en‐ tado. Nos transformadores a seco, parte des‐
genharia de manutenção e/ou produção ses núcleos fica exposta, e nos transforma‐
para análise de quais as providências técni‐ dores isolados a óleo mineral, ficam imersos.
cas e economicamente corretas deverão ser Como todo material ferromagnético, o ferro‐
adotadas. silício apresenta perdas ao ser percorrido
por um fluxo magnético e perdas (aqueci‐
6.3.1 Transformadores a Seco – Núcleo ou mento) geradas pela formação de correntes
Entreferro parasitas. A separação do núcleo em chapas
isoladas tem a finalidade de diminuir o per‐
curso das correntes parasitas e baixar as per‐
das no entreferro.
Descrição Térmica: mesmo com o transfor‐
mador a vazio, o entreferro ainda apresenta
perdas que influenciam no seu comporta‐
mento térmico, a saber, correntes de Eddy
ou de Foucault (parasitas) e perdas por his‐
terese. Ou seja, uma vez energizado, sempre
há alguma perda térmica ocorrendo e não
necessariamente de forma linear. Em termos
práticos, as partes expostas de um transfor‐
Figura 6.12 – Núcleo em chapas de ferrosilício mador a seco a plena carga podem ter tem‐
em linha de montagem. peraturas até 130 °C ou mais, dependendo
das propriedades e qualidade do material
Descrição Técnica: os núcleos ou entreferro utilizado no epóxi das bobinas, das caracte‐
de todos os transformadores de potência rísticas e projeto de montagem.

Figura 6.13 – Trafo a Seco com carga baixa com tela entreposta.

Anotações:

406 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 6.13 Este Termograma tem seu foco ajustado na medida do possível devido à grade metálica
de proteção interposta. Por outro lado, o enquadramento está correto. A escala
colorimétrica e a amplitude térmica também estão bem ajustadas. Devido ao ângulo de
visada, pode parecer que possui uma assimetria no entreferro. Mas após uma observação
mais cuidadosa, é possível perceber que a linha aquecida que aparece é a fresta entre os
dois trilhos de fixação que ocultam uma parte do núcleo. A carga do transformador é
menor que 40% e isso se reflete tanto na temperatura da superfície das bobinas como na
temperatura do entreferro. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à
temperatura ambiente, o valor da emissividade para o verniz do entreferro é bastante
semelhante à resina epóxi das bobinas, podendo variar de 0,80 a 0,90. Software: FLIR
ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Figura 6.14 – Trafo a seco com grade de malha fina e carga baixa.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Apesar da tela metálica interposta, este Termograma está bem focado e com seu
6.14
enquadramento correto. A escala colorimétrica e a amplitude térmica também estão bem
ajustadas. Devido ao ângulo de visada disponível pelo projeto da instalação, apenas um
lado do transformador pode ser inspecionado. A carga do transformador, no momento
da Inspeção, era de 430A para uma capacidade nominal de 1500ª, o que significa que
estava com menos de 30% de carregamento. Mesmo com carga percentualmente baixa,
o entreferro apresenta temperaturas na faixa de 90 a 100 °C, sendo essa uma situação
normal ou aceitável. Isso é aceitável porque, para este transformador, a temperatura
ambiente máxima de operação era de 40 °C e a máxima sobre elevação de temperatura
era de 105 °C. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura
ambiente, o valor da emissividade para o verniz do entreferro é bastante semelhante à
resina epóxi das bobinas, podendo variar de 0,80 a 0,90. Software: FLIR ThermaCAM
Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC‐660. Lente: 24°.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 407


CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

Figura 6.15 – Trafo a seco com grade aberta.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 6.15 Em alguns casos é possível abrir uma porta de tela para melhorar as condições de
Inspeção. No entanto, raramente é possível verificar todos os lados de um transformador.
Com a visada facilitada, este Termograma está bem focado e razoavelmente enquadrado,
faltando apenas a parte inferior externa para que contivesse todo o objeto de interesse.
A escala colorimétrica e a amplitude térmica estão bem ajustadas, mas fazem o foco
térmico no núcleo, o que não permite necessariamente uma boa visualização das
bobinas. O carregamento do transformador no momento da Inspeção era de 200A para
uma capacidade nominal de 1000A, o que significa que estava com menos de 20% de
carregamento. Com uma carga percentualmente tão baixa, o entreferro apresenta
temperaturas na faixa de 80 a 90 °C, sendo esta temperatura esperada e normal ou
aceitável. Esse aquecimento, com esta carga, é devido, na maior parte, às perdas da
corrente de magnetização do transformador. Para este transformador, a máxima
temperatura ambiente de operação era de 40 °C e a máxima sobre elevação de
temperatura era de 105 °C. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à
temperatura ambiente, o valor da emissividade para o verniz do entreferro é bastante
semelhante à resina epóxi das bobinas, podendo variar de 0,80 a 0,90. Software: FLIR
ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC‐660. Lente: 24°.

Figura 6.16 – Trafo a seco enclausurado em painel metálico.

Anotações:

408 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 6.16 Instalado em um painel metálico este transformador só pode ser corretamente
inspecionado se as tampas laterais forem retiradas. Uma vez removidas, o foco fica
facilitado e, nem sempre, o entreferro é facilmente visualizável sendo necessário escolher
o que deve constar na imagem térmica. A escala colorimétrica e a amplitude térmica
estão ajustadas de forma a conter o pouco entreferro que é visível e as bobinas e
conexões do trafo. Como se trata de um transformador instalado em uma plataforma
marítima de perfuração de poços de petróleo, este transformador é normalmente sobre
dimensionado fazendo com que a corrente instantânea não seja maior que 50% de sua
capacidade nominal. Além disso, as salas de equipamentos elétricos em instalações deste
tipo são normalmente refrigeradas para dar maior durabilidade e confiabilidade aos
equipamentos e componentes instalados. Como esperado, com carga percentualmente
baixa, o entreferro apresenta temperaturas na faixa de 80 a 90 °C. Para medições
radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente o valor da
emissividade para o verniz do entreferro é bastante semelhante à resina epóxi das
bobinas podendo variar de 0,80 a 0,90. Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000.
Câmera: FLIR T300. Lente: 24°.

Figura 6.17 – Trafo a seco com 60% de sua carga nominal e núcleo aquecido.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura A grade metálica com malha maior, e a sua proximidade com o transformador,
6.17
permitiram um bom foco no local de interesse que é o ponto mais quente do entreferro,
junto à bobina do meio. A escala colorimétrica e a amplitude térmica estão ajustadas
corretamente. Também neste caso, e devido ao ângulo de visada disponível pelo projeto
da instalação, apenas um lado do transformador pode ser inspecionado. A carga do
transformador no momento da Inspeção era de 1200A para uma capacidade nominal de
2000A, o que significa que estava com 60% de carregamento, uma carga razoável. Com
esta carga, a temperatura do entreferro medida foi a 125 °C. Como ainda restam 40% de
carga livre no trafo, é de se supor que o núcleo não esteja saturado e que a temperatura
deve subir de acordo com as curvas de aquecimento fornecidas pelo fabricante. Sem elas,
não é possível saber se a temperatura lida com esta carga está dentro da normalidade
esperada ou não. Por outro lado, a bobina central apresenta 44 °C para 60% da carga, o
que nos permite estimar que a sua temperatura para 100% seria de aproximadamente

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 409


CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

FIGURA COMENTÁRIOS
309 °C, considerando a tempera‐
tura ambiente em 20 °C. Apesar de
existirem resinas epóxi que supor‐
tam até 280 °C, é necessária a con‐
firmação do fabricante que a re‐
sina utilizada neste modelo de
transformador suporte tanto essa
temperatura relativa à carga de
100%, em regime contínuo, como
que o entreferro não ultrapasse
temperaturas funcionais. Causas
possíveis para uma temperatura
dessa magnitude no entreferro silício é a eventual fuga de corrente de Fase do secundário
para a Terra. De qualquer maneira, mais testes elétricos e consulta ao fabricante são ne‐
cessários para a identificação precisa da causa desta anomalia. Para medições
radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da
emissividade para o verniz do entreferro é bastante semelhante à resina epóxi das
bobinas, podendo variar de 0,80 a 0,90. Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000.
Câmera: FLIR SC‐660. Lente: 24°.

Figura 6.18 – Trafo a seco 440/220 V enclausurado em painel metálico.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 6.18 Este Termograma está bem focado, mas seu enquadramento deixa a desejar, uma vez
que, com a utilização de uma lente grande angular, seria possível uma visada mais
abrangente de todas as conexões. Por outro lado, a escala colorimétrica e a amplitude
térmica estão bem ajustadas. Apesar de ser um transformador bifásico de baixa tensão,
440/220 V, este preenche as características comuns a todos os trafos a seco. Como a
carga era de serviços auxiliares, a potência demandada era baixa, o que levou o núcleo a
aquecer moderadamente. O fato de estar instalado em um painel metálico obriga a que,
para ser efetuada a Inspeção, alguma tampa seja removida. Para medições radiométricas
em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da emissividade para
frestas entre elementos refletivos pode variar de 0,7 a 0,8. Software: FLIR ThermaCAM
Reporter PRO2000. Câmera: FLIR T300. Lente: 24°.

410 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

Análise de Consistência: nos trans‐ absorve o calor irradiado das duas bobinas
formadores isolados a óleo mineral dificil‐ laterais sobre si mesma. Igualmente as par‐
mente é possível avaliar alguma anomalia tes superiores deverão estar um pouco mais
térmica oriunda do entreferro já que o óleo aquecidas devido às correntes de convecção.
normalmente refrigera este aquecimento,
dissipando‐o pelo volume de óleo circulante. 6.3.2 Primário de Transformadores
Já nos transformadores a seco, eventual‐
mente alguma concentração de calor anô‐
mala poderá ser detectada, mas é raro. Da
mesma forma, nem sempre é possível ava‐
liar um transformador a seco com uma vi‐
sada favorável, que seria imediatamente na
ortogonal. Normalmente, e por manterem
partes ativas facilmente atingíveis por pes‐
soas, os trafos a seco são enclausurados em
cubículos ou cercados por telas. Em ambos
os casos, as visadas possíveis, na maioria dos
casos, são pelas laterais. Esse posiciona‐ Figura 6.19 – Primário de transformadores.

mento implica em que sempre uma lateral


do transformador não poderá ser avaliada Descrição Técnica: o termo “Primário” em
devido à falta de visada. Além do mais, a pre‐ transformadores se refere ao “lado” de ali‐
sença de uma tela interposta poderá preju‐ mentação ou entrada de potência, em alta
dicar tanto a discriminação de variações na ou média tensão, exceto no caso de gerado‐
distribuição de temperaturas como a sua res, onde o primário é o lado de baixa ou mé‐
eventual leitura. Em alguns dos casos, este dia tensão. Normalmente, e salvo casos es‐
tipo de transformador fica instalado dentro peciais, os primários são constituídos de bu‐
de um painel metálico com pouco ou ne‐ chas isoladas de porcelana ou de muflas ter‐
nhum acesso para Inspeções. Em algumas si‐ mocontráteis.
tuações, é possível a retirada das tampas la‐ Descrição Térmica: o primário dos transfor‐
terais para permitir acesso à Termografia. Já madores sempre apresenta, nos casos em
em outras configurações, a instalação de ja‐ que a tensão mais alta é aplicada nesse
nelas infravermelhas de boa qualidade resol‐ “lado”, correntes proporcionalmente mais
veria essa dificuldade. De qualquer maneira, baixas. Por esse motivo, não é esperado ne‐
será sempre esperado que as bobinas late‐ nhum tipo de aquecimento, nem na porce‐
rais estejam um pouco mais frias que a cen‐ lana e nem nas conexões, salvo em casos de
tral justamente por terem mais área exposta montagens especiais e dedicadas.
para dissipação. A bobina central, além de
ter de dissipar sua própria potência, ainda

Anotações:
MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 411
CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

Exemplos:

Figura 6.20 – Primário e Secundário normais.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Este Termograma está bem focado e bem enquadrado. A escala colorimétrica e a
6.20
amplitude térmica também estão bem ajustadas. Neste caso, podemos verificar como é
a imagem térmica de um transformador com distribuição térmica normal ou aceitável. A
carga é baixa, em torno de 40%, as buchas primárias não apresentam nenhum tipo de
anomalia observáveis por este ângulo de visada, bem como as buchas do secundário. O
aquecimento do óleo é compatível e o seu nível é visível pela marca térmica na parede
do tanque. Deve ser observado que, com esse nível de óleo, caso haja alguma anomalia
nas conexões internas, elas apresentarão uma chance muito baixa de apresentar alguma
distribuição térmica anômala na tampa do tanque, já que o óleo não a alcança (Ver Figura
3.69, Figura 6.23 e Figura 6.36). Nesse caso, a maior probabilidade de encontrar algum
indício de anomalia interna seria observando as aletas individualmente. No entanto, dado
o posicionamento do transformador, isso não é possível. Para medições radiométricas em
7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da emissividade para tintas a
óleo utilizadas em pinturas de transformadores pode variar de 085 a 0,95. Software: FLIR
ThermaCAM Reporter PRO200. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Anotações:

412 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

Figura 6.21 – Transformador normal ou com carga baixa.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Termograma bem focado e bem enquadrado. Escala colorimétrica e amplitude térmica
6.21
adequadas. Mais um caso de visada restrita e distribuição térmica normal ou aceitável.
Em trafos conectados a cubículos metálicos, nem o primário e nem o secundário são
facilmente inspecionáveis. Em alguns casos, é possível retirar a tampa que dá acesso ao
secundário para Inspeção. No entanto, com o transformador energizado, esse é um
procedimento de risco, dificilmente autorizado pela Segurança do Trabalho. Já o primário,
eventualmente, pode ser visualizado no infravermelho quando as portas do cubículo de
entrada são abertas. Mas isso depende da profundidade em que as buchas primárias
estão em relação ao cubículo. Externamente somente as visadas óbvias são possíveis:
tanque e dissipadores. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm, à
temperatura ambiente, o valor da emissividade para tintas a óleo utilizadas em pinturas
de transformadores pode variar de 085 a 0,95. Software: FLIR ThermaCAM Reporter
PRO2000. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Figura 6.22 – Trafo com 84% da carga nominal.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 413


CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Escala colorimétrica e amplitude térmica bem ajustadas, Termograma bem focado e bem
6.22
enquadrado. Novamente um exemplo de transformador com distribuição térmica normal
ou aceitável. A diferença entre os exemplos anteriores é que o percentual de carga é de
84% da nominal. A temperatura do tanque chega a 86 °C e é possível observar que o óleo
do tanque não o preenche completamente. Os radiadores apresentam distribuições
térmicas compatíveis e as buchas do primário, apesar de inseridas dentro do óleo, não
apresentam sinais de anomalia. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de
3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da emissividade para tintas a óleo utilizadas
em pinturas de transformadores pode variar de 085 a 0,95. Software: FLIR ThermaCAM
Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Figura 6.23 – Baixo isolamento na bucha primária do transformador.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Este Termograma está bem focado e bem enquadrado. A escala colorimétrica e a
6.23
amplitude térmica estão compatíveis com a anomalia de interesse. Transformadores
podem ser instalados em ambientes muito poluídos que podem prejudicar o isolamento
das buchas de porcelana. Em uma análise preliminar, seria possível atribuir as anomalias
térmicas presentes nas bases dessas porcelanas ao depósito de pó sobre elas. No entanto,
uma observação mais acurada perceberá que os locais onde os aquecimentos estão
presentes não estão contaminados como as saias. Mesmo que o depósito sobre as saias
fosse totalmente condutivo, não justificaria um aquecimento assimétrico como o
observado. Assim, a causa mais provável para um aquecimento deste tipo, é a existência
de trincas visíveis ou ainda microtrincas nas bases das buchas. A causa provável, mas não
única, dessas trincas, pode ter sido devido a um aperto excessivo nos flanges de fixação.
A solução é a substituição, uma vez que o risco de uma recuperação não compensa a
perda do transformador. O óleo isolante também deverá ser testado para verificação de
que suas características não foram alteradas pela eventual infiltração de umidade. Para
medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor
da emissividade para porcelanas pode variar de 0,85 a 0,95. Software: FLIR ThermaCAM
Reporter PRO2000. Câmera: SC‐2000. Lente: 24°.

Anotações:
414 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS
CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

Figura 6.24 – Trafos isolados a óleo 13.2kV/220V, Tanque Lado Primário.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 6.24 Nem sempre a visada permitida ao Inspetor é a melhor. No caso do Termograma, o topo
do tanque do transformador estava praticamente na altura do Termovisor sem que
houvesse, no momento da Inspeção, nada que pudesse ser utilizado para elevar o ângulo
de visada. Com a visada disponível, é possível verificar que a bucha primária do
transformador apresentava uma distribuição de calor de causa indefinida, rente ao
tanque, junto com o anel de fechamento do O‐Ring da bucha. Se essa distribuição térmica
fosse observada no secundário do transformador, onde as correntes são muito maiores,
seria possível supor que o anel de fechamento estava em curto circuito e que as correntes
induzidas estariam causando o aquecimento. Como se trata do primário, esta hipótese
tem de ser descartada a princípio. Pode‐se observar, ainda, que a conexão com o
barramento de entrada apresenta praticamente a mesma temperatura da anomalia na
base da bucha. Como o transformador possui um tanque de óleo em um nível mais alto
que as buchas, pode‐se descartar a possibilidade de que o aquecimento esteja indo de
cima para baixo na bucha. Sobra então a possibilidade de o pavio do primário estar
encostando internamente na porcelana (como mostra o gradiente de temperatura no
detalhe ampliado na imagem térmica) e passando por condução sua temperatura tanto
para a lateral da bucha como para o terminal de entrada. A conclusão, então, é de que se
trata muito provavelmente de um problema interno de pequena intensidade, no
momento da Inspeção. Devido à potência disponível para um mau contato nessa posição,
a recomendação é a abertura do transformador para verificação do estado interno das
conexões. Mais remotamente, seria possível aventar a hipótese de baixo isolamento da
bucha, quando em contato com a tampa do transformador. Mas ficaria mais difícil
explicar a temperatura da conexão de entrada. Para medições radiométricas em
7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da emissividade para tintas a
óleo pode variar de 0,85 a 0,94. Software: FLIR Researcher Pro 2.10, Câmera: SC‐2000,
Lente: 24°.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 415


CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

Figura 6.25 – Trafos isolados a óleo 13.2kV/220V, Tanque Lado Primário.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 6.25 Os dois Termogramas estão bem focados e bem enquadrados. As escalas colorimétricas
e as amplitudes térmicas estão compatíveis com os focos de interesse. Como pode ser
observado, as diferenças de temperatura entre Fases são mínimas e representam um
comportamento esperado ou aceitável para correntes baixas e chapas de aço mais finas.
É possível inferir que estas distribuições térmicas são devidas aos campos magnéticos
criados pelas corrente de Fase porque, se fosse um aquecimento devido à presença de
óleo dentro do tanque, a área demarcada com a isoterma em vermelho seria uniforme
em toda extensão longitudinal da imagem. Estes Termogramas servirão de referência
para outros com anomalias. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à
temperatura ambiente, o valor da emissividade para tintas a óleo pode variar de 0,85 a
0,94. Software: FLIR Image Builder, FLIR Researcher Pro 2.10, Câmera: SC‐2000, Lente:
45°.

Anotações:

416 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

Figura 6.26 – Trafo isolado a óleo 13.2kV/220V, tanque lado primário.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 6.26 Apesar das cinco imagens térmicas, trata‐se apenas de um Termograma que está bem
focado e bem enquadrado. As escalas colorimétricas estão de acordo com as suas
distribuições típicas de fábrica e a amplitude térmica é a mesma em todas as imagens,
compatível com a anomalia de interesse. Estão sendo apresentados cinco Termogramas
de um mesmo objeto de interesse devido à necessidade de enfatizar importância da
escolha da paleta de cor adequada para um diagnóstico confiável. As primeiras quatro
paletas comumente utilizadas no mercado, na prática do dia a dia, levariam o Inspetor a
facilmente ignorar a anomalia, ainda que utilizando a mesma amplitude térmica do
quinto Termograma. Considerando que esta é uma entrada de um transformador em
13 kV em triângulo, qualquer variação deve ser analisada cuidadosamente dadas as
consequências possíveis e potências de curto circuito envolvidas. Uma vez que a alta
está conectada em Delta, as correntes de Fase devem ser as mesmas e,
consequentemente, os campos magnéticos gerados devem também ser iguais. Isso
implica em que a distribuição térmica ao redor das três buchas seja simétrica, como as

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 417


CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

FIGURA COMENTÁRIOS
da Figura 6.25. Como há uma diferença nítida, percebida pela utilização da paleta de cor
correta, apesar da baixa diferença de temperatura entre as Fases, é importante buscar
explicações para as causas das manchas térmicas nas Fases H3 e H2. As possíveis causas
são: assimetria de correntes, chapa com espessura variável e anomalia resistiva interna.
Para verificar se as correntes de Fase são as mesmas, basta respeitar as normas de
segurança e utilizar os equipamentos compatíveis de acordo com a NR‐10 para medi‐las
com um alicate amperímetro. Caso seja observado um desequilíbrio entre as Fases, é
necessário verificar a impedância de cada bobina do transformador ou a sua relação de
transformação. Fugas de corrente que alterem o fluxo magnético a esse nível também
são possíveis, mas raras. Da mesma forma, mudanças na espessura da chapa do tanque,
ou mesmo impurezas no aço, são eventos raros. Por outro lado, a possibilidade de um
mau contato interno que gere correntes de convecção de óleo aquecido é mais provável
que as opções anteriores. A solução é abrir o transformador para uma Inspeção interna
cuidadosa. A urgência ou não da abertura será um risco a ser calculado pela Gerência
responsável. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura
ambiente, o valor da emissividade para tintas a óleo pode variar de 0,85 a 0,94. Software:
FLIR Image Builder, FLIR ThermaCAM Researcher 2.10, Câmera: SC‐2000. Lente: 45°.

Figura 6.27 – Comutador de TAP e Conexões Normais no Primário de um Trafo Seco.

418 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 6.27 Os dois Termogramas não apresentam um bom ajuste de amplitude e nível térmico,
fazendo com que as imagens fiquem com pouco contraste. Da mesma forma, o
enquadramento é bastante restrito. A única possibilidade de identificação da anomalia
no Termograma da esquerda é através da foto na luz visível. Já o Termograma inferior
apresenta de um transformador a seco em bom estado para servir de referência. O
comutador de tap do transformador a seco da esquerda estava com o parafuso frouxo
e que sobreaqueceu mesmo com as baixas correntes. Nesses casos, e por não ser
possível saber qual foi a temperatura máxima atingida pela anomalia, é necessário
verificar a integridade e características elétricas do epóxi adjacente. Caso não atendam
as especificações, o trafo deverá ser encaminhado ao fabricante ou oficina autorizada
para reparos. Por outro lado, o fato de a origem do aquecimento estar localizada no
parafuso de comutação, que possui emissividade significativamente baixa, pode alterar
as leituras de temperatura caso valores menores (de emissividade) sejam ajustados no
termovisor. Isso porque, dependendo da resolução espacial da câmera em uso, a leitura
mais precisa acabará incluindo a superfície em epóxi adjacente e que possui uma
emissividade muito maior que o parafuso metálico. Assim, e considerando o efeito
fresta entre porcas, arruelas e superfície de contato, e ainda as ranhuras do parafuso,
para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o
valor da emissividade para esta conexão, sobre a base em epóxi, poderá variar entre
0,75 a 0,85. Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC‐2000 e FLIR
AGEMA 550. Lentes: 24° e 20°.

Figura 6.28 – Comutador de TAP em Trafo seco.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 6.28 Este Termograma apresenta um detalhe de uma imagem maior, a qual conteria uma visão
mais abrangente de todas as conexões e bobinas. É possível observar também pela foto
na luz visível que tanto esta como o Termograma foram obtidos através de uma grade
metálica de proteção, o que prejudica significativamente a imagem térmica.
Possivelmente esta foi a razão de fazer um Termograma apenas do comutador de taps,
uma vez que a anomalia poderia ficar mascarada em uma visada geral.
Independentemente deste complicador, a imagem está bem focada para o fim que
pretende. A escala colorimétrica e a amplitude térmica também estão bem ajustadas. É
possível observar nitidamente o problema da emissividade, uma vez que a barra e as

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 419


CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

conexões, que são a origem do aquecimento, aparecem “frias” (por apresentarem uma
emissividade baixa), enquanto que o epóxi, onde as porcas estão inseridas, aparece mais
aquecido (por apresentar uma emissividade alta). Como o erro de arbitrar uma
emissividade baixa é maior que o erro cometido ao ler a temperatura no epóxi,
imediatamente contíguo às porcas, pode‐se utilizar a emissividade típica do epóxi para
ler as temperaturas de interesse. Durante um desligamento e uma Inspeção Visual
cuidadosa, caso não haja corrosão e apenas falte aperto nos parafusos, um torquímetro
resolve o problema. Se por outro lado houver sinais de corrosão evidente, o fabricante
deverá ser consultado sobre a necessidade de remoção do trafo e envio para a fábrica.
Uma solução alternativa é mudar os Taps do transformador, desde que a variação de
tensão e corrente não comprometam o processo industrial. Para medições radiométricas
em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da emissividade para
frestas entre elementos refletivos pode variar de 0,7 a 0,8. Por outro lado, o epóxi tem
emissividade mais alta, na ordem de 0,9. Assim, um valor intermediário de 0,85 pode ser
utilizado sem erros significativos. Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000.
Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 12°.

Figura 6.29 – Anomalia térmica dentro de bobina primária de Trafo seco.

Anotações:

420 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 6.29 Ambos os Termogramas estão bem focalizados e as escalas colorimétricas estão
ajustadas às anomalias de interesse. Os dois Termogramas apresentam o mesmo tipo de
anomalia. Superfícies externas de transformadores a seco não devem apresentar
assimetrias térmicas de nenhum tipo. Concentrações de temperatura em formato
pontual, como os detectados, indicam problemas internos que podem agravar
significativamente e levar à parada do equipamento. Soldas entre bobinas do primário, e
mais raramente do secundário, podem ser mal executadas e gerar aquecimentos com a
passagem de corrente. O agravamento pela temperatura pode danificar seriamente as
soldas e pior, prejudicar o isolamento entre as bobinas, levando ao curto‐circuito. Neste
caso, a temperatura não é relevante, uma vez que não se tem possibilidade de agir sobre
a causa do aquecimento. Dessa maneira, e de forma estratégica, o fabricante deve ser
acionado e providenciar a substituição da bobina antes que se instale uma corrente de
fuga significativa, um curto entre espiras ou, pior ainda, um curto entre primário e
secundário. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura
ambiente, o valor da emissividade para a resina epóxi tem um valor típico aproximado de
0,9. No caso do primeiro Termograma, o ângulo de visada está no limite para esse valor
(Ver Figura 4.23 no Volume 1). Softwares: Thermal Trend IR Analyzer, FLIR ThermaCam
Reporter 2000 PRO. Câmeras: SC‐660 e P‐640. Lentes: 24° e 12°

Figura 6.30 – Anomalia em conexão Terciária de Trafo a Óleo.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 421


CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 6.30 Este Termograma está bem focado e bem enquadrado. A escala colorimétrica, por sua
vez, apresenta o mínimo necessário para uma discriminação suficiente dos componentes
adjacentes. Esta dificuldade é devida à diferença entre o aquecimento de interesse
(104 °C) e componentes adjacentes (33 °C). A principal característica da identificação
deste aquecimento é que tanto o técnico como o analista têm de estar muito bem
treinados para não se deixar levar pelo ajuste automático tanto do Software como da
câmera. Caso fossem utilizados esses ajustes automáticos, as imagens térmicas obtidas
seriam muito semelhantes às imagens a seguir, neste mesmo comentário. Apenas então
com um ajuste correto, é possível confirmar que o aquecimento de interesse não tem
origem na conexão externa (porca
superior do varão) e sim na conexão
entre a porca principal e o conector
do cabo auxiliar. Esse ajuste implica
em que tanto o Inspetor como o ana‐
lista tenham a percepção e o treina‐
mento suficiente para não fazer um
diagnóstico incorreto baseado em
uma imagem mal ajustada. As conse‐
quências de um diagnóstico incor‐
reto seriam, no pior caso, a falha do componente com a consequente perda do transfor‐
mador, uma intervenção incorreta ou
a descoberta de que a descrição da
anomalia estava incorreta, contribu‐
indo para o descrédito tanto do Ins‐
petor como da técnica. Para medi‐
ções radiométricas em 7 – 14 µm ou
de 3 – 5 µm à temperatura ambiente,
o valor da emissividade para frestas
entre elementos oxidados pode va‐
riar de 0,8 a 0,9. Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC‐2000.
Lente: 24°.

Figura 6.31 – Trafo de sinalização aeroportuária com anomalia interna.

422 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 6.31 Este Termograma está bem focado, suficientemente bem enquadrado e a escala
colorimétrica e a amplitude térmica também estão bem ajustadas. É possível identificar
nesta imagem térmica o nível do óleo interno ao transformador e uma região aquecida
anômala medindo aproximadamente 100 °C na parede externa. Uma concentração de
calor desta magnitude pode significar uma parte do entreferro encostando na carcaça ou
um curto‐circuito interno. É necessário abrir o transformador para verificar o estado
interno e, conforme o encontrado, providenciar o reparo. Para medições radiométricas
em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da emissividade para tintas
a óleo pode variar de 0,85 a 0,94. Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera:
FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Caso particular: após a entrega do apresentava sobreaquecida ao longo de toda


relatório técnico à Gerência responsável, o a tampa. A câmera disponível para esta Ins‐
transformador 35,5kV/440V da Figura 6.32 peção não possuía a melhor resolução, em‐
foi aberto e, de acordo com o relato técnico bora a distância não fosse maior que 1,5 m
do que foi encontrado na Inspeção interna, entre ela e a anomalia. Uma abordagem que
apenas a junta de borracha encontrava‐se se‐ poderia elucidar a origem do aquecimento
riamente ressecada. Embora não seja comum seria a visualização da tampa do transforma‐
uma explicação possível para a assinatura dor a partir de uma visada de cima. No en‐
térmica encontrada, então pode requerer a tanto, nessa montagem não era possível de‐
ocorrência de uma contingência dupla, a sa‐ vido ao pouco espaço disponível e às distân‐
ber: o tanque de expansão encontrava‐se va‐ cias de segurança envolvidas. A conclusão a
zio e o ressecamento da junta permitia a que se chega é que a causa permaneceu des‐
troca de ar quente aquecido do interior do conhecida tanto pela falta de informações
trafo com o meio externo. No entanto, essa confiáveis por parte da execução da manu‐
explicação não condiz com as temperaturas tenção como por não ter sido efetuada uma
lidas porque não há motivos aparentes para vistoria pós‐intervenção para verificação da
a junta apresentar uma temperatura 23 °C permanência ou não da anomalia. Além do
mais alta que a temperatura do tanque do mais, devido ao local remoto de instalação
transformador. A temperatura do topo do do transformador, dados foram perdidos,
tanque é, por contato, a temperatura do como a foto de controle e as condições ope‐
óleo interno. Para tornar o registro ainda racionais no momento da Inspeção.
mais exótico, apenas esta parte da junta se

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 423


CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

Figura 6.32 – Anomalia de causa desconhecida (Termograma de 120 X 160 pixels).

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 6.32 A resolução baixa deste Termograma é devida ao emprego de uma câmera de baixa
resolução, 120 X 160 pixels. Sendo assim, não é possível foco mais nítido que o
presente devido à própria resolução do sensor. O enquadramento também deixa a
desejar, mas isso ocorreu devido ao espaço exíguo entre a cerca e o transformador.
Independente destas deficiências, a escala colorimétrica e a amplitude térmica estão
bem ajustadas. As indeterminações relacionadas a este Termograma reforça a
necessidade extrema de uma documentação completa e abrangente, muitas vezes,
até com mais de um par de Termogramas e imagens de controle, a fim de que se
possa construir uma cultura sobre os equipamentos em uso em uma planta
industrial. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura
ambiente, o valor da emissividade para frestas entre elementos refletivos pode variar
de 0,7 a 0,8. Software: IRAnalyzer, Câmera: Thermocom M7. Lente: 22°.

Análise de Consistência: apesar de causas sejam aceitáveis, ou características


os transformadores sempre apresentarem deste ou daquele modelo de transformador,
os mesmos componentes básicos, primário, elas poderão ser consideradas típicas. De
secundário, bobinas e alguns acessórios, os qualquer maneira, elas poderão, e/ou deve‐
modelos construtivos variam muito. Assim, rão ser registradas para acompanhamento
além dos problemas óbvios de mau contato futuro. No entanto, caso se suspeite de que
visíveis diretamente, outras variações de dis‐ a causa dessa assimetria esteja relacionada
tribuição térmica deverão sempre estar cor‐ com um comportamento anômalo ou de‐
relacionadas com características construti‐ feito, a Gerência responsável deve ser notifi‐
vas ou funcionais. Devido ao risco das ten‐ cada para avaliação da necessidade de inter‐
sões envolvidas e das potências de curto‐cir‐ venção ou acompanhamento em uma perio‐
cuito disponíveis, qualquer anomalia ou assi‐ dicidade adequada.
metria térmica deve ser cuidadosamente
analisada e sua causa justificada. Caso as

424 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

Recomendações de Intervenção: dos radiadores obstruídos ou fechados. Ou‐


alguns primários de transformadores isola‐ tra possibilidade é a deposição de borra de
dos a óleo poderão apresentar problemas de óleo nas entradas superiores dos radiadores.
conexão com os barramentos. Nesses casos, Deve ser observada atentamente a circula‐
os procedimentos de correção são os usuais. ção de ar ambiente, pois poderá causar uma
Caso haja corrosão, a substituição do com‐ assimetria normal ou aceitável e que não
ponente é recomendada, uma vez que o tra‐ deve ser confundida com deficiências de re‐
tamento de superfície pode ser inviável de‐ frigeração. Outras anomalias nas paredes ex‐
vido a exigir a parada do transformador. Po‐ ternas dos tanques de óleo devem ser refe‐
dem apresentar também fuga superficial pe‐ renciadas a componentes internos (Figura
las buchas e pela própria porcelana quando 6.31) e devem ser pesquisadas pela abertura
apresenta trincas ou caminhos internos de dos tanques e Inspeção Visual interna. Casos
fuga. Nesses casos, é necessária a substitui‐ como o da Figura 6.29, revelam problemas
ção da bucha e testes no óleo isolante; para na conexão ou solda entre bobinas. Eventu‐
verificar se o óleo isolante já contaminou ou almente poderão representar não conformi‐
não. Casos de fuga de corrente superficial dades na resina epóxi ou até pontos de baixo
podem ser resolvidos com limpeza, mas ne‐ isolamento. A recomendação é a retirada do
cessitarão de teste de isolamento ou de uma trafo para reparo. Opcionalmente a Gerên‐
nova Termografia para confirmar que a in‐ cia envolvida pode optar por controlar esse
tervenção surtiu efeito. ponto quente ao longo do tempo, desde que
seja estratégico assumir os riscos de falha no
No caso de transformadores a seco,
transformador.
os primários poderão apresentar problemas
de conexão e nas muflas. Conexões exigirão o
tratamento convencional com a eventual 6.3.3 Secundário dos Transformadores
substituição dos conectores. As muflas são
Descrição Técnica: lado por onde a energia
analisadas separadamente nos itens 4.14 Mu‐
sai nos transformadores. Exceto no caso de
flas Classe 15 kV – Lado Externo e 5.5 Muflas
transformadores elevadores em geradores,
Classe 15 kV – Lado interno deste Manual. Os
é o lado de menor tensão. Termicamente
TAPs primários também poderão apresentar
são os barramentos de saída ou as buchas
sobreaquecimento e, caso seja possível, de‐
por onde passa a maior corrente e, portanto,
verão sofrer manutenção no local. Caso haja
sujeitas a aquecimentos proporcionais e ho‐
corrosão que implique na remoção do trafo,
mogêneos sem que isso signifique necessari‐
ele poderá temporariamente trabalhar com
amente alguma anomalia.
outro TAP, desde que a regulação de tensão
possa ser efetuada em outro local do sistema. Descrição Térmica: secundários de transfor‐
madores são normalmente sujeitos a corren‐
Carcaças dos tanques de óleo em
tes altas devido à relação de transformação.
transformadores: anomalias de circulação
Com correntes altas, trarão aquecimentos
de óleo podem aparecer na assimetria tér‐
que deverão ser proporcionais e acompa‐
mica entre radiadores. Nesses casos, deve‐
nhando os componentes presentes como
se verificar se há registros na parte inferior
barras para divisão de corrente entre cabos,

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 425


CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

cordoalhas, conectores ou outros dispositi‐ tanque e, eventualmente, nas presilhas das


vos. Correntes altas ainda trazem a possibili‐ buchas de passagem.
dade de correntes de indução nas chapas do Exemplos:

Figura 6.33 – Trafo isolado a óleo 13.2kV/220V, tanque lado secundário.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 6.33 Este Termograma está razoavelmente focado e bem enquadrado. O foco, ligeiramente
difuso, deve‐se ao uso da lente de 45° e ao sensor de 320 X 240 pixels, embora no geral
pudesse ser um pouco melhor. A escala colorimétrica e a amplitude térmica estão
compatíveis com a anomalia de interesse. Este efeito de aquecimento entre Fases
normalmente ocorre devido à presença de correntes maiores ou a chapas de aço mais
finas no tanque do transformador. Neste caso, representa um comportamento normal e
esperado para este trafo, como se pode verificar nas leituras de temperaturas feitas nas
frestas dos conectores do secundário; as diferenças não ultrapassam 0,1 °C. Devido à
montagem dos cabos de saída, não foi possível efetuar a leitura de correntes por Fase,
porém e eventualmente a critério da Gerência responsável, as correntes de Fase
poderiam ser lidas na chegada dos cabos no painel de distribuição. Para medições
radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da
emissividade para tintas a óleo pode variar de 0,85 a 0,94. Software: FLIR Image Builder,
FLIR Researcher Pro 2.10, Câmera: SC‐2000, Lente: 45°.

Anotações:

426 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

Figura 6.34 – Trafo isolado a óleo 13.2kV/220V, Tanque Lado Secundário.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 6.34 Da mesma forma que na Figura 6.29, a escolha da paleta de cores correta é fundamental
para a detecção das anomalias destes dois Termogramas. Os Termogramas em si estão
bem focados e bem enquadrados. A escala colorimétrica e a amplitude térmica estão
compatíveis com as anomalias de interesse. Uma vez detectada, mesmo com baixa
temperatura, uma distribuição térmica anômala tem de ser corretamente explicada. No
caso do Termograma superior, como pode haver uma mancha térmica em apenas uma
entre Fases? A primeira explicação seria a presença de correntes parasitas por
desequilíbrio de correntes entre Fases. Como o secundário é em estrela aterrada, a
solução para essa condição é a medição de correntes nas três Fases. Quando a medição
não for possível, ou por imposição de condições de segurança ou por falta do instrumento
adequado, a temperatura dos cabos pode fornecer uma indicação do desequilíbrio de
correntes. No caso, as temperaturas dos cabos indicam que a Fase do Meio está com
+1,6 °C a mais que a Fase da Direita. Então, se o desequilíbrio de corrente fosse a causa,
todo o contorno da Fase do Meio deveria estar mais aquecido, o que não é o caso. Sobra,
assim, a possibilidade de a Fase da Direita estar com corrente maior para gerar as
correntes parasitas na chapa do tanque. No entanto, se fosse essa a causa, os cabos
deveriam estar mais aquecidos, o que não se verifica. Sobra, então, duas possibilidades,
defeito ou mau contato interno ou chapa de aço com características diferentes
exatamente no espaço entre as Fases. A probabilidade maior é a de mau contato interno
que exigirá a abertura do trafo para averiguação. O Termograma inferior apresenta a
mesma situação, só que em relação ao Neutro. Como a temperatura dos cabos
conectados ao Neutro é a mesma que as temperaturas dos cabos de Fase, é permissível
MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 427
CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

FIGURA COMENTÁRIOS
supor que a corrente é a mesma ou não é significativa. Em qualquer das situações, as
causas podem ser as mesmas já citadas e a maior probabilidade é a presença de um mau
contato interno. Mas para uma diferença de temperatura tão pequena é necessário abrir
o transformador? Quando se trata de transformadores isolados a óleo, o risco de um
sobreaquecimento interno que leve a uma explosão e incêndio não deve ser
menosprezado. Uma alternativa é testar com uma periodicidade mais alta o óleo dos
transformadores para verificar a formação de gases explosivos e demais características
físico‐químicas. Outra é monitorar as correntes de Fase e neutro junto com Termografias
mais periódicas, a fim de detectar precocemente qualquer variação. Para medições
radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da
emissividade para tintas a óleo pode variar de 0,85 a 0,94. Software: FLIR Image Builder,
FLIR ThermaCAM Researcher 2.10, Câmera: SC‐2000. Lente: 45°.

Figura 6.35 – Trafo isolado a óleo 13.2kV/220V, tanque lado secundário.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 6.35 Apesar da tela interposta, este Termograma está bem focado e bem enquadrado. A escala
colorimétrica e a amplitude térmica estão compatíveis com a anomalia de interesse. A
presença da anomalia entre a Fase X1 e o neutro X0 tem as mesmas causas já discutidas
nas Figuras anteriores. A dificuldade adicional da tela interposta pode dificultar o foco e
prejudicar a imagem térmica. O Inspetor deve ajustá‐lo corretamente para poder fazer
um diagnóstico confiável. O óleo isolante também deverá ser testado para verificação de
que suas características não foram alteradas pela eventual infiltração de umidade. Para
medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor
da emissividade para tintas a óleo pode variar de 0,85 a 0,94. Software: FLIR Image
Builder, FLIR ThermaCAM Researcher 2.10, Câmera: SC‐2000. Lente: 45°.

Anotações:

428 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

Figura 6.36 – Trafo isolado a óleo 13.2kV/220V, tanque lado primário.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 6.36 Basta uma visada mal escolhida e um diagnóstico pode ser mal realizado, com um
conteúdo incorreto. Neste caso, o Termograma está bem focado e bem enquadrado,
assim como a escala colorimétrica e a amplitude térmica estão compatíveis com a
anomalia de interesse. Mas devido o Inspetor ter escolhido um ângulo um pouco
deslocado, fica aparente que há uma anomalia entre as Fases X1 e X2. Em uma análise
mais cuidadosa, e mesmo sem o Termograma com a visada correta, é possível verificar
que a diferença de temperaturas entre as entre Fases X1‐X2 e X2‐X3 é de apenas 0,2 °C.
Dessa forma, apesar de ser muito pouco provável a existência de uma anomalia interna
ao transformador, será necessária uma nova Termografia para confirmar a existência ou
não de um defeito interno. O procedimento correto teria sido efetuar duas imagens
térmicas, cada uma a partir de um ângulo mais favorável, a fim de coletar mais dados
para uma análise mais segura no escritório técnico. Para medições radiométricas em
7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da emissividade para tintas a
óleo pode variar de 0,85 a 0,94. Software: FLIR Image Builder, FLIR ThermaCAM
Researcher 2.10, Câmera: SC‐2000. Lente: 45°.

Figura 6.37 – Secundário 220V em chapa isolante.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 6.37 Termograma bem focado e bem enquadrado com amplitude térmica correta. A saída do
secundário deste transformador auxiliar está montada sobre uma chapa isolante de fibra

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 429


CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

de vidro. Questionado sobre como era a montagem e componentes internos deste trafo,
o Assistente Técnico não soube informar. No entanto, pela distribuição térmica do
aquecimento e material constitutivo da chapa, pode‐se aventar a hipótese de que atrás
de cada conexão de cada Fase, poderia haver um TC de medição ou proteção. Com
problemas no seu entreferro, com sua bobina oxidada internamente ou com um erro de
dimensionamento, esse TC poderia criar um aquecimento circular na face externa da
chapa isolante. Outra possibilidade é a existência de um mau contato na conexão interna
que, por sua vez, aquece o parafuso passante, causando o efeito circular e aquecendo até
o terminal externo. Essa possibilidade parece mais difícil, porque a simetria circular do
aquecimento é quase perfeita quando que, se fosse realmente um aquecimento na
conexão, era de se esperar que houvesse algum calor sendo repassado para a chapa em
forma de corrente de convecção interna. Isso faria com que o aquecimento fosse
assimétrico na vertical, o que não condiz com a imagem obtida. Como todas as hipóteses
necessitam do desligamento e da abertura deste transformador para serem testadas, a
recomendação é programar esta atividade. Em termos estratégicos, como não se possuía
o histórico térmico anterior deste equipamento, estrategicamente ele teve de ser
considerado de urgência com relação ao atendimento. Lamentavelmente não fomos
informados do achado em seu interior. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de
3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da emissividade para chapas de fibra de vidro
pintadas pode variar de 0,85 a 0,94. Software: FLIR Image Builder, FLIR ThermaCAM
Researcher 2.10, Câmera: SC‐2000. Lente: 45°.

Anotações:

430 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

Figura 6.38 – Anomalia interna em Trafo 500 kVA, 22kV.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 6.38 Apesar de a tensão ser menor, este é um caso bastante similar ao Item 3.10.1 Estudo de
Caso 2, Figura 3.69 e Figura 3.70. O está Termograma bem focado e bem enquadrado.
No entanto, a foto na luz visível deixa a desejar em termos de iluminação. Uma
iluminação adequada ou um flash permitiriam uma visualização melhor do tampo do
tanque onde está a anomalia. A escala colorimétrica e a amplitude térmica também
estão bem ajustadas. Transformadores isolados a óleo de potência média podem
apresentar problemas de conexão interna, principalmente nos seus secundários devido
às altas correntes. Como o óleo é utilizado para a refrigeração por convecção, apenas os
modelos em que o óleo esteja em contato com a tampa superior (com ou sem tanque
de expansão), poderão apresentar uma diferença na distribuição térmica visível pela
Termografia na tampa superior e causada por um defeito interno. Eventualmente
modelos com radiadores tubulares, conectados direta e individualmente ao tanque,
poderão apresentar alguma assimetria nos tubos que pode ser relacionada a um mau
contato interno. No caso do transformador de 500 kVA a que se refere este Termograma,
o mau contato interno aqueceu o óleo que, por corrente de convecção, marcou a
destruição térmica anômala na tampa do tanque. Não há como saber qual a temperatura
exata do mau contato interno, e nem qual exatamente é a conexão. A conclusão é que
o transformador está em risco grave de gerar gases combustíveis internamente e vir a
explodir. Não se sabe também há quanto tempo esta anomalia está presente e nem em
qual ponto do ciclo de falha ela encontra‐se. Ainda, é indiferente se o fechamento do
triangulo é externo ou não. Para qualquer situação dessas, este transformador deve ser
retirado de operação o mais breve possível e aberto para manutenção. Para medições
radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da
emissividade para tintas a óleo, e manchas de óleo isolante, pode variar de 0,85 a 0,95.
FLIR ThermaCAM Researcher PRO 2.10. Snagit 11. Câmera: FLIR T300. Lente: 12°.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 431


CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

Figura 6.39 – Distribuição Térmica suspeita em secundário de trafo 13kV/380V.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 6.39 Devido ao layout de instalação no cubículo deste transformador, não foi possível uma
visada a 90° do secundário. Assim, a distribuição térmica detectada pode ser devida
simplesmente à carga passante que, com correntes altas, está criando correntes parasitas
na chapa do trafo, sendo esse comportamento esperado. Da mesma forma, esta
distribuição térmica pode ser devida a um mau contato interno. Por outro lado, o
transformador não dispunha de tanque de expansão para que o óleo encostasse na
tampa superior, o que poderia definir, por correntes de convecção no óleo, se havia ou
não um defeito interno. A recomendação, neste caso, é a leitura das correntes de Fase
para saber se há o aquecimento e devido à indução decorrente ou não. Em caso negativo,
é recomendável o acompanhamento mais frequente para verificar a estabilidade das
temperaturas ou não, bem como da extensão e forma da distribuição. A solução ideal,
entretanto, é conseguir permissão da segurança do trabalho para obter, em condições
seguras, uma visualização em 90° do secundário. Em caso de agravamento das
temperaturas, com manutenção da mesma carga, o trafo deverá ser aberto para Inspeção
interna. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura
ambiente, o valor da emissividade para tintas a óleo pode variar de 0,85 a 0,94,
respeitado o ângulo de visada menor que 60°. Software: FLIR ThermaCAM Reporter
PRO2000. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 12°.

Figura 6.40 – Anomalia na conexão em secundário de transformador.

Anotações:
432 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS
CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 6.40 A foto de controle deste Termograma está deslocada em relação à visada original. No
entanto, ainda é possível identificar o conteúdo da imagem térmica, uma vez que ela está
razoavelmente bem focada e enquadrada. A escala colorimétrica e a amplitude térmica
também estão bem ajustadas, de tal forma que as temperaturas importantes estão todas
bem representadas. A dificuldade, neste caso, reside no diagnóstico. Em um primeiro
momento, a anomalia detectada sugere que haja um mau contato em um dos cabos
conectados ao conector de saída da bucha X3. Para compreender o que está acontecendo
nesta configuração, e que justifica o diagnóstico de que o aquecimento é na realidade a
melhor das conexões de saída da Fase X3, consulte o Item 6.5, Estudo de Caso 8 –
Condutores em Paralelo. Observar que as maiores temperaturas aparecem entre o final
do termoplástico e o conector de bronze. Da mesma forma, o prolongamento do
aquecimento na ponta do cabo indica já estar em curso um processo de oxidação interno.
A recomendação de manutenção aqui é, em primeiro ligar, numerar os conectores e
anotar a medição da resistência de contato de todos os conectores com os cabos e com
o conector maior conectado ao varão da bucha X3. Uma vez anotados esses valores,
desmonte e Inspeção Visual cuidadosa para identificar traços de oxidação e/ou corrosão.
Em caso afirmativo, substituir conectores e cortar as pontas de cabo afetadas. Em caso
negativo, limpeza e reaperto com torquímetro e nova medição das resistências de
contato para confirmação da melhoria da conexão. Caso haja uma melhora significativa,
é possível supor que o mau contato estava nos demais conectores mais frios desta ponta
do cabo. Caso não haja uma melhora significativa, será necessário repetir todo este
procedimento com todos os conectores da outra extremidade dos cabos, no painel de
chegada. Para confirmar que as deficiências de resistência de contato se encontravam
nesta extremidade dos cabos, comparar as medidas de resistência com as dos conectores
da outra extremidade. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à
temperatura ambiente, o valor da emissividade para frestas entre elementos refletivos
pode variar de 0,7 a 0,8. Se a medição incluir o termoplástico com uma ferramenta de
área ajustada para ler a temperatura máxima, pode ser utilizada a emissividade entre
0,85 a 0,9. Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente:
12°.

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 433


CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

Figura 6.41 – Aquecimento em barramento secundário do transformador.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 6.41 Ambos os Termograma estão bem focados e bem enquadrados para o destaque às
anomalias a que se referem. No Termograma superior, a escala colorimétrica e a
amplitude térmica estão utilizando o ajuste por histograma, a fim de poder ajustar a
imagem e apresentar a maioria de seus componentes. O maior problema a ser resolvido
nestas imagens é a baixa emissividade do barramento conectado ao secundário do
transformador. Barras de alumínio ou de cobre estanhado apresentam uma dificuldade
quase intransponível na determinação de suas temperaturas devido à baixa emissividade
desses materiais. Por outro lado, cordoalhas como as do Termograma inferior, mesmo as
estanhadas, possuem um comportamento inverso: por terem uma extensa trama de fios
e cavidades, que apresentam, quando aquecidas, uma emissividade bastante alta se
comparada ao metal nu. Como no momento da Inspeção, e com os barramentos
energizados, não é possível aderir fitas adesivas ou pintar secções com tintas de
emissividade conhecida, o Inspetor tem de resolver o problema com o que tem à mão. A
solução mais simples é a utilização das frestas para medir a temperatura. Mesmo que a
origem do aquecimento não seja nesse local específico, a alta condutibilidade térmica
desses materiais faz com que as perdas não sejam significativas em relação à origem do
calor. Barras sobrepostas, espaços entre arruelas e a barra, cabeças de parafusos
oxidados, porcas ou mesmo roscas de parafusos são pontos facilmente localizáveis nesses
barramentos. Assim, e dentro das limitações do contexto, esses locais poderão ser
utilizados para a medição das temperaturas com precisão razoável. Deve ser lembrado
que, para frestas, o ângulo de leitura em relação não introduz um erro significativo (Ver
Volume 1, Capítulo 4, Item 4.2) Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de
3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da emissividade para frestas entre elementos
refletivos pode variar de 0,7 a 0,8. Se a cordoalha estiver suja ou oxidada, poderão ser
utilizados valores até 0,9. Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR
SC‐2000. Lente: 24°.

Anotações:

434 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

Figura 6.42 – Varão da Bucha do Secundário e conexão de cabo em paralelo na saída.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 6.42 O Termograma da esquerda está bem focado e bem enquadrado. Já o Termograma da
direita está um pouco fora de foco. A escala colorimétrica e a amplitude térmica também
estão bem ajustadas. Duas situações distintas: a do Termograma da esquerda com um
mau contato do conector de saída da bucha com o varão do secundário, e no
Termograma da direita, mau contato generalizado em todos os conectores da Fase,
exceto no que apresenta aquecimento. Eventualmente no Termograma da direita, os
conectores com altas resistências de contato poderão estar na outra ponta do cabo, no
painel de chegada. A explicação para este comportamento pode ser encontrada no Item
6.5, Estudo de Caso 8 – Condutores em Paralelo. As providências de manutenção, no caso
do Termograma de esquerda, implicam no desmonte do conector com eventual
necessidade de abertura do tanque e esgotamento do óleo. Inspeção Visual cuidadosa
em busca de sinais de corrosão. Em caso afirmativo, deverá ser avaliada a substituição
das peças comprometidas. Em caso negativo, reaperto com torquímetro. No caso do
Termograma da direita, a recomendação de manutenção é, em primeiro ligar, numerar
os conectores e anotar a medição da resistência de contato de todos com os cabos e com
o conector maior conectado à barra de saída do secundário. Uma vez anotados esses
valores, desmonte, Inspeção Visual cuidadosa para identificar traços de oxidação e/ou
corrosão. Em caso afirmativo, substituir conectores e cortar as pontas de cabo afetadas.
Em caso negativo, limpeza e reaperto com torquímetro e nova medição das resistências
de contato para confirmação da melhoria da conexão. Caso haja uma melhora
significativa, é possível supor que o mau contato estava nos demais conectores mais frios
desta ponta do cabo. Caso não haja uma melhora significativa, será necessário repetir
todo este procedimento com todos os conectores da outra extremidade dos cabos, no
barramento de chegada. Para confirmar que as deficiências de resistência de contato se
encontravam nesta extremidade dos cabos, comparar as medidas de resistência com as
dos conectores da outra extremidade. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de
3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da emissividade para frestas entre conectores
e suas superfícies de assentamento pode variar de 0,7 a 0,8. Se for utilizada a ponta dos
cabos, podem‐se utilizar emissividades de 0,85 a 0,95, ou de 0,94 se a medição for no
termoplástico. No caso do Termograma da esquerda, caso o conector esteja oxidado, um
valor de 0,85 pode ser bem razoável. Software: Software: FLIR ThermaCAM Reporter
PRO2000. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Anotações:
MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 435
CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

Figura 6.43 – Problemas internos em Secundário de Trafos.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura A principal característica das anomalias internas em transformadores isolados a óleo é a
6.43
assimetria nas distribuições térmicas nas chapas externas, que deveriam ser homogêneas
e equilibradas. O fator crucial para a detecção dessas anomalias são a experiência do
Inspetor e o ajuste da câmera. Observar que para o Termograma esquerdo, o ângulo
escolhido permite observar as três Fases simultaneamente e, o ajuste que o Inspetor
aplicou na câmera, bem como a paleta de cor escolhida, tornam possível diferenciar e
discriminar 3,7 °C entre duas Fases, o que é suficiente para configurar a anomalia interna.
Caso um desses dois fatores (perícia do Inspetor e ajuste da câmera) não seja atendido,
a probabilidade maior é que essas anomalias passem despercebidas e evoluam para uma
falha, com um custo muito alto. Como precaução adicional, e em ambos os casos, é
necessária a medição de corrente nas Fases para confirmar que se trata de uma anomalia
e não um desequilíbrio de corrente. Uma vez descartado o desequilíbrio de correntes, a
hipótese mais provável é o mau contato nas conexões internas. Nem sempre a
temperatura externa será proporcional à gravidade interna, tanto pela quantidade de
óleo entre o defeito e a parede externa, como pela possível geração de gases
combustíveis internamente. A recomendação é o desligamento do trafo na primeira
oportunidade para abertura e Inspeção dos componentes internos. Para fins de
comprovação da eficiência dos procedimentos adotados, é conveniente a medição da
resistência dos enrolamentos a partir das buchas externas, antes e após a manutenção.
Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o
valor da emissividade para tintas a óleo pode variar de 0,85 a 0,94. Software: FLIR
ThermaCAM Resporter 2000 PRO, Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Anotações:

436 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

Figura 6.44 – Anomalia tripla em circuito paralelo em secundário de trafo seco.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Como o foco de interesse está apenas em uma Fase, as outras foram desprezadas. A
6.44
anomalia deste Termograma apresenta três defeitos ocorrendo simultaneamente: 1) Há
um mau contato entre o cabo e o terminal, provavelmente devido a ter sido mal
prensado; 2) Os cabos da barra posterior e da barra frontal estão em paralelo e com
cargas diferentes e, portanto, com circulações de corrente diferentes; e 3) O mau contato
no terminal indicado privilegia apenas alguns tentos do cabo. Deve ser destacada a
perícia do Inspetor ao ajustar a câmera e paletas de cor para localizar uma anomalia de
pequenas dimensões contra um primário de trafo aquecido. Para as anomalias em
questão, este Termograma está bem focado e bem enquadrado, embora a foto de
controle na luz visível esteja mais próxima do que a imagem térmica. A escala
colorimétrica e a amplitude térmica também estão bem ajustadas. Os três defeitos estão
correlacionados, mas são resultado de um problema maior: se todos os demais
conectores e cabos tivessem uma impedância menor que a do conjunto cabo‐conector
com a maior temperatura, o aquecimento dificilmente seria detectado. Como esta
conexão apresenta a menor impedância de todas as seis, é por ela que passará a maior
parte da corrente de Fase, causando o aquecimento. Além disso, esse fenômeno se
repete mais uma vez dentro do próprio cabo, privilegiando apenas alguns tentos em
detrimento dos demais. Para maiores detalhes das características e efeitos elétricos
neste caso, consulte o Item 6.5, Estudo de Caso 8 – Condutores em Paralelo. A solução
correta implica na medição antecipada de cada contato entre terminais, cabos e barra.
Depois de anotados os valores, abertura da conexão, corte da ponta do cabo e
substituição do terminal, limpeza e reaperto com torquímetro. Uma vez montadas todas
as conexões, deve‐se novamente medir todas as resistências de contato entre terminais,
cabos e barras. Caso alguma conexão ou contato permaneça com valor diferente dos
demais, a intervenção deve ser executada novamente, com atenção redobrada aos
procedimentos que podem não ter sido conformes. Este procedimento deve ser aplicado
em ambas as terminações, nas extremidades de cada cabo, uma vez que se trata de uma
conexão em paralelo. As bobinas do transformador também apresentam assimetrias
térmicas que não são o objeto de análise nesta instância. Software: FLIR Reporter 9.0.
Câmera: FLIR AGEMA 550. Lente: 20°.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 437


CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

Figura 6.45 – Cabo com Tento partido interno no secundário e cabos em paralelo.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 6.45 Apesar destas anomalias não serem no secundário em si do transformador, elas são
relevantes porque apresentam duas situações bastante diferentes ocorrendo
simultaneamente nas conexões do secundário. Para as anomalias em questão, este
Termograma está bem focado e bem enquadrado. A escala colorimétrica e a amplitude
térmica também estão bem ajustadas. A primeira anomalia é um conector sobreaquecido
em um circuito paralelo de cabos, o que já foi discutido nos Termogramas anteriores
(Para maiores detalhes das características e efeitos elétricos neste caso, consulte o Item
6.5, Estudo de Caso 8 – Condutores em Paralelo). A novidade é o aquecimento no trecho
proximal do cabo. A interpretação para esta anomalia é entender que o cabo possui de
dois um dos seguintes defeitos: foi dobrado em excesso e quebrou tentos internamente
durante a montagem, ou o cobre possui características alteradas (impurezas) que não
foram detectadas na sua fabricação. As providências de manutenção para o conector
sobreaquecido são idênticas as descritas nos casos anteriores. Já o aquecimento interno
ao cabo deve ser resolvido separadamente com a retirada do trecho de cabo afetado.
Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente no
conector, o valor da emissividade para frestas entre elementos refletivos pode variar de
0,7 a 0,8. Já para o cabo revestido em termoplástico, uma emissividade de 0,9 é
suficientemente próxima para produzir uma boa leitura. Software: FLIR ThermaCAM
Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Anotações:

438 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

Figura 6.46 – Conexão em Secundário de Trafo Seco.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 6.46 Em muitas situações, os transformadores estão confinados em painéis próprios com
acesso difícil para a Inspeção. Da mesma forma, nem sempre as conexões estão visíveis
ou acessíveis facilmente na luz visível. O caso do Termograma apresenta uma dessas
situações e deve ser observado que o foco no infravermelho está bem ajustado. Dentro
das condições de segurança aplicáveis, o Inspetor deve procurar o melhor ângulo e,
sempre que possível, utilizar a óptica adequada. No caso, foi utilizada uma lente Grande
Angular de 40 °C. Com a lente normal de 20° do Termovisor, a imagem seria a ao lado,
onde somente a conexão de interesse e com defeito fica evidente. Assim, o uso da Grande
Angular favorece o diagnóstico por apresentar a outra Fase para comparação. Deve ser
considerada a carga do transformador no momento da Inspeção. Se estiver com
aproximadamente 100% de sua carga, as temperaturas representarão um pequeno
sobreaquecimento. Mas, se ele estiver com, por exemplo, 50% de sua capacidade nomi‐
nal, os aquecimentos serão graves e exigirão uma intervenção o mais rápido possível.
Para maiores informações sobre o carregamento de equipamentos elétricos, ver o Capí‐
tulo 1, Item 1.13 – Correções
pelas cargas nominal e instan‐
tânea. Os procedimentos de in‐
tervenção são os de sempre:
medição prévia da resistência
de contato da conexão, des‐
monte, Inspeção Visual cuida‐
dosa, limpeza e/ou tratamento
de superfície, se necessário,
substituição no caso de corro‐
são, fechamento com torquí‐
metro. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambi‐
ente no conector, o valor da emissividade para frestas entre elementos refletivos pode
variar de 0,7 a 0,8. Já para o barramento revestido em termoplástico, uma emissividade
de 0,9 é suficientemente próxima para produzir uma boa leitura. Software: FLIR
ThermaCAM Researcher 2.10, Câmera: FLIR AGEMA 550. Lentes: 40° e 20°.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 439


CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

Figura 6.47 – Secundário de Trafo a Seco severamente aquecido.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Termogramas bem focados e bem enquadrados. Amplitudes Térmicas compatíveis
6.47
igualmente corretas para o objeto de interesse. O ângulo de visada deste aquecimento
não permite um diagnóstico conclusivo. Pela informação térmica obtida, aparentemente
o Trafo apresentou um aquecimento na conexão secundária da Fase “S” embora, como
já ressaltado, não haja visada direta devido estar oculta pela barra de Neutro. A
característica refletiva do barramento dificulta a definição da origem do aquecimento,

440 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

FIGURA COMENTÁRIOS
sendo que o melhor ponto de referência é o isolador em epóxi entre Fases. No entanto,
na Fase “T”, apesar de apresentar, no momento da Inspeção, uma temperatura menor,
foram encontrados traços de derretimento de alguma resina da bobina desta Fase,
escorridos pelo trilho de fechamento do entreferro e marcado no chão (Ver fotos
inferiores na luz visível). A máxima temperatura admissível para as conexões secundárias
deve ser informada pelo fabricante, bem como a máxima temperatura para o epóxi em
contato com o entreferro. Apesar da temperatura lida não ser crítica no momento da
Inspeção, os traços de derretimento indicam que pode ter havido aquecimentos maiores
e que é necessário um desligamento para uma Inspeção Visual minuciosa. Da mesma
forma, devem ser executados testes elétricos de resistência ôhmica tanto nas conexões
como nos enrolamentos, relação de transformação (TTR), isolamento entre primário e
secundário, bem como de relutância magnética no núcleo. O acompanhamento por
Termografia é também fortemente recomendado. A criticidade do atendimento, neste
caso, deve levar em conta o posicionamento estratégico deste Trafo na instalação, a
possibilidade de a fábrica continuar a produzir sem ele, seu tempo em operação e as
informações fornecidas pelo fabricante. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou
de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da emissividade para epóxi pode variar de
0,85 a 0,90. Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente:
45°.

Figura 6.48 – Transformador com distribuição térmica assimétrica no radiador.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Este Termograma está bem focado e bem enquadrado. A escala colorimétrica e a
6.48
amplitude térmica também estão bem ajustadas. As distribuições térmicas dos
radiadores de transformadores isolados a óleo mineral devem refletir o fluxo de óleo
aquecido que circula por convecção em suas aletas. Assimetrias e diferenças de
temperatura devem ser averiguadas, a fim de ser descoberta a causa. Neste caso, a
regulagem ajustada para a câmera permitiu identificar uma diferença de 2,1 °C entre o
topo dos dois radiadores. Em alguns casos, na montagem ou manutenção, os registros,
quando existentes, podem ter sido esquecidos parcial ou até totalmente fechados (Ver
Figura 3.65). No caso do transformador deste Termograma, o transformador com carga
alta apresentava o radiador da direita 4 °C mais aquecido que o da esquerda. As linhas
vermelhas sobrepostas aos radiadores destacam o comportamento de refrigeração das

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 441


CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

FIGURA COMENTÁRIOS
aletas. O radiador da esquerda apresenta uma distribuição térmica em queda a partir do
tanque para o lado externo e uma distribuição curva na face frontal, onde é possível
identificar que a região com melhor troca de calor está nas aletas do meio. Já o radiador
da direita apresenta uma distribuição em queda a partir da parede para o meio do
transformador. Como não havia ventilação forçada no cubículo que justificasse essa
assimetria, ainda que pequena, a melhor hipótese aventada foi a obstrução interna da
entrada do radiador da esquerda. Isso fica claro ao analisar o fluxo de óleo aquecido: com
uma obstrução na tubulação de entrada (ou saída), o fluxo torna‐se mais lento para a
mesma área de troca de calor, fazendo com que a temperatura medida seja mais baixa
do que a do radiador da direita. Com um fluxo mais livre, o óleo mais aquecido preenche
mais rapidamente o topo das aletas. Eventualmente pode haver um depósito de borra na
parte superior das aletas do radiador esquerdo. Para medições radiométricas em
7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da emissividade para tintas a
óleo pode variar de 0,85 a 0,94 desde que não contenha partículas metálicas em sua
composição. Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC‐2000.
Lente: 12°.

Análise de Consistência: secundá‐ ção forçada de óleo, se possui tanque de ex‐


rios de transformadores, bem como suas for‐ pansão ou não, se possui terciário ou não, e
mas de conexão e componentes de saída va‐ assim por diante, devem ser levados em con‐
riam de acordo com modelos, projeto, fabri‐ sideração na avaliação das distribuições tér‐
cantes e necessidades. Cada caso deve então micas encontradas. Cabe ao Inspetor conhe‐
ser analisado cuidadosa e individualmente cer o equipamento inspecionado, suas con‐
com relação a como deve ser a sua distribui‐ dições de operação, tempo em funciona‐
ção térmica para as condições de contexto e mento após a última energização (devido às
carga no momento da Inspeção. Maus con‐ massas envolvidas, núcleo, volume de óleo
tatos devem ser sempre avaliados com rela‐ etc.) e, na falta de informações no momento
ção a estarem conectados de forma paralela da Inspeção, as imagens térmicas deverão
ou não. Por sua vez, irregularidades e assi‐ ser registradas para pesquisa posterior de
metrias na distribuição térmica da chapa en‐ normalidade ou não. A coerência e consis‐
tre as buchas podem estar ligadas a defeitos tência das distribuições térmicas encontra‐
de conexão internos ao barramento secun‐ das deve ser o fator determinante no diag‐
dário ou serem simplesmente efeitos da in‐ nóstico desses equipamentos.
dução de correntes parasitas devido às altas
Caso Particular: transformadores
correntes. Discriminar entre um efeito e ou‐
isolados a óleo possuem radiadores que ser‐
tro exigirá perícia e larga experiência de
vem para resfriar o óleo isolante por corren‐
campo por parte do Inspetor. Outros fatores
tes de convecção. Eventualmente, em trafos
como a função do transformador, se é de
de maior porte, podem existir bombas, ge‐
aterramento, isolador, elevador ou rebaixa‐
ralmente instaladas do lado externo, para
dor, se possui ou não taps internos, circula‐
circulação forçada do óleo. Na maioria dos
casos, a instalação desse acessório depende

442 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

do regime de trabalho, vida útil esperada ou oposto, sendo que na extremidade do radia‐
outros fatores, sendo que o mais comum é dor mais afastada do tanque, a temperatura
instalar ventilação forçada externa. No en‐ está +2,8 °C maior do que a do próprio tan‐
tanto, o Delta da temperatura nas aletas dos que. Isso fica evidente ao se observar o grá‐
radiadores deve seguir a Lei de Wien e au‐ fico ascendente relativo às linhas L1 e L2 na
mentar com a distância da origem do aque‐ parte superior direita da imagem. Deve ser
cimento: quanto mais afastado do tanque, observado ainda que este transformador
mais frio deve estar o óleo. Só que, na ima‐ possuía um tanque de expansão que garan‐
gem térmica (Figura 6.47), observa‐se o tia que o óleo isolante preenchia o tanque do
trafo até a tampa.

Figura 6.49 – Imagem térmica de radiador irregular.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Este Termograma está bem focado, mas o enquadramento é insuficiente tanto na
6.49
imagem térmica quando na foto
de controle na luz visível. Para
uma anomalia sem classificação
como esta, é importante obter di‐
versos Termogramas a partir de
ângulos e distâncias diferentes.
Como referência, o Termograma
ao lado apresenta o comporta‐
mento térmico esperado para ra‐
diadores onde o óleo circula nor‐
malmente. As curvas L1 e L2 em‐
baixo à direita no Termograma mostram o comportamento decrescente típico: o tanque
está mais aquecido e quanto mais longe do tanque, mais frio está o óleo. Com apenas
uma imagem térmica, o diagnóstico fica prejudicado. A favor do Inspetor, diga‐se que
este considerou esta anomalia como curiosidade e efetuou o Termograma para estudos
posteriores. Caso não a tivesse registrado, passaria despercebida. Até o fechamento
desta edição, não houve uma explicação razoável para esta medição. Para medições
radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da
emissividade para tinas a óleo pode variar de 0,84 a 0,94. Software: FLIR ThermaCAM
Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 443


CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

A foto de controle na luz visível nexão com os barramentos externos ou in‐


deixa a desejar, mas, e de acordo com o Ins‐ ternos. Nos casos de anomalias externas, os
petor e o Assistente Técnico, não há outro procedimentos de correção são os usuais.
equipamento no mesmo cubículo que pu‐ Caso haja corrosão que não atinja o barra‐
desse estar irradiando para aquecer a parte mento do trafo, a substituição do compo‐
mais afastada das aletas. É possível supor nente ou conector é recomendada, uma vez
que o transformador houvesse sido desli‐ que o tratamento de superfície pode ser in‐
gado há poucos minutos, mas mesmo assim viável devido a exigir uma parada demorada
o fluxo de óleo deveria ir reduzindo sua tem‐ do transformador. Caso o barramento ou va‐
peratura de modo uniforme e sempre man‐ rão se apresente corroído, é necessária a
tendo o ponto mais aquecido como o mais avaliação cuidadosa sobre se apenas a troca
próximo ao tanque, onde está o topo do do conector ou barra não irá agravar o es‐
óleo. Outra hipótese possível neste caso é a tado atual. Caso a corrosão seja significativa,
deposição de borra nas aletas iniciais do ra‐ o transformador deve ser retirado de opera‐
diador, obstruindo a descida e circulação do ção para manutenção. Eventualmente, mas
óleo. No entanto, apesar de explicar por que somente em situações operacionais críticas,
a temperatura das aletas iniciais é menor do o barramento de saída, mesmo corroído, po‐
que as finais, não explica por que a tubula‐ derá ser fechado e energizado desde que
ção de entrada do óleo também está mais seja mantido um acompanhamento termo‐
fria que a ponta. Para confirmar essa hipó‐ gráfico constante até ser possível o desliga‐
tese, é necessário abrir o transformador, já mento e sua retirada. Idêntico procedimento
que os radiadores estão soldados ao tanque. se aplica ao secundário de trafos a seco.
Outra estratégia é acompanhar ao longo de Eventualmente pode‐se identificar que a
tempo o Delta de temperatura para confir‐ parte mais aquecida é a base da bucha de
mar como este diferencial está ocorrendo e uma Fase, indicando tratar‐se de uma ano‐
o seu agravamento ou não. Alternativa‐ malia de origem interna (Figura 6.41 e 6.43).
mente devem ser averiguadas a circulação Nesse caso, é obrigatória a abertura do
de ar pela base da porta posterior, obstrução transformador para averiguação e Inspeção
interna da circulação de óleo, eventual acú‐ Visual cuidadosa do estado interno dos com‐
mulo de borra ou resíduo nas aletas ou até ponentes e conexões (Ver Figura 3.70 e
mesmo a presença de um resistor de aqueci‐ Figura 3.71). Nos casos de anomalias em
mento mal posicionado no cubículo não de‐ cabos ou cordoalhas, verificar o item sobre
tectado durante a Inspeção, já que o trans‐ conexões em paralelo nesse Manual, Item
formador estava energizado. Vale também 6.5, Estudo de Caso 8 – Condutores em
como alerta de que, nem sempre, a explica‐ Paralelo. Estas configurações exigem que
ção de um aquecimento é óbvia e pode re‐ todas as conexões de todas as extremidades
querer uma pesquisa mais aprofundada para de todos os cabos em paralelo tenham suas
determinar sua normalidade ou não. resistências de contato medidas e
inspecionadas. Complementarmente a
Recomendações de Intervenção:
medida da corrente cabo a cabo poderá
os secundários de transformadores isolados
indicar onde se encontra o mau contato ou
a óleo poderão apresentar problemas de co‐
cabo defeituoso. Provavelmente esse

444 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

mesmo comportamento poderá ser medição e outras funções. São conectados


encontrado em barramentos paralelos de aos cabos de força em saídas de transforma‐
alta corrente. dores de potência ou entradas de painéis
bem como em circuitos de alimentação de
6.4 TC’S AUXILIARES DE MEDIÇÃO E máquinas e painéis remotos. Como a relação
PROTEÇÃO de transformação é muito alta, com um con‐
dutor como primário, há muitas espiras no
secundário. A consequência disso é que se o
TC for deixado aberto, por ocasião de cor‐
rentes de partida, in rush ou transitórios, as
tensões no secundário serão proporcional‐
mente altas, pondo em risco o equipamento
e as instalações. Nesses casos, é comum o
curto interno entre espiras.
Figura 6.50 – TC’s Toroidais. Descrição Térmica: TC’s operando dentro de
suas especificações não devem apresentar
Descrição Técnica: transformadores de cor‐ sinais de aquecimento, uma vez que as cor‐
rente auxiliares são equipamentos impor‐ rentes padronizadas são normalmente bai‐
tantes porque, em muitos casos, atuam em xas, na ordem de até 5 A.
subestações como fornecedores de sinais
Exemplos:
para relés diferenciais, de sobrecorrentes,

Figura 6.51 – TC’s Auxiliares de Medição com anomalias internas.


MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 445
CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

Figura Termogramas de qualidade média. O superior tem um enquadramento muito estreito


6.51
fornecendo uma visão restrita do contexto e o inferior, além de ter esse mesmo pro‐
blema, está fora de foco. De qualquer maneira, ambos os Termogramas presentam o
mesmo tipo de problema com duas extensões diferentes: o Termograma superior apre‐
senta uma anomalia interna ao TC, ocupando uma área maior, mas de baixa intensidade.
Já o Termograma inferior apresenta uma pequena área afetada, mas com intensidade
significativamente maior. Em ambos os casos, o secundário pode estar oxidado ou em
curto circuito. Este tipo de TC é empregado usualmente em medições de painel e a sua
falha repercute mais em tomadas de decisão e mapeamentos anotados manualmente.
Por outro lado, com a falha do secundário, tensões muito altas podem aparecer (vide
Figura ao lado) e, conforme o
tipo de falha, temperaturas
maiores podem evoluir e even‐
tualmente prejudicar a cabla‐
gem adjacente. Em casos raros
e extremos, o TC pode vir a in‐
cendiar ou sofrer algo similar a
uma pequena explosão, com o
risco de ionizar o ar à sua volta.
A intervenção recomendada é a
substituição do componente,
uma vez que qualquer reparo
fora da fábrica dificilmente atingirá a classe de precisão original. Para medições
radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da
emissividade para encapsulamentos em material plástico ou epóxi pode variar de 0,85 a
0,94. Software: FLIR ThermaCAM Researcher 2.10, Câmera: SC‐2000. Lente: 24°.

Anotações:

446 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

Figura 6.52 – Secundários de TC’s auxiliares.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Termogramas bem focados e com enquadramento razoável. Conexões de secundários
6.52
de TC’s com alta impedância por mau contato, aumentam a tensão entre espiras (vide
Figura ilustrativa da Figura 6.52 nos comentários anteriores) e podem causar curto‐
circuitos internos. Quando isso ocorre, TC’s com exatidão alta, como no caso do
Termograma superior, podem incendiar e causar erros de leitura significativos. No caso
de serem aplicados em dispositivos de proteção e relés, podem levar a atuações
indevidas, causando prejuízos significativos. Observar que o terminal S1 sequer aparece
no Termograma porque está à mesma temperatura que o corpo do TC. Não é porque
apresentam temperaturas de baixa intensidade (44 °C no caso), ou distribuições
térmicas delimitadas, que deixam de ser estrategicamente de urgência, embora
termicamente possam até ficar em observação. O Termograma inferior se refere a um
TC para medição de painel. Por ser importante para leituras externas e de operação, e
também por poder evoluir para um curto entre espiras, não deve ser negligenciado.
Antes de qualquer intervenção, é prudente medir a resistência ôhmica de todo o
secundário para comparação com as leituras pós‐manutenção. A solução é a tradicional:
desmonte, Inspeção Visual cuidadosa e, na ausência de sinais de corrosão, limpeza e
reaperto deverão solucionar. Se houver sinais de corrosão, a base da conexão no corpo
do TC deverá ser inspecionada cuidadosamente. Se for possível recuperar, a conexão
poderá ser fechada. Em caso negativo, o TC terá de ser retirado de operação para envio
ao fabricante. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura
ambiente, o valor da emissividade para encapsulamentos em material plástico ou epóxi

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 447


CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

pode variar de 0,85 a 0,94. Software: FLIR ThermaCAM Researcher 2.10, Câmera: SC‐
2000. Lente: 24°.

Figura 6.53 – Anomalia em TC e em conexão primária.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 6.53 A anomalia do Termograma deslocou a atenção do Inspetor para o ponto mais quente
fazendo com que fizesse um relato incompleto dos achados. Na descrição, consta o mau
contato superior na barra primária do TC da direita, sem que tenha sido dada importância
ao aquecimento anômalo no corpo do TC da esquerda. Eventualmente o aquecimento na
conexão poderá vir a prejudicar o TC e, portanto, não deve ser negligenciada. Mas a
anomalia pontual no TC da esquerda implica em que, ou o secundário já pode estar em
curto ou que há um problema com o entreferro. De qualquer maneira, as duas anomalias
deverão ser verificadas e corrigidas. Para o mau contato, os procedimentos já foram
descritos diversas vezes ao longo deste Volume. Para a anomalia no TC da esquerda, deve
ser aberto e testado para verificação da ocorrência. Caso necessário, deverá ser
substituído. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura
ambiente, o valor da emissividade para encapsulamentos em material plástico ou epóxi
pode variar de 0,85 a 0,94. Software: FLIR ThermaCAM Researcher 2.10, Câmera: SC‐2000.
Lente: 24°.

Análise de Consistência: TCs em tar gerando a assimetria. Caso não seja iden‐
bom estado devem aquecer pouco e unifor‐ tificada, causas internas são a opção res‐
memente. Basicamente seu aquecimento tante.
deve provir do primário, que pode ter cor‐ Recomendações de Intervenção:
rentes significativamente altas. O secundá‐ fora poucos casos em que a manutenção se
rio, por sua vez, não deve apresentar anoma‐ resuma a maus contatos simples, a interven‐
lias e nem distribuições térmicas assimétri‐ ção de manutenção em TC’s auxiliares passa
cas. Qualquer variação deve ser pesquisada no mínimo, e se possível, pela sua abertura.
no sentido de, em primeiro lugar, encontrar Antes da retirada de operação, as resistên‐
uma fonte de calor externo que pudesse es‐ cias ôhmicas do secundário deverão ser me‐
didas para comparação com as medições

448 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

que deverão ser feitas após os reparos. Se os resistores energizada, onde foi proporciona‐
valores obtidos forem maiores ou iguais, a lizada. No entanto, o tempo decorrido até a
intervenção terá sido inócua. Se o secundá‐ captura do Termograma após a energização
rio puder ser reparado ou substituído, a so‐ do conjunto não foi o mesmo, resultando em
lução será simples. Se a anomalia for no en‐ temperaturas “finais” diferentes. O propó‐
treferro, provavelmente a solução mais eco‐ sito é demonstrar a proporção qualitativa
nômica será a substituição do componente. entre as temperaturas de um mesmo Termo‐
grama em uma configuração paralela dife‐
6.5 ESTUDO DE CASO 8: CONDUTORES rente e não simplesmente ler as temperatu‐
EM PARALELO ras obtidas. As diferenças qualitativas obser‐
vadas contribuirão decisivamente para a in‐
Apesar de ocorrerem em qualquer terpretação das imagens térmicas de situa‐
nível de tensão, os circuitos, ou condução de ções em paralelismo, como se verá nos
corrente em paralelo, aparecem com mais exemplos ao final do experimento.
frequência nas tensões mais baixas. Por‐
O dispositivo é constituído basica‐
tanto, e é importante destacar, as considera‐
mente de três condutores ou ramos que po‐
ções a seguir servirão para qualquer nível de
dem representar três cabos conectados em
tensão, desde circuitos eletrônicos até linhas
paralelo ou lâminas em uma seccionadora,
de 750 kV ou mais. Serão utilizados diversos
cordoalhas em chaves reversoras, tentos
casos apresentados neste manual para
dentro de um mesmo condutor ou mesmo
exemplificar a análise Termográfica sob a
fuga de uma Fase para a carcaça do leito de
perspectiva dos circuitos paralelos. Pelos
cabos. No dispositivo simulador, cada con‐
motivos que serão explicados na sequência,
dutor contém dois resistores situados nas
deve ser tomado um cuidado especial na sua
extremidades e que representam o resistor
avaliação e diagnóstico. Há saídas de trans‐
equivalente da conexão ou contato da situa‐
formador com mais de um cabo por Fase, fu‐
ção simulada. O resistor do “meio” é o resis‐
síveis HH e NH em paralelo, cordoalhas de
tor equivalente do próprio cabo, lâmina,
barramentos de baixa ou média tensão, con‐
barra ou cordoalha em si. Colocado em para‐
tatos de disjuntores, bem como em chaves
lelo com alguns desses resistores, e aciona‐
secionadoras, lâminas em seccionadoras em
dos por chaves comutadoras, estão os resis‐
MT ou AT e uma infinidade de situações si‐
tores que serão ativados ou não de acordo
milares. A correta compreensão dos fenô‐
com a configuração que se pretende simular
menos elétricos envolvidos e de sua imagem
e analisar. Cada resistor possui aproximada‐
térmica correspondente é fundamental para
mente 50 Ω e os resistores colocados em pa‐
que o diagnóstico seja correto e que as ações
ralelo com um desses, possuem 200 Ω. Há
de intervenção indicadas sejam adequadas.
variações na qualidade de fabricação, como
No dispositivo de simulação de pa‐ se poderá verificar a seguir, sendo que a
ralelismos apresentado aqui, a corrente total classe de precisão básica era de 10%.
de 1,3 A foi mantida em todas as configura‐
ções, exceto onde havia apenas uma linha de

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 449


CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

Figura 6.54 – Resistores utilizados no simulador de paralelismos.

Ch1, Ch2, Ch3, Ch4 R1C1, R2C2, R3C3 R2.1C1, R3.1C1


Chave Comutadora 1, Resistor Equivalente 1 do Resistor em Paralelo 2.1 do
Legenda Chave Comutadora 2 Condutor ou Cabo 1, Resistor Condutor 1, Resistor em
etc Equivalente 2 do Condutor ou Paralelo 3.1 do Condutor 1
Cabo 2 etc. etc.
Figura 6.55 – Montagem e diagrama do dispositivo de simulação de paralelismos elétricos.

450 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

Para fins de demonstração, deve‐se três condutores, sejam eles cabos, lâminas
levar em conta que há uma imprecisão de ou cordoalhas simulados. Os resistores,
origem fabril nos componentes utilizados. mesmo depois de energizados durante a
Os Termogramas foram feitos em tempos di‐ mesma quantidade de tempo, apresentam
ferentes e as temperaturas não são exata‐ temperaturas absolutas significativamente
mente proporcionais entre Termogramas di‐ diferentes. Isso se deve a que a classe de
ferentes. O fator importante a ser conside‐ exatidão é baixa, na ordem de +/‐ 10%. No
rado é que as proporções relativas das tem‐ entanto, servem ao propósito didático e
peraturas, lidas em cada Termograma ou si‐ qualitativo de demonstrar os efeitos de au‐
tuação, demonstram o que acontece de fato mentos ou diminuições significativas de re‐
em campo. Outra característica importante sistências em condutores e seus efeitos tér‐
dessas simulações é que, quando não espe‐ micos correspondentes. Avaliando então
cificamente descrito de maneira contrária, o apenas qualitativamente, as temperaturas
pressuposto básico é que as demais resistên‐ dos resistores podem ser consideradas pró‐
cias permaneçam as mesmas enquanto um ximas entre si, revelando uma homogenei‐
defeito é selecionado. Da mesma forma, são dade térmica. É a situação ideal de operação
apresentados apenas os defeitos básicos em qualquer montagem em paralelo. Se to‐
sem que configurações mais complexas se‐ dos os resistores apresentassem resistências
jam exploradas. muito próximas entre si, teríamos tempera‐
turas praticamente iguais em todos eles. As‐
6.5.1 Correntes equilibradas nos três sim, e para fins de avaliação qualitativa, to‐
condutores das as temperaturas oscilam em torno dos
200 °C para uma corrente total de 1,3 A.
Nessa montagem, pode‐se observar
o efeito de uma corrente equilibrada nos

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 451


CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

Figura 6.56 – Termograma e croquis de três condutores de uma Fase com mesma carga.

Figura 6.57 – Exemplos de condutores com correntes em paralelo equilibradas.

452 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 6.57 Apesar de conterem anomalias térmicas evidentes, os Termogramas estão sendo
utilizados para apresentar o comportamento de condutores em paralelo, presentes nas
mesmas imagens térmicas, mas com correntes equilibradas e, portanto, em locais e
componentes que NÃO apresentam anomalias. Exemplos de condutores/circuitos com
correntes em paralelo equilibradas: (1) Cabos aéreos em linha de transmissão 230 kV. Os
quatro cabos apresentam a mesma temperatura e, portanto, estão apresentando as
mesmas correntes e impedâncias; (2) Os cabos da Fase do Meio estão com as correntes
equilibradas entre si; (3) Os cabos da Fase Direita estão com as correntes equilibradas;
(4) As cordoalhas da Fase Direita estão sujeitas às mesmas correntes; (5) Os contatos das
bases fusíveis da Fase Esquerda estão à mesma temperatura e, portanto, apresentam as
mesmas resistências de contato; (6) As duas barras paralelas dos contatos móveis, nas
Fases Esquerda e Meio desta Seccionadora 69 kV, estão conduzindo a mesma corrente.
Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o
valor da emissividade pode variar de: (1) Cabos oxidados às intempéries por mais de 1
(um) ano, 0,75 a 0,85; (2) Termoplástico PVC, 0,85 a 0,95; (3) Termoplástico PVC, 0,85 a
0,95; (4) Cordoalhas estanhadas e oxidadas, 0,75 a 0,85; (5) Metal nu e oxidado com
depósito de poluente industrial, 0,7 a 0,8; (6) Metal nu e severamente oxidado, exposto
às intempéries com depósito de poluente 0,75 a 0,85. Software: FLIR ThermaCAM
Researcher 2.10 e ThermoCom IRAnalyzer. Câmeras: (1) FLIR SC‐2000. Lente: 12°; (2) FLIR
SC660 Lente 24°; (3) FLIR SC‐2000. Lente: 24°; (4) FLIR SC‐2000. Lente: 24°; (5)
ThermoCom V384S, Lente: 22°. (6) FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

6.5.2 Área de contato defeituosa na ponta deixando, portanto, o resistor R3C1 fora do
de um condutor circuito. O comportamento térmico resul‐
tante é válido para qualquer conector na ex‐
Para simular um conector defeitu‐
tremidade de um cabo, contato de lâmina
oso em uma extremidade de um cabo em pa‐
em chaves, contatos paralelos de disjuntores
ralelo (Condutor 1), com alta resistência de
de potência ou cordoalha em paralelo que
contato, utilizamos a chave comutadora Ch3
apresente um mau contato em sua extremi‐
para desviar a corrente do resistor R3C1 de
dade.
50Ω e habilitar a passagem de corrente pelo
resistor R3.1C1 (com resistência de 200Ω),

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 453


CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

Figura 6.58 – Termograma e croquis de um conector defeituoso em paralelo.

Neste caso, podemos observar que contato, aquecerá mais que seus paralelos,
os resistores equivalentes do “conector” e causando ainda uma redução na tempera‐
“cabo” do Condutor 1, R1C1 e R2C1, esfria‐ tura do cabo associado. Por outro lado, se
ram relativa e significativamente e que o re‐ em uma chegada de um circuito em paralelo
sistor em paralelo do conector com mau em um barramento (cabos de uma Fase que
contato R3.1C1, está muito mais aquecido vem de um transformador, por exemplo),
que todos os demais. Fica então evidente um dos condutores se apresentar mais frio,
que um conector, com maior resistência de isso pode ser um forte indicativo de que na

454 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

outra extremidade deste circuito pode haver tentos do cabo é muito pequena para vencer
um conector com mau contato. Quando a barreira de óxido entre eles. A corrente foi
ocorre na fixação dos tentos de um cabo, mantida sempre em 1,3 A, mas deve‐se ob‐
esse tipo de defeito causa frequentemente servar que no caso de resistores de fio,
uma distribuição térmica espiralada ao redor quando a temperatura aumenta, a resistên‐
do condutor, como pode ser verificado na cia aumenta também. Assim, as temperatu‐
Figura 4.17, Figura 4.22, Figura 4.23 e Figura ras lidas são ilustrativas e só devem ser utili‐
4.24. Esse efeito espiral ocorre, na maioria zadas para comparações qualitativas dentro
das vezes, devido a que a tensão entre os do mesmo Termograma.

Figura 6.59 – Exemplos de área de contato defeituosa na extremidade do condutor.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Exemplo de condutores em paralelo com áreas de contato defeituosas em uma das
6.59
extremidades de um dos condutores. Deve sempre ser lembrado que nesses casos a
anomalia maior, ou resistência de contato maior, pode estar na extremidade oposta à
detectada. Antes da intervenção de manutenção, todas as extremidades devem ter suas
resistências de contato e conexão medidas para comparação posterior. (1) Cabos na saída
de um transformador com o terminal prensado do cabo esquerdo com resistência de
contato superior ao do cabo da direita. O prolongamento do aquecimento pelo cabo da
direita deve‐se provavelmente à corrente de convecção gerada pelo aquecimento do
terminal; (2) Conexões de chegada em um barramento 440 V com 5 conectores com
resistência maior que o resistor aquecido; (3) Contatos em paralelo em chave de reostato
de partida com o contado esquerdo da Fase do Meio com resistência de contato maior

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 455


CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

que o contato da direita; (4) Lâminas de contato em paralelo em uma seccionadora


13.8 kV. Na Fase Esquerda, o contato superior da lâmina frontal (esq.) tem uma
resistência de contato menor que o contato superior da lâmina posterior (dir.). Para
medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor
da emissividade pode variar de: (1) Cabos novos em termoplástico PVC 90 °C com
terminais prensados recobertos com fita termocontrátil, 0,85 a 0,94; (2) Conectores
metálicos em bronze, cobertos com poluente industrial e frestas, 0,75 a 0,85; (3)
Superfície metálica com pontos de oxidação, mas livre de poluentes, 0,65 a 0,80; (4)
Superfícies metálicas duplas, uma limpa e outra menor sobreposta oxidada e com frestas,
0,75 a 0,85. Software: FLIR ThermaCAM Researcher 2.10 e ThermaCAM Reporter 2000
PRO. Câmeras: (1) FLIR SC660 Lente 45°, (2) FLIR SC‐2000. Lente: 24°, (3) FLIR SC‐2000.
Lente: 24°, (4) FLIR AGEMA 550. Lente: 20°.

