O Filho Desconhecido Do Sertanejo 1st Edition J Munyz Full Chapter Download PDF

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O Filho Desconhecido do Sertanejo 1st

Edition J Munyz
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O Filho Desconhecido do Sertanejo

J Munyz

Copyright © 2023 J Munyz


Capa: Mbbanners
1ª Edição

Esta é uma obra de ficção. Seu intuito é entreter as pessoas. Nomes, personagens,
lugares e acontecimento descritos são produtos da imaginação da autora. Qualquer
semelhança com fatos reais é mera coincidência.

Todos os direitos reservados


Nenhuma parte desta obra pode ser utilizada ou reproduzida por quaisquer meios
existentes sem a autorização prévia e expressa da autora. A violação dos direitos autorais é
crime estabelecido na Lei N° 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal.
SUMÁRIO

SINOPSE
PRÓLOGO
CAPÍTULO 01
CAPÍTULO 02
CAPÍTULO 03
CAPÍTULO 04
CAPÍTULO 05
CAPÍTULO 06
CAPÍTULO 07
CAPÍTULO 08
CAPÍTULO 09
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
CAPÍTULO 16
CAPÍTULO 17
CAPÍTULO 18
CAPÍTULO 19
CAPÍTULO 20
CAPÍTULO 21
CAPÍTULO 22
CAPÍTULO 23
CAPÍTULO 24
CAPÍTULO 25
CAPÍTULO 26
CAPÍTULO 27
CAPÍTULO 28
CAPÍTULO 29
CAPÍTULO 30
CAPÍTULO 31
CAPÍTULO 32
CAPÍTULO 33
CAPÍTULO 34
CAPÍTULO 35
CAPÍTULO 36
CAPÍTULO 37
CAPÍTULO 38
CAPÍTULO 39
CAPÍTULO 40
CAPÍTULO 41
EPÍLOGO
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SINOPSE
O medo de ser obrigada a interromper minha gravidez levou-
me para longe do homem que amava. A mera possibilidade do
aborto afastou-me da única realidade que conhecia.
Sem dinheiro, sem estudo e grávida. Felizmente acolhida por
uma tia até então desconhecida, felizmente sendo capaz de gerar o
meu filho.
E valeu a pena. Meu Levi valeu todo o meu esforço, tudo que
abdiquei. Valeu inclusive o esforço de abandonar João Miguel.
Jamais esperei que o homem que amava fosse capaz de
sugerir tamanha atrocidade, jamais achei que o cantor sertanejo,
que teve meu coração desde sempre, fosse capaz de pronunciar tais
palavras.
Por isso fugi, escondi-me. Ocultei a existência de Levi e tudo
estava indo bem, na medida do possível.
Até que uma coincidência infeliz forçou-me a ficar frente a
frente com João Miguel.
Até que sua ira indomável e seu desejo de vingança fosse
capaz de nos colocar novamente sob o mesmo teto.
Como resistir a tanto amor?
Como aceitar todo o sofrimento que me é infligido?
Como esquecer tudo que ele é capaz de fazer?
Penso que estou condenada a esta realidade. Penso que não
há mais chance alguma para nós.
PRÓLOGO

Claro que sinto falta de vovó Anastácia. Todos os dias.


Ela me criou. Deu-me amor quando perdi minha mãe, quando sequer
a conheci. Desde o parto. No meu nascimento.
Raquel Alves jamais disse quem era o meu pai e este segredo levou
com ela. Para o túmulo. E depois de sua partida foi somente vovó e eu,
por anos. Por 18 anos.
Até que um infarto a tirou de mim, há um ano atrás.
Lógico que foi difícil, praticamente impossível. Felizmente contei com
o apoio de Ana Ferreira de Aguiar. Que me acolheu talvez como alguém da
família e não somente como uma funcionária que fiz questão de ser.
Uma empregada doméstica, assumindo o posto que vovó ocupou por
tantos e tantos anos. Mesmo que ela jamais tenha morado com os
patrões, mas este foi um convite que de pronto aceitei, pois não queria
morar na nossa antiga casa sozinha e, por aconselhamento de dona Ana,
logo me desfiz do imóvel, levantando um dinheiro que utilizarei quando
entrar na faculdade ano que vem.
Sei que estarei um pouco atrasada, mas a perda de vovó me abalou
demais e só agora me sinto pronta para pensar no futuro.
Se fosse sincera comigo mesma admitiria que não foi só isso,
admitiria que não queria me afastar de João Miguel.
Filho único dos meus patrões. Talentoso músico que já desponta
como uma grande promessa da música sertaneja.
Meu primeiro e único amor. Primeiro beijo e primeiro homem, mesmo
que saiba que não foi assim para ele.
Três anos mais velho do que eu, tive que observar e sofrer quando o
garoto franzino virou homem feito. Alto, forte e moreno de lindos olhos
verdes. Uma tentação para qualquer mulher, uma kriptonita para aquela
que sempre conviveu com ele.
E quis o destino que o sentimento em meu peito mudasse e que o
amor me tomasse. Felizmente quis o destino que o amor também
chegasse para João Miguel.
Vieram então olhares, toques, carícias fortuitas e depois beijos.
Muitos.
Longos. Gostosos. Sedutores.
Que me levaram a entregar-me para ele. Dia após dia. No quarto que
ocupo em sua casa.
E de repente não existiam mais manchetes com o seu nome, nem
fotos com outras.
De repente ele voltava para casa depois dos shows e era comigo que
terminava todas as suas noites.
Mesmo que eu ainda não tenha permitido que assumamos em
público, talvez por sentir que estou traindo a confiança do meu patrão,
talvez por saber que este jamais aceitaria algo entre seu filho e eu. Por
isso decidi que vou embora, começar minha faculdade de fisioterapia longe
do olhar julgador de Naldo Ferreira de Aguiar, longe do obstáculo
derradeiro para assumir meu relacionamento com João Miguel.
Vejo a má vontade do meu patrão para comigo, como insiste em me
tratar como a empregada que sou nesta casa. Como é preconceituoso e
como enche a mansão de herdeiras para tentar despertar o interesse do
filho, que a pedido meu não o enfrenta, pelo menos não agora.
Pelo respeito que sempre teve por minha avó, pela gratidão por ter
acolhido a neta, mesmo que com o passar do tempo, desde o
envolvimento que aconteceu entre João Miguel e eu, nada mais reste do
que desprezo e talvez arrependimento.
Mas falta somente um pouquinho. Já estou de aviso prévio.
Daqui a pouco estarei distante desta casa, não serei mais funcionária
dele e poderei gritar ao mundo que o cantor sertanejo lindo, que está em
primeiro lugar nas paradas de sucesso, é o meu amor, assim como sou o
dele.

Olho para o teste de gravidez e o que vejo me toma em desespero.