6.5.3 Condutor (cabo) com defeito interno defeito também pode causar uma distribui‐
ção térmica espiralada ao redor do condutor
Em muitas situações, devido a erros (ver a Figura 6.57, Figura 6.58, Figura 6.60 e
no manuseio durante a montagem, obras de a Figura 6.61), uma vez que o aumento da re‐
escavação ou similares, ou ainda defeitos de sistência no meio do condutor por quebra de
fabricação, condutores (cabos) apresentam tentos ou má qualidade no cobre faz com
defeitos internos como quebras de tentos, que a divisão das correntes entre os demais
oxidações ou, ainda, não conformidades na tentos não seja homogênea. Nesse caso,
qualidade do cobre utilizado. Esse tipo de pode‐se observar a simulação térmica de um
defeito desse tipo:

456 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

Figura 6.60 – Termograma e croquis de condutor ou cabo com defeito interno.

Como se pode observar na Figura mais tentos partidos, a sua resistência au‐
6.60, o resistor equivalente R2C3 de 50Ω do mentará no local do defeito. Assim, o resis‐
Condutor 3 foi comutado para o R2.1C3 com tor equivalente do condutor ou cabo com
uma resistência maior (200Ω) para simular tento rompido internamente R2.1C3 foi a
um defeito interno no condutor “cabo”. 212 °C, os conectores e o restante do cabo
Nesse caso, a corrente passará pelo resistor ou condutor ainda “sadio” desse condutor
selecionado e, quando um cabo ou condutor esfriam proporcionalmente, para valores em
apresentar um defeito interno, como um ou torno dos 110 °C (Ver Figura 4.19 (emenda)
e Figura 5.34, além da Figura 6.59).

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 457


CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

Figura 6.61 – Exemplos de condutores com anomalia no interior.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Exemplo de condutores em paralelo com defeito interno: (1) Seis cabos por Fase onde
6.61
um deles apresenta uma anomalia interna devida à quebra de tentos ou defeito
constitutivo no material (cobre). Além disso, outro condutor apresenta um conector
sobreaquecido devido aos demais possuírem resistências de contato maiores (Ver Item
6.43); (2) Bandejamento de saída em um transformador com dois cabos em paralelo por
Fase. Em duas Fases é possível observar defeitos internos devido à quebra de tentos ou
defeito constitutivo no material (cobre); (3) Neste caso, o paralelismo se dá entre os
tentos formadores do condutor. O aquecimento se dá pela quebra de alguns tentos
internos, fazendo com que os demais tenham de assumir a corrente de Fase. Nesses três
casos, se possível, remoção da secção defeituosa ou substituição do condutor. Para
medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor
da emissividade para cabos revestidos em PVC pode variar de 0,85 a 0,94. Software:
ThermaCAM Reporter 2000 PRO (1) (3), FLIR ThermaCAM Researcher 2.10 (2) usando a
ferramenta de interpolação bicúbica. Câmeras: (1), (2) e (3) FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

6.5.4 Condutor sem corrente por falha no corrente nesse condutor. Neste caso, a cor‐
conector ou rompimento rente original, que era dividida pelos três
condutores, passa a circular apenas por dois
Em algumas situações, o defeito
deles, ou pelos restantes, caso haja mais de
torna‐se tão grave que ocorre uma falha na
três. Como a corrente é a mesma, os demais
condução de corrente por um dos conduto‐
cabos aquecerão mais por assumirem uma
res (cabos, barras, parafusos etc.) em para‐
corrente que não foi dimensionada para pas‐
lelo. Para simular essa condição, abrimos a
sar por menos condutores. O Termograma
chave Ch1, interrompendo a circulação de
resultante dessa condição será como o da
Figura 6.62:

Anotações:

458 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

Figura 6.62 – Termograma e croquis de uma falta de condução em um condutor inteiro.

No caso, por algum motivo, o Con‐ que passava por ele, fazendo com que os re‐
dutor 1 não está conduzindo. Assim, ele apa‐ sistores desta simulação aqueçam até a faixa
rece “frio”, ou eventualmente até não apa‐ dos 240 °C.
rece na imagem térmica, e os demais Condu‐
tores 2 e 3 em paralelo, assumem a corrente

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 459


CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

Figura 6.63 – Exemplo de circuito paralelo com cabo sem corrente.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Exemplo de condutor em paralelo com corrente muito baixa. Neste caso, eram dois
6.63
circuitos em paralelo que alimentavam uma fábrica, um de cada lado de um poste. Na
subestação, a mufla de saída na Fase S do Circuito 1 apresentou uma alta resistência de
contato por falta de aperto na conexão. Isso levou o cabo da Fase S do Circuito 2 a assumir
praticamente toda a corrente dos dois cabos, sobreaquecendo. Para uma descrição mais
detalhada deste exemplo, ver o Estudo de Caso 3: Cabo de Rede Aérea Sobreaquecido.
Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o
valor da emissividade para cabos em alumínio nu, oxidados e expostos às intempéries,
pode variar de 0,70 a 0,85. Software: FLIR ThermaCAM Researcher 2.10 usando a
ferramenta de interpolação bicúbica. Câmera: FLIR AGEMA 550 Lente: 20°.

6.5.5 Fuga em condutor por falha no que estão no bandejamento. As fugas de cor‐
isolamento em circuito paralelo rente se originam em regiões de baixa impe‐
dância nos isolamentos dos cabos. São ocor‐
Ao inspecionar instalações elétricas
rências mais comuns em tensões mais baixas
industriais, não é incomum encontrar emen‐
devido a que, quando ocorrem em média ou
das de eletrocalhas com parafusos aque‐
alta tensão, é mais provável a ocorrência de
cendo ou mesmo parafusos de fixação com
um curto circuito sem que haja tempo para
temperaturas extremamente altas. Esses
um aquecimento mais permanente. As cau‐
aquecimentos podem ser originados por in‐
sas variam de descuido durante a instalação,
dução, mas também, e mais frequente‐
abrasão excessiva, rebarbas nas calhas, pres‐
mente, por fugas de corrente dos circuitos

460 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

são excessiva, pisoteamento, baixa quali‐ situação, a chave Ch6 coloca em paralelo
dade de fabricação, surtos atmosféricos e as‐ com o resistor R3 C2 outro resistor que pode
sim por diante. Para a simulação dessas con‐ ter então valores variáveis devido às condi‐
dições, serão utilizados dois arranjos no si‐ ções de fuga para a Terra. Nesta simulação,
mulador. O primeiro arranjo (Figura 6.62) si‐ será utilizado um valor de 100Ω, que é o do‐
mula uma condição onde há mais de um con‐ bro do resistor R3 C2. O comportamento tér‐
dutor em paralelo conduzindo a corrente de mico pode ser observado na Figura 6.64:
carga e apenas um desses condutores apre‐
senta fuga contra a Terra. Para simular essa

Figura 6.64 – Termograma e croquis de fuga para a Terra – mais de um condutor paralelo.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 461


CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

Embora em relação aos demais em que a fuga está ocorrendo deverá estar à
componentes a temperatura observada seja temperatura ambiente. Assim, o ponto de
menor que a do restante no mesmo condu‐ fuga, se for concentrado, será facilmente vi‐
tor, deve ser observado que o resistor de sível desde que seja possível uma visada di‐
fuga R3.1 C2 (XΩ = 100Ω) pode estar situado reta. Isso poderá ser observado nos exem‐
em qualquer lugar no percurso do condutor. plos da Figura 6.74.
Além disso, o contexto adjacente ao ponto

Figura 6.65 – Fugas para a carcaça em eletrocalhas.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura É extremamente raro encontrar um caso com visada direta de fuga de corrente sendo
6.65
que haja ainda outros condutores em paralelo com a fuga em si. Nos exemplos, os
Termogramas (1) e (2), apresentam dois casos de cargas em triângulo em que, após
levantamento cuidadoso de correntes e potências, circuito a circuito, foram detectadas
correntes significativamente mais desiquilibradas nas fontes e mais equilibradas nas
cargas onde a somatória se aproximava da corrente do aterramento. Em um dos casos
(3), a fuga de corrente não conseguiu ser localizada nos circuitos que estavam presentes
no trecho em que o aquecimento aparecia no bandejamento. Todos os circuitos
presentes foram desligados um a um e, mesmo assim, o aquecimento permaneceu. É
assim evidente que a corrente elétrica segue por caminhos resistivos não óbvios,
podendo, em muitos casos, ter sua origem em um cabeamento remoto ou até mesmo
nunca gerar um aquecimento detectável. Eventualmente a fuga de corrente pode nem
estar situada na eletrocalha correspondente dependendo da configuração do sistema,

462 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

FIGURA COMENTÁRIOS
por exemplo, no caso de navios. Os exemplos (1), (2) e (4) mostram que eventualmente
os aquecimentos podem ser significativos, mesmo com correntes baixas. Já o exemplo
(3), não por ter uma temperatura muito baixa, é menos perigoso ou menos importante.
Assim, com um ou mais pontos de contato da Fase com a carcaça, as correntes de fuga
circulam por caminhos desconhecidos até fecharem o circuito em um ponto onde gerem
um aquecimento detectável pelo Infravermelho. A proteção de fugas para a Terra deve
também estar inoperante ou não instalada para que esses casos evoluam sem
desligamentos. A pesquisa de origem das fugas deve obedecer às normas de segurança
rigorosas, pois não se sabe nem onde estão e nem como as tensões se dividem ao toque
destas calhas. Em todos os casos, as calhas eram pintadas e possuíam frestas, o que
permite que, para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura
ambiente, o valor das emissividades para frestas entre elementos adjacentes e tintas a
óleo possam variar de 0,75 a 0,85. Software: (1) e (4) FLIR ThermaCAM Reporter
PRO2000, (2) e (3) ThermaCAM Researcher 2.10. Câmeras: (1) FLIR AGEMA 550, Lente
22°, (2) e (4) FLIR SC‐2000. Lente: 12°, (3) FLIR SC660, Lente 24°.

O segundo arranjo (Figura 6.64) considera que não há mais condutores em paralelo e
apenas um condutor apresenta fuga para a Terra ou eletrocalhas.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 463


CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

Figura 6.66 – Termograma e croquis de fuga para a Terra com um condutor em paralelo.

De maneira similar, mas não igual à e sua resistência em paralelo com uma das
condição anterior, em muitos casos não há extremidades do condutor. Os mesmos cri‐
condutores em paralelo com o condutor que térios se aplicam nessa condição, sendo que
apresenta fuga de corrente para a Terra. o aquecimento no ponto de fuga deverá ser
Nesse caso, não há a divisão das correntes igualmente significativamente maior que a
pelos outros condutores ou mesmo tentos temperatura ambiente no local.
de um cabo, por exemplo. Há apenas a fuga

Anotações:

464 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

Figura 6.67 – Fugas em cabo MT e isolador BT.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura No caso de condutores únicos com resistências em paralelo, podemos observar no
6.67
Termograma 1 um cabo de MT com perfuração na camada semicondutora e a
consequente corrente de fuga para a blindagem do cabo. Dessa forma, a resistência em
paralelo é a camada semicondutora defeituosa, fechando o circuito para a Terra. Deve
ser observado que o sistema seja em , em algum lugar, não necessariamente próximo
fisicamente, poderá haver um transformador ou um transformador de aterramento
que fornecerá o caminho de retorno para a corrente de fuga. No Termograma 2, o
isolador de porcelana defeituoso é a resistência Fase‐Terra em paralelo com a carga. Deve
ser destacada a perícia do Inspetor em ajustar corretamente o Termovisor e inspecionar
cuidadosamente um poste com componentes diversos e sujeitos a diferentes fenômenos
elétricos à distância em que se encontrava e sem uma lente teleobjetiva à disposição.
Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o
valor da emissividade para termoplásticos ou porcelanas se aproxima muito do efeito das
frestas, podendo variar de 0,85 a 0,95. Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000 e
ThermaCAM Researcher 2.10. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

6.5.6 Exemplos de casos concretos de que cada caso deverá ser avaliado individu‐
Paralelismo almente, de acordo com as condições de
contexto, a saber: cargas, dimensionamen‐
Nas imagens térmicas seguintes, se‐
tos, tipos de equipamento e conexão, mon‐
rão apresentados mais alguns casos concre‐
tagem etc. Não há regra que contemple to‐
tos das situações de paralelismo descritas. É
dos os casos possíveis e que substitua o trei‐
importante notar que os casos apresentados
namento, experiência e competência do Ins‐
não esgotam as situações de paralelismo e
petor.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 465


CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

Figura 6.68 – Barramento Duplo em AT 230 kV.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Este Termograma está bem focado na anomalia de interesse e bem enquadrado. A fina‐
6.68
lidade é estudar em detalhes a anomalia em si e, portanto, as demais Fases poderão ser
alvo de Termogramas separados. A escala colorimétrica e a amplitude térmica também
estão bem ajustadas. Nesse caso, temos um circuito paralelo com dois conectores em
cada extremidade dos cabos que, por sua vez, são circuitos paralelos em si mesmos. A
anomalia térmica surge
nos conectores, de tal
forma que podemos dei‐
xar a divisão de correntes
nos cabos de lado. Um di‐
agrama esquemático do
conector superior na ima‐
gem pode ser visto ao
lado. Através desse dia‐
grama, podemos obser‐
var que a divisão de cor‐
rentes pelos parafusos das conexões é inversamente proporcional às temperaturas. Isso
porque impedâncias maiores, por exemplo, R2 e R4, permitirão a passagem de correntes
menores e, consequentemente, dissiparão potências menores. Dessa maneira, fica fácil
interpretar que os maiores defeitos nessas duas conexões são os parafusos mais frios. A
composição desta anomalia apresenta quase todas as opções discutidas nos casos de
paralelismo de condutores. Há parafusos conduzindo muita corrente e outros com pouca
corrente em cada lado da barra. É um caso de condutores em paralelo que se conectam
a uma barra com mais dois conectores com diversos parafusos em paralelo. Para efeitos
de manutenção, caso não haja corrosão visível, deve ser dada mais atenção aos parafusos
“frios” do que aos “aquecidos”. Medição de resistência de contato antes do desmonte,

466 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

FIGURA COMENTÁRIOS
Inspeção Visual cuidadosa, limpeza e reaperto com torquímetro são os procedimentos
padrão. Após o fechamento das conexões, é importante medir novamente a resistência
de contato para confirmar que a intervenção foi correta. Caso haja corrosão visível, pode
ser necessário inspecionar cuidadosamente as pontas dos cabos para definir até onde
devem ser cortados. Caso necessário, e na ausência de extensão de cabo disponível para
substituição do trecho a ser retirado, pode ser preciso utilizar uma barra de extensão
provisória para permitir o retorno à operação no menor tempo possível. Para medições
radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da
emissividade para frestas entre elementos refletivos pode variar de 0,7 a 0,8. Software:
FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR P‐640. Lente: 12°.

Figura 6.69 – Emenda conduzindo apenas por um parafuso – 34,5 kV.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 6.69 O Termograma já foi apresentado na Figura 3.37 sujeito a outros comentários. No
contexto atual de análise de circuitos paralelos, pode‐se observar a presença de quatro
parafusos, dois de cada lado do conector. A circulação de corrente entre as duas barras
faz‐se pela parte metálica superior onde estão fixados os parafusos. Como é possível
observar, apenas um parafuso (lado esquerdo da parte direita do conector) apresenta‐se
aquecido, o qual está conduzindo toda a corrente da barra. O parafuso “frio” (lado direito
deste lado do conector) praticamente não está conduzindo. A Figura 6.60 apresenta uma
combinação de resistores que representa, neste caso, um condutor conduzindo e outro
sem corrente. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou 3 – 5 µm à temperatura
ambiente, a emissividade pode ser ajustada em torno de 0,8 a 0,9 sem que ocorram erros
significativos para uma análise qualitativa e ou quantitativa. Mesmo com materiais de
emissividade mais baixa, deve ser considerado que possuem, além de depósito de
poluentes e oxidação, um número mínimo de frestas que permitem essa variação. Caso
haja vento, anotar a velocidade para correções posteriores. Software: ThermaCAM
Reporter PRO 2002. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 12°.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 467


CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

Figura 6.70 – Lâminas em paralelo em seccionadoras classe 15 kV.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 6.70 Ambos os Termogramas estão bem focados e bem enquadrados. As escalas
colorimétricas e as amplitudes térmicas também estão bem ajustadas. Problemas de mau
contato em seccionadoras com duas lâminas por Fase são bastante comuns e, se o
Inspetor não estiver adequadamente treinado, é fácil cometer um erro de diagnóstico.
Para compreender melhor a circulação das correntes nesta configuração, ver o Item
7.3.2. As intervenções de manutenção devem iniciar‐se pela medição de resistência de
contato em todas as quatro áreas de contato do polo com a anomalia. Depois de
registrados esses valores, desmonte, Inspeção Visual cuidadosa e, no caso de inexistência
de corrosão, limpeza, ajuste de pressão e alinhamento, e finalmente fechamento das
conexões com torquímetro. No caso de existência de corrosão, avaliar a possibilidade de
tratamento de superfície ou substituição do componente. Após a ação necessária,
limpeza, ajuste de pressão e alinhamento, e finalmente fechamento das conexões com
torquímetro. Após o encerramento das ações, é imprescindível uma nova medição das
resistências nas quatro áreas de contato para confirmar que houve a correção da causa
da anomalia. Caso os valores não sejam substancialmente melhores que os anteriores à
manutenção, todas as ações devem ser avaliadas para descobrir qual procedimento foi
inadequado e todo o serviço refeito até chegar‐se a um valor aceitável pelas normas
pertinentes ou recomendado pelo fabricante. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm
ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da emissividade para frestas entre
elementos refletivos pode variar de 0,7 a 0,8. Se os componentes estiverem oxidados ou
sujos, os valores de emissividade podem variar de 0,8 a 0,9. Software: FLIR ThermaCAM
Reporter PRO2000. Câmera: FLIR AGEMA 550 e FLIR SC‐2000. Lentes: 20° e 24°.

Anotações:

468 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

Figura 6.71 – Cabos 13 kV em paralelo com Deltas de temperatura (1º cabo da Esq.).

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 6.71 Este Termograma está razoavelmente bem focado, uma vez que os dois cabos mais
afastados à direita na imagem estão um pouco fora de foco devido à pequena
profundidade de campo da lente em uso. O enquadramento está correto e inclui as três
Fases de interesse em detrimento de uma visada mais abrangente, que perderia em
resolução térmica devido à baixa temperatura ambiente (em torno de +9 °C). A escala
colorimétrica e a amplitude térmica também estão ajustadas para dar destaque à
anomalia. Deve ser destacado que preliminarmente o Inspetor poderia ter focado
somente nas anomalias em anel nos cabos, resultantes da circulação de correntes pelas
cordoalhas de aterramento. No entanto, em uma análise mais detalhada e criteriosa,
percebeu a diferença térmica, ainda que pequena, de temperaturas entre os cabos da
mesma Fase. Isso evidencia um desequilíbrio entre as impedâncias equivalentes desses
cabos, já que estão conectados em paralelo. Sem um treinamento adequado e sem um
conhecimento profundo dos fenômenos elétricos, essa anomalia passaria despercebida.
A pequena diferença de temperatura entre os cabos não deve ser atenuante quanto à
avaliação da gravidade da anomalia porque, deve ser lembrado, a potência circulante em
13kV, com três cabos por Fase, é significativa. A recomendação tecnicamente correta é
que, apesar de termicamente poder ser considerada normal ou aceitável, essa anomalia
deve ser investigada com urgência devido ao risco de evoluir de forma imprevisível para
uma falha. Como não há a ausência completa de corrente neste cabo, pode ser
considerado uma variante atenuada do Item 7.3.4. Para medições radiométricas em
7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da emissividade para cabos
em PVC pode variar de 0,85 a 0,95. Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000.
Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 469


CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

Figura 6.72 – Tentos em paralelo e isolados entre si pelo óxido do material constituinte.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 6.72 Em ambos os Termogramas, um de um cabo aéreo em uma SE 69 kV e outro em cabo
isolado em uma saída de uma seccionadora em 380 V, o paralelismo se configura entre
os tentos dos cabos. Problemas nas conexões terminais, oxidação, falta de aperto ou
mesmo quebras e falhas nos tentos dentro dos cabos, fazem com que as correntes
circulem predominantemente pelos condutores que tiverem as menores resistências.
Isso configura um circuito paralelo que faz com que os tentos com menor impedância
total aqueçam mais porque as correntes não se dividem normalmente entre os tentos
devido a duas causas principais: 1) A diferença de tensão entre os tentos é muito pequena
e 2) O óxido normal entre os tentos, sejam de alumínio ou cobre, é altamente resistivo
em comparação ao material do condutor. O resultado são distribuições térmicas
espiraladas. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura
ambiente, o valor da emissividade para cada caso deverá ser avaliado: cabos nus
severamente oxidados e/ou expostos às intempéries terão emissividades muito
diferentes de cabos novos e limpos. Da mesma forma, cabos revestidos terão de ter suas
temperaturas medidas nos termoplásticos. Portanto, as emissividades podem variar de
0,2 a 0,4 em cabos nus e novos, 0,6 a 0,8 em cabos severamente oxidados e para
termoplásticos, de 0,85 a 0,95. Software: ThermoCOM IRAnalyzer e FLIR ThermaCAM
Researcher 2.10. Câmeras ThermoCOM V384S, lente 22° e FLIR AGEMA 550, Lente: 20°.

Figura 6.73 – Conector sobreaquecido e cabos em paralelo em secundário de Trafo.

Anotações:
470 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS
CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura O destaque neste Termograma é o conector sobreaquecido. Como está conectado em
6.73
paralelo com os demais conectores e cabos, os outros cabos e conectores apresentam
correntes menores e impedâncias maiores. A intervenção de manutenção deve ocorrer
em todas as extremidades dos cabos e em todos os conectores. Todos os valores de
resistência de contato devem ser anotados para comparação após a intervenção. Para
medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor
da emissividade para frestas entre elementos refletivos e o termoplástico pode variar de
0,7 a 0,8. Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente:
12°.

Figura 6.74 – Cabos em paralelo em disjuntor.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura No Termograma (1) é possível observar que o cabo que está sobrecarregado, com
6.74
temperatura maior e coincide com o parafuso da conexão que está mais aquecido. É o
caso clássico de divisão de correntes privilegiando o caminho de menor resistência e de
maior potência dissipada por onde circula a corrente maior. No caso do Termograma (2),
é possível observar que todos os três cabos estão mecanicamente conectados no mesmo
terminal e, portanto, sujeitos ao mesmo aquecimento gerado pelo mau contato. No
entanto, o cabo posterior continua aquecido em sua extensão enquanto os dois demais
não. Isso é um forte indicativo de que o cabo está sobrecarregado enquanto os dois
restantes apresentam uma corrente menor em cada um e, portanto, se apresentam mais

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 471


CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

FIGURA COMENTÁRIOS
frios. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura
ambiente, o valor da emissividade para termoplásticos pode variar de 0,85 a 0,94.
Software: FLIR ThermaCAM Researcher 2.10, Câmera: FLIR T300. Lente: 24°.

Figura 6.75 – Cordoalhas em paralelo em chave contatora.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 6.75 Da mesma forma que na Figura 6.74, a cordoalha direita, da Fase Direita, é a que
apresenta menor impedância, fazendo com que a corrente maior, entre as duas
cordoalhas desta Fase, passe por ela. A intervenção de manutenção deve prever medir as
resistências de conexão antes e após a manutenção, nas duas pontas das duas cordoalhas
e não apenas na que apresenta maior aquecimento. Para medições radiométricas em
7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da emissividade para frestas
entre elementos refletivos pode variar de 0,7 a 0,8. Software: FLIR ThermaCAM Reporter
PRO2000. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Figura 6.76 – Cordoalhas e contatos em paralelo em chave reversora.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 6.76 Com dois contatos por Fase, pressões das molas iguais e áreas de contato bem
ajustadas, esta chave deveria ter as temperaturas homogêneas em todos os contatos.
No entanto, na Fase do Meio um dos contatos em paralelo apresenta uma corrente

472 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

maior. O contato adjacente, por sua vez, na mesma Fase, está praticamente afastado
da sua área de assentamento. Evidentemente, está corroído e desgastado, tendo que
ser substituído. Na imagem térmica, a superfície de baixa emissividade do contato mais
aquecido faz com que o calor gerado apareça apenas na superfície superior devido ao
depósito de poluente industrial e na cordoalha abaixo. Para medições radiométricas em
7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da emissividade para frestas
entre elementos refletivos pode variar de 0,7 a 0,8. Software: ThermoCOM IRAnalyzer,
Câmera: ThermoCOM V384S, Lente: 22°.

6.6 CHAPAS ISOLANTES SEPARADORAS paredes sólidas. Nesses casos, é utilizada


MT uma base isolante de separação entre os cu‐
bículos, tanto como suporte mecânico para
as barras como contenção das atmosferas.
Descrição Térmica: como as barreiras mecâ‐
nicas são feitas de material isolante, compa‐
tível com as tensões e distâncias de segu‐
rança, não é esperado nenhum tipo de distri‐
buição térmica ou aquecimento não compa‐
tível com a temperatura ambiente. Chapas
isolantes entre cubículos não devem permi‐
tir a circulação de corrente elétrica significa‐
tiva em nenhuma hipótese sob o risco de
Figura 6.77 – Chapas Isolantes.
permitirem um curto‐circuito Fase‐Terra ou
Fase‐Fase com a eventual e consequente ex‐
Descrição Técnica: dentro de cubículos de
plosão do painel.
média tensão, muitas vezes a organização
dos circuitos exige que a distribuição de po‐ Exemplos:
tência utilize um barramento que ultrapasse

Figura 6.78 – Chapa isolante em fibra de vidro com fuga de corrente vista pelos dois lados.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 473


CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 6.78 Ambos os Termogramas possuem um bom foco e estão centrados na anomalia de
interesse. Com a óptica disponível no momento da Inspeção, apenas este enquadramento
foi viável devido às distâncias liberadas pela abertura das portas do cubículo. Ambos
apresentam a mesma anomalia vista pelos dois lados da chapa isolante de fibra de vidro
que serve de suporte mecânico aos barramentos, classe 22kV. Chapas isolantes entre
cubículos não devem permitir a circulação de corrente elétrica significativa em nenhuma
hipótese sob o risco de permitirem um curto‐circuito Fase‐Terra ou Fase‐Fase com a
eventual e consequente explosão do painel. Para compreender no caso, como é possível
ocorrer este aquecimento, podemos utilizar o diagrama equivalente a seguir. Os
resistores em azul representam as resistências equivalentes simplificadas do circuito
resistivo da placa isolante em bom estado. A própria placa isolante de fibra de vidro e os
demais componentes estão igualmente representados a saber, a moldura metálica do
painel aterrada, o tubo de fibra de vidro e as barras das três Fases. Notar que os tubos de
fibra de vidro não apresentam sinais de aquecimento porque não estão no caminho das
correntes. Sendo assim, e com teoricamente todos os resistores iguais, todos seriam
percorridos pelas mesmas correntes e dissipariam as mesmas potências. Em um diagrama
ilustrativo e sem exatidão científica, podermos representar os resistores equivalentes de
uma placa isolante em bom estado como na ilustração:

Nessa montagem, podemos simular que, se um desses resistores, por um motivo


qualquer – depósito de poluente, corrosão, falha na fabricação, trinca infiltração de
umidade, envelhecimento etc. – variasse a sua resistência para mais ou para menos,
teríamos a seguinte representação:

474 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

FIGURA COMENTÁRIOS

Nesse caso, R1 poderá ser maior ou menor que R. Podemos ainda simular diferentes
configurações, onde esta resistência menor, que seria o caso mais perigoso, variando a
posição relativa em relação à Fase e Fase‐Terra. Em mais duas simulações, poderíamos
ampliar o tamanho do baixo isolamento ou manter os resistores centrais inalterados. A
simulação apresenta como deveriam se comportar termicamente esses resistores nas
duas situações.

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 475


CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

FIGURA COMENTÁRIOS
Dessa maneira, para uma placa isolante sadia e considerando cada linha isoladamente,
cada resistor equivalente irradia a mesma quantidade de infravermelho, como pode ser
visto:

No caso apresentado pelos Termogramas da Figura 6.76, há um aquecimento centrado


na borda do cilindro de fibra de vidro da Fase T com a chapa isolante de mesmo material.
O diagrama, já apresentado na Figura 3.25, Figura 3.26, Figura 4.36 e Figura 4.37 ilustra
esse efeito como se cada circuito série existisse isolado. A diferença em relação a um
único circuito em série de uma coluna de isoladores, ou um Para‐raios, para uma placa
isolante, é que há diversos desses circuitos em paralelo, sendo que eles são “curtos‐
circuitados” pelas áreas com resistência baixa. Assim, as correntes de fuga Fase‐Terra e
Fase‐Fase resultantes, que circulam pela totalidade da placa, acabam sendo divididas por
todos os resistores equivalentes de valores menores e, apenas os com resistência maior,
apresentam consequentemente uma diferença de potencial maior, fazendo com que a
potência dissipada seja igualmente maior.

Essa potência, dissipada em trechos com resistores equivalentes com valores maiores que
seus adjacentes e com maior diferença de potencial, permite que um técnico experiente,
com sólidos conhecimentos de circuitos elétricos, ajuste corretamente os parâmetros da

476 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

FIGURA COMENTÁRIOS
câmera e faça um diagnóstico confiável. Baixos isolamentos desse tipo têm a
característica de frequentemente piorarem ao longo do tempo, levando a curtos‐circuitos
entre Fases ou contra a Terra. Com os circuitos energizados, não há maneira de prever
quando a deterioração do isolamento atingirá um valor crítico, exceto pela Termografia
periódica. Quanto maior o Delta T entre a parte sadia da placa e a condutiva, menor deve
ser o tempo até a próxima Inspeção. Nos casos críticos, pode ser necessária uma Inspeção
diária até que se possa efetuar o desligamento.

A solução é a substituição da placa ou, se possível, a sua retirada desde que o barramento
tenha como se autossustentar. Emergencialmente tratamentos térmicos, com medições
pré e pós‐tratamento de perda wattada e resistência contra a Terra, com posterior
cobertura de silicone, podem também ser viáveis. Mas contém um risco de não serem
eficazes e ter o custo muito mais alto que a simples substituição. Para medições
radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da
emissividade para placas de fibra de vidro pode variar de 0,85 a 0,95. Software: FLIR
ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Figura 6.79 – Fuga de corrente para massa em chapas isolantes.

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 477


CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura O caso difere do anterior (Figura 6.78) apenas em que a placa de fibra de vidro não é
6.79
contínua, sendo dividida em quatro retângulos, um para cada Fase. Os fenômenos
elétricos que ocorrem são basicamente os mesmos já apresentados e os diagramas
podem ser utilizados da mesma forma. Deve ser notado, entretanto, que a amplitude
Térmica é de apenas 3,7 °C. Isso implica em que, caso o Inspetor não ajuste corretamente
a câmera, essa anomalia passará despercebida. Da mesma forma que o caso anterior
(Figura 6.78), a causa mais provável é contaminação progressiva por umidade. Sendo
assim, apesar de termicamente insignificante, esta anomalia deve ser tratada de forma
urgente, uma vez que não se tem conhecimento do estado anterior, da sua progressão e
nem das temperaturas anteriormente alcançadas. A mancha esbranquiçada no tubo
verde da Fase do Meio sugere uma degradação anterior com eventual centelhamento.
Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o
valor da emissividade para placas de fibra de vidro pode variar de 0,85 a 0,95. Software:
FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR AGEMA 550. Lente: 20°.

Figura 6.80 – Fuga de corrente para massa em chapas isolantes.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 6.80 O caso é também bastante similar ao primeiro, apenas sem os
tubos de fibra de vidro sobre as barras de Fase. No diagrama
ao lado, uma representação esquemática das regiões onde há
maior queda, tensão e consequentemente, mais potência
dissipada. As consequências da não intervenção e as soluções
são as mesmas. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm
ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da
emissividade para placas de fibra de vidro pode variar de 0,85
a 0,95. Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000.
Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Anotações:
478 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS
CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

6.6.1 ESTUDO DE CASO 9: Depósito de por poluentes industriais ou serem corroídas


Poluente em Chapa Isolante por componentes ácidos na atmosfera. No
caso em questão, correntes de convecção
O Termograma (Figura 6.81) apre‐
contaminaram a placa, gerando uma anoma‐
senta uma característica importante o sufici‐
lia.
ente para ser discutida mais a fundo. Chapas
isolantes em cubículos de média Tensão po‐
dem, em muitos casos, ser contaminadas

Figura 6.81 – Fuga em chapa isolante por depósito de poluente.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura O caso deste Termograma é importante porque há um rastro identificável e registrável
6.81
na luz visível de depósito de poluente carbonizado, ou óxidos metálicos provenientes da
alta temperatura do resistor, sobre a chapa isolante. Notar que o aquecimento se
concentra na parte isolante da chapa e que o painel metálico, imediatamente abaixo, não
apresenta sinais de estar aquecendo. Essa característica elimina a possibilidade de o
aquecimento detectado ser causado por uma corrente de convecção ativa proveniente
do resistor abaixo. Para compreender melhor o que está acontecendo em superfícies
isolantes com essa anomalia, consultar o Estudo de Caso na sequência. A primeira
providência de manutenção recomendada é a modificação de posição do resistor de
aquecimento de painel a fim de que não continue a comprometer a integridade da chapa
isolante. É altamente recomendável também a substituição da chapa por outra com
isolamento adequado à tensão. Eventualmente a chapa poderá ser retirada de operação
e testada, com relação à isolação, antes e após uma limpeza técnica. Caso as
características originais da placa venham a ser recuperadas, caberá à Gerência
responsável decidir se poderá ser recolocada em operação ou não devido ao risco
implícito de reincidência ou contaminação por umidade ao longo do tempo. Para
medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor
da emissividade para depósitos carbonizados, bem como para placas de fibra de vidro,
pode variar de 0,85 a 0,95. Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR
SC‐2000. Lente: 24°.

Anotações:
MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 479
CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

O modelo apresentado é ilustrativo lante, podemos considerar que ela é com‐


e não se aprofunda em detalhes de cálculo posta de uma infinidade de resistores idênti‐
matemático e procedimentos metodológi‐ cos, ou equivalentes, que formam a Figura
cos. No entanto, é suficiente para a compre‐ 6.82 (malha de alta impedância para cumprir
ensão da anomalia térmica em questão. En‐ a função de isolamento, como pode ser
tão, e na descrição teórica de uma placa iso‐ visto). Nesta simulação, não foram conside‐
rados resistores nas diagonais.

Figura 6.82 – Simulação resistiva de uma placa isolante em bom estado.

A ocorrência de um ponto locali‐ menor dessa malha a fim de ser possível fa‐
zado de aquecimento em uma placa iso‐ zer análise térmica simplificada desta ocor‐
lante, e a rigor em qualquer superfície iso‐ rência. A Figura 6.84 apresenta essa secção
lante, implica em que, naquele local especí‐ reduzida da malha de uma superfície iso‐
fico, há uma potência maior sendo dissipada, lante em bom estado e o Termograma res‐
como pode ser ilustrado na Figura 6.83. Para pectivo mostra uma distribuição térmica uni‐
que isso seja possível, é necessário que haja forme dos resistores quando é aplicada uma
uma queda de tensão maior aplicada sobre corrente constante entre Fase e Neutro ou
este local específico ou uma corrente maior. Fase‐Fase. Os resistores empregados, apesar
Para fins de simulação, será isolada uma área de terem o mesmo valor nominal, possuem

480 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

uma tolerância de fabricação de 5% que deverá ser considerada na avaliação das variações
térmicas resultantes.

Figura 6.83 – Simulação térmica resistiva de uma placa isolante com anomalia.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 481


CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

Figura 6.84 – Simulação resistiva de uma secção de uma placa isolante em bom estado.

Em um primeiro momento, e para como se pode observar no Termograma cor‐


que haja um local específico com um aqueci‐ respondente, o aquecimento dissipado em
mento maior, deve haver um caminho prefe‐ todo o caminho é uniforme (dentro das vari‐
rencial, com uma impedância menor para a ações de fabricação). Notar também que,
corrente elétrica, de tal forma que a baixa re‐ devido à existência de um caminho de me‐
sistência nesse local possa dissipar uma po‐ nor resistência, todos os demais resistores
tência maior que seus adjacentes. diminuem suas temperaturas de tal forma
que a potência total continue a mesma.
Nesta simulação, o caminho da cor‐
rente está apresentado na Figura 6.85 e,

Anotações:

482 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

Figura 6.85 – Caminho de menor impedância na secção da malha uniforme.

Deve ser observado também, e de ção de correntes se altere de maneira signi‐


forma contra intuitiva, que a simples inser‐ ficativa, mas não gerará uma anomalia tér‐
ção de um componente com resistência mica pontual como era de se esperar. A
baixa nessa malha fará com que a distribui‐ Figura 6.86 ilustra esse efeito.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 483


CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

Figura 6.86 – Resistência menor em caminho de corrente.

O Termograma da Figura 6.86 de‐ apresente um sobreaquecimento, por apre‐


monstra que a simples inserção de uma re‐ sentar uma falha de fabricação ou contami‐
sistência de menor valor no caminho de cor‐ nação/deposição de uma poluente, é neces‐
rente, em uma malha de resistências, não sário que, dentro da própria área afetada, e
gera um ponto de aquecimento. Pelo contrá‐ ainda no caminho das menores resistências,
rio, a divisão de correntes através dos de‐ haja uma variação de resistências de tal
mais resistores em série‐paralelo redistribui forma que a queda de tensão entre esses
as potências dissipadas de tal forma que o elementos equivalentes dissipe uma potên‐
resistor de menor valor diminui a sua tempe‐ cia maior que os elementos adjacentes.
ratura em relação aos demais. Da mesma Nesta simulação, este efeito pode ser conse‐
forma, os resistores aumentam a sua tempe‐ guido se forem retirados alguns resistores de
ratura relativa. maneira que uma célula então possua um
componente em série em seu interior. Isso
Para que seja possível que uma de‐
pode ser verificado na simulação da Figura
terminada área em uma superfície isolante

484 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

6.87. Nessa opção de montagem, deve ser baixo isolamento, ou baixa resistência, que
observado que todos os resistores, à exce‐ encontra no seu trajeto uma região ou ponto
ção dos presentes no caminho de corrente, de novamente alta resistência e, por conse‐
continuam com 220Ω e apenas neste cami‐ guinte, com maior emissão de potência que
nho é inserido um resistor de 220Ω em série os componentes adjacentes.
com os demais de 47Ω. O efeito assim pro‐
duzido é justamente o de um caminho de

Figura 6.87 – Resistência maior em caminho de corrente.

Isso eventualmente explica por que todo o isolador. Já nos casos em que há uma
alguns isoladores em operação e cobertos de região aquecida, circundada por áreas adja‐
poluentes não apresentam pontos definidos centes mais frias, é razoável levantar a sus‐
de aquecimento; a potência dissipada é peita de que, de todo o isolador ou chapa
baixa, mas uniformemente distribuída por isolante, a área aquecida é ainda a área em
MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 485
CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

melhores condições de isolação. De forma estado. É interessante observar ainda que os


semelhante, e apesar de estar inserido em resistores superiores nesta simulação tam‐
uma malha de resistores, o efeito é muito si‐ bém reduzem suas temperaturas, já que a
milar ao de um circuito em série onde ape‐ maior parte da potência disponível está
nas um dos elementos se encontra em bom sendo dissipada no resistor mais abaixo.

Figura 6.88 – Resistor de Aquecimento em Painel MT.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura O caso é bastante similar ao do Estudo de Caso 9 – Depósito de Poluente em Chapa
6.88
Isolante, diferindo apenas em que ainda não há depósito de poluente suficiente para que
haja uma alteração significativa na resistência ôhmica superficial a ponto de criar um
aquecimento específico. De qualquer forma, já é possível perceber a contaminação em
andamento na luz visível. A providência de manutenção recomendada é a modificação de
posição do resistor a fim de que não continue a comprometer a integridade da chapa
isolante. Eventualmente a chapa poderá ser retirada de operação e testada, com relação
à isolação, antes e após uma limpeza técnica. Caso as características de isolamento da
placa não estejam comprometidas, caberá à Gerência responsável decidir se poderá ser
recolocada em operação ou não devido ao risco implícito de reincidência ou
contaminação por umidade ao longo do tempo. Para medições radiométricas em
7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da emissividade para
depósitos carbonizados, bem como para placas de fibra de vidro, pode variar de 0,85 a
0,95. Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Análise de Consistência: alguns ti‐ dele e carregue poluentes que se deposita‐


pos de montagem incluem resistores de rão nas chapas, comprometendo suas carac‐
aquecimento para evitar a condensação de terísticas de isolamento. Em alguns casos, há
umidade no cubículo. Quando esses resisto‐ emendas de barramento no cubículo adja‐
res são colocados abaixo das chapas isolan‐ cente o que, por condução, transmite calor
tes, é possível que o ar aquecido por convec‐ às chapas. Outros aquecimentos podem in‐
ção aqueça a região imediatamente acima dicar fuga de corrente inadmissíveis entre
Fases ou para a Terra. Problemas desse tipo
486 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS
CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

podem ter início por depósito de contami‐ deveriam desligar automaticamente ao atin‐
nantes, falha de fabricação ou esforços me‐ girem a temperatura desejada, ajustada em
cânicos. um termostato.
Recomendações de Intervenção: o
critério técnico para chapas separadoras que
apresentam anomalias térmicas indicativas
de baixo isolamento é a substituição. Even‐
tualmente, e em situações emergenciais, po‐
derão ser limpas e submetidas a tratamento
térmico desde que os testes de isolamento
pré e pós‐intervenção indiquem que pode‐
rão suportar a tensão de trabalho, ainda que Figura 6.89 – Resistores de painel BT E MT.
temporariamente. No entanto, deve ser
lembrado que mesmo que possam ser secas Descrição Térmica: resistores para aqueci‐
e recuperem a sua rigidez dielétrica inicial, mento de painéis trabalham em temperatu‐
ou aceitável, não há como garantir o seu es‐ ras muito altas, da ordem de 200 °C até, em
tado interno. alguns casos, 500 ou 600 °C, chegando ao ru‐
bro. Sua alimentação pode vir da baixa ten‐
6.7 RESISTORES DE PAINEL BT E MT
são da rede industrial ou serem conectados
a TP’s no caso de Painéis de MT. Normal‐
Descrição Técnica: resistores de aqueci‐ mente estão situados em posições baixas e
mento são utilizados no aquecimento in‐ nem sempre facilmente localizáveis. Há tam‐
terno dos painéis de BT e MT para elevar o bém no mercado cabos‐resistores cuja fun‐
ponto de condensação em locais sujeitos a ção é a mesma dos resistores de aqueci‐
altas umidades relativas do ar. Normalmente mento, mas que operam a temperaturas
mais baixas.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 487


CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

Exemplos:

Figura 6.90 – Painel BT, resistor de aquecimento oculto por fiação em régua de bornes.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Um Inspetor menos treinado poderá enfrentar dificuldades em diferenciar que não são
6.90
os condutores que estão aquecidos, mas sim o resistor atrás. Esse é um erro comum que
pode acontecer devido a que no infravermelho utilizando apenas uma lente não temos o
efeito paralaxe que determinaria a distância do foco térmico. O teste de consistência com
a observação cuidadosa de até onde se observa o aquecimento, bem como a oscilação
das câmeras em relação ao objeto de interesse podem revelar facilmente que se trata de
um comportamento normal ou aceitável e não uma anomalia térmica. Nestes casos,
medições radiométricas só se aplicarão para avaliação da temperatura do resistor. Como
o painel está oculto, para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à
temperatura ambiente, o valor da emissividade para resistores, supostamente
severamente oxidados, pode variar de 0,85 a 0,95. Software: ThermoCom IRAnalyzer.
Câmera: ThermoCom V348S, Lente: 22°.

Figura 6.91 – Aquecimento em Painel gerando reflexos e aquecimento no isolador.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Embora não seja uma Anomalia em si, Resistores de Painel podem causar reflexos que,
6.91
eventualmente, podem ser confundidos com Anomalias ou causar distribuições térmicas
anômalas. No caso, as duas possibilidades podem ser observadas: um reflexo na barra de
aterramento na parede posterior do painel e a base do isolador aquecida. É importante

488 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

destacar que, sem uma observação meticulosa e um ajuste exato da câmera, pode‐se
achar, em uma análise superficial, que o reflexo está na barra da Fase do Meio, o que é
incorreto. Da mesma forma, a imagem térmica da direita apresenta outro ajuste de
amplitude térmica e paleta de cor que evidencia claramente o aquecimento por corrente
de convecção, proveniente do resistor. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de
3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da emissividade para resistores severamente
oxidados, mesmo visíveis através de grades, pode variar de 0,85 a 0,95. Software: FLIR
ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Figura 6.92 – Aquecimento em bucha de passagem de Painel MT por Convecção.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Quando a atividade é uma Inspeção em instalações elétricas, é procedimento usual o
6.92
Inspetor focar apenas nos componentes elétricos e seguir o caminho de potência nos
componentes inspecionados, a saber, barramentos, conexões, cablagens, buchas de
passagem e assim por diante. Ao descobrir uma bucha de passagem com uma distribuição
térmica anômala, é sempre um bom procedimento verificar eventuais fontes de calor
externas que possam estar influenciando na variação detectada. No caso apresentado,
caso o Inspetor não verificasse o ambiente onde a bucha de passagem estava inserida,
poderia facilmente considerá‐la defeituosa e reportá‐la como necessitando de
intervenção. Uma intervenção indevida em uma bucha de média tensão exige
desligamento, mão de obra muitas vezes especializada e/ou terceirizada, material e
muitas vezes produção perdida. Esse é o custo de um diagnóstico mal feito. Como pode
ser visto, o aquecimento presente na bucha de passagem era residual e causado pelas
correntes de convecção do resistor de aquecimento do painel quando estava ligado.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 489


CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

FIGURA COMENTÁRIOS

Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o


valor da emissividade para placas de fibra de vidro pode variar de 0,85 a 0,95. Software:
FLIR Image Builder 5.0, FLIR ThermaCam Researcher 2.10, Câmera: SC2000. Lente: 24°.

Anotações:

490 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

Figura 6.93 – Cabo‐Resistor para Aquecimento em Painel BT.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Em alguns casos, produtos recentes introduzidos pelo mercado e desconhecidos do
6.93
Inspetor podem levar a erros de diagnóstico. No caso, o resistor de aquecimento foge do
formato tradicional e fica apenas como um cabo‐resistor. Colocado no fundo dos painéis,
preenche a mesma função dos resistores tradicionais, eventualmente por um custo
menor. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura
ambiente, o valor da emissividade para esse tipo de cabo‐resistor dependerá do
revestimento. Para revestimentos em silicone, pode variar de 0,85 a 0,95. Software: FLIR
ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Figura 6.94 – Resistor de aquecimento de painel instalado de forma incorreta.

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 491


CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 6.94 A função de evitar a condensação em painéis elétricos não pode pôr em risco a segurança
operacional. Resistores de aquecimento devem ser posicionados de forma a não
comprometerem os demais componentes em um painel. No caso do Termograma, a
instalação abaixo da canaleta de cabos elevava a sua temperatura muito acima do limite
de 70 °C da fiação dentro da canaleta. Apesar de não ter origem em nenhuma anomalia
elétrica, o caso foi classificado como de urgência para que as devidas providências fossem
tomadas o mais rapidamente possível. No caso, a canaleta foi aberta para verificar o
estado dos cabos, sendo que alguns deles já apresentavam sinais de carbonização. O
resistor foi reposicionado e os cabos substituídos. Para medições radiométricas em
7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da emissividade a ser utilizado
é o compatível com materiais termoplásticos, podendo variar de 0,85 a 0,95. Software:
FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Análise de Consistência: antes de contra a Terra. Por sua vez, cabos‐resistores


qualquer Inspeção Termográfica em painéis deverão aquecer uniformemente e não ofe‐
elétricos de baixa ou média tensão, caso ins‐ recer riscos aos demais componentes do pai‐
talados, os resistores de aquecimento deve‐ nel.
rão ser desligados com pelo menos 25 minu‐ Ajustes da Câmera: quando se efe‐
tos de antecedência. Esse tempo mínimo de‐ tua uma Inspeção Termográfica em um pai‐
verá permitir que resfriem a ponto de não nel elétrico onde está instalado um resistor
prejudicar a formação de imagens térmicas de aquecimento já desligado, não há provi‐
dentro do painel. No entanto, nem sempre dências especiais a serem tomadas. Nos ca‐
esse é um procedimento adotado pelas em‐ sos em que o resistor permanece ligado, o
presas e, como consequência, a Inspeção ajuste da câmera deverá ser efetuado para a
dos painéis elétricos pode ficar bastante pre‐ temperatura ambiente do painel, SEM levar
judicada. Isso se deve a que são fontes de al‐ em consideração a temperatura do resistor.
tas temperaturas dentro de um painel fe‐ Isso porque se deve procurar outros efeitos
chado, gerando reflexos em qualquer com‐ térmicos proporcionais às cargas presentes
ponente de baixa emissividade e aquecendo nos circuitos, desconsiderando‐se os refle‐
outros componentes com a possibilidade de xos e aquecimentos causados pelo resistor.
gerar falsos positivos. Na Figura 6.94, pode‐ Nos casos em que esses aquecimentos com‐
se observar um caso comum em que a pri‐ prometam os componentes instalados no
meira impressão é de que a fiação esteja so‐ painel, por exemplo, sobreaquecimento de
breaquecida. No entanto, após uma obser‐
cabos, canaletas ou outros dispositivos, um
vação cuidadosa, percebe‐se que é apenas o
Termograma deverá ser realizado e os efei‐
efeito sombra dos cabos frios sobrepostos à
tos analisados em escritório técnico. O Ins‐
imagem térmica do resistor do painel ao petor deve ainda estar atento a se a eventual
fundo. Na Figura 6.92, o resistor aquece por temperatura dos resistores não ultrapassará
convecção a bucha de passagem separadora o alcance térmico de sua câmera e se a ex‐
entre cubículos, diminuindo o isolamento posição a essas temperaturas poderá ou não

492 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

prejudicar o seu sensor. Em caso de dúvida, componentes não sejam prejudicados. Os


o fabricante deverá ser consultado sobre os componentes prejudicados deverão sofrer
procedimentos de segurança a serem obser‐ manutenção adequada conforme cada situ‐
vados. ação encontrada. Cabos resistores encontra‐
dos sobreaquecidos poderão fechar um
Recomendações de Intervenção:
curto contra a Terra e, se frios, poderão estar
nos casos em que os resistores estiverem
defeituosos ou desligados. Nos casos de so‐
afetando outros componentes ativos dentro
breaquecimento, deverão ser substituídos e,
do painel, uma nova localização deverá ser
quando frios e corretamente conectados e
estudada para que o efeito de aumento do
energizados, estarão defeituosos devendo
ponto de condensação seja mantido e os
ser substituídos.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 493


CAPÍTULO VI – TERMOGRAMAS REGISTROS MEDIÇÕES E ANÁLISES TÉRMICAS

Anotações:

494 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VII

Subestações Internas e Componentes


em Baixa Tensão
CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS – COMPONENTES BAIXA TENSÃO

7.1 ELETROCALHAS OU LEITOS DE CALHA talação além de oferecerem fácil manuten‐


ção e Inspeção Visual, permitindo a visuali‐
zação de toda a linha de distribuição elétrica.
Atualmente existem leitos de calha com gra‐
des ao invés de chapas, o que melhora ainda
mais tanto a ventilação como a Inspeção por
infravermelho.
Descrição Térmica: eletrocalhas ou leitos de
calhas em si não devem apresentar sobrea‐
quecimentos, uma vez que são elementos de
acomodação, organização e suporte mecâ‐
Figura 7.1 – Leitos de calha. nico de cablagens. Não há e não deve haver
circulação de correntes elétricas e nem
Descrição Técnica: eletrocalhas são ainda aquecimentos. Caso detectados, aqueci‐
utilizadas para sustentar e conduzir os cabos mentos nas calhas em si podem ser causados
de potência desde sua origem até seu por três motivos: condução devido à carga
destino. Os Leitos para cabos são utilizados normal dos cabos, indução ou fugas de cor‐
quando é necessária a distribuição de gran‐ rentes. Estes dois últimos não devem ser
des quantidades de circuitos dissipando suas confundidos com o aquecimento causado
perdas resistivas por serem ventilados por pelas correntes de carga que passam nos ca‐
convecção natural ao longo do percurso. Por bos apoiados nos leitos.
serem aparentes, proporcionam rápida ins‐ Exemplos:

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 497


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

Figura 7.2 – Aquecimento em eletrocalha por fuga de corrente de origem desconhecida.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 7.2 Os dois Termogramas estão bem ajustados e bem focados. O aquecimento foi
detectado em mais de uma ocasião, sendo que as imagens apresentam o seu estado
com cinco anos de diferença. Como as calhas continham um número razoável de
circuitos trifásicos e praticamente todos os circuitos eram de instalações críticas, que
só poderiam ser desligadas de madrugada, e mesmo assim só em algumas épocas do
ano, a busca pela origem do aquecimento foi abandonada. O processo de triagem
implicaria no desligamento de cada circuito da calha por um tempo suficiente para que
o aquecimento, monitorado por um Termovisor, diminuísse. Caso não fosse detectada
nenhuma redução na temperatura, outro circuito deveria ser testado e assim
sucessivamente. Outro método considerando carga constante, seria a leitura de
corrente na saída de cada circuito e na sua chegada. Diferenças de leitura indicariam
qual circuito estava a fuga de corrente. Havia ainda a possibilidade de introdução de
um sinal de corrente contínua que poderia ser detectado no ponto de fuga. A Segurança
do Trabalho incluiu placas com alertas de toque na eletrocalha por não ter como saber
onde estava a fonte e nem qual a diferença de potencial envolvida. Após esse período
tempo, e mais de uma Gerência ocupando a função de manutenção, não houve
informação se houve algum problema intermitente ou se houve alguma ocorrência
relacionada a este aquecimento. Riscos de curto Fase‐Terra e Fase‐Fase com eventual
incêndio da cablagem permaneciam inalterados na última Inspeção. Para medições
radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da
emissividade para chapas galvanizadas é muito baixo. No entanto, como se trata de
uma fresta, valores entre 0,65 e 0,8 podem fornecer resultados confiáveis. É importante
que a emissividade utilizada na continuidade seja sempre a mesma para que possa
haver um parâmetro de comparação. Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000.
Câmeras: FLIR SC‐2000, Lente: 24° e FLIR SC‐660, Lente: 24°.

Anotações:

498 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

Figura 7.3 – Aquecimento por corrente de fuga Fase T Terra em parafuso de fixação.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 7.3 O Termograma é também bastante similar ao anterior (Figura 7.2), apenas que no
primeiro a fuga era pela solda e no segundo por um parafuso de fixação. As mesmas
considerações para a detecção da origem do aquecimento, das condições de segurança
e dos riscos implícitos também se aplicam. Da mesma forma, as consequências da não
intervenção e as soluções são as mesmas. O "*" ao lado da leitura de temperatura indica
que a faixa térmica ajustada na câmera, que era de ‐40 a 80 °C, foi ultrapassada. Para
medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor
da emissividade para tintas a óleo pode variar de 0,90 a 0,95. Software: FLIR ThermaCAM
Researcher 2000 Pro. Câmera: FLIR AGEMA 550. Lente: 20°.

Figura 7.4 – Fixação de eletrocalha com parafuso sobreaquecido.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 7.4 O caso é ilustrativo de como as correntes podem se dividir de forma imprevisível quando
há algum tipo de fuga ou indução em uma eletrocalha. O parafuso de fixação do
Termograma aparece aquecido e, na foto editada de controle na luz visível, é possível
identificar que se trata de uma dobra da lateral de uma eletrocalha que está afixada neste
batente. Dessa forma, a origem do aquecimento só deverá ser resolvida, provavelmente,
quando for efetuado o desligamento sequencial dos circuitos que passam pela calha.
Quando o circuito com fuga for desligado, o aquecimento deverá desaparecer.
Eventualmente essa estratégia ainda poderá não resolver completamente a origem caso
ocorra apenas uma diminuição na temperatura medida. Isso significará que há mais de

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 499


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

FIGURA COMENTÁRIOS
um circuito contribuindo para o aquecimento. Em uma última hipótese, todos os circuitos
poderão ser desligados e o aquecimento não desaparecer. Neste caso, isso significará que
a causa do aquecimento é proveniente de outra fuga, em outro local, que não esta
eletrocalha. No entanto, somente o teste de campo acompanhado por um Termovisor
poderá confirmar que a anomalia foi sanada. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm
ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da emissividade para um parafuso
zincado é muito baixo. Dessa forma, será necessário utilizar a emissividade das frestas
entre o parafuso de fixação e a lateral da calha, aproveitando o fato de que o batente é
pintado a óleo. Assim, e dentro dessas limitações, podem‐se usar valores entre 0,65 a
0,85. Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Figura 7.5 – Parafuso de emenda de calha aquecendo por fuga em cabo no leito.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 7.5 A eletrocalha do Termograma apresenta uma anomalia semelhante aos dois casos
anteriores (Figura 7.3 e Figura 7.4). No entanto, aqui o aquecimento se dá no parafuso de
junção entre duas secções contíguas da eletrocalha. Além de qualquer aquecimento em
eletrocalhas em si não ser admissível, as causas desse aquecimento podem incluir fuga
de corrente pelo isolamento de algum cabo, a indução de correntes parasitas por
desequilíbrio de corrente em algum cabo e, remotamente, passagem de calor por
condução causado pelo parafuso estar em contato físico com algum cabo aquecido no
interior da calha. Por motivos de segurança, o toque nessa estrutura deve ser proibido
enquanto houver circuitos energizados. Da mesma forma que descrito nos casos
anteriores, a pesquisa da origem do aquecimento deve ser feita com critério, já que há
ainda o risco de um curto franco à Terra caso a origem seja um baixo isolamento e não
seja localizado e corrigido a tempo. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de
3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da emissividade para tintas a óleo pode variar
de 0,90 a 0,95. Software: FLIR ThermaCAM Researcher 2000 Pro. Câmera: FLIR AGEMA
550. Lente: 20°.

Anotações:

500 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

Figura 7.6 – Cabo com quebra interna ou fuga por rompimento do isolamento.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 7.6 Apesar de não ser um problema em uma eletrocalha em si, o Termograma apresenta um
aquecimento cuja origem só poderá ser confirmada após o desligamento e Inspeção
Visual cuidadosa. O aquecimento detectado pode ser causado por uma quebra interna
nos tentos do cabo e/ou uma fuga de corrente para a carcaça da eletrocalha pelo
rompimento do termoplástico isolante durante a instalação. Na falta de intervenção de
manutenção adequada e rápida, o pior cenário inclui um curto para a Terra com eventual
incêndio da cablagem, caso a proteção não atue no tempo correto. Em qualquer das
opções de causa, a solução será a substituição do cabo danificado. Para medições
radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da
emissividade para termoplásticos pode variar de 0,85 a 0,94. Software: FLIR ThermaCAM
Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Figura 7.7 – Aquecimento por circulação de corrente em tirante de eletrocalhas.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 7.7 O Termograma, bem focado e bem enquadrado, utiliza uma Amplitude Térmica de
apenas 2.7 °C para localizar esta Anomalia. O Inspetor que não for adequadamente
treinado e não souber ajustar sua câmera corretamente, muito provavelmente deixará
esta Anomalia passar despercebida. O ajuste da câmera, que varia de local para local, é
fundamental na localização de distribuições térmicas excepcionais e que podem
impactar severamente uma instalação elétrica. Neste caso, bem como nos anteriores,
há poucas opções de causa para este aquecimento: ou há uma corrente de fuga através
MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 501
CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

FIGURA COMENTÁRIOS
de um isolamento de um cabo, ou há indução de correntes parasitas que circulam pelo
tirante. Os procedimentos de intervenção e segurança operacional já foram
apresentados nos exemplos anteriores. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou
de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da emissividade para parafusos zincados
tende a ser muito baixa. Como atenuante adicional, poluente atmosférico ou fabril pode
facilmente ser depositado sobre os fios de rosca, desde que não seja nova, aumentando
a emissividade do parafuso. Além do mais, parafusos e porcas possuem frestas que
aumentam a emissividade. Considerando esses fatores, a emissividade de um tirante
com porca pode variar de 0,65 a 0,85. Software: FLIR Researcher PRO 2.10. Câmera:
FLIR SC‐660. Lente: 24°.

Figura 7.8 – Ponto Incandescente em contato de calha com painel.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 7.8 O Termograma apresenta um curto‐circuito em progresso no ponto de contato de uma
bandeja de cabos com a lateral de um painel de banco de capacitores. Devido à alta tem‐
peratura de um único ponto em toda a imagem térmica, a única solução para registrá‐lo
foi empregar a fusão de imagem para localizar a anomalia. Se fosse mantida apenas a
imagem térmica, não haveria referência possível, conforme se pode ver ao lado. Um curto
circuito franco é algo perigoso que pode evoluir rápida e descontroladamente para uma
falha grave com risco de incêndio. No caso, a anomalia era mais grave ainda porque não
se sabia a origem da corrente. Poderia ser um cabo, um barramento, um para‐raios, enfim
qualquer componente que estivesse com fuga energizando a calha a ponto de suportar
uma corrente suficientemente intensa para gerar um ponto incandescente. A Gerência
da fábrica foi notificada imediatamente e iniciou os processos de desligamento de má‐

Anotações:

502 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

FIGURA COMENTÁRIOS
quinas para pesquisa da origem da fuga de corrente. Lamentavelmente não houve infor‐
mação posterior sobre a origem
da corrente de fuga ou o que foi
encontrado na instalação. Para
medições radiométricas em
7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à tem‐
peratura ambiente, o valor da
emissividade para um ponto in‐
candescente foi arbitrado em
0,95. Software: FLIR ThermaCAM
Reporter PRO2000. Câmera: FLIR
AGEMA 550. Lente: 20°.

Figura 7.9 – Aquecimento em solda de perfil metálico em painel 380 V de navio.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 7.9 Termogramas bem focados e bem enquadrados. Instalações elétricas em navios possuem
uma característica diferenciada: todos os aterramentos devem ser excelentes, uma vez
que o todo o casco metálico do navio é o próprio Terra das instalações. No entanto, isso
não significa que não existam fugas de energia e que circulem de forma aleatória pelo seu
casco. Nesse caso específico, e dentro de um painel de distribuição elétrica, um perfil
metálico apresentou aquecimento em sua solda com a carcaça do navio. As possibilidades
são aquecimento por correntes parasitas ou fuga de corrente. A complexidade da

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 503


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

FIGURA COMENTÁRIOS
localização da origem desta Anomalia pode ser grande, uma vez que, no caso de fuga de
corrente, todo o painel pode estar energizado e apenas este ponto apresente impedância
suficiente para manter a diferença de potencial necessária para gerar um aquecimento.
Deve ser observado que não há circuitos de potência neste vão com desequilíbrio, ou erro
de montagem, passíveis de criar esse aquecimento. A localização da origem da corrente
pode começar com a instalação de um alicate amperímetro neste perfil e, através do
desligamento sucessivo de circuitos, aquele que diminuir ou extinguir a corrente, será o
responsável pela fuga de corrente. Os demais Termogramas apresentam soldas de perfis
metálicos no mesmo painel e que não apresentavam aquecimento. Para medições
radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da
emissividade para tintas a óleo pode variar de 0,85 a 0,94. Software: FLIR ThermaCAM
Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Análise de Consistência: sobrea‐ intervenções mencionadas no Item 8.5 (Ca‐


quecimentos pontuais em locais passivos, bos) deste Manual. Nos casos como os das
onde não deve haver circulação de corrente, Figuras apresentadas, a causa dos aqueci‐
tem de ter suas causas investigadas criterio‐ mentos são fugas de corrente ou indução.
samente, uma vez que, se forem devidas a Para que haja aquecimento por indução, é
fugas de corrente, podem implicar em risco necessário que haja uma disposição incor‐
de morte para operadores. Além disso, po‐ reta de cabos ou uma divisão de cabos de um
dem causar incêndios em canaletas e eletro‐ mesmo circuito trifásico por outro caminho
calhas. Tais Anomalias ou Pontos Quentes que não dentro da mesma eletrocalha. Para
quando ocorrem em calhas têm suas causas solucionar esse problema, deverá ser verifi‐
mais prováveis em fugas de corrente pelo cada cuidadosamente a distribuição de ca‐
isolamento de algum cabo ou isolador de bos em cada calha e providenciado que os
barramento. Eventualmente pode também mesmos cabos de todos os circuitos sejam
acontecer indução causada por correntes conduzidos dentro da mesma eletrocalha.
parasitas em calhas que não estão devida‐ Para verificar essa condição, é necessário,
mente aterradas, possuem cabos com dese‐ em muitos casos, percorrer toda a extensão
quilíbrio de corrente significativo ou ainda da calha, para confirmar que a instalação
cabos e circuitos com erros de montagem. está correta e que a saída e chegada de cada
Assim, distribuições térmicas anômalas, ou circuito ocorrem dentro de uma mesma ca‐
em que não seja possível identificar a causa, lha. Nos casos de aquecimentos nas cone‐
devem ser pesquisadas levando em conside‐ xões de diversas seções das calhas, ou nas fi‐
ração as possibilidades, com especial aten‐ xações com a Terra, deverá ser investigada
ção a possíveis fugas de corrente. uma possível falha de isolamento. Isso pode
ser feito de diversas maneiras e a opção mais
Recomendações de Intervenção:
os problemas detectados em leitos de calha adequada deverá ser escolhida pela Gerên‐
cia responsável porque em alguns casos será
e que se referirem a cabos deverão sofrer as
necessário o desligamento dos circuitos com

504 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

a consequente parada de máquina. As op‐ qual apresenta uma diminuição de valo‐


ções de solução mais frequentes, lembrando res desproporcional causada pela fuga de
sempre que as condições de segurança hu‐ corrente;
mana e operacional devem sempre vir em 6. Eventualmente a corrente de fuga poderá
primeiro lugar, são: produzir ruído audível ou faiscamento.
1. Pesquisa de corrente de fuga por cente‐ Nesses casos, e se possível, ausculta
lhamento com rádio frequência. Nessa atenta e escurecimento da sala poderão
opção, pode‐se utilizar um receptor ana‐ ajudar na localização do local de fuga.
lógico de rádio, sintonizado na faixa de
Amplitude Modulada, em uma região em 7.2 BARRAMENTOS BT SUSPENSOS E
que não haja nenhuma estação transmi‐ BLINDADOS
tindo e percorrer a calha em busca de ru‐
ído de centelhamento. Uma vez locali‐
zado o local, deve‐se inspecionar visual‐
mente o conteúdo da calha sem tocar nos
cabos, uma vez que a condição de isola‐
mento é desconhecida. O risco implícito
ao manuseio ou pesquisa insegura é de
um curto‐circuito com riscos à saúde e in‐
tegridade do técnico. Uma vez localizada
a fuga, é necessário um desligamento
Figura 7.10 – Barramentos suspensos.
para a substituição dos cabos danificados;
2. Busca por ultrassom do eventual cente‐ Descrição Técnica: barramentos suspensos
lhamento. Uma vez localizado, procede‐ fazem parte da distribuição de energia em
se como descrito na opção “1”. No en‐ instalações industriais. Estendem‐se, muitas
tanto, a opção por ultrassom é restrita à vezes, por centenas de metros, alimentando
visada direta do local inspecionado; cargas de todos os tipos. Contém as barras
3. Caso seja possível, ou em uma parada das três Fases, o neutro e, em muitos casos,
programada, deve‐se ir desligando suces‐ cabos de aterramento ao longo de toda a
sivamente os circuitos que passam pela estrutura.
calha com fuga e, com o auxílio de um Descrição Térmica: salvo os casos de
Termovisor, ir verificando simultanea‐ barramentos dedicados, em circuitos de
mente qual desligamento faz com que a altos‐fornos, por exemplo, os barramentos
Anomalia desapareça ou diminua sensível suspensos ou blindados podem apresentar
e imediatamente a sua temperatura; algum aquecimento mais próximo às suas
4. Substituir a cablagem temporariamente fontes ou subestações devido à própria dis‐
de cada circuito para verificação de extin‐ tribuição de cargas. Gradualmente, ao longo
ção do ponto quente; de seu caminho, é esperado que os barra‐
mentos distribuam a corrente que carregam
5. Medição precisa das correntes de saída e
chegada em cada circuito para verificar
MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 505
CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

e sua temperatura absoluta vá diminuindo. Emendas são um ponto fraco que deve ser analisado
cuidadosamente, assim como cofres de descida e manobra.
Exemplos:

Figura 7.11– Distribuição térmica irregular em barramento e cofre.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Termogramas bem focados e bem enquadrados. Os dois casos estão relacionados, pois
7.11
ambos são relativos a conexões em barramentos blindados. O caso superior da esquerda
refere‐se a uma conexão em 90° encapsulada. No entanto, pelas próprias frestas do
barramento logo abaixo da curva de 90° e na continuidade superior, é possível verificar
que a temperatura do barramento sujeito apenas à própria carga é menos do que a
apresentada pela conexão. Ao chegar à conexão em 90°, há um sobreaquecimento de
aproximadamente 11°, muito provavelmente gerado por algum mau contato interno.
Como não é possível uma visada direta das conexões, o diagnóstico deve ser baseado
apenas na compreensão de como tal aquecimento pode ser causado. Deve ser
considerado ainda que a temperatura lida é uma somatória das correntes de convecção
provenientes do barramento abaixo e do eventual mau contato em alguma, ou em todas,
as barras. A intervenção de manutenção deve iniciar‐se com uma Inspeção Visual
cuidadosa e posterior medida de resistência ôhmica entre as duas barras que se conectam
em 90°. Esses valores servirão de referência para medições pós‐manutenção que
garantirão a eficácia da intervenção. Após, procedimentos padrão: desmonte, limpeza,
tratamento de superfície, se necessário, fechamento e reaperto com torquímetro. Caso

506 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

FIGURA COMENTÁRIOS
haja sinais de corrosão, deve‐se avaliar a substituição do trecho de barramento envolvido.
Já o caso inferior da direita implica em alguma deficiência de contato entre o cofre de
distribuição e o barramento blindado. Os procedimentos de intervenção são os já citados.
Em ambos os casos, os riscos implícitos, no caso de não detecção e intervenção a tempo,
são de sobreaquecimento severo e eventual curto‐circuito entre Fases. Para medições
radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da
emissividade para tintas a óleo com as quais esses barramentos são usualmente pintados
pode variar de 0,85 a 0,94. Casos em que não sejam pintados, deverão ser estudados
individualmente. Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmeras: FLIR SC‐2000
e AGEMA 550. Lentes: 24° e 22°.

Figura 7.12 – Caixa de emenda de barramento blindado BT suspenso, fechada e aberta.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Os dois Termogramas apresentam a mesma emenda enclausurada de um barramento BT
7.12
antes e depois de sua abertura. No Termograma da esquerda, é possível observar dois
focos principais de aquecimento: uma mais à esquerda, no barramento em si, e outra
acima da caixa de ligação. A temperatura maior na parte superior da caixa de ligação pode
ser atribuída à corrente de convecção adicionada à radiação de alguma emenda interna
aquecida. Já no aquecimento do barramento, é mais provável, dadas as dimensões
menores e proximidade das barras internas da parte superior do enclausuramento, que
a influência maior seja devido à radiação emitida, evidentemente que também com uma
parcela de convecção. Dadas as altas temperaturas encontradas e lidas na parte externa
do barramento, foi efetuado um desligamento imediato e a tampa da caixa de ligação foi
aberta para Inspeção. As temperaturas encontradas estão no Termograma da direita.
Deve ser observado que entre o desligamento e a abertura da tampa inferior houve pelo
menos 5 minutos de resfriamento enclausurado sujeito à Lei de Resfriamento de Newton
(Volume 1, Capítulo 2, Item 2.3.9). Pode‐se observar então, e como se verá em alguns
exemplos adiante, que temperaturas maiores e incompatíveis com o ambiente, com
formatos de distribuição anômala, tendem a representar aquecimentos graves em seu
interior (Ver Estudo de Caso 7: Anomalia Oculta em Painel 6.6 kV, neste Volume). Nesse
caso, as cordoalhas de emenda estavam severamente oxidadas e com os parafusos
frouxos e corroídos. Foi necessária a transferência de cargas para outro circuito para a
substituição dos trechos de barramento afetados. Quanto ao aquecimento no
barramento ao lado esquerdo da caixa de ligação, nenhuma anomalia foi mencionada

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 507


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

FIGURA COMENTÁRIOS
pela equipe de manutenção provavelmente devido à substituição do trecho de barra
completa. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura
ambiente, o valor da emissividade para tintas a óleo, utilizadas em pintura de
barramentos enclausurados, desde que não contenham partículas metálicas como o
alumínio, pode variar de 0,85 a 0,94. Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000.
Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Figura 7.13 – Barramento suspenso com mau contato na emenda da caixa de ligação.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 7.13 Termograma bem focado e bem enquadrado. Muitos designs de barramento
possuem ranhuras para ventilação e que permitem uma visualização parcial no
infravermelho do seu conteúdo interno. Dependendo da resolução espacial do
detector, da distância entre a câmera e o barramento, da óptica utilizada e ainda do
tamanho das frestas, é possível avaliar o estado interno das conexões. No entanto,
nem sempre será possível identificar com clareza qual a conexão ou até mesmo qual
Fase está sobreaquecida. Da mesma forma, poderão ocorrer erros de leitura devido
à dispersão da radiação causada pela fresta, isso considerando que a resolução
óptica e de medição são suficientes para esta leitura (Ver Item 4.5.2.3 no Volume 1).
Apesar destes fatores, e para fins de diagnóstico qualitativo, uma imagem Térmica
pode fornecer indícios suficientes para uma intervenção de manutenção. Além do
mais, mantidos os mesmos ajustes e câmera, é possível fazer um acompanhamento
periódico para estimar a taxa de variação ao longo do tempo e administrar um
eventual desligamento. A anomalia em si só poderá ser avaliada quando do
desligamento e abertura para Inspeção Visual. De qualquer maneira, os
procedimentos usuais de medição de resistência ôhmica, pré e pós‐manutenção,
Inspeção Visual cuidadosa, limpeza e tratamento de superfície, se necessário, e
reaperto com torquímetro são recomendados. A substituição dos componentes
pode ser, entretanto, mais rápida que todo esse trabalho, que deve ser efetuado por
pessoal habilitado em trabalho em altura. Para medições radiométricas em
7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da emissividade para
tintas a óleo pode variar de 0,85 a 0,94. Software: FLIR ThermaCAM Reporter
PRO2000. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

508 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

Figura 7.14– Barramento suspenso com mau contato na emenda interna.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Termograma bem focado e bem enquadrado. Este é um caso bastante similar ao anterior
7.14 com a diferença que a anomalia térmica interna se propagava para ambos os lados da
emenda interna. Alguns tipos de barramentos possuem a mesma cobertura para
emendas e para junção de chapas, o que dificulta a descoberta de quais são os locais onde
as emendas estão localizadas. Outro complicador é que nem sempre o layout fabril
permite que se consiga uma visada direta a 90°, abaixo do barramento, como no caso
anterior. Este é um fator que deve ser alertado à Gerência, pois a falta de ângulo poderá
encobrir uma anomalia que poderá evoluir para um curto‐circuito. Os procedimentos e
critérios aplicados são idênticos ao do caso anterior. Ainda neste caso, a instalação do
barramento era muito alta, em torno de 8 a 9 m de altura, obrigando a utilização de uma
teleobjetiva. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura
ambiente, o valor da emissividade para tintas a óleo pode variar de 0,85 a 0,94. Software:
FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 12°.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 509


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

Figura 7.15 – Barramento refrigerado a água em saída de alto forno com defeito interno.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Termograma bem focado e bem enquadrado embora a Amplitude Térmica não
7.15 discrimine adequadamente os objetos de contexto. Alguns barramentos de alta potência
em siderurgia, que podem chegar até a 100 kA na tensão de 150V, são refrigerados a
água aditivada principalmente em alto‐forno. Devido à refrigeração contínua, para que
um defeito por mau contato possa ser detectado externamente, a quantidade de calor
que ele gera tem de ser suficiente para aquecer o líquido refrigerante mais rapidamente
que seja substituído por outro mais frio no local da anomalia. Ainda mais que, no caso,
trata‐se do encabeçamento do barramento. É possível ainda perceber que a distribuição
térmica indica que o aquecimento está localizado na região inferior, ou seja: como o
líquido refrigerante está circulando, o aquecimento detectado não consegue subir por
convecção como seria de se esperar. A temperatura lida de 125 °C indica também que o
ponto de ebulição da água já foi ultrapassado. Isso significa que o aditivo utilizado não
deve permitir que esteja gerando pressão ou que o sistema todo trabalhe pressurizado.
No momento da Inspeção, o Assistente Técnico não tinha as informações disponíveis
sobre qual tipo de fluido de arrefecimento estava sendo utilizado e nem quais as suas
características operacionais de temperatura deste barramento. De qualquer maneira, é
necessário investigar devido à assimetria apresentada e à temperatura alcançada. A
comparação com outros encabeçamentos similares e em operação pode servir como
critério de urgência no atendimento. Lamentavelmente esses dados não estão mais
disponíveis para publicação. Com a falta de informações mais específicas, a
determinação da urgência no atendimento fica por conta da Gerência técnica
responsável de produção e/ou manutenção da planta. Os procedimentos de intervenção
são os usuais e já citados nos casos anteriores. Para medições radiométricas em
7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da emissividade para tintas a
óleo pode variar de 0,85 a 0,94. Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera:
FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Anotações:

510 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

Figura 7.16 – Parafuso externo aquecido em barramento BT de máquinas operatrizes.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Termograma bem focado e bem enquadrado. Amplitude Térmica correta. Em alguns
7.16
casos, uma Anomalia externa acaba por revelar estruturas internas que eram
desconhecidas. No caso, a causa permaneceria desconhecida até a abertura do
barramento. Antes da abertura, as hipóteses consideradas foram de fuga de corrente ou
indução, já que não era esperada nenhuma emenda de barramento com um parafuso
passante. Uma vez aberto o barramento, a descoberta foi justamente de uma conexão
frouxa cuja emenda apresentava um mau contato, na Fase do Meio, e que aquecia o
parafuso imediatamente acima. O fator decisivo na descoberta desta Anomalia foi o
ajuste correto da câmera e o critério de consistência utilizado pelo Inspetor. Para
medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor
da emissividade para tintas a óleo pode variar de 0,85 a 0,94. Software: FLIR ThermaCAM
Reporter PRO2000. Câmera: FLIR T‐300. Lente: 24°.

Análise de Consistência: distribui‐ sempre ser interpretadas pelo critério de


ções térmicas superficiais assimétricas e consistência térmica com o tipo e intensi‐
anômalas em barramentos suspensos, com dade da carga passante, ângulo, distância e
ou sem frestas para refrigeração, devem
MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 511
CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

montagem. Baixas temperaturas assimétri‐ 7.3 COFRES DE BARRAMENTO, CAIXAS


cas não devem ser ignoradas e, pelo contrá‐ DE LIGAÇÃO OU DISTRIBUIÇÃO
rio, devem ser avaliadas como tendo distân‐
cias internas de isolamento a ar que podem Descrição Técnica: um Cofre de Barramento,
atenuar significativamente as temperaturas Caixa de Ligação ou Distribuição, é uma caixa
absolutas ocorrendo dentro dos barramen‐ metálica que abriga componentes elétricos
tos. As associações mais comuns são mau para alimentação de determinada máquina
contato em emendas, derivações, fugas de ou subsetor a partir de um barramento
corrente por baixo isolamento ou até e even‐ suspenso. Normalmente usado em plantas
tualmente deficiências no dimensiona‐ fabris que sofrem mudanças frequentes de
mento. layout de produção.

Recomendações de Intervenção:
anomalias térmicas detectadas em barra‐
mentos suspensos deverão ser inspeciona‐
das visual e cuidadosamente antes da Ma‐
nutenção. Valores iniciais de resistência ôh‐
mica deverão ser anotados para posterior
comparação após a intervenção. Usual‐
mente são problemas de mau contato que
podem ser resolvidos pelo procedimento
padrão: desmonte, Inspeção Visual criteri‐
osa, medição de resistências de contato,
desmonte, limpeza e eventual retirada para
tratamento de superfície. Caso inviável,
substituição dos componentes. Em instala‐ Figura 7.17 – Cofre de barramento.

ções mais antigas ou em estado precário de


conservação, são possíveis fugas para a Descrição Térmica: cofres com equipamen‐
Terra devido a baixo isolamento ou queda tos internos corretamente dimensionados e
de resíduos sobre as barras. Nesses casos, em bom estado, não devem apresentar
se a Inspeção Visual não for conclusiva, aquecimentos assimétricos e anômalos ex‐
deve‐se testar o isolamento do barramento ternamente. Anomalias Térmica com um
contra a carcaça. Nos casos evidentes, subs‐ grau significativo de assimetria, mesmo
tituição e/ou limpeza deverão corrigir o com pequenos diferenciais de temperatura,
problema. devem ser pesquisadas, uma vez que po‐
dem indicar avaria em algum componente
interno. Caso o comportamento seja cons‐
tatado como normal ou aceitável, a exceção
deve ser anotada e registrada para evitar
futuros equívocos de diagnóstico.

512 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

Exemplos:

Figura 7.18 – Distribuição térmica externa assimétrica de cofre indicando anomalia interno.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Termogramas bem focados e bem enquadrados, com Amplitudes Térmicas corretas.
7.18 No caso, a detecção de uma possível anomalia veio tanto pela visualização de um
aquecimento através das frestas do enclausuramento do barramento como pela
assimetria na parede externa do cofre. Essa assimetria indicava que a Anomalia deveria
estar interna ao cofre e não no engaste com o barramento. Observar que a
temperatura detectada através das frestas e com o cofre fechado era razoavelmente
baixa, na ordem de 38 °C, para uma temperatura ambiente na faixa dos 25 °C. Uma vez
desligadas as máquinas e aberto o cofre, a temperatura observada na base fusível mais
aquecida, após o resfriamento entre o desligamento e a abertura, foi de 84 °C. A base
e o fusível foram substituídos e a Anomalia não foi mais detectada. É importante
observar que o primeiro Termograma foi capturado pelo lado oposto ao segundo,
como pode ser observado pelas flechas amarelas. Para medições radiométricas em
7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da emissividade para tintas
a óleo pode variar de 0,85 a 0,94. Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000.
Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 513


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

Figura 7.19 – Pequeno Delta de temperatura externa indicando Anomalia interna.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Termograma bem focado e bem enquadrado. A assimetria térmica marcada na lateral
7.19 superior deste cofre de alimentação de máquina identifica uma corrente de convecção
interna pelo menos 10 °C superior que a parte mais fria do próprio cofre. Este
comportamento indica a necessidade de abertura para Inspeção Visual interna, bem
como verificação do estado dos componentes com medições elétricas de corrente e
resistências, para determinar a existência ou não de um defeito. O fator preponderante
aqui não foi a temperatura razoavelmente baixa, que sempre é diferente da sua origem
devido ao isolamento térmico pelo ar, mas sim da assimetria da distribuição e de um
ponto de concentração. Caso o Inspetor não houvesse ajustado corretamente a câmera,
e não compreendesse o comportamento esperado dos componentes típicos desse tipo
de instalação, a Anomalia poderia facilmente passar despercebida. Não foi informado
pelo responsável pela manutenção da planta o estado encontrado, sendo que os
componentes internos foram substituídos e redimensionados. Na próxima Inspeção não
houve detecção de assimetria térmica. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou
de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da emissividade para tintas a óleo pode
variar de 0,85 a 0,94. Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR
AGEMA 550. Lente: 20°.

Figura 7.20 – Assimetria externa indicando problemas internos.

Anotações:
514 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS
CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Termograma bem focado e bem enquadrado. Caso semelhante ao anterior, devendo
7.20 ser notado que se a Anomalia interna fosse semelhante, eventualmente não seria
possível a detecção porque o aquecimento por convecção estaria situado na parte
superior do cofre. Cabe ao Inspetor ajustar a câmera para obter uma imagem que
possa ser corretamente interpretada, observando o contexto de cada situação:
ângulo de visada, distância até o objeto de interesse, condições de operação e assim
por diante. Neste caso ainda, o aquecimento no barramento pode ser causado por
condução da anomalia pelo barramento de cobre. Para medições radiométricas em
7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da emissividade para tintas
a óleo pode variar de 0,85 a 0,94. Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000.
Câmera: FLIR AGEMA 550. Lente: 20°.

7.3.1 ESTUDO DE CASO 10: Conexão em de “cofres” ou “painéis” de descida ou sim‐


Cofre Suspenso com Aquecimento plesmente de cofres, embora a nomencla‐
Severo
tura varie. Por serem equipamentos sem fá‐
A Inspeção em barramentos sus‐ cil acesso e sempre fechados, não permitem
pensos é crítica porque são equipamentos a visada direta de seus componentes. No en‐
de acesso remoto e ao mesmo tempo são vi‐ tanto, um Inspetor treinado e hábil saberá
tais para a produção. O fato de ficarem sus‐ discriminar entre distribuições térmicas anô‐
pensos implica em que as descidas para má‐ malas e indicar as intervenções estratégicas
quinas e barramentos têm de ser efetuadas necessárias.
por painéis simples, chamados usualmente

Figura 7.21 – Conexão de alimentação de barramento em cofre suspenso.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura O Termograma foi detectado devido a uma concentração de calor excessiva na parte
7.21 superior de um cofre de entrada de força, em um barramento suspenso.
Apresentando externamente uma temperatura na ordem de 90 °C, esta
excepcionalidade, para uma temperatura externa de um equipamento operando

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 515


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

FIGURA COMENTÁRIOS
normalmente, fez com que o Inspetor solicitasse a abertura imediata do cofre para
Inspeção remota. O pessoal da equipe de Manutenção Elétrica da fábrica, assessorado
pela segurança do trabalho, providenciou uma escada, uma vez que o cofre estava
instalado a mais de 5 metros de altura. Uma vez aberta a porta, a primeira imagem
térmica foi obtida com uma teleobjetiva de 10° e, na foto de controle na luz visível, a
área coberta pelo Termograma está demarcada em amarelo. Software: ThermaCAM
Researcher 2.10. Câmera: FLIR AGEMA 550. Lente: 10°.

Figura 7.22 – Foto em close da anomalia e cabos retirados.

Entre a detecção da anomalia, des‐ nimo um curto‐circuito Fase‐Terra com con‐


ligamento, manutenção e a nova partida da sequências imprevisíveis. Se o curto Fase‐
linha, foram gastos 5h 30 min. A evolução da Terra não ocorresse, o barramento ficaria
falha desta conexão até a falha não é calcu‐ sem uma Fase, causando eventualmente a
lável, porque eventualmente poderia soldar queima de motores até o desligamento das
e baixar a sua temperatura. No entanto, den‐ três Fases. Os custos de reparo para uma fa‐
tro de alguns ciclos de alta e baixa, evoluiria lha imprevisível deste tipo são, muitas vezes,
para uma falha (Ver Ciclo de Falha na Figura maiores que o custo de uma parada progra‐
1.14 ), seccionando o cabo e causando no mí‐ mada. A imagem térmica, após os reparos,
pode ser vista na 0.

Anotações:

516 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

Figura 7.23 – Termograma após reparo.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Após o reparo com corte das pontas de cabos e substituição dos componentes
7.23
danificados, o Termograma foi efetuado vinte minutos após terem sido energizadas todas
as cargas, sendo que 30% das máquinas ainda estavam em processo de partida. A
anomalia foi considerada sanada a contento. Observar que na Figura anterior a Amplitude
Térmica era de aproximadamente 215°C, e nesta imagem é de 9°C. Software: ThermaCAM
Researcher 2.10. Câmera: FLIR AGEMA 550. Lente: 10°.

7.3.2 ESTUDO DE CASO 11: Isolamento do posicionamento da mancha em relação à


Ar em Barramento Enclausurado fonte de calor, se horizontal ou vertical, ou‐
tros obstáculos internos se interpondo como
Durante as Inspeções Termográfi‐
componentes ou chapas de acrílico, tempe‐
cas em instalações industriais elétricas, não
ratura do objeto aquecido e assim por di‐
é incomum o aparecimento de manchas tér‐
ante. O caso reportado a seguir é bastante
micas na superfície de painéis, cofres, barra‐
ilustrativo da capacidade de isolamento que
mentos enclausurados ou painéis BT e barra‐
o ar possui. Esse efeito vale tanto para bar‐
mentos de Média Tensão blindados sem que
ramentos enclausurados, como é o caso,
se possa ter uma ideia da temperatura real
como para qualquer outra superfície de
que está oculta pela chaparia. Diversos fato‐
equipamentos em que o ar ambiente possa
res influenciam na temperatura lida externa‐
representar um afastamento e, consequen‐
mente e que normalmente estão fora do
temente, um isolamento térmico.
controle, como: circulação de ar interna, dis‐
tância da fonte de calor da parede externa,

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 517


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

Figura 7.24 – Emenda em barramento enclausurado com anomalia severa.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Ao lado da tampa do cofre, neste barramento suspenso e enclausurado, na saída de
7.24 uma subestação de distribuição, foi observada (1) a existência de um aquecimento
por baixo de uma placa abandonada sobre a tampa superior do barramento. Como
a temperatura era pontual e significativamente mais alta se comparada com trechos
mais afastados do mesmo barramento, a Gerência responsável foi comunicada e
optou por um desligamento imediato. Logo após o desligamento, a placa foi retirada
e a imagem térmica correspondente é a número (2). Pode‐se observar que houve
uma redução significativa na temperatura superficial de 120 °C para 56 °C apenas
pelo fato de ter sido desligada a corrente de carga. Poucos minutos após, foi retirada
a parte superior do enclausuramento e a imagem térmica resultante é a de número
(3). Considerando que a distância da conexão defeituosa para a chapa superior era
de apenas 8 cm, o fato de nessa imagem ter‐se lido mais de 320 °C, mesmo após
alguns minutos de desligamento, fornece uma referência para a capacidade isolante
518 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS
CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

FIGURA COMENTÁRIOS
do ar. Fora o calor irradiado a partir da conexão, a maior parte do aquecimento
registrado é devido a correntes de convecção internas ao enclausuramento.
Supondo‐se, e isto é apenas uma suposição, que após o desligamento a temperatura
fosse a mesma lida após a retirada da tampa superior, temos que 8 cm de ar
mantinham, ou isolavam, um Delta T de 270 °C. Evidentemente o Delta sob carga é
significativamente maior, mas não havia condições de segurança para efetuar a
medição com o barramento energizado. Deve ser notado ainda que, apesar do
estado precário das conexões das duas Fases laterais, já severamente corroídas, a
conexão da Fase do Meio apresentava o melhor aspecto visual e a maior
temperatura. Já a Fase da Direita apresentava um aspecto severamente deteriorado
na luz visível e, no entanto, sua temperatura não ara tão alta. A explicação para esta
diferença é a provável fusão entre superfícies deterioradas conforme já apresentado
no Item 1.11, Figura 1.14 do Capítulo 1. O Termograma inferior apresenta a
temperatura do barramento antes do desligamento, quando visto de baixo. Para
medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o
valor da emissividade para superfícies severamente cobertas por poluentes ou pó
industrial pode variar de 0,85 a 0,95. Já as conexões severamente oxidadas e com
frestas podem apresentar emissividades de 0,8 a 0,9. Software: FLIR ThermaCAM
Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Figura 7.25 – Visada inferior da anomalia antes do desligamento.

Situações em que aquecimentos se‐ Caberá ao Assistente Técnico dirimir as dúvi‐


jam detectados em chaparia de painéis ou si‐ das quanto à possível existência normal ou
milares, devem ser avaliadas cuidadosa‐ aceitável de um componente que trabalhe
mente para averiguar, primeiramente, sua normalmente aquecido antes de ser diag‐
normalidade ou não. Componentes energi‐ nosticada uma anomalia.
zados como contatores ou TP’s, quando fixa‐ Análise de Consistência: cofres de
dos em chaparia metálica, tendem forte‐ distribuição, conectados a barramentos sus‐
mente a aquecer as bases onde estão fixados pensos, devem apresentar distribuições tér‐
e podem confundir o Inspetor que não esteja micas compatíveis com suas cargas instantâ‐
familiarizado com a instalação inspecionada. neas. Normalmente apresentam pouquíssi‐

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 519


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

mas variações externas, bem como os barra‐ 7.4 PAINÉIS GERAIS DE DISTRIBUIÇÃO BT
mentos aos quais estão conectados. Varia‐
ções anômalas ou irregulares nas distribui‐
ções térmicas observadas externamente
tem grande chance de representarem ano‐
malias internas severas devido ao isola‐
mento que o ar impõe e às distâncias entre
componentes aquecidos e às paredes exter‐
nas. Variações deste tipo devem ser registra‐
das para avaliação posterior com a abertura
dos cofres e/ou barramentos associados
para confirmação da existência de anomalias
ou não.
Recomendações de Intervenção: Figura 7.26 – Painéis gerais de distribuição.
cofres de distribuição conectados a barra‐
mentos suspensos têm seu diagnóstico de Descrição Técnica: após as subestações, a
anomalia térmica ou defeito usualmente in‐ energia é levada por cabos ou barramentos
ferido pela distribuição térmica irregular, até onde sofrerá a transformação de elétrica
quando observados pelo lado externo. Em para mecânica, calorífica ou qualquer outra
alguns casos, e devido a um ângulo de visada que se faça necessário. Para a distribuição,
mais favorável, as conexões com os barra‐ são utilizados os painéis de distribuição, que
mentos são mais visíveis, sendo que essa não redirecionarão a energia para as suas
é a regra. De qualquer maneira, caso a distri‐ diversas aplicações finais. Nos painéis estão
buição térmica indique uma anomalia, o co‐ os disjuntores principais, barramentos,
fre deverá ser aberto e ter seus componen‐ fusíveis ou disjuntores que fazem a pro‐
tes internos inspecionados um a um, con‐ teção, softstarters, chaves seccionadoras
forme suas características; secionadoras, fu‐ que desligam circuitos e permitem a manu‐
síveis, cordoalhas, conexões etc. Os procedi‐ tenção segura dos circuitos desligados, ré‐
mentos de manutenção são os usuais, le‐ guas de bornes e muitos outros componen‐
vando‐se em conta que, nesses casos em tes periféricos.
particular, é recomendável a substituição de
Descrição Térmica: painéis de distribuição
um componente sobreaquecido ao invés do
operam normalmente aquecidos. Há uma
seu reparo, já que estes não estarão visíveis
infinidade de fontes de calor dentro deles,
para uma Inspeção Termográfica de confir‐
desde bobinas de contatores que ficam
mação da eficácia do procedimento.
energizadas continuamente, circuitos
eletrônicos dos softstarters, fusíveis NH que
aquecem com a corrente de carga passante,
resistores de equalização, circuitos eletrôni‐
cos, transformadores de medição, fusíveis
diazed, cablagem e chicotes de fiação, bor‐
nes e assim por diante. Cada um apresentará
520 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS
CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

o seu comportamento térmico característico avaliados diversos fatores tais como: o fator
e proporcional às suas especificações e carga de forma do aquecimento (a maneira pelo
passante no momento da Termografia. qual se distribui e qual a sua origem apa‐
rente), o dimensionamento do componente,
A 0 apresenta uma visada geral de
a carga percentual instantânea, a tempera‐
três portas em um painel de distribuição BT.
tura ambiente no qual o componente está
A visada geral permite a localização de
inserido, resfriamento forçado se houver,
pontos de interesse para uma análise mais
fontes térmicas espúrias, características físi‐
aprofundada da normalidade ou não de cada
cas como a emissividade e geometria entre
aquecimento detectado. Deverão ser
outros fatores.

Figura 7.27 – Visada Geral de um Painel de Distribuição BT.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Termograma em mosaico, bem focado e bem enquadrado. Em uma visada geral de um
7.27 painel de baixa tensão, pode‐se observar que há componentes desenergizados, à
temperatura ambiente, outros com cargas variáveis e algumas anomalias. Componentes
com emissividade muito baixa, como barramentos, devem ser alvo de atenção especial na
procura de referências que permitam atestar o seu comportamento normal, aceitável ou
não. Em alguns casos, há insuflamento de ar condicionado, ventilação natural forçada,
exaustão ou ainda resistores de aquecimento que podem influir decisivamente em um
MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 521
CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

FIGURA COMENTÁRIOS
diagnóstico. A distribuição de componentes pode ser influenciada por fontes de calor e
deve ser corretamente compreendida no contexto operacional do painel. Para medições
radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da
emissividade deverá ser atribuído para cada componente de interesse, de acordo com suas
características de superfície e/ou revestimento. Software: FLIR Image Builder, ThermaCAM
Researcher 2.10. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

7.5 PORTAS DE PAINÉIS


Descrição Técnica: portas de painéis são
dispositivos de segurança, normalmente
trancados e/ou chaveados para permitir
acesso ao seu interior apenas à pessoas
autorizadas. Tem a função organizar a ope‐
ração de equipamentos industriais, bem
como restringir o acesso e o manuseio não
autorizado de componentes elétricos. Mui‐
tas portas possuem acionamentos externos
para operação por pessoal autorizado e por‐
tas internas duplicadas em policarbonato ou
metálicas com a mesma função.
Descrição Térmica: as portas em si não de‐
vem apresentar nenhum tipo de aqueci‐
mento que não possa ser justificado por
Figura 7.28– Portas de Painéis Elétricos equipamentos instalados, por exemplo, lâm‐
Industriais.
padas.

Anotações:

522 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

Exemplos:

Figura 7.29 – Painel BT com e sem proteção de Policarbonato.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura O primeiro Termograma apresenta um painel com proteção interna em policarbonato de
7.29 acordo com a NR‐10, para proteção contra acessos acidentais. Como este material é
opaco ao infravermelho de baixa intensidade, independente da faixa de frequência, não
é possível utilizar um Termovisor para visualizar a distribuição térmica de seu conteúdo.
Sempre dentro das normas de segurança aplicáveis a um eletricista industrial, utilizando
as devidas proteções e procedimentos, pode retirar a proteção e expor os componentes
internos para análise. A mancha em tom mais escuro, na parte superior da proteção
plástica, sugere um aquecimento interno que necessitará ser verificado diretamente. Ao
ser retirada a proteção, o Termograma inferior apresenta as anomalias como pode ser
observado no Termograma inferior. Evidentemente, independente de suspeitas, a
proteção deve ser retirada para avaliação de todas as conexões e componentes internos.
Neste caso específico, deve ser verificado um eventual desequilíbrio de correntes por
Fase para depois avaliar as intervenções necessárias. Se for o caso de sobrecarga, um
remanejamento de circuitos pode resolver o problema. Os cabos, por sua vez, deverão
ser avaliados para verificar a possibilidade de envelhecimento precoce e, se for o caso,
deverão ser substituídos. Caso não haja sobrecarga, os cabos deverão ser
redimensionados e substituídos devido à oxidação interna. Para medições radiométricas
em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da emissividade para

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 523


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

FIGURA COMENTÁRIOS
termoplásticos pode variar de 0,85 a 0,94. Software: ThermoCom IRAnalyzer. Câmera:
ThermoCom V384S. Lente: 22°.

Figura 7.30 – Conexão de aterramento em porta de painel BT.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Termograma bem focado e bem enquadrado. A amplitude térmica deste
7.30 Termograma foi ajustada corretamente e é de apenas 4,1 °C. Isso implicou em que o
Inspetor fizesse o ajuste correto da câmera para poder localizar esta anomalia de
pequeno porte. Apesar de a temperatura ser baixa, a questão mais importante é: por
onde está passando essa corrente elétrica? Ela vem da barra de Neutro e vai para
onde? Como pode haver uma diferença de potencial entre uma barra de Neutro e
uma porta? E se há corrente elétrica, há diferença de potencial que pode ser perigosa
ao operador ou eletricista? Neste caso, não bastará apenas substituir o terminal, mas
sim descobrir qual o caminho da corrente. Diversos testes deverão ser efetuados,
inclusive, e se necessário, desconectando o painel da parede a fim de verificar a
existência de uma diferença de potencial ou não. Nem sempre o rastreamento da
fonte de tensão será uma atividade simples. Para medições radiométricas em
7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da emissividade para
terminais prensados com capa plástica é de 0,85 a 0,94. Software: FLIR ThermaCAM
Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Anotações:

524 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

Figura 7.31 – Visada Geral de um Painel de Distribuição BT.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Os dois Termogramas se referem à mesma porta de painel, sendo o primeiro com a
7.31 porta fechada e o segundo após aberta a porta. O primeiro está bem focado e o segundo
está visivelmente fora de foco. Dessa maneira, haverá um erro nas temperaturas
medidas no segundo Termograma, o que, para diagnósticos qualitativos, não chegará a
ser importante. O primeiro Termograma apresenta a distribuição térmica encontrada
no painel, onde pode ser visualizado não apenas o local mais aquecido, mas também a
circulação de ar quente interna. A primeira suspeita é a de um resistor de aquecimento
instalado rente à porta. No segundo Termograma, a porta foi aberta revelando a
instalação do resistor de painel rente à porta. A instalação desse resistor, nessa posição,
compromete a tubulação flexível que contém a fiação de comando, posicionada acima
e sujeita, portanto, às correntes de convecção geradas. A recomendação é a Inspeção
do conteúdo do tubo flexível para verificação do estado dos cabos e o
reposicionamento do resistor para um local em que não afete os demais componentes.
Pode ser observado também que a imagem térmica foi capturada com o Termovisor
fora da Amplitude Térmica correta. Isso é visível porque na leitura da temperatura
máxima na Área que mede as temperaturas, está presente o símbolo “>” indicando que
o limite superior da Amplitude foi ultrapassado. Para o caso de resistores, esse valor
em si não é crítico, mas pode ser importante para avaliar os possíveis efeitos no tubo
flexível acima. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à
temperatura ambiente, o valor da emissividade para tintas epóxi ou a óleo, usadas nos
invólucros de resistores, pode variar de 0,85 a 0,94. Software: FLIR ThermaCAM

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 525


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

FIGURA COMENTÁRIOS
Researcher 2.10, FLIR Image Builder 5.0 (Correção de perspectiva), Câmera: FLIR SC‐
660. Lente: 24°.

Figura 7.32 – Conexões de botoeiras de comando em porta de painel.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura O Termograma apresenta o lado posterior de uma porta de painel de comando em
7.32 380V. As botoeiras e sinalizações de Ligado e Desligado estão ativas de acordo com os
equipamentos que comandam. Devido a serem apenas comandos e sinalizações, muitas
vezes estes conjuntos de componentes são ignorados durante as Inspeções baseado na
crença de que correntes baixas não são importantes porque a potência envolvida é
pequena. Conforme mencionado, se correntes baixas e potências pequenas não
pudessem gerar temperaturas muito altas, filamentos de lâmpadas de 6 Volts não
atingiram 1.000 °C. Assim, e como é possível observar no Termograma, há fiações,
terminais e conexões severamente aquecidas que poderão iniciar um incêndio ou
inviabilizar a operação de comando de um equipamento importante para o processo
industrial. Ou pior, poderão impedir o desligamento quando necessário. Dessa maneira,
é importante acrescentar nos roteiros de Inspeção as portas de painéis de comando. As
recomendações de intervenção são usuais: como são componentes de baixo custo, é
recomendada a substituição geral onde possível e, nos casos em que não se aplique,
Inspeção Visual cuidadosa, limpeza e reaperto no caso de não existência de corrosão.
Caso haja corrosão, a substituição é recomendada fortemente. Para medições
radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da
emissividade para tintas a óleo, utilizadas nesse painel, pode variar de 0,85 a 0,94.
Software: FLIR ThermaCAM Researcher 2.10, Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Anotações:

526 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

Figura 7.33 – Dobradiça pivotada em painel de forno a indução.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura O Termograma se refere à dobradiça pivotada em uma porta de painel de forno a
7.33 indução. Nesses fornos, as correntes são muito altas e podem afetar as imagens térmicas.
As franjas horizontais mais escuras nesta imagem são devidas à intensidade dos campos
eletromagnéticos presentes nas proximidades do equipamento. Eventualmente as
imagens salvas em cartões de memória poderão também ser afetadas e perdidas. Dessa
forma, não é recomendável a aproximação da câmera desses equipamentos sob carga e,
para análises Termográficas, a recomendação é a Inspeção imediatamente após um
desligamento ou a utilização de uma lente teleobjetiva. No caso desta porta, a causa mais
provável é que as correntes parasitas estejam sendo induzidas e fechando o circuito
magnético pela dobradiça. Como não se sabe qual tensão está sendo gerada para gerar
este aquecimento, é necessário o uso de luvas isoladas ao abrir a porta. A recomendação
é verificar as possibilidades de fechamento de circuito magnético, por onde estaria
passando, e interromper com o seccionamento do caminho de fechamento. Para
medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor
da emissividade para tintas a óleo, utilizadas nesse painel, pode variar de 0,85 a 0,94.
Software: FLIR ThermaCAM Researcher 2.10, Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Figura 7.34 – Grade externa de ventiladores de painel.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Ventiladores de painel podem fornecer informações importantes e reais sobre qual é a
7.34 temperatura efetiva interna ao painel. Esta temperatura determina a vida útil dos

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 527


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

componentes, bem como as curvas de operação de uma série de dispositivos. Ao ler a


temperatura da grade dos ventiladores, sabemos que a origem do calor é função da
operação de bobinas e resistências ôhmicas dos circuitos internos. Se a troca de ar não
estiver sendo suficiente, e a temperatura interna exceder ao projetado, a operação
poderá ficar instável. Quanto à redução da vida útil, dependerá de qual componente será
mais sensível ou não, bem como da temperatura na sua posição de instalação.
Normalmente as temperaturas de projeto são de 40 °C salvo exceções para condições e
equipamentos especiais. No caso do Termograma, a porta do painel foi aberta e o
Inspetor notou imediatamente que as grades eram a maior temperatura externa. Após
essa constatação, foi verificado junto aos esquemas elétricos que não havia nenhuma
especificação para que a temperatura interna fosse maior de que os 40 °C usuais. Assim,
o Termograma foi registrado e a solução imediata indicada é a substituição dos
ventiladores instalados por uma ventilação mais eficiente. Da mesma forma, é
importante a instalação de um termômetro de máximas e mínimas para verificar a que
nível chegam as temperaturas internas durante o processo produtivo diário. Caso
continuem ultrapassando os valores projetados, outra opção é a instalação de um ar
condicionado de painel ou a confecção de um novo painel dimensionado corretamente.
Em uma parada programada, também devem ser inspecionados todos os componentes
instalados para verificação de algum dano, oxidação ou envelhecimento precoce que
possa pôr em risco a instalação. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de
3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da emissividade para grades plásticas,
utilizadas nesse painel, pode variar de 0,85 a 0,94. Software: FLIR ThermaCAM Researcher
2.10, Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Análise de Consistência: portas de das cargas e registro imediato do Termo‐


painéis, sejam de baixa ou média tensão, não grama, no menor tempo possível após a
devem aquecer. Caso seja observado algum abertura. Dessa maneira, é possível pelo me‐
aquecimento, a causa deve ser pesquisada nos um diagnóstico qualitativo confiável, já
até o diagnóstico de normalidade ou anoma‐ que devido à quase totalidade da parte ativa
lia. Em muitos casos, as portas são intertra‐ dos equipamentos elétricos serem feitas de
vadas, impedindo a sua abertura sem que se‐ cobre, o resfriamento por condução tam‐
jam desligados circuitos. Nestes casos, a sus‐ bém é bastante rápido. No entanto, não o
peita deve ser comunicada à Gerência res‐ suficientemente rápido para impedir um di‐
ponsável para decisão sobre a abertura do agnóstico qualitativo de qualidade.
painel ou não, ou ainda sobre o momento Recomendações de Manutenção:
oportuno de fazê‐lo, já que será necessário como não é um equipamento padronizado,
religar as cargas com a porta aberta para evidentemente as recomendações de inter‐
uma Termografia confiável. Excepcional‐ venção para manutenção deverão ser perti‐
mente, e no caso de impossibilidade de libe‐ nentes aos achados, sendo que não é possí‐
ração antecipada do intertravamento, e vel descrever aqui todas as opções possíveis.
após análise dos riscos envolvidos, é possível Há casos de circulação de corrente por fuga
a abertura das portas com o desligamento para a Terra, indução, aterramento defici‐
ente e assim por diante, que deverão ser

528 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

avaliadas quanto às causas para definição


das providências cabíveis.
Ajustes da Câmera: deve ser obser‐
vado pelo Inspetor que não se sabe o que se
vai encontrar ao abrir uma porta com ano‐
malia térmica registrada exteriormente. As‐
sim, e para evitar o erro da 0, onde não foi
possível ler a temperatura corretamente
devido à Amplitude Térmica não ter sido
ajustada previamente, é recomendável
ajustar a câmera para uma faixa em que,
pelo menos teoricamente, possa registrar
Figura 7.35 – Fundos de Painéis.
uma variação maior de temperaturas.

Descrição Térmica: fundos de painéis não


7.6 FUNDOS DE PAINÉIS
devem aquecer. A temperatura deve estar
em equilíbrio com o ambiente em que estão
Descrição Técnica: fundos de painéis não
inseridos e eventualmente refletir a tempe‐
são equipamentos elétricos, mas são a base
ratura gerada pelo calor dos componentes
sobre a qual inúmeros componentes são ins‐
instalados em seu interior. Eventualmente
talados e podem trazer informações sobre
podem estar posicionados próximos a fontes
fenômenos elétricos que ocorram dentro
externas de calor como fornos, estufas ou
deles. Podem até eventualmente participar
trocadores de calor, de tal forma que a pro‐
deles. São normalmente feitos de chapas
ximidade de instalação altera a sua tempera‐
metálicas, pintadas ou em metal nu, como
tura interna. De qualquer maneira, a tempe‐
chapas zincadas ou alumínio. Nesses casos,
ratura interna dos painéis nunca deverá ser
podem causar reflexos que podem dificultar
superior à máxima temperatura absoluta ad‐
diagnósticos.
mitida para os componentes instalados.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 529


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

Exemplos:

Figura 7.36 – Aquecimento de causa desconhecida.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Algumas anomalias requerem atenção redobrada do Inspetor, tanto para localizá‐las
7.36 como para compreendê‐las. O Termograma apresenta um aquecimento que pode ou não
ser anômalo. A fresta entre o cabo e o O‐Ring mostra o aquecimento atrás do painel ou
da chapa de instalação dos componentes. Como o Assistente Técnico não sabia o que
havia atrás, não foi possível identificar a causa do aquecimento. A recomendação foi
então pesquisar o que havia atrás da chapa para averiguar se era aceitável ou não. Neste
caso, para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura
ambiente, o valor da emissividade a ser utilizado é o da fresta ou da borracha do O‐Ring,
que podem variar de 0,85 a 0,94. Software: FLIR ThermaCAM Researcher 2.10. Câmera:
FLIR SC‐660. Lente: 24°.

Figura 7.37 – Aquecimento atrás do painel BT.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura O Termograma apresenta um caso onde atrás do painel havia uma estufa de secagem de
7.37
pintura. No entanto, a distância entre a parede da estufa e o fundo do painel não justificava
o aquecimento. Foi necessária uma Inspeção mais detalhada para verificar que havia um
vazamento de ar quente da estufa direcionado ao painel, na região mais aquecida. Como
resultado, a temperatura interna do painel ficava acima dos 40 °C, levando todos os

530 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

FIGURA COMENTÁRIOS
componentes a trabalharem acima da temperatura de projeto com a consequente redução
de vida útil e instabilidade de funcionamento. A solução foi corrigir o vazamento na estufa
e verificar a presença de danos nos componentes do painel. Para medições radiométricas
em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da emissividade para tintas
a óleo ou epóxi pode variar de 0,85 a 0,94. Software: FLIR ThermaCAM Researcher 2.10.
Câmera: FLIR SC‐660. Lente: 24°.

Análise de Consistência: distribui‐ terando o comportamento dos componen‐


ções térmicas anômalas ou inesperadas para tes internos ou reduzindo sua vida útil, pode‐
o contexto da Inspeção devem sempre ser se instalar um ar‐condicionado para painéis.
pesquisadas para descobrir a origem do ca‐
lor detectado. Na impossibilidade de pes‐ 7.7 VENTILADORES DE PAINEL
quisa no momento da Inspeção, devem ser
registradas para análise posterior junto com
a Gerência responsável.
Recomendações de Intervenção:
fundos de painéis aquecidos podem compro‐
meter ou alterar o funcionamento de com‐
ponentes elétricos ou eletrônicos instalados
em painéis elétricos. Isto se deve a que, de‐
pendendo do quanto as chapas aquecidas
Figura 7.38 – Ventilador de painel.
contribuam para o calor gerado normal e in‐
ternamente pelos próprios componentes, as
Descrição Técnica: ventiladores de painel
temperaturas internas dos painéis poderão
são componentes menores em uma instala‐
chegar, e até mesmo ultrapassar, a tempera‐
ção elétrica, destinados a diminuir as tempe‐
tura limite de operação. É recomendável ins‐
raturas internas de painéis promovendo a
talar um termômetro de máximos e mínimas
troca térmica pelo insuflamento de ar ex‐
dentro do painel, em sua parte superior, em
terno para dentro deles, ou efetuando a exa‐
um dia típico de cada estação do ano, para
ustão de ar aquecido pelos componentes in‐
verificar a quanto chega a temperatura in‐
ternos como fusíveis, contatores, resistores
terna final. Caso chegue a 90% do máximo
de equalização, cabos, barramentos etc.
admissível para os componentes mais sensí‐
Com a redução de temperatura interna, au‐
veis instalados, a solução mais simples é
mentam a confiabilidade dos componentes,
afastar o painel da fonte de calor externa
respostas em curvas mais corretas e aumen‐
prejudicial. Caso isso não seja possível, pode‐
tam a sua vida útil.
se tentar a instalação de ventilação forçada
e instalar, novamente, o termômetro de má‐ Descrição Térmica: ventiladores são peque‐
ximos e mínimas. Caso mesmo assim a tem‐ nos motores e, portanto, podem aquecer.
peratura interna ainda continue elevada, al‐ No entanto, não é comum apresentarem
aquecimentos anômalos, já que sua
MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 531
CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

própria função causa a circulação de ar que os resfria.


Exemplos:

Figura 7.39 – Ventilador instalado em lateral de painel.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Termograma bem focado e bem enquadrado. A Amplitude Térmica utilizada destaca
7.39
pouco o contexto, que no caso seria a moldura do ventilador de insuflamento. A única
intervenção possível é o desligamento imediato e a substituição do componente. Dada a
temperatura de 175 °C, não é possível prever uma estabilidade de comportamento ou
quanto tempo a mais continuará neste estado. Além de estar travado, evidentemente
está a caminho de romper sua fiação interna e, se a proteção operar corretamente, nada
de mais grave deverá acontecer de imediato. Por outro lado, a temperatura do painel já
está acima do que poderia estar e, no caso de conter componentes eletrônicos como CLPs
ou Soft Starters, o comportamento poderá se tornar errático. Para medições
radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da
emissividade para material plástico comum pode variar de 0,90 a 0,94. Software: FLIR
ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Figura 7.40 – Ventilador de topo em painel de comando e força.

Anotações:

532 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Termograma bem focado e bem enquadrado. No caso deste ventilador de exaustão, o
7.40
diagnóstico é idêntico: desligamento e substituição. Os riscos de entrar em curto‐circuito
e incendiar existem, com o agravante de, por estar situado no teto do painel, derreter e
cair sobre algum componente ou barramento, agravando a ocorrência. Dada a
temperatura, não é possível prever uma estabilidade de comportamento. Para medições
radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da
emissividade para material plástico comum pode variar de 0,90 a 0,94. Software:
ThermoCom IRAnalyzer. Câmera: ThermoCom V384S. Lente: 22°.

Análise de Consistência: ventilado‐ ção de máquinas de grande porte como for‐


res de painel não devem se apresentar mais nos ou motores, sem descartar evidente‐
aquecidos do que o ambiente. Caso suas mente outras aplicações mais específicas.
temperaturas ultrapassem a ambiente,
pode‐se aventar problemas mecânicos, má
conexão ou deterioração do isolamento das
espiras. Devido ao baixo custo, não há ma‐
nutenção recomendável, apenas a substitui‐
ção. Caso superaqueçam, podem incendiar‐
se e, eventualmente, atear fogo no painel.
Podem também permitir o sobreaqueci‐
mento do painel, afetando o comporta‐
mento de diversos componentes, principal‐
mente os eletrônicos. Em regiões mais quen‐ Figura 7.41 – Barramentos de Potência.
tes, são substituídos por aparelhos de ar‐
condicionado para painéis. Descrição Térmica: como todo equipamento
elétrico industrial, barramentos de potência
7.8 BARRAMENTOS BT DE POTÊNCIA EM de cobre ou alumínio possuem perdas resis‐
PAINÉIS tivas e devem aquecer proporcionalmente.
Salvo problemas de qualidade do material
Descrição Técnica: barramentos de potência ou fabricação, os locais mais susceptíveis de
servem basicamente para a distribuição de anomalias são as conexões, emendas e deri‐
energia dentro de painéis e para a alimenta‐ vações.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 533


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

Exemplos:

Figura 7.42 – Barramento de alimentação em CCM de Fábrica de Cimento.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Termograma bem focado, bem enquadrado e com Amplitude Térmica correta. O
7.42 principal problema na avaliação deste barramento é o fato de ser em cobre nu e,
portanto, de baixíssima emissividade. O principal questionamento era se a distribuição
térmica irregular das porcas era confiável para a avaliação de uma anomalia. Para tirar a
dúvida, e utilizando uma vara de manobra, foi aplicada uma fita isolante preta de alta
emissividade. A leitura das temperaturas confirmou que o depósito de poluente (poeira)
sobre as cabeças dos parafusos e a fresta no meio reproduziam a temperatura. Já devido
às dimensões do barramento e à complexidade de intervenção, optou‐se por
acompanhar ao longo do tempo para avaliar a melhor ocasião para manutenção. Como
se tratava de uma fábrica de cimento, aproveitou‐se a próxima parada para troca de
refratário do forno rotativo para a manutenção, limpeza e reaperto desta conexão. Para
medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor
da emissividade para fitas isolantes pode variar de 0,90 a 0,94. Software: FLIR
ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR AGEMA 550. Lente: 20°.

Figura 7.43 – Barramento de alimentação de contator.

Anotações:

534 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Termograma razoavelmente focado, mas com enquadramento um pouco deficiente, pois
7.43
falta a terceira Fase. Nesta conexão, se pode observar que a barra já apresenta sinais de
oxidação, provavelmente devido a temperaturas mais altas já atingidas. Essa oxidação faz
com que a emissividade da parte nua da barra seja equivalente à da pintada. Já a segunda
leitura de temperatura (99,2 °C) está posicionada de forma incorreta e é possível observar
que as áreas lidas são reflexos nas porcas e arruelas do aquecimento na barra da frente.
A recomendação é abertura, Inspeção Visual cuidadosa, limpeza e reaperto com
torquímetro. Caso haja sinais de corrosão, tratamento de superfície ou substituição das
barras corroídas. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à
temperatura ambiente, o valor da emissividade para conexões severamente oxidadas e,
no caso, emitindo infravermelho de forma muito próxima à tinta da barra, pode variar de
0,80 a 0,90. Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente:
24°.

Figura 7.44 – Barramento de alimentação em banho químico.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Termograma bem centrado e focado. Escala colorimétrica adequada. Barramentos de
7.44 potência alimentam também muitas máquinas, notadamente tanques de tratamento
químico e fornos. Neste caso de tratamento químico, é visível a grande oxidação do
barramento devido ao ambiente corrosivo e ácido. Nestes casos, muitas vezes é mais
econômico a substituição do barramento, uma vez que a corrosão interna a corrosão é
um fato bastante comum. Desmonte e Inspeção Visual normalmente revelam indícios
fortes de corrosão interna. O tratamento de superfície pode não ser uma opção devido
ao tempo necessário de parada de máquina. Recobrir as conexões novas com vaselina e
fita autofusão pode ser uma boa medida para prolongar a vida útil. Um complicador pode
ser que, ao mexer em uma conexão, as demais podem apresentar defeitos posteriores
devido às quebras de soldas internas. É necessário então um acompanhamento mais
frequente para evitar novas incidências de anomalias. Para medições radiométricas em
7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da emissividade para
conexões severamente oxidadas com tintas a óleo sobre o barramento pode variar de
0,85 a 0,90. Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente:
24°.

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 535


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

Figura 7.45 – Barramento BT enclausurado em calha plástica.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Termogramas bem focados e bem enquadrados. Alguns barramentos vêm encapsulados
7.45 em plástico antichamas por motivos de proteção e segurança. Nesse caso específico, foi
detectada uma distribuição anômala no plástico de cobertura do barramento.
(Termograma superior). Uma vez retirada a proteção plástica (Termograma Inferior),
pode‐se observar que a baixa emissividade do barramento não permitia a localização
precisa da origem do aquecimento. No entanto, a etiqueta gomada (seta amarela) colada
sobre o barramento, permitiu uma avaliação aproximada da temperatura gerada.
Intervenção de manutenção padrão: desmonte, Inspeção Visual cuidadosa, medição de
resistência de contato, desmonte, limpeza e/ou tratamento de superfície, fechamento
com torquímetro e nova medição de resistência de contato. Substituição do trecho
somente se a corrosão ou tempo de parada não permitirem o tratamento de superfície.
Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o
valor da emissividade para etiquetas plastificadas ou de papel pode variar de 0,85 a 0,95.
Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Anotações:

536 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

Figura 7.46 – Barramento de tiristores refrigerado em CCM de Fábrica de Cimento.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Termograma bem focado e bem enquadrado. Escala colorimétrica e Amplitude Térmica
7.46 adequadas. Fornos de fusão e de outros equipamentos de grande potência
frequentemente possuem sistemas tiristorizados de alimentação e barramentos de
cobre de grandes dimensões e normalmente são refrigerados para garantir sua vida útil
e desempenho. No caso, o aquecimento detectado é na conexão da mangueira com o
barramento e tiristor. Embora não faça parte da circulação de corrente, um problema
de refrigeração imediatamente reflete no aquecimento do barramento e/ou tiristor,
como pode ser observado no Termograma. Este aquecimento indica que esta conexão
de resfriamento pode estar obstruída ou com mau contato mecânico superficial e não
estar providenciando a troca térmica necessária. A solução é durante um desligamento,
inspecioná‐la e garantir tanto o bom contato com a superfície a ser refrigerada como o
fluxo do líquido refrigerante. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm
à temperatura ambiente, o valor da emissividade para frestas entre barramentos pode
variar de 0,70 a 0,85. Software: ThermoCom IRAnalyzer. Câmera: V384S. Lente: 22°.

Figura 7.47 – Barramento refrigerado de alimentação de alto forno em fundição.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Termograma bem focado e bem enquadrado. Barramentos de fornos de fusão a indu‐
7.47 ção tem de suportar correntes muito altas e por isso, apesar de seu dimensionamento,
MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 537
CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

FIGURA COMENTÁRIOS
se forem refrigerados poderão operar com mais corrente e diminuir os custos de
fabricação dos fornos. Além disso, a refrigeração permitirá uma vida útil maior. No caso,
mesmo com a refrigeração em operação, uma anomalia de mais de 100 °C foi localizada
na conexão em 90° deste barramento. Um agravante é que, além da progressão normal
ou aceitável desta anomalia, se a refrigeração por algum motivo falhar, sobreaquecerá
severamente e em pouco tempo. A intervenção é demorada e complexa devido ao
tamanho do barramento e ao espaço exíguo para o trabalho. No entanto, os
procedimentos são: desmonte, Inspeção Visual cuidadosa, medição de resistência de
contato, desmonte, limpeza e/ou tratamento de superfície, fechamento com
torquímetro e nova medição de resistência de contato. Caso sejam encontrados sinais
de corrosão, a manutenção poderá se estender mais ainda devido à necessidade de
retirada do barramento para tratamento de superfície ou substituição do trecho. Para
medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, e
afortunadamente para este caso com barramento pintado, o valor da emissividade para
tintas a óleo pode variar de 0,85 a 0,94. Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000.
Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Análise de Consistência: barramen‐ Recomendações de Manutenção: a


tos de potência devem aquecer proporcional grande dificuldade com barramentos de po‐
e gradualmente de acordo com a distribui‐ tência é o seu manuseio, dadas as suas di‐
ção de cargas. Caso a carga seja constante, mensões (fundições, siderurgia etc.), e a
devem aquecer uniformemente supondo grande potência alimentada por eles. Inter‐
que o material constituinte da barra seja venções deverão ser cuidadosamente plane‐
também homogêneo. Variações ou distribui‐ jadas e, conforme a situação, um acompa‐
ções de calor anômalas devem ser investiga‐ nhamento prévio ao longo do tempo pode
das com relação a mudanças de emissivi‐ ser recomendável para a confirmação do
dade. Isso se aplica principalmente a barra‐ tipo de anomalia e de quais serão as medidas
mentos de cobre ou alumínio que podem ter necessárias.
camadas de óleo ou oleosidade depositados
sobre suas superfícies de modo não intenci‐ 7.8.1 ESTUDO DE CASO 12: Aquecimento
onal. Outros poluentes aderentes, como pó em Isolador em Barramento BT
industrial somado à oleosidade ou resíduos
Em algumas situações, o Inspetor é
de fitas adesivas, podem apresentar varia‐
desafiado pelas imagens que encontra a
ções que não devem ser confundidas com
compreender o que está ocorrendo em ter‐
anomalias. Barramentos refrigerados devem
mos de fenômeno físico, elétrico, mecânico
apresentar distribuições consistentes e, caso
ou de qualquer outro tipo. Caso não descu‐
não estejam ocorrendo, a causa pode ser
bra a real causa do aquecimento detectado,
obstrução ou deficiência do sistema de arre‐
emitirá um diagnóstico incorreto ou deixará
fecimento.
passar o aquecimento detectado, conside‐
rando‐o normal ou aceitável, o que poderá

538 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

levar a um prejuízo de grande monta ao con‐ ada. Convidamos o leitor a tentar diagnosti‐
tratante do serviço, seja ele interno ou ex‐ car as causas dos aquecimentos, em um bar‐
terno. O caso a seguir é uma dessas situa‐ ramento de potência, antes de ler os comen‐
ções em que a perícia do Inspetor é desafi‐ tários sobre o achado.

Figura 7.48 – TC e isolador Classe 380 V aquecidos.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Termograma bem focado e bem enquadrado. Este Termograma talvez seja um dos mais
7.48 desafiadores que um Inspetor possa encontrar em uma Inspeção em Instalações
Elétricas. Ele requer uma percepção extremamente correta do contexto em que o
Termograma foi obtido e uma capacidade de ver além do óbvio. Em um barramento de
distribuição em um painel 380 V, um TC e um Isolador de suporte aparecem aquecidos.
Em um primeiro momento, as áreas aquecidas remetem um caso simples de fuga de
corrente pelo isolamento, tanto do isolador separador como do corpo do TC. No
entanto, em uma análise mais aprofundada, a experiência do Inspetor indicou que
fugas em barramentos de 380 V são muito raras devido ao tamanho dos isoladores em
epóxi e distâncias a serem percorridas. Uma segunda reflexão sobre os aquecimentos,
aparentemente devidos a correntes de fuga Fase‐Terra, levanta uma série de dúvidas
sobre: 1) Como é possível que em dois caminhos diferentes, 2) Através de dois
equipamentos de fabricantes diferentes, 3) Fabricados em locais diferentes, 4) Com
materiais semelhantes, mas não iguais, e 5) Com áreas de contato diferentes com a
chapa aterrada chegue‐se praticamente à mesma temperatura (diferença de 0,4 °C)?
Um terceiro detalhe fornece uma pista: as distribuições térmicas são exatamente
simétricas. Isso revela que pelo menos metade da distribuição térmica percebida é
reflexo na chapa galvanizada onde tanto o Isolador como o TC estão encostados.
Sabendo que a possibilidade de correntes de fuga exatamente iguais é extremamente
baixa, sobram na análise duas fontes de potência para gerar esse aquecimento: ou ela
vem da Fase, ou vem da barra aterrada. Eliminando ainda hipoteticamente a Fase como
origem do aquecimento, como seria possível a barra galvanizada aquecer? A resposta
para essa questão depende do conhecimento técnico do Inspetor. Caberá a ele saber
que os campos eletromagnéticos de frequência industrial, gerados pela circulação de
corrente em circuitos trifásicos, tem de anular‐se mutuamente ou, e se houver algum
material ferroso separando as Fases, criarão correntes parasitas pelo fechamento. Ao
analisar o contexto onde tanto o Isolador como o TC estão inseridos, o Inspetor

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 539


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

FIGURA COMENTÁRIOS
percebeu que uma Fase passava pelo lado externo em relação à barra galvanizada e,
pelo menos, outra passava pelo lado de trás. Estava assim configurado o desequilíbrio
de campos magnéticos que, fechando a circulação de linhas de campo pela barra
galvanizada, gerava correntes parasitas, aquecendo‐a e, por consequência, tanto o
Isolador como o TC, ambos encostados na barra. Esse é o motivo que tanto o TC como
o Isolador apresentam a mesma temperatura: esta é a temperatura da barra. A causa
do aquecimento é, portanto, um erro de montagem ou de projeto que fez com que as
três Fases ficassem separadas e circundadas por um circuito ferromagnético, fechado
pela barra galvanizada. A priori, as consequências mais drásticas desse aquecimento,
dependendo das temperaturas alcançadas, é o envelhecimento precoce do epóxi,
permitindo, ao longo do tempo, a contaminação pela umidade e, eventualmente, um
curto‐circuito contra a Terra dentro do painel. A solução está na interrupção do circuito
magnético pela instalação de um separador de material isolante entre uma das
extremidades da barra e o uso de parafusos igualmente isolados. Para medições
radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da
emissividade para o epóxi pode variar de 0,85 a 0,94. Software: FLIR ThermaCAM
Reporter PRO2000. Câmera: FLIR T‐300. Lente: 45° (18 mm).

Figura 7.49 – Barramento em Corrente Contínua.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Barramentos de corrente contínua estão sujeitos aos mesmos problemas de conexão que
7.49 os de corrente alternada. Mas, além disso, podem ainda estar sujeitos à oxidação
adicional, principalmente no polo positivo devido à disponibilidade de elétrons e aos íons
na atmosfera, que podem ser atraídos e oxidarem os contatos. Devido a essa
característica, em muitos casos, as conexões são cobertas com vaselina sólida para tentar
minimizar esses efeitos. Por outro lado, as aplicações em corrente contínua normalmente
trabalham com tensões mais baixas e correntes mais altas, o que pode comprometer a
função antioxidante da vaselina. As recomendações de manutenção são as usuais:
desmonte e Inspeção Visual cuidadosa em busca de sinais de corrosão. Caso encontradas,
deve ser avaliado o tratamento de superfície nas faces corroídas. Em caso negativo,
limpeza cuidadosa para limpar eventuais oxidações. Reaperto com torquímetro. Para
eventuais medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente,
no caso do barramento acima, a emissividade é muito baixa (cobre estanhado). Assim, é
540 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS
CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

FIGURA COMENTÁRIOS
necessário utilizar a emissividade das frestas, que pode variar de 0,75 a 0,85. Software:
FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

7.9 BARRAS DE NEUTRO E TERRA pamentos adjacentes. São normalmente co‐


nectadas ao Neutro dos transformadores e,
conforme o projeto, à malha de Terra da ins‐
talação. Servem também de referência a
proteções e outros dispositivos eletrônicos.
Descrição Térmica: barras de Neutro e Terra
não devem aquecer devido a que, normal‐
mente, as correntes circulantes são muito
baixas e a maioria dos sistemas industriais é
energizado em triângulo. Nos casos em que
há sistemas estrela‐aterrado, as barras de
Neutro só aquecem quando há desequilí‐
Figura 7.50 – Barra de neutro.
brios sensíveis entre Fases. Eventualmente
poderão aquecer quando se tratar de circui‐
Descrição Técnica: barras de Neutro e Terra
tos monofásicos, como no caso de aqueci‐
são normalmente utilizadas para proteção
mentos por cargas resistivas ou circuitos de
humana (tensão de toque) e para equaliza‐
banhos químicos e eletrodeposição, mas
ção de potencial em relação às Fases e equi‐
sempre dentro do seu dimensionamento.
Exemplos:

Figura 7.51 – Aquecimento em barra de Neutro em Transformador de Potência.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 541


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Termograma com pouca profundidade de campo, focado apenas na conexão de interesse
7.51 e prejudicado pela interposição de grade metálica. Embora o termo Barra de Neutro
esteja mais relacionado a painéis de baixa tensão, engloba também o Neutro de
Transformadores. Assim sendo, deve ser observado que o depósito de pó sobre os
parafusos constitui a maior fonte de infravermelho, uma vez que o barramento é
estanhado. Mesmo assim, a fonte de aquecimento mais provável é a própria conexão
devido ao gradiente térmico decrescente ao longo da barra. É possível observar também
o efeito fresta na ponta da barra. Neste caso, procedimentos de intervenção padrão:
medição da resistência de contato nas três Fases (para referência) antes do desmonte,
Inspeção Visual cuidadosa e, na ausência de corrosão, limpeza, reaperto e nova medição
de resistência de contato. No caso de corrosão, avaliar a retirada da barra para
tratamento de superfície ou substituição. Na impossibilidade, manter acompanhamento
periódico por Termografia. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à
temperatura ambiente, o valor da emissividade para barramentos estanhados é crítico. É
necessário encontrar uma fresta, uma região com depósito de poluente ou aplicar uma
fita adesiva crepe ou isolante com alta emissividade. No caso, é possível utilizar o recurso
do pó depositado e utilizar uma emissividade entre 0,85 a 0,90. Software: ThermoCom
IRAnalyzer, Câmera: ThermoCom V384S. Lente: 22°.

Figura 7.52 – Terminal e cabo em barra de Neutro aquecendo.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Termograma bem focado e razoavelmente enquadrado. Neste pequeno painel de
7.52 distribuição, a presença de uma Anomalia Térmica com 158 °C indica algumas situações
básicas: 1) Mau contato e oxidação severa dentro do terminal com baixa corrente; 2)
Consequente oxidação interna do cabo; 3) Cabo com sobrecorrente e já oxidado. As três
situações poderão acontecer sobrepostas, com exceção da baixa ou alta corrente. Deve
ser verificado também se é o caso de um circuito monofásico com sobrecorrente ou
eventualmente alguma corrente de fuga no equipamento cujo retorno é este cabo. De
qualquer maneira, o cabo deverá ser substituído assim que possível devido a eventual
envelhecimento precoce. Caso haja sinais de corrosão na barra, ela deverá ser substituída
ou, em um primeiro momento, ter a sua face oposta utilizada para fixação dos terminais.
Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o

542 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

valor da emissividade para terminais encapsulados em plásticos pode variar de 0,87 a


0,94. Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Figura 7.53 – Aquecimento em terminal na barra de Neutro em Painel BT.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Termograma bem focado e bem enquadrado. Na foto de controle na luz visível do
7.53
Termograma, é possível verificar que o terminal aquecido está conectado a um cabo nu
de cobre. Não há informações disponíveis sobre se pertencia ao aterramento da fábrica
ou se vinha da canaleta de cabos de alimentação. De qualquer maneira, e antes da
intervenção para manutenção, é recomendável que dentro de condições de segurança
aplicáveis, medir a corrente passante para avaliar a possível origem e causa do
aquecimento. Como há tensão presente, é necessário descobrir a origem para efetuar o
desligamento. No mais, e após desenergizada, procedimentos usuais: medição da
resistência de contato antes do desmonte, Inspeção Visual cuidadosa e, na ausência de
corrosão, limpeza, reaperto e nova medição de resistência de contato. No caso de
corrosão, substituir o conector e avaliar a retirada da barra para tratamento de superfície
ou substituição. Na impossibilidade, manter acompanhamento periódico por
Termografia. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura
ambiente, o valor da emissividade para conectores com poluente sobreposto pode variar
de 0,75 a 0,85. Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC‐2000.
Lente: 24°.

Análise de Consistência: barramen‐ no cobre em si. Barramentos refrigerados,


tos bem dimensionados e operando em con‐ por sua vez, devem se comportar de acordo
dições normais não devem apresentar so‐ com as trocas térmicas esperadas e eventu‐
breaquecimentos anômalos detectáveis. ais variações poderão estar relacionadas a
Gradientes de temperatura são admissíveis deficiências ou obstruções no sistema de re‐
desde que correspondam proporcional‐ frigeração. Caberá ao inspetor separar ano‐
mente a derivações de carga no sentido da malias provenientes de deficiências no sis‐
instalação. Anomalias mais frequentes são, tema de refrigeração ou maus contatos ge‐
evidentemente, maus contatos em conexões nuínos. Deve ser observado ainda que o
e derivações, sendo raros os casos de falha
MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 543
CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

aquecimento de uma anomalia térmica ge‐ São compostos por uma base onde os fusí‐
nuína, em um barramento refrigerado, é de‐ veis são fixados utilizando‐se a pressão cri‐
pendente da refrigeração. No caso de uma ada por uma mola para fechar o circuito.
falha, o comportamento se tornará imprevi‐ Possuem elementos internos calibrados de
sível. acordo com a capacidade e curva tempo x
corrente para o qual foram especificados e
Recomendações de Manutenção:
se comportam como simples resistores.
há diversas opções de intervenção mencio‐
nadas nos comentários. Como frequente‐
mente cargas maiores estão conectadas aos
barramentos, outros equipamentos poderão
ser afetados diretamente por uma falha ou
manutenção, causando, muitas vezes, desli‐
gamentos maiores que para o atendimento
de uma simples conexão frouxa. Basica‐
mente, cada caso deverá ser analisado com
as Gerências de produção e manutenção
para avaliar as repercussões, tempo de pa‐
rada, dificuldades operacionais na manuten‐ Figura 7.54 – Fusíveis NH.
ção e assim por diante.
Descrição Térmica: como resistores, os fusí‐
7.10 FUSÍVEIS NH
veis NH devem aquecer pela passagem de
corrente. Quanto mais próximo de sua capa‐
Descrição Técnica: fusíveis NH, de ação re‐ cidade nominal, mais aquecidos deverão es‐
tardada, tem como característica principal tar. É comum encontrar fusíveis trabalhando
baixa tensão e alta capacidade de interrup‐ próximo à sua capacidade nominal e ope‐
ção. São aplicados na proteção contra sobre‐ rando a temperaturas muito próximas de
correntes de curto‐circuito nas instalações 110 °C. A distribuição térmica deve ser ho‐
industriais e partidas de motores de grande mogênea.
porte onde não há soft‐starters instalados.
Exemplos:

Figura 7.55 – Contato da Fase ‘T’ com sobreaquecimento.

544 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Termograma bem focado e bem enquadrado. A foto na luz visível, por outro lado, traz
7.55
pouca informação de contexto para facilitar a localização de anomalia. Pela foto como
está, poderia ser qualquer base fusível. Neste caso, o mau contato está nas garras de
pressão que fazem o contato elétrico. Além do mais, são diversos contatos em paralelo
que dificilmente aceitam manutenção. Isso porque o ajuste entre áreas de contato é
crítico e temperaturas mais elevadas, que já podem ter sido alcançadas, normalmente
prejudicam a tensão das molas. A solução é a substituição do conjunto base‐fusível por
novos, uma vez que é sempre o par casado que deve ser substituído no caso de uma
anomalia ter sido detectada. Outra informação é que não se deve misturar fabricantes
diferentes de fusíveis em um mesmo circuito. Embora as especificações sejam as mesmas,
o comportamento dos fusíveis nunca é igual. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm
ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da emissividade para garras de fusíveis
NH é normalmente baseado nas frestas que existem nos contatos com as lâminas. Nesses
casos, os valores podem variar de 0,75 a 0,85. Software: FLIR ThermaCAM Reporter
PRO2000. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Figura 7.56 – Fusível esquerdo com defeito interno e direito sobre dimensionado.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Termograma bem focado e bem enquadrado, mas, e novamente, a foto na luz visível traz
7.56
pouca informação de contexto. A distribuição térmica do fusível da Fase Esquerda indica
que já houve uma “meia‐atuação” deste componente, fazendo com que esteja fora de
suas características. A providência adequada é a substituição. Avaliando a distribuição
térmica dos três fusíveis, podemos observar que o fusível da Fase do Meio está
uniformemente aquecido, mas o da direita está consideravelmente mais frio. Sabendo‐
se que é um circuito que alimenta um motor trifásico em delta, e em uma avaliação
superficial, poder‐se‐ia dizer que o comportamento térmico esperado para este circuito
seria de acordo com o fusível mais frio, da Fase da Direita. No entanto, uma Inspeção
Visual mais cuidadosa revela que a temperatura mais baixa é devida a este possuir uma
capacidade de corrente maior (o dobro) dos demais. Esse procedimento emergencial é
muitas vezes adotado em unidades fabris para retornar uma máquina parada o mais
rapidamente possível. No entanto, e para segurança do próprio sistema, os fusíveis

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 545


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

FIGURA COMENTÁRIOS
deverão ser substituídos pelas capacidades corretas na primeira oportunidade, sob o
risco de nova falha com a possível queima do motor alimentado por este circuito. No caso,
o fusível da esquerda deverá atuar mais rapidamente que o previsto por já estar
comprometido, e o da direita não deverá atuar por estar sobre dimensionado. Para
medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor
da emissividade para o corpo de porcelana dos fusíveis NH pode variar de 0,85 a 0,95.
Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 2

Figura 7.57– Fusiveis NH em paralelo.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Termograma bem focado e bem enquadrado. A distribuição térmica observada na Fase
7.57 do Meio é mais complexa que o usual, pois há diversos fatores influindo na avaliação
diagnóstica: é um circuito em paralelo, há poluente industrial (pó) depositado sobre o
barramento de cobre e há duas regiões mais aquecidas e praticamente com mesma
temperatura. Em uma distribuição térmica normal, o calor flui da maior temperatura para
a menor. De forma similar, objetos com a mesma emissividade, mas com temperatura
maior, irradiarão mais infravermelho. A configuração da Fase do Meio no Termograma,
apresenta um barramento em cobre nu e, portanto, de baixa emissividade. Há parafusos
e arruelas metalizados igualmente com baixa emissividade. A circulação de corrente,
responsável por qualquer aquecimento detectado, se divide entre os dois fusíveis –
teoricamente com as mesmas características resistivas – para após, somar novamente na
barra inferior e saída para os cabos. As diferenças entre as temperaturas são pequenas,

546 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

FIGURA COMENTÁRIOS
na ordem de 2,5 °C. Assim, a pergunta é: há uma anomalia nessa distribuição térmica ou
não? Como o circuito está energizado, não é possível efetuar uma limpeza ou aderir uma
fita adesiva com emissividade conhecida. Sendo assim, e para diminuir o erro das
medições e avaliação diagnóstica, é necessário supor que o fator de aumento da
emissividade do barramento de cobre (pó industrial) é homogêneo em todos os locais em
que está depositado. Partindo desse pressuposto, a origem do aquecimento é a conexão
da barra de descida da chave para a barra de divisão das correntes. Se a anomalia tivesse
sua origem no fusível da esquerda, seria de se esperar que tanto a arruela de conexão da
base como a face superior esquerda da barra de divisão de correntes estivessem tão
aquecidas quanto indica a área R3, o que não acontece. É possível que haja alguma
anomalia na inserção do contato do fusível esquerdo no corpo devido à marca mais
aquecida na fresta. Observar que uma pequena diferença no ajuste da Amplitude Térmica
no mesmo Termograma, abaixo e a esquerda, ou uma escolha inadequada de paleta de
cor podem levar a diagnósticos incorretos. A solução, quando do desligamento do
circuito, passa pela desconexão da conexão com a chave, medição da resistência de
contato de cada conexão e contato antes do desmonte, Inspeção Visual cuidadosa e, na
ausência de corrosão, limpeza, reaperto e nova medição de resistência de contato. No
caso de ocorrência de corrosão, substituir a barra ou tratar superfície se houver
ferramental e tempo hábil de desligamento. Como esta é uma situação que envolve
diversas variáveis, é recomendável, após a intervenção, efetuar nova Termografia sob
carga para avaliar o resultado obtido. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de
3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da emissividade para barras de cobre cobertas
de pó pode variar de 0,70 a 0,85. Software: ThermoCom IRAnalayzer. Câmera:
ThermoCom V384S. Lente: 22°.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 547


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

Figura 7.58 – Fusível NH com Anomalia interna.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Apesar de não estar em paralelo, a distribuição térmica deste fusível é similar ao caso
7.58 anterior. A chapa metálica de fechamento superior do fusível está coberta de pó, o que
aumenta a sua emissividade. O circuito alimenta um CCM onde a maioria das cargas
pesadas são motores trifásicos em delta, o que faz com que as correntes sejam
praticamente equilibradas. Assim, o aquecimento detectado, e que está presente
também no ressalto de extração inferior, tem sua origem interna ao fusível. Deve ser
lembrado que o corpo externo em porcelana, bem como a areia interna, funcionam como
isolantes térmicos. Neste caso específico, já é de conhecimento que este fabricante
produz fusíveis que sempre aquecem mais que os concorrentes. Sendo assim, a solução
para esta anomalia é a padronização dos fabricantes dos fusíveis. Para medições
radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da
emissividade para chapas metálicas cobertas de pós pode variar de 0,70 a 0,85. Software:
FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Figura 7.59 – Fusíveis NH com proteção inadequada.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Fusíveis NH tem de estar expostos, sem nenhum objeto interposto entre a sua superfície
7.59
e a câmera infravermelha para permitir uma avaliação confiável pela Termografia.
Algumas soluções de proteção, como a do Termograma, prejudicam a Inspeção e também
o funcionamento dos fusíveis. Isso porque são projetados para operar segundo curvas de
tempo X corrente em uma determinada temperatura ambiente. Enclausurar os fusíveis

548 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

FIGURA COMENTÁRIOS
em caixas de acrílico, ainda que com perfurações na parte superior, não contribui nem
para as Inspeções e nem para o funcionamento correto desses componentes. Como já
apresentado no Volume 1, é possível verificar que o acrílico ou policarbonato são opacos
ao infravermelho para as temperaturas envolvidas. O que se pode ler pelos orifícios não
tem confiabilidade. A solução é a retirada antecipada à Inspeção da proteção para que a
avaliação possa ser feita com critério e exatidão. Não há como atribuir uma emissividade
para esta situação. Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC‐2000.
Lente: 24°.

Análise de Consistência: os diver‐ e conduzem o calor para as garras dos fusí‐


sos tamanhos de Fusíveis NH quando em veis por condução ou vice‐versa. Antes de
bom estado, e instalados em bases de boa um diagnóstico definitivo, há que observar
qualidade, devem aquecer conforme sua também se as correntes de Fase estão equi‐
carga, chegando à faixa dos 110 °C quando libradas.
na sua capacidade nominal. Quando os con‐ Recomendações de Intervenção:
juntos fusíveis NH‐bases apresentam algum fusíveis NH que apresentem anomalias tér‐
tipo de anomalia, elas podem ser dividas em: micas em suas lâminas de inserção nas bases
1) Sobreaquecimento nas garras ou lâminas devem ser substituídos junto com suas ba‐
de fixação; 2) Sobreaquecimento no corpo ses. Manter a base de um fusível NH ignora
dos fusíveis; 3) A sobreposição dos dois de‐ que eventualmente os contatos já sobrea‐
feitos anteriores. Cada caso deve ser avali‐ queceram e perderam ou diminuíram sua
ado individualmente quanto às suas causas têmpera. Como exceções, estão os casos
para que as providências de intervenção se‐ onde especificamente o defeito é no fusível
jam as mais adequadas. As avarias mais co‐ e não nos contatos com as suas lâminas. Ca‐
muns são encontradas em fusíveis quando sos de fusíveis em paralelo deverão ser sub‐
estes estão instalados em ambientes com at‐ metidos à leitura de resistência de contato
mosferas corrosivas. Tais agentes corrosivos nas extremidades em comum das bases.
atuam tanto na qualidade dos contatos elé‐
Como se trata de circuito em paralelo, as ba‐
tricos como na argola que mantém a pressão
ses e fusíveis a serem substituídos deverão
nos contatos da base com o fusível. Com o ser as com as maiores resistências de con‐
passar do tempo, e auxiliadas pela própria
tato. Para descobrir qual é o pior contato,
temperatura de operação do fusível, a pres‐ deve‐se utilizar um micro‐ohmímetro e com‐
são sobre os contatos frequentemente dimi‐ parar as medidas de todas as lâminas de con‐
nui, as molas destemperam e surgem pontos tato.
com maior resistência à passagem de cor‐
rente. Há ainda problemas associados e,
eventualmente, consequentes a esses aque‐
cimentos quando as conexões das bases
aquecem devido à presença de mau contato

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 549


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

7.11 SECCIONADORAS BT necessidade de operação. Há modelos espe‐


cíficos para seccionamento sob carga, mas
não para atuação sob correntes de curto‐cir‐
cuito. Essas seccionadoras podem conter fu‐
síveis NH associados externamente ou efe‐
tuar a comutação utilizando as próprias gar‐
ras dos fusíveis. A função desses fusíveis con‐
tinua sendo a proteção de sobrecorrente
eventual curto‐circuito.
Descrição Térmica: em condições normais
de funcionamento, as chaves seccionadoras
Figura 7.60 – Seccionadoras BT.
não devem apresentar nenhum ponto
quente específico, apenas uma distribuição
Descrição Técnica: chaves seccionadoras são
uniforme de temperatura proporcional à sua
dispositivos operacionais constituídos por
carga passante.
contatos que fazem a comutação entre “li‐
gado” e “desligado”, sem carga, conforme a Exemplos:

Anotações:

550 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

Figura 7.61 – Seccionadora com anomalia severa em um dos contatos internos.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Termograma bem focado e bem enquadrado. Com relação à Amplitude Térmica, este
7.61 caso fornece um exemplo de como a falta de um ajuste correto pode levar a um
diagnóstico impreciso. No Termograma (1) fica evidente a existência qualitativa de uma
anomalia grave na Fase Direita. No entanto, a imagem não mostra qual a origem do
aquecimento porque as temperaturas ultrapassam a faixa de Amplitude Térmica,
ajustada para um valor médio da Inspeção em curso. Isso pode ser constatado pela
presença dos sinais “>” ao lado das Áreas que apresentam as temperaturas máximas
presentes em seu conteúdo. Assim, e ajustando a câmera para Faixa Térmica
imediatamente superior, o Termograma (2) apresenta que a fonte do aquecimento é
interna à chave e não eventualmente na conexão com a barra. Qualitativamente a
questão está resolvida. Para saber a qual nível a temperatura está, é necessário um
novo Termograma em uma Faixa Térmica ainda maior. Nesse caso, o Termograma (3)
apresenta a temperatura final do contato interno, mas como se pode observar, a
imagem está comprometida devido ao ajuste automático, tendo o limite superior igual
ao limite inferior. Este ajuste incorreto mostra a Sensibilidade Térmica (NETD) do
sensor, como se pode ver no padrão diagonal do fundo da imagem, característica desse
modelo de câmera. Uma vez ajustados os limites inferior e superior, pode‐se observar
que praticamente nada do contexto da imagem térmica está presente no Termograma.
Isso se explica porque, para ler uma temperatura alta como a presente, o limite inferior
da imagem fica limitado ao mínimo de 200 °C, o que faz com que qualquer objeto
irradiando menos que o equivalente a 200 °C não seja detectado. É um ajuste que só
serve para a leitura de temperatura, mas que não traz nenhuma outra informação que
permita a identificação da anomalia. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de
3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da emissividade para contatos severamente
oxidados e aquecidos pode variar de 0,85 a 0,95. Software: FLIR ThermaCAM
Researcher 2.10. Câmera: FLIR AGEMA 550. Lente: 20°.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 551


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

Figura 7.62 – Contatos internos da chave com fechamento incompleto.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Termogramas bem focados, sendo que, com relação ao enquadramento, o inferior
7.62 está muito próximo. A justificativa para essa distância reduzida é que se tratava de
uma revisão da anomalia detectada no Termograma superior. No entanto, teria sido
melhor manter o enquadramento original. Este é um caso interessante porque, após
a anomalia ser descoberta, passaram‐se aproximadamente 15 minutos para a chave
falhar e causar um desligamento significativo na linha de produção. A equipe de
manutenção compareceu rapidamente à subestação que alimentava o setor afetado
e identificou o circuito causador do desligamento. Medindo a tensão entre Fases, foi
constatado que a Fase do Meio não apresentava tensão, o que correspondia à Fase
mais aquecida. Como o Inspetor de Termografia ainda estava nas proximidades, foi
chamado para verificar se havia detectado algo neste painel. Como esta
seccionadora apresentou um sobreaquecimento significativo (vide Termograma
superior), a equipe de manutenção confirmou a observação do Inspetor de que a
chave se encontrava parcialmente fechada. Isso pode ser visto no detalhe da foto de
controle superior, pela posição da trava do eixo de acionamento. Este modelo de
chave, quando “Fechada”, tem seu pino de trava no eixo de acionamento
posicionado na posição horizontal. Quando “Aberta”, a trava fica posicionada
verticalmente. Com a confirmação de qual a chave estava em situação de operação
anormal, a porta do painel foi fechada e, utilizando os equipamentos de proteção
individual adequados, foi aberta e fechada. A manobra foi possível porque as cargas
estavam desligadas. Uma vez efetuado o fechamento da chave, e ainda com as cargas
desligadas, a porta foi aberta novamente e as tensões entre Fases lidas para

552 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

FIGURA COMENTÁRIOS
confirmação de retorno da Tensão de frequência industrial. No entanto, após essa
operação, a Fase Esquerda se apresentou sem tensão. Isso obrigou a execução de
mais uma manobra, quando então as tensões foram normalizadas. Como demoraria
ainda pelo menos uma hora para que todo o processo industrial fosse retomado na
sua capacidade nominal, após uma hora e meia o Inspetor retornou para verificar o
estado da chave. O Termograma correspondente à situação térmica encontrada é o
inferior. Esta chave deverá ser inspecionada minuciosamente durante a próxima
parada programada tanto com relação ao funcionamento do mecanismo de
operação quanto ao estado dos contatos. Caso haja sinais de corrosão nos contatos,
deverão ser substituídos. Em caso contrário, procedimentos de limpeza e ajuste na
pressão dos contatos deverão manter a chave operacional. Na próxima Termografia,
deverá ser efetuado um Termograma de controle. Para medições radiométricas em
7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da emissividade para
contatos elétricos expostos e aquecidos pode variar de 0,85 a 0,95. Software: FLIR
ThermaCAM Researcher 2.10, SnagIt 11, Câmera: FLIR T300. Lente: 24°.

Figura 7.63 – Contatos internos da chave com defeito.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Termograma bem focado, bom enquadramento e Amplitude Térmica correta. Algumas
7.63 seccionadoras trazem acopladas externamente fusíveis NH para a proteção do circuito
alimentado e redução do espaço necessário dentro dos painéis. Apesar dessa vantagem,
apresentam a desvantagem da proximidade física entre dois pontos susceptíveis de
aquecimentos, que são os contatos da própria seccionadora, e os contatos dos fusíveis.
Dessa forma, quando ocorre uma anomalia em um, o outro é facilmente atingido e,
eventualmente, prejudicado. O Termograma apresenta um caso em que o defeito interno
não fica caracterizado pela imagem térmica externa, uma vez que ambos, tanto o contato
do fusível como o contato interno da chave, podem estar gerando o aquecimento
detectado. Seria necessário retirar a proteção plástica para definir qual a origem do calor,
o que nem sempre é possível com a fábrica em operação normal. Neste caso, o
diagnóstico terá de ser complementado pela desconexão da chave e medição de
resistência de contato das três Fases para comparação e, se possível, eventual reparo.
Em muitos casos, o reparo pode custar mais que a substituição por uma chave nova.
Eventualmente a chave danificada poderá ser mantida para fornecimento de peças para

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 553


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

FIGURA COMENTÁRIOS
outra ocorrência similar. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à
temperatura ambiente, o valor da emissividade para material plástico pode variar de 0,90
a 0,94. Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Figura 7.64 – Anomalia em contatos internos.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura As duas chaves dos Termogramas são do mesmo modelo, diferindo apenas que uma
7.64 possui fusíveis NH externos e, na outra, foram substituídos por barras. No entanto, ambas
apresentaram problemas em seus contatos internos, não deixando muitas dúvidas
quanto à origem dos aquecimentos. No entanto, o Termograma inferior indica que este
tipo de chave, bem como outras semelhantes devem, se possível, ter suas câmaras
inspecionadas de forma a comprovar que os contatos internos estão em bom estado para
a carga no momento da Inspeção. Para sua manutenção, a menos que haja peças
sobressalentes, é mais provável que seja mais econômico a sua substituição por chaves
novas. Observar que no Termograma inferior o limite superior da Amplitude Térmica foi
ultrapassado, o que não prejudica o diagnóstico qualitativo. Para medições radiométricas
em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da emissividade para
revestimentos à base de epóxi ou cavidades (como no caso da chave inferior) pode variar
de 0,85 a 0,94. Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC‐2000 e
FLIR AGEMA 550. Lentes: 24° e 22°.

554 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

Figura 7.65 – Chave Seccionadora com mau contato interno na Fase do Meio.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Termograma bem focado e bem enquadrado. Este modelo bastante comum de
7.65 seccionadora na verdade é apenas um adaptador de fusíveis NH com a função de
seccionar circuitos. Todos os fusíveis são inseridos ou retirados simultaneamente por
acionamento manual. O fato de ficarem encapsulados dentro do acionador não ajuda na
refrigeração e é comum encontrar anomalias internas nesse modelo. Como não é possível
a leitura direta do infravermelho irradiado pela conexão e/ou contato defeituoso, os
diagnósticos têm de ser efetuados por leituras em áreas próximas ou por inferência.
Nesses casos, apenas o diagnóstico qualitativo se aplica. A intervenção de manutenção
dependerá da abertura da chave e Inspeção cuidadosa para levantamento das causas.
Alguns modelos possuem bases sobressalentes, mas, e de qualquer forma, se a
substituição for a solução recomendada, deve‐se substituir base e fusível
simultaneamente. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à
temperatura ambiente, o valor da emissividade deverá ser ajustado para cada tipo de
encapsulamento. Neste caso, material plástico, pode variar de 0,85 a 0,94. Software: FLIR
ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 555


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

Figura 7.66 – Chave Seccionadora Fusível com anomalias internas.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Termograma bem focado e razoavelmente enquadrado. A distância poderia ser um pouco
7.66 maior para incluir informações do contexto. Este tipo de chave é conhecido também
como seccionadora fusível por justamente incorporar fusíveis NH entre os contatos fixo
e móvel de uma mesma Fase. Seu acionamento não é permitido sob carga e todos os
fusíveis são inseridos ou retirados simultaneamente por acionamento manual. O fato de
ficarem encapsulados dentro do acionador dificulta a refrigeração e é comum encontrar
anomalias internas nesse modelo. Como não é possível a leitura direta do infravermelho
irradiado pela conexão e/ou contato defeituoso, os diagnósticos têm de ser efetuados
por leituras em áreas próximas ou por inferência. Nesses casos, apenas o diagnóstico
qualitativo se aplica. Como é possível observar, há diversas anomalias entre contatos com
os fusíveis e conexão superior direita. A intervenção de manutenção dependerá da
abertura da chave e Inspeção cuidadosa para levantamento das causas. Alguns modelos
possuem bases sobressalentes, mas, e de qualquer forma, se a substituição for a solução
recomendada, deve‐se substituir base e fusível simultaneamente. Para medições
radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da
emissividade deverá ser ajustado para cada tipo de encapsulamento. Neste caso, material
plástico, pode variar de 0,85 a 0,94. Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000.
Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Figura 7.67 – Seccionadora em alto forno a indução.

Anotações:
556 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS
CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Seccionadoras para altas correntes, como em fornos de fusão por indução, possuem
7.67 características similares aos modelos de menor corrente; só operam sem carga devido
aos arcos produzidos quando de operações sob carga, são dependentes das áreas de
contato para o bom funcionamento e podem aquecer com qualquer outro modelo. Os
pontos mais susceptíveis de aquecimento são os contatos, principalmente o móvel.
Especialmente no caso de grandes correntes, é fundamental a leitura da resistência de
contato antes e após a manutenção, em todos os contatos, mesmo os que não
apresentarem anomalias. Mesmo com uma baixa queda de tensão, um pequeno desvio
nas resistências pode gerar grandes aquecimentos. Para medições radiométricas em
7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, barramentos de cobre com pastas
condutoras, como é o caso, apresentam emissividades muito baixas e difíceis de aferir. A
saída é medir as temperaturas nos locais onde estejam presentes frestas ou locais muito
oxidados. Dessa maneira, o valor da emissividade para frestas em contatos de cobre
oxidados pode variar de 0,70 a 0,85. Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000.
Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Análise de Consistência: assim anomalia e a necessidade de intervenção.


como as lâminas de contatos de fusíveis NH, Sempre que possível, e disponível, a substi‐
os contatos de seccionadoras são um ponto tuição dos contatos resolve o problema. De
frágil em uma instalação elétrica no que diz qualquer forma, é sempre prudente a medi‐
respeito a aquecimentos. Pressões de molas ção da resistência de contato, tanto para re‐
desreguladas, áreas de contato que não são ferência posterior, como para confirmar que
iguais, materiais destemperados por altas o contato substituído está dentro dos limites
temperaturas, ambientes corrosivos, ajustes aceitáveis. É também um procedimento útil
de penetração incorretos, vibrações do am‐ estampar os contatos antes e após a manu‐
biente entre outros fatores, contribuem tenção, para posterior averiguação da efici‐
para a deterioração dos contatos. Termica‐ ência dos procedimentos adotados. Nos ca‐
mente a primeira verificação é de equilíbrio sos em que não há contatos reserva para a
de correntes, mas dentro das normas de se‐ substituição, a substituição da chave é a re‐
gurança. Caso estejam equilibradas e comendação padrão. Há ainda os casos de
mesmo assim a anomalia térmica perma‐ “contatos colados” em que já soldaram e a
neça, o diagnóstico é mais simples. Para car‐ chave não abre mais. Nesses casos, as solu‐
gas desequilibradas, é necessário verificar se ções são as mesmas: substituição dos conta‐
há um desequilíbrio térmico também nos tos ou da chave completa. Não é recomen‐
condutores de entrada e saída. Se o desequi‐ dado o tratamento de superfície, uma vez
líbrio for proporcional, é provável que não que cada contato tem uma área, superfície
haja uma anomalia nos contatos da seccio‐ de ajuste e uma curvatura específica difícil
nadora. Por outro lado, se a anomalia tér‐ de ser reproduzida em campo. Alternativa‐
mica ultrapassar a máxima temperatura ad‐ mente a não existência de peças sobressa‐
missível de projeto para a seccionadora, in‐ lentes ou do mesmo modelo de chave para
dependente da carga, está caracterizado a substituição pode‐se tentar o prateamento
MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 557
CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

dos contatos com acompanhamento Termo‐ softstarters, contatores, máquinas e outros


gráfico posterior. equipamentos elétricos. Podem comutar até
160 A ou mais, de acordo com projetos espe‐
7.12 CHAVES ROTATIVAS OU REVERSORAS cíficos. São montadas em módulos, com di‐
versas configurações de acordo com a sua
aplicação e podem ter até dois contatos por
Fase.
Descrição Térmica: termicamente as chaves
rotativas admitem aquecimentos nos seus
contatos, proporcionais às correntes passan‐
tes. Alguns modelos preveem temperaturas
de operação de até 85 °C para calor seco,
considerando‐se a sua corrente nominal. De
qualquer maneira, assimetrias térmicas que
Figura 7.68 – Chave Rotativa. reportem à posição dos contatos sempre se‐
rão indicativas de anomalias internas, desde
Descrição Técnica: as chaves rotativas são que as correntes sejam equilibradas.
utilizadas para a comutação, energização e
Exemplos:
desligamento sob carga de motores,

Figura 7.69 – Conexão com anomalia em chave rotativa.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura
Termograma bem focado e bem enquadrado. O mau contato na conexão esquerda
7.69 superior pode ser de fácil solução se não estiver afetando os contatos internos. No caso,
abertura e Inspeção Visual cuidadosa deverão fornecer mais informação. Caso não haja
sinais de corrosão, os procedimentos são padrão: limpeza e reaperto. Se a fiação de
alimentação for flexível, a ponta do cabo deverá ser cortada. Em caso contrário, apenas
a limpeza eficiente já será suficiente. Em caso de corrosão, será necessário avaliar a
substituição do módulo ou da chave completa. Para identificar se há problemas internos,
é possível comparar as medições de resistência ôhmica das três Fases. Se houver
diferença, a possibilidade de uma anomalia interna é grande. É recomendável realizar
uma nova Termografia, nas mesmas condições de carga, após a intervenção para
confirmar que o procedimento empregado resolveu o problema. Para medições

558 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, deve ser


considerado que a chapa metálica de fixação da fiação está severamente oxidada. Além
disso, há frestas entre a conexão metálica e a base que é em termoplástico ou epóxi. Em
todas essas situações, o valor da emissividade é alto e pode variar de 0,80 a 0,90.
Software: FLIR Image Builder, FLIR ThermaCAM Researcher 2.10, Câmera: SC‐2000. Lente:
24°.

Figura 7.70 – Chave Rotativa com anomalia de causa desconhecida.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura
Termograma bem focado, mas mal enquadrado, uma vez que só apresenta o detalhe das
7.70 conexões sem dar uma visão de contexto da chave toda. Há duas anomalias nesta chave,
na mesma conexão: uma na conexão de força e outra na conexão auxiliar, ambas na
mesma Fase. Pela distribuição térmica apresentada, não é possível saber se o
aquecimento detectado é proveniente da oxidação do cabo ou se provém de um mau
contato interno. Nessa situação, um Termograma mais afastado forneceria mais
informações – por mostrar as câmeras dos contatos –, que permitiriam definir melhor a
causa do aquecimento. De qualquer maneira, a ponta afetada do condutor deverá ser
cortada até um trecho sadio do cabo. As duas conexões deverão ser revistas e, para
identificar se há problemas internos, é necessário comparar as medições de resistência
ôhmica das três Fases. Se houver diferença, a possibilidade de uma anomalia interna é
grande. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura
ambiente, deve ser considerado que a chapa metálica de fixação da fiação não apresenta
sinais visíveis de oxidação, o que dificulta sobremaneira a leitura de temperaturas. No
entanto, uma observação mais cuidadosa identifica uma arruela que está severamente
oxidada, no parafuso superior da direita. Além disso, há frestas entre a conexão metálica
e a parte mais aquecida do cabo da esquerda é recoberta por termoplástico. Em todas
essas situações, o valor da emissividade é alto e pode variar de 0,80 a 0,90. Software: FLIR
Image Builder, FLIR ThermaCAM Researcher 2.10, Câmera: SC‐2000. Lente: 24°

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 559


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

Análise de Consistência: chaves ro‐ deve ser aberta para verificação de estado.
tativas, como qualquer outra, podem apre‐ Se houver disponibilidade de peças sobres‐
sentar problemas em seus contatos internos salentes, os contatos devem ser substituídos
e externos. Nas conexões externas, o diag‐ ou o módulo trocado por um novo. Se as pe‐
nóstico é mais simples. Já para os contatos ças de reposição não estiverem disponíveis,
internos, a assimetria da distribuição tér‐ será necessária a substituição da chave.
mica da carcaça da chave é o fator indicativo
de anomalia. Uma dificuldade é que como 7.13 DISJUNTORES BT
são cilíndricas, nem sempre é possível visua‐
lizar os contatos das três Fases. Nesse caso,
é importante estar atento a pequenos aque‐
cimentos que eventualmente se propaguem
pelos cabos, de alimentação ou saída, e que
estiverem do lado oposto ao Inspetor. Pe‐
quenas assimetrias nos cabos podem indicar
problemas na conexão e, eventualmente,
nos contatos internos. Caso um lado da
chave não possa ser inspecionado devido a
não haver ângulo, ou devido à proximidade
de componentes energizados, essa restrição
deve ser anotada e comunicada à Gerência
responsável. Em qualquer situação, deve ser Figura 7.71 – Disjuntores.
lembrado que as distribuições de calor de‐
vem ser simétricas e compatíveis com a Descrição Técnica: um disjuntor é um dispo‐
carga no momento da Inspeção. sitivo eletromecânico projetado para operar
como um interruptor automático. Sua fun‐
Recomendações de Intervenção:
ção é proteger uma determinada instalação
problemas de mau contato externo são de
elétrica contra danos causados por curtos‐
solução simples: desmonte, Inspeção Visual
circuitos e, eventualmente, sobrecargas elé‐
cuidadosa na ponta do cabo e assentamen‐
tricas. Sua operação básica passa pela detec‐
tos. Na ausência de sinais de corrosão, lim‐
ção de uma anomalia na corrente elétrica,
peza e reaperto resolvem a maioria dos pro‐
que pode ser sobrecorrente ou curto‐cir‐
blemas. Caso seja detectada a presença de
cuito, acionamento de um gatilho e interrup‐
sinais de corrosão, a ponta do cabo deve ser
ção da corrente dentro de alguns ciclos, an‐
cortada e avaliada a possibilidade de trata‐
tes que os seus efeitos térmicos e mecânicos
mento de superfície ou substituição dos as‐
possam causar danos à instalação protegida.
sentamentos. Em caso negativo, deve ser
Difere dos fusíveis, que têm essas mesmas
feita a substituição do módulo ou da chave
características, pelo fato de poderem ser re‐
toda. Alternativamente, como as chaves
armados depois de atuarem, enquanto
possuem no mínimo 4 contatos, um contato
aqueles ficam inutilizados.
vago pode ser utilizado no local do defeitu‐
oso. No caso de anomalias internas, a chave

560 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

Descrição Térmica: em condições normais gas próximas à sua capacidade nominal. Al‐
de operação, os disjuntores não devem guns modelos possuem uma bobina interna,
apresentar nenhum ponto quente especí‐ permanentemente energizada, que pode
fico, embora possam se apresentar unifor‐ aparecer como área mais aquecida em sua
memente aquecidos quando sujeitos a car‐ carcaça.

Figura 7.72 – Disjuntores de caixa moldada com defeito em contatos internos.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Disjuntores de caixa moldada em epóxi são muito utilizados para correntes até 1000 A.
7.72 No caso destes Termogramas, é possível verificar duas anomalias térmicas nas paredes
laterais. As inferiores coincidem com os contatos internos e, no caso da esquerda, o
aquecimento superior coincide com uma conexão interna. O critério diferencial para
identificar uma anomalia ou não é a corrente instantânea. Se for próxima à nominal, é
esperado que haja alguma marca térmica nas laterais do disjuntor. Para confirmar se é
uma anomalia ou não, é necessário então, e se possível, verificar a parede do outro lado.
Caso também haja uma marca térmica semelhante em forma e intensidade, e a corrente
seja próxima da nominal, não é possível afirmar categoricamente que há um problema
interno. A única exceção é se a temperatura externa for maior que a máxima admissível
para o componente. A providência imediata é a retirada de operação e desmonte para
verificação interna. Caso possível, a substituição de alguns elementos poderá recuperar
o disjuntor. Em caso contrário, será necessária a sua substituição. Para medições
radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 561


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

emissividade para epóxi pode variar de 0,85 a 0,94. Software: FLIR ThermaCAM Reporter
PRO2000. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Figura 7.73 – Câmaras de Extinção em Disjuntores de 3.200 e 1.200 A.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Disjuntores de baixa Tensão para grandes e médias correntes, dependendo do modelo,
7.73 podem ter suas câmaras de extinção extraídas para confirmação de aquecimentos
internos. No Termograma superior, as setas vermelhas indicam os aquecimentos internos
maiores, e as setas amarelas os menores ou eventualmente normais para a carga
instantânea. Os aquecimentos detectados no topo das câmaras são produzidos pelas
correntes de convecção a partir dos contatos do disjuntor. No caso do Termograma
superior, a Gerência responsável não autorizou o bloqueio do disjuntor para a retirada da
câmara. No caso do Termograma inferior, o disjuntor foi bloqueado contra operações
intempestivas e sua câmara de extinção da Fase do Meio foi retirada. Com esse
procedimento, executado dentro das condições de segurança aplicáveis, foi possível a
visualização direta do aquecimento no contato do disjuntor. Através da imagem direta,
foi possível constatar que o a origem do aquecimento estava abaixo dos parafusos de
fixação dos contatos. Essa informação pode auxiliar na manutenção, uma vez que
determina onde atuar. É importante salientar que essa exposição dos contatos só pode
ser efetuada com o disjuntor travado e com a autorização da Gerência responsável e da
segurança do trabalho. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à
temperatura ambiente, as ranhuras das câmaras de extinção, bem como contatos ou

562 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

conexões internas e severamente oxidadas, possuem emissividades muito próximas,


podendo variar de 0,85 a 0,90. Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera:
FLIR SC‐2000. Lentes: 45° e 24°.

Figura 7.74 – Anomalia interna em Disjuntor BT.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Alguns modelos de disjuntor, além dos contatos e conexões internas usuais, possuem
7.74 bobinas de tensão ou corrente para acionar o disjuntor com variações de corrente ou
tensão previamente ajustadas e de acordo com as curvas desejadas. No caso, não é
possível saber do que se trata até a abertura do disjuntor. Conforme o projeto ou modelo,
poderá ser uma bobina ou uma conexão defeituosa, ou ainda os dois casos. De qualquer
maneira, a operação do disjuntor está sob suspeita e deve ser aberto para averiguação da
anomalia. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura
ambiente, revestimentos ou carcaças de epóxi podem variar de 0,85 a 0,94. Software: FLIR
ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Figura 7.75 – Anomalia em conexão de Disjuntor.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Neste disjuntor de caixa moldada, a anomalia é bastante simples: mau contato na
7.75 conexão superior. Como são dois cabos em paralelo, pode haver um desequilíbrio de
corrente entre eles. No entanto, isso não é relevante, uma vez que o aquecimento atinge

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 563


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

as duas pontas dos cabos. Caso não se disponha de histórico anterior do comportamento
térmico deste disjuntor, é recomendável medir a resistência de contato nas três Fases
para confirmar que não há danos internos. Caso seja observada uma diferença maior que
2% entre os valores medidos, é recomendável uma Inspeção interna. Caso os valores não
ultrapassem esse percentual, a intervenção de manutenção é padrão: desmonte,
Inspeção Visual, limpeza e reaperto com torquímetro. Caso sejam detectados sinais de
corrosão, deve ser providenciado tratamento de superfície adequado ou substituição do
disjuntor. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura
ambiente, o valor da emissividade para metais refletivos é muito baixo. Neste caso, deve‐
se medir a temperatura considerando o calor irradiado pelas frestas entre cabo e
conector ou pelo termoplástico que está muito próximo da fonte de calor. Para essa
situação, a emissividade pode variar de 0,75 a 0,85. Software: FLIR ThermaCAM Reporter
PRO2000. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Figura 7.76 – Borracha isolante conduzindo entre Fases.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Ao inspecionar os diversos equipamentos elétricos, muitas vezes o Inspetor se depara
7.76 com algo que desafia a sua compreensão. Focado nas imagens térmicas, e tendo que
continuamente compreender o que vê no infravermelho, a distribuição térmica dos
Termogramas causa desconfiança e surpresa. O Termograma superior foi efetuado ainda
com a proteção em policarbonato instalada, e na imagem térmica inferior, podemos
verificar os circuitos dos disjuntores sem essa proteção. Nesse caso específico, a borracha
de proteção da chaparia estava solta e caída sobre as três Fases do disjuntor do meio e
564 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS
CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

também sobre a Fase Esquerda do disjuntor direito. Por um possível defeito de fabricação,
essa borracha isolante estava conduzindo entre Fases, expondo o painel à possibilidade
de um curto‐circuito franco. Como o estado de condução era desconhecido e inesperado,
foi necessário desligar o painel para a retirada segura da borracha. Para medições
radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da
emissividade para a borracha pode variar de 0,85 a 0,94. Software: Thermocom
IRAnalyzer. Câmera: ThermoCom V384S. Lente: 22°.

7.14 ESTUDO DE CASO 13: O risco da Figura 1.18 do Capítulo 1. Considerando o


periodicidade inadequada efeito de contração causado pelo resfria‐
mento externo, é razoável explicar a falha
O disjuntor das imagens foi inspeci‐ deste componente pela periodicidade inade‐
onado por Termografia 19 dias antes de quada. Uma instalação elétrica deve ser ins‐
apresentar uma falha grave quando chegou pecionada regularmente de tal forma que
a incendiar. A poeira branca depositada so‐ inicialmente a periodicidade seja curta o su‐
bre ele é resíduo do uso de extintor de pó ficiente para garantir que não há problemas
químico. Por ocasião da Inspeção, não apre‐ graves em desenvolvimento. Um esquema
sentou nenhuma anomalia detectável e, por‐ bastante utilizado é dobrar o tempo entre
tanto, foi considerado Normal ou aceitável Inspeções até que o número de anomalias,
para a carga presente no momento da Inspe‐ gerados pela operação normal da planta, se
ção. Como o critério da Contratante era de estabilize. Por exemplo, para o período ini‐
registrar imagens térmicas apenas nos locais cial de 15 dias: caso não haja problemas sé‐
onde havia anomalias térmicas evidentes, o rios, ou em locais críticos detectados, a pró‐
Termograma do disjuntor também não foi xima Inspeção deverá ocorrer novamente
efetuado. Após a Inspeção, na semana se‐ em 15 dias. Caso não sejam detectados pro‐
guinte, houve uma queda na temperatura blemas com gravidade igual ou maior que na
ambiente de 14 °C devido à entrada de uma Inspeção anterior, ou em número maior, a
frente fria na cidade onde estava instalada a nova Inspeção deverá ser executada em 30
planta industrial. Provavelmente por causa dias. Caso persista o comportamento de não
da contração devida à redução de tempera‐ ocorrência de anomalias graves nem em nú‐
tura ambiente, os contatos internos apre‐ mero e nem em intensidade, aumenta‐se a
sentaram uma trinca, levando a temperatura periodicidade para 60 dias. Esse procedi‐
a subir drasticamente. Como pode ainda ser mento é repetido até que a unidade fabril
observado, alguns glóbulos metálicos estão atinja o seu número aceitável de anomalias
presentes nas lâminas de extinção, sinali‐ geradas por período de tempo arbitrado.
zando que em alguma ocasião este disjuntou Quando uma anomalia grave, estratégica ou
já operou sob curto‐circuito severo. Uma termicamente é encontrada, a periodicidade
eventual representação do comportamento fica fixada no período anterior até que o nú‐
térmico destes contatos pode ser visto na mero de anomalias diminua novamente.

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 565


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

Figura 7.77 – Estado Interno de Disjuntor incendiado.

Anotações:

566 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

Figura 7.78 – Disjuntor com aquecimento interno propagando‐se por convecção.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura O enquadramento deste Termograma deixa a desejar por cortar parte das laterais,
7.78
embora a anomalia térmica esteja preservada. Alguns disjuntores só são acessíveis, e
ainda assim parcialmente, pela parte traseira do painel onde estão instalados. Neste caso,
apenas as câmaras de extinção são visíveis e as distribuições térmicas anômalas
detectadas são causadas pelas correntes de convecção a partir dos contatos internos.
Como não é possível medir a temperatura dos contatos, apenas a avaliação qualitativa
pode ser aplicada. A posição estratégica, os circuitos e máquinas dependentes devem ser
considerados na classificação de urgência de atendimento. Sabendo do modelo do
componente, é possível adquirir peças de reposição antes da intervenção, para o caso de
serem necessárias. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à
temperatura ambiente, as ranhuras das câmaras de extinção possuem emissividades que
podem variar de 0,85 a 0,90. Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR
SC‐2000. Lente: 24°.

Figura 7.79 – Disjuntor com anomalia em componentes internos.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura O bom enquadramento deste disjunto permite que seja detectada uma anomalia interna
7.79 nas Fases da esquerda e do meio. Novamente não há como afirmar qual é o defeito
presente, se nas conexões internas, nos contatos ou em ambos os locais. Somente após
a abertura e Inspeção Visual será possível efetuar um diagnóstico definitivo. Para mais
detalhes sobre as classificações de intervenção e de manutenção aplicáveis, verificar os

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 567


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

FIGURA COMENTÁRIOS
casos anteriores. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à
temperatura ambiente, o valor da emissividade para epóxi pode variar de 0,85 a 0,94.
Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Figura 7.80 – Disjuntores motor de pequeno porte com anomalia interna e em conexões.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Disjuntores de pequeno porte, notadamente os modelos mais novos de disjuntor motor
7.80 podem apresentar anomalias da mesma forma que os de grande porte. Deve ser notado
ainda que na montagem utilizada no Termograma superior, não há espaço para a
circulação de ar entre os componentes. Esse tipo de arranjo contribui significativamente
para a atuação indevida desse tipo de disjuntor, devido à influência do calor de um
componente sobre o outro, além de reduzir sua vida útil. Neste caso, a conexão com o
componente inferior está comprometida e deve ser desmontada para Inspeção Visual,
verificação de corrosão, limpeza e reaperto com torquímetro. No caso da presença de
corrosão, os componentes devem ser substituídos. Adicionalmente, e se houver espaço
disponível, os componentes devem ser espaçados entre si para permitir uma melhor
refrigeração. No caso do Termograma inferior, deve ser observado que o disjuntor, além
de possuir uma anomalia interna, também não consegue uma refrigeração adequada por
estar encostado no componente ao lado. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou
de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, parafusos metalizados possuem emissividade

568 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

FIGURA COMENTÁRIOS
muito baixa. Neste caso, o parafuso apresenta‐se oxidado, o que facilita a medição por
elevar a emissividade do local. Mas caso estivesse em bom estado, a emissividade a ser
utilizada seria a do termoplástico ou epóxi à sua volta. Dessa maneira, o valor da
emissividade para frestas e cavidades com parafusos pode variar de 0,75 a 0,85. Já no
Termograma inferior, a emissividade deve ser ajustada para materiais plásticos, de 0,85
a 0,94. Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Figura 7.81 – Disjuntor com função de partida com defeito interno.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Apesar da foto de controle na luz visível estar nitidamente desfocada, este componente
7.81 apresenta uma anomalia interna seguida de carbonização do terminal inferior na Fase do
Meio. Como se trata de um componente de pequenas dimensões e de baixo custo, a
recomendação é a substituição. Já o cabo inferior deve ser decapado e inspecionado em
busca de sinais de oxidação. Pode estar ressecado e deverá ter sua ponta cortada até um
trecho utilizável. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à
temperatura ambiente, termoplásticos apresentam emissividades muito altas, na ordem
de 0,85 a 0,94. Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC‐2000.
Lente: 24°.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 569


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

Figura 7.82 – Disjuntores de pequeno porte com anomalias internas.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Mais dois casos de anomalias internas em disjuntores de pequeno porte. A solução é a
7.82 substituição. Disjuntores pequenos não devem ser subestimados em sua importância. Em
muitos casos, podem parar uma linha de produção por deixarem de alimentar uma
simples bomba ou apagarem a iluminação em um setor. O custo de uma falha pode ser
muito alto e anomalias no seu funcionamento correto não devem ser deixadas para
atendimento posterior. Além do critério térmico, deve ser sempre avaliada a sua função
estratégica e repercussões no caso de uma falha. Para medições radiométricas em
7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, barramentos de cobre com pastas
condutoras, como é o caso, apresentam emissividades muito baixas e difíceis de aferir. A
saída é medir as temperaturas nos locais onde estejam presentes frestas ou locais muito
oxidados. Dessa maneira, o valor da emissividade para frestas em contatos de cobre
oxidados pode variar de 0,70 a 0,85. Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000.
Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Anotações:

570 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

Figura 7.83 – Anomalia externa se propagando internamente em Disjuntor.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura No Termograma, o defeito no terminal mal prensado está se propagando por condução
7.83
à parte interna do Disjuntor. É possível verificar na foto de controle na luz visível que o
terminal já apresenta sinais de escurecimento por aquecimento e, se mantido em
operação, poderá danificar a ponta da fiação e afetar a atuação do disjuntor. A solução é
evidentemente a substituição do terminal, com a busca de uma região não oxidada do
cabo para prensar o novo. Eventualmente os componentes internos do disjuntor já
poderão ter sido afetados e, se houver histórico de atuação indevida, deverá ser
substituído por precaução. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à
temperatura ambiente, o valor da emissividade para termoplásticos pode variar de 0,85
a 0,94. Software: ThermoCom IRAnalyzer. Câmera: ThermoCom V384S. Lente: 22°.