Como deixamos isso acontecer? Como fomos descuidados a este
ponto?
E logo sei a resposta.
O fogo, o tesão. O amor. Que nos domina sempre que estamos
juntos, que nos faz sôfregos e muitas vezes negligentes.
E Deus sabe que não era a hora, Deus sabe que tinha planos para
começar uma faculdade. Tinha planos mas não tive o cuidado, tampouco
João Miguel.
Mas mesmo que o desespero ameace me tomar, aprendi, apesar da
pouca idade, que os problemas não são enfrentados com lágrimas ou
arrependimentos, são enfrentados de frente e por sorte tenho alguém para
enfrentá-los comigo.
E por isso saio à procura dele. Mesmo que saiba que terá um show
importante, mesmo que saiba que talvez esta notícia o afete.
Infelizmente nada disso me faz sequer diminuir os meus passos, me
faz sequer repensar a decisão de contar-lhe neste instante que seremos
pais.
Apesar de saber que talvez fique apreensivo por entender que somos
novos, por saber que eu tinha planos de estudar e também por saber da
rotina intensa de shows e programas que participa, dia após dia.
Mas teremos que nos acostumar com esta nova realidade e o quanto
antes tiver seus braços fortes ao meu redor, mais rapidamente serei capaz
de afastar do meu peito esta aflição que ameaça me dominar.
E aparentemente não terei que procurar muito. Escuto sua voz e
infelizmente ele não está sozinho.
Escuto também a voz de seu pai e pelo tom sei que a conversa está
longe de ser amigável.
E parece que, diferentemente de mim, Naldo Ferreira não se
preocupa se suas palavras afetarão o desempenho do filho nos palcos.
Apesar de ser seu empresário. De ser seu pai.
Nada disso o impede de gritar, de esbravejar o descontentamento de
ter seu único filho envolvido com uma serviçal.
Escuto as palavras e dói. Muito. Por saber que nunca tive chance de
ser aceita. Por saber que minha conta bancária me impede de ser vista
como igual.
E me afeta, mesmo que ele nunca tenha ocultado sua opinião, muito
pelo contrário.
Talvez a gravidez, os hormônios ou a necessidade que tenho neste
instante de ser compreendida e amada façam de mim um alvo fácil, façam
de mim alguém capaz de fazer algo sequer pensado.
Escutar a discussão, saber que João Miguel me defenderá, que nosso
filho e eu podemos contar com sua lealdade incondicional. Com seu amor
irrestrito.
— E se essa pé-rapada engravidar? E se esse casinho sem futuro
render frutos?
Fico chocada com a maldade. Fico abismada como ele, sem sequer
desconfiar, pôde ir tão no âmago da questão.
E apesar do medo de ser descoberta, tento ver a expressão de João
Miguel.
Ansiosamente espero os gritos, a revolta, a defesa que sempre vem.
O desgosto por seu pai ser assim, por tratar a mulher que ama desta
forma.
Mas não veio. E isso certamente acabou comigo.
— Não se preocupe, papai, isso não vai acontecer. Sou muito novo e
a última coisa que quero agora é um filho. Não tenho idade para me
prender desta forma, não tenho idade para esse tipo de responsabilidade.
Minhas pernas fraquejam, meu corpo parece querer ceder com esta
descoberta. Mas tenho que ser forte, preciso ser forte. Agora que comecei
a escutar, vou até o fim.
— Mas você sabe que é um risco, é uma possibilidade...
— Se algo assim acontecesse, eu resolveria! Pode acreditar, eu
resolveria!
O tapinha amistoso que recebe de seu pai confirma que pensei certo,
que não estou imaginando coisas.
A forma como Naldo Ferreira sorri, a forma como recebe satisfeito as
palavras proferidas pelo homem da minha vida, apenas confirma o que de
pronto minha mente entendeu.
Aborto. Interrupção da gravidez.
É isso que ele insinua, é isso que Naldo Ferreira e eu entendemos.
E isso acaba comigo. Machuca-me como nem mesmo a perda da
minha avó machucou-me.
E vê-los saindo de forma amigável, sem defesa alguma a meu
respeito, sem bradar seu amor, como tantas vezes o vi fazer, apenas
dilacera-me mais, apenas põe em dúvida o que sempre tive como certeza
absoluta.
O seu amor, sua devoção e sua lealdade.
As lágrimas já escorrem, o corpo já ameaça desabar. A descoberta
que fiz ameaça destruir minha sanidade.
Mas o que trago no ventre me impele a lutar. O filho recém-
descoberto me impele a ser forte.
A passar a mão na face, a respirar fundo e tentar seguir adiante.
Um passo de cada vez. Em direção ao quarto, mas também em
direção a uma vida longe de João Miguel.
Onde talvez a chance de cursar uma faculdade não mais existirá,
onde também não terei mais comigo aquele que sempre esperei que
estivesse.
Mas terei comigo uma bênção que veio de repente, que trouxe
surpresa, e porque não desespero. Mas uma bênção que será minha
fortaleza, a razão da minha vida e a minha força para seguir em frente.
CAPÍTULO 01

Não sei como algo que já foi considerado por mim como sublime,
perfeito, tornou-se uma coisa tão mecânica, por vezes frustrante. Virou
apenas uma forma de extravasar a frustração, uma maneira de suprir os
desejos do corpo, visto que os desejos da alma temo jamais conseguir
suprir novamente.
Desde Helena. Jamais após ela.
Mesmo que tenha ao meu lado uma loira gostosa. Linda aos olhos de
todos, com muitas características que agradam ao meu pai, mas que não
me agradam nem minimamente. Por não ter os cabelos pretos, a pele
morena, e nem os olhos da cor de jaboticaba. Por não ter o corpo cheio de
curvas, gostoso como o de nenhuma outra. E sei que por isso esta que
dorme ao meu lado é fisicamente tão diferente, certamente é uma forma
de não macular as lembranças que guardo tão intimamente, as lembranças
que por vezes me impediram e me impedem de sucumbir ao desespero de
não tê-la mais comigo.
Dois anos. Dois malditos anos.
Que vago no mundo sem rumo, sem prumo.
Compondo músicas que falam de sofrência, cantando músicas que
falam de um amor que perdi.
Que vendem como água, imaginando pela mídia se tratar de um
rótulo para vender, uma forma de continuar sempre nas primeiras paradas
de sucesso.
Mal sabem eles que é meu coração apaixonado que me impele a
compor, que é meu ser doente de amor que me força a colocar no papel
aquilo que me maltrata dia após dia, que não abranda e nem alivia,
mesmo que já tenha passado muito tempo. Tempo demais.
Ainda lembro como se fosse hoje aquele dia fatídico. Tinha saído para
um show. Podia ser um dia como qualquer outro, em que cumpriria os
meus compromissos, rejeitando ao final toda e qualquer oferta de
companhia e voltaria correndo para os braços da minha mulher. Mesmo
que isso pusesse meu pai doido e que frustrasse as intenções de algumas
mulheres que não aceitavam um não como resposta. Mesmo que
questionassem a minha sanidade ou a minha heterossexualidade e isso
nem me incomodava, pois a tinha comigo e isso era o mais importante.
E faltava pouco para ela se mudar, sair debaixo do teto dos meus pais
e finalmente me permitir assumi-la, gritar aos quatro ventos que meu
coração tinha dona e que sempre teria. E essa espera e condição era
vontade dela, pois por mim este fato já seria de conhecimento de todos,
minha condição de compromissado seria algo sabido por todos.
E neste trágico dia lembro com detalhes como saí de casa com um
amargor na boca, por pela primeira vez não ter rebatido as palavras
preconceituosas de meu pai. Por ter deixado que expressasse o verdadeiro
pavor que tinha ao cogitar que Helena pudesse engravidar de mim. Fui
permissivo com o seu discurso infeliz, quem sabe conivente, mas não
aguentava mais as longas discussões que descobri serem infrutíferas, não
aguentava mais tentar argumentar com alguém como ele. Mesmo que
minha vontade fosse gritar que meu sonho maior seria vê-la carregando
em seu ventre um filho meu e que o resolver a que me referia seria
casamento, compromisso e devoção infinita por todos os dias da minha
existência.
Mas isso ficou subentendido no meu ser, mesmo que para ele tivesse
outro sentido, e isso fez o gosto amargo se apossar de mim. Mas
infelizmente esta seria a única forma de sair logo de casa e voltar o quanto
antes, o não bater de frente talvez fosse a única maneira de ter
tranquilidade até que ela cumprisse seu aviso prévio e eu pudesse colocar
em prática os meus verdadeiros planos.
Levá-la ao apartamento que pretendia comprar e, se a agradasse,
comunicar que ela não se mudaria sozinha, que eu me mudaria com ela e
que juntos começaríamos essa nova etapa. Helena em sua faculdade e eu
em cima dos palcos falando do meu amor por ela, cantando sobre a
mulher da minha vida. Não poderia imaginar felicidade maior do que esta e
já não poderia guardar estes planos somente para mim.
E mesmo com a dor no peito pela conversa que tive com meu pai,
cumpri com o programado para a noite e no caminho para casa só pensava
que falaria sobre as minhas intenções, sobre o passo que daríamos. Tinha
planejado que esperaria mais, mas o dissabor causado por minhas
palavras determinando que rebateria a deslealdade que pratiquei, mesmo
que tenha sido para o nosso bem.
Mas jamais pude verbalizar meus planos, jamais coloquei meus olhos
em Helena novamente.
Ela não estava em seu quarto, ela não estava em canto algum.
Seus pertences não estavam lá, tampouco minha mulher e não achei
que pudesse suportar a dor que se apossou de mim.
Gritei, esbravejei e exigi saber.
Nada. Ninguém sabia para onde tinha ido. Falavam de um táxi que
parou e que a levou.
De uma cara triste e de uma pequena bagagem.
Deixando cartas para não se despedir. Da minha mãe e de mim.
A da minha mãe era de gratidão de uma vida inteira e a minha era
confirmando as minhas suspeitas: que ela ouviu a conversa de mais cedo.
E em meio ao desespero veio a raiva. Pela falta de confiança, por me
ter em tão pouca conta. Veio a vontade de jogar tudo para o espaço, de
jamais tentar contato novamente. Um momento fugaz, passageiro. O
coração obrigando-me a procurá-la, a buscá-la em todos os recônditos de
Goiás, do Brasil, quiçá do mundo.
Investir o dinheiro que tenho com detetives, tentar trazer novamente
para perto de mim a minha Helena.
E o tempo mostrou que as buscas eram infrutíferas, pois não tinha
ideia se tinha parentes e ela jamais se matriculou em nenhuma faculdade,
que foi o coringa que imaginei ter para encontrá-la.
E tudo isso me trouxe ao momento atual. Onde tenho ao meu lado
uma mulher que não quero, tão diversa da mulher que amo, com meu
corpo tão insatisfeito como sempre.
Carregando dentro de mim uma angústia que não passa, um
sofrimento que não cessa.
Levanto-me para ir para casa. Para o apartamento que ocupo
sozinho, onde nunca levo mulher alguma.
O meu santuário, o meu refúgio.
Onde componho minhas canções. Onde deixo minha alma verbalizar
toda a dor que carrego desde quando fui obrigado a existir sem ela.
Músicas em que a lembrança de Helena é certa.
Nas letras, no que elas contam e na sofrência que carregam.
E se a lembrança de Helena é certa na minha profissão, é certa
principalmente no meu coração.
Sem nunca abrandar, sem jamais esmorecer.
Como uma maldição, uma perseguição, uma tormenta.
E já não luto, não enfrento e não acredito que um dia este
sentimento me abandone.
Apenas deixo estar. Enquanto passo pela vida, pelos palcos, pelas
camas de desconhecidas.
Enquanto somente existo.
CAPÍTULO 02

Olho para o meu filho que dorme tranquilamente em seu berço, sem
saber o drama em que estou envolvida. Depois de dedicar-me
exclusivamente ao meu pequeno Levi durante seus 17 meses de vida, hoje
infelizmente esta rotina mudará.
Sei que ele sentirá minha falta, pois com um ano e cinco meses ele
não entenderá que sua mamãe precisa trabalhar, mas terá que ser assim.
— Minha querida, você sabe que eu cuidarei dele da melhor forma
possível, não sabe?
Minha tia Matilde diz e sei que é verdade. Sei também que meu Levi
morre de amor por sua bobó, como ele chama aquela que o acolheu como
a um neto.
— Claro que sei, tia, mas nem por isso dói menos ter que me afastar
do meu bebê.
— Helena, você não precisa trabalhar agora. Minha aposentadoria e o
que Milton ganha na sua frutaria, dá para passarmos. Quem sabe não
seria melhor se você esperasse ele ir para a creche e então...
— Tia, mesmo que tenham me acolhido como a uma filha e garantido
nossa hospedagem e sequer tenham me deixado ajudar nas despesas da
casa, os gastos com fraldas, leite, farmácia, roupinhas e outra gama de
coisas, levou grande parte do que tinha arrecadado com a venda da casa
da Vó Anastácia, e infelizmente tenho que começar a ter uma renda, pois
as minhas economias não durarão para sempre.
Ela reluta, mas concorda com a cabeça.
— Tenho é que agradecer que você arrumou este emprego na casa
em que trabalhou. E o melhor, é somente nas terças, quintas e sábados, o
que garante que entre um dinheirinho, e que não me afaste todos os dias
de Levi.
Assim que uma amiga de minha tia comentou sobre essa vaga, vi a
oportunidade de ganhar um dinheiro para as despesas e deixar de depenar
minha poupança. Faço isso pensando em Levi, no seu futuro. Mesmo que
talvez ele venha a sofrer com minha ausência.
Dou um beijinho em sua cabeça, com cuidado para não acordá-lo e
sei que tenho que ir, se quiser chegar no emprego na hora combinada. De
onde moramos para o condomínio fechado em que a família Sampaio mora
levarei 1 hora de ônibus, então não posso me demorar mais, se não quiser
chegar atrasada logo no meu primeiro dia.
Despeço-me de minha tia e ela sabe que este afastamento não será
fácil, por isso diz:
— Helena, prometo cuidar do nosso menino e garanto que ligarei
para você caso precise. Vá tranquila, Levi ficará bem.
Assinto com a cabeça e com os olhos cheios de lágrimas, afasto-me.
Com o coração pesado, mas com a certeza de que é o que preciso
fazer.
Faço o que tem que ser feito, o trabalho pesado que eu estou mais
do que acostumada. Casa grande, muitos banheiros e quartos, deixando-
me ocupada por todo o dia.
Mas apesar de todo o trabalho, minha mente arruma espaço para
vagar. Pelo passado, pelo que suportei desde que saí da casa de João
Miguel até a hora de trazer ao mundo o meu Levi.
Depois do que escutei sobre a especulação de uma possível gravidez
minha, soube que não poderia permanecer lá. Sequer cumpri meu aviso
prévio. Mas não poderia sair sem me despedir de dona Ana. Deixei então
uma carta na cama, onde sabia que seria encontrada tão logo João Miguel
voltasse do show. Agradecendo por uma vida inteira de acolhida e de
carinho. Pedindo desculpa pela forma como saía, mas não dizia muito além
disso.
Deixei também sobre a cama uma carta para ele. Falando que ouvi a
conversa, de como doeu a forma permissiva e até mesmo de concordância
com que escutava seu pai, e como me decepcionei com o que ouvi sobre
como ele agiria caso engravidasse.
Aleguei que os pensamentos de seu pai jamais mudariam e eu já não
tinha mais forças para lutar contra, quando ele sequer lutava mais comigo.
Aleguei também que suas palavras demonstravam que talvez eu não
quisesse alguém como ele ao meu lado.
Talvez uma decisão drástica demais, aos olhos dele ou de quem teve
acesso à carta, mas certamente jamais poderia ser cogitada assim por
aquela que trazia em seu ventre um bebê. Jamais pagaria para ver, jamais
ficaria depois de ouvir o que ouvi.
Rapidamente arrumei meus poucos pertences, escrevi as cartas e saí.
Tudo regado a muito choro, as lágrimas jamais me abandonando. Como
era noite o movimento na casa estava escasso de funcionários, os pais
tinham acompanhado João Miguel ao evento.
E foi fácil. Somente o funcionário da guarita me viu partindo e, se
estranhou eu entrar no táxi de mala e cuia, não tentou impedir. Por não ter
restrição nenhuma quanto a isso, por não ter intimidade comigo suficiente
para questionar a minha partida.
E já acomodada no transporte que me levaria para a minha nova
vida, eu não cansava de agradecer a minha querida avozinha. Que mesmo
internada para tratar a doença que fatalmente a tiraria de mim, teve o
cuidado de me deixar amparada, pois ela me fez anotar o nome e o
endereço de sua única irmã, fazendo-me jurar que a procuraria caso um
dia precisasse.
Na hora achei desnecessário, pois tinha como certo o restante da
minha vida ao lado de João Miguel, mas anotei. Para tranquilizá-la, pois
sabia que temia me deixar sozinha no mundo, sem parentes de sangue,
como de fato aconteceu.
Pouco tempo depois ela teve um novo infarto e seu coração não
resistiu. E esta minha perda tão dolorida fez-me esquecer de comentar
com o meu dito namorado a existência desta parente.
E somente tenho a agradecer por este meu lapso, pois ele não
saberia nem por onde começar a procurar, se é que me procuraria. Talvez
tenha sido intervenção divina, ou tão somente o cuidado de uma avó
zelosa.
E claro que o pensamento de intervenção divina veio forte, pois ao
pegar o caderno para escrever as cartas, encontrei aquilo que seria minha
tábua de salvação.
Escrito às pressas, sem nenhuma pretensão, mas que foi o lugar
onde fui acolhida, assim como esta tia foi a pessoa que esteve ao meu
lado durante toda a gravidez. Foi a pessoa que esteve comigo nos dias que
sei que não foram fáceis, mas que felizmente não precisei estar sozinha.
E as lembranças me emocionam a ponto das lágrimas molharem
minha face. Agradeço internamente por não ter ninguém por perto,
felizmente tenho a privacidade necessária para me recompor e tenho a
força suficiente para sufocar o choro, pois não posso me dar ao luxo de ser
fraca. Claro que não posso.
CAPÍTULO 03

Adio ao máximo o momento de ir. Já passa das duas da tarde e ainda


estou em casa, mesmo que tenha marcado com Rodrigo que estaria lá
bem antes disso.
Por ser, além de baixista da minha equipe, um grande amigo, ele se
preocupa. Talvez nem tanto quanto mamãe, mas por saber da minha
história com Helena, tenta garantir que me divirta, que faça programas
como qualquer homem solteiro de 24 anos faria.
E infelizmente para mim, garanti que iria na casa de uma amiga sua.
Garanti que não faltaria a uma tarde na piscina, com muita bebida,
mulheres e, segundo ele, diversão garantida.
Coisas que não me despertam interesse algum, pois a cada dia que
passa estou menos propenso a estas diversões que me deixam mais e
mais frustrado. Mais e mais vazio.
Talvez por perceber isso minha mãe se preocupe. Talvez por conviver
com as minhas negativas recorrentes, Rodrigo insista tanto. Suas
mensagens a cada minuto dizem isso, sua insistência me mostra que não
tenho como fugir.
E é com esse desânimo que procuro uma roupa qualquer. Sem
qualquer interesse, quase sem vaidade nenhuma. Somente me importo
com minha produção para os shows, para os fãs. Do resto minha
preocupação é em compor, em gravar, na minha carreira. Tenho tantas
canções guardadas que nem sei se um dia conseguirei gravar todas,
sempre com a mesma temática, a mesma inspiração. Nenhum interesse
em namorar, quase nenhum interesse em agir como alguém da minha
idade.
E isso põe minha mãe louca. Acha-me novo demais para ser tão
desinteressado, decerto sabe que ainda sofro por ela. Que ainda amo
Helena.
E meu amigo também, pois acompanhou minha dor, minhas lágrimas.
Noites de desespero e de bebedeiras. Sabe que ainda dói, sabe que jamais
superei.
E é por isso que faço um esforço em ir no programa que combinei,
tentando manter a aparência de normalidade, mesmo que engane zero
pessoas.