Análise de Consistência: disjunto‐ economicamente viável e, portanto, deve


res, via de regra, ocultam suas partes mais ser considerado o prazo de entrega em uma
susceptíveis de apresentarem anomalias tér‐ eventual substituição.
micas, que são seu contatos, devido aos ar‐ Recomendações de Intervenção:
cos elétricos durante sua atuação. Sendo as‐ problemas de conexões em entradas e saí‐
sim, distribuições anômalas de temperatura, das de disjuntores são tratados da forma
principalmente as não proporcionais às car‐ convencional. Quando anomalias térmicas
gas instantâneas, deverão ser registradas indicarem que o principal aquecimento se
para pesquisa posterior de causas e efeitos. encontra nos contatos internos, a interven‐
Casos evidentes de altas temperaturas des‐ ção mais adequada é a retirada de operação
balanceadas, deverão ser classificados ter‐ seguida de desmonte e Inspeção Visual cui‐
micamente de acordo com os valores regis‐ dadosa. Caso haja sinais visíveis de corrosão,
trados e estrategicamente conforme os indica‐se, caso possível, a substituição do
equipamentos e áreas afetados por um mau jogo de contatos defeituoso. Na impossibili‐
funcionamento. São raros os casos em que dade, o tratamento de superfície e a pratea‐
as causas são devidas a desajustes que po‐
ção dos contatos pode solucionar o pro‐
dem ser corrigidos. A maioria dos casos ne‐
blema. É um procedimento importante me‐
cessita pelo menos de uma substituição do dir a resistência de contato de um jogo de
conjunto dos contatos afetados, se isso for
MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 571
CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

contatos em bom estado, no mesmo disjun‐


tor ou em outro de mesmas características,
para posterior comparação da eficiência das
providências tomadas. Caso os valores
obtidos sejam discrepantes em mais de 2 a
5% com os obtidos nos contatos em bom
estado, é recomendada a substituição do
conjunto ou do disjuntor completo.
Estampar os contatos para verificação das
áreas de contato pode ser necessário na
impossibilidade de medição de sua
resistência.
Figura 7.84 – Bornes.
7.15 BORNES
Descrição Térmica: termicamente os bornes
Descrição Técnica: bornes são conexões devem acompanhar o aquecimento de carga
utilizadas para evitar emendas nos cabos, os da fiação correspondente. Normalmente
quais recebem terminais em suas pontas apresentam anomalias quando há conexões
para serem fixados em ambos os lados. São sem aperto suficiente ou oxidadas, terminais
normalmente utilizados em painéis para a mal prensados ou erros de dimensiona‐
saída de cabos de força e auxiliares mento.
Exemplos:

Figura 7.85 – Anomalia externa se propagando internamente em borne.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Termograma bem focado e bem enquadrado. O Termograma não permite definir se a
7.85 origem do aquecimento é a conexão do borne ou o terminal mal prensado. De qualquer
maneira, já foi afetado e necessita ser inspecionado. Eventualmente e devido ao baixo
custo, pode ser substituído diretamente sem sofrer manutenção. A ponta do cabo, por
sua vez, deverá ser decapada até ser encontrada uma região sem oxidação para ser
adicionado um terminal prensado. As demais Fases poderão igualmente receber um
terminal prensado para uniformização das conexões. Para medições radiométricas em
572 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS
CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

FIGURA COMENTÁRIOS
7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da emissividade para pontas
de cabo isolados em termoplástico, ou cavidades em bornes, pode variar de 0,80 a 0,85.
Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Figura 7.86 – Borne‐Fusível com mau contato interno.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Em algumas aplicações, principalmente em painéis de proteção e/ou medição, os bornes
7.86
possuem fusíveis embutidos. Nesses modelos, há mais possibilidades de áreas de mau
contato devido à presença de encaixes dos fusíveis. Quando da localização de uma
anomalia térmica, os procedimentos são: Inspeção Visual, busca de sinais de corrosão e
verificação de pressão nas garras. Como salvo situações de emergência, esses
componentes não possuem manutenção, é mais seguro substituir a base embutida junto
com o fusível ou o borne todo. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm
à temperatura ambiente, o valor da emissividade para revestimentos plásticos pode
variar de 0,85 a 0,94. Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC‐
2000. Lente: 24°.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 573


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

Figura 7.87 – Borne severamente aquecido e deteriorado.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Bornes de uso industrial possuem uma vasta gama de capacidades de corrente e, no
7.87 entanto, nem por alguns serem dimensionados para correntes relativamente baixas,
deixam de eventualmente apresentar aquecimentos severos. O caso apresenta um borne
localizado com mais de 500 °C, já visualmente deteriorado e necessitando de intervenção
de emergência. O comportamento de uma conexão elétrica com mais de 500 °C não é
previsível e pode inclusive incluir risco de falha em frente ao Inspetor. Nesses casos, uma
vez efetuado o Termograma, deve‐se fechar o painel ou afastar‐se do local
imediatamente. Se houver um extintor de incêndio próximo, deve ser posicionado perto
da anomalia e a Gerência responsável deve ser comunicada imediatamente. A
interrupção do circuito deve ocorrer o mais rápido possível dentro de uma sequência que
permita o desligamento ordenado das cargas, máquinas ou equipamentos conectados a
essa fiação. Além do corte da ponta do cabo, os bornes adjacentes devem também ser
substituídos por motivos de segurança. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de
3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da emissividade para termoplástico
carbonizado ou metal severamente oxidado pode variar de 0,85 a 0,95. Software: FLIR
ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Figura 7.88 – Anomalia interna em borne.

Anotações:

574 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura O caso indica um mau contato interno ao borne. Ainda não há sinal visível de
7.88 carbonização grave no terminal, o que permite supor que o primeiro ciclo de
aquecimento está se instalando. Como são componentes de baixo custo, é recomendável
a substituição dos terminais e bornes adjacentes. Da mesma forma, é importante decapar
o cabo antes de prensar os terminais, em busca de uma área não oxidada. Observar ainda
que há uma linha aquecida nos cabos superiores que é causada pelo reflexo do resistor
de aquecimento instalado à frente da régua de bornes. Para medições radiométricas em
7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da emissividade para
cavidades em bornes pode variar de 0,85 a 0,90. Software: FLIR ThermaCAM Reporter
PRO2000. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Figura 7.89 – Borne comprometendo fiação de saída e ato inseguro.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura É muito comum que os Assistentes Técnicos arrisquem procedimentos perigosos durante
7.89 uma Inspeção a fim de identificar melhor qual componente está sobreaquecendo. Essa é
uma dificuldade recorrente em Bornes porque nem sempre é fácil identificar qual é o
anômalo em uma série de terminações praticamente iguais. Ainda mais se não houver
uma identificação clara. Cabe também ao Inspetor de Termografia zelar pela segurança
da Inspeção e impedir que o Assistente Técnico se arrisque desnecessariamente. No caso,
a dificuldade de identificação poderia ter sido resolvida com uma mudança no ajuste
térmico da imagem, para posteriormente efetuar uma marcação indicativa na calha
plástica superior. Caso o Termovisor disponha de um Laser indicativo, deve ser lembrado
que muitas câmeras apresentam erros de paralaxe. Para corrigir isso, alguns
Termovisores indicam na tela onde o Laser está incidindo. A anomalia em questão já havia
comprometido o cabo e o borne deve ser substituído. Além do mais, é necessário decapar
a fiação até encontrar uma região não oxidada para prensar o novo terminal. Para
medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor
da emissividade para parafusos inseridos em bornes pode levar em consideração o
material plástico. Isso porque a temperatura é muito próxima a do parafuso. Então,
valores entre 0,75 a 0,85 são razoáveis. Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000.
Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 575


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

Figura 7.90 – Jump em borneira.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Muitos componentes em borneiras tem pequenas dimensões que dificilmente seriam
7.90 observados mesmo que carbonizassem. O Termograma acima apresenta um jump em
uma borneira de alimentação de um CLP. Apesar das pequenas correntes envolvidas,
desenvolveu uma temperatura significativa que pode levar ao comportamento errático
do CLP com custos de produção muitas vezes significativamente altos. Sem o uso da
Termografia, a sua localização pode também ser bastante trabalhosa e demorada, já que
não possui ainda a coloração alterada na luz visível. E essa demora tem custos
significativos. Os sinais de carbonização na etiqueta adjacente confirmam também que o
cabo já esteve a temperaturas mais altas. A solução passa pela avaliação da necessidade
de existência deste jump. Se for o caso de mantê‐lo operacional neste local, os bornes e
terminais adjacentes devem ser substituídos junto. Para medições radiométricas em
7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da emissividade para
termoplásticos pode variar entre 0,85 a 0,94. Software: ThermoCom IRAnalyzer. Câmera:
ThermoCom V384S. Lente: 22°.

Análise de Consistência: de ma‐ de sobrecarga e/ou subdimensionamento


neira geral, os bornes devem acompanhar o aparecem frequentemente em bornes, as‐
aquecimento proporcional à carga do cir‐ sim como oxidação interna nos condutores
cuito ao qual estão conectados. Distribui‐ conectados.
ções assimétricas ou anômalas devem ser Recomendações de Intervenção:
pesquisadas quando à sua origem. Da bornes, por serem componentes de baixo
mesma maneira, e por serem componentes custo, podem ser substituídos facilmente.
de pequenas dimensões, é comum que os Sempre que localizada uma anomalia tér‐
bornes adjacentes sejam “contaminados” mica no borne em si, é recomendável a sua
pelo aquecimento e venham a apresentar substituição, bem como dos terminais co‐
um defeito ao longo do tempo. Uma má co‐ nectados a eles, com corte na ponta dos ca‐
nexão ou terminais mal prensados podem bos, se possível. No caso de impossibilidade
propagar aquecimentos para as conexões do
borne ao qual estão conectados. Problemas

576 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

de substituição imediata por ocasião da ma‐ poderem causar sobreaquecimentos signifi‐


nutenção, apenas um reaperto tem poucas cativos com paradas de equipamentos, li‐
chances de resolver o problema de mau con‐ nhas de produção e assim por diante.
tato. É sempre necessário desmontar a cone‐
xão, limpar, eventualmente tratar a superfí‐
cie e, somente então, reapertar a conexão.
De qualquer forma, qualquer providência
que não inclua a substituição do borne e res‐
pectivos terminais envolve riscos que devem
ser ratificados pela Gerência responsável.

7.15.1 Bornes em equipamentos

Descrição Técnica: medidores de energia e


Figura 7.91 – Bornes em equipamentos.
proteções instaladas em painéis, bem como
outros tipos de equipamentos como CLPs,
registradores de demanda, controle operaci‐ Descrição Térmica: devido às baixas corren‐
onal etc., recebem suas informações e en‐ tes, tanto os bornes de comando como os de
viam seus comandos através de cablagens sinalização, não devem apresentar aqueci‐
conectadas por réguas de bornes. Como as mento, sendo que isso se aplica às suas fia‐
correntes são muito baixas ou são transitó‐ ções. A única exceção são as fiações de cor‐
rias, essas réguas são normalmente despre‐ rente que podem aquecer leve e uniforme‐
zadas em Inspeções Termográficas apesar de mente quando se encontram em condições
normais de operação.
Exemplos:

Figura 7.92 – Mau contato interno em borneira de controlador de fator de potência.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura A régua deste equipamento é do tipo inserção, o que significa que sua conexão com a
7.92
fiação de alimentação se faz por meio de conexões aparafusadas externamente, e por
garras de inserção internamente. Neste Termograma, a parte externa da régua está em

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 577


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

bom estado, mas um componente interno apresenta um possível mau contato e


aquecendo. A consequência imediata é o possível erro na atuação, com custos a mais
para a unidade fabril em multas por não compensação do fator de potência. Em uma
situação pior, o equipamento pode incendiar, com consequências imprevisíveis. A
solução é o desligamento e desconexão do equipamento para averiguação interna. Caso
seja possível a recuperação, o procedimento é padrão. Em caso contrário, substituição.
Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o
valor da emissividade para termoplásticos pode variar de 0,85 a 0,94. Software:
ThermoCom IRAnalyzer. Câmera: ThermoCom V384S. Lente: 22°.

Figura 7.93 – Mau contato em terminal de relé estático.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura A Amplitude Térmica de apenas 7 °C deste Termograma não permite muito contraste
7.93
entre os componentes presentes na imagem. No entanto, é o que representa as
temperaturas de interesse. Relés estáticos recebem sinais de corrente, tensão, digitais e
de comando da mesma forma que outros relés. As conexões com terminais prensados são
usuais, mas nem sempre estão em uma posição que facilite uma identificação clara de
uma anomalia. No Termograma, se pode constatar em destaque um aquecimento de
pequena intensidade na ponta de um cabo de alimentação, mas sem a possibilidade de
discriminar se a anomalia é no terminal prensado ou no borne. Por outro lado, é possível
também observar que o cabo que alimenta este terminal apresenta‐se aquecido na sua
continuidade, levantando suspeitas sobre uma possível oxidação interna. E, para
completar, há ainda mais um cabo com aproximadamente 30 °C que aparece aquecido
em um tom de cinza escuro. Mesmo valores baixos de temperatura requerem atenção,
porque podem fazer uma diferença entre a atuação correta ou não de um relé, com todos
os custos decorrentes. Os procedimentos são idênticos ao do caso anterior: desligamento
e desconexão do equipamento para averiguação das origens dos aquecimentos. Se a
causa do aquecimento for o terminal, corte da ponta do cabo e substituição. Se for a
conexão com o borne, Inspeção Visual cuidadosa para verificação de corrosão. Não
havendo sinais de corrosão, limpeza e reaperto deverão resolver. Deve‐se também
examinar o cabo em cinza escuro para verificar se está aquecendo por carga ou se já
apresenta sinais internos de oxidação. Em qualquer opção, é recomendável medir as
resistências de contato dos demais bornes para comparação, bem como do que

578 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

FIGURA COMENTÁRIOS
apresentou defeito. Caso haja corrosão, a recomendação é a substituição do borne. Para
medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor
da emissividade para cabos em termoplástico pode variar de 0,85 a 0,94. Software: FLIR
ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Figura 7.94 – Mau contato em conexão e terminal de relé diferencial.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Relés Diferenciais são empregados normalmente em transformadores para detectar
7.94
falhas internas pelo desbalanceamento de correntes entre entrada e saída. Dependendo
da classe de precisão do relé, pequenas diferenças de corrente podem ser detectadas
que, evidentemente, geram também pequenas quedas de tensão. No caso do
Termograma, o aquecimento na régua de bornes pode causar uma atuação indevida com
o desligamento de toda uma fábrica ou de um setor inteiro. Normalmente conexões de
relés não são inspecionadas devido às pequenas correntes envolvidas. No entanto, cabe
aqui a consideração de que se pequenas correntes não gerassem grandes aquecimentos,
filamentos de lâmpadas incandescentes de 6 Volts não chegariam aos mil graus! Sendo
assim, em equipamentos estrategicamente importantes para o funcionamento da
fábrica, deve ser obrigatória a Termografia, independente da corrente nominal de
operação. No caso, os procedimentos de manutenção já foram descritos em inúmeros
casos anteriores: desligamento e desconexão do equipamento para averiguação das
origens dos aquecimentos. Se a causa do aquecimento for a conexão com o terminal,
Inspeção Visual cuidadosa para verificação de corrosão. Não havendo sinais de corrosão,
limpeza e reaperto deverão resolver. Deve‐se também verificar o estado do terminal com
os mesmos critérios. Caso haja corrosão e/ou oxidação visíveis, a recomendação é a
substituição do borne e/ou terminal. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de
3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da emissividade para cabos, bornes e terminais
em termoplástico pode variar de 0,85 a 0,94. Software: FLIR ThermaCAM Reporter
PRO2000. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Anotações:
MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 579
CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

Figura 7.95 – CLPs em bom estado.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Controladores Lógicos Programáveis (CLPs) em bom estado não devem apresentar
7.95
aquecimentos incompatíveis com as cargas e sinais de controle que circulam. Como as
correntes e sinais de comando possuem normalmente correntes baixas, não é esperado
nenhum tipo de aquecimento além do gerado pela parte eletrônica em operação. Os
Termogramas apresentam o comportamento térmico esperado desses equipamentos em
bom estado. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura
ambiente, o valor da emissividade a ser utilizado irá variar de caso a caso. FLIR
ThermaCAM Researcher Pro 2.10. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Anotações:

580 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

Figura 7.96 – Bornes em CLP com sobreaquecimento.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Apesar das correntes muito baixas circulantes na cablagem de um CLP, muitas vezes o
7.96 contato elétrico é tão ruim que gera aquecimentos significativos. Sob essa contingência,
o mais preocupante é o comportamento errático que pode paralisar, em alguns casos,
uma linha de produção inteira se o CLP estiver controlando algum gargalo de produção.
No caso, apesar de tanto o Termograma como a foto de controle na luz visível estarem
desfocados, é possível perceber que os maus contatos ocorrem nas conexões em si, e não
nos terminais prensados. Como se trata de uma placa eletrônica com uma régua de
bornes soldada, nem sempre a manutenção é fácil ou há peças de reposição disponíveis.
Abertura, Inspeção Visual cuidadosa em busca de sinais de corrosão e, em caso negativo,
limpeza e reaperto, são as recomendações padrão. Dada a temperatura detectada, é
conveniente decapar o condutor para verificar a presença de oxidação. Caso encontrada,
a ponta do cabo tem de ser cortada até encontrar uma região em bom estado. Se sinais
de corrosão forem encontrados, a recomendação é a substituição dos bornes afetados,
bem como o corte das pontas da cablagem. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm
ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da emissividade para bornes em material
plástico, mesmo com parafusos metálicos, pode variar de 0,75 a 0,85. Isso porque há
frestas entre a parte metálica de baixa emissividade e a parte plástica que tem alta
emissividade, o que permite o uso de um valor maior sem que ocorram grandes erros.
Software: ThermoCom IRAnalyzer. Câmera: ThermoCom V384S. Lente: 22°.

Figura 7.97 – Bornes da 0 após manutenção parcialmente bem‐sucedida.

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 581


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Seis meses após a anomalia da 0 ser localizada, foi efetuada uma nova Inspeção, no
7.97
mesmo CLP. Como é possível observar, apenas o condutor inferior, em relação ao
Termograma anterior, teve a anomalia sanada. O cabo superior apresentou um valor de
temperatura um pouco acima do anterior, evidenciando que se houve intervenção de
manutenção, ela só foi parcialmente eficaz. Cabe a Gerência responsável verificar quais
procedimentos foram efetuados e corrigir as eventuais deficiências. Para medições
radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da
emissividade para bornes em material plástico, mesmo com parafusos metálicos, pode
variar de 0,75 a 0,85. Isso porque há frestas entre a parte metálica de baixa emissividade
e a parte plástica que tem alta emissividade, o que permite o uso de um valor maior sem
que ocorram grandes erros. Software: ThermoCom IRAnalyzer. Câmera: ThermoCom
V384S. Lente: 22°.

Análise de Consistência: pontos es‐ causar erros de operação e perdas significa‐


pecíficos ou regiões aquecidas em borneiras, tivas de produção.
desde que divergentes do comportamento Recomendações de Intervenção:
esperado ou já conhecido, devem ser inter‐ para as conexões, desmonte, Inspeção Vi‐
pretados como anomalias e registrados para sual detalhada, busca por corrosão, limpeza
posterior manutenção e análise. Mesmo pe‐ criteriosa em caso negativo e reaperto cuida‐
quenas diferenças de temperatura devem doso de preferência com torquímetro. Se
ser consideradas significativas porque, nos houver corrosão, será necessária a substitui‐
casos de reles de proteção, pequenas dife‐
ção dos bornes porque, com suas pequenas
renças de miliampéres ou milivolts podem dimensões, manutenções normalmente são
causar uma operação indevida, ou uma não
inviáveis. No caso de os cabos terem sido
operação do componente, com custos altís‐ afetados, corte da região danificada ou oxi‐
simos para a instalação protegida e/ou pro‐ dada dos cabos e substituição dos terminais
dução. Nos casos de CLPs, pequenas diferen‐ são as providências mais indicadas para es‐
ças de tensão ou corrente também podem ses aquecimentos.

Anotações:

582 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

7.16 GARRAS DE INSERÇÃO pamentos defeituosos ou mudanças nas ca‐


racterísticas de produção. Basta o desliga‐
mento e a substituição por outro compo‐
nente ou gaveta para que a planta ou setor
volte a funcionar normalmente. Como forma
de tornar a conexão com o barramento mais
rápida, as conexões de força ou potência,
tanto de entrada como de saída, são usual‐
mente substituídas por contatos preênsis ou
garras de inserção. A movimentação do com‐
ponente se faz por manivela através de uma
rosca inferior que o desloca por trilhos já ins‐
Figura 7.98 – Garras de inserção. talados.
Descrição Térmica: como todo componente
Descrição Técnica: muitos Painéis de Força e de conexão, a pressão ou torque aplicado so‐
CCMs utilizam tanto gavetas como disjunto‐ bre ele é crítico para que não haja aqueci‐
res extraíveis como forma de poderem reali‐ mento. Garras de contato ou de inserção em
zar intervenções mais rápidas quando neces‐ bom estado e bem dimensionadas não de‐
sário, por exemplo, na substituição de equi‐ vem apresentar sinais de aquecimento.
Exemplos:

Figura 7.99 – Anomalia interna em garra de inserção em CCM.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura O Termograma apresenta uma situação em que a anomalia não está localizada na
7.99 superfície de contato das garras, mas sim em sua fixação na gaveta. Deve ser observado
ainda que uma área pintada do barramento de alimentação, Fase Amarela, está dentro
da área de contato elétrico da garra. No entanto, paradoxalmente, e para a corrente que
está sendo exigida pela gaveta no momento da Inspeção, esta incorreção que diminui a
capacidade de corrente do contato não está gerando nenhum aquecimento detectável.
A recomendação é a extração da gaveta para averiguação da causa do aquecimento. Por
MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 583
CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

FIGURA COMENTÁRIOS
outro lado, a anomalia da área pintada está inserida na área de contato. Independente
se está gerando calor ou não no momento da Inspeção, deve também ser notificada à
Gerência responsável. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à
temperatura ambiente, o valor da emissividade para garras de metal nu deve ser baixo e
de difícil definição. Assim, é mais conveniente utilizar a emissividade para frestas entre
superfícies condutoras que, ainda mais se recoberta de poluente ou levemente oxidada,
pode variar de 0,70 a 0,85. Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR
SC‐2000. Lente: 24°.

Figura 7.100 – Anomalia interna em borne.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura O caso apresenta duas garras de inserção com praticamente a mesma temperatura. Duas
7.100
anomalias exatamente iguais é um evento raro que indica a necessidade de confirmação
de carga por Fase. Caso haja um desequilíbrio importante entre as duas correntes das
Fases Esquerda e Meio, em contraposição à corrente da Fase da Direita, é possível cogitar
de que o aquecimento detectado pode ser devido a esse desequilíbrio. Se esse
desequilíbrio é típico da carga alimentada ou não, o Assistente Técnico deverá informar
sob o risco de, na falta da informação correta, ser feito um diagnóstico incorreto. No caso
em questão, as correntes estavam equilibradas e ficou configurada a anomalia de
contato. A recomendação é extração e substituição da gaveta para continuidade
operacional. Na manutenção, deve ser verificada a pressão que as garras estão exercendo
e o estado dos contatos. Se for constatada a presença de corrosão, deverão ser
substituídos. Não deve ser deixada de lado a averiguação do estado da área de contato
no barramento onde as garras são inseridas. Caso haja sinais de corrosão, a solução pode
exigir a troca das barras. Se não for possível, o tratamento de superfície no local. Não é
recomendável, em hipótese alguma, a colocação de garras novas sobre um barramento
corroído, uma vez que as deficiências de contato tenderão a danificar a superfície nova
das garras. De maneira bastante similar ao caso anterior, para medições radiométricas
em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da emissividade para
garras de metal nu deve ser baixo e de difícil definição. Assim, é mais conveniente utilizar
a emissividade para frestas entre superfícies condutoras que, ainda mais se recoberta de

584 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

FIGURA COMENTÁRIOS
poluente ou levemente oxidada, pode variar de 0,70 a 0,85. Software: FLIR ThermaCAM
Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Figura 7.101 – Anomalia interna em borne.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura As garras de inserção do Termograma pertencem a um disjuntor extraível e trabalham
7.101
normalmente com correntes altas, na faixa dos 1.000 A. Como as correntes são
equilibradas, a anomalia fica evidente. Neste caso, o erro de projeto faz com que a área
de contato seja inferior à necessária para o dimensionamento de placa do disjuntor,
levando a problemas recorrentes. A solução é a substituição das garras e verificação
cuidadosa do estado do barramento de assentamento. Novamente é importante
ressaltar que não deve ser deixada de lado a averiguação do estado da área de contato
no barramento onde as garras são inseridas. Caso haja sinais de corrosão, a solução pode
exigir a troca das barras. Se não for possível, o tratamento de superfície no local. Não é
recomendável, em hipótese alguma, a colocação de garras novas sobre um barramento
corroído, uma vez que as deficiências de contato tenderão a danificar a superfície nova
das garras. De maneira bastante similar ao caso anterior, para medições radiométricas
em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da emissividade para
garras de metal nu deve ser baixo e de difícil definição. Assim, é mais conveniente utilizar
a emissividade para frestas entre superfícies condutoras que, ainda mais se recoberta de
poluente ou levemente oxidada, pode variar de 0,70 a 0,85. Software: FLIR ThermaCAM
Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 585


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

Figura 7.102 – Anomalia sem ângulo para definição.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura O caso apresenta um disjuntor de inserção de 1.000 A com carga de
7.102 aproximadamente 75%. O ângulo disponível para visada fazia com que não fosse
possível identificar claramente se a origem do aquecimento era a garra de inserção
ou se a anomalia era interna ao disjuntor. Ao deslocar a câmera mais para a esquerda,
a conexão superior em 90° do barramento da Fase Amarela ocultava a garra de
inserção. E se o deslocamento fosse um pouco maior ainda para a esquerda, a imagem
conseguida era a mesma que pelo lado direito. Se o deslocamento fosse para o lado
direito, a conexão em 90° do barramento da Fase verde encobria as garras da Fase
Amarela. Ao ser tentada a visada inferior, os barramentos inferiores das Fases
Amarela e Azul ocultavam a garra. Dessa forma, não era possível um diagnóstico exato
mesmo se sabendo que havia uma anomalia evidente. Nesses casos, é importante
registrar a anomalia e deixar claro que pode ser em um local ou outro. A retirada do
equipamento permitirá os testes necessários para identificar a origem do
aquecimento. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à
temperatura ambiente, deve‐se escolher o valor da emissividade do que se aparece
aquecido, independente se for dele a origem ou não. No caso, o aquecimento visível
era no corpo do disjuntor em epóxi, onde se pode empregar valores de 0,85 a 0,94.
Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Análise de Consistência: garras de Recomendações de Manutenção: a


inserção, como qualquer outro componente priori não se deve efetuar manutenção nesse
elétrico, só deve aquecer até o seu limite tipo de contato elétrico, salvo as de pequeno
operacional e dimensional. No entanto, gar‐ impacto. Lixamento de superfícies, substitui‐
ras são elementos sensíveis porque eventu‐ ção de molas por mais fortes e ajustes ma‐
ais aquecimentos podem afetar a pressão nuais de folgas devem ser evitados pelas im‐
exercida pelas molas e causar um efeito pro‐ precisões que inserem nas superfícies de
gressivo de deterioração na qualidade e re‐ contato. Se for o caso, o prateamento de su‐
sistência dos contatos. Sendo assim, mesmo perfícies não corroídas, sem a aplicação tra‐
pequenos aquecimentos devem ser registra‐ tamento mecânico ou abrasivo, pode ser
dos e avaliados quanto à sua repercussão e tentado. Nos demais casos, o recomendado
necessidade de intervenção.
586 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS
CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

é a substituição das garras. Para conserva‐ Descrição Técnica: utilizados para o trans‐
ção, a aplicação de uma fina camada de va‐ porte de potência entre os locais de distri‐
selina industrial pode ser conveniente em buição e as cargas em si, mais comumente
ambientes corrosivos. desde o painel de distribuição até as cargas.
Podem ser de diversas bitolas, constituídos
7.17 CABOS ou não de vários tentos, revestidos por ma‐
terial termoplástico isolante de acordo com
sua tensão nominal ou mesmo refrigerados.

7.17.1 Cabos de força em painéis, calhas e


leitos

Descrição Térmica: os cabos em regime nor‐


mal de funcionamento e/ou bem instalados
apresentam aquecimentos proporcionais ao
seu carregamento e disposição, apresen‐
tando uma distribuição térmica compatível
Figura 7.103 – Cabos
com o ambiente em que estão inseridos.

Figura 7.104 – Cabos sobreaquecidos dentro de calha.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Em alguns bandejamentos, os cabos são deixados aparentes para melhor ventilação. O
7.104
registro dessa anomalia é obrigatório e a detecção de cabos sobreaquecidos, acima de
sua temperatura nominal de 70°, normalmente é devida à presença de sobrecarga ou
erro de dimensionamento. Em alguns casos, podem‐se encontrar cabos com isolamento
ressecado e oxidações internas devido à infiltração de umidade. Situações transitórias
também podem ocorrer, sendo que a parte mais difícil é a identificação de a qual circuito
se refere o aquecimento detectado. O risco implícito é o cabo provocar o ressecamento
dos cabos adjacentes e com o tempo causar fuga para Terra, ou curto circuito entre Fases,
com eventual incêndio. Cada caso é um caso que deverá ser rastreado até a identificação
do circuito para definição de qual é o fato causador do aquecimento. Uma vez
identificado, a sua solução pode passar por substituição dos cabos, instalação de cabos

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 587


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

FIGURA COMENTÁRIOS
em paralelo ou divisão de carga entre circuitos. Casos de ressecamento e oxidação
deverão obrigatoriamente passar por substituição. Para medições radiométricas em
7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, deve‐se escolher o valor da
emissividade. Para revestimentos termoplásticos é geralmente alto, variando de 0,85 a
0,94. Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Figura 7.105 – Cabos com sobreaquecimento sobre bandeja na saída de painel.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Além das dificuldades de identificação de qual circuito está sobreaquecido, em muitos
7.105 casos há a sobreposição de outros cabos para tornar o diagnóstico mais complexo.
Também de registro obrigatório, essa anomalia possui diversas opções como causa:
sobrecarga, erro de dimensionamento, quebra interna de tentos do cabo,
ressecamento e oxidação interna ou outra causa desconhecida. Os procedimentos são
idênticos ao do caso anterior: alertar para o risco implícito de ressecamento dos cabos
adjacentes e possível fuga para Terra ou curto‐circuito entre Fases, com eventual
incêndio. O caso que deverá ser rastreado até a identificação do circuito para definição
de qual é o fato causador do aquecimento. Uma vez identificado, a solução é:
substituição dos cabos, instalação de cabos em paralelo ou divisão de carga entre
circuitos. Casos de ressecamento e oxidação deverão obrigatoriamente passar por
substituição. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura
ambiente, deve‐se escolher o valor da emissividade. Para revestimentos termoplásticos
é geralmente alto, variando de 0,85 a 0,94. Software: FLIR ThermaCAM Reporter
PRO2000. Câmera: FLIR SC‐2000.

Anotações:

588 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

Figura 7.106 – Cabo em paralelo com sobreaquecimento com visada obstruída.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Neste caso de obstrução de visada, uma das causas possíveis é o mau contato nas demais
7.106
conexões dos cabos em paralelo (Ver Item 6.5, Estudo de Caso 8 – Condutores em
Paralelo). Neste caso, a primeira possibilidade a ser pesquisada é a da má conexão no
barramento. Depois de resolvida essa possibilidade, o estado do cabo deverá ser avaliado
para eventual substituição. Os riscos, anteriormente citados, de ressecamento dos cabos
adjacentes e possível fuga para Terra ou curto‐circuito entre Fases, com eventual
incêndio, não devem ser descartados. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de
3 – 5 µm à temperatura ambiente, deve‐se escolher o valor da emissividade. Para
revestimentos termoplásticos é geralmente alto, variando de 0,85 a 0,94. Software: FLIR
ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC‐2000.

Figura 7.107 – Cabo em paralelo com defeito interno.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Apesar de um pouco fora de foco, o Termograma apresenta um caso raro em que um
7.107
cabo em paralelo apresenta um defeito interno afastado de uma de suas pontas. Não era
possível observar a continuidade do cabo devido este entrar em uma parte do painel
protegida por uma chapa metálica. A causa mais provável é a quebra de tentos internos
ou baixa qualidade do cobre. Eventualmente poderia haver alguma oxidação interna, mas
não é possível identificar a causa sem o decapamento do cabo. Além do mais, e dentro
da distância de segurança disponível entre a câmera e os cabos dentro do painel (como

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 589


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

é possível observar pela aberração cromática do Termograma), mesmo com a lente


grande angular não era possível registrar uma área maior da anomalia para uma avaliação
mais segura. As providências recomendadas são o decapamento do cabo para identificar
a causa e eventual substituição. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de
3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da emissividade para revestimentos
termoplásticos varia de 0,85 a 0,94. Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000.
Câmera: FLIR SC‐2000.

Figura 7.108 – Anomalia por corrente em cabos refrigerados de alta potência.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura O Termograma está bem focado e bem enquadrado, mas é insuficiente para um
7.108
diagnóstico preciso. O caso é interessante porque, no momento da Inspeção, não foi
possível comprovar que havia uma fuga de corrente para a grade aquecida. A
probabilidade maior é de que se tratasse de um aquecimento por indução devido ao cabo
estar encostando na estrutura metálica da grade. Em uma visada mais de perto, o
Inspetor constatou que o cabo efetivamente encostava na grade, mas sem que houvesse
sinal de fuga de corrente. A providência inicial foi afastar o cabo da tela metálica para,
em um desligamento programado, verificar o estado tanto do isolamento elétrico como
da resistência mecânica do cabo devido à alta temperatura que estava exposto. Por
medida de segurança, o cabo foi substituído. Eventualmente para um diagnóstico melhor,
seria necessário pelo menos mais um Termograma, obtido pelo lado direito da foto na
luz visível. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura
ambiente, a emissividade utilizada nesse cabo foi a da tinta da grade. Isso porque era o
local de acesso direto e que estava aquecido. Assim, se pode empregar valores de 0,85 a
0,94. Software: ThermoCom IRAnalyzer. Câmera: ThermoCom V384S. Lente: 22°.

Anotações:

590 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

Figura 7.109 – Anomalia em cabo refrigerado sem ângulo para definição exata.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura O caso apresenta um bom enquadramento mesmo nas condições em que o Termograma
7.109
foi obtido, pois entre os fundos do painel e a parede, não havia muito espaço para uma
visada melhor. Nessa imagem térmica, um trecho de cabo refrigerado apresenta uma
anomalia em um trecho de seu percurso. As causas possíveis são uma eventual quebra
interna ou má qualidade do cobre. Outra possibilidade é a de uma obstrução interna no
fluxo do líquido refrigerante. Essa é uma hipótese viável porque, assumindo que a carga
é aproximadamente a mesma nas três Fases, todo o trecho de cabo visível por esta visada
(de costas para a fonte, Fases R, S e T) da Fase T se apresenta com uma temperatura
(86 °C) maior que os demais das Fases S e R (34 °C). O que não é consistente nesta
imagem é que há um gradiente de temperatura para os dois lados, a partir da região mais
aquecida, como pode ser observado no detalhe ampliado no Termograma. Caso
houvesse uma falha interna no cabo, e o fluxo de fluido refrigerante fosse normal, apenas
a partir de um determinado ponto haveria o aquecimento do cabo. Como há um
gradiente para ambos os lados, é possível supor a ocorrência de uma contingência dupla:
há uma anomalia interna no condutor dentro do cabo refrigerado e, ao mesmo tempo,
uma diminuição severa no fluxo de líquido refrigerante, a tal ponto que a geração de calor
interno consegue aquecer o líquido mesmo indo no contra fluxo. A solução é a
substituição do cabo e abertura para averiguação da causa. Para medições radiométricas
em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da emissividade a ser
utilizado é o da mangueira ou cabo refrigerado, que pode variar entre 0,85 a 0,94.
Software: FLIR ThermaCAM Researcher PRO 2.10. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 591


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

Figura 7.110 – Cabos refrigerados com anomalias internas.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Dos três Termogramas, apesar de todos estarem bem focados no térmico, apenas o
7.110
segundo apresenta uma visada identificável pela foto de controle na luz visível. Cabos
refrigerados são utilizados para aplicações que necessitam grandes correntes, como em
pinças de solda‐ponto na indústria automobilística. Com a circulação contínua de fluido
refrigerante, apenas casos graves de defeitos internos conseguem aquecer a superfície
externa dos cabos por estarem com a anomalia encostando internamente na parede do
cabo, porque há obstruções internas no fluxo do fluido ou ainda porque são tão intensas
que o fluido não consegue refrigerar. Nesses casos, a tendência é de que as marcas
térmicas não sejam pontuais, mas sim que sigam a direção do fluxo interno de fluido.
Por outro lado, a tendência é que essas anomalias externas arrefeçam rapidamente com
a interrupção da corrente de carga, já que o fluxo de fluido refrigerante é contínuo. O

592 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

Termograma superior indica que a falha está na região de retorno do fluido (direção
ascendente do gradiente de temperatura) e o Termograma inferior indica que a falha é
na direção descendente da circulação do fluido. Já o caso do Termograma do meio indica
uma parte interna contínua do cabo sobreaquecendo. Nesta situação, deve ser
verificado também se não há um desequilíbrio de corrente entre a formação interna dos
cabos. De qualquer maneira, a Inspeção desses equipamentos deve ser feita durante a
operação dos equipamentos atrelados a esses cabos. A solução é a substituição dos
cabos e abertura para verificação do estado interno. Para medições radiométricas em
7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da emissividade a ser
utilizado é o da mangueira ou cabo refrigerado, que pode variar entre 0,85 a 0,94.
Software: FLIR ThermaCAM Researcher PRO 2.10. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°

Figura 7.111 – Anomalia causada por instalação incorreta da cablagem.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura O Termograma poderia ter sido obtido a partir de uma distância um pouco maior do
7.111
objeto de interesse para permitir uma visualização melhor do contexto da anomalia. No
entanto, a observação atenta da distribuição térmica nesta imagem permite concluir, a
partir deste lado da instalação, que os cabos não apresentam aquecimento além do
esperado para a carga presente no momento da Inspeção, enquanto que o perfil
metálico sobre o qual estão apoiados possui um aquecimento significativo e perigoso
para o isolamento termoplástico. Independente da causa do aquecimento, não é
recomendado, em nenhuma hipótese, apoiar cabos elétricos diretamente sobre perfis
metálicos que possam conter cantos vivos ou rebarbas. A instalação correta seria no
mínimo uma pequena plataforma levemente arredondada, livre de arestas cortantes ou
rebarbas, para apoiar os cabos. No caso, a primeira possibilidade a ser descartada é a
indução de correntes parasitas. Isso porque os cabos das três Fases estão todos dentro
do retângulo metálico fechado pelos perfis, o que faz com que os campos magnéticos se
anulem. Além do mais, e supondo uma resistência elétrica homogênea no perfil, seria
esperado, no caso de indução, que todo o perfil estivesse mais aquecido, e não apenas
uma lateral. A causa que resta é a fuga de corrente a partir de algum dos cabos através
de uma isolação danificada. O fator inexplicado é como é possível uma fuga de corrente
para a Terra, em um espaço de cabo tão curto, afetar apenas o perfil metálico e não cabo
em si. Eventualmente o aquecimento no cabo poderia estar oculto pela visada sem

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 593


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

FIGURA COMENTÁRIOS
acesso ao lado posterior do perfil metálico. A equipe de manutenção informou que ao
efetuar o desligamento para intervenção, encontrou os cabos ressecados e
carbonizados, o que reforça a tese de isolamento baixo. Os cabos danificados tiveram
suas pontas cortadas e o apoio foi melhorado a fim de evitar outra ocorrência deste tipo.
Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente,
deve‐se escolher o valor da emissividade do que se aparece aquecido, independente se
for dele a origem ou não. No caso, o aquecimento visível era no corpo do disjuntor em
epóxi, onde se podem empregar valores de 0,85 a 0,94. Software: FLIR ThermaCAM
Researcher PRO 2.10. Câmera: FLIR AGEMA 550. Lente: 20°.

Figura 7.112 – Fuga de corrente em cabo de baixa tensão.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura O Termograma apresenta um caso onde, aparentemente, ocorriam duas anomalias. A
7.112
primeira é o cabo que pode estar quebrado internamente ou com fuga de corrente pelo
seu isolamento em termoplástico. A segunda anomalia é o isolador da barra da esquerda
que eventualmente estaria com fuga para a Terra. Como as duas anomalias estão do
lado oposto ao de acesso ao painel e não havia como inspecionar visualmente os
componentes, o diagnóstico é conservador, sendo recomendada a Inspeção Visual
cuidadosa do cabo e de sua formação para averiguar se não está com o isolamento
rompido ou com tentos partidos. Em qualquer das duas situações, o cabo deverá ser
substituído. Com relação ao isolador, pode ser testado, mas como é um componente de
fácil substituição e barato, a recomendação é a substituição dos três isoladores. O teste
pode ser efetuado a fim de comprovar o diagnóstico, mas com o cuidado de ser efetuado
após os isoladores terem ficado expostos ao ambiente e serem testados com umidade
relativa do ar alta. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à
temperatura ambiente, o valor da emissividade é o de termoplásticos, onde se podem
empregar valores de 0,85 a 0,94. Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000.
Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Anotações:

594 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

Figura 7.113 – Cabos sobreaquecidos com causa indefinida.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura O Termograma é bastante confuso, mas evidentemente, não por erro do inspetor. Alguns
7.113
ambientes industriais, muitas vezes por necessidade de produção ou por dificuldades de
orçamento, não possuem as instalações limpas como seria de se desejar. Ou, e como já
ocorreu em mais de uma instalação, alguma falha em um equipamento de produção
comprometeu a limpeza de diversas instalações com pó de produção ou de resíduos.
Acidentes operacionais deste tipo fazem com que as instalações elétricas, notadamente
leitos de cabos muitas vezes suspensos próximo ao teto do galpão industrial, acumulem
detritos a um nível perigoso. No caso, o retângulo amarelo na foto de controle na luz
visível destaca a área coberta pela lente do Termovisor. A quantidade de resíduos
industriais observada é muito grande, prejudicando não só a visada dos cabos como
também constituindo uma camada de isolante térmico que prejudica seriamente o
resfriamento natural dos cabos e sua vida útil. No caso de resíduos de celulose ou de
outro material combustível, as chances de incêndio aumentam significativamente, e no
caso de um sinistro, a seguradora pode se recusar a pagar devido à falta de manutenção
adequada às instalações, por desleixo ou contingências diversas. No caso, a Gerência
responsável foi informada e foi programada uma parada para limpeza das instalações e
outra Inspeção para verificação do estado da cablagem. Neste, para medições
radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, deve‐se escolher
um valor de emissividade compatível com o tipo de resíduo encontrado. De qualquer
maneira, misturado com pó, seu valor será alto, podendo ser utilizados valores de 0,85 a
0,94. Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 595


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

Figura 7.114 – Sobreaquecimento em cabos enclausurados.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Os dois casos acima apresentam situações comuns em qualquer instalação industrial.
7.114
Apesar da maioria da cablagem de força seguir por bandejamentos suspensos, é comum,
em algumas circunstâncias, que alguns sejam confinados a tubulações ou caneletas sem
muita, ou nenhuma, refrigeração natural. No Termograma superior, a proteção
adicionada à tubulação revela uma falha interna pontual na cablagem de alimentação do
motor. A solução para este caso é a abertura da tubulação para verificação do estado do
cabo com, além de uma Inspeção Visual, alguns testes elétricos adequados como
resistência de isolamento. Já no Termograma inferior, pode ser necessário verificar o
trajeto da eletrocalha que traz os cabos. Fica evidente também que pelo gradiente de
temperatura após deixarem o confinamento, o aquecimento detectado se deve ao efeito
cumulativo do agrupamento dos cabos. Isso porque, ao passarem para o ar livre, todos
os cabos baixam suas temperaturas individualmente. O maior problema aqui é que a
temperatura alcançada ultrapassa a temperatura mais comum de operação que é 70°. A
menos que se trate de cabos com outra classe de temperatura, o envelhecimento
precoce é praticamente certo, com o desenvolvimento de problemas adicionais como
curtos‐circuitos e ressecamento das camadas isolantes. O procedimento de manutenção
deve incluir Inspeção Visual cuidadosa, redistribuição e/ou substituição de cabos ou
modificação na forma de condução deles. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou
de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da emissividade é o de revestimentos

596 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

FIGURA COMENTÁRIOS
termoplásticos e se podem empregar valores de 0,85 a 0,94. Software: ThermoCom
IRAnalyzer e FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmeras: ThermoCom V384S e FLIR
SC‐2000. Lentes: 22° e 24°.

Figura 7.115 – Cabos dentro de canaleta plástica.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Dentro de painéis elétricos, a forma padronizada de organizar a cablagem é através de
7.115
canaletas plásticas. Apesar de não serem fabricadas com materiais transparentes ao
infravermelho, muitas vezes o aquecimento dos cabos encostados às tampas passa por
condução para o lado externo. No entanto, isso não é uma garantia, porque a grande
maioria dos cabos não encosta na tampa e nem sempre a canaleta está repleta de fiação.
No caso, é possível observar um aquecimento que pode ser normal, ou aceitável, e
esperado ou não. Será necessário retirar a tampa da canaleta, identificar o circuito e

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 597


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

FIGURA COMENTÁRIOS
verificar o seu dimensionamento, regime de operação, corrente nominal e instantânea.
Caso encontre‐se compatível com o dimensionamento, a imagem térmica deverá ser
considerada normal. Caso haja sobrecarga, ou a corrente esteja abaixo de 70% da
capacidade nominal do condutor, a situação deverá ser analisada para verificar se o
comportamento pode ser transitório ou permanente. Em qualquer dos casos, o
dimensionamento deverá ser revisto para garantir a segurança operacional e da fiação
adjacente. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura
ambiente, deve‐se utilizar o valor da emissividade da canaleta ou, em alguns casos, do
termoplástico visível por alguma fresta. De qualquer maneira, os dois terão valores muito
próximos e se podem empregar valores de 0,85 a 0,94 sem que sejam cometidos erros
significativos. Software: ThermoCom IRAnalyzer. Câmera: ThermoCom V384S. Lente: 22°.

Figura 7.116 – Sobreaquecimento interno em cabo trifásico.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Muitos cabos carregam as três Fases simultaneamente e, eventualmente, o neutro. O
7.116
caso apresenta uma situação em que é possível haver quebra interna sem que seja
possível identificar qual condutor está danificado. A solução é, em um primeiro
momento, a confirmação de que o dimensionamento e regime de operação estão
corretos e, a seguir, a substituição ou, na impossibilidade imediata, uma emenda com
conectores ou soldada. Uma Termografia posterior é altamente recomendada para
confirmar que o procedimento foi bem‐sucedido. Para medições radiométricas em
7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da emissividade é o de
termoplásticos, onde se podem empregar valores de 0,85 a 0,94. Software: FLIR
ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Anotações:

598 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

Figura 7.117 – Cabo de potência curto com anomalia.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Cabos de potência de pequenas dimensões podem também conter anomalias, ainda
7.117
mais pela facilidade de as oficinas de manutenção reutilizarem sobras de cabos de
outras instalações. A regra é não utilizar trechos de cabo sem saber se se encontram
em boas condições. Um trecho de cabo curto, caso esteja instalado em uma zona de
gargalo de produção, pode parar toda uma linha de produção com eventuais prejuízos
de produtos, energia, homens‐hora e assim por diante. A solução é a simples
substituição. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura
ambiente, o valor da emissividade é o de termoplásticos, onde se podem empregar
valores de 0,85 a 0,94. Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC‐
2000. Lente: 24°.

Figura 7.118 – Cabos em caixa de passagem.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura A partir do cheiro de termoplástico carbonizado, foi efetuada uma busca em todas as
7.118
caixas de passagem na subestação principal de uma fábrica. A única anormalidade
encontrada foi a distribuição anômala de temperaturas presente no Termograma que
sugere que, em algum tempo, a sobreposição de um cabo afetou o isolamento dos demais.
A imagem na luz visível não é clara o suficiente para definir qual o cabo causou essa
anomalia nos cabos, sendo que, por segurança, nenhum cabo foi deslocado ou tocado.
Conforme a numeração atribuída na foto de controle na luz visível, o cabo suspeito de
MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 599
CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

FIGURA COMENTÁRIOS
causar as anomalias nos cabos 2 e 4 é o de número 5, embora a posição relativa no
momento da obtenção do Termograma não justifique os aquecimentos detectados. Deve
ser notado também que a temperatura medida no ponto mais aquecido do cabo suspeito
(5: 30,4 °C.) é inferior a das anomalias (4: 34,6 °C.). Isso indica que realmente, em algum
ponto da história destes cabos, estavam em contato e que o excesso de aquecimento no
cabo 5 deve ter danificado os adjacentes. Outras causas teriam de incluir a abrasão entre
todos os cabos e o de número 5 ou o decapamento, o que não foi possível comprovar no
momento da Inspeção. A solução necessitará de um desligamento geral, a identificação
dos circuitos dos cabos, a verificação criteriosa dos danos já ocorridos e a avaliação da
possibilidade de reisolamento por fita auto fusão e isolante. Na impossibilidade, será
necessária a confecção de uma emenda ou substituição. Para medições radiométricas em
7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da emissividade é o de
termoplásticos, onde se podem empregar valores de 0,85 a 0,94. Software: FLIR
ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR AGEMA 550. Lente: 20°.

Anotações:

600 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

Figura 7.119 – Cabos em tubos subterrâneos.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Os Termogramas apresentam um caso que foi descoberto por acaso. O pessoal da
7.119
limpeza notou que uma parte do chão dessa subestação abrigada estava mais aquecido.
Ao serem inspecionadas as caixas de passagem de cabos, foram encontradas
temperaturas de até 108 °C no interior dos tubos metálicos de passagem dos cabos.
Como é possível verificar tanto nos Termogramas como na foto de controle na luz visível,
há tubos com dois cabos passados e outros com mais cabos por tubo. Isso cria um
desequilíbrio entre os campos magnéticos dos cabos, criando correntes parasitas que
circulavam por caminhos aleatórios entre os tubos. (Ver o Item 8.10 – Correntes parasitas
ou de Foucault). Houve, após esta Inspeção, o depoimento de um técnico que, antes da
substituição dos cabos, foi verificar o estado visual e encontrou vapor d’água saindo de
uma das caixas de passagem. Na próxima parada, todos os cabos foram substituídos e
ordenados corretamente nos tubos metálicos, fazendo com que o aquecimento
desaparecesse. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm, à
temperatura ambiente, o valor da emissividade é o de termoplásticos, onde se podem
empregar valores de 0,85 a 0,94. Para as medições nos tubos, encontravam‐se bastante
sujos, o que permitia o uso da mesma emissividade. Software: FLIR ThermaCAM Reporter
PRO2000. Câmera: FLIR AGEMA 550. Lente: 204°.

Figura 7.120 – Cabos em caixa de passagem.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 601


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Cabos refrigerados que partem de barramentos podem conter imagens térmicas
7.120 refletidas, como o caso deste Termograma. Observando apenas a imagem térmica,
há duas conexões e dois tubos de arrefecimento. Mas na foto de controle na luz
visível, há apenas uma porque, mesmo coberto de poeira, o barramento de cobre
ainda é refletivo. Uma análise mais cuidadosa da imagem térmica permite concluir
que a distribuição térmica observada não é consistente com a temperatura da
conexão do cabo refrigerado. Como a conexão da mangueira do fluido refrigerante
está mais fria que a conexão, e a continuidade do cabo também, é possível concluir
que a causa do aquecimento deve estar localizada na área interna do conector com
a parte ativa do cabo. Se o fluxo do fluido fosse na direção oposta à utilizada, o
cabo deveria apresentar uma temperatura maior e o tubo do fluido uma
temperatura menor, o que não é o caso. Por outro lado, o aquecimento ainda não
atingiu uma intensidade suficiente para que o fluxo de fluido não consiga efetuar
uma troca térmica suficiente de tal forma que o aquecimento atinja a superfície
isolante do cabo. A solução é o desmonte da conexão, Inspeção Visual e verificação
da possibilidade de reparo. Em caso negativo, a recomendação é a suspensão. Para
medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente,
deve‐se escolher o valor da maior emissividade disponível que é a das frestas entre
o barramento e a mangueira/cabo refrigerado. Nesse caso, podem ser utilizados
valores de 0,75 a 0,85. Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera:
FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Anotações:

602 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

Figura 7.121 – Correntes de convecção em cabos BT.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Apesar serem observáveis com alguma facilidade por câmeras infravermelhas com taxa
7.121
de atualização maior ou igual a 30 quadros por segundo, as correntes de convecção em
cabos são de difícil representação gráfica. No exemplo, obtido a partir de uma filmagem
radiométrica em um painel de baixa tensão operando próximo ao limite de projeto de
40 °C, a função isoterma é utilizada para destacar as diferentes formas que as ondas de
calor assumem ao se deslocar subindo pelos cabos. A isoterma verde representa a curva
de temperatura de 0,5 °C, sempre entre 63,5 e 64,0 °C, em intervalos que variam de 0,2
a 0,3 seg. Assim, é possível detectar que apesar de invisíveis, essas correntes de
convecção contribuem para o aquecimento final na conexão do cabo com o barramento.
Neste caso em específico, o mau contato estava na conexão dos cabos indicados com as
barras de saída. Procedimentos padrão de manutenção, já comentados em uma série de

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 603


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

FIGURA COMENTÁRIOS
casos anteriores e, adicionalmente, instalação de ventilação forçada no painel a fim de
baixar a temperatura de operação. Neste caso, foi utilizada a emissividade de 0,85.
Software: FLIR ThermaCAM Researcher PRO 2.10 e FLIR Image Builder 5.0. Câmera: FLIR
SC‐660. Lente: 24° Taxa de atualização: 30 quadros por segundo.

Figura 7.122 – Emendas defeituosas em leito de cabos sobre forro.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Instalações e circuitos menores em relação à produção industrial pesada, como cargas de
7.122
iluminação, muitas vezes recebem tratamento de qualidade inferior por omissão dos
empreiteiros, tanto durante a instalação como em eventuais manutenções e ampliações.
Nos casos, emendas foram acrescentadas à fiação contida nos leitos de calha e
convenientemente cobertas com as tampas das eletrocalhas. Por ocasião da Inspeção
Termográfica, o Assistente Técnico optou por retirar as tampas para verificar o estado das
fiações e o resultado encontrado apresentou emendas com temperatura superior à
nominal dos cabos empregados. Essas temperaturas põem em risco cabos adjacentes e são
causas comuns de incêndios. A solução passa pela substituição da fiação e, na eventual
impossibilidade, na execução de novas emendas efetuadas com critérios técnicos
adequados e preferencialmente estanhadas. Os cabos adjacentes também devem ser
inspecionados para verificar danos eventualmente ocorridos anteriormente pela anomalia.

604 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

FIGURA COMENTÁRIOS
É importante destacar que, havendo outras emendas nesse emaranhado de fiação, caso
estejam em uma Fase de baixa do ciclo de falha, ou estejam com carga baixa no momento
da Inspeção, passarão despercebidas na Inspeção. É importante garantir a carga plena
durante a Inspeção e a periodicidade adequada para diminuir ao máximo a chance de
ocorrência deste tipo de anomalia. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de
3 – 5 µm à temperatura ambiente, deve‐se escolher o valor da emissividade típico para
termoplásticos, podendo‐se empregar valores de 0,85 a 0,94. Software: ThermoCom
IRAnalyzer. Câmera: ThermoCom V384S. Lente: 22°.

Análise de Consistência: os cabos basicamente problemas de dimensiona‐


devem apresentar temperaturas que não ex‐ mento, deficiência de material e, no caso de
cedam suas características e capacidade de aquecimentos pontuais, quebras e/ou oxida‐
projeto, dependendo do material de seu iso‐ ção interna. Além disso, cabos múltiplos por
lamento. Além do mais, devem se apresen‐ Fase podem levar a diagnósticos incorretos
tar uniformemente aquecidos, sem pontos quando sujeitos aos problemas de conduto‐
ou regiões aquecidas ao longo do seu per‐ res em paralelo, conforme discutido no Item
curso. As anomalias mais comuns em cabos 6.5, Estudo de Caso 8 – Condutores em Para‐
devem‐se às más conexões, mau dimensio‐ lelo. As soluções para anomalias térmicas em
namento, falhas de isolação, disposição in‐ cabos normalmente passam pela substitui‐
correta nas eletrocalhas ou canaletas, sobre‐ ção destes ou, eventualmente, pela execu‐
cargas, montagem e emendas defeituosas. ção de emendas. Emendas em cabos indus‐
Eventualmente encontram‐se defeitos cau‐ triais, de força, medição, proteção, comando
sados por quebra de tentos no interior dos ou lógicos, nunca são a melhor opção, mas
cabos ou ainda má qualidade do cobre utili‐ em determinadas situações, a emenda pode
zado na sua fabricação. Cabos em paralelo manter a produção até a próxima parada ge‐
requerem a compreensão de que se trata de ral que permita a substituição completa do
um circuito resistivo em paralelo para a sua condutor. Portanto, a opção emenda deve
avaliação correta. Nesses casos, a distribui‐ ser utilizada apenas quando não for possível
ção de correntes se fará sempre de acordo outra solução definitiva e deve ser sempre
com o caminho de menor resistência onde considerada temporária. Nos casos de cabos
normalmente os cabos mais frios são os que sobreaquecidos em todo o seu percurso, a
têm menor corrente. Além do mais, cabos primeira providência é identificar o cabo e,
que apresentaram problemas com supera‐ depois, confirmar se ele está em paralelo ou
quecimento, azinhavram (oxidação esverde‐ não. Após essa confirmação, deve‐se verifi‐
ada do cobre) internamente, progredindo car a carga passante pelo cabo e pelos seus
como tempo e avançando pelo condutor. paralelos se for o caso. A sobrecarga pode
Recomendações de Intervenção: acontecer devido a problemas de desbalan‐
ceamento de corrente e, mesmo que o ba‐
cabos com sobreaquecimento generalizado
lanceamento seja recomposto, o cabo pode
ao longo de seu percurso podem apresentar
já ter sido prejudicado e seu isolamento ter

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 605


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

sua vida útil reduzida. Assim, é importante 7.17.2 Cabos de comando em esteiras
verificar a presença de envelhecimento pre‐ articuladas
coce nos cabos para programar a sua substi‐
tuição. Nos casos de uma anomalia pontual
em algum trecho do condutor, a causa mais
provável é a quebra de tentos em cabos fle‐
xíveis ou deficiência de material em cabos rí‐
gidos. A solução será sempre a substituição
do cabo com a eventual confecção de
emenda temporária. Nos casos de aqueci‐
mento nas pontas dos cabos, o corte dessas
pontas, até que se encontre uma região em Figura 7.123 – Cabos de comando em esteiras
bom estado, normalmente resolverá o pro‐ articuladas.
blema. No entanto, é importantíssimo não
utilizar o mesmo terminal anteriormente ins‐ Descrição Técnica: cabos de comando são
talado devido à possível existência de corro‐ especificamente flexíveis, destinados a levar
são mesmo a condição não visível. Para os e trazer sinais elétricos para acionamento de
cabos simplesmente lançados em calhas, contatores remotos, sinais de CLPs e/ou
deve‐se ter atenção para que a refrigeração medições de situação ou estado de um
natural seja mantida e para que não sejam determinado componente, através de
feitas emendas. Cabos refrigerados, por sua micro‐switches. Usualmente são portadores
vez, e se a causa do aquecimento for obstru‐ de correntes muito baixas e, devido a essa
ção no fluido refrigerante, poderão ser recu‐ característica, normalmente ignorados nas
perados caso a obstrução seja removida e o Inspeções Termográficas. Quando são
isolamento não tenha sido afetado. No caso dispostos sobre esteiras flexíveis ou arti‐
de cabos com mais de uma Fase e com a ori‐ culadas, agrupados ou isoladamente, devem
gem do sobreaquecimento sendo sobrecor‐ ser presos, mas com um grau de liberdade
rentes, deverão ser substituídos na sua inte‐ aceitável, para permitir a sua movimentação
gralidade devido à possibilidade de curtos ao longo do eixo escolhido. São normal‐
entre Fases. mente responsáveis pelo funcionamento e
operação de máquinas de porte variado,
mas que possuem quantidades de produção
não desprezíveis. Uma parada intempestiva
pode custar muito caro. Sua operação típica
é de extensão e enrolamento periódicos,
com frequências variáveis de acordo com o
ciclo de produção da máquina.
Descrição Térmica: os cabos de comando
não devem aquecer de maneira significativa
e, quando for o caso, devem apresentar pe‐

606 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

quenos aquecimentos uniformemente dis‐ atendida, uma vez que uma falha pode parar
tribuídos ao longo de seu percurso. Qual‐ uma máquina, inviabilizando a produção até
quer anomalia pontual na distribuição tér‐ que seja encontrada e resolvida.
mica desses cabos deve ser prontamente

Figura 7.124 – Cabos de comando sobre esteira flexível com distribuição térmica linear.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Dada a baixa amplitude térmica desta imagem, de apenas 2 °C, o Termograma apresenta
7.124
esta granulação devido ao ruído térmico do sensor. Mesmo assim, é possível constatar
que a esteira de cabos de comando não apresenta anomalias detectáveis ao longo de sua
extensão. Esta é uma análise um pouco trabalhosa, devido a que a máquina continua em
operação e nem sempre é simples conseguir uma imagem que represente o estado dos
cabos na esteira. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à
temperatura ambiente, deve‐se utilizar o valor da maior para termoplásticos, entre 0,85
a 0,94. Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Figura 7.125 – Cabos de comando sobre esteira flexível com anomalia térmica.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura A localização de uma anomalia térmica em um cabo em operação, sobre uma esteira em
7.125
movimento, muitas vezes incessante e rápido, é uma tarefa que exige a câmera correta,
muito provavelmente um tripé, muita paciência e ângulo. A eventual anomalia pode estar
em qualquer parte do cabo, que vai dobrando e desdobrando continuamente, seguindo

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 607


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

o posicionamento do carro de movimentação das peças. Além do mais, não são


esperadas temperaturas significativamente altas e há outras fontes térmicas que podem
atrapalhar as visadas. Isso sem falar que é necessário que todos os cabos estejam
alinhados lado a lado na esteira, sem sobreposição. Os exemplos demonstram que,
apesar dessas restrições, é possível a localização de anomalias significativas em cabos em
movimento. As falhas nesses componentes têm o agravante de que nem sempre os cabos
estão disponíveis para substituição imediata, o que leva a improvisações emergenciais
para diminuir o tempo de parada do equipamento. Uma vez identificada a presença de
uma anomalia, a sua localização deve ser registrada, se possível e dentro das condições
de segurança aplicáveis, simultaneamente com o Termovisor posicionado, com uma
referência pintada com um marcador indelével no chão ou na estrutura da máquina. Isso
porque nem sempre será possível precisar exatamente onde está anomalia com a esteira
se enrolando e desenrolando continuamente. A manutenção dependerá de onde está a
anomalia, do tipo de cabo afetado, de sua existência em estoque ou não. Para medições
radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, deve‐se utilizar o
valor de emissividade para cabos termoplásticos de 0,85 a 0,94. Software: FLIR
ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Análise de Consistência: cabos fle‐ cabos e sua montagem na esteira não


xíveis em movimento, bem dimensionados, obstruam ou atrapalhem a visualização da
devem apresentar pouco ou nenhum aque‐ distribuição térmica. Caso esses elementos
cimento, conforme pode ser visto na 0, e os estejam presentes, os critérios de avaliação
valores de aquecimento encontrados devem deverão ser revistos.
ser compatíveis com as temperaturas Recomendações de Intervenção:
nominais de operação dos cabos utilizados. anomalias pontuais individuais ou localiza‐
Deve ser levado em consideração ainda que das em regiões específicas da esteira (0) são
esses cabos possam estar trabalhando sobre
indicativos fortes de anomalias, quebras
as máquinas que controlam ou em situações
internas ou eventualmente, de emendas
em que a temperatura ambiente não seja a
desconhecidas em mau estado. Os cabos
mesma na altura do chão de fábrica. Nesses
afetados devem ser rastreados e as
casos, a sua temperatura nominal pode ser
anomalias eliminadas por substituição com‐
diferente e os limites mais altos. Deve ser
pleta do cabo ou emenda emergencial.
observado também que a amarração dos

Anotações:

608 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

7.17.3 Cabos em canaletas plásticas e usualmente contém cabos de comando,


chicotes sinalização e força quando a potência não é
muito alta.
Descrição Térmica: aquecimentos são
esperados tanto nos cabos alocados em
canaletas como em chicotes principalmente
devido à fiação de potência, que é comu‐
mente encontrada nesse tipo de painel. No
entanto, esses aquecimentos não devem ul‐
trapassar a temperatura máxima nominal
dos cabos instalados, sob risco de envelheci‐
mento precoce da própria cablagem e dos
cabos adjacentes, e eventual curto‐circuito
seguido de incêndio dentro do painel. A
Figura 7.126 – Canaleta de cabos. montagem tradicional de chicotes implica
em uma amarração firme e “sólida”, o que
Descrição Técnica: canaletas plásticas e
dificulta sobremaneira a refrigeração natural
chicotes são duas soluções para organização
dos cabos.
de cabos dentro de painéis elétricos e que

Figura 7.127 – Cabos sobreaquecidos ocultos no fundo da canaleta.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Cabos sobreaquecidos em canaletas, principalmente os na posição vertical, nem sempre
7.127
aparecem devido à presença de mais cabos sobrepostos. Cabe ao Inspetor efetuar uma
varredura que assegure a normalidade dos componentes inspecionados de acordo com
o layout de cada instalação. Neste caso, foi detectada a presença de um cabo aquecido
no interior da canaleta, mas ao ser retirada a tampa, permanecia oculto. A solução foi
efetuar o Termograma pela lateral devido ao risco de mexer em uma instalação
energizada e com anomalia. A identificação de qual circuito está sobreaquecido nem
sempre é direta, principalmente quando a anomalia é devida a um problema local, como
uma emenda com outro condutor de menor calibre. Para não mexer nos cabos
energizados, foi autorizado o desligamento do painel para permitir a localização do

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 609


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

FIGURA COMENTÁRIOS
condutor sobreaquecido sem riscos para o Assistente Técnico. Havia uma emenda e um
condutor subdimensionado, que levou à sua substituição imediata com o prejuízo da
parada dos equipamentos atrelados ao painel. Os cabos adjacentes foram inspecionados
e um deles, que teve o seu isolamento comprometido, foi reisolado emergencialmente e
programado para substituição. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de
3 – 5 µm à temperatura ambiente, deve‐se utilizar o valor da emissividade para
termoplásticos de 0,85 a 0,94. Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera:
FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Figura 7.128 – Chicote com cabos sobreaquecidos em amarração tradicional.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Tradicionalmente entre os eletricistas montadores e projetistas, cabos dentro de painéis
7.128
elétricos tem de estar firmemente amarrados ou acondicionados para não se deslocarem
em situações de curto‐circuito. Além do mais, é consenso técnico que cabos soltos são
esteticamente reprováveis. No entanto, esse fator tem um custo técnico que é impedir a
refrigeração dos cabos amarrados em chicote. Os Termogramas apresentam dois desses
casos que são bastante comuns. A temperatura excessiva acaba prejudicando não só o
isolamento do próprio condutor como também os adjacentes. Uma vez que o
sobreaquecimento gera o ressecamento do isolamento, o cabo passa a absorver umidade
do ambiente que oxida o cobre, piorando a condutividade superficial e aumentando
assim a temperatura, em um círculo vicioso. A solução imediata é a abertura da fita de
fixação para permitir a refrigeração natural do chicote e, posteriormente, a pesquisa para

610 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

FIGURA COMENTÁRIOS
identificação de qual(is) cabo(s) estava(m) aquecendo e qual o motivo. Para uma solução
definitiva, devem ser instalados espaçadores entre os cabos do chicote a espaços
determinados, e a amarração deve ser efetuada de forma a não comprometer a
ventilação natural. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à
temperatura ambiente, deve‐se utilizar o valor da emissividade para termoplásticos de
0,85 a 0,94. Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente:
24°.

Figura 7.129 – Cabos sobreaquecidos em chicote antes e após abertura das amarrações.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Os dois Termogramas apresentam o efeito do corte da cinta de amarração em um chicote
7.129
sobreaquecido. O efeito de refrigeração é claramente observável e, evidentemente, a
instalação não deverá operar com os cabos soltos. Como mencionado na 0, os cabos
deverão ser amarrados com espaçadores entre eles e com espaço para a ventilação
natural. Painéis sobrecarregados com fiação deverão ser redimensionados para permitir
condições operacionais melhores. Na impossibilidade, uma opção é a instalação de ar
condicionado nos painéis e um sensor de alarme no caso de falha. Para medições
radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, deve‐se utilizar o
valor da emissividade para termoplásticos de 0,85 a 0,94. Software: FLIR ThermaCAM
Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 611


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

Figura 7.130 – Cabos sobreaquecidos em canaleta e chicote.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Os dois Termogramas apresentam casos de sobreaquecimento onde não há excesso de
7.130
cablagem, indicando que os erros de projeto, dimensionamento e layout ocorrem mesmo
em locais com mais espaço disponível. Para soluções de manutenção e ajustes de
emissividade, ver os dois casos anteriores.

Análise de Consistência: as canale‐ cabo específico, oculto no seu interior.


tas de cabos elétricos dentro de painéis não Tampas de canaletas plásticas também po‐
devem conter cabos sobreaquecidos ou derão apresentar sinais externos de aqueci‐
com emendas, muito menos emendas mento nas suas tampas, indicando a pre‐
aquecidas. Da mesma forma, devem prover sença de cabos aquecidos em seu interior.
espaços de refrigeração natural para que Recomendações de Intervenção:
sejam mantidas as condições nominais de nos casos de cabos sobreaquecidos no inte‐
operação. Nos casos de ambientes industri‐ rior de canaletas ou chicotes, deve(m) ser
ais poluídos, devem dispor de ar condicio‐ rastreado(s) e identificado(s). A sua cor‐
nado ou ventilação forçada, filtros e estra‐
rente deve ser medida para verificar se se
tégia de manutenção e limpeza. Qualquer
encontra dentro do dimensionamento cor‐
cabo sobreaquecido deve ser rastreado
reto. Caso a corrente esteja dentro dos limi‐
dentro da calha ou chicote e identificado.
tes e mesmo assim o cabo se encontrar
Muitos cabos com aquecimento anômalo
acima de sua temperatura nominal, deve
estarão ocultos por outros cabos devido ao
ser substituído por provavelmente estar
número de cabos presentes em uma cana‐
comprometido internamente. Caso a sua
leta ou chicote. Nesses casos, caso haja um
corrente seja próxima ao dimensionamento
ponto onde a temperatura seja visível, e es‐ original, pode ser tentada a abertura do chi‐
tiver acima do limite ou muito próximo, o cote para aumentar o resfriamento por ven‐
chicote deverá ser aberto ou os cabos na ca‐
tilação natural ou convecção. Se essa solu‐
naleta, afastados. Caso o chicote inteiro es‐ ção se mostrar ineficaz, o cabo deve ser
teja aquecido, deve‐se verificar se a causa
substituído. Outra situação refere‐se aos
do aquecimento está homogeneamente cabos agrupados em chicotes.
distribuída ou se é proveniente de algum

612 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

Mecanicamente rígidos, os chico‐


tes não permitem a refrigeração por venti‐
lação natural dos cabos componentes. A so‐
lução é, após a verificação e confirmação
dos dimensionamentos e fatores de carga
envolvidos, a colocação de tarugos espaça‐
dores nos pontos de amarração, de tal
forma que seja possível a circulação de ar
entre os cabos. Nos casos de canaletas, e
conforme o número de cabos no interior,
pode ser necessária a instalação de ar‐
condicionado ou ventilação forçada no
Figura 7.131 – Cabos em
painel. Não deve ser desprezado o efeito de Painel de Máquina.
aquecimento mútuo dentro de chicotes ou
canaletas. Descrição Térmica: termicamente os cabos,
sejam conectados a equipamentos externos
7.17.4 Cabos de força em equipamentos, ou internos a painéis, não devem aquecer
máquinas e componentes além de suas temperaturas nominais de
operação. Devem também apresentar uma
Descrição Técnica: cabos de força também distribuição térmica uniforme, salvo em
são muito utilizados dentro de painéis entradas ou saídas de tubulações, onde
elétricos, conectando componentes como deverão apresentar aquecimentos progres‐
contatores, fusíveis, réguas de bornes, soft sivos se aproximando à temperatura de ope‐
starters etc. ração dentro da tubulação, mas sem nunca
ultrapassar seus limites dimensionais.

Figura 7.132 – Termograma de Painel de máquina e componentes internos.

Anotações:
MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 613
CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

Figura 7.133 – Cabo de alimentação de fusível NH quebrado internamente.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Cabo de alimentação de um fusível NH com anomalia por possível quebra interna de
7.133
tentos. Provavelmente um reaproveitamento de cabo que foi considerado em boas
condições para um trecho tão pequeno. As consequências são o eventual rompimento
do cabo, com a parada da máquina ou parte do processo produtivo dependente da
alimentação deste circuito. A solução é a simples substituição, com o cuidado de escolher
um cabo em boas condições. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm
à temperatura ambiente, deve‐se utilizar o valor da emissividade para termoplásticos de
0,85 a 0,94. Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR AGEMA 550.
Lente: 20°.

Figura 7.134 – Cabos de alimentação em cofre de barramento.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Cofres de alimentação de máquinas suspensos em barramentos nada mais são que outro
7.134
tipo de painel elétrico de distribuição, apenas conectados a um barramento suspenso ao
longo da planta. Assim, possuem internamente componentes como chaves, fusíveis,
medições e, em alguns casos, até contatores. Os cabos de saída normalmente são
tripolares, ou seja, contém as três Fases e eventualmente o neutro, em um único
acondicionamento. O Termograma apresenta um caso em que o diagnóstico é
predominantemente qualitativo: o cabo está severamente oxidado internamente ou há
um desequilíbrio significativo de correntes entre as três Fases. A temperatura lida, desde

614 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

FIGURA COMENTÁRIOS
que tanto a resolução da câmera e óptica utilizada sejam compatíveis, serve como
indicação da urgência no atendimento. Caso seja possível a medição de correntes na
chegada do cabo, essa dúvida poderá ser facilmente resolvida. Em caso contrário,
implicará no acesso em altura aos componentes internos do cofre para medição e
definição das providências a serem tomadas. Caso não haja desequilíbrio de Fases e a
carga seja compatível com o dimensionamento, o cabo deverá ser substituído porque
provavelmente estará oxidado ou danificado internamente. Caso haja um desequilíbrio e
ele seja compatível com a carga, então deve haver um redimensionamento do cabo,
seguido de substituição. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à
temperatura ambiente, deve‐se utilizar o valor da emissividade para termoplásticos de
0,85 a 0,94. Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente:
24°.

Figura 7.135 – Cabos severamente oxidados internamente.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura O Termograma apresenta um caso interessante, onde é possível confirmar pela
7.135
proximidade da temperatura entre os cabos que estão com carga e, termicamente, não
apresentam nenhuma anomalia. Mas, e por outro lado, na luz visível é possível verificar
que no mínimo já passaram por uma situação de alta temperatura. O traço carbonizado
no termoplástico coincide com a espiral dos tentos internos que sobreaqueceram. No
entanto, em algum ponto desta trajetória, as conexões das extremidades devem ter
soldado (Capítulo 1, Item 1.11 – Ciclo Teórico de Falha em uma conexão elétrica, Figura
1.14 Figura 1.15 e Figura 1.16 ), levando a que, no momento da Inspeção, encontravam‐
se todos em situação térmica normal ou aceitável. Nesses casos, a substituição imediata
é necessária, mas não pelo critério térmico e sim pela avaliação na luz visível. Para
medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, deve‐se
utilizar o valor da emissividade para termoplásticos de 0,85 a 0,94. Software: FLIR
ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR AGEMA 550. Lente: 20°.

Análise de Consistência: deve‐se cabo em questão, sua condição de carga e


primeiramente verificar o tipo e bitola de regime de operação. Teoricamente cabos,

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 615


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

únicos ou múltiplos, sob cargas nominais, lhecimento precoce, devem ser considera‐
deverão ter comportamentos térmicos se‐ dos seriamente. Apenas em condições tem‐
melhantes e homogêneos ao longo de tre‐ porárias e especiais podem‐se admitir tem‐
chos em que apresentem trocas térmicas peraturas maiores que a de projeto. Cabos
igualmente homogêneas com o ambiente à múltiplos podem estar sujeitos a desequilí‐
sua volta. Para o melhor diagnóstico, é dese‐ brio de correntes de Fase ou a problemas de
jável que o cabo esteja com a sua maior conexão em suas extremidades. Com uma
carga e por mais tempo possível. Em todo e probabilidade menor de ocorrência, podem
qualquer cabo, a homogeneidade térmica acontecer problemas na qualidade do cobre
deve ser o fator predominante na avaliação empregado na fabricação.
da normalidade. Distribuições ou apresenta‐ Recomendações de Intervenção:
ções térmicas anômalas como pontos quen‐ na maioria dos casos, recomenda‐se a subs‐
tes delimitados e em pontos afastados das tituição do cabo afetado.
conexões, distribuições térmicas em espiral,
sobreaquecimentos em apenas algumas Ajustes da Câmera: deve ser aten‐
áreas do cabo ou que se propagam ao longo tado que para cabos distantes da câmera, a
deste, devem ser consideradas como ano‐ resolução espacial pode incluir erros nas lei‐
malias importantes e ter sua causa pesqui‐ turas que poderão ser inaceitáveis. Normal‐
sada. Tanto nos casos de aquecimentos loca‐ mente o erro tenderá a ser um redutor na
lizados como nos de aquecimento generali‐ temperatura aparente do cabo, atenuando a
zado, as temperaturas limites dimensionais gravidade da situação. Nos casos de imagens
e de projeto devem ser pesquisadas, uma contra telhados aquecidos, deve‐se tomar
vez que o risco de curto‐circuito entre Fases, cuidado para que o ajuste da câmera não
nos casos de cabos múltiplos, ou curtos‐cir‐ mascare eventuais sobreaquecimentos nos
cuitos contra a Terra e principalmente enve‐ cabos.

Anotações:

616 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

7.18 CAPACITORES EM BT executando sua função de colocar em Fase


correntes fora de Fase. Mas as suas corren‐
tes, em Fase ou não, produzirão perdas wat‐
tadas em seus componentes e principal‐
mente fiação, chaves e contatores, inde‐
pendentemente de seu ângulo com a ten‐
são de Fase.

Descrição Térmica: capacitores em si não


deverão apresentar aquecimentos pontuais
em sua carcaça ou em sua parte dielétrica
quando exposta. Devem aquecer uniforme‐
Figura 7.136 – Capacitores antigos mente de acordo com a sua carga, capaci‐
isolados a Askarel. dade reativa e regime de operação. O resis‐
Descrição Técnica: capacitores são usados tor de descarga em paralelo na entrada, por
na indústria para a correção de fator de po‐ sua vez, deve estar permanentemente
tência. São compostos por placas metálicas aquecido enquanto o capacitor estiver
isoladas por um dielétrico específico que energizado. Atualmente (2017) as soluções
lhe conferirá as propriedades desejadas de para correção de fator de potência empre‐
atraso na corrente elétrica em relação à gam bancos de capacitores constituídos de
tensão. Nas instalações industriais, um re‐ unidades de dimensões menores que as uti‐
sistor de descarga é instalado paralela‐ lizadas há mais de 10 anos. Os capacitores
mente a cada capacitor para promover a atuais são normalmente encapsulados em
descarga deste logo após ser desconectado alumínio ou outro metal de baixa emissivi‐
da rede, não os deixando com carga e evi‐ dade, sendo que esse revestimento dificulta
tando assim possíveis acidentes. É impor‐ severamente os diagnósticos por Termogra‐
tante destacar que as correntes presentes fia.
em um banco de capacitores poderão estar

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 617


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

Figura 7.137 – Capacitores encapsulados em alumínio com anomalia interna.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Os Termogramas apresentam capacitores encapsulados em alumínio e com anomalias
7.137
internas. A causa provável é corrente de fuga pelo dielétrico. O revestimento do encap‐
sulamento inviabiliza qualquer leitura de
temperatura que permita avaliar o estado
do capacitor. No entanto, a resina de fe‐
chamento possui alta emissividade e, nor‐
malmente, quando o dielétrico começa a
conduzir, apresenta um aquecimento pró‐
ximo ao da anomalia. Deve sempre ser ve‐
rificada a existência de resistores de des‐
carga nos capacitores. Caso não apareçam
aquecidos, essa informação deve ser ano‐
tada e o pessoal responsável avisado para
evitar acidentes no manuseio durante a manutenção. A única intervenção aplicável é a
substituição do elemento defeituoso antes que entre em curto‐circuito. Devem ser veri‐
ficados também os terminais, pontas de cabo, conexões e resistores de descarga para
manutenção caso necessária. Em alguns modelos de capacitores, é possível verificar a
temperatura devido a terem uma etiqueta adesiva fixada em sua lateral com dados
técnicos. Se for esse o caso, a temperatura do objeto pode ser lida com mais fidelidade,
se a anomalia for sob ou próxima à etiqueta. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm
ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, deve‐se escolher o valor da maior emissividade
disponível, que é a da resina de fechamento ou da etiqueta adesiva. Em qualquer um dos
casos, podem ser utilizados valores de 0,75 a 0,85. Software: FLIR ThermaCAM Reporter
PRO2000. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Anotações:

618 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

Figura 7.138 – Capacitor com defeito interno.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Embora o Termograma pudesse estar um pouco mais contrastado, a imagem possui
7.138 qualidade suficiente para um diagnóstico preciso. Nesse caso, é evidente o defeito
interno no capacitor frontal. Deve ser destacado, porém, que se esta anomalia
estivesse presente em um capacitor instalado mais ao fundo, a sua detecção poderia
ser prejudicada e, dependendo da perícia e atenção do Inspetor, até mesmo
ignorada. A solução é a substituição do elemento defeituoso com revisão do resistor
de descarga, terminais e conectores. Como o encapsulamento é de material de alta
emissividade, para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à
temperatura ambiente, podem ser utilizados valores de 0,75 a 0,85. Software: FLIR
ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Figura 7.139 – Capacitor com defeito na conexão.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Devido às altas correntes, um dos pontos fracos dos bancos de capacitores são as suas
7.139
conexões. No caso do Termograma, o capacitor fica enclausurado em um painel cujo
acesso visual é restrito por uma grade. Mesmo assim, é possível detectar uma anomalia
em uma das conexões visíveis através da grade. A solução é, após o desligamento,
remover a grade para Inspeção Visual e verificação da extensão dos danos. Na melhor
das hipóteses, limpeza e substituição do cabo de conexão. Na pior, substituição do
elemento capacitor. Nesse caso, a emissividade terá de ser arbitrada devido a não ser
possível a visualização do estado da conexão. Então, para medições radiométricas em

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 619


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, podem ser utilizados valores de 0,75


a 0,85, considerando eventuais frestas na conexão. Software: FLIR ThermaCAM Reporter
PRO2000. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Figura 7.140 – Capacitor com defeito interno.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Capacitores de grande porte ainda estão em operação em muitas indústrias. Isolados
7.140
normalmente a Askarel, hoje estão banidos por questões ecológicas de seu fluido
isolante. No entanto, os problemas são os mesmos: pontos de curto‐circuito entre placas,
problemas em conexões e resistores de descarga. O Termograma apresenta um caso
típico de curto entre placas e, na foto, o efeito de um curto‐circuito interno. A solução,
nem sempre viável devido à antiguidade do componente, é a substituição do
componente. Nos casos em que isso não for mais possível, é recomendada a avaliação
econômica da instalação de um novo banco, e considerar deixar os elementos ainda em
bom estado para futuras ampliações de carga, se for o caso. No descarte, tanto do
elemento defeituoso como eventualmente dos demais elementos, as normas de
proteção ambiental deverão ser observadas. Normalmente esses capacitores são
pintados com tintas a óleo ou epóxi e então, para medições radiométricas em 7 – 14 µm
ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, podem ser utilizados valores de 0,85 a 0,94.
Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR AGEMA 550. Lente: 20°.

620 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

7.18.1 ESTUDO DE CASO 14: Aquecimentos para a direita, sendo que o aquecimento
em Banco de Capacitores chegou a prejudicar o material plástico
transparente do encapsulamento. No en‐
Bancos de capacitores podem pro‐ tanto, a imagem térmica revela outro aque‐
duzir grandes aquecimentos sem que a pro‐ cimento, cuja deterioração ainda não é visí‐
teção detecte e desarme‐o. Nesse caso, os vel, ocorrendo agora no primeiro capacitor.
capacitores estavam protegidos em uma Deve ser considerado ainda que o aqueci‐
caixa de material plástico por motivos de se‐ mento interno deva ser muito maior que o
gurança. Apesar de transparentes à luz visí‐ apresentado externamente, o que pode ser
vel, o acrílico ou policarbonato (acrílico não inferido pela marca térmica na parte supe‐
é mais permitido devido à produção de fumo rior do invólucro causada pela corrente de
no caso de incêndio, mas ainda é encontrado convecção. Neste caso, a recomendação é o
em muitas instalações mais antigas) são opa‐ desligamento imediato do banco e revisão
cos ao infravermelho. Pode‐se então obser‐ completa, incluindo a substituição dos com‐
var visualmente a deterioração severa da fi‐ ponentes avariados.
ação do segundo capacitor, da esquerda

Figura 7.141 – Fiação de capacitores avariada e não correspondente à luz visível.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 621


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

Figura 7.142 – Deterioração visível não correspondente ao aquecimento em capacitores.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Apesar de visivelmente deterioradas, as duas conexões com os capacitores da Fase do
7.142
Meio no Termograma não correspondem ao achado no infravermelho. A conexão em
pior estado, na luz visível, não é a pior no infravermelho. Como o barramento que
interliga os três elementos capacitores é de cobre estanhado, não é possível afirmar que
a temperatura registrada na porção final do barramento é devida à má conexão do
terceiro elemento. No entanto, a temperatura da conexão rente ao cabo de entrada é
confiável. A intervenção de manutenção correta seria trocar os dois elementos, já que
apresentam sinais visíveis de deterioração e carbonização. A análise no infravermelho
acrescenta ainda a informação concreta de que o elemento rente ao cabo pode ter
afetado a ponta que deverá ser cortada. Como metal severamente oxidado, a
emissividade para esta medição pode variar, para medições radiométricas em 7 – 14 µm
ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, entre 0,65 a 0,85. Software: FLIR ThermaCAM
Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Análise de Consistência: capacito‐ lado, e devido em muitos casos às altas cor‐


res devem aquecer conforme suas cargas, rentes, aquecimentos nos termi‐
uma vez que mesmo as correntes defasadas nais/conexões são mais comuns e podem le‐
da tensão de Fase produzem perdas na fia‐ var a vazamentos ou explosões do capacitor.
ção. O que não deve ocorrer é o aqueci‐ Qualquer tipo de anomalia deve ser regis‐
mento das regiões onde as placas estão iso‐ trada, e a troca do elemento ou fiação, bar‐
ladas pelo componente dielétrico. No en‐ ramento e conexão, recomendadas.
tanto, nos bancos de capacitores atuais Recomendações de Intervenção:
(2017) com os elementos encapsulados em capacitores em si não apresentam possibili‐
alumínio, a detecção dessas anomalias fica dade de manutenção e devem, portanto, ser
severamente prejudicada. Apenas capacito‐ substituídos. Eventualmente quando o de‐
res com invólucros em outro material com feito se restringir à cablagem de alimenta‐
emissividade alta, pintados ou eventual‐
ção, esta pode ser substituída.
mente com etiquetas adesivas, podem ter
esse tipo de anomalia identificada. Por outro

622 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

7.19 CONTATORES uma bobina fixada mecanicamente ao corpo


do contator que, ao ser energizada, produz
um campo magnético, acionando uma parte
móvel com contatos elétricos. O aciona‐
mento dessa parte móvel altera a posição
dos contatos internos, comutando a carga
do circuito.
Descrição Térmica: os contatores energiza‐
dos continuamente aquecem devido às per‐
das no entreferro da bobina, à corrente de
Figura 7.143 – Contator BT. magnetização e à corrente de carga. Conta‐
tores em regime intermitente estão sujeitos
Descrição Técnica: um contador é um com‐ aos mesmos tipos de aquecimentos, mas, e
ponente eletromecânico que permite efe‐ dependendo do ciclo de atuação, em menor
tuar o controle de cargas num circuito de po‐ quantidade. Cargas indutivas ou capacitivas
tência, a partir de um sinal elétrico enviado têm efeitos diferentes nos aquecimentos.
por um circuito de comando. É composto por Exemplos:

Figura 7.144 – Contator em bom estado com aquecimento causado pela bobina.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Contatores de grande porte e que permanecem fechados (energizados) durante longos
7.144
períodos, aquecem seus entreferros e bobinas. Assim, é comum ao Inspetor principiante
confundir o aquecimento anômalo com o aquecimento operacional nestes casos. O
Termograma destaca essa diferença, sendo que o aquecimento apresentado é normal ou
aceitável. Alguns modelos possuem resistências internas que elevam esta temperatura
ainda mais. Em muitos casos, esse resistor não é visível com a iluminação disponível no
painel ou sala, fazendo com que o Inspetor tenha de conhecer o equipamento
previamente ou utilizar uma lanterna para confirmar a sua existência. Para resistores que
não estão visíveis e que não permitem que sua emissividade seja estimada pelo Inspetor,
as medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente podem
utilizar um valor médio de emissividade, compatível com resistores já conhecidos, ou
seja, valores de 0,75 a 0,90. Deve‐se, no entanto, utilizar sempre o mesmo valor escolhido

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 623


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

FIGURA COMENTÁRIOS
para esses casos, para manter uma proporcionalidade de leituras ao longo do tempo.
Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Figura 7.145 – Contator de grande porte com anomalia interna.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Termograma bem enquadrado e bem focado. Contatores desse modelo possuem uma
7.145
bobina interna cujo núcleo é visível frontalmente, atrás das conexões superiores. Caso o
Inspetor não conheça este detalhe, poderá confundir a temperatura da bobina com uma
anomalia interna. No caso, o contato da Fase do Meio realmente encontra‐se em mau
estado, como se pode observar pela abertura no meio da tampa (seta vermelha). O efeito
das correntes de convecção geradas pelo mau contato interno é ainda visível na
distribuição térmica anômala superior (isoterma azul), no meio da tampa dos contatos. A
bobina interna, por sua vez, é indicada pela seta amarela e não deve ser interpretada
como anomalia. O contator deve ser desmontado e inspecionado cuidadosamente. Caso
haja sinais de corrosão nos contatos, devem ser substituídos, tanto o móvel como o fixo.
Na ausência deste tipo de sinal, limpeza cuidadosa e eventual regulagem no curso do
entreferro deverão sanar a anomalia. É conveniente medir a resistência dos contatos
fechados antes da manutenção para comparar com os resultados após a intervenção. Se
os resultados forem maiores, o procedimento deverá ser repetido. Uma Termografia
após a manutenção com a carga típica, confirmará que o contator está em bom estado.
Para contatos que não estão visíveis e que não permitem que sua emissividade seja
estimada pelo Inspetor, as medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à
temperatura ambiente devem utilizar a emissividade da carcaça aquecida. Neste caso,
valores de 0,75 a 0,90. Deve‐se, no entanto, utilizar sempre o mesmo valor escolhido para
esses casos, para manter uma proporcionalidade de leituras ao longo do tempo.
Software: FLIR ThermaCAM Researcher PRO 2.10. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Anotações:

624 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

Figura 7.146 – Contator com anomalias internas.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Termograma bem focado e bem enquadrado. O Termograma apresenta um caso de dois
7.146
tipos diferentes de anomalia em um mesmo componente. Um contator possui pelo
menos duas conexões com os cabos externos e quatro contatos internos por Fase. Em
alguns casos, há ainda mais duas conexões internas
por Fase, com os contatos fixos propriamente ditos.
Dessa forma, o contator com carga equilibrada nas
três Fases, apresentou sobreaquecimento nas duas
conexões internas das Fases S e T, e ainda mais um
aquecimento interno nos contatos em si, da Fase T.
Mesmo que não seja possível a leitura direta das
temperaturas, não há dúvida sobre a existência
dessas anomalias, dada a distribuição térmica
externa observada. A solução é a substituição do jogo de contatos. Para medições
radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da
emissividade a ser utilizado é para invólucros, já que não se tem acesso aos contatos em
si. Nesse caso de termoplástico, valores entre 0,85 a 0,94 são adequados. Software: FLIR
ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Figura 7.147 – Contator antigo com aquecimento normal no entreferro da bobina.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 625


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Em algumas fábricas, ainda são encontrados em operação contatores com mais de vinte
7.147
anos, devido à baixa demanda em termos de potência comandada ou devido realmente
à boa qualidade. No Termograma, a única porção aquecida é o entreferro externo da
bobina dos contatos, sendo que os contatos internos encontram‐se em bom estado. É
importante alertar que é necessário algum cuidado com o ajuste do Termovisor nessas
situações porque, se for deixado no modo automático, ele ajustará o limite superior da
Amplitude Térmica pelo maior valor lido no campo de visão. Dessa maneira, potenciais
anomalias de menor intensidade poderão ser facilmente ignoradas. É necessário primeiro
ajustar a câmera para enxergar com definição as áreas de interesse, que neste caso são
as câmeras onde estão os contatos. Caso não apresentem nenhuma distribuição anômala
e os valores de temperatura estejam coerentes com a carga passante, poderá ser
considerado aceitável. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à
temperatura ambiente, deve‐se escolher o valor correspondente à área de interesse. No
caso deste entreferro, coberto por verniz, o valor pode ser o mesmo que o utilizado para
termoplásticos, de 0,85 a 0,94. Software: ThermoCom IRAnalyzer. Câmera: ThermoCom
V384S. Lente: 22°.

Figura 7.148 – Aquecimento anômalo na conexão superior Fase ‘R’.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Como qualquer outro componente conectado a uma fiação, um ponto susceptível a
7.148 aquecimentos são os terminais. Neste caso, o terminal está sobreaquecido e, se não
substituído em tempo hábil, poderá corroer o assentamento no contator. Na luz
visível, já é possível observar uma mudança de coloração no terminal, sinal de que já
passou por temperaturas maiores que a registrada nesta Inspeção. A ponta do cabo
deve ser igualmente decapada para verificar se está oxidada ou não. Prensar um
novo terminal sobre uma superfície oxidada apenas repetirá a anomalia com a
chance de agravamento. Os demais procedimentos são usuais: desmonte, Inspeção
Visual, limpeza ou substituição, corte da ponta do cabo, se necessário, e reaperto
preferencialmente com torquímetro. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou
de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, deve‐se escolher o valor da emissividade para
termoplásticos. Nesse caso, podem ser utilizados valores de 0,85 a 0,94. Software:
FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

626 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

Figura 7.149 – Aquecimento severo em conexão de contator de pequeno porte.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Conexões com correntes baixas também podem criar aquecimentos significativos a ponto
7.149
de pôr em risco de incêndio as instalações. No Termograma, a conexão superior da Fase
do Meio do contator está tão aquecida que o ajuste da amplitude térmica na câmera,
adequado para a medição desta temperatura, teve de ser alterado, não apresentando
nenhum valor abaixo de 202 °C (que é o limite inferior da amplitude para esta
temperatura). Na foto de controle na luz visível, pode‐se observar que o cabo já
carbonizou e, para uma localização adequada de onde está ocorrendo a anomalia, foi
necessário utilizar a ferramenta de fusão térmica no Software de pós‐processamento, em
uma das raras ocasiões em que essa ferramenta é útil. A manutenção deve prever a
substituição geral da fiação carbonizada e do contator. Diante das temperaturas
alcançadas, torna‐se arriscado qualquer tipo de manutenção que não a substituição. Para
medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, deve‐se
escolher o valor da emissividade para termoplásticos. Nesse caso, podem ser utilizados
valores de 0,85 a 0,94. Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000. Reporter 9.0,
Snagit 11. Câmera: FLIR AGEMA 550. Lente: 20°.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 627


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

Figura 7.150 – Bobina de Contator de pequeno porte.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Todos os contatores possuem uma bobina que fica energizada durante o tempo que o
7.150
contator permanecer atuado. Essa bobina, justamente por ficar energizada, aquece
muitas vezes de forma significativa. É importante o Inspetor saber diferenciar entre
aquecimentos gerados por alguma anomalia e os próprios da função do componente. No
caso do Termograma, é possível visualizar a bobina, energizada, em uma condição normal
de operação. A temperatura é proporcional ao seu tempo energizada, podendo chegar
facilmente aos 100 °C. É de se notar que, apesar das pequenas dimensões do contator, a
temperatura da bobina não chega a alterar a distribuição térmica superficial. Para
medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, é possível
utilizar um valor alto para a emissividade porque se irá ler o enrolamento da bobina,
envernizado. Assim, valores entre 0,85 a 0,94 são razoáveis. Software: FLIR ThermaCAM
Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC‐660. Lente: 24°.

Figura 7.151 – Anomalia interna no contato do contator.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Modelos antigos de contator dispunham de orifícios para ventilação dos contatos que
7.151
trabalhassem a plena carga. Apesar da eficácia duvidosa, já que estava na ortogonal das
correntes de convecção internas, para a Termografia eram uma boa ajuda para verificar
o estado térmico dos contatos em si. No Termograma superior, um desses contatores
apresenta sinais de aquecimento interno em um se seus contatos. Evidentemente não é
possível afirmar que a temperatura dos contatos seja exatamente a lida, dado o diâmetro

628 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

FIGURA COMENTÁRIOS
dos orifícios. Mas a indicação comparativa com as demais Fases já é suficiente para um
diagnóstico confiável. Para a confirmação da anomalia, e se permitido pelas normas de
segurança da fábrica, deve‐se ler as correntes de cada Fase para eliminar a possibilidade
de aquecimento excessivo por desequilíbrio de cargas. A abertura do contator permitirá
a conclusão da necessidade ou não da troca dos contatos. Uma vez efetuada a troca, o
problema estará sanado. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à
temperatura ambiente, é possível escolher um valor alto para a emissividade porque se
irá ler o que está passando pelos orifícios. Assim, valores entre 0,80 a 0,90 são razoáveis.
Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Figura 7.152 – Cabo de entrada severamente deteriorado em contator.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura O Termograma apresenta um cabo severamente deteriorado e oxidado, conectado à
7.152
entrada de um contator. No momento da Inspeção, encontrava‐se com carga normal, o
que pode ser confirmado tanto pela imagem qualitativa como pelas leituras de
temperatura. O fato de o cabo estar “frio” se explica porque a conexão deve estar em
uma seção de baixa em seu ciclo de falha (ver Capítulo 1, Item 1.11 – Ciclo Teórico de
Falha em uma Conexão Elétrica, Figura 1.14 e Figura 1.18 ). Mesmo que esteja
termicamente normal ou aceitável, este cabo deverá ser substituído em regime de
urgência devido a seu comportamento imprevisível. Além disso, os contatos internos do
contator devem ser verificados, bem como sua estrutura, devido às altas temperaturas
alcançadas. Não é incomum serem encontrados contatos soldados nesses casos. Para
medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, deve‐se
utilizar o valor da emissividade para termoplásticos de 0,85 a 0,94. Software: FLIR
ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 629


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

Figura 7.153 – Distribuição térmica indicando anomalia interna ao contator.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura O caso, a primeira vista, não deixa claro se a anomalia detectada é realmente interna,
7.153
como sugere a distribuição térmica no topo da tampa da câmara dos contatos, ou
externa, já que a barra de conexão superior e os terminais são de metais nus
(emissividade baixa). No entanto, é possível comparar a temperatura da conexão inferior
com a superior, mais o fator de forma da distribuição térmica superior e chegar à
conclusão de que a anomalia tem muito mais chances de ser interna do que
simplesmente ser a conexão superior que propague calor até a conexão inferior. A
solução definitiva, de qualquer maneira, passará pela abertura do contator e Inspeção
Visual. Caso a Inspeção Visual não detecte anomalias, será necessário medir a resistência
de contato das três Fases para comparação. No caso de serem notadas discrepâncias
significativas, o jogo de contatos deverá ser substituído. Em caso contrário, as conexões
deverão sofrer manutenção cuidadosa. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de
3 – 5 µm à temperatura ambiente, deve‐se escolher o valor da maior emissividade
disponível, que é a das frestas entre o terminal e o barramento. Nesse caso, podem ser
utilizados valores de 0,75 a 0,85. Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera:
FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Anotações:

630 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

Figura 7.154 – Mau contato em conexão externa de contator.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura O contator de potência do Termograma acima apresenta um caso interessante, onde a
7.154
oxidação do barramento de conexão superior, na Fase vermelha, faz com que a
emissividade seja praticamente igual à da tinta a óleo utilizada na sua pintura. Na própria
barra, é possível observar, inclusive, que a emissividade da porca utilizada é mais baixa
que a da barra em si. Também é possível observar que a ferramenta de medição por área
aplicada na conexão da faze do meio está incluindo indevidamente o aquecimento
posterior à conexão. Como este erro não prejudica o diagnóstico, deve ser anotado
apenas que a área deveria ter sido mais bem posicionada. Como a tampa da câmara dos
contatos é de baquelite, material com emissividade alta, é possível concluir que a
anomalia se restringe, no momento da Inspeção, à conexão. Nem por isso, deverá deixar
de ser desmontada e submetida a uma Inspeção Visual cuidadosa em busca de sinais de
corrosão. Caso não haja sinais visíveis, reaperto com torquímetro completa a intervenção
de manutenção. Se existirem sinais de corrosão, a barra deverá ser retirada e, se possível,
ter sua superfície tratada. Caso a barra de conexão do contator também apresente sinais
de corrosão, a solução correta é a substituição ou tratamento de superfície se possível.
Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, e
neste caso específico onde a oxidação do barramento igualou a emissividade da tinta a
óleo, pode‐se escolher o valor de emissividade para tintas a óleo, que é entre 0,85 a 0,94.
Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 631


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

Figura 7.155 – Disjuntores motor com mau contato na conexão com o módulo contator.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Atualmente (2017) os assim chamados disjuntores‐motor são componentes mistos que
7.155
possuem as características de interrupção de um disjuntor, as regulagens de um relé
térmico e diferencial e que podem ser acoplados a contatores. Nos casos, a conexão do
contator inferior apresenta uma anomalia térmica causada, provavelmente, por falta
de aperto. Se fosse um desequilíbrio de corrente de Fase, seria de se esperar que a
distribuição térmica na superfície do disjuntor‐motor estivesse alterada, o que não se
observa. A solução do simples reaperto é ineficiente, porque o parafuso irá
provavelmente aumentar a área de contato, mas sobre uma superfície já oxidada e,
eventualmente, corroída. Assim, é necessário o desmonte e Inspeção Visual cuidadosa
para que os procedimentos de manutenção possam ser adequados aos achados. Caso
não haja sinais de corrosão, limpeza e reaperto com torquímetro resolverão a anomalia.
Em caso contrário, deve‐se avaliar a substituição dos componentes, uma vez que esse
tipo de montagem não foi projetada para ter peças intercambiáveis. Para medições
radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, deve‐se escolher
o valor da maior emissividade disponível, que é a das frestas entre o parafuso interno
de fixação e a caixa plástica dos componentes. Nesse caso, podem ser utilizados valores
de 0,75 a 0,85. Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC‐2000.
Lente: 24°.

Anotações:

632 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

Figura 7.156 – Disjuntor motor com aquecimento interno.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Em muitas situações, os disjuntores‐motor trabalham próximo à sua capacidade nominal.
7.156
Como possuem um elemento bimetálico interno, destinado a reproduzir as condições
térmicas de operação do motor que os protegem, é esperado algum aquecimento na sua
superfície externa. Dessa maneira, antes de diagnosticar um disjuntor‐motor como
defeituoso porque sua temperatura externa está próxima à nominal, é importante
confirmar que sua carga está também próxima a de projeto. Nem sempre isso será
possível, ou por causa da maneira pelo qual foi instalado ou por normas de segurança
internas à fábrica, no que diz respeito ao manuseio de componentes e instalações
energizadas. Em qualquer circunstância, o manuseio de componentes energizados possui
um alto risco já que, como não se sabe em que situação se encontram as conexões ou
cabos, sempre há o risco de um curto‐circuito ou flash de abertura sob carga de um
circuito. Assim, se for permitido pelas normas de segurança interna da empresa e com o
uso de equipamentos de segurança individual adequados, a carga pode ser lida com o
auxílio de um alicate amperímetro. Caso esteja próxima à nominal (maior que 70%), ou
ao ajuste de corrente no disjuntor‐motor, é possível considerar como aceitável o
aquecimento detectado desde que equilibrado e dividido pelas três Fases. Caso haja um
desequilíbrio térmico evidente entre Fases, recai‐se no caso da 0. Caso não seja possível
a leitura das correntes instantâneas, a recomendação é registrar o Termograma e
recomendar testes e leituras de corrente adicionais. Mas há ainda a possibilidade de ser
lida a corrente e se encontrar bem abaixo do esperado para este aquecimento. Nesta
situação, a recomendação é a substituição do disjuntor – motor – e, se possível, melhorar
a montagem para diminuir o efeito do aquecimento mútuo. Para medições radiométricas
em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, deve‐se utilizar o valor do maior
aquecimento sendo medido, que no caso é a caixa em termoplástico do disjuntor‐motor.
Nesse caso, podem ser utilizados valores de 0,85 a 0,94. Software: FLIR ThermaCAM
Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 633


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

Figura 7.157 – Contator severamente danificado, com carga e frio.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura O contator do Termograma estava operando normalmente, com sua carga típica e sem
7.157
apresentar sinais de aquecimento por mau contato. Esse efeito é devido a que este já
apresentou temperaturas muito elevadas e está, no momento da Inspeção, com a sua
conexão com o cabo superior soldada (Ver Capítulo 1, Item 1.11 – Ciclo Teórico de Falha
em uma Conexão Elétrica, Figura 1.14 e Figura 1.18 ). Apesar de no momento não estar
apresentando aquecimento, o contator e as fiações foram substituídas. Para medições
radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm, à temperatura ambiente, deve‐se utilizar o
valor para termoplásticos de 0,85 a 0,94. Software: ThermoCom IRAnalyzer. Câmera:
ThermoCom V384S. Lente: 22°.

Análise de Consistência: as ano‐ dimento seja apenas temporário até a subs‐


malias mais comuns encontradas em conta‐ tituição por contatos novos ou do contator
tores referem‐se a problemas nas conexões inteiro.
com falta de torque ou terminais mal pren‐ Recomendações de Intervenção:
sados dos cabos conectados. Ocorrem tam‐ contatores de baixa tensão podem apresen‐
bém defeitos nos contatos internos causa‐ tar problemas de conexão que são resolvi‐
dos por centelhamento e/ou desgaste de‐ dos da maneira usual já discutida para ou‐
vido às milhares de manobras que estão su‐ tros componentes. Eventualmente contato‐
jeitos. Aquecimentos dos núcleos de bobi‐ res podem apresentar problemas de mau
nas podem interferir nas imagens e na tem‐ contato interno que são resolvidos pela
peratura geral do contator, ou das suas substituição das peças afetadas. Nos casos
conexões, e devem ser identificados para de modelos mais antigos, as conexões com
não se incorrer em falsos positivos. Os con‐ o relé térmico podem sobreaquecer exi‐
tatos internos danificados ou corroídos de‐ gindo limpeza, desmonte, Inspeção Visual
vem ser substituídos por novos. Em situa‐ cuidadosa e eventual substituição. Nos ca‐
ções emergenciais, é possível o sos de disjuntor‐motor, como os compo‐
prateamento dos contatos desde que a cor‐ nentes são modulares e apresentam diver‐
rosão não seja excessiva e que este proce‐ sas configurações, as áreas mais sujeitas a
defeitos não são visíveis diretamente.

634 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

Desse modo, as anomalias encontradas ne‐ Descrição Técnica: o relé bimetálico ou


cessitarão da abertura para averiguação térmico é um dispositivo eletromecânico
cuidadosa. utilizado para proteger as cargas, principal‐
mente motores, contra sobrecorrentes.
7.20 RELÉ TÉRMICO OU BIMETÁLICO Pode atuar eventualmente no contator do
circuito através de contatos auxiliares, en‐
quanto que os fusíveis e/ou disjuntores
atuam em caso de curto‐circuito.
Descrição Térmica: relés Térmicos possuem
um elemento interno de aquecimento
calibrado de acordo com suas curvas de
atuação, geralmente posicionado sobre as
lâminas bimetálicas e, portanto, devem
aquecer e apresentar temperaturas propor‐
cionais ao seu ajuste de corrente passante.
Seu núcleo, onde se encontra o elemento
Figura 7.158 – Relé térmico. térmico propriamente dito, deve aquecer de
forma a reproduzir o aquecimento do com‐
ponente a ser protegido.

Figura 7.159 – Defeito interno em relé térmico.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Apesar de pouco contrastado devido à amplitude térmica de 70 °C, o Termograma
7.159
apresenta uma anomalia térmica interna ao relé térmico, posicionada atrás do encaixe
do módulo de comando. A regulagem está ajustada para 120 A e pode‐se verificar pela
temperatura das Fases laterais que, se fosse esta a corrente que estivesse circulando, o
aquecimento deveria ser proporcional em todas as Fases. Dessa forma, fica evidenciada
a anomalia interna cuja solução é a substituição do relé, uma vez que raramente esses
componentes oferecem oportunidade de manutenção. Para medições radiométricas de
temperatura em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm, à temperatura ambiente, deve‐se utilizar os

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 635


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

FIGURA COMENTÁRIOS
valores para termoplásticos de 0,85 a 0,94. Software: ThermoCom IRAnalyzer. Câmera:
ThermoCom V384S. Lente: 22°.

Figura 7.160 – Mau contato nas conexões com o Contator.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Muitos Relés Térmicos são conectados diretamente à saída dos contatores que
7.160 controlam os motores protegidos por eles. Nesses casos, é comum encontrar maus
contatos nas conexões entre os dois componentes. O sobreaquecimento
proveniente dessas conexões pode afetar, e geralmente o faz, o funcionamento
correto dos relés térmicos, uma vez que o calor gerado no mau contato se propaga
por condução até os componentes internos do Relé. No caso, se pode observar ainda
que a conexão inferior do Relé Térmico na Fase Esquerda encontra‐se também
sobreaquecida. Isso levanta suspeitas sobre o funcionamento correto do
componente, já que pode se tratar de outra anomalia ou ser a propagação de calor
por condução da anomalia interna. A intervenção de manutenção deve procurar por
sinais de corrosão nas conexões, uma vez que se existentes, terão de ser tratadas ou
o relé substituído. É importante verificar igualmente o assentamento das conexões
no contator para verificar se ainda estão em boas condições. Caso haja sinais de
corrosão, tanto o relé como a barra de saída do contator deverão ser substituídas.
Na impossibilidade, o conjunto todo deve ser substituído. Como tanto as conexões
como seu estado não estão facilmente visíveis, para medições radiométricas em
7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm, à temperatura ambiente, deve‐se escolher o valor da
maior emissividade disponível, que é a do termoplástico ou das frestas que
seguramente existirão entre as conexões e as suas bases. Nesse caso, podem ser
utilizados valores de 0,75 a 0,85. Software: ThermoCom IRAnalyzer. Câmera:
ThermoCom V384S. Lente: 22°.

Anotações:

636 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

Figura 7.161 – Aquecimento severo interno ao Relé Térmico.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Relés Térmicos possuem contatos internos que devem operar seccionando as correntes
7.161
de Fase no caso de sobrecorrente. Mas podem também apresentar defeitos em que os
contatos soldam internamente e sobreaquecem de forma significativa, chegando a dani‐
ficar a própria carcaça onde estão instalados. O caso apresenta um Relé Térmico nesta
situação em que a tem‐
peratura externa já ul‐
trapassou os 300 °C,
sem que atuasse. No
croqui ao lado, pode ser
visto que se os contatos
soldarem, a lâmina bi‐
metálica perderá sua
função e a corrente po‐
derá eventualmente cir‐
cular sem passar por ela. Nesses casos, não só a substituição do componente é recomen‐
dada, mas também uma revisão nos cabos, terminais e conexões adjacentes. Para
medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, deve‐se
utilizar o valor para termoplásticos, entre 0,85 a 0,94. Software: ThermoCom IRAnalyzer.
Câmera: ThermoCom V384S. Lente: 22°.

Análise de Consistência: como os com o contator devido à falta de aperto.


Relés Térmicos devem aquecer conforme Aquecimentos devido a mau dimensiona‐
sua carga, a discriminação da existência de mento e fadiga dos elementos internos são
uma anomalia ou não vai depender do ajuste também defeitos encontrados nos relés tér‐
e de sua corrente instantânea. Ao detectar micos. Qualquer distribuição térmica anô‐
uma distribuição térmica suspeita, é neces‐ mala e não proporcional à carga e ajuste
sário que o Inspetor verifique então a carga deve ser investigada. É importante lembrar
passante e o ajuste. Caso a carga seja baixa e que problemas internos de aquecimento fre‐
o calor irradiado alto, é muito provável a quentemente fazem com que o Relé Térmico
existência de uma anomalia interna. É muito se torne inoperante ou atue na curva incor‐
comum também o mau contato na conexão reta.
MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 637
CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

Recomendações de Intervenção: harmônica total gerada a partir do reator. Os


problemas de conexão são resolvidos da ma‐ reatores de linha aumentam a confiabilidade
neira usual já discutida em outros compo‐ do sistema por agirem como estabilizadores
nentes. Problemas de mau contato interno entre os circuitos de energia em estado só‐
são resolvidos pela substituição. Nos casos lido e a linha ou motor.
de modelos mais antigos, as conexões com o
contator podem sobreaquecer, exigindo lim‐
peza, desmonte, Inspeção Visual cuidadosa e
eventual substituição. Os relés térmicos, nos
casos de disjuntor‐motor, NÃO são facil‐
mente visíveis devido à sua montagem mo‐
dular. Assim, quando alguma anomalia tér‐
mica suspeita for detectada exteriormente,
eles deverão ser desmontados para Inspeção
Visual e averiguação detalhada.

7.21 REATORES DE LINHA


Figura 7.162 – Reatores de linha.

Descrição Técnica: reatores de linha são


Descrição Térmica: o comportamento tér‐
utilizados para reduzir harmônicas geradas
mico dos reatores de linha é análogo ao dos
principalmente pela fonte do inversor.
transformadores a seco onde, salvo defeitos
Também amortecem transitórios, tanto
nas bobinas, apresentam aquecimento por
simétricos como assimétricos, impulsos de
efeito Joule devido à corrente e às perdas no
corrente que podem afetar motores e acio‐
núcleo. É esperado que aqueçam de acordo
namentos. Da mesma forma, e em alguns ca‐
com a corrente de Fase e harmônicos que es‐
sos, podem atuar para complementar os
tejam atenuando.
ajustes de fator de potência. São conectados
em série com a carga geradora de harmôni‐
cos, para que com o aumento da impedân‐
cia, reduza‐se a intensidade da distorção

Anotações:

638 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

Figura 7.163 – Distribuição térmica de causa indefinida entre bobinas de reator.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura O caso permanece indefinido, uma vez que nem o fabricante nem o cliente se
7.163
manifestaram a respeito. Os dois Termogramas apresentam o mesmo reator, com a
mesma carga, sendo que o inferior foi obtido seis meses após o superior. A classe de
temperatura H (130 °C acima do ambiente), permite que o reator trabalhe nessas
condições. No entanto, não está clara a causa que poderia ocasionar uma distribuição
térmica assimétrica entre Fases como esta. Uma suposição seria a falha no isolamento
entre bobinas ou o desequilíbrio severo entre correntes de 3° harmônico de uma Fase
em relação à outra. Ou ainda as duas ocorrências simultaneamente. As possibilidades
permanecem em aberto. Por precaução, as intervenções de manutenção deverão
incluir a medição de corrente por um período significativo para o tipo de carga em uso,
medição harmônicos nas três Fases e testes de isolação no reator. Caso não seja
identificada nenhuma anormalidade, por segurança operacional deverá ser substituído
e o novo reator submetido a uma nova Termografia para confirmar o comportamento
normal ou aceitável após energização. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou
de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, deve‐se utilizar o valor para vernizes que podem
ser entre 0,85 a 0,94. Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC‐
2000. Lente: 24°.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 639


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

Figura 7.164 – Reator com distribuição térmica assimétrica.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura O reator estava instalado em um painel que não permitia acesso sem riscos à medição de
7.164
corrente efetiva por Fase. Independente disto, a assimetria é evidente. Diversas causas
podem ser apontadas como origem desta assimetria: desequilíbrio efetivo de correntes,
qualidade do cobre empregado na manufatura das bobinas diferente entre si ou mesmo
harmônicos. De forma conservativa, a substituição é recomendada junto com uma
pesquisa de causa com testes elétricos no reator. Para medições radiométricas em
7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, a emissividade indicada é a de
coberturas feitas em material orgânico (resina) com valores de 0,85 a 0,94. Software: FLIR
ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Figura 7.165 – Reator com distribuição térmica norma.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura O reator apresenta o comportamento esperado para um reator novo e bem
7.165
dimensionado. A maior temperatura observada é de 85 °C junto ao entreferro na Fase do
Meio. A corrente de carga era a típica do motor e oscilava entre 55 a 65 % da nominal.
Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, a
emissividade indicada é a de coberturas feitas em material orgânico (resina) ou verniz,
com valores de 0,85 a 0,94. Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR
SC‐2000. Lente: 24°.

640 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

Análise de Consistência: reatores 7.22 CORRENTES PARASITAS OU DE


de linha devem aquecer uniforme e propor‐ FOUCAULT
cionalmente à corrente passante, levando
Descrição Técnica: são correntes elétricas
em consideração à sua defasagem em rela‐
que surgem em materiais elétricos conduto‐
ção à tensão. Regiões ou bobinas termica‐
res, normalmente planos, quando estão
mente assimétricas com aquecimentos dís‐
imersos em um campo magnético variável. O
pares devem ser reportados como anoma‐
fluxo magnético, variando no tempo e inci‐
lias. Da mesma forma que os transformado‐
dente sobre o metal, provoca uma f.e.m.
res secos de potência, os reatores apresen‐
(força eletromotriz) induzida na chapa que,
tam aquecimento em seu núcleo de ferrosi‐
por sua vez, provoca o movimento dos elé‐
lício que não deve ultrapassar os limites da
trons das últimas camadas no metal, produ‐
classe de temperatura do isolamento em‐
zindo assim correntes elétricas. A circulação
pregado.
dessas correntes gera perdas wattadas no
Recomendações de Intervenção: material, causando aquecimentos.
os reatores de linha apresentam problemas
de sobreaquecimento: por deficiência de
material, por baixo isolamento ou por har‐
mônicos fora de suas especificações. Nos ca‐
sos de deficiência de material ou baixo isola‐
mento, a substituição é a intervenção reco‐
mendada. Nos casos de harmônicos fora da
especificação, é necessário o mapeamento
dos harmônicos presentes e, caso estes não
atendam as especificações, é necessária a
pesquisa de origem deles. Caso a origem não
possa ser corrigida, ou tenha‐se tornado
uma característica de operação do sistema,
Figura 7.166 – Correntes parasitas.
o reator deve ser substituído.

Descrição Térmica: estruturas de suporte de


cabos, barramentos ou painéis, se servirem
de fechamento para circuitos magnéticos,
poderão aquecer severamente, de acordo
com as correntes passantes. Para evitar
estes aquecimentos, estas estruturas devem
ser projetadas corretamente ou, em
situações não previstas, devem ser aterradas
e/ou seccionados para não permitirem a cir‐
culação de correntes de Foucault. Essas cor‐
rentes consomem potência e podem gerar
temperaturas de risco ao toque. Quando são

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 641


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

localizados aquecimentos ou pontos quen‐ que haja vinculação direta com a passagem
tes em lugares inesperados, fora do circuito de corrente ou fuga de tensão, a causa mais
de potência, como chapas, travessas, supor‐ provável é circulação de correntes induzidas.
tes metálicos e separadores de cabo sem

Figura 7.167 – Correntes parasitas em chapa de passagem de cabos.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Uma boa parte dos aquecimentos derivados de correntes parasitas será devida, de uma
7.167
forma nem sempre evidente, ao não fechamento das três Fases dentro de um mesmo
circuito magnético. Esse fechamento é obrigatório para que os campos magnéticos das
três Fases se anulem entre si e não criem correntes parasitas. Os dois casos são similares.
Na foto de controle na luz visível referente ao Termograma superior, pode‐se observar
que entre os cabos das três Fases há um seccionamento da chapa metálica, justamente
com o intuito de fazer com que as três Fases ficassem dentro da mesma abertura
metálica. O que eventualmente passou despercebido foi que as porcas metálicas de
fixação dos eletrodutos fechavam o circuito elétrico, permitindo que as correntes
induzidas pelo campo magnético circulassem. Por sua vez, a assimetria da distribuição
pode ser explicada pela não homogeneidade da chapa metálica no que diz respeito à
condutividade elétrica. Ao sofrerem manutenção, as três porcas foram isoladas da chapa
metálica, tomando o cuidado para que os eletrodutos metálicos não entrassem em
contato com elas, e a indução foi eliminada. No caso do Termograma inferior, a hipótese
que melhor explica essa distribuição térmica é de que o isolamento entre chapas
separadoras está efetivo apenas entre a Fase amarela e sua adjacente. Já entre a Fase do

642 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

FIGURA COMENTÁRIOS
Meio e a última, o circuito magnético está fechado, dando passagem às correntes
parasitas. Em ambos os casos, o risco é que, com correntes maiores, as temperaturas
aumentem e prejudiquem o isolamento dos cabos levando ao ressecamento, rachaduras,
oxidação interna e um eventual curto‐circuito contra a Terra em um período de tempo
indeterminado. A solução, em ambos os casos, é a efetiva isolação entre as secções das
chapas separadoras. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à
temperatura ambiente, deve‐se escolher neste caso o valor da emissividade para tintas a
óleo, que está entre 0,85 e 0,94. Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera:
FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Figura 7.168 – Parafuso de fixação fechando circuito magnético: corrente parasita.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Nem sempre a visualização de qual Fase está assimétrica na montagem, em relação às
7.168
duas outras, será evidente. No caso do Termograma, o parafuso de fixação do disjuntor
de alta potência no trilho posterior é metálico e está sujeito a um campo eletromagnético
de alta intensidade. Isso faz com que, mesmo sem o fechamento de um circuito
magnético externo, haja correntes induzidas como se fosse uma antena de sinais de
rádio. Isso acontece porque porções metálicas como este parafuso, e expostas a sinais
eletromagnéticos, produzem diferenças de potencial entre suas extremidades que
causam o aparecimento de correntes induzidas. Em si, não há problemas maiores devido
a este aquecimento. O que deve ser confirmado é que esta é realmente a maior
temperatura alcançada por este parafuso e se não há a possibilidade de danos na
estrutura de suporte do disjuntor. Além disso, é justificável a busca de uma solução que
sustente o disjuntor e não permita a criação de correntes de Foucault. Para medições
radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, pode‐se utilizar o
valor da emissividade para tintas a óleo, entre 0,85 a 0,94. Software: FLIR ThermaCAM
Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 643


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

Figura 7.169 – Corrente parasita por interseção de campos magnéticos.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura
Os parafusos das duas imagens térmicas apresentam a situação em que estão sujeitos a
7.169 influência de campos magnéticos intensos e, por haver uma diferença de potencial
induzido entre suas extremidades, surgem correntes parasitas. No caso do Termograma
superior, como se pode verificar na foto de controle na luz visível, há uma barra metálica
unindo os dois parafusos de fixação nas extremidades das barras. O Termograma, por sua
vez, apresenta apenas o parafuso mais distante do Observador, e que está mais aquecido,
por falta de espaço atrás do painel para uma visualização que contenha os dois parafusos.
Já o Termograma inferior apresenta outra situação onde os parafusos externos, utilizados
nas fixações das barras externas, não apresentam aquecimentos significativos, se
comparado com os existentes entre as Fases. Isso acontece porque somente os parafusos
entre duas Fases estão sujeitos a dois campos magnéticos provenientes das Fases
adjacentes e em maior intensidade que os parafusos externos. As diferenças de
temperatura entre parafusos, teoricamente sujeitos aos mesmos campos, pode dever‐se
a resistências ôhmicas diferentes, diferenças mínimas de material, ou ainda eventuais
variações de corrente nas barras. O risco, nessa situação, é a temperatura dos parafusos
vir a deteriorar o isolamento dos suportes e permitir a presença de correntes de fuga.
Neste caso, aumentariam as chances de ocorrência de curto‐circuito com a Terra ou entre
Fases. Até o momento (2017) não se tem notícia de que isso tenha ocorrido. Mesmo
assim, é recomendável anotar e destacar a situação encontrada para controle ao longo
do tempo. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura
ambiente, parafusos zincados ou tratados contra a ferrugem por anodização possuem
em si emissividades baixas. Mas, por outro lado, apresentam também boas áreas de

644 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

FIGURA COMENTÁRIOS
apoio para o depósito de poeira (que no caso, se pode observar depositada no topo dos
isoladores de fixação das barras). Assim, pode‐se escolher o valor de emissividade entre
0,75 a 0,85. Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente:
24°.

Figura 7.170 – Presença de corrente parasita por erro de projeto ou montagem.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura O Termograma apresenta um caso em que, por projeto ou por montagem, permite‐se a
7.170
ocorrência de correntes parasitas entre a passagem dos cabos. Os três circuitos possuíam
cargas diferentes no momento da Inspeção, o que pode ser confirmado pelas
temperaturas induzidas na chapa perfurada para passagem dos cabos. A corrente
parasita é função da intensidade do campo magnético gerado que, por sua vez, é
proporcional à intensidade de corrente. A montagem correta deve prever que os
condutores das três Fases passem sempre pelo mesmo orifício ou abertura para que os
campos eletromagnéticos se anulem entre si. Quando uma Fase fica de fora, ou as três
têm passagens por orifícios ou aberturas diferentes e o fechamento é por metal
condutor, sempre há a formação de correntes parasitas em maior ou menor intensidade.
Na situação atual, a solução mais prática é o seccionamento do espaço entre os cabos
com o devido cuidado para não deixar partes afiadas ou arestas com rebarbas que
possam danificar ou cortar o isolamento. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou
de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, o valor da emissividade para tintas a óleo é entre
0,65 a 0,94. Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente:
24°.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 645


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

Figura 7.171 – Sobreaquecimento em fresta de chapa.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Quando campos magnéticos variáveis cortam superfícies de metais condutores, surgem
7.171
correntes parasitas ou de Foucault. Esse princípio é utilizado nos medidores de energia
onde discos de alumínio giram pelo efeito da força contra eletromotriz que surge devido
à intensidade dos campos magnéticos incidentes. Quanto maior a corrente, mais intenso
o campo e maior a velocidade do disco que registra, assim, o consumo. No caso do
Termograma, apesar de todas as indicações de que se tratava de indução, como as três
Fases passavam pela mesma abertura e a chapa separadora era de alumínio, a primeira
explicação era de que o ambiente abaixo da chapa de alumínio estivesse severamente
aquecido e, pelo efeito fresta, a temperatura aparente na imagem fosse devida à
temperatura do ambiente abaixo da chapa. Convidamos o leitor, analisando atentamente
a imagem térmica e de controle na luz visível, e antes de ler a explicação na próxima
Figura, a descobrir se esta suposição é verdadeira ou não e por quê. Para medições
radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, deve‐se escolher o
valor da emissividade, que é a das frestas entre os cabos e a chapa separadora, de 0,85 a
0,95. Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000. Image Builder 4.0, Câmera: FLIR SC‐
2000. Lente: 45°.

Figura 7.172 – Sobreaquecimento em chapa com folha de papel (emissividade alta).

Anotações:

646 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Embora não fosse necessário, pois para um observador atento é evidente que não se
7.172
tratava de um aquecimento abaixo da chapa de alumínio, e sob supervisão do
encarregado de segurança da planta, foi colocada uma folha de papel sobre a chapa de
alumínio. O uso em campo deste artifício visava contornar a baixa emissividade do
alumínio e poderia ter sido utilizada uma fita adesiva isolante da mesma maneira.
Aguardados alguns instantes para que a folha de papel pudesse assumir a temperatura
de sua base de apoio, o Termograma mostra que toda a placa de alumínio estava
aquecida e com temperaturas muito próximas às das frestas. Isso poderia novamente
levar à consideração de que se a chapa estava aquecida, isso poderia ser devido à
temperatura do ambiente abaixo da dela. No entanto, e como se pode ver na foto de
controle na luz visível, há um cabo de aterramento passando para o ambiente abaixo da
chapa de alumínio (ver seta no destaque em vermelho) e, nesse local, a temperatura é a
praticamente a mesma que a lida no mesmo local na 0. A pequena diferença entre as
temperaturas entre os dois momentos quando foram capturados os Termogramas, deve‐
se a que, com a porta do painel aberta, as temperaturas baixaram um pouco devido às
trocas térmicas com o ar mais frio e externo que entrou no painel. Software: FLIR
ThermaCAM Reporter PRO2000. Image Builder 4.0, Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 45°.

Figura 7.173 – Indução em barra de sustentação de cabos na saída de transformador.

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 647


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura A diferença do Termograma superior para o inferior é de seis meses. No Termograma
7.173
superior, os cabos de saída do secundário do transformador, situado à direita na foto de
controle na luz visível, estão dispostos de forma irregular, alguns passando por cima da
ferragem de sustentação da cablagem, e outros por baixo. Essa assimetria de disposição
faz com que os campos magnéticos não se anulem e, como consequência, haja correntes
de Foucault circulando na ferragem. A temperatura lida, de praticamente 109 °C, é
perigosa para o isolamento dos cabos que é de 70 °C. As consequências são o rápido
ressecamento e eventual abertura de rachaduras no isolamento dos cabos. Com a
deterioração do isolamento, segue‐se a infiltração de umidade e oxidação com o
consequente aumento da resistência ôhmica do cabo. Esse conjunto de ocorrências
constitui um ciclo vicioso até que ocorra um aquecimento severo dos cabos afetados e
um possível curto‐circuito à Terra. O período até a ocorrência é indeterminado porque
não se tinha histórico anterior desta anomalia. A solução é o desligamento do
transformador e a Inspeção Visual cuidadosa do isolamento dos cabos. Caso haja cabos
individuais afetados, é possível tentar uma isolação emergencial desde que não haja
oxidação interna. Para confirmar a existência ou não de oxidação, podem ser necessários
mais testes elétricos como resistência ôhmica e isolamento dos cabos. Valores de
referência devem existir para essa confirmação. A Gerência técnica deverá optar sobre
qual decisão será a mais adequada devido aos custos e riscos envolvidos. Apesar de todas
essas sugestões, seis meses após a primeira Inspeção os cabos foram encontrados
praticamente na mesma posição (ver foto de controle na luz visível inferior) e com a
temperaturas induzida na barra maior que no primeiro caso. A justificativa apresentada
pelo Assistente Técnico foi a de que a carga estava maior que a da primeira Inspeção.
Além disso, durante a parada não houve tempo suficiente para fazer todos os
remanejamentos necessários. Em uma situação dessas, com essa temperatura, o risco de
um curto franco à Terra é muito alto, e o risco a ser corrido, além da parada e eventual
incêndio, deverá ser arcado pela Gerência responsável. Para medições radiométricas
neste caso, em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, pode‐se utilizar o valor
da emissividade para tintas a óleo, já que a ferragem está pintada com esse revestimento.
Podem então ser utilizados valores de 0,85 a 0,94. Software: FLIR ThermaCAM Reporter
PRO2000. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Figura 7.174 – Indução em barras de sustentação estrutural em painel.

648 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura No Termograma, fica evidente que a disposição dos perfis metálicos de sustentação do
7.174
painel divide a passagem das três Fases do disjuntor de maneira assimétrica, em relação
aos campos magnéticos gerados pela passagem de corrente. Como os campos não se
neutralizam, a formação de correntes parasitas é inevitável. As temperaturas registradas
são relativamente baixas e isso se explica porque, no momento da Inspeção, a carga deste
circuito estava reduzida. Mantidas essas temperaturas, além do desperdício de potência
e um risco de dano à pintura em epóxi, não há consequências técnicas maiores nesta
situação. No caso da intervenção humana por ocasião de uma manutenção, é possível
algum risco de queimadura por toque, já que não necessariamente o executor estará
ciente deste aquecimento. Dependendo do espaço disponível, é possível alterar o layout
dos perfis para evitar o aquecimento ou simplesmente utilizar buchas de passagem de
nylon nos parafusos de fixação, para interromper o fluxo magnético. Caberá à Gerência
responsável escolher a melhor solução. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de
3 – 5 µm, à temperatura ambiente, e tratando‐se de pintura em epóxi, a emissividade
pode ter valores entre 0,85 a 0,94. Software: ThermoCom IRAnalyzer. Câmera:
ThermoCom V384S. Lente: 22°.

Figura 7.175 – Indução em chapa separadora e tubos por disposição incorreta de cabos.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 649


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura O Termograma superior registra a entrada dos cabos de alimentação do painel, e o
7.175
Termograma inferior apresenta a saída dos cabos a partir da eletrocalha. Há um trecho
de tubulação metálica que faz a condução da cablagem entre um local e o outro, de
comprimento não superior a 40 centímetros. Como pode ser visto na foto de controle
superior (à direita), há cortes na chapa de separação entre os tubos, mas o mesmo
equívoco da 0 foi cometido: cada Fase tem seus cabos seguindo em separado das demais
Fases por dentro de tubos metálicos. O correto deve ser ao menos um cabo de cada Fase
passando por cada tubo. Por sua vez, as arruelas metálicas fazem o fechamento do
caminho de corrente entre a chapa ranhurada e os canos metálicos, dando condições
para o surgimento de correntes parasitas. Como os caminhos de corrente são
desconhecidos, bem como as resistências elétricas encontradas nesse percurso, o maior
aquecimento aparece na saída da eletrocalha e entrada nos eletroduto metálicos. Os
riscos já foram listados: a temperatura lida, de praticamente 102 °C, é danosa para o
isolamento dos cabos, que é de 70 °C. As consequências são o ressecamento e abertura
de rachaduras no isolamento dos cabos. Com a deterioração e as variações de
temperatura ambiente, segue‐se a infiltração de umidade e oxidação interna do cabo,
com o consequente aumento da resistência ôhmica. Esse conjunto de ocorrências
constitui um ciclo vicioso até que ocorra um aquecimento severo dos cabos afetados e
um possível curto‐circuito à Terra. O tempo até a ocorrência é indeterminado e depende
da história anterior desta instalação. A solução é o desligamento do painel e a Inspeção
Visual cuidadosa do isolamento dos cabos. Caso haja cabos individuais afetados, e como
se trata de cabos dentro de um eletroduto metálico, não é recomendada a isolação de
emergência (com fita autofusão e isolante). A solução correta é a substituição e
ordenação correta dos cabos na tubulação existente ou a passagem por um novo traçado.
Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, a
emissividade, nesse caso, pode ser de 0,75 a 0,85 porque vai tomar como referência as
frestas das roscas metálicas. Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera:
FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Figura 7.176 – Indução em barra de suporte por correntes de carga em forno de indução.

Anotações:

650 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Devido às chapas de proteção do barramento de alimentação deste Forno a Indução, nem
7.176
na foto na luz visível e nem no Termograma é possível ver a configuração ou layout do
barramento de potência. Apenas o efeito dos campos magnéticos aparece sintetizado no
encontro de três perfis metálicos de sustentação. Lamentavelmente nada é possível
obter deste Termograma além da informação de segurança para o toque humano. Para
medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, pode‐se
utilizar a emissividade para tintas à base de epóxi, de 0,85 a 0,94. Software: FLIR
ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Figura 7.177 – Efeito das bobinas do filtro de harmônicos interno ao painel.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Em alto‐fornos para metalurgia, onde as correntes são muito altas, núcleos toroidais são
7.177
utilizados para amortecimento de harmônicos e redução de ruído nos circuitos de
alimentação. Embora esses equipamentos normalmente fiquem enclausurados dentro
de painéis, o efeito dos seus campos magnéticos pode aquecer as paredes metálicas dos
cubículos. No caso, registrado apenas para fins de documentação, não se teve acesso às
correntes do forno no momento da captura e nem ao tempo em operação. A distribuição
térmica e as temperaturas observadas podem variar de acordo com o regime de
operação, correntes, frequência ou outros fatores. Dependendo das temperaturas
atingidas, pode haver risco de queimaduras por toque, o que indica a necessidade de um
acompanhamento da repercussão térmica da operação do forno, nas chapas do painel.
Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente,
pode‐se utilizar a emissividade para tintas à base de epóxi, de 0,85 a 0,94. Software: FLIR
ThermaCAM Researcher PRO 2.10. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 651


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

Figura 7.178 – Indução em chaparia de painel na saída de trafo.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura O Termograma apresenta a chaparia do Painel Geral de BT, adjacente ao trafo de
7.178
potência, lado do secundário, onde se encaixa a caixa de passagem metálica por onde
passa o barramento. Apesar de todas as barras estarem enclausuradas na mesma
passagem, o fechamento dos campos magnéticos extrapola a caixa de passagem
devido às correntes serem da ordem de 3.500 A. Dessa forma, os campos magnéticos
se neutralizam, mas a parte de alta densidade de campo que atinge as paredes
metálicas, cria correntes parasitas. Na temperatura que se apresentam, não há risco
humano e nem para as instalações. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de
3 – 5 µm à temperatura ambiente, pode‐se utilizar a emissividade para tintas a óleo,
de 0,85 a 0,94. Software: FLIR ThermaCAM Researcher PRO 2.10. Câmera: FLIR SC‐
2000. Lente: 24°.

Figura 7.179 – Erro de projeto ou montagem em painel BT com bases fusíveis.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Em algumas montagens industriais de baixa tensão, diversos fusíveis NH alimentam
7.179
cargas instaladas próximas fisicamente umas das outras, semelhantes e até mesmo
iguais, como é o caso, por exemplo, de bancos de capacitores. No caso do Termograma,
o projeto do painel dividiu os conjuntos de fusíveis por Fase, onde a cablagem de entrada
e saída passavam por uma mesma abertura na chapa zincada de suporte. Para evitar que
o canto vivo do recorte pudesse danificar o isolamento dos cabos, foi recoberto com um
perfil flexível de borracha. Da divisão por Fases, resultou que os campos magnéticos

652 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

FIGURA COMENTÁRIOS
gerados pelas correntes de cada Fase não são anulados, repetindo o efeito da 0. Como a
chapa onde os fusíveis NH estavam instalados era de material galvanizado e de baixa
emissividade, apenas as bordas recobertas com uma cinta de borracha emitiam
infravermelho, revelando a anomalia térmica e o erro de projeto. O maior risco nesta
situação é o aquecimento danificar o isolamento dos cabos e causar um curto‐circuito
contra a chapa aterrada. Para solucionar este aquecimento, basta efetuar o
seccionamento da chapa de suporte das bases fusíveis. Para que ela não perca a rigidez
mecânica após o seccionamento, é necessário que tenha o rasgo coberto posteriormente
por uma placa de fibra de vidro, baquelite ou material plástico rígido, fixada nas metades
separadas. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura
ambiente, o único local viável para medição de temperatura são as proteções em
borracha nos cantos vivos das aberturas na chapa. Nesse caso, podem ser utilizados
valores de 0,85 a 0,95. Software: ThermoCom IRAnalyzer. Câmera: ThermoCom V384S.
Lente: 22°.

Figura 7.180 – Aquecimento em chapa de baixa emissividade.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura O caso já foi elucidado no Item 7.8.1, Estudo de Caso 12 – Aquecimento em Materiais
7.180
Isolantes em Barramento BT. Para uma explicação detalhada de como a indução pode ser
mascarada neste caso, favor referenciar ao Caso mencionado.

7.22.1 ESTUDO DE CASO 15: Correntes apresentava temperaturas na ordem de 140


Parasitas °C para aproximadamente dois terços da
carga de projeto. Esta temperatura, ou até
No barramento de entrada em um
maiores, continuamente sob o corpo do TC,
painel em 6 kV, dimensionado para 4.000 A
poderiam tem danificado suas propriedades
(0), um transformador de corrente entrou
isolantes, levando à falha. Como nenhuma
em curto contra a chapa onde estava fixado.
Fase estava fora da abertura de passagem
Após a sua substituição emergencial e de seu
das três Fases, foi necessária
adjacente por barras de cobre, foi desco‐
berto que a chapa onde estavam fixados
MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 653
CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

uma análise de Inspeção mais detalhada para descobrir a causa do aquecimento.

Figura 7.181 – Diagrama de montagem dos TC’s antes da falha e local da falha.

Figura 7.182 – Diagrama de situação após extração dos TC’s.

654 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

Figura 7.183 – Efeito das correntes de Foucault em chapas U paralelas de sustentação.

Figura 7.184 – Diagrama de circulação de correntes parasitas nas chapas de sustentação.

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 655


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

FIGURAS COMENTÁRIOS
Figura Analisando os Termogramas e as condições operacionais do circuito, mesmo que não
7.182
haja um barramento ou Fase fora da cavidade de passagem, a corrente de carga na
ordem de 3.000 A faz com que os campos magnéticos tenham uma alta densidade. A
Figura densidade do campo B faz que qualquer superfície de material condutor apresente
7.183
correntes parasitas, como se pode ver no diagrama da 0. Dessa maneira, se a chapa em
U não for seccionada, tanto no suporte superior como no inferior, os aquecimentos
Figura continuarão a ocorrer e, eventualmente, continuarão a danificar os TC’s instalados. Após
7.184
o seccionamento, será necessário verificar novamente por Termografia se a quantidade
de metal restante, mesmo que isolada, continua a gerar um aquecimento perigoso ao
epóxi. Por outro lado, a exiguidade de espaço disponível também colabora para uma
baixa refrigeração por convecção, aumentando o efeito térmico sobre a resina epóxi dos
TC’s. Se houver espaço para a instalação de uma ventilação forçada posterior às chapas
de sustentação, o efeito térmico poderá ser reduzido significativamente, dependendo
apenas do volume de ar insuflado por minuto. No entanto, será necessário instalar um
sensor de alarme de temperatura na chapa porque, caso a ventilação cesse por algum
motivo, a Operação da planta deve ser alertada do risco que o epóxi dos TC’s está sujeito.
Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm, deve ser considerada a
temperatura ambiente na qual as chapas estão imersas, dentro do painel. O
Termograma da 0 foi obtido imediatamente após a abertura da porta do painel, e na
leitura superior direita, obtida na chapa do painel, lê‐se 76,6 °C. Esta temperatura
interna ao painel pode ser devida à indução de correntes parasitas na lateral ou à
temperatura do ar aquecido e acumulado antes da abertura da porta do painel. Já o
Termograma anterior da 0, e obtido posteriormente, está indicado que após alguns
minutos da abertura para exposição do barramento, a temperatura ambiente interna do
painel caiu para 35 °C. Conforme o local do objeto de interesse para medição, uma
temperatura interna deve ser lida no momento da Inspeção e correlacionada à
temperatura ambiente externa no mesmo momento. Isso porque, caso a temperatura
ambiente varie, para mais ou para menos, é esperado que após algum tempo –
dependente de como o painel se estabiliza termicamente em seu local de operação –, a
temperatura interna do painel também aumente ou diminua. Caso a temperatura
interna aumente significativamente, esse valor terá de ser utilizado como temperatura
refletida para corrigir as demais leituras de componentes internos, desde que sejam
efetuadas imediatamente após a abertura do painel. Em condições normais, tanto a tinta
empregada na pintura da chapa como o epóxi, poderão utilizar valores de 0,85 a 0,94.
Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Análise de Consistência: a rigor, to‐ com o calor gerado pelos componentes in‐
dos os suportes de componentes e equipa‐ ternos. A distribuição térmica de chapas se‐
mentos, bem como a chaparia dentro de pai‐ paradoras e barramentos de suporte deve
néis elétricos devem apresentar distribui‐ ser analisada observando esse critério. Qual‐
ções e temperaturas homogeneamente dis‐ quer variação de temperatura aparente loca‐
tribuídas e coerentes com a temperatura lizada ou generalizada deve ter uma fonte de
ambiente externa, insolação, se for o caso, e aquecimento identificável. A presença de

656 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

aquecimentos detectados e não conformes


pode ser causada por correntes de Foucault
7.23 AQUECIMENTO MÚTUO
oriundas de erros de montagem ou corren‐
tes excessivamente altas. No caso de corren‐
tes induzidas, normalmente essa circulação
ocorre por erro de montagem ou de projeto,
permitindo a assimetria e o desequilíbrio de
campos magnéticos entre as três Fases do
sistema. Uma vez não cancelados, os campos
magnéticos geram correntes parasitas que
podem ser próximas ao local do desequilí‐
brio ou onde haja uma resistência elétrica
maior, que dissipe maior potência pela pas‐
sagem das correntes. Normalmente, e no
caso de correntes até 750 A, os efeitos são
restritos a pequenas distâncias de suas fon‐ Figura 7.185 – Aquecimento mútuo.
tes. Para correntes maiores, pode haver cor‐
rentes parasitas detectáveis mesmo com os Descrição Técnica: devido à tendência de
campos magnéticos cancelados mutua‐ compactação em muitos projetos de painéis
mente. elétricos, o layout da montagem dos
Recomendações de Intervenção: as disjuntores motores ou contatores é feito
correntes parasitas normalmente são resol‐ tentando aproveitar ao máximo o espaço
vidas interrompendo‐se a circulação do disponível. No entanto, normalmente é
campo magnético que as origina. Isso pode esquecido que, quando operando em condi‐
ser obtido pelo seccionamento do material ções próximas às suas nominais, esses com‐
de suporte, seja chapa ou barra, ou pela ponentes, que possuem elementos térmicos
substituição deste material por um não fer‐ embutidos, aquecem a temperaturas que se‐
romagnético. De qualquer maneira, deve‐se riam suportadas sem anomalias desde que
atentar para que esse seccionamento ou individualmente. Se vários componentes de
substituição não prejudique o dimensiona‐ circuitos de comando forem montados
mento mecânico da estrutura que deverá su‐ muito próximos uns dos outros, aquecer‐se‐
portar correntes de curto‐circuito. O rema‐ ão mutuamente quando em operação. O
nejamento de cabos ou barras de sustenta‐ aquecimento mútuo gerado reduz a capaci‐
ção pode também solucionar as correntes in‐ dade de carga nominal de cada componente,
duzidas quando for o caso. No entanto, acelerando o envelhecimento dos elemen‐
mesmo sendo a opção recomendada no caso tos internos e causando desligamentos im‐
de indução gerada por erro na distribuição previstos.
de cabos ou barramentos, nem sempre ela Descrição Térmica: os equipamentos
será possível devido às condições de monta‐ instalados em painéis, cabines ou outros,
gem específicas de cada instalação. Cada devem receber ventilação adequada para
caso deverá ser estudado individualmente. que não causem aquecimento mútuo em

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 657


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

condições normais de operação. Da mesma forçada no painel ou inclusive de ar‐condici‐


forma, deve ser previsto o espaçamento onado, mas que pode não funcionar adequa‐
adequado para que não se aqueçam mutua‐ damente se os componentes não forem es‐
mente quando em carga. Uma solução bas‐ paçados entre si.
tante comum é a instalação de ventilação

Figura 7.186 – Aquecimento mútuo resultante da não ventilação dos componentes.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura O Termograma apresenta o efeito do aquecimento mútuo de diversos disjuntores‐
7.186
motor em operação simultaneamente. Sem espaço para a ventilação por convecção,
aquecem uns aos outros e fazem com que as suas curvas de atuação não sejam mais as
mesmas. Paradas intempestivas vinham sendo informadas a partir desse painel sem
que nenhum problema específico fosse encontrado pela equipe de manutenção. Pela
falta de espaço no interior do painel, foi instalada uma ventilação forçada com dois
ventiladores no painel, um de insuflamento e outro de exaustão. Os resultados não
foram significativos porque apenas a face frontal dos componentes trocava calor e o
aquecimento mútuo não foi eliminado. A solução encontrada foi a montagem de um
novo painel para a substituição do em operação. Para medições radiométricas em
7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, pode‐se utilizar o valor de
emissividade para termoplásticos, de 0,85 a 0,94. Software: FLIR ThermaCAM Reporter
PRO2000. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Anotações:

658 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

Figura 7.187 – Exemplos de aquecimento mútuo.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Os Termogramas apresentam dois casos de aquecimento mútuo causado por
7.187
desconhecimento e/ou excesso de zelo na montagem ou projeto. A tendência de montar
e projetar painéis compactos que ocupem menos espaço nas instalações e consumam
menos materiais tem o custo não evidente de obrigar os componentes a trabalhar em
temperatura excessivas e normalmente muito maiores que as previstas em catálogo. No
Termograma inferior, pode‐se verificar, na fresta do último componente à direita, que
sua temperatura de operação é de 105 °C. A menos que o fabricante garanta a atuação
desses componentes nas curvas esperadas, é necessário o afastamento entre quaisquer
componentes que gerem calor pela sua operação. Os benefícios superam em muito os
custos com operações garantidas e vida útil muito maior. Para medições radiométricas
em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, deve‐se utilizar o valor da
emissividade para termoplásticos de 0,85 a 0,94. Software: FLIR ThermaCAM Reporter
PRO2000. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°. Software: ThermoCom IRAnalyzer. Câmera:
ThermoCom V384S. Lente: 22°.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 659


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

Figura 7.188 – Aquecimento mútuo em disjuntor termomagnético.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura O exemplo do Termograma demonstra claramente como, por condução, o aquecimento
7.188
interno de um componente defeituoso pode comprometer tanto a atuação de um
adjacente como a sua vida útil. Neste caso, a solução é a substituição do componente,
além do reparo do terminal superior. Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000.
Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Análise de Consistência: em con‐ 7.24 FUSÍVEIS DIAZED


juntos de componentes onde não haja es‐
paço para ventilação natural por convecção,
e diversos elementos estejam operando si‐
multaneamente, é esperado que o calor ge‐
rado internamente por cada um deles afete
e aumente a temperatura de seu adjacente.
Aquecimentos generalizados em diversos
componentes, na ausência de outras anoma‐
lias identificáveis, deverão ser avaliados para
constatar a presença de aquecimento mú‐
tuo. Figura 7.189 – Fusíveis Diazed.

Recomendações de Intervenção:
quando possível, deverá ser providenci‐ Descrição Técnica: fusíveis Diazed são
ado o afastamento entre os componentes. fusíveis encapsulados em carcaças de
Na impossibilidade, instalar ventilação porcelana de tamanho e capacidade padro‐
forçada no painel pode amenizar a situa‐ nizados e fazem parte da proteção do cir‐
ção. Em casos extremos, será necessário cuito de baixa potência, ao qual estão insta‐
remontar e redimensionar o painel a fim lados. De forma geral, fundem‐se quando há
de que ele possa comportar todos os com‐ sobrecorrentes maiores do que 20% da ca‐
ponentes sem gerar aquecimento mútuo. pacidade nominal ou curtos‐circuitos, po‐
dendo ser retardados ou não. Têm a caracte‐
rística de permitirem a substituição rápida e

660 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

fácil sem riscos para o operador, desde que temperatura externa devem ser verificados
o circuito esteja desligado. de acordo com a corrente instantânea, capa‐
cidade, modelo e fabricante do fusível. No
Descrição Térmica: os fusíveis devem sofrer
diagrama, pode‐se verificar os principais
aquecimentos de leve a moderado devido ao
pontos de ocorrência de sobreaquecimen‐
efeito Joule da carga passante. A distribuição
tos.
térmica deve ser homogênea e os valores de

Figura 7.190 – Locais de sobreaquecimento mais frequentes em Fusíveis Diazeds.

Figura 7.191 – Anomalia térmica em Tampa de fusível Diazed.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura O Termograma mostra um caso em que mais de um componente do fusível Diazed
7.191
apresenta anomalia. A parte atualmente aquecida é a tampa, mas o sinal de outro
aquecimento pode ser visto na cobertura de material plástico na foto de controle na luz
visível que está derretida. A conexão com a fiação esquentou, e provavelmente soldou, a
um ponto que o plástico de proteção atingiu seu ponto de fusão, marcando a sua
existência, mesmo que no momento da Inspeção não esteja mais aquecida. A tampa, por

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 661


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

FIGURA COMENTÁRIOS
sua vez, apresenta mau contato, como pode
ser visto na Figura ao lado. Não há manuten‐
ção de qualidade possível para esta peça em
campo. A solução correta é a substituição da
tampa e do fusível correspondente. Soluções
improvisadas, como o lixamento, tem pouca
duração e o retorno do aquecimento é nor‐
malmente mais severo que o detectado an‐
teriormente. Para medições radiométricas
em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura
ambiente, como a única parte visível do
aquecimento é a superfície de porcelana, deve‐se utilizar o valor de emissividade para
porcelana, que varia entre de 0,85 a 0,95. Software: ThermoCom IRAnalyzer. Câmera:
ThermoCom V384S. Lente: 22°.

Figura 7.192 – Aquecimento na base do fusível Diazed.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Os Termogramas apresentam um caso de aquecimento que pode ter duas origens: ou é
7.192
interno ao fusível, no contato inferior interno com a base, ou é na conexão com a fiação.

662 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

FIGURA COMENTÁRIOS
De qualquer maneira, deverá ser aberto
para Inspeção Visual. Um fato a obser‐
var é a alta temperatura da tampa no
Termograma superior (75 °C), que é su‐
ficiente para causar queimaduras na
mão do operador que não estiver utili‐
zando o EPI correto. Essa observação é
suficiente para que o Departamento de
Segurança do Trabalho exija o uso de lu‐
vas apropriadas para o manuseio deste
componente. A recomendação é a subs‐
tituição de todo o conjunto, corpo, base
e tampa porque o reaproveitamento
não é confiável e o custo é baixo. Para
medições radiométricas em 7 – 14 µm
ou de 3 – 5 µm, à temperatura ambi‐
ente, deve‐se utilizar o valor de emissi‐
vidade para porcelana, que varia entre de 0,85 a 0,95. Software: FLIR ThermaCAM
Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Figura 7.193 – Anomalia térmica no cartucho fusível Diazed.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura No Termograma, o próprio cartucho fusível apresenta o maior aquecimento. Com uma
7.193
temperatura interna maior que 130 °C, esse fusível pode estar trabalhando
subdimensionado ou apresentar um mau contato severo. A sua temperatura superficial
exigirá, como o caso da 0, luvas para ser manuseado, ou aguardar um tempo não inferior
a 15 minutos para resfriamento depois de desligado. Após Inspeção Visual cuidadosa, se
não houver sinais de corrosão interna, o cartucho poderá ser substituído. Caso haja sinais
de corrosão, todo o conjunto terá de ser substituído. Deve‐se observar ainda que o tipo
da paleta de cor, neste caso, foi alterado para evidenciar o local mais aquecido. Esta é
uma paleta de cor especial, com usos específicos. Para medições radiométricas em

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 663


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

FIGURA COMENTÁRIOS
7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm, à temperatura ambiente, deve‐se utilizar o valor de
emissividade para porcelana, que varia entre de 0,85 a 0,95. Software: FLIR ThermaCAM
Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Análise de Consistência: os sobrea‐ sinais de corrosão e poderá ser substituída


quecimentos detectados por Termografia juntamente com o cartucho do fusível.
em corpos de fusíveis Diazed, via de regra, Quando houver sinais presentes em ambas
são autoevidentes. Os aquecimentos nor‐ as partes, o conjunto todo deverá ser subs‐
mais não devem ultrapassar a temperatura tituído.
limite de operação projetada, disso, devem
ser homogêneos e, dependendo da monta‐ 7.25 FUSÍVEIS TIPO LÂMINA
gem, equilibrados nas três Fases. Quando
detectados, os desequilíbrios térmicos em Descrição Técnica: painéis mais recentes
uma Fase poderão ser devido ao desequilí‐ têm utilizado fusíveis tipo lâmina para
brio de cargas, que deverá ser verificado correntes menores, em painéis de medição
para não geral um falso positivo. O desequi‐ e/ou proteção. São também utilizados em
líbrio de cargas, se possível, deve ser descar‐ circuitos eletrônicos, como em alguns tipos
tado pela medição de corrente em cada Fase de CLP e inversores.
do circuito respectivo. Caso as correntes es‐
tejam equilibradas, a causa mais provável de
um desequilíbrio térmico é um mau contato
interno às estruturas do corpo do fusível
como parafuso de ajuste, conexões com a
alimentação (barra ou fiação), contatos in‐
ternos ou até o próprio elemento fusível.
Recomendações de Intervenção:
os fusíveis Diazed deverão ser abertos e Figura 7.194 – Fusíveis tipo lâmina.

submetidos a Inspeção Visual cuidadosa


para verificar a presença de pontos de fais‐ Descrição Térmica: como todo componente
camento interno ou corrosão. Raramente, resistivo, os fusíveis tipo lâmina só devem
quando houver sinais presentes, poderão aquecer proporcionalmente à sua corrente
ser limpos e recuperados. O contato do pa‐ sem que seus contatos aqueçam mais que os
rafuso de ajuste é normalmente crítico. Em elementos em si.
alguns casos, apenas a tampa apresentará

Anotações:

664 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

Exemplo:

Figura 7.195 – Fusíveis tipo Lâmina em painel.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura No Termograma, se pode observar que o aquecimento se propaga por condução para o
7.195
interior do soquete. A temperatura mais alta sugere que possa estar passando uma
corrente próxima à nominal. No entanto, pela assimetria em direção ao contato superior,
a suspeita é de um contato. Fusíveis de pequeno porte são muitas vezes ignorados por
terem correntes muito baixas ou por não serem considerados importantes como
equipamentos de porte maior. Essa é uma atitude equivocada, porque mesmo que se
trate apenas de um fusível da sinalização, a queima pode levar a operações incorretas,
acidentes e perdas de produção significativa. No caso, é necessário verificar o
dimensionamento do fusível e a corrente passante. Se a corrente for elevada para o
dimensionamento, a causa deve ser verificada e confirmada a sua normalidade. Além
disso, deve ser verificada a pressão nos contatos e eventual oxidação ou corrosão.
Dependendo do modelo utilizado, a base terá de ser substituída. Para medições
radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, deve‐se escolher o
valor da emissividade para termoplásticos, de 0,85 a 0,94. Software: FLIR ThermaCAM
Reporter PRO2000. Câmera: FLIR T300. Lente: 24°.

Análise de Consistência: fusíveis de progredirem internamente. Assimetrias de‐


pequeno porte são normalmente despreza‐ notam que há algum mau contato, uma vez
dos, devido às suas baixas correntes, mas que o comportamento esperado é de homo‐
sua importância pode ser fundamental para geneidade na distribuição das temperaturas.
o processo produtivo. Dependendo do cir‐ Da mesma forma, não é esperado que esse
cuito que proteja, uma parada de máquina tipo de fusível aqueça por carga devido a sua
extremamente dispendiosa pode ocorrer. característica de fundir com correntes muito
Ou ainda, nos casos de sinalização incorreta, próximas à sua capacidade nominal Assim, e
podem inclusive incluir o risco de acidentes. eventualmente, se o aquecimento for homo‐
Anomalias Térmicas em fusíveis tipo lâmina geneamente distribuído, deve‐se primeiro
podem se restringir apenas aos contatos ou confirmar a corrente passante. Caso seja
próxima à nominal, o dimensionamento

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 665


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

pode ter de ser revisto e a causa pesquisada. também utilizados em circuitos eletrônicos,
De acordo com o projeto, pode ser, inclusive, como em alguns tipos de placas controlado‐
esperado que trabalhe nessa temperatura. ras, CLP’s e inversores.
Em caso contrário, fica configurada a anoma‐ Descrição Térmica: como todo componente
lia interna sujeita a intervenção. resistivo, os fusíveis tipo vidro rosqueável só
Recomendações de Intervenção: devem aquecer proporcionalmente à sua
oxidações são a causa mais comum de aque‐ corrente, sem que seus contatos aqueçam
cimento, seguidas da perda de pressão nos mais que os elementos em si.
contatos. Em alguns poucos casos, a oxida‐
ção pode ser limpa e o fusível voltará às suas
condições nominais. Mas caso haja sinais de
oxidação, a melhor providência é a substitui‐
ção da base completa com um novo fusível.
O custo é baixo e não compensa improvisa‐
ções.

7.26 FUSÍVEIS DE VIDRO

Descrição Técnica: alguns circuitos de


Figura 7.196 – Fusíveis de vidro.
sinalização e medição utilizam fusíveis
rosqueados tipo vidro para pequenas cor‐
Exemplo:
rentes, instalados em réguas de bornes. São

Figura 7.197 – Fusíveis tipo vidro em borneira.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Fusíveis de vidro rosqueáveis em soquetes ou bases próprias possuem três possibilidades
7.197
de aquecimento: o próprio elemento fusível e os dois contatos. Dependendo do torque
aplicado, podem aparecer sobreaquecimentos nas tampas dos tubos de vidro. Por outro
lado, aquecimentos no elemento fusíveis são raros. No caso, a tampa rosqueável estava
frouxa. A manutenção deve constar apenas de Inspeção Visual. Se for detectado algum
sinal de corrosão, todo o conjunto deve ser substituído. Soluções improvisadas, como
lixamento dos contatos, costumam ter pouca duração e causar mais problemas no

666 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

FIGURA COMENTÁRIOS
tempo. Se não for possível a visualização de sinais de corrosão e o aquecimento persistir,
a resistência de contato deve ser medida para confirmar a anomalia. Ou, simplesmente
substituir o conjunto devido ao seu baixo custo. Para medições radiométricas em
7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, deve‐se escolher o valor da
emissividade para termoplásticos de 0,85 a 0,94. Software: FLIR ThermaCAM Reporter
PRO2000. Câmera: FLIR T300. Lente: 24°.

Análise de Consistência: basica‐ plástico da base suporte essas temperaturas,


mente esse tipo de fusível fica oculto pelo deverão ser investigadas na primeira oportu‐
seu invólucro plástico, sendo impossível a vi‐ nidade. Apesar de serem elementos de pe‐
sualização direta tanto do elemento fusível queno porte, esses fusíveis, se inoperantes,
como de seus contatos. Assim, todos os di‐ podem inviabilizar proteções ou sinais de co‐
agnósticos terão de ser baseados no calor ir‐ mando em diversas máquinas.
radiado pelas partes expostas do soquete. Recomendações de Intervenção:
Devido às correntes geralmente serem bai‐ os contatos devem ser inspecionados para
xas, não são esperados aquecimentos detec‐ verificação de corrosão e/ou oxidação. Em
táveis externamente. Caso alguma assime‐ caso afirmativo, para oxidação, uma limpeza
tria térmica ou gradiente de temperatura cuidadosa deve atender. Nos casos de corro‐
seja detectada, é recomendável verificar a são, devido ao custo muito baixo, a substitui‐
corrente passante no momento da Inspeção. ção é a recomendação padrão. Eventuais fal‐
De qualquer maneira, mesmo com uma cor‐ tas de pressão nos contatos poderão ser re‐
rente próxima da nominal do fusível, é reco‐ volvidas com um ajuste cuidadoso das lâmi‐
mendável uma verificação programada para nas envolvidas. É necessário cuidado neste
descobrir como este componente se com‐ ajuste para não prejudicar o paralelismo das
porta já que há uma grande variedade de garras e nem a sua área de contato.
modelos no mercado. Temperaturas mais al‐
tas, próximas do limite para contatos metá‐
licos (100 °C), considerando que o material

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 667


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

7.27 TOMADAS INDUSTRIAIS Descrição Técnica: tomadas industriais são


pontos de energia disponíveis em plantas in‐
dustriais para uso temporário de equipa‐
mentos auxiliares como máquinas de soldas,
bombas, filtros ou outros equipamentos
para uso específico e limitado.
Descrição Térmica: as conexões e contatos
não devem aquecer além de sua tempera‐
tura máxima de operação indicada pelo fa‐
bricante. Como esses componentes não são
visíveis, apenas a sua repercussão externa
Figura 7.198 – Tomada Industrial. pode ser avaliada.
Exemplo:

Figura 7.199 – Tomada industrial com anomalia interna.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Termograma bem enquadrado e bem focado. Apesar de o aquecimento indicar se tratar
7.199
de um mau contato na conexão do cabo com o pino do plugue, não é possível ter certeza
até que a tomada seja desmontada. Problemas simples de mau contato poderão ser
resolvidos com Inspeção Visual cuidadosa, limpeza e reaperto. Já problemas com sinais
de corrosão deverão ser resolvidos com a substituição das partes afetadas. Se a anomalia
for no pino do plugue, pode ser necessário trocar o par macho e fêmea. Não é
recomendado o uso de improvisações, porque não se sabe qual será o próximo
equipamento a necessitar de conexão. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de
3 – 5 µm, à temperatura ambiente, deve‐se escolher o valor da emissividade para
termoplásticos, de 0,85 a 0,94. Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera:
FLIR T300. Lente: 24°.

Anotações:

668 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VII – SUBESTAÇÕES INTERNAS COMPONENTES EM BAIXA TENSÃO

Análise de Consistência: distribui‐ afetam também os contatos fêmea. Na mai‐


ções térmicas assimétricas normalmente in‐ oria dos casos, é mais seguro a substituição
dicam anomalias internas que deverão ser dos componentes defeituosos por novos de‐
pesquisadas com o desmonte do par plugue vido à necessidade de disponibilidade de
e tomada. Já aquecimentos uniformes indi‐ 100% da tomada. Em casos de oxidação,
cam que pode se estar utilizando a tomada apenas uma limpeza pode resolver. Já nos
em uma capacidade próxima à sua nominal. casos que envolvam sinais de corrosão, a
As tomadas são um componente que deve substituição dos componentes internos é
estar sempre disponível e em boas condi‐ obrigatória. Deve ser notado também que,
ções de uso, já que não é previsível a pró‐ em alguns casos, pode haver sinais de carbo‐
xima ocasião em que serão necessárias. nização e/ou deformação da carcaça devido
a altas temperaturas alcançadas anterior‐
Recomendações de Intervenção: as
mente. Nesses casos, a substituição do con‐
tomadas deverão ser abertas para avaliação,
lembrando sempre que problemas nos pinos junto afetado, plugue, tomada ou ambos, é
obrigatória.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 669


CAPÍTULO VIII
Motores Elétricos
CAPÍTULO VIII – MOTORES ELÉTRICOS

8.1 MOTORES ELÉTRICOS


Descrição Técnica: motores elétricos são os
dispositivos de conversão de energia mais
utilizados em todos os processos fabris.
Desde pequenas potências até motores em
média tensão com mais de 10 MW de po‐
tência em grandes indústrias, são encontra‐
dos em todos os modelos, tensões, potên‐
cias, configurações, corrente contínua ou al‐
ternada, síncronos ou assíncronos etc. De
maneira geral, todos se compõem de uma
parte estática, o estator e o rotor que trans‐
fere a energia para o eixo e demais acopla‐
mentos. A grande maioria dos motores elé‐
tricos industriais são externamente assimé‐
Figura 8.1 – Motores Elétricos. tricos, contendo três lados com aletas de re‐
frigeração, e no quarto, a caixa de ligação.

Figura 8.2 – Árvore ilustrativa de tipos de motores elétricos.

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 673


CAPÍTULO VIII – MOTORES ELÉTRICOS

São normalmente feitos de bobinas para um sobreaquecimento generalizado,


de fio esmaltado, firmemente encaixadas por exemplo:
em ranhuras internas feitas em placas de fer‐  Ventilação natural ou forçada obstruída;
rosilício isoladas e separadas entre si. Na
parte oposta à carga mecânica, costumam  Ventilador subdimensionado para a po‐
possuir ventoinhas para melhorar a refrige‐ tência de nominal;
ração, embora não seja uma regra absoluta.  Tensão ou frequência fora do especifi‐
Descrição Térmica: motores de baixa tensão cado;
utilizados próximo à sua carga nominal  Rotor arrastando ou falhando;
aquecem significativamente. Há classes de
 Estator sem impregnação;
temperatura bem definidas para diversos
tipos de motores. De acordo com a ABNT,  Sobrecarga;
temos:  Rolamento com defeito (facilmente visí‐
Tabela 8.1 – Classes de temperatura
vel com a Termografia);
 Partidas consecutivas recentemente;
Classe Temperatura
 Entreferro abaixo do especificado;
Classe A 105 °C
 Capacitor permanente inadequado;
Classe E 120 °C
 Ligações erradas ou na caixa de ligação ou
Classe B 130 °C no painel;
Classe F 155 °C  Sistema de partida inadequada.
Classe H 180 °C Para cada uma dessas causas, o mo‐
Fonte: ABNT, NBR 7094:1996.
tor poderá se apresentar sobreaquecido e,
portanto, é extremamente importante após
o registro do Termograma, recomendar que
Essas temperaturas se referem à essas variáveis sejam checadas caso o mo‐
temperatura do enrolamento à plena carga. tivo do sobreaquecimento não seja evidenci‐
De forma geral, os motores devem apresen‐ ado pela própria imagem térmica.
tar aquecimentos uniformes, apresentando
temperaturas mais baixas na proximidade da
ventoinha. Em motores aletados, as regiões
onde as aletas mudam de ângulo – de hori‐
zontal para vertical, por exemplo –, tradicio‐
nalmente se apresentam mais aquecidas.
Por outro lado, e como a Termogra‐
fia registra a temperatura da superfície do
motor, é importante ter em mente que nem
sempre o óbvio é a resposta mais correta. Os
motores elétricos podem ter diversas causas

674 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VIII – MOTORES ELÉTRICOS

Figura 8.3 – Motores com distribuição térmica simétrica.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 8.3 Os motores, com diferentes configurações, potências e posições de trabalho, apresentam
uma distribuição térmica simétrica e uniforme que deve ser espelhada, na maioria dos
casos, de motores em condições normais de operação. Para medições radiométricas em
7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, deve‐se escolher o valor de
emissividade compatível com o revestimento externo da área de interesse do motor. Na
maioria dos casos, quando as carcaças são pintadas com tinta a óleo, a emissividade varia
de 0,85 a 0,94. Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC‐2000.
Lente: 24°.

Figura 8.4 – Carcaças de motores com áreas não aletadas e anomalias laterais.

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 675


CAPÍTULO VIII – MOTORES ELÉTRICOS

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 8.4 Os Termogramas apresentam uma característica normal ou aceitável em motores
aletados. As regiões em que as direções das aletas são ortogonais, não possuem a mesma
característica de refrigeração que as superfícies aletadas, e por isso é normal que
irradiem mais infravermelho e apareçam mais aquecidas. Essas regiões podem, em
muitos casos, representar uma imagem térmica mais fiel das temperaturas no estator do
que nas regiões aletadas que estão ativamente trocando calor e, pela área maior,
aparecem mais frias. Podem servir também para comparação de temperaturas lidas na
mesma carcaça para verificar se são anomalias ou não. Para medições radiométricas em
7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, deve‐se escolher o valor de
emissividade compatível com o revestimento externo da área de interesse do motor. Na
maioria dos casos, quando as carcaças são pintadas com tinta a óleo, a emissividade varia
de 0,85 a 0,94. Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC‐2000.
Lente: 24°.

Anotações:

676 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VIII – MOTORES ELÉTRICOS

Figura 8.5 – Anomalias térmicas nas laterais em carcaças de motores.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 8.5 Na sua maioria, os motores a indução trifásicos tem seu estator inserido diretamente
abaixo da carcaça, firmemente ajustado e encaixado para evitar vibrações. O estator é
constituído de dois componentes, a saber, as bobinas e as placas de ferro silício. Em um
regime normal de operação,
ambos devem aquecer de
acordo com a corrente de
carga que passa pelas bobi‐
nas como pelas perdas ferro
magnéticas que serão resul‐
tantes dessa corrente elé‐
trica. Como referência, na
Figura ao lado é possível ve‐
rificar os principais compo‐
nentes internos de um mo‐
tor trifásico. Ao observar os
Termogramas, é fácil
identificar distribuições de calor assimétricas nas carcaças, sendo que há poucas
possibilidades de origem para essas anomalias: 1) Atrito entre o estator e a carcaça. Essa
opção é muito rara de acontecer devido a que, se houver folga entre o estator e a carcaça,
tenderá a vibrar quando o rotor assumir uma carga resultando em vibração incontrolável.
Além do mais, via de regra, o estator possui ranhuras de inserção para evitar esse
escorregamento; 2) Curto entre espiras. Essa opção também pode ser descartada porque
o desequilíbrio entre as correntes de Fase rapidamente queima a Fase envolvida e
paralisa o motor por falta de potência disponível para girar a carga. Além do mais, é
esperado que as proteções de sobrecorrente para as outras Fases ou o relé de falta de
Fase, quando o motor é mais crítico, atuem antes da queima da bobina; 3) Curto‐circuito
entre as placas de ferro silício. Essa é a opção mais provável porque, quando há curto
entre as placas, as correntes podem ser baixas, mas são constantes. O verniz isolante
pode ter‐se deteriorado, permitindo que uma placa encoste‐se à adjacente, fazendo com
que as correntes parasitas fechem um circuito entre placas ao invés de ficarem restritas
apenas a uma só placa. Eventualmente mais de uma placa poderá entrar em curto e o

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 677


CAPÍTULO VIII – MOTORES ELÉTRICOS

FIGURA COMENTÁRIOS
aquecimento se multiplicará, aumentando a geração de calor interno que, por sua vez,
tem na carcaça uma de suas direções preferenciais de propagação. Se a temperatura lida
no momento da Inspeção, em um local suspeito de curto entre placas não for maior que
a admissível, esse não será o maior problema imediato, mas sim a evolução da tempera‐
tura. Com o tempo, e a progressiva deterioração do isolamento entre placas, a circulação
de corrente entre placas aumenta e a temperatura consequentemente também sobe.
Com isso, em algum momento, a probabilidade maior é que o verniz das bobinas seja
afetado e possa haver um
curto entre espiras, acabando
por queimar o motor. Na aná‐
lise de consistência deste item
serão apresentadas mais infor‐
mações a esse respeito. Para
medições radiométricas em
7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à
temperatura ambiente, e na
maioria dos casos de motores
industriais, as carcaças são pin‐
tadas com tinta a óleo. Nesses
casos, a emissividade varia de
0,85 a 0,94. Software: FLIR
ThermaCAM Reporter
PRO2000 Researcher 2.10. Câ‐
mera: FLIR SC‐660 e FLIR SC‐2000. Lentes: 45° e 24°.

Anotações:

678 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VIII – MOTORES ELÉTRICOS

Figura 8.6 – Anomalia térmica em carcaça de motor não aletado.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 8.6 O Termograma apresenta
uma anomalia térmica de
origem suspeita. A forma
do aquecimento sugere
tratar‐se do rastro do ar
aquecido de saída pelos
rasgos de exaustão do mo‐
tor. No entanto, se fosse
simplesmente isso, seria
esperado que o topo do
motor também apresen‐
tasse uma distribuição simétrica e com temperaturas próximas à lida. Apesar do ângulo
extremo, a leitura de temperatura no topo do motor está aproximadamente 9 °C abaixo
da máxima registrada na saída de ar, o que não permite um diagnóstico confiável. Para
resolver esta indeterminação, o lado oposto do motor foi inspecionado, como se pode
ver na imagem térmica ao lado. No entanto, ao efetuar a nova visada, o Inspetor des‐
cobriu outra anomalia nos ca‐
bos de alimentação e não re‐
gistrou a distribuição térmica
da carcaça para comparação.
Como na análise atual o ob‐
jeto de interesse é a carcaça
do motor, e para fins de com‐
paração, o mesmo Termo‐
grama dos cabos de alimenta‐
ção foi ajustado para os mes‐
mos limites de temperatura
do lado suspeito. Nesse novo
ajuste, e para que a parte mais
aquecida da imagem não interferisse na avaliação do objeto de interesse, foi coberta
com uma isoterma (indicada pela seta dupla) acima dos 72 °C. Apesar de ser uma ima‐
gem restrita com relação à área de interesse da carcaça, podemos ler, logo acima da
entrada dos cabos, a temperatura máxima de 72,5 °C. Como dentro da carcaça, devido
à ventilação forçada, a pressão é positiva, isso permite a inferência de que, neste lado

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 679


CAPÍTULO VIII – MOTORES ELÉTRICOS

FIGURA COMENTÁRIOS
do motor, a temperatura
máxima é de aproximada‐
mente 73 °C. Como a área
suspeita do outro lado do
motor está a 77 °C na saída
da ventilação, é possível di‐
agnosticar um estado de nor‐
malidade para este motor
para as condições no mo‐
mento da Inspeção. A reco‐
mendação final é anotar a carga do motor no momento da Inspeção e, na próxima
oportunidade, comparar o Delta de temperatura da saída de ar com uma referência
estável no ambiente. Esse parâmetro poderá ser utilizado para diagnosticar futuras
anomalias. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura
ambiente, pode‐se utilizar a emissividade para tinta a óleo que varia de 0,85 a 0,94.
Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000 Researcher 2.10. Câmera: FLIR AGEMA
550. Lente: 20°.

Figura 8.7 – Anomalia severa em carcaça de motor não aletado.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 8.7 O Termograma apresenta um caso grave de anomalia térmica em carcaça de motor não
aletado. A distribuição pontual da anomalia, situada acima da caixa de ligação de cabos,
indica fortemente o curto entre diversas placas de ferrosilício. Outras medições como a
corrente por Fase, harmônicos e vibração, foram efetuadas e todos apresentaram valores
aceitáveis. Como se tratava de um motor de grande porte de 200 CV, a sua retirada de
operação não podia ser feita de imediato. A Gerência responsável informou
posteriormente que foi instalada uma ventilação forçada para tentar retardar a retirada
de operação do motor. Enquanto isso, foi possível localizar um fornecedor de reparo
competente e um motor sobressalente para ser utilizado durante a manutenção. A
substituição foi feita durante a próxima parada de fábrica. Lamentavelmente a Gerência
não informou o achado no interior do motor. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm
ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, e como na maioria dos casos, as carcaças são

680 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VIII – MOTORES ELÉTRICOS

FIGURA COMENTÁRIOS
pintadas com tinta a óleo, a emissividade que pode ser utilizada, varia de 0,85 a 0,94.
Software: ThermoCom IRAnalyzer. Câmera: ThermoCom V384S. Lente: 22°.

Figura 8.8 – Rolamentos de motores.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 8.8 Sempre que é inspecionada uma carcaça de motor, é praticamente impossível não
visualizar também um componente mecânico importante, que são seus rolamentos. No
entanto, e por fugirem ao escopo do presente Volume, as análises térmicas desses
componentes serão avaliadas no Volume 3 – Equipamentos Mecânicos, de Produção
P&D.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 681


CAPÍTULO VIII – MOTORES ELÉTRICOS

Figura 8.9 – Motor de grande porte em moinho de fábrica de cimento.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 8.9 Motores de grande porte possuem características de projeto diferenciadas dos motores
de uso comum em unidades fabris. Cada projeto tem uma característica própria de
partida, controle de potência, inversores de frequência ou não, sistemas de
resfriamento e assim por diante. No Termograma, e a título de exemplo, foi destacada,
pela isoterma em vermelho, a circulação de ar saída do motor. Para motores desse
porte, é usual a confecção de um mosaico térmico das diversas faces do motor, de
forma a construir uma assinatura térmica de referência para comparação em Inspeções
posteriores. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura
ambiente, deve‐se escolher o valor de emissividade compatível com o revestimento
externo da área de interesse do motor. Na maioria dos casos, quando as carcaças são

682 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VIII – MOTORES ELÉTRICOS

FIGURA COMENTÁRIOS
pintadas com tinta a óleo, a emissividade varia de 0,85 a 0,94. Software: FLIR Image
Builder 5, FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Figura 8.10 – Motor de grande porte em moinho de esferas de aço.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 8.10 O Termograma apresenta um motor de grande porte, acoplado a um redutor, para o
acionamento de um moinho de esferas de aço em uma planta de cimento. As
distribuições típicas de calor nessa carcaça podem indicar anomalias em
desenvolvimento que, se evoluírem para falhas, poderão deixar o equipamento fora de
operação por um tempo considerável. Em plantas de processo contínuo, se um motor
desses estiver em um gargalo de produção, o prejuízo é muito grande. Inspeções
periódicas, desde que com a mesma carga de trabalho, são utilizadas para
monitoramento de condições operacionais. Cada secção do motor tem uma função
MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 683
CAPÍTULO VIII – MOTORES ELÉTRICOS

FIGURA COMENTÁRIOS
específica e, portanto, uma assinatura térmica. Desvios tanto na forma de distribuição
das isotermas como nos valores lidos de diferenças de temperatura entre pontos
escolhidos, podem ser utilizados para controle da vida útil tanto dos componentes como
do motor em si. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à
temperatura ambiente, deve‐se escolher o valor de emissividade compatível com o
revestimento externo da área de interesse do motor. Na maioria dos casos, quando as
carcaças são pintadas com tinta a óleo, a emissividade varia de 0,85 a 0,94. Software: FLIR
Image Builder 5, FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Figura 8.11 – Distribuição Térmica em servo‐motores.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 8.11 Os Termogramas apresentam dois servomotores de mesma fabricação em máquinas
controladas por CLP’s. Como os motores são encapsulados e trabalham em regimes
variados, nem sempre é possível um diagnóstico seguro sem uma referência anterior ou
um elemento para comparação. O motor do Termograma inferior apresenta duas
anomalias com relação ao Termograma superior: a saída do redutor apresenta‐se bem
mais aquecida que seu similar e, na parte traseira do motor, há uma distribuição anômala
de calor, não esperada. Observar que, para a localização e discriminação destas
anomalias, a amplitude térmica teve de ser ajustada de forma diferente da imagem
superior. As temperaturas envolvidas não são elevadas e o critério térmico é falho para
classificar o servomotor do Termograma inferior. Como uma parada neste motor para

684 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VIII – MOTORES ELÉTRICOS

FIGURA COMENTÁRIOS
uma máquina inteira, uma falha nesse local tem um custo muito elevado e deve,
portanto, ser classificada como de urgência estratégica. Para medições radiométricas em
7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, deve‐se escolher o valor de
emissividade compatível com o revestimento externo da área de interesse do motor. Na
maioria dos casos, quando as carcaças são pintadas com tinta a óleo, a emissividade varia
de 0,85 a 0,94. Software: FLIR Image Builder 5, FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000.
Câmera: FLIR AGEMA 550. Lente: 20°.

Análise de Consistência: motores É esperado que em locais onde


aletados e em bom estado devem apresen‐ ocorra obstrução de ventilação, como após a
tar assinaturas térmicas compatíveis com caixa de ligações ou os pés do motor (con‐
sua carga no momento da Inspeção, ventila‐ forme o modelo de carcaça), haja variações
ção e projeto de resfriamento. Os principais de temperatura para mais. De qualquer
fatores a serem observados são a simetria e forma, deverão ser simétricas e proporcio‐
a homogeneidade. As distribuições de calor nais à obstrução. Deve ser verificada tam‐
devem ser simétricas e compatíveis com o bém a carga proporcional no momento da
projeto mecânico de refrigeração ou ventila‐ Inspeção, a fim de avaliar a proporcionali‐
ção, considerando a assimetria da caixa de li‐ dade do aquecimento detectado. Motores a
gação do motor. Áreas ou pontos específicos plena carga e em regime contínuo deverão
de aquecimento em regiões não compatíveis aquecer significativamente, de acordo com
com essa distribuição, sugerem curto entre sua classe de temperatura.
placas de ferrosilício, ou muito remota‐ O ponto mais crítico é a tempera‐
mente, curto entre espiras. Por outro lado, o tura do enrolamento, que não é visível pelo
curto entre espiras é um evento que pode infravermelho. Na Figura 8.12 pode‐se ob‐
ser detectado através do desequilíbrio das servar a curva de distribuição térmica ao
correntes de Fase e frequentemente evolui longo de um corte transversal da carcaça do
de forma rápida para uma falha.
estator: quanto mais próxima do enrola‐
mento, maior será a temperatura.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 685


CAPÍTULO VIII – MOTORES ELÉTRICOS

Figura 8.12 – Temperaturas em corte de uma carcaça de motor.

Na curva destacada em vermelho, com os condutores de um lado, e com as


temos: chapas de ferrosilício do núcleo, do outro.
O emprego de materiais modernos me‐
A– É o ponto mais quente do enrola‐
lhora a transmissão de calor através do
mento no interior da ranhura da chapa de
isolante; a impregnação, por sua vez, me‐
ferrosilício, onde é gerado o calor prove‐
lhora o contato do lado interno, elimi‐
niente das perdas da corrente de carga
nando espaços vazios; o bom alinha‐
que passa pelas bobinas;
mento e assentamento das chapas de fer‐
AB – É a queda de temperatura na transfe‐ rosilício estampadas melhora o contato
rência de calor do ponto mais quente até do lado externo às bobinas, eliminando
os fios externos da bobina. Como o ar é camadas de ar que prejudicam a transfe‐
um péssimo condutor de calor, é impor‐ rência de calor;
tante que não haja espaços “vazios” no in‐
BC – É a queda de temperatura por condu‐
terior da ranhura e entre os condutores
ção através do material das chapas de fer‐
da bobina. Isto é, as bobinas devem ser
rosilício do núcleo;
compactas e a impregnação com verniz
deve ser perfeita para garantir a melhor C– É a queda de temperatura causada
dissipação térmica possível; pela resistência térmica de contato entre
o núcleo e a carcaça. A condução de calor
B– É a queda de temperatura através do
será melhor quanto melhor for o contato
isolamento da ranhura e no contato deste

686 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VIII – MOTORES ELÉTRICOS

físico entre as partes, dependendo do Assim, ao utilizarmos um Termovi‐


bom alinhamento das chapas e precisão sor para visualizar as distribuições de tempe‐
da usinagem da carcaça; ratura na carcaça de um motor, estaremos
vendo, e lendo, uma temperatura que pas‐
CD – É a queda de temperatura por trans‐
sou por todo um caminho antes de chegar ao
missão através da espessura da carcaça.
lado externo. Assim, a temperatura de inte‐
resse, que é a que ocorre nas bobinas, será
sempre maior. A Tabela 8.2 explica melhor:

Tabela 8.2 – Classes de Aquecimento em Motores.