E no fim é sempre isso, sempre mais do mesmo.


A intenção do convite é ficar, beijar, talvez transar. Certamente tirar
casquinha do sertanejo do momento, que é solteiro e que tem um cachê
milionário.
Por isso evito vir, fujo destes convites.
Fujo do vazio, da decepção. Dos beijos que não despertam interesse,
do sexo que dificilmente rola após os amassos.
Mas certamente não é isso que pensa a amiga de Rodrigo, pois mal
chego e Mel aponta para mim sua artilharia pesada.
Insinuações, roçar de corpos e conversas ao pé do ouvido que
demonstram uma intimidade que estou longe de querer.
E infelizmente tudo isso me leva a pensar em Helena. Um sorriso e
me deixava rendido. Um olhar e me tinha cativo. Um beijo e me tinha
pronto, desesperado para fazê-la minha.
Helena que me chamou a atenção tão logo deixava a aparência de
adolescente e virava mulher. Que me fazia sair de casa e tentar esquecer
seu encanto em outros corpos, mas que no fim apenas me fazia cobiçá-la
ainda mais.
Até que ela fez 18 anos, até que não consegui mais me controlar.
— Um doce por seus pensamentos!
Diz Mel com uma voz infantil, que apenas me desanima ainda mais a
tentar o que quer que seja. Apesar de não ter espaço nenhum entre
nossos corpos. Apesar dela aproveitar que estamos na piscina para me
encurralar na parede em que estou encostado.
— Talvez você se decepcionaria se soubesse!
Digo a verdade, pois certamente ela não gostaria de saber que penso
em outra, enquanto ela tão sugestivamente tenta algo comigo.
Posso ser um idiota por isso, mas em minha defesa tenho o fato de
que não queria estar aqui, e não estou estimulando, de maneira nenhuma,
estas suas investidas. Talvez seja até mesmo ostensivo o meu
desinteresse.
O que infelizmente não a desestimula a tentar ir além, a encostar
seus lábios nos meus.
Decide, determinada, mas não desejada.
E no milésimo de segundo enquanto decido se a afasto ou se
retribuo, algo me impele a abrir os olhos. Uma força suprema me impele a
me livrar do contato.
E assim que tenho meus olhos abertos vejo algo que me
desestabiliza, que faz temer não conseguir sustentar o peso do meu corpo.
Sinto-me trêmulo, agitado. Emocionado.
Por vê-la depois de dois anos, por ter diante de mim Helena.
Linda, mesmo em um uniforme que não foi feito para valorizar.
Perfeita como me lembrava.
Seus olhos marejados entregam que ela viu o momento entre Mel e
eu. Mesmo que não tenha direito algum, mesmo que tenha abdicado de
tudo quando me deixou.
E num ato de vingança, de desforra, puxo a garota loira para meus
braços e a beijo.
Sem vontade, sem desejo algum.
Apenas para mentir que vê-la nada me causou, para fingir que virei a
página.
E enceno um beijo que deve aparentar vontade, querer, mas não
passa de um teatro.
Um fingimento que minha humanidade força-me a fazer. Por todas as
vezes que chorei, que me embriaguei, por jamais ter sido capaz de
esquecê-la.
E por mais que tenha decidido fazê-la sofrer, decidido mostrar que
segui em frente, não consigo prolongar o contato por nem mais um
segundo sequer.
E abruptamente encerro o suplício, afasto de mim a garota.
Tão somente para não mais vê-la. Tão somente para questionar se
tudo não foi fruto de minha imaginação e do desejo infinito que tenho
dela.
Sinto-me perdido, devastado, e ainda questionando a minha
sanidade.
Mas um olhar para o lado e sei que aconteceu. Sei que Rodrigo viu o
mesmo que eu.
A sua expressão demonstra que viu um fantasma, não do seu
passado, mas do meu.
Demonstra que está surpreso e admirado com esta coincidência, mas
não tanto quanto eu.
Mesmo que os detetives que coloquei no encalço de Helena jamais
me trouxessem pista ou informação alguma.
Mesmo que da forma mais improvável a tenha encontrado, quando
sequer procurei. Quando cogitei nem vir até aqui.
Ainda que desnorteado e desorientado, agradeço a Deus por ter
vindo. Por estar aqui.
Por tê-la visto, por tê-la encontrado. Apesar de não saber o que fazer
com esta descoberta, com esta aparição.
Que alterou o meu mundo, o meu prumo.
Que alterou principalmente o ritmo do meu apaixonado coração.
CAPÍTULO 04

Não estava pronta para vê-lo pessoalmente e se for sincera comigo


mesma, talvez jamais estivesse.
Mesmo que sempre procure fotos suas, que assista programas que
tragam a atração do momento.
E apesar de nas fotos trazidas pela mídia ele sempre esteja
acompanhado de lindas loiras, não estava pronta para vê-lo com uma em
seus braços. Abraçando, beijando. Mesmo depois de me ver.
Principalmente depois de me ver.
Como se provasse que nada sentia. Como se demonstrasse que
seguiu em frente.
As matérias sensacionalistas já mostravam isso, as mulheres que
faziam rodízio nas imagens tão amplamente alardeadas, falavam sobre
isso.
Não consegui impedir os olhos de marejar, não consegui controlar o
tremor do corpo.
Que paralisou, que se recusou a sair do canto. Mesmo que eu
sofresse com o beijo, e que o coração sangrasse de dor e sofrimento.
Mas todos temos um limite, até a dor tem o limiar do suportável.
E o meu se deu com a pressão dos braços dele ao redor dela, a
forma como parecia satisfeito em tê-la moldada ao seu corpo.
E isso me fez virar desesperadamente em sentido contrário e ir em
direção à casa, como se mil demônios me perseguissem. E tenho certeza
que me perseguiam.
Demônios de lembranças, de um amor verdadeiro que senti, e de um
sofrimento que carrego comigo e que jamais se esvaece.
Sem olhar para trás e sem me preocupar em cumprir o que tinha sido
designada para fazer.
Servir, limpar, atender.
E quando achei que seria simples, quando achei que teria um
agradável dia ao ar livre, que seriam tarefas mais leves do que minhas
atribuições dentro da casa, eis que percebo que não poderia estar mais
enganada.
Quando lembro que achei que gostaria de ver pessoas da minha
idade se divertindo, mesmo que me sinta tão morta por dentro, mesmo
que me sinta incapaz de fazer algo minimamente parecido.
E eis que a tragédia aconteceu. Eis que a dor que não passa jamais
foi potencializada por ver pessoalmente como ele me esqueceu, como ele
não sente mais nada por mim. Mesmo que eu morra por ele. Mesmo que
eu jamais seja capaz de esquecê-lo, que eu jamais seja capaz de colocar
outro em seu lugar.
Apesar de ser tão nova, mas infelizmente sou tão dele.
Totalmente. Completamente.
— Helena, o que foi que aconteceu?
Indaga Rita, tão logo adentro esbaforida na cozinha.
— Senta um pouco, você está pálida demais!
A cozinheira continua demonstrando uma preocupação que me
comove.
— Você está sentindo alguma coisa?
Ela continua e resolvo falar a única coisa que me vem à cabeça.
— Acho que foi o sol. Senti uma tontura e um mal-estar tão grande
que achei que fosse desmaiar.
Rita traz um copo de água para mim e com seu jeito maternal diz
algo que mostra que ela só pode ser um anjo, por me propor o que mais
preciso.
— Vá para casa, menina! Vou chamar a moça que está na limpeza do
andar de cima e quando for na segunda você termina o que ela não for
capaz de concluir.
De pronto eu movimento desesperadamente a cabeça. Doida para
sair correndo daqui. Louca para arranjar uma desculpa para colocar a
maior distância possível entre João Miguel e eu.
— Rita, agradeço demais se você puder fazer esse ajuste, garanto
que na segunda concluo a limpeza do andar superior.
Digo e na hora me arrependo, pois nem sei se voltarei a esta casa,
não depois deste encontro. Não que ache que ele tentará contato algum,
apenas não quero ter que presenciar novamente a cena que vi ainda há
pouco.
Mas não direi isso agora. Aproveitarei a oferta e irei para a segurança
da casa da minha tia.
Lá pode não existir conforto ou riqueza, mas tem amor, carinho e tem
o meu bebê.
Tão amado, querido e tão parecido com o pai. Olhos, boca e tudo o
que pode entregar o parentesco apenas com um olhar.
Meu Levi que me fez mãe e que me faz enfrentar tudo, inclusive a
distância autoimposta para tentar proporcionar-lhe um futuro.
Mas mesmo com a necessidade que tenho de renda, decido que não
voltarei mais aqui. Não poderia. Não conseguiria.
Procurarei outro emprego, outra casa.
Não posso permitir-me passar pelo que passei. Não posso presenciar
algo assim novamente.
Mesmo que já tenha visto milhares de fotos que me provem que ele
não viveu esses anos como um monge, bem longe disso na verdade, mas
nada como ver pessoalmente.
A boca que somente beijava a minha, o corpo que parecia querer
somente o meu e de repente percebo que isso não é mais uma realidade.
Talvez nunca tenha sido assim verdadeiramente.
Mas para mim isso ainda é um fato, uma verdade absoluta.
A boca ainda não provou outro gosto, o corpo não foi de nenhum
outro. E certamente assim permanecerá.
Mas infelizmente nossa história é passado. Ele seguiu em frente, o
que somente confirmou que tomei a melhor decisão.
Suas palavras deixavam claro que ele não queria nosso filho, e agora
percebo que sequer também era querida.
Como um dia achei que fosse. Para toda a vida.
Percebi que fui somente mais uma em sua cama, que logo foi
ocupada e que jamais esteve vazia.
Então para mim só resta tentar viver um dia de cada vez, cuidando e
amando meu filho.
Dedicando-me a tentar fornecer-lhe o melhor futuro.
E a tentar tirar João Miguel do meu coração.
Esquecer esse amor que um dia pensei ser eterno, mas que na
verdade era somente como uma música recém-lançada: fica em evidência
e recebe toda a atenção, mas logo mais é substituída pela próxima.
Pela próxima.
CAPÍTULO 05