De forma conservadora, se assumir‐ Vale lembrar ainda que um au‐


mos que a queda de temperatura no trecho mento de 8 a 10 °C acima do limite da classe
BC e CD forem muito pequenas devido à térmica do motor implica em uma redução
qualidade dos materiais utilizados, e que a de 50% na vida útil das bobinas.
queda por resistência de contato em C for Deve ser destacado ainda que a
mínima pela qualidade de mão de obra em‐ temperatura externa da carcaça de um mo‐
pregada, será lícito então afirmar que a tem‐ tor é um INDICATIVO da temperatura in‐
peratura que chega à superfície da carcaça terna real. Há vários fatores intervindo na
será muito pouco diferente da que está nas leitura de temperatura como ventilação,
bobinas. De acordo, então, com a Tabela 8.2, temperatura ambiente, material da carcaça
para um motor de Classe de Isolamento A, (ferro fundido, aço laminado, alumínio),
quando a temperatura ambiente for de 40 °C emissividade, resíduos ou sujeira, fator de
e a carga for de 100%, a temperatura da car‐ carga, carga instantânea e assim por diante.
caça deverá estar a 105 °C +/‐ 5°. Ou seja: um É um bom procedimento anotar as variáveis
motor classe A não deve ultrapassar a tem‐ que interferem e manter um acompanha‐
peratura de 100 °C na sua carcaça externa mento ao longo do tempo para se certificar
para funcionar sem problemas até o fim da
sua vida útil.
MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 687
CAPÍTULO VIII – MOTORES ELÉTRICOS

do bom estado do motor. Anomalias pontu‐ A 0 resume as temperaturas


ais servirão de indicativos para uma pesquisa esperadas em carcaças considerando a
mais detalhada e aprofundada antes da falha elevação de temperatura nos enrolamentos.
do motor.

Tabela 8.3 – Limites de temperatura em motores elétricos.

Caso Particular: antes de condenar em campo poucas vezes é possível uma vi‐
um motor pela sua distribuição térmica ex‐ sada perfeita, ou seja, na ortogonal da late‐
terna, é importante conhecer uma peculiari‐ ral dos motores, o ângulo em que observa as
dade na formação das imagens térmicas de aletas introduz um erro de leitura: sempre o
motores aletados. Deve ser observado que o fundo das ranhuras entre as aletas (ou seja,
ângulo de visada pode levar a um diagnós‐ a carcaça em si do motor) mais na ortogonal
tico nem sempre correto, ou seja, de que es‐ em relação ao termovisor, apresentará uma
ses motores apresentam algum tipo de pro‐ temperatura mais alta do que as extremida‐
blema interno, notadamente o curto entre des das aletas (que estão mais distantes da
placas isolantes de ferrosilício. Uma vez que carcaça e, por isso mesmo, mais frias). Isso
explica por que a planificação da visada de
688 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS
CAPÍTULO VIII – MOTORES ELÉTRICOS

um corpo cilíndrico implica em ângulos diferentes para cada secção do cilindro, como pode ser
visto na Figura 8.13.

Figura 8.13 – Ângulo de visada em aletas de motores.

Dessa maneira, a ponta superior comprovar a existência de uma anomalia ou


das aletas estará sempre mais fria que o não. O fator crítico para a decisão se uma de‐
fundo da ranhura devido à própria função da terminada distribuição térmica é uma ano‐
aleta, que é refrigerar a carcaça. Ao observar malia real ou não, será a simetria da distri‐
então por um ângulo não ortogonal, é espe‐ buição térmica, considerada a ventilação,
rado que as aletas visíveis através de ângulos forçada ou não, e a caixa de ligações. Caso a
menores se apresentem proporcionalmente distribuição térmica encontrada não encon‐
mais frias. Então, o reverso de que as regiões tre justificativa técnica para uma assimetria,
que aparecem mais quentes representam deve ser considerado que o motor pode es‐
problemas, nem sempre será verdadeiro. tar comprometido. A causa da anomalia de‐
Será necessário efetuar mais visadas para verá ser pesquisada individualmente.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 689


CAPÍTULO VIII – MOTORES ELÉTRICOS

Figura 8.14 – Mesma carcaça de motor vista por dois ângulos diferentes.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 8.14 Os Termogramas apresentam o mesmo motor, visto por dois ângulos diferentes. As
imagens térmicas possuem limites superior e inferior para permitir a comparação. A
maior diferença lida, neste caso, com relação ao ângulo, é na prática +8 °C. Não há
diferenças significativas em relação à forma de distribuição de calor quando observada
pelos dois lados opostos. Se o único critério de avaliação de um motor for a temperatura,
conforme a leitura, +8° poderão ser decisivos para uma intervenção ou não. Mas se for
observado que essa diferença é devida simplesmente ao ângulo de observação, o motor
poderá ser considerado normal, ou aceitável, para a carga no momento da Inspeção. Para
medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, deve‐se
escolher o valor de emissividade compatível com o revestimento externo da área de
interesse do motor. Na maioria dos casos, quando as carcaças são pintadas com tinta a
óleo, a emissividade varia de 0,85 a 0,94. Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000.
Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Anotações:

690 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VIII – MOTORES ELÉTRICOS

Figura 8.15 – Termogramas que evidenciam o efeito das bordas mais frias das aletas.

Anotações:
MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 691
CAPÍTULO VIII – MOTORES ELÉTRICOS

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 8.15 A sequência de Termogramas evidencia que,
mesmo com cargas mais baixas, o efeito das ale‐
tas versus fundo das canaletas pode ser mal in‐
terpretado. As legendas nos Termogramas são
autoexplicativas. Ao identificar uma possível
anomalia na carcaça de um motor, sempre que
possível, deve‐se procurar uma visada na orto‐
gonal às canaletas para evitar esse tipo de erro.
Em algumas situações, como em motores eleva‐
dos, ou de acesso remoto, não será possível essa abordagem. Mesmo assim, caso haja
motivo suficiente para uma suspeita concreta, é recomendável registrar o Termograma
junto com a foto de controle e recomendar uma
análise mais detalhada quando possível ou du‐
rante uma parada de fábrica. Para medições ra‐
diométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à
temperatura ambiente, para pinturas a óleo, a
emissividade pode variar entre 0,85 a 0,94. Sof‐
tware: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000. Câ‐
mera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Figura 8.16 – O mesmo motor visto por dois ângulos diferentes, lateral e superior.

692 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VIII – MOTORES ELÉTRICOS

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 8.16 Os dois Termogramas mostram a diferença entre visadas laterais e superiores em um
motor aletado a plena carga. As diferenças de leituras são devidas ao ângulo entre a
câmera infravermelha e o fundo das canaletas das aletas de refrigeração. Todo motor,
sempre que possível, deverá ser inspecionado pelo maior número de lados acessíveis
para evitar erros de diagnóstico. Se for o caso, mais de um Termograma deve ser
registrado para confirmar e consolidar o achado. Para medições radiométricas em
7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, para pinturas a óleo, a emissividade
pode variar entre 0,85 a 0,94. Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera:
FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Recomendações de Intervenção: Um método para discriminar entre curto


as intervenções em motores elétricos de‐ entre placas e entre espiras, é a medição
precisa das correntes de Fase em motores
verão obedecer ao tipo de problema loca‐
gaiola de esquilo. Desequilíbrios deverão
lizado. Problemas de manchas ou sobrea‐
quecimentos localizados na carcaça pode‐ ser pesquisados e, na ausência de indícios
rão ser controlados por algum tempo para de serem causados por outras con‐
verificar sua tendência de agravamento ou tingências, o motor deverá ser aberto para
não. Caso não haja um crescimento ao averiguação. O mesmo procedimento se
longo do tempo, é possível supor que o aplica a motores síncronos e de corrente
contínua. Problemas nas caixas de ligação
motor pode trabalhar nessas circunstân‐
deverão ser avaliados cuidadosamente
cias, sem prejuízo significativo para sua
para verificar se os cabos deverão ser tro‐
vida útil. Mas, como há um risco de falha
cados até sua conexão dentro do motor.
envolvido, a última palavra deverá ser da
Na parte de montagem, após a manuten‐
Gerência responsável. De qualquer ma‐
neira, caso quantitativamente ultrapassem ção, deve‐se utilizar, sempre que possível,
um torquímetro para o aperto das cone‐
a classe de temperatura do motor, consi‐
xões. Rolamentos, quando sobreaqueci‐
deradas as diferenças entre temperatura
dos, deverão sofrer manutenção de acordo
externa e interna (0), o motor deverá ser
com a temperatura da graxa utilizada e ho‐
aberto e ter suas placas de ferrosilício
ras de funcionamento (Ver Volume 3: Ter‐
revisadas, reisoladas ou substituídas. Por
mografia Qualitativa em Equipamentos
um critério qualitativo, e, portanto,
Mecânicos, de Produção e P&D, Rolamen‐
independente da temperatura alcançada, a
tos e Mancais). Eventualmente o sobrea‐
presença de uma mancha térmica
quecimento poderá deflagrar uma análise
localizada indica a necessidade de abertura
de vibração específica deste componente.
do motor e manutenção nas placas de
Mas, para motores de difícil acesso ou re‐
ferrosilício. Uma ocorrência mais rara será
motos, a Termografia ainda é a melhor op‐
a de que o aquecimento resultante seja
ção. Nos casos de aquecimento generali‐
devido a um curto entre espiras que a
zado, em que não haja corrente que justifi‐
proteção não identificou. Nesse caso, o
rebobinamento do motor será obrigatório.

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 693


CAPÍTULO VIII – MOTORES ELÉTRICOS

que a temperatura, deve‐se verificar a ven‐


toinha e a grade posterior, que pode estar
Descrição Técnica: escovas em motores são
obstruída.
utilizadas em motores tipo gaiola e de
grande torque para partida com resistências,
motores síncronos e de corrente contínua.
8.2 ESCOVAS EM MOTORES
Descrição Térmica: as escovas de motores
síncronos e de corrente contínua aquecem
tanto por circulação de corrente como por
atrito. Devem permanecer dentro das
limitações de corrente, horas de vida útil,
pressão e temperatura para cada modelo,
fornecidas pelo fabricante. No caso de
partida com resistências, os anéis são curtos‐
circuitados no reostato de partida e, con‐
forme o modelo, resta apenas o aqueci‐
mento por atrito na pista.

Figura 8.17 – Escovas em Motores.

Anotações:

694 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VIII – MOTORES ELÉTRICOS

Figura 8.18 – Escovas em uso e novas.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 8.18 O Termograma apresenta algumas das escovas de um motor assíncrono em gaiola, em
6,9 kV, que parte utilizando um reostato de partida. Como o fechamento do curto‐
circuito do rotor é externo, a corrente de curto permanece circulando pelas escovas. Na
última parada deste equipamento, foi possível a substituição das escovas do anel externo
(lado direito do Termograma) e a diferença de comportamento térmico é evidente. A
qualidade do material e as pressões exercidas pelas molas representam fatores
fundamentais na durabilidade das escovas e de seu desempenho na partida do motor.
Considerando um bom material constituinte, as causas desses sobreaquecimentos
basicamente se restringem a desgaste e pressão incorreta das molas. Já a corrente de
curto‐circuito do estator é de difícil medição e não é de frequência industrial, sendo
resultante do escorregamento do rotor, que, por sua vez, varia com a carga. Para
medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm, deve‐se considerar que as escovas
trabalham em um ambiente confinado e aquecido. Mas, para efetuar as leituras, salvo
onde houver janelas infravermelhas instaladas, ao abrir a porta de Inspeção, a
temperatura ambiente variará rapidamente. Além do mais, as pistas de assentamento
serão normalmente de material refletivo e de baixa emissividade, como o cobre. Por sua
vez, o grafite das escovas terá uma emissividade entre 0,7 a 0,8. Mas há ainda a fresta
entre a escova e a superfície de contato. Levando em consideração todos esses fatores,
MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 695
CAPÍTULO VIII – MOTORES ELÉTRICOS

é possível utilizar um valor entre 0,75 a 0,85 dentro de um erro razoável. Software: FLIR
Image Builder 5.0, FLIR ThermaCAM Researcher 2.10 PRO. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente:
24°.

Figura 8.19 – Escovas em motor de corrente contínua.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 8.19 Motores de corrente contínua têm seu campo magnético entre estator e rotor conectado
pelo campo magnético gerado pela circulação de corrente no rotor. Assim, a conexão
para circulação de corrente no rotor é feita por um conjunto de escovas dimensionadas
de acordo com a potência do motor. O Termograma apresenta os dois conjuntos de
escovas, dos polos positivo e negativo, onde a escova da extrema direita apresenta uma
temperatura 25% a menor das suas adjacentes. Como as escovas estão todas em para‐
lelo, a diminuição de temperatura
implica em uma diminuição de
corrente ou potência dissipada (Ver
Item 6.5, Estudo de Caso 8 –
Condutores em Paralelo). As causas
podem ser desgaste incorreto, falta
de pressão, excesso de resíduos ou
fim de vida útil. A recomendação de
intervenção é, em primeiro lugar,
verificar se a temperatura de
operação das escovas está compatível com as recomendações do fabricante. Em caso
afirmativo, proceder a uma Inspeção Visual cuidadosa, medição de resistência de
contato, medição da pressão da mola, limpeza da trilha e, se necessário, substituição.
Como toda a máquina deverá estar desenergizada, convém aproveitar o momento e
efetuar a mesma intervenção em todas as escovas. Caso a temperatura das escovas
esteja acima do especificado, verificar as condições de trabalho e eventual desgaste em
todas elas. Conforme a situação, poderá ser necessária a substituição de todo o jogo de
escovas. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm, deve‐se considerar
que as escovas trabalham em um ambiente confinado e aquecido. Para efetuar as leituras
de temperatura, salvo onde houver janelas infravermelhas instaladas, abrir a porta de
Inspeção fará com que a temperatura ambiente varie rapidamente. Além do mais, as
pistas de assentamento serão normalmente de material refletivo e de baixa emissividade

696 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VIII – MOTORES ELÉTRICOS

FIGURA COMENTÁRIOS
como o cobre. Por sua vez, o grafite das escovas terá uma emissividade entre 0,7 a 0,8.
Considerando ainda que há a fresta entre a escova e a superfície de contato, e levando
em consideração todos esses fatores, é possível utilizar um valor para a emissividade
entre 0,75 a 0,85 dentro de um erro razoável. Software: FLIR ThermaCAM Researcher
2.10 PRO. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Figura 8.20 – Escovas sobreaquecidas em motores de grande porte com rotor em gaiola.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 697


CAPÍTULO VIII – MOTORES ELÉTRICOS

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 8.20 Motores trifásicos de grande porte podem ter seus rotores em gaiola curtos‐circuitados
por reostatos externos para diminuição das correntes de partida. Nesses modelos de
motor, durante a partida, as correntes no rotor são controladas por reostatos, de tal
forma que o engate entre os campos magnéticos vai aumentando gradualmente,
permitindo uma partida lenta. Após o motor entrar em regime nominal, as correntes
induzidas no rotor são curto‐circuitadas no próprio reostato, sendo que essas correntes
ainda permanecem circulando através das escovas. Os Termogramas apresentam casos
em que as escovas aquecem por mau contato, falta de pressão ou desalinhamento,
excesso de depósito ou fim da vida útil. O critério de diagnóstico pode ser diferencial
entre as próprias escovas, desde que sejam do mesmo modelo e fabricante. De qualquer
maneira, sempre é importante consultar o fornecedor para verificar a temperatura
máxima de operação. Em todos os casos, é necessário o desligamento para Inspeção
Visual detalhada e verificação do ajuste das molas, área de contato e, se for o caso,
resistência de contato com a superfície do anel. Conforme a situação encontrada,
deverão ser providenciadas as substituições necessárias. Como não são componentes
excessivamente caros, é comum a substituição de todo o conjunto de escovas. Observar
que no Termograma do meio, todo um anel apresenta uma temperatura menor. Nesse
caso, deve ser buscado o histórico de manutenção para verificar as ações tomadas
anteriormente com relação às escovas. Caso não seja descoberta nenhuma
anormalidade, é possível supor alguma anomalia na circulação de corrente pelo rotor que
deve ser verificada por oficina especializada. O caso deve ser acompanhado para que seja
possível a tomada de decisões antes de uma falha maior. Para medições radiométricas
em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm, deve‐se considerar que as escovas trabalham em um
ambiente confinado e aquecido. Para efetuar as leituras de temperatura, salvo onde
houver janelas infravermelhas instaladas, abrir a porta de Inspeção fará com que a
temperatura ambiente varie rapidamente. Deve ser observado também que o ângulo de
visada muda e que algumas escovas apresentam trilhas sobreaquecidas. Dessa forma, a
escolha do ângulo mais adequado para a medição de temperatura deverá ser verificado
caso a caso. Além do mais, as pistas de assentamento serão normalmente de material
refletivo e de baixa emissividade como o cobre. Por sua vez, o grafite das escovas terá
uma emissividade entre 0,7 a 0,8. Considerando ainda que há a fresta entre a escova e a
superfície de contato, e levando em consideração todos esses fatores, é possível utilizar
um valor para a emissividade entre 0,75 a 0,85 dentro de um erro razoável. Software:
ThermoCom IRAnalyzer e FLIR ThermaCAM Researcher 2.10 PRO. Câmeras: ThermoCom
V384S e FLIR SC‐2000. Lente: 22° e 24°.

Anotações:

698 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VIII – MOTORES ELÉTRICOS

Figura 8.21 – Escova com pressão incorreta e pista contaminada.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 8.21 O conjunto de escovas apresentado no Termograma se encontra fora de sua faixa de
operação. É possível verificar que a temperatura excessiva do contato da escova do meio
está aquecendo a pista, de tal forma que pelo menos um quarto de volta não reduz a sua
temperatura de forma significativa, mesmo à velocidade de 1.800 RPM, na qual o motor
trabalhava. As duas outras escovas se encontram também aquecidas, mas não a esse
ponto. A solução é a troca das escovas e Inspeção nas pistas para ver se não estão
danificadas. Em caso afirmativo, a possibilidade de retífica deve ser avaliada por oficina
especializada. Observar que na foto de controle na luz visível não há sinais de
contaminação da pista por grafite. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de
3 – 5 µm, salvo onde houver janelas infravermelhas instaladas, deve ser considerado que
as escovas trabalham em um ambiente confinado e aquecido. Dessa maneira, ao ser
aberta a porta de Inspeção, o ar externo entrará no ambiente das escovas se a pressão
for negativa, ou será expelido ar aquecido no caso contrário, fazendo com que a
temperatura do ambiente das escovas varie rapidamente. Deve ser observado também
que o ângulo de visada muda e que uma das escovas apresenta sua trilha sobreaquecida.
Dessa forma, deve ser escolhido um ângulo adequado para a medição de temperatura.
Além do mais, as pistas de assentamento serão normalmente de material refletivo e de
baixa emissividade como o cobre. Por sua vez, o grafite das escovas terá uma
emissividade entre 0,7 a 0,8. Considerando ainda que há a fresta entre a escova e a
superfície de contato, e levando em consideração todos esses fatores, é possível utilizar
um valor para a emissividade entre 0,75 a 0,85 dentro de um erro razoável. Software:
FLIR ThermaCAM Researcher 2.10 PRO. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 699


CAPÍTULO VIII – MOTORES ELÉTRICOS

Figura 8.22 – Escovas de alimentação com assentamento irregular.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 8.22 As escovas apresentadas nos Termogramas não se referem a motores, mas sim a
sistemas de alimentação em equipamentos móveis. A velocidade linear de
deslocamento destes equipamentos varia a partir de 1 m/min. De qualquer maneira,
são escovas com pistas de contato, molas e corrente circulando. No Termograma
superior, é possível observar que as escovas de duas Fases diferentes apresentam
temperaturas diferentes cujas causas são as mesmas possíveis para escovas de rotores:
falta de pressão nas molas, assentamento irregular, excesso de depósitos, fim da vida
útil e assim por diante. A manutenção, da mesma forma, é a mesma: desmonte,
Inspeção criteriosa das superfícies de contato tanto das escovas como da pista de
assentamento e eventual medida de resistência de contato, se preciso. Se for
necessária, a substituição de todo o jogo de escovas é recomendada para que não haja
discrepâncias no seu comportamento em operação. Já o Termograma inferior é uma
vista em detalhe de outra escova em equipamento similar. É possível observar que a
condução de corrente é maior apenas por uma pequena região da escova, o que implica
em um desgaste maior e uma vida melhor. Além disso, e por serem escovas de
alimentação, poderão introduzir transitórios na linha com eventuais problemas em
equipamentos eletrônicos. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm,
deve ser observado que, normalmente, estas escovas não trabalham em ambientes
sobreaquecidos, mas eventualmente em locais onde há poluentes industriais, como
fábricas de cimento. As considerações sobre o ângulo de leitura de temperatura devem
ser mantidas, sendo que deve ser escolhido um ângulo adequado para que não sejam

700 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VIII – MOTORES ELÉTRICOS

FIGURA COMENTÁRIOS
introduzidos erros inaceitáveis nas leituras. Mesmo em baixíssima rotação, as pistas de
assentamento serão normalmente de material refletivo e de baixa emissividade como
o cobre. Por sua vez, o grafite das escovas terá uma emissividade entre 0,7 a 0,8.
Considerando ainda que há a fresta entre a escova e a superfície de contato, e levando
em consideração todos esses fatores, é possível utilizar um valor para a emissividade
entre 0,75 a 0,85, dentro de um erro razoável. Software: FLIR ThermaCAM Researcher
2.10 PRO. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Figura 8.23 – Cordoalhas de conexão sobreaquecidas em escovas.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 8.23 É comum que os assistentes técnicos arrisquem procedimentos perigosos durante uma
Inspeção a fim de identificar melhor qual componente está sobreaquecendo. No caso,
o perigo é evidente por dois motivos: se trata de um equipamento rotativo e com
corrente circulando em regime de curto‐circuito. O Inspetor de Termografia recebeu
uma advertência por, além de permitir, registrar essa situação de risco absolutamente
desnecessária. É uma das obrigações do Inspetor de Termografia zelar pela segurança
da Inspeção e impedir que o Assistente Técnico se arrisque desnecessariamente. No
Termograma, em um motor com rotor em gaiola curto‐circuitado, é possível observar
que as cordoalhas de conexão das escovas, aparentemente em bom estado, estão
sobreaquecidas. As escovas em si não apresentam problemas, sendo que a possível
causa é a quebra dos tentos das cordoalhas por manuseio incorreto ou, e mais
remotamente, baixa qualidade do material utilizado na fabricação. A solução é a
substituição das escovas e, se possível, a medição das resistências ôhmicas das
cordoalhas novas para asseverar a boa qualidade. Paralelamente o fornecedor deve ser
questionado. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm, salvo onde
houver janelas infravermelhas instaladas, deve ser considerado que todos os
componentes, escovas e suas cordoalhas de alimentação entre eles, trabalham em um
ambiente confinado e aquecido. Dessa maneira, ao ser aberta a porta de Inspeção, o ar
externo entrará no ambiente das escovas se a pressão for negativa, ou será expelido ar
aquecido no caso contrário, fazendo com que a temperatura do ambiente das escovas
varie rapidamente. Deve ser observado também que, nesse caso, as dimensões das
cordoalhas podem estar fora da resolução de medição da câmera utilizada. As

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 701


CAPÍTULO VIII – MOTORES ELÉTRICOS

FIGURA COMENTÁRIOS
cordoalhas, por serem de cobre nu, podem apresentar baixa emissividade, mas por
outro lado, são por si mesmas cheias de frestas e cavidades devido ao seu processo de
fabricação. Assim, é possível utilizar uma emissividade entre 0,7 a 0,8, dentro de um
erro aceitável. Software: FLIR ThermaCAM Researcher 2.10 PRO. Câmera: FLIR SC‐2000.
Lente: 24°

Figura 8.24 – Achado em equipamento mecânico em Inspeção de escovas.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 8.24 Em muitas situações, inspeciona‐se um equipamento e se encontra outro com anomalia.
É o caso do Termograma onde as escovas se encontram uniformemente aquecidas,
embora a um valor razoável, mas que pode ser aceitável em situações de projeto para
essa carga e outros fatores construtivos. De qualquer maneira, o fabricante ou
fornecedor das escovas deve ser consultado para atestar a normalidade das
temperaturas lidas. O achado térmico é o mancal do eixo do motor trabalhando a uma
temperatura de 135 °C que exige, no mínimo, uma lubrificação especial. Esse e outros
equipamentos serão discutidos no Volume 3: Termografia Qualitativa em Equipamentos
Industriais. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura
ambiente, deve‐se escolher o valor da maior emissividade compatível com o objeto de
interesse. Nesta situação, frestas entre escovas e pistas e mancais, pela informação
passível de ser obtida pela foto de controle na luz visível terão emissividades próximas.
Nesse caso, podem ser utilizados valores de 0,75 a 0,85. Software: FLIR ThermaCAM
Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Análise de Consistência: as escovas dem causar mau contato, gerando sobrea‐


em si devem ter comportamento térmico quecimentos. Da mesma forma, a pressão
homogêneo ou apresentarem um gradiente incorreta das molas, ou erro no ângulo de as‐
térmico decrescente a partir da área de con‐ sentamento e deficiências no material são
tato para fora. Desgastes excessivos, falta de causas frequentes de defeito. Em alguns ca‐
pressão e acúmulo de pós ou resíduos po‐ sos, a cordoalha de conexão pode apresen‐

702 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VIII – MOTORES ELÉTRICOS

tar fixação deficiente, defeituosa ou oxida‐ 8.3 CAIXAS DE LIGAÇÃO EM MOTORES


ção interna. No caso da Figura 8.21, o aque‐
cimento se propagou para a pista de assen‐
tamento das escovas que, eventualmente,
precisarão ser retificadas.
Recomendações de Intervenção:
antes de qualquer procedimento em escovas
de coletores, deve ser verificada a pressão
exercida pelas molas, as quais poderão ser a
causa principal do aquecimento. Uma vez
detectada uma falta de pressão, se for possí‐
vel, a mola ou dispositivo deverá ser ajus‐
tado ou substituído. Após esse procedi‐
mento, deve‐se reinspecionar as escovas por Figura 8.25 – Caixa de ligação de motor.
Termografia para confirmar se o aqueci‐
mento foi sanado. Com relação às escovas Descrição Técnica: os motores têm de ser
em si, a intervenção recomendada é a subs‐ conectados aos cabos de alimentação de
tituição das escovas que estejam desgasta‐ força provenientes dos painéis e dos Centros
das em excesso ou irregularmente. No caso de Controle de Motores (CCMs). A caixa de
de ser observado o desgaste irregular, o me‐ ligações contém os terminais dos motores e
canismo de assentamento deverá ser verifi‐ as pontas de cabo de força. Atualmente
cado. Eventualmente as escovas poderão ser (2017) apenas em motores de pequeno ou
retificadas pelo fabricante ou seguindo as de grande porte há barras de conexão,
suas instruções. A temperatura nominal de sendo que na maioria dos motores de potên‐
funcionamento deve, sempre que possível, cia intermediária, a conexão é feita através
ser fornecida pelo fabricante. Somente em de conexão aparafusada entre terminais
emergências podem‐se utilizar escovas de prensados nas duas pontas.
fabricantes ou modelos diferentes em um
mesmo circuito. Mas esse procedimento Descrição Térmica: os cabos de ligação dos
deve ser autorizado pela Gerência motores são isolados para temperaturas
responsável. Nos casos de a pista de assen‐ maiores e normalmente aquecem devido à
tamento ter sido prejudicada, poderá ter de própria temperatura de operação do motor,
ser retificada sob o risco de a troca das esco‐ embora estejam em uma caixa de ligações
vas por novas ser inútil, pois assentarão so‐ relativamente à parte.
bre uma superfície já deteriorada.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 703


CAPÍTULO VIII – MOTORES ELÉTRICOS

Figura 8.26 – Cabos em caixa de ligação de motores.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 8.26 Caixas de ligação de motores são componentes potencialmente perigosos para o
manuseio. Isso porque, até que as tampas sejam abertas, não se tem ideia de qual seja a
situação dos cabos e conexões internamente, e nem de como irão se deslocar com a
retirada da tampa. É altamente recomendável que os assitentes técnicos estejam cientes
dos riscos ao abrirem estas tampas e que usem todos os EPI’s necessários. Da mesma
forma, o Inspetor de Termografia deve permanecer a uma distância segura até que sejam
abertas. Os Termogramas apresentam casos de cabos com anomalias em caixas de
ligações de motores. O primeiro Termograma superior esquerdo apresenta um caso onde
o aquecimento se desenvolve em espiral e apenas por um dos cabos provenientes do
painel. Já no caso inferior, a maior probabilidade é de que a causa primária seja a má
qualidade do cobre utilizado. Isso porque esta é a conexão de fechamento da estrela do
motor e somente um cabo apresenta‐se aquecido em direção às bobinas. Normalmente
estes problemas não são resolvidos com troca de conectores e reapertos, já que os
aquecimentos se estendem em direção às bobinas. Na maioria desses casos, é necessário
encaminhar o motor para uma oficina especializada para que o cabo seja substituído
desde sua conexão com a bobina. O risco da não manutenção é o fechamento de um
curto‐circuito contra a tampa da caixa de ligações com a consequente parada do processo
produtivo e possível perda do motor. Como as caixas de ligação permanecem fechadas,
não é possível o acompanhamento de tendência nesses casos. Em algumas instalações
fabris mais antigas, são encontradas folhas de tecido de amianto, hoje proibido por riscos
à saúde humana, e/ou folhas de borracha para evitar que, quando o aquecimento ocorra,
haja o curto franco com a tampa. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de
3 – 5 µm, os cabos são expostos à temperatura ambiente, resfriando‐se rapidamente.

704 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VIII – MOTORES ELÉTRICOS

FIGURA COMENTÁRIOS
Normalmente as conexões são revestidas com fita auto fusão e isolante, o que permite
que a seja utilizada a emissividade para termoplásticos de 0,85 a 0,94. Software: FLIR
ThermaCAM Reporter PRO2000, FLIR ThermaCAM Researcher 2.10. Câmera: FLIR SC‐
2000. Lente: 24°.

Figura 8.27 – Exemplos de conexões e cabos em caixa de ligação de motores.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 705


CAPÍTULO VIII – MOTORES ELÉTRICOS

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 8.27 Nos Termogramas, se pode observar aquecimentos
com origem em terminais mal prensados, mesmo com
as terminações enroladas em fita isolante. No Termo‐
grama superior, o mau contato acontece nas laterais,
que são a área maior de contato e prensagem do ter‐
minal, e no Termograma inferior, pode‐se observar
que a ponta dos terminais não apresenta aqueci‐
mento, enquanto o canto do terminal está seve‐
ramente aquecido. Ainda no Termograma da es‐
querda, é possível verificar que o prolongamento do
cabo já apresenta sinais de aquecimento, provavel‐
mente devido à oxidação interna. Nessa situação, será
necessário decapar o cabo para verificação da pre‐
sença de oxidação ou não e, em caso afirmativo, o
cabo terá de ser substituído se for o que adentra ao
motor. Este tipo de conexão é problemático, porque
ao apertar o parafuso que une os dois terminais, falta ao técnico um apoio fixo contra o
qual exercer o torque. No fim das contas, o apoio acaba sendo a própria força muscular
do operador, o que se mostra muitas vezes insuficiente. Para resolver este problema,
algumas fábricas desenvolveram uma ferramenta ajustável a diversos tamanhos de cai‐
xas de ligação, de tal forma que seja possível inserir um
dos lados do parafuso em um rasgo em uma chapa sol‐
dada a uma haste ajustável e travada nas arestas da
caixa. Assim, é possível ao instalador aplicar o torque
contra a carcaça do motor. Uma vez apertada a conexão,
basta remover a ferramenta. Um croqui aproximado
dessa ferramenta pode ser visto ao lado. Para medições
radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm, os cabos
são expostos à temperatura ambiente, resfriando‐se ra‐
pidamente. Normalmente as conexões são revestidas
com fita auto fusão e isolante, o que permite que a seja
utilizada a
emissividade
para termo‐
plásticos de
0,85 a 0,94. Software: FLIR ThermaCAM Re‐
porter PRO2000, FLIR ThermaCAM Re‐
searcher 2.10. Câmera: FLIR AGEMA 550 e
FLIR SC2000. Lentes: 20° e 24°.

Anotações:

706 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO VIII – MOTORES ELÉTRICOS

Figura 8.28 – Aquecimento em cabo em caixa de ligação de motor.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 8.28 O Termograma apresenta um caso mais grave que os apresentados na Figura 8.26. Aqui,
é possível verificar que todo o cabo já apresenta sinais de oxidação interna, indo em
direção às bobinas. Nesta situação, é necessária a retirada do motor para abertura e
substituição do cabo. Os cabos de conexão com as bobinas podem ser revestidos de fibra
de vidro ou termoplástico para altas temperaturas. Então, e para medições radiométricas
em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm, é importante observar que, quando a tampa é retirada, os
cabos são expostos à temperatura ambiente, resfriando‐se rapidamente. Para
termoplásticos e fibra de vidro, pode‐se utilizar a emissividade variando de 0,85 a 0,94.
Software: ThermoCom IRAnalyzer. Câmera: ThermoCom V384S. Lente: 22°.

Figura 8.29 – Aquecimento severo em conexão em caixa de ligação de motor 300CV.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 8.29 O exemplo do Termograma apresenta um caso de quão aquecidos esses cabos podem
ficar quando enclausurados. Segundo informações do encarregado, a tampa da caixa de
ligações foi aberta por suspeita de sobreaquecimento devido a possuírem um Termovisor
de baixa resolução e encontrarem a caixa de ligações mais aquecida que a carcaça do
motor. Ao ser aberta, a temperatura da conexão ultrapassava o fim de escala do aparelho
(250 °C), motivo pelo qual a tampa foi deixada aberta até a próxima parada, sujeita a
Inspeções periódicas para verificar a evolução do aquecimento. Caixas de ligação, de
forma geral, deveriam possuir dobradiças para fácil abertura, mantendo os 4 parafusos

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 707


CAPÍTULO VIII – MOTORES ELÉTRICOS

FIGURA COMENTÁRIOS
de fechamento. Essa providência simples, somada a um isolamento elétrico interno,
permitiria uma fácil Inspeção, sem riscos significativos para a instalação e para o
operador. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura
ambiente, a emissividade de fitas isolantes pode variar entre 0,90 a 0,94. Software: FLIR
ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC‐660. Lente: 24°.

Figura 8.30 – Carcaça exposta em caixa de ligação de motor 150CV.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 8.30 Ao ser aberta a caixa de ligação de um motor, não estão presentes apenas as conexões
dos cabos para serem avaliadas. A carcaça interna do motor também aparece e pode
ser avaliada. A anomalia neste motor está posicionada próxima à parte frontal do motor
e com pouca repercussão na área aletada. Como é possível observar, a anomalia não é
contínua e a temperatura externa de operação do motor, em sua parte mais aquecida,
não ultrapassa 110 °C. Como o isolamento do motor era Classe B (130 °C no ponto mais
quente), a temperatura de 183° na carcaça não era aceitável e poderia estar pondo em
risco o motor. A solução, nessa situação, é baixar a carga imediatamente ou desligar o
motor se possível. A avaliação terá de ser feita em oficina especializada após o
desmonte do estator. A possibilidade maior é de curto entre placas e, eventualmente,
as bobinas atingidas poderão ter de ser substituídas. Para medições radiométricas em
7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, a emissividade da tinta aplicada
internamente pode variar entre 0,85 a 0,94. Software: FLIR ThermaCAM Reporter
PRO2000. Câmera: FLIR SC‐660. Lente: 24°.

Análise de Consistência: os cabos como os tradicionais 70 °C, salvo em condi‐


de ligação internos ao motor devem supor‐ ções de projeto e trabalho especiais. As dis‐
tar temperaturas maiores e normalmente tribuições térmicas devem ser proporcio‐
são isolados em material especial, condi‐ nais às cargas, dimensionamentos e ao tipo
zente com as temperaturas de projeto. Já os de ligação do motor. É esperado que, uma
cabos que vêm do CCM normalmente apre‐ vez aberta a caixa de ligações, os lides de
sentam classes de temperatura mais usuais cabos apresentem‐se mais frios que os ca‐
bos que entram carcaça adentro. Pontos
708 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS
CAPÍTULO VIII – MOTORES ELÉTRICOS

definidos de sobreaquecimento ou aqueci‐ dos terminais que apresentarem sinais de


mentos assimétricos em relação às demais corrosão com corte da ponta do cabo
Fases são indicadores de mau contato e/ou quando necessário. Para o fechamento das
oxidação interna. Especial cuidado deve ser conexões, recomenda‐se fortemente o uso
tomado em motores conectados em estrela da ferramenta sugerida nos comentários da
devido à possibilidade, embora menos co‐ Figura 8.27, ou de um dispositivo similar,
mum, de desequilíbrio entre as correntes além de um torquímetro no reaperto de‐
de Fase. Além disso, é importante destacar vido a que cabos soltos são de difícil con‐
que a abertura das tampas é uma operação trole no momento da aplicação do torque.
de risco que só deve ser executada por as‐ Eventualmente podem ser utilizar conecto‐
sistentes técnicos capacitados e utilizando res de impacto, mas essa técnica não é
todos os EPI’s obrigatórios para esta ativi‐ usual. É muito importante que se verifique
dade. Todo cuidado é pouco, uma vez que é o estado interno dos cabos que seguem
comum encontrar cabos e isolamentos car‐ para as bobinas para a confirmação de que
bonizados e que podem fechar um curto‐ não estejam oxidados. Nestes casos, o mo‐
circuito contra a carcaça ou tampa assim tor deverá ser encaminhado para uma ofi‐
que movimentados. cina especializada. Como medida adicional
de proteção, é recomendável a colocação
Recomendações de Intervenção:
de uma folha de borracha de pelo menos
conexões em caixas de ligação devem ser
2,5 mm entre as conexões e a tampa de fe‐
tratadas da forma usual: desmonte, Inspe‐
chamento da caixa de ligação.
ção Visual cuidadosa, limpeza e substituição

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 709


CAPÍTULO IX

Robôs e Componentes Eletrônicos


CAPÍTULO IX – ROBÔS E COMPONENTES ELETRÔNICOS

9.1 ROBÔS de potência consideráveis e apresentam fre‐


quentemente aquecimentos nas conexões
de força. Já os servomotores em robôs pos‐
suem um regime de trabalho intenso e não
linear. Os diversos movimentos necessários
aos robôs para completar suas tarefas, exi‐
gem mais alguns motores que outros e a
maior dificuldade do Inspetor é conseguir
uma imagem bem focada e representativa
do robô e seus componentes, em regime de
Figura 9.1 – Robôs. trabalho. Como o movimento é contínuo, é
comum que alguns componentes fiquem
Descrição Técnica: robôs são equipamentos
ocultos durante algum período do ciclo de
programáveis muito comuns em qualquer li‐
operação. Além do mais, o acesso à visada
nha de produção automatizada. Repetem ta‐
direta é muitas vezes proibido por motivos
refas complexas e que exigem exatidão. São
de segurança. Sendo assim, é recomendável
acionados eletricamente e controlados por
que a análise do movimento dos robôs seja
PLCs, variando em suas dimensões desde
feita por meio de uma filmagem térmica fo‐
muito pequenos até dimensões considerá‐
cada, a cada tomada, em determinados lo‐
veis. Normalmente trabalham isolados de‐
cais ou componentes do robô para análise
vido ao risco de atingirem pessoas em sua
posterior em escritório técnico. Outra difi‐
movimentação.
culdade é que, além das anomalias óbvias, se
Descrição Térmica: robôs que trabalham em não houver uma referência térmica sobre
situações industriais normais, não devem qual será a temperatura esperada para um
apresentar sinais significativos de aqueci‐ componente após um determinado tempo
mento. No entanto, seus motores, cablagem ou ciclo de manobras, poderá ser difícil diag‐
e articulações podem aquecer devido a des‐ nosticar a presença de uma anomalia ou
gastes, movimentos excessivos, de grande não.
amplitude ou ainda correntes de carga. Ro‐
bôs de solda, por sua vez, possuem circuitos

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 713


CAPÍTULO IX – ROBÔS E COMPONENTES ELETRÔNICOS

Figura 9.2 – Motor de acionamento intermediário em robô.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 9.2 A máxima temperatura alcançada no motor intermediário neste robô mostrou‐se +5 °C
maior que seu oposto. De acordo com o ciclo de movimentos programado, as temperaturas
deveriam ser as mesmas, o que levou a este Termograma ser registrado e encaminhado
para o especialista neste modelo de robô, a fim de verificar a normalidade ou não. Em caso
de desconhecimento, o fabricante deve ser informado, tanto da rotina em execução como
do tempo em operação do motor para atingir esta distribuição, bem como do valor de
temperatura encontrado para que diagnostique se se trata de uma anomalia ou não. Para
medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm e à temperatura ambiente, a
emissividade de tintas a óleo pode ser utilizada variando de 0,85 a 0,94. Software: FLIR
ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC‐660. Lente: 24°.

Anotações:

714 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO IX – ROBÔS E COMPONENTES ELETRÔNICOS

Figura 9.3 – Tomadas de força com defeito interno em pedestal de robô.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura Conexões e tomadas de força em robôs são pontos sensíveis no que diz respeito a maus
9.3
contatos e aquecimentos em robôs. Os Termogramas apresentam dois casos onde, no
primeiro, há um mau contato interno ao plugue de conexão. Já no segundo caso, a
anomalia se estende para fora do plugue, contaminando os cabos de força. Apesar de
nenhuma das duas temperaturas serem críticas em si mesmas, ambos os problemas são
emergenciais porque podem causar a parada intempestiva dos robôs e,
consequentemente, da linha de produção. Se o almoxarifado dispuser de cabos prontos
sobressalentes, a manutenção é simples. Em caso contrário, será necessário estar
preparado para uma parada intempestiva de tal forma que seja possível manter a linha
de produção ativa. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à
temperatura ambiente, a emissividade de termoplásticos em geral pode variar entre 0,90
a 0,94. Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC‐660. Lente: 24°.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 715


CAPÍTULO IX – ROBÔS E COMPONENTES ELETRÔNICOS

Figura 9.4 – Tomada de força em cabeçote de robô com defeito interno.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 9.4 Os cabeçotes intercambiáveis de robôs possuem também componentes
eletromecânicos, comandados pelo CLP responsável. Assim, movimentar peças, girar,
prensar e soltar são ações comuns e necessitam de correntes elétricas para acionar os
servo dispositivos que finalizam essas ações. Os Termogramas apresentam diversos casos
de plugues e cabos de comando e força nos cabeções de diferentes robôs. Todos esses
casos apresentam ou mau contatos internos, oxidação da cablagem ou quebras nos
tentos da fiação. Da mesma forma, todos os casos estão sujeitos a correntes
intermitentes de acionamento dos seus dispositivos, o que faz com que a temperatura
detectada seja uma média e não a instantânea. Outro detalhe é que esses Termogramas

716 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO IX – ROBÔS E COMPONENTES ELETRÔNICOS

FIGURA COMENTÁRIOS
foram obtidos durante uma pequena parada do robô para executar uma ação. Sendo
assim, podem estar um pouco desfocados, uma vez que o movimento é contínuo.
Depende da perícia do Inspetor congelar a imagem no momento preciso em que o robô
faz a pausa que pode ser de 1 ou 2 segundos. A menos que as temperaturas sejam
severas, nenhum desses casos é urgente pela temperatura e sim pelas consequências,
pois não se sabe em qual momento a conexão irá falhar. Qualquer uma dessas anomalias
pode paralisar um robô e, se estiver em um gargalo de produção, causar uma parada
geral na linha. Cada caso terá seu diagnóstico, e nos apresentados podem ser vistos maus
contatos em plugues e a propagação de aquecimentos pela cablagem. Nesses casos, a
recomendação é a substituição do cabo completo. Com relação aos plugues, é necessário
o desmonte tanto do macho quanto da fêmea para avaliar se é necessária a substituição
ou se é um problema de conexão com os pinos. Para medições radiométricas em
7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, a emissividade para termoplásticos,
pode variar entre 0,85 a 0,94. Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera:
FLIR SC‐660. Lente: 24°.

Figura 9.5 – Cabos de foça e comando intermediários em robô com defeitos internos.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 9.5 Outro local sujeito a esforços contínuos nos robôs são os cabos de força e comando que
são flexionados a cada movimento. Nos Termogramas, dois trechos de cabos em robôs
diferentes apresentam o resultado desse estresse contínuo. Após milhares de
movimentos, a composição interna desses cabos começa a deteriorar, tanto por
microatritos entre os componentes de um cabo, como por quebras nos tentos flexíveis
de cobre de cada condutor. A deterioração usualmente prossegue até o rompimento do

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 717


CAPÍTULO IX – ROBÔS E COMPONENTES ELETRÔNICOS

FIGURA COMENTÁRIOS
condutor e a parada parcial ou total do robô. Da mesma forma que nos casos anteriores,
a solução corriqueira é a substituição do cabo em uma parada programada. Caso não
esteja disponível no almoxarifado, normalmente há tempo para solicitar ao fabricante.
Nesse interim, é possível inclusive a montagem de um cabo emergencial, caso a falha
aconteça antes da entrega do sobressalente. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm
ou de 3 – 5 µm à temperatura ambiente, a emissividade para termoplásticos pode variar
entre 0,85 a 0,94. Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC‐660.
Lente: 24°.

Figura 9.6 – Conexão e cabeamento de potência em robôs de solda.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 9.6 Robôs não atuam somente no posicionamento e colocação de peças. Na indústria
automotiva, por exemplo, muitos deles são especializados em soldagem de chapas e,
para tanto, possuem pinças especiais e circuitos de potência para soldas ponto. Os
Termogramas apresentam motores de acionamento instalados nos robôs, pinças de solda
e problemas nas conexões e cablagens de potência. Quanto aos motores, só com uma
referência se pode saber se esta distribuição e valor de temperatura são normais ou não.
Os cabos de potência, por sua vez, são refrigerados e, devido ao movimento rápido dos
robôs, caso não sejam programados especificamente para transições de posição lentas,
só podem ser termografados em suas posições de repouso. Dependendo da velocidade
de circulação de água nas ponteiras de solda e da sua diferença de temperatura, os
valores lidos em repouso podem ser bastante baixos. Dessa maneira, o diagnóstico deve

718 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO IX – ROBÔS E COMPONENTES ELETRÔNICOS

FIGURA COMENTÁRIOS
ser predominantemente qualitativo. As consequências de uma falha em um robô já foram
comentadas, principalmente se fizer parte do gargalo de produção. A manutenção
também tende a ser simples, se houverem peças sobressalentes no almoxarifado. Em
caso negativo, a Gerência responsável deverá ser informada para as providências
necessárias, já que cada caso é um caso em separado. A preocupação maior do Inspetor
deve ser conseguir uma imagem no foco e nítida. A foto de controle na luz visível servirá
para posteriormente atribuir a emissividade do objeto de interesse de forma a cometer
o menor erro. Cada caso deverá ser analisado individualmente e, caso a câmera não
tenha capacidade para registrar o robô em movimento, como as câmeras com taxa de
atualização de 9 Hz, por exemplo, a recomendação é fazer uma filmagem térmica a pelo
menos 30 Hz. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm à temperatura
ambiente, a emissividade para termoplásticos pode variar entre 0,85 a 0,94. Já para
conexões em barras de cobre nu, terá de ser procurada uma fresta, local oxidado ou com
pasta condutora para conseguir uma emissividade de 0,65 a 0,8, Software: FLIR
ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC‐660. Lente: 24°.

Figura 9.7 – Conexões de potência em pinças de robôs.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 9.7 Os dois Termogramas mostram conexões em pinças de solda em robôs. Como as
correntes de pico para a solda ponto são muito altas, conexões em pior estado são as
primeiras a aquecerem. O primeiro Termograma apresenta a barra de conexão com a
pinça refrigerada. Já o segundo Termograma mostra uma região indefinida do cabeçote
de solda onde não é possível precisar onde se encontra a anomalia. Apesar de a imagem
permitir a identificação das pinças, devido ao movimento do robô a parte aquecida não
consegue ser identificada. Caso não seja possível definir onde está o aquecimento, o robô
deve ser programado para executar lentamente a transição entre os locais de solda. Com
essa manobra, será possível para o Inspetor conseguir focalizar o local de interesse e
efetuar uma imagem que permita a identificação correta do aquecimento. As
consequências são as descritas anteriormente: caso uma pinça de solda não efetue
corretamente algumas de suas soldas, haverá perda do produto ou não conformidade.
No caso de uma falha, haverá a parada da linha para manutenção de emergência. A
intervenção de manutenção deve prever Inspeção Visual cuidadosa em busca de sinais
de corrosão. Caso sejam localizadas, a recomendação é a troca do componente ou, se
possível, tratamento de superfície. Em caso negativo, limpeza e reaperto com

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 719


CAPÍTULO IX – ROBÔS E COMPONENTES ELETRÔNICOS

FIGURA COMENTÁRIOS
torquímetro. Para medições radiométricas de temperatura, a determinação da
emissividade dependerá de cada caso. Para câmeras que operam em 7 – 14 µm ou de
3 – 5 µm à temperatura ambiente, a emissividade para conexões em barras de cobre nu
é muito baixa e então terá de ser encontrada uma fresta, local oxidado ou com pasta
condutora para conseguir uma emissividade de 0,65 a 0,8, Software: FLIR ThermaCAM
Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC‐660. Lente: 24°.

Análise de Consistência: em robôs, porque implicam diretamente em paradas


independentemente de sua aplicação, os de produção. Problemas específicos como
pontos mais vulneráveis a anomalias são as mau contato em tomadas de comando ou
tomadas de força, cabos sujeitos a movimen‐ potência deverão ter a disposição peças
tos constantes e circuitos de potência como prontas ou novas para reposição no lugar
nos casos pinças de solda. Na falta de ima‐ das defeituosas. Da mesma forma, chicotes
gens de referência, ou conhecimento prévio de força ou comando deverão ser prepara‐
sobre as temperaturas de funcionamento dos com antecedência para substituição du‐
dos diversos componentes, temperaturas rante a parada. Maus contatos em barra‐
usuais de norma deverão ser aplicadas a mentos de potência deverão ser retirados
componentes similares. Outra dificuldade é para manutenção, com eventual retífica de
a execução das imagens térmicas durante a superfícies e substituídos por novos durante
operação dos robôs. Diversas imagens pode‐ a parada.
rão ser necessárias até que se obtenha uma Ajustes da Câmera: como eventual‐
nítida o suficiente para uma leitura de tem‐ mente diversos Termogramas deverão ser
peratura e diagnóstico confiáveis. Alternati‐ efetuados até que se consiga uma imagem
vamente, e para uma melhor precisão, reco‐ de qualidade aceitável, é recomendável es‐
menda‐se uma filmagem térmica a pelo me‐ colher um posicionamento que permita um
nos 30 quadros por segundo, acompa‐ ângulo favorável para a obtenção da ima‐
nhando os movimentos do robô e dos pon‐ gem. Se estiver disponível, é preferível uma
tos de interesse. Pontos quentes localizados filmagem radiométrica, de tal forma que
ou estendidos deverão ser identificados posteriormente se possa escolher o melhor
como anomalias e registrados para posterior Termograma. As câmeras mais simples nor‐
análise e manutenção. malmente não permitem filmagens radio‐
Recomendações de Intervenção: métricas e não dispõem de óptica adequada
paradas em robôs são sempre complicadas para essa aplicação.

Anotações:

720 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO IX – ROBÔS E COMPONENTES ELETRÔNICOS

9.2 RETIFICADORES Descrição Técnica: retificadores de potência


são usualmente utilizados para alimentar
equipamentos eletroquímicos e motores de
corrente contínua. Suportam correntes altas
e, quando tiristorizados, permitem o con‐
trole preciso das correntes envolvidas no
processo industrial.
Descrição Térmica: tiristores e diodos têm
temperaturas nominais críticas de funciona‐
mento, tanto que muitos são inclusive refri‐
gerados a água ou contam no mínimo com
ventilação forçada. A temperatura de pro‐
jeto é um dado que os fabricantes devem in‐
Figura 9.8 – Retificador de potência. formar.

Figura 9.9 – Retificadores tiristorizados com anomalias nas conexões.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 9.9 Os Termogramas apresentam duas pontes retificadoras de alta potência com anomalias
nas conexões com os tiristores. As temperaturas não estão excessivamente altas e ambas
as anomalias se resumem a um mau contato. No entanto, o risco maior será na atuação
indevida dos tiristores por interferência dos aquecimentos anômalos. Em uma situação

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 721


CAPÍTULO IX – ROBÔS E COMPONENTES ELETRÔNICOS

FIGURA COMENTÁRIOS
limite, o aquecimento pode danificar os semicondutores. Os valores limites de
temperatura, se a opção for pelo diagnóstico quantitativo, deverão ser buscadas em
catálogos do fabricante dos tiristores. Outro problema é a leitura de correntes
instantâneas devido aos cortes de tensão. Essa dificuldade pode ser contornada se for
considerado que o aquecimento detectado é resultante do comportamento médio do
semicondutor. Deve ser levando em conta que os painéis eram dotados de ventilação
forçada, o que torna a temperatura de todos os componentes, conexões defeituosas,
inclusive, dependentes do sistema de ventilação. Antes da manutenção é conveniente
medir as resistências de contato entre os tiristores e os barramentos a fim de ser obtida
uma referência tanto de comportamento normal quanto dos valores iniciais antes do
reparo. Os procedimentos de manutenção são usuais: desmonte e Inspeção Visual
cuidadosa em busca de indícios de sinais de corrosão. Em caso afirmativo, substituição
das peças envolvidas e/ou tratamento de superfície. No caso de ausência de corrosão,
limpeza e reaperto com torquímetro. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de
3 – 5 µm e à temperatura ambiente, a emissividade de componentes estanhados é muito
baixa. É necessário então ler as temperaturas nas frestas entre parafusos ou lâminas do
barramento e dos tiristores. Para essas frestas, e considerando depósito de poluentes
sobre os componentes, pode variar de 0,65 a 0,85. Software: ThermoCom IRAnalyzer.
Câmeras: ThermoCom V384S. Lente: 22°.

Figura 9.10 – Diodos Retificadores com anomalias.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 9.10 Quando as cargas são maiores, mas não necessitam de cortes de onda, são utilizadas
pontes retificadoras não tiristorizadas. Nos exemplos dos Termogramas, há três tipos
diferentes de anomalia: a do Termograma da esquerda indica um problema de solda no
rabicho do diodo. Já no Termograma da direita, o diodo da esquerda aparece
uniformemente aquecido, o que pode ter como causa uma falha interna ou simplesmente
um mau contato na fixação com a base. Há ainda o diodo do meio, que aparece
significativamente mais frio que os laterais. Para que esse diodo esteja frio, só há uma
opção: ele está aberto e não conduz no seu meio ciclo. Se estivesse em curto, deveria
estar sobreaquecido como eventualmente o diodo da direita está. Uma forma de
descobrir isso é através da forma de onda que está saindo da ponte retificadora. Se ela

722 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO IX – ROBÔS E COMPONENTES ELETRÔNICOS

FIGURA COMENTÁRIOS
se apresentar como a Figura
ao lado, é realmente o caso de
um diodo aberto. Nesse caso,
não há o que fazer senão
substituir o componente. Da
mesma forma, é necessário
testar o diodo da esquerda,
principalmente no que diz
respeito à sua tensão reversa
para verificar se ainda está
dentro dos parâmetros especificados. Caso esteja fora, será necessária a sua substituição.
Nos dois casos a recomendação de instalação passa pela limpeza dos assentamentos e
aperto com torquímetro. No caso do Termograma da esquerda, é necessário verificar se
uma nova soldagem resolverá o aquecimento. Por via das dúvidas, é conveniente
substituir o diodo aquecido e refazer a solda do defeituoso. Após a soldagem, testar para
verificar se está aceitável. Em caso positivo, manter como estoque reserva. Para
medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm e à temperatura ambiente, a
emissividade dos diodos deverá acompanhar seu encapsulamento. Se o encapsulamento
for em porcelana, a emissividade poderá variar de 0,85 a 0,90. Se for em Termoplástico,
pode ser utilizada a emissividade variando de 0,85 a 0,94. Se o encapsulamento for
metálico, com emissividade baixa, utilizar a emissividade das frestas de assentamento,
entre 0,65 a 0,85. Software: ThermoCom IRAnalyzer. Câmera: ThermoCom V384S. Lente:
22°.

Figura 9.11 – Diodos Retificadores com anomalias em conexão.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 9.11 Os Termogramas apresentam duas situações similares apesar da diferença de porte dos
diodos envolvidos. Ambos apresentam mau contato em um de seus terminais. Se o
terminal é catodo ou anodo, dependerá do fabricante e do modelo. De qualquer maneira,
a evolução desse defeito poderá tornar a ponte inoperante. A manutenção é simples:
desmonte, Inspeção Visual cuidadosa, limpeza e reaperto se não houver sinais de
corrosão. Se houver, substituição dos componentes afetados. Para medições
radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm e à temperatura ambiente, a emissividade

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 723


CAPÍTULO IX – ROBÔS E COMPONENTES ELETRÔNICOS

FIGURA COMENTÁRIOS
das conexões metálicas normalmente é baixa. É necessário então utilizar a emissividade
das frestas de assentamento, entre 0,65 a 0,85. Software: ThermoCom IRAnalyzer e FLIR
ThermaCAM Researcher 2.10 PRO. Câmeras: ThermoCom V384S e FLIR SC‐2000. Lente:
22° e 24°.

Figura 9.12 – Ponte Retificadora de onda completa com diodos frios.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 9.12 O Termograma mostra duas pontes retificadoras com diodos aquecidos e frios. A
distribuição simétrica dos aquecimentos é anômala porque todos deveriam aquecer de
maneira idêntica para a mesma corrente. Mesmo que fossem tiristores, os ângulos de
corte nas tensões deveriam ser os mesmos, o que resultaria em correntes muito próximas
umas das outras, em cada tiristor ou diodo. É de se notar também que as cordoalhas de
alimentação, que são recobertas de material de alta emissividade, estão mais frias que
as tampas dos diodos, que são feitas de material metálico. A recomendação de
intervenção simplificada neste caso é a substituição dos elementos que estão conduzindo
menos. No entanto, se houver instrumental e tempo disponível, é recomendável verificar
com um osciloscópio como estão as ondas de tensão e corrente na saída geral e em cada
diodo. Uma causa possível é que, na fixação dos diodos no lado oposto, haja um mau
contato. No entanto, a simetria dos aquecimentos torna pouco crível essa opção. Uma
vez de posse desses dados, será possível fazer um diagnóstico mais preciso da causa dessa
assimetria térmica. Como o fechamento dos diodos é feito por placas metálicas
aparafusadas em corpos de porcelana ou material termoplástico, a definição de qual
emissividade utilizar é difícil. Uma saída é considerar que a poeira depositada sobre as
placas metálicas torna possível a leitura das temperaturas com um erro menor. Assim, e
para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm e à temperatura ambiente, a
emissividade das placas pode ser arbitrada em 0,75 a 0,80. Software: FLIR ThermaCAM
Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Anotações:

724 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO IX – ROBÔS E COMPONENTES ELETRÔNICOS

Figura 9.13 – Assimetria térmica em diodos em dissipador.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 9.13 Equipamentos de potências menores podem ter suas pontes retificadoras externas
instaladas em dissipadores de alumínio. O diagnóstico de casos como o do Termograma
depende da informação de como estão operando os diodos. Pela configuração, podemos
verificar que se trata de dois retificadores de meia onda ou um retificador de onda
completa. A possibilidade maior é de serem dois retificadores de meia onda, sendo que
o da esquerda está fora de operação no momento da Inspeção. De qualquer maneira, o
retificador da direita apresenta uma assimetria incompatível com o funcionamento
esperado, já que apenas o diodo superior está aquecendo. Diversas opções são possíveis
para explicar esse aquecimento: mau contato mecânico com o dissipador, mau contato
elétrico com o dissipador, mau contato com o terminal de força superior ou ainda defeito
interno no diodo. As consequências desse aquecimento dependerão de qual a função do
equipamento. Deve ser avaliado ainda o estado do diodo inferior que pode estar
operando corretamente e sem aquecimento. Ou, e por outro lado, estar inoperante.
Como o diodo é encapsulado em metal, é mais correto utilizar a emissividade do
termoplástico do cabo superior. Assim, e para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou
de 3 – 5 µm e à temperatura ambiente, a emissividade para termoplásticos pode ser
utilizada variando de 0,85 a 0,94. Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000.
Câmera: FLIR SC‐660. Lente: 24°.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 725


CAPÍTULO IX – ROBÔS E COMPONENTES ELETRÔNICOS

Figura 9.14 – Diodo de potência com defeito na refrigeração.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 9.14 Alguns diodos e ou tiristores operam em série e possuem refrigeração líquida para
manter suas características operacionais. O Termograma apresenta um caso onde uma
das hipóteses explicativas para este aquecimento é uma obstrução na circulação de água.
Eventualmente e bem mais simples, pode se tratar de um simples mau contato.
Observando a foto de controle na luz visível, pode‐se observar que nos três
semicondutores há quatro tubulações de entrada de água fria (em azul, embaixo) e
quatro de saída (em vermelho e transparente, em cima). Em uma situação em que todos
os semicondutores estejam operando normalmente, é de se esperar que a refrigeração
roube calor a taxas iguais de cada pastilha. No entanto, o Termograma apresenta o
conector refrigerado, e entre as pastilhas da direita, sobreaquecido. Como visualmente
não é possível afirmar se são tiristores ou diodos, o diagnóstico deve ser conservativo e
assumir que anomalia é gerada ou por mau contato ou por deficiência na circulação do
fluido refrigerante. Caso se tratasse de um tiristor, seria possível aventar a hipótese de
que a primeira ou segunda pastilha estão com o gatilho sendo acionado de forma
incorreta. De qualquer maneira, a circulação de água deve ser verificada e desobstruída
se for o caso. Se houver, o circuito de controle de disparos deverá também ser verificado.
Se forem apenas diodos, deve ser verificada a tensão reversa do primeiro disco da direita.
Se estiver de acordo com o projeto, deve‐se verificar a pressão aplicada pelos parafusos.
Uma limpeza nas superfícies de contato é recomendada em qualquer das circunstâncias.
Caso algum dos semicondutores fuja às suas especificações, deve ser substituído. Para
medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm e à temperatura ambiente, a
emissividade do conector de alumínio é muito baixa. No entanto, apesar de na foto de
controle não ser facilmente visível, é possível assumir que se encontra coberto de poeira,
o que aumenta a emissividade significativamente. Assim, e aproveitando também o
efeito fresta entre a pastilha e seu conector, a emissividade que pode ser utilizada sem
um erro muito grande varia entre 0,65 a 0,75. Software: FLIR ThermaCAM Reporter
PRO2000. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Análise de Consistência: antes da (do inglês Triode for Alternating Current –


avaliação térmica dos retificadores, SCRs (do Triodo para corrente alternada) deve ser ve‐
inglês Silicon Controlled Rectifier – Retifica‐ rificado o regime de operação do conjunto,
dor Controlado de Silício), pontes ou TRIACs uma vez que as ondas de corte ou sequência
726 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS
CAPÍTULO IX – ROBÔS E COMPONENTES ELETRÔNICOS

de operação têm efeitos significativos nas da presença de corrosão, o componente


distribuições térmicas observadas. Uma vez deve ser retirado de operação e avaliada a
conhecido o regime de operação, é seguro possibilidade de retífica da superfície de con‐
avaliar o desempenho dos componentes. tato. Eventualmente esse serviço deve ser
Problemas de mau contato nas conexões, ca‐ efetuado pelo fabricante, uma vez que é crí‐
bos de alimentação, deficiências de torque e tica a temperatura que pode ser suportada
ventilação ou circulação de água resultam pelo componente. Pastas condutoras de cor‐
em distribuições térmicas assimétricas que, rente elétrica costumam não resolver pro‐
sempre que detectadas, devem ser investi‐ blemas de mau contato e, normalmente, pi‐
gadas cuidadosamente. Elementos frios oram a situação, sendo utilizadas apenas
também podem sinalizar anomalias tanto temporariamente e em situações de emer‐
quanto elementos superaquecidos, uma vez gência. Problemas nas soldas com os cabos
que podem não estar conduzindo adequada‐ de força poderão ser resolvidos retirando‐se
mente. o diodo ou SCR afetado e refazendo a solda.
Nesse caso, e novamente, a temperatura é
Recomendações de Intervenção:
um componente crítico para não danificar a
pontes retificadoras, com diodos ou tiristori‐
parte semicondutora do componente. Even‐
zadas, podem apresentar problemas típicos
de conexão, bem como problemas de soldas tualmente os desequilíbrios de aquecimento
nos cabos e ondas de corte. Além do mais, em SCRs ou TRIACs poderão ser causados
por erros nas ondas de corte geradas pela
possuem normalmente torques específicos
para garantir a troca térmica com seus dissi‐ placa controladora. É recomendável a confir‐
mação de funcionamento correto nos casos
padores e, em alguns casos, refrigeração for‐
de sobreaquecimento sem evidências de
çada por ar ou líquida. Não é incomum pos‐
mau contato na imagem térmica. Em algu‐
suírem pastas térmicas entre seus contatos
mas situações críticas, em que a parada da
mecânicos com suas bases ou dissipadores
ponte não é possível, aquecimentos de áreas
para melhorar o fluxo de calor. Problemas de
delimitadas ou sobreaquecimentos localiza‐
conexão são tratados de forma usual: des‐
dos na carcaça poderão ser controlados com
monte, Inspeção Visual cuidadosa, limpeza e
a aplicação de ventilação forçada e acompa‐
substituição dos terminais com corte da
nhados por algum tempo para verificar sua
ponta do cabo se for o caso. A reinstalação
tendência de agravamento ou não.
dos diodos ou SCRs deve obedecer aos tor‐
ques especificados pelo fabricante. No caso

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 727


CAPÍTULO IX – ROBÔS E COMPONENTES ELETRÔNICOS

9.3 PLACAS E COMPONENTES várias temperaturas e funções diferentes:


ELETRÔNICOS circuitos integrados, pontes retificadoras,
transistores de potência ou não, processado‐
res, capacitores, resistores, bobinas, soldas,
trilhas, dissipadores, fusíveis etc. A grande
facilidade que a Termografia apresenta é a
localização de defeitos pela temperatura do
componente sob determinada condição de
carga. Mas por outro lado, sem uma referên‐
cia térmica do comportamento normal ou
aceitável sob carga, ou sob uma determi‐
nada condição de teste, é difícil diagnosticar
anomalias.

Figura 9.15 – Componentes Eletrônicos. A solução para esse impasse, e


para componentes e/ou placas estrategica‐
Descrição Técnica: componentes eletrônicos mente importantes, é o registro Termográ‐
ou placas eletrônicas são cada vez mais utili‐ fico de uma Assinatura Térmica da placa ou
zados em painéis de controle de máquinas. componente sob condições conhecidas.
Vão desde placas simples até sistemas mul‐ Isso fornecerá a referência térmica que in‐
tiprocessados e Controladores Lógicos Pro‐ dicará onde um componente ou placa está
gramáveis (CLPs). Cada vez mais são compo‐ apresentando defeito. Teoricamente, a
nentes indispensáveis à automação e produ‐ temperatura de projeto ou um mapa tér‐
tividade industrial, se tornando cada vez mico da placa é um dado que os fabricantes
mais complexos e miniaturizados. deveriam informar, mas na prática não é o
que acontece.
Descrição Térmica: as placas eletrônicas
possuem componentes que trabalham em Exemplos:

Figura 9.16 – Aquecimento em solda e garra de fusível de cartucho.

Anotações:
728 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS
CAPÍTULO IX – ROBÔS E COMPONENTES ELETRÔNICOS

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 9.16 O Termograma apresenta um caso raro de duas anomalias em duas placas eletrônicas
diferentes, instaladas lado a lado. A anomalia da esquerda, de difícil visualização na foto
de controle na luz visível, refere‐se a uma solda ao lado do capacitor cerâmico. É possível
observar, no entanto, a marca escura de carbonização gerada pelo aquecimento, em
direção à margem da placa. Na placa da direita, o contato inferior do fusível de cartucho
apresenta‐se superaquecido. Ambos os casos estão fora das expectativas. O aquecimento
em uma solda é algo raro em circuitos impressos embora se saiba que ocorra com uma
frequência baixa. A manutenção implica na retirada da placa, Inspeção Visual e nova
soldagem. Já a anomalia no soquete do fusível requer igualmente a retirada de
verificação da presença de corrosão. Caso não haja sinais de corrosão, limpeza e ajuste
de pressão devem resolver. Caso haja corrosão, a base e o fusível deverão ser trocados.
Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm e à temperatura ambiente, a
emissividade para a anomalia na solda deve utilizar valores compatíveis com o verniz da
placa, variando então de 0,85 a 0,94. Para o soquete do fusível, apesar de ser em latão,
material com emissividade muito baixa, pode‐se utilizar um valor compatível com a fresta
entre a garra e o corpo do fusível, entre 0,70 a 0,85. Software: FLIR ThermaCAM Reporter
PRO2000. Câmera: FLIR SC‐660. Lente: 24°.

Figura 9.17 – Aquecimento interno em base para fusível de vidro.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 9.17 A utilização de fusíveis de vidro, rosqueados em bases de material termoplástico, é
comum nas aplicações eletrônicas. Por outro lado, a queima indevida de um fusível
paralisa no mínimo uma função da placa onde está instalado e, frequentemente,
interrompe a produção de uma máquina ou de uma linha, se a função estiver em um
gargalo. A imagem térmica apresenta um sobreaquecimento grave no interior da base
fusível sem que seja possível definir se o problema é no fusível ou na base em si. A
recomendação é a substituição da base e do fusível, já que a manutenção dessas bases é
inviável na prática e o seu custo é baixo. Soluções improvisadas são comuns e devem ser
evitadas a todo custo porque normalmente resultam em falhas a curto prazo. Para
medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm e à temperatura ambiente, a
emissividade de termoplásticos pode ser utilizada variando de 0,85 a 0,94. Software: FLIR
ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC‐660. Lente: 24°.

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 729


CAPÍTULO IX – ROBÔS E COMPONENTES ELETRÔNICOS

Figura 9.18 – Assinatura Térmica em placa de processamento sob carga controlada.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 9.18 A falta de referência sobre o comportamento térmico em componentes eletrônicos pode
ser resolvida mediante a confecção de um Termograma com a assinatura térmica, sob
condições conhecidas e controladas. A placa do Termograma foi alimentada com uma
carga padronizada e foi aguardado o período de 25 minutos para a estabilização térmica.
Após esse tempo decorrido, o Termograma foi capturado e, no pós‐processamento, todas
as áreas de interesse foram selecionadas, montando um mapa térmico de componentes
de interesse. A imagem térmica original foi salva e armazenada para futuras referências
em seções ou componentes não escolhidos para essa assinatura. Com essa assinatura, é
possível um rápido diagnóstico de defeitos e, se as placas forem submetidas a testes
periódicos, o acompanhamento de eventuais defeitos em desenvolvimento. Para
medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm e à temperatura ambiente, cada
componente pode ter uma emissividade própria que deve ser anotada e mantida à
disposição para consultas posteriores. De forma geral, e quando as placas são recobertas
por vernizes protetores, a emissividade a ser utilizada será a de materiais orgânicos
variando de 0,85 a 0,94. Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC‐
2000. Lente: 24°.

Anotações:

730 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO IX – ROBÔS E COMPONENTES ELETRÔNICOS

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 731


CAPÍTULO IX – ROBÔS E COMPONENTES ELETRÔNICOS

Figura 9.19 – Estudo de variação de carga ao longo do tempo em Circuitos Integrados (CIs).

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 9.19 Os seis Termogramas e as curvas imediatamente a seguir se referem a outra placa
controladora do mesmo modelo da Figura 9.19, mas com outro número de série. Nos
primeiros Termogramas, é possível verificar a sucessiva colocação de carga sobre os
circuitos integrados destacados no Termograma 1. No gráfico na sequência, é possível
verificar o primeiro Termograma capturado, antes do ensaio, e o comportamento
térmico dos circuitos integrados ao longo de 30 minutos. Para fazer este registro, foram
capturadas imagens térmicas a cada 30 segundos e depois processadas em Software
dedicado. A assinatura térmica estática, como a da Figura 9.19, fornece apenas um tipo
de resultado de quando a placa já atingiu o seu equilíbrio térmico. Já as curvas de
aquecimento permitem acompanhar o desempenho dos circuitos integrados e suas
interações com outros comandos e componentes da placa. É um tipo de assinatura
térmica muito mais completo do que uma simples imagem estática. Dependendo da
necessidade de análise, poderá ser mais indicada que apenas um Termograma. Para
medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm e à temperatura ambiente, cada
componente pode ter uma emissividade própria que deve ser anotada e mantida a

732 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO IX – ROBÔS E COMPONENTES ELETRÔNICOS

FIGURA COMENTÁRIOS
disposição para consultas posteriores. De forma geral, e quando as placas são recobertas
por vernizes protetores, a emissividade a ser utilizada será a de materiais orgânicos
variando de 0,85 a 0,94. Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC‐
2000. Lente: 24°.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 733


CAPÍTULO IX – ROBÔS E COMPONENTES ELETRÔNICOS

Figura 9.20 – Ciclos de carga em placa de processamento de dados modular.

734 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO IX – ROBÔS E COMPONENTES ELETRÔNICOS

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 9.20 Os Termogramas apresentam outro levantamento de assinatura térmica, desta vez em
placas de comunicação de dados, com módulos separados por etapas e volumes de
transmissão. O processo é o mesmo: carregamento controlado da placa e de seus
circuitos com relógios sincronizados. As curvas de temperatura na sequência apresentam
os valores de cada módulo, bem como a situação dos demais módulos quando do ponto
de inflexão das curvas de temperatura. Dessa maneira, é possível verificar não apenas o
desempenho da placa como um todo, mas também de cada módulo em relação aos
demais. Placas com comportamento errático ou duvidoso podem ser comparadas com
esta assinatura quando inseridas em seus bastidores de trabalho desde que se usem
extensores de conexão. Isso permite que os diagnósticos possam ser feitos onde as placas
estão instaladas sem a necessidade de sua retirada e envio para laboratórios de teste.
Este procedimento é utilizado também em linhas de produção onde placas são
submetidas a cargas padronizadas e, após determinado período de tempo, são
automaticamente avaliadas quanto à temperatura atingida por seus componentes
individuais. Ao atingirem determinados parâmetros, são aprovadas ou rejeitadas. Para
medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm e à temperatura ambiente, cada
componente pode ter uma emissividade própria que deve ser anotada e mantida à
disposição para consultas posteriores. De forma geral, e quando as placas são recobertas
por vernizes protetores, a emissividade a ser utilizada será a de materiais orgânicos
variando de 0,85 a 0,94. Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC‐
2000. Lente: 24°.

Figura 9.21 – Assinatura térmica em placa de processamento de dados modular.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 9.21 A placa de processamento de dados da Figura 9.20 é apresentada neste Termograma na
sua posição de trabalho (vertical). O cliente final escolheu as regiões e os tempos de
interesse para este mapa simplificado de temperaturas. Segundo o projeto original, este
mapa térmico deve ser encaminhado junto com o manual de instruções e manutenção
da placa, bem como as curvas da Figura 9.20. As sugestões sobre emissividade são as
mesmas das últimas duas Figuras.

Anotações:
MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 735
CAPÍTULO IX – ROBÔS E COMPONENTES ELETRÔNICOS

Figura 9.22 – Placas controladoras de velocidade.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 9.22 As duas placas controladoras dos Termogramas apresentam anomalias em dois
componentes iguais em dois casos: as garras dos fusíveis de vidro e as conexões dos
terminais prensados. No Termograma superior, a garra superior do fusível de vidro
está aquecendo, e no Termograma inferior, é a garra inferior. Já no Termograma
inferior, duas terminações prensadas apresentam mau contato no lado inferior da
placa de circuito impresso. Qualquer uma dessas anomalias que evolua para um
defeito pode paralisar a máquina controlada por esta placa. Apesar de três das
temperaturas não serem termicamente graves, com exceção do contato superior do
fusível de vidro, as repercussões são significativas e devem ser avaliadas pela
Gerência responsável como urgentes. Para facilitar as eventuais medições de
temperatura, o calor gerado pelas anomalias irradia para a parte de baquelite ou fibra
de vidro das placas, permitindo o uso de emissividades altas. Notar que os terminais
prensados aparecem mais frios nos Termogramas devido às suas emissividades
baixas. Então, e para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm e à
temperatura ambiente, a emissividade pode variar de 0,85 a 0,90. Software: FLIR
ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Anotações:

736 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO IX – ROBÔS E COMPONENTES ELETRÔNICOS

Figura 9.23 – Distribuições Térmicas em Softstarters.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 9.23 Softstarters geralmente são do tipo By‐
Pass, o que significa que atuam na par‐
tida do motor com uma rampa ou curva
de corrente para depois serem substituí‐
dos por um contator. Esse procedimento
é utilizado para poupar os SCRs de fica‐
rem operando continuamente quando
um contator faz essa função com aqueci‐
mento e desgaste bem menor. As ques‐
tões que surgem quando da Termografia
de um Softstarter são as seguintes: onde
na sua carcaça ele pode aquecer? Como
ele pode aquecer? Quanto ele pode
aquecer? Se o modelo for desconhecido,
ou não houver uma referência sobre o
comportamento, não há como respon‐
der a essas questões. Os modelos variam
de fabricante para fabricante e de acordo com suas capacidades. Além do mais, para
quais correntes ele está ajustado e qual a capacidade do contator? Assinaturas térmicas
desses e de outros componentes elétricos e eletrônicos deveriam fazer parte dos manu‐

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 737


CAPÍTULO IX – ROBÔS E COMPONENTES ELETRÔNICOS

FIGURA COMENTÁRIOS
ais de operação para assegurar referências seguras de operação e manutenção. Sem es‐
sas informações, apenas a experiência do Inspetor poderá ser utilizada e ainda de forma
conservadora, levantando suspeitas e recomendando uma pesquisa de uma eventual
anomalia interna. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm e à tempe‐
ratura ambiente, a emissividade a ser utilizada é a dos termoplásticos devido a ser o ma‐
terial de fabricação das carcaças. Esses valores podem variar de 0,85 a 0,94. Software:
ThermoCom IRAnalyzer e FLIR ThermaCAM Researcher 2.10 PRO. Câmeras: ThermoCom
V384S e FLIR SC‐2000. Lente: 22° e 24°.

Figura 9.24 – Placa em Banco de Cap. tida como desenergizada e severamente aquecida.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 9.24 Como é possível verificar na foto de controle na luz visível deste Termograma, a placa
controladora da USCA (Unidade de Supervisão de Corrente Alternada) neste painel havia
sofrido um sinistro e estava com a fiação completamente carbonizada, porém, e de
maneira totalmente imprevisível, continuava energizada. Além disso, a temperatura
apresentada era de mais de 250°, o que foi classificado como atendimento de
emergência. A Gerência responsável foi alertada imediatamente para o risco implícito e
foi desencadeada uma operação de emergência para efetuar o desligamento do painel e
das máquinas conectadas. O gerador não havia sido acionado e a alimentação do painel
vinha direto da rede da concessionária. Uma vez desligada a seccionadora geral, a
anomalia desapareceu. Foi recomendada substituição completa da unidade
controladora. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm e à temperatura
ambiente, a emissividade da fiação carbonizada tem valores próximos a 0,95. Software:
FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR T‐300. Lente: 24°.

Anotações:

738 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO IX – ROBÔS E COMPONENTES ELETRÔNICOS

Figura 9.25 – Conexões de interface em Softstarter com mau contato.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 9.25 Softstarters possuem uma série de opções de alimentação com informações dos motores
que comandam. Conforme o modelo, pode existir entradas extras para sinais de tensão
ou corrente. No caso do Termograma, a informação de corrente vinha de um TC em um
barramento de saída para o motor. Pela distribuição térmica na conexão, é possível
identificar que o aquecimento estava sendo originado na conexão interna do borne. Erros
na informação de corrente em um Softstarter causam problemas no ajuste das curvas de
partida e podem queimar um motor. Apesar da temperatura relativamente baixa, essa
anomalia pode introduzir erros significativos no funcionamento da partida do motor,
ainda mais porque não há histórico anterior de como a conexão vinha se comportando.
Cabe ao Inspetor ajustar corretamente sua câmera para que pequenas anomalias
térmicas, mas com repercussões potencialmente graves, sejam identificadas e corrigidas.
No caso, os procedimentos de manutenção são corriqueiros: desmonte e Inspeção Visual
em busca de sinais de corrosão. Caso estejam presentes, é necessária a substituição do
borne e do terminal. Em caso negativo, limpeza e reaperto devem resolver o problema.
Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm e à temperatura ambiente, a
emissividade para materiais termoplásticos pode ser utilizada variando de 0,85 a 0,94.
Software: FLIR ThermaCAM Reporter PRO2000. Câmera: FLIR T‐300. Lente: 24°.

Figura 9.26 – Parafuso sem função definida sobreaquecido em PCB.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 739


CAPÍTULO IX – ROBÔS E COMPONENTES ELETRÔNICOS

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 9.26 A placa com circuito impresso apresentou uma anomalia de diagnóstico simples, mas
de causa desconhecida. Apesar da identificação “DC‐A” próxima a um dos parafusos
da placa, sem o conhecimento do circuito e das trilhas de cobre abaixo da placa, não
é possível identificar a causa do aquecimento. É necessário então registrar a anomalia
e levar ao conhecimento do departamento encarregado da manutenção eletrônica. A
menos que o Inspetor seja um técnico com formação em eletrônica e esteja
familiarizado com todas as placas eletrônicas em uso na instalação fabril, o
diagnóstico, e a própria identificação de anomalias de menor impacto térmico,
passarão despercebidas. No caso, ficou evidente pela temperatura registrada que
algo estava incorreto, tanto pelo valor como pela função esperada de um parafuso.
O Assistente Técnico reportou desconhecer qualquer irregularidade no equipamento
onde a placa estava instalada. Cabe então a retirada da placa para Inspeção Visual do
lado posterior e análise das repercussões de uma anomalia neste local. Para medições
radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm e à temperatura ambiente, a
emissividade das placas de fibra de vidro revestidas ou não com verniz permite que
sejam utilizados valores variando de 0,85 a 0,94. Software: FLIR ThermaCAM Reporter
PRO2000. Câmera: FLIR SC‐660. Lente: 24°.

9.3.1 ESTUDO DE CASO 16: Avaliação em em placas eletrônicas, os Termogramas ilus‐


Placas Mãe tram diversas situações onde a Termografia
pode ser utilizada para construir assinaturas
O termo “placa mãe” designa, em
ou referências térmicas nestes componen‐
eletrônica, uma placa de circuito impresso
tes. Essas assinaturas permitirão diagnósti‐
genérica onde são montados outros comple‐
cos precoces de falhas em desenvolvimento
mentos como placas de vídeo, processado‐
e servirão como indicadores para o Inspetor
res de sinal, controladores, memórias, mó‐
avaliar qualitativamente as placas sob Inspe‐
dulos de comunicação e assim por diante.
ção. Em um pós‐processamento, as imagens
Apesar de não serem utilizados frequente‐
térmicas obtidas em campo poderão ser
mente para essa finalidade, e para fins de
comparadas com as assinaturas térmicas e
exemplo das possibilidades da Termografia
diagnosticadas.

Anotações:

740 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO IX – ROBÔS E COMPONENTES ELETRÔNICOS

Figura 9.27 – Curvas de Componente em bom estado e defeituoso em placa mãe.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 9.27 Utilizando duas placas mãe modificadas modelo Pentium IV, podemos observar nos
gráficos as variações térmicas dos dois Power MOSFET, destacados como A1 e A2.
Esses dois componentes são os responsáveis para alimentação do chipset da placa.
Por característica de fabricação, estes MOSFET conseguem fornecer tensão e
corrente de forma eficiente até 60 °C, pois trabalham com frequências altas para
manter a tensão estável. Ao ultrapassar esta temperatura, ele automaticamente não
consegue alimentar o chipset de forma correta, ocasionando travamento da placa,
paralisando suas funções e, eventualmente, a máquina que está controlando. Esse
comportamento anômalo pode ser observado no gráfico da direita, referente à placa
já sabidamente defeituosa. As curvas dos componentes exibem formatos
completamente diferentes, valores de temperaturas diferentes nos mesmos tempos.
Tanto na Fase inicial como ao longo do tempo, as curvas das áreas A1 e A2 mostram
MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 741
CAPÍTULO IX – ROBÔS E COMPONENTES ELETRÔNICOS

FIGURA COMENTÁRIOS
um aquecimento muito mais rápido do que a placa da esquerda, em bom estado. A
placa esquerda, ao atingir a temperatura de 47 °C, efetua o desligamento do circuito,
enquanto a placa defeituosa espera até os 60 °C para atuar, e ainda assim, de forma
irregular. Esse tipo de análise térmica em circuitos processadores pode ser
extremamente útil, desde que se tenha uma referência contra a qual comparar o
desenvolvimento térmico, ou temperaturas em regime pré‐estabelecido e estável de
carga. Para medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm e à temperatura
ambiente, a emissividade de componentes revestidos com termoplásticos pode
variar de 0,85 a 0,94. Software: FLIR ResearcherIR 3.5. Câmera: FLIR AGEMA 550.
Lente: 20°.

Figura 9.28 – Localização de aquecimentos no verso de placa central de processamento.

Anotações:
742 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS
CAPÍTULO IX – ROBÔS E COMPONENTES ELETRÔNICOS

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 9.28 Outra aplicação da Termografia é a verificação do dimensionamento de trilhas e de
eventuais soldas frias no verso de placas de circuito impresso. Se além da imagem térmica
for realizada uma filmagem radiométrica, diversas outras informações podem ser
obtidas, tanto de interesse para a confecção de assinaturas térmicas, se for uma placa
em bom estado, como para a localização de comportamentos anômalos. As curvas
mostram o comportamento de carga e resfriamento de pontos determinados na
superfície inferior de uma placa mãe. É possível observar que as trilhas de potência,
obviamente, aquecem mais que as demais. Também há áreas aquecidas que não
correspondem a trilhas visíveis e é possível verificar que os pontos de soldagem dos
processadores passam calor pelos seus lides. Como informação adicional, é possível
verificar que, em um primeiro momento após o desligamento, todos os componentes
resfriam simultaneamente. Mas a partir de alguns segundos depois, cada componente
tem uma curva diferente provavelmente relacionada à massa dos componentes e seu
calor específico. Para a identificação de anomalias, é necessária a existência de uma
assinatura dessa placa e de suas configurações de carga. Para medições radiométricas em
7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm e à temperatura ambiente, a emissividade das trilhas de cobre
é muito baixa. No entanto, é normal que as placas sejam cobertas com uma camada de
verniz ou laca para justamente evitar a oxidação indesejada do cobre. Assim, é possível
medir a temperatura das trilhas usando uma emissividade alta, variando de 0,85 a 0,94.
Para medições mais precisas, onde variações de décimos de grau podem ser
significativas, é necessário contar com a espessura da camada de verniz e sua resistência
térmica. Software: FLIR ThermaCAM Researcher 2000 PRO. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente:
24°.

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 743


CAPÍTULO IX – ROBÔS E COMPONENTES ELETRÔNICOS

Figura 9.29 – Curvas de aquecimento durante a carga da placa mãe defeituosa.

FIGURA COMENTÁRIOS
Figura 9.29 Os Termogramas e suas respectivas curvas apresentam outras formas de avaliação do
desempenho de placas de circuito impresso. Nem sempre apenas a distribuição de
temperaturas e suas variações máximas ou mínimas ao longo todo tempo podem elucidar
comportamentos anômalos, ou servir de referência para comportamentos normais.
Quem vai analisar comportamentos de componentes eletrônicos deve manter em
arquivo as imagens térmicas originais de cada placa analisada, bem como as condições
de ensaio tais como correntes, tensões aplicadas, tempos em operação, tipos de
chaveamento, frequências utilizadas, portas utilizadas e quaisquer outras informações
que possam alterar o desempenho térmico. De posse dessas informações, uma análise
que não foi efetuada hoje pode ser de grande auxílio em uma ocorrência futura. Para
medições radiométricas em 7 – 14 µm ou de 3 – 5 µm e à temperatura ambiente, a
emissividade das trilhas de cobre é muito baixa. No entanto, é normal que as placas sejam
cobertas com uma camada de verniz ou laca para justamente evitar a oxidação
indesejada do cobre. Assim, é possível medir a temperatura das trilhas usando uma
emissividade alta, variando de 0,85 a 0,94. Para medições mais precisas, onde variações
de décimos de grau podem ser significativas, é necessário contar com a espessura da
camada de verniz e sua resistência térmica. Software: FLIR ThermaCAM Researcher 2000
PRO. Câmera: FLIR SC‐2000. Lente: 24°.

Anotações:

744 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO IX – ROBÔS E COMPONENTES ELETRÔNICOS

Análise de Consistência: a tecnolo‐ futuras comparações, tanto de temperatu‐


gia utilizada em placas eletrônicas evolui ras mais altas como mais baixas. O compor‐
muito rapidamente. No entanto, as máqui‐ tamento eletrônico das placas nem sempre
nas que as utilizam são funcionais por muitos é linear e, muitas vezes, onde ocorre um res‐
anos. Assim, há placas muito recentes com friamento de um componente, isso indica a
um mínimo de componentes discretos e um falha de outro. Ou vice‐versa: onde ocorre
máximo de miniaturização e incorporação um aquecimento, ele é devido a outro com‐
cada vez maior de funções em circuitos inte‐ ponente que falhou. A análise deve sempre
grados. Por outro lado, ainda existem placas ser feita por um técnico em eletrônica, tendo
bastante antigas que funcionam perfeita‐ em vista essas possíveis variações. Deve‐se
mente e possuem poucos componentes mi‐ também ter sempre em mente que as condi‐
niaturizados. Problemas de mau contato nas ções operacionais deverão ser conhecidas
conexões, cabos de alimentação, bases de tanto na referência como na assinatura tér‐
fusíveis, deficiências de torque e ventilação mica para fins de um diagnóstico confiável.
resultam em distribuições térmicas assimé‐
Recomendações de Intervenção:
tricas que sempre que detectados devem ser
para problemas de mau contato, o procedi‐
investigados. As placas eletrônicas, salvo
mento é padrão: desmonte, Inspeção Visual,
anomalias evidentes, devem ser sempre verificação de oxidação e/ou corrosão nos
comparadas com uma referência térmica assentamentos, limpeza e eventual substi‐
que deveria ser fornecida pelo fabricante, ou tuição das partes afetadas se possível. As de‐
contra parâmetros conhecidos de tempe‐ mais anomalias térmicas constatadas, em re‐
ratura e carga. Como ainda não é usual os fa‐ lação a referências e comportamentos tér‐
bricantes fornecerem mapas térmicos de micos ou elétricos conhecidos, deverão ser
seus equipamentos, é altamente recomen‐ avaliadas individualmente. As soluções vari‐
dável que seja elaborada uma referência tér‐ arão conforme cada caso, podendo ir desde
mica das placas de interesse logo nas primei‐
a substituição de um componente até da
ras semanas após o startup da máquina na
placa inteira.
qual estão instaladas. Os valores obtidos de‐
verão ser utilizados como referências para

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 745


CAPÍTULO IX – ROBÔS E COMPONENTES ELETRÔNICOS

Anotações:

746 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO X
Melhorando os resultados em
Instalações Elétricas
CAPÍTULO X – MELHORANDO RESULTADOS EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

10.1 COMO APERFEIÇOAR A TERMOGRA‐ ajuste dos parâmetros da câmera e na rela‐


FIA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS ção que as distribuições térmicas apresenta‐
das terão com os equipamentos inspeciona‐
Quando a técnica é utilizada corre‐ dos. Você terá de imaginar e sintetizar os
tamente em todos os seus detalhes, quando seus conhecimentos técnicos no formato ca‐
os parâmetros da câmera são configurados lor. Depois disso, para o formato radiação. Aí
corretamente e o significado das assinaturas poderá ter uma compreensão melhor do que
térmicas envolvidas é compreendido, a mar‐ está acontecendo com o equipamento ou
gem de acerto da Termografia sobe drastica‐ componente de interesse.
mente, se aproximando dos 100% de eficácia
Se, pelo contrário, você é um Inspe‐
com relação aos aquecimentos detectados.
tor experiente em uma área específica, por
Mas, por outro lado, isso não quer exemplo, equipamentos mecânicos, você
dizer que a Termografia é infalível. Todos os terá de primeiro se inteirar da área onde
parâmetros externos podem ser configura‐ quer fazer Inspeção. Tentar fazer um diag‐
dos corretamente e, em muitos casos, con‐ nóstico sem compreender o que é e como
tornados habilmente. Entretanto, tudo isto é funciona o equipamento de interesse é pra‐
dependente do conhecimento do Inspetor. É ticamente erro de diagnóstico certo. Não
necessário um profundo conhecimento dos basta manejar a câmera com proficiência e
equipamentos que são objetos de interesse, dizer que aqui ou ali está mais ou menos
dos fenômenos físicos envolvidos e de como aquecido. É necessário compreender por
deveriam se comportar termicamente que está aquecido ou não. Nem sempre,
quando submetidos a esse ou aquele esforço principalmente em equipamentos elétricos,
elétrico ou carga. Na sequência serão apre‐ o mais aquecido é o pior. Seja primeiro um
sentadas algumas providências que podem conhecedor da área que vai inspecionar.
ser tomadas para aumentar a eficácia das
Se você é um iniciante nas duas op‐
Inspeções mediante o conhecimento do que
ções, está começando na sua área técnica e
se inspeciona e de medidas práticas para a
ao mesmo tempo iniciando a fazer Inspe‐
otimização dos resultados.
ções, vá com calma. Registre tudo o que
Os próximos itens procuram explo‐ achar suspeito e troque ideias com quem co‐
rar maneiras de melhorar uma Inspeção bus‐ nhece o princípio de funcionamento dos
cando chegar ao máximo que o trio Inspetor, equipamentos inspecionados. Discuta possi‐
câmera e Software podem alcançar. bilidades de interpretação e diagnósticos.
Avalie prognósticos. E sempre dê os méritos
10.2 SAIBA O QUE VOCÊ SABE a quem o ajudou. É a maneira mais rápida de
aprender as duas coisas.
Se você está começando a fazer Ins‐
peções, mas é um técnico ou engenheiro ex‐
periente, sua dificuldade maior será no

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 749


CAPÍTULO X – MELHORANDO OS RESULTADOS EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

10.3 DEFINA O QUE É DE IMPORTÂNCIA OU muito tempo e com resultados pouco signifi‐
NÃO cativos. Defina anteriormente ao início dos
trabalhos, o que é mais importante. Você irá
Ao iniciar uma Inspeção é funda‐ inspecionar apenas instalações de média e
mental que o Inspetor saiba o que vai inspe‐ alta tensão? Vai inspecionar só baixa ten‐
cionar. Quanto mais souber, melhor será o são? Até quantos volts? 220 ou 24 Volts? Se
resultado final. Conhecer os equipamentos, você não for o responsável por essa decisão,
seus princípios de operação, as tensões e solicite à Gerência responsável. Defina antes
correntes envolvidas, os riscos de um mau a filosofia de abordagem para ter os critérios
funcionamento para o sistema, bem como de Inspeção definidos.
para os humanos envolvidos e como devem
ser seus comportamentos elétrico e térmico 10.5 DEFINA O QUE É UM “PONTO”
em condições normais de operação é condi‐
ção fundamental para executar uma Inspe‐ Uma confusão muito comum em
ção. Sem esse conhecimento, fatalmente Inspeções é a definição daquilo que o jargão
anomalias passarão despercebidas e a credi‐ técnico chama de “ponto”. Os clientes tanto
bilidade do Inspetor e/ou do método será internos como externos acham que um
questionada. ponto é aquilo que eles acham que é. Mas
Dentro do que vai ser inspecionado, não há consenso claro a esse respeito. Um
qual é o item mais importante? Qual deve ponto pode ser tanto uma subestação in‐
ser priorizado e quais as repercussões de terna como uma porta de painel de ilumina‐
uma anomalia neste local? Se estas informa‐ ção ou um relé térmico. Se forem contabili‐
ções não fizerem parte da cultura do Inspe‐ zados como pontos todas as conexões inspe‐
tor, ele deve ser acompanhado por quem cionadas em um dia de trabalho, o número
possa fornecer essas informações quando subirá às dezenas de milhares. Escolha uma
necessário. Se mesmo assim o Assistente definição suficientemente flexível para ser
Técnico não souber informar, cabe ao Inspe‐ operacional, de acordo com as necessidades
tor decidir se comunica o achado imediata‐ do cliente.
mente ao gerente responsável ou ao final do
período. 10.6 DEFINA UMA ROTA

10.4 SEPARE EM NÍVEL DE Sair para campo fazer uma Inspeção


DETALHAMENTO O QUE VAI SER sem rota definida é perda de tempo. Analise,
INSPECIONADO junto com a Gerência responsável, a rota
que irá ser seguida. Priorize por nível de ten‐
Os equipamentos industriais, prin‐ são, pelo fluxo de produção ou pela disposi‐
cipalmente os elétricos, podem ter uma infi‐ ção geográfica das instalações e equipamen‐
nidade de detalhes a serem inspecionados e tos. Escreva o roteiro de forma que possa ir
diagnosticados. Se você for extremamente checando a execução e anotando particula‐
detalhista, a Inspeção poderá demorar ridades importantes. Salve o roteiro com

750 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO X – MELHORANDO OS RESULTADOS EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

data e nomes claros. Atualize sempre o ro‐ tagueamento lógico e consequente servirá
teiro a cara rodada de Inspeção. para outras funções como planejamento de
manutenção, atualização de centros de
Tenha em mente que alguns seto‐
custo, compras, projetos e assim por diante.
res trabalham 24 horas com carga plena. Ou‐
Crie um sistema que permita o sub‐taguea‐
tros só entram a plena carga em algumas ho‐
mento quando necessário, de forma a que
ras do dia. Nem sempre é possível inspecio‐
seja lógico e autoexplicativo.
nar todos os equipamentos ou instalações
em condições ideais de carga. Assim, a rota
10.8 DEFINA QUAIS ERROS DEVERÃO SER
pode desempenhar um fator importantís‐
IGNORADOS OU SER SUBENTENDI‐
simo na detecção dos defeitos existentes em DOS
uma instalação. Quatro critérios são os mais
comuns de serem utilizados:
Ao trabalhar com qualquer técnica
 Da entrada de AT ou MT para as tensões de ensaio, você deve estar ciente das limita‐
mais baixas; ções que ela possui, onde pode e deve ser
 Seguindo a linha de produção indo da en‐ aplicada e quais são os erros que estará co‐
trada dos insumos até o produto final; metendo. O fator mais importante em uma
técnica de múltiplas aplicações como a Ter‐
 Seguindo os gargalos de produção em pri‐
mografia é: o erro que estou cometendo
meiro lugar;
pode me levar a um diagnóstico incorreto? O
 Seguindo a localização geográfica das ins‐ Inspetor deve conhecer os artefatos introdu‐
talações. zidos nas imagens térmicas como aqueci‐
Cada uma dessas opções tem as mentos por convecção, reflexos, variações
suas vantagens e desvantagens e deve ser de emissividade, resfriamentos e assim por
avaliado qual delas é mais interessante para diante. A Termografia é uma técnica extre‐
a instalação em questão. Algumas serão mamente dinâmica e dependente do mo‐
mais rápidas, entretanto, ao custo de não mento em que o ensaio é efetuado: naquele
inspecionar os equipamentos em seu mo‐ momento havia carga de terceira harmônica
mento de carga maior. Outras necessitarão e quinze minutos mais tarde, não havia mais.
de mais tempo, contudo cobrirão os equipa‐ Tudo mudou. E o Inspetor tem de estar ci‐
mentos de melhor forma. Mesmo assim, to‐ ente desses artefatos ou correrá o risco de
das as opções serão vantajosas, sendo o caso emitir diagnósticos incorretos. Um diagnós‐
de se estudar qual será a mais adequada. tico incorreto pode efetivamente custar mi‐
lhões de dólares a uma empresa.
10.7 DEFINA OS TAG’S E SUB‐TAGUEA‐
MENTO 10.9 DEFINA O TIPO DE ERRO QUE IRÁ CO‐
METER

Se a unidade industrial que vai ser


inspecionada não tem seus equipamentos Há uma regra que diz: é melhor ter
tagueados, é uma boa ideia sugerir à Gerên‐ certeza de que se está errando do que achar
cia responsável o tagueamento prévio. Um que não há erro. Ao saber que se está come‐

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 751


CAPÍTULO X – MELHORANDO OS RESULTADOS EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

tendo um erro, pode‐se trabalhar para cor‐  A emissividade do objeto de interesse;


rigi‐lo e até eliminá‐lo. Mas achar que o que  Fontes de calor externas que possam al‐
se está vendo e medindo em Termografia é terar a temperatura do corpo ou refletir
absolutamente o que está acontecendo, é sobre ele;
correr um risco inaceitável em Inspeções. A
Termografia impacta não só a produção in‐  O resfriamento pelo vento, ventilação for‐
dustrial, mas também, e efetivamente, a se‐ çada ou por convecção;
gurança de bem‐estar de muitas pessoas.  Carga instantânea sem acesso à medição;
Basta imaginar um erro de diagnóstico em
 Dimensionamento do componente não
um ramal que alimenta um hospital. Embora
disponível;
na teoria devam existir grupos geradores
nesses estabelecimentos, se eles irão funci‐  Histórico de solicitação elétrica e mecâ‐
onar na hora da necessidade, se existe com‐ nica do componente;
bustível suficiente ou se a manutenção está  Ângulo de visada disponível;
atrasada são dados que o Inspetor não tem
 Resolução óptica e alcance/amplitude
controle. Mas uma Termografia bem‐feita
térmica da câmera e assim por diante.
pode evitar que essas outras falhas sejam
descobertas de maneira trágica. Mesmo com todos esses atenuan‐
tes, a Termografia tem se mostrado uma fer‐
10.10 ERROS INTRÍNSECOS AO PROCESSO ramenta extremamente eficaz na avaliação
DE MEDIÇÃO DE TEMPERATURA qualitativa e quantitativa em uma série pra‐
ticamente ilimitada de aplicações. Isso por‐
Se o Inspetor optar por utilizar cri‐ que, em termos práticos, a exatidão de uma
térios predominantemente quantitativos, leitura nem sempre é o fator mais significa‐
terá de arcar com a responsabilidade do tivo.
acerto nas leituras de temperatura. Teorica‐ Uma maneira inteligente de reduzir
mente na Termografia não é necessário inse‐ o impacto dessas variáveis é ter o conheci‐
rir um termômetro ou termopar no objeto mento e controle sobre elas, na medida do
de interesse para saber a sua temperatura. É possível, ou seja: o conhecimento e a padro‐
suficiente ler e corrigir a radiação infraver‐ nização dos erros permitirão diagnósticos
melha que irradia espontaneamente quando mais confiáveis e seguros ao longo do
submetido a uma carga. Se todos os fatores tempo. Da mesma forma, permitirão a cons‐
envolvidos forem conhecidos, será possível trução de um histórico da planta e formarão
saber com uma exatidão muito boa a tempe‐ a cultura necessária para uma redução signi‐
ratura desse corpo. O problema reside no ficativa das falhas elétricas. A programação
controle da palavra todos. de intervenções para manutenção se tornará
Para a Termografia é plenamente mais produtiva e os custos significativa‐
possível ler a temperatura exata de um ob‐ mente menores.
jeto, mas somente em laboratório! Em
campo, há diversos fatores que fogem do
controle do Inspetor, por exemplo:

752 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO X – MELHORANDO OS RESULTADOS EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

10.11 VERIFIQUE SE AS CARACTERÍSTICAS meras com ajuste de foco, lentes inter‐


DA CÂMERA SÃO SUFICIENTES cambiáveis e de ângulos de visada variá‐
veis.
Quando for utilizar uma câmera in‐
fravermelha, há alguns fatores que influen‐ 10.12 DIAGNÓSTICOS QUALITATIVOS E
ciam diretamente nos erros que irão ser co‐ QUANTITATIVOS
metidos:
 Resolução do sensor: quanto maior a re‐ Com relação à diferença entre di‐
solução, melhor a qualidade das imagens agnósticos qualitativos e quantitativos, ob‐
e mais caras as câmeras; serve‐se, por exemplo, o caso de um isola‐
dor classe 15 kV. Na realidade, não importa
 Taxa de atualização: câmeras com baixa se está com cinco, dez ou quinhentos graus
taxa de atualização, tipo 7 Hz, 9 Hz ou acima da temperatura ambiente. A carac‐
qualquer valor inferior a 30 Hz são sem‐ terística funcional de um isolador exige
pre mais baratas. Mas as imagens têm a que ele não apresente sequer um grau
tendência de borrar, mesmo que com ar‐ acima do meio ambiente. Isso porque esse
tifícios de Software pareçam mais nítidas. único grau significa que já possui um cami‐
Quanto menor a taxa de atualização, mais nho de fuga para a Terra e que é apenas
barata a câmera; uma questão de tempo para que venha a
explodir causando um curto para a Terra e
 Óptica disponível: uma câmera com lente uma parada geralmente muito cara!
mais “aberta” em termos de ângulo de vi‐ Mesmo se a temperatura lida for algo que
sada, enxergará mais coisas em uma extrapole os limites do razoável, tipo um
única visada. Mas poderá perder em reso‐ isolador com 500 °C, ainda assim não será
lução espacial e a resolução de medição a temperatura que criará a urgência de in‐
poderá ser comprometida. E, evidente‐ tervenção, mas sim a possibilidade de ex‐
mente, câmeras com lentes fixas, sem plosão. E, lamentavelmente, não há esta‐
ajuste de foco e com grande abertura de tística que diga que um isolador explodirá
visada são muito mais baratas que as câ‐ na próxima meia hora por estar com 500 °C
e o que está com 2 °C não.

Figura 10.1 – Diagnóstico qualitativo ou quantitativo de um isolador?

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 753


CAPÍTULO X – MELHORANDO OS RESULTADOS EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

10.13 CONEXÕES E CONTATOS ELÉTRICOS aquecimento. Revisando o que já foi discu‐


– CICLO DE FALHA tido no Capítulo I, Item 1.11 Ciclo Teórico de
Falha em Uma Conexão Elétrica, veja na
No caso dos contatos e conexões Figura 10.2:
elétricas, por exemplo, deve sempre ser lem‐
brado que há um ciclo de falha envolvido no

Figura 10.2 – Ciclo teórico de uma falha elétrica.

A curva da Figura 10.2 mostra que O caso, já apresentado anterior‐


muitos dos contatos ou conexões que são mente, ilustra bem componentes defeituo‐
inspecionados podem estar em seu ciclo de sos, porém “frios”. Como se pode observar
baixa. Assim, isso significa que se estiverem no Termograma, os cabos possuem tempe‐
frios quando o Termovisor os enxergar, se‐ raturas equilibradas na ordem de 50 °C, re‐
rão considerados normais apesar de eventu‐ gistrando a passagem de uma corrente equi‐
almente já apresentarem um defeito in‐ librada em cada um deles. No entanto, o
terno. A solução para esse impasse é estudar cabo da Fase da Esquerda encontra‐se seve‐
qual a periodicidade e horários seriam os ramente deteriorado por ter aquecido muito
mais adequados para uma determinada ins‐ além do seu limite em um tempo anterior à
talação, painel ou componente. Um valor, a Inspeção. Se não houvesse a deterioração
priori, deve então ser assumido para avalia‐ evidente sob a luz visível, esse ponto seria
ção posterior. considerado termograficamente normal ou
aceitável, ignorando o fato de ele estar “sol‐
dado” internamente!

Anotações:

754 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO X – MELHORANDO OS RESULTADOS EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

Figura 10.3 – Pontos frios e soldados em cabos elétricos.

A solução, nesse caso, para detectar Inspeção a cada dois ou três meses. Cada
precocemente situações como esta, seria di‐ caso de interesse deve ser analisado indivi‐
minuir a periodicidade para inspecionar esse dualmente em busca do melhor desempe‐
componente durante o seu ciclo de alta. Por nho.
outro lado, os fatores que influenciam nessa
periodicidade são muitos e, via de regra, es‐ 10.14 CARGAS
tão fora do alcance técnico do pessoal envol‐
vido. São eles: qualidade do material empre‐ Na teoria, toda Inspeção Termográ‐
gado na montagem, qualidade da mão de fica deve ser realizada com a carga máxima
obra utilizada na montagem, dimensiona‐ para uma determinada instalação ou compo‐
mento original, regime de carga até a Inspe‐ nente. Porém, em muitos casos, a carga má‐
ção, ampliações, fatores ambientais como xima poderá ser a nominal de projeto do
atmosfera úmida, corrosiva ou com depósito componente ou até mesmo uma fração
de poluentes, carga instantânea no mo‐ desta. Mas, na imensa maioria dos casos, a
mento da Inspeção e fatores como emissivi‐ carga instantânea, aquela que se encontra
dade e histórico anterior de solicitações de no dia a dia, não é a máxima de projeto ou
carga ou surtos de corrente. nem sequer a nominal do componente. Isso
A maneira de avaliar se a periodici‐ se deve a regimes de produção, horários, de‐
dade está adequada é medir dois fatores: manda de mercado e até mesmo a projetos.
Assim, e para contornar essa dificuldade, re‐
1) A quantidade de anomalias térmicas tem
comenda‐se que não sejam feitas Inspeções
diminuído por Inspeção no mesmo ro‐
com menos de 50% da carga nominal ou em
teiro?
casos extremos, 40% da capacidade do com‐
2) A gravidade das anomalias encontradas ponente. Mas essa é uma informação teó‐
tem sido menor? rica. Na prática, em inúmeros casos, tem‐se
A junção dessas duas variáveis indi‐ que optar: ou faz‐se a Inspeção com carga
cará qual a periodicidade ideal para uma baixa ou não se faz nenhuma Inspeção.
planta ou para um setor dela. Isso significa Dessa forma, e de maneira conservativa, é
que não necessariamente toda uma planta mais interessante fazer a Inspeção com
que tem uma periodicidade de seis meses carga baixa do que não fazer. Além do mais,
não possa ter setores que necessitem uma carga baixa não quer dizer necessariamente

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 755


CAPÍTULO X – MELHORANDO OS RESULTADOS EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

temperatura baixa. Veja, por exemplo, os casos a seguir já apresentados ao longo deste volume:

Figura 10.4 – Defeito em analisador de energia com baixa corrente.

Figura 10.5 – Defeito em CLP.

CLPs são conhecidos por suas bai‐ uma carga de 100% (ou nominal) para um
xas tensões e correntes, mas nem por isso determinado componente. No entanto, para
deixam de apresentar problemas, como que esse cálculo seja possível, terá de ser in‐
pode ser visto no Termograma da Figura formada a corrente instantânea no mo‐
10.5. Da mesma forma, sinais de tensão mento da Inspeção, o que nem sempre é
também possuem corrente muito baixa, possível ou permitido pelas normas de segu‐
mas também podem apresentar aqueci‐ rança de uma instalação específica. Além
mentos como no analisador da Figura 10.4. disso, serão fundamentais para esse cálculo:
E qualquer um desses dois equipamentos a capacidade nominal do componente, a
pode causar uma parada onerosa de má‐ temperatura ambiente e a temperatura do
quina, de processo ou eventualmente na fá‐ alvo em si.
brica como um todo. O método, então, a ser
escolhido para decidir o que inspecionar ou
não, deve incluir não a carga, mas também
a função estratégica que o componente de‐
sempenha no sistema como um todo.
Além disso, eventualmente, é possí‐
vel calcular a temperatura estimada para

756 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO X – MELHORANDO OS RESULTADOS EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

10.15 CRIE UM RELATÓRIO PARA SUAS  Seguindo a linha de produção indo da en‐
INSPEÇÕES COM ESTATÍSTICAS trada dos insumos até o produto final;
 Seguindo os gargalos de produção em pri‐
Desenvolva um relatório claro e meiro lugar;
simples para apresentar ao seu cliente, in‐  Seguindo a localização geográfica das ins‐
terno ou externo. Coloque as informações talações.
necessárias, mas sem exageros e detalhes
 Contorne as principais fontes de erro:
técnicos não importantes para o cliente fi‐
nal. Desenvolva um sistema que calcule as  Carga baixa contínua ou em horários es‐
estatísticas relevantes para esse cliente de pecíficos;
tal forma que ele possa colaborar no refino  Acesso obstruído por portas travadas,
das estratégias de Inspeção e critérios de acrílicos, objetos;
avaliação.  Ângulos de visada;
 Câmera infravermelha e óptica adequa‐
10.16 RECOMENDAÇÕES GERAIS
das;
 Ventilação forçada;
Considere desenvolver um plano
conjunto com a Gerência responsável ou  Umidade relativa do ar muito alta para
com uma consultoria em Termografia para distâncias maiores de 10 m;
aperfeiçoar os resultados. Sempre que pos‐  Desprezar correntes baixas como não im‐
sível, estabeleça o custo de equipamento portantes;
poupado ou de produção perdida evitada a  Descrições inexistentes ou incorretas dos
fim de montar relatórios gerenciais demons‐
componentes inspecionados;
trando o refino no uso da tecnologia. Monte
 Pessoal de acompanhamento técnico não
um museu com as peças defeituosas retira‐
das de operação e anexe cópias das páginas suficientemente qualificado.
dos relatórios que identificaram os defeitos  Utilize os diferentes critérios térmicos ou
com uma estimativa de retorno econômico e estratégicos para avaliar o desempenho
financeiro para a empresa. Isso contribuirá tanto das manutenções efetuadas como
decisivamente para a cultura da empresa no seu impacto na redução de pontos encon‐
uso da Termografia e no respeito aos profis‐ trados;
sionais que a utilizam.
 Procure se assegurar de que a carga é
10.17 RESUMO aproximadamente a mesma em Inspe‐
ções sucessivas;

 Organize a rota para aperfeiçoar os resul‐  Controle o desempenho das Inspeções


tados da Inspeção. sucessivas:

 Escolha um dos critérios abaixo:  Verifique o número de pontos de urgên‐


 Da entrada de AT ou MT para as tensões cia e programados, térmica e estrategica‐
mais baixas; mente;

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 757


CAPÍTULO X – MELHORANDO OS RESULTADOS EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

 Veja a tendência de aumento ou diminui‐ equipamentos com criticidades diferen‐


ção; tes.
 Verifique a proporção entre locais inspe‐  Mesmo que sua empresa não possua um
cionados e pontos encontrados; Termovisor próprio, providencie um trei‐
 Localize os setores onde acontecem mais namento para os envolvidos, chefias, in‐
pontos urgentes; clusive, para que saibam como interpre‐
 Mude a periodicidade e verifique a dimi‐ tar melhor os relatórios e visualizar novas
nuição ou não dos pontos quentes encon‐ aplicações que resultem em mais lucro e
trados; economia para a empresa.
 Estabeleça periodicidades diferentes para

Anotações:

758 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO X – MELHORANDO OS RESULTADOS EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 759


CAPÍTULO XI
SEGURANÇA NA TERMOGRAFIA EM
INSTALAÇÕES ELÉTRICAS
CAPÍTULO XI – SEGURANÇA E TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

11.1 INTRODUÇÃO
11.2 RISCOS EM INSPEÇÕES NA ÁREA
ELÉTRICA
A Termografia, como técnica não in‐
vasiva por excelência, é um dos procedimen‐
Para ser possível utilizar a Termo‐
tos de ensaio mais seguros, tanto para as ins‐
grafia em Inspeções em instalações elétricas,
talações inspecionadas como para os Inspe‐
todos os equipamentos deverão estar ener‐
tores. Nenhum contato físico é necessário,
gizados e sob carga. Isso leva à necessidade
mas, por outro lado, todas as instalações ins‐
de se ter alguns cuidados adicionais além do
pecionadas apresentarão riscos variados
que regulamenta a NR‐10, que é a Norma re‐
para o Inspetor. Não só as instalações e equi‐
gulamentadora brasileira para atividades em
pamentos em si apresentarão riscos implíci‐
e com instalações elétricas.
tos, mas os procedimentos de acesso, deslo‐
camento entre áreas, tipos de atmosferas e Proximidade: SEMPRE devem ser
outras circunstâncias imprevistas poderão respeitados os limites de segurança de
colocar em risco a integridade do Inspetor. acordo com a tensão envolvida. A NR‐10, nos
Recomendamos ainda a leitura do Capítulo seus itens 10.6 a 10.8, regulamenta os pro‐
XI do Volume 1, Segurança do Inspetor de cedimentos e condições de segurança a se‐
Termografia, onde há outros itens que po‐ rem atendidos.
dem ser importantes com relação à segu‐ A NR‐10 prevê as distâncias míni‐
rança do Inspetor. A seguir, algumas consi‐ mas de segurança e zonas controladas:
derações importantes quanto à Termografia
em Instalações Elétricas.

ZL Zona livre.

Zona controlada, restrita a trabalhadores


ZC
autorizados.

Zona de risco, restrita a trabalhadores


autorizados e com a adoção de técnicas,
ZR
instrumentos e equipamentos
apropriados ao trabalho.

PE Ponto da instalação energizado.


Superfície isolante construída com
SI material resistente e dotada de todos
dispositivos de segurança.

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 763


CAPÍTULO XII – SEGURANÇA NA TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

ZL Zona livre.
Zona controlada, restrita a trabalhadores
ZC
autorizados.
Zona de risco, restrita a trabalhadores
autorizados e com a adoção de técnicas,
ZR
instrumentos e equipamentos
apropriados ao trabalho.
PE Ponto da instalação energizado.

Superfície isolante construída com


SI material resistente e dotada de todos
dispositivos de segurança.
Figura 11.1 – Zona de risco e zona controlada.
Fonte: NR‐10. Imagens: CEMAR.

Tabela 11.1 – Raios de delimitação de zonas de risco, controlada e livre

Rr – Raio de delimitação Rc – Raio de delimitação


Faixa de tensão nominal da
entre zona de risco e entre zona controlada e
instalação elétrica em kV
controlada em metros livre em metros

1 0,2 0,7
1e3 0,22 1,22
3e6 0,25 1,22
6 e 10 0,35 1,35
10 e 15 0,38 1,38
15 e 20 0,4 1,4
20 e 30 0,56 1,56
30 e 36 0,58 1,58
36 e 45 0,63 1,63
45 e 60 0,83 1,83
60 e 70 0,9 1,9
70 e 110 1 2
110 e 132 1,1 3,1
132 e 150 1,2 3,2
150 e 220 1,6 3,6
220 e 275 1,8 3,8
275 e 380 2,5 4,5
380 e 480 3,2 5,2
480 e 700 5,2 7,2

Fonte: NR‐10

764 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO XII – SEGURANÇA NA TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

Na rotina diária de Inspeção Termo‐ segurança fornecida pela imagem a distância


gráfica, é comum o Inspetor inadvertida‐ o leva a sentir‐se seguro e esquecer que está
mente se aproximar do objeto de interesse diante de um equipamento energizado e di‐
para obter uma imagem com melhor resolu‐ nâmico, que pode a qualquer momento
ção e melhor definição da anomalia detec‐ apresentar um defeito ou até mesmo uma
tada. Além do mais, o Inspetor permanece falha.
focado na imagem e, frequentemente, fica Há basicamente três posições ao se‐
desatento ao mundo físico ao seu redor. gurar uma câmera infravermelha nas mãos,
Nessas situações, o Inspetor se expõe ao conforme pode ser visto na Figura 11.2:
risco de um acidente porque a sensação de

Figura 11.2 – Posições de uso de uma câmera infravermelha.

Figura 11.3 – Modelos de intertravamento.

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 765


CAPÍTULO XII – SEGURANÇA NA TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

 Pisos elevados: pisos elevados nem sem‐ precisa do que está contido nesses locais.
pre ficam bem encaixados após interven‐ É sempre mais seguro ter à disposição
ções por diversos tipos de profissionais, uma lanterna de pequeno porte e, se for
desde construção civil, processamento de o caso, voltar em outra ocasião quando já
dados e elétrica. Assim, cautela deve ser esteja reestabelecida a iluminação do lo‐
empregada ao caminhar sobre eles, espe‐ cal;
cialmente quando estiverem de fronte a  Espaços confinados: alguns painéis, cai‐
painéis abertos com circuitos elétricos xas de ligação ou leitos de cabos estão lo‐
energizados. Cabe ao setor de segurança calizados em locais de difícil acesso, onde,
da empresa demarcar locais conhecidos muitas vezes, apenas o Inspetor consegue
sem as condições de segurança necessá‐ entrar com a câmera. Além das dificulda‐
rias para a execução da Inspeção;
des em focar corretamente, há o risco de
 Policarbonatos em Painéis: de acordo atmosfera insalubre ou ainda de gases
com a NR‐10, painéis elétricos de baixa acumulados e inodoros. Inspeções nesses
tensão, sem o uso de chave, exigem a co‐ locais devem ser sempre autorizadas pela
locação de chapas de policarbonato. Es‐ segurança do trabalho e atender às nor‐
sas placas, se colocadas de forma inade‐ mas de segurança pertinentes;
quada, podem representar risco tanto  Ruído: o ruído industrial é fator de es‐
para o Inspetor como para o Assistente tresse para o Inspetor. Além do risco de
Técnico da Inspeção. Sugere‐se forte‐ uma eventual distração quando em um
mente que essas chapas sejam instaladas local de risco, ao longo do dia, a exposição
com trincos e dobradiças internas ou com a ruídos intensos irá diminuir a capaci‐
cavilhas e cunhas para extração fácil e se‐ dade de atenção e percepção do Inspetor.
gura. Via de regra, e para fins de otimiza‐ Proteção auricular é sempre recomen‐
ção do tempo empregado na Inspeção, o dada em ambientes sujeitos a ruídos
manuseio dessas placas deve ficar a cargo acima do permitido pelas normas de se‐
do Assistente Técnico; gurança aplicáveis;
 Circulação de máquinas e empilhadeiras:  Áreas sujeitas a Explosão: em muitos am‐
em muitos ambientes industriais, a circu‐ bientes industriais há áreas onde a con‐
lação de veículos em corredores internos centração de gases explosivos é possível
é comum e representa um risco para o por vazamentos ou por mudanças na di‐
Inspetor que muitas vezes tem de traba‐ reção do vento. Embora não haja proble‐
lhar em painéis instalados em corredores mas de faiscamento em câmeras infraver‐
e áreas de circulação comum. Trânsito de melhas, há que considerar que existem
empilhadeiras e carrinhos industriais são dezenas de milhares de câmeras em ope‐
fatores de riscos aos quais o Inspetor ração e sempre é possível que alguma de‐
deve estar continuamente atento; las apresente um problema de faisca‐
 Iluminação ambiente: ambientes escu‐ mento por defeito ou por erro de manu‐
ros, sejam subestações ou painéis, podem seio. Sendo assim, apesar de mais de 30
trazer riscos devido a não identificação anos atendendo a indústria petroquímica

766 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO XII – SEGURANÇA NA TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

sem nenhum incidente, é recomendação vadas pela segurança do trabalho e sem‐


expressa discutir com a segurança do tra‐ pre com cinto de segurança do modelo
balho durante a Avaliação Preliminar de apropriado. Conforme a situação, geral‐
Risco se há ou não a possibilidade de um mente em escadas sem guarda‐corpo, é
acidente deste tipo antes de iniciar os tra‐ necessário o uso de corda de segurança
balhos; com trava‐quedas. A câmera, por sua vez,
deve ser acondicionada em sua mala de
 Acesso por escadas de marinheiro: mui‐
transporte, firmemente fechada e içada
tas instalações dispõem de acessos a pai‐
por corda. O Inspetor não deve, em hipó‐
néis e subestações por escadas de mari‐
tese alguma, subir por uma escada de ma‐
nheiro. O Inspetor deve sempre acessar
rinheiro com uma câmera presa ao pes‐
estas escadas depois de terem sido apro‐
coço;

Figura 11.4 – Acesso em escada de marinheiro com e sem guarda‐corpo.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 767


CAPÍTULO XII – SEGURANÇA NA TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

 Acesso aos painéis: muitas instalações fa‐


bris expõe o Inspetor a mais riscos do que
deveriam. A facilidade ao acesso e a rotas
de fuga devem ser sempre livres e desim‐
pedidas. No entanto, alguns layouts são
tão arriscados que o Inspetor pode se re‐
cusar a efetuar a Inspeção ou solicitar à
Segurança do Trabalho que compareça ao
local de Inspeção para avaliar os riscos.
Segurança não diz respeito apenas às con‐
dições de Inspeção, mas também à rápida
evacuação e atendimento a um eventual
ferido. O caso ao lado, por exemplo, se re‐
fere ao acesso a painéis de força e co‐
mando em máquinas injetoras, que fica‐
vam ao nível do chão. O acesso, sem as
mínimas condições de segurança, se fazia
por entre as esteiras de transporte de pe‐
ças;

Anotações:

768 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO XII – SEGURANÇA NA TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

Figura 11.5 – Acessos sem condições de evacuação rápida.

 Outros Riscos: na prática diária da Termo‐ e investimento, a segurança das instala‐


grafia em instalações elétricas, há basica‐ ções e pessoas é ainda quase que total‐
mente dois tipos de Inspeção: a que é efe‐ mente desconhecida, ainda mais pelos ní‐
tuada por pessoal próprio da instalação e veis mais altos de Gerência. Assim, é um
a que é contratada e executada por ter‐ fator extremamente importante a divul‐
ceirizados. Em ambos os casos, as normas gação da qualidade e das repercussões
básicas de segurança devem ser atendi‐ das Inspeções de Termografia dentro de
das, sendo sempre recomendado que a uma planta industrial. É altamente reco‐
Inspeção seja realizada por um Inspetor mendável que sempre que uma anomalia
qualificado e um Assistente Técnico. En‐ térmica for registrada, que sua manuten‐
quanto o Inspetor realiza a verificação, ção posterior seja documentada. As peças
ajustes da câmera e registro dos dados, o encontradas com defeitos flagrantes de‐
assistente se encarrega de abrir e fechar verão ser retiradas, fotografadas e, se
painéis, verificar as identificações, condi‐ possível, um Museu de Anomalias deve
ções de carga e demais condições de ope‐ ser construído. Os Termogramas registra‐
ração e segurança; dos, as fotos das peças retiradas e se pos‐
 Marketing do seu trabalho: a Termogra‐ sível as próprias peças deverão ser mos‐
fia já tem mais de 50 anos no mercado tradas juntas. Um informativo interno tal‐
(2017) e ainda hoje no Brasil a maioria de vez possa ser elaborado comentando o
que foi evitado, as providências que fo‐
suas aplicações é desconhecida. A econo‐
ram tomadas e como a Termografia de‐
mia proporcionada, em termos de tempo
sempenhou um papel fundamental nesse

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 769


CAPÍTULO XII – SEGURANÇA NA TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

processo. A Gerência superior deve ser in‐ quais o Inspetor tem de resolver no mo‐
formada e o Departamento Financeiro mento da Inspeção e manter‐se atento para
deve ser acessado para que possa pleitear os riscos envolvidos. Nem sempre serão ati‐
uma redução nos prêmios de seguros pa‐ tudes suas, mas muitas vezes de improvisa‐
gos devido à Termografia estar sendo ções perigosas em instalações elétricas, atos
feita regularmente e com qualidade. Au‐ inseguros dos assistentes técnicos ou a pre‐
ditorias externas deverão ser contratadas sença de animais peçonhentos. Durante
pelo menos uma vez ao ano com empre‐ qualquer tipo de Inspeção por Termografia,
sas que possuam técnicos certificados por vale sempre o ditado da aviação:
um órgão responsável e honesto a fim de
que a reputação de compromisso com a
qualidade dos profissionais internos seja “Existem pilotos audazes e
reconhecida e a empresa como um todo pilotos velhos.
possa se tornar mais lucrativa e competi‐ Mas não existem pilotos
tiva. Se a sua empresa não utiliza a Ter‐ velhos e audazes.
mografia nesse nível, a sua concorrente, A audácia deve ser
se já não utiliza, em breve o fará. deixada para os filmes de
entretenimento”.
A seguir está uma coleção de situa‐
ções razoavelmente imprevisíveis com as

Figura 11.6 – Aquecimento de causa indeterminada dentro de viga de concreto. Colmeia?

A presença de animais venenosos turas, painéis e cubículos podem conter in‐


em uma Inspeção é sempre possível. Estru‐ setos peçonhentos que ameacem tanto o
Inspetor como o Assistente Técnico.

Anotações:

770 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO XII – SEGURANÇA NA TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

Figura 11.7 – Contato severamente aquecido com risco de evoluir para fusão.

O caso da Figura 11.8 é especial‐ material constituinte desta secionadora, o


mente perigoso por dois motivos: 1) É uma seu comportamento é imprevisível, po‐
instalação de entrada em uma fábrica, em dendo inclusive romper enquanto o Inspetor
13,8 kV. Isso significa que a potência de está de frente a ela. Nessas situações, a pro‐
curto‐circuito disponível é muito alta e capaz vidência mais segura é registrar o Termo‐
de realizar grandes estragos na cabine semi‐ grama e se afastar imediatamente do local,
enterrada; 2) Como a temperatura está pró‐ comunicando à Gerência responsável a situ‐
xima do rubro para o ferro, e não se sabe o ação de emergência.

Figura 11.8 – Parafuso incandescente em barramento de neutro.

Alguns componentes encontrados cobre. O ferro vai ao rubro a partir dos


pelo Inspetor podem estar próximos de seu 1.000K ou 730 °C e o ponto de fusão do co‐
ponto de fusão. No caso da Figura 11.9, a bre é 1073 °C. Nesta situação, em que não se
porca é de liga de ferro e o barramento é de sabe exatamente qual a temperatura da
MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 771
CAPÍTULO XII – SEGURANÇA NA TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

porca, apenas a capacidade de condução do trar o Termograma e se afastar o mais rapi‐


cobre pode estar evitando a fusão do barra‐ damente possível do local notificando a Ge‐
mento ou do cabo. A recomendação é regis‐ rência responsável da anomalia encontrada.

Figura 11.9 – Aquecimento em caixa de aterramento em SE 35,5 kV – colmeia de vespas.

Figura 11.10 – Assistente Técnico em situação de risco.

Algumas situações esdrúxulas acon‐ parte traseira do painel, o Assistente Técnico


tecem, como no caso da Figura 11.10. Nessa foi encontrado em cima de uma estrutura
Inspeção, ao retornar após a Inspeção na improvisada para ter acesso à fixação da

772 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO XII – SEGURANÇA NA TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

chapa de policarbonato. Além de expor a si Técnico expõe os demais presentes a um


mesmo a um risco imprevisível, o Assistente risco desconhecido.

Figura 11.11 – Improvisação perigosa por não se saber o estado interno.

Figura 11.12 – Descarga atmosférica atingindo ponto mais baixo no terreno.

A despeito da belíssima fotografia, segurança para demonstrar que descargas


esta imagem está presente neste item sobre atmosféricas “caem onde querem”. Na foto,

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 773


CAPÍTULO XII – SEGURANÇA NA TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

o raio ignorou o cume mais próximo para cair que subestações remotas, normalmente em
à meia altura. Assim, descargas atmosféricas captações de água, podem estar mais sujei‐
são imprevisíveis e o Inspetor de Termogra‐ tas ao efeito de descargas atmosféricas do
fia tem de estar atento para as tensões de que instalações e equipamentos dentro de
passo e toque quando estiver em uma insta‐ galpões industriais.
lação fabril. É importante lembrar também

Figura 11.13 – Cobra encontrada dentro de painel elétrico.

Alguns répteis buscam lugares abri‐ dentro de um painel. A segurança do traba‐


gados e aquecidos para repousarem ou lho deve ser notificada imediatamente para
construírem abrigos. Todo cuidado é pouco tomar as providências cabíveis.
ao encontrar um animal desses, ainda vivo,

Figura 11.14 – Excesso de zelo na prevenção de acidentes.

Algumas Gerências de fábrica levam Figura 11.14. Segurança é indispensável,


a extremos a prevenção de acidentes mas muitas vezes o excesso de zelo pode
quando se trata de instalações elétricas – mais prejudicar do que ajudar. É necessário

774 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO XII – SEGURANÇA NA TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

o bom senso e conhecimento dos riscos a fim de não sobredimensionar e complicar desne‐
cessariamente a Inspeção.

Figura 11.15 – Inspeção em Painel 4.16 kV em plataforma de perfuração.

Instalações elétricas em platafor‐ petor tem de tomar extremo cuidado ao exe‐


mas de exploração de petróleo, como a da cutar a Inspeção de maneira segura. No caso,
Figura 11.16, costumam ser bastante con‐ a escada estava amarrada para não expor o
densadas para aproveitar o máximo de es‐ Inspetor ao risco de queda enquanto se de‐
paço. Isso pode criar situações em que o Ins‐ bruçava para inspecionar o barramento
atrás do painel.

Figura 11.16 – Ninguém se importa.

Talvez a mensagem da Figura 11.16 se importa, o Inspetor é quem deve se im‐


seja a mais importante de todas. Se ninguém portar! É a vida dele que está de frente a um

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 775


CAPÍTULO XII – SEGURANÇA NA TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

painel energizado. É a vida dele e da sua fa‐ que a imprudência assume e o acidente,
mília que está em risco quando ele toma muitas vezes fatal, acontece. Basta um des‐
uma atitude insegura em frente a um equi‐ cuido, só um, e não há mais volta.
pamento energizado. É a sua saúde e o seu Trabalho seguro é trabalho bem
sofrimento que estão em jogo. É a vida do feito. Normas existem e todo Inspetor deve
Assistente Técnico que está em risco. A ele‐ se recusar a efetuar Inspeções sob risco ina‐
tricidade dificilmente dá uma segunda ceitável. Caso haja insistência por parte da
chance. E se der, custa muito caro, com mui‐ contratante, interna ou externa, é dever do
tas dores e cicatrizes, às vezes pela vida toda. Inspetor se recusar a se expor a um risco ina‐
A eletricidade, de certa forma, é traiçoeira ceitável. A segurança do trabalho deve ser
porque é invisível. Não se vê nada e no má‐ chamada para discutir as eventuais conse‐
ximo se ouve um zumbido. Mas não há nada quências e tomar as medidas cabíveis para
que indique a potência de curto‐circuito dis‐ que a Inspeção seja efetuada com a máxima
ponível e nem o tamanho da destruição que segurança para o Inspetor e para o Assis‐
ela possa causar. tente Técnico.
Com eletricidade, a melhor atitude É melhor não executar uma Inspe‐
é ser respeitoso e consciente. Um medo res‐ ção sob risco do que perder a própria vida. E
peitoso é melhor que uma atitude audaz e pior do que perder a própria vida, pode ser
imprudente. Muitos acidentes com eletrici‐ viver o resto dela com sequelas, às vezes ir‐
dade ocorrem com eletricistas com larga ex‐ recuperáveis. Nesse caso, além da vítima,
periência na área. E por que isso? Porque toda a família estará condenada a sofrer por
eles julgam e imaginam que está tudo sob anos a fio.
controle. E justamente nesse momento é

Anotações:

776 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


CAPÍTULO XII – SEGURANÇA NA TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 777


APÊNDICES
APÊNDICE A –
RECOMENDAÇÕES PARA CORREÇÃO DE ANOMALIAS

A.1 Mau Contato em Conexões Elétricas das por aperto fixo, por parafusos ou pres‐
são mecânica fixa e contínua no caso especí‐
No contexto deste Manual, Cone‐ fico das conexões em cunha pré‐moldada.
xões Elétricas são contatos elétricos entre Conexões podem apresentar uma gama va‐
duas superfícies condutoras mantidas uni‐ riada de ocorrências de mau contato, desde
as microscópicas, invisíveis ao olho nu, até
derretimentos severos.

Figura A.1 – Exemplos de mau contato em conexões em 138 kV, 13,8 kV e 120 VCC.

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 781


APÊNDICE A – RECOMENDAÇÕES PARA CORREÇÃO DE ANOMALIAS

A recomendação padrão é a substi‐ até uma mais fina. A aplicação com gra‐
tuição do componente. No entanto, na prá‐ nito ou mármore se faz envolvendo o pe‐
tica, nem sempre isso é possível ou disponí‐ daço com a lixa e aplicação plana. Muito
vel no tempo adequado. Portanto, e para os cuidado deve ser tomado para não deixar
casos em que não for possível a substituição, ondulações ou inclinações nas peças tra‐
os procedimentos de manutenção poderão tadas. Após a remoção das irregularida‐
seguir pelas sugestões abaixo. O critério de des, o acabamento deverá ser feito com
escolha de quais passos adotar deverá ser polimento. Uma vez concluído o trata‐
escolhido caso a caso e endossado pela Ge‐ mento das superfícies, deverão ser fecha‐
rência responsável. das com o uso de torquímetro de acordo
com as especificações de projeto ou cul‐
1) O desmonte cuidadoso da conexão é o tura acumulada pelo executor de comum
primeiro passo. Cuidado especial deve ser acordo com sua supervisão. É importante
tomado para não danificar os principais observar que se uma das superfícies apre‐
componentes pelo uso de força excessiva sentar anomalias, a sua correspondente
ou uso de ferramentas inadequadas. Caso deverá ser igualmente tratada. Se possí‐
a conexão não possa ser desmontada, ou vel, prefira sempre a substituição por pe‐
por estar oxidada ou soldada interna‐ ças novas ao tratamento de superfície;
mente, pode ser considerada condenada;
4) Em ambientes sujeitos a atmosferas cor‐
2) A Inspeção Visual, igualmente cuidadosa, rosivas, e na prática, tem‐se constatado
definirá o tipo de anomalia e qual o pro‐ que a aplicação de uma pequena quanti‐
cedimento corretivo a ser adotado. Arru‐ dade de vaselina, APÓS SER FECHADA A
elas deverão ser igualmente inspeciona‐ CONEXÃO, melhora significativamente a
das nas suas duas superfícies, assim como sua duração. Isso se deve às característi‐
assentamento de porcas. Não porque ar‐ cas da vaselina de repelir a água, o que
ruelas sejam insubstituíveis, mas porque evita a oxidação das superfícies. Por outro
podem revelar traços de corrosão. Se for lado, e aparentemente, uma vez que o
necessário, utilizar uma lupa para definir contato elétrico efetivo em qualquer co‐
o estado da superfície; nexão se faz microscopicamente devido
ao torque aplicado nas superfícies, a va‐
3) Nos casos em que as superfícies de con‐
selina ou graxa similar preenchem os es‐
tato admitam recuperação, nos casos em
paços vazios entre os pontos de contato
que não há sinal visível de corrosão, o pri‐
evitando a ação da água em suspensão no
meiro passo é o polimento com líquido
ar;
não abrasivo e procedimento adequado.
Se o polimento não for suficiente, pode 5) Não é usual, mas como alternativa emer‐
ser tentada a retificação da superfície gencial pode ser usado o estanho para re‐
com lixa e pedaço de granito ou mármore cobrir as pontas de barras ou tubos dani‐
polido. A granulometria deverá ser ade‐ ficados. No entanto, como o estanho pos‐
quada ao tamanho da corrosão obser‐ sui um ponto de fusão muito mais baixo
vada, iniciando‐se pela lixa mais grossa do que o cobre, deve ficar claro que ele

782 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


APÊNDICE A – RECOMENDAÇÕES PARA CORREÇÃO DE ANOMALIAS

não corrigirá corrosões significativas em A.2 Mau Contato em Contatos Elétricos


barras. O preenchimento das irregulari‐
dades deve ser considerado apenas como No contexto deste Manual, Conta‐
solução emergencial. tos elétricos são áreas onde duas superfícies
condutoras são mantidas unidas por pressão
mecânica, através de molas ou lâminas ten‐
sionadas mecânica e continuamente.

Figura A.2 – Exemplos de mau contato em contatos em 69 kV, 13,8 kV e 380 V.

Contatos elétricos podem apresen‐ mau contato, desde as microscópicas, invi‐


tar uma gama variada de ocorrências de síveis ao olho nu, até derretimentos seve‐

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 783


APÊNDICE A – RECOMENDAÇÕES PARA CORREÇÃO DE ANOMALIAS

ros. A recomendação padrão é a substitui‐ superfícies, deverão ser montadas e fe‐


ção do componente por um novo. No en‐ chadas de acordo com as especificações
tanto, nem sempre isso é possível ou dispo‐ de projeto ou cultura acumulada pelo
nível no tempo da parada. Assim, e se a Ge‐ executor de comum acordo com sua su‐
rência responsável concordar, os passos po‐ pervisão. Em alguns casos, pode ser ne‐
derão ser seguidos. O critério de escolha de cessário com o uso de torquímetro para
quais passos adotar deverá ser escolhido ajuste da pressão adequada aos contatos.
caso a caso. É importante observar que se uma das su‐
perfícies apresentar anomalias, a sua cor‐
1) O desmonte cuidadoso dos contatos é o respondente deverá ser igualmente tra‐
primeiro passo. Cuidado especial deve ser tada. Por se tratar de um procedimento
tomado para não danificar os principais crítico, o lixamento deve ser descartado
componentes pelo uso de força excessiva na imensa maioria das situações. Apenas
ou uso de ferramentas inadequadas. Mo‐ em casos emergenciais e de absoluta falta
las ou tensionadores ocultos poderão dis‐ de peças para reposição, pode‐se efetuar
parar e ser ejetados de suas posições ori‐ um lixamento cuidadoso com o objetivo
ginais. É importante utilizar, se for o caso, de tentar diminuir as irregularidades ou
de ferramentas especiais como alicates anomalias observadas. De qualquer ma‐
para anéis internos, com ou sem mola. neira, a substituição do contato afetado
Caso o contato não consiga ser desmon‐ deverá ser programada para a próxima
tado, deve ser considerado condenado; ocasião possível;

2) A Inspeção Visual, igualmente cuidadosa, 4) Em ambientes sujeitos a atmosferas cor‐


definirá o tipo de anomalia e qual o pro‐ rosivas, na prática tem‐se constatado que
cedimento corretivo a ser adotado. Res‐ uma fina película de vaselina industrial
saltos prateados, cobreados ou com tra‐ entre as superfícies de contato melhora
tamento térmico específico deverão ser significativamente a duração da conexão.
verificados para constatar a presença de Isso se deve às suas características de re‐
corrosão ou oxidação nos pontos de as‐ pelir a água, o que evita a oxidação das
sentamento. Se for necessário, utilizar superfícies. Por outro lado, e aparente‐
uma lupa para definir o estado da super‐ mente, uma vez que o contato elétrico
fície; efetivo se faz microscopicamente devido
à pressão aplicada nas superfícies, a vase‐
3) Nos casos em que as superfícies de con‐
lina ou graxa similar preenchem os espa‐
tato admitam recuperação, a única opção
ços vazios entre os pontos de contato evi‐
tecnicamente admissível é o polimento
tando a ação da água em suspensão no ar
com líquido não abrasivo. Caso as super‐
ou da chuva.
fícies estejam em bom estado, mas sime‐
tricamente desgastadas, pode‐se tentar o
prateamento eletroquímico das superfí‐
cies de contato. Após o tratamento das

784 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


APÊNDICE A – RECOMENDAÇÕES PARA CORREÇÃO DE ANOMALIAS

A.3 Baixo Isolamento em Componentes tempo e depende principalmente da umi‐


Elétricos dade do ambiente ou que está contami‐
nando internamente o objeto de interesse.
Baixo isolamento, que produz aque‐
Um ciclo de aquecimento e resfriamento
cimento no meio isolante, implica em que já
ocorre porque a própria corrente de fuga
há um caminho de corrente de fuga para a
acaba por secar o caminho que está percor‐
Terra. O comportamento térmico, de aque‐
rendo.
cimento ou centelhamento interno, ou ainda
externo, se for o caso, é variável ao longo do

Figura A.3 – Exemplos de baixo isolamento em 230 kV, 13,8 kV e 380 V.

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 785


APÊNDICE A – RECOMENDAÇÕES PARA CORREÇÃO DE ANOMALIAS

Sendo assim, não há como previa‐ recomendável em situações de absoluta


mente dimensionar a extensão ou profundi‐ falta de peça para reposição.
dade do caminho de fuga já aberto. Deve ser É, portanto, altamente recomendá‐
ressaltado ainda que anomalias por baixo vel que seja efetuado previamente à manu‐
isolamento, além de imprevisíveis, têm uma tenção em si, ao menos um teste de isola‐
repercussão maior na planta industrial, mento contra a Terra ou massa e outro após
quando não para toda a planta. Assim, qual‐ a intervenção (limpeza ou aplicação de ma‐
quer intervenção que não seja a substituição terial isolante superficial). Da mesma forma,
do componente com baixo isolamento inclui podem ser aplicados testes de descargas
riscos que a Gerência deve estar ciente ao
parciais ou perda wattada, a critério da en‐
decidir por efetuar a manutenção em vez de
genharia envolvida e da importância do com‐
substituir o componente.
ponente para a instalação.
Há apenas duas opções de interven‐
Como solução padrão, e dado o pro‐
ção conforme o caminho de fuga é superfi‐
porcionalmente baixo custo normalmente
cial ou é interno. Caso seja superficial, é pos‐
envolvido em componentes de isolação, é
sível que uma limpeza, ou aplicação de sili‐
recomendada a substituição pura e simples
cone específico, resolvam o problema. No do componente defeituoso. Essa solução é a
entanto, deve ser considerado o risco de re‐ mais rápida, mais fácil e mais garantida.
energizar um componente com esse tipo de
problema, sem um teste prévio. Medições A.4 Aquecimentos de Origem Interna
de isolamento pré e pós intervenção são al‐ em Componentes Elétricos
tamente recomendadas.
Distribuições térmicas externas e
Nos casos em que a corrente de
que indiquem sobreaquecimentos internos
fuga é interna, eventual e raramente um tra‐
anômalos, devem ser diferenciadas dos
tamento térmico em estufa controlada con‐
aquecimentos esperados e causados por
segue recuperar as condições dielétricas do
carga típica ou eventual sobrecarga. Compo‐
componente a valores aceitáveis para seu ní‐
nentes que apresentarem este tipo de ano‐
vel de tensão e NBI originais. No entanto,
malia devem ser submetidos a desmonte
deve‐se lembrar de que a eventual causa ou
cuidadoso, Inspeção Visual e testes elétricos
caminho inicial da baixa de isolamento pode
compatíveis com o achado. Devem ser inves‐
não ter sido eliminada com o tratamento tér‐
tigados para discriminar e confirmar a ori‐
mico e correr‐se‐á, nesse caso, o mesmo
gem e extensão dos eventuais danos ou de‐
risco de baixo isolamento ao longo do tempo
feitos que estejam causando o aquecimento
ao reinstalar o componente. Como alterna‐
detectado.
tiva para aumentar a segurança, mas ainda
sob condição de risco, pode‐se tentar reiso‐
lar externamente o componente, o que só é

Anotações:

786 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


APÊNDICE A – RECOMENDAÇÕES PARA CORREÇÃO DE ANOMALIAS

Figura A.4 – Exemplos de aquecimento de origem interna em 34,5 kV, 13,8 kV e 380 V.

Apenas no caso de já haver uma cul‐


A.5 Distribuições Térmicas de Origem
tura estabelecida sobre o comportamento
Indefinida
térmico de um determinado componente, e
que aponte como causa um subcomponente Em muitas situações, a origem da
já conhecido, o desmonte e pesquisa de distribuição do calor pode não ficar clara e,
causa podem ser dispensados. Recomenda‐ nesse caso, hipóteses devem ser levantadas
se ainda a documentação fotográfica cuida‐ sobre a causa desses aquecimentos.
dosa dos achados e das providências toma‐
das para posterior avaliação e acompanha‐
mento dos resultados.

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 787


APÊNDICE A – RECOMENDAÇÕES PARA CORREÇÃO DE ANOMALIAS

Figura A.5 – Exemplos de aquecimento de origem desconhecida.

788 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


APÊNDICE A – RECOMENDAÇÕES PARA CORREÇÃO DE ANOMALIAS

Em muitas situações, a origem da desses, uma Inspeção Visual e situacional cui‐


distribuição do calor pode não ficar clara e, dadosa deve ser recomendada com o even‐
nesse caso, hipóteses devem ser levantadas tual desmonte para pesquisa de origem e li‐
sobre a causa desses aquecimentos. Deve mites aceitáveis para o equipamento e seu re‐
sempre levado em consideração a influência gime de carga. A Gerência responsável sem‐
de outras fontes de calor como saída ou con‐ pre deve acompanhar essas situações em vir‐
tinuidade de ventilação, cargas transitórias, tude das consequências e perigo eventual‐
induções, outros equipamentos atrelados ou mente envolvidos.
opostos ou comportamentos inesperados ge‐
rados por novas tecnologias. Em cada caso

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 789


APÊNDICE B – RESPONSABILIDADES DOS INSPETORES DE TERMOGRAFIA

Como em qualquer profissão, os equipamentos e mais ainda para aqueles


Inspetores de Termografia devem executar que trabalham no local.
sua tarefa de forma responsável e ética.
O Inspetor deve emitir pareceres, e Resumindo, um Inspetor de Termo‐
não opiniões. Seus pareceres devem ter ori‐ grafia em instalações elétricas deve:
gem em conhecimentos técnicos embasados
na experiência e no Estudo de Casos. Para  Ter conhecimento de todas as condições
fornecer declarações confiáveis sobre as de segurança necessárias ao desempenho
causas das anomalias detectadas, sobre a in‐ seguro de sua atividade;
tegridade dos equipamentos inspecionados
ou recomendações para ações corretivas ou  Estar ciente dos riscos que irá correr ao
preventivas, exige‐se conhecimento especí‐ desempenhar suas funções;
fico e habilidades técnicas reconhecidas.
 Saber como evitar os acidentes e como
O Inspetor nunca deve ser negli‐ providenciar primeiros socorros se for ne‐
gente ou “achar” que determinado equipa‐ cessário;
mento ou instalação não precisa ser inspeci‐
onado. Se o equipamento está com carga e  Zelar pela sua segurança pessoal e do As‐
oferece condições de segurança, ele pode sistente Técnico;
ser inspecionado. Apenas situações de fla‐
 Se julgar que sua segurança pessoal pode
grante impossibilidade como equipamentos
estar em risco, o Inspetor de Termografia
revestidos em alumínio corrugado, aço inox
pode se recusar a obter uma imagem tér‐
e assemelhados ou onde as fontes de calor
mica e chamar a Segurança do Trabalho
estejam severamente blindadas podem ser
para avaliar a situação;
deixadas de lado.
Falhas em instalações elétricas po‐  Ter conhecimento técnico pleno das ca‐
dem causar incêndios, paradas de máquina, racterísticas da radiação infravermelha
de fábrica, ou ainda, explosões. Pior do que necessárias à execução da Inspeção;
a perda material são as vidas que podem ser
 Ter conhecimento técnico detalhado dos
perdidas em acidentes como estes. O Inspe‐
princípios de funcionamento dos compo‐
tor de Termografia terá de enfrentar sua
nentes que irá inspecionar, da sua função
própria consciência ao ter de encarar que foi
e do regime de operação para entender
negligente, que “não quis ver” uma anomalia
os padrões térmicos observados;
ou estava com preguiça de anotar.
Termografar, produzir relatórios  Estar ciente das possibilidades de aplica‐
bem estruturados e que sejam de fácil com‐ ção, bem como das limitações do método
preensão por parte de quem vai executar as e dos erros que está cometendo na cap‐
intervenções, bem como para as Gerências tura das imagens térmicas;
envolvidas, é fundamental para a saúde dos
MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 791
APÊNDICE B – RESPONSABILIDADES DOS INSPETORES DE TERMOGRAFIA

 Saber a correta aplicação da emissividade que as Inspeções lhe deem acesso pe‐
dos materiais, principalmente nas avalia‐ rante o contratante atual, interno ou ex‐
ções comparativas em relação à tempera‐ terno;
tura máxima admissível e ao gradiente
em relação à temperatura ambiente e um
valor de referência; Quando no decorrer da Inspeção
encontrar uma anomalia térmica, recomen‐
 Ter conhecimentos técnicos para ponde‐ dam‐se as seguintes práticas para a avalia‐
rar os efeitos das condições ambientais e ção delas:
de operação dos equipamentos nos resul‐
tados encontrados;  Respeitando as distâncias limites de segu‐
rança, aproximar‐se o suficiente para ob‐
 Saber corrigir a transmitância espectral,
ter uma imagem nítida e um enquadra‐
quando utilizar janelas infravermelhas;
mento que não despreze o contexto onde
a anomalia está ocorrendo;
 Ser capaz de executar o ensaio, interpre‐
tar qualitativa e quantitativamente os da‐  Ajustar o foco da câmera Termográfica
dos obtidos, sendo responsável pela con‐
para a melhor condição;
fiabilidade dos resultados;
 Se a análise for quantitativa, buscar medir
 Ter conhecimento das normas técnicas a temperatura nos pontos de maior emis‐
aplicáveis; sividade do objeto inspecionado;
 Conhecer detalhadamente a operação do  Obter o Termograma e a imagem na luz
Termovisor utilizado e suas limitações visível do ponto anômalo, bem como a
para o tipo de Inspeção requerida; imagem e leitura de um ponto de referên‐
 Proteger o equipamento Termovisor con‐ cia. Se o Termovisor não dispuser de uma
tra o uso inadvertido de terceiros, bem câmera fotográfica de boa qualidade, uti‐
como choques e quedas que possam da‐ lizar uma câmera externa de boa resolu‐
nificar o equipamento ou seus acessórios; ção e com flash para o registro da imagem
de controle;
 Prevenir falhas no equipamento Termovi‐
 Se as repercussões da evolução da ano‐
sor e providenciar que ele esteja sempre
malia forem perigosas para os equipa‐
limpo, cuidando de não riscar as lentes;
mentos industriais, planta industrial ou
 Ter conhecimento dos requisitos de segu‐ pessoas, informar imediatamente à Ge‐
rança da NR‐10 de acordo com o tipo de rência responsável para avaliação das me‐
Inspeção a ser realizada; didas a serem tomadas em caráter de ur‐
gência.
 Obedecer às práticas e normas de segu‐
rança da empresa;

 Manter sigilo sobre outras descobertas

792 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


APÊNDICE C – TERMOGRAFIA: PROJETO DE EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES

Na sua conduta pessoal, dentro de sejam extensos demais para serem escri‐
uma instalação fabril, o Inspetor de Termo‐ tos no momento. Deve, porém, descrever
grafia deve: o necessário em suas anotações;

 Portar‐se de maneira ética e respeitosa  Promover outras aplicações da técnica


com os assistentes técnicos e demais co‐ em outros contextos;
laboradores;
 Deve levar ao conhecimento de seu cli‐
 Se abster de criticar levianamente ou co‐ ente, interno ou externo, achados inespe‐
mentar sobre outros serviços de Termo‐ rados e eventualmente fora do contexto
grafia já efetuados por outro técnico ou da Inspeção, mas que possam represen‐
empresa. Seus comentários, se aplicáveis, tar perigos ou prejuízos para o contra‐
deverão ser sempre técnicos e embasa‐ tante, seja ele interno ou externo;
dos;
 Não ocultar ou dissimular as limitações da
 Se for necessário, sugerir procedimentos técnica e nem exagerar as suas potencia‐
técnicos corretivos ou preventivos que lidades.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 793


APÊNDICE C – TERMOGRAFIA: PROJETO DE EQUIPA APÊNDICE C – TERMOGRAFIA: PROJETO DE EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES ENTOS E INSTALAÇÕES
APÊNDICE C – TERMOGRAFIA: PROJETO DE EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES

APÊNDICE C –
TERMOGRAFIA: PROJETO DE EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES

C.1 INTRODUÇÃO das Gerências de Manutenção, Produção e


dos Inspetores de Termografia. E claro, tor‐
Apesar de já estar ativa no mercado narão os projetos e equipamentos mais com‐
há mais de 50 anos e já ter poupado milhões petitivos no mercado. Para a melhor com‐
e milhões de dólares todos os meses ao re‐ preensão dos fenômenos no infravermelho
dor do mundo, a importância da Termografia que têm suas repercussões nos exemplos a
ainda não foi compreendida pelos projetis‐ seguir, recomendamos a leitura do Volume
tas de instalações e fabricantes de equipa‐ 1.
mentos. Basicamente equipamentos elétri‐
cos e instalações não foram e continuam não C.2 TELAS DE SEGURANÇA
sendo projetados considerando as caracte‐
rísticas técnicas mínimas necessárias para Telas ou chapas perfuradas são um
inspeções no infravermelho de boa quali‐ obstáculo que interfere sensivelmente na
dade. Há um desconhecimento quase com‐ inspeção de equipamentos energizados.
pleto por parte dos projetistas no que se re‐ Como o objetivo é evitar o contato humano
fere a como projetar equipamentos e insta‐ acidental, a solução é a instalação de telas
lações já prevendo que serão alvo da Termo‐ com malhas que sejam um pouco maiores
grafia. Painéis enclausurados, barramentos que as lentes infravermelhas. Uma malha
ocultos, componentes com emissividade bai‐ bem dimensionada e que interfere muito
xíssima, dispositivos de segurança, os mais pouco tem o espaçamento de 8 X 8 cm ou
diversos tipos de telas são diariamente maior. Caso essa malha não venha a ser per‐
acrescentados às construções elétricas sem mitida por algum motivo, uma portinhola es‐
que seja dada a importância necessária ao trategicamente colocada também resolve o
infravermelho. Por outro lado, e este é um problema, que pode ser fechada com um ca‐
fator crítico, hoje em dia não é mais conce‐ deado de preferência amestrado.
bível para qualquer planta industrial viver Outro tipo de barreira de proteção
sem inspeções no infravermelho. Simples‐ bastante utilizada, as sobras de estampados
mente o custo do não uso da tecnologia seria metálicos, notadamente de círculos ou moe‐
insuportável. das. Esse tipo de barreira complica significa‐
Apresentamos algumas sugestões tivamente a visualização e discriminação de
para projetistas de instalações, painéis e anomalias no infravermelho e deve ser defi‐
equipamentos elétricos que facilitarão a vida nitivamente evitada.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 795


APÊNDICE C – TERMOGRAFIA: PROJETO DE EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES
TERMOGRAFIA: PROJETO DE EQUIPA APÊNDICE C – TERMOGRAFIA: PROJETO DE EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES ENTOS E INSTALAÇÕES APÊNDICE C –
MOGRAFIA: PROJETO DE EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES

Figura C.1 – Exemplos de barreiras metálicas vazadas.

Anotações:
796 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS
APÊNDICE C – TERMOGRAFIA: PROJETO DE EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES
C – TERMOGRAFIA: PROJETO DE EQUIPA APÊNDICE C – TERMOGRAFIA: PROJETO DE EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES ENTOS E INSTALAÇÕES APÊNDICE C –
TERMOGRAFIA: PROJETO DE EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES

C.3 BANCOS DE CAPACITORES maiores, ocultam as conexões e elementos


EXTERNOS posteriores em relação ao inspetor no solo.
Uma solução é instalar os capacitores deita‐
Bancos de capacitores de média dos de tal forma que as duas buchas sejam
tensão são montados com os capacitores na visíveis a partir do solo.
posição vertical. Quando possuem alturas

Figura C.2 – Instalação alta prejudicando a visada.

C.4 PORTAS EXTERNAS E INTERNAS abertura das portas. Portas internas também
deverão ser facilmente abertas para expor
Portas de painéis devem permitir a conexões, barramentos, componentes e de‐
sua abertura plena, bem como deve ser pre‐ mais conteúdos. Micro switches devem pos‐
visto espaço para abertura das portas e pro‐ suir um dispositivo ou by‐pass, que pode ser
cedimentos de evacuação. Também é neces‐ instalado em local ou painel de acesso res‐
sário que as portas disponham de travas que trito e que permita um desligamento rápido
as mantenham abertas durante a inspeção. para a abertura das portas para inspeção.
No caso de ser necessário o intertravamento Há ainda portas que abrem na dire‐
mecânico em chaves ou disjuntores, as tra‐ ção errada dificultando ou impossibilitando
vas deverão ser de fácil liberação para a

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 797


APÊNDICE C – TERMOGRAFIA: PROJETO DE EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES

a inspeção e/ou a entrada do Inspetor no es‐ ção, o Inspetor fica enclausurado entre o pai‐
paço necessário para a inspeção. Em algu‐ nel, a porta e a parede, sem chance se eva‐
mas situações, e para poder realizar a inspe‐ cuação ou socorro em caso de alguma emer‐
gência.

Figura C.3 – Portas com instalação incorreta.

É extremamente importante, por fechamentos acidentais, por toque ou


motivos de segurança, que todas as portas, mesmo vento e que possam atingir o Inspe‐
sejam pequenas ou grandes, tenham um li‐ tor e seus equipamentos.
mitador de abertura com trava. Isso impede

Anotações:

798 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


APÊNDICE C – TERMOGRAFIA: PROJETO DE EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES
C – TERMOGRAFIA: PROJETO DE EQUIPA APÊNDICE C – TERMOGRAFIA: PROJETO DE EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES ENTOS E INSTALAÇÕES APÊNDICE C –
TERMOGRAFIA: PROJETO DE EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES

Figura C.4 – Um modelo de limitador de abertura de porta com trava.

Portas ou chapas internas de poli‐ tamanho do vão da porta. Isso dificulta so‐
carbonato deverão possuir dobradiças com bremaneira a sua extração e aumenta o risco
pequenas chavetas no lado oposto ou Ras‐ de contato indevido com as partes energiza‐
gos de Encaixe e alças para poderem ser re‐ das. É ainda importante lembrar que o uso
tiradas e recolocadas facilmente. Um fator do acrílico está proibido por dois motivos: ao
que atrapalha e atrasa a Inspeção são as cha‐ incendiar‐se propaga as chamas e produz
pas de policarbonato que são exatamente do uma fumaça preta que além de tóxica preju‐
dica a visibilidade da equipe de emergência.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 799


APÊNDICE C – TERMOGRAFIA: PROJETO DE EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES

Figura C.5 – Proteções em material plástico.

É conveniente também que quando turas, com ou sem tampas basculantes, es‐
possível, haja apenas uma lâmina de policar‐ trategicamente posicionadas para permitir a
bonato no vão da porta do painel. Nas situa‐ inspeção do conteúdo protegido.
ções em que isso não for possível, secções Quando o painel não possuir portas,
intermediárias poderão ser fixadas por por‐ mas apenas tampas parafusadas, deve ser
cas borboleta ou com os rasgos de encaixe providenciada a instalação de dobradiças
exemplificados. Caso, por algum motivo, não que permitam a abertura das tampas
seja permitida a retirada da chapa de poli‐ quando necessário, sem riscos para o Inspe‐
carbonato, deverão ser providenciadas aber‐ tor e Assistente Técnico.

Figura C.6 – Painel com tampas e Porta sem abertura plena para visada.

Anotações:

800 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


APÊNDICE C – TERMOGRAFIA: PROJETO DE EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES
C – TERMOGRAFIA: PROJETO DE EQUIPA APÊNDICE C – TERMOGRAFIA: PROJETO DE EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES ENTOS E INSTALAÇÕES APÊNDICE C –
TERMOGRAFIA: PROJETO DE EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES

C.5 ACESSOS EM INSTALAÇÕES tampa. Deve ser previsto espaço para a aber‐
INTERNAS E EXTERNAS tura desta porta para que o Inspetor possa
trabalhar com segurança. Portas internas em
Mesmo em painéis de média ten‐ tela deverão ter também travas ou trincos e
são, as tampas posteriores de painéis podem dobradiças. Da mesma forma, portas inter‐
ter, além dos parafusos, dobradiças e trincos nas ou telas deverão ser facilmente abertas
(ou cadeados) pré‐instaladas de tal forma e, se forem instalados dispositivos de prote‐
que, no dia anterior à inspeção, possam ser ção como micro switches, deverão ser facil‐
retirados todos os parafusos, menos um. No mente by passados para a realização da ins‐
dia seguinte, e por ocasião da inspeção, esse peção. É imprescindível que essas portas te‐
parafuso será retirado e a inspeção realizada nham batentes que impeçam a sua entrada
facilmente, pois não será necessário retirar a para dentro do painel.

Figura C.7 – Tampas posteriores de painéis.

Quando da instalação de transfor‐ robôs. Robôs se movimentam continua‐


madores ou painéis, os acessos projetados mente e são um desafio para o Inspetor con‐
deverão permitir a aproximação do Inspetor seguir imagens estáticas e, em muitos casos,
sem riscos. Instalações em lajes e que re‐ por não se tratar de instalações elétricas,
queiram acesso por escadas de marinheiro ainda são encontradas barreiras em plástico
deverão ser evitadas a todo custo. acrílico que já está proibido. Muitos Inspeto‐
res simplesmente desistem e partem para
Da mesma forma, quando os aces‐
filmagens térmicas a 30 quadros por se‐
sos devem ser restritos, as telas de separa‐
gundo. Mas outras partes dos robôs ficam
ção deverão prever o acesso a Termovisores.
ocultas pelas barreiras de segurança, como
Isso se aplica, por exemplo, às barreiras que
cabos de dados e força, tomadas e plugues.
protegem a circulação humana ao redor de

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 801


APÊNDICE C – TERMOGRAFIA: PROJETO DE EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES
TERMOGRAFIA: PROJETO DE EQUIPA APÊNDICE C – TERMOGRAFIA: PROJETO DE EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES ENTOS E INSTALAÇÕES APÊNDICE C –
MOGRAFIA: PROJETO DE EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES

Uma simples abertura, suficiente para acomodar a lente do termovisor e estrategica‐


mente colocada, permite o acesso aos pontos necessários a serem inspecionados.

Figura C.8 – Visada bloqueada por acesso em acrílico.

Figura C.9 – Painel BT instalado dentro de cubículo com tampa aparafusada.

Telas tipo alambrado são muito uti‐ que o encaixe superior seja mais fácil e, de‐
lizadas em subestações de média tensão, pois de encaixado, o inferior seja igualmente
mas para a extração na Inspeção, e posterior facilitado. Da mesma forma, é extrema‐
recolocação, muitas vezes possuem encaixes mente importante que haja um batente que
de difícil posicionamento colocando em risco impeça a tela de cair para dentro da área de
os Assistentes Técnicos e Inspetor. A solução risco.
é o aumento do pino superior de tal forma

Anotações:

802 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


APÊNDICE C – TERMOGRAFIA: PROJETO DE EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES
C – TERMOGRAFIA: PROJETO DE EQUIPA APÊNDICE C – TERMOGRAFIA: PROJETO DE EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES ENTOS E INSTALAÇÕES APÊNDICE C –
TERMOGRAFIA: PROJETO DE EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES

Figura C.10 – Encaixe de molduras de tela com pino superior aumentado.

Por sua vez, a opção painéis Back‐ não são acessíveis para inspeção por esta‐
to‐Back ou encostados pelo lado posterior é rem muito altos ou por ficarem ocultos atrás
completamente desaconselhável, uma vez de uma chapa sem possibilidade de aber‐
que não permite o acesso aos barramentos tura. Ao menos nas emendas, e quando não
e eventuais entradas ou saídas posteriores. em todas as derivações, esses barramentos
O eventual ganho em espaço físico ou barra‐ devem estar acessíveis a inspeções, pela
mentos compartilhados desaparece na pri‐ parte frontal ou posterior do painel. Em al‐
meira anomalia que evolua para uma falha e guns casos, a altura deste barramento em re‐
que não tenha sido detectada por impossibi‐ lação ao chão torna inacessível a visualização
lidade de acesso. sem uma escada baixa apropriada. E, em ca‐
sos extremos, são encontrados painéis deste
C.6 PAINÉIS COM GAVETAS tipo encostados em paredes, sem pratica‐
mente nenhum acesso posterior. Todos os
Quando o projeto do painel for com painéis, sejam de Baixa tensão ou Média
gavetas, devem ter folga na fiação de sinali‐ Tensão, devem sempre ter acessos posterio‐
zação e comando, que normalmente fica na res tanto para manutenção como para inspe‐
porta, para permitir uma abertura plena. Há ção.
muitos painéis cuja fiação é curta demais ou
Deve ser evitada a montagem de
rígida demais, fazendo com que a porta não
componentes sobre chapas galvanizadas ou
permaneça aberta para ser inspecionada.
zincadas. Devido à baixíssima emissividade
Nesses casos, a solução é a instalação de
desses componentes, muitas imagens são
uma pequena trava na parte inferior da
refletidas e podem dificultar ou até confun‐
porta que a mantenha aberta. Há painéis cu‐
dir o inspetor nas avaliações durante a Ins‐
jas tampas são somente aparafusadas, sem
peção. Chapas pintadas em epóxi resolvem
dobradiças ou trincos, o que atrasa e difi‐
esse problema.
culta a inspeção. Outra deficiência é que os
barramentos de força superior, via de regra,
MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 803
APÊNDICE C – TERMOGRAFIA: PROJETO DE EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES

De forma mais comum neste tipo de manutenção nos trincos e fechaduras. Cha‐
painel, mas aplicável a todos os outros tipos ves mestras também são muito úteis, uma
de portas, as travas e trincos devem ser ope‐ vez que facilitam os acessos a pessoas auto‐
racionais e funcionais. É comum encontrar rizadas e dificultam a perda de chaves ou o
portas travadas e sem acesso por falta de transporte de dezenas de chaves, uma para
cada painel.

Figura C.11 – Painéis com gavetas, vistas frontal e posterior.

804 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


APÊNDICE C – TERMOGRAFIA: PROJETO DE EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES
C – TERMOGRAFIA: PROJETO DE EQUIPA APÊNDICE C – TERMOGRAFIA: PROJETO DE EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES ENTOS E INSTALAÇÕES APÊNDICE C –
TERMOGRAFIA: PROJETO DE EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES

C.7 VISADAS Instalações altas, sobre lajes ou sem ângulo


de visada a partir do chão devem ser evita‐
A instalação dos componentes deve das. Transformadores em postes devem ter
sempre prever que os pontos mais susceptí‐ seus secundários colocados em oposição aos
veis de anomalias tenham visadas diretas. postes para permitir uma visada livre e fácil.

Figura C.12 – Visadas inadequadas.

Outra dificuldade são subestações cimento são outra contingência complica‐


que não tem espaço para mudança de ân‐ dora. Quando expostos ao Sol, facilmente
gulo. Muitas vezes é necessário mudar o ân‐ atingem 60 °C, dificultando sobremaneira a
gulo de visada para eliminar um reflexo ou análise de barramentos e demais compo‐
confirmar uma anomalia. Mas o espaço dis‐ nentes entre o Inspetor e a telha. Sempre
ponível é tão restrito que não é possível con‐ que possível é recomendável a construção
seguir a visada adequada. Telhados em fibro‐ de uma laje com telhado afastado para ga‐
rantir uma boa refrigeração.

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 805


APÊNDICE C – TERMOGRAFIA: PROJETO DE EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES
TERMOGRAFIA: PROJETO DE EQUIPA APÊNDICE C – TERMOGRAFIA: PROJETO DE EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES ENTOS E INSTALAÇÕES APÊNDICE C –
MOGRAFIA: PROJETO DE EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES

Figura C.13 – Visadas parcialmente obstruídas.

C.8 TELHADOS E COBERTURAS sol a pino em regiões tropicais, podem atin‐


gir até 80 °C de temperatura em suas chapas
Dificilmente alguém poderia se lem‐ criando reflexos e aquecimentos indevidos.
brar de que telhados podem interferir com a Já calhetões em fibrocimento podem chegar
Termografia. Mas telhados e coberturas de a 60 °C. A solução é o uso de coberturas afas‐
cubículos metálicos, além de elevar desne‐ tadas dos telhados dos cubículos metálicos
cessariamente as temperaturas ambientes e, em subestações de alvenaria, o uso de la‐
internas, podem dificultar, e até impedir, jes mistas e telhados afastados pelo menos
que diagnósticos possam ser feitos em insta‐ 50 cm da laje.
lações como essas. Telhados metálicos, com

Anotações:

806 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


APÊNDICE C – TERMOGRAFIA: PROJETO DE EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES

Figura C.14 – Telhados de cubículos metálicos e subestações.

C.9 BARRAMENTOS ENCLAUSURADOS pode ser mais aberta para verificação de


eventuais anomalias.
Normalmente ignorados, os barra‐ Outra providência bastante interes‐
mentos de distribuição em baixa tensão de‐ sante, na impossibilidade de instalação de
vem ter portas ou tampas de fácil abertura a portinholas, é a demarcação com um ade‐
partir do chão para a verificação das emen‐ sivo padronizado (retângulo branco, fita
das, quando possível pelo lado inferior ou crepe com a numeração da emenda etc.) da
mesmo pelo superior. Essas portas ou tam‐ região do barramento onde estão as emen‐
pas poderão ser acessíveis por varas de ma‐ das. Muitas vezes se apresentam sobreaque‐
nobra ou escadas de abrir baixas. Da mesma cidas, mas como não se sabe quais são e nem
forma, a malha estampada para refrigeração quantas existem até aquele local, a localiza‐
ção da anomalia fica comprometida.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 807


APÊNDICE C – TERMOGRAFIA: PROJETO DE EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES

Figura C.15 – Acesso a emendas em barramentos enclausurados.

C.10 BANDEJAMENTO DE CABOS lho. Atualmente existe outro tipo de bande‐


jamento que utiliza uma estrutura aramada
Cabos de potência que alimentam que proporciona uma ventilação muito me‐
painéis remotos, motores e outras máqui‐ lhor e uma visualização de boa qualidade
nas, são instalados normalmente em bande‐ tanto no infravermelho quanto na luz visível.
jamentos que correm rente ao teto ou te‐ De qualquer forma, a montagem de
lhado. O suporte tradicional é a chamada cabos em chicotes deve ser evitada devido
eletrocalha perfurada. No entanto, este mo‐ ao aquecimento mútuo. A montagem em
delo fornece uma refrigeração deficiente chicote, por não permitir a refrigeração ade‐
para os cabos internos, a visualização direta quada dos cabos, faz com que o envelheci‐
dos cabos e eventuais emendas é impossível mento precoce passe a ser uma variável sig‐
e são praticamente opacos ao infraverme‐ nificativa no projeto e que deve ser evitada.

Anotações:

808 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


APÊNDICE C – TERMOGRAFIA: PROJETO DE EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES
C – TERMOGRAFIA: PROJETO DE EQUIPA APÊNDICE C – TERMOGRAFIA: PROJETO DE EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES ENTOS E INSTALAÇÕES APÊNDICE C –
TERMOGRAFIA: PROJETO DE EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES

Figura C.16 – Tipos de eletrocalha.

C.11 DISJUNTORES MÉDIA TENSÃO articulável e chaveada, possível de ser


aberta pelo lado de fora. Essa “porta” pode
O mecanismo de acionamento fica ser deslizante para aumentar a segurança.
usualmente em frente aos três polos, o que Para que essa opção seja viável, o meca‐
na prática inviabiliza a inspeção do polo da nismo de acionamento pode ser deslocado
fase do meio. Algumas opções são possíveis: para uma das laterais do disjuntor. Ou ainda
o reposicionamento do mecanismo de acio‐ o posicionamento assimétrico dos polos do
namento e a colocação de uma placa de aço disjuntor é uma opção a ser estudada.

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 809


APÊNDICE C – TERMOGRAFIA: PROJETO DE EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES

Figura C.17 – Frente obstruída em disjuntores MT e opção com montagem assimétrica.

C.12 TRANSFORMADORES EM PAINÉIS Trafos enclausurados dificilmente


OU ENCLAUSURADOS permitem visadas diretas de conexões nas
buchas primárias e secundárias. Essa dificul‐
Uma das dificuldades com transfor‐ dade pode ser resolvida com a instalação de
madores, de qualquer tensão, é o posiciona‐ portinholas laterais a esses componentes ou
mento dos secundários. Em muitos casos, há com janelas infravermelhas. As portinholas
uma quantidade significativa de cabos podem ser aparafusadas em seus quatro
saindo de cada Fase, obstruindo a visada das cantos e mesmo assim disporem de dobradi‐
próprias conexões. Secundários conectados ças para uma abertura rápida e fácil. Por ou‐
a barras permitem uma inspeção mais sim‐ tro lado, o custo de uma falha rente a um
ples e rápida além de diminuírem os esforços transformador compensa facilmente a insta‐
mecânicos sobre as buchas. lação de um dispositivo como uma janela in‐
fravermelha.

Anotações:

810 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


APÊNDICE C – TERMOGRAFIA: PROJETO DE EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES

Figura C.18 – Janelas Infravermelhas de CaF2 e Germânio.

C.13 RESISTORES DE PAINEL dispositivos de comutação facilmente aces‐


síveis. De qualquer maneira, devem ser ins‐
Resistores de Painel trabalham em talados de forma a que evitem reflexos e si‐
altas temperaturas e nem sempre possuem tuações que prejudiquem o diagnóstico cri‐
ando falsos positivos caso não possam ser
desligados.

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 811


APÊNDICE C – TERMOGRAFIA: PROJETO DE EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES

Figura C.19 – Falsos positivos causados por resistores de aquecimento.

C.14 SECUNDÁRIOS DE TRANSFORMA‐ aos 65 °C. Essa falta de acesso para a inspe‐
DORES EM CUBÍCULOS ção também ocorre em primários de trans‐
formadores, principalmente em trafos insta‐
Muitos transformadores são acon‐ lados em cubículos compartilhados ou ex‐
dicionados em cubículos metálicos que postos ao tempo.
quando expostos ao sol desenvolvem altas
Outro problema é a compactação
temperaturas internas. No caso de ser utili‐
dos barramentos que torna impossível a ins‐
zado, esse tipo de cubículo necessita de um
peção de das buchas secundárias e das pare‐
telhado maior que é com uma altura mínima
des dos trafos ou bobinas. Trafos externos e
de 50 cm acima do telhado do cubículo.
blindados também precisam ser adequados
Mesmo assim, se as paredes laterais ficarem
a Termografia, tanto nos primários como se‐
expostas ao Sol, as temperaturas internas
cundários.
serão significativamente altas, chegando até

Figura C.20 – Exemplos de visadas inacessíveis de secundários.

C.15 BARRAMENTOS ESTANHADOS, EM dades muito baixas, o que dificulta sobrema‐


COBRE OU ALUMÍNIO NU neira as Inspeções. Reflexos de outras fontes
aquecidas atrás do Inspetor, reflexos do pró‐
Barramentos em metal nu, notada‐ prio Inspetor, resistores de aquecimento
mente cobre e alumínio, possuem emissivi‐ ainda quentes, caldeiras, linhas de vapor,

812 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


APÊNDICE C – TERMOGRAFIA: PROJETO DE EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES

contatores e fusíveis dentro do próprio pai‐ a avaliação da presença de anomalias ou


nel, qualquer fonte térmica é refletida pelos não, bem como os diagnósticos necessários.
barramentos dificultando significativamente

Figura C.21 – Reflexos em barramentos nus.

Uma solução simples, muitas vezes Nas emendas e conexões, que são
abandonada pela estética moderna em pai‐ os locais mais susceptíveis de apresentarem
néis e instalações, é a pintura dos barramen‐ maus contatos, a solução é envolver em fita
tos com tinta isolante ou cobertura com es‐ isolante, se possível com poucas camadas,
paguete termocontrátil conforme as normas no máximo 3. Esta fita possui alta emissivi‐
aplicáveis. dade, mas por outro lado, e se colocada em

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 813


APÊNDICE C – TERMOGRAFIA: PROJETO DE EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES

muitas camadas, pode funcionar como iso‐ é diminuir a ação da umidade e poluentes
lante térmico e prejudicar a leitura de tem‐ agressivos.
peraturas. Outra vantagem dessa cobertura

Figura C.22 – Coberturas para correção de emissividade em barramentos nus.

C.16 TRANSFORMADORES EM POSTES mente nenhum motivo em especial. Tradici‐


onalmente as conexões do secundário ficam
Como em qualquer transformador entre o poste e o tanque do trafo, um espaço
rebaixador, o secundário é onde aparecem frequentemente cheio de fiações, cablagens
os maiores problemas devido às altas cor‐ e outros obstáculos. A Figura C.23 mostra
rentes. No entanto, nos ramais de distribui‐ dois tipos de montagem de secundários em
ção e mesmo em instalações fabris, as mon‐ transformadores de distribuição, os apropri‐
tagens tradicionais dificultam sobremaneira ados e os não apropriados à Termografia. Os
a inspeção por Termografia sem aparente‐ primários nesses trafos, por sua vez, são
sempre montados na vertical e só podem ser

814 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


APÊNDICE C – TERMOGRAFIA: PROJETO DE EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES

visualizados a certa distância. Uma solução pouco mais altos em relação ao tanque e in‐
alternativa seria colocar os primários um clinados para o lado da rua.

Figura C.23 – Secundários em trafos de distribuição.

C.17 PROTETORES DE CONEXÕES EM LI‐ energizadas com animais silvestres que so‐
NHAS DE DISTRIBUIÇÃO. bem nos transformadores em busca de ca‐
lor. No entanto, o prejuízo para as inspeções
Recentemente o mercado de aces‐ por infravermelho é enorme. Isso porque
sórios para linhas de distribuição colocou à atualmente, e até que se desenvolva um pro‐
venda um “protetor” de conexões e deriva‐ duto solido e transparente ao infravermelho,
ções, para ser instalado nas linhas e ramais esses acessórios mascaram aquecimentos
de distribuição. A intenção é boa, tentando iniciais de pequena intensidade. Além disso,
evitar o depósito de poluentes, corrosão por quando a radiação solar incide sobre eles,
chuva ácida e até evitar o contato das partes
MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 815
APÊNDICE C – TERMOGRAFIA: PROJETO DE EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES

podem gerar falsos positivos que nem sem‐ sensivelmente as avaliações por Termogra‐
pre terão condições de ser diagnosticados fia. Por ocasião da instalação da linha, seria
corretamente pelo Inspetor (Ver Figura C.24 muito mais simples utilizar uma fita autofu‐
Somente quando já estão com temperaturas são para recobrir a conexão. Esta fita, apesar
significativas, às vezes já amolecendo o de funcionar também como isolante térmico
material de que são feitos, essas coberturas indesejado, responde mais prontamente a
repassam um pouco do infravermelho ge‐ aquecimentos de pequena intensidade do
rado pelas más conexões. que capas que ficam distantes das conexões
que querem proteger.
Utilizados sobre Para‐raios e Buchas
primárias tem o mesmo efeito de prejudicar

Figura C.24 – Protetores de conexões em material opaco ao infravermelho.

Anotações:

816 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


APÊNDICE C – TERMOGRAFIA: PROJETO DE EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES

Figura C.25 – Falso positivo por aquecimento solar.

C.18 CAIXAS DE LIGAÇÃO DE MOTORES refrigeração nas aletas e por isso deveriam
ficar alinhadas com a fixação do motor e do
Caixas de ligações em motores, es‐ lado de baixo. Dessa maneira, as três laterais
pecialmente os maiores de 40 CV, apresen‐ superiores ficam com refrigeração igual e as
tam algumas dificuldades para a Inspeção conexões podem ser fixadas em bases iso‐
termográfica. Isso porque é bastante comum lantes com a mesma eficiência elétrica das
a ocorrência de anomalias internas devido à caixas de ligação laterais.
dificuldade, durante a montagem ou manu‐ Enquanto esses motores não che‐
tenção, em aplicar o torque correto nas co‐ gam ao mercado, é recomendável que todas
nexões. Os terminais dos cabos têm de ser as caixas de ligação tenham o interior de
apertados uns contra os outros, sem a exis‐ suas tampas protegido por uma folha de bor‐
tência de uma base forte de fixação, contra racha vulcanizada, de espessura proporcio‐
a qual o torque possa ser aplicado. Assim, a nal, para evitar esses curtos‐circuitos. Além
abertura das caixas de ligação representa do mais, sempre que possível, é recomen‐
um risco para o Assistente Técnico porque dada a retirada com o motor desenergizado,
pode haver conexões severamente deterio‐ sendo que, após a abertura, o motor deve
radas e prestes a fechar um curto‐circuito ser ligado e permanecer com sua carga típica
com a tampa ou carcaça no momento de sua pelo menos por uma hora antes da inspeção.
retirada. Caixas de ligação devem ser proje‐
tadas para não obstruírem o fluxo externo da

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 817


APÊNDICE C – TERMOGRAFIA: PROJETO DE EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES

Figura C.26 – Caixas de ligações em motores.

Anotações:

818 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


APÊNDICE C – TERMOGRAFIA: PROJETO DE EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES

Figura C.27 – Caixa de ligações reposicionada.

C.19 EMENDAS EM LINHAS DE DISTRI‐ inspeções. Enquanto isso, o termocontrátil


BUIÇÃO E TRANSMISSÃO preto com uma fita isolante colorida pendu‐
rada como marcador poderá resolver.
Linhas de transmissão ou distribui‐
Alternativamente o termocontrátil
ção muitas vezes são rompidas por diversos
pode ser colocado em duas partes, deixando
motivos, desde quedas de arvores, venda‐
a emenda entre eles. A parte da emenda
vais até acidentes com veículos. Após serem
pode ter sua superfície recoberta com vase‐
emendadas, nem sempre é fácil a localização
lina sólida que aumentará a emissividade e
de onde foi efetuada a emenda. Assim, e
aglutinará poeira e outros poluentes. Dessa
para facilitar as inspeções, a solução é utili‐
maneira, a leitura de temperaturas será faci‐
zar um tubo de termocontrátil em cor ama‐
litada pela emissividade mais alta resultante.
rela ou vermelha, se possível. A pigmentação
ainda está em estudos, mas uma vez imple‐
mentada facilitará de forma significativa as

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 819


APÊNDICE C – TERMOGRAFIA: PROJETO DE EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES
TERMOGRAFIA: PROJETO DE EQUIPA APÊNDICE C – TERMOGRAFIA: PROJETO DE EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES ENTOS E INSTALAÇÕES APÊNDICE C –
MOGRAFIA: PROJETO DE EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES

Figura C.28 – Marcador de emenda em LT ou LD.