Tenho vontade de segui-la, de interrogá-la, mas também tenho


vontade de beijá-la. Não necessariamente nesta ordem.
Também há em mim outra vontade: afastar-me totalmente de Mel.
Urgentemente. E assim o faço.
Sem motivo algum aparente depois de um beijo que certamente
gerou expectativas errôneas, apenas com uma desculpa de ir atrás de uma
bebida.
E mal saio da piscina e Rodrigo chega junto.
Olha para a minha cara, para a forma desesperada com que passo a
mão no meu cabelo e diz:
— Calma, cara! Calma!
— Era ela! Era...
— Eu sei. Eu vi. Por mais improvável que seja, era Helena!
— Vou atrás dela, eu preciso...
— Você não pode. Você estava de amassos com a dona da casa, e
ela com certeza não vai querer ver você correndo atrás de uma
funcionária.
— Não posso ficar aqui de braços cruzados! Não posso permitir que
ela desapareça novamente!
Digo com ênfase, com desespero.
— João Miguel, fica por aqui, deixa que eu vou lá dentro. Garanto a
você que desta vez ela não vai desaparecer.
— E o que você vai fazer? Prendê-la? Amarrá-la?
Digo irônico, totalmente descompensado.
— Vou conseguir seu endereço. Vou conseguir com os donos da casa,
que providencialmente são grandes amigos, todos os dados que
precisamos para que ela nunca mais fuja novamente, pois vendo agora
que outra pessoa está servindo, aposto que ela nem mesmo aparecerá
mais por aqui.
Olho para frente e confirmo que há outra pessoa responsável por
servir.
— Na verdade duvido até mesmo que ela ainda esteja nesta casa,
dada a sua capacidade de desaparecer.
Fico temeroso por desconfiar que ele talvez esteja certo.
— Você sabe tudo o que passei, você mais do que ninguém sabe a
forma covarde como fui abandonado. Preciso de um encerramento, preciso
de uma conversa derradeira para conseguir seguir em frente.
Digo sério e sei que ele acredita. Sei que até mesmo por isso se
prontificou a localizá-la.
Apesar de no íntimo saber que não é só isso. Não é só raiva que me
move. Mesmo que ninguém em sua sã consciência ache que ainda sinto
amor depois de tudo.
— Sei sim, meu amigo, e garanto que conseguirei o que precisa. E
talvez seja até melhor que esta abordagem seja distante daqui. Sem
espectadores ou plateia.
Confirmo com a cabeça. Rodrigo tem razão. Aqui certamente não
seria o local adequado para se lavar a roupa suja.
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another step in the concealing of the true nature of the steamer’s
operations.
Carl was told that if trouble arose he must not be surprised. Out of
Cadiz, the crew had mutinied, but were subdued by Billings and his
gunmen, who even now were somewhere on board the boat, ready
at an instant’s notice to quell whatever disturbance might arise. At
Mogador, the crew had deserted the vessel, and a new one engaged
from the riffraff of the wharves.
Naturally, Carl had many doubts as to the truth of his informant’s
statements, but these doubts were driven from his mind the following
morning. He had been awakened by loud voices and general uproar.
Upon investigating, he found that the crew had discovered the true
nature of the cargo, and had demanded more pay. Their demands
being refused, they had tried to persuade Billings to put back for
Mogador. In this, too, they failed.
Then they had tried more direct action to obtain their “just rights” as
they called them. But, to their chagrin, the four gunmen, of whom
Carl had heard, were upon them, with threats of gun play if they did
not go aft. The men could not resist now and were willing to cry
“quits!”
Billings, however, wished to set his new crew an example, so three
of the men, at his command, were clamped into irons and made
prisoners below deck.
Then to show the men that he could play square with them, although
everyone doubted it, he promised the crew a bonus at the end of the
voyage and plenty of whisky during it.
From that time on, Carl and the rest of the passengers were wise in
staying within the confines of the passenger deck. The crew was
literally drunk at all times. How they managed to do their work was a
mystery to Carl.
The slow tedious passage to New York was quite uneventful after
the uprising had been taken care of, with the exception of the storm
they encountered the fifth day out. Early that morning a gale sprang
up, increasing in velocity until, by noon, it was a roaring hurricane.
The “Resolute” was slowed down to almost a standstill, her engines
running just enough to keep her head on to the wind. During the
storm, which lasted over fifteen hours, the decks were continually
swept with great waves, which tore away rafts and boat, broke ports
twenty feet above the water line and flooded the staterooms. One of
the passengers ventured out on deck during the storm and was
picked up with a broken leg, having been thrown heavily against the
cabin walls by a great mass of water.
The crew sobered up considerably during the storm, while the three
men in irons were willing to promise anything if they were released.
Some seventeen days later, Carl was told that they were nearing
New York. Long before reaching port, however, wireless messages
were sent out to the effect that the ship had developed some slight
boiler troubles, at the same time giving her location, but adding that
no assistance was needed. Knowing that there was nothing wrong
below decks, Carl figured that this was but a code message intended
for the bootleggers, who were awaiting the arrival of the vessel.
When the ship was about ten miles from New York, Captain Billings
gave the command to cast anchor. At nine o’clock sharp that
evening, a red rocket was sent up. Within half an hour, an auxiliary
schooner, the “Viking,” commanded by a former Customs guard, was
lying alongside the “Resolute.” Under the direction of the Captain
and the watchful eyes of the gunmen the crew was immediately set
to discharging the treasure of liquor.
This work kept the men busy the entire night. Early the next morning
two fast motorboats came up and drew alongside the steamer. The
men boarded the “Resolute” and with the aid of the latter’s crew a
large number of cases of whisky were put on board the motorboats,
which then sped away.
Hardly had they departed with their treasure, however, when one of
the motorboats was stopped by a large powerboat. This took place
near enough to the “Resolute” to enable Carl to read its name
—“Buzzard.” The crew of this latter boat was heavily armed, and
resistance being useless, the cases were transferred from the
smaller boat to the “Buzzard,” which Carl now recognized as one of
the much spoken of pirate outfits gotten up to terrorize other rum-
running vessels. The commander of this vessel no doubt had an
understanding with Captain Billings so that the latter’s employers,
the New York bootlegging gang, would be cheated out of the liquor
as well as the price the rum-runners had paid for it.
The other motorboat, as well as the schooner “Viking” got away, but
the “Resolute” was picked up by a Government dry navy patrol boat.
This patrol had been on the lookout for a fleet of five English rum-
laden vessels, some twenty miles out at sea off Fire Island. These
English ships were supposed to be the mother ships of the rum-
runners. The patrols had been given orders to board and capture the
English vessels at high sea in order to test out a custom house ruling
to the effect that the Federal authorities had the right to seize and
search beyond the three mile limit.
A comparatively small quantity of liquor was found on board, but a
list was found of the foremost New York hotel managers, evidently
bootleg customers. The vessel and cargo, as well as some three
hundred thousand dollars in gold, found in an iron chest was seized
by the authorities and taken to New York, where the officers and
crew were confined to jail. At the court hearing the next morning, the
Captain explained, “I delivered the liquor on the high seas and not
within the jurisdiction of the United States Government. The liquor
still on the ship is bound for Bermuda and not for your country. I was
at the wheel and when the prohibition boat came along I took it for a
pirate ship. Even when I heard the voice through the megaphone,
‘Heave to, we are Revenue men,’ I thought they were pirates and at
first I intended ramming their ship. On second thought I demanded
that they turn their searchlight on their flag and crew. When this was
done I could see that they were indeed Revenue men and I was glad
to have them come aboard a British boat outside the three mile limit.”
The judge questioned Billings as to how he had come into
possession of so large an amount of gold and was informed that it
was customary for rum-running captains to demand gold, because of
the large amount of counterfeit money the bootleggers had
succeeded in passing in payment of the liquors.
However, the prisoners were soon released. After a visit from the
British Ambassador, the wheels of official Washington began turning
and it was ruled that the three mile limit must be observed in the
search of foreign vessels. The pressure brought to bear probably did
not have “the freedom of the seas” so much in mind as the fact that
three miles from shore meant easier work for the rum-runners in their
efforts to land the contraband.
In the meantime Carl had landed and re-established himself in New
York.
The accounts in the newspapers as to the seizing of the “Resolute”
were amusing to him owing to the way facts appeared to have been
juggled. He related his story at the club that night to several of his
friends. One of them, a Doctor Rowland, was rather surprised and
proceeded to tell his side of the story.
“My chauffeur, John, was arrested last night by a dry agent, while he
had twenty cases of brandy in his car, which came from the
‘Resolute.’ He had gotten the liquor at an East River dock, from a
motorboat, the crew of which was dispensing the liquor to a number
of customers who had paid for protection. However, John’s load was
seized just as he was about to enter my garage. The cases were
unloaded into a truck standing nearby and John was placed under
arrest and ordered to accompany the agent to the police station.
After they had ridden a block or so, they let him go. The joke of the
whole affair was that John was arrested by a man undoubtedly
posing as a dry agent. He might have been one—but how do we
know? I inquired and learned that the seizure of the liquor had not
been reported to the authorities. So I am the loser, to the extent of
two thousand dollars.”
The two men enjoyed a hearty laugh as Doctor Rowland continued,
“Last month, our friend White’s chauffeur was held up by two
gunmen just as he was leaving the dock with a load of liquor in the
evening. You know certain policemen are tipped off to stay away
from that particular section for an hour or two on certain nights. The
gunmen jumped into his car and pointing their revolvers at him,
forced him to drive past an empty lot. When there he was kicked out
and the thieves drove off with the car, liquor and all. White found the
car standing in front of his home the next morning.
“There is no questioning the fact that certain men accept bribes to
have the booze removed from the boats, then put the holdup gang
on to the trick, for a consideration, and still further benefit probably
by dividing the booty itself. Just plain double-crossing.
“Last week the Federal grand jury censured several dry agents for
taking large quantities of liquor out of government warehouses
where it had been stored after seizure. These agents, however,
claimed that they did not sell the stuff, but gave it away to their
friends and relatives. Who wants to believe them?
“There are all kinds and forms of rum-selling going on and the men
engaged in it make big and easy money. I understand that a certain
party here in New York bought several yachts and is sailing them
between New York and nearby English possessions, engaged in the
bootlegging business. His yachts keep outside of the three mile limit
where the rum-runners meet them with hard cash. He is making a lot
of money and is running no risk. Once the stuff is on land there is no
lack of buyers. And some way is always found to supply their wants.
In fact a friend of mine told me that in one of our boroughs whisky is
distributed from oil delivery wagons in the conventional oil cans.
These wagons have regular routes, calling on their established
customers once a week.”
“Look here,” said Carl, “you are a good writer; why don’t you write a
story about these pirates, the double dealing crooks and dishonest
dry agents. It would make corking good reading and the people
would see that our country, after all, is not as dry as the Sahara.”
“No, thank you. I don’t want to be a ‘marked man.’ You know they
would get me in the long run, even if they had to ‘frame me’ and
‘frame me’ they would. You, as every one else who wishes to, know
too well the custom in this respect. And if they did ‘frame me,’ they
would have so very little respect for decency and honor that they
would call me a liar, even if I had made a sworn statement in
advance that such would be the case.”
“Yes, thinking it over,” said Carl, “it seems best that we raise no
objection to their crooked business and simply pretend that we know
nothing about it.”
“But it is a fine state of affairs when a law, such as the dry law,
causes untold evils. It not only makes law and home breakers, but it
makes liars and hypocrites. It causes children to disrespect their
parents; it causes divorces and as the records show, it fills the jails
more than ever. Doctors are against it, as it undermines health and
in many a case death has been the result of the lack of alcoholic
stimulant. Besides it costs the people more in the way of taxation to
make up the losses in revenue which were formerly derived from
breweries, saloons and distilleries. Now the balance has to be struck
by taxing the dear public.
“While home-brew is much in vogue, most of the stuff would kill an
elephant. We are surely getting ourselves into a nice mess, even to
the extent of getting into difficulties with foreign diplomats and their
countries. And what is probably worst of all is the frightful use of
deadly drugs and its disastrous consequences.
“There is no getting away from it. It undermines the morals and
health, and how many murders have already been committed on
account of it.”
“It’s a great life if you don’t weaken.” Carl laughed. “Yes, it’s a great
life if you don’t weaken! But what becomes of the country? This may
go on for some years, with conditions getting worse daily, while our
dry advocates and agents will continue to tell us through the papers,
and otherwise, that every day in every way the country is getting
drier and drier.
“That they are deliberately distorting the truth of the situation and
quoting figures and so-called facts, which they themselves do not
believe, will not deter them in their efforts to make the people like it.
That is their big job—make the people like the medicine the quacks
prescribed for them.
“One of the surest indications of public opinion is the way politicians
and candidates use the conditions as they now exist in their efforts to
get into office. Prior to the going to the polls, these candidates
appeal to the people’s reason, or state of mind, as they call it—
appeal to them to abolish the dry law; to regain the liberties they
have lost. Oh, yes, these candidates, if elected, will restore those
lost liberties! Oh, yes, they will—not. But the people fall for it—and
that helps, from a political point of view.
“As you have, of course, found out through your own observations,
these pre-election promises are never kept. After election, promises
are memories only—and then often only in the minds of the people
who elected that particular candidate to office. He immediately even
discards the memory of his promises.
“From the voter’s point of view the outcome is to be regretted, as is
true of many other issues that arise from time to time. But it shows
the sentiment of the people. If they were for prohibition and the
consequent results of such enforcement as we have had foisted
upon us, office seekers would never dream of appealing to them as
they do.
“But to get back to those who do preach prohibition, even if they do
not practise it. Do you know, that many of these ‘private’ dry agents
get big pay from wealthy individuals, who accumulated their wealth
while the country was wet?”
“You mean to say,” questioned Carl, “that individual contributions are
made to make the country dry?”
“Of course. Where do you suppose these fanatics get the money
with which to carry on their lecture tours and campaigns? They
haven’t any money of their own to speak of, and the government
doesn’t pay them. The government has its own dry crusaders.”
“Oh, I see,” Carl resumed. “These private individuals are making a
good living by advocating, for a price, the doctrine that it would be a
good thing for the welfare of the people and the country, if they were
deprived of a glass of beer or wine.
“I have no objection to the abolishing of strong drink—such as
brandy and whisky, but it is idiotic hypocrisy to believe that a
hundred million people should change their custom overnight. Did
you ever think it over? If the customs of a nation can be changed
overnight, at the command of a few, what sort of stuff must the
people be made of?
“I can see where an individual here and there could give up
voluntarily a customary indulgence for a short time, as we often do
around New Year’s, and then it is a matter of testing one’s power of
will, but it is beyond conception to believe that an entire nation can
be dictated to, and made to abide by a law that makes it a crime to
indulge in a glass of four per cent. beer when the day before it was
within the law to consume one hundred proof.”
“No, Carl, you haven’t got that quite right!”
“And why not?”
“You can drink all you want, or rather, can get. All the liquor you, or
any other wealthy and wise man, may have stored away in your
cellar is yours for the drinking. The law does not specify that you
must not drink it. It is not criminal to try it, but it is illegal to sell or
transport it to your home.”
“That is idiotic!” shouted Carl.
“But it is a fact,” came the retort.
“This would favor, no doubt, the well-to-do, who are well able to pay
the price of replenishing their private stock.”
“Of course. The poor devil cannot afford a cellar full. His stock at
best, no doubt, is a flask on his hip—if he has the coin, and then he
runs the risk of being arrested for having it on him. They could even
take his trousers away from him, if they felt like living up to the very
letter of the law. His trousers would be termed the vehicle of
transportation.
“That is the one reason why so much home-brew is being made.
Some of it would make a rabbit fight a bulldog, but the people want it
—and they pay the price. As you know thousands have died drinking
the stuff.”
“Too bad. But what about our government which caused this law to
be passed?”
“It is responsible for all this misery, for the lawlessness, that is seen
on every hand. It is just as much responsible for such conditions as
England was when she forced upon China the use of drugs. You
know, China did not want the drugs, so England warred upon her,
with the result that millions of Chinamen have died from the use of
the drugs.
“Then, too, for years the unscrupulous Chinamen, or his agents,
sells the drug to the ever increasing American trade. It is stated that
since our country became dry, more of the deadly drugs are used
here than in all other countries of the world combined.”
“And the government at Washington stands for that? Impossible!”
“But what can they do? The government tries to stop the smuggling
of drugs into this country. But as the people want the drug, either
because of the high cost of alcoholic stimulant, or the scarcity of it,
they are forever devising new schemes for bringing it in, so that the
government, while it does prevent the smuggling of some of it, is
unable to prevent the drug from getting into the country. Once in the
hands of the peddlers in this country it is an easy matter for it to be
distributed among their customers.
“And not only are they supplying old hands at the game, but they are
continually creating a new demand, by teaching the habits to others.
Why, we read in the papers of school children and young girls barely
out of their teens using drugs. Were conditions the same before
prohibition? No! You didn’t hear of children getting drunk, and getting
drunk is wearing a halo compared to taking dope.
“If half the money used in the enforcement of the dry law and the