Anotações:

820 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


APÊNDICE D –
TABELAS DE EMISSIVIDADE

Superfície Temperatura (°C) Emissividade

Chapa comercial 100 0,09


Alumínio

Altamente oxidado 93~504 0~0,31

Óxido 500~827 0,42~0,26

Comercial 22 0,07
Cobre

Placa coberta/ espessa


25 0,14~0,38
camada de óxido
Placa aquecida a 600 °C 200~600 0,57

Aço polido 100 0,07

Ferro polido 425~1025 0,14~0,38

Ferro fundido polido 200 0,21

Chapa de aço 900~1040 0,55~0,60


METAIS

Tipo 310 oxidado


215~525 0,90~0,97
à alta temperatura
Placa de ferro completamente
19 0,69
enferrujada
Ferro, superfície cinza escuro 100 0,31
Ferro e Aço

Chapa de aço laminada 21 0,66

Ferro fundido, oxidado 600 °C 200~600 0,64~0,78

Aço oxidado a 600 °C 200~600 0,79

Óxido de ferro 500~1200 0,85~0,89


Chapa de aço com
24 0,82
camada de óxido
Ferro fundido bastante oxidado 38~250 0,95

Ferro batido oxidado 21~360 0,94

Placa de aço, áspera 38~370 0,94~0,97

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 821


APÊNDICE D – TABELAS DE EMISSIVIDADE

Chumbo Superfície Temperatura (°C) Emissividade

Oxidado a 150 °C 200 0,63

Óxido de magnésio 277~827 0,55~0,20

Polido 100 0,07


Níquel
METAIS

Placa oxidada por


200~600 0,37~0,48
aquecimento a 600 °C

Chapa de aço estanhada 100 0,07


Estanho

Puro, comercial, polido 260 0,05

Chapa de aço galvanizada 24 0,28

Granulação 10 microns 1010~1565 0,30~0,18


Alumina

Granulação 50 microns 1010~1565 0,39~0,28

Granulação 100 microns 1010~1565 0,50~0,40


REFRATÁRIOS, MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO E TINTAS

Asbestos

Placa 23 0,95~0,96

Folha 38 0,93~0,94

Vermelho, áspero 21 0,96

Refratário 1000 0,75


Tijolo

Refratário magnesítico 1000 0,38

De construção 1000 0,45

Filamento 1038~1400 0,52


Carbono

Placa áspera 100 0,77

Placa áspera 320~500 0,77~0,72

Grafite 250~510 0,98

Anotações:

822 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


APÊNDICE D – TABELAS DE EMISSIVIDADE

Superfície Temperatura (°C) Emissividade


Carborundum
87+SiC, densidade 2.3 1010~1400 0,92~0,82

Telha de concreto 1000 0,63

Pirex 260~538 0,95~0,85


Vidro

Placa polida 21 0,94

Gipsita 21 0,90
REFRATÁRIOS, MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO E TINTAS

Mármore

Cinza claro polida 22 0,93

Carvalho aplainado 21 0,90

Branco verniz,
23 0,90
sobre placa de ferro
Laca branca, sobre ferro 24 0,87

Preto fosco 77~146 0,91

Pintura a óleo,
100 0,92~0,96
média de 16 cores diferentes
Pinturas e Lacas

Pintura de alumínio 100 0,52

Pintura de alumínio/silicone
100 0,29
sobre Inconel
Pintura de alumínio,
150~315 0,35
depois de aquecida a 350 °C

Estuque 10~89 0,91

Porcelana 22 0,92

Quartzo 21 0,93

Papel de parede 21 0,91

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 823


APÊNDICE D – TABELAS DE EMISSIVIDADE

Superfície Temperatura (°C) Emissividade

Dura, lisa 23 0,94


Borracha
REFRATÁRIOS, MATERIAIS DE
CONSTRUÇÃO E TINTAS

Macia, áspera 24 0,86

Granulometria
1010~1565 0,42~0,33
10 microns
Sílica

Granulometria
1010~1065 0,62~0,46
de 70 a 600 microns

Papel 20 0,93

OUTROS
Areia 20 0,90
MATERIAIS

Pele humana 32 0,98

Seco 20 0,92
SOLO
Saturado com água 20 0,95

Destilada 20 0,96

ÁGUA Gelo ‐10 0,96

Neve ‐10 0,93

Anotações:

824 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


APÊNDICE D – TABELAS DE EMISSIVIDADE

Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 825


GLOSSÁRIO
GLOSSÁRIO

A de cobre retangulares ou cilíndricas, ou


ainda tubos de cobre ou alumínio.

Absortividade, absortância – A proporção Barramento de baixa tensão – Normal‐


(como uma fração de 1) da energia radi‐ mente barras de cobre que conectam
ante que atinge a superfície de um mate‐ componentes em painéis ou saídas de
rial e que é absorvida. Para um corpo ne‐ transformadores.
gro os dois termos são frequentemente
usados como sinônimos. Barramento encapsulado – Barramentos
encapsulados a ar ou SF6 com a finalidade
Anomalia – Irregularidade ou anormalidade, de isolamento elétrico e controle do am‐
tais como uma anomalia térmica em uma biente sobre as barras.
superfície isotérmica. Qualquer indicação
que se desvia daquilo que é esperado Barramento isolado – Barramento isolado
para uma determinada situação e con‐ com camada isolante.
texto.
Barramento suspenso – Barramento ele‐
Aterramento – Qualquer conexão aos con‐ vado, normalmente em subestações ex‐
dutores ligados ao aterramento da uni‐ ternas.
dade sendo inspecionada.
Boca de visita – Abertura em instalações
Avaliação ambiental – Uma classificação blindadas ou encapsuladas, fechada com
dada a uma unidade operacional (normal‐ parafusos, com a finalidade de permitir
mente uma sala com equipamentos elé‐ acesso em manutenções.
tricos ou mecânicos) para indicar os limi‐
Bolômetro infravermelho (microbolomé‐
tes das condições ambientais em que a
trico) – Um tipo de detector térmico co‐
unidade irá funcionar corretamente e
mumente utilizado em radiômetros sem
dentro das especificações de desempe‐
refrigeração por nitrogênio ou hélio lí‐
nho projetadas.
quido. Nesses casos, o resfriamento do
sensor é obtido por uma junta bimetálica
B Peltier.

Barramento – Condutores em Baixa, Média Bornes – Elemento de conexão entre cabos


ou Alta Tensão que conectam diversos em painéis, normalmente entre circuitos
componentes em instalações elétricas. internos e as saídas para o campo.
Podem ser cabos suspensos em subesta‐
ções, tubos de alumínio, barras maciças Buchas primárias, secundárias e terciárias –
Dispositivos isolantes em transformado‐
res que permitem uma interface segura
MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 829
GLOSSÁRIO

para a passagem de condutores de Alta, Calibração, checagem – Uma checagem de


Média ou Baixa tensão para dentro e para rotina de um instrumento contra uma re‐
fora do transformador. ferência conhecida para garantir que o
instrumento não se desviou da calibração
C aceitável para o uso a que se destina,
desde a sua última utilização.
Cabo isolado de média ou alta tensão –
Calibração, precisão da – A rigor, para que a
Cabo com isolamento especial em cama‐
calibração seja realizada, geralmente ela
das destinado a controlar os campos elé‐
é baseada na precisão e sensibilidade dos
tricos de média ou alta tensão. Exigem
instrumentos e das referências utilizadas
terminações especiais e podem ser isola‐
na calibração.
dos em camadas semicondutoras de ma‐
terial plástico, papel embebido em óleo Calor latente – Também chamado de “calor
isolante ou apenas óleo isolante. oculto” já que é adicionado ou removido
sem mudança de temperatura. É a quan‐
Cabo Para‐raios – Cabo condutor instalado
tidade de calor necessário (ou liberado)
entre torres de transmissão destinado a
para uma mudança de Fase de sólido para
escoar descargas atmosféricas pelos ater‐
líquido e líquido para gasoso (ou vice‐
ramentos em cada torre.
versa). O calor latente de vaporização é a
Cabos BT – Cabos condutores de corrente quantidade de calor necessária para mu‐
em baixa tensão e com correntes maio‐ dar um grama de líquido para vapor, sem
res. mudança de temperatura. O calor latente
de fusão é a quantidade de calor para der‐
Caixa de Ligação – Local anexo à carcaça reter um grama de sólido para líquido,
onde são efetuadas as conexões elétricas sem mudança de temperatura.
de motores elétricos.
Campo de visão – É o ângulo plano (expresso
Calibração – A verificação e/ou adaptação em graus ou radianos) sobre o qual um
de um instrumento de tal forma que suas instrumento irá integrar toda a energia
leituras estejam de acordo com um pa‐ radiante recebida. Em um termovisor ou
drão internacionalmente reconhecido. A radiômetro, isso define o tamanho do
calibração deve mapear e remover erros alvo, em um scanner define o ângulo de
sistemáticos, além de quantificar e con‐ leitura, o tamanho da imagem ou do
tornar erros aleatórios do instrumento. campo total de visão.

Calibração de infravermelho, fonte de – Um Campo instantâneo de visão (IFOV) – É o ân‐


corpo negro industrial, ou outro alvo, com gulo definido pela relação entre a dimen‐
temperatura e emissividade efetiva co‐ são do detector dividido pelo compri‐
nhecida, usado como referência de cali‐ mento focal do instrumento. Em um ter‐
bração. movisor ou radiômetro, esse valor define
830 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS
GLOSSÁRIO

o tamanho do ponto no alvo. Em um scan‐ Compensação de temperatura ambiente –


ner de linha ou imageador representa um Fator de correção inserido nas configura‐
elemento de resolução em uma linha de ções básicas de um termovisor para que
varredura ou Termograma e é uma me‐ ele aproxime e compense as medições de
dida de resolução espacial. temperatura absoluta, levando em consi‐
deração a temperatura ambiente onde
Capacidade térmica – É a capacidade ou ca‐
estão inseridos o termovisor e o compo‐
racterística de um material ou estrutura
nente cuja temperatura está sendo me‐
que descreve sua capacidade de armaze‐ dida.
nar calor. É representado pelo produto do
calor específico e a densidade do mate‐ Condução térmica – É o único modo de ocor‐
rial. Isso significa que materiais mais den‐ rer fluxo de calor em sólidos, mas tam‐
sos geralmente terão maior capacidade bém pode acontecer em líquidos e gases
térmica do que os materiais porosos. sob determinadas condições. Ela ocorre
como resultado de vibrações atômicas ou
Capacitância térmica – Esse termo é usado colisões moleculares na qual a energia é
para descrever a capacidade de calor em transferida a partir de locais de maior
termos de uma analogia elétrica em que temperatura para locais com tempera‐
a perda de calor é análoga à perda de tura mais baixa.
carga em um capacitor. Estruturas com
capacidade térmica elevada perdem calor Condutância térmica – É uma medida da ca‐
mais lentamente do que as estruturas pacidade de um material com uma deter‐
com capacidade térmica baixa. minada espessura definida e área trans‐
versal para conduzir calor. Está relacio‐
Carcaça – Normalmente é o invólucro, ale‐ nada à propriedade de condutividade tér‐
tado ou não, dos motores elétricos. mica do material. É o inverso da resistên‐
cia térmica.
Celsius (graus centígrados) – É uma escala
de temperatura baseada em 0 °C como o
Condutividade térmica – É uma propriedade
ponto de congelamento da água e 100 °C
do material que define a capacidade em
como o ponto de ebulição da água a pres‐
relação ao transporte de calor por condu‐
são atmosférica normal (nível do mar). É
ção em um gradiente de temperatura es‐
uma escala relativa em relação à escala
tática. A condutividade varia ligeiramente
Kelvin. Seu nome é em homenagem ao as‐
com a temperatura em sólidos e líquidos
trônomo sueco Anders Celsius (1701–
e com temperatura e pressão em gases. É
1744), que foi o primeiro a propô‐la em
alta para os metais e de baixo valor para
1742.
materiais porosos e gases.
Circuito eletrônico – Conjunto de compo‐
Conexões Aéreas – Conexões entre cabos
nentes eletrônicos destinado a processar suspensos, normalmente em linhas de
sinais elétricos.

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 831


GLOSSÁRIO

distribuição, transmissão ou barramentos Corpo cinza – Um objeto irradiante cuja


em subestações. emissividade é constante e abaixo da uni‐
dade (1,0), em uma faixa específica do es‐
Convecção – É a forma de transferência de pectro eletromagnético.
calor que ocorre em um meio em movi‐
mento e que está quase sempre associ‐ Corpo não cinza – Um objeto cuja emissivi‐
ada com a transferência de calor entre dade varia com o comprimento de onda
um sólido e um fluido em movimento. no intervalo de interesse. Um objeto radi‐
Nesse caso, o meio de menor densidade ante que não tem uma distribuição espec‐
rouba calor por contato físico do meio de tral de radiação semelhante a um corpo
maior densidade, tornando‐se menos negro. Também chamado de “corpo de
denso pelo aumento da energia entre cor” ou “corpo real”. Vidro e filmes plásti‐
suas moléculas ou átomos e sobe em re‐ cos são exemplos de corpos não cinzas.
lação a ele. Ao atingir uma determinada Um objeto pode ser um corpo cinza ao
altura, resfria‐se o suficiente para aumen‐ longo de um intervalo de comprimento
tar novamente sua densidade e desce. A de onda e não ser um corpo cinza sobre
energia de transferência passa do objeto outro.
que tem maior temperatura para aquele
Corpo negro, radiador de – Um radiador
com menor temperatura.
teórico e perfeito; aquele que irradia o
Contator – Dispositivo acionado eletrica‐ número máximo de fótons em uma uni‐
mente que fecha circuitos elétricos para dade de tempo a partir de uma unidade
partidas de motores, equipamentos, ilu‐ de área em um determinado intervalo es‐
minação etc. pectral. Daqui resulta que um corpo ne‐
gro igualmente absorve toda a energia ra‐
Cor – Termo usado em algumas situações diante que incide sobre ele e não reflete
para definir um intervalo de compri‐ nem transmite nenhuma. É um corpo com
mento de onda do espectro eletromagné‐ emissividade igual a um. Matematica‐
tico visível ao olho humano; também mente é uma circunferência no espaço
usado convencionalmente na parte de por onde toda a energia que incide por
termometria infravermelha (cor visual ou um lado sai do outro lado.
na luz visível), como forma de exibir uma
imagem térmica colorida. Corrente de Fuga – Corrente de pequena in‐
tensidade presente em isoladores elétri‐
Cordoalhas – Condutores trançados de fios
cos.
de cobre, normalmente estanhados, flexí‐
veis, utilizados em equipamentos de ma‐ Corrente de Magnetização – Corrente ne‐
nobra ou barramentos como juntas de di‐ cessária à magnetização de entreferros,
latação. independentemente de haver carga ou
não.

832 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


GLOSSÁRIO

Cruzetas – Suportes de componentes como Disjuntor – Dispositivo elétrico para aber‐


isoladores, chaves, linhas aéreas, instala‐ tura de circuitos sob condições de curto‐
dos em postes. circuito.

D E
Delta T – É a diferença de temperatura entre Efusividade térmica – Medida da resistência
dois alvos ou regiões de interesse, geral‐ de um material à mudança de tempera‐
mente utilizado para fins de comparação tura.
de estado ou construção de referências
Elementos ópticos infravermelhos – Qual‐
térmicas. É importante que ambos os al‐
quer elemento óptico que recebe, trans‐
vos de interesse estejam em condições
mite, restringe ou reflete energia infra‐
ambientais conhecidas e/ou semelhantes
vermelha como parte ou acessório de um
e com os respectivos ajustes de emissivi‐
termovisor.
dade, correção do vendo, distância etc.
para uma confiabilidade aceitável. Emissividade – Relação de radiância de uma
superfície comparada com a de um corpo
Detector infravermelho – Elemento trans‐
negro à mesma temperatura, visto do
dutor que converte energia infraverme‐
mesmo ângulo e mesmo intervalo espec‐
lha radiante recebida na sua superfície
tral. Os valores teóricos variam de 0 a 1,0.
em um sinal elétrico decodificável.
Em situações práticas ou de campo, esses
Detector piroelétrico – Um tipo de detector valores se aproximam dos ideais, nunca
infravermelho térmico que atua como os atingindo.
uma fonte de corrente com a sua saída
Emissividade efetiva – A emissividade me‐
proporcional à taxa de variação de sua
dida de uma superfície particular em con‐
temperatura.
dições de medição existentes (é a emissi‐
Difusividade térmica – A relação da conduti‐ vidade utilizada em substituição ao valor
vidade pelo produto da densidade e calor genérico tabulado para a superfície de um
específico. A capacidade de um material material) que pode ser usado para corrigir
para distribuir a energia térmica recebida um instrumento de medição para propor‐
seja por condução, convecção ou radia‐ cionar uma medição de temperatura mais
ção. Um corpo com uma alta difusividade correta.
chegará a uma distribuição uniforme de
Entreferro – Componente ferromagnético
temperatura mais rápido do que um
utilizado em núcleos de transformadores
corpo com menor difusividade.
e motores elétricos para conduzir os cam‐
pos magnéticos. Normalmente é feito em
placas de ferrosilício.

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 833


GLOSSÁRIO

Escala – O período entre o valor mínimo e o Fotodetector – Um tipo de detector de infra‐


valor máximo que o instrumento é capaz vermelho que tem resposta rápida (da or‐
de medir. Em um termômetro, este seria dem de microssegundos), resposta espec‐
o intervalo entre a temperatura máxima e tral limitada e geralmente requer a ope‐
mínima que pode ser medida. ração sob refrigeração criogênica. Foto‐
detectores são usados em termômetros
Estator – Componente estático do motor
de radiação infravermelha, scanners e câ‐
elétrico onde estão assentadas as bobi‐
meras de imagens.
nas.
Fusíveis de cartucho, vidro e lâmina – Com‐
F ponentes com condutores calibrados
para romperem a partir de determinadas
Fibra óptica infravermelha – Uma fibra flexí‐ intensidades de corrente. Os nomes se re‐
vel feita de um material que transmite ferem aos tipos de invólucro.
energia infravermelha, usado para fazer
Fusíveis HH – Fusíveis de Média tensão utili‐
medições de temperatura sem contato,
zados para limitar curtos de alta intensi‐
quando não há uma linha direta de visão
dade e o esforço sobre os transformado‐
entre o instrumento e o alvo.
res. Não é um fusível para sobrecargas.
Filtro de chama – Um filtro de faixa de fre‐
Fusíveis NH – Fusíveis de Baixa tensão utili‐
quências específicas utilizado para mini‐
zados normalmente na partida de moto‐
mizar os efeitos das chamas em fornos,
res por terem curvas de atuação retarda‐
permitindo que a câmera “veja” através
das permitindo sobrecargas momentâ‐
delas. Uma faixa de frequência específica
neas.
é uma região na qual a transmitância da
chama se aproxima da unidade. O centro
de comprimento de onda é tipicamente G
3,9 mm para os termovisores de ondas
Gama de temperatura ambiente operacio‐
curtas e 10,6 mm para ondas longas. Mas
nal – Gama de temperatura ambiente na
esse valor pode variar de acordo com o
qual o instrumento é projetado para ope‐
tipo de combustível que é queimado.
rar dentro das especificações de desem‐
Filtro espectral – Um elemento óptico, geral‐ penho publicadas.
mente transmissivo, usado para restringir
Gerador – Dispositivo rotativo que converte
Indução Magnética – Campos magnéticos
energia (mecânica, eólica, hidráulica etc.)
induzidos pela proximidade de outros
em energia elétrica.
campos magnéticos. A banda espectral de
energia recebida por um instrumento de‐
tector.

834 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


GLOSSÁRIO

H instrumento e as características de trans‐


missão infravermelha da atmosfera, no
entanto, a maioria das medições de infra‐
Hertz – Unidade de medida de frequência de
vermelho é feita na faixa entre 0,75 e 20
um sinal; 1 Hz = um ciclo por segundo.
mm.

I Isolador – Dispositivo com alta resistência


ou alta impedância à passagem da cor‐
Imageador infravermelho – Um instru‐ rente elétrica.
mento que coleta a energia infravermelha
radiante da superfície do alvo e produz Isoterma – Um padrão de cor sobreposto a
uma imagem monocromática (preto e um Termograma ou em uma linha que in‐
branco) ou colorida em que os tons de clui ou destaca todos os pontos que têm
cinza ou matizes de cor correspondem, a mesma temperatura aparente.
respectivamente, a excitação do alvo.
Não lê temperatura, apenas apresenta J
imagens analógicas. Usado frequente‐
mente em aplicações de segurança e mili‐ Janelas atmosféricas – São os intervalos es‐
tares. pectrais do espectro infravermelho em
que a atmosfera transmite bem a energia
Imageador térmico infravermelho – Instru‐ radiante com perdas menores (absorção
mento ou sistema que converte a energia atmosférica é mínima). Tais frequências
radiante infravermelha de entrada, a par‐ estão compreendidas entre 3 – 5 μm e
tir de um alvo em uma superfície, em um 8 – 14 μm que são usualmente conheci‐
mapa térmico ou Termograma em que das como Ondas Curtas e Ondas Longas.
tons de cor ou tons de cinza podem estar Recentemente foi proposta a subdivisão
relacionados com a distribuição de tem‐ em Ondas Curtas para 1 – 3 µm, Ondas
peratura nessa superfície. Médias 3 – 5 µm e Ondas Longas
8 – 14 µm devido ao desenvolvimento de
Impedância do solo – Característica do solo
câmeras que operam em frequências
que se opõe à passagem de corrente elé‐
mais altas do infravermelho. Atualmente
trica.
(2015) a segunda opção de nomenclatura
Inércia térmica – Ver efusividade térmica. é a mais utilizada.

Infravermelho – Região do espectro eletro‐ Janela de Inspeção – Abertura em painéis ou


magnético; o infravermelho é vagamente tubulações destinadas à Inspeção Visual
definido como a parte do contínuo que se sem que seja possível acessar componen‐
estende a partir do vermelho visível. De‐ tes internos.
vido a considerações de concepção do

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 835


GLOSSÁRIO

Junta de dilatação – Componente flexível Linha de Transmissão – Linha aérea em alta


instalado entre barras de cobre ou alumí‐ ou extra alta tensão que conecta centros
nio destinado a eliminar os efeitos de di‐ de geração às cargas ou entre cargas.
latação em barramentos pelo aqueci‐
mento causados pela passagem de cor‐ M
rente.
Matriz de plano focal – Uma matriz linear ou
K bidimensional de elementos detectores,
tipicamente usada no plano focal de um
Kelvin – Escala de temperatura absoluta re‐ instrumento. Na Termografia, matrizes
lacionada com a escala relativa Celsius retangulares de plano focal são usadas
(ou centígrados). O sinal de grau (°) e a pa‐ em termovisores infravermelhos. Atual‐
lavra “graus” não são usados para descre‐ mente (2017) já existem matrizes de até 1
ver temperaturas Kelvin. É a temperatura megapixel.
teórica onde cessa toda a agitação atô‐
Matriz de plano focal infravermelho – Ma‐
mica, equivalente a ‐273,15 °C.
triz linear ou bidimensional dos elemen‐

L tos detectores de infravermelhos indivi‐


duais, normalmente usadas como um de‐
tector em um instrumento de imagens in‐
Lei de Kirchoff – Em equilíbrio térmico, a ab‐
fravermelhas.
sortividade de uma superfície opaca é
igual a sua emissividade. É o equivalente Meio de transmissão – A composição do
ao conceito de que tudo que chega a um percurso por onde a energia radiante se
nó é transmitido igualmente a partir dele, propaga desde a superfície do alvo ou Ob‐
sendo a somatória final igual a zero. jeto de Interesse até o instrumento de
medição. Isso pode ser o vácuo, um gás,
Lente objetiva – A lente principal de um sis‐
sólidos, líquidos ou qualquer combinação
tema óptico de um instrumento infraver‐
destes.
melho. Geralmente as lentes, intercambi‐
áveis ou não, que definem o campo total Micrômetro ou Micros (µm) – Um milioné‐
de visão. simo (10‐6 ou 0,000001) de metro, uma
unidade usada para expressar compri‐
Linha Aérea Compacta – Modalidade de ins‐
mento de onda no infravermelho.
talação em linhas de distribuição onde os
condutores possuem um isolamento elé‐ Microrrefrigerador – Um pequeno refrigera‐
trico básico e os cabos elétricos ficam ins‐ dor, atualmente (2015) do tamanho da
talados muito mais próximos entre si do palma da mão com base no Ciclo de Ster‐
que nas redes convencionais. ling, que esfria um detector de infraver‐

836 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


GLOSSÁRIO

melhos ou matriz de plano focal a tempe‐


raturas extremamente baixas. Usual‐
N
mente utiliza nitrogênio líquido (77 K),
Neutro – Ponto comum entre as três Fases
mas pode utilizar outros gases como o hé‐
em transformadores tipo estrela, normal‐
lio.
mente com zero volt. Pode ser aterrado
Miliradianos – Um milésimo de radiano (1 ou não e eventualmente pode ter o seu
radiano = 180°/), unidade usada para zero deslocado para uma das três Fases.
expressar o campo de visão angular do
Núcleo do Transformador a Seco – Parte in‐
instrumento (1 mrad = 0,05729578°).
terna do transformador que conduz os
Mínima temperatura resolvível – Resolução campos magnéticos entre as três Fases
térmica ou sensibilidade térmica – A me‐ em um transformador.
nor diferença de temperatura que um ins‐
trumento pode distinguir claramente fora O
do ruído, tendo em conta o tamanho do
alvo e as características da exposição e da Opaco – Em Termografia, um material opaco
interpretação subjetiva do operador. O li‐ é aquele que não transmite a energia tér‐
mite de mínima temperatura resolvível é mica infravermelha ou a transmite em
a diferença de temperatura mínima de‐ quantidades insignificantes.
tectável.

Mosaico Térmico – Montagem feita em


P
Software com diversas imagens térmicas Para‐raios – Dispositivo projetado para cor‐
para representar equipamentos de porte tar o pico de surtos de tensão, atmosféri‐
maior que o visível utilizando a óptica dis‐ cos ou não, descarregando a parte supe‐
ponível na câmera infravermelha. rior contra a Terra e permitir apenas a
passagem de tensão compatível com o
Motor Elétrico – Dispositivo de conversão de
NBI do equipamento protegido.
energia elétrica em energia mecânica.
Pico‐Hold – Uma característica de um instru‐
Muflas termocontráteis, óleo e porcelana –
mento pelo qual um sinal de saída é man‐
Componente destinado a fazer a termina‐
tido em seu valor de pico instantâneo por
ção de cabos de média ou alta tensão de
um tempo específico.
tal forma que os campos elétricos sejam
atenuados gradualmente e não danifi‐ Pirômetro – Qualquer instrumento utilizado
quem o isolamento do cabo. para a medição de temperatura baseado
na comparação da radiação emitida por
um objeto aquecido. Um pirômetro óp‐
tico de radiação ou brilho, antigamente
utilizado em siderurgia, mede a energia
MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 837
GLOSSÁRIO

visível e relaciona a temperatura de brilho este é o lugar onde o tamanho do ponto


ou cor. Um pirômetro infravermelho lido é menor. Em um scanner ou leitor,
mede a radiação infravermelha e relaci‐ este ponto é onde o campo instantâneo
ona‐a com a temperatura da superfície do de visão é menor. Isso significa que as
alvo, mas necessita de ajustes específicos bordas térmicas do contraste entre regi‐
para ter exatidão nas leituras. ões com diferentes emissões de infraver‐
melho são mínimas. Quanto menor a
Pirômetro a laser – Um termômetro de radi‐ borda, mais no foco a imagem estará.
ação infravermelha que projeta um feixe
de laser para o alvo, usa a energia refle‐ Precisão (de medição) – O desvio máximo,
tida do laser para calcular a emissividade expresso em % (porcentagem) de escala
eficaz do alvo e calcula automaticamente em graus Celsius ou Fahrenheit, que a lei‐
a temperatura (assumindo que o alvo é tura de um instrumento irá desviar‐se de
um refletor difuso ou Lambertiano). Não uma referência aceitável.
deve ser confundido com o laser de mira
Processamento de imagens térmicas – Pro‐
óptica acoplado em alguns termômetros
cessamento computadorizado de ima‐
de radiação.
gens térmicas, melhorando a imagem
Pixel – Abreviatura de Picture element (tra‐ para prepará‐la para a análise visual ou
dução livre de “elemento da foto”). Na por computador. No caso de uma imagem
tecnologia de sensoriamento e medição infravermelha ou Termograma, isso pode
infravermelha, um pixel é um elemento incluir a ampliação da imagem, medidas
da matriz do plano focal. Na parte de digi‐ de pontos quentes, deltas de tempera‐
talização é definido pelo IFOV tura, distribuições ou perfis térmicos, ma‐
(instantaneus field of view), e nos radiô‐ nipulação de imagens, subtração e arma‐
metros pelo FOV (field of view). zenamento.

Placa de Circuito Impresso – Placa de fibra


de vidro ou baquelite, isolante, onde são
P
fixados componentes eletrônicos.
Postes – Estruturas de concreto ou madeira
Planck, Max Karl Ernst Ludwig – Físico ale‐ tratada que servem de suporte a linhas de
mão que incorporou a física quântica na distribuição em média ou baixa tensão.
equação da radiância espectral do corpo
negro, dando origem às curvas do corpo Q
negro.
Qualitativa, medida – O processo de obten‐
Ponto focal – O ponto em que os instrumen‐ ção e interpretação de imagens térmicas
tos de imagem óptica montam a imagem com base em contraste e distribuição tér‐
no detector de infravermelho no plano do mica, a fim de identificar anomalias, in‐
alvo. Em um termômetro de radiação, consistências ou incoerências. O objetivo
838 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS
GLOSSÁRIO

é primordialmente determinar onde radiação infravermelha tenha condições


existe uma diferença de temperatura não de trafegar do alvo até o detector de radi‐
esperada em relação a um comporta‐ ação.
mento conhecido, ao invés de medir
quantitativamente a diferença de tempe‐ Radiano – Uma medida angular igual à razão
ratura entre o alvo e seus arredores. Não entre o comprimento do arco de um cír‐
obstante, não contemplar a medição das culo e o seu raio. A circunferência de um
temperaturas, o critério qualitativo pode círculo mede 2  vezes o raio. Assim,  (pi)
radianos é igual a 180°, e 1 radiano é igual
determinar a intervenção e mesmo a reti‐
a 57,29578°.
rada do componente aquecido ou resfri‐
ado se este não estiver dentro da distri‐ Radiadores – Em eletricidade são os compo‐
buição qualitativa esperada ou projetada. nentes em transformadores que permi‐
Pode inclusive ser mais importante e de‐ tem a circulação de óleo isolante por con‐
cisivo do que a temperatura absoluta ou vecção para refrigeração dos enrolamen‐
delta em si mesmo. tos.

Quantitativa, medida – Processo de obten‐ Radiômetro de imagem (Termovisor) – Um


ção de valores térmicos através de ima‐ imageador infravermelho térmico que
gens térmicas com leituras de temperatu‐
oferece imagens térmicas quantitativas
ras corrigidas a partir da radiação emitida permitindo a leitura quantitativa e corri‐
pelo objeto. Especialmente útil em situa‐ gida das temperaturas dos objetos para o
ções em que a temperatura exata ou a di‐ qual é apontado.
ferença de temperatura do alvo deter‐
mina se ele está sujeito a um determi‐ Radiosidade – Energia infravermelha total
nado limite ou não, dentro ou fora de um (fluxo radiante) deixando uma superfície
critério determinado ou faixa de aceitabi‐ alvo. Este é composto da radiação infra‐
lidade. vermelha proveniente do Objeto de Inte‐
resse, de componentes refletidos e trans‐
R mitidos. Apenas o componente irradiado
está relacionado com a temperatura da
Radiação térmica – Fluxo de calor que superfície do alvo.
ocorre por emissão e absorção de radia‐
Refletor difuso ou Lambertiano – Uma su‐
ção eletromagnética, propagando‐se à
perfície que reflete uma parte da radiação
velocidade da luz. Ao contrário do fluxo
incidente de tal modo que a radiação é re‐
de calor por condução e convecção, é ca‐
fletida por igual em todas as direções. Um
paz de propagar‐se através do vácuo. É a
espelho convencional não é um refletor
forma de transferência de calor que per‐
difuso.
mite à Termografia Infravermelha existir,
desde que a energia emitida na forma de

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 839


GLOSSÁRIO

Relé – Dispositivo que controla níveis de ten‐ Ruído de interferência eletromagnética ou


são e corrente elétrica acionando ou não de rádio – Distúrbios em sinais elétricos
dispositivos secundários de proteção e causados por interferências eletromagné‐
comando. ticas ou de sinais de rádio. Na Termogra‐
fia, isso pode causar padrões de ruído que
Relé Bucholz – Relé que atua por produção
aparecem no visor notadamente quando
de gases dentro dos tanques de transfor‐
próximo a campos magnéticos intensos
madores isolados a óleo.
gerados por correntes de frequência in‐
dustrial. Recomenda‐se o afastamento
Resolução térmica – A precisão com que um
dessas condições e o eventual uso de óp‐
instrumento exibe seu parâmetro de me‐
tica adequada.
dição atribuído (temperatura), normal‐
mente expressa em graus, décimos de
graus, centésimos de graus etc. S
Resistência de aterramento – Resistência Scanner de linha infravermelho – Instru‐
que um circuito de aterramento apre‐ mento que examina um campo de visão
senta relativo ao escoamento de corren‐ ao longo de uma linha reta no plano do
tes para a malha de Terra. alvo a fim de coletar a radiação infraver‐
melha emitida a partir de uma linha sobre
Resolução espacial de medição – O menor
a superfície do alvo. Muito usado em for‐
tamanho de alvo em que um leitor infra‐
nos rotativos de grandes dimensões em
vermelho pode produzir uma medição,
fábricas de cimento.
expressa em termos de posição angular
(mrad por lado). O teste de função de res‐ Seccionadora – Dispositivo em Baixa, Média
posta de fenda é usado para medi‐la. Nor‐ ou Alta tensão destinado a seccionar um
malmente é de 9 pixels quadrados, sendo circuito elétrico, normalmente sem cor‐
o pixel central a unidade mínima de de‐ rente de carga. Há modelos que permi‐
tecção. tem o seccionamento sob condições de
carga.
Rigidez Dielétrica – Nome técnico dado ao
isolamento elétrico e representa qual a SF6 – Gás isolante utilizado em subestações
tensão que um componente pode supor‐ blindadas que oferece um nível de com‐
tar operacionalmente com correntes mí‐ pactação muito grande. Por outro lado,
nimas de fuga. afeta a camada de ozônio no caso de va‐
zamentos.
Rotor – Parte móvel do motor elétrico onde
são induzidas correntes que geram Surto de Tensão – Pulso de tensão de dimen‐
campo de força contra eletromotriz pro‐ sões muito intensas e muito rápidas, da
duzindo a sua rotação e transformação de ordem de microssegundos e quilo ampe‐
energia elétrica em energia mecânica.

840 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


GLOSSÁRIO

res. Pode ser originado em surtos atmos‐ alvo como visto a partir do instrumento.
féricos diretos, induzidos ou por opera‐ Quando o FOV de um instrumento de de‐
ções e manobras no sistema elétrico. tecção é maior que o alvo, a temperatura
do fundo do alvo irá afetar a leitura do
Sir William Herschel – Astrônomo inglês,
instrumento. Também chamada de tem‐
descobriu as ondas de infravermelho em
peratura ambiente ou a temperatura do
1.800.
primeiro plano.

T Temperatura atrás do instrumento – A tem‐


peratura aparente da energia radiante,
Taxa de repetição de quadros – O tempo atrás e ao redor do instrumento de medi‐
que leva um imageador infravermelho ção, como visto a partir do alvo, que é re‐
para fazer a varredura (atualização) sen‐ fletida por ele e entra no instrumento. O
sor (pixels x pixels), em quadros por se‐ reflexo do contexto onde o alvo e câmera
gundo. Quando maior a taxa (60 Hz) me‐ estão inseridos aparece na imagem e
lhor a estabilidade da imagem. pode afetar a medição de temperatura.
Normalmente em um sensoriamento tér‐
Tanque de Expansão – Tanque reservatório mico quantitativo de boa qualidade os
de óleo em transformadores isolados a instrumentos fornecem um meio para
óleo. corrigir as medições e compensar essas
reflexões.
TC medição e proteção – Abreviação de
Transformador de Corrente, utilizado Temperatura de primeiro plano – A tempe‐
para medição de consumo ou sinais de ratura da cena para trás e em volta do ins‐
proteção elétrica. Pode ser utilizado tam‐ trumento como visto a partir do alvo.
bém apenas para indicação de corrente.
Termografia direta – Termografia e medição
Temperatura ambiente – temperatura do ar de uma superfície que irradia calor cuja
nas imediações do alvo ou do instru‐ assinatura é térmica, ou seja: a imagem
mento, escolhida de acordo com as situa‐ térmica observada é gerada pelo alvo
ções operacionais da leitura. analisado. O alvo em questão tem pouco
ou nenhum isolamento térmico entre ele
Temperatura aparente – A temperatura da
e a superfície medida.
superfície do alvo indicado por um sensor
de ponto de infravermelho, scanner de li‐ Termografia indireta – Termografia e medi‐
nha ou gerador de imagens (FPA) antes ção de uma superfície que é indireta‐
que correções de temperatura sejam fei‐ mente afetada pelo Objeto de Interesse
tas. ou alvo em análise. Ou seja, o Objeto de
Interesse analisado é fisicamente dissoci‐
Temperatura atrás do alvo – Temperatura
ado da superfície devido ao isolamento
aparente da cena por trás e ao redor do
térmico, tais como um espaço de ar ou
MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 841
GLOSSÁRIO

uma barreira isolante. Não obstante, é Trafos em postes – Transformadores, nor‐


possível diagnosticar qualitativamente, e malmente de distribuição, instalados em
até mesmo quantitativamente – com as postes de concreto ou madeira tratada.
devidas correções e cálculos –, o que está
ocorrendo no alvo observado ou imedia‐ Transferência de calor – A circulação de ca‐
tamente atrás dele. lor de um ponto a outro por condução,
convecção e/ou radiação.
Termograma – Imagem térmica obtida digi‐
talmente de um arquivo gerado por câ‐ Transformador de potência – Transforma‐
meras infravermelhas ou termovisores. A dor destinado a reduzir a tensão e dispo‐
imagem representa a radiação emitida nibilizar correntes maiores para cargas
distribuídas pela planta industrial. Pode
pelo objeto de interesse.
cumprir a função oposta em usinas, ele‐
Termômetro de radiação infravermelha – vando a tensão e baixando a corrente
Um instrumento que converte a energia para uso em linhas de transmissão.
radiante infravermelha de entrada de um
único ponto sobre uma superfície para
um valor de medição que pode ser relaci‐
onado com a temperatura do alvo. V
Terra – Comumente designado como ponto Velocidade de varredura de linha – Número
de conexão elétrica com a malha de Terra de linhas digitalizadas por um scanner in‐
enterrada e com potencial teoricamente fravermelho ou sensor de imagem em um
igual a zero volts. Pode ser conectada ao segundo.
neutro do transformador ou não. E, even‐
Ventilação Forçada – Ventilação aplicada
tualmente, não possui o potencial zero.
normalmente em radiadores de trafos a
Tom de exibição de imagem – Sombra cinza óleo ou bobinas transformadores a seco
com o objetivo de manter as característi‐
ou tonalidade da cor em um Termo‐
cas de projeto sem redução de vida útil.
grama.
Ventilação natural – Ventilação natural por
Torre de transmissão – Estrutura de suporte
convecção em transformadores, motores
dos cabos elétricos destinados à trans‐
e outros dispositivos.
missão de blocos de potência entre gera‐
ção e consumo.
Z
TP medição e proteção – Abreviação de
Transformador de Potencial, utilizado Zero Absoluto – temperatura que é zero na
para medição de consumo ou sinais de escala de temperatura de Kelvin ou Ran‐
proteção elétrica. Pode ser utilizado tam‐ kine; também é a temperatura em que
um material está no seu estado mais
bém apenas para indicação de tensão.
baixo de energia.
842 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS
Anotações:

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 843


REFERÊNCIAS
REFERÊNCIAS

AGA SYSTEMS. Thermography Inspection of Elétricas Mecânicas Produção P&D.


Electrical Installations. Stockholm, Sweden: Principios Básicos. Volume 1. Curitiba, PR,
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MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 849


ÍNDICE REMISSIVO
ÍNDICE REMISSIVO

256, 257, 263, 265, 267, 271, 274, 285, 287, 288,289,
3 291, 292, 298, 304, 305, 307, 308, 309, 311, 312, 319,
321, 322, 323, 325, 326, 327, 328, 331, 332, 333, 337,
3° harmônico ∙ 637 338, 350, 352, 353, 354, 355, 357, 358, 359, 361, 362,
364, 365, 367, 369, 373, 374, 375, 376, 377, 380, 381,
30 Hz ∙ 150, 717, 751
382, 383, 394, 395, 396, 398, 399, 402, 405, 406, 407,
30 quadros por segundo ∙ 601, 718, 799 408, 410, 411, 412, 415, 418, 421, 422, 424, 425, 426,
427, 429, 431, 432, 433, 435, 436, 439, 464, 467, 487,
522, 605, 625, 633, 682
7
anéis ∙ 121
7-14µm ∙ 124, 125, 126, 137, 138, 139, 141, 142, 143, 170, ângulo de leitura de temperatura ∙ 359, 360, 432, 698, 828
173, 181, 183, 184, 188, 192, 195, 196, 198, 201, 203,
205, 211, 213, 218, 219, 223, 227, 228, 229, 233, 234, ângulo de visada ∙ 75, 77, 78, 111, 136, 174, 196, 210, 216,
237, 239, 240, 241, 242, 243, 250, 252, 253, 255, 266, 223, 232, 248, 250, 251, 261, 263, 275, 300, 305, 360,
267, 268, 272, 274, 276, 280, 281, 283, 285, 287, 288, 364, 382
289, 292, 294, 296, 297, 298, 299, 301, 302, 303, 304, Anomalia ∙ 56, 60, 61, 62, 111, 128, 139, 159, 172, 241,
305, 308, 309, 311, 465 262, 341, 344, 355, 385, 386

anomalia interna ∙ 63, 127, 129, 130, 133, 197, 220, 222,
9 223, 226, 233, 234, 302, 303, 351, 359, 384

Anomalia Térmica ∙ 60, 385


9 Hz ∙ 717, 751
Aquecimento ∙ 60, 66, 251, 253, 256

A aquecimento externo visível ∙ 129

aquecimento mútuo ∙ 611, 631, 655, 656, 657, 658, 806


aberração cromática ∙ 132, 146, 148, 149, 158, 189
aquecimento severo ∙ 646, 648
abrasão ∙ 458, 598
aquecimento solar ∙ 249, 250, 255, 319, 815
acesso remoto ∙ 513, 690
aquecimentos assimétricos ∙ 510, 707
acionamentos ∙ 520, 636
ar condicionado ∙ 519, 526, 529, 531, 609, 610, 611, 656
acompanhamento periódico ∙ 293, 336, 372, 506, 540, 541
artefato ∙ 144, 749
água ∙ 77, 78, 82, 91, 92, 247, 275, 293, 323, 356, 508, 599,
716, 719, 724, 725, 772, 780, 782, 829 assimetria ∙ 121, 151, 217, 221, 222, 229, 299, 337, 339,
361, 376, 384, 387, 402, 403, 405, 416, 422, 423, 429,
ajuste incorreto ∙ 367, 395, 549 434, 440, 446, 508, 510, 511, 512, 558, 638, 640, 646,
ajustes da câmera ∙ 56 655, 663, 665, 683, 687, 722, 723

aletas ∙ 69, 225, 226, 295, 400, 403, 410, 439, 441, 442, assimetrias ∙ 132, 133, 176, 226, 403, 419, 435, 440, 556,
671, 672, 674, 686, 687, 689, 690, 691, 815 558

alta temperatura ∙ 477, 500, 588, 613, 661 assinatura térmica ∙ 57, 58, 121, 124, 125, 133, 172, 191,
199, 200, 201, 208, 210, 224, 225, 266, 268, 287, 310,
alto risco ∙ 323, 631 421, 680, 682, 728, 730, 733, 743
amarração de cabos ∙ 332, 606 assinatura térmica ∙ 55
ambientes agressivos ∙ 334 assinatura térmica de referência ∙ 680
amplitude térmica ∙ 58, 111, 127, 128, 129, 130, 144, 146, assinatura térmica típica ∙ 58
147, 169, 173, 174, 181, 182, 183, 187, 188, 191, 196,
204, 205, 209, 210, 211, 215, 217, 222, 223, 227, 228, assinaturas térmicas ∙ 184, 207, 226, 250, 280, 299, 329,
229, 238, 240, 241, 242, 243, 248, 251, 252, 253, 254, 355

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 853


ÍNDICE REMISSIVO

ASTM E1934 ∙ 59 borracha vulcanizada ∙ 815

aterramento ∙ 159, 168, 208, 225, 290, 310, 311, 313, 325, botoeiras ∙ 524
327, 329, 330, 331, 338, 345, 346, 440, 460, 463, 467,
buchas ∙ 168, 207, 209, 210, 220, 222, 223, 225, 295, 296,
486, 503, 522, 526, 541, 645, 770, 827, 838
299, 300, 301, 302, 317, 320, 321, 352
atmosfera ∙ 833
Buchas de passagem ∙ 320, 321, 322, 323
atuação indevida ∙ 566, 569, 577, 719
Buchas de Passagem ∙ 320, 321, 322
Atuações intempestivas ∙ 394
by‐pass ∙ 193, 199
aumento de carga ∙ 221, 350

C
B
cabines de medição ∙ 317
baixo isolamento ∙ 143, 151, 195, 198, 199, 201, 202, 227,
cablagem ∙ 299, 339, 444, 496, 499, 503, 518, 579, 591,
230, 250, 252, 256, 280, 300, 307, 313, 320, 323, 326,
593, 594, 595, 607, 610, 620, 646, 648, 650, 711, 714
327, 330, 331, 351, 361, 364, 365, 366, 370, 380, 382,
383, 384, 403, 413, 423, 473, 483, 485, 498, 510, 639, cabo emergencial ∙ 716
783, 784
cabo reserva ∙ 342
banco de capacitores ∙ 168, 231, 234
Cabo, Rompimento ∙ 160
Banco de capacitores ∙ 234, 619, 795
cabos ∙ 65, 70, 80, 115, 122, 134, 135, 136, 137, 138, 139,
Barramento Classe 15 kV ∙ 347 141, 142, 144, 145, 147, 150, 157, 158, 159, 160, 165,
168, 186, 191, 199, 202, 213, 226, 229, 230, 237, 239,
barramento tubula ∙ 348
243, 247, 249, 253, 257, 258, 260, 261, 262, 263, 266,
barramentos ∙ 70, 78, 80, 132, 133, 168, 177, 181, 186, 267, 268, 269, 271, 272, 282, 283, 285, 286, 293, 297,
196, 207, 317, 319, 323, 333, 347, 348, 350, 367, 372, 298, 300, 301, 304, 310, 319, 320, 324, 330, 331, 332,
385, 393, 423, 432, 442, 447, 472, 487, 503, 504, 506, 333, 334, 336, 337, 339, 342, 344, 345, 346, 386, 387,
507, 508, 509, 510, 513, 515, 517, 518, 519, 529, 531, 388, 424, 425, 431, 433, 435, 436, 442, 443, 447, 449,
534, 535, 536, 537, 540, 542, 555, 568, 584, 600, 612, 451, 452, 454, 456, 458, 464, 467, 468, 469, 485, 490,
639, 654, 655, 718, 720, 793, 795, 801, 803, 805, 806, 495, 500, 502, 503, 514, 515, 518, 521, 523, 529, 541,
810, 811, 812, 830, 834 544, 558, 561, 570, 573, 574, 577, 580, 585, 586, 587,
588, 590, 591, 593, 594, 595, 596, 597, 599, 601, 602,
Barramentos de potência ∙ 531, 533, 536
603, 604, 605, 606, 607, 608, 609, 610, 611, 612, 613,
barramentos encapsulados ∙ 132, 133, 348 614, 623, 631, 632, 635, 639, 640, 643, 644, 645, 646,
647, 648, 650, 655, 677, 678, 691, 701, 702, 703, 704,
barramentos enclausurados ∙ 506, 515, 806
705, 706, 707, 713, 714, 715, 716, 718, 725, 743, 752,
Barramentos suspensos ∙ 503 753, 764, 799, 806, 808, 815, 827, 829, 834, 835, 840
Barras de Neutro e Terra ∙ 539 cabos de aterramento ∙ 134
barras de sustentação ∙ 646, 655 Cabos de comando ∙ xlix, 604, 605
bastidores ∙ 733 Cabos de força ∙ xlix, l, 585, 611
BINDT‐CM ∙ 59 Cabos de média e alta tensão ∙ 330
blindagem ∙ 227, 230, 326, 330, 331, 334, 335, 336, 346, Cabos Elétricos, Critérios para ∙ 69
463
cabos múltiplos ∙ 614
bobinas de fio esmaltado ∙ 61, 78, 79, 121, 216, 295, 400,
cabos novos ∙ 138, 139, 142, 258, 266
401, 402, 403, 404, 405, 406, 407, 408, 409, 417, 419,
422, 423, 435, 518, 526, 561, 621, 632, 636, 637, 638, cabos para‐raios ∙ 134, 135, 145, 158, 159
639, 649, 672, 675, 676, 684, 685, 702, 705, 706, 707,
cadeia de isoladores ∙ 141, 151, 166, 167, 280
726, 810, 832, 840
cadeias de sustentação ∙ 141
bornes ∙ 486, 518, 570, 571, 572, 573, 574, 575, 576, 577,
579, 580, 611, 664 caixa de ligações ∙ 683, 687, 701, 702, 705, 706

borra ∙ 423, 440, 442 caixa moldada ∙ 559, 561

854 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


ÍNDICE REMISSIVO

caixas de ligação ∙ 691, 702, 704, 707, 764, 815 circuito de baixa potência ∙ 658

caixas de passagem ∙ 337, 338, 393, 597, 599 circuito impresso ∙ 734, 738, 741, 742

calor específico ∙ 829, 831 circuito magnético ∙ 286, 525, 538, 640, 641

camada de poluente ∙ 135 circuitos de potência ∙ 502, 711, 716, 718

camada semicondutora ∙ 329, 333, 463 circuitos eletrônicos ∙ 447, 518, 662, 664

campo de visão ∙ 152, 195, 257, 259, 292, 624, 835, 838 Circuitos equivalentes ∙ 175

campos magnéticos ∙ 81, 414, 415, 538, 591, 599, 640, circuitos magnéticos ∙ 639
642, 644, 646, 647, 649, 650, 654, 655, 696, 831, 832,
circuitos paralelos ∙ 447, 464, 465
835, 838
circulação de ar ∙ 134, 332
canaletas ∙ xlix, 332, 337, 338, 490, 502, 595, 603, 607,
610, 690, 691 Circulação de máquinas e empilhadeiras ∙ 764

Canaletas ∙ 330, 337, 607 circulação forçada ∙ 440

capacidade nominal ∙ 93, 95, 110, 144, 150, 258, 332, 399, classe 15 kV ∙ 324
405, 406, 407, 437, 542, 547, 551, 559, 596, 631, 658,
Classificação de Riscos, Critérios por ∙ 72
663, 754
CLP ∙ 574, 579, 580, 662, 664, 682, 714, 754
capacitância ∙ 230, 330
CLPs ∙ 530, 575, 578, 580, 604, 726, 754
Capacitor ∙ 232, 233, 617, 618, 672
cobre nu ∙ 225, 323, 347, 349, 355, 544, 700, 717, 718
capacitores encapsulados ∙ 616
Cofre de Barramento ∙ 510
Carboneto de Silício ∙ 171, 287
Cofres de distribuição ∙ 517, 518
carbonização ∙ 490, 567, 573, 574, 620, 667, 727
Componentes eletrônicos ∙ 726
carcaça ∙ 68, 132, 173, 174, 232, 244, 376, 403, 421, 447,
460, 461, 499, 501, 510, 558, 559, 615, 622, 635, 667, comportamentos anômalos internos ∙ 132
674, 675, 677, 678, 679, 681, 683, 684, 685, 686, 687,
concessionária ∙ 301, 346, 356, 361
688, 690, 691, 704, 705, 706, 725, 735, 815, 828
condições de carga ∙ 59
Carga instantânea ∙ 750
condução ∙ 829, 831, 837, 840
carga padronizada ∙ 728
Condução ∙ 829
carregamento controlado ∙ 733
Condutividade térmica ∙ 829
casos limítrofes ∙ 152
Condutor com defeito interno ∙ 454
CCM, Centro de Controle de Motores ∙ 532, 535, 546, 581,
706 Condutor sem corrente ∙ 456

centelhamento ∙ 87, 476, 503, 632, 783 condutores de alma de aço ∙ 134

conectores ∙ 85, 135, 147, 152, 160, 165, 168, 199, 202,
211, 225, 232, 250, 253, 259, 268, 271, 272, 273, 275,
CH
300, 321, 332, 347, 350, 351, 370
chapas isoladas ∙ 404 conexão Aaron ∙ 324, 359, 361
Chapas isolantes ∙ xlix, 471 conexões internas ∙ 197, 203, 224, 310, 329, 357, 384, 401,
chapas separadoras ∙ 485, 640, 654 410, 434, 561, 565, 623

chaves rotativas ∙ 556 Consistência Térmica ∙ 109

chicote ∙ 608, 609, 610, 806 contador ∙ 110, 621

contaminação ∙ 152, 172, 176, 177, 180, 201, 206, 290,


293, 302, 336, 355, 360, 364, 366, 376, 380, 382, 476,
C 477, 482, 484, 538, 697

Ciclo de Falha Elétrica em Conexão ∙ 85 contato tulipa ∙ 379

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 855


ÍNDICE REMISSIVO

Contatos de Disjuntores ∙ 70 critérios de avaliação ∙ 60

contatos preênsis ∙ 581 Critérios de Inclusão ∙ 60

contatos, móveis ou fixos ∙ xlv, 59, 69, 70, 71, 86, 181, 182, criticidade ∙ 61, 92, 110, 165, 234
183, 184, 185, 203, 212, 233, 234, 252, 304, 305, 306,
cubículo ∙ 260, 269, 319, 347, 367, 411, 430, 440, 442, 472,
307, 308, 309, 367, 370, 371, 372, 373, 377, 378, 379,
484, 800, 810
384, 401, 440, 446, 447, 451, 470, 538, 541, 543, 547,
548, 549, 551, 552, 554, 555, 556, 557, 558, 559, 560, Cubículos metálicos ∙ 318
561, 563, 565, 568, 569, 570, 579, 581, 582, 584, 621,
cuidados adicionais ∙ 334, 761
622, 623, 624, 626, 627, 628, 629, 632, 633, 634, 635,
662, 663, 664, 665, 666, 667, 713, 714, 715, 718, 725, curto circuito ∙ 162, 230, 234, 236, 319, 351, 357, 376, 377,
752, 779, 781, 782, 811 379, 384, 413, 415, 421, 422, 444, 458, 500, 507, 514,
531, 538, 548, 563, 585, 586, 587, 607, 608, 614, 616,
Contexto ∙ 60
618, 631, 641, 642, 646, 648, 651, 693, 699, 702, 707,
contingência dupla ∙ 421, 589 769, 774, 815

convecção ∙ 831, 837, 840 curto circuito contra a Terra ∙ 319, 357, 538, 641

Convecção ∙ 830 curto circuito entre placas ∙ 122, 231, 237, 238, 243, 362,
618, 676, 683, 686, 691, 706
cordoalha ∙ 311, 313, 325, 327, 329, 345, 432, 447, 451,
470, 471, 700 curto franco ∙ 171, 331, 498, 646, 702

cordoalhas ∙ 329, 424, 432, 442, 447, 449, 451, 467, 470, curva de falha ∙ 164, 305, 321, 374
505, 518, 699, 722
Curva de Falha teórica ∙ 163
Correções pela Velocidade do Vento ∙ 96
Curvas de aquecimento e resfriamento em conexão ∙ 89
Correções pelas Cargas Nominal e Instantânea ∙ 93
curvas de tempo X corrente ∙ 546
corrente de fuga ∙ 81, 151, 152, 171, 172, 173, 178, 185,
custo técnico ∙ 608
198, 250, 252, 255, 256, 257, 275, 290, 293, 323, 327,
329, 331, 335, 345, 355, 356, 360, 361, 362, 380, 382

corrente entre placas ∙ 123 D


correntes de carga ∙ 115, 320, 495, 648, 711 Delta Adjacente, critério do ∙ 64
correntes de convecção ∙ 115, 129, 130, 132, 134, 332, Delta Ambiente, Critério do ∙ 65
400, 401, 409, 416, 430, 440, 477, 487, 504, 517, 523,
Delta T ∙ 61, 67, 84, 111, 123, 133, 164, 174, 221, 228, 294,
560, 565, 601, 622, 626
332, 378, 475, 517
correntes de fase ∙ 127
Depósito de Poluente ∙ xlix, 477, 484
correntes de Foucault ∙ 400, 403, 639, 641, 646, 653, 655
descarga atmosférica ∙ 331
correntes de fuga ∙ 157, 171, 172, 180, 227, 252, 257, 280,
desequilíbrio ∙ 125, 217, 225, 260, 261, 313, 329, 332, 348,
281, 309, 347, 351, 352, 380
403, 416, 425, 434, 467, 498, 502, 521, 538, 555, 561,
Correntes equilibradas ∙ 449 582, 591, 599, 612, 614, 627, 630, 631, 637, 638, 655,
662, 675, 683, 707
correntes parasitas ∙ 283, 284, 285, 321, 323, 404, 425,
430, 440, 498, 500, 501, 502, 525, 537, 591, 599, 640, desequilíbrio de corrente ∙ 261, 348, 425, 434, 498, 502,
642, 643, 644, 647, 648, 650, 653, 654, 655, 675 561, 591, 630
corrosão ∙ 151, 159, 165, 182, 183, 185, 188, 193, 196, desequilíbrio de Fases ∙ 613
198, 199, 202, 204, 205, 207, 213, 232, 239, 265, 269,
desligamento ∙ 63, 138, 140, 150, 159, 160, 172, 197, 216,
272, 282, 283, 286, 298, 300, 302, 306, 307, 309, 313,
217, 226, 232, 233, 234, 261, 264, 296, 301, 302, 305,
318, 323, 329, 348, 350, 351, 358, 360, 363, 366, 370,
310, 340, 342, 344, 365, 369, 388, 389, 418, 428, 434,
372, 377, 378, 381, 384, 400, 418, 423, 431, 433, 437,
439, 442, 475, 487, 496, 497, 499, 500, 502, 503, 505,
442, 445, 464, 466, 472, 505, 524, 533, 534, 536, 538,
506, 511, 514, 516, 517, 524, 525, 526, 530,531, 535,
540, 541, 545, 551, 556, 558, 562, 566, 569, 571, 576,
541, 545, 550, 556, 572, 576, 577, 581, 588, 592, 598,
577, 579, 580, 582, 583, 604, 622, 629, 630, 632, 634,
607, 617, 619, 646, 648, 696, 736, 740, 741, 795
661, 662, 663, 664, 665, 666, 667, 707, 717, 720, 721,
725, 727, 737, 743, 780, 782, 813 desligamento geral ∙ 197, 261, 342, 598

856 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


ÍNDICE REMISSIVO

deterioração ∙ xlvi, 64, 65, 85, 86, 87, 143, 151, 185, 193, E
198, 199, 272, 293, 300, 309, 313, 324, 327, 332, 336,
362, 364, 388, 475, 531, 555, 584, 619, 620, 646, 648, efeito fresta ∙ 170, 360, 398, 417, 540, 644, 724
676, 715, 752
efeito Joule ∙ 110, 636, 659
diagnóstico incorreto ∙ 420, 536, 582, 749
efeito térmico ∙ 654
diagnósticos qualitativos ∙ 62, 123, 124, 125, 126, 135, 136,
138, 139, 140, 141, 142, 181, 289 Efeitos das Lentes Infravermelhas ∙ 76

dielétrico ∙ 70, 144, 281, 309, 331, 334, 335, 336, 351, 356, Elementos Fusíveis, Critérios para Avaliação ∙ 69
380, 382, 485, 615, 616, 620 eletrocalha ∙ 66, 460, 496, 497, 498, 499, 502, 594, 648,
diferença de potencial ∙ 79, 199, 325, 474, 496, 502, 522, 806, 807
642 eletrocalhas ∙ 495
Dilatação ∙ 79, 80, 87, 133, 224, 286, 319, 333 Eletrocalhas ∙ xlix, 495
Dimensionamento ∙ 750 eletroduto metálicos ∙ 640, 648
dimensionamento mecânico ∙ 655 emenda ∙ 129, 130, 137, 138, 140, 150, 151, 166, 264, 283,
diodo ∙ 720, 722, 723, 725 291, 333

diodos ∙ 719, 721, 722, 723, 724, 725 Emendas em Linhas ∙ 137

discriminação visual ∙ 113, 167, 192, 193 emissividade e oxidação ∙ 629

Discriminação Visual ∙ 109 Emissividades ∙ 115

disjuntor BT ∙ 70, 71, 170, 200, 203, 204, 206, 207, 260, energia reativa ∙ 81
289, 347, 348, 365, 367, 371, 373, 374, 375, 376, 377, enrolamento ∙ 200, 225, 302, 403, 604, 626, 672, 683, 684
378, 379, 380, 381, 383, 384, 388, 469, 558, 559, 560,
Ensaio de Corrente Aplicada em Estator ∙ 122
561, 562, 563, 566, 569, 570, 583, 584, 592, 630, 631,
632, 641, 647, 658, 807 entreferro ∙ 194, 200, 207, 216, 299, 325, 357, 360, 361,
362, 364, 365, 400, 403, 404, 405, 406, 407, 409, 421,
Disjuntor motor ∙ 631
428, 439, 446, 447, 621, 622, 623, 624, 638
disjuntores ∙ xlv, 59, 69, 70, 71, 81, 168, 203, 206, 207,
envelhecimento precoce ∙ 70, 319, 332, 333, 334, 521, 526,
317, 318, 319, 373, 379, 384, 385, 393, 447, 451, 518,
538, 540, 594, 604, 607, 614, 806
559, 562, 565, 568, 569, 581, 630, 631, 633, 655, 656,
795, 808 EPI ∙ 661, 702, 707
Disjuntores motor ∙ 566, 630 epóxi ∙ 132, 133, 142, 201, 351, 353, 356, 357, 358, 359,
360, 361, 362, 364, 365, 369, 382, 383, 401, 402, 403,
disjuntor‐motor ∙ 636
404, 405, 406, 407, 408, 417, 418, 419, 423, 439, 444,
distância ∙ 56, 74, 77, 78, 91, 92, 100, 101, 102, 103, 104, 445, 446, 523, 529, 537, 552, 557, 559, 561, 566, 567,
105, 106, 107, 123, 124, 125, 126, 135, 136, 138, 139, 584, 592, 618, 647, 649, 654, 801
141, 142, 143, 145, 150, 159, 161, 167, 170, 173, 179,
equipamento rotativo ∙ 699
181, 183, 186, 192, 203, 204, 205, 211, 217, 232, 239,
247, 258, 259, 261, 267, 268, 270, 280,281, 323, 385 erro ∙ 65, 77, 78, 84, 95, 115, 117, 129, 130, 135, 136, 138,
139, 141, 142, 143, 147, 158, 167, 170, 173, 192, 193,
distâncias mínimas ∙ 319, 761
195, 196, 198, 208, 222, 252, 258, 261, 262, 263, 271,
distorção harmônica ∙ 636 288, 291, 292, 300, 309, 311, 313, 319, 326, 349, 358,
distribuição térmica ∙ 60, 63, 65, 93, 110, 121, 124, 125, 365, 395, 397, 418, 428, 432, 466, 486, 502, 523, 527,
126, 127, 128, 129, 130, 132, 133, 135, 138, 144, 151, 538, 545, 576, 583, 585, 586, 593, 614, 629, 643, 651,
173, 177, 206, 220, 238, 261, 265, 266, 269, 274, 289, 655, 686, 690, 694, 695, 696, 697, 699, 700, 717, 722,
293, 296, 302, 309, 323, 324, 329, 337, 356, 365, 374, 724, 747, 749, 755, 764
375, 383, 384 erro de montagem ∙ 291, 326, 502, 538, 655
Distribuição Térmica, Critério da ∙ 65 erro de projeto ∙ 129, 130, 583, 643, 651
distribuições térmicas simétricas ∙ 537 erros críticos ∙ 138
dobra excessiva ∙ 328 erros grosseiros ∙ 138

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 857


ÍNDICE REMISSIVO

escadas de marinheiro ∙ 765, 799 fibra de vidro ∙ 332, 375, 378, 379, 380, 403, 428, 471, 472,
474, 475, 476, 477, 484, 488, 651, 705, 734, 738, 836
escala colorimétrica ∙ 127, 144, 147, 158, 174, 178, 182,
183, 184, 187, 189, 197, 203, 205, 206, 210, 212, 214, fita auto fusão ∙ 598, 703, 704
215, 218, 219, 222, 223, 231, 236, 237, 238, 240, 241,
fitas condutoras ∙ 330
242, 243, 252, 255, 259, 274, 275, 276, 285, 287, 289,
296, 298, 304, 319, 321, 357, 358, 363, 364, 365, 367, FLIR ∙ 845, 846
376, 382, 383
FLIR Systems ∙ 846
escovas ∙ 121, 124, 125, 134, 692, 693, 694, 696, 697, 698,
fluido refrigerante ∙ 589, 590, 600, 604, 724
699, 700, 701
fluxo de potência ∙ 186
escovas de alimentação ∙ 698
fluxo magnético ∙ 283, 404, 416, 639, 647
Escovas de Motores ∙ 121, 134
foco óptico ∙ 148, 191, 195, 206, 210, 222, 223, 235, 236,
escritório técnico ∙ 56, 145, 149
238, 240, 241, 242, 243, 251, 253, 254, 268, 271, 289,
Espaços confinados ∙ 764 291, 304, 322, 357

estampar os contatos ∙ 555 foco térmico ∙ 192, 203, 205, 210, 232, 289

estator ∙ 121, 122, 123, 124, 126, 134, 671, 674, 675, 683, fogo ∙ 531
693, 694, 706
Fontes de calor externas ∙ 750
eterioração progressiva do isolamento ∙ 362
Fontes de Calor Ocultas ∙ 62
exaustão ∙ 251, 519, 529, 531, 656, 677
FPA ∙ 839
excesso de aperto ∙ 355
fresta ∙ 126, 239, 363, 397, 398, 399, 405, 496, 506, 528,
excitatriz ∙ 121, 124, 125, 134 532, 540, 545, 596, 644, 657, 693, 695, 696, 697, 699,
717, 718, 727
Experiência de Verificação do Resfriamento pelo Vento ∙
100 fuga ∙ 66, 117, 140, 144, 152, 176, 185, 198, 201, 202, 225,
250, 251, 255, 256, 257, 279, 281, 287, 290, 293, 307,
308, 309, 312, 323, 329, 333, 334, 335, 336, 339, 341,
F 342, 345, 346, 354, 355, 362, 364, 366, 368, 374, 383,
384, 408, 419, 423, 447, 459, 460,461, 462, 463, 471,
falha ∙ xlv, 61, 62, 68, 72, 73, 85, 86, 87, 88, 92, 140, 144, 474, 484, 496, 497, 498, 499, 500, 501, 503, 509, 526,
150, 160, 164, 170, 200, 203, 216, 230, 237, 261, 281, 537, 540, 585, 586, 587, 588, 591, 592, 616, 642, 751,
301, 327, 336, 339, 350, 354, 355, 356, 357, 363, 364, 766, 783, 784, 838
366, 367, 369, 384, 420, 423, 429, 434, 444, 456, 458,
467, 472, 482, 485, 500, 502, 514, 542, 544, 563, 568, Fuga em condutor ∙ 458
572, 589, 591, 593, 594, 603, 605, 609, 627, 637, 651, Fundos de painéis ∙ 527, 529
652, 683, 686, 691, 696, 716, 717, 720, 743, 752, 763,
801, 808 fusíveis de vidro rosqueados ∙ 664

falhas de isolamento ∙ 200, 334, 366 Fusíveis Diazed ∙ 658

falsos positivos ∙ 339 fusíveis HH ∙ 394, 399, 447

Fase‐Fase ∙ 174, 200, 336, 362, 471, 472, 474, 478, 496 Fusíveis NH, ∙ 542

Fase‐Terra ∙ 173, 200, 310, 336, 463, 471, 472, 473, 474,
496, 514, 537 G
fator de potência ∙ 81, 112, 230, 231, 234, 575, 576, 615,
gaiola, rotores em ∙ 691, 692, 693, 695, 696, 699
636
gargalo de produção ∙ 579, 597, 681, 715, 717
Fator de Potência ∙ 81
gases explosivos ∙ 426, 764
fatores intervindo na leitura de temperatura ∙ 685
Gauss, Curva de ∙ 110, 137, 138, 139, 206
Ferramenta Delta ∙ 831
geolocalização ∙ 140
ferrosilício ∙ 121, 356, 362, 400, 404, 639, 672, 678, 683,
684, 686, 691, 831 Google Maps ∙ 140

858 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


ÍNDICE REMISSIVO

grade ∙ 126, 322, 328, 365, 369, 375, 380, 382, 405, 406, isolador ∙ 143, 152, 171, 180, 184, 185, 198, 201, 251, 252,
407, 417, 526, 540, 588, 617, 692 256, 257, 259, 273, 275, 277, 278, 279, 280, 281, 294,
307, 309, 352, 353, 354, 355, 356, 382
grafite ∙ 693, 695, 696, 697, 699
Isoladores ∙ 140, 141, 143, 145, 177, 178, 179, 273, 274,
Grampos de ancoragem ∙ 284, 286
275, 276, 280, 351, 352, 355, 356, 383
gravidade do aquecimento ∙ 151
isoladores de ancoragem ∙ 157, 193, 275, 276, 280
guarda‐corpo ∙ 765
Isoladores de pedestal ∙ 157, 168, 193

isolamento ∙ 65, 69, 70, 79, 128, 129, 166, 177, 180, 185,
H 193, 195, 198, 201, 203, 206, 226, 232, 250, 257, 302,
303, 307, 309, 311, 313, 314, 319, 323, 326, 327, 329,
harmônicas ∙ 208, 636
330, 337, 339, 346, 349, 352, 353, 354, 355, 356, 360,
harmônicos ∙ 217, 231, 636, 637, 638, 639, 649, 678 361, 362, 364, 365, 366, 368, 378, 380, 382, 383, 384,
403, 412, 419, 423, 439, 458, 475, 477, 484, 485, 490,
helicóptero ∙ 145, 146, 147, 148, 149, 151
498, 499, 500, 502, 503, 510, 512, 515, 518, 531, 537,
Histórico ∙ 160, 750 585, 588, 591, 592, 594, 597, 603, 608, 637, 639, 640,
642, 643, 646, 648, 650, 676, 684, 706, 783, 784, 827,
histórico de imagens infravermelhas ∙ 132
828, 834, 835, 838, 839
homogeneidade ∙ 113, 172, 329, 449, 614, 640, 663, 683
isolamento térmico ∙ 69, 319, 512, 515, 839
hora voada ∙ 145
Isoterma ∙ 833
horário ∙ 89, 138, 143, 145, 150, 178, 183, 192, 194, 200,
205, 248, 249, 250, 258, 269, 319
J
I janelas gradeadas ∙ 125

janelas infravermelhas ∙ 129, 130, 389, 409, 693, 694, 696,


IETA, Critérios da ∙ xlv, 67
697, 699, 790, 808
IFOV ∙ 136, 138, 139, 141, 142, 143, 828, 836
jatos de água ∙ 141, 144, 152
Iluminação ambiente ∙ 764
jogo de escovas ∙ 694, 698
in rush ∙ 443
JOULE, Efeito ∙ 80
incêndio ∙ 66, 162, 336, 364, 426, 496, 499, 500, 524, 572,
585, 586, 587, 593, 607, 619, 625, 646
L
indução ∙ 285, 323, 326, 385, 400, 403, 424, 430, 440, 458,
495, 497, 498, 500, 502, 509, 525, 526, 535, 554, 555, Lambertiano ∙ 836, 837
588, 591, 640, 644, 648, 651, 654, 655, 675
lâminas paralelas ∙ 370
Indústria Nuclear Norte Americana, Critérios da ∙ 67
layout ∙ 168, 169, 388, 430, 507, 510, 607, 610, 647, 649,
Inspetor de Termografia ∙ 59, 84, 93, 110, 141, 144, 339, 655
550, 573, 699, 702, 761, 772, 789, 791
leito de cabos ∙ 447, 602
Instalações de Baixa Tensão ∙ 63
lentes ∙ 834
instalações externas ∙ 318
lentes acessórias ∙ 58, 138, 139, 142, 143
Instalações Internas ∙ 78
limite inferior da escala de temperaturas ∙ 141
insuflamento ∙ 519, 529, 530, 656
limite operacional da câmera ∙ 141
Intervenções ∙ 61
linhas de transmissão ∙ 58, 80, 121, 134, 139, 142, 144,
inundações ∙ 337 145, 150, 152
inversores ∙ 662, 664, 680 liquido refrigerante ∙ 508, 535, 589
ISO 18434‐1 ∙ 59 líquido refrigerante ∙ 589

luz visível ∙ 830

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 859


ÍNDICE REMISSIVO

M muflas de porcelana ∙ 310, 313, 329

mancal ∙ 700
N
mancha térmica ∙ 222, 360, 388, 425, 691
NBR 15424 ∙ 59
manchas térmicas ∙ 132
NBR 15572 ∙ 59
mangueira de refrigeração ∙ 535, 589, 591, 600
NBR 15716 ∙ 59
mapa térmico ∙ 726, 728, 733, 833
NBR 15718 ∙ 59
mapas térmicos ∙ 743
NBR 15763 ∙ 59
marcador ∙ 606, 817
NBR 15866 ∙ 59
Marcador de emenda em LT ou LD ∙ 818
NBR 16292 ∙ 59
Marketing ∙ 767
nitrogênio ∙ 827, 835
material ferromagnético ∙ 320, 404
níveis de tensão ∙ 58
material não ferromagnético ∙ 655
normalidade operacional ∙ 58
mau contato ∙ 58, 323, 384
NR‐10 ∙ 416, 521, 761, 762, 764, 790
mau contato interno ∙ 130, 217, 296, 300, 363, 364, 375,
384, 416, 425, 429, 430, 504, 553, 557, 571, 573, 622,
632, 636, 662, 713 O
máxima temperatura admissível ∙ 60, 70, 94, 150, 151,
objeto de interesse ∙ 55, 85, 110, 117, 135, 136, 138, 139,
304, 439, 555
141, 142, 143, 152, 181, 186, 188, 195, 203, 210, 219,
Máxima Temperatura Admissível ∙ 61, 69 222, 223, 238, 248, 252, 268, 270, 274, 285, 287, 289,
medição de corrente ∙ 434, 637, 638, 662 292, 311, 346, 353, 375, 380

medições radiométricas ∙ 124, 125, 126, 127, 128, 129, OHM, lei de ∙ 79
130, 132, 133, 138, 139, 141, 142, 143, 170, 173, 181, onda de tensão ∙ 171
183, 184, 188, 192, 195, 196, 198, 201, 203, 205, 211,
Ondas Curtas ∙ 833
213, 218, 219, 229, 291, 292, 297, 311, 312, 313, 319,
321, 322, 323, 325, 326, 327, 328, 329, 331, 332, 333, Ondas Longas ∙ 833
338, 348, 350, 352, 353, 354, 355, 357, 358, 359, 360,
Ondas Médias ∙ 833
362, 363, 364, 365, 367, 369, 370, 372, 374, 375, 376,
377, 378, 379, 380, 381, 382, 383, 465 O‐Ring ∙ 413, 528
megapixel ∙ 834 Óxido de Zinco ∙ 171, 287
Megger ∙ 216, 230, 314, 319, 356 ozônio ∙ 344, 838
micro‐ohmímetro ∙ 332, 547

MIFOV ∙ 138, 139, 141, 142, 143, 152, 186, 259, 270, 282 P
módulo ∙ 556, 558, 630, 633, 733 painéis ∙ xlix, lii, 63, 67, 78, 79, 98, 121, 126, 333, 337, 347,
mola ∙ 307, 378, 542, 701, 782 364, 379, 385, 387, 388, 389, 393, 402, 437, 443, 485,
489, 490, 513, 515, 517, 518, 524, 527, 529, 531, 540,
MOSFET ∙ 739 551, 570, 571, 575, 585, 595, 607, 608, 609, 610, 611,
Motores elétricos ∙ 671 639, 649, 654, 655, 656, 657, 662, 701, 720, 726, 764,
765, 766, 767, 768, 793, 799, 801, 806, 808, 811, 827,
Motores por classes de temperaturas ∙ 68
833
mufla ∙ 228, 229, 261, 269, 311, 312, 313, 325, 326, 327,
painéis de distribuição ∙ 385, 393, 402, 518
328, 329, 339, 458
paletas de cor ∙ 146
muflas ∙ 136, 168, 226, 227, 231, 247, 253, 257, 260, 261,
289, 310, 312, 313, 317, 318, 320, 324, 325, 327, 329, parada intempestiva ∙ 162, 167, 193, 263, 264, 340, 604,
333, 336, 342, 344 713

860 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


ÍNDICE REMISSIVO

paradas de produção ∙ 718 Posição Estratégica ∙ 62

Paradas intempestivas ∙ 656 pós‐manutenção ∙ 285, 358, 504

paralaxe ∙ 486, 573 potência circulante ∙ 164

Para‐Raios ∙ 136, 141, 144, 157, 158, 159, 163, 171, 172, potência elétrica ∙ 317, 400
173, 174, 175, 176, 179, 279, 287, 288, 289, 290, 291,
Potência versus Corrente, Curva Quadrática ∙ 93
292, 293, 294, 327, 374
potenciais de terra ∙ 134
Pastas condutoras ∙ 725
Prazos para Intervenção ∙ 72
peças intercambiáveis ∙ 630
prêmios de seguros ∙ 768
Peltier ∙ 827
prensada, emenda ∙ 138, 283
Pequeno Volume de Óleo ∙ 202, 373
Presença ou Ausência, Critério da ∙ 65
percepção visual do Inspetor ∙ 56
pressão da mola ∙ 694
perda do produto ∙ 717
pressão negativa ∙ 697, 699
periodicidade ∙ xlix, 59, 92, 151, 161, 164, 305, 321, 374,
380, 422, 426, 563, 603, 752, 753, 756 pressão nos contatos ∙ 370, 547, 663, 664, 665

pinça refrigerada ∙ 717 Problemas e Soluções, Ambientes Internos ∙ 78

pinças de solda ∙ 590, 716, 717, 718 procedimento de risco ∙ 324, 342, 345, 411

Pisos elevados ∙ 764 processamento de dados ∙ 732, 733, 764

pistas de assentamento ∙ 693, 694, 696, 697, 699 profundidade de campo ∙ 58, 136, 137, 139, 140, 142, 143,
146, 148, 173, 182, 209, 222, 223, 261, 288, 312, 328,
placa mãe ∙ 738, 739, 741, 742
333, 337, 338, 358, 359
placas eletrônicas ∙ 726, 727, 738, 743
programação ∙ 62, 63, 217, 750
plugue ∙ 666, 667, 713
proteção de sobrecorrente ∙ 548
plugues ∙ 379, 714, 799
Protetores plásticos de conexões ∙ 813
policarbonato ∙ 520, 521, 547, 562, 619, 764, 771, 797, 798

poluente ∙ 128, 138, 139, 141, 142, 143, 198, 201, 250, Q
275, 280, 283, 284, 311, 349, 354, 363, 383, 398, 451,
454, 471, 472, 477, 482, 484, 500, 532, 540, 541, 544, Qualitativo e Quantitativo, Comparando os Métodos ∙ 111
582, 583
queimaduras por toque ∙ 649
poluição superficial ∙ 166

ponte retificadora ∙ 720


R
ponteiras de solda ∙ 716
radiação ∙ 830, 831, 832, 835, 836, 837, 838, 840
pontes retificadoras ∙ 719, 720, 722, 723, 726
Radiação ∙ 837
ponto de inflexão ∙ 733
radiação eletromagnética ∙ 837
Ponto Quente ∙ 60, 62
radiação UV ∙ 324
porcelana ∙ 141, 143, 171, 173, 174, 176, 185, 195, 198,
201, 202, 207, 252, 255, 256, 274, 275, 276, 280, 287, radiadores ∙ 207, 208, 210, 216, 218, 219, 225, 226, 295,
288, 291, 292, 296, 300, 302, 303, 309, 312, 313, 320, 299, 301, 302, 400, 403, 412, 423, 429, 439, 440, 441,
328, 351, 352, 353, 354, 355, 364, 395, 396, 398, 399, 442, 840
403, 409, 412, 413, 423, 463, 544, 546, 658, 660, 661, Reatores de linha ∙ 636, 639
662, 721, 722, 835
rebobinamento ∙ 691
Portas de painéis ∙ 520, 526, 795
Redução da vida útil, Cabos ∙ 70
portas intertravadas ∙ 526
referência de comportamento térmico ∙ 55
Pórticos ∙ 157

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 861


ÍNDICE REMISSIVO

reflexo solar nas nuvens ∙ 75 risco de um acidente ∙ 763

refrigeração ∙ 69, 134, 197, 200, 216, 217, 225, 226, 269, risco implícito ∙ 345, 477, 484, 503, 585, 586, 736
274, 295, 298, 299, 332
robô ∙ 711, 712, 713, 714, 715, 716, 717, 718
refrigeração natural ∙ 594, 604, 607, 608, 610
robô em movimento ∙ 717
regime de operação ∙ 115, 134, 596, 613, 615, 649, 724,
robôs ∙ 711, 713, 714, 715, 716, 717, 718, 799
789
rolamentos ∙ 679
régua de bornes ∙ 573
rompimento do condutor ∙ 716
re‐isolamento ∙ 598
rota ∙ 92, 748, 749, 755
relação de transformação ∙ 194, 200, 226, 356, 361, 400,
416, 423, 439, 443 Roteiros de Inspeção ∙ 92

relatório ∙ 61, 62, 271, 349, 379, 421, 755 rotor ∙ 121, 124, 671, 675, 693, 694, 695, 696, 699

relé bimetálico ou térmico ∙ 633 ruído industrial ∙ 764

relé primário ∙ 377

Relés Térmicos ∙ 633, 634, 635 S


reostato ∙ 453, 692, 693, 696 salinidade ∙ 324
Repercussão Estimada, Critério da ∙ 73 seccionadoras ∙ 168, 180, 181, 182, 184, 260, 280, 282,
resfriamento ∙ 60, 75, 77, 82, 84, 85, 89, 94, 96, 97, 98, 304, 305, 309, 317, 318, 319, 347, 370, 371, 372, 373,
100, 103, 104, 106, 107, 111, 145, 150, 151, 152, 162, 385, 447, 466, 518, 548, 551, 555
167, 173, 174, 192, 198, 202, 213, 215, 218, 250, 251, seccionamento, Cabos de Força ∙ 138, 145, 159, 168, 181,
257, 258, 264, 268, 271, 345, 346, 505, 511, 519, 526, 367
535, 563, 593, 610, 661, 680, 683, 741, 743,750, 783,
segurança ∙ lii, 60, 62, 67, 70, 75, 77, 78, 110, 111, 127,
827
132, 147, 152, 180, 214, 235, 270, 275, 319, 339, 389,
Resfriamento pelo Vento ∙ 82 416, 421, 425, 430, 437, 461, 471, 490, 491, 497, 498,
resistência de contato ∙ 79, 112, 113, 164, 213, 244, 370, 500, 503, 514, 517, 520, 521, 534, 541, 543, 555, 560,
375, 378, 398, 431, 433, 437, 451, 452, 453, 458, 464, 572, 573, 587, 588, 596, 597, 606, 619, 627, 631, 637,
466, 469, 534, 536, 540, 541, 545, 547, 551, 555, 562, 645, 649, 699, 711, 750, 754, 761, 762, 763, 764, 765,
569, 628, 665, 685, 694, 696, 698 766, 767, 771, 772, 774, 784, 789, 790, 793, 796, 799,
807, 833
resistência ôhmica ∙ 81, 199, 230, 382, 384, 403, 439, 445,
484, 504, 506, 510, 556, 557, 646, 648 Segurança do Trabalho ∙ 411, 496, 661, 766, 789

resistor de descarga ∙ 615, 617 semicondutores ∙ 171, 720, 724

Resistores de Painel ∙ xlix, 485 sensor ∙ 827, 839, 840

resolução ∙ 829, 835 separador de cabos ∙ 142

Resolução ∙ 750, 751, 838 SF6 ∙ 134, 202, 348, 373, 385

resolução espacial ∙ 74, 75, 77, 78, 101, 104, 135, 137, 138, sinais de tensão ∙ 737, 754
139, 141, 142, 143, 157, 160, 161, 178, 181, 191, 196, sistema elétrico ∙ 57
211, 258, 262, 263, 267, 272, 292, 297, 298, 312
sobreaquecimento generalizado ∙ 603, 672
resolução óptica ∙ 56, 58, 110, 136, 144, 151, 152, 179,
sobrecarga ∙ 69, 144, 348, 396, 521, 574, 585, 586, 596,
239
603, 784
Resolução óptica ∙ 750
sobreposição ∙ 157, 191, 297, 327, 547, 586, 597, 606
ressecamento ∙ 70, 421, 585, 586, 587, 594, 608, 641, 646,
SoftStarter ∙ 735, 737
648
sopro magnético ∙ 373
retífica ∙ 199, 213, 697, 718, 725
soquetes ∙ 664
Retificadores ∙ 719, 720, 721
subestações de manobra ∙ 134

862 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS


ÍNDICE REMISSIVO

subestações elevadoras ∙ 58, 134 Temperatura corrigida para 100% ∙ 94

Subestações Elevadoras ∙ 134 temperatura de projeto ∙ 529, 719, 726

subestações rebaixadoras ∙ 58 temperatura e umidade ambiente ∙ 331

Subestações rebaixadoras ∙ 393 temperatura interna ao painel ∙ 654

Subestações, elevadoras ou rebaixadoras ∙ 168 Temperatura versus deterioração ∙ 85

substituição ∙ 61, 71, 138, 140, 141, 151, 152, 159, 165, temperaturas nominais ∙ 59
174, 178, 180, 188, 195, 196, 201, 202, 204, 205, 207,
tempo real ∙ 56
232, 234, 236, 237, 238, 239, 240, 241, 242, 243, 263,
264, 269, 272, 275, 280, 287, 288, 289, 290, 291, 300, tendência de agravamento ∙ 691, 725
301, 306, 307, 309, 312, 313, 323, 326, 327, 329, 331,
tentos ∙ 134, 138, 139, 144, 150, 151, 191, 199, 258, 261,
333, 336, 348, 351, 352, 353, 354, 356, 357, 358, 360,
264, 265, 266, 267, 269, 272, 284, 285, 286, 333
363, 366, 367, 368, 370, 372, 380, 381, 382, 383, 384,
394, 398, 400, 412, 419, 423, 433, 435, 437, 442, 444, terceira harmônica ∙ 749
447, 456, 465, 466, 475, 477, 485, 499, 503, 505, 506,
Termo contrátil ∙ 324, 325
510, 515, 518, 524, 526, 530, 531, 533, 536, 540, 541,
543, 551, 552, 553, 554, 555, 556, 558, 559, 562, 567, termocontrátil ∙ 230, 310, 313, 328, 329, 454, 811, 817
568, 569, 573, 574, 576, 577, 579, 580, 581, 582, 583, Termografia comparativa Quantitativa e Qualitativa ∙ 109
584, 586, 587, 588, 589, 591, 592, 594, 596, 597, 598,
599, 602, 603, 606, 608, 612, 613, 614, 616, 617, 618, termograma ∙ 829, 833, 836, 840
619, 623, 624, 625, 629, 630, 631, 632, 633, 635, 636, termoplástico ∙ 61, 69, 241, 242, 258, 268, 325, 431, 433,
638, 639, 648, 651, 655, 656, 658, 660, 661, 664, 665, 436, 437, 454, 469, 499, 557, 562, 567, 571, 572, 577,
666, 667, 678, 693, 694, 696, 698, 699, 701, 705, 707, 585, 591, 592, 596, 597, 613, 623, 631, 634, 705, 722,
715, 716, 718, 720, 721, 722, 725, 727, 736, 737, 743, 723, 727
780, 782, 784, 831
Termovisor ∙ 58, 98, 139, 142, 334, 343
superfície de contato ∙ 272, 417, 581, 693, 695, 696, 697,
699, 725 Tetos ∙ 318

surto de manobra ∙ 177, 384 ThermoScala ∙ 74, 114, 148, 190

ThermoScala, Software ∙ 113

T tipo de superfície ∙ 138, 189

tiristor ∙ 535, 722, 724


tagueamento ∙ 749
tiristores ∙ 337, 535, 719, 722, 724
tampa ∙ 124, 125, 134, 173, 214, 222, 223, 224, 344, 386,
388, 408, 410, 411, 413, 421, 429, 430, 441, 505, 516, Tiristores ∙ 719
595, 607, 622, 628, 629, 659, 661, 662, 664, 702, 705,
tomada ∙ 144, 149, 219, 242, 258, 382, 666, 667, 696, 711
707, 799, 800, 815
Tomadas industriais ∙ 666
tap ∙ 208, 301, 417
torque ∙ 79, 87, 165, 196, 204, 205, 228, 232, 239, 272,
taps comutação ∙ 403
355, 581, 632, 664, 692, 704, 707, 725, 743, 780, 815
tarugos de baquelite ∙ 332
torquímetro ∙ 151, 165, 196, 204, 205, 207, 213, 232, 239,
Taxa de atualização ∙ 602, 751 272, 282, 298, 332, 418, 431, 433, 435, 437, 465, 466,
504, 506, 533, 534, 536, 538, 562, 566, 580, 624, 629,
TC’s de medição ∙ 357
630, 691, 707, 718, 720, 721, 780, 782
TCs ∙ 168, 194, 197, 198, 199, 200, 202, 207, 208, 225, 266,
TP’s ∙ 200, 201, 318, 361, 364, 365, 385, 485, 517
317, 347, 356, 357, 359, 360, 385
TPs ∙ 168, 200, 201, 202, 317, 347, 361, 362, 366, 385
tela ∙ 204, 349, 365, 375, 380, 383, 404, 405, 406, 409, 426,
588, 799, 800, 801 Transformador ∙ 209, 216, 289, 296, 401, 402, 411, 439,
539, 835, 839, 840
Temperatura Absoluta, Critério da ∙ 64
transformador a seco ∙ 400, 404, 409, 419, 423, 636, 840
Temperatura Adjacente ∙ 62

temperatura ambiente ∙ 829, 832, 839

MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 863


ÍNDICE REMISSIVO

transformadores ∙ 61, 130, 168, 169, 200, 208, 217, 220, Urgência ∙ 63, 72, 151, 176, 185, 361
225, 249, 257, 295, 297, 298, 299, 300, 301, 337, 385
USCA ∙ 736
Transformadores de corrente auxiliares ∙ 443
usinas ∙ 121
Transformadores de potencial ∙ 200, 361
Usinas Hidrelétricas, Geradores ∙ 121
transitórios ∙ 443, 636, 698

tratamento de superfície ∙ 61, 160, 182, 183, 185, 188, V


206, 225, 242, 269, 305, 329, 360, 366, 377, 381, 384,
423, 437, 442, 466, 504, 506, 510, 533, 534, 536, 538, velocidade do vento ∙ 59, 64, 74, 82, 84, 85, 97, 101, 108,
540, 541, 555, 558, 562, 569, 582, 583, 629, 717, 720, 111, 135, 136, 138, 139, 141, 142, 143, 145, 151, 160,
780 167, 183, 186, 191, 192, 205, 206, 211, 224, 251, 258,
tratamento térmico ∙ 195, 201, 324, 352, 353, 354, 356, 259, 266, 269
380, 382, 383, 384, 485, 782, 784 ventilação forçada ∙ 94, 98, 207, 226, 400, 403, 440, 441,
Triângulo de Potências ∙ 81 529, 602, 610, 611, 654, 656, 658, 677, 678, 719, 720,
725, 750
trilha ∙ 694, 697
ventilação natural por convecção ∙ 658
trilhas de cobre ∙ 738, 741, 742
Ventilação Obstruída ∙ 672
trilhas sobreaquecidas ∙ 696
Ventiladores de painel ∙ 525, 529, 531
Trocas de Calor ∙ 82
ventoinhas ∙ 672
tubos metálicos ∙ 599, 648
vida útil ∙ 61, 69, 192, 332, 360, 400, 441, 525, 529, 533,
535, 536, 566, 593, 604, 657, 658, 682, 685, 691, 692,
U 694, 696, 698, 840

ultrassom ∙ 503
Z
umidade relativa do ar ∙ 74, 110, 112, 123, 124, 125, 126,
135, 138, 140, 141, 142, 144, 152, 247, 257, 258, 266, Zona de risco ∙ 761, 762
293, 323, 355, 356, 380, 592
zonas controladas ∙ 761
unidades de geração ∙ 57
zoom digital ou óptico ∙ 136

864 MANUAL DE TERMOGRAFIA EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS

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