preaching of its propaganda was spent in an earnest effort to rid this
country of the drug peril, there would be fewer jobs for keepers in
insane asylums.”
“Yes,” agreed Carl, “you are right there. And thinking of it, it is not
alone health that suffers from such an evil. The nation will suffer in
the end. Look at China. Prior to the use of drugs, China was a great
nation. Some of the most useful of the inventions of the ages have
come from China. What is it as a nation? The use of drugs made it
stagnant. Its culture died out and it ceased to be a factor in the
progress of the world. I wonder if that was England’s object when
she forced drugs upon China. I understand, too, that in India, today,
more drugs are consumed than prior to England’s taking hold there.”
“That may be so. You know a nation or a people can be better
exploited when in such a condition.”
“Well, let England do what it wants. The duty of each and every
American, however, is to look out for the welfare of his country. He
must remember that America comes first and should do everything
possible to keep the American people from being exploited either
from within or without.”
“Quite right. But what do we want to do? It is against the law to sell
liquor, but not to drink it. Come into the locker room, I have a little
left.”
“Yes, it is a great life if you don’t weaken.”
CHAPTER XIII
THE DEADLY RIVAL
WHEN Carl reached his office, to take up once more his engineering
work he found Grace already awaiting him, ready to take up her
secretarial duties.
When Grace had first expressed the desire to return to New York,
she confessed to a lack of funds. Carl, grateful for the tender care
she had taken of him while he was ill at the hospital, offered to pay
her passage to New York. This she consented to, with the stipulation
that she be given work at his office where a weekly deduction could
be made from her salary until the money he had advanced was
repaid. It was with this understanding, then, that she accompanied
Carl to New York.
Carl instructed her as to her duties, but did not notice that her eyes
seemed to flash with an eager light and an avid gleam, such as the
mere technique of the work could never have provoked. She seemed
to bask in the favor of his presence and look; to wither and wilt when
he withdrew from her gaze, as a flower might do, if withdrawn from
the light and the glow of the life-giving sun.
While his business mail had been attended to during his absence,
quite a collection of personal mail awaited him. He was too busy for
the moment to pay much attention to it and gave the envelopes but a
passing glance, as if looking for something of especial interest or
note. Not finding what he desired, the entire lot was set aside for
more leisurely perusal.
During the homeward journey, he had laid plans for the irrigation of
the Sahara, and with his assistant, in his private office, he discussed
the making of these plans for a scientific irrigation system, to take
the place of the French plan for flooding the Sahara by means of a
canal from the ocean.
With this work thus auspiciously commenced, Carl was at liberty to
give more careful consideration to his private matters, including that
stack of mail. On second thought, however, he waited until the
evening when the office force had left before he sat down to the task.
The contents of the letters were practically all alike, only that the
meaning in each was differently expressed, some were clever, some
witty, some downright dull. But Carl was used to that. Among them
were invitations to affairs that were already numbered among the
annals of the past and others of a future time, which he made note of
in anticipation of attending them, if circumstances permitted.
He had started his plans for the Sahara irrigating scheme, but with
Sana gone there was not the same enthusiasm and initiative as
there was prior to that fateful trip into the desert when they had been
trapped by Amshied and when he had so utterly failed to play the
hero, the rescuer of his beloved one. The spur was gone. Again,
there came to him Sana’s promise that she would give anything a
woman could give to the man, who of course was Carl, who saved
her homestead at the Gurara Oasis. But now she was dead and his
desire to work on the Sahara plan was likewise dying.
He cursed the hour when Sana and he, on the pretense of requiring
refreshments—while in reality it was Sana’s desire to listen to the
music, came to the spot destined to prove so fateful. And after all, it
was but the monotonous tones issuing from the flute of a snake
charmer.
The minute attention Grace paid Carl in her first week in the office,
was not, in her mind, sufficiently reciprocated—so she thought,
although she realized that she was but an employee. But had she
not done her level best to bring him back to health, when he was
lying prostrate in the hospital? That this was her duty as a nurse, did
not occur to her. She loved Carl and was determined to secure his
love. In what way she secured it, did not matter to her. Well she
knew that Carl in paying her passage home had unconsciously
stepped into a trap, from which he would have difficulty in extricating
himself once the meshes of the net had enfolded him. The Mann Act
deals severely with any offender, whose offense comes within its
provisions and Grace knew how easy it would be to lend color to the
story of her passage home, even though it were an act of charity on
Carl’s part.
She did not care to entertain this thought, yet it occurred to her mind
time and time again when Carl busily engaged appeared to be
paying no attention to her. His seemed an iceberg attitude, which
made her shiver. But she was ready to dig the flame out of the ice.
For some time Grace had become anxious, fearing that Carl knew or
might come to know of the cablegram she had withheld from him.
Yet, how could he learn of it? Did she not receive it early in the
morning, just after she had unlocked the office and when she was
entirely alone?
It was her duty to open the mail, telegrams and the like. Thus she
reasoned she had done no wrong, insofar as reading the cablegram
was concerned. But to withhold it from her employer, even though
she considered him more in the light of a friend and even though it
came from a woman she felt to be her rival, equally if not more in
love with Carl—was this not a wrong of a hideous kind? Was it not
even branded with the name of crime?
BELOVED CARL. I AM HOME AGAIN. NOTHING
SERIOUS HAPPENED. LETTER WILL FOLLOW. YOUR
LOVING AND LONGING SANA.
These were the words that flashed across the mind of the guilty girl,
whenever her eyes rested upon Carl. They seemed to be graven on
her mind in letters of flame. To be near him in the taking of his
dictation was one of the uncertain pleasures of her daily life. She
knew that Carl had been deeply in love with Sana, but she knew too
that he believed Sana was dead. At the same time that she feared,
she also was angered by the fact that Carl’s affection even now
seemed to be inevitably riveted upon a thing which for him Death
had long since claimed. She, Grace, was still young and comely, yet
he passed her by in his worship at a shrine wherein the image lay
crumbling to the dust. This thought alone caused the girl to pursue
the course, which even to herself was no source of joy, but a hideous
curse, and insidious menace that seemed to follow her as a shadow
even on the brightest day and as a blighting curse even in moments
that should have given a small measure of joy and happiness.
To use the effect of the Mann Act as a stepping stone, to gain her
desires often occurred to her, but, although she did not mind the
notoriety attached to it she did not know how to go about it other
than to openly accuse Carl. At this she balked. She would bide her
time. He did not know Sana was alive and if she could help it, he
would never know. And who could tell but what with the passing of
the days Carl might turn to Grace for friendship.
The change in Grace became so obvious, that even Carl was forced
to take notice of it, but he could not account for it.
Grace watched every incoming mail very closely, for the cablegram
had stated, a letter would follow. That letter must never reach Carl,
as that would mean the failure of all her plans. No amount of
watching, no amount of worry, would be too great a price, Grace
reasoned, to pay for the opportunity of getting that letter in her
possession.
Then, at last, came the long watched-for missive!
There it lay on the desk before her, with its African stamp and
postmark. The woman’s hand with which it had been addressed
spoke plainly that this letter was from Sana, Carl’s true love.
What should she do with it? Should she play the game squarely and
place the letter on Carl’s desk for him to read? The good in her made
a vain effort to fight down the evil. She would keep it. Carl must not
have it. No, a thousand times no!
All that day she kept the letter hidden at her bosom. How it seemed
to burn her flesh one moment and freeze her very blood the next! It
seemed to Grace that it would shriek out its message to the man
from whom she was hiding it. But she did not falter in her evil
purpose. Although heart sick and weary at the realization of her
wrong, she clung to it with grim resolve.
At last the day, the longest she had ever lived, came to an end and
she hurried home eager to read that letter, but weighed down with a
nameless fear, with strange foreboding.
It was but the work of a moment to unseal the envelope over the
steam of a kettle. With feverish haste, she drew out its contents, and
read, half aloud, with halting words:
My Beloved Carl:
I am home again with my mother, whom I found before the
charred cross you had erected over what you thought was
my grave. Dear heart, I was overjoyed to hear that you
were alive. I had thought that the savage cavemen had
done their worst to you. When they carried me away, and
later while lying in their cave I prayed to God to receive
your soul with mercy. But now I am thanking Him for
having kept you alive. I can hardly believe it, darling.
The cavemen held the slave-girl, Cintani and myself
captives for several days, but Cintani, she is a clever one,
managed to poison them, so that we escaped.
On our way home we came across de Rochelle, who was
almost dead with thirst and fever. Perhaps I shouldn’t have
done it, but I gave him water and helped him to his feet.
He came along with us to the site of the burned cabin
where mother was praying for me. At the sight of me, she
fainted dead away. You can well imagine the shock it
would be.
De Rochelle has confessed that he set the place on fire,
trying to help us, and that he followed the cavemen when
they carried me off. This may be true, but I do not believe
him. At any rate, he has promised to leave Timbuktoo as
soon as he has sufficient strength to do so. So don’t worry
about him, dear.
“In the desert a fountain is springing,
In the wild waste there still is a tree,
And a bird in the solitude singing
Which speaks to my spirit of thee.”
I shall write you more in a day or two. At present I am
worn out and still too much excited in the happiness and
knowledge that my Carl is still among the living. With
heaps of love and kisses,
Your Sana.
To this letter was pinned a short note to the effect that, because of
incorrect address on the first envelope, the letter had been returned
to her after some seven weeks had passed, and that she had
promptly readdressed it correctly and with the second sending had
also dispatched a cablegram.
Grace said to herself, “Poor thing, writing a wrong address on a letter
to her lover. However, it finally found its destination. Here it is! And
the cablegram!”
As Grace read this loving message, her face grew livid and her eyes
expanded and contracted in her rage. She rose up suddenly,
exclaiming through quivering lips, “Why couldn’t she have died, or
that caveman taken her. Then I should not have to suffer now. Then
she would have been out of my way.”
For an hour she sat in the chair, where she had thrown herself in a fit
of rage, torturing herself with cruel thoughts. But finally the madness
died down, and the look of hatred was replaced by one of utmost
depression and despair.
“What is the use? Sooner or later he will learn that his desert flame is
still burning.”
At this juncture, Grace rose and replaced the message within the
envelope, sealing it carefully once more. Yes, it would be for the best
if she turned it over to its rightful owner. With that thought in mind
she sought the comfort of her pillows.
The next morning, however, the good resolution of the night before
had paled. Grace seized upon the letter and striking a match soon
reduced Sana’s message to a little heap of black fragments, saying
with a bitter laugh “Here goes Carl’s flame like the will-of-the-whisp,
flitting over the ground in its misleading way, lasting but a little while.”
But Grace could not alter the ways of Fate or Destiny! She might
stave them off for the while, but all her plans and wiles could not
prevent them from eventually rushing past her and on to the
predestined goal.
The days rolled by and still Grace bore her grudge against Carl. In
what strange actions love chooses to express itself! And yet—did not
the great Alexander burn Persepolis, the Gem of the East, in order to
satisfy the whim of Thaïs, the courtesan? Did not Antony lose the
world to follow in the footsteps of her who fled in vain back to her lost
empire—Cleopatra? Yes, these are the ways of love and strange
ways they are.
Grace assumed an outward attitude that did not correspond with her
feelings within. Whenever Carl addressed her she replied in a kindly,
gracious tone, without hint of the madness that was eating away her
soul. Carl appeared to be more business like and calculating than
before. Often there were times when she longed to tell him her
innermost feelings, but she could not bring herself to the point of
doing so.
And then Fate took a hand.
What had brought Carl to the office so early that morning? Why
should he have been there in the outer office when the postman
delivered a second letter from Sana? Grace asked herself these
questions as reluctantly she passed the letter over to Carl. He took it
mechanically and not recognizing Sana’s writing, laid the missive
aside for a few moments while he took up duties of greater
importance to him than any personal letter possibly could be.
His evident non-recognition of the missive struck Grace rather
forcibly as she watched him closely from her desk. No opportunity
presented itself whereby she could secure this letter, and much to
her chagrin she was obliged to watch Carl at last pick it up for
reading.
He studied the stamp and the postmark, and as he did so became
very restless, excitably so and with more than eager fingers he tore
open the envelope. A small slip of paper fluttered to the floor. Eagerly
he stooped to pick it up. Unfolding it his surprised eyes were
confronted with—
HERE LIES MY BELOVED
SANA VON SECKT
REST IN PEACE
CARL
It was the note he had pinned to the charred cross on Sana’s grave.
His face grew pale, and scarcely able to control his emotions he
seized the letter itself and unfolded it. As he did so he stared with
eyes that could not believe what they saw. He turned at once to the
signature and the pallor of his face changed and gradually
brightened while the fearsome look in his eyes was changed to one
of wonder and joy. He read, scarcely breathing the while:
My beloved Carl:
As I promised you, I am writing you more at length now
that I am at ease. I trust that my cablegram and first letter
found you in good health and spirits, dearest darling boy.
I soon recovered from the experience I had in the captivity
of those strange cavemen, and my quick recovery I
ascribe to the joy of knowing that you, my sweetheart,
were not murdered in cold blood. I went to church and
thanked God for the wonderful escape you had. The
terrible agony I endured until I met my mother kneeling
before the cross, praying for my soul, I can hardly
describe. All that I care about now is that you are safe.
I shudder when I think of how that caveman struck you
down with his club. You really had no chance. And with
that same club, while I was prisoner, he tried to make love
to me. It is hard for me to realize today that such a brutal
man should have let me off so easily, but then I suppose I
should thank Cintani for this. She poisoned the entire
tribe, at least, so I think, as mentioned in my first letter.
When we escaped that night I took a last look at those
cruel people and they were all lying silently on the ground
—a veritable court of the dead.
After all, I believe cavemen to a certain extent are
chivalrous to women. If it were not so, I would not be alive
today. I would have taken the poison myself. You should
have seen the way in which those women loved their
mates—yet their affection is secured and held by the club.
I wonder how it would be if you were king of the cavemen?
But I suppose now that you are again in the company of
the New York girls you no longer care for your “desert
flower.” Was it after all, but a Fata Morgana that we held in
our arms while sitting on the beach? Write me, dear, as I
have been so lonesome since you left. I feel as if I were
standing alone on a huge sand wave in the great desert,
not certain of my foundation.
But I do trust in you and I often thank our Lord that He
sent you to me to save my life. How can I ever repay you?
All I can give you is my devotion and love. Love is life. So
come to my arms.
Cintani, the little slave-girl, is staying at my home. I am so
grateful to her. If it had not been for her pluck the chances
are I should not now be writing this letter.
De Rochelle, as I wrote you, will shortly leave for France.
My mother tells me he has recovered his strength
although I have not seen him since my return.
He promised to stay away from me and so far he has kept
good that promise. To think that he should have set
Amshied’s place on fire while you and I were there. He
claims he did it to save me from Amshied, but this is
probably on the same par with his desire to have me jump
from the bridge.
I am enclosing herewith my tombstone inscription “Here
Sana, rest in peace....” As you now know you certainly did
exaggerate. It is seldom that one has the opportunity of
reading the inscription on one’s own gravemarker. But
when I saw the grave you had made, I could not keep
from crying. I want to tell you how I appreciate your kind
manly spirit. You are just wonderful and I wish we were
together now. But alas, I shall have to have patience.
With love and many kisses and regards from mother,
yours as ever,
Sana.
Carl read the letter a second time. Then resting back in his arm chair
he smiled. And yet the close observer might have perceived that his
eyes were veiled with a slight mist—tears of joy that welled up from
the soul.
Grace, who had been watching Carl closely, grew furious, so much
so, that she ground her teeth and bit her lips until the blood
appeared.
After Carl had again glanced over Sana’s message, he placed it in
his pocket and summoned Grace into his private office to take
dictation. Grace rose unsteadily from her chair, believing that Carl
would dictate a message to Sana. That she determined, she would
not stand for. Then the thought flashed through her mind that Carl
surely would not expect her to attend to his love affairs.
Carl commenced to dictate a business letter, but his mind was far
from the subject. Repeatedly he corrected himself and requested his
secretary to read and re-read the notes which she had taken down.
This mental disturbance in the usually fine poise of her employer
could not go by Grace unnoticed. It served to anger her all the more
to realize that his love for Sana had the power to drive all else from
his mind and make him even oblivious to the duties of his office.
Grace had read the letter back to him for the fourth time when Carl,
even in his confused mental state realized that there was neither
sense nor reason in what he had dictated. So he decided to
commence again. A new beginning was made but that was about all.
At last with a thin and rather wan smile he gave it up for the time
being, dismissing his secretary with the words “Never mind, just now.
I will get the letter out before five. Don’t fail to remind me of it.”
A strange look had settled over Grace’s countenance as she
returned to her desk. A serious expression it was, born of the

